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UNIVERSIDADE DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA KENIA REGINA OLIVEIRA MAIA PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE, EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA, NO ESTADO DO MARANHÃO, DURANTE O PERÍODO DE 2007-2012 SÃO LUÍS 2012

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Page 1: KENIA REGINA OLIVEIRA MAIA - Universidade Ceuma Regina... · A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada

UNIVERSIDADE DO MARANHÃO

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

KENIA REGINA OLIVEIRA MAIA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE, EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA, NO ESTADO DO MARANHÃO, DURANTE O PERÍODO DE 2007-2012

SÃO LUÍS

2012

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KENIA REGINA OLIVEIRA MAIA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE EM

HOSPITAL DE REFERÊNCIA, NO ESTADO DO MARANHÃO, DURANTE O

PERÍODO DE 2007-2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Parasitária como parte

dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Biologia Parasitária.

Orientador: Prof. Dr. Sílvio Gomes Monteiro

Co-orientadora: Profª Drª Patrícia Figueiredo

SÃO LUÍS

2012

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M217p Maia, Kenia Regina Oliveira

Perfil epidemiológico da Tuberculose Multirresistente, em

Hospital de Referência, no Estado do Maranhão, durante o período

de 2007-2012. / Kenia Regina Oliveira Maia. São Luís: UNICEUMA,

2012.

43p.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Biologia Parasitária. Universidade do Maranhão, UNICEUMA, 2012.

1. Tuberculose pulmonar, 2. Imunidade, 3. Epidemiologia. 4.

Multirresistência. I. Monteiro, Sílvio Gomes (Orientador). II

Figueiredo, Patrícia (Co-orientadora). III. Título

CDU: 616.24-002.5(812.1)

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Kenia Regina Oliveira Maia

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE, EM UM

HOSPITAL DE REFERÊNCIA, NO ESTADO DO MARANHÃO, DURANTE O

PERÍODO DE 2007-2012

A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado

em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / ,

considerou o(a) candidato(a)

( ) APROVADA ( ) REPROVADA

1) Examinador __________________________________

2) Examinador ___________________________________

3) Examinador ___________________________________

4) Presidente (Orientador)__________________________________

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Dedicatória

Aos meus filhos Tarsila Rejane, Antônio

Neto e Tássia Rosana e aos meus netos

Henrique Dimas e Giovanna, abrindo

caminhos.

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AGRADECIMENTOS

- Em primeiro lugar a Deus, o Mestre dos Mestres, em quem eu deposito todo o

mérito deste trabalho

- Ao Magnífico Reitor Dr. Marcos Barros e Silva

- Ao Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Dr. Valério Monteiro Neto

- Ao Coordenador de Mestrado em Biologia Parasitária Dr. Marcos Augusto Grigolin

Grisotto

- Ao meu orientador, Dr. Sílvio Gomes Monteiro, por sua amizade, paciência e,

sobretudo, por sua competência

- À minha co-orientadora Dra. Patrícia Figueiredo que muito contribuiu incentivando

o trabalho, analisando textos e reforçando a perseverança, sem medir esforços nem

escolher horários

- Ao Dr. Ibraim Almeida, referência junto ao Ministério da Saúde, mestre exemplar,

colaborando com sua experiência e sabedoria no tratar dos portadores de

Tuberculose, no Estado do Maranhão

- à Profa. Dra. Graça Maria Viana, que acompanhou o início desta pesquisa

- À Dra. Vera Leda, enfermeira do Serviço de Tuberculose do Hospital Getúlio

Vargas, pela sua contribuição junto a identificação e detalhes pessoais dos

pacientes, que conhece um a um

- A minha família, que soube acatar meus silêncios

- Aos meus professores do Mestrado, que me estimularam a prosseguir na pesquisa

- E finalmente aos meus colegas, pelo companheirismo e pela amizade.

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“Enquanto acreditarmos em nossos sonhos, nada será por acaso.”

Henfil

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RESUMO

Introdução. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo

Mycobacterium tuberculosis que, após algum tempo latente eclodiu na década de 90

determinando emergência global. A multirresistência do bacilo às drogas

tuberculostáticas determinada por mutações gênicas está relacionada a um

processo iatrogênico provocado principalmente pela irregularidade ao tratamento. No

Estado do Maranhão, há carência de pesquisas sobre a Tuberculose Multidroga

Resistente (TBMR). Objetivo. Este trabalho objetiva caracterizar os fatores

epidemiológicos relacionados com a infecção por Mycobacterium tuberculosis

multidroga resistente, em um Hospital de Referência, no Estado do Maranhão.

Métodos. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, no Hospital “Presidente

Getúlio Vargas”, referência estadual no tratamento de TBMR, no Estado do

Maranhão, Brasil, durante o período de 2007 a 2012. As varáveis estudadas foram:

idade, sexo, co-infecção HIV/Tb, tratamento utilizado, perfil de sensibilidade às

drogas, número e tipo de lesões pulmonares e situação de entrada e de

encerramento. A associação das variáveis foram avaliadas pelo teste não-

paramétrico de qui-quadrado de independência. Resultados. Foram avaliados 93

prontuários de pacientes portadores de TBMR, 59% eram de gênero masculino, 75%

na faixa etária de 21 a 50 anos, 4 (7.3%) pacientes portadores do vírus HIV, 33%

dos pacientes apresentaram lesões pulmonares cavitárias, tendo 18% lesões

cavitárias unilaterais e 15% lesões cavitárias bilaterais, sendo encontrada uma

associação significativa (p < 0.05) do gênero do paciente com a faixa etária e com o

tipo de lesão pulmonar: os indivíduos mais velhos e os que não tem lesões cavitárias

tendem a ser do gênero masculino. Conclusões. A proporção de portadores de

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TBMR em relação à idade depende do gênero do paciente; os casos de indivíduos

mais velhos tendem a ser do gênero feminino. Não foi significativa a relação entre o

gênero e o tipo de tratamento, nem com os motivos de encerramento. As lesões

cavitárias são mais comuns no gênero feminino, tanto uni quanto bilateralmente.

Quanto à sensibilidade, predomina a resistência a rifampicina e isoniazida, seguida

de etambutol. O encerramento por cura foi relativa a 28.0% e 15.1 evoluíram a óbito.

46.2% continuam o tratamento

Palavras-chave: tuberculose pulmonar, imunidade, epidemiologia,

susceptibilidade, multirresistência.

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ABSTRACT

Introduction. Tuberculosis is an infectious disease caused by Mycobacterium

tuberculosis that after some time latent erupted in the 90s determining global

emergency. The multidrug resistance of the bacillus to antituberculosis drugs is

determined by genetic mutations related to an iatrogenic process irregularity caused

mainly by the treatment. In the State of Maranhão, there is a lack of research on

multidrug-resistant tuberculosis (MDR-TB). Objective. This study analyzes the

epidemiological factors associated with infection with multidrug-resistant

Mycobacterium tuberculosis in a reference hospital in the state of Maranhão.

Methods. This is a retrospective cohort study in the Hospital "Presidente Getúlio

Vargas," reference in the treatment of MDR-TB in the State of Maranhão, Brazil,

during the period from 2007 to 2012. The variables studied were age, sex, co-

infection HIV / TB, treatment used, drug sensitivity profile, number and type of lung

lesions and entry situation and closing. The association of variables was tested using

nonparametric chi-square test of independence. Results. We evaluated the medical

records of 93 patients with MDR-TB, 59% were male, 75% aged 21 to 50 years, 4

(7.3%) patients with HIV, 33% of patients had cavitary lesions, with 18% unilateral

cavitary and 15% bilateral cavitary lesions, found a significant association (p <0.05)

were patient with age and the type of lung injury: older individuals and those without

cavitary lesions tend to being male. Conclusions. The proportion of patients with

MDR-TB in relation to age depends on the gender of the patient; cases of older

individuals tend to be female. There was no significant relationship between gender

and type of treatment, nor the reasons for closure. Cavity lesions are more common

in females, both bilaterally as uni. As for sensitivity, the predominant resistance to

rifampicin and isoniazid, ethambutol followed. The closure for healing was on 28.0

and 15.1% died. 46.2% continue treatment

Keywords: pulmonary tuberculosis, immunity, epidemiology, susceptibility, multidrug

resistance.

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................. ix

ABSTRACT ................................................................................................................ x

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................4

3. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................23

4. OBJETIVO ................................................................................................... ........24

5. METODOLOGIA ..................................................................................................25

6. RESULTADOS ....................................................................................................26

7. DISCUSSÃO ................................................................................................. ......30

8. CONCLUSÃO .....................................................................................................34

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................35

10. APÊNDICE .........................................................................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo gênero e faixa

etária, no período de 2007 a 2012, em Hospital de Referência de Tuberculose, no

Estado do Maranhão................................................................................................26

Tabela 2. Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo tipo de entrada

no período de 2007 a 2012, em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado

do Maranhão............................................................................................................27

Tabela 3 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo tipo de

tratamento no período de 2007-2012 em Hospital de Referência de Tuberculose, no

Estado do Maranhão................................................................................................27

Tabela 4 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo número e tipo

de lesão cavitária no período de 2007-2012 em Hospital de referência de

Tuberculose, no Estado do Maranhão......................................................................28

Tabela 5 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo perfil de

resistência no período de 2007 a 2012 em Hospital de referência de Tuberculose, no

Estado do Maranhão.................................................................................................28

Tabela 6 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo encerramento

de tratamento no período de 2007 a 2012 em Hospital de referência de Tuberculose,

no Estado do Maranhão...........................................................................................29

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome de Imunodeficiência

Adquirida = SIDA)

BCG – Bacilo Calmette-Guerin

DOTS – Directly Observed Treatment Short-Course (Tratamento Diretamente

Observado)

E - Etambutol

E-1 – Esquema 1

E-3 – Esquema 3

E-IR – Esquema 1 reforçado

ESF – Estratégia Saúde da Família

Et - Etionamida

H – Isoniazida ou Hidrazida

HPGV – Hospital Presidente Getúlio Vargas

LACEN – Laboratório Central de Saúde Pública

MDR-TB – Multidrug Resistant Tuberculosis (TBMR)

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAS – Ácido paramino-salicílico

PCR – Reação em cadeia da polimerasa

PPD – Purified Protein Derivative

R - Rifampicina

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S – Estreptomicina

SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SR – Sintomático respiratório

TBMR – Tuberculose Multirresistente

XDR-TB – Tuberculose Extensivamente resistente

Z - Pirazinamida

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1. INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que vem acometendo a

Humanidade desde os primórdios da História. O bacilo Mycobacterium tuberculosis

infectou reis, faraós, índios na Era Pré-Colombiana (ROSEMBERG, 1999). Esteve

presente nos papiros egípcios; nos tratados de Heródoto, o Pai da Medicina; nos

estudos de cientistas que nos legaram grandes invenções e descobertas, como os

raios-X, a abreugrafia, por exemplo. (CONDE et al, 2002). Uniu homens do mundo

inteiro quando, após um tempo latente eclodiu com o advento da AIDS, na década

de 90, e fez com que houvesse um inquérito mundial para que se descobrissem as

causas. A re-emergência (como foi chamada na época) ocorria por descaso de

alguns, problemas sociais e econômicos de outros, abandono ao tratamento de

pacientes mal informados do perigo desta doença, o que criou um mal bem maior, a

multidroga resistência (KRITSKI et al, 2007). Após o inquérito, ficou definida uma

estratégia para o controle da tuberculose, STOP-TB, que priorizou 22 países que

juntos compunham os 80% de casos de tuberculose do mundo. O Brasil, em ordem

decrescente ocupava a 14ª posição, chegando a ocupar a 19ª em anos posteriores

(RUFFINO-NETTO, 2002).

