katya guglielmi marcondes freire - treinamento auditivo musical · 2020. 4. 8. · katya guglielmi...

195
Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários de próteses auditivas Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências SÃO PAULO 2009

Upload: others

Post on 08-Sep-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

Katya Guglielmi Marcondes Freire

Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos

usuários de próteses auditivas

Tese apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para obtenção do título de Doutor em

Ciências

SÃO PAULO 2009

Page 2: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

Katya Guglielmi Marcondes Freire

Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos

usuários de próteses auditivas

Tese apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para obtenção do título de Doutor em

Ciências

Orientadora: Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iorio Professora Livre Docente do Departamento de Fonoaudiologia

Co-orientadora: Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira Professora Livre Docente do Departamento de Fonoaudiologia Chefe do Departamento de Fonoaudiologia da Unifesp

SÃO PAULO 2009

Page 3: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

iii

FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA

Chefe do Departamento:

Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiologia:

Professora Titular Dra. Brasília Maria Chiari

Page 4: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

iv

TERMO DE APROVAÇÃO

Katya Guglielmi Marcondes Freire

Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários de próteses auditivas

Presidente da banca

Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iorio

BANCA EXAMINADORA

Membros Titulares

Profª. Drª Kátia de Almeida.

Profª. Drª. Iêda Chaves Pacheco Russo

Profª. Drª. Eliane Schochat

Profª. Drª. Alda Christina Lopes de Carvalho Borges

Membros Suplentes

Profª. Drª. Maristela Julio Costa

Profª. Drª. Daniela Gil

Aprovada em: 26/03/2009

Page 5: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

v

EPÍGRAFE

Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos!

William Shakespeare

Page 6: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

vi

DEDICATÓRIA

Ao Bom Deus,

Que sempre iluminou meu caminho e que nunca me

abandonou. Nos momentos mais difíceis, deu-me serenidade e força para que eu

nunca desistisse das minhas escolhas e missão. Fez-me acreditar que o

impossível é sempre possível, se Ele estiver junto.

Ao Júlio,

“Meu amorzinho”, marido, companheiro, amigo e que sempre

esteve ao meu lado, nunca medindo esforços para ajudar-me a conseguir chegar

até aqui. Com seu jeito todo especial de ser, soube me amar e entender os

momentos de ausência.

Ao pequeno Lorenzo,

Que chegou para iluminar e completar a minha vida. Seja muito

bem-vindo, meu esperado e querido filho! Agora, posso dizer que sou uma

pessoa muito mais inteira e muito melhor para poder retribuir a sua escolha de eu

ser sua mãe!

Page 7: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

vii

AGRADECIMENTOS

À minha querida orientadora, Profa. Dra. Maria Cecília

Martinelli Iorio, que acreditou nas minhas idéias, orientando-me sabiamente da

melhor maneira para que eu conseguisse chegar até aqui. Qualquer palavra de

agradecimento seria muito pouco para expressar minha eterna gratidão.

À Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira, minha co-orientadora

que, mesmo sem me conhecer direito, acolheu-me e soube usar as palavras

certas nas horas certas. Obrigada pelas valiosas sugestões e correções. Foi

incansável e prestativa a qualquer hora do dia.

À Dra. Kátia de Almeida, excelente profissional e dedicada

amiga, com sua sabedoria e inúmeras conversas sempre demonstrando-se

disponível em ajudar durante todo esse percurso.

À Dra. Iêda Chaves Pacheco Russo por todo apoio, confiança

e incentivo desde a especialização, mestrado e agora no doutorado, sempre com

precisas correções e sugestões. Com seu jeito especial, cativa a tudo e a todos.

Sua presença é imprescindível!

À Dra. Eliane Schochat pelas brilhantes e valiosas sugestões

no exame de qualificação e por ter alterado sua agenda pessoal para que

pudesse participar também da banca examinadora deste trabalho.

À Dra. Alda Christina Lopes de Carvalho Borges pela

confiança depositada em mim desde o início desse percurso e pela gentileza em

aceitar o convite para participar da banca examinadora deste trabalho.

À Dra. Maristela Julio Costa, amiga incansável, a qualquer

hora, sempre incentivando e presente durante todo esse período.

Page 8: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

viii

À Dra. Daniela Gil, amiga que nunca deixou de acreditar no

meu potencial. As conversas iniciais foram fundamentais para que eu não

desistisse do que aparentemente parecia ser uma idéia inviável.

À equipe da GN ReSound -Danavox, nas pessoas do diretor

comercial Renê Ballejo, do atual diretor Martin Holm e do ex -Diretor Geral

Robert Gilligan, por toda amizade, incentivo e confiança ao permitirem o

encaminhamento dos pacientes.

Aos amigos baianos e profissionais Edilton Oliveira Brito, da

Browmaster e Cláudio Guido, da Animateria, pelas inúmeras horas, meses que

se dedicaram ao desenvolvimento dos DVDs e por acreditarem que minhas idéias

tinham fundamento. Com o jeito baiano de ser, ajudaram-me a acreditar que seria

possível realizar este trabalho.

Aos queridos músicos André Lellis e Durval Lelis, pelo

incentivo, amizade e inspiração na idealização e desenvolvimento deste trabalho.

À Maria Helena Vargas, pela precisa formatação final desta

tese, todo meu carinho e amizade.

À profissional Carmen Saldiva André, pela cuidadosa análise

estatística dos dados.

À Sandra Carvalhos, pela preciosa revisão ortográfica e

gramatical deste trabalho.

À grande profissional e amiga Raquel Bernardes, pelo

incentivo constante na realização deste trabalho: sempre acreditou que eu estava

fazendo uma grande contribuição para a área e me presenteou com preciosos

textos para o embasamento deste estudo.

À Gisele Ferrari, fonoaudióloga, amiga, incentivadora,

parceira, que sempre esteve presente e nunca negou esforços para me ajudar em

qualquer coisa que eu precisasse para que eu conseguisse chegar até aqui.

Page 9: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

ix

Ao médico otorrinolaringologista Dr. Maurício Kurc, pela

amizade e o apoio inicial na realização deste estudo.

Ao Dr. Mauro Muszkat, pelo incentivo as idéias iniciais que

fizeram com que eu acreditasse que seria possível realizar este estudo.

A todos os amigos do Hiléa, nas pessoas da nossa eterna

presidente Christiane D’Andrea e do nosso diretor Nilton Ferri, por todo

incentivo e compreensão nos meus momentos de ausência para que este

trabalho pudesse ser concluído.

Às fonoaudiólogas e amigas do Hiléa, Isabella Spinelli, Carla

Cieri, Rita Gottardi e Sarah Nayumi, pela fidelidade, apoio e compreensão nos

momentos de ausência para a realização deste trabalho.

Às fonoaudiólogas e amigas Renata Scharlach, Érika

Bucuvic e Isabella Jardim, pela amizade, carinho e paciência, fundamentais em

vários momentos desta etapa.

A Simone dos Santos e Janete Campos, fiéis secretárias da

Audicare, por todo incentivo, apoio, fidelidade, amizade, cumplicidade, parceria

em todo esse trajeto. Sem vocês eu não teria conseguido superar esse período.

Muito obrigada!

A fonoaudióloga Denise Santhiago, pela amizade e incentivo

constante em toda essa trajetória.

Às minhas queridas amigas Cinthia Amorim, Samantha

Dangot, Elenita Domingos, Renata Machado, Leliana Borges, Andrea Longhi,

Fábia Toqueti, Adriana Azzi, Mylene Del Nero e Susana Requião, que sempre

me apoiaram e incentivaram com amizade e amor incondicional. Souberam ter

compreensão e carinho com a minha ausência, dando colo quando eu mais

precisava e escutando-me inúmeras vezes dizer: “Não posso ir, tenho que

escrever minha tese”.

Page 10: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

x

Aos meus pais, Anna Antônia e Adauto, irmãos, Regina,

Júnior e Felipe, sobrinhos, Rafael, Dadá, Pedro e Maria Clara, cada um do seu

jeito, perto ou distantes, nem imaginam que apenas as suas preciosas existências

foram motivos suficientes para eu nunca deixar de acreditar que eu poderia ser e

fazer algo melhor.

Ao meu eterno sogro, Pedrinho, esteja onde estiver, tenho

certeza que está orgulhoso por eu ter conseguido chegar até aqui. Se estivesse

aqui, diria: “Minha norinha é uma criança, só tem tamanho”. E a Siarita, sogra,

amiga e que cuidou de mim como uma filha e me incentivou em cada momento.

Aos pacientes que acreditaram em mim e que sempre

estiveram disponíveis.

MEU MUITO OBRIGADA!

Page 11: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xi

SUMÁRIO

Dedicatória ........................................................................................................... vi

Agradecimentos .................................................................................................. vii

Lista de figuras .................................................................................................... xii

Lista de quadros ................................................................................................. xiv

Lista de organogramas ....................................................................................... xv

Lista de tabelas .................................................................................................. xvi

Lista de abreviaturas ......................................................................................... xviii

Resumo .............................................................................................................. xix

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 6

3 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 8

3.1 Plasticidade Cerebral, Neurociência e Música ....................................... 9

3.2 Processamento Auditivo Central, Envelhecimento do Sistema Auditivo e Treinamento Auditivo ...........................................................16

3.3 Instrumentos de Avaliação: Testes de Fala no Ruído e Questionários de Auto- avaliação .........................................................36

4 MÉTODOS ........................................................................................................45

4.1 Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical .................46

4.2 Aplicação do Treinamento Auditivo Musical (TAM) ..............................48

5 RESULTADOS ...................................................................................................63

5.1 Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical .................64

5.2 Estudo da Avaliação Auditiva Pré e Pós Intervenção ...........................81

6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 103

6.1 Discussão sobre a Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical ................................................................................ 104

6.2 Discussão sobre a Avaliação Auditiva Pré e Pós Intervenção .......... 109

7 CONCLUSÕES ............................................................................................... 123

8 ANEXOS ....................................................................................................... 125

9 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 161

Abstract

Bibliografia consultada

Page 12: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação cortical para as freqüências relevantes no córtex auditivo antes e durante o treinamento ................................... 10

Figura 2 - Elementos do modelo de retorno da comunicação............................ 29

Figura 3 - Gráfico dos valores individuais e médios da Idade (anos) nos três grupos .................................................................................. 81

Figura 4 - Perfis individuais de benefício (pré e pós sete semanas) nas escalas do APHAB nos grupos GI, GIIA e GIIB ................................ 84

Figura 5 - Médias da porcentagem de benefício nas escalas do APHAB ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB ........................ 84

Figura 6 - Perfis individuais dos índices no HHIE nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ...................................... 86

Figura 7 - Médias dos índices no HHIE ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós ................................................... 86

Figura 8 - Perfis individuais do número de acertos no LS nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ...................... 88

Figura 9 - Médias do número de acertos no LS ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ............. 88

Figura 10 - Perfis individuais do número de acertos no MSNVS - 3 seqüências nos grupos GI, GII A e GII B nos períodos pré e pós sete semanas ............................................................................. 90

Figura 11 - Médias do número de acertos no MSNVS - 3 seqüências ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas .......................................................................... 90

Figura 12 - Perfis individuais do número de acertos no MSNVS - 4 seqüências nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ............................................................................. 92

Figura 13 - Médias do número de acertos no MSNV - 4 seqüências ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas .......................................................................... 93

Figura 14 - Perfis individuais do LRSS (dB) nos grupos GI, GIIA e GIIB ............. 94

Figura 15 - Médias do LRSS ± desvio padrão nos grupos Controle GI, Experimental GIIA e Experimental GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ............................................................................. 95

Page 13: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xiii

Figura 16 - Perfis individuais do LRSR (dB) nos grupos GI, GIIA e GIIB ............. 97

Figura 17 - Médias do limiar no LRSR ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas ........................... 97

Figura 18 - Perfis individuais da relação sinal ruído nos grupos GI, GIIA e GIIB ................................................................................................ 99

Figura 19 - Médias da relação sinal ruído ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB, nos dois períodos ..................................................100

Page 14: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Revisão de investigações de treinamento auditivo que encontraram revisão sistemática incluindo critérios .......................... 31

Quadro 2 - Exercícios propostos e mecanismos auditivos treinados .................. 66

Page 15: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xv

LISTA DE ORGANOGRAMAS

Organograma 1 - Composição dos grupos ........................................................ 50

Organograma 2 - Avaliação comum aos três grupos do estudo: GI, GIIA, GIIB .............................................................................. 51

Organograma 3 - Aplicação dos procedimentos comum aos três grupos ................................................................................... 52

Page 16: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xvi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas para a idade nos três grupos e resultados da análise de variância .................................................... 81

Tabela 2 - Estatísticas descritivas para o benefício nas escalas do APHAB nos grupos GI, GIIA e GIIB e os resultados da análise de variância entre os períodos pré e pós sete semanas ............................................................................................ 83

Tabela 3 - Estatísticas descritivas para o HHIE (pré e pós sete semanas) e para o benefício entre os períodos nos grupos GI, GIIA e GIIB e os resultados da análise de variância .................... 85

Tabela 4 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no LS (pré e pós sete semanas) e para a diferença da LS entre os períodos nos grupos GI, GIIA e GIIB ................................................. 87

Tabela 5 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no MSNVS - 3 seqüências nos dois períodos e para a diferença do MSNVS nos dois períodos (pré e pós) nos grupos GI, GIIA e GIIB ........................................................................................ 89

Tabela 6 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no MSNVS - 4 seqüências nos dois períodos e para a diferença do MSNVS nos dois períodos (pré e pós sete semanas) nos grupos GI, GIIA e GIIB ...................................................................... 91

Tabela 7 - Estatísticas descritivas para o LRSS (dB) e para a diferença dos limiares nos dois períodos (pré - pós sete semanas) nos grupos GI, GIIA e GIIB ...................................................................... 93

Tabela 8 - Estatísticas descritivas para o LRSR (dB) e para a diferença dos limiares nos dois períodos (Pré - Pós sete semanas) nos grupos GI, GIIA e GIIB ................................................................ 95

Tabela 9 - Estatísticas descritivas para a relação sinal ruído e para a diferença da relação sinal ruído nos dois períodos (Pré-Pós sete semanas) nos grupos GI, GIIA e GIIB ....................................... 98

Tabela 10 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na escala do APHAB de ruído ambiental (RA), e a diferença de LRSR (pós - pré sete semanas) e diferença da Relação S/R (pós - pré sete semanas), no grupo G ....................................100

Page 17: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xvii

Tabela 11 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na escala do APHAB de ruído ambiental (RA), diferença de LRSR (pré e pós sete semanas) e diferença da Relação S/R (pré e pós sete semanas), no grupo GIIA ...............................101

Tabela 12 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na escala do APHAB de ruído ambiental (RA), diferença de LRSR (pré e pós sete semanas) e diferença da Relação S/R (pré e pós sete semanas), no grupo GIIB ...............................101

Page 18: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xviii

LISTA DE ABREVIATURAS

A.V.D. - Atividades de vida diária

APHAB - Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit

AV - Aversão a sons

CPHI - “Communication Profile of the Hearing Impaired”

CST - Teste de fala conectada

DPA - Distúrbio de processamento auditivo

DSI - Identificação de sentenças dicóticas

EMC - Exposição à música clássica

FC - Facilidade de comunicação

HHIE - “Hearing Handicap Inventory for the Elderly”

HINT - “Hearing in Noise Test”

IPRF - Índice percentual de reconhecimento de fala

LACE - “Listening and Auditory Communication Enhancement Training

LRF - Limiar de reconhecimento de sentenças

LRSR - Limiar de reconhecimento de fala no ruído

LRSS - Limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio

LS - Localização Sonora

LSP - Listas de sentenças em português

MSNV - Memória para sons não verbais

PET - Tomografia por emissão de pósitrons

RA - Ruído ambiental

RMF - Ressonância magnética funcional

RV - Reverberação

S/R - Sinal/ruído

SI - Sons indesejáveis

SNAC - Sistema nervoso auditivo central

TAM - Treinamento auditivo musical

Page 19: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

xix

RESUMO

Objetivo: a) Desenvolver e propor um programa de treinamento auditivo musical

para idosos usuários de próteses auditivas direcionado às habilidades auditivas

de processamento temporal e desempenho frente a diferentes e simultâneos

eventos acústicos. b) Verificar o benefício desse treinamento nas habilidades

auditivas de idosos usuários de próteses auditivas.

Método: Para a elaboração do Treinamento Auditivo Musical foram elaborados sete

DVDs interativos. Para a aplicação desses materiais foram selecionados 15

indivíduos idosos com idade acima de 60 anos e que foram divididos em três grupos

com cinco indivíduos cada: grupo controle GI, sem intervenção, e dois grupos

experimentais (com intervenção de uma vez por semana durante sete semanas):

grupo experimental GIIA e grupo experimental GIIB. O grupo experimental GIIA,

recebeu o treinamento auditivo musical proposto no presente estudo e o GIIB,

apenas ouviu música clássica. Todos os grupos foram avaliados na 1ª semana e

reavaliados na 9ª semana. A avaliação comum a todos os indivíduos foi composta

por questionários de auto-avaliação e testes comportamentais. Para avaliar os

resultados, foi realizado um estudo estatístico por meio da técnica de análise de

variância com medidas repetidas e a estatística descritiva.

Resultados: 1) Foram elaborados sete DVDs denominados: DVD1 - Figura-

Fundo para sons instrumentais, DVD2 - Figura-Fundo para sons seqüenciais,

DVD3 - Escuta Direcionada, DVD4 - Duração dos Sons, DVD5 - Freqüência dos

Sons, DVD6 - Ritmo - Estruturação Temporal e DVD7 - Fechamento Auditivo. 2)

Os resultados revelaram que o grupo GIIA apresentou, na reavaliação, resultados

significantemente melhores nos questionários de auto-avaliação e nos testes

comportamentais de memória para sons não verbais em quatro seqüências e no

limiar de reconhecimento de sentenças no ruído.

Conclusão: Foi elaborado um programa de Treinamento Auditivo Musical

direcionado às habilidades auditivas de processamento temporal e atenção

seletiva de idosos usuários de próteses auditivas e verificou-se o benefício desse

treinamento nessas habilidades dessa população.

Page 20: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

1 INTRODUÇÃO

Page 21: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

2

Na prática clínica, é comum observar pacientes deficientes

auditivos, usuários de próteses auditivas, com a queixa “ouço, mas não entendo”.

Com isso, fica claro que ouvir é diferente de escutar. Para

Sweetow (2005), ouvir é um mecanismo passivo, que permite acesso à

informação acústica e escutar é um mecanismo ativo, para o qual é necessário

atenção e intenção para atingir a compreensão da mensagem.

Mesmo com uma boa indicação e adaptação das próteses

auditivas, nem sempre é possível obter uma compreensão de fala satisfatória,

principalmente nas situações de ruído.

Com essa queixa cada vez mais presente, têm-se observado

um crescimento de estudos nessa área. Recentemente no Brasil, Gil (2006),

Megale (2006) e Miranda (2007) estudaram a efetividade de um programa de

treinamento auditivo formal, em usuários de próteses auditivas bilaterais. Gil

(2006) realizou um estudo em adultos, enquanto que Megale e Miranda em

indivíduos idosos. Embora com diferentes objetivos e metodologia, as autoras

foram unânimes em concluir que o treinamento auditivo proporcionou maior

benefício com o uso da prótese auditiva, principalmente em ambientes ruidosos.

Nos Estados Unidos, Sweetow (2005) desenvolveu um

programa de computador chamado “Listening and Auditory Communication

Enhancement Training” (LACE), que permite que os pacientes possam realizar o

treinamento em casa. Embora a metodologia tenha sido diferente da aplicada

pelos autores brasileiros, os resultados também revelaram que as habilidades

auditivas podem ser melhoradas com esse tipo de treinamento auditivo.

Para Musiek, Berge (1998), a plasticidade neural é fator chave

nas melhoras obtidas com a estimulação e o treinamento auditivo. Segundo esses

autores, as melhoras comportamentais observadas após o treinamento não estão

relacionadas com modificações no sistema periférico e sim, com o sistema

nervoso auditivo central. Para eles, o cérebro apresenta plasticidade e pode ser

Page 22: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

3

alterado por estimulação acústica ou pela falta dela, podendo ocorrer alterações

neuroquímicas, fisiológicas e neurais. Sendo assim, o treinamento auditivo pode

melhorar o desempenho da audição.

Segundo a literatura nacional e internacional, os treinamentos

auditivos têm se mostrado eficazes na melhora das habilidades auditivas dos

pacientes. No Brasil, tem se aplicado o treinamento auditivo formal adaptado para

usuários de próteses auditivas. Esse treinamento foi desenvolvido por Musiek,

Schochat (1998), para indivíduos com limiares de audibilidade normais e distúrbio

do processamento auditivo. A demanda clínica exigiu que esse treinamento fosse

adaptado para usuários de próteses auditivas.

Já nos Estados Unidos, o LACE foi desenvolvido para usuários

de próteses auditivas, porém, só deve ser utilizado para indivíduos cuja língua

inglesa é a materna, não devendo ser aplicado em pacientes cuja primeira língua

é o português.

Na prática clínica, o treinamento auditivo formal para idosos,

embora seja possível, nem sempre é viável, pois, em determinadas tarefas,

especialmente em condições de escuta difícil, o ruído pode causar cansaço, o que

pode levar o paciente ao desânimo e, consequentemente, ao abandono do

treinamento. Muitos se queixam de não terem prazer na realização das sessões

ou de se cansarem com facilidade.

Em uma avaliação audiológica de um paciente músico, foi

observado, mesmo com perda auditiva moderadamente severa nas freqüências a

partir de 2000 Hz, faixa de freqüências essa primordial para compreensão da fala,

um índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF) de 100%, o que não é

comumente encontrado em pacientes com esse tipo de perda auditiva. Esse

indivíduo, especificamente, realizava exercícios de treinamento auditivo para a

percepção auditiva, além da prática de ioga para a concentração e foco, o que

melhorou consideravelmente a sua performance musical.

Platel et al. (1997) utilizaram a música e seus diferentes

aspectos psicoacústicos, como identificação de mudanças de intensidade e de

timbre, regularidade rítmica e familiaridade melódica, para estudar a ativação de

diferentes áreas cerebrais. Observaram que o hemisfério direito do cérebro,

mais especificamente os giros frontal superior e pós-central, poderia ser ativado

nas provas que contemplavam reconhecimento tímbrico. Já o hemisfério

Page 23: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

4

esquerdo (dominante) tinha uma maior ativação em seus giros temporal e

frontal, quando as tarefas eram relacionadas à familiaridade dos sons. Ainda,

considerando esse hemisfério, as áreas frontais inferiores, área de Broca

(AB/44/6), estendendo-se à insula vizinha eram também ativadas quando as

provas envolviam ritmo. Esses dados demonstram a importância dessa região

no processamento de sons seqüenciais, fato esse sugestivo de conexão

neurobiológica entre ritmo musical e fala expressiva. Esses autores observaram

também que as regiões occipitais foram ativadas durante a identificação das

intensidades sonoras.

Para Muszkat et al. (2000), isso sugere existir um recrutamento

de áreas envolvidas nos processamentos das imagens como uma estratégia

visual para a decodificação da altura dos sons.

De um modo geral, as funções musicais parecem ser

complexas, múltiplas e de localizações assimétricas, envolvendo o hemisfério

direito para altura, timbre e discriminação melódica, e o esquerdo para ritmos,

identificação semântica de melodias, senso de familiaridade, processamento

temporal e seqüencial dos sons (Muszkat et al., 2000).

A linguagem também tem sido pesquisada e seus estudos

complementados com exames de neuroimagem e ressonância magnética

funcional. Com isso, a forte dominância do hemisfério esquerdo tem sido

questionada. Estudos indicam que a percepção auditiva ocorre em ambos os

hemisférios e que o fluxo sanguíneo também pode aumentar nos dois hemisférios

durante a emissão da linguagem (Andreasen, 2005).

A partir dessa literatura pesquisada e dos dados encontrados

na prática clínica, pode se considerar que:

- Os treinamentos auditivos desenvolvidos e utilizados até o

momento, não são específicos para usuários de próteses

auditivas.

- As próteses auditivas têm características eletroacústicas

muito específicas.

- O ruído de modo geral é cansativo, principalmente em

indivíduos idosos.

- Alguns aspectos da música também ativam o hemisfério

esquerdo.

Page 24: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

5

- A percepção da linguagem auditiva ocorre em ambos os

hemisférios.

- Não existe, até o momento, um treinamento auditivo

específico para usuários de próteses auditivas.

A partir dessas considerações, estabeleceu-se a seguinte

hipótese:

Realizar um treinamento auditivo musical em idosos usuários

de próteses auditivas, considerando as habilidades auditivas que requerem

processamento temporal e desempenho frente a eventos acústicos diferentes e

simultâneos produz uma melhora nas respostas comportamentais desses

indivíduos em tarefas auditivas.

Com base nessa hipótese, foram traçados os objetivos desse

estudo.

Page 25: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

2 OBJETIVOS

Page 26: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

7

a) Desenvolver e propor um programa de treinamento auditivo

musical para idosos usuários de próteses auditivas, direcionado às habilidades

auditivas de processamento temporal e desempenho frente a eventos acústicos

diferentes e simultâneos.

b) Verificar o benefício desse treinamento nas habilidades

auditivas de idosos usuários de próteses auditivas.

Page 27: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

3 REVISÃO DA LITERATURA

Page 28: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

9

Optou-se por apresentar a revisão de literatura obedecendo à

ordem cronológica para facilitar a apresentação. Este capítulo foi subdividido em:

3.1 Plasticidade Cerebral, Neurociência e Música.

3.2 Processamento Auditivo Central, Envelhecimento do

Sistema Auditivo e Treinamento Auditivo.

3.3 Instrumentos de Avaliação: Testes de Fala no Ruído e

Questionários de Auto-Avaliação.

3.1 Plasticidade Cerebral, Neurociência e Música

No final da década de 40, o psicólogo canadense Donald Hebb

introduziu a noção de plasticidade. Seus argumentos eram baseados na

capacidade que o cérebro tem de aprender novas informações, que ocorrem

devido a mudanças que acontecem nas células nervosas. Sua visão àquela

época era de que o cérebro se remodela, alterando as conexões no nível da

sinapse (Hebb, 1949).

Já na década de 60, Kimura (1967) estudou a lateralização

hemisférica na percepção musical e seus estudos demonstraram a superioridade

do hemisfério direito para o processamento melódico, por intermédio de provas de

estimulação auditiva dicótica de melodias.

Já na década de 80, a importância da lateralização hemisférica

continuou sendo estudada e foi comprovada em exames de neuroimagem

funcional, com os estudos de Mazziota et al. (1982), que detectaram maior

ativação de áreas frontais e temporais do hemisfério não dominante (direito) na

presença de tarefas de discriminação tímbrica.

Lauter et al. (1985) confirmaram a organização tonotópica do

córtex auditivo com ativação anterior e lateral, para sons graves e médios, e

posterior, para sons agudos.

Page 29: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

10

Estudos realizados por Recanzone et al. (1993) demonstraram

a plasticidade do sistema auditivo. Esses autores treinaram macacos para

realizarem uma tarefa de discriminação de tom para certas freqüências e

examinaram a organização tonotópica do córtex auditivo desses macacos. Os

resultados do grupo treinado foram comparados aos do grupo controle que não

teve nenhuma estimulação. Os macacos que vinham realizando a tarefa de

discriminação de tom tiveram um aumento na representação cortical para as

freqüências relevantes no córtex auditivo, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Representação cortical para as freqüências relevantes no córtex auditivo antes e durante o treinamento [Fonte: Recanzone et al., 1993]

Rausher et al, em 1993, na Universidade da Califórnia,

estudaram os efeitos que escutar durante 10 minutos a Sonata Para Dois Pianos

em Ré Maior (K.448), de Mozart, poderia causar em estudantes universitários.

Eles descreveram uma melhora temporária do raciocínio espaço-temporal e

mudanças neurofisiológicas, conforme medições do teste Stanford-Binet de QI.

Para essa alteração, os autores denominaram de Efeito Mozart.

Page 30: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

11

Zatorre et al. (1994) observaram que as regiões temporais do

hemisfério direito eram ativadas quando envolviam tarefas passivas de audição

melódica e que as áreas frontais desse mesmo hemisfério eram ativadas, na

presença de provas não passivas, que exigiam memória tonal. Esse autor

questionou a existência da diferença em cérebros de músicos e não músicos.

Muszkat et al. (1995) mostraram que essa lateralização

realmente pode ser diferente em músicos, comparada aos indivíduos sem

treinamento musical, o que sugeriria um papel da música na chamada

plasticidade cerebral.

Schlaugh et al. (1995) realizaram pesquisas sobre o tamanho

de várias estruturas cerebrais dos músicos e chegaram à conclusão de que o

corpo caloso, a grande comissura que liga os dois hemisférios cerebrais, é maior

em músicos profissionais e apontaram também volumes maiores de massa

cinzenta nas áreas motoras, auditivas e viso - espaciais do córtex e, também, do

cerebelo. Esses autores questionaram, ainda, o quanto essas diferenças seriam

um reflexo de predisposição inata e quanto de treinamento auditivo musical

estimulou essas áreas. Em suas pesquisas, demonstraram que as mudanças

anatômicas observadas no cérebro dos músicos tinham alta correlação com a

idade em que o treinamento musical teve início e com a intensidade da prática e

dos ensaios.

Liegeois-Chauvel et al. (1998) questionaram a diferença entre

as funções cerebrais de músico e de não músicos e suas idéias corroboram com

Muszkat et al. (1995) afirmando que existe uma diferença entre a lateralização em

cérebros de músicos e não músicos.

Correia et al. (1998) definiram a música como sendo todo o

processo relacionado à organização e à estruturação de unidades sonoras, seja

em seus aspectos temporais (ritmo), seja na sucessão de alturas (melodia) ou na

organização vertical harmônica e tímbrica dos sons.

Peretz, Gagnon (1999) descreveram a existência de duas

categorias básicas de percepção musical: uma envolvendo o reconhecimento de

melodia, e a outra, a percepção de ritmo ou intervalos de tempo. Esses autores

encontraram lesões no hemisfério direito, quando existiam deficiências na

percepção de melodia, e lesões no hemisfério esquerdo, sistemas subcorticais,

nos gânglios basais, cerebelo e outras áreas, para o ritmo.

Page 31: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

12

Muszkat et al. (2000) consideraram que a música tem uma

representação neuropsicológica extensa, superior a qualquer outra arte. Sendo

absoluta, não necessita de códigos lingüísticos, tendo acesso direto à afetividade,

às áreas límbicas, que controlam os impulsos, emoções e motivação. Por

envolver um armazenamento de signos estruturados, estimula áreas associativas

secundárias, como a memória não-verbal.

Segundo Féres, Gairasco (2001), a plasticidade cerebral pode

ser observada nos sistemas sensoriais, tanto no tecido neurossensorial do

receptor periférico quanto nas vias centrais. Um dos sistemas sensoriais

atualmente bastante estudado é o auditivo. Diferentes espécies animais têm sido

submetidas a estudos sobre o funcionamento do mesmo, bem como sobre a sua

capacidade de regeneração e a plasticidade. Os achados vêm mostrando que o

sistema pode reagir frente a situações que perturbem o funcionamento do

receptor periférico, tanto com tentativa de sua regeneração quanto com

reestruturação dos núcleos de centrais.

Para esses autores, o conceito de plasticidade auditiva referiu-

se à capacidade de ocorrerem mudanças anatômicas ou funcionais no sistema

responsável pela transmissão das informações auditivas.

Oxenham et al. (2003) consideraram que a prática musical

estimula o desenvolvimento da percepção auditiva melódica e harmônica por

meio do treinamento perceptivo de intervalos, ritmo, entre outros parâmetros

acústicos. Se considerasse a ocorrência de generalização, as habilidades

perceptivo-auditivas poderiam vir a agir como facilitadores em tarefas de

reconhecimento da fala diante de sinais acústicos competitivos, pois estudos

constataram que o treinamento auditivo realizado para um tipo de estímulo sonoro

pode ser generalizado para outros estímulos ou situações de escuta não

utilizados nas situações de treinamento.

Segundo Herculano-Houzel (2003), a simples ação de ouvir

música coloca em ação várias regiões do cérebro. Depois que o sistema auditivo

transforma as ondas sonoras em impulsos elétricos, estes são enviados

separadamente ao córtex cerebral na área auditiva primária, na qual cada grupo

de neurônios processa os sinais de uma mesma nota ou freqüência. Para

processar diferentes aspectos dos sons da área primária, os sinais são

distribuídos para outras regiões cerebrais, como o cerebelo e os núcleos da base,

Page 32: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

13

que irão processar o ritmo. Já a melodia é processada pelas regiões vizinhas da

área auditiva primária no lobo temporal e, na parte frontal do cérebro,

especialmente do lado direito. Para o reconhecimento do som como uma música

familiar, é necessário que circuitos distribuídos no hipocampo e em várias áreas

do córtex cerebral realizem um complexo processamento combinado de todas

essas regiões.

Em 2004, Chasin, Russo, ao estudarem o processamento da

música e da fala na amplificação das próteses auditivas, identificaram possíveis

artefatos que podem ocorrer no processamento de sinal de sons musicais por

próteses auditivas, uma vez que alguns de seus parâmetros eletroacústicos

podem afetar a percepção da música.

Noreña, Eggermont (2005) descobriram que gatos expostos a

um ruído excessivo e que foram mantidos por algumas semanas em um ambiente

silencioso passavam a apresentar perda auditiva e mapas tonotópicos distorcidos

no córtex auditivo primário. Porém, se os gatos fossem expostos a um ambiente

acústico rico em estímulos por várias semanas após a exposição ao trauma

acústico, sua perda auditiva era menos severa e não ocorriam distorções no

mapeamento de seu córtex auditivo.

Fujioka et al (2006) avaliaram crianças por meio de potenciais

auditivos evocados no cérebro e registraram marcantes mudanças no hemisfério

esquerdo dos que tiveram apenas um ano de prática de violino, comparadas

àquelas sem nenhuma atividade com música.

Para Mahncke et al. (2006), nos últimos anos, as pesquisas em

neurociência, psicologia experimental e áreas afins demonstraram que as

conseqüências negativas do processo de plasticidade cerebral com o avanço da

idade iniciam com domínio do funcionamento do cérebro. Existem quatro fatores:

redução das atividades cerebrais, processamento no ruído, controle

neuromodulatório fraco e aprendizado negativo, que contribuem para que o

funcionamento cerebral se deteriore em idosos. Porém, estudos relacionados à

plasticidade cerebral têm demonstrado melhora substancial no funcionamento e na

recuperação de perdas das sensações, cognição, memória, controle motor, com

treinamentos específicos. Um programa de treinamento deverá estar baseado nos

princípios da plasticidade cerebral para ser potencialmente benéfico na aplicação

em idosos com o objetivo de melhorar as suas capacidades operacionais.

Page 33: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

14

Segundo Sacks (2006), o universo científico acostumou-se,

durante 20 anos, a dramáticas revelações sobre a plasticidade cerebral. Mostrou-

se que o córtex auditivo pode ser realocado para o processamento visual em

surdos congênitos e que o córtex visual em cegos pode ser recrutado para

funções auditivas e tácteis. Mas, talvez, ainda mais notável seja saber que o

hemisfério direito, em circunstâncias normais, só possui as mais rudimentares

capacidades lingüísticas e pode ser transformado em um eficiente órgão

lingüístico com menos de três meses de treinamento, sendo a musicalidade a

chave para essa transformação.

Sacks (2007) relatou que existe a ocorrência da representação

cortical com o mapeamento dos tons de uma cóclea com lesão. Se, por exemplo,

as notas de altas freqüências não são mais transmitidas com clareza, essa

representação no córtex reduzirá e se tornará mais estreita e comprimida. Para

esse neurologista, tais mudanças não são fixas e nem estáticas, e uma rica e

variada entrada de informações tonais poderá servir para reexpandir as

representações, pelo menos enquanto durar o estímulo. O autor afirmou que,

quando existe atenção ou concentração para um determinado som, sua

representação cortical é temporariamente ampliada e ele se torna mais nítido,

mesmo que seja por um ou dois segundos. Esse fato ocorre devido às numerosas

conexões eferentes (feixes olivococleares) que vão do cérebro à cóclea; portanto,

as células ciliadas externas, com seu suprimento nervoso eferente, não

transmitem impulsos para o cérebro, mas recebem ordens deste. Daí a

importância de considerar o cérebro e o ouvido como um único sistema funcional,

que tem a capacidade não só de modificar a representação dos sons no córtex,

mas também de modular as informações que saem da própria cóclea. Segundo

esse mesmo autor, a capacidade de ter foco e atenção, identificar sons de fala,

mesmo que em intensidade fraca em meio a um ambiente com ruído, como um

restaurante lotado, é uma tarefa difícil e parece depender da habilidade de

modular a função coclear, bem como de mecanismos puramente cerebrais. A

capacidade da mente e do cérebro para exercer controle eferente sobre a cóclea

pode ser intensificada com treinamento e com atividades musicais. Para

exemplificar isso, o autor relatou o caso de um eminente compositor com idade de

70 anos, portador de perda auditiva nas freqüências altas a partir de 2000 Hertz,

que após ficar três meses sem tocar e compor, começou a perceber que estava

Page 34: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

15

tocando fora do tom, terrivelmente alto e desafinado. Essas variações oscilavam

de um dia para o outro. Por exemplo: a nota mi natural dez notas acima do dó

médio, fora da faixa auditiva que estava prejudicada, era escutado mais baixo em

quase um quarto de tom, mas não ocorria distorção com as notas adjacentes a

esse mi. Com essa queixa, esse paciente começou a pensar na possibilidade de

seu problema estar, na verdade, situado no cérebro, e não nos ouvidos. No início

de sua deficiência auditiva, usou próteses auditivas, adaptando-se muito bem ao

uso diário desses aparatos. Porém, com o início das distorções, preocupou-se,

pois não poderia mais reger. Com isso, precisou fazer algumas adaptações,

criando passagens altas no teclado, abaixo da faixa de distorção e depois anotava

a música na faixa correta. Isso só foi possível porque sua imaginação e memória

musicais estavam intactas. Ele sabia como a sua música e a dos outros deveriam

soar. Era apenas a sua percepção da música que estava distorcida. Esse

fenômeno foi diagnosticado como amusia coclear. Esse paciente não parou de

tocar, reger e compor, apesar da amusia. A grande surpresa foi que, após um

período de trabalho constante, sentiu uma melhora geral, apesar de ainda haver

oscilações diárias. Sempre que percebia que a amusia estava pior, tentava

“corrigi-la” com um esforço de vontade ou tocando a mesma nota uma ou duas

oitavas abaixo para ajudar a “recolocá-la” no lugar exato, chamando esse

exercício de “ginástica músico-neurológica”. Para o autor, o caso desse paciente

mostrou a ressintonização do cérebro do músico que foi capaz de

contrabalancear a lesão coclear com atividade musical intensa, atenção e

vontade. Com esses recursos, ele pode lutar contra as distorções, usando a

plasticidade cerebral para compensar sua lesão.

Page 35: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

16

3.2 Processamento Auditivo Central, Envelhecimento do Sistema Auditivo

e Treinamento Auditivo

A avaliação do processamento auditivo teve início com Bocca

et al. (1954). Esses autores foram os primeiros a avaliar audiologicamente a

integridade do sistema auditivo central, verificando que pacientes com lesões no

lobo temporal queixavam-se de dificuldades de compreensão da fala, apesar de

apresentarem limiares tonais dentro dos padrões de normalidade.

Hirsh (1959) considerou o processamento temporal como

habilidade de realizar uma variedade de tarefas diárias, incluindo percepção de

fala e percepção de música. Na música, relatou que a percepção da melodia

depende da habilidade da pessoa de perceber a ordem de uma seqüência de

notas e determinar qual é a freqüência da nota. Já na fala, é a habilidade de

perceber diferenças entre as palavras, na qual se leva em consideração a

discriminação da duração da consoante e a ordem temporal do final das duas

consoantes em cada palavra. Ex. “boots e “boost”. Relatou, ainda, que

intervalos temporais curtos, como poucos milissegundos, são suficientes para

separar dois sons breves. Nesse caso, o ouvinte refere que existem dois (ao

invés de um) sons. Uma separação longa de tempo entre 15 e 20ms é

requerida para um ouvinte referir corretamente qual dos sons precedeu o outro.

Esse intervalo mínimo é independente de qual tipo de som está sendo

utilizado: curto ou longo, agudo ou grave, de faixa estreita ou larga. Existe

alguma suspeita que, com o aumento do tempo e duração dos sons, o intervalo

mínimo deverá se alterado.

O funcionamento das vias auditivas sob estimulação dicótica é

importante ser conhecido, uma vez que se deseja compreender melhor o

comprometimento das vias auditivas do hemisfério esquerdo ou direito. O termo

dicótico refere-se quando se dá uma apresentação simultânea de estímulos

auditivos diferentes às duas orelhas. O reconhecimento e a repetição de

estímulos lingüísticos eliciam um fenômeno denominado vantagem auditiva

direita, ou seja, respostas mais rápidas e exatas ao reportar estímulos verbais

recebidos pela orelha direita. (Kimura, 1961)

Já quando o reconhecimento de estímulos musicais e de sons

oriundos do meio ambiente elicia uma vantagem auditiva esquerda, respostas

Page 36: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

17

mais robustas e precisas para os sons chegam à orelha esquerda (Curry, 1967;

Kimura, 1967).

De acordo com a convicção de que não existe melhor maneira

de ensinar os ouvintes do que motivá-los e fazê-los ouvir, Bode, Oyer (1970)

realizaram um programa de treinamento auditivo, sem próteses auditivas, em

adultos com perdas auditivas de grau leve, utilizando duas condições de escuta:

uma com ruído tipo borburinho constante numa relação +5, com redução

progressiva da intensidade de apresentação e outra com ruído variável entre +10

e +2 e intensidade de apresentação fixa, e dois tipos de respostas – conjunto

aberto e conjunto fechado. Após o treinamento organizado em cinco sessões com

25 minutos cada, observaram discreta melhora no reconhecimento de fala, sendo

que cada grupo melhorou mais na tarefa na qual foi treinado. Concluíram que o

treinamento auditivo, juntamente com as próteses auditivas, leitura orofacial e

aconselhamento, é aconselhável como modo de reduzir as conseqüências da

deficiência auditiva.

Miltenberg et al. (1978) realizaram um estudo com o objetivo de

determinar o efeito da deficiência auditiva neurossensorial em testes específicos

de processamento auditivo. Para tal, estudaram indivíduos com perdas auditivas

de diferentes graus e configurações audiométricas e verificaram que 77% destes

apresentavam alterações em pelo menos um dos testes aplicados. Destes,

apenas sete não puderam ter sua alteração justificada pelo grau da perda

auditiva, configuração, assimetria entre as orelhas ou habilidade de discriminação

de fala. Concluíram, desta forma, que a bateria de testes escolhida não foi

adequada para isolar o componente central.

Walden et al. (1981) avaliaram os efeitos do treinamento

auditivo de reconhecimento de consoantes em indivíduos adultos, portadores de

perda auditiva neurossensorial com configuração descendente e novos usuários

de próteses auditivas. Foram realizadas 50 horas de terapia em grupo durante

duas semanas, constituídas por sessões de treinamento em leitura orofacial,

aconselhamento e treinamento de reconhecimento de consoantes. Ao final do

programa, foram verificadas melhoras significantes nos testes de reconhecimento

de sentenças e de consoantes, apesar da grande variabilidade observada entre

os pacientes. Alertaram para o fato de não se poder esperar a mesma magnitude

de melhora entre os candidatos ao treinamento auditivo. Os autores concluíram

Page 37: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

18

que a habilidade de reconhecimento de fala pode ser melhorada por meio de

treinamento auditivo em adultos com deficiência auditiva e que o mesmo deve

fazer parte de um programa abrangente de reabilitação audiológica.

Montgomery et al. (1984) descreveram um novo método de

treinamento auditivo-visual para a recepção de fala. A casuística foi composta por

12 indivíduos. O método envolve a apresentação ao vivo simultânea de

componentes visuais e acústicos da fala do terapeuta, na qual o sinal acústico é

degradado sob o controle do terapeuta com um interruptor de voz. Foi realizada

uma avaliação de tarefas de reconhecimento de sentenças com o aspecto

auditivo-visual antes e após o treinamento auditivo. O desempenho do grupo

experimental, que recebeu dez horas de treinamento individual, foi comparado

com o do grupo controle que foi submetido a um programa de reabilitação

audiológica tradicional e com um grupo controle que não recebeu nenhum

treinamento. Os resultados demonstraram que o grupo experimental teve uma

melhora significante em relação ao grupo controle.

Rubinstein, Boothroyd (1987) escreveram sobre os problemas

relacionados aos estudos que envolvem treinamento auditivo. Para esses autores,

incluem: dificuldades em medir os benefícios do treinamento, em controlar as

variáveis e o tempo para executar as pesquisas. Além disso, declararam que a

manutenção das melhoras proporcionadas pelo treinamento auditivo ao longo do

tempo tem sido um aspecto praticamente ignorado pelos pesquisadores. Os

autores submeteram 20 indivíduos adultos portadores de perdas auditivas

neurossensorial de grau leve a moderadamente severo, de origem pós-lingual,

usuários de próteses auditivas, a um programa de treinamento auditivo

organizado em oito sessões de uma hora cada, realizadas durante um mês,

envolvendo atividades de reconhecimento de fonemas, frases e palavras e

orientações e discussões quanto ao desempenho na sessão. Cada indivíduo

serviu como seu próprio controle. Para garantir que as melhoras verificadas

pudessem ser atribuídas ao treinamento, foram realizadas três reavaliações a

cada quatro semanas: a primeira tendo ocorrido antes do início do treinamento, a

segunda logo após o término do programa e a última quatro semanas após o

término do treinamento. Verificaram que o treinamento auditivo resultou em

melhora estatisticamente significante no desempenho de reconhecimento de fala

(melhora de aproximadamente 5%) e que essas melhoras não se perderam após

Page 38: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

19

o término do treinamento; pelo contrário, foi observada uma tendência de

melhora, provavelmente decorrente da plasticidade cerebral. Os resultados desse

estudo demonstraram a necessidade de incluir algum tipo de treinamento auditivo

formal nos programas de reabilitação audiológica de adultos.

Gatehouse (1992) definiu o termo aclimatização como sendo a

melhora no desempenho de reconhecimento de fala em níveis elevados de

intensidade na orelha protetizada em função da amplificação do sinal de entrada

proporcionada pela prótese auditiva. Fez o acompanhamento de indivíduos com

deficiência auditiva neurossensorial bilateral simétrica, adaptados com prótese

unilateral por meio de testes de detecção de gap com ruído, fala com ruído e

logoaudiometria durante 12 semanas. Seus resultados demonstraram que a

orelha protetizada apresentou melhor desempenho entre seis e 12 semanas após

a adaptação, enquanto que a orelha sem prótese sofreu deterioração de

desempenho. Esses resultados foram considerados consistentes com a presença

de aclimatização e privação auditiva de início tardio, respectivamente. A partir

deles, o autor sugeriu que a avaliação sobre o desempenho da prótese auditiva

deveria ser realizada somente após o período de aclimatização.

Kricos et al. (1992) investigaram a eficácia de um programa de

treinamento auditivo para idosos com deficiência auditiva. Para isso, estudaram um

grupo experimental composto por 13 indivíduos que receberam o programa de

treinamento de comunicação por quatro semanas com sessões de uma hora, no qual

foi enfatizada a compreensão do significado geral das mensagens faladas utilizando

pistas lingüísticas e situacionais. O grupo controle, composto por 13 indivíduos, não

recebeu nenhum treinamento. Para a avaliação pré e pós, foi aplicado o HHIE para

avaliar a auto-percepção da restrição de participação em atividades. Foi também

administrado um teste de reconhecimento de fala, que consistia na apresentação de

um vídeo da revisão da lista de testes de sentença diárias do Instituto Central para

surdos. Esse teste tem seis listas que são gravadas em vídeo, apresentadas com um

som competitivo, do tipo burburinho. O estímulo foi apresentado em duas condições:

audiovisual e somente áudio. Os indivíduos tinham que escrever cada sentença

quando o vídeo parava. Os resultados mostraram que os indivíduos do grupo

experimental apresentaram uma pequena, mas significante melhora no

reconhecimento de fala e uma redução na auto-percepção do handicap. Porém,

esses achados não foram estatisticamente significantes.

Page 39: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

20

Schow et al. (1993) relataram que 86% dos audiologistas

americanos oferecem aos seus pacientes serviços de reabilitação, 88% de

adaptação das próteses auditivas com treinamento sobre as mesmas, e somente

23% oferecem treinamento auditivo. Isso demonstra que muitos audiologistas

ainda acham que reabilitação é simplesmente prover próteses auditivas.

Para Machado (1993), a dinâmica de realização dos testes do

processamento auditivo central foi norteada pelas teorias das redundâncias

intrínsecas e extrínsecas. As redundâncias extrínsecas referem-se ao sinal

acústico de entrada e todo o conjunto de características, que favorecem o

processamento da informação, como, por exemplo, intensidade, prosódia, pausa,

ausência de estímulo competitivo. Já as redundâncias intrínsecas dizem respeito

às conexões neurais do sistema nervoso auditivo central (SNAC), que são

ativadas no processamento da informação sonora. A avaliação comportamental

de habilidades de processamento auditivo focaliza as relações entre sinais de

fala, em que se manipulam variáveis de redundância extrínseca e intrínseca.

Gatehouse, Killion (1993) demonstraram que a aclimatização

não ocorre de imediato, mas apenas após a exposição ao ambiente acústico.

Segundo esses autores, o cérebro necessitaria de algum tempo para utilizar a

nova informação acústica, gerada pela prótese auditiva. Esse seria o tempo

necessário para que o indivíduo possa se adaptar com a prótese. Citam algumas

implicações dessas observações para a adaptação de próteses auditivas: os

benefícios advindos do uso da amplificação não emergem de imediato, mas após

a exposição ao ambiente acústico e aumentam com o passar do tempo.

Kimura (1967) descreveram uma teoria chamada estrutural,

que explicaria as vantagens de orelha, tomando como referência a anatomia e a

fisiologia do sistema auditivo. Isso enfatizaria a idéia de que as vias contralaterais

inibiriam as ipsilaterais sob audição dicótica dando à orelha direita acesso

privilegiado ao hemisfério esquerdo, responsável pelo processamento de material

verbal; e à orelha esquerda, acesso direto ao hemisfério direito, responsável pelo

processamento de material não verbal.

Turner et al. (1996) definiram o efeito da aclimatização como

sendo uma mudança sistemática no desempenho auditivo ao longo do tempo, não

tendo uma relação com a mudança da informação acústica disponível para o

indivíduo.

Page 40: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

21

Para Byrnes, Dicks (1996), a aclimatização implica na melhora

da habilidade para utilizar informações acústicas, em conseqüência de

experiências auditivas. Já a privação auditiva significa a ausência ou a redução

dessa experiência, indicando uma diminuição nessa habilidade. O melhor

desempenho nas habilidades está associado à adaptação às próteses auditivas

em indivíduos com deficiência auditiva.

Uma pessoa que possuí um atraso neuromaturacional ou

déficit de integração beneficia-se de exercícios que estimulem o corpo caloso e

melhoram a transferência interhemisférica das informações. Esses exercícios não

precisam ser lingüísticos. Um simples ato de jogar a bola de uma mão para outra,

já está estimulando. Os exercícios de transferências verbal-motor devem ser

utilizados, como, por exemplo, achar um determinado objeto com a mão esquerda

em alguma sacola que a pessoa não pode ver os itens escondidos e exercícios

motor-verbal, no qual a pessoa deverá achar o objeto e verbalizar as

características dele (Bellis, 1996a).

Chmiel, Jerger (1996) estudaram os efeitos da alteração

auditiva central em indivíduos deficientes auditivos idosos. Para tal, aplicaram o

teste Identificação de Sentenças Dicóticas (DSI) e o questionário de auto-

avaliação “Hearing Handicap Inventory for the Elderly” (HHIE). O teste DSI

apresentou alteração tanto na condição de atenção livre como na atenção

dirigida. Com esses resultados, os autores hipotetizaram a presença de uma

alteração auditiva periférica e central, sendo que o desempenho da orelha direita

foi melhor do que o da orelha esquerda. Concluíram que, apesar da amplificação

reduzir os prejuízos relatados tanto pelos pacientes como por seus familiares,

quando a deficiência auditiva coexiste com uma alteração auditiva central, a

melhora na qualidade de vida proporcionada pelo uso da amplificação é menor.

Dessa forma, a distúrbio de processamento auditivo (DPA) pode explicar a

insatisfação com o uso das próteses auditivas, mesmo quando os testes

convencionais apontam um bom prognóstico.

Para Bellis (1996b), o fechamento auditivo treina um indivíduo

a utilizar aspectos intrínsecos e extrínsecos para decifrar o significado geral da

mensagem auditiva que se apresentou truncada ou distorcida por quaisquer que

sejam os fatores: ruído de fundo, dialetos regionais, voz baixa ou uma má dicção

por parte do falante.

Page 41: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

22

A transferência interhemisférica via corpo caloso é empregada

em tarefas que requerem interação entre o processamento da informação em

cada hemisfério. Para isso, podem considerar as seguintes como tarefas para

essas finalidades: descrever uma foto enquanto desenha; cantar uma música e

fazer várias atividades musicais; responder com o lado esquerdo do corpo para

um comando verbal (Musiek, Chermak, 1997).

Para Musiek, Berge (1998), é muito importante entender que a

plasticidade é o fenômeno que possibilita a modificação neural e a mudança no

comportamento proporcionada pelo treinamento auditivo-verbal.

Chermak et al. (1998) afirmaram que a redução da plasticidade

do sistema nervoso adulto implica que as estratégias de reabilitação nesta

população devam enfatizar mais a compensação do que a recuperação.

O treinamento auditivo proposto por Musiek, Schochat (1998)

deve ser realizado com fones, ou em campo livre em cabina acústica, e consiste

de tarefas como:

- Treinamento em freqüência: esta técnica envolve

discriminação de dois tons diferentes (alto e baixo). Os

procedimentos podem ser divididos, como exposto a seguir:

primeira etapa: os sujeitos são orientados a relatarem se dois

tons escutados são iguais ou diferentes; segunda etapa: os

sujeitos devem referir os dois tons ouvidos por freqüência,

alto-baixo ou baixo-alto; terceira etapa: o estímulo é

apresentado com três tons que variam em freqüência, e o

sujeito deve repetir a seqüência correta, por exemplo, Alto (A)

- Baixo (B) - Alto (A), BBA, AAB, e assim por diante. O

intervalo do estímulo possui variação em freqüência, de

acordo com o desempenho do sujeito. O desempenho do

sujeito deve se manter entre 30-80% de acertos. Os

estímulos são apresentados em nível confortável à audição.

- Treinamento em intensidade: a técnica é similar ao

treinamento em freqüência, a mudança ocorre na

intensidade do som apresentado.

- Treinamento Temporal: similar ao treinamento de freqüência

e intensidade, as diferenças ocorrem na duração do som. A

Page 42: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

23

detecção do gap também é utilizada para treinar o

processamento temporal. O treinamento de detecção do gap

consiste em ouvir apresentações de ruído branco com

intervalos de silêncio. Os sujeitos são orientados a

pressionar um botão quando o intervalo for percebido.

- Treinamento dicótico: Diferença dicótica interaural de

intensidade (DIID): esta técnica requer uma assimetria no

desempenho dicótico. O nível de intensidade na melhor orelha

é aumentado, e o nível na pior orelha é mantido (geralmente

em torno de 50 dB NA), até que o desempenho da pior orelha

se aproxime do normal. A melhor orelha recebe menos

intensidade, e seu desempenho diminui, enquanto o

desempenho da pior orelha aumenta. O nível de intensidade

para iniciar o teste é determinado quando a pior orelha atinge

um desempenho próximo ao normal. Usando a variação do

material dicótico, o sujeito escuta e relata o estímulo dicótico.

Um bom desempenho é mantido na pior orelha, enquanto, de

maneira adaptativa, a intensidade na melhor orelha aumenta

gradualmente. Quando ambas as orelhas alcançam

desempenhos perto do normal, o treinamento termina.

- Localização: Os sons são apresentados aos sujeitos dentro da

cabina acústica, em quatro posições: 1 - mensagem de fala em

cada orelha; 2 - mensagem de fala na frente e atrás da cabeça;

3 - mensagem de fala em cada orelha, na posição oposta à

condição um; 4 - mensagem de fala na frente e atrás da cabeça,

na posição oposta à condição dois. Em outras palavras, o

sujeito posiciona a cadeira 90 graus para cada condição de

escuta. Os estímulos são apresentados através de uma caixa

acústica e o estímulo competitivo, através de outra.

- Percepção de fala e treinamento competitivo: Os sujeitos

devem ouvir uma determinada palavra com diferentes tipos de

ruídos competitivos (ruído branco, burburinho e cafeteria) com

variações de fala no sinal/ruído. A relação sinal/ruído para fala

é determinada de acordo com o desempenho do sujeito.

Page 43: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

24

Para Musiek, Schochat (1998) as tarefas utilizadas em um

treinamento auditivo devem ser apropriadas para a idade e o nível de linguagem

do paciente. As tarefas devem ser variadas, por exemplo, trabalhar habilidades

diferentes em uma mesma sessão e propor diversas estratégias para estimular

determinadas habilidades auditivas. O papel do treinamento auditivo na

reabilitação do distúrbio do processamento auditivo é o de melhorar as funções

auditivas mediadas pelo sistema nervoso auditivo central. Para ilustrar essa

afirmação, descreveram o caso de um adolescente com DPA. O paciente

apresentava sensibilidade auditiva normal e os testes especiais revelaram

alteração de grau leve envolvendo dificuldade de reconhecimento de sons verbais

(dígitos) em escuta dicótica, ordenação temporal dos sons (teste de padrão de

freqüência) e no reconhecimento de sons fisicamente distorcidos (fala

comprimida). O adolescente foi submetido a um programa de treinamento auditivo

formal em cabina acústica, organizando em 18 sessões (três sessões/semana,

durante seis semanas), envolvendo atividade de treinamento dos aspectos

acústicos de fala (freqüência, intensidade, duração), treino de escuta dicótica e de

percepção de fala com competição. O grau de exigência variou de sessão para

sessão em função do desempenho do paciente, sendo necessária uma

porcentagem de no mínimo 70% de acertos para passar para a subseqüente fase.

A reavaliação comportamental após o treinamento auditivo demonstrou melhora

em todos os testes, especialmente no teste de fala comprimida. Além disso,

observaram-se melhoras no comportamento e no desempenho escolar. Os

autores puderam concluir que sessões de estimulação intensivas e desafiadoras

foram a chave para alterar o substrato neural do sistema auditivo de uma forma

positiva, demonstrando a existência da plasticidade cerebral.

Taborga-Lizarro (1999) estudou os processos temporais

auditivos em músicos da cidade de Petrópolis e, nesse estudo, propôs testes de

padrão de duração e freqüência envolvendo tons musicais de flauta, variando em

duração e freqüência, respectivamente.

Musiek (1999) revisou três abordagens para a reabilitação dos

distúrbios de processamento auditivo e definiu o treinamento auditivo formal (TAF)

como um conjunto de procedimentos realizado na clínica ou laboratório utilizando

equipamentos eletroacústicos ou computadores sob a coordenação de um

fonoaudiólogo. Esse treinamento é realizado para fornecer estímulos acústicos

Page 44: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

25

específicos e paradigmas de treinamento que podem ser trabalhados pelo

paciente. Citou, como exemplo de atividade, o treinamento em tarefas de

discriminação auditiva, utilizando parâmetros de freqüência, intensidade e

duração. Além disso, enumerou as vantagens e as desvantagens do TAF. Citou o

maior controle das variáveis e a precisão no monitoramento do desempenho do

paciente como uma das vantagens e a dificuldade no deslocamento do paciente,

os custos dos programas disponíveis no mercado e a inadequação do paciente ou

de seu distúrbio ao TAF, como uma das desvantagens enumeradas.

Para Ribeiro (1999), o sistema nervoso central parece funcionar

como o marcapasso do envelhecimento e conduz o ritmo do processamento pelas

mudanças na capacidade de elaborar e integrar os estímulos provenientes do

organismo e ambiente, assim como o de propor a reação adequada. Com o passar

dos anos, ocorre uma diminuição no número de neurônios e na quantidade de

neurotransmissores liberados. Os cinco sentidos tornam-se menos eficientes.

Dentro desse quadro, ocorre a diminuição da sensibilidade auditiva, principalmente

para as freqüências altas, denominada presbiacusia.

Segundo Weinstein (1999), muitos estudos constataram que as

perdas auditivas neurossensoriais em idosos têm como principal conseqüência a

dificuldade para a compreensão de fala. As mudanças no sistema auditivo

periférico ou central e os fatores cognitivos são os responsáveis pelo déficit na

decodificação da mensagem. Para o autor, é importante informar ao paciente que

quanto mais cedo iniciar a reabilitação, maior a probabilidade de atenuar os

efeitos negativos causados pela perda auditiva.

O envelhecimento do sistema auditivo geralmente leva a uma

perda na sensibilidade do limiar e uma diminuição na habilidade de compreender

a fala em intensidade confortável. A perda auditiva na população idosa é uma das

três condições crônicas mais prevalentes, ficando atrás somente da artrite e da

hipertensão. A deteriorização na compreensão de fala entre idosos parece ser

exacerbada quando a tarefa de escuta torna-se difícil por meio de degradação do

sinal de fala. O desempenho no reconhecimento de sentenças diminui

sistematicamente com a idade. Se as sentenças forem apresentadas com

mensagem competitiva ipsilateral, o desempenho é muito pior do que para

monossílabos apresentados no silêncio. Esse resultado pode ser atribuído a um

efeito central do envelhecimento (Bess et al., 2001).

Page 45: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

26

Os efeitos do envelhecimento e do sexo no desempenho de

duas tarefas auditivas para avaliar a transferência interhemisférica foram

estudados por Bellis, Wilber (2001). Nesse estudo, os autores avaliaram 120

indivíduos com audição normal (média de 500, 1000 e 2000 Hz até 25 dBNA) e

sem antecedentes de alterações neurológicas, por meio dos testes dicótico de

dígitos e de padrão de freqüência com tons puros. Os resultados no teste dicótico

de dígitos mostraram que: o desempenho foi pior com o aumento da idade, houve

presença de vantagem da orelha direita e que a diferença entre o desempenho da

orelha direita e esquerda foi maior com o avanço da idade. Já no teste de padrão

de freqüência, observaram que o desempenho foi pior à medida que a idade

avançou; e que o desempenho foi melhor para o “humming” do que para a

nomeação.

O treinamento auditivo, por representar experiências auditivas

específicas que exercitam e buscam aprimorar as habilidades auditivas, pode ser

um agente facilitador do processo de reconhecimento da fala. Sabe-se que o

treinamento auditivo melhora a percepção de sinais acústicos complexos como a

fala e que um dos fundamentos dessa prática é a plasticidade do sistema nervoso

auditivo central (Schochat et al., 2002).

Musiek et al. (2002) descreveram algumas tarefas que devem

fazer parte do programa de treinamento auditivo:

- Processamento temporal - identificação, imitação ou

produção de padrões com diferentes durações e freqüências.

- Discriminação auditiva - discriminação dos parâmetros de

freqüência, intensidade e duração de estímulos tonais.

- Fechamento auditivo - treinamento auditivo na presença de

modificação física do estímulo.

- Integração binaural - atentar a dois estímulos diferentes

apresentados um em cada canal auditivo.

- Separação binaural - dirigir a atenção para um dos canais

auditivos.

- Vigilância auditiva - treinamento de atenção sustentada.

Os autores ainda citaram, como fator relevante para o bom

resultado da estimulação, que o esforço e a motivação do paciente para realizar

Page 46: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

27

as tarefas são elementos chave para maximizar a possibilidade de plasticidade.

Por isso, sugeriram que a mesma seja garantida por meio de reforço positivo e

tarefas desafiadoras.

Chermak, Musiek (2002) afirmaram que o objetivo principal do

treinamento auditivo formal é melhorar o processamento de fala. O interesse em

relação ao treinamento auditivo formal foi reavivado a partir das pesquisas que

demonstraram a existência da plasticidade do sistema nervoso auditivo central.

Os autores recomendaram uma avaliação completa das condições auditivas do

paciente antes da implementação do programa de treinamento auditivo formal.

Citaram as principais características que um programa de treinamento auditivo

formal deve conter: diferentes estímulos para treinar os processos auditivos,

tarefas que sejam apresentadas sistematicamente e sejam gradualmente mais

complexas, o início das atividades com tarefas de detecção e discriminação para

posteriormente realizar atividades que envolvam identificação, reconhecimento e

produção, múltiplas sessões relativamente curtas durante a semana (entre cinco e

sete sessões com duração de 15 a 30 minutos).

Kiessling et al. (2003) descreveram a audição como um

elemento crítico da interação comunicativa, mas que a audição sozinha não

garantiria a comunicação. Existe uma série de componentes fundamentais para

esse processo, que se inicia com a audição e é concluída com a comunicação.

Entre a audição e a comunicação existem importantes habilidades, como a escuta

e a compreensão.

Soncini et al. (2003) avaliaram 100 indivíduos a fim de verificar

a interferência do envelhecimento do sistema auditivo no reconhecimento de fala.

Concluíram que o processo de envelhecimento do sistema auditivo é um fator que

interfere no reconhecimento de fala no silêncio e no ruído, mesmo quando a

audição periférica é normal.

Chisolm et al. (2003) definiram a presbiacusia como a perda de

audição causada pelo envelhecimento. A perda auditiva relativa à idade é definida

como o prejuízo auditivo associado a vários tipos de disfunções auditivas,

periférica e central, que acompanham a idade, não incluindo traumas acústicos,

genéticos e outras etiologias.

Para Bellis (2003a), a deficiência auditiva periférica distorceria

o sinal de entrada com o qual o SNAC precisa trabalhar. Além disso, o sistema

Page 47: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

28

nervoso nos níveis corticais e subcorticais sofreriam modificações estruturais e

funcionais em decorrência da perda auditiva. A autora ressaltou a importância da

cautela na escolha dos testes especiais para avaliar o processamento auditivo na

presença de perda auditiva periférica. No entanto, recomendou que, se um déficit

do processamento auditivo for identificado em indivíduo com perda auditiva,

devem-se incluir atividades de treinamento auditivo.

Para Bellis (2003b), nesses casos é importante a realização da

avaliação audiológica básica com pelo menos um teste de processamento

auditivo, preferencialmente um teste dicótico, pois o mesmo permite inferir sobre

os hemisférios direito e esquerdo e a transferência inter-hesmisférica. O teste que

sugeriu é o teste dicótico de dígitos, pois é de aplicação rápida, pouca demanda

lingüística e resistência à perda auditiva periférica.

Shinn em 2003 definiu o processamento auditivo temporal

como a percepção do som ou da alteração do som dentro de um período restrito e

definido de tempo. A autora divide o processamento auditivo temporal para

eventos acústicos em quatro categorias: ordenação temporal ou seqüencial,

resolução temporal ou discriminação, integração temporal e mascaramento

temporal. A ordenação temporal é o processamento de estímulos auditivos

múltiplos na ordem de ocorrência. Torna-se mais complexa à medida que

aumenta o número de estímulos, a forma como a seqüência é apresentada

(simultaneamente ou continuamente), a tarefa a ser desempenhada e a

quantidade de treinamento. Isto é exercitado em treinos de padrão de duração e

freqüência. A resolução temporal é uma habilidade do processamento auditivo

temporal que se refere a um mínimo tempo requerido para a pessoa discriminar

entre dois eventos acústicos. Para sons curtos, isso significa de 2 a 3

millisegundos. Integração temporal é o resultado da somação da atividade

neuronal, resultante de uma adicional duração de energia sonora no qual o sujeito

deve detectar sinais fracos em um ruído de fundo ou no silêncio. E mascaramento

temporal é a mudança de limiar de um som na presença de outro estímulo

subseqüente.

Sweetow, Henderson-Sabes (2004) produziram um programa

interativo de computador, chamado “Listening and Auditory Communication

Enhancement” (LACE), para ser utilizado em casa pelos usuários. Para os

autores, um programa de treinamento auditivo deve:

Page 48: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

29

- ter um bom custo-benefício;

- ser fácil, divertido, e com algum sistema de recompensa

para individual;

- ser prático e acessível;

- passível de verificação;

- ter abordagens sintética e analítica;

- prover ao paciente um retorno do seu progresso.

Sweetow, Henderson-Sabes (2004) utilizaram um modelo

(Figura 2) para propor um mecanismo de retorno positivo e negativo. Esse modelo

demonstra que a audição se inicia com o acesso a informação acústica

necessária. Em seguida, a escuta, a compreensão e a comunicação interagem

entre si de tal maneira que, se as habilidades de escuta são pobres, a

comunicação é diretamente afetada, mesmo que a audição esteja boa.

Inversamente, se ocorre um uso apropriado da lingüística, de pistas acústicas e

de recepção efetiva, a informação é transmitida resultando em uma boa

comunicação, com reparo de estratégias e, conseqüentemente, a escuta será

melhor encorajada.

Figura 2 - Elementos do modelo de retorno da comunicação [Fonte: Sweetow, Henderson-Sabes, 2004]

Page 49: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

30

Recentes descobertas no campo da neurociência sugeriram

que habilidades auditivas podem ser melhoradas com treinamento auditivo (Fu et

al., 2005; Amitay et al., 2005).

Sweetow, Palmer (2005) realizaram uma importante revisão

sistemática de evidências sobre a eficácia do treinamento auditivo individual em

adultos. No estudo preliminar identificaram 213 artigos relacionados ao tema,

sendo que 171 foram eliminados pela revisão dos resumos, pois não estavam de

acordo com os critérios da pesquisa. 42 artigos foram revisados e encontraram

seis que estavam de acordo com os critérios da pesquisa. Foram analisados os

pontos fortes e fracos de cada estudo. O Quadro 1 descreve as categorias

utilizadas para a extração dos dados dos estudos.

Page 50: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

31

Quadro 1 - Revisão de investigações de treinamento auditivo que

encontraram revisão sistemática incluindo critérios

Qu

ad

ro 1

-

Rev

isã

o d

e i

nv

es

tig

ões

de

tre

inam

en

to a

ud

itiv

o q

ue

en

co

ntr

ara

m r

ev

isã

o s

iste

máti

ca

in

clu

ind

o

cri

téri

os

[Fo

nte

: S

weeto

w, P

alm

er

(2005)]

Re

ferê

nc

ia

Tip

o

Inte

rve

ão

T

este

s

Re

su

lta

do

s

Co

me

ntá

rio

s

Bo

de

, O

yer

(19

70

) -

An

tes/d

ep

ois

co

m

gru

po

co

ntr

ole

-

TA

em

2 c

ond

içõe

s

- C

ID W

-22

-

Os p

acie

nte

s d

eve

m

rece

be

r o m

esm

o

tre

ina

me

nto

do

s t

este

s

ap

licad

os

- P

equ

eno

n,

o r

and

om

iza

do

, n

ão

ceg

o s

em

seg

uim

en

to

- T

A n

o m

esm

o d

ia d

evid

o

ind

ispo

nib

ilid

ad

e d

os p

acie

nte

Wa

lde

n e

t a

l. (

19

81

) -

RC

T

- R

A s

ozin

ho

-

RA

+ T

V

- R

A +

TA

- R

econ

he

cim

ento

a

ud

itiv

o e

vis

ua

l d

e

co

nso

an

tes

- R

econ

he

cim

ento

AV

de

se

nte

nça

s

- T

odo

s o

s g

rupo

s

me

lho

rara

m c

om

o tre

ina

m

en

to. O

gru

po

co

m T

A

fora

m m

elh

ore

s q

ue o

s d

e

RA

- N

ão

ce

go

, p

op

ula

ção

de

ve

tera

no

s,

se

m s

egu

ime

nto

-

se

xo m

ascu

lino

Kri

co

s e

t a

l. (

199

2)

- R

CT

co

m p

ré e

s

ava

liaçã

o d

os te

ste

s

- T

rein

am

en

to 4

se

ma

na

s 2

x s

em

an

as 1

ho

ra o

u s

em

tr

ein

am

en

to

- H

HIE

-

Re

con

he

cim

ento

de f

ala

e

m v

ária

s R

S/R

- R

ed

ução

sig

nific

an

te d

a

au

to-p

erc

epção

do

h

an

dic

ap

aud

itiv

o e

me

lho

ra

no

re

con

he

cim

ento

de

fa

la

no

gru

po

co

ntr

ole

e

expe

rim

en

tal

- N

ão

ce

go

, se

m r

eto

rno

co

m

tre

ina

me

nto

, se

m te

ste

s d

e

aco

mpa

nha

me

nto

Mo

ntg

om

ery

et

al. (

19

84

) -

RC

T c

om

pré

e p

ós

ava

liaçã

o d

os te

ste

s

- T

rein

am

en

to (

50

h)

- G

C c

om

AR

ma

s S

em

AV

-

Gru

po

co

m a

ud

içã

o

No

rma

l

- R

econ

he

cim

ento

A

V d

e s

en

ten

ças

- G

rupo

expe

rim

en

tal

me

lho

rou

ma

is n

as ta

refa

s

aud

iovis

ua

is q

ue

o g

rup

o

co

ntr

ole

- N

ão

ce

go

, se

m t

rein

am

ento

e

xclu

siv

am

ente

aud

itiv

o,

se

m

se

gu

ime

nto

, po

pu

laçã

o

ve

tera

na

Ru

be

nste

in,

Bo

oth

royd

(1

98

7)

- A

nte

s/d

ep

ois

se

m

gru

po

co

ntr

ole

-

Tre

ino

sin

tético

-

Tre

ino

sin

tético e

ana

lítico

-

81

h s

essõe

s in

div

idu

ais

a

cim

a d

e 4

se

man

as

- N

ST

-

SP

IN

- E

feito

do

tre

ina

men

to s

em

sig

nific

ân

cia

-

O g

anh

o a

dqu

irid

o p

elo

s

do

is g

rupo

s n

ão

fo

i p

erd

ido

n

o m

ês s

egu

inte

do

tr

ein

am

en

to

- N

ão

ce

go

, p

eq

ue

no

n,

se

m

gru

po

co

ntr

ole

, se

m r

eto

rno

co

m t

rein

am

en

to

Kri

co

s,

Ho

lme

s (

19

96

) -

An

tes/d

ep

ois

co

m

gru

po

co

ntr

ole

-

Tre

ina

men

to a

na

lítico

-

Tre

ina

men

to a

tivo

1 h

, 2

x

se

ma

na

, a

cim

a d

e 4

se

ma

na

s

- S

em

tre

ina

me

nto

- C

ST

-

HH

IE

- C

PH

I

- S

om

en

te 3

esca

las d

o C

PH

I te

ve a

ch

ad

os s

ign

ific

an

tes

- G

rupo

co

m t

rein

am

en

to

ativo

fo

i m

elh

or

qu

e o

gru

po

co

ntr

ole

- V

ariab

ilid

ad

e d

os s

uje

ito

s

imp

acta

m a

hab

ilid

ad

e d

e

ana

lisa

r o

s d

ado

s, n

ão

ce

go

, to

tal de

8 h

ora

s d

e

tre

ina

me

nto

acim

a d

e 3

0 d

ias,

se

m s

eg

uim

en

to

RA

= R

eabili

tação a

udio

lógic

a; A

V =

auditiv

o-v

isual; C

ID-

W-2

2 =

Centr

al In

stitu

te f

or

the d

eaf

word

lis

t; C

PH

I =

Com

munic

ation P

rofile

for

the h

ea

ring im

pair

ed;

CS

T =

Connect

Speech T

est;

H

HIE

= H

eari

ng H

andic

ap I

nvento

ry f

or

the e

lderly; M

- R

hym

e test

= m

odifie

d r

hym

e test;

NS

T =

nonsense s

yllable

test;

RC

T =

random

ized c

ontr

olled t

rial; S

PIN

= s

peech in n

ois

e t

est

Page 51: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

32

Com base nessa revisão, os autores verificaram que os

estudos utilizaram três testes relacionados ao reconhecimento de consoantes,

oito avaliações relacionadas à percepção de fala com formatos variando de

palavras a sentenças e duas avaliações de auto-percepção da restrição de

participação. Em dois estudos (Bode, Oyer, 1970; Walden et al., 1981) das três

investigações que incluíram treinamento auditivo analítico, observaram-se

melhora significante em pelo menos um teste de avaliação no pós-treinamento,

quando comparado com o pré-treinamento ou o grupo controle. Em dois

(Montgomery et al., 1984; Rubinstein, Boothroyd, 1987) dos três estudos que

incluíram treinamento auditivo sintético, verificou-se uma melhora significante em

pelo menos um teste de avaliação pós-treinamento. Um estudo combinou

treinamento auditivo analítico e sintético (Rubinstein, Boothroyd, 1987) e foi

constatado que, quando os treinamentos são combinados, ou seja, somente

sintético e sintético com analítico, produziriam melhora significativa na

compreensão de sentenças quando comparados com avaliações pré-teste. Os

autores concluíram que a inclusão do treinamento analítico não agregaria valor

aos resultados. De acordo com os autores, essa revisão sistemática não forneceu

evidências no que se refere à efetividade do treinamento auditivo individual. No

entanto, existe alguma evidência para dar suporte a essa efetividade. Alguns

estudos demonstraram que as habilidades de reconhecimento de fala,

principalmente no ruído, poderiam obter alguma melhora pela intervenção de um

treinamento sintético. Uma vez que esses dados são evidentes e que existe a

plasticidade neuronal nos adultos, os autores questionaram porque o treinamento

auditivo não é um componente universal na reabilitação audiológica. Uma das

razões é o valor cobrado para realizar sessões individuais. Com isso, ficaria

evidente que é necessário criar terapias com um bom custo-benefício, tanto para

o audiologista quanto para o paciente. Citaram, ainda, que a solução seria criar

um programa de reabilitação computadorizada.

Sanchez, Alvarez (2006) conceituaram de maneira didática o

processamento auditivo como um conjunto de habilidades específicas das quais o

indivíduo depende para compreender o que ouve. É uma atividade mental, isto é,

uma função cerebral e, assim sendo, não pode ser estudada como um fenômeno

unitário, mas sim como uma resposta multidimensional aos estímulos recebidos

por meio da audição.

Page 52: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

33

Os efeitos da idade nas habilidades cognitivas, como a

velocidade de processamento, memória de trabalho, e controle executivo criam

um efeito devastador adicional na compreensão de fala em situações de ruído

(Pichora-Fuller, Singh, 2006).

Gil (2006) aplicou um programa de treinamento auditivo formal

em adultos portadores de perdas auditivas neurossensoriais de grau leve a

moderado, usuários de próteses auditivas intra-aurais. Para isso utilizou testes

comportamentais para avaliar a função auditiva central, o questionário de auto-

avaliação APHAB e a captação do potencial de longa latência P300. Avaliou 14

sujeitos, que foram divididos em dois grupos: sete com treinamento auditivo

formal em cabina e sete sem nenhum treinamento auditivo. Os indivíduos do

grupo experimental foram submetidos a um programa de treinamento auditivo

formal em cabina acústica com próteses auditivas, organizado em oito sessões de

45 minutos. O objetivo do treinamento foi treinar as habilidades auditivas de

fechamento auditivo, figura-fundo para sons verbais e não verbais e ordenação

temporal dos sons (aspectos de freqüência e duração). Concluiu que o

treinamento auditivo formal em adultos usuários de próteses auditivas possibilita:

a redução na latência do P300; a adequação das habilidades auditivas de

memória para sons verbais e não verbais em seqüência, fechamento auditivo e

figura-fundo para sons verbais; maior benefício com o uso das próteses auditivas

em ambientes ruidosos e reverberantes.

Megale (2006) realizou um estudo com objetivo geral de

verificar a efetividade do treinamento auditivo em idosos novos usuários de

próteses auditivas, quanto ao benefício no processo de adaptação. A casuística

era composta de 42 indivíduos portadores de perdas auditivas neurossensoriais

de grau leve a moderado, com idades entre 60 e 90 anos, novos usuários de

próteses auditivas bilaterais, distribuídos em dois grupos. O grupo experimental

foi submetido a um programa de treinamento auditivo em cabina acústica durante

seis sessões. Ambos os grupos foram avaliados com os testes de Fala com

Ruído, Escuta com Dígitos sem próteses (1ª avaliação) e quatro semanas (2ª

avaliação) após a adaptação das próteses. A análise dos resultados mostrou uma

diferença estatisticamente significante para as duas avaliações. Nos resultados

obtidos através do teste de Fala com Ruído, no grupo experimental observaram-

se valores médios de acertos de 68,9% para a 1ª avaliação (sem prótese) e de

Page 53: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

34

79,9% para a 2ª avaliação, cujas diferenças foram estatisticamente significantes.

Já para o grupo controle, as médias de acertos obtidos foram 66,8% para a 1ª

avaliação e 68,9% para a 2ª avaliação, resultados não significantes

estatisticamente. Assim, verificaram-se diferenças estatisticamente significantes

entre os grupos na 2ª avaliação (com próteses), após a realização do treinamento

auditivo com o Grupo Experimental. A autora concluiu que o programa de

treinamento auditivo em cabina acústica foi efetivo com relação ao benefício

durante o processo de adaptação das próteses auditivas.

Soncini, Costa (2006) realizaram um estudo com o objetivo de

verificar se o treinamento auditivo proporcionado pela prática musical é um fator

que exerce influência na habilidade de reconhecer a fala no silêncio e no ruído.

Avaliaram 55 indivíduos sem experiência musical (não músicos) e 45 indivíduos

que atuavam como músicos profissionais em bandas militares há, no mínimo,

cinco anos (músicos). Todos os indivíduos eram militares, do sexo masculino,

normo-ouvintes, e com idade variando entre 25 e 40 anos. Para esse estudo foi

utilizado o teste de Listas de Sentenças em Português (LSP), em que foi

pesquisado o Limiar de reconhecimento de sentença no silêncio (LRSS) e o limiar

de reconhecimento de sentenças no ruído (LRSR) a partir do qual foi calculada a

relação sinal/ruído (S/R). Os resultados demonstraram que não houve diferenças

significantes entre os valores médios obtidos para o LRSS. Porém, foram

constatadas diferenças estatisticamente significantes entre os valores médios

obtidos para as relações S/R. Sendo assim, os autores chegaram à conclusão

que no silêncio, músicos e não músicos apresentaram desempenhos

semelhantes, porém, em tarefas de reconhecimento de sentenças apresentadas

diante do ruído competitivo, músicos apresentaram melhores desempenhos,

indicando que a prática musical é uma atividade que melhoraria a habilidade de

reconhecimento da fala, quando esta ocorre diante de ruído.

Nunes, Frota (2006) desenvolveram um CD-Rom, um software

chamado Audio Training. Este material foi produzido com o objetivo de apoiar o

fonoaudiólogo no atendimento de crianças e adultos com distúrbios do

processamento auditivo. Para o uso desse material é necessário um

microcomputador, fones de ouvido, microfone, caixas acústicas e “mouse”.

Miranda (2007) estudou a eficácia de um programa de

treinamento auditivo formal em idosos portadores de perdas auditivas

Page 54: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

35

neurossensoriais de graus leve a moderadamente severo bilateral, usuários de

próteses auditivas intra-aurais, e que se encontravam em diferentes períodos do

processo de adaptação de próteses auditivas (aclimatização e após

aclimatização). O grupo I foi composto de 13 idosos adaptados há mais de três

meses (pós-aclimatização) e o grupo II foi composto com idosos recém adaptados

com próteses auditivas (período de aclimatização). Para a realização do estudo

utilizou testes de reconhecimento de fala e questionário de auto-avaliação.

Concluiu que o programa de treinamento auditivo em cabina acústica, associado

ao uso de próteses auditivas, melhora o desempenho das habilidades de

reconhecimento de fala e reduz a restrição de participação de idosos usuários de

próteses auditivas intra-aurais, independentemente do tempo de adaptação ao

uso da amplificação.

Segundo Sacks (2007), a capacidade de ter foco e atenção,

identificar sons de fala, mesmo que esteja em intensidade baixa em meio a um

ambiente com ruído, como um restaurante lotado, é uma tarefa difícil e

impressionante, e parece depender dessa capacidade de modular a função

coclear, bem como de mecanismos puramente cerebrais. A capacidade da mente

e do cérebro para exercer controle eferente sobre a cóclea pode ser intensificada

com treinamento e com atividades musicais.

Para Henderson-Sabes, Sweetow (2007), as habilidades

cognitivas não podem ser restauradas simplesmente com a adaptação de

próteses auditivas, mesmo que sejam de alta tecnologia. A maioria dos adultos e

idosos portadores de perdas auditivas demora a se tornar usuários de próteses

auditivas. Este período de demora é mais que o suficiente para iniciar um

processo de privação auditiva e desenvolver maus hábitos auditivos

compensatórios. Esses autores consideraram que com a combinação das

influências dos aspectos periféricos, centrais e comportamentais, é irreal esperar

que indivíduos, especialmente idosos novos usuários de próteses auditivas e sem

treinamento sejam capazes de sintetizar e compreender pistas auditivas parciais.

Todas as pistas que regem o processamento temporal, como

duração, intervalo e ordem de diferentes padrões são importantes para a

percepção da fala e da música, uma vez que a estrutura destes dois eventos

apresenta-se como rápidas mudanças do sinal acústico (Mulsow, Reichmuth,

2007).

Page 55: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

36

A habilidade de perceber ou diferenciar estímulos que são

apresentados numa rápida sucessão constituem o que se chama de

processamento auditivo temporal (Samelli, Schochat, 2008).

Gielow (2008) desenvolveu um material composto por dois CDs,

direcionado mais para um público infantil devido ao estilo de músicas que o compõe.

É um material versátil, uma vez que o usuário pode variar as músicas e compor os

exercícios de maneira que melhor convier. O desenvolvimento desse material foi

direcionado para o treinamento auditivo nos distúrbios do processamento auditivo.

O processamento auditivo central ou processamento

neurológico da informação recebida via audição pode ser entendido como

detectar um evento acústico e codificar em um padrão de informação neural que

será transformado em uma imagem mental conscientizada, a qual passará por

seleção, organização, classificação e armazenamento para propiciar assimilação

e transformação de um conhecimento (Pereira, Dias, 2009).

3.3 Instrumentos de Avaliação: Testes de Fala no Ruído e Questionários de

Auto- avaliação

Testes de Fala no Ruído

Tillman et al em 1970 mostraram que pessoas com audição

normal testadas em condições de relação sinal ruído (R S/R) de - 5dB podem

acertar 50% de uma lista de palavras e entender cerca de 95% de sentenças, ou

seja, necessitam que a fala esteja 9 dB acima do ruído. Já um indivíduo com

presbiacusia necessita de uma relação sinal-ruído (R S/R) de +9 dB para

entender o mesmo percentual de palavras e sentenças.

Já Pearson et al (1976) demonstraram que, uma vez que o

ruído exceda 60 dBNPS (deciBel nível de pressão sonora), quase todas as

conversas normais mantém uma R S/R entre -5dB e +5dB. São poucas as

situações de conversa que ficam abaixo de uma R S/R de -5dB.

Os estudos nessa área continuaram a ser desenvolvidos e Plomp,

Minpen (1979) contribuíram com uma nova pesquisa que correlacionou o decréscimo

da intensidade e a R S/R correspondente para que se atinja 70% da inteligibilidade

de fala. A R S/R determinada nesse estudo foi de -5dB para essa porcentagem.

Page 56: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

37

Nilson et al. (1994) desenvolveram e padronizaram um teste de

sentenças para determinar o limiar de reconhecimento de fala para sentenças,

com e sem ruído competitivo [“Hearing in Noise Test” (HINT)]. O material de teste

constitui-se de 250 sentenças de mesma extensão (seis a oito sílabas) e grau de

dificuldade, que incluem palavras monossílabas e polissílabas, agrupadas em

listas foneticamente balanceadas, contendo 10 sentenças cada. A sentença é

computada como sendo correta ou incorreta, com pequenas exceções para

substituições de artigos ou tempos verbais. O ruído utilizado tem o mesmo

espectro das sentenças. Os autores concluíram que o HINT permite avaliar a

habilidade de reconhecimento de fala do indivíduo no ruído, sendo, portanto, o

melhor indicador dos distúrbios de comunicação causados pela deficiência

auditiva.

Os testes de fala no ruído são utilizados para verificar o

reconhecimento de fala na presença de mensagem competitiva com o objetivo de

evidenciar a presença de disfunção auditiva central. Para realizar tal verificação,

mede-se a função desempenho-intensidade para vocábulos, geralmente

monossilábicos ou sentenças, em diferentes níveis de intensidade. Podem ser

realizados diferentes tipos de ruído, como por exemplo: branco, cafeteria, rosa,

burburinho, entre outros (Pereira, Schochat, 1997).

Killion (1997) diferenciou a relação sinal-ruído (R S/R) de perda

de R S/R. Nesse artigo, o autor relata que a queixa tão conhecida dos pacientes “Eu

posso ouvir, mas não posso entender”, é devido ao indivíduo possuir uma perda de R

S/R. E define essa terminologia como sendo a perda da habilidade de compreensão

de fala numa R S/R utilizada por indivíduos com audição normal.

Com o intuito de avaliar a habilidade de comunicação do

indivíduo, Costa (1998) desenvolveu um instrumento para avaliar o limiar de

reconhecimento de fala das pessoas na presença de um ruído, denominado

Listas de Sentenças em Português. O teste é composto por sete listas, formadas

por dez sentenças foneticamente balanceadas cada uma, com período simples,

cuja extensão varia de quatro a sete palavras por sentença. As sete listas,

denominadas 1B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B e 7B, foram gravadas em formato digital por

um locutor do sexo masculino. A fim de possibilitar a avaliação da habilidade de

reconhecer a fala também na presença de ruído competitivo, um ruído com

espectro de fala foi desenvolvido. Este ruído foi gerado a partir da gravação das

Page 57: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

38

vozes de 12 pessoas, seis do sexo masculino seis do sexo feminino, as quais

produziram oralmente 25 sentenças que contém uma amostra representativa dos

fonemas da língua portuguesa. Este procedimento resultou em um ruído com uma

faixa de freqüência de 0,33 Hz a 6,216 Hz. Entretanto, este som de vozes não

poderia ser usado em pesquisa da forma como havia sido gravada, por não ser

um som contínuo, que mantivesse sempre as mesmas características ao longo do

tempo. Foi realizada, então, a filtragem de um ruído branco, a partir das

características espectrais do som gerado pelas vozes das 12 pessoas, o que

resultou em um ruído contínuo, com espectro similar ao das sentenças. A autora

acredita que este material possibilita a obtenção de dados qualitativos importantes

sobre a comunicação dos indivíduos avaliados, de forma prática e confiável.

Tanimoto, Cimonari (2002) compararam o desempenho de

indivíduos idosos no reconhecimento de sentenças em ambiente silencioso e com

ruído competitivo, levando em conta as variáveis, sexo, faixa etária, queixa auditiva,

perda auditiva em freqüências baixas ou altas e as listas de sentenças. Foram

avaliados 18 indivíduos com idades entre 60 e 83 anos. Os estímulos de fala

empregados foram sentenças (Costa, 1998) apresentadas em um nível fixo de

intensidade de 40 dBNPS, com um ruído competitivo na relação sinal/ruído de 0 e -5

dB. Resultados indicaram que quando a relação sinal ruído era 0, os resultados

foram melhores aos da relação sinal/ruído -5, para todos os sujeitos da pesquisa.

Iorio, Matas (2003) ressaltaram que os testes de

reconhecimento de fala são muito importantes no processo de seleção e

adaptação de próteses auditivas, tanto para avaliar o desempenho social do

paciente em situações cotidianas, como para determinar de que maneira a

prótese auditiva permite ao seu usuário receber as informações acústicas da fala.

Para verificar o desempenho do usuário de uma prótese

auditiva, Almeida (2003) ressaltou que um teste de reconhecimento de fala deve

ser criteriosamente selecionado e representativo das situações de comunicação

diária, introduzindo-se ruído competitivo na avaliação. De acordo com a autora,

pesquisas têm demonstrado que o melhor material para avaliar o reconhecimento

de fala do usuário de uma prótese auditiva é a utilização de sentenças ao invés

de palavras isoladas.

Freitas et al (2005) verificaram a confiabilidade dos limiares de

reconhecimento de sentenças no silêncio e na presença de ruído em um grupo de

Page 58: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

39

indivíduos jovens normo-ouvintes. O grupo foi constituído por 40 sujeitos, 20 do

sexo masculino e 20 do sexo feminino, com idades entre 18 e 28 anos, todos com

limiares de audibilidade dentro dos padrões de normalidade. Foi realizada a

pesquisa do limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio (LRSS) e no ruído

(LRSR). Os resultados demonstraram correlação positiva forte, estatisticamente

significante, entre o teste-reteste dos LRSS e entre as relações sinal-ruído (R

S/R) obtidas. Ao término desse estudo, os autores concluíram que os LRSS e as

R S/R, obtidas a partir do Teste Listas de Sentenças em Português,

demonstraram-se altamente confiáveis quando foram comparados os resultados

obtidos em diferentes sessões de avaliação em um grupo de indivíduos jovens

normo-ouvintes.

Soli, Wong (2008), em um artigo sobre a avaliação da

inteligibilidade de fala no ruído com o teste HINT, descreveram o termo

relação sinal – ruído (R S/R) como sendo uma propriedade física da fala e do

ruído, e que é totalmente manipulada nos testes de fala no ruído. Isso

funciona como uma variável independente nos estudos de inteligibilidade de

fala no ruído. Esses autores descrevem dois tipos comuns de tarefas

geralmente utilizadas para mensurar a inteligibilidade. A primeira com uma R

S/R fixa e a segunda com uma R S/R adaptativa. Os resultados de uma tarefa

fixa são expressos em percentual e as adaptativas em R S/R para o limiar de

inteligibilidade. Enquanto para as tarefas fixas o sinal e o ruído têm que estar

em uma intensidade fixa, para as adaptativas somente um dos dois tem que

ser fixos. Esses mesmos autores relataram que o teste HINT é composto por

tarefas adaptativas e que desde a sua concepção é considerada a R S/R de -

5dB para obtenção de 70% de inteligibilidade de fala na língua inglesa, em

situações ruidosas. Para atualizar esses dados, o HINT foi aplicado em

diversos idiomas. Para isso foi obtido o limiar de reconhecimento de sentença

no ruído (LRSR) em três condições: ruído vindo de frente (0º), ruído vindo do

lado direito (90º) e ruído vindo do lado esquerdo (270º), sendo que a fala

estava fixa em 0º para as três condições. Essas diferentes fontes de ruídos

foram desenvolvidas com materiais de fala e ruído com filtros que pudessem

ser apresentados em fones TDH50. Esse material foi obtido com

mensurações realizadas no KEMAR (cabeça de um boneco que simula a

cabeça humana) a um metro de distância.

Page 59: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

40

No idioma inglês, esse teste foi aplicado por Vermiglio (2008)

que demonstrou novos valores necessários de R S/R para obter diferentes

porcentagens de inteligibilidade de fala no ruído. Em sua pesquisa concluiu que

para 50% e 70% de inteligibilidade, a relação sinal ruído necessária é de -2,6 dB e

-3,1 dB, respectivamente. Já para o idioma português, Bevilacqua et al (2008)

utilizaram essa mesma metodologia e constataram que para obter essa mesma

porcentagem de inteligibilidade de fala no ruído seria necessário uma R S/R de -

4,6 dB para 50% e -5,0 dB para 70%. Nessas duas pesquisas o ruído foi

considerado a 0º Azimute.

Questionários de Auto-Avaliação

Weinstein et al. (1986), consideraram que antes de traçar os

objetivos da reabilitação audiológica é extremamente importante avaliar o impacto

da perda auditiva quanto aos aspectos psicossociais e de comunicação por meio

de instrumentos de auto-avaliação. Esses instrumentos, se destinados a idosos,

devem ser curtos, compostos de poucos itens, porém contendo questões

importantes para a avaliação das restrições de participação. Devem ser aplicados

face a face sob a forma de entrevista.

Ross (1987) mostrou que o uso de instrumentos de auto-

avaliação é necessário para definir as necessidades reabilitativas dos pacientes.

Muller, Hall (1998) apresentaram algumas razões para

utilizar tais questionários em todos os candidatos ao uso de próteses auditivas:

a) aprender mais sobre a restrição de participação de comunicação do

paciente; b) determinar se o indivíduo é candidato ao uso de próteses

auditivas; c) comparar o desempenho sem e com próteses auditivas; d)

comparar diferentes tipos de circuitos ou diferentes próteses auditivas; e)

acompanhar o desempenho sem e ou com próteses auditivas ao longo do

tempo; f) avaliar diferentes tipos de estratégias e monitorar, indiretamente, o

desempenho de diferentes profissionais.

Dentre os inúmeros questionários de auto-avaliação da

restrição de participação em atividades de vida diária (AVDs) em indivíduos

idosos, pode-se citar como os mais utilizados, os seguintes instrumentos:

Page 60: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

41

a) “Self-Assessment of Communication” (SAC) - Auto-avaliação

da Comunicação (Schow, Nerbonne, 1982) questionário com 10 itens, que foi

padronizado para ser aplicada em sujeitos na faixa etária entre 19 a 80 anos.

Esses itens avaliam as dificuldades na comunicação em várias situações,

percepção do “handicap”, e percepção do paciente de como os outros percebem

a sua perda auditiva. Este instrumento foi traduzido e adaptado à Língua

Portuguesa por Tabata et al. (1999).

b) “The Hearing Handicap Inventory for the Elderly”

Questionário para Handicap Auditivo para idosos (Ventry, Weinstein, 1982) - este

instrumento foi desenvolvido para avaliar os efeitos da perda auditiva nos

aspectos emocionais e sociais em indivíduos idosos que não residem em

instituições. É composto por duas escalas: uma contendo 13 itens que avaliam as

conseqüências emocionais da perda auditiva e outra, com 12 itens que avaliam os

efeitos sociais e situacionais. O paciente tem três opções de respostas: sim, não

ou algumas vezes. A pontuação pode variar de 0 a 100; quanto mais alta a

pontuação, maior a percepção do handicap. Este instrumento foi adaptado à

Língua Portuguesa por Wieselberg (1997).

c) “The Hearing Handicap Inventory for the Elderly - Screening

Version” (HHIE-S) - Versão Reduzida do Questionário para Handicap Auditivo

para Idosos (Ventry, Weisntein, 1983) - este é a versão reduzida do HHIE. É

composto por 10 perguntas, sendo que cinco investigam as conseqüências

emocionais da deficiência auditiva e as outras cinco, os efeitos sociais e

situacionais. O questionário utiliza uma escala de três pontos com três opções de

respostas: sim, não e algumas vezes. Além de oferecer os resultados referentes

ao total geral, ainda pode considerar dois outros parâmetros adicionais por meio

da pontuação contabilizada separadamente das perguntas referentes às sub-

escalas emocional (E) e social/situacional (S).

A American Speech Language Hearing (ASHA,1989)

recomendou o uso do “Hearing Handicap Inventory for the Elderly - Screening

Version”, elaborado por Ventry, Weinstein (1983), e o SAC (Schow, Nerbonne,

1982), como sendo os instrumentos de auto-avaliação mais apropriados para

serem usados para verificar a restrição de participação na população de idosos.

Wieselberg (1997), no Brasil, traduziu e adaptou o HHIE para o

Português, brasileiro, aplicando-o em 70 indivíduos idosos com o objetivo de

Page 61: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

42

verificar a auto-percepção da restrição de participação nesta população. Os

resultados deste estudo revelaram que 89% dos indivíduos apresentaram algum

grau de percepção da restrição de participação e não foram encontradas relações

estatísticas de significância entre esta percepção, sexo e faixa etária.

McCarthy (1997) ressaltou que uma ampla variedade de

questionários de auto-avaliação tem sido usada para demonstrar a redução da

restrição de participação em AVDs resultante da adaptação de próteses auditivas.

Porém, o questionário mais utilizado para avaliar o benefício fornecido pelas

próteses auditivas, sob o ponto de vista do handicap percebido, é o “Hearing

Handicap Inventory for the Elderly”. O protocolo utilizado envolve a administração

do questionário antes da adaptação e depois de determinado intervalo de tempo

de uso da amplificação. Se a comparação dos índices obtidos sugerir uma

redução na auto-percepção da restrição de participação, então, o processo de

adaptação das próteses auditivas é considerado como um tratamento eficiente.

A Organização Mundial de Saúde, em 2001, redefiniu a

nomenclatura “incapacidade auditiva” e “handicap”, para limitação de atividade e

restrição de participação nas atividades de vida diária, respectivamente.

Assim sendo, o HHIE é um instrumento importante para

identificação dos problemas sociais, emocionais e situacionais específicos

causados pela perda auditiva. É utilizado no processo de reabilitação auditiva

para auxiliar na decisão quanto à necessidade de uso da amplificação e predizer

o efeito que a amplificação poderia causar nestes indivíduos (aplicação na fase

pré-adaptação da prótese auditiva) e determinar se a intervenção audiológica

realizada reduz a autopercepção da restrição de participação nas atividades de

vida diária do indivíduo (Russo et al., 2003).

O questionário de auto-avaliação APHAB (“Abbreviated Profile

of Hearing Aid Benefit”) foi desenvolvido por Cox, Alexander (1995), com o

objetivo de avaliar tanto o desempenho isolado do indivíduo sem ou com a

prótese auditiva, como o benefício fornecido pela amplificação comparando a

diferença entre esses dois valores. É um instrumento que tem sido utilizado tanto

na prática clínica como em vários estudos nessa área, porém com objetivos

diferentes.

No Brasil, esse instrumento foi traduzido e utilizado por

Almeida (1998), Scharlach (1998), Gordo (1998).

Page 62: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

43

O APHAB é a versão reduzida do “Profile of Hearing Aid

Benefit” (PHAB). O PHAB foi desenvolvido originalmente por Cox, Gilmore (1990)

e devido ao tempo longo exigido para a aplicação clínica deste instrumento, cinco

anos depois Cox, Alexander (1995) desenvolveram o APHAB, uma versão mais

abreviada do primeiro questionário.

O PHAB possui 66 itens divididos em sete sub-escalas

enquanto o APHAB possui 24 itens divididos em quatro sub-escalas. São elas:

a) Facilidade de comunicação (FC) - comunicação sob

condições favoráveis.

b) Reverberação (RV) - comunicação em salas reverberantes.

c) Ruído Ambiental (RA) - comunicação em lugares com

níveis intensos de ruído.

d) Aversão a sons (AV) - desconforto a sons ambientais.

Este instrumento avalia o grau de dificuldade auditiva do

paciente em diversas situações do cotidiano.

Para cada item é fornecida uma escala de sete respostas a

serem escolhidas, de acordo com o seu grau de dificuldade em cada situação.

Essa escala possui para cada resposta um percentual correspondente. São eles:

“sempre” (99%); “quase sempre” (87%); “geralmente” (75%); “metade das vezes”

(50%); “às vezes” (25%); “raramente” (12%) e nunca (1%). Originalmente, todos

os itens deste questionário são respondidos em duas condições: uma para a

condição sem prótese auditiva e outra com prótese auditiva. Os resultados são

avaliados comparando-se as respostas obtidas em cada sub-escala nas duas

situações de aplicação do questionário. De acordo com Cox et al. (1996), uma

diferença mínima de 22% entre as duas condições em pelo menos uma das

escalas - Facilidade de comunicação, Reverberação ou Ruído ambiental será

considerada uma diferença real significante de melhora do desempenho da

prótese auditiva.

Almeida (1998) utilizou os questionários APHAB e HHIE para

verificar o benefício subjetivo proporcionado pela adaptação de próteses auditivas

em indivíduos com perdas auditivas, de graus leve a moderadamente severo,

divididos em dois grupos quanto à experiência com uso da amplificação. Seus

resultados mostraram diferenças estatisticamente significantes entre as condições

Page 63: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

44

com e sem prótese auditiva, indicando melhor desempenho com o uso da

amplificação. Não verificou diferenças significantes entre os resultados médios

obtidos em usuários experientes e inexperientes, demonstrando que a experiência

prévia não foi fator determinante no benefício.

Bucuvic (2003) com objetivo de quantificar as dificuldades

auditivas e o benefício da amplificação em novos usuários de próteses auditivas,

segundo as variáveis tempo de uso e tipo de amplificação, avaliou 42 indivíduos

com perdas auditivas neurossensoriais ou mistas adquiridas de graus leve a

severo com o questionário APHAB em três situações: antes da adaptação, dois e

seis meses após a adaptação da amplificação. Os resultados foram comparados

de três maneiras: antes versus após dois meses de uso, antes versus após seis

meses de uso e após dois versus seis meses de uso da prótese auditiva. Verificou

que houve redução das dificuldades auditivas com o uso das próteses auditivas

em ambientes relativamente favoráveis, ambientes e salas reverberantes e

ambientes com elevado nível de ruído, tendo sido esta redução progressivamente

maior após dois e seis meses de adaptação. Seus resultados demonstraram que

o benefício com o uso do aparelho é satisfatório independentemente do tipo de

amplificação e do tempo de uso. Não foram observadas diferenças quanto ao tipo

de amplificação. Concluiu que usuários de próteses auditivas e indivíduos normais

apresentam as mesmas dificuldades com sons intensos do ambiente.

Page 64: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

4 MÉTODOS

Page 65: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

46

Neste capítulo, inicialmente será relatada a idealização e o

desenvolvimento do treinamento auditivo musical. Na seqüência, será descrita a

aplicação do material desenvolvido em idosos usuários de próteses auditivas cuja

investigação consiste em um estudo clínico observacional e de intervenção

terapêutica.

Esse estudo foi realizado na Audicare, clínica particular de

audiologia, situada na cidade de São Paulo. Os encaminhamentos dos pacientes

foram feitos pela Danavox, empresa de próteses auditivas e pela própria

Audicare. A realização desse estudo teve a aprovação prévia da diretoria dos

serviços envolvidos (Anexo 1).

4.1 Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical

O treinamento auditivo musical foi idealizado considerando as

seguintes habilidades auditivas:

- processamento temporal: resolução e ordenação temporal;

- atenção seletiva.

Estas habilidades foram contempladas, por meio de exercícios

de treinamento auditivo dos aspectos figura-fundo de sons instrumentais, de

freqüência e duração dos sons, escuta direcionada, ritmo e fechamento auditivo.

É importante ressaltar que, nos treinamentos que envolvem a

habilidade auditiva de atenção seletiva, a fala foi substituída por sons

instrumentais e o ruído, pelo som de música de fundo.

Nas tarefas que possuem um sinal principal e um som competitivo

foi estabelecida uma relação sinal-ruído diferente para cada grau de dificuldade.

A expressão relação sinal-ruído (R S/R) é utilizada para indicar

a diferença entre o nível de intensidade do estímulo principal (sinal) e do estímulo

Page 66: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

47

competitivo (ruído). Se considerarmos o estímulo instrumental como o estímulo

principal e uma música como estímulo competitivo, a R S/R é a diferença da

intensidade em decibel (dB) entre este e a música competitiva (para melhor

exemplificar, se a fala está a 63 dB e o ruído a 65 dB, essa R S/R é de -2 dB).

Foi também considerada como pré-requisito na idealização

desse treinamento auditivo a faixa de freqüências dos instrumentos escolhidos.

Foram selecionados instrumentos cujas faixas de freqüências

contemplassem a faixa de amplificação mais efetiva das próteses auditivas, de

200 Hz a 4000 Hz.

Os instrumentos selecionados foram: flauta, violão, piano,

vibrafone e tambor. Os eventos acústicos musicais produzidos por meio destes

instrumentos deveriam conter faixas de freqüências entre 200 a 4000Hz. Sendo

assim, a composição dos eventos acústicos foi constituída por faixa de

freqüências que foram para cada um destes instrumentos como segue:

- Flauta: 800 Hz a 4000 Hz

- Violão: 200 Hz a 4000 Hz

- Piano: 400 Hz a 3150 Hz

- Vibrafone: 400 Hz a 4000 Hz

- Tambor: 250 Hz a 2000 Hz

A música de fundo foi constituída pela mixagem de todos esses

instrumentos.

Sabe-se que no treinamento auditivo cada exercício tem suas

particularidades, cumprindo os seus respectivos objetivos. Desta forma, os

instrumentos foram selecionados de acordo com esse pressuposto teórico.

Esse material foi idealizado na mídia de DVD, devido à

importância da interação do sistema auditivo e visual, para facilitar o uso desse

instrumento pelo usuário de maneira interativa e individual, sem o auxílio do

terapeuta.

Para viabilizar a elaboração do treinamento auditivo musical, foi

selecionado o estúdio de gravação Browmaster e a empresa de arte visual,

Animateria, ambos sediados na cidade de Salvador no estado da Bahia. Os

profissionais envolvidos foram engenheiros de som, grupo de músicos e equipe

de áudio visual.

Page 67: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

48

A idéia foi desenvolver um material (DVDs) para ser executado

individualmente pelo indivíduo em sua própria casa, utilizando o seu próprio

aparelho de DVD ou computador que tenha leitor dessa mídia.

Sendo assim, foi elaborado em DVD um instrumento que

constitui o “Treinamento Auditivo Musical”.

4.2 Aplicação do Treinamento Auditivo Musical (TAM)

Considerações Éticas

O projeto desse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo para análise e foi aprovado, sob

o número CEP Nº1387/08 (Anexo 2). Somente foram incluídos nessa pesquisa

indivíduos que concordaram com a realização dos procedimentos necessários

para a execução da pesquisa e que assinaram o termo de consentimento (Anexo

3), após terem recebido esclarecimentos sobre o objetivo e metodologia do

estudo proposto.

Casuística

Para compor a amostra, os indivíduos foram selecionados de

acordo com os seguintes critérios de elegibilidade:

- Idade acima de 60 anos.

- Portadores de perda auditiva neurossensorial de grau leve a

moderado (média das freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz

até 55 dBNA) em ambas orelhas.

- Simetria de limiares de audibilidade entre as orelhas.

- Configuração audiométrica plana ou levemente descendente

nas freqüências altas; índice de reconhecimento de fala

simétrico igual ou superior a 72% bilateralmente.

- Usuários de até três meses de próteses auditivas digitais de

tecnologia premium em ambas orelhas, modelo retro-

auricular ReSound Air, Pulse ou MX60 da marca GN

ReSound/Danavox.

Page 68: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

49

- Apresentação da queixa de dificuldade de compreensão de

fala no ruído, mesmo com a adaptação da prótese auditiva.

- Não apresentarem evidências de distúrbios neurológicos,

psicológicos ou cognitivos.

Os critérios de exclusão utilizados foram:

- Apresentar resultados do Mini-exame do estado mental -

MEM (Folstein et al., 1975) com nota de corte 27 (Bertolucci

et al., 1994) (Anexo 4)

- Não ter tido educação musical

Para a seleção dos indivíduos, foram contatados os

fonoaudiólogos da empresa Danavox e da Clínica Audiológica Audicare que, com

base nos critérios estabelecidos, auxiliaram na seleção dos indivíduos que

participaram desse estudo. Todos os indivíduos selecionados já tinham sido

submetidos ao processo de seleção e adaptação das próteses auditivas realizado

por esses respectivos fonoaudiólogos. Os idosos utilizavam suas próteses

auditivas de 8 a 10 h por dia.

Inicialmente foram selecionados 21 indivíduos e seis foram

excluídos do estudo por não contemplarem todos os critérios de seleção

previamente determinados. Sendo assim, foram eleitos 15 indivíduos, sendo oito

do sexo masculino e sete do sexo feminino, que foram divididos em dois grupos:

- GI (grupo controle) - sem intervenção

- GII (grupo experimental) - com intervenção. Sendo que

este foi subdividido em:

- GIIA - com treinamento auditivo musical (TAM)

- GIIB - com exposição à música clássica (EMC)

Page 69: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

50

Organograma 1 - Composição dos grupos

As características gerais dos indivíduos do GI (grupo controle),

GIIA (grupo experimental A) e GIIB (grupo experimental B) estão no Anexo 5.

Procedimentos

Inicialmente, todos os indivíduos tiveram uma explicação

individual sobre o objetivo e os procedimentos desse estudo. Neste momento, foi

realizado um sorteio para a distribuição aleatória desses nos três grupos

estabelecidos na pesquisa, e a solicitação de assinatura do termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

No primeiro encontro foi realizada a avaliação inicial, que foi

comum aos três grupos, conforme Organograma 2.

Page 70: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

51

Organograma 2 - Avaliação comum aos três grupos do estudo: GI, GIIA,

GIIB

Para facilitar a compreensão do percurso usado neste estudo

realizou-se um modelo ilustrativo das etapas de intervenção (Organograma 3).

Page 71: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

52

Organograma 3 - Aplicação dos procedimentos comum aos três grupos

Toda a avaliação comportamental foi realizada em campo livre,

em uma cabina acusticamente tratada e a aplicação dos questionários de auto-

avaliação foi realizada fora da cabina. Para responder aos questionários a

avaliadora os orientou e os próprios indivíduos responderam às questões, na

própria sala com a presença da avaliadora, que ficou ao lado, caso tivessem

alguma dúvida a ser solucionada.

Os equipamentos utilizados nessa pesquisa foram os

seguintes:

- Audiômetro de dois canais modelo Midimate, da marca

Madsen

- Computador portátil HP Pavilion Entertainment, processador

Intel Centrino Duo, com duas caixas de som portáteis, marca

CA 2908.

- Duas caixas acústicas com pedestal e altura regulável,

constituindo o campo livre F.F. 70, marca Acústica Orlandi.

- CD Player, marca Coby, modelo CX-CD331.

- Medidor de nível de pressão sonora marca Radio Shack e o

modelo Bruel & Kjaer modelo Investigator 2260 tipo 1.

Page 72: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

53

Antes de aplicar a bateria de testes da avaliação inicial foram

pesquisados em todos os idosos os limiares tonais com prótese auditiva em

campo livre. O estímulo utilizado foi o “warble”, tom puro modulado, para

minimizar a ocorrência de ondas estacionárias. O teste teve seu início na

freqüência de 1000 Hz e, em seguida, foram pesquisados os limiares para as

freqüências de 2000, 3000, 4000, 500 e 250 Hz. Essa ordem foi respeitada. Os

limiares tonais do exame audiométrico e os limiares obtidos em campo livre com

prótese auditiva estão demonstrados no Anexo 6.

Descrição de cada um dos procedimentos usados na população total

1) Questionários de Auto-avaliação:

1.1 Aplicação do questionário APHAB

1.2 Aplicação do questionário de Auto-Avaliação

HHIE

2) Avaliação Comportamental:

2.1 Localização Sonora (LS)

2.2 Memória para sons não verbais (MSNV);

2.3 Limiar de Reconhecimento de sentenças no

silêncio (LRSS)

2.4 Limiar de Reconhecimento de sentenças no

Ruído (LRSR)

Os questionários APHAB, HHIE e os testes de LS e MSNV da

avaliação comportamental foram aplicados fora da cabina acústica e os testes de

LRSS e LRSR foram realizados dentro da cabina acústica.

O tempo utilizado para a aplicação desses procedimentos foi

de uma hora.

Estes procedimentos foram aplicados em todos os grupos,

sendo que nos grupos experimentais GIIA e GIIB, foram aplicados na 1ª semana

e reaplicados após sete semanas de intervenção (9ª semana) e no grupo controle

GI, na 1ª semana e após sete semanas de uso das próteses auditivas, sem

qualquer tipo de intervenção (9ª semana).

A seguir, é apresentada a descrição detalhada de cada item

desses procedimentos.

Page 73: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

54

1 Questionários de Auto-Avaliação

1.1 Aplicação do questionário APHAB

O APHAB possui 24 itens divididos em quatro sub-escalas. São

elas:

a) Facilidade de comunicação - comunicação sob condições

favoráveis.

b) Reverberação - comunicação em salas reverberantes.

c) Ruído ambiental - comunicação em lugares com níveis

intensos de ruído.

d) Aversão a sons - desconforto a sons ambientais.

Este instrumento avalia o grau de dificuldade auditiva do

paciente em diversas situações do cotidiano (Anexo 7).

Para cada item é fornecida uma escala com sete opções de

resposta a serem escolhidas, de acordo com o seu grau de dificuldade em cada

situação. Essa escala possui para cada resposta um percentual correspondente.

São eles: “sempre” (99%); “quase sempre” (87%); “geralmente” (75%); “metade

das vezes” (50%); “às vezes” (25%); “raramente” (12%) e nunca (1%).

Originalmente, todos os itens deste questionário são

respondidos em duas condições: uma para a condição sem prótese auditiva e

outra com prótese auditiva.

O APHAB foi aplicado em duas diferentes condições: antes e

após o treinamento auditivo nos grupos experimentais e antes e após o uso da

prótese auditiva. O período entre a aplicação inicial e a final doi de sete semanas.

Nessas duas condições, o paciente estava usando a prótese auditiva.

Logo após a explicação do procedimento e do preenchimento

da primeira questão com a avaliadora, os indivíduos foram solicitados a responder

às demais questões. Não foi necessária a ajuda da avaliadora no restante do

questionário, uma vez que a todos os indivíduos da amostra selecionada tinham

nível de escolaridade superior, com exceção de dois que tinham apenas o 2º grau

completo.

As respostas obtidas foram quantificadas com a ajuda de um

“software”, o qual é utilizado na programação de próteses auditivas.

Page 74: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

55

1.2 Aplicação do questionário HHIE

Foi aplicado o questionário de auto-avaliação “Hearing

Handicap Inventory for the Elderly”, elaborado por Ventry, Weinstein (1982), nos

Estados Unidos. O questionário foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa

por Wieselberg (1997). Para este estudo, será utilizada a versão para o português

brasileiro (Anexo 8).

O HHIE é composto por 25 perguntas, sendo que 13 delas

exploram as conseqüências emocionais e 12, os efeitos sociais e situacionais da

deficiência auditiva. As respostas às perguntas podem ser “sim”, “não“ ou “às

vezes”.

Os participantes foram instruídos sobre as opções de respostas

e que as mesmas deveriam ser baseadas nas experiências com o uso das

próteses auditivas até o momento.

Para determinar o grau de restrição de participação em

atividades de vida diária (A.V.D.), foram seguidos os critérios de pontuação e

avaliação das respostas estabelecidas por Ventry, Weinstein (1982), sendo que a

pontuação é atribuída de acordo com a resposta correspondente: sim = 4 pontos,

não = 0 pontos e às vezes = 2 pontos.

Segundo estes autores, o valor da pontuação total pode variar

em índices percentuais de zero (sugerindo a não percepção da restrição de

participação) até 100 (sugerindo percepção da restrição de participação). Quanto

maior for o índice, maior é a percepção que o indivíduo tem de suas dificuldades

auditivas e da sua restrição em A.V.D. Segue abaixo a classificação quanto ao

índice de percepção da restrição de participação, segundo Ventry, Weinstein

(1982):

Grupo Índice de “Handicap” (%)

Não há percepção do “handicap” De 0% a 16 %

Percepção leve/moderada do “handicap” De 18 % a 42 %%

Percepção severa/ Significativa do “handicap” Acima de 42 %

Page 75: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

56

2. Avaliação Comportamental

2.1 Localização sonora em cinco direções

Este teste é realizado por meio da apresentação de um som

instrumental (guizo) em cinco direções: à direita, à esquerda, acima, atrás e à

frente, sempre tendo como referencial a cabeça do paciente. O paciente foi

instruído para apontar o local da origem do som. Foi considerado normal quando

o paciente acertou quatro ou cinco direções pesquisadas. (Pereira 2004)

As respostas foram anotadas em um protocolo específico

(Anexo 9).

2.2 Teste de Memória para sons Não Verbais em Seqüência

Para a realização do MSNV foram utilizados quatro

instrumentos diferentes: sino, agogô, guizo e côco. Esse teste foi composto das

seguintes partes:

1ª) Os instrumentos foram demonstrados ao paciente com seus

respectivos sons;

2ª) O paciente foi instruído para primeiramente ouvir a

seqüência dos sons e apontar os instrumentos que estavam colocados à sua

frente, na mesma seqüência em que foram tocados;

3ª) Em seguida, foi solicitado ao paciente que fechasse os

olhos e outra seqüência de sons foi apresentada;

4ª) Foi solicitado ao paciente abrir os olhos e apontar os

instrumentos na seqüência ouvida. Este procedimento foi repetido três vezes,

porém com a ordem dos instrumentos alterada.

Quando o paciente acertou duas ou mais seqüências o

resultado foi considerado normal (Pereira, 1993, Pereira, 2004).

Esse teste foi aplicado em seqüências de três e quatro

instrumentos.

As respostas foram anotadas em um protocolo específico

(Anexo 9).

Page 76: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

57

2.3 Limiar de Reconhecimento de sentenças no silêncio

O paciente foi posicionado de frente para a caixa acústica a um

metro em relação à caixa acústica, com o sinal de fala (sentenças) sendo sempre

apresentado a 0º Azimute em relação ao plano horizontal e vertical.

Em seguida, foi realizada a pesquisa do Limiar de

Reconhecimento de Sentenças no Silêncio, em que os sinais de fala foram

apresentados na caixa acústica a 0º Azimute.

Para obtenção dos LRSS, foram utilizadas as Listas de

Sentenças em Português, desenvolvido por Costa (1998).

Este teste é constituído por: uma lista de 25 sentenças (Costa

et al., 1997); sete listas com dez sentenças cada uma (Costa, 1997) e um ruído

com espectro de fala (Costa et al., 1998). As sentenças e o ruído estão gravados

em CD, em canais independentes, permitindo sua apresentação tanto no silêncio

como no ruído. No caso do LRSS, não é utilizado o canal do ruído.

Antes do início do teste de cada indivíduo, a saída de cada

canal do CD foi calibrada através do VU-meter do audiômetro. O tom de 1000 Hz

presente no mesmo canal do CD em que estão gravadas as sentenças, bem

como o ruído mascarante presente no outro canal, foram colocados no nível zero.

As listas de sentenças que foram utilizadas para a realização

desta pesquisa, estão apresentadas no Anexo 10.

A apresentação do material de teste para os indivíduos deste

estudo obedeceu a seguinte ordem:

Fase 1: Familiarização

Apresentação das sentenças de 1 a 10 da lista 1 A,

com os sinais de fala a 0º Azimute para familiarização

do indivíduo com o teste, e obtenção de valores que

serviram de parâmetro para determinar a intensidade

necessária para a apresentação da primeira sentença

de cada lista na medida subseqüente.

Fase 2: Realização do teste

Apresentação das sentenças da lista 1B, com o sinal

de fala a 0º Azimute, na intensidade determinada na

fase anterior de familiarização

Page 77: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

58

Todos os pacientes estavam fazendo uso das próteses

auditivas com adaptação binaural, durante todo o processo.

A intensidade de apresentação da 1ª sentença na fase de teste

foi em torno da encontrada durante a fase um de familiarização com o teste, com

o cuidado para que a intensidade escolhida para iniciar o teste propriamente dito,

permitisse que o indivíduo reconhecesse corretamente sempre a 1ª sentença da

lista.

O procedimento utilizado para a aplicação do teste foi a

“estratégia seqüencial, adaptativa ou ascendente-descendente” (Levitt, Rabiner,

1967). Este procedimento permite determinar o Limiar de Reconhecimento de

Sentenças (LRF), ou seja, o nível necessário para o indivíduo identificar

corretamente cerca de 50% dos estímulos de fala apresentados, tanto no silêncio

quanto na presença de ruído competitivo.

De acordo com esta estratégia, a aplicação do teste consistiu

em apresentar o estímulo de fala em uma determinada intensidade. Quando a

resposta estava correta, foi diminuída a intensidade de apresentação do estímulo

seguinte. Quando a resposta estava incorreta, foi aumentada a intensidade de

apresentação do estímulo seguinte. Uma resposta só foi considerada correta,

quando o indivíduo repetiu, sem nenhum erro ou omissão, toda a sentença

apresentada.

A literatura sugere que sejam utilizados intervalos de 4 dB até a

primeira mudança no tipo de resposta e, posteriormente, os intervalos de

apresentação dos estímulos sejam de 2 dB entre si até o final da lista (Levitt,

Rabiner, 1967). Essa foi a estratégia utilizada nesse estudo.

Os níveis de apresentação de cada sentença foram anotados

durante o teste. A média destes valores foi calculada a partir dos níveis de

apresentação de cada sentença em que ocorreu a primeira mudança de resposta,

até o nível de apresentação da última sentença da lista.

Page 78: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

59

2.4 Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído

Os procedimentos desse teste são iguais aos já apresentados

no LRSS, com a diferença que para pesquisar o limiar de reconhecimento de

sentenças no ruído, foi introduzido juntamente com o sinal de fala (sentenças) um

ruído com espectro de fala a 0º Azimute em relação ao plano horizontal e vertical.

Esse ruído estava gravado em um canal independente do sinal de fala no mesmo

material.

No LRSR foi utilizada a intensidade fixa de 65 dBA para o ruído

competitivo, enquanto a intensidade das sentenças variava de acordo com os

acertos do paciente.

O valor da relação sinal/ruído foi calculado pela diferença em

decibels entre a intensidade do ruído (65 dBA) da intensidade em que foi obtido o

LRSR.

O protocolo de aplicação desses testes está descrito no Anexo 11.

Após a fase inicial de avaliação, os pacientes divididos no GIIA

e GIIB, receberam os respectivos treinamentos auditivos e os pacientes do GI,

aguardaram nova convocação para avaliação final.

Os indivíduos do GI (grupo controle), não receberam nenhum

tipo de intervenção, apenas foram avaliados na 1ª e na 9ª semana após o uso de

próteses auditivas de sete semanas.

É importante ressaltar que tendo consciência dos princípios

éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos, esses indivíduos do grupo I

ou os indivíduos do GIIB (grupo do treinamento musical com exposição à música

clássica de Mozart), foram convidados a participar de sessões de treinamento

auditivo musical após a conclusão do trabalho, de acordo com os resultados

obtidos nesse estudo.

Page 79: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

60

Intervenção

Sessões de Treinamento Auditivo Musical

O grupo que recebeu esse treinamento auditivo foi o GIIA.

O treinamento foi realizado com duas caixas de som portátil,

marca CA, modelo CA 2908, acopladas no computador fora da cabina acústica

sem fones de ouvido. A distância entre as caixas de som e o paciente foi de um

metro, sendo que as caixas estavam posicionadas uma à direita e outra à

esquerda do computador, resultando em uma posição 45º Azimute em relação ao

paciente.

Foram realizadas nove sessões individuais, sendo a primeira a

aplicação da bateria de avaliação inicial, sete de treinamento auditivo musical e a

última de avaliação final. Devido à disponibilidade dos indivíduos, as sessões

tiveram a periodicidade de uma vez por semana. O tempo de cada sessão foi de

uma hora. Os exercícios foram executados de acordo com o nível de dificuldade

de cada indivíduo; porém, não houve nenhum caso que a sessão teve um tempo

menor ou maior que o estabelecido.

Antes de iniciar as sessões as próteses auditivas foram

verificadas quanto ao funcionamento, garantindo assim a audibilidade dos sons.

Foram utilizadas baterias novas nas próteses auditivas em todas as sessões.

Nas sessões de treinamento auditivo musical, inicialmente era

realizada uma calibração, que consistia no ajuste do volume dos sons no nível

mais confortável para o indivíduo. Era importante assegurar que todo o

treinamento auditivo fosse realizado nesse nível de intensidade, e que não fosse

ajustado novamente durante os exercícios. Sendo assim, foram mantidos os

mesmos parâmetros durante toda execução do treinamento.

Todas as sessões de treinamento auditivo tiveram como

objetivo uma maior estimulação e desafio do sistema auditivo, em uma escala

crescente de dificuldade.

O treinamento foi idealizado para que as pessoas pudessem

realizá-lo em suas próprias residências. Na presente pesquisa, para se ter um

melhor controle e a garantia que os exercícios fossem realizados, todo o

treinamento auditivo foi aplicado com a presença e a supervisão da

avaliadora.

Page 80: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

61

O treinamento auditivo musical é auto-explicativo. Sendo

assim, a avaliadora apenas explicou o objetivo de cada sessão, caso houvesse

alguma dúvida. A avaliadora anotou todos os resultados em protocolos

específicos (Anexo 12).

Sessões de Exposição à Música Clássica

O grupo que ficou exposto à música clássica foi o GIIB.

Essas sessões foram realizadas na clínica, fora da cabina

acústica e com a presença da avaliadora.

Foi utilizada a Sonata para dois pianos em Ré maior, K448, de

Mozart. Para assegurar as mesmas condições de execução do treinamento

auditivo musical, que teve a estimulação auditiva integrada com a visual, foi

introduzida a imagem de alguns DVDs, juntamente com a música. Sendo assim,

por uma hora os indivíduos ouviam a sonata de Mozart reproduzida por um

aparelho de som, enquanto na tela do computador assistiam a um DVD sem som,

apenas com a imagem. Os DVDs oferecidos foram:

- Cirque Du Soleil, intitulado A Jornada do Homem.

- Coleção do Chaplin com os seguintes filmes:

- Tempos Modernos

- O grande ditador

- Em busca do Ouro

- Luzes da Ribalta

Esses filmes foram selecionados, por transmitirem a

mensagem da linguagem da falada sem o som. O objetivo era que os indivíduos

tivessem alguma estimulação visual e ouvissem passivamente a sonata de

Mozart. Cada sessão foi realizada pelo indivíduo assistindo a um desses DVDs. A

escolha da ordem desses filmes foi aleatória.

Similar ao que aconteceu ao grupo de treinamento auditivo

musical ativo, foram realizadas nove sessões, sendo a primeira com a aplicação

da bateria de avaliação inicial, sete de exposição a música clássica e a última de

avaliação final.

Page 81: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

62

Método estatístico

As médias das idades dos três grupos foram comparadas por

meio da técnica de Análise de Variância.

Para comparar as médias das respostas dos testes que

compõem a avaliação comportamental nos grupos Controle GI, e grupos

experimentais GII A e GIIB e nos períodos de avaliação inicial e final, foi adotada

a técnica de análise de variância com medidas repetidas. Para localizar as

diferenças apontadas foi utilizado o procedimento de Bonferroni.

Convém ressaltar, que o efeito de interação entre grupo e

período avalia se a diferença existente entre os grupos no pré se mantém no pós,

e se as diferenças entre pós e pré são iguais nos três grupos. Quando isto ocorre,

não há efeito de interação. Por exemplo, se em um determinado teste não foi

detectado efeito de interação, isso significa que não foi detectada diferença entre

as médias dos grupos, podendo dizer que esta conclusão é válida no pré e no

pós. Pode-se dizer ainda que não há diferença entre as médias nos dois períodos

em cada um dos grupos.

As suposições do modelo foram avaliadas por meio do teste de

Box para igualdade de matrizes de variâncias e covariâncias e construção de

gráficos de probabilidade normal dos resíduos. Os mesmos procedimentos foram

adotados na análise do HHIE.

A técnica de Análise de variância com medidas repetidas foi

também aplicada na comparação dos grupos e escalas do APHAB quanto à

porcentagem de benefício. A suposição de esfericidade da matriz de correlação

foi checada por meio do teste de Mauchly.

Nos testes de hipótese foi fixado nível de significância de 0,05.

Os valores significantes foram grifados com asterisco (*).

Foram realizados os coeficientes de correlação de Pearson nos

três grupos entre as partes do questionário de auto-avaliação e da avaliação

comportamental que poderiam ter alguma relação entre si.

Todas as técnicas utilizadas são descritas em Winer et al.

(1991). A análise foi realizada com o auxílio dos aplicativos SPSS e Minitab.

Page 82: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

5 RESULTADOS

Page 83: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

64

Neste capítulo é apresentado o material do Treinamento

Auditivo Musical desenvolvido e sua análise estatística dos resultados da

aplicação.

Para maior clareza, esse capítulo será dividido em duas partes:

5.1 Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical

5.2 Estudo de Avaliação Auditiva Pré e Pós Intervenção

5.1 Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo Musical

O material de treinamento auditivo musical desenvolvido foi

composto por sete DVDs.

Todos os DVDs possuem o seguinte sumário:

a) Apresentação: abertura inicial com o título do DVD.

b) Instrução: explicação sobre os exercícios que serão

abordados.

c) Calibração: é realizada por meio de um ajuste de volume com

uma música instrumental. Nesse item são apresentados dois

sons, um de cada vez. A música apresentada é para ser

ouvida no nível mais confortável para o indivíduo.

Concomitantemente com a música, aparece uma mensagem

na tela, orientando o indivíduo a ajustar o volume de acordo

com o seu conforto. O nível de intensidade sonora

selecionado pelo indivíduo constitui a base de todos os

exercícios que envolvem relações sinal-ruído nos DVDs. Por

exemplo, um nível de dificuldade denominado muito fácil,

possui uma relação sinal-ruído (R S/R) de +20. Sendo assim,

essa será a R S/R estabelecida com base na intensidade

selecionada pelo indivíduo para o nível muito fácil.

Page 84: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

65

Som 1: média de 68,1 dBA. Faixa de freqüências: 315 Hz a

3150 Hz

Som 2: média de 68,1 dB A. Faixa de freqüências: 500 Hz a

4000 Hz.

Todas as sessões desse programa de treinamento auditivo

musical têm o objetivo de estimular e desafiar o sistema auditivo, em uma escala

crescente de dificuldade que varia em todos os DVD, de acordo com o objetivo de

cada sessão.

Cada nível de dificuldade é composto por dez exercícios.

Existe uma variação em cada exercício quanto a ordem que os instrumentos são

apresentados.

Ao final de cada nível de dificuldade dos DVDs, surge uma tela

com uma mensagem, perguntando quantos exercícios o indivíduo acertou. Nessa

mesma tela, existem duas opções de respostas:

- entre sete e dez: automaticamente o DVD disponibilizará

os exercícios da etapa seguinte

- entre zero e seis: automaticamente o DVD retornará aos

exercícios recém finalizados.

Esses valores correspondem a um mínimo de 70% dos acertos

para passar a outra fase. (Musiek, Schochat, 1998)

No final dos dez exercícios do nível de maior dificuldade, se o

indivíduo acertou de sete a dez respostas, surge uma tela parabenizando-o por

ter concluído aquele DVD.

Cada DVD tem por objetivo treinar as habilidades auditivas

selecionadas.

O Quadro 2 descreve todos os exercícios executados em cada

DVD, com seu respectivo mecanismo auditivo.

Page 85: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

66

Quadro 2- Exercícios propostos e mecanismos auditivos treinados

DVDs Nome do DVD Exercício Mecanismos

DVD 1 Figura-Fundo para sons Instrumentais

Identificação de sons instrumentais sobrepostos à uma música

Atenção Seletiva

DVD 2 Figura- Fundo para Sons Seqüenciais

Identificação de uma série de sons instrumentais sobrepostos a uma música

Atenção Seletiva e Ordenação Temporal

DVD 3 Escuta Direcionada

Identificação de dois sons sobrepostos com reconhecimento da fonte sonora de origem deste

Atenção Seletiva; Localização

DVD 4 Duração dos Sons Identificar e nomear série de sons de diferentes durações

Processamento Temporal (Ordenação Temporal)

DVD 5 Freqüência dos Sons

Identificar, e nomear série de sons de diferentes freqüências

Processamento Temporal (Resolução e Ordenação Temporal)

DVD 6 Ritmo Estruturação Temporal

Identificar estruturas rítmicas por meio de reprodução motora e de associação visual

Processamento Temporal (Resolução Temporal)

DVD 7 Fechamento Auditivo

Identificar canções familiares incompletas Atenção Seletiva

Em cada um dos exercícios criados, há o envolvimento da

atenção (focar) e da memória de trabalho além das habilidades auditivas

destacadas.

É importante, ainda ressaltar que, em todos os exercícios

existia, além da estimulação auditiva, a presença da estimulação visual, para que

a integração entre esses dois sistemas fosse treinada.

A seguir, será explicada detalhadamente cada uma das tarefas

gravadas em DVD.

DVD 1 - Figura - Fundo de Sons Instrumentais

O DVD 1 tem como objetivo o treinamento da atenção seletiva,

por meio do exercício de identificação dos sons instrumentais sobrepostos a uma

música.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Inicialmente, é apresentada uma tela com a imagem

de uma loja com vários objetos. Nesse instante, aparece na tela uma mensagem

para o indivíduo localizar uma menina nesse cenário. O objetivo é que o indivíduo

Page 86: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

67

entenda o conceito do exercício de figura-fundo, no qual é importante selecionar

um item específico, em um cenário com vários outros estímulos visuais. Após

transmitido esse conceito por intermédio do canal visual, é repassado para o

canal auditivo. Nessa seqüência de telas, os sons dos quatro instrumentos

musicais são apresentados duas vezes para melhor compreensão do indivíduo.

São eles: flauta, violão, piano e vibrafone.

Foram criados seis níveis de dificuldade para cada orelha.

Cada nível corresponde a uma relação sinal-ruído diferente. A saber:

- Muito fácil - relação sinal-ruído +20 dB

- Fácil - relação sinal-ruído +10 dB

- Moderada - relação sinal-ruído 0 dB

- Difícil - relação sinal-ruído -10 dB

- Muito difícil - relação sinal-ruído -20 dB

- Desafio - relação sinal-ruído -40 dB

Para cada nível há 10 exercícios diferentes, totalizando 60

exercícios nesse DVD, para cada orelha.

Em cada exercício, é apresentado o som de um dos

instrumentos em uma das caixas acústicas acopladas no computador, enquanto

simultaneamente é apresentada uma música competitiva na outra caixa. A

intensidade de cada instrumento varia com o nível de dificuldade em que está

sendo treinado, modificando- se a relação sinal-ruído em cada nível. O nível de

intensidade da música competitiva é fixa em 63 dB (A), independente do nível de

dificuldade que se esteja trabalhando. A relação sinal-ruído já está estabelecida

de acordo com o nível de dificuldade selecionado e sua intensidade é relativa a

calibração realizada.

Caso, o indivíduo na calibração, diminua a intensidade do som

de acordo com o seu nível de conforto, todas as outras intensidades dos outros

níveis serão alteradas automaticamente e, consequentemente, as suas

respectivas relações sinal-ruído.

Os exercícios são demonstrados por intermédio do relato

detalhado dos passos que o indivíduo é solicitado a realizar cada um.

1º) A primeira tela desse DVD solicita que o indivíduo preste

a atenção no som do instrumento que será tocado.

Page 87: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

68

2º) Um dos quatro instrumentos é tocado na intensidade

correspondente ao nível que se está realizando o

exercício, como descrito anteriormente, enquanto uma

música na caixa oposta é apresentada como som

competitivo. A duração da música de fundo é de 18

segundos. O sinal principal, ou seja, o instrumento a ser

identificado, é introduzido após dez segundos e tem a

duração de cinco segundos.

3º) Após a tela da execução do som apresentado, surge na

seqüência outra tela, solicitando que o indivíduo aponte com

a mão o instrumento ouvido. Para cada nível, existem três

exercícios que devem ser apontados com a mão direita,

quatro com ambas as mãos e três com a mão esquerda.

4º) Surge uma tela com os quatro instrumentos possíveis a

serem escolhidos e que deverão ser apontados com a

mão determinada. O indivíduo tem 15 segundos para

responder e apontar a resposta correta.

5º) Por último, surge a tela final com a imagem do

instrumento que foi executado.

DVD 2 - Figura - Fundo para sons seqüenciais

O DVD 2 tem como objetivo o treinamento das habilidades

auditivas de atenção seletiva e ordenação temporal.

Assim como no DVD anterior, essas habilidades são treinadas

com a substituição da fala por sons instrumentais e o ruído pelo som de música

de fundo.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Inicialmente, os sons de quatro instrumentos

musicais são apresentados duas vezes para melhor compreensão do indivíduo.

São eles: flauta, violão, piano e vibrafone.

É feita uma explicação escrita sobre o funcionamento do

exercício, no qual o indivíduo ouvirá a seqüência de quatro instrumentos

ignorando a música de fundo. Em uma segunda tela, aparece a observação para

Page 88: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

69

o indivíduo prestar atenção à seqüência que pode ser alterada. O objetivo é

identificar a seqüência e ignorar a música de fundo.

Ainda, no menu inicial foram criados seis níveis de dificuldade

a serem treinados para cada orelha. Há dez exercícios diferentes, totalizando 60

exercícios nesse DVD, para cada orelha.

Por uma questão didática, os exercícios serão demonstradas

por intermédio do relato detalhado dos passos que o indivíduo é solicitado a

realizar cada um.

1º) A primeira tela do DVD solicita que o indivíduo preste

atenção à seqüência de instrumentos que serão tocados.

2º) Uma seqüência de quatro instrumentos é tocada na

intensidade correspondente ao nível que se está

realizando o exercício, enquanto uma música na caixa

oposta é apresentada como som competitivo. Nas

seqüências dos sons, cada instrumento apresentado tem

a duração de cinco segundos e a música competitiva tem

a duração de 25 segundos. O intervalo entre a

apresentação de cada instrumento é de 600 milisegundos.

3º) Após a tela da execução da seqüência, surge outra tela

solicitando que o indivíduo aponte com a mão a

seqüência ouvida. Para cada nível, existem três

exercícios que devem ser apontados com a mão direita,

quatro com ambas as mãos e três com a mão esquerda.

4º) Surge uma imagem de quatro opções de seqüências com

quatro instrumentos. Deverá ser escolhida apenas uma

seqüência que o indivíduo julgue ser a que acabou de

escutar. Essa seqüência deverá ser apontada com a mão

determinada. O indivíduo tem 15 segundos para responder

e apontar a resposta correta. Similar ao que foi feito no

DVD1, para cada nível de dificuldade, existem três

exercícios que devem ser apontados com a mão direita,

quatro com ambas as mãos e três com a mão esquerda.

5º) Por último, surge a tela final com a imagem da seqüência

que foi executada.

Page 89: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

70

DVD 3 - Escuta Direcionada

O DVD 3 tem como objetivo o treinamento da habilidade de

atenção seletiva e localização, no qual dois estímulos são diferentes e

apresentados, em cada lado, ao mesmo tempo e com a mesma intensidade.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Inicialmente, os sons dos quatro instrumentos

musicais são apresentados duas vezes para melhor compreensão do indivíduo.

São eles: flauta, violão, piano e vibrafone.

A seguir, é apresentada uma explicação escrita sobre o

funcionamento do exercício, na qual o indivíduo ouvirá a seqüência de um ou dois

instrumentos diferentes, simultaneamente, em cada caixa acústica. É explicado

que o indivíduo será requisitado a identificar e nomear os instrumentos. O objetivo

é identificar os instrumentos diferentes que são apresentados, simultaneamente,

sejam eles um ou dois de cada lado.

Esse DVD tem duas etapas: identificação e nomeação. A etapa

da identificação apresenta quatro níveis de dificuldade, são elas: fácil, moderado,

difícil e muito difícil. Já a nomeação possui apenas dois níveis: fácil e difícil. Há

dez exercícios para cada nível totalizando, assim, 60 exercícios no DVD para

cada orelha.

Por uma questão didática, estas serão demonstradas por

intermédio do relato dos passos principais em que o indivíduo é solicitado a

realizar cada exercício.

Na primeira tela de todos os níveis, é solicitado que o indivíduo

preste atenção nos sons que irá escutar em cada caixa.

Nas duas etapas, o que difere os níveis de dificuldade é o

número de instrumentos apresentados em cada caixa ou a ação que o indivíduo

deve executar ao identificá-los.

Na etapa da identificação, logo após ouvir os instrumentos,

sempre aparecem na tela quatro opções de instrumentos para o indivíduo

identificar.

Page 90: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

71

Identificação:

Fácil:

- São apresentados os sons de dois instrumentos diferentes

ao mesmo tempo, sendo um instrumento em cada caixa

acústica. O indivíduo tem que ouvir atentamente os sons e

identificar qual instrumento tocou do lado esquerdo e qual

instrumento tocou do lado direito.

- É solicitado para apontar com a mão direita, esquerda e

ambas as mãos.

Moderado:

- São apresentados os sons de quatro instrumentos

diferentes ao mesmo tempo, sendo dois sons em cada

caixa acústica. O indivíduo tem que ouvir atentamente

os sons e identificar quais instrumentos foram

executados do lado esquerdo e do lado direito.

- É solicitado para apontar com a mão direita, esquerda e

ambas as mãos.

Difícil:

- São apresentados os sons de dois instrumentos diferentes

ao mesmo tempo, sendo um instrumento em cada caixa

acústica. O indivíduo tem que ouvir atentamente os sons e

identificar qual instrumento tocou do lado esquerdo e qual

instrumento tocou do lado direito.

- É solicitado para apontar com a mão direita o som que

ouviu do lado direito e com a mão esquerda o som que

ouviu do lado esquerdo.

Muito difícil:

- São apresentados os sons de dois instrumentos diferentes

ao mesmo tempo, sendo um instrumento em cada caixa

acústica. O indivíduo tem que ouvir atentamente os sons e

identificar qual instrumento tocou do lado esquerdo e qual

instrumento tocou do lado direito.

Page 91: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

72

- É solicitado para apontar com a mão direita o som que

ouviu do lado esquerdo e com a mão esquerda o som

que ouviu do lado direito.

Nomeação:

Fácil:

- São apresentados os sons de dois instrumentos

diferentes ao mesmo tempo, sendo um instrumento em

cada caixa acústica.

Difícil:

- São apresentados os sons de quatro instrumentos

diferentes ao mesmo tempo, sendo dois sons em cada

caixa acústica. O indivíduo tem que ouvir atentamente

os sons.

Na última tela da etapa de nomeação de cada nível é

solicitada a nomeação dos instrumentos que ouviu do lado direito e do lado

esquerdo.

No final de todos os níveis, tanto na etapa de identificação

quanto na etapa de nomeação, é apresentada uma tela com a imagem dos

instrumentos que foram executados anteriormente. Cada instrumento é

reproduzido, juntamente com a imagem e o som de cada instrumento,

respectivamente.

DVD 4 - Aspecto de duração dos sons

O DVD 4 tem como objetivo o treino do processamento

temporal (ordenação temporal), por intermédio dos exercícios de duração dos

sons.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Para explicar os exercícios são apresentadas duas

notas musicais de piano, sendo que uma é de um som longo e outra é de um som

curto.

Page 92: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

73

Quando o som é longo, aparece o desenho do rosto de uma

menina com cabelo longo e com a explicação escrita: Tommm - este é um som longo.

Quando o som é curto, aparece o desenho do rosto de uma

menina com cabelo curto e com a explicação escrita: Tom - este é um som curto.

Esses sons são demonstrados duas vezes para melhor

entendimento do indivíduo.

Esse DVD tem três etapas: imitação, identificação e nomeação.

Para cada etapa existem três níveis de dificuldade: fácil, moderado e difícil. O

grau de dificuldade está na duração dos sons, como descrito a seguir:

Fácil:

- 2000ms - longo

- 500ms - curto

Moderado:

- 1000ms - longo

- 375ms - curto

Difícil:

- 500ms - longo

- 250ms - curto

Para cada nível existem dez exercícios a serem realizados,

totalizando 30 exercícios para cada etapa. Considerando que existem três etapas,

existem 90 exercícios ao todo nesse DVD.

Os intervalos entre os sons apresentados são de 300ms para

todos os níveis.

A seguir, serão descritas as etapas desse DVD. Por uma

questão didática, estas serão apresentadas por intermédio do relato detalhado

das etapas do exercício que o indivíduo é solicitado a realizar.

A primeira de tela de todas as etapas solicita que o indivíduo

preste a atenção na duração dos sons tocados.

Imitação

- A seqüência de quatro sons curtos e longos são

apresentados.

Page 93: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

74

- O indivíduo é solicitado a imitar essa seqüência com

suas respectivas reproduções verbais: tom para sons

curtos e tommm para sons longos.

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e a imagem da

menina de cabelo longo ou curto, e a nomeação

Tommm para longo e Tom para curto, respectivamente.

Identificação

- Uma seqüência de quatro sons curtos e longos é

apresentada, juntamente com quatro opções de

seqüências dos desenhos de meninas de cabelo curto

e longo, que correspondem a um som de duração curta

e longa, respectivamente.

- O indivíduo é solicitado a apontar a seqüência com os

respectivos desenhos relacionados aos sons que

acabou de ouvir. Serão três seqüências apontadas com

a mão esquerda, quatro com ambas as mãos e três

com a mão direita.

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e a imagem da

menina de cabelo longo ou curto, e a nomeação longo

e curto escrita abaixo dos desenhos, respectivamente.

Nomeação

- A seqüência de quatro sons curtos e longos é

apresentada.

- O indivíduo é solicitado a nomear essa seqüência com

suas respectivas denominações: curto e longo.

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e a imagem da

menina de cabelo longo ou curto, e a nomeação

Tommm para longo e Tom para curto, respectivamente.

Page 94: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

75

DVD 5 - Aspecto de Freqüência dos Sons

O DVD 5 tem como objetivo o treino do processamento

temporal (resolução e ordenação temporal), por intermédio dos exercícios de

freqüência dos sons.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: para explicar os exercícios são apresentadas duas

notas musicais de piano, sendo que uma é na freqüência de 880 Hz,

representando um som de baixa freqüência (grave) e a outra na freqüência de

1122 Hz, representando um som mais agudo que o primeiro.

Para melhor entendimento das pessoas que podem utilizar

esse DVD, foi optado pela nomenclatura mais popular, grave e agudo, ao invés de

baixa e alta freqüência. Sendo assim, a partir de agora, usaremos esses termos

mais comuns a todos.

Quando o som é grave, aparece o desenho do rosto de um

menino careca gordo e com a explicação escrita: Pó – este é um som grave.

Quando o som é agudo, aparece o desenho do rosto de um

menino careca magro e com a explicação escrita: Pi – este é um som agudo.

Esses sons são demonstrados duas vezes para melhor

compreensão do indivíduo.

Esse DVD tem três etapas: imitação, identificação e nomeação.

Para cada etapa existem três níveis de dificuldade: fácil, moderado e difícil. O

grau de dificuldade está no intervalo da apresentação dos sons. A duração dos

sons é fixa em 300ms. A seguir, serão descritos os intervalos de acordo com cada

nível de dificuldade.

Fácil:

- 300ms

Moderado:

- 200 ms

Difícil:

- 150 ms

Page 95: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

76

Para cada nível existem dez exercícios a serem realizados,

totalizando 30 exercícios para cada etapa. Considerando que existem três etapas,

existem 90 exercícios ao todo nesse DVD.

Na primeira tela de todas as etapas e níveis, é solicitado que o

indivíduo preste a atenção no tipo dos sons apresentados.

A seguir, serão descritas as etapas desse DVD. Estas serão

demonstradas por intermédio do relato escrito dos passos que o indivíduo é

solicitado a realizar o exercício.

Imitação:

- A seqüência de quatro sons graves e agudos é

apresentada.

- O indivíduo é solicitado a imitar essa seqüência com

suas respectivas reproduções verbais: pó para sons

graves e pi para sons agudos.

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e o desenho do rosto

do menino careca gordo e do rosto do menino careca

magro, escrito abaixo do desenho Pó para os sons

graves e Pi para os sons agudos, respectivamente.

Identificação:

- Uma seqüência de quatro sons graves e agudos é

apresentada juntamente com quatro opções de

seqüências dos desenhos do rosto do menino careca

gordo e do rosto do menino careca magro, que

correspondem a um som grave e agudo,

respectivamente.

- O indivíduo é solicitado a apontar a seqüência com os

respectivos desenhos relacionados aos sons que

acabou de ouvir. Serão três seqüências apontadas com

a mão direita, quatro com ambas as mãos e três com a

mão esquerda.

Page 96: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

77

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e a imagem do rosto

do menino careca gordo e o rosto do menino careca

magro e a nomeação gordo e magro escrita abaixo dos

desenhos, respectivamente.

Nomeação:

- Uma seqüência de quatro sons graves e agudos é

apresentada.

- O indivíduo é solicitado a nomear essa seqüência com

suas respectivas denominações: grave e agudo.

- Por último, é dada a resposta correta. A seqüência é

repetida, juntamente com os sons e o desenho do

menino careca gordo e do menino careca magro, escrito

abaixo dos desenhos, grave e agudo, respectivamente.

DVD 6 - Ritmo - Estruturação Temporal

O DVD 6 tem como objetivo o treino do processamento

temporal (resolução temporal).

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Para explicar os exercícios, existe uma primeira tela

solicitando que o indivíduo preste a atenção e perceba o ritmo do instrumento que

será demonstrado. Nesse momento, surge uma imagem de um tambor com uma

baqueta em movimento, executando um som de quatro batidas ritmadas. Após

isso, é explicado que se pode também identificar o ritmo apenas com as baquetas

batendo no tambor, porém sem o som das mesmas. Nesse instante aparece o

tambor com as baquetas em movimento, porém sem o som. Na próxima tela, é

chamada a atenção para que o indivíduo perceba o ritmo sonoro do tambor e a

baqueta em movimento.

Esse DVD tem duas etapas: imitação e identificação.

Em cada etapa existem três níveis de dificuldade: fácil,

moderado e difícil. A dificuldade foi determinada pela velocidade das batidas, que

estão descritas abaixo.

Page 97: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

78

Fácil: 80 Bpm

Moderado: 100 Bpm

Difícil: 120 Bpm

Para cada nível há dez exercícios. Sendo assim, esse DVD é

composto por 30 exercícios em cada etapa, totalizando 60 exercícios existentes

para treino de estruturação temporal.

Na primeira tela das duas etapas é solicitado que o indivíduo

preste a atenção no ritmo que é apresentado.

A seguir, serão descritas as etapas desse DVD. Por uma

questão didática, estas serão demonstradas por intermédio do relato escrito dos

passos que o indivíduo é solicitado a realizar o exercício.

Reprodução motora:

- Inicialmente, surge a imagem do tambor e da baqueta

em movimento, emitindo um som ritmado com quatro

batidas.

- Após a execução do som, é solicitado que o indivíduo

reproduza o ritmo num verdadeiro tambor com uma

baqueta que é fornecida para o indivíduo. O tempo de

reprodução é de 20 segundos.

- Na seqüência, é perguntado ao indivíduo se ele

reproduziu corretamente o ritmo que escutou.

- Por último, o som emitido é reproduzido novamente,

juntamente com a imagem do tambor e a baqueta

realizando as batidas do ritmo correto.

Associação visual:

- Inicialmente, surge a imagem do tambor e da baqueta

em movimento, emitindo um som ritmado com quatro

batidas.

- Após a execução do som, é solicitado ao indivíduo

prestar atenção na imagem seguinte.

Page 98: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

79

- Nesse instante, surge a imagem do tambor e a

baqueta, executando os movimentos de quatro batidas.

Porém, essa imagem não é acompanhada de som,

somente do movimento.

- Na próxima tela, é perguntado ao indivíduo, se a

imagem da baqueta batendo no tambor sem som

corresponde à primeira imagem com som.

- O indivíduo tem dez segundos para resposta. Surge

então a resposta: sim ou não, juntamente com a

imagem da baqueta batendo no tambor, porém dessa

vez com som.

DVD 7 - Fechamento Auditivo

O DVD7 treina a habilidade de atenção seletiva. Conforme já

descrito anteriormente, o menu principal do DVD é dividido em três partes:

apresentação, instrução, calibração.

Antes de realizar os exercícios são fornecidas instruções de

como executá-los.

Instrução: Para explicar os exercícios, existe uma primeira tela

informando que nessa sessão são treinados aspectos de figura-fundo com as

seguintes músicas:

Ciranda-Cirandinha

Noite Feliz

Nana Nenê

Hino Nacional

Marcha Nupcial

Parabéns à Você

Todas as músicas são apresentadas, simultaneamente, com

um desenho que representa a canção e na presença de uma música competitiva

na caixa oposta.

Essas canções foram escolhidas, por serem músicas muito

conhecidas durante toda a vida pelos indivíduos.

Page 99: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

80

Neste DVD existe apenas uma etapa, porém com cinco níveis

de dificuldade. O grau de dificuldade está no número de notas musicais tocadas

para cada canção. São eles:

Fácil: oito notas musicais

Moderado: cinco notas musicais

Difícil: três notas musicais

Para cada nível há dez exercícios. Sendo assim, existem 50

exercícios para cada orelha, totalizando cem para esse DVD.

A seguir serão relatados os passos detalhados da realização

desses exercícios que é comum a todos os níveis.

1º) A primeira tela de cada exercício é uma solicitação para

que o indivíduo preste a atenção nas notas musicais

apresentadas.

2º) As notas musicais de uma das seis canções já citadas são

apresentadas ao mesmo tempo, juntamente com uma tela

com os seis desenhos dessas canções.

3º) Após isso, é solicitado que o indivíduo aponte com a mão o

desenho que corresponde a música que ouviu. Serão três

exercícios, em cada nível, apontados com a mão direita,

quatro com ambas as mãos e três com a mão esquerda. O

indivíduo tem dez segundos para apontar.

4º) Por último, a resposta é dada, com a canção e seu

respectivo desenho.

Page 100: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

81

5.2 Estudo da Avaliação Auditiva Pré e Pós Intervenção

Inicialmente, são apresentadas na Tabela 1 as estatísticas

descritivas para a variável idade e o resultado da análise de variância entre os

grupos controle e experimental.

Tabela 1 - Estatísticas descritivas para a idade nos três grupos e

resultados da análise de variância

Grupo N Média Desvio padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI 5 76,8 10,8 63 74 90

GII A 5 77,4 7,8 66 80 85

GII B 5 80,2 6,5 72 81 89

Análise de variância: p = 0,802

A análise de variância não revelou diferença significante entre

as médias das idades nos três grupos (p = 0,802). A seguir, são apresentados na

Figura 3 os valores individuais e médios das idades por grupo.

Figura 3 - Gráfico dos valores individuais e médios da Idade (anos) nos três grupos

Page 101: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

82

A seguir, é apresentada a análise dos questionários de auto-

avaliação e da avaliação comportamental, aplicados na 1ª semana (inicial) e na 9ª

semana (final), para o grupo controle GI, sem intervenção e, para os grupos

experimentais GIIA e GIIB, com intervenção.

Os resultados de todos os procedimentos foram apresentados,

obedecendo à seguinte ordem:

1º) estatística descritiva

- perfil individual dos resultados em cada teste.

- resultados médios ± desvio padrão

2º) análise de variância com medidas repetidas entre grupos,

períodos e interação.

Após toda a análise estatística, foram calculados os

coeficientes de correlação de Pearson nos três grupos entre as partes do

questionário de auto-avaliação e da avaliação comportamental, que poderiam ter

alguma relação entre si.

Questionários de Auto-avaliação

- APHAB

São apresentados na Tabela 2 os valores de estatísticas

descritivas para o benefício nas escalas FC, RV, RA e Sons indesejáveis (SI) e da

análise de variância no APHAB entre os grupos controle e experimental.

Page 102: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

83

Tabela 2 - Estatísticas descritivas para o benefício nas escalas do APHAB

nos grupos GI, GIIA e GIIB e os resultados da análise de

variância entre os períodos pré e pós sete semanas

Escala Grupo N Média Desvio Padrão

Mínimo Mediana Máximo

FC GI 5 4,8 6,4 -4 8 10

GIIA 5 17,2 5,1 11 18 23

GIIB 5 0,8 4,7 -4 0 7

RV GI 5 3,2 4,5 -3 2 9

GII A 5 14,0 12,2 0 13 33

GII B 5 3,2 5,4 -2 2 12

RA GI 5 1,6 2,6 -2 2 4

GII A 5 9,0 6,4 4 6 20

GII B 5 2,4 3,8 -2 2 8

SI GI 5 0,0 3,7 -6 0 4

GII A 5 14,2 16,7 0 4 39

GII B 5 0,8 1,8 0 0 4

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- GI x GIIA x GIIB → p = 0,006 *

- FC x RV x RA x SI → p = 0,097

- Interação entre grupo e escala → p = 0,129

Procedimento de Bonferroni:

- GI x GIIA → p = 0,003 *

- GIIA x GIIB → p = 0,002*

- GI x GIIB → p > 0,999

Como pode ser observado, a análise de variância não detectou

diferenças significantes nas porcentagens médias de benefício entre as quatro

escalas e no efeito de interação entre grupo e escala. Porém, foi detectada

diferença significante entre o benefício obtido nos diferentes grupos.

Portanto, foi necessário analisar onde ocorreram as diferenças

e verificou-se que a porcentagem média de benefício no grupo GIIA foi

significantemente maior que no GI e do que no GIIB.

Não foram detectadas diferenças entre os valores obtidos no

grupo GI e no GIIB.

Page 103: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

84

A seguir, são apresentados nas Figuras 4 e 5, o benefício

individual e o benefício médio ± desvio padrão, respectivamente, por escala no

APHAB nos grupos GI, GIIA e GIIB.

Figura 4 - Perfis individuais de benefício (pré e pós sete semanas) nas escalas do APHAB nos grupos GI, GIIA e GIIB

Figura 5 - Médias da porcentagem de benefício nas escalas do APHAB ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB

Page 104: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

85

- HHIE

São apresentados na Tabela 3 os valores de estatísticas

descritivas para a restrição de participação das atividades de vida diária e da

análise de variância, no HHIE, entre os grupos controle e experimental.

Tabela 3 - Estatísticas descritivas para o HHIE (pré e pós sete semanas) e

para o benefício entre os períodos nos grupos GI, GIIA e GIIB e

os resultados da análise de variância

Grupo Período N Média Desvio Padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 36,8 15,3 14 42 54

Pós 5 30,0 18,9 8 32 52

Diferença 5 -6,8 9,4 -22 -2 0

GIIA Pré 5 36,0 16,4 18 32 56

Pós 5 22,0 12,6 14 18 44

Diferença 5 -14,0 10,6 -32 -12 -4

GIIB Pré 5 44,0 23,8 14 40 68

Pós 5 34,0 25,9 4 26 62

Diferença 5 -10,0 7,1 -22 -8 -4

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- GI x GIIA x GIIB → p = 0,709

- Pré x Pós → p=0,001*

- Interação entre grupo e período → p = 0,482

Como pode ser observado, a análise de variância não detectou

diferenças significantes entre as porcentagens médias obtidas no HHIE entre os

três grupos, nos dois períodos e não houve interação entre o grupo e período. No

entanto, observou-se diferenças significantes entre os índices do HHIE pré e pós

sete semanas nos três grupos.

A seguir, são apresentados nas Figuras 6 e 7 as porcentagens

individuais e médias ± desvio padrão, respectivamente, no HHIE nos grupos GI,

GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas.

Page 105: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

86

Figura 6 - Perfis individuais dos índices no HHIE nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Figura 7 - Médias dos índices no HHIE ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós

Page 106: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

87

Avaliação comportamental

LS - Localização Sonora

São apresentados na Tabela 4 os valores de estatísticas

descritivas para o número de acertos e da análise de variância no teste de

Localização Sonora (LS), entre os grupos controle e experimental.

Tabela 4 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no LS (pré e

pós sete semanas) e para a diferença da LS entre os períodos

nos grupos GI, GIIA e GIIB

Grupo Período N Média Desvio padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 2,8 0,8 2 3 4

Pós 5 3,0 1,0 2 3 4

Diferença 5 0,2 1,3 -1 0 2

GIIA Pré 5 3,0 1,2 1 3 4

Pós 5 3,6 0,5 3 4 4

Diferença 5 0,6 1,3 0 0 3

GIIB Pré 5 2,8 0,8 2,0 3 4

Pós 5 2,6 0,5 2,0 3 3

Diferença 5 -0,2 0,8 -1,0 0 1

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- GI x GIIA x GIIB → p = 0,344

- Pré x Pós → p = 0,525

- Interação entre grupo e período → p = 0,575

Como pode ser observado, a análise de variância não detectou

diferenças significantes entre as médias de acertos entre os três grupos, entre os

períodos e não houve interação entre o grupo e período.

A seguir, são apresentados nas Figuras 8 e 9 os perfis

individuais e médias do número de acertos ± desvio padrão na LS,

respectivamente, nos três grupos e nos dois períodos pré e pós.

Page 107: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

88

Figura 8 - Perfis individuais do número de acertos no LS nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Figura 9 - Médias do número de acertos no LS ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Page 108: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

89

MSNVS - Memória de sons não verbais em seqüência - 3 instrumentos

São apresentados na Tabela 5 os valores de estatísticas

descritivas para o número de acertos no MSNVS – 3 instrumentos e da análise de

variância com medidas repetidas, entre os grupos controle e experimental.

Tabela 5 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no MSNVS - 3

instrumentos nos dois períodos e para a diferença do MSNVS

nos dois períodos (pré e pós) nos grupos GI, GIIA e GIIB

Grupo Período N Média Desvio padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 2,8 0,4 2 3 3

Pós 5 2,0 1,4 0 3 3

Diferença 5 -0,8 1,3 -3 0 0

GIIA Pré 5 2 1,0 1,0 2 3

Pós 5 2,6 0,5 2,0 3 3

Diferença 5 0,6 0,5 0,0 1 1

GIIB Pré 5 2,2 1,3 0 3 3

Pós 5 1,8 1,3 0 2 3

Diferença 5 -0,4 0,5 -1 0 0

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- GI x GIIA x GIIB → p = 0,801

- Pré x Pós → p = 0,394

- Interação entre grupo e período → p = 0,068

Como pode ser observado, a análise de variância não detectou

diferença significante entre as médias de acertos entre os três grupos, entre os

períodos e não houve interação entre o grupo e período.

A seguir, são apresentados nas Figuras 10 e 11 os perfis

individuais e médias do número de acertos ± desvio padrão, respectivamente, no

MSNVS- 3 instrumentos, nos três grupos e nos dois períodos pré e pós sete

semanas.

Page 109: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

90

Figura 10 - Perfis individuais do número de acertos no MSNVS - 3 instrumentos nos grupos GI, GII A e GII B nos períodos pré e pós sete semanas

Figura 11 - Médias do número de acertos no MSNVS - 3 instrumentos ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Page 110: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

91

MSNVS - Memória de sons não verbais em seqüência - 4 instrumentos

São apresentados na Tabela 6 os valores de estatísticas

descritivas para o número de acertos no MSNVS - 4 instrumentos e da análise de

variância com medidas repetidas, entre os grupos controle e experimental.

Tabela 6 - Estatísticas descritivas para o número de acertos no MSNVS - 4

instrumentos nos dois períodos e para a diferença do MSNVS

nos dois períodos (pré e pós sete semanas) nos grupos GI, GIIA

e GIIB

Grupo Período N Média Desvio padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 3 0,0 3 3 3

Pós 5 2,6 0,9 1 3 3

Diferença 5 -0,4 0,9 -2 0 0

GIIA Pré 5 1,6 1,5 0 2 3

Pós 5 2,8 0,4 2 3 3

Diferença 5 1,2 1,3 0 1 3

GIIB Pré 5 1,6 1,3 0 1 3

Pós 5 1,4 1,1 0 1 3

Diferença 5 -0,2 0,4 -1 0 0

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- Interação entre grupo e período → p = 0,041*

Procedimento de Bonferroni:

- Período pré: GI e GIIA → p = 0,158

- Período pré: GI e GIIB → p = 0,158

- Período pré: GIIA e GIIB → p > 0,999

- Período pós: GI e GIIA → p > 0,999

- Período pós: GI e GIIB → p = 0,271

- Período pós: GIIA e GIIB → p = 0,157

- Pré x Pós:

- GI → p > 0,999

- GIIA → p = 0,046 *

- GIIB → p >0,999

Page 111: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

92

Como pode ser observado, a análise de variância detectou

efeito de interação entre grupo e período. Por essa razão não se fez necessária

investigação entre grupos e entre períodos.

Porém, fez-se necessário a investigação do número das

possíveis diferenças obtidas nos três grupos no período pré, pós e entre períodos.

Prosseguindo na análise, foi constatado que não houve

diferenças significantes entre as médias do número de acertos nos dois períodos

no grupo GI e no GIIB. No GIIA, a média no período pós é maior que no período

pré.

A seguir, são apresentados nas Figuras 12 e 13 os perfis

individuais e médias do número de acertos ± desvio padrão, respectivamente, no

MSNVS - 4 instrumentos, nos três grupos e nos dois períodos pré e pós sete

semanas.

Figura 12 - Perfis individuais do número de acertos no MSNVS - 4 instrumentos nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Page 112: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

93

Figura 13 - Médias do número de acertos no MSNV - 4 instrumentos ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

LRSS - Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio

São apresentados na Tabela 7 os valores de estatísticas

descritivas para o limiar (dB) no LRSS e da análise de variância com medidas

repetidas, entre os grupos controle e experimental.

Tabela 7 - Estatísticas descritivas para o LRSS (dB) e para a diferença dos

limiares nos dois períodos (pré - pós sete semanas) nos grupos

GI, GIIA e GIIB

Grupo Período N Média Desvio Padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 43,2 4,3 36,1 45,6 46,1

Pós 5 42,9 5,2 36,3 45,1 48,6

Diferença 5 -0,2 2,1 -3,3 -0,1 2,6

GII A Pré 5 41,2 5,7 33,9 42,6 48,3

Pós 5 40,7 5,7 33,5 42,0 48,4

Diferença 5 -0,6 0,9 -2,2 -0,4 0,1

GII B Pré 5 45,1 10,6 29,3 50,7 54,4

Pós 5 45,2 10,6 31,0 50,0 55,0

Diferença 5 0,1 1,4 -1,9 0,6 1,7

Page 113: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

94

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- GI x GIIA x GIIB → p = 0, 677

- Pré x Pós → p = 0,571

- Interação entre grupo e período → p = 0,782

Como pode ser observado, a análise de variância não detectou

diferenças significantes entre as médias de acertos entre os três grupos, entre os

períodos e não houve interação entre o grupo e período.

A seguir, são apresentados nas Figuras 14 e 15 os perfis

individuais e médias do número de acertos ± desvio padrão, respectivamente, no

LRSS nos grupos Controle GI, Experimental GIIA e GIIB nos dois períodos pré e

pós.

Figura 14 - Perfis individuais do LRSS (dB) nos grupos GI, GIIA e GIIB

Page 114: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

95

Figura 15 - Médias do LRSS ± desvio padrão nos grupos Controle GI, Experimental GIIA e Experimental GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

LRSR - Limiar de Reconhecimento de Sentença no Ruído

São apresentados na Tabela 8 os valores de estatísticas

descritivas para o LRSR (dB) e da análise de variância com medidas repetidas,

entre os grupos controle e experimental.

Tabela 8 - Estatísticas descritivas para o LRSR (dB) e para a diferença dos

limiares nos dois períodos (Pré - Pós sete semanas) nos grupos

GI, GIIA e GIIB

Grupo Período N Média Desvio Padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 66,2 3,3 62,9 66,2 70,9

Pós 5 66,7 2,6 62,9 67,0 69,9

Diferença 5 0,5 1,2 -1,0 0,2 2,2

GIIA Pré 5 65,8 3,8 63,0 63,9 71,8

Pós 5 64,3 3,4 61,3 63,0 69,1

Diferença 5 -1,5 0,7 -2,7 -1,3 -0,9

GIIB Pré 5 65,5 2,0 63,0 64,7 68,0

Pós 5 65,9 1,6 64,0 65,5 68,0

Diferença 5 0,4 0,5 -0,1 0,3 1,0

Page 115: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

96

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- Interação entre grupo e período → p = 0,005*

Procedimento de Bonferroni:

- Período pré: GI e GIIA → p > 0,999

- Período pré: GI e GIIB → p > 0,999

- Período pré: GIIA e GIIB → p > 0,999

- Período pós: GI e GIIA → p = 0,645

- Período pós: GI e GIIB → p > 0,999

- Período pós: GIIA e GIIB → p > 0,999

- Pré x Pós:

- GI → p = 0,637

- GIIA → p = 0,006*

- GIIB → p = 0,938

Como pode ser observado, a análise de variância detectou

efeito de interação entre grupo e período. Por essa razão, não se fez necessária a

investigação entre grupo e entre períodos.

Porém, fez-se necessária a investigação do número médio de

acertos nos três grupos no período pré, pós e nos dois períodos:

Prosseguindo a análise, constatou-se que não houve diferença

significante entre as médias do número de acertos nos dois períodos no grupo GI

e no GIIB. No GIIA, a média no período pós é menor que no período pré.

A seguir, são apresentados nas Figuras 16 e 17 os perfis

individuais e médias do número de acertos ± desvio padrão, respectivamente, no

LRSR nos grupos GI, GIIA e GIIB nos dois períodos pré e pós.

Page 116: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

97

Figura 16 - Perfis individuais do LRSR (dB) nos grupos GI, GIIA e GIIB

Figura 17 - Médias do limiar no LRSR ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB nos períodos pré e pós sete semanas

Page 117: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

98

Relação Sinal-Ruído

São apresentados na Tabela 9 os valores de estatísticas

descritivas para a relação sinal-ruído e da análise de variância com medidas

repetidas, entre os grupos controle e experimental.

Tabela 9 - Estatísticas descritivas para a relação sinal ruído e para a

diferença da relação sinal ruído nos dois períodos (Pré-Pós sete

semanas) nos grupos GI, GIIA e GIIB

Grupo Período N Média Desvio padrão

Mínimo Mediana Máximo

GI Pré 5 1,4 3,3 -2,1 1,9 5,9

Pós 5 1,6 2,6 -2,1 2,0 4,9

Benefício 5 0,2 1,1 -1,0 0,1 1,9

GIIA Pré 5 0,8 3,8 -2,0 -1,1 6,8

Pós 5 -0,7 3,3 -3,7 -2,0 4,0

Benefício 5 -1,5 0,8 -2,8 -1,3 -0,9

GIIB Pré 5 0,5 2,0 -2,0 -0,3 3,0

Pós 5 0,9 1,6 -1,0 0,5 3,0

Diferença 5 0,4 0,5 -0,1 0,3 1,0

Técnica de análise de variância com medidas repetidas:

- Interação entre grupo e período → p=0,005*

Procedimento de Bonferroni:

- Período pré: GI e GIIA → p > 0,999

- Período pré: GI e GIIB → p > 0,999

- Período pré: GIIA e GIIB → p> 0,999

- Período pós: GI e GIIA → p =0,637

- Período pós: GI e GIIB → p >0,999

- Período pós: GIIA e GIIB → p>0,999

- Pré x Pós:

- GI → p > 0,999

- GIIA → p =0,004*

- GIIB → p =0,878

Page 118: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

99

Como pode ser observado, a análise de variância detectou

efeito de interação entre grupo e período. Por essa razão, não se fez necessária a

investigação entre grupo e entre períodos.

Porém, fez-se necessário a investigação do número médio de

acertos nos três grupos no período pré, pós e nos dois períodos.

Prosseguindo na análise, foi constatado que não houve

diferenças significativas entre as médias do número de acertos nos dois períodos

no grupo controle GI e no Experimental GIIB. No Experimental GIIA, a média no

pós é menor que no pré.

Nas Figuras 18 e 19 são mostrados os perfis individuais, e

médias da relação sinal-ruído ± desvio padrão, respectivamente, na relação sinal-

ruído, nos grupos GI, GIIA e GIIB nos dois períodos pré e pós sete semanas.

Figura 18 - Perfis individuais da relação sinal ruído nos grupos GI, GIIA e GIIB

Page 119: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

100

Figura 19 - Médias da relação sinal ruído ± desvio padrão nos grupos GI, GIIA e GIIB, nos dois períodos

Correlação entre a escala ruído ambiental (RA) do APHAB, LRSR e Relação

Sinal-Ruído

São apresentados, nas Tabelas 10, 11 e 12, os coeficientes de

correlação de Pearson entre o benefício na escala de ruído ambiental do

questionário APHAB e as diferenças do LRSR e relação S/R pós e pré.

Tabela 10 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na

escala do APHAB de ruído ambiental (RA), e a diferença de LRSR

(pós - pré sete semanas) e diferença da Relação S/R (pós - pré

sete semanas), no grupo GI

GI RA

RA 1,00

DIF LRSR -0,04

DIF R S/R 0,14

RA - ruído ambiental; DIF LRSS - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no silêncio; DIF LRSR - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no ruído; DIF S/R - Diferença da relação sinal ruído

Page 120: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

101

Tabela 11 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na

escala do APHAB de ruído ambiental (RA), diferença de LRSR

(pré e pós sete semanas) e diferença da Relação S/R (pré e pós

sete semanas), no grupo GIIA

GIIA RA

RA 1,00

DIF LRSR -0,15

DIF S/R -0,12

RA - ruído ambiental; DIF LRSS - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no silêncio; DIF LRSR - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no ruído; DIF S/R - Diferença da relação sinal ruído

Tabela 12 - Coeficientes de correlação de Pearson entre o benefício na

escala do APHAB de ruído ambiental (RA), diferença de LRSR

(pré e pós sete semanas) e diferença da Relação S/R (pré e pós

sete semanas), no grupo GIIB

GIIB RA

RA 1,00

DIF LRSR 0,73

DIF S/R 0,73

RA - ruído ambiental; DIF LRSS - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no silêncio; DIF LRSR - Diferença do limiar de reconhecimento de sentença no ruído; DIF S/R - Diferença da relação sinal ruído

A saber, nas escalas do APHAB, os valores que são obtidos

são referentes ao benefício. Sendo assim, se na avaliação do período pós o valor

for maior que no pré, significa que o grupo obteve algum benefício.

Já na detectabilidade do limiar de reconhecimento de

sentenças no ruído e na relação sinal-ruído, se na avaliação do período pós o

valor obtido for menor, significa que o grupo também obteve alguma melhora. Ou

seja, essas medidas, são inversamente proporcionais.

Com base nesse pressuposto, quando são calculados os

coeficientes de correlação entre LRSR, R S/R com RA e os valores obtidos são

negativos, significa que o valor no período pré é maior que no pós, e nesse caso,

isso demonstra uma melhora.

Page 121: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

102

Como pode ser observado, no grupo experimental GII A, foram

detectados coeficientes negativos entre a diferença de LRSR e R S/R com a

escala RA (ruído ambiental) do APHAB. Isso demonstra uma coerência entre o

que o indivíduo percebe e os resultados de uma avaliação comportamental.

Esses valores mostram apenas uma tendência, uma vez que a

amostra é pequena.

Page 122: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

6 DISCUSSÃO

Page 123: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

104

Neste capítulo será apresentada uma análise crítica dos

resultados referentes ao desenvolvimento do programa de treinamento auditivo

musical e sua aplicação em idosos usuários de próteses auditivas. Esses

resultados serão confrontados, quando possível, com os dados obtidos na

literatura especializada compulsada.

Para facilitar o entendimento, a ordem de exposição será a

mesma adotada no capítulo de resultados.

6.1 Discussão sobre a Elaboração do Programa de

Treinamento Auditivo Musical

6.2 Discussão sobre a Avaliação Auditiva Pré e Pós

Intervenção

6 1 Discussão sobre a Elaboração do Programa de Treinamento Auditivo

Musical

A idealização desse material surgiu de observações durante a

prática clínica com a avaliação audiológica de um paciente músico. Nessa

avaliação, foi observado que a sensibilidade auditiva desse músico estava pior do

que o seu reconhecimento de fala, mostrando resultados incompatíveis entre

limiares audiométricos e o seu IPRF (índice percentual de reconhecimento de

fala). Nesse momento, após vários questionamentos a esse fato surgiram

questões como: a educação musical interfere na percepção de fala? Cérebros de

músicos e não músicos diferem quanto ao processamento neurológico das

informações auditivas e da fala? Essa última questão encontrou fundamentos nos

estudos de Lauter et al (1985), Zatorre et al (1994), Muszkat et al. (1995) e

Liegeois-Chauvel et al. (1998).

Ao verificar essa habilidade auditiva melhorada, talvez pela

educação musical e refletir sobre a dificuldade de idosos usuários de próteses

Page 124: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

105

auditivas com pouco benefício, especialmente, em situações com ruído,

considerou-se a possibilidade de uma intervenção de estimulação auditiva

baseada em música. Os efeitos deletérios da idade nas habilidades cognitivas e

na compreensão da fala em situações de ruído foram apontados por Pichora-

Fuller, Singh (2006), porém, quando não há beneficio com o uso de amplificação

sonora, a intervenção usual é a inserção do idoso num programa de treinamento

auditivo formal.

No entanto, o treinamento auditivo formal para idosos, embora

seja possível, nem sempre é viável, pois tarefas que envolvem condições de

escuta difícil podem causar frustração, desânimo e desistência do treinamento

com conseqüente abandono do uso da prótese auditiva.

Desta forma, procurou-se desenvolver um programa de

treinamento auditivo que pudesse ser mais interessante, lúdico e prazeroso para

idosos usuários de próteses auditivas.

Para tal, foram analisados vários trabalhos científicos,

principalmente nas áreas da música, processamento neurológico da informação

auditiva e treinamento auditivo.

Cabe destacar os estudos de Muszkat et al (1995), Liegeois-

Chauvel et al. (1998) que demonstraram que a educação musical interfere no

processamento neurológico de informações e que a plasticidade cerebral é

modificada em músicos em relação aos não músicos. Muszkat et al. (2000)

afirmaram que o processamento acústico da altura, timbre, melodia de uma

música, ocorre predominantemente no hemisfério direito; e o ritmo, senso de

familiaridade, processamento temporal e seqüencial dos sons, no hemisfério

esquerdo. No que diz respeito à percepção auditiva e processamento de

linguagem, um estudo recente de Andreasen (2005) com neuroimagem

demonstrou ativação em ambos os hemisférios cerebrais.

Em 1998, Musiek, Schochat propuseram um modelo de

treinamento auditivo, definindo critérios para desenvolver um programa com

tempo pré-estabelecido, e registro de acertos e erros por sessão. Em 2002,

Musiek et al, e em 2004, Sweetow, Henderson-Sabes descreveram algumas

tarefas fundamentais e itens importantes que um programa de treinamento

auditivo deve ter para obter bons resultados.

Page 125: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

106

Desta forma, foi idealizado o programa de Treinamento

Auditivo Musical, considerando-se as possibilidades de serem oferecidos

estímulos, os mais desafiadores possíveis, em tarefas motivadoras e que se

repetem, a fim de favorecer o desenvolvimento da plasticidade neural.

Com o foco principal da aplicação desse material em usuários

de próteses auditivas, fez-se necessário considerar os estímulos sonoros,

limitando a faixa de freqüências àquela incluída na faixa de amplificação principal

das próteses auditivas.

Para tal, foram selecionados instrumentos musicais que

permitissem a produção de sons que possuíssem faixas de freqüências dentro da

faixa de amplificação mais efetiva das próteses auditivas, isto é, de 200 Hz a 4000

Hz. Isso foi feito com base nos estudos de Chasin, Russo (2004) que alertaram

sobre a distorção da música ouvida devido à manipulação do sinal pelo sistema

de amplificação sonora da prótese auditiva.

Uma vez estabelecidos esses critérios básicos, pode-se

finalmente elaborar o Treinamento Auditivo Musical.

Este material é composto por sete DVDs, cada um com

exercícios diferentes para o treinamento específico dos mecanismos auditivos de

atenção seletiva e/ou processamento temporal. Esses mecanismos também são

trabalhados nos treinamentos auditivos propostos por Musiek, Schochat (1998);

Sweetow, Henderson-Sabes (2004), Nunes, Frota (2006) e Gielow (2008).

Nos DVDs 1 e 2, Figura – Fundo de Sons Instrumentais e

Seqüenciais, os mecanismos treinados foram: atenção seletiva e ordenação

temporal, sendo que este último foi treinado somente no DVD2 de Figura-fundo

para sons seqüenciais. Esses mecanismos treinados estão de acordo com as

considerações feitas por Shinn (2003) e Samelli, Schochat (2008).

A natureza dos exercícios realizados nesses DVDs baseou-se

no estudo de Chermak, Musiek (2002), que consideraram que o treinamento de

reconhecimento de fala em condições competitivas propicia melhora na

discriminação auditiva e no processamento temporal.

No desenvolvimento desses DVDs, essa habilidade foi

contemplada, porém a mensagem alvo foi constituída por sons instrumentais e a

mensagem competitiva, por um som de música oferecendo uma tarefa mais

prazerosa e menos cansativa.

Page 126: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

107

No DVD 3, Escuta Direcionada, os mecanismos auditivos

treinados foram: atenção seletiva e localização. Vale ressaltar que uma das

vantagens desse material é que, embora tenha sido elaborado para ser

executado com caixas acústicas, poderá também ser utilizado com fones de

ouvidos, estimulando, assim, a escuta dicótica, que se refere à apresentação

simultânea de estímulos diferentes nas duas orelhas (Kimura, 1961). O

princípio teórico para a elaboração dos exercícios desse DVD pode ser

encontrado já nos anos 60 com os estudos de Kimura (1961), Kimura (1967) e

Curry (1967), que demonstraram a superioridade do hemisfério direito para o

processamento melódico, por intermédio de provas de estimulação auditiva

dicótica de melodias. Outro estudo que pode ser citado é o de Kimura (1967)

com a descrição da teoria estrutural, que enfatizou a idéia de que as vias

contralaterais inibem as ipsilaterais sob audição dicótica dando à orelha direita

acesso privilegiado ao hemisfério esquerdo e à orelha esquerda, ao hemisfério

direito.

Nos DVDs 4 e 5, Aspecto de Duração e de Freqüência dos

Sons foram treinados os mecanismos de processamento temporal: ordenação e

resolução temporal, sendo que esse último foi treinado somente no DVD5,

Aspecto de Freqüência dos sons. A base de seu desenvolvimento encontrou

suporte teórico nos estudos de Hirsh (1959), Shinn (2003), Mulsow, Reichmuth

(2007) e, Samelli, Schochat (2008).

Sabe-se que a ordenação temporal é definida como o

processamento de múltiplos estímulos auditivos na sua ordem de decorrência e a

resolução temporal refere-se ao mínimo tempo requerido para segregar ou

resolver eventos acústicos (Shinn, 2003).

No DVD de aspecto de duração dos sons, o intervalo de

silêncio estabelecido entre um som e outro foi fixado em 300 ms e no DVD de

aspecto de freqüência, o nível de dificuldade foi determinado nos intervalos inter-

estímulos, isto é, 300 ms (fácil), 200 ms (moderado) e 150 ms (difícil).

Com base no pressuposto teórico citado, considerou-se que o

mecanismo de resolução temporal foi trabalhado somente no DVD 5 quanto ao

Aspecto de Freqüência, uma vez que os intervalos entre os sons apresentados

foram variados; já o mecanismo de ordenação temporal foi trabalhado em ambos

DVDs.

Page 127: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

108

Os sons escolhidos para a elaboração dos DVDs 4 e 5, foram as

notas musicais de piano. A escolha de um instrumento musical teve a inspiração no

trabalho de Taborga-Lizarro (1999), que escolheu o som de flauta em sua pesquisa.

Com o intuito de tornar esses DVDs mais lúdicos e agradáveis

foi criada uma associação para sons curtos e longos com a imagem de um rosto

de menina com cabelo curto e comprido e, para sons graves e agudos, a imagem

de um rosto de menino gordo e magro, respectivamente. Ambas as modalidades

auditiva e visual foram contempladas nessa tarefa. A integração do sistema

auditivo-visual encontrou suporte teórico nos estudos de Montgomery et al. (1984)

e Sweetow, Henderson-Sabes (2004).

O DVD 6, Ritmo – Estruturação Temporal treina o mecanismo

de resolução temporal.

O ritmo, como um aspecto psicoacústico da música, foi

selecionado para ser especificamente trabalhado nesse programa, uma vez que

ativa o hemisfério cerebral esquerdo, nas áreas frontais inferiores, área de Broca

(AB/44/6) estendendo-se à insula vizinha. Esses dados demonstram uma

conexão neurobiológica entre o ritmo musical e fala expressiva (Platel et al., 1997;

Muszkat et al., 2000; Andreasen, 2005).

No DVD 7, de Fechamento auditivo é treinado o mecanismo de

atenção seletiva e teve sua elaboração baseada nos estudos de Bellis, 1996b e

Musiek et al., 2002. A tarefa de fechamento auditivo pode ser definida como uma

habilidade do processamento auditivo de completar imagem acústica incompleta.

Para essa tarefa seis músicas familiares foram selecionadas. O grau de

dificuldade esteve no número de notas musicais oferecidas para que o indivíduo

identificasse cada uma das canções. Foram determinados três níveis de

dificuldade: fácil (oito notas); moderado (cinco notas) e difícil (três notas).

Nas tarefas de Escuta Direcionada, Aspecto de Duração e

Freqüência dos sons, a realização dos exercícios obedeceu três diferentes

instruções: imitação, identificação e nomeação. Essa decisão foi tomada com

base na literatura especializada (Musiek, Schochat, 1998; Taborga-Lizarro, 1999;

Sweetow, Henderson-Sabes, 2004; Nunes, Frota, 2006; Gielow, 2008).

Em todos os DVDs, exceto no de Ritmo-estruturação temporal,

associou-se um ato motor para a resposta de identificação. Foi instruído ao

indivíduo que identificasse o estímulo ouvido apontando-o, inicialmente, com a mão

Page 128: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

109

esquerda, depois, com ambas as mãos e, finalmente com a mão direita. Essa

movimentação motora tem base nos exercícios de transferência interhemisférica

citados nos estudos de Bellis (1996b) e Musiek, Chermak (1997).

6.2 Discussão sobre a Avaliação Auditiva Pré e Pós Intervenção

A aplicação do treinamento auditivo musical teve como objetivo

verificar a viabilidade do uso desse material e avaliar seus benefícios. Para tal, foi

feito um estudo da avaliação auditiva pré e pós sete semanas, por meio da

estatística descritiva e da análise de variância com medidas repetidas entre

grupos, períodos e interação.

A fim de caracterizar a amostra segundo a variável idade foi

realizada a análise estatística nos grupos controle GI, experimental GIIA e GIIB.

Os resultados não revelaram diferença estatisticamente

significante entre as médias das idades entre os grupos. Convém ressaltar que

um dos critérios de inclusão foi selecionar idoso a partir de 60 anos, pois uma

faixa etária limitada dificultaria a seleção dos indivíduos (Tabela 1 e Figura 3).

Discutiremos a seguir os resultados dos questionários de auto-

avaliação e dos testes da avaliação comportamental.

Questionários de Auto - Avaliação

A opção da aplicação de questionários de auto-avaliação foi

realizada para possibilitar conhecer mais profundamente as dificuldades dos

pacientes em situações diversas de sua vida diária, o que muitas vezes, não é

possível com avaliações objetivas.

De acordo com os estudos de Weinstein et al. (1986), Ross

(1987), Muller, Hall (1998), Almeida (2003), Bucuvic (2003) os questionários de

auto-avaliação podem e devem ser utilizados para avaliar a efetividade de

qualquer intervenção terapêutica.

Para o presente estudo, foram selecionados o APHAB e o

HHIE para avaliar o benefício da intervenção e a auto-percepção da restrição de

participação nas diversas situações do cotidiano, respectivamente.

Page 129: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

110

- APHAB

O APHAB é um instrumento que avalia o grau de dificuldade

auditiva em diversas situações do cotidiano em dois momentos: antes da

intervenção e após a mesma. Esse questionário foi escolhido por tratar-se de um

instrumento abrangente, envolvendo situações de comunicação em condições

favoráveis de escuta, desfavoráveis com ruído ou em ambientes reverberantes e

desconforto a sons ambientais.

Na análise dos resultados do questionário de auto-avaliação

APHAB, foram comparadas as respostas obtidas em cada sub-escala, nos

períodos pré e pós sete semanas, sendo que em ambas as situações o indivíduo

estava usando a prótese auditiva. Não foram detectadas diferenças

estatisticamente significantes nos valores das porcentagens médias de benefício

entre as quatro escalas e no efeito de interação entre grupo e escala. Porém,

foram detectadas diferenças estatisticamente significantes entre o benefício

obtido nos diferentes grupos (p = 0,006*).

Os resultados revelaram que o benefício obtido nas diferentes

sub – escalas FC (Facilidade de Comunicação), RV (Reverberação), RA (Ruído

ambiental) e SI (Sons indesejáveis) do questionário APHAB no grupo

experimental GIIA foi significantemente maior do que o observado nos outros

grupos (GI x GIIA: p=0,003* e GIIA x GIIB: p=0,002*).

Isto demonstra que o treinamento auditivo musical proposto

neste estudo propiciou maiores benefícios quando comparado ao grupo sem

nenhuma intervenção, ou ao grupo exposto à estimulação passiva por meio de

música clássica.

Vale ressaltar que a sub-escala que demonstrou maior

benefício no grupo Experimental GIIA foi a FC (Tabela 2, Figura 4 e 5), embora

não tenha sido constatada diferença estatisticamente significante entre as quatro

escalas. Esses dados concordam com os estudos de Almeida (1998) e Megale

(2006) apesar de apresentarem diferentes objetivos e metodologias.

A sub-escala que demonstrou menor benefício foi a sub –

escala RA (Tabela 2, Figura 4 e 5). Esses dados concordam com os estudos de

Almeida (1998), e discordam dos estudos de Gil (2006) que detectou diferença

estatisticamente significante nessa escala após a aplicação do treinamento

auditivo formal e de Megale (2006) em que detectou o menor benefício na sub-

Page 130: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

111

escala SI. Provavelmente, as diferenças metodológicas entre os estudos tenham

contribuído para isso. Na metodologia do estudo de Megale (2006) o grupo

experimental recebeu treinamento auditivo inicialmente sem próteses auditivas e

depois, com o uso dessas.

Na presente pesquisa optou-se por analisar o benefício, isto é,

a diferença entre as dificuldades observadas na 1ª semana e na nona semana.

Na literatura especializada não foi encontrado nenhum estudo

que tivesse avaliado o benefício encontrado nas duas situações, pré e pós-

intervenção, com o mesmo tipo de metodologia.

Dessa maneira, para a discussão dos dados da presente

pesquisa foram encontradas dificuldades de comparação. As pesquisas de Cox,

Alexander (1995), Almeida (1998) e Bucuvic (2003), que também analisaram

benefício, o fizeram em situações diferentes das avaliadas nessa pesquisa, ou

seja, sem e com o uso de próteses auditivas. Já nos estudos de Gordo (1998) e

Scharlach (1998), o benefício também foi avaliado; porém, essas autoras

realizaram a comparação entre diferentes circuitos eletroacústicos de próteses

auditivas antes e após o período de uso da amplificação. E finalmente, quando

compara-se com os estudos de Gil (2006) e Megale (2006), observa-se que as

autoras além de analisarem a porcentagem de dificuldade, avaliaram também o

benefício, porém com diferentes objetivos e metodologia.

Cox (1996) propôs o critério de benefício com o uso desse

instrumento que não serviu de referência para a presente pesquisa.

Sendo assim, não foi possível uma comparação quantitativa

com os estudos de Cox (1996), Almeida (1998), Gordo (1998), Scharlach (1998),

Bucuvic (2003), Gil (2006) e Megale (2006).

De acordo com os dados expostos, pode-se constatar que o

Treinamento Auditivo Musical proporcionou maiores benefícios para os idosos

usuários de próteses auditivas.

Page 131: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

112

- HHIE

Dentre os questionários de auto-avaliação da restrição de

participação em atividades de vida diária, o HHIE (The Hearing Handicap

Inventory for the Elderly) é um dos indicados para avaliar a população de idosos.

A ASHA em 1989 recomendou o uso da versão reduzida do HHIE que contém

apenas 10 questões, sendo assim o mais utilizado na prática clínica. No presente

estudo, optou-se pela aplicação do questionário na sua versão original, contendo

25 questões.

O protocolo original do HHIE envolve a administração do

questionário antes da adaptação da prótese auditiva e depois de determinado

intervalo de tempo de uso da amplificação. Quando os índices obtidos mostrarem

uma redução na auto-percepção da restrição de participação, significa que o

processo de adaptação das próteses auditivas foi eficiente. (McCarthy, 1997)

Na presente pesquisa, o HHIE foi aplicado pré e pós sete

semanas, sendo que em ambas as situações o indivíduo estava utilizando as

próteses auditivas.

Os resultados não revelaram diferenças significantes entre as

porcentagens médias obtidas no HHIE entre os grupos, nos dois períodos e não

houve efeito de interação entre grupo e período. No entanto, observaram-se

diferenças significantes entre os índices do HHIE pré e pós sete semanas nos três

grupos (p=0,001*). Isso significa que nos três grupos houve uma melhora na

segunda avaliação.

A melhora no grupo controle, que não recebeu nenhuma

intervenção, pode ser justificada pelo fenômeno da aclimatização (Gatehouse,

1992; Gatehouse, Killion, 1993; Turner et al. 1996).

Sabe-se que a aclimatização refere-se à melhora no

reconhecimento de fala ao longo do tempo em decorrência da estimulação

auditiva por meio da amplificação (Gatehouse, 1992; Byrne, Dirks, 1996).

Esses dados concordam com os estudos de Megale (2006) e

Miranda (2007), que observaram diminuições da auto-percepção de restrição de

participação, por meio do HHIE, tanto no grupo controle, como no grupo

experimental, que recebeu treinamento auditivo formal.

Com isso, pode-se constatar que, mesmo o HHIE não

avaliando objetivamente a melhora no reconhecimento de fala, ele se mostra

Page 132: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

113

efetivo ao avaliar o benefício do uso da prótese auditiva e sua participação em

atividades de vida diária.

Observa-se que a maior diferença estatisticamente não

significante foi detectada no grupo experimental GIIA que recebeu o treinamento

auditivo musical, seguida do grupo GIIB, que esteve exposto à música clássica e

por último do grupo controle, que somente utilizou as próteses auditivas sem

receber nenhuma intervenção (Tabela 3, Figuras 6 e 7). Esses resultados

demonstram que o treinamento auditivo musical proporcionou uma diminuição da

autopercepção de restrição de participação em AVD (atividade de vida diária) dos

indivíduos.

Avaliação Comportamental

Foram selecionados apenas alguns testes que pertencem a

essa bateria, embora existam muitos testes para a avaliação da função auditiva

central. Para tal foram levados em consideração os estudos correlatos na

literatura especializada, população alvo, sensibilidade dos testes ao objetivo

proposto e a disponibilidade dos mesmos na prática clínica. E, de acordo com

Chemark et al. (1998), devem ser selecionados testes da avaliação da função

auditiva central de fácil aplicação pelo examinador, facilmente compreendido pelo

paciente e que não sejam afetados pela perda auditiva.

Entre os testes disponíveis foram selecionados os testes da

avaliação simplificada do processamento auditivo: localização sonora (LS),

memória para sons não verbais em três e quatro instrumentos e além destes, o

teste auditivo de limiar de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído.

Page 133: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

114

- Localização Sonora (LS); Memória para sons não verbais em três e quatro

instrumentos

Os resultados da avaliação de LS não demonstraram

diferenças significantes entre as médias de acertos nos três grupos nos períodos

pré e pós sete semanas.

Observou-se um número de acertos maior no grupo GIIA, que

recebeu o treinamento auditivo proposto (Tabela 4), embora não tenham sido

detectadas diferenças estatisticamente significantes.

Os perfis individuais na Figura 8 mostram que os idosos do grupo

experimental GIIA ou obtiveram o mesmo número de acertos nos dois períodos ou

acertaram mais no período pós - intervenção. Já nos outros grupos observam-se

alguns idosos com menor número de acertos no pós em relação ao pré.

Entretanto, não foi detectada diferença significante entre as

médias de acertos nos três grupos, nos dois períodos e não houve efeito de

interação entre grupo e período.

A habilidade de localização sonora dos lados direito e

esquerdo, as quais foram treinadas no DVD3 de Escuta Direcionada melhorou em

todos os indivíduos do grupo experimental GIIA.

No estudo de Gil (2006) esse foi o único teste que não

apresentou diferenças estatisticamente significantes. Nessa pesquisa, a autora

aplicou um treinamento auditivo formal que não incluía nenhuma atividade para o

treino da habilidade de localização sonora, o que pode justificar os resultados.

Embora, na presente pesquisa, as diferenças também não tenham sido

significantes, pode ser notoriamente observada melhora individual em todos os

componentes do grupo experimental GIIA, que foi submetido ao Treinamento

Auditivo Musical.

Pode-se dizer que o mesmo ocorreu no teste de memória para

sons verbais com três instrumentos (MSNVS - três instrumentos) em que se

observou (Tabela 5 e os perfis individuais na Figura 10) que os indivíduos do GIIA,

ou obtiveram o mesmo número de acertos nos dois períodos, ou acertaram mais no

pós tratamento. Isto não foi observado nos outros grupos, nos quais alguns

indivíduos apresentaram menor número de acertos no pós em relação ao pré.

Page 134: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

115

A Figura 11 revela a média do número de acertos no MSNVS –

três instrumentos, na qual, é nítido observar que a média para o grupo

Experimental GIIA, foi predominantemente maior que no grupo controle GI e

experimental GIIB.

Não foram encontrados estudos com objetivo e metodologia

análogos aos da presente pesquisa, a fim de que esses dados pudessem ser

confrontados.

Já no teste de memória para sons verbais com quatro

instrumentos (MSNVS - 4 instrumentos), foi detectado efeito de interação entre

grupo e período, isso significa que foi detectada diferença, estatisticamente

significante, entre as médias dos grupos. O grupo GIIA teve uma média de

acertos significantemente maior no período pós que no pré (p = 0,046*). Nos

outros grupos, a média observada no pós foi menor que no pré (Tabela 6 e Figura

12). A maioria dos indivíduos do grupo que realizou o treinamento proposto

aumentou o número de acertos no momento de pós- intervenção (Figura 12).

Convém ressaltar que a habilidade de ordenação temporal foi treinada no DVD2,

de Figura-Fundo para sons seqüenciais, o que pode justificar os resultados desse

teste.

A melhora observada no grupo com intervenção direcionada

concorda com o estudo de Gil (2007). A autora observou uma melhora de 19,1%

nos indivíduos do grupo experimental que foram submetidos a um treinamento

auditivo formal.

Esses dados demonstram que o Treinamento Auditivo Musical

proposto proporcionou maiores benefícios para o grupo que recebeu esse tipo de

intervenção, quando comparado com os outros dois grupos.

Page 135: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

116

Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio (LRSS)

Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído (LRSR) e Relação sinal-

ruído (R S/R)

A escolha dos testes de LRSS e LRSR deve-se ao fato de

serem de fácil aplicação clínica e da confiabilidade dos resultados gerados. Essa

confiabilidade pode ser constatada no estudo de Freitas et al. 2005.

Convém ressaltar que na análise dos resultados desses testes,

quando os valores no período pós forem menores que no período pré significa

benefício. O contrário significa um pior resultado.

Os resultados da análise de variância do Limiar de

Reconhecimento de Sentenças no Silêncio (LRSS) não demonstraram diferenças

estatisticamente significantes entre os três grupos, entre os períodos e não houve

interação entre o grupo e período.

Embora não tenham sido detectadas diferenças significantes

(Tabela 7 e Figura 14) pode-se observar que o grupo experimental GIIA

apresentou uma diminuição de limiares, no período posterior ao Treinamento

Auditivo Musical.

Já os resultados no teste de Limiar de Reconhecimento de

Sentenças no Ruído (LRSR) detectaram efeito de interação entre o grupo e

período (p = 0,005*).

Na seqüência da análise, constatou-se que o grupo

experimental GIIA apresentou diferença significante entre o período pós e pré (p =

0,006*), ou seja, esse grupo apresentou uma diminuição significante nos limiares

de reconhecimento de sentenças no ruído.

Na Figura 16, em que são demonstrados os perfis individuais

do LRSR, pode-se observar que todos os indivíduos do grupo GIIA tiveram uma

diminuição nos limiares reconhecimento de sentenças no ruído. Isso não foi

observado nos indivíduos dos outros dois grupos. Na Figura 17, em que são

demonstradas as médias do LRSR nos três grupos, pode-se observar essa

diminuição notória dos limiares no grupo GIIA.

Ao considerar que a relação sinal-ruído é um resultado gerado

com base no LRSR, os valores encontrados na Relação Sinal-Ruído também

Page 136: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

117

demonstraram um efeito de interação entre grupo e período, mostrando que o grupo

experimental GIIA apresentou uma média de relação sinal-ruído menor que o grupo

controle GI e experimental GIIB. Isto significa que o grupo submetido ao programa de

Treinamento Auditivo Musical proposto nessa pesquisa, obteve entre o período pré e

pós, uma melhora do desempenho da compreensão da fala no ruído.

Na análise da Figura 19, pode ser constatado que ocorreu um

aumento das relações sinal-ruído, nos grupos controle GI e experimental GIIB,

demonstrando que os indivíduos desse grupo, entre as semanas 1 e 9, tiveram

uma piora no desempenho de reconhecimento de fala em situações de escuta

difícil (menos favorável).

Esses dados concordam com os verificados na pesquisa de

Miranda (2007) que demonstrou diferenças significantes na relação sinal-ruído do

grupo experimental, que foi submetido a um treinamento auditivo formal.

Observou uma diminuição da relação S/R ao longo das avaliações do grupo e um

resultado inverso em relação ao grupo controle (sem nenhum treinamento

auditivo) que apresentou um aumento da relação S/R.

Observa-se que existe uma coerência entre o que o indivíduo

percebe e o que é obtido por meio de uma avaliação objetiva quando são

comparados os benefícios percebidos pelos indivíduos por meio da escala de

ruído ambiental (RA) do APHAB e os valores de relação sinal-ruído obtidos.

Sendo assim, a diferença estatisticamente significante constatada no APHAB no

grupo GIIA, foi confirmada nos valores encontrados de relação sinal-ruído desse

mesmo grupo.

Apesar de a metodologia aplicada ter sido diferente, é

interessante citar o estudo de Soncini, Costa (2006) que realizaram uma pesquisa

com o objetivo de verificar se o treinamento auditivo proporcionado pela prática

musical é um fator que exerce influência na habilidade de reconhecimento de fala

no silêncio e no ruído. Aplicaram os mesmos testes da presente pesquisa, LRSS

e LRSR em indivíduos sem experiência musical (não músicos) e em músicos. Os

resultados demonstraram que não houve diferenças significantes entre os valores

médios obtidos para o LRSS. Porém, foram constatadas diferenças,

estatisticamente significantes, entre os valores médios obtidos para as relações

S/R. Dessa maneira, os autores chegaram à conclusão de que, no silêncio,

músicos e não músicos apresentaram desempenhos semelhantes; porém, em

Page 137: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

118

tarefas de reconhecimento de sentenças apresentadas diante do ruído

competitivo, músicos apresentaram melhores desempenhos, indicando que a

prática musical é uma atividade que melhoraria a habilidade de reconhecimento

da fala, quando esta ocorre diante de ruído.

Os dados dessa última pesquisa citada geraram uma reflexão

sobre os motivos pelos quais os indivíduos do grupo experimental GIIB, expostos

à música clássica, também não tiveram algum benefício no período pós sete

semanas.

Existem algumas razões que podem justificar esse

questionamento:

A idade dos indivíduos dos grupos da presente pesquisa

variou entre 63 e 72 anos e do estudo de Soncini, Costa

(2006) teve uma variação de 25 a 40 anos.

Todos idosos dos três grupos eram usuários de próteses

auditivas e o grupo GIIB esteve exposto à música clássica.

Este estilo de música possui uma variação espectral maior

do que a faixa principal de freqüências das próteses, ou

seja, acima de 4000Hz. Isso pode ter gerado uma distorção

no sinal acústico produzido pela amplificação. Fato esse

explicado no estudo de Chasin, Russo (2004).

O tempo de exposição à música clássica foi de apenas 1

hora por semana, totalizando sete horas durante todo o

período avaliado.

Os idosos do grupo GIIB não tinham tido nenhum tipo de

educação musical durante a vida.

A música clássica selecionada para os idosos do grupo

experimental GIIB foi a Sonata para Dois pianos em Ré Maior K443. A seleção

dessa sonata se deve ao fato que Rausher et al. (1993), ao avaliar estudantes

universitários, descreverem uma melhora temporária no desempenho

neuropsicológico em provas espaciais e mudanças neurofisiológicas, batizando

esse ocorrido de Efeito Mozart.

Embora, a presente pesquisa seja composta por idosos, fez-se

a opção de expor um dos grupos a essa sonata para analisar se a audição de

Page 138: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

119

uma música clássica de maneira passiva poderia provocar algumas mudanças

nas habilidades auditivas desses idosos.

Observou-se que somente a exposição passiva da sonata de

Mozart não desencadeou mudanças estatisticamente significantes quando

comparadas com o Treinamento Auditivo Musical proposto. Convém ressaltar,

que essa pesquisa não teve como objetivo analisar o Efeito Mozart descrito por

Rausher et al. (1993). Sugere-se que esse possa ser um tema interessante em

uma pesquisa futura.

A análise dos resultados demonstra que o Treinamento

Auditivo Musical proposto traz melhoras das habilidades auditivas dos idosos

usuários de próteses auditivas. Esses benefícios não puderam ser constatados

nos idosos que somente utilizaram a prótese auditiva ou que estiveram

passivamente ouvindo a música clássica.

O fato de o treinamento auditivo musical utilizar sons

instrumentais para o treinamento das habilidades auditivas e os resultados da

aplicação desse treinamento terem demonstrado diferenças estatisticamente

significantes, encontra suporte teórico no estudo de Oxenham et al. (2003). Estes

autores afirmaram que a prática musical estimula o desenvolvimento da

percepção auditiva e que isso pode vir a agir como um facilitador em tarefas de

reconhecimento de fala diante de sinais acústicos competitivos. Relataram, ainda,

a existência de estudos com evidências de que o treinamento auditivo realizado

com um determinado tipo de estímulo sonoro pode ser generalizado para outros

estímulos ou situações de escuta não utilizadas nas situações de treinamento.

A relação entre o sucesso no treinamento auditivo e

plasticidade cerebral estão intimamente ligados, pois o benefício quanto a

“entender melhor” está vinculado à plasticidade neural, que é demonstrada

quando o sistema auditivo é treinado e melhora no seu desempenho (Chermak,

Musiek, 2002).

***

Durante o desenvolvimento desse material, o maior desafio de

todos foi a distância do estúdio que elaborou o material do Treinamento Auditivo

Musical em relação ao local de execução dessa pesquisa, o que retardou a

finalização dos DVDs e, consequentemente, provocou um atraso no início da

aplicação desses no grupo experimental GIIA.

Page 139: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

120

A aplicação do Treinamento Auditivo Musical ocorreu durante

sete semanas, na freqüência de uma vez por semana.

Por uma questão metodológica a aplicação do Treinamento

Auditivo Musical ocorreu durante sete semanas, na freqüência de uma vez por

semana. Embora, esse DVD tenha sido desenvolvido para ser executado em

casa, optou-se por executá-lo dentro da clínica, em que o paciente e a avaliadora

estariam juntos, a fim de que as variáveis fossem melhor controladas. Esse foi

um dos fatores negativos apontados por dois pacientes que tinham muitas

atividades paralelas.

Sugere-se que, na prática clínica, cada DVD seja aplicado uma

vez na clínica e seja executado pelo próprio paciente, no restante da semana,

uma vez por dia no período de meia hora.

Foi unanimidade o comentário entre todos os indivíduos ao

afirmarem que o treinamento auditivo musical foi prazeroso e divertido, embora

muitas vezes, terminassem a sessão com a sensação de que tinham ido a uma

academia de ginástica, devido ao desafio a que tinham sido expostos.

Duas pacientes declararam que prestar atenção à informação

auditiva é muito importante e que esse aprendizado estava sendo refletido nas

situações da conversação do dia-a-dia.

Segundo relato dos pacientes, os DVDs que julgaram ser mais

divertidos, foram os DVDs 4, 5, 6, 7, ou seja, de Duração, Freqüência, Ritmo e

Fechamento Auditivo. Já os DVDs 1, 2 e 3, respectivamente, de Figura-Fundo

para Sons Instrumentais, Seqüenciais e de Escuta Direcionada julgaram ser de

maior desafio. Vale à pena ressaltar que um dos mecanismos trabalhados nesses

três últimos DVDs citados, foi a atenção seletiva, o que coincidiu com as queixas

principais de compreensão de fala nas situações de ruído. Assim, diante desse

tipo de queixa poderia ser levantada a hipótese de alteração do mecanismo de

atenção seletiva nesses indivíduos.

Mediante esses comentários, sugere-se que aplicação desse

material seja variada, intercalando os DVDs, previamente julgados “divertidos”

com os identificados como “desafiadores”.

Mediante a discussão exposta, podem-se relacionar as

vantagens e desvantagens do Treinamento Auditivo Musical. São elas:

Vantagens:

Page 140: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

121

Versatilidade: executável em aparelho de DVD ou

computador, sejam com fones de ouvido ou caixas

acústicas;

Integração sensorial: Estimulação dos sistemas auditivo,

visual e motor;

Fácil compreensão da execução do material, tanto pelo

profissional, como para o paciente;

Aplicável em qualquer idioma, já que a música instrumental

é universal;

Pode ser executado na própria casa do paciente;

Lúdico;

Pode ser aplicado em crianças, adultos e idosos;

Este Treinamento Auditivo Musical também pode ser

utilizado em indivíduos com alterações do processamento

auditivo.

Desvantagens:

Se o indivíduo idoso não souber manipular sozinho o

controle do DVD ou o computador, precisará do auxílio de

um acompanhante.

As instruções dos DVDs estão somente em português,

embora os exercícios sejam compostos por sons

instrumentais.

O benefício oferecido por um treinamento auditivo deve levar

em consideração: um acesso fácil, relação custo benefício ao paciente e,

preferencialmente ser apresentado por meio digital, conforme já assinalaram

Musiek (1999), Sweetow, Henderson-Sabes (2004) e Sweetow, Palmer (2005).

Sendo assim, o Treinamento Auditivo Musical idealizado e

desenvolvido nesse estudo, vem preencher a lacuna que se fez até o momento

para o público de usuários de próteses auditivas.

Page 141: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

122

Considerações Finais

A partir desse estudo, pode-se constatar a importância da

inclusão dos questionários de auto-avaliação e dos testes auditivos,

especificamente o teste de reconhecimento de sentenças no ruído, na rotina

clínica do fonoaudiólogo, pois fornecem dados essenciais que podem verificar

subjetivamente e objetivamente as queixas do dia a dia dos pacientes.

Tratando-se de indivíduos deficientes auditivos adultos e

idosos, usuários de próteses auditivas e, mesmo assim, com queixas de

compreensão de fala no ruído, fica clara nesse estudo, a necessidade da inserção

desses indivíduos em um programa de treinamento auditivo. As próteses

auditivas, por mais alta tecnologia que tenham, são muito efetivas nas lesões do

sistema auditivo periférico, mas não são capazes de recuperar as habilidades

auditivas. Esse fato comprova um número grande de pacientes insatisfeitos com a

adaptação da prótese auditiva.

Essa preocupação tem aumentado nos últimos anos,

resultando em um crescimento de pesquisas nessa área. Muitos treinamentos

auditivos foram desenvolvidos; porém, nenhum teve como foco principal o

adulto/idoso brasileiro usuário de próteses auditivas. São treinamentos auditivos

extremamente eficientes, que foram desenvolvidos na maior parte deles, para as

alterações do processamento auditivo central em indivíduos com sensibilidade

auditiva normal e que têm sido utilizados para indivíduos com perda auditiva e

usuários de próteses auditivas.

Sendo assim, o Treinamento Auditivo Musical elaborado tem

seu principal foco nos indivíduos adultos e idosos usuários de próteses auditivas,

com uma proposta de ser utilizado pelo paciente no seu ambiente doméstico,

tornando-o mais prático. Ainda, é uma ferramenta lúdica, prazerosa que se utiliza

da música e de sons instrumentais e que se mostrou eficiente na melhora das

habilidades auditivas de processamento temporal e atenção seletiva dos

pacientes. Trata-se de mais uma ferramenta que ficará disponível para a

reabilitação auditiva de acordo com as necessidades do paciente

Page 142: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

7 CONCLUSÕES

Page 143: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

124

Após a análise crítica dos resultados foi possível concluir que:

a) Foi elaborado um programa de Treinamento Auditivo Musical

para idosos usuários de próteses auditivas direcionado às habilidades auditivas

de processamento temporal e desempenho frente a eventos acústicos diferentes

e simultâneos, confirmando a hipótese do presente estudo.

b) O Treinamento Auditivo Musical melhorou as habilidades

auditivas de processamento temporal e desempenho frente a eventos acústicos

diferentes e simultâneos, confirmando, assim, a hipótese do presente estudo.

Page 144: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

8 ANEXOS

Page 145: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

126

Anexo 1

AUTORIZAÇÃO

A GN Resound Indústria e Comércio de Aparelhos Auditivos Ltda., autoriza a

fonoaudióloga Katya Guglielmi Marcondes Freire a realizar a pesquisa de sua tese de

doutorado, Treinamento Auditivo Musical: uma proposta para idosos usuários de

próteses auditivas, com os clientes usuários de aparelhos auditivos adquiridos nessa

empresa. Essa pesquisa tem a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de São Paulo.

A pesquisa será realizada na Audicare, situada na Rua Dr. Alceu de Campos

Rodrigues, 229 cj.607 Itaim Bibi, na cidade de São Paulo.

Todos os clientes irão assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

antes de iniciar os testes envolvidos na pesquisa.

A pesquisadora se compromete com a empresa Danavox que seu relacionamento

com os pacientes, será apenas para a realização da pesquisa. Caso, tenham algum

ajuste a ser feito em suas próteses auditivas, os pacientes irão ser reencaminhados para

as respectivas fonoaudiólogas que os atenderam no processo de adaptação dentro da

empresa.

A responsabilidade de todos os procedimentos realizados será única e

exclusivamente da fonoaudióloga em questão.

Atenciosamente,

_______________________________________________

Assinatura do Diretor Geral

GN ReSound Ind. e Comércio de Aparelhos Auditivos Ltda.

Data:______/_______/_____

Page 146: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

127

AUTORIZAÇÃO

A Audicare Clínica de Audiologia, autoriza a fonoaudióloga Katya Guglielmi

Marcondes Freire a realizar a pesquisa de sua tese de doutorado, Treinamento Auditivo

Musical : uma proposta para idosos usuários de próteses auditivas, com os clientes

usuários de aparelhos auditivos adquiridos nessa empresa. Essa pesquisa tem a

aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo.

A pesquisa será realizada na própria Audicare, situada na Rua Dr. Alceu de

Campos Rodrigues, 229 cj.607 Itaim Bibi, na cidade de São Paulo.

Todos os clientes irão assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

antes de iniciar os testes envolvidos na pesquisa.

A pesquisadora se compromete com a clínica Audicare que seu relacionamento

com os pacientes, será apenas para a realização da pesquisa. Caso, tenham algum

ajuste a ser feito em suas próteses auditivas, os pacientes irão ser reencaminhados para

as respectivas fonoaudiólogas que os atenderam no processo de adaptação dentro da

empresa.

A responsabilidade de todos os procedimentos realizados será única e

exclusivamente da fonoaudióloga em questão.

Atenciosamente,

_______________________________________________

Audicare – Clínica Audiológica

Diretora Clínica – Katya Gugliemi Marcondes Freire

Data:______/_______/_____

Page 147: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

128

Anexo 2

Page 148: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

129

Page 149: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

130

Anexo 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TREINAMENTO AUDITIVO MUSICAL: UMA PROPOSTA PARA IDOSOS USUÁRIOS DE

PRÓTESES AUDITIVAS

Na prática clínica é comum observar pacientes deficientes auditivos, usuários de próteses

auditivas, com a queixa “escuto, mas não entendo”. Mesmo com uma boa indicação e adaptação

das próteses auditivas, nem sempre é possível obter uma compreensão de fala satisfatória,

principalmente em situações de ruído.

A literatura têm demonstrado que para minimizar essa queixa é importante que esses

pacientes sejam submetidos a um programa de treinamento auditivo. Todas as pesquisas, embora

com diferentes objetivos e metodologia, tem sido unânimes em concluir que o treinamento auditivo

proporciona maior benefício com o uso da prótese auditiva, principalmente em ambientes ruidosos.

Esse treinamento auditivo formal para idosos, embora seja possível, nem sempre é viável,

pois em determinadas tarefas em condições de escuta difícil, o ruído pode causar cansaço, o que

pode levar o paciente ao desânimo e, conseqüentemente ao abandono do treinamento. Muitos

queixam–se de não terem prazer na realização das sessões ou de se cansarem com facilidade.

Mediante isso, essa pesquisa se propõe a desenvolver uma nova proposta de treinamento

auditivo, que seja mais prazerosa para os idosos usuários de próteses. Sendo assim os objetivos

desse trabalho são:

Propor um programa de treinamento auditivo musical para

idosos usuários de próteses auditivas, que se leve em consideração as

características eletroacústicas das próteses auditivas e aspectos da

deficiência auditiva do idoso;

Verificar a eficiência desse treinamento por intermédio de

testes comportamentais para avaliar a função auditiva central, testes de

sentenças de fala no ruído e questionário de auto-avaliação.

Por se enquadrar no grupo de interesse, o(a) Sr.(a) está sendo convidado(a) a participar

de nossa pesquisa chamada “Treinamento Auditivo Musical: uma proposta para idosos usuários

de próteses auditivas” cuja principal investigadora é KATYA GUGLIELMI MARCONDE FREIRE, a

qual pode ser encontrada à Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 229 cj. 607. Se você tiver

alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 –1º andar, conjunto 14, 5571-1062, FAX: 5539-

7162, email: [email protected].

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos responsáveis pela pesquisa para o

esclarecimento de eventuais dúvidas.

O Sr.(a) será submetido aos seguintes procedimentos em dois momentos diferentes

(antes e após o treinamento auditivo).

Page 150: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

131

QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO (APHAB)

O Sr. (a) deverá responder o questionário que envolve perguntas sobre situações de

dificuldade e facilidades auditivas. O Sr. (a) deverá selecionar a alternativa que expresse a

freqüência de ocorrência de tal dificuldade e facilidade.

QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO (HHIE)

O questionário HHIE. é composto de 25 perguntas, sendo que 13 delas exploram as

conseqüências emocionais e 12, os efeitos sociais e situacionais da deficiência auditiva. Será lida

as perguntas e suas alternativas de respostas correspondentes podem ser “sim”, “não“ ou “às

vezes”. As suas respostas devem ser baseadas em experiências com o uso aparelho auditivo.

GANHO FUNCIONAL EM CAMPO

O Ganho Funcional consiste na diferença, em decibels (dB), entre os limiares de

audibilidade nas condições sem e com próteses auditivas. Serão obtidos limiares auditivos nas

freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. O Sr. deverá sinalizar (levantar a mão) toda vez que

escutar um apito. Este procedimento será realizado em ambas orelhas sem prótese, depois com a

prótese somente na orelha direita, com a prótese somente na orelha esquerda e com a prótese

auditiva em ambas orelhas, em cabina acústica apresentado via caixas acústicas.

AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL

Serão realizados 2 testes chamados de Localização Sonora em Cinco Direções (LS) e

Memória para Sons Não Verbais em Seqüência (MSNV), os quais prevêem a identificação da

origem do som e indicação da ordem de estímulos não verbais, respectivamente.

LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE SENTENÇAS NO RUÍDO (LRSR)

Será realizado a pesquisa do Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído em

cabina acústica apresentado via caixas acústicas a partir de estímulos padronizados gravados em

CD – elaborado por COSTA (1998). Consiste na apresentação de 2 listas com 10 sentenças cada

e com um ruído competitivo. Inicialmente, será apresentada a primeira lista para treino e em

seguida a segunda para o teste propriamente dito.

O Sr.(a) será solicitado a repetir os estímulos verbais (frases) como entender.

Tempo duração para toda avaliação: 1 HORA

Divisão dos Grupos

Após estes procedimentos, o Sr. (a) realizará um sorteio no qual será decidida a sua

participação ou não nos grupos de Treinamento Auditivo Musical e ouvintes de Mozart. Caso o Sr.

(a) não seja selecionado para o Treinamento Auditivo, o Sr.(a) será convocado novamente para

repetir a avaliação descrita acima dentro de um determinado período de tempo.

Page 151: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

132

Deixamos claro que tendo em mente os princípios éticos que devem reger a pesquisa

envolvendo seres humanos, os indivíduos do Grupo Controle, após a reavaliação, serão

convidados a participar do Programa de Treinamento Auditivo Musical.

Caso o Sr. seja selecionado para participar de um dos Programa de Treinamento Auditivo

Musical será convocado a comparecer a oito sessões de treinamento, realizadas uma vez por semana

com duração aproximada de uma hora. Neste programa, serão realizados testes comportamentais

apresentados em grau crescente de dificuldade visando a melhora das habilidades auditivas de figura-

fundo, memória auditiva , fechamento auditivo e ordenação temporal.

Após o término das sessões, o Sr (a) repetirá a avaliação descrita acima (Sessão de

Reavaliação).

Deixamos claro que sua participação é voluntária e que o Sr (a) não será obrigado a

realizar todos os procedimentos se não quiser, mesmo que já tenha consentido participar da

pesquisa. Se desejar, poderá retirar seu consentimento a qualquer momento, sem que isso

acarrete prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição.

O Sr. (a) terá acesso aos resultados dos exames realizados.

Os seus dados serão mantidos em sigilo. As informações obtidas serão analisadas em

conjunto com outros pacientes, não sