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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO KELLY CRISTINA DOS PRAZERES MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS CAUSADOS POR DICLOFENACO EM EFLUENTES E ÁGUA DEABASTECIMENTO DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO São Paulo Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

KELLY CRISTINA DOS PRAZERES

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS CAUSADOS POR

DICLOFENACO EM EFLUENTES E ÁGUA DEABASTECIMENTO DE

UM MUNICÍPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

São Paulo

Fevereiro de 2017

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KELLY CRISTINA DOS PRAZERES

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS CAUSADOS POR

DICLOFENACO EM EFLUENTES E ÁGUA DEABASTECIMENTO DE

UM MUNICÍPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DO SÃO PAULO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção, da

Universidade Nove de Julho – UNINOVE, como

requisito para a obtenção do título de Mestre em

Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana.

Co-Orientador: Silvério Catureba da Silva Filho

São Paulo

Fevereiro de 2017

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Prazeres, Kelly Cristina dos. Monitoramento e avaliação dos riscos causados por diclofenaco em efluentes e água de abastecimento de um município da região metropolitana de São Paulo. / Kelly Cristina dos Prazeres. 2017. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo, 2017. Orientador (a): Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana.

1. Diclofenaco. 2. Qualidade da água. 3. Espectrofotometria. 4.Análise de riscos. 5.Impactos ambientais. I. Santana, José Carlos Curvelo. II. Titulo.

CDU 658.5

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Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Kelly Cristina dos Prazeres em

Engenharia de Produção.

Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana (Orientador)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana, pelos valiosos ensinamentos,

por toda a atenção, dedicação, pelas novas idéias e contribuição no enriquecimento deste

trabalho, pela confiança, credibilidade, paciência e minha sincera gratidão e admiração, por

ser um grande exemplo de competência profissional, de dedicação à docência e fonte de

inspiração para prosseguir na carreira acadêmica, meus eternos agradecimentos.

Ao Prof. Silvério Catureba da Silva Filho pela confiança, credibilidade e apoio na

elaboração deste trabalho.

Aos meus pais, Ivo Rodrigues dos Prazeres e Maria Aparecida dos Santos Prazeres

pela ajuda contínua, por acreditarem, e por sempre estarem na torcida.

Aos meus irmãos, Sandro Rodrigues dos Prazeres e Suellen Cristina dos Prazeres,

por todo o apoio e confiança, por serem iluminados e me inspirarem.

As minhas filhas por me incentivarem e compreenderem a minha ausência durante

os meus estudos.

Aos meus amigos e familiares que sempre acreditaram e fizeram presentes no

decorrer deste estudo, mas sobretudo, pelo exemplo de pessoas maravilhosas.

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“Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la

como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa

força capaz de mover o mundo. ”

Mahatma Gandhi

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RESUMO

O diclofenaco e seus metabólitos são relatados com frequência na literatura e já foram

detectados em água superficiais de diversos países, como: Alemanha, Suécia, Grécia,

Taiwan, Suíça e Espanha. Os seus danos ao meio ambiente a à saúde humana estão

causando preocupação, pois podem aumentar a resistência de bactérias, a feminilização de

peixes e a redução da produção de esperma humano, etc. Assim, este trabalho objetivou o

monitoramento da presença do fármaco diclofenaco em água de abastecimento e efluente

em uma cidade da Região da Grande São Paulo, avaliando os riscos de contaminação do

solo, de ambientes aquáticos e para a saúde humana. Um questionário foi elaborado de

forma a se mensurar o grau de conhecimento de população sobre os impactos causados

pelo descarte irregular do diclofenaco. Durante a aplicação dos questionários foram

coletadas amostras de água de abastecimento. Coletou-se também, amostras de efluentes

de esgoto sanitário, no canal de saída de ETEs da mesma cidade. As análises foram

realizadas por espectrofotometria UV/vis usando o permanganato de potássio como para

oxidar o diclofenaco em meio ácido. Uma matriz de risco foi elaborada para verificar a que

situação de perigo a cidade se encontra. Os resultados apresentados na tabulação dos dados

do questionário mostraram que 72% dos entrevistados praticam o descarte incorreto dos

fármacos (lixo, vaso sanitário e pia). As análises nas amostras detectaram a presença do

diclofenaco em água de efluente (5,0 mg.L-1) e na água de abastecimento (entre 2,5 e

3,1 mg.L-1). O que pode ser uma consequência destes descartes incorretos. Desta forma,

a análise de riscos mostrou que nas condições atuais os corpos hídricos podem levar a

consequências catastróficas ou graves com probabilidade muito alta de ocorrência de

bactéria resistentes, morte de espécies aquáticas, eclosão antecipada de ovos de animais,

mutação celular e inflamação de fígado em animais e retardo no crescimento e diminuição

da reprodução devida redução de esperma no ser humano. Assim, este trabalho conseguiu

identificar a presença do diclofenaco em amostras de água de abastecimento e de efluente

sanitário; servindo de alerta para que os Órgãos Públicos tomem decisões de forma a

minimizar os seus efeitos ao meio ambiente e ao ser humano.

Palavras chave: Diclofenaco, qualidade da água, espectrofotometria, análise de riscos,

impactos ambientais

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ABSTRACT

Diclofenac and its metabolites are frequently reported in the literature and have already

been detected in surface water from several countries, such as Germany, Sweden, Greece,

Taiwan, Switzerland and Spain. Their damage to the environment to human health is

causing concern, as they can increase bacterial resistance, feminization of fish and

reduction of human sperm production, etc. Thus, this work aimed at monitoring the

presence of diclofenac in drinking water and effluent in a city in the Greater São Paulo

Region, evaluating the risks of soil contamination, aquatic environments and human health.

A questionnaire was developed in order to measure the level of population knowledge

about the impacts caused by the irregular disposal of diclofenac. During the application of

the questionnaires were collected water supply samples. Samples of sanitary sewage

effluents were also collected in the ETEs exit channel of the same city. Analyzes were

performed by UV/vis spectrophotometry using potassium permanganate as to oxidize

diclofenac in acidic medium. A risk matrix has been developed to verify what danger

situation the city is in. The results presented in the tabulation of the questionnaire data

showed that 72% of the interviewees practiced incorrect disposal of the drugs (garbage,

toilet and sink). And, the analyzes in the samples detected the presence of diclofenac in

effluent water (5.0 mg.L-1) and in the supply water (between 2.5 and 3.1 mg.L-1). This may

be a consequence of these incorrect discards. In this way, the risk analysis showed that

under current conditions the water bodies can lead to catastrophic or serious consequences

with very high probability of occurrence of resistant bacteria, death of aquatic species,

anticipated hatching of animal eggs, cell mutation and liver inflammation In animals and

delayed growth and decreased reproduction due to sperm reduction in humans. Thus, this

work was able to identify the presence of diclofenac in samples of water supply and

sanitary effluent; Serving as an alert for Public Bodies to make decisions in order to

minimize their effects on the environment and the human being.

Keywords: Diclofenac, water quality, spectrophotometry, risk analysis, environmental

impacts

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura molecular do diclofenaco sódico..................................................... 16

Figura 2 Estrutura de DCF e metabólitos DCF sintéticos.............................................. 18

Figura 3. Esquema das possíveis fontes e rotas de ocorrência de resíduos

farmacológicos no ambiente aquático.............................................................................

27

Figura 4. Principais vias de exposição ambiental do diclofenaco.................................. 29

Figura 5. Classificação da pesquisa científica................................................................ 43

Figura 6. Exemplo de Matriz de Risco........................................................................... 48

Figura 7. Classe de medicamentos utilizados pela população amostra.......................... 52

Figura 8. Uso de anti-inflamatórios................................................................................ 53

Figura 9. Marcas de anti-inflamatório mais utilizado.................................................... 53

Figura 10. Respostas sobre os aspectos, orientações de armazenamento, descarte dos

fármacos. ........................................................................................................................ 55

Figura 11 Descarte de fármacos..................................................................................... 61

Figura 12 Descarte de fármacos no município da RMSP.............................................. 62

Figura 13 Respostas sobre orientações do descarte de fármacos................................... 63

Figura 14. Resposta sobre o conhecimento dos impactos ao meio ambiente............... 64

Figura 15. Curva de calibração do diclofenaco de sódio em permanganato de

potássio............................................................................................................................ 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Ranking das maiores empresas farmacêuticas no mundo........................... 8

Quadro 2. Classificação dos principais anti-inflamatório....................................................... 14

Quadro 3. Divisão dos resíduos químico farmacêuticos.............................................. 26

Quadro 4. Classificação dos compostos de acordo com os seus valoresCE50........... 33

Quadro 5. Categoria de severidade das consequências................................................ 38

Quadro 6. Probabilidade de ocorrência........................................................................ 39

Quadro 7. Escala de probabilidade de ocorrência........................................................ 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Eficiência da remoção em estações de tratamento de esgoto....................... 30

Tabela 2. Dados ecotoxicológicos (mg. L-1) da literatura utilizada para avaliar o

risco ambiental aquático representado pelo diclofenaco.............................................. 35

Tabela 3. Concentração efetiva média da toxicidade (CE50) mg. L-1.......................... 56

Tabela 4. Concentração média de Fármacos detectados no meio ambiente................ 57

Tabela 5. Perigo identificados, suas probabilidades e impacto................................... 58

Tabela 6. Matriz de risco gerada para a cidade da RMSP........................................... 60

Tabela 7. Resultado da análise das amostras............................................................... 67

Tabela 8. Resultado da análise das amostras............................................................... 69

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ABREVIATURAS E SIGLAS

CCE - Contaminante emergente

DCF - Diclofenaco

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ETE - Estação de tratamento de esgoto

ETA - Estação de tratamento de água

CAG - Carbono ativado granulado

RMSP - Região Metropolitana de São Paulo

CNQ - Confederação nacional de química

ECDC - Centre for disease prevention and control

ASS - Ácido acetilsalicílico

AINE - Anti-inflamatório não esteroidal

AIE - Anti-inflamatório esteroidal

Cmax - Concentração máxima

AUC - Área sob curva

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

RM - Resíduos médicos

RSSS - Resíduos Sólidos em Serviço de Saúde

PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

CENO - Concentração de efeito não observado

CEN - Concentração de efeito observado

UTA - Unidade tóxica aguda

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UTC - Unidade toxica crônica

CEE - Comissão das normas europeia

COX - Enzima ciclooxigenase

CL - Concentração letal média

CE - Concentração efetiva média

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SUMÁRIO

LISTA DEFIGURAS ............................................................................................... i

LIST A DE QUADROS............................................................................................. ii

LISTA DE TABELAS .............................................................................................. iii

LISTA DEABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................. iv

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1. Objetivos........................................................................................................ 6

1.1.1. Objetivo geral........................................................................................ 6

1.1.2. Objetivos específicos.............................................................................. 6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 7

2.1. Industria farmacêutica.................................................................................... 7

2.1.1. Os fármacos mais utilizados pela população.......................................... 9

a) Antibióticos.............................................................................................. 9

b) Analgésicos.............................................................................................. 11

c) Antiansioliticos........................................................................................ 11

d) Anti-hipertensivos........................................................................................ 12

e) Anti-inflamatórios..................................................................................... 12

2.1.2. Diclofenaco: Anti-inflamatórios não esteroidais.................................... 15

2.2. Resíduos sólidos em serviço de saúde (RSSS)............................................... 18

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2.3. Impactos ambientais causados pelos fármacos............................................... 21

2.4. Rota de Resíduos de Medicamentos e o Meio Ambiente............................... 25

2.5. Toxicidade em Organismos Aquáticos........................................................... 31

2.6. Gerenciamento de Risco................................................................................. 36

2.6.1. Classificação de risco............................................................................... 38

2.6.2. Matriz de riscos........................................................................................ 40

2.6.3. Avaliação dos riscos................................................................................ 41

3. METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................... 43

3.1.Caracterização da pesquisa.............................................................................. 43

3.2. População e amostra....................................................................................... 45

3.3 Elaboração e aplicação do questionário........................................................... 46

3.4. Análise de risco dos fármacos no meio ambiente........................................... 48

3.5. Método de Análise do Diclofenaco................................................................. 50

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 41

4.1. Avaliação de conhecimento ambiental........................................................... 52

4.2. Fármacos utilizados pela população............................................................... 53

4.3. Avaliação dos riscos.... .................................................................................. 57

4.4. Levantamento das formas de descarte............................................................ 62

4.5. Curva de calibração........................................................................................ 66

4.6. Resultado das amostras................................................................................... 68

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5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 72

5.1. Sugestões para trabalhos futuros.................................................................... 73

5.2. Publicações..................................................................................................... 73

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 75

7. ANEXO I ............................................................................................................... 93

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1. INTRODUÇÃO

Acreditava-se que a água potável, seria um bem infinito, pois a natureza foi sempre

tão generosa que se imaginou, que os mananciais seriam reservas inesgotáveis e

renováveis. Entretanto a utilização indiscriminada dos recursos naturais tem provocando a

sua escassez. Embora a disponibilidade de água pareça ilimitada, na verdade está

confirmação representa uma limitação, pois a medida que a população e a economia

crescem, menos o ciclo natural da água é respeitado, como consequência, tem-se a

degradação e a água vai se tornando inadequada para consumo (BARROS & AMIN,

2007).

A escassez hídrica, a contaminação das fontes naturais e o desperdício são fatores

que comprometem o abastecimento em diversos países e, há muito tempo, a questão de

sobrevivência da humanidade está sendo ameaçada e pouco é feito para evitar uma crise,

em um futuro próximo (VENANCIO et al., 2015).

Com o crescimento populacional dos centros urbanos e os impactos ambientais que

a indústria vem causando ao longo do tempo, por meio do descarte irregular de materiais

tóxicos em corpos hídricos, a situação se agrava, acarretando desequilíbrio e degradação

da qualidade das águas superficiais, o que proporciona um aumento da contaminação de

rios, lagos e reservatórios por compostos tóxicos e centenas de substâncias conhecidas

como contaminantes emergentes (CE) (PEREIRA; CURI, 2012).

A partir da segunda metade do século XX, a preocupação com o meio ambiente

vem sendo discutida com maior ênfase, estudos revelam que contaminantes emergentes

reúnem diversos compostos que podem ser definidos como grupos de substâncias de

origem natural ou sintética, que fazem parte de uma nova classe de compostos, ainda sem

regulamentação e, portanto,o seu monitoramento não é exigido. O que levou a sua

identificação em águas de abastecimento e efluentes sanitários, devido ao descarte irregular

e à excreções humana e animal (NASCIMENTO; ARAÚJO; ALVAREZ, 2015).

Desse modo, tornou-se necessário o desenvolvimento de técnicas de análise

efetivas, para a determinação dos contaminantes emergentes nos corpos hídricos, novos

métodos analíticos instrumentais que apresentem vantagens como rapidez e sensibilidade,

sendo apropriados para a determinação de baixas concentrações (µg. L-1 até mg. L-1).

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Segundo Godoy; Kummrow; Pamplin, (2015), essas técnicas, só foram desenvolvidas no

final do século XX, sendo possível, portanto, a identificação dos CE apenas a partir dessa

época.

Com a rápida evolução da química analítica instrumental e a crescente sofisticação

de técnicas, um grande número de substâncias, fossem detectadas. Surgindo a possibilidade

de identificar potenciais produtos químicos tóxicos, devido à grande variação de métodos

analíticos.

Inúmeros métodos são descritos na literatura para a determinação de um composto

único ou de alguns compostos em preparações farmacêuticas e fluidos biológicos, entre

elespode-se citar a cromatografia (RIBANI et al., 2004; SUCHARA, 2007;

KRYMCHANTOWSKI et al., 2008; QUEIROZ, 2011; SAMIR; SALEM;

ABDELKAWY, 2012; HEYDARI; SHAMSIPUR; NALEINI, 2013); o espectrofotômetro

de absorção atômica (MUSTRA, 2009), espectrofluorometria (GOUDA et al., 2013); a

espectrofotometria UV – VIS (CÓRDOVA; BARRELES; DÍAZ, 1998; PASCHOAL et

al., 2003; SOUZA; FERRÃO, 2006; FREER et al., 2014; ) e a espectrofotometria

(CIAPINA et al., 2005; GOUDA et al., 2013; KRAMANCHEVA et al., 1997; MATIN;

FARAJZADEH; JOUYBAN, 2005; MEREY, 2016; SOUZA; TUBINO, 2005). Tais

métodos permitem identificar os fármacos e os seus metabólitos no meio mesmo em baixas

concentrações.

De acordo com a pesquisa realizada por Barcelo e Alda (2008) sobre os efeitos

potenciais dos fármacos e produtos para cuidados e higiene pessoais, ibuprofeno,

diclofenaco, ácido clofíbrico, ácido acetilsalicílico e triclosan, normalmente detectados em

concentrações inferiores a 250 ng.L-1 foram encontrados no rio Llobregat na Espanha,

porém a falta de informação sobre a toxicidade ambiental não exclui os efeitos prejudiciais

sobre o ambiente aquático a longo prazo, esses efeitos podem progredir para estágios

irreversíveis, alterando a sucessão natural e ecológica (KUSTER et al., 2008; BARTHA et

al., 2010).

A presença de fármacos residuais no meio ambiente pode causar efeitos adversos

em organismos aquáticos e terrestres, além de prejuízos à saúde humana, sendo, portanto,

importante para identificar fontes, rotas, receptores e toxicidade dos contaminantes

emergentes na natureza. A ocorrência e o destino de compostos farmacêuticos e seus

metabólitos no meio aquático têm sido reconhecidos como um problema emergente. Há

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preocupação, porque pouco se sabe sobre os efeitos potenciais desses compostos em

organismos não-alvo, principalmente toxicidade crônica e possíveis efeitos aditivos de uma

vasta gama de produtos farmacêuticos presentes no ambiente aquático (RIGOBELLO et

al., 2013).

Alguns grupos de medicamentos merecem atenção especial, como os antibióticos,

hormônios, antineoplásicos, antidepressores, analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e

reguladores lipídicos, podem originar efeitos adversos, tais como, lesão celular,

desregulação endócrina, infertilidade, hermafroditismo, alteração comportamental,

resistência aos antibióticos, alteração da pressão arterial, entre outros (HEBERER, 2002;

BILA e DEZOTTI 2003; ALMEIDA e WEBER 2005; FENT; WESTON; CAMINADA,

2006; HENRIQUES et al., 2010; KUMMERER, 2010; FALQUETO et al., 2010;

MIRANDA et al., 2011; BORRELY et al., 2012; PINTO et al., 2014).

Resíduos de diclofenaco e seus metabólicos foram detectados em regiões distintas,

como Alemanha, Suécia, Taiwan, Suíça, China e Espanha. Embora esses resíduos sejam

encontrados em pequenas concentrações, alguns estudos validam os efeitos adversos a

organismos aquáticos. De acordo com estudos, há indícios de animais, principalmente

peixes, anfíbios e répteis, que vivem em locais com grande quantidade de esgoto

doméstico e possuem problemas de mortalidade, inibição do crescimento da população,

infertilidade e indefinição sexual (HEBERER, 2002; JOBLING et al., 2003; FENT;

WESTON; CAMINADA, 2006; BOLONG et al., 2009; SANTOS et al., 2010).

A ocorrência dos fármacos na natureza aumenta com o crescimento e

envelhecimento populacional, uma vez que população vem envelhecendo de forma intensa,

como consequência da redução da fecundidade, da mortalidade infantil e do aumento da

expectativa de vida nas pessoas mais velhas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) (2016), a população acima de 65 anos, deve passar de 14,9 milhões

(7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060. É indiscutível à

necessidade dos medicamentos na sociedade, com grande importância no tratamento de

enfermidades ou até mesmo como fonte preventiva de doenças, aumentando a longevidade,

necessitando dessa forma, um desenvolvimento maior da indústria farmacêutica.

Corroborando com o crescimento do setor farmacêutico, que, em 2011, cresceu

19%, movimentando R$ 38 bilhões de reais em vendas, com expectativa de movimentar

R$ 87 bilhões em 2017, segundo o IMS Health (empresa americana que fornece

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informações, serviços e tecnologia para a indústria de cuidados de saúde) (2016). O Brasil

está entre os maiores consumidores de medicamentos do mundo, conforme dados da

Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA, 2016), que

apontam o país como o sétimo maior mercado mundial. Esse cenário favorável do

crescimento nas vendas de medicamentos é devido a um conjunto de fatores, o mais

predominante é o envelhecimento da população da América Latina, mais de 150 milhões

de pessoas terão mais de 50 anos em 2050.

Em paralelo ao aumento da produção e ao consumo de fármacos, existe ausência de

coleta desse resíduo, no Brasil ainda não há uma responsabilidade definida sobre como

deverá ser realizado o descarte de medicamentos por parte de consumidores. Grande parte

da população não tem orientação sobre o descarte dos medicamentos, descartando em lixo

comum e em efluentes sanitário, não sabe ou nunca obteve informações sobre como

realizar o descarte de medicamentos que possui em casa. Por este motivo, a forma

indiscriminada como é feito o descarte desses contaminantes emergentes, geram níveis

alarmantes de preocupação (RODRIGUES, 2009; FRANÇA, 2011; MEDEIROS;

MOREIRA; LOPES, 2014).

Aliado a isso, o tratamento convencional, efetuado nas Estações de Tratamento de

Esgoto (ETE) são ineficientes na remoção dos diclofenaco (DCF), Zhang; Geisse; Gal,

(2008) mostram que nem todos os medicamentos são completamente removidos durante o

tratamento, consequentemente, DCF que tem sido encontrado nas águas superficiais, torna-

se mais preocupante já que este fármaco continua a sua rota, mesmo depois do tratamento,

sendo lançados em rios, provocando a contaminação das águas superficiais (BAUTITZ,

2006).

A contaminação dosolo e de ambientes aquáticos com resíduos de fármacos é

relatada com grande frequência na literatura (ERIKSSON; SVANFELT; KRONBERG,

2010; BROZINSKI et al., 2013; GIMENES et al., 2013; GAMARRA et al., 2015). No

estudo relatado por Bila e Dezotti (2003) a ocorrência de fármacos residuais no esgoto

doméstico e em águas superficiais é um problema internacional que chamou a atenção de

pesquisadores.

Acreditava-se que as baixas concentrações dos CE, não seriam prejudiciais ao

meioambiente. Entretanto, Sanderson et al. (2004) puderam verificar que os fármacos

podem ser bioacumulativos em seres vivos por serem lipofílicos (dissolve na gordura

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acumulando-se).

Gracia-Lor et al. (2012) monitoraram 50 fármacos na região mediterrânea da

Espanha, águas residuais de afluente e efluente de diferentes ETE e o DFC foi um dos anti-

inflamatórios mais encontrado, sendo um dos fármacos mais consumido nomundo.Ainda

existe o problema da toxicidade dos metabólitos e dos subprodutos formados na remoção

do DFC.

Rigobello et al. (2013) avaliaram a eficiência dos processos convencionais de

tratamento de água potável com e sem pré-oxidação com cloro e dióxido de cloro e o uso

de filtração de carbono ativado granular (GAC) para a remoção do DCF. Pode-se observar

que o tratamento em ciclo completo seguido da adsorção em CAG foi eficiente na remoção

de DCF, com remoção maior que 99,7%. Entretanto, na remoção de DCF foram

identificados os principais subprodutos do DCF formados na oxidação com cloro e dióxido

de cloro, apresentaram as seguintes fórmulas moleculares: C14H112NO3, C13H10Cl3N e

C14H10Cl3NO2. Com o dióxido de cloro foi identificado o subproduto de fórmula molecular

igual a C14H11Cl2NO3, o que torna significativo e importante o estudo da ocorrência do

DCF no meio ambiente. Logo, fica evidente a preocupação com a qualidade da água.

Por meio das observações feitas, pode-se verificar o descaso existente por

contaminantes emergentes nos corpos hídricos. Não há tratamento adequado, capaz de

retirar os fármacos dos efluentes sanitários, tampouco o monitoramento do caminho que o

fármaco realiza na natureza e os possíveis efeitos a saúde humana e no meio ambiente.

No Brasil, os dados dos riscos e detecção do DCF em efluente, afluente e água de

abastecimento são escassos e, neste contexto, a identificação e o destino final dos fármacos

é um tema relevante para a saúde pública, devido às diferenças de propriedades físico-

químicas dos fármacos e as interações farmacológicas, que por fim se tornarão resíduos.

Desta forma o monitoramento de corpos hídricos para verificar a presença de um

fármaco, como o diclofenaco, seria importante para realizar uma avaliação de riscos ao

meio ambiente e ao ser humano, pois já foi evidenciado que podem ocorrer problemas

como doenças, feminilização em peixes, problemas de fecundidade, microorganismos mais

resistentes (bactérias), extinção de espécie aquática e outros.

Por conseguinte, está pesquisa pretende realizar a avaliação de riscos à saúde

humana e meio ambiente em uma cidade da Região Metropolitana de São Paulo, além de

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monitorar a presença do diclofenaco em água de abastecimento e córrego desta mesma

cidade.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo geral

O objetivo desse trabalho é avaliar os riscos de contaminação e monitorar a

presença de diclofenaco em água de abastecimento e em efluente sanitário de uma cidade

da Região Metropolitana de São Paulo.

1.1.2. Objetivos específicos

• Elaborar e aplicar um questionário para verificar o nível de conhecimento sobre o

uso correto, descarte e impactos ambientais causados pelos fármacos.

• Verificar o nível de conhecimento da população de uma cidade da RMSP sobre e

uso correto, descarte e impactos ambientais causados pelos fármacos.

• A partir de indicadores (concentração) de contaminação por fármacos elaborar uma

tabela de níveis de risco.

• Analisar amostras de água de abastecimento e de efluente sanitário para identificar

a presença do diclofenaco.

• Analisar os riscos e consequências do acúmulo de diclofenaco para o meio

ambiente.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem o propósito apresentar a revisão bibliográfica inerente,

fundamental e relevante com relação ao tema de pesquisa selecionado. Por meio de busca e

triagem na literatura, seja em periódico ou livros, são identificados os principais autores e

conceitos associados ao objeto de estudo. Além de que, também foram identificadas

lacunas na literatura atual, bem como tendências que puderamconduzir o desenvolvimento

pesquisa.

2.1. Industria farmacêutica

O desenvolvimento da indústria farmacêutica no Brasil iniciou-se no período entre

1890 e 1950 tendo relação direta com as instituições de saúde pública. O setor

farmacêutico se sustenta com base em pesquisas e desenvolvimento tecnológico. O Estado

brasileiro teve uma participação importante no do desenvolvimento industrial farmacêutico

ao incentivar e fornecer recursos para laboratórios farmacêuticos. Com a crescente

urbanização do País, geram o aumento de doenças. Quanto mais pessoas doentes, maior

consumo de fármacos (Confederação Nacional do Ramo Químico - CNQ, 2016).

O setor farmacêutico no Brasil cresceu 19% em 2011, movimentando R$ 38 bilhões

de reais em vendas, em 2012 o Brasil era o oitavo maior consumidor de medicamento do

mundo e o quinto maior produtor de medicamentos, ficando atrás somente de Estados

Unidos, Japão, Alemanha e França, segundo dados Associação Brasileira do Atacado

Farmacêutico (ABAFARMA, 2016).

Em 2013, o Brasil ocupou o 4º lugar no mercado de consumo de medicamentos no

mundo. Segundo o instituto IMS Health, que audita o mercado farmacêutico mundial, o

Brasil é o país com o maior número de farmácias do mundo, com uma proporção de 3,34

farmácias para cada 10 mil habitantes, o faturamento da indústria farmacêutica cresce 16%,

segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo

(SINDUSFARMA, 2016).

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Em 2014, o setor movimentou 55,89 bilhões de reais no Brasil, este segmento deve

atingir R$ 87 bilhões em 2017, segundo o IMS Health. Esse cenário favorável do

crescimento nas vendas de medicamentos.

A Forbes Brasil divulgou em 2015 o ranking das maiores empresas farmacêuticas

no mundo. Essa classificação é calculada a partir da combinação de quatro fatores:

receitas, lucros, ativos e valor de mercado. A multinacional norte-americana Johnson &

Johnson ocupa o primeiro lugar, atuando também nos segmentos de cuidados para o corpo

e higiene, entre outros produtos, e ocupa, neste ano, o 34º lugar da Global 2000, lista anual

das maiores companhias do mundo. Os dez primeiros colocados no ranking Forbes das

grandes indústrias farmacêuticas estão apresentados Quadro 1.

Quadro 1. Ranking das maiores empresas farmacêuticas no mundo

Ranking Empresa

Farmacêutica País

Posição na

Global

2000

Segmento

1º Johnson &

Johnson

Estados

Unidos

34º Opera como uma empresa de investimentos

em diversos tipos de produtos, como

cuidados com a saúde, higiene e beleza.

2 º Pfizer

Estados

Unidos

48 º É uma empresa global de pesquisa

biofarmacêutica.

3 º Novartis

Suíça

52 º Desenvolve, fabrica e comercializa produtos

para a saúde.

4 º Merck & Co Estados

Unidos

80 º Fornece diversas soluções, por meio de

medicamentos de prescrição, vacinas,

terapias biológicas, saúde animal e produtos

de cuidados, aos consumidores em todo o

mundo.

5 º Roche Holding

Suíça

81 º Tem foco em pesquisa, com destaque em

produtos farmacêuticos e diagnósticos.

6 º Sanofi França 89 º Trabalha com pesquisa, produção e

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distribuição de produtos farmacêuticos.

7 º Bayer Alemanha 108 º Se compromete com o desenvolvimento,

fabricação e distribuição de produtos das

áreas de saúde, nutrição e materiais

tecnológicos.

8 º GlaxoSmithKline Inglaterra 135 º Opera como uma empresa global de saúde

engajada em pesquisa e desenvolvimento de

medicamentos e marcas inovadoras.

9 º Amgen

Estados

Unidos

161 º É uma empresa biotecnológica, que

investiga, desenvolve, fabrica e comercializa

medicamentos para doenças graves.

10 º McKesson Estados

Unidos

172 º É uma corporação empresarial de serviços de

saúde e tecnologia, que fornece

medicamentos e produtos farmacêuticos

desenvolvidos para o cuidado de pacientes.

Fonte: Adaptado da FORBES (2015)

2.1.1. Os fármacos mais utilizados pela população

Na lista dos fármacos mais vendidos no Brasil constam os indicados para o controle

da hipertensão, à redução do colesterol e ansiolíticos, além de uma parte considerável de

medicamentos imune de prescrição médica, tais como analgésicos e anti-inflamatórios,

medicamento para o tratamento da disfunção erétil e contraceptivos.

Os produtos farmacêuticos são divididos em cinco classes principais utilizadas pela

população.

a) Antibióticos

Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o crescimento

ou causar a morte de bactérias. Com o surgimento crescente de infecções, há necessidade

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de tratamento com antibiótico, entretanto o uso desnecessário e prescrição excessiva torna

o de antibióticos ineficientes, formando microrganismos multirresistentes, atualmente

pessoas morrerem por infecções simples, porque o antibiótico não é mais eficaz

(GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010).

Tornando se um problema de saúde púbica bastante relevante, o desenvolvimento

de resistência bacteriana aos antibióticos é um fenômeno natural resultante da pressão

seletiva exercida pelo uso de antibióticos, mas que tem sofrido uma expansão muito

acelerada devido à utilização inadequada destes fármacos (LOUREIRO et al., 2016).

De acordo com dados divulgados no relatório European Centre for Disease

Prevention and Control (ECDC), a Grécia é o país com maior consumo de antibióticos.

Considerando a utilização relativa das diferentes classes de antibióticos, a penicilina é o

mais utilizado na comunidade em todos os países da Europa valor de quase 70% no grupo

etário dos 0-14. Apesar de ser também o grupo mais prescrito nos mais idosos, representam

apenas cerca de 40% (RAMALHINHO et al., 2015; LOUREIRO et al., 2016).

A penicilina foi descoberta, por Alexander Fleming em 1928, é um dos

acontecimentos marcantes da história da ciência, abriu as portas de um novo mundo, com

o surgimento de uma grande indústria que passou a se dedicar à produção de penicilina e

outros antibióticos responsáveis em matar as bactérias ou inibir a sua proliferação

(PEREIRA; PITA, 2005).

A penicilina é um antibiótico β-lactâmicos, age inibindo formação de ligação

cruzada entre cadeias de peptideoglicano (um polímero constituído por açúcares e

aminoácidos que originam uma espécie de malha na região exterior à membrana celular

das bactérias), impedindo a formação correta da parede celular bacteriana (GUIMARÃES;

MOMESSO; PUPO, 2010).

b) Analgésicos

A dipirona é o analgésico mais utilizado no Brasil, consiste em um pirazolônico

derivado analgésico não opiáceo (derivada da papoula). É um analgésico com eficácia

comprovada no alívio da dor em pós-cirúrgica, dor de dente, cirurgia oncológica e

enxaqueca (QUEIROZ et al., 2013)

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O seu efeito analgésico começa quase imediatamente e atinge o seu máximo 20 a

45 minutos após administração intravenosa. Seus metabolitos ativos são metil-amino-

antipyrine e aminoantipirina. A excreção é predominantemente renal

(KRYMCHANTOWSKI et al., 2008).

Também conhecida como metamizol, a dipirona vem sendo alvo de muita

polêmica, sendo proibida, na maioria dos países desenvolvidos (Austrália, Canadá,

Dinamarca, Estados Unidos da América - EUA, Noruega, Reino Unido, Suécia, entre

outros). Esta não é comercializada, em virtude do suposto papel de deprimir a medula

Óssea, causando anemia aplástica, reações alérgicas graves (como edema de glote e

anafilaxia) e agranulocitose (falta ou redução leucócitos granulosos)(FERREIRA et al.,

2013; QUEIROZ et al., 2013).

Desde a sua introdução no mercado mundial, há mais de 100 anos, no mercado

nacional, há mais de 70 anos, a dipirona tem sido amplamente utilizada em casos de dores

em geral, tais como, dor de cabeça, dente, ouvido e usado em casos de febre. Quando

administrada pela via parenteral (injetável), apresenta efeito analgésico similar aos anti-

inflamatórios não esteroidais e opiôides fracos (DANIELI; LEAL, 2003).

c) Antiansioliticos

O rivotril possui clonazepam como princípio ativo um tranquilizante do grupo do

benzodiazepínico, introduzidos na terapêutica na década de 1960, são fármacos

depressores do sistema nervoso central, utilizados como hipnóticos, têm sido utilizados

para tratar uma variedade de desordens, incluindo ansiedade, depressão, insônia, retirada

álcool, e convulsões.

A eficácia dos benzodiazepínicos é indicado nos tratamentos de curta duração,

porém o uso prolongado é contraindicado devido aos riscos de efeitos adversos, incluindo a

dependência. O uso excessivo benzodiazepínico é observado em diversos países. No

Brasil, estima se que 1,6% da população adulta seja usuária crônica de benzodiazepínicos.

Entretanto a sua utilização como tratamentos de manutenção diminuiu nas últimas décadas

devido a preocupações quanto ao potencial para o abuso, a tolerância, a sedação excessiva

(FIRMINO et al., 2011).

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Os metabólitos dos benzodiazepínicos são excretados pela urina na forma de

glicuronídios ou metabólitos oxidados, e em menor concentração nas fezes. Uma parcela

pequena é eliminada na urina de forma inalterada (GOLAN, 2009).

d) Anti-hipertensivos

A losartana é um anti-hipertensivo mais vendido, sendo um composto sintético potente,

pelo fato de ser um inibidor de angiotensina, é originalmente usado para o tratamento da

hipertensão, age de modo a reduzir a pressão arterial, além de ter sido aprovada para a

profilaxia do acidente vascular cerebral. Entre os efeitos colaterais estão tonturas e,

raramente, reação de hipersensibilidade cutânea (GOODMAN; GILMAN, 2012; ROYO et

al., 2014).

Com relação ao metabolismo e excreção desse fármaco, aproximadamente 4% da

dose administrada são excretadas de forma inalterada na urina e aproximadamente 6% são

excretadas na urina na forma do metabólito ativo de ácido carboxílico (GODOY, 2014).

e) Anti-inflamatórios

Desde a Antiguidade, o homem buscava meios para aliviar a dor, a febre e a

inflamação. Na pré-história, o homem parecia agir instintivamente, como os animais, no

tratamento de suas enfermidades. Assim, é comum encontrar pinturas rupestres de homens

das cavernas lambendo suas feridas, ou bebendo muita água e ficando nas proximidades de

fogueiras quando se tinha febre. Em 1898, Felix Hofmann pesquisando a cura para a artrite

que incomodava seu pai, descobriu o ácido acetilsalicílico (AAS) com propriedades

analgésicas desejada (LUENGO, 2005; VIEGAS, et al., 2006).

O ácido acetilsalicílico foi introduzido no mercado no final do século XIX como o

primeiro medicamento anti-inflamatório cientificamente divulgado. Foi comercializado por

mais de 70 anos sem que seu mecanismo de ação fosse conhecido e, quando descoberto,

possibilitou a síntese de novos fármacos (MONTEIRO et al., 2008).

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Os anti-inflamatórios foram agrupados em dois grandes grupos, dadas as suas

características: anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e anti-inflamatórios esteroidais

(AINs) (corticoides). Também foram incluídas informações sobre os principais

medicamentos modificadores da doença reumática, fármaco com propriedades anti-

inflamatórias e imunomoduladoras que tem sido utilizado especificamente para o

tratamento da dermatite atópica (CRF SP, 2013). O quadro 2mostra a classificação dos

anti-inflamatórios.

Em 1949 os AINs começaram a ser utilizados terapeuticamente. E em 1952,

iniciou-se a exploração do uso tópico destes esteroides. Os (AIEs) são drogas que

mimetizam os efeitos do hormônio cortisol. Este hormônio é essencial à vida, sendo

responsável por vários processos, desde o estado de embrião. Além de possuir efeitos

metabólicos próprios, também, age amplificando o efeito de outros hormônios no

organismo humano (MONTEIRO et al., 2008).

Na segunda metade do século XX, vários AINEs foram inseridos no mercado e,

apesar da diversidade das estruturas químicas, apresentaram as mesmas propriedades

terapêuticas. Nessa época os corticoides também foram descobertos e começaram a ser

incluídos nas terapias, tornando-se a principal categoria de medicamentos para o

tratamento da artrite reumatoide. Os anti-inflamatórios estão entre os mais prescritos no

mundo, devido as suas propriedades desejadas (LUENGO, 2005).

Os AINEs são classificados em: seletivos e não seletivos, sendo que os não

seletivos são os mais antigos, e apontado como tradicionais. Os AINEs seletivos são

usados para inibir a enzima ciclooxigenase (COX-2). Nos últimos anos, tem sido

questionada a segurança do uso dos AINEs na prática clínica, devido a evidências sobre o

aumento do risco cardiovascular com o uso de AINEs são ainda incompletos

(BATLOUNI, 2010).

Os classificados em outros, são anti-inflamatórios modificadores da doença

reumática, pode reduzir o processo de destruição cartilaginosa e óssea que ocorre na artrite,

que compreendem a hidroxicloroquina, a sulfassalazina, o metotrexato, entre outros. Estes

medicamentos atuam sobre a resposta imune, podendo suprimir o processo da doença (MS,

2010).

Quadro 2. Classificação dos principais anti-inflamatório

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ANTI -INFLAMATÓRIOS

Esteroidais (AINs) Não-esteroidais (AINEs)

Outros Corticoides

AINEs

seletivos

AINEs

não-seletivos

Betametasona (T, S) Celecoxibe (S) Aceclofenaco (S) Hidroxicloroquina

(S)

Budesonida (T, S) Etodolaco (S) Ácido acetilsalicílico (S) Mesalazina (S)

Deflazacorte (S) Etoricoxibe (S) Ácido mefenâmico (S) Metotrexato (S)

Desonida (T) Meloxicam (S) Benzidamina (T) Pimecrolimo (T)

Dexametasona (T, S) Nimesulida (S) Cetoprofeno (S) Sulfassalazina (S)

Hidrocortisona (T, S)

Cetorolaco de

Trometamina (S)

Metilprednisona (T, S)

Diclofenaco (T, S)

Metilprednisolona (T, S)

Diclofenaco

Colestiramina (S)

Prednisolona (T, S)

Dipirona (S)

Prednisona (S)

Fenilbutazona (S)

Triancinolona (T, S)

Flurbiprofeno (T, S)

Ibuprofeno (S)

Indometacina (S)

Loxoprofeno (S)

Naproxeno (S)

Paracetamol (S)

Piroxicam (S)

Tenoxicam (S)

Fonte: CRF SP (2013). Legenda: (T, S) uso tópico e uso sistêmico; (T): uso tópico; (S): uso sistêmico.

Os classificados em outros, são anti-inflamatórios modificadores da doença

reumática, pode reduzir o processo de destruição cartilaginosa e óssea que ocorre na artrite,

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que compreendem a hidroxicloroquina, a sulfassalazina, o metotrexato, entre outros. Estes

medicamentos atuam sobre a resposta imune, podendo suprimir o processo da doença (MS,

2010).

2.1.2. Diclofenaco: anti-inflamatório não esteroidal (AINE)

Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) encontram-se entre os medicamentos

mais prescritos em todo o mundo. São utilizados principalmente no tratamento da

inflamação, dor e edema, como também nas osteoartrites, artrite reumatoide e distúrbios

músculos-esqueléticos (BATLOUNI, 2010).

O DCF de sódio é um dos AINE tradicional (não seletivo) mais utilizados com

efeito analgésico, anti-inflamatório e antipirético. Por ser um potente inibidor da enzima

ciclooxigenase, este medicamento é utilizado para aliviar a dor e a inflamação nos

processos inflamatórios em geral, e em casos mais específicos de atrite reumatoide,

osteoartrite, bursites, tendinites, dor pós-operatórias e espondilose anquilosante é

encontrado, principalmente, com o nome comercial Voltarem® e o DCF de potássio como

Cataflan®, (RIGOBELLO, 2012).

Estes incluem a profilaxia contra a doença cardiovascular, alívio do desconforto

associado com traumatismos e dores de cabeça secundárias, e de alívio da dor grave

causada por uma variedade de doenças das articulações inflamatórias e degenerativas.

Apesar da ampla utilização de AINEs durante o último século, seu mecanismo de ação não

foi totalmente apreciado até 1971, quando Vane publicou suas observações seminais

propondo que a capacidade de AINEs para suprimir a inflamação depende essencialmente

da sua capacidade de inibir a enzima ciclooxigenase (LIMA et al., 2015).

Apresenta-se na forma de um sal, derivado do ácido benzenoacético. Denominado

quimicamente por 2-[(2,6-diclorofenil)amino] benzenoacetato de sódio, mais conhecido

por diclofenaco sódico é um potente inibidor competitivo reversível da atividade da

ciclooxigenase que se apresenta como pó cristalino branco a levemente amarelado, pouco

higroscópico, com peso molecular de 318,13. A Figura 1 apresenta a fórmula estrutural da

molécula, sendo a sua fórmula molecular é constituída por C14H10Cl2NNaO2, possui pKa:

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4, levemente ácido, log P (n-octanol/água): 4,4, e ponto de fusão (°C): 283-285

(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010).

Lançado no mercado japonês no início de 1974, o diclofenaco atualmente, pode ser

encontrado em cerca de 120 países em todo mundo, tendo sido aprovado pelo FDA (Food

and Drug Administration) em 1988, como a primeira droga anti-inflamatória não esteroidal

(LIMA et al, 2015).

Segundo Gracia-Lor et al. (2012) o DCF é o anti-inflamatório mais vendido no

mundo corroborando com a pesquisa realizada por Nunes et al. (2006). Por meio de uma

pesquisa executada em uma drogaria na região de Guarulhos, o consumo de anti-

inflamatórios é frequente. Aproximadamente, 75 toneladas de DCF com prescrição são

vendidos anualmente na Alemanha (TERNES, 2001).

A automedicação supera a venda sob prescrição, revelando que os anti-

inflamatórios não-esteroidais vêm sendo os medicamentos de uso rotineiro, desde

pequenas inflamações, dores de cabeça, dores musculares, atrite reumatoide, osteoartrite,

situação alarmante do ponto de vista da saúde pública, visto que a população pode não

estar ciente da posologia, dos efeitos adversos e das possíveis interações com outros

medicamentos ou alimentos, podendo acarretar intoxicação, inibição do fármaco ou

doenças secundárias ao tratamento (LIMA; ANJOS, 2010).

Figura 1. Estrutura molecular do diclofenaco sódico

Fonte: FARMACOPÉIA BRASILEIRA (2010).

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O DCF sódico é absorvido rapidamente após administração oral e parenteral,

chegando ao sangue aproximadamente 30 minutos após sua administração. A concentração

máxima (Cmax) é alcançada de 1,5 a 2,5 horas após administração oral de comprimidos

gastro-resistentes. A concentração máxima no sangue varia de 0,70 a 1,50 mg. L-1. E a

biodisponibilidade via oral é de 60%, com meia-vida de excreção de 1,1 a 1,8 horas.Após

administração oral, o DCF é eliminado num curto período (semivida de eliminação cerca

de 2 h) (SAVASER, OZKAN, ISIMER, 2005).

A área sob a curva (AUC) de concentração plasmática alcançada após a

administração parenteral do fármaco é cerca do dobro da alcançada após administração da

mesma por via oral. Isto é atribuído ao metabolismo de primeira passagem quando é

realizada a administração por via oral, e corresponde a disponibilidade fisiológica de 50%

da dose de fármaco administrada (CARVALHO, 1998).

O DCF liga-se as proteínas plasmáticas em 99%, sua meia-vida no plasma é de 1-2

horas, e volume de distribuição de 0,171 L kg-1. Sofre metabolismo hepático por uma

isoenzima do citocromo P450 da subfamília CYP2C em 4-hidroxidiclofenaco, o metabólito

principal, e em outras formas hidroxiladas. Os metabólitos são excretados 65% via urinária

e 35% via biliar (ROBERTS; MORROW, 2003).A Figura 2 representa o mecanismo de

ação do diclofenaco no organismo humano.

Estudos relatam a existência de fármacos em meio ambiente aquático da ordem de

10-9 a 10-6 ppm. Mesmo encontrados em baixas concentrações, estudos já validam a

capacidade de tais compostos de provocarem efeitos mutagênicos e genotóxicos no

ambiente aquático (BILA e DEZOTTI, 2007; TAMBOSI, 2008; RICHARD et al., 2013;

TONUCCI, 2014; GODOY, 2014).

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Figura 2. Estrutura de DCF e metabólitos DCF sintéticos. As principais enzimas

responsáveis pelo metabolismo do DCF, intermediários reativos propostas e o conjugado

de Cisteina N-acetil sintético sintetizado

Fonte: SAVASER; OZKAN, ISIMER (2005)

2.2. Resíduos sólidos em serviços de saúde (RSSS)

De acordo com Resolução CONAMA nº 358/05, Resolução ANVISA n° 33/03 e os

resíduos oriundos da produção, formulação, preparação e utilização de produtos

farmacêuticos, bem como resíduos de medicamentos, estão enquadrados como resíduo

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perigoso e devem ser tratados com a devida atenção. Os resíduos de medicamentos (RM)

são classificados como Resíduos Sólidos em Serviços de Saúde (RSSS), e são classificados

em cinco grupos:

Grupo A - potencialmente infectantes; Grupo B - químicos; Grupo C - rejeitos

radioativos; Grupo D - resíduos comuns; e Grupo E - perfurocortantes. As considerações

de classificação, segregação e destino final do grupo B, que é o foco de interesse deste

trabalho, está representado da seguinte forma (GARCIA & RAMOS, 2004):

a) Classificação: Grupo B – Químicos: resíduos contendo substâncias químicas que

apresentem risco à saúde pública ou ao meio ambiente, independente de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

b) Classificação dos resíduos do grupo B: resíduos dos medicamentos e dos insumos

farmacêuticos vencidos, contaminados, apreendidos para descarte, parcialmente impróprios

para consumo que oferecem risco (produtos hormonais de uso sistêmico; antibacterianos

de uso tópico descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de

medicamentos; medicamentos citostáticos, antineoplásicos, digitálicos, imunossupressores,

imunomoduladores, antiretrovirais).

c) Descarte de Resíduos grupo B: os fabricantes, importadores e distribuidores deverão

providenciar informações ao consumidor quanto ao perigo durante o manuseio. Eles devem

ser acondicionados em recipientes de material rígido, adequado a cada tipo de substância

química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu estado físico; em frasco

de até dois litros ou bombonas de material compatível como líquido armazenado. Sempre

que possível deve ser de plástico, resistentes, rígidas e estanques, com tanque rosqueada e

vedante. Resíduos B gerados pelos Programas de Assistência Domiciliar: devem ser

identificados, acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou por

pessoa treinada de acordo com o regulamento técnico, e encaminhados ao estabelecimento

de saúde de referência.

d) Segregação dos Resíduos do grupo B: Devem ser encaminhados ao Aterro Sanitário

Classe I ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do órgão local de

meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Resíduos químicos no estado

sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos. O

responsável pelo estabelecimento gerador deverá implementar um Plano de Gerenciamento

de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), definido como um conjunto de procedimentos

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de gestão, planejados e implementados baseando-se em normas científicas, normativas e

legais, com o objetivo de minimizar a produção e proporcionar aos resíduos gerados um

encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos funcionários, a

preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

O PGRSS deve ser elaborado com base nas características e volume dos resíduos de

serviços de saúde gerados, estabelecendo as diretrizes de manejo desses resíduos, incluindo

as medidas de: segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno,

armazenamento intermediário, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento

externo, coleta e transporte externo e destinação final. Cada uma dessas etapas é indicada

de maneira específica para cada tipo de resíduos de serviços de saúde (MIRANDA, 2013).

De acordo com a NBR N° 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), os resíduos sólidos são definidos como: “Resíduos nos estados sólido e

semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e

instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor

tecnologia disponível."

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei n° 12.305

(BRASIL, 2010), de 2 de agosto de 2010, regulamentada pelo Decreto n° 7.404 de 23 de

dezembro de 2010, e prevê a eliminação das formas de destinação e disposição final

inadequada de resíduos sólidos e rejeitos. Assim, a normatização e novas definições foram

elaboradas para nortear a gestão de resíduos sólidos.

Conforme a Lei nº 12.305/ 2010(PNRS) são proibidas as seguintes formas de

destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos: lançamento em praias, no

mar ou em quaisquer corpos hídricos; lançamento “in natura” a céu aberto, excetuados os

resíduos de mineração; queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos

não licenciados para essa finalidade; outras formas vedadas pelo poder público (ANVISA,

2017).

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O Brasil não dispõe atualmente de legislação específica para o gerenciamento de

resíduos sólidos de medicamentos descartados pela população com a abrangência e

alinhamento ao novo marco regulatório trazido pela Política Nacional de Resíduos 38

Sólidos. Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são classificados pela RDC nº 306/2004

da ANVISA e Resolução nº 358/2005 do CONAMA, que regulamentam o gerenciamento e

destinação final de resíduos de serviços de saúde (MIRANDA, 2013).

2.3. Impactos ambientais causados pelos fármacos

Aproximadamente dois terços do planeta é cercado por vastos oceanos. A beleza do

planeta azul visto do espaço é de encantar qualquer pessoa. Cerca de 2,493% dessa

imensidão, que podemos observar, é de água doce e estão distribuídas em geleiras e

aquíferos, 97,5% da água disponível na Terra é salgada e encontra se em oceanos e mares,

portanto impropria para o consumo humano. Apenas 0,007% de água do planeta é doce e

de fácil acesso, localizada em lagos, rios e na atmosfera (BARROS; AMIN, 2008).

Há décadas existe um descaso com o meio ambiente, esgotos industriais e

residenciais clandestinos, desperdiço de água, descarte indevido de materiais tóxicos, como

os fármacos. Com o crescimento populacional dos centros urbanos e os impactos

ambientais que a indústria vem causando ao longo do tempo, ocorreu um desequilíbrio e

degradação da qualidade das águas superficiais, proporcionando um aumento da

contaminação de rios, lagos e reservatórios por compostos matéria tóxico. A presença de

fármacos residuais no meio ambiente pode causar efeitos adversos em organismos

aquáticos e terrestres, além de prejuízos à saúde humana. É necessário o uso de

medicamentos na sociedade, com grande importância no tratamento de enfermidades ou

até mesmo, como fonte preventiva de doenças, aumentando a longevidade (SANTOS,

2014).

Segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB, 99,96%

dos municípios brasileiros têm serviços de manejo de Resíduos Sólidos, mas 50,75% deles

dispõem seus resíduos em vazadouros; 22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros

sanitários. Esses mesmos dados apontam que 3,79% dos municípios têm unidade de

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compostagem de resíduos orgânicos; 11,56% têm unidade de triagem de resíduos

recicláveis; e 0,61% têm unidade de tratamento por incineração. A prática desse descarte

inadequado provoca sérias e danosas consequências à saúde pública e ao meio ambiente e

associa-se a triste quadro socioeconômico de um grande número de famílias que, excluídas

socialmente, sobrevivem dos "lixões de onde retiram os materiais recicláveis que

comercializam.

O medicamento quando descartado em resíduos sólidos comum, gerado em

residênciasacabam disseminado a contaminação em lixões ou em aterros sanitários,

impróprios para esse tipo de resíduo, podendo contaminar o solo e efluentes. Vazadouro a

céu aberto é a forma mais impactante ao meio ambiente e às populações vizinhas. É um

tipo de disposição dos resíduos diretamente no solo, sem nenhum controle que permita

evitar a contaminação de lençóis freáticos e cursos de água, através dos líquidos percolados

(chorume) (SOARES; SALGUERIO; GAZINEU, 2007).

O chorume, oriundo da decomposição anaeróbica das frações orgânicas contidas

nos materiais descartados, gera liberação de gases voláteis ricos em enxofre (S), amônia

(NH3), gás carbônico (CO2), dentre outros que são poluentes e alguns favoráveis à

combustão. Portanto, percebe-se perfeitamente a grande contribuição à degradação

ambiental sem contar os inúmeros indícios de comprometimento à saúde pública (LIMA,

2003).

Muitas vezes o DFC é jogado na rede de esgoto comum, sem um tratamento

adequado, esses fármacos continuam no meio ambiente. De acordo com a Resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993, artigo 3º,

os resíduos de medicamentos encontram-se no Grupo B, que engloba os resíduos químicos,

caracterizados pela presença de substâncias químicas. Dentro desta classe encontram-se os

produtos farmacêuticos e os quimioterápicos (GASPARINI; GASPARINI; FRIGIERI,

2011).

A maioria dos fármacos encontrados no meio ambiente é proveniente do uso

humano e veterinário, como os quimioterápicos, antibióticos, anti-inflamatórios,

reguladores de lipídios, antidepressivos e contraceptivos orais (GHISELLI; JARDIM,

2007). Uma grande parte da contaminação pelo ser humano está no descarte incorreto de

medicamentos, muitas vezes por má orientação, são descartados diretamente no esgoto “in

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natura” nos corpos d’água ou descartados no lixo comum, contaminando o solo e

possivelmente os recursos hídricos.

O destino dos medicamentos que sobram de tratamentos finalizados e dos que são

comprados em quantidades desnecessárias é observado pela pesquisa realizada no

Município de Catanduva, 2000 pessoas foram entrevistadas, com o propósito de verificar

como era realizado o descarte dos fármacos, onde 30,8% dos entrevistados guardam esses

medicamentos para utilizarem novamente e 30,45%, estão aqueles que apontam que as

sobras de medicamentos são descartadas no lixo, sendo 88,18% no lixo seco e 7,75% no

lixo úmido (GASPARINI; GASPARINI; FRIGIERI, 2011).

Assim como na pesquisa realizada na região de Paulínia, onde 613 alunos, foram

entrevistados e verifica-se que 62% do total de entrevistados, fazem o descarte no lixo

comum, 19% na água corrente, sendo que somente 4% destinam os medicamentos

adequadamente em postos de saúde, farmácias ou centros comunitários (PINTO et al.,

2014). E em uma pesquisa realizada por Ueda et al. (2009), na UNICAMP, com população

amostral de 141 pessoas. Destas, 88,6% afirmaram descartar seus resíduos farmacológicos

no lixo doméstico; 9,2% o descartam pelo esgoto e 2,2% têm outro meio de fazê-lo.

Quanto ao impacto ambiental causado pela ação, constatou-se que apenas 28,4% dos

entrevistados já se ativeram à questão. Os demais nunca pensaram a respeito.

Os resultados das entrevistas executadas em Catanduva, Paulínia, e Campinas,

mostram que a maioria das pessoas não tem conscientização do problema que os descartes

incorretos de medicamento podem trazer para a saúde humana e meio ambiente. Ainda,

constatou-se que, da população amostral de pessoas que relataram já ter se preocupado

com o assunto, um percentual de 25% elimina fármacos no esgoto, acreditando que não

irão causar danos ao meio ambiente. Entretanto os outros 75% tem consciência dos danos

provocados pelo descarte incorreto, mas continuam efetuando o descarte assim mesmo.

As Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) não são eficientes na remoção destes

resíduos. Este tipo de contaminação torna-se mais preocupante já que estes efluentes são

lançados diretamente em rios provocando a contaminação das águas superficiais

(BAUTITZ, 2006). No estudo relatado (BILA; DEZOTTI, 2003) a ocorrência de fármaco

residuais no esgoto doméstico e em água natural é um problema internacional que chamou

a atenção de pesquisadores para o assunto, mostrando que esses fármacos estão presentes

em ambientes aquáticos em várias partes do mundo.

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A literatura, ainda é muito restrita em relação aos efeitos que medicamentos, como

os anti-inflamatórios, podem trazer para o meio ambiente, assim como não está claro quais

organismos são afetados e em que grau. Alguns grupos de medicamentos merecem uma

atenção especial, dentre eles são os antibióticos, anti-inflamatórios e os hormônios. No

Reservatório Billings, o diclofenaco, o ibuprofeno e a cafeína foram os principais

medicamentos identificados em maiores concentrações (ALMEIDA; WEBER 2005;

BORRELY et al., 2012).

Podendo portanto causar diversos problemas à saúde como relata Kummerer (2010)

e Henriques et al. (2010) a exposição crônica a concentrações baixas de certas classes de

fármacos existentes no meio ambiente, como os antineoplásicos, hormônios,

antidepressores, antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e reguladores

lipídicos, podem originar efeitos muito adversos na saúde humana, nomeadamente, lesão

celular, desregulação endócrina, infertilidade, alteração comportamental, resistência aos

antibióticos e alteração da pressão arterial, entre outros, o que torna significativo e

importante o estudo da ocorrência destes compostos no meio ambiente.

O etoposide é um fármaco muito utilizado e descartado no meio ambiente, sendo

um derivado semissintético do vegetal podofilotoxina, anticancerígeno. Atualmente é

considerado um antineoplásico essencial, tem sido utilizado em uma ampla variedade de

neoplasias incluindo cancro do pulmão de células pequenas, o carcinoma esofágico, cancro

do testículo, leucemia aguda e linfomas Hodgkin (linfonodos do sistema linfático). É

conhecido como "veneno de topo-isomerase"(enzima que controla e modifica o estado

topológico do DNA) (FREITAS et al., 2002).

O metabolismo do etoposide ainda não é muito conhecido. Em pacientes

pediátricos que recebem etoposide oral, a excreção renal apresenta 30 a 40% da droga,

porém está quantidade, excretada na urina, reduz medida que se aumenta a dose

administrada. Aproximadamente 40% do etoposide administrado é metabolizado e

eliminado via hepática (GREGIANIN, 2002).

Apesar dos efeitos benéficos da droga no tratamento de tumores malignos, alguns

relatórios também têm enfatizado uma ação prejudicial no organismo de mamíferos,

incluindo os testículos. As implicações de dados histológicos sobre o desempenho

reprodutivo devem ser consideradas, principalmente em pacientes adultos e crianças

jovens, uma vez que existe um risco potencial de perda ou diminuição da capacidade

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reprodutiva em indivíduos tratados com etoposídeo. Há um consenso geral de que vários

medicamentos antineoplásicos exercer um efeito prejudicial na espermatogônias

provocando a morte dessas células (FREITAS et al., 2002).

Routledge et al. (1998), analisaram duas espécies de peixes, Oncorhynchus mykiss e

Rutilus, as quais foram expostas por 21 dias a concentrações de 17β-estradiol e estrona

ambientalmente relevantes (1, 10, 100 ng. L-1). Os resultados confirmaram que os

estrogênios identificados em efluentes domésticos estão presentes em quantidades

suficientes para induzir a síntese de vitelogenina (VTG) em espécies de peixes,

aumentando a massa do fígado.

A vitelogenina é uma proteína precursora de gema de ovo, produzida pelo fígado,

encontrado especificamente nas fêmeas. Quando encontrada nos machos, frente a

hormônios, torna está proteína um biomarcador (marcador biológico da ocorrência dos

hormônios) para disfunções do sistema endócrino (SUMPTER; JOBLING, 1995).

2.4. Rota de resíduos de medicamentos e o meio ambiente

A ocorrência de contaminação ambiental por fármacos, está intrinsecamente, ligada

aos aspectos quantitativos da produção. A contaminação do meio ambiente por fármacos

deve ser originária das grandes (indústrias farmacêuticas), pequenos (instituições de

ensino, pesquisa e hospitais) e micro geradores de resíduos (residências e fazendas

pecuárias) (GIL; MATHIAS, 2005). Os riscos associados aos resíduos de origem químico

farmacêutica dependerão principalmente da inerente atividade biológica e/ou reatividade

química. No Quadro 3 pode se observar a divisão dos resíduos químico farmacêuticos,

quanto aos seus riscos potenciais.

As rotas que os resíduos chegam ao meio de contaminação são as vias urbanas,

associadas a medicamentos de uso humano, decorrente da excreção urinária ou fecal, com

consequente contaminação de esgotos por fármacos e/ou seus metabólitos; ou descarte de

medicamentos lixos domésticos ou por via rural está associada aos medicamentos de uso

veterinário, como o uso de antibióticos para promoção de crescimento, adição de

hormônios em rações, agentes antiparasitários(GIL; MATHIAS, 2005; MEDEIROS;

MOREIRA; LOPES, 2014; SOUZA; FALQUETO, 2015)

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Quadro 3. Divisão dos resíduos químico farmacêuticos

Fármacos

Metabólitos

Substâncias químicas residuais dos

processos de síntese ou purificação

de fármacos

Alta toxicidade

associada e alta

estabilidade

Mais tóxicos

Alta estabilidade

Baixa

estabilidade

Tóxicas e/ou reativas

Alta toxicidade

associada e

baixa

estabilidade.

Ativos

Alta estabilidade

Baixa

estabilidade

Inócuas e/ou inertes

Baixa toxicidade

associada

Inativos

Fonte: adaptado (GIL; MATHIAS, 2005)

Quanto às possíveis vias de contaminação ambiental por resíduos de fármacos e

seus metabólitos, destaca-se tanto a zona a urbana e como a rural. O trajeto percorrido

pelos Fármacos pode ser representado na Figura 3, a seguir:

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Figura 3. Esquema das possíveis fontes e rotas de ocorrência de resíduos farmacológicos

no ambiente aquático

Fonte: (GODOY, 2014; HEBERER, 2002)

Produtos medicinais para uso humano

Esgoto doméstico

Águas residuais municipais

Lodo

Resíduo doméstico

Águas subterrâneas

Fábricas de produção de fármacos

Aquiculturas

Produtos medicinais para uso veterinário

Efluente hospitalares

Medicamentos inutilizados

Excreção

Águas de consumo promotore de

Local de disposição de resíduos

Águas superficiais

Fertilizantes

Solo

Estações de tratamento de esgoto

Irrigação de plantações

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A ocorrência dos fármacos no meio ambiente podem ser divididos em cinco grupos

(HALLING-SORENSEN et al., 1998; MIRANDA, 2013):

a) águas de lençóis freáticos: por infiltração de linhas de esgoto ou efluentes;

b) águas de rios: por despejo de esgoto doméstico ou industrial ou de rural quando

transportadas do solo pelas chuvas;

c) águas oceânicas: por despejo de esgoto doméstico ou dos próprios rios;

d) sedimentos: pela deposição de espécies ativas insolúveis;

e) solo: pelo despejo urbano inadequado ou do uso rural.

Segundo Rodrigues (2009), a rota de entrada de resíduos de medicamentos no

ambiente ocorre por meio do lançamento de esgotos domésticos em cursos de água,

efluentes de indústrias farmacêuticas, efluentes rurais, e disposição inadequada de

fármacos após expiração do prazo de validade. Os resíduos de medicamentos seguem para

o esgoto bruto, chegam nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), onde são

submetidos a processos de tratamento convencionais, que não são eficientes para a

completa remoção de fármacos residuais. Isso ocorre em decorrência dos medicamentos

possuírem ação biocida ou estruturas químicas complexas não passíveis de biodegradação,

fatos esses comprovados por estudos que evidenciam a presença desse tipo de

contaminante em efluente de ETE (MELO et al., 2009).

As principais vias de contaminação de ambientes terrestres e aquáticos, a

exposição, disposição e efeitos com resíduos de DCF no meio ambiente pode ser

visualizada por meio da Figura 4, a qual se verifica a passagem dos resíduos de fármaco

pelo sistema de tratamento de esgoto e a persistência desses resíduos no ambiente aquático.

Uma vez no solo, a lixiviação, o fluxo superficial e a erosão podem conduzir à

frente os resíduos de fármacos, atingindo os recursos hídricos. Ademais, pequenas

concentrações de fármacos, de uso humano e animal, são comumente encontradas em

amostras de lodo ou efluente oriundo das estações de tratamento de esgoto. A disposição

final desses resíduos nos cursos d’água ou o uso agrícola do efluente ou do lodo como

fertilizantes orgânicos e animal (REGITANO; LEAL, 2010).

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Figura 4. Principais vias de exposição ambiental do DCF

Fonte: Adaptado ( HALLING-SORENSEN et al., 1998; MIRANDA, 2013)

Está bem fundamentado por Gros et al. (2010) que as ETE são os principais

contribuintes de contaminação do ambiente aquático, uma vez que cargas importantes são

descarregadas nas águas dos rios através de efluentes. Embora os fármacos ainda não

estejam regulados é de suma importância saber se os tratamentos aplicados podem eliminar

os compostos farmacêuticos. Além disso, pouco se sabe sobre a ocorrência e o destino de

subprodutos (metabólitos e produtos formados durante os tratamentos de água potável) e

seus efeitos toxicológicos.

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Segundo Melo, et al. (2009) a presença de resíduos de fármacos em efluentes de

ETE é reflexo da baixa eficiência de remoção dos mesmos pelos processos convencionais

de tratamento e leva à contaminação de águas superficiais. A remoção dos resíduos de

fármacos em ETE depende das características físico-químicas de cada composto.

Eficiência de remoção afluente e efluente de alguns fármacos em unidades de tratamento

de esgotos é bastante variável. A fim de demonstrar essa variação, alguns exemplos estão

relacionados na Tabela 1.

Tabela 1. Eficiência da remoção em estações de tratamento de esgoto (equipamento

diferente, diferentes ETE, amostragem em diferentes épocas)

Máxima remoção % Referência

17 Heberer (2002)

69 Ternes (1998)

75

Andreozzi et al.

(2003)

74 Strenn et al. (2004)

30 Quintana et al (2005)

22 Bendz et al., (2005)

Fonte: (FENT; WESTON; CAMINADA, 2006)

O trabalho de Rigobello (2013) avaliou a eficiência dos processos convencionais de

tratamento de água potável (coagulação, floculação, sedimentação, filtração de areia e

desinfecção de cloro), mostrando que não foi eficaz na remoção de DCF, uma vez que não

se verificou diferença significativa entre a concentração de DCF. Estes resultados

corroboram com os relatados na literatura, que se referem a uma redução da concentração

de DCF para menos de 5% por coagulação com sulfato de alumínio, floculação,

sedimentação e filtração com areia, em geral, estes processos não são eficientes na

remoção da maioria dos produtos farmacêuticos da água, promovendo a contaminação das

águas superficiais por resíduos deste tipo e o comprometimento da sua qualidade,

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destinada ao abastecimento urbano (BAUTITZ, 2006; VIENO et al., 2007; POJANA;

FANTINATI; MARCOMINI, 2011).

2.5. Toxicidade em Organismos Aquáticos

São utilizados testes de toxicidade aquática para detectar e analisada os efeitos

tóxicos de produtos químicos em organismos aquáticos. Testes de toxicidade são ensaios,

realizados em condições específicas e controladas, usados para estimar a ecotoxicologia de

substâncias. São ferramentas utilizadas para avaliar a qualidade das águas e a os

contaminantes de efluentes, uma vez que as análises tradicionais realizadas, nas estações

de tratamento de esgoto não são suficientes para avaliar o potencial de risco ambiental dos

contaminantes.

Porém esses testes não substituem as análises físico-químicas usadas

(características físicas, acidez ou alcalinidade, carbono orgânico, substâncias oxidáveis,

condutividade, amônio, cálcio e magnésio, cloretos, nitratos) (COSTA et al., 2008). Sendo

assim esses testes fornecem informações que são utilizadas para avaliar o risco associado

aos contaminantes. Os testes de toxicologia aquática constituem-se em importante

ferramenta para avaliação da sensibilidade de organismos a fatores ambientais

desfavoráveis como efluentes tóxicos, poluentes físicos, químicos e medicamentos

(MEDEIROS, 2008).

Os testes de toxicidade aguda e crônica são os mais utilizados para o

monitoramento de efluentes com contaminantes tóxicos. O teste agudo é utilizado para

medir os efeitos de agentes tóxicos sobre uma espécie aquática, durante um curto período

de tempo (24h-96h) em relação ao período de vida do organismo-teste. Estes testes têm por

objetivo determinar a Concentração Letal Média (CL50) ou a Concentração Efetiva Média

(CE50), ou seja, concentração do agente tóxico são letalidade ou causam estado de

mobilidade, a 50% dos organismos-teste depois de um determinado tempo de exposição

(MAGALHÃES e FERRÃO FILHO, 2008)

Os testes de toxicidade crônica são utilizados para medir o efeito dos agentes

tóxicos sobre uma espécie aquática por um período que pode abranger parte ou todo o ciclo

de vida do organismo-teste, permite avaliar os possíveis efeitos tóxicos de substâncias

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químicas sob condições de exposições prolongadas, com concentrações que permitem a

sobrevivência dos organismos, mas que afetam suas funções biológicas, tais como

reprodução, desenvolvimento de ovos, crescimento e maturação, entre outros (COSTA et

al., 2008).

Nos testes de toxicidade crônica determina-se a Concentração de Efeito Não

Observado (CENO) e a Concentração de Efeito Observado (CEO) a CENO seria, portanto,

uma concentração considerada segura do agente tóxico ou efluente tóxico a ser lançado

num corpo d’água. Os testes de toxicidade crônica são também utilizados sempre que os

testes de toxicidade aguda não forem suficientes para caracterizar um efeito tóxico

mensurável (MAGALHÃES e FERRÃO FILHO, 2008).

A Quadro 4 indica os parâmetros de toxicidade relacionada com o valor da

concentração efetiva 50 %. Os valores numéricos de toxicidade aguda e crônica, expressos

como CL50, CE50, CENO e CEO, exprimem uma relação inversa à toxicidade, ou seja,

menores valores numéricos indicam maiores toxicidades. Para facilitar a comparação e

fazer com que esses parâmetros exprimam uma relação direta com a toxicidade, podem ser

transformados em unidades tóxicas aguda (UTa ) ou crônica (UTc) pelas seguintes

Equações 1 e 2 (COSTA et al., 2008):

��� � 100���� Ou ��� � 100����

(1)

��� � 100����

Ou ��� � 100����

(2)

Na Europa utiliza-se a Diretriz da UE 93/67/CEE (Comissão das Comunidades

Europeias, 1996) classifica as substâncias de acordo com o valor de EC50 mais baixo

medido em diferentes classes de risco. Uma EC50< 1mg.L-1 implicaria a classificação,

muito tóxico para organismos aquáticos; de 1 a 10 mg. L-1 tóxicos para os organismos

aquáticos e de 11 a 100 mg. L-1 prejudicial para organismos aquáticos. Substâncias com

CE50 acima de 100 mg.L-1 não seriam classificadas (CLEUVERS, 2003).

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Os testes de toxicidade são importantes para avaliar o potencial de risco ambiental

dos contaminantes, uma vez que somente as análises químicas não possibilitam esse tipo

de avaliação (COSTA et al., 2008).

Quadro 4. Classificação dos compostos de acordo com os seus valores CE50

CE50 (mg. L-1) Níveis de toxicidade

< 0,1 mg. L-1 Extremamente tóxico para os organismos aquáticos

0,1 - 1 mg. L-1 Muito tóxico para os organismos aquáticos

1 - 10 mg. L-1 Tóxico para organismos aquáticos

10 - 100 mg. L-1 Nocivo para os organismos aquáticos

> 100 mg. L-1 Não-tóxico para os organismos aquáticos

Fonte: Sanderson et al (2004)

Em geral, os dados de toxicidade variam para cada classe de fármaco, no entanto, o

diclofenaco apresentou toxicidade aguda mais elevada dentro da classe dos AINE, uma vez

que para todos os dados analisados as concentrações de efeito CE50 foram abaixo de 100

mg. L-1 (CLEUVERS, 2003).

Fent et al. (2006) buscam estabelecer mecanismos de ação dos fármacos em

humanos e mamíferos e a possível ocorrência de biomoléculas-alvo em vertebrados

inferiores e invertebrados a partir da influência dos próprios fármacos. Os autores

comentam que o mecanismo de ação dos AINE tem papel decisivo na caracterização do

potencial de dano (GAMARRA, 2007).

Os fármacos anti-inflamatórios não-esteroidais são ácidos fracos que atuam por

inibição reversível ou irreversível de uma ou ambas as isoformas das enzimas

ciclooxigenase, COX-1 e COX-2, envolvidas na síntese de diferentes prostaglandinas a

partir do ácido araquidônico (VANE; BOTTING, 1998). Foi encontrada uma enzima

ciclooxigenase semelhante ao CO2-humano em peixes. Tornando-os um alvo potencial

para a contaminação aquática (ZOU et al., 1999). As prostaglandinas também

desempenham papel importante na síntese de cascas de ovo de pássaro e de inibir sua

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síntese, o desbaste da casca foi observado Entre os AINE, o DCF mostrou a natureza

tóxica mais aguda com efeitos observados em concentrações abaixo de 100mg.L-1

(LUNDHOLM, 1997).

Ensaios de toxicidade crônica realizados em trutas, uma espécie de salmonídeo

nativa dos rios alemães. Foram expostas a DCF em concentrações diferente (0,5, 5 e 50 µg

L-1), após 21 dias de exposição, a truta foi examinada quanto a alterações histopatológicas,

sendo que a exposição ao DCF evidenciou alterações citológicas no fígado, rins (bem

como a bioacumulação de fármacos no fígado) e brânquias em aumento da infiltração de

monócitos no fígado, telangiectasia em brânquias e ocorrência de gotas hialinas

intersticiais, líquido proteináceo intersticial e necrose tubular leve no rim do tronco. Além

disso, a capacidade do DCF para impedir a estimulação da síntese de prostaglandina E2 foi

demonstrada em macrófagos renais de cabeça de truta marrom in vitro (HOEGER et al.,

2005).

Triebskorn et al. (2004) investigaram a citopatologia (observação microscópica da

célula) no fígado, rim, brânquias e intestino da truta arco-íris Oncorhynchus mykiss),

(exposta a cinco concentrações diferentes (1, 5, 20, 100 e 500 µgL-1) do anti-inflamatório

DCF. Em condições laboratoriais. A menor concentração de efeito observada para

alterações citológicas foi de 1 µgL-1. No fígado, as reações mais marcantes foram o

colapso da compartimentação celular bem como a depleção de glicogénio dos hepatócitos.

No rim, um acúmulo grave de proteína nas células tubulares (chamada degeneração de

gotas hialinas), infiltração de macrófagos e alterações estruturais (dilatação, vesiculação)

do retículo endoplasmático, os túbulos renais proximal e distal foram observados. Além

disso, ocorreu encurtamento dos podócitos e sua retração da lâmina basal, espessamento da

lâmina basal, formação de desmossomas (junções celulares) e necrose das células

endoteliais nos corpúsculos renais. E nas brânquias, a necrose das células pilares, a

hipertrofia das células de cloreto e a elevação do epitélio se tornaram evidentes nas lamelas

secundárias. No intestino, no entanto, não ocorreu citopatologia (FENT; WESTON;

CAMINADA, 2006)

A fototransformação do DCF foi relatada a partir de ensaios laboratoriais, bem

como em sistemas de água natural, levantando a questão de possíveis efeitos adversos dos

produtos de fototransformação do DCF para organismos aquáticos. A fitotoxicidade do

diclofenaco exposto à luz solar natural foi avaliada utilizando culturas sincronizadas da

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clorofítica unicelular Scenedesmus vacuolatus. DCF dissolvido em água ultra-pura a 50 mg

L-1 foi exposto à luz do sol por 145 h. A degradação rápida do DCF foi observada entre 3,3

e 6,4 h durante o primeiro e o terceiro dia de exposição, respectivamente.

Tabela 2. Dados ecotoxicológicos (mg. L-1) da literatura utilizada para avaliar o

risco ambiental aquático representado pelo diclofenaco.

País Taxonomia Espécie

Parâmetro

toxicológico

Dados de

ecotoxicidade Ref.

Alemanha Alga D.

subspicatus

EC50 (3d)

(Inibição do

crescimento)

72 Cleuvers, 2003

Alemanha Crustáceo D. magna EC50 (48 h)

(imobilização) 68 Cleuvers, 2003

Alemanha Lentilha

d´agua L. minor

EC50 (7 d)

(Inibição do

crescimento)

7.5 Cleuvers, 2003

Alemanha Bactéria V. fischeri

EC50 (30 min)

(Inibição do

crescimento)

11.45 Ferrari, 2003

Brasil Alga Dunaliella

tertiolecta

EC50 (96 h)

(Inibição do

crescimento)

0.18 Lin e Lateef., 2009

Espanha Crustáceo C. dubia EC50 (48 h)

(imobilização) 0.023 Ferrari, 2003

Reino

Unido Crustáceo C. dubia

EC50 (48 h)

(imobilização) 0.022 Ferrari, 2003

FONTE: Adaptado (FERRARI, 2003; CLEUVERS, 2003; FENT; WESTON;

CAMINADA, 2006;; LIN E LATEEF, 2009; SANTOS et al., 2010; GODOY;

KUMMROW; PAMPLIN, 2015).

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A fitotoxicidade do DCF e seus produtos fotoquímicos na clorofítica unicelular

Scenedesmus vacuolatus. A inibição da reprodução de algas pelo composto progenitor

ocorreu apenas a uma concentração de 23mg.L-1, portanto, não indicando toxicidade

específica. Entretanto à luz solar potencializou a toxicidade, aumentando

significativamente a ameaça. Vários produtos de fototransformação foram encontrados a

partir de 53h de exposição solar. Isto indica um potencial de toxicidade elevado de

produtos de fototransformação de DCF a níveis de concentração que podem aproximar-se

das concentrações ambientais de DCF residual após degradação (SCHMITT-JANSEN et

al., 2007; SANTOS et al. 2010).

2.6. Gerenciamento de Risco

Existem diversas definições para o conceito de risco, a mais aceita está relacionada

fortemente pela teoria de probabilidades, e considera a possibilidade de prever as situações

ou eventos através do conhecimento de parâmetros de distribuição de probabilidades,

tentando estabelecer uma medida da severidade de efeitos adversos (BRILHANTE, 1999).

Segundo a OHSAS 18.001:2007, risco é a combinação da probabilidade de

ocorrência de um evento perigoso ou exposições com a gravidade da lesão ou doença que

pode ser causada pelo evento ou exposições e perigo pode ser definido como fonte ou

situação com potencial de provocar lesões pessoais, problemas de saúde, danos à

propriedade, ao ambiente de trabalho, ou uma combinação desses fatores.

Para realizar a identificação dos perigos, é necessário criar uma metodologia para

ser seguida. Essa identificação não é padrão para todas as empresas, devido às diferenças

no processo produtivo. Cada organização deve realizar sua própria metodologia, que esteja

de acordo com as necessidades e características em termos de detalhes. Desta forma, tem-

se o risco somente quando se tem a exposição ao perigo. Então, o risco é relacionado à

probabilidade de ocorrência, e a severidade, observado na equação 3 (BERKENBROCK;

BASSANI, 2010).

� � � � � (3)

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Onde:

R = risco

P = probabilidade

S = severidade (consequência, severidade)

Para facilitar, pode-se dizer que a probabilidade é o resultado de quantas vezes o

risco pode virar um evento, e a severidade quão grande ou pequeno pode ser o dano à

saúde, ao bem material ou a outro (BERKENBROCK; BASSANI, 2010).

A gestão de riscos na cadeia de suprimentos está relacionada com a identificação e

o controle dos riscos internos e externos que podem prejudicar o desempenho da

organização. Identificando os riscos, é possível criar meios de abordagem, prevenindo o

minimizando os riscos. (PARRA; PIRES, 2003).

É descrito como o identificar,analisar e controlar os riscos. A principal

particularidade do gerenciamento de risco na cadeia de suprimento (SCRM), contrário à

gestão de riscos tradicional, visando a identificação e redução dos riscos não só no nível da

empresa, mas sim com foco em cadeias de suprimentos. No entanto, em muitas indústrias

de gestão de risco é ainda entendida principalmente como uma tarefa específica empresa,

como é citado por Juttner (2005).

Muitas empresas estão cientes dos riscos que podem influenciar negativamente a

sua cadeia de suprimento, os gestores não conseguem implementar instrumentos

adequados de gestão de riscos da cadeia de abastecimento (TANG, 2006).

Existe um crescente interesse relacionado aos riscos e vulnerabilidade na cadeia de

suprimentos, assim como apresentar os modelos mais adequados para geri-los. Entretanto,

estudos da literatura revelam que são raros os estudos empíricos sobre riscos em cadeias de

suprimentos com visão abrangente de várias empresas (THUN E HOENIG, 2011;

AGUIAR 2010).

Quando trata de processos produtivos, a noção de risco está relacionada à

probabilidade de eventos ou falhas de componentes. Nesses casos, a avaliação de riscos

serve de ferramenta para a identificação de perigos, probabilidades de ocorrência,

desenvolvimento de cenários e análise de consequências dos acidentes industriais,

particularmente em instalações em que eventos podem resultar em emissões de poluentes

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no meio ambiente. É utilizada como ferramenta para o licenciamento ambiental de

instalações. Nas situações que envolvem produtos ou resíduos perigosos, a noção de risco

está relacionada ao estabelecimento das relações entre a exposição a determinados agentes

e os potenciais danos causados à saúde dos seres humanos e outros organismos vivos

(FREITAS, 2002).

2 6.1. Classificação de risco

É necessário determinar a escala de risco, ou seja, para que se possa graduar cada

risco encontrado é necessário definir categorias de probabilidade (frequência de

ocorrência) e severidade (consequência) para cada perigo. A elaboração dessas categorias é

mostrada a seguir, no Quadro 5 categorias de severidade das consequências e no Quadro 6

a probabilidade de ocorrência de uma análise preliminar de risco (APR)

(BERKENBROCK; BASSANI, 2010).

Quadro 5. Categoria de severidade das consequências

Categoria Descrição Características

I Desprezível

Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos, à

propriedade e/ou ao meio ambiente;

Não ocorrem lesões/mortes de funcionários, de terceiros (Não

funcionários) e/ou pessoas (indústrias e comunidade); o

máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou

tratamento médico menor

II Marginal

Danos leves aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio

ambiente (os danos materiais são controláveis e/ou de baixo

custo de reparo);

Lesões leves em funcionários, terceiros e/ou em pessoas

III Crítica Danos severos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio

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ambiente;

Lesões de gravidade moderada em funcionários, em terceiros

e/ou em pessoas (probabilidade remota de morte de

funcionários e/ou de terceiros);

Exige ações corretivas imediatas para evitar seu

desdobramento em catástrofe

IV Catastrófica

Danos irreparáveis aos equipamentos, à propriedade e/ou ao

meio ambiente (reparação lenta ou impossível);

Provoca mortes ou lesões graves em várias pessoas (em

funcionários, em terceiros e/ou em pessoas).

Fonte: Morgado (2000)

Quadro 6. Probabilidade de ocorrência

Categoria Denominação Descrição

A Muito Alta Incorrência em risco

praticamente inevitável

B Alta Incorrência em risco

frequente

C Moderada Incorrência em risco

ocasional

D Baixa Relativamente pouca

incorrência em risco

E Muito baixa Incorrência em risco

improvável

Fonte: Morgado (2000)

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Após a graduação de riscos, pode-se montar a matriz de risco podendo ser

elaborado pelos responsáveis desse trabalho na organização, assim a visualização é feita

com maior facilidade, em que se deve realizar as primeiras ações, elaborando o plano de

ação.

2.6.2. Matriz de riscos

A matriz de risco pode ser conceituada como o resultado da mensuração qualitativa

de riscos, onde temos a definição do nível de risco. Essa definição é composta pelas

variáveis: probabilidade e a severidade. Assim a ferramenta matriz de risco pode ser

utilizada nos mais diversos segmentos da indústria.

Bergamini (2005) diz que a tabulação dos riscos em uma matriz permite a clara e

ordenada identificação dos riscos que podem afetar a empresa, tanto em termos de

frequência quanto de impactos. Em geral, adota-se uma classificação qualitativa para os

níveis de frequência e de impactos, que poderá variar em função do processo avaliado, da

cultura da empresa ou do segmento de mercado de atuação da empresa, entre outros

fatores.

A matriz de risco é construída pela composição das variáveis severidade e

frequência, podendo ser particionada em regiões que caracterizam os níveis de risco

avaliados. A definição dos níveis pode variar em função do perfil de risco do gestor, dos

processos avaliados e dos produtos operacionalizados. A matriz de risco é fundamental

para o trabalho de gestão do risco, com ela pode ser definida as prioridades de trabalho, de

forma justa entre todas as análises realizadas (BERKENBROCK; BASSANI, 2010).

A identificação de é uma fase importante na gestão de riscos, a forma que os riscos

são identificados e coletados resultar em processos mais efetivos, identificando as

potenciais áreas de riscos e a sua aderência a cada tipo de processo. Esses riscos devem ser

priorizados, o que significa primeiramente prever os impactos dos eventos sobre os

objetivos do processo e sua probabilidade de ocorrência. Esta análise considera os níveis

de tolerância a riscos e os períodos para os possíveis eventos de risco. Através da

probabilidade é estimar o impacto, isto é, a quantidade de danos ou ganhos de um evento

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de risco. A partir disto, se monta uma matriz de probabilidade e riscos, associando grau de

intensidade aos riscos, como: altos médios ou baixos (FERREIRA, 2009).

A urgência dos riscos deve ser avaliada, com o objetivo de determinar a data mais

cedo de possibilidade de ocorrência do risco e, dessa forma, definir repostas para aqueles

que forem acontecer em breve. Para isso, é necessário considerar os sinais que indicam que

um evento de risco está preste a acontecer.

2.6.3. Avaliação dos riscos

Na literatura Bila de Dezotti (2003) mostram que os fármacos podem afetar

características do sistema reprodutivo de organismos aquáticos, indução ao

hermafroditismo, redução de fertilidade/ redução de espermas, disfunção no sistema

endócrino resultando algumas anomalias, como, irregularidades no ciclo menstrual,

prejuízos na fertilidade, endometriose e ovários policísticos, desenvolvimento de bactérias

resistentes, câncer de mama, testículos e próstatas e ovários policísticos.

Tambosi (2008) e Richard et al. (2013) também relatam efeitos mutagênicos e

genotóxicos no ambiente aquático, morte das espécies aquáticas, retardo de crescimento e

diminuição da reprodução. Na pesquisa de Sanches (2006) a existência de

bioconcentração: acúmulo direto do xenobionte a partir da água, pelas brânquias ou pela

pele, biomagnificação: acúmulo por via trófica, a partir da alimentação, estimula a

produção da substância indutora da maturação de oócitos, afeta o sistema nervoso central,

principal controle de produção hormonal, a hipófise.

Nos estudos de Kummerer (2010) e Henriques et al. (2010) o ser humano pode

adquirir lesões celulares, desregulação endócrina, infertilidade, alteração comportamental,

alteração na pressão arterial.

A concentração média dos fármacos detectadas, foram compiladas na Tabela 6,

revelando que os medicamentos persistem no meio ambiente em diversos países.

Diclofenaco é utilizado em cuidados médicos humanos pertencentes ao grupo dos

anti-inflamatórios não esteroides. Eles são usados em todo o mundo com um volume de

produção estimado em centenas de toneladas por ano (KOUTSOUBA et al., 2003). Em

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2001 eram vendidas aproximadamente 75 toneladas de diclofenaco anualmente na

Alemanha (TERNES, 2001). Essas drogas foram detectadas em efluentes de esgoto, águas

superficiais e subterrâneas na Alemanha (TERNES, 1998), em águas sujas e águas

residuais efluentes no Brasil (STUMPF et al. 1999) e nos efluentes e afluente de esgoto na

Espanha com concentrações de até 2,2 e 3,6 µg/L respectivamente, ambos os casos foram

encontrados em concentrações mais elevadas, provavelmente devido à proximidade de um

hospital onde o consumo desses produtos farmacêuticos é muito alto. (GÓMEZ et al.,

2007).

O diclofenaco foi identificado como resíduo farmacêutico nos afluentes e efluentes

das estações de tratamento de águas residuais da Grécia a concentrações máximas de 560 e

365 ng/L, respectivamente. Estas estações de tratamento de esgotos recolhem mais de 50%

do total de esgotos municipais. Os efluentes de esgoto são descarregados diretamente ou

através de rios para o mar Mediterrâneo (KOUTSOUBA et al., 2003).

Na Suécia, Bendz et al. (2005), foram coletadas amostras no afluente e no efluente

da ETE, onde o esgoto tratado é descarregado na barragem, investigou-se a ocorrência e o

destino de dos compostos farmacêuticos ativos no meio ambiente, de diferentes classes

terapêuticas (fármacos, reguladores de lípidos, antiepilépticos, antibióticos e bloqueadores

de beta Inclusive sete anti-inflamatórios não esteroidais AINE: Ibuprofeno, Flurbiprofeno,

Fenoprofeno, Cetoprofeno, Naproxeno, Diclofenaco e Indometacina). A concentração de

diclofenaco variou entre 120 ng. L-1 no efluente e 160 ng. L-1 no afluente.

As análises, nas águas superficiais dos rios Pearl (Liuxi, Zhujiang e Shijing),

realizadas por Zhao et al (2009) confirmaram a presença de diclofenaco em uma

concentração média máxima de 147 ng/L, refletindo forte contaminação, especialmente, no

interior do rio Shijing, quando comparadas com a concentração de diclofenaco no rio

Parnaíba do Sul, Rio de Janeiro com concentração máxima de 60 ng/L (STUMPF et al.,

1999). Tais concentrações são justificada, pois o rio Pearl é muito desenvolvido e povoado.

Com o rápido desenvolvimento da indústria e da agricultura, a qualidade da água do

rio foi deteriorada nos últimos anos devido à descarga de águas residuais domésticas e

industriais tratadas e não tratadas (Li et al., 2014). As diferenças entre valores medidos em

cada região podem estar associadas a variações sazonais nas taxas de consumo anuais, nas

variações nas taxas de excreção, fortemente afetadas pelo sexo, idade, hipoxemia, nutrição

e função (BENDZ et al., 2005).

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3. MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo serão descritas e detalhadas todas as etapas metodológicas utilizadas

para o desenvolvimento desta pesquisa, assim como, sua caracterização, amostragem,

instrumento de coleta de dados e como foram analisados.

3.1. Caracterização da pesquisa

A classificação da pesquisa levando em consideração a natureza, objetivo,

abordagem e método são verificados na Figura 5.

Figura 5. Classificação da pesquisa científica

Fonte: Turrioni; Mello (2012)

Do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa é classificada como aplicada,

caracteriza-se por seu interesse prático. Segundo Silva e Menezes (2001) a pesquisa

aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de

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problemas específicos, da perspectiva de seus objetivos, a pesquisa é classificada como

exploratória e descritiva.

Para Gil, (2008) a pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver,

esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais

precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, proporcionando maior

familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. A

pesquisa descritiva, por sua vez, tem como principal objetivo descrever as características

de determinada população ou fenômeno, ou ainda, estabelecer relações entre variáveis

(TURRIONI; MELLO, 2012).

Como qualquer pesquisa, ela também depende de uma pesquisa bibliográfica,

elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de

periódicos, disponíveis nas bases de dados scielo, sciencedirect, google acadêmico, scopus

e web of science, juntamente com um estudo da legislação em vigor sobre o gerenciamento

de residuos sólidos e uma coleta de dados. Consolidado no conceito de Gil, a pesquisa

exploratória permite esclarecer, nesse estudo os riscos ambientais que os fármacos podem

provocar para a saúde humana e para o meio ambiente, assim como detectar sua

concentração em águas residenciais e de córregos. A classe dos anti-inflamatório foi

escolhida, levando em consideração os danos que este pode causar ao meio ambiente. Este

grupo foi destacado de acordo com os seguintes critérios:

a. Impacto ambiental;

b. Toxicidade;

c. Consumo;

d. Tempo de meia vida no meio ambiente.

Optou-se, por escolher o fármaco diclofenaco, um anti-inflamatório das classes não

esteroidal. A escolha do grupo dos anti-inflamatório, ocorreu em decorrência ao seu grande

consumo e ao alto poder de ecotoxicidade.

Para esta dissertação optou-se por uma abordagem quantitativa com emprego de

técnicas estatísticas para análise dos dados coletados, visando as características e problema

a ser estudado. O objeto principal deste estudo engloba determinar o diclofenaco em água

residenciais e afluente, apresentando como tema contextualizado os aspectos legais e

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ambientais do destino final de resíduos de fármacos e classificar os riscos à saúde humana

e meio ambiente dos contaminantes emergentes nos corpos hídricos.

Do ponto de vista dos métodos a pesquisa é classificada como experimental,

quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes

de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a

variável produz no objeto. E utilizou o método survey para levantamento dos dados em

uma amostra significativa de todo universo do estudo. O método survey é empregado

quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja

conhece (SILVA; MENEZES, 2001).

3.2. População e amostra

O estudo foi realizado em uma cidade da Região Metropolitana de São Paulo

(RMSP), de com população entre as dez maiores e localizada na região nordeste o estado

de São Paulo, por motivo confidencialidade o nome da cidade não será divulgado. A

industrialização do município foi acompanhada de intenso crescimento populacional,

sendo uma das dez cidades responsáveis pelo PIB do país, abrigando um dos maiores

parques industriais do Brasil, com destaque para as indústrias farmacêuticas (GAMA,

2009).

O município depende de recursos hídricos limitados, considerando a grande

demanda relativa à região, possui quantidade de água superficial e subterrânea que não

alcançam 10% das necessidades locais, captando água dos rios Tietê, Baquirivu-Guaçu e

Cabuçu de Cima. Os corpos d’água passam a ter péssima qualidade quando atravessam

áreas urbanizadas, principalmente devido ao lançamento de efluentes

poluidores(UHLMANN,2015).

A coleta da água de abastecimento, para a análise, foi realizada em pontos variados

da cidade da RMSP, no córrego Cocho Velho e CAG 01/, em cada ponto foram coletadas

duas amostras em épocas diferentes. E as entrevistas foram feitas nas regiões norte, sul,

leste e oeste do município da RMSP, com uma população amostral de 51 questionários.

O cálculo de erro amostral (E) segui a Equação 4 (MIOT, 2011).

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46

� � ��� . �� (4)

Usou-se o α = 0,05 (95% nível de confiança, o que dá Z = 1,96, sendo p =

proporção dos resultados favoráveis e q = proporção dos resultados desfavoráveis.

Após conclusão da pesquisa alcançou-se 51 respostas dos questionários e a partir

destas observou-se que a proporção de pessoas que usam fármacos foi de 84% (p) e que

não usam foi de 16% (q), conforme observa-se na Figura 8. Desta forma o erro desta

pesquisa foi:

� � 1,96�0,16 . 0,8451

� � 10%

3.3. Elaboração do questionário

Para realizar a coleta dos dados necessários à pesquisa, foi aplicado um

questionário previamente elaborado, composto por 16 perguntas fechadas e de múltipla

escolha, de acordo com Marconi e Lakatos (2004), o questionário é um instrumento de

coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, as quais foram divididas

em dois blocos. No primeiro bloco foram dispostas questões cuja finalidade foi identificar

o perfil de cada pessoa. Portanto, o respondente deveria escolher dentre as alternativas

possíveis aquela que melhor se adequa à sua realidade. O segundo bloco contém os

indicadores que visam investigar a dimensão do uso, descarte e armazenamento dos

medicamentos e a percepção geral sobre a os riscos que o descarte incorreto de

medicamento pode acarretar para a saúde humana e meio ambiente. A fundamentação

teórica do roteiro do questionário foi realizada através de pesquisa bibliográfica, sendo

baseado nas questões abordadas por Gasparini; Gasparini; Frigieri (2011) e Miranda et al.

(2011).

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Os formulários foram distribuidos em regiões distintas da cidade RMSP. Esses

questionários foram respondidos por uma população amostral 51 pessoas, escolhidas por

conveniência, segundo Oliveira (2011) os elementos são selecionados de acordo com a

conveniência do pesquisador, e de maneira aleatória.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionários presenciais e individuais,

a abordagem com cada pessoa foi sempre a mesma: direta, explicando o objetivo da

pesquisa e dando uma ideia geral das perguntas a serem feitas. Informava-se, também, o

tempo aproximado que a entrevista levava, cerca de 10 minutos (sendo que das 51 pessoas

abordadas, 2 duraram mais de 40 minutos).

Os questionários foram realizados de junho a dezembro de 2016, em praças,

parques e ruas. É interessante ressaltar que todos os entrevistados receberam muito bem o

“convite” para participar da pesquisa, mostrando-se interessados pelo assunto, com um

clima de cordialidade e simpatia sem haver qualquer coerção, intimidação ou pressão.

A entrevista foi estruturada em três etapas, a primeira parte da entrevista, com 4

perguntas, tinha o objetivo de identificar o perfil da pessoa. Além disso, visava incentivar o

respondente a falar abertamente a respeito dos medicamentos.

As perguntas principais que integravam esta primeira parte estavam relacionadas ao

gênero, idade, escolaridade e a zona da cidade da RMSP que reside

A segunda parte da entrevista, com 10 questões fechadas, tinha o objetivo de

identificar o conhecimento dos respondentes a respeito dos cuidados com qualidade,

armazenamento, descarte e o conhecimento acerca dos riscos dos fármacos no meio

ambiente. Sendo que 7 questões serão avaliadas na escala Likert.

A escala de Likert é a mais utilizada quando se aplicam questionários de opinião,

uma vez que originam informação de uma forma ordenada. Portanto, para avaliar o grau de

impacto em cada um dos indicadores, optou-se por utilizar uma variação desta escala, na

qual o respondente deverá atribuir um valor dentre os cinco possíveis níveis:

(1) Não

(2) Provavelmente não

( 3) Indiferente

( 4) Provavelmente sim

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( 5) Sim

As perguntas que integravam essa etapa são relacionadas a presença de bula nos

medicamentos, se possui medicamento em casa, se estes medicamentos estão ao alcance de

crianças, se observa os aspectos e data de validade dos medicamentos antes de utilizá-los,

se armazena medicamento vencido em casa, se o descarte dos medicamentos está correto,

se acredita que o descarte dado aos medicamentos pode trazer problemas ambientais e se

recebeu alguma informação quanto ao armazenamento e descarte de medicamentos.

E a última parte da entrevista, com 2 perguntas de múltipla escolha, tinha o objetivo

de conhecer quais medicamentos são mais utilizados e principalmente quais as marcas de

anti-inflamatório são consumidas. Conforme apresentado no anexo I.

3.4. Análise de risco dos fármacos no meio ambiente

Foi realizada uma análise de risco, identificando o risco prioritario por uma mariz

de risco ambiental que os fármacos podem trazer para o meio ambiente, conforme é

ilustrado na Figura 6.

Figura 6. Exemplo de Matriz de Risco

Fonte: Berssaneti (2015)

A matriz de probabilidade e consequência prioriza o tratamento dos riscos. E desta

forma a metodologia usada por Thun e Hoenig (2011) e Santos (2014) que obtiveram

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resultados significativos com a utilização desta matriz numa análise de risco para cadeia de

suprimentos, configurando-se assim como uma ferramenta muito útil na abordagem de

riscos. Especificam-se as combinações de probabilidade e impacto que resultam em uma

classificação dos riscos como de prioridade entre baixa, moderada e alta,

As células em vermelho com os maiores valores representam risco muito elevado,

enquanto que as preenchidas com cinza risco muito baixo, os azuis riscos baixos e as

verdes são riscos moderados. Através dessa ferramenta é possível identificar áreas que

sofrem mais ameaças. Deve-se elencar os possíveis risco encontrados no projeto, gerando

assim níveis de riscos identificados. Os riscos serão classificados de acordo com a

concentrações efetivas, como demostrada por Costa, (2008).

Para tanto a classificação dos riscos referentes a contaminação DCF foi feita

baseada no quadro 7.

Quadro 7. Escala de probabilidade de ocorrência

Categoria Denominação Descrição Concentração de DCF

ng. L-1

A Muito Alta Incorrência em risco

praticamente inevitável > 700

B Alta Incorrência em risco

frequente 400 - 600

C Moderada Incorrência em risco

ocasional 100 – 400

D Baixa Relativamente pouca

incorrência em risco 50 – 100

E Muito baixa Incorrência em risco

improvável 0 -50

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Fonte: Adaptada Morgado (2000); a Bila e Dezotti (2003); b Freit et al., 2002); c Tambosi

(2008); d Richard et al. (2013); eFent; Weston; Caminada, 2006); fKummer, (2009); g Routledge et

al. (1998); h Rodgers-gray et al. (2000); i Sanches (2006); j Sanderson et al. (2004); kHalling-

sorensen et al., 1998); l Wang et al. (2010); m Gómez et al. (2007); n Gómez et al. (2007); o Bendz

et al. (2005); p Stumpf et al. (1999); q Santos et al. (2010); r Koutsouba et al. (2003); sAmérico et al.

(2012); t Ternes (1998).

Estes riscos foram baseados em um levantamento bibliográfico acerca de

concentrações que causam efeitos adversos dentro das categorias muito altas a muito baixa,

de acordo com as suas concentrações citadas pelos autores.

3.4.Método de análise do diclofenaco

O2-[(2,6-diclorofenil) amino] benzenoacético monossódico(diclofenaco) puro foi

adquirido, com grau de pureza de 99,5%. Então, 10 mg foi pesado em balança analítica e

dissolvido a 1 L, em balão volumétrico, sendo agitado no vortex, até diluição completa, de

forma a obter uma solução padrão de 10 mg/L. A partir da solução padrão de diclofenaco

de sódio de 10 mg/L foram feitas diluições em água de forma a obter concentrações

variando de 0,5 até 10 mg/L.

Uma curva de calibração do diclofenaco, com permanganato de potássio, foi

montada a partir das concentrações obtidas anteriormente. A absorção de luz a 465 nm em

um espectrofotômetro. Para tanto, preparou-se uma solução de permanganato de potássio

4.10-4 M em ácido sulfúrico 0,05 M. Após o preparo a solução foi acondicionada em um

frasco envolvido com papel alumínio, para proteger da oxidação da luz.

Em tubos de ensaio colocou-se 2,5 mL das concentrações padrão de diclofenaco,

preparadas anteriormente (0,5, 2, 4, 6, 8, 9 e 10 mg.L-1) e adicionou-se 2,0 mL de

permanganato de potássio, aguardando 10 minutos para que a solução se estabilize, cada

tudo de ensaio foi envolvido com papel alumínio para evitar oxidações com a luz.

As absorções das amostras, em clorofórmio, foram lidas no espectrofotômetro.

Então, será plotada a concentração de diclofenaco versus a sua absorção obtida

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experimentalmente. A partir destes dados um ajuste linear foi realizado para obtenção da

curva de calibração (SULTAN et al., 2010, GOMES, 2014).

Após a obtenção da curva de calibração foi realizada uma validação da técnica e a

aplicação desta na análise de amostras coletadas em água de abastecimento e esgoto de

uma cidade da RMSP. Amostras foram coletadas durante o período de desenvolvimento da

dissertação, de forma a se ter um histórico da variação da concentração nas amostras

(SOUZA; TOBINO, 2005; EL-KOMONS et al., 2013; CIAPINA et al., 2015;).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Avaliação de conhecimento ambiental

Os riscos ao meio ambiente são relatados muitas vezes na literatura. Tambosi

(2008) e Richard et al. (2013) relatam efeitos mutagênicos e genotóxicos no ambiente

aquático, morte das espécies aquáticas, retardo de crescimento e diminuição da reprodução.

Na pesquisa de Sanches (2006) observou a existência de bioconcentração (acúmulo

direto do xenobionte a partir da água, pelas brânquias ou pela pele, a razão entre a

concentração da substância no organismo pela concentração da mesma na água) e

biomagnificação(acúmulo por via trófica, a partir da alimentação, estimula a produção da

substância indutora da maturação de oócitos, afeta o sistema nervoso central, onde está o

principal controle de produção hormonal, a hipófise).

Nos estudos de Kummerer (2010) e Henriques et al. (2010) o ser humano pode

adquirir lesões celulares, desregulação endócrina, infertilidade, alteração comportamental e

alteração na pressão arterial.

Deve-se levar em consideração e questionar que a maioria dos efluentes analisados

são de países desenvolvidos, onde grande parte possui esgoto sanitário adequado, distante

das precariedades da situação de saneamento básico em algumas regiões do Brasil.

Portanto, há uma contaminação das águas superficiais, sem falar no problema cultural do

descarte de medicamento.

Apesar da baixíssima concentração, as descargas domésticas contêm grande

quantidade de estrógenos. É também agravante o fato de estrógenos não serem

considerados, até o presente momento pela resolução vigente, não prevendo tratamento

para esse fármaco, com a justificativa das baixas concentrações.

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4.2. Fármacos utilizados pela população

Por meio do questionário, salientou-se que o meio ambiente, também, está sendo

contaminado através do descarte de medicamento, principalmente pela falta de orientação

da população.

A Figura 7 mostra as respostas atribuídas pelos consumidores quando questionados

sobre quais os tipos de medicamentos eles consumiam. Nota-se que há respostas de um

mesmo entrevistado com atribuição de dois ou mais medicamentos. Além disto, a Figura

apresenta um diagrama de Pareto para verificação das classes mais importantes a serem

estudadas na amostra. A partir deste diagrama e baseando no princípio de que 80% das

consequências advêm de 20% das causas (relação 80/20), verificou-se que os três classes

mais importantes a serem priorizadas neste tipo de estudo devem ser: os analgésicos, os

anti-inflamatórios e os antibióticos. Assim, fica evidenciado a importância de se estudar o

diclofenaco, já que é um dos principais anti-inflamatórios usados no Brasil.

Figura 7. Classe de medicamentos utilizados pela população amostral

Na Figura 7 se nota que mais de 90% da população entrevistada, consome fármacos

algum tipo de fármaco, sendo que a maioria consome analgésicos e anti-inflamatórios,

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representando, um consumo da população amostral de 67% e 53% respectivamente.

Apenas 10% da população amostral, não fazem uso de nenhum tipo de medicamento,

relatando, que optaram por hábitos saudáveis, através da alimentação e de atividade física.

Coma crescente urbanização eos crescimentos populacional e industrial do País,

elevou-se o número de enfermidades e consequentemente, houve um aumento no consumo

de fármacos, aumentando de maneira exponencial o consumo de medicamentos,

principalmente, as classes de medicamentos que não necessitam de prescrição médica.

Quanto ao uso das marcas de anti-inflamatório, a população amostral, tinha a

liberdade de escolher por mais de um tipo de anti-inflamatório. Dos entrevistados apenas

16% não fazem uso de anti-inflamatórios e 84% da população amostral consome anti-

inflamatório. Usando para as pequenas dores e para casos mais graves, alegando a

facilidade de compra dessa classe de medicamento, como observado na Figura 8.

Figura 8. Uso de anti-inflamatórios

Da classe dos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), os mais conhecidos e

utilizados pelos entrevistados são o Cataflan® e Voltarem®, cujo o princípio ativo é o

diclofenaco, como é observado na Figura 8, 79% da população amostral consome o

84%

16%

Pessoas que consomem algum tipo do anti-inflamatório

Pessoas que não consomem nenhum tipo anti-inflamatório

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Cataflan® e 44% consome do Voltarem®, as demais marcas, analisadas na entrevista, são

consumidas com um total de 42%.

Figura 9. Marcas de anti-inflamatório mais utilizado

O diclofenaco é o medicamento mais utilizado pela população corroborando com a

pesquisa do monitoramento, das classes de medicamentos realiza por Gracia-lor et al.

(2012) na Espanha, onde o diclofenaco foi um dos compostos frequentemente encontrado

nas águas de afluentes e efluentes.

O DCF medicamento é utilizado para aliviar a dor e a inflamação nos processos

inflamatórios em geral. Podendo ser comprado sem a necessidade de prescrição médica.

Portanto, a população utiliza em grande quantidade o diclofenaco. Sabendo que ele é

absorvido rapidamente após administração chegando ao sangue aproximadamente 30

minutos (SAVASER, OZKAN, ISIMER, 2005).

Por ser pouco higroscópico (não absorve água), ligeiramente ácido e pouco solúvel

em água, se ligando fortemente com as proteínas plasmáticas, como a albumina, na ordem

de 99%. Sendo que a albumina participa do equilíbrio ácido-básico e ainda está envolvida

na condução de substâncias fisiológicas e drogas. Devido a essas características os

metabólitos, são totalmente transportadose são excretados 65% via urinária e 35% via

biliar (ROBERTS; MORROW, 2003). Trazendo, portanto, uma maior contaminação nos

esgotos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Cataflan Biofenac Voltarem Tandrilax

79 %

19 %

44 %

23%

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Pode se notar na Figura 10, que a maioria dos entrevistados respondeu que estão

atentas ao aspecto de qualidade dos fármacos ao observarem sua validade, aspecto e

aparência, visual, além de não manterem fármacos vencidos em suas residências.

Pode-se afirmar que elas estão preocupadas com os problemas que tais

medicamentos podem vir a causar a saúde, pois apenas 38% possuem medicamentos

vencidos em casa. Isso não significa que estão fazendo uso dos mesmos, visto que 80%

fizeram uma verificação prévia dos medicamentos, observando as suas características,

antes de consumi lós.

Figura 10. Respostas sobre os aspectos, orientações de armazenamento, descarte

dos fármacos

Onde: *(1) Não; (2) Provavelmente não; (3) Indiferente; (4) Provavelmente sim; (5) Sim

A maioria concordou que não fazem um descarte correto dos seus medicamentos e

concordaram que este descarte, provavelmente, traz problemas ambientais, como é

observar na Figura 10. Entretanto na mesma Figura observa-se que a maioria não recebeu

nenhum tipo de orientação sobre o descarte e armazenamento dos fármacos. Devido à falta

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de programas de incentivo ao descarte correto de medicamentos. Como se sabe, as

empresas farmacêuticas estão implantando os sistemas de logística reversa em algumas

redes de farmácias, mas se quer fizeram a divulgação em meios de comunicação de alcance

em massa.

4.3. Avaliação dos riscos no meio ambiente

Os hormônios como desreguladores endócrinos vêm sendo muito difundidos e

estudados, devido ao seu risco potencial de danos fisiológicos em organismos aquáticos,

humanos e a biota. Podemos citar o estudo realizado por Routledge et al. (1998), que ao

elaborar um relatório baseado em diversas pesquisas cientificas, montou uma tabela com

níveis de toxicidade de fármacos em meios aquáticos.

Sanderson et al. (2004) realizaram testes de CE50 em peixes, crustáceos e algas,

determinando os níveis de toxicidade hormonal existente em efluente, observando o

comportamento de cada espécie. A Tabela 3indica os resultados obtido da Concentração

efetiva média da toxicidade. As três classes quando submetidas ao teste apresentaram um

grande percentual de contaminação, 37% das algas e dos crustáceos testados tiveram uma

concentração efetiva 50% menor que 0,1 mg. L-1, sendo preocupante, pois essa

concentração apresenta extremo risco para o meio aquático.

Tabela 3. Concentração efetiva média da toxicidade (CE50) mg. L-1

Fonte: Sanderson et al. (2004)

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Os peixes são os que mais correspondem aos níveis de concentração, 52% dos

peixes analisados apresentaram CE50< que 0,1 mg. L-1. Em todos os casos apenas 1% não é

afetado pela presença de hormônios nos efluentes. Tornando a discussão bastante relevante

e preocupante.

Na literatura Bila de Dezotti (2003) mostram que os fármacos afetam características

do sistema reprodutivo de organismos aquáticos, indução ao hermafroditismo, redução de

fertilidade, redução de espermas, disfunção no sistema endócrino, resultando algumas

anomalias como, irregularidades no ciclo menstrual, prejuízos na fertilidade, endometriose

e ovários policísticos, desenvolvimento de bactérias resistentes, câncer de mama, testículos

e próstatas e ovários policísticos.

A concentração média dos fármacos detectada, foram compiladas na Tabela 3,

revelando que os medicamentos persistem no meio ambiente em diversos países.

Existe ainda um grande problema em afetar a cadeia trófica, pois a extinção de um

organismo aquático pode afetar todos os níveis tróficos.

Inegável a existência dos riscos ao meio ambiente pela contaminação dos efluentes

por fármacos. A matriz de risco foi construída observando os perigos potenciais analisados

nesse artigo e sintetizados na Tabela 5, levando em consideração as concentrações

relatadas na Tabela 4 e fundamentadas nos níveis de toxicidade, relatados na literatura.

Tabela 4. Concentração média de Fármacos detectados no meio ambiente

Concentrações (ng. L-1) de diclofenaco medidos em diferentes ambientes aquáticos.

Continente País Amostra Diclofenaco Referência

Ásia China

Rio yellow ND - 136 Wang et al. (2010)

Rio Hai ND - 46.4 Wang et al. (2010)

Rio Liao ND - 717 Wang et al. (2010)

Rio Pearl ND-147 ±5 Zhao et al. (2009)

Santos et al. (2010)

Coreia ETE efluente 88 - 127 Kim et al. (2007)

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Europa

Alemanha ETE efluente 150 (1200) Ternes (1998)

Espanha ETE afluente 200 - 3600

Gómez et al. (2007)

ETE efluente 400 - 2200

Suécia

ETE afluente

ETE efluente

160

120

Bendz et al. (2005)

Tixier et al. (2003)

Grécia

ETE afluente 12 – 560 Américo et al. (2012)

Santos et al. (2010)

Koutsouba et al.

(2003) ETE efluente 10 - 365

América

USA Água de beber >25 Santos et al. (2010)

Ferrari et al. (2009)

Brasil Rio Paraíba do

Sul 10 - 60 Stumpf et al. (1999)

Verificou-se que os fármacos ácidos são predominantes no rio yellow, rio de Hai e

rio de Liao no norte da China, principalmente na estação chuvosa, o diclofenaco foi

encontrado em concentrações máximas de 136 ng/L no rio yellow e de 717 ng/L no rio

Liao, mas em concentrações mais baixas no Rio Hai, com concentração máxima de 46,5

ng/L, provavelmente devido aos menores níveis de água no verão. Os anti-inflamatórios

em concentrações mais altas foram encontrados com maior frequência nos locais

localizados nas áreas metropolitanas (WANG et al., 2010).

Existe ainda, um grande problema em afetar a cadeia trófica, entretanto a extinção

de um organismo aquático, podeM afetar todos os níveis tróficos.

A Tabela 6 apresenta a matriz de risco da biota nos efluentes contaminados por

fármacos, sendo entendida da seguinte maneira: a maior prioridade é dada aos riscos que se

encontrarem na área indicada em vermelho (risco muito alto), em segundo lugar a atenção

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deve recair sobre a área em amarelo (risco alto) e, na área em verde (risco moderado), na

área azul (risco baixo) e na área cinza (risco muito baixo).

Tabela 5. Perigo identificados, suas probabilidades e impacto

Código Descrição do perigo Consequência ref. Máximo

concentração

ng. L-1

Rref. Probabilidades

A Desenvolvimento de

bactérias resistentes.

Catastrófica a, j,

k

717 l

Muito

alta

B Feminilização de

peixes

Catastrófica a,h 160 o Modera

da

C Eclosão antecipada de

ovos de pássaros,

peixes e tartarugas

Moderada i

1200 T Muito

alta

D Altera o sistema

reprodutivo em peixes,

repteis, pássaros,

mamíferos marinhos

Grave a 365 R Modera

da

E Redução de esperma

em seres humanos

Catastrófica a, b

>25

q

Muito

baixa

F Câncer de mama,

testículos e próstatas,

ovários e policísticos

Grave a >25 q

Muito

baixa

G Redução de fertilidade Catastrófica a 60 P Baixa

H Mutagênicos e

genotóxicos no

ambiente aquático

Grave c,

d,

e, f

2200 M Muito

alta

I Morte de espécies

aquáticas

Catastrófica c, d 3600 N Muito

alta

J Estimulação da Moderada g 560 s Muito

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Vitelogenina alta

K Retardo de

crescimento e

diminuição da

reprodução

Grave c, d

46.4 L

Muito

Baixa

Fonte: adaptada a Bila e Dezotti (2003); b Freitas et al., 2002); c Tambosi (2008); d Richard et al.

(2013); eFent; Weston; Caminada, 2006); fKlaus, (2009); g Routledge et al. (1998); h Rodgers-gray

et al. (2001); i Sanches (2006); j Sanderson et al. (2004); kHalling-sorensen et al., 1998); l Wang et

al. (2010); m Gómez et al. (2007); n Gómez et al. (2007); o Bendz et al. (2005); p Stumpf et al.

(1999); q Santos et al. (2010); r Koutsouba et al. (2003); sAmérico et al. (2012); t Ternes (1998).

Analisando os valores é possível observar que a existência de prioridade nos riscos:

A, E, I, H e K. Quando se trata do meio ambiente e de organismos vivos, o risco não pode

ser desprezível, a matriz de risco mostrou que nas condições atuais os corpos hídricos

podem levar a consequências catastróficas ou graves com a probabilidade de muito alta de

ocorrência de bactérias resistentes, morte de espécies aquáticas, eclosão antecipada de ovos

de animais, mutação celular, inchaço do fígado, retardo no crescimento e diminuição da

reprodução devido a redução de espermas humano.

Tabela 6. Matriz de risco gerada para a cidade da RMSP

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Sendo assim, ficou validado os riscos de contaminação que o ser humano já está

sofrendo, uma vez que somos consumidores na cadeia trófica e nos alimentamos de

animais, devido a existência de fármacos nos esgotos, lençóis freáticos, rios, lagos e

demais corpos hídricos.

4.4. Levantamento das formas de descarte

Por meio do questionário aplicado, verificou-se que a maioria das pessoas

entrevistadas, independentes do nível de escolaridade, fazem o descarte de medicamento

de maneira incorreta,sem o mínimo de orientação. O descarte incorreto foi considerado

como o descarte no lixo, no vaso sanitário e na pia/tanque. Já o descarte correto foi

considerado como sendo o descarte no ponto de coleta (farmácias/postos de saúde).

Na Figura 11 observou se que 16% não eliminam resíduos, uma vez que, é possível

verificar na Figura 12 que 4% consomem completamente o medicamento e 12% guarda

para utilizar novamente, guardando para a possibilidade de ficar doente novamente,

evitando assim mais gastos com medicamento.

Figura 11. Descarte de fármacos

O armazenamento de fármacos em casa é preocupante, pois em sua maioria,são

mantidos em locais indevidos, como armários de toaletes, podendo sofrer ação da umidade

72%

12%

16%

Descarte indevido Descarte correto Não eliminam resíduo

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e alterar a sua qualidade, tornando-os sem efeito medicinal e até impróprios para o

consumo (MIRANDA, 2013).

Uma avaliação sobre os locais onde os medicamentos são descartadosmostrou que

72% dos entrevistados responderam que todos praticam um descarte indevido, pois os

fármacos são descartados no lixo, vaso sanitário e pia, corroborando com a análise de

risco, pois de acordo Godoy (2014) e Heberer (2002) os medicamentos consumidos pelo

ser humano vão parar nas águas residuais, através do esgoto sanitário, consequentemente

na ETE, vindo a contaminar as águas superficiais, enquanto que a parte sólida vai para em

resíduos domésticos, depois são dispostos em aterros sanitários, acabando sendo

carregados para águas subterrâneas, ao serem lixiviados pela água da chuva.

Estas respostas corroboram com as apresentadas na Figura 12, estando claro que os

entrevistados descartam indevidamente os seus resíduos de fármacos, 66% dos

entrevistados fazem o descarte em lixo seco ou úmido. Esses medicamentos quando

descartados em resíduos sólidos comuns, gerado em residências, acabamsofrendo

contaminação e propagando-a nos lixões e aterros sanitários que poderão levar a

contaminação do solo e de corpos hídricos circunvizinhos (GODOY, 2014)

Figura 12. Descarte de fármacos no município da RMSP

66%

4%

12%

4% 8%

4% 2%Lixo seco/úmido

Vaso Sanitário

Guarda para usar outra vez

Não sobram

Devolve a unidade de saúde

Entrega em pontos de coleta

Pia-tanque

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Existem ainda, 6% dos entrevistados que eliminam os medicamentos diretamente

no esgoto, sendo 4% dos entrevistados em vaso sanitário e 2% dos entrevistados em pias

ou tanques. A água de esgoto é o principal ponto de entrada de fármacos, sendo uma

contaminação direta dos corpos hídricos (GAMARRA et al., 2015a).

Pode-se concluir que os descartes em vasos sanitários, pias ou tanques levariam os

resíduos farmacológicos para a rede sanitária da cidade e, consequentemente, para as

ETEs. De acordo com Bila e Dezotti (2003), por não haver um tratamento eficiente destes

resíduos nas ETEs, tais medicamentos acabam sendo direcionados para os rios, onde o

descarte das ETEs são feitos.

Já os descartes realizados no lixo, obviamente, levam os resíduos para aterros

sanitários, que por lixiviação acabam contaminando o solo e os lençóis freáticos. Esta

lixiviação ocorre devido ao arraste dos contaminantes pelas águas das chuvas.

Vazadouro a céu aberto é a forma mais impactante ao meio ambiente. É um tipo de

disposição dos resíduos diretamente no solo, sem nenhum processo de controle que

permita evitar a contaminação de lençóis freáticos e cursos de água, através dos líquidos

percolados. O chorume, oriundo da decomposição anaeróbica das frações orgânicas

contidas nos materiais dispostos, gera liberação de gases voláteis ricos em enxofre (S),

amônia (NH3), gás carbônico (CO2), dentre outros que são poluentes e alguns favoráveis à

combustão. Portanto, percebe-se perfeitamente a grande contribuição à degradação

ambiental sem contar os inúmeros indícios de comprometimento à saúde pública (LIMA,

2003).

Deve-se levar em consideração e questionar que a maioria dos efluentes analisados

é de países desenvolvidos, onde, grande parte possui esgoto sanitário adequado, distante

das precariedades da situação de saneamento básico em algumas regiões do Brasil

(portanto havendo uma contaminação das águas superficiais).

Sem falar na falta de campanhas de sensibilização para solucionar um problema

cultural de nossa população que leva às pessoas a descartaremirregularmente os

medicamento, como já mostrado por Miranda et al. (2011), na cidade de Itupeva e Pinto et

al. (2014) em Paulina.

A maioria dos entrevistados acredita que provavelmente realiza o descarte dos

medicamentos de maneira incorreta, como pode se notar na Figura 8, mesmo sem o

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conhecimento adequado e concordaram que tal descarte pode provocar problemas

ambientais.

Na Figura 13 é possível observar que a população está sem instrução do que

realmente fazer com os resíduos de medicamento, pois 80% não receberam informações de

como deve ser feito o descarte corretamente. Isto, provavelmente, está ligado à falta de

campanhas para o descarte correto de fármacos que atinja a população.

Figura 13. Respostas sobre orientações do descarte de fármacos

Como se sabe, as empresas farmacêuticas estão implantando os sistemas de coleta

de resíduos em algumas redes de farmácias, mas se quer fizeram a divulgação em meios de

comunicação de alcance em massa, onde está claro que os entrevistados descartam

incorretamente os seus fármacos, mas provavelmente isso ocorre pela falta de informação

dos órgãos responsáveis.

A maioria concordou que não fazem um descarte correto dos seus medicamentos,

86% acreditam que os descartes que dão aos medicamentos, incorretos, causam impactos

ao meio ambiente, e entendem que tais atitudes, provavelmente, trazem problemas

ambientais, como podemos observar na Figura 9.

Entretanto esse dado vem em oposição ao relatado na Figura 12, que mesmo

imaginando as consequências e impactos ambientais, que o descarte indevido pode

20%

80%

Recebeu orientações quanto ao descarte de fármacos

Não recebeu orientações quanto ao descarte de fármacos

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ocasionar, entretanto, continuam descartando os fármacos no meio ambiente, mas isso é

justificado na Figura 14, que indica que a maioria dos entrevistados não recebeu nenhum

tipo de orientação sobre o descarte e armazenamento dos fármacos.

Figura 14. Resposta sobre o conhecimento dos impactos ao meio ambiente

Com os dados da pesquisa fica evidente, que é muito restrita a parcela da população

que possui qualquer informação sobre este assunto. Seria essencial realizar campanhas de

esclarecimento e conscientização da população das próprias autoridades sobre a

importância do assunto.

4.5. Curva de calibração

A curva de calibração foi linear no intervalo de concentração de 0,5 a 10 mg.L-1 de

diclofenaco. A obtenção da curva de calibração, a qual faz uma relação das concentrações

em relação as suas áreas, foi utilizada para evidenciar a linearidade do método, de acordo

com a concentração conhecida de cada solução padrão. Para atestar que o método analítico

estava válido, a calibração foi realizada em triplicata e foram comparados os resultados. A

86%

14%

Certamente causa impactos ao meio ambienteCertamente não causa impactos ao meio ambiente

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Figura 15 apresenta a resposta obtida para a dispersão dos dados, a qual pode ser

facilmente apresentada por uma reta, cujo coeficiente de correlação (R) obtido foi de

0,9958, de acordo com a curva de calibração, representada pela Equação 3.

Figura 15. Curva de calibração do diclofenaco de sódio em permanganato de potássio.

Desta forma, pode-se afirmar que este método pode ser empregado na determinação

dodiclofenaco, devido a boa precisão apresentada nos resultados.

� � ���,����,�� � � 0,9958 (3)

Utilizando este gráfico ou a equação da curva resultante, pode-se calcular

aconcentração desta substância na amostra.

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4.6. Resultado das amostras

Considerando os resultados obtidos tanto na água de abastecimento como na água

de efluente parao fármaco estudado podemos encontrar na Tabela 7e 8, a concentração e

desvio padrão de cada amostra analisada.

Os resultados da Tabela 7 exibiram a presença do diclofenaco nas amostras

coletadas, em duas regiões distintas do município da RMSP. Na região central e na região

leste, sendo que na região central o DCF foi encontrado em água de efluente com uma

concentração de 5,034 mg.L-1, concentração bastante significativa, uma vez que na

literatura, os valores detectados foram na escala de µg.L-1 e ng.L-1.

O que sugere a possível entrada do DCF no ambiente pelo esgoto doméstico,

comprovando a ineficiência do tratamento de esgoto da ETE que despeja neste córrego e

confirmando os baixos valores de remoção, como por exemplo, na Suécia, com remoção

22% do diclofenaco, verificado na Tabela 1.

Com isto, podem ocorrer mutações nos seres que neles habitam, como a

feminilização de peixes, morte de espécies aquáticas, alteração o sistema reprodutivo em

peixes, pássaros, répteis e mamíferos marinhos.

Além disso, existe o problema de bioacumulação, que abrange todas as rotas de

exposição do diclofenaco, até mesmo a dieta alimentar, conforme avança nos níveis

tróficos, aumentando, assim, a concentração do DCF nos tecidos. Os efeitos

ecotoxicológicos são capazes de surgir em diferentes níveis de organização.

Tabela 7. Resultado da análise das amostras

Amostras Características Concentração

(mg/L)

Desvio

Padrão (±)

Região Central: Córrego

CAG01/01

Água de efluente

5,034 0,966

Região Central: Córrego

Cocho Velho

Água de efluente

LD -

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Região Leste Água de

abastecimento 2,585 0,832

Região Leste Água de

abastecimento 3,127 0,867

Região Norte Água de

abastecimento LD -

Região Norte Água de

abastecimento LD -

Região Oeste Água de

abastecimento LD -

Região Oeste Água de

abastecimento Ausente -

Região Sul Água de

abastecimento Ausente -

Região Sul Água de

abastecimento Ausente -

LD= Fora do limite de detecção

Os danos causados pela contaminação devido ao diclofenaco se espalham pelo

ecossistema levando a modificaçõesnas características e na dinâmica da população

(crescimento, reprodução e mortalidade) na estrutura e função (alterando o processo de

respiração e fotossíntese) na estrutura e função das comunidades (alterando relação

predador-presa). Como o DCF chegam no meio ambiente, principalmente, aquático, já

abordado, afetam a qualidade da água e afetam a saúde do ambiente e do homem (COSTA

et al., 2008).

Ainda observando a Tabela 7, nota-se que foi encontrado DCF em água de

abastecimento, em dois pontos da região leste do munícipio da RMSP, com concentrações

de 2,585 mg.L-1 e 3,127 mg.L-1, o que demonstra uma ineficiência das técnicas de

tratamento de água de abastecimento na remoção do diclofenaco. Os efeitos podem atingir

diretamente aos seres humanos que estão consumindo desta água, podendo ocasionar

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problemas no fígado e rins, levar a redução do índice de fertilização, redução da produção

de esperma, câncer de mama, ovários, testículos epróstatas.

De acordo com Stumpf (1999) a concentração de DFC encontrada no Brasil foi, em

média, de 0,03 µg.L-1 em água de rio. Nesse período já se preocupava com os efeitos

ecotoxicológico da droga e dos seus metabólitos. Os efeitos adversos, no ambiente

aquático, foram validados por Triebskorn et al. (2004), sendo notório que a concentração

do diclofenaco é relevante ambientalmente, essa droga provoca reações celulares no

fígado, rim, intestino e brânquias de peixes que deve ser considerado como uma indicação

de risco.

Oaks et al. (2004) atribuem a possibilidade de relação entre doença renal em

mamíferos e a ocorrência de diclofenaco como contaminante ambientalque alcança os

níveis tróficos. No Paquistão uma espécie de abutres foi ameaçada de extinção, pois estão

morrendo de falência renal, devido ao uso de diclofenaco nas criações de animais (fonte

alimentar dos abutres).

Para Fent; Weston; Caminada, (2006), os sistemas aquáticos indicam que é pouco

provável existir risco de toxicidade aguda. Pois as concentrações ambientais situam-se

entre 1000 vezes mais baixas do que os valores conhecidos de EC50 observado na tabela 2.

Porém, os resultados encontrados da análise da água de efluente e água de

abastecimento no município da RMSP são superiores ao encontrado na literatura. O teste

de toxicidade em crustáceos, na Espanha, onde a concentração de 0,023 mg.L-1 imobilizou

a população de crustáceos em 48 horas (Ferrari, 2003). E com maior concentração na

Alemanha, de 72 mg.L-1, inibiu o crescimento de algas em 3 dias (Cleuvers, 2003).

Entretanto, nota-se na tabela 8, a ausência do diclofenado em todas as amostras

analisadas.

Tabela 8. Resultado da análise das amostras

Amostras Características Concentração

(mg/L)

Desvio

Padrão (±)

Região Central: Córrego

CAG01/01

Água de efluente

Ausente -

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Região Central: Córrego

Cocho Velho

Água de efluente

Ausente -

Região Leste Água de

abastecimento Ausente -

Região Leste Água de

abastecimento Ausente -

Região Norte Água de

abastecimento Ausente -

Região Norte Água de

abastecimento Ausente -

Região Oeste Água de

abastecimento Ausente -

Região Oeste Água de

abastecimento Ausente -

Região Sul Água de

abastecimento Ausente -

Região Sul Água de

abastecimento Ausente -

LD= Fora do limite de detecção

A identificação do diclofenaco é uma fase fundamentalpara compreender os danos

causados por diversos níveis de concentração deste fármaco no meio ambiente, bem coo

estudar formas de removê-lo ou reduzir estas para níveis aceitáveis.

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5. CONCLUSÃO

A partir dos questionários mostraram que 86% da população estudada usam mais de

uma classe de medicamento, sendo que a maioria absoluta consome analgésico e mais de

50% usam anti-inflamatório, que é a classe de diclofenaco (objeto de estudo).

Verificou-se que apesar de 80% dos entrevistados afirmam que observam a

aparência e a validade dos fármacos, menos de 40% afirmam que não possuem

medicamentos vencidos.

Dentre os entrevistados, quase metade afirmaram que dão destino correto aos

fármacos, o que é incoerente já que 86% acham que o descarte ilegal gera problemas

ambientais. Entretanto apenas 38% tiveram informações de como deve ser realizado este

descarte.

Uma avaliação sobre os locais onde os medicamentos são descartados mostrou que

72% dos entrevistados praticam o descarte incorreto, pois responderam que os fármacos

são descartados no lixo, vaso sanitário e pia.

A matriz de riscos mostrou que nas condições atuais os corpos hídricos podem

levar a consequências catastrófica ou graves com probabilidade muito alta de ocorrência de

bactéria resistentes, morte de espécies aquáticas, eclosão antecipada de ovos de animais,

mutação celular e inflamação de fígado em animais e retardo no crescimento e diminuição

da reprodução devido redução de esperma no ser humano.

A partir da análise efetuada, no espectrofotômetro, das amostras coletadas no

município da RMSP, verificou-se a presença do diclofenacoem água de efluente na

concentração de 5,034 mg.L-1e na água de abastecimento, em dois pontos diferentes da

zona leste, com concentrações de 2,585 mg.L-1e 3,127 mg.L-1. Demonstrando a possível

ineficiência das ETE e das ETA.

A confirmação da existência do diclofenaco em corpos hídricos fortalece os riscos

avaliados na matriz de risco, podendo afetar todo o meio ambiente e causar distúrbios à

saúde humana.

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Desta forma, comprovou-se a importância deste trabalho, pois apresentou dados

relevantes que podem servir de alerta aos problemas que os fármacos (diclofenaco) podem

causar ao meio ambiente e ao ser humano.

5.1. Sugestões para trabalhos futuros

A partir do conhecimento adquirido sobre o assunto durante o desenvolvimento

desta pesquisa, pode-se sugerir alguns temas que possam ser trabalhados futuramente:

1. Monitorar a presença de outros fármacos como: analgésicos e antibióticos.

2. Expandir o número de amostras de pessoas entrevistadas para compreender

melhor a situação do descarte de fármacos.

3. Aplicar a pesquisa em outras regiões, para melhor a compreensão sobre a

situação brasileira, mensurar o nível de conhecimento da população brasileira

ou paulistana sobre os problemas ambientais e à saúde causados pelo descarte

irregular de fármacos.

4. Monitorar rios e córregos de outras cidades do estado de São Paulo.

5.2. Publicações

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Matriz de risco da contaminação de efluente de esgoto contaminado por fármaco. In:

Pauline Balabuch. (Org.). Coletânea Nacional sobre Engenharia de Produção 2.

2ed.Curitiba - PR: Atena Editora, 2016, v. 1, p. 113-130.

Trabalhos completos publicados em anais de congressos

1. KLEPA, R. B. ; PRAZERES, K. C. ; SILVA, T. A. F. ; SANTANA, J. C. C..

Comparação entre os Módulos de Células Fotovoltaicas classificados pelas Normas

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Brasileiras. In: : XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP

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ENEGEP, 2016. v. 1. p. 1-10.

2. PRAZERES, K. C.; MIRANDA, A. C. ; SILVA FILHO, S. C. ; SANTANA, J. C. C. .

MATRIZ DE RISCO DA CONTAMINAÇÃO DE EFLUENTE DE ESGOTO

CONTAMINADO POR FÁRMACOS. In: XXXVI Encontro Nacional de Engenharia

de Produção - ENEGEP 2016, 2016, João Pessoa - JP. Anais do ENEGEP 2016. Rio de

Janeiro - RJ: Editora da ABEPRO, 2016. v. 1. p. 1-8.

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7. ANEXO I

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E

PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PROJETO: Monitoramento e Tratamento de Contaminantes Emergentes em

Corpos Hídricos para Evitar os Seus Riscos Eminentes

Questionário de Pesquisa

Este questionário é destinado aos moradores da cidade de Guarulhos. Ele refere-se ao

descarte de medicamentos, seus possíveis impactos ambientais ao serem descartados no

ambiente e o tratamento eficaz na remoção dos medicamentos nos corpos hídricos.

1) Idade:_______

2) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3) Escolaridade:

( ) Ensino fundamental incompleto

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior incompleto

( ) Ensino superior completo

( ) Não desejo responder esta pergunta

4) Em qual Zona de Guarulhos você mora?

( ) Centro

( ) Leste

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( ) Norte

( ) Oeste

( ) Sul

( ) Não desejo responder esta pergunta

5) Possui medicamentos em casa:

( ) Sim ( ) Não

6) Há presença de bula com o respectivo medicamento?

( ) Sim ( ) Não ( ) Somente algumas

7) Os medicamentos estão ao alcance das crianças (caso façam parte do convívio na

residência)?

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

8) Observa o aspecto/aparência e a data de validade do medicamento antes de utilizá-lo?

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

9) Possui medicamentos vencidos:

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

Se sim o que faz com eles? ________________________________________________.

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10) O que faz com as sobras ou medicamentos vencidos?

( ) Devolve à unidade ou ao agente de saúde

( ) Guarda para usar outra vez

( ) Põe no lixo. Se afirmativa, em qual?

( ) Lixo seco

( ) Lixo úmido

( ) Dá aos vizinhos/amigos/parentes

( ) Não sobram

( ) Entrega em pontos de coleta (Farmácias)

( ) Vaso sanitário

( ) Pia–tanque

( ) Outros, qual(is)? ______________________________________________________.

11) Você acha que o destino que deu ao medicamento está correto?

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

12) Você acredita que o descarte de medicamentos pode trazer problemas ambientais:

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

13) Já recebeu alguma informação quanto ao armazenamento e descarte de medicamentos?

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

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14) Caso afirmativo, você acha que esse despejo pode trazer danos ao ambiente?

( ) Não

( ) Provavelmente não

( ) Indiferente

( ) Provavelmente sim

( ) Sim

15) Qual(is) medicamentos a seguir você utiliza? Podendo marcar mais de um

medicamento.

( ) Femina ( ) Cerazette ( ) Microvlar

( ) Pozato ( ) Pilem ( ) Poslov

( ) Feldene ( ) Artrosil ( ) Celebra

( ) Terramicina ( ) Zitromax ( ) Novamox

( ) Novocilin ( ) Synulox ( ) Bactrin

( ) Colpistatin ( ) Levofloxacina ( ) Depress

( ) Zoloft ( ) Decadron ( ) Predinisolona

( ) Norvax ( ) Valsartan ( ) Captropil

( ) Advil ( ) Tramal ( ) Dorflex

( ) Neosaldina ( ) Novalgina ( ) Doraliv

16) Qual(is) anti-inflamatórios indicados a seguir você utiliza? Podendo marcar mais de

um medicamento.

( ) Biofenac ( ) Cataflan ( ) Voltaren

( ) Tandrilax ( ) Codaten ( ) Beserol