É sabido que as mutações gênicas fazem parte de um processo seletivo

natural das espécies, entretanto na tuberculose multidroga resistente (TBMR), a

mutação ocorre por um processo iatrogênico, provocado por alternâncias de ciclos

de destruição do bacilo e ciclos de crescimento bacilar que o tratamento irregular

proporciona, ao lado do quadro imunitário deficiente do paciente infectado pelo

bacilo e exacerbando este quadro diante de co-infecção pelo vírus HIV ou outra

doença imunodebilitante (BRASIL, 2008).

Há aproximadamente 40 anos que não se dispõe de um novo medicamento

tuberculostático, pois os que existem são capazes de promover a cura da

tuberculose, uma vez feito o tratamento correto, seguindo o esquema adequado. E

no Brasil, o tratamento já era inovador na década de 70, quando era o único país

‘’não desenvolvido’’ a ter um esquema diferenciado para o tratamento básico de

tuberculose (esquema I), tuberculose meningoencefálica (esquema II), pacientes que

retornavam após abandono (esquema I reforçado), casos de falência (esquema III) e

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um esquema alternativo para os casos de intolerância ou hepatotoxidade (MELO,

2010).

Quanto ao diagnóstico, é preconizado pela OMS, que seja confirmado pela

baciloscopia do escarro (ou de produto de área acometida), seguido de cultura e de

identificação fenotípica nos casos de resistência as drogas. O diagnóstico de

probabilidade é muito usado em nosso meio e é baseado pelo exame médico-

epidemiológico, radiográfico e por outros exames complementares que constatem o

quadro debilitante do paciente. O exame radiográfico, mesmo sendo inespecífico,

visto que a tuberculose não tem imagens patognomônicas, ainda é o exame utilizado

para acompanhamento de lesões pulmonares, que vão de processos exsudativos a

cavitações extensas que podem chegar à desintegração pulmonar. Poderia ser

utilizada a Biologia Molecular, através de técnicas de reação em cadeia da

polimerase (PCR), mas os custos seriam muito altos para uma doença que atinge a

uma população tão heterogênea e tão grande em países de elevado nível de

pobreza (BRASIL, 2011). Observa-se que tratada adequadamente, a tuberculose

tem cura e pode não deixar sequelas. No entanto, uma vez negligenciada, pode

promover danos irreparáveis ao paciente (CAPONE et al, 2006).

O Estado do Maranhão, com população de 6.424.340 habitantes (segundo

dados do IBGE/2010), compreende 217 municípios. São Luís, a capital e maior

cidade do Estado, ocupa uma área de 827.141 km² da ilha, com uma população de

1.027.098 habitantes e densidade de 1.241,74 hab./km², situada no litoral

setentrional brasileiro a 2°31’LS e 44°16’LW, a 32m de altitude. O município de São

Luis limita-se com os municípios de Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Raposa

e com o Oceano Atlântico. De clima tropical semi-úmido, com duas estações: a

chuvosa, de janeiro a junho (94% do total anual de chuvas) e a seca, de julho a

dezembro (6% do total anual das chuvas). O índice pluviométrico é elevado, por

volta de 1.900 mm anuais e a temperatura é elevada durante o ano todo, em média

de 26°C. No Maranhão, como em vários outros estados do Brasil, a tuberculose é

um problema de Saúde Pública que merece atenção especial, diante de um número

muito grande de abandono ao tratamento; de falências promovidas pelo retorno

seguido de abandono do paciente; pela pobreza em que a população vive; pelos

problemas de infraestrutura que o Estado enfrenta. (REFERÊNCIA)

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O Hospital Presidente Getúlio Vargas (HPGV), anteriormente chamado de

sanatório, é o hospital de referência para o atendimento de portadores de doenças

infectocontagiosas do Estado do Maranhão. É o hospital de referência estadual para

a TBMR, Neste hospital, foi realizada esta pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Histórico

Tendo dizimado milhares de pessoas por ano, durante anos e anos, a

tuberculose é uma doença antiga. Existem relatos de evidência desta infecção em

ossos humanos pré-históricos encontrados na Alemanha e datados de 8.000 aC .

Documentos antigos hindus e chineses descrevem quadros de uma doença

pulmonar semelhante à tuberculose, que passou a ser mais citada e descrita quando

tribos nômades passaram a construir aglomerados e aldeias, reunindo pessoas em

áreas fechadas, devido ao contágio dar-se através do ar (CONDE et al, 2002).

Data de 3.700 a 1.000 aC, a primeira constatação segura de tuberculose em 44

múmias bem preservadas em Tebas, com destruições de sínfises de vértebras

compatíveis com Mal de Pott. Através de técnicas de Biologia Molecular, identificou-

se em múmia natural de uma índia do Peru, de 1.100 a. C., no pulmão direito

volumoso nódulo hilar apresentando bacilos com DNA preservados, comprovando a

existência de tuberculose na América, na era pré-colombiana (ROSEMBERG, 1999).

Hipócrates, na Grécia Antiga e Plínio o Velho e Galeno da Capadócia, na

Roma Antiga, descreveram esta doença, sugerindo repouso e climas melhores para

seu tratamento. Assim a tuberculose se expandiu pelo mundo acompanhando o

domínio dos povos pelas muitas guerras que existiram. Pouco se sabia a seu

respeito do final da Idade Média ao período Renascentista (século XVI), quando a

tuberculose era associada à tristeza e à poesia. Naquela época, poetas, músicos e

escritores jovens morreram acometidos por esta enfermidade (CONDE et al, 2002).

O termo tuberculose foi criado em 1839 por Schoenlein, aproveitando a raiz

“tubérculo”, nome dado ao nódulo lesional por Sylvios Deleboe, em 1680

(ROSEMBERG, 1999).

Conde et al (2002) relatam que no século XVIII, com o crescimento

socioeconômico e a Revolução Industrial, a tuberculose chegou a apresentar de

200 a 400 óbitos por mil pessoas, por ano, tão grande o número de pessoas

contaminadas, na Europa. A situação veio a apresentar esperanças, quando em

1882, o médico alemão Robert Koch anunciou a identificação do bacilo causador da

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tuberculose, também conhecida como tísica pulmonar, e em 1885 quando o físico

alemão Roentgen descobriu os raios X, propiciando grandes progressos para o

diagnóstico e o acompanhamento de doenças pulmonares através da radiografia. O

que antes era esperança, na década de 60 transformou-se em realidade: com o

esquema tríplice de tratamento (ácido paramino salicílico, estreptomicina e

hidrazida) durante 18 a 24 meses, diariamente, era alcançada a cura da tuberculose,

o que fez com que as nações mais desenvolvidas acreditassem na erradicação da

tuberculose para o final do século XX (CONDE et al, 2002).

Nas décadas 70/80 foram verificadas altas taxas de cura de tuberculose,

levando a uma ilusão de que estivesse controlada, o que promoveu uma redução de

interesse acadêmico e da sociedade civil em torno da tuberculose. Houve

mundialmente uma queda do compromisso político dos gestores, acarretando

diminuição na qualidade das ações de controle, com redução das taxas de cura,

aumento de abandonos ao tratamento e a emergência de cepas multirresistentes

(KRITSKI et al,2007).

Nos Estados Unidos da América, a Multidrug resistant tuberculosis (MDR-TB)

foi conceituada, no final da década de 1980 pela forma clínica de tuberculose com

bacilos resistentes à rifampicina (R) e à isoniazida (H). Este problema foi

reconhecido como sendo de saúde pública pelo aumento expressivo de formas

multirresistentes relacionadas ao advento da epidemia de AIDS (Acquired

Immunodeficiency Syndrome) e à desorganização dos serviços de saúde. Os casos

relatados em Nova York eram caracterizados por diagnóstico tardio, uso de

esquemas terapêuticos inadequados, alta mortalidade, alta taxa de transmissão, em

pacientes hospitalizados e portadores do vírus da AIDS (DALCOMO et al, 2007).

A desigualdade social, o advento da AIDS, o envelhecimento da população e a

grande migração populacional, somados à desorganização de sistemas de saúde

(pois em diversos lugares as autoridades deixaram a tuberculose de lado como

assunto resolvido) fizeram com que acontecesse o que se chamou de re-emergência

da tuberculose, o que obrigou a OMS, em 1993, a declarar estado de urgência

mundial para a tuberculose (RUFFINO-NETTO, 2002).

Durante o período de 1994 a 1999, a OMS promoveu um inquérito mundial,

onde foi avaliada a ocorrência de Tuberculose Multidroga Resistente (TBMR), com

focos de TBMR primária extremamente preocupantes em vários países do

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continente europeu (percentuais próximos a 10%). Estimou-se que a TBMR estava

presente em 63 dos 72 países que participaram do inquérito. No Brasil, foram

encontrados, através deste inquérito, 1.1% de resistência primária (casos não

tratados anteriormente), 8.2% de resistência adquirida e 2.2% de resistência

combinada. – números inferiores aos encontrados em outros lugares do mundo

(HIJJAR el al, 2001).

Com a disseminação pelo mundo, a TBMR vem se mostrando problema de

grande magnitude, vistas as dificuldades que envolvem o controle desta doença,

principalmente no Leste Europeu e Rússia, Argentina e República Dominicana, onde

atingiu índices críticos (VIEIRA et al., 2007).

Hijjar et al afirmaram, em 2001, que se o quadro que se mostrava não se

revertesse até 2020, um bilhão de pessoas estariam infectadas pelo bacilo da

Tuberculose, 200 milhões adoeceriam e 30 milhões poderiam morrer.

Declarado o estado de urgência para a Tuberculose, estabeleceu-se a reunião

de instituições de alto nível científico e/ou poder econômico no programa “STOP

TB”: a OMS, o Banco Mundial, o CDC (Centers of Disease Control - Atlanta), a

IUATLD (International Union Against Tuberculosis and Lung Disease), a RNTA

(Royal Netherlands Tuberculosis Association) e a ATA (American Thoracic

Association). Esta parceria reuniu 22 países, em 1999, em Casablanca, Marrocos,

para discutir pesquisas na área da tuberculose e em janeiro de 2000, em Bangkok,

Tailândia, para discutir a preparação da Conferência Ministerial sobre Tuberculose e

Desenvolvimento Sustentável que aconteceu em março de 2000, em Amsterdam,

Holanda. Observou-se assim que, enquanto em alguns países o problema

relacionado ao controle da tuberculose estava ligado à falta de recursos financeiros

e humanos, em outros relacionava-se ao gerenciamento dos programas e à

multirresistência. Foi assinada a Amsterdam Declaration on Stop TB, em 24 de

março de 2000, pelos Ministros de Saúde de 22 países, reiterando-se o

compromisso dos países envolvidos em priorizar o combate à tuberculose, buscando

parcerias, inclusive de organizações não-governamentais. Desde então, a OMS

preconiza a estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short-Course),

envolvendo cinco componentes: comprometimento político com o programa,

detecção de casos pela baciloscopia, tratamento de curta duração e diretamente

observado, regularidade na manutenção dos medicamentos e sistema de

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informações permitindo um monitoramento de resultados (RUFFINO-NETTO, 2002).

O tratamento supervisionado é definido como a observação direta da tomada do

medicamento para tuberculose pelo menos uma vez por semana durante o primeiro

mês de tratamento somado ao compromisso político, à aquisição e distribuição

regular de medicamentos e um sistema regular de informação (BRASIL, 2010).

2.2. Tuberculose no Brasil

No Brasil, a tuberculose foi introduzida pelos portugueses e missionários

jesuítas, a partir do descobrimento, tendo no início do século XIX a assistência

ocorrida através de organizações filantrópicas, quando se observava que um terço

dos óbitos em geral devia-se à tuberculose (RUFFINO-NETTO, 2002).

A Liga Brasileira Contra a Tuberculose e a Liga Paulista Contra a Tuberculose,

fundadas em 1899, foram as primeiras instituições brasileiras especificamente

criadas para a assistência aos portadores de tuberculose e se expandiram pelo país,

com o propósito de implantar no Brasil o modelo europeu de assistência, consistindo

em campanhas de educação sanitária, implantação de sanatórios, dispensários e

preventórios, principalmente no atendimento aos pobres, incentivando a iniciativa

privada, a filantropia e o poder público, investindo em duas linhas: a preventiva e a

voltada ao tratamento (HIJJAR et al, 2007).

Já no início do século XX, Osvaldo Cruz instituiu um plano de ação para o

combate à tuberculose, de pequeno impacto. A Reforma Carlos Chagas, no final da

década de 10, deu origem ao Departamento Nacional de Saúde Pública e criou a

Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, que preconizava o diagnóstico e tratamento

dos casos de tuberculose (RUFFINO-NETTO, 2002).

A partir de 1927, a vacinação de recém-nascidos com a BCG (Bacilo Calmette

Guerin), sob monitoramento da Liga Brasileira Contra a Tuberculose foi iniciada nas

maternidades do Rio de Janeiro (CAMPOS e PIANTA, 2001). A vacina BCG,

desenvolvida por Camille Calmett e Albert Guerin, entre 1906 e 1919, foi obtida a

partir de uma cepa atenuada do Mycobacterium bovis. Seu uso foi adotado

mundialmente a partir de 1920 e passou a ser incentivado largamente pela OMS a

partir de 1948, sendo incluído no calendário do Programa Ampliado de Imunizações

da OMS em 1974. Mesmo com a mesma denominação, as vacinas BCG utilizadas

mundialmente correspondem a cepas diferentes cultivadas em diferentes

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laboratórios, com diferenças genotípicas e fenotípicas entre si, apesar de

genotipicamente similares ao Mycobacterium bovis (PEREIRA et al, 2007).

Em 1936, Manuel Abreu revolucionou a luta contra a tuberculose, com o novo

exame denominado de fotofluorografia, radiofotografia ou roentgenfotografia,

posteriormente abreugrafia, que consistia no exame radiográfico miniaturizado de

tórax, passando a buscar doentes entre indivíduos aparentemente sadios. Nesta

década, houve a inclusão de ações de controle da tuberculose nos serviços

assistenciais dos institutos e caixas de aposentadorias e pensões (HIJJAR et al,

2007).

O uso de tuberculostáticos específicos, no Brasil, teve início na década de

1940, com as drogas: estreptomicina (S), ácido paramino-salicílico (PAS) e hidrazida

(H), que atualmente é conhecida como isoniazida. Na década de 1960, foram

padronizados esquemas terapêuticos: em 1964, o esquema padrão de 18 meses

(S+H+PAS) e em 1965, o esquema reduzido para 12 meses (RUFFINO-NETO,

2002).

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) foi criada em 1978,

em Porto Alegre, e congregava os maiores pneumologistas do Brasil. Era a fusão da

Federação das Sociedades Brasileiras de Tuberculose e Doenças Respiratórias e a

Sociedade Brasileira de Pneumologia (CAMPOS e PIANTA,2001).

Em 1979, o Brasil foi o primeiro país não-desenvolvido do mundo a adotar em

esquema de curta duração (seis meses) as drogas: rifampicina (R)+ pirazinamida

(Z)+ H, ao reorganizar em todo o território nacional o Programa Nacional de Controle

da Tuberculose do Ministério da Saúde, normatizando um sistema de tratamento

com a garantia de gratuidade das drogas ao paciente e com esquemas

diferenciados (MELO, 2010).

Em 1984, foi criado, no Rio de Janeiro, o que ainda é nos dias atuais o mais

importante centro de referência para o controle da tuberculose do país, o Centro de

Referência Professor Hélio Fraga, nas áreas de diagnóstico, ensino especializado e

pesquisa científica e epidemiológica (CAMPOS e PIANTA, 2001).

Em inquérito de resistência a drogas da OPAS/OMS, de 1985-88, o Brasil

participou com uma amostra de 340 pacientes bacilíferos aparentemente não

tratados anteriormente, em estudo conduzido nos estados do Pará, Ceará, Bahia,

Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, resultando na

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observação de 12% de casos resistentes a uma ou mais drogas, indicando que o

problema da resistência teria grande magnitude e precisaria ser melhor investigado,

por isso o Brasil elegeu como prioridade para o controle da tuberculose o

conhecimento desta resistência (BRAGA et al, 2002).

Diante da declaração da OMS da tuberculose como urgência mundial, o Brasil

lançou o Plano Emergencial, em 1994, priorizando 230 municípios em que era

concentrado o maior número de casos; desenvolveu o Centro de Excelência de

Controle à Tuberculose, em 1999; criou o Plano Nacional de Mobilização para

Eliminação da Hanseníase e Controle da Tuberculose, em 2001(HIJJAR et al,

2001),.

Foi conduzido entre os anos de 1995 e 1997, o Inquérito Epidemiológico da

Resistência às Drogas Usadas no Tratamento da Tuberculose no Brasil (IERDTB),

visto que até então as investigações consistiam em observações assistemáticas de

frequência da resistência ás drogas em pacientes selecionados, ou à indicação de

casos de resistência, mas sem identificação clara da população que a produziu.

(BRAGA et al, 2002).

Um ensaio clínico, ocorrido entre 1996 e 1999, validou regime de tratamento

para TBMR, no Brasil, que justificado pelo fato de já adotar esquema III que cobria

casos de falência ao tratamento, definiu TBMR como resistência a três drogas

(rifampicina, isoniazida e mais uma), diferente do critério internacional que considera

a resistência às duas primeiras drogas já citadas.

Quando houve a introdução da quimioterapia de curta duração, nas décadas de

70/80, a mortalidade havia diminuído 50%, mas na década de 90, com o advento da

AIDS, houve uma interrupção desta queda. Em 2002, o coeficiente de mortalidade

no Brasil foi 3,07/100.000 habitantes, com maiores taxas nos Estados do Rio de

Janeiro e Pernambuco, e menores taxas em Santa Catarina e Distrito Federal

(HIJJAR et al, 2005).

Em 2009, o Brasil passou a adotar novo esquema terapêutico para

Tuberculose, com quatro fármacos em um único comprimido, visando diminuir o

abandono, prevenir a resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento e

aumentar a taxa de cura, procurando atender aos padrões internacionais de

tratamento, tendo como meta reduzir o abandono do tratamento a menos de 5% e

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garantir a cura de 85% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. O novo esquema

utiliza quatro drogas (isoniazida, pirazinamida, rifampicina e etambutol) (ARBEX et

al, 2010).

2.3. Epidemiologia

Tuberculose é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium,

com evolução crônica que cursa como uma das maiores causas mundiais de

morbidade e mortalidade (RUFFINO-NETTO, 2001), sendo a principal causa de

morte por um único agente infeccioso. Estima-se que a terça parte da população

mundial abrigue o bacilo – aproximadamente 2 bilhões de pessoas, ocorrendo

anualmente em torno de oito milhões de casos novos e quase 3 milhões de mortes

(WHO,2008). Enquanto nos países desenvolvidos é mais frequente em idosos,

minoria étnica e imigrante estrangeiros, nos países em desenvolvimento atinge a

todos os grupos etários, predominando em indivíduos economicamente ativos (15-54

anos), com maior frequência no sexo masculino (BRASIL, 2005). Sua erradicação

era esperada até o ano 2000, no entanto, o novo milênio iniciou e este agravo

persiste com altas taxas de incidência, provocando mudanças de tendências

epidemiológicas com o advento de co-infecção com o vírus HIV, em países

desenvolvidos, enquanto em países subdesenvolvidos sempre foi problema de

saúde pública (CAMPOS,2005).

Quando a OMS decretou estado de emergência mundial, em 1993, baseava-se

pelos altos índices de incidência e mortalidade principalmente em países

subdesenvolvidos. Era uma doença negligenciada em muitos lugares, tendo surgido

surtos de multirresistência até em países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

Para priorizar ações de controle a OMS definiu 22 países onde ocorriam os maiores

números de absolutos de casos, que são em ordem decrescente: Índia, China,

Indonésia, Nigéria, Bangladesh, Paquistão, Etiópia, Filipinas, África do Sul,

República Democrática do Congo, Rússia, Quênia, Vietnã, Tanzânia, Brasil, Uganda,

Zimbábue, Moçambique, Tailândia, Afeganistão, Camboja e Miamar. O Brasil, em

15º lugar, tinha o menor coeficiente de incidência estimado (62/100.000 habitantes)

e o Zimbábue, o maior (683/100.000 habitantes). Nas Américas, Brasil e Peru

contribuíam com 50% dos casos estimados (HIJJAR, 2005).

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Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde,

a taxa de detecção de casos do Brasil, a partir de 2004, teve um aumento importante

em relação aos anos anteriores, voltando os percentuais a cair nos últimos anos

devido à diminuição de casos notificados, não alcançando metas preconizadas pela

OMS em coortes avaliadas entre 2000 a 2006, tendo os casos de re-tratamento

resultados inferiores a 50% em alguns anos, o que demonstra a dificuldade de êxito

de tratamento a estes pacientes.

O Brasil, um dos 22 países priorizados (que apresentam 80% da carga mundial

de tuberculose) pela OMS elegeu este enfrentamento como prioridade desde 2003.

Em 2007, ocupava a 19% posição em relação ao número de casos (já tendo

ocupado o 14% lugar) e a 104% posição em relação ao coeficiente de incidência.

Em 2008, a tuberculose foi a quarta causa de morte por doenças infecciosas e a

primeira causa de morte dos pacientes com AIDS, no Brasil (BRASIL, 2010).

Em 2007, a estimativa da OMS para a tuberculose apresentava 9,27 milhões

de casos novos, sendo a maioria na Ásia (55%) e da África (31%), com a taxa de

incidência global diminuindo lentamente (menos de 1% de casos por ano), sendo

estimada uma taxa de 139 casos por 100.000 habitantes e apresentou 500 mil casos

de tuberculose multidroga resistente (BRASIL, 2010).

As metas de impacto da OMS para o controle da tuberculose é reduzir até o

ano de 2015, a incidência para 25.9/100.000 habitantes e a taxa de prevalência e de

mortalidade à metade em relação a 1990, e para o ano de 2050 espera-se incidência

global de 1/1.000.000 habitantes ao ano. É importante lembrar que o coeficiente de

incidência diante dos casos notificados no Brasil, em 2007, era de 38/100.000

habitantes (BRASIL, 2010).

No Brasil, mesmo diante de problemas de subnotificação, há registro de 340

casos de TBMR ao ano desde 2000 a 2008, notadamente maior em estados

populosos, sendo 95% dos casos com resistência adquirida; 68,6% do sexo

masculino; 55% na faixa etária de 30 a 50 anos; 98,5% sob formas pulmonares; 66%

apresentando padrão cavitário bilateral e 7,3% em HIV positivos (ROCHA et al,

2008).

O Maranhão, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN- 2010), notificou durante o período de 2006 a 2010, 11.765

casos de tuberculose pulmonar, sendo 7.112 masculinos. Destes, eram casos novos

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9.736 (5.874 masculinos). Quando por situação de encerramento de tratamento,

foram notificados como TBMR 31 casos (15 masculinos), na faixa etária de 5 a 79

anos, nenhum com positividade para o vírus HIV; 17 pacientes de São Luís/Ma.

Segundo dados do Sistema da Vigilância Epidemiológica para Tratamento de

TBMR, o Maranhão notificou durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de

2010, 67 casos novos de TBMR, sendo 53 casos confirmados e 14 prováveis, a

maioria (68.7%) residente na capital maranhense, um caso de comorbidade com

AIDS, 8 com diabetes, 7 com alcoolismo, 4 usuários de drogas ilícitas, 13 outras

comorbidades (ENSP, 2011).

2.4. Mycobacterium tuberculosis.

As micobactérias pertencem à Ordem Actinomycetales, Subordem

Corynebacterinea, Família Mycobacteriacea. Mais de cem espécies do gênero

Mycobacterium são assinaladas desde que este gênero foi introduzido na

Taxonomia Bacteriana, em 1876. Este gênero é constituído por bacilos imóveis, não

esporulados, não encapsulados, com 1 a 10 micrômetros de comprimento por 0.2 a

0.6 micrômetros de largura, com a importante característica de serem álcool-ácido

resistentes (BRASIL, 2005). As espécies do gênero Mycobacterium pertencem ao

Complexo Mycobacterium tuberculosis e às micobactérias não causadoras de

tuberculose, além da M. leprae. O Complexo M. tuberculosis tem como espécies

patogênicas: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti, M. canetti, com

similaridades fenotípicas, relações de antígenos e homologia de DNA, responsáveis

pela tuberculose humana (BRASIL, 2008). A principal bactéria deste gênero é o M.

tuberculosis, um bacilo aeróbio obrigatório, intracelular facultativo, de crescimento

lento em meios de cultura, É a espécie cultivável de maior importância médica, por

ser o principal agente causador da tuberculose. O reservatório principal é o homem,

mas em algumas regiões é o gado bovino doente, podendo ser em raras ocasiões

outros primatas, aves e outros mamíferos. O Ministério de Saúde alerta à

possibilidade de infecção pelo M. bovis, pois o mesmo pode assumir papel de

principal agente etiológico e acometer o indivíduo principalmente nas formas

ganglionar e outras extrapulmonares, de forma idêntica ao M. tuberculosis (BRASIL,

2005)

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O Mycobacterium tuberculosis surgiu há cerca de 15.000 anos e tem a parede

celular constituída principalmente por ácidos micólicos, o que forma uma barreira

hidrofóbica conferindo resistência à dessecação, à descoloração por álcool e ácido e

á ação de diversos antibióticos e outros agentes químicos. com a peculiaridade de

se agrupar em forma de ramos alongados e tortuosos, denominados de cordas. O

alto teor lipídico em sua parede celular é responsável pela formação de granuloma.

Sendo um bacilo intracelular aeróbico estrito, necessita de oxigênio para crescer e

se multiplicar. É intracelular facultativo, podendo sobreviver e se multiplicar no

interior de células fagocitárias (CAMPOS, 2006).

O período de incubação do M. tuberculosis é de 4 a 12 semanas, desde a

infecção à detecção das lesões primárias, tendo a maioria dos casos de doença

pulmonar ocorrência em torno de 12 meses após a lesão inicial. A transmissão

persiste concomitante à forma bacilífera, ocorrendo redução gradativa mediante

esquema terapêutico utilizado (BRASIL, 2005).

Com o advento da AIDS e a introdução de novos métodos laboratoriais na

década de 80, propiciou-se o isolamento de micobactérias não-causadoras de

tuberculose, de crescimento rápido, tendo como principais espécies: M. avium

intacellulare, M. fortuitum e M. kanasii (BARRETO et al, 2000). Estas bactérias são

geralmente saprófitas, mas podem agir como oportunistas e causar lesões graves

com potencial de patogenicidade variável, principalmente em indivíduos

imunocomprometidos (ZAMARIOLLI et al., 2008). As micobactérias não-tuberculosas

(MNT) causam principalmente doença pulmonar e ganglionar, têm sido encontradas

em pacientes soropositivos para HIV, podendo também ser isoladas do meio

ambiente, (no solo, na água etc), o que exige cuidado ao pensar-se nelas como

etiologia para a doença (BRASIL, 2005). A importância destes bacilos se deve ao

fato de sua infecção ter sintomas semelhantes à tuberculose, porém sem tendências

à disseminação hematogênica, não tem extensão epidêmica e possui diferentes

respostas aos fármacos utilizados no tratamento da tuberculose, aos quais estes

bacilos apresentam resistência (ANDRADE et al, 1986). Em presença de M.

tuberculosis, mesmo em cultura mista com outra espécie, é excluído o diagnóstico

de micobacteriose (BRASIL, 2005). Não há registro oficial das micobacterioses no

Brasil, o que impossibilita estimar sua incidência.

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2.5. A doença tuberculose.

A transmissão da tuberculose pode ser feita através de três vias diferentes:

pela ingestão de material contaminado infectando a submucosa intestinal (mais

raramente), pela inalação direta do bacilo (mais comum em trabalhadores da saúde)

e principalmente pela inalação de gotículas aéreas contendo o Mycobacterium,

quando o indivíduo infectado espirra ou tosse (CAMPOS e PIANTA, 2001). O bacilo

acomete principalmente os pulmões, mas também pode afetar outros órgãos como

ossos, rins e meninges. (BRASIL, 2008). A principal fonte de infecção é o paciente

bacilífero, ou seja, aquele cuja baciloscopia de escarro é positiva para BAAR (bacilo

álcool-ácido resistente), pois os pacientes de tuberculose pulmonar com baciloscopia

negativa são muito menos eficientes como fonte de transmissão e as formas

extrapulmonares não transmitem a doença (BRASIL, 2011).

Rich, em 1951, idealizou uma fórmula matemática onde apontava a

probabilidade de uma infecção tuberculosa evoluir para doença, como sendo

diretamente proporcional ao número de bacilos infectantes, à sua virulência e á

reação de hipersensibilidade que ela provoca, e inversamente proporcional às

resistências natural e adquirida do hospedeiro infectado.

Sabendo-se que a resistência natural é etnicamente definida e a adquirida,

produto de exposição anterior (CAMPOS, 2006).

L = N x V x H

Rn+a

Figura 1. Fórmula de Rich.

L= lesão ou doença; N= número de bacilos; V=virulência; H= reação de

hipersensibilidade; Rn=resistência natural; Ra=resistência adquirida.

Fonte: CAMPOS, 2006.

Complexa, a tuberculose pulmonar apresenta várias etapas em suas formas de

progressão para doença ativa. Os eventos cronológicos na patogenia desta infecção

se apresentam em quatro estágios: a inalação do bacilo, a atração de monócitos e

outras células inflamatórias para os pulmões, o crescimento logarítmico inicial dos

bacilos e a tuberculose pós-primária.

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A inalação do Mycobacterium tuberculosis pode levar o indivíduo a apresentar

uma destruição imediata do bacilo ou à formação de um complexo primário. No

complexo primário, o bacilo pode estabilizar-se, ficando em latência, com provável

reativação posteriormente promovendo a tuberculose pós-primária, ou pode

localizar-se no pulmão (tuberculose pulmonar), ou ainda disseminar-se por via

hemática ou linfática (tuberculose extrapulmonar) (VAN CREVEL, 2002).

Diante da inalação de partículas de aerossóis contendo pelo menos cinco

bacilos, geralmente na infância, que penetram nas vias aéreas inferiores, pode se

desenvolver um processo pneumônico localizado, denominado foco parenquimal

primário de Ghon, sítio de deposição de M. tuberculosis, de onde o bacilo se

dissemina através de linfáticos locais para formar o complexo de Ghon, em linfonodo

regional. O granuloma de Ghon é formado a partir de infiltração de neutrófilos e

monócitos, com aumento progressivo de linfócitos T e B circundando macrófagos

infectados, células dendríticas e fibroblastos (MOUTINHO, 2011).

O Mycobacterium tuberculosis tem a capacidade de se manter latente durante

os vários anos que antecedem a doença ativa por mecanismos poucos conhecidos

que expliquem esta reativação. Acredita-se que os lipídios componentes da parede

celular do bacilo da tuberculose têm importante papel na patogênese, visto que

grande parte do genoma deste bacilo é dedicado à biossíntese e degradação dos

lipídios que são utilizados como fonte de energia durante sua permanência no

mamífero hospedeiro, em granulomas humanos (RILEY, 2010).

Na tuberculose, a imunidade antígeno específica do hospedeiro está alterada e

a resposta imune apresenta diferentes manifestações que se refletem no equilíbrio

entre o bacilo e o mecanismo de defesa do hospedeiro (VAN KREVEL et al, 2002),

que é caracterizado pela ação de linfócitos T ativando macrófagos através da

produção de interferon gama, levando a formação de granulomas, que vão conter as

micobactérias em seu interior, além de macrófagos e células dendríticas, onde

podem ficar durante décadas encapsulados. As células dendríticas, responsáveis

pela ativação de linfócitos, capturam antígenos e os levam aos linfonodos, além de

prover uma rede de proteção impermeável em volta das vias aéreas e dos vasos

sanguíneos (NICOD, 2007).

A imunidade humoral parece ter pouco valor no combate à tuberculose, visto os

anticorpos não terem a capacidade de penetrar nos macrófagos infectados e destruir

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os bacilos, no entanto, imunocomplexos são encontrados no soro de pacientes

tuberculosos (MINAS GERAIS, 2006).

Diante de imunossupressão, seja por infecção por HIV, tratamento com drogas

imunossupressoras ou outra causa comprometedora à imunidade do indivíduo, há

um aumento do crescimento micobacteriano, levando a reativação do processo

infeccioso, que evoluirá da forma primária para uma reativação endógena da

tuberculose. Participam da resposta imune do hospedeiro, as células TCD4+ (Th tipo

1) e TCD8+ (T citotóxicas), além do complexo principal de histocompatibilidade

classes I (expressas em quase todas as células do organismo) e II (presentes em

macrófagos, células dendríticas e linfócitos B. Diante do exposto, observa-se que a

maioria das pessoas apresenta resistência a infecção, porém não há a formação de

um processo de imunização permanente aos acometidos pela doença. Os

mecanismos imunológicos relacionados à tuberculose multidroga resistente parecem

envolver outros fatores que diferem dos casos não droga-resistentes, o que sugere

novos estudos para novas perspectivas de controle desta complicação da

tuberculose, com o auxílio a medidas profiláticas e terapêuticas (PINHEIRO et al,

2008).

Em casos de infecção com o vírus HIV, em que há uma diminuição de linfócitos

TCD4+, há uma grande susceptibilidade à primo-infecção ou à reativação de uma

tuberculose prévia, o que demonstra o papel central das células TCD4+ na

resistência contra a tuberculose e a importância da produção de interferon gama

(MINAS GERAIS, 2006).

2.6. Multirresistência do bacilo Mycobacterium tuberculosis.

Antiga, tanto quanto sua quimioterapia, a resistência do bacilo da tuberculose

está relacionada a mutações gênicas em cepas selvagens e o processo seletivo de

mutantes durante o tratamento, principalmente quando este é um tratamento

irregular, (CUNHA et al, 2009; BRASIL, 2008; SILVEIRA et al, 2005), que somados à

infecção pelo vírus HIV e ao decréscimo de imunidade resultante, colocam esta

doença na lista de emergentes, desde 1993 (RUFFINO-NETTO et al, 2002; NICOD

et al, 2007). Fator importante é que as micobactérias, pelo seu longo período de

geração e grande capacidade para latência, quando estão em baixa atividade

tornam-se alvos difíceis para ação dos quimioterápicos, principalmente quando se

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encontram em cavidades pulmonares, empiemas ou em material caseoso, nos quais

a penetração do antibiótico difícil e o pH baixo inativam a ação da maioria dos

antimicrobianos (RATTAN et al, 1998).

Desde o surgimento dos primeiros fármacos ativos, na década de 50, há relato

de cepas de Mycobacterium tuberculosis resistentes às drogas de primeira escolha

ao tratamento de tuberculose (TOMAN et al,1980).

A pressão antimicrobiana contribui para a resistência, pois leva a um fenômeno

dito iatrogênico, quando há irregularidade, má utilização ou abandono de esquemas

terapêuticos bacteriostáticos (BRASIL, 2008). Durante tratamento irregular, são

alternados ciclos de destruição bacteriana a ciclos de crescimento bacilar,

selecionando cepas de mutantes resistentes e, sendo a tuberculose uma doença

altamente contagiosa, estas cepas se disseminam em proporções exponenciais

(SILVEIRA et al, 2005), independente da presença de drogas. Torna-se importante

lembrar que o conceito de resistência adquirida está relacionado a casos

anteriormente tratados, enquanto a resistência primária a casos novos, não tratados

e que não tenham sido comunicantes de casos diagnosticados como multidroga

resistentes, e que a transmissão desta doença é dependente da potencialidade do

contágio do caso índice, da concentração bacilífera em ambientes contaminados, da

duração da exposição e da predisposição genética susceptível do contato (BRASIL,

2008).

O processo de mutação em populações bacterianas está ligado à seleção

natural das espécies, sendo o número de mutantes diretamente proporcional ao

tamanho desta população. Quanto maior a população bacteriana, maior o número de

mutantes resistentes, o que coloca as formas cavitárias da tuberculose como focos

de maior frequência de mutantes resistentes quando comparados a formas não

cavitárias (CAMPOS, 2005). As mutações gênicas acontecem em etapas individuais

de diversos genes independentes e não na aquisição de blocos de resistência a

múltiplas drogas, o que é refletida na tuberculose multidroga resistente. Primeiro, a

resistência ocorre a uma droga do esquema, depois desenvolve resistência a outra,

refletindo-se acumulação destas etapas individuais (HEIMS et al, 1994).

O uso inadequado dos esquemas terapêuticos quer por irregularidade quer por

baixa potência decorre de falha humana, ou por parte da equipe de saúde ou do

próprio enfermo, o que leva a ocorrência de resistência adquirida, que pode ser

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transmitida aos contatos daquele parente através de um bacilo resistente, sem que

os contatos tenham utilizado os medicamentos específicos (ROCHA et al, 2008).

Estes fatores podem ser decorrentes de fatores sociais tais como a urbanização

caótica, o desemprego, o baixo nível social e a necessidade do desenvolvimento de

atividades efetivas e eficazes dos serviços de saúde para o controle da tuberculose

(CAMPOS et al, 2005). No Brasil, entre os muitos problemas de saúde pública,

citam-se a continuidade dos programas e a adequação das respostas, fazendo da

tuberculose um problema social em que a solução exige programa com qualidade de

vida adequada (RUFFINO-NETTO et al, 2002), pois as desigualdades sociais

traduzidas pela pobreza, dificuldade ao acesso a serviços de saúde, extensivo

crescimento populacional e a migração urbana descontrolada formaram meio

propício para que nas últimas décadas a tuberculose acrescida da pandemia da

infecção pelo vírus HIV resultasse em grandes desafios a serem controlados: o

aumento da resistência aos fármacos tuberculostáticos, a emergência das formas

multi-resistentes (TBMR) e a tuberculose extensivamente resistente (XDR-TB)

(DALCOMO, 2007).

2.7. Diagnóstico da tuberculose.

A tuberculose permanece sendo um desafio em seu diagnóstico e terapêutica,

mesmo depois de se conhecer sua etiologia, evolução das lesões, com minúcias em

suas formas de contágio. As bases técnicas para seu diagnóstico são a baciloscopia

e a cultura do escarro (ou produto da área lesionada) em meio seletivo. O

diagnóstico da probabilidade, com base em dados clínicos e epidemiológicos,

acompanhados ou não de dados radiológicos são uma constante em nosso meio

(CAPONE et al, 2006).

A busca ativa de sintomáticos respiratórios (SR) é feita em indivíduos com

tosse por um período de tempo igual ou superior a duas semanas. Define-se por

busca ativa à atividade realizada por todos os níveis de serviços de saúde no intuito

de identificar precocemente os doentes bacilíferos. É uma estratégia recomendada

internacionalmente. Deve ser feita pelas equipes de ESF (Estratégia Saúde da

Família), pelos hospitais gerais e emergências, pelos serviços de atendimento de

populações com HIV/AIDS, pelo sistema prisional, em populações indígenas, em

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moradores de rua, e por outras instituições fechadas (asilos, albergues etc)

(BRASIL, 2011).

“Caso de tuberculose” tem como definição o doente com baciloscopia ou

cultura de escarro positiva e o que teve o diagnóstico firmado pelo médico através

de dados clínico-epidemiológicos e resultados de exames complementares (BRASIL,

2002).

A tuberculose pode ter diferentes apresentações clínicas relacionadas com o

órgão comprometido. Classifica-se em pulmonar e extrapulmonar. A tuberculose

pulmonar, por sua vez, pode se apresentar sob a forma primária, pós-primária ou

miliar, tendo como sintomas clássicos a tosse persistente (produtiva ou não) (com

presença de sangue ou não), febre vespertina baixa, sudorese noturna e

emagrecimento (BRASIL, 2010). A tuberculose miliar tem sua denominação

vinculada ao aspecto radiológico dos pulmões e é uma das formas mais graves da

tuberculose e geralmente está associada à soropositividade HIV em 10% dos casos

em fase avançada de imunossupressão (BRASIL, 2011).

Mais comum em crianças, a tuberculose pulmonar primária tem quadro clínico

inespecífico, com a criança irritadiça, febril, com sudorese noturna e inapetência,

sem expressões ao exame físico. Enquanto a pós-primária pode aparecer em

qualquer idade, sendo mais comum em adolescentes e adultos jovens (BRASIL,

2011). A tuberculose extrapulmonar pode ser disseminada por quatro vias: a

linfohematogênica, a hematogênica, por contiguidade e a via intra-canalicular

(MINAS GERAIS, 2006).

2.8. Aspectos laboratoriais da tuberculose

O diagnóstico laboratorial da tuberculose fundamenta-se no resultado da

baciloscopia do escarro, do teste tuberculínico (Purified Protein Derivative -PPD), da

cultura do bacilo acompanhada do teste de sensibilidade a drogas, da radiologia e

de Biologia Molecular, sendo este último apesar de útil em diagnóstico precoce é

inviável ao serviço público como exame de rotina devido ao seu alto custo (BRASIL,

2008).

O exame radiológico é o método de imagem utilizado no diagnóstico de

afecções cardiopulmonares, no entanto não existe uma imagem patognomônica

para a tuberculose, podendo até ter resultado compatível com a normalidade, em

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20

tuberculose primária. Visualizam-se imagens sugestivas da infecção que

comparadas com a clínica em curso e ao exame bacteriológico complementam o

diagnóstico e a evolução do tratamento. No Brasil, as cavitações pulmonares são

achados frequentes na forma pós-primária da tuberculose, relacionadas

provavelmente ao diagnóstico tardio da doença, não sendo comuns em pacientes

portadores de infecção por HIV (BOMBARDA, 2001).

2.9. Tratamento da tuberculose

O uso de tuberculostáticos específicos, no Brasil, teve início na década de

1940, com as drogas: estreptomicina (S), ácido paramino-salicílico (PAS) e hidrazida

(H), que atualmente é conhecida como isoniazida. Na década de 1960, foram

padronizados esquemas terapêuticos: em 1964, o esquema padrão de 18 meses

(S+H+PAS) e em 1965, o esquema reduzido para 12 meses (RUFFINO-NETO,

2002). Em 1979, o Brasil foi o primeiro país não-desenvolvido do mundo a adotar em

esquema de curta duração (seis meses) as drogas: rifampicina (R)+ pirazinamida

(Z)+ H, ao reorganizar em todo o território nacional o Programa Nacional de Controle

da Tuberculose do Ministério da Saúde, normatizando um sistema de tratamento

com a garantia de gratuidade das drogas ao paciente e diferenciado com o esquema

1 (2 meses de R+H+Z/4 meses de R+H) para os pacientes com tuberculose sem

tratamento anterior, exceto com a forma meningoencefálica para qual foi indicado

tratamento outro ( 2 meses de corticoteroides + R+H+Z/ 7 meses de R+H (esquema

2)); o esquema 1 reforçado (E-1R) com etambutol (E) para recidivantes após cura e

os reingressos após abandono ; para os casos de falência ao esquema 1, um

tratamento com esquema de drogas de segunda linha durante 12 meses, o esquema

3 (E-3) com 3 meses de S+Z+E+etionamida(Et)/9 meses de E+Et (MELO, 2010). Em

2009, o Brasil optou por adotar o esquema básico com quatro fármacos em um único

comprimido, mundialmente utilizado. A mudança de esquema terapêutico para

tuberculose no Brasil, em 2010, teve como objetivo diminuir o abandono, prevenir a

resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento e aumentar a taxa de cura,

procurando atender aos padrões internacionais de tratamento, tendo como meta

reduzir o abandono do tratamento a menos de 5% e garantir a cura de 85% dos

casos, segundo o Ministério da Saúde. O novo esquema terapêutico, recomendado

pela OMS, aumenta o número de drogas de três para quatro (isoniazida,

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21

pirazinamida, rifampicina e etambutol) e reduz a quantidade de comprimidos diários

de seis para dois (dose fixa combinada – “quatro em um”), conforme o peso do

paciente, mantendo o tempo de duração do tratamento, e deve ser utilizado em

casos novos de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto

menigoencefalite), em adultos infectados ou não pelo vírus HIV; nos re-tratamentos

de recidiva e retornos após abandono de tratamento, sendo preconizado que sejam

solicitados cultura, identificação e teste de sensibilidade em todos os casos de re-

tratamento e nos casos com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de

tratamento. Os casos especiais caracterizados por intolerância aos fármacos,

hepatotoxidade ou hipersensibilidade mantêm o esquema de reintrodução fármaco a

fármaco, dependentes de avaliações clínicas terapêuticas (ARBEX et al, 2010).

Sendo a multidroga resistência um fenômeno biológico iatrogênico pela

administração inadequada de tratamento de curta duração, na década de 1990, a

OMS passou a adotar a estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short-

Course) que traduzido para o português resulta em Tratamento Diretamente

Observado. A estratégia STOP-TB, em 2006, veio reforçar aquela, visando aumentar

a qualidade do teste de sensibilidade, reforçar o combate à co-infecção TB/HIV,

TBMR e outros grupos vulneráveis, fortalecer o sistema de saúde vigente no país,

além de promover pesquisas operacionais e com mais engajamento da sociedade

civil e dos profissionais de saúde. Para o tratamento da TBMR, ficou determinado o

uso de quatro fármacos com sensibilidade comprovada in vitro, sendo: dois não

utilizados anteriormente, um injetável (aminoglicosídeo ou polipeptídeo) e uma

quinolona oral, por período não inferior a 24 meses ou pelo menos 18 meses após a

negativação em cultura, pois estudos publicados correlacionam maior número de

fármacos não utilizados previamente com o achado de melhores resultados

(DALCOMO et al, 2007).

O uso racional dos fármacos anti-tuberculose na composição dos regimes de

tratamento está definido em cinco grupos a saber:

Grupo 1 - medicamentos de primeira linha, por via oral: isoniazida,

rifampicina, etambutol, pirazinamida;

Grupo 2 – medicamentos injetáveis, que na TBMR sempre devem ser

usados na fase inicial: estreptomicina, canamicina, amicacina,

capreomicina;

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22

Grupo 3 – medicamentos de primeira escolha na TBMR, as quinolonas:

ofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino, gatifloxacino;

Grupo 4 – medicamentos de segunda linha: etionamida, protionamida,

criloxina ou terizidona, ácido paramino-salicílico;

Grupo 5 - fármacos de “reforço”: amoxilina associada a clavulonato,

clofazimina, tiosemicarbazona, altas doses de isoniazida, com ação

modesta (DALCOMO, 2007).

A avaliação do resultado do tratamento de tuberculose pode ser feito ao se

categorizar os pacientes segundo critérios para encerramento de casos nas

unidades de saúde, analisando as proporções de casos em cada uma das seis

categorias mutuamente excludentes: alta por cura comprovada (com duas

baciloscopias de escarro negativas), alta por cura não comprovada (com

encerramento de tratamento completo, sem sintomatologia), óbito, falência,

abandono, transferência – estas quatro últimas configurando insucesso, provocam

danos individuais, põem risco à saúde pública pelo prolongamento da infecciosidade

e aumentam a probabilidade de transmissão da doença (ALBUQUERQUE et al.

2001).

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23

3. JUSTIFICATIVA

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a cada segundo uma

nova pessoa é infectada pelo bacilo da tuberculose e um terço da população

mundial já está infectada por este bacilo, de 5 a 10% destas pessoas vão

desenvolver a doença em algum momento de suas vidas. Em 2007, havia 50

milhões de infectados no Brasil, com 111 mil novos casos e seis mil óbitos anuais,

ocupando o 15º lugar entre os 22 países responsáveis no mundo (WHO, 2007).

No mundo inteiro há uma prevalência de 4,8% de casos de TBMR entre os

casos novos de tuberculose. No Brasil a proporção de casos novos de TBMR é de

0,4% ao ano (ROCHA, 2008).

No Estado do Maranhão, segundo dados do Relatório de Situação do Sistema

Nacional de Vigilância em Saúde (2011), foram notificados 2.065 casos novos de

tuberculose, com taxa de incidência de 31,4/100.00 habitantes, em 2010. Quanto ao

encerramento de casos, em 2009, o Estado obteve 72,8% de cura e 11.4% de

abandono em casos novos, enquanto (BRASIL, 2011). Apesar de altas taxas de

incidência de tuberculose e grande o número de pacientes que abandonam o

tratamento antes de seu término, ainda há carência de estudos que determinem os

fatores que levam à TBMR, fornecendo informações fundamentais para a

operacionalização das ações de controle e possibilitando assim meios a vigilância

epidemiológica municipal e estadual para uma real atuação nesse agravo. Conhecer

os fatores epidemiológicos determinantes para a TBMR, no Estado do Maranhão,

constitui a proposta deste trabalho.

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24

4. OBJETIVOS

4.1. Geral:

Caracterizar os fatores epidemiológicos relacionados com a infecção por

Mycobacterium tuberculosis mutidroga resistente, em um hospital de

referencia no Estado do Maranhão, durante o período de 2007 a 2012.

4.2. Específicos:

4.2.1. Quantificar os casos de TBMR;

4.2.2. Identificar as variáveis (faixa etária, gênero, nº e tipo de lesão

pulmonar, tipo e evolução de tratamento, situação de entrada e

situação de encerramento, comorbidade com HIV) de maior frequência

nos pacientes registrados com TBMR no hospital de referencia do

Estado do Maranhão;

4.2.3. Determinar o perfil de resistência às drogas utilizadas nos casos

registrados como TBMR no hospital de referencia do Estado do

Maranhão.

.

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25

5. METODOLOGiA

Após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do

Maranhão (UNICEUMA), processo 00066/10, foi realizado estudo transversal

retrospectivo em pacientes portadores de TBMR atendidos em centro de

referência estadual para o tratamento de tuberculose, Hospital “Presidente

Getúlio Vargas” (HPGV), em São Luis, Maranhão, com a devida autorização do

diretor administrativo e sendo preservado o anonimato dos pacientes, durante o

período de 2007 a 2012.

Para a coleta de dados foi utilizado formulário individual padronizado,

armazenado em arquivo eletrônico (APÊNDICE). As variáveis para a análise dos

dados foram: idade, sexo, co-infecção HIV/Tb, tratamento utilizado, sensibilidade

às drogas, nº e tipo de lesão pulmonar, e situação de entrada e de encerramento,

para os pacientes portadores de TBMR. Uma vez preenchidos os formulários foi

feita análise dos dados com métodos estatísticos adequados.

A amostragem foi do tipo não probabilístico. Os pacientes, para o estudo da

multidroga resistência, foram selecionados usando-se como critério de inclusão

os estavam sob tratamento de TBMR, no referido hospital, e como critério de

exclusão, os pacientes cujos prontuários não continham dados suficientes para a

pesquisa.

5.1. Análise estatística

Os dados foram armazenados em arquivos do programa Microsot Excell e

depois avaliados por meio do programa estatístico BioEstat 5.0 (AYRES, 2007).

Inicialmente, foram feitas as análises da estatística descritiva, utilizando-se gráficos

e tabelas de frequência das variáveis analisadas, estimando a média, desvio-padrão,

máximo e mínimo das variáveis numéricas. Posteriormente, para se verificar a

associação das variáveis classificatórias foi realizado o teste não paramétrico de qui-

quadrado de independência (2). O nível de significância para se rejeitar a hipótese

de nulidade foi de 5%, ou seja, considerou-se como estatisticamente significante um

valor de p < 0,05.

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6. RESULTADOS

Os resultados obtidos demonstraram que houve um total de 93 casos de

TBMR notificados no Hospital de Referência do Maranhão, no período de 2007 a

2012, sendo o gênero masculino predominante em faixa etária de 41 a 60 anos,

enquanto o feminino predominou na faixa de 31 a 40 e acima de 60 anos

(p=0.0307). O número de idosos equivale a 6,5% (Tabela 1).

Tabela 1 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo gênero e faixa etária no período de 2007-2012 em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado do Maranhão.

Masculino Feminino Total

Variável n % N % N % p

Faixa etária

< 18 0 0.0 2 5.3 2 2.2 0.0307

18 a 20 4 7.3 1 2.6 5 5.4

21 a 30 16 29.1 11 28.9 27 29.0

31 a 40 8 14.5 12 31.6 20 21.5

41 a 50 17 30.9 6 15.8 23 24.7

51 a 60 8 14.5 1 2.6 9 9.7

> 60 2 3.6 4 10.5 6 6.5

Ignorado 0 0.0 1 2.6 1 1.1

Total 55 100 38 100 93 100

Todos os pacientes registrados com TBMR no Hospital de Referência do

Estado do Maranhão foram classificados como TBMR adquirida, não havendo

paciente portador de TBMR primária, entre os casos estudados.

Tabela 2 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo tipo de entrada no período de 2007-2012 em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado do Maranhão.

Masculino Feminino Total

Variável N % N % N % P

Tipo de entrada

caso novo 2 3.6 0 0.0 2 2.2 0.6615

RA 52 94.5 36 94.7 88 94.6

RF 1 1.8 2 5.3 3 3.2

Total 55 100.0 38 100.0 93 100.0

Legenda: RA= retratamento por abandono; RF=retratamento por falência.

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Quanto à situação de entrada ao tratamento de TBMR, 94.6% fizeram

retratamento por abandono (RA), 3.2% fizeram retratamento por falência (RF) e

2.2% eram casos novos. A relação entre o gênero dos pacientes e a situação de

entrada não foi significativa (p=0.6615) (Tabela 2).

A comorbidade com a infecção por vírus HIV foi observada em 7.3% dos

pacientes, todos do gênero masculino. 92.7% dos casos estudados apresentaram

exames de HIV negativos e 1.8% com resultados ignorados. Segundo o teste x2 de

independência (p=0.1667), não houve significância em relação ao gênero.

Quanto ao tipo de tratamento, 61.2% tiveram seus medicamentos

autoadministrados, isto é, o medicamento era administrado pelo próprio paciente ou

seu familiar, e 37.6% foram supervisionados durante pelo menos uma vez por

semana no primeiro mês por um agente de saúde. 4.8% dos pacientes estudados

não tinham esta informação em seus prontuários. Os resultados obtidos

demonstraram que a maioria dos tratamentos foi autoadministrada e que não foi

significativa a relação desta variável com o gênero dos pacientes (p=0.8957) (Tabela

3).

Tabela 3. Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo tipo de tratamento no período de 2007-2012, em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado do Maranhão.

Masculino Feminino Total

Variável N % N % N % P

Tipo de tratamento

Autoadministrado 38 69.1 25 65.8 63 61.2 0.8957

Supervisionado 14 25.5 11 28.9 25 34.0

Ignorado 3 5.5 2 5.3 5 4.8

Total 55 100.0 38 100.0 93 100.0

As lesões pulmonares cavitárias predominaram em pacientes do gênero

feminino, tanto uni quanto bilateralmente, enquanto no gênero masculino houve

predominância de lesões pulmonares não cavitárias. 6.5% não apresentavam

resultados de radiografias de tórax em seus prontuários e 1.1% não apresentou

lesões pulmonares em laudos radiográficos constantes no prontuário. Este resultado

apresentou p=0.187, o que comprova relação significativa entre gênero do paciente

e lesão pulmonar (Tabela 4).

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Tabela 4 . Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo número e tipo de lesão cavitária no período de 2007-2012 em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado do Maranhão

Masculino Feminino Total

Variável N % N % N % P

Lesão pulmonar

unilateral cavitária 17 30.9 16 42.1 33 35.5 0.0187

unilateral não cavitária

10 18.2 1 2.6 11 11.8

bilateral cavitária 14 25.5 14 36.8 28 30.1

bilateral não cavitária 12 21.8 2 5.3 14 15.1

Ignorado 2 3.6 4 10.5 6 6.5

Normal 0 0.0 1 2.6 1 1.1

Total 55 100.0 38 100.0 93 100.0

Quanto ao perfil de sensibilidade, não foi possível aplicar-se o teste qui-

quadrado de independência aos resultados encontrados devido ao número de

pacientes com testes de sensibilidade em andamento (37).

Tabela 5 . Perfil de sensibilidade às drogas anti-tuberculose nos pacientes sob tratamento de TBMR no período de 2007 a 2012 em Hospital de Referência, no Estado do Maranhão

Faixa etária H + R H + R + E H + R + S H + R + S + E H + R +Z + E + S H + R +Z + Et E/A

(46 ± 4.2 anos)

M F M F M F M F M F M F M F Total

< 18

1

1 2

18 a 20 2

2 1 5

21 a 30 3 6 2 2 2 1 1

8 2 27

31 a 40 3 3

2 1

1 2

4 4 20

41 a 50 7 2 1 4

2

5

21

51 a 60 2

1

1

2

1

1

3 1 12

> 60

1 4 5

ignorado

1

1

Total 17 11 4 8 4 1 4 3 1 3 24 13 93

Resistência a drogas: H (isoniazida), R (rifampicina), E (etambutol), Z (pirazinamida), S (estreptomicina)..E/A: exames em

andamento (ainda sem resultados)

A tabela 5 mostra que 28 pacientes (30%) tinham resistência a R e a H,

unicamente; 12 pacientes com resistência a H+R+E; 5 indivíduos eram resistentes a

H+R+S; 7 pacientes resistentes a H+R+S+E; 1 paciente era resistente a cinco

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drogas H+R+Z+E+S e 3 casos de TBMR apresentaram resistência a H+R+Z+Et.

Como já relatado, 37 pessoas tinham seu exames em andamento ao ser realizada

esta pesquisa.

Quanto à situação de tratamento, a tabela 6 mostra que 46.2% dos pacientes

continuavam o tratamento quando realizamos esta pesquisa; 28.0% tiveram alta por

cura; 15.1% evoluíram a óbito, sem que houvesse comorbidade com o vírus HIV. Os

demais pacientes, em menor proporção, distribuíram-se em abandono (3.2%),

falência (3.2%), mudança de tratamento (2.2%) e transferência (2.2%). Não foi

significativa a relação entre gênero e situação de tratamento (p=0.6556).

Tabela 6. Distribuição dos casos de portadores de TBMR, segundo encerramento de tratamento no período de 2007 a 2012 em Hospital de Referência de Tuberculose, no Estado do Maranhão

masculino Feminino Total

Variável N % N % N % P

Situação de encerramento

Abandono 2 3.6 1 2.6 3 3.2 0.6556

Cura 16 29.1 10 26.3 26 28.0

Falência 2 3.6 1 2.6 3 3.2

mudança de tratamento 1 1.8 1 2.6 2 2.2

Óbito 5 9.1 9 23.7 14 15.1

Transferência 1 1.8 1 2.6 2 2.2

em tratamento 28 50.9 15 39.5 43 46.2

Total 55 100.0 38 100.0 93 100.0

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7. DISCUSSÃO

A tuberculose, uma doença velha que vem acometendo a humanidade há

muitos séculos, necessita de alternativas de controle, para que se finde o olhar

estigmatizante e perpetuador que envolve esta doença (RUFFINO-NETTO, 2010).

Com uma epidemia tuberculosa historicamente retardada, os países em

desenvolvimento, incluindo o Brasil, experimentaram uma importante diminuição da

resistência, entre décadas de 60 e 70, com novos programas nacionais de controle

da tuberculose e com a introdução da rifampicina ao tratamento da tuberculose, na

década de 80, o que mostra a TBMR, em nosso país com características peculiares,

relacionadas à urbanização crescente (MELO et al, 2003),

O monitoramento da multirresistência às drogas é essencial diante das

dificuldades encontradas ao controle efetivo da tuberculose, a pandemia da AIDS e

ao rápido aumento da prevalência da TBMR. (VIEIRA, 2007).

No Brasil, o maior problema é a notificação, devido à dificuldade dos sistemas

públicos em promover controle de novos casos de tuberculose e de implantar o

sistema DOTS em todo seu território, pois, desde 2004, recomenda-se que no re-

tratamento de casos de tuberculose por retorno ao tratamento após abandono,

recidiva ou falência, seja realizada cultura para micobactérias em duas amostras,

identificação da espécie e teste de sensibilidade aos medicamentos anti-tuberculose

(ROCHA, 2008).

A interrupção do esquema normatizado para o tratamento da tuberculose está

relacionada à resistência a múltiplas drogas pelas cepas bacilares, portanto a

multirresistência no Brasil possui características próprias e é um fenômeno anterior

ao surto TB/HIV/AIDS que assola o mundo (MELO ET AL, 2010).

A TBMR, nesta pesquisa, atingiu principalmente pacientes do sexo masculino,

semelhante a outros estudos publicados no país (FORTES, 2000; BARROSO et al,

2003, VIEIRA et al, 2007), no entanto esta predominância apresentou significativa

relação à idade, pois os homens foram maioria na faixa etária de 41 a 60 anos,

enquanto que as mulheres predominaram na faixa etária de 31 a 40 e acima dos 60

anos. Os adultos jovens foram maioria (75.2%) em faixa etária produtiva, entre 21 e

50 anos, semelhante ao resultado encontrado por Seiscento e cols(2007), de 37

anos, em 70 portadores de TBMR estudados, entre 1993 e 1994; por Dalcolmo e

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cols(2007), de 36,9 anos,em estudo multicêntrico nacional, com 197 doentes e

Fortes (2000) de 39,7, avaliando a falência do tratamento alternativo em 101

portadores de TBMR, com 71 curados e 30 que apresentaram falência ao

tratamento.

Foi pequena a influência da co-infecção TB-HV/AIDS (7.3%), semelhante aos

achados de Fortes (2000) e Dalcolmo e cols (2007). Tendo a pesquisa sido realizada

em Centro de Referência para tuberculose, não se pode evidenciar exata relação

entre estas infecções, que em outros países são comorbidades. Provavelmente no

país, a TBMR não apresenta ainda uma relação tão íntima com a co-infecção

TB/HIV-AIDS (MELO, 2003).

Quanto ao perfil de sensibilidade, o estudo foi prejudicado pelo número de

resultados de testes de sensibilidade ainda em andamento, mesmo assim

observamos 28 pacientes listados como pacientes de TBMR e que apresentaram

resistência apenas a R e a H, como nos padrões norte-americanos. A explicação

para este fato parece estar relacionada ao elevado número de retratamento por

abandono (94.6%), o que fez com que o serviço de controle de tuberculose do

HPGV optasse por enquadrá-los no programa de TBMR, talvez prevendo uma

multirresistência, como é preconizada no país, com 3 ou mais drogas, caso não o

fizesse. 20 pacientes apresentavam sensibilidade ao E, que é uma droga de

comprovado aproveitamento nos esquemas alternativos testados no país (BRAGA,

2003), tanto que foi colocada como quarta droga no atual esquema básico de

tuberculose (BRASIL, 2010). Tal como no estudo de Melo et al (2003), o presente

estudo, foi realizado sem observar a plena inclusão do E em esquema de

retratamento (E-1R) para recidivas e retorno com tuberculose ativa após abandono.

A resistência à estreptomicina foi observada em 13 pacientes entre os que

realizaram o teste de sensibilidade, 4 pacientes apresentaram concomitante

resistência à pirazinamida e 1 paciente também apresentou resistência à etionamida.

A estreptomicina e a etionamida não participam do esquema básico de tuberculose,

mas estão presentes em esquemas alternativos que, uma vez realizados de forma

irregular, também podem levar à multirresistência pelo abandono (DALCOMO,

2007).

A qualidade do tratamento anterior da tuberculose associa-se à diminuição de

riscos de advir a multirresistência do bacilo (CAMPOS,2005). Se um paciente já o

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fez previamente, mesmo que insuficiente, já representa um risco diminuído para

TBMR (CAMPOS, 2005). Algumas publicações (BRAGA, 2003; CAMPOS, 2005;

DALCOMO, 2007) mencionam tratamento com duração insuficiente como causa de

resistência à droga; isso é importante, mas mais grave é a irregularidade no

tratamento(DALCOMO, 2007). Na irregularidade, a alternância de ciclos de morte

bacteriana e crescimento bacteriano será maior, aumentando o número de mutações

individuais de diversos genes independentes. Esta pesquisa mostra o percentual de

94.6% de retratamentos por abandono e 3.2% de retratamento por falência, como

situações de entrada ao tratamento de TBMR, concordando com o que foi exposto.

Mesmo fazendo parte do protocolo da OMS que o tratamento de TBMR deve ser

supervisionado, encontramos nesse estudo 67.7% de pacientes com tratamento

autoadministrado (a relação com o gênero não foi significativa), o que nos remete a

supor como possível causa do abandono do paciente ao tratamento a falha técnica

do programa de controle, a falha humana, concordando com Dalcomo et al (2007).

As lesões pulmonares apresentaram, em nosso estudo, um padrão peculiar, a

relação com o gênero. As mulheres apresentaram predominância de lesões

cavitárias, tanto uni quanto bilateralmente, enquanto nos homens predominaram as

lesões pulmonares não cavitárias. Estes dados tiveram p=0.0187 ao teste x2 de

independência, que significa relevância meritória de um estudo posterior onde se

definam as causas. Com lesões que vão de infiltrados pulmonares a desintegração

pulmonar, as lesões da tuberculose no pulmão merecem um estudo à parte. Há

dúvida entre os profissionais sobre se cavidades pulmonares, abrigando maiores

populações bacilares e aumentando a probabilidade de existência de mutantes

inicialmente resistentes, sejam causa ou consequência de TBMR. É possível que

tanto sejam causa como consequência. A seleção de mutantes é facilitada pela

rápida multiplicação para até 108 a 109 bacilos dentro de cavidades devido à alta

oxigenação e à proteção dos bacilos por paredes espessas que impedem a

presença das drogas em concentrações inibitórias adequadas (BOMBARDAS,

2001), o que, na concomitância com tratamentos inadequados, é o ambiente

propício para o desenvolvimento de TBMR. Por outro lado, a multirresistência

prolonga a doença ativa exacerbando a destruição pulmonar. É fato que, desde as

primeiras décadas da quimioterapia antituberculose, as cavidades têm sido

associadas às formas resistentes. Se o paciente se apresenta com cavidades

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pulmonares antes ou após tratamento, isso é preocupante, pois o percentual de

formas cavitárias é significantemente maior entre os grupos que não se curam

(CAMPOS, 2005). Preocupou-nos o fato de não constar em prontuário de 6.5% do

universo estudado a presença de laudos radiográficos, que nos mostrasse as

imagens radiográficas compatíveis ou não às condições clínicas evidenciadas,

mesmo que as radiografias não apresentassem imagens patognomônicas da

tuberculose (BRASIL, 2011), pelo menos ter-se-ia um padrão para acompanhamento

da evolução clínica.

Com 46.2% de pacientes continuando o tratamento, este estudo contemplou

como situação de encerramento 28.0% de alta por cura, 15.1% dos pacientes

evoluíram a óbito, 3.2% abandonaram o tratamento, 3.2% apresentaram falência ao

tratamento e 2.2% foram transferidos para outra unidade. Importante frisar que não

houve relação significativa entre gênero e situação de encerramento, nesta

pesquisa, e que os óbitos não foram relacionados a infecção por vírus HIV em

nenhum dos casos.

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34

8. CONCLUSÕES

O presente estudo evidencia que a proporção de portadores de TBMR em

relação à idade depende do gênero do paciente, sendo que casos de indivíduos

mais velhos tende a ser do gênero feminino, e os em idade laborativa (21 a 50

anos) são do gênero masculino. Ambos os sexos não diferiram quanto ao tipo de

tratamento e nas razões do encerramento, no entanto as lesões pulmonares

apresentadas em radiografias de tórax são em maioria cavitárias e em pacientes

do gênero feminino, as lesões não cavitárias predominam no gênero masculino,

com uma relação bastante significativa que sugere pesquisas posteriores para

que se evidencie a causa. Quanto ao perfil de sensibilidade, o estudo ficou

prejudicado devido ao elevado número de exames pendentes, o que se percebe

é que há predominância de resistência à rifampicina e à isoniazida, seguida da

resistência à tríade R+H+E, às drogas H+R+S+E. Encontramos também um caso

de resistência a 5 drogas – H+R+Z+E+S. o retratamento por abandono foi muito

expressivo (94.5%), não variando muito quanto ao gênero.Houve predominância

de tratamento autoadministrado (61.2%), A situação de encerramento

demonstrou 46.2% continuando o tratamento, 28% sob alta por cura, 15.1%

evoluíram a óbito. Até o momento em que encerramos o trabalho, constatamos

3.2% de abandono, 3.2% de falência, 2.2% de mudança de tratamento e 2.2

transferidos para outra unidade. Quanto ao uso de drogas ilícitas e uso/abuso de

bebidas alcoólicas, não há relato nos prontuários.

Concluímos, portanto, que a tuberculose, sendo uma doença velha, já

poderia estar erradicada de nosso meio, pois tem tratamento gratuito, tem cura,

tem equipes treinadas, tem um grande repertório de estudos científicos

comprovando a irregularidade do tratamento como etiologia da multirresistência.

Pelo exposto colocamos para a tuberculose o cunho de grave doença social.

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APÊNDICE QUESTIONÁRIO

Nome do paciente:________________________________________________

Residência fixa: ________________________________Telefone:__________

Data do nascimento:__/__/____ Sexo: ( )fem ( )masc Cor: _______________

Estado marital:_________Ocupação:________Nível Escolar:______________

DADOS PESSOAIS

Quantas pessoas moram na casa?___________________________________

Nome Sexo Idade(anos) Ocupação

Já esteve internado? ( )sim ( )não Quando?___________

Onde?__________________________________________________________

Já fez tratamento para Tuberculose? ( )sim ( )não

Quais drogas?____________________________________________________

Durante quanto tempo?_____________Abandonou o tratamento? ( )sim ( )não

PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO

Renda familiar (em salários mínimos): ( )<1 ( )1 ( )2 ( ) > 2 ( )Informal

CONDIÇÕES DE MORADIA

Tipo de casa:

Taipa ( ); Alvenaria ( ) Coberta de palha ( ); Telha ( ); Chão batido ( ); Piso ( ).

Número de cômodos na casa? _____

Quantas pessoas dormem em um quarto?______

Tem água encanada? ( )sim ( )não

Tem energia elétrica? ( )sim ( )não

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É ventilada? ( )sim ( )não

Tem esgoto? ( )sim ( )não

CONDIÇÕES DE SAÚDE

Teve contato com pessoa com tuberculose? ( )sim ( )não

Grau de relação com a pessoa?________________________Quando?______

Onde? ( ) domiciliar ( )trabalho ( )hospitalar ( ) social

Tem outras doenças associadas?

( )AIDS ( )Diabetes ( )Silicose ( )Neoplasia ( )Corticoterapia associada

( )Transplantado de órgão ( )Hemodiálise ( )Alcoolismo ( )Tabagismo

( )Transtornos mentais ( )Outra __________________________________

Há quanto tempo? ______________________________________________

SOBRE TUBERCULOSE

Forma de diagnóstico: ____________________________________________

Duração da doença: ______________________________________________

Forma clínica: ( )pulmonar ( )extrapulmonar-localização:________________

Tratamento utilizado: ( ) I ( )II ( )IR ( )III ( )EE

Data do início: __/___/____

Perfil de Susceptibilidade antimicrobiana - PPD: ( )não reator ( )reator fraco (

)reator forte ( )não realizado

Exames laboratoriais:

Baciloscopia:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________

Cultura:

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

_______________________________________________________

Identificação bacteriana:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________

Teste de sensibilidade:

0-sensível 1-resistente 2-não realizado

( )rifampicina ( )isoniazida ( ) pirazinamida ( )etambutol

( )etionamida ( )estreptomicina ( )amicacina ( )kanamicina

( )capreomicina ( )ciprofloxacino ( )ofloxacino ( )levofloxacino

( )moxifloxacino ( )terizidona /cicloserina ( )outro ____________________

Telerradiografia de tórax: ( )normal ( )sugestiva/suspeita ( )seqüela (

)outra patologia ( )não realizado

( )unilateral cavitária ( )unilateral não cavitária ( ) bilateral cavitária

( )bilateral não cavitária

Situação de encerramento: ( )alta por cura ( )completou o tratamento (

)abandono ( )transferência ( )óbito ( )falência ( )mudança de diagnóstico

( )óbito por outra causa

Data do encerramento: ___/___/_____.

OBSERVAÇÕES:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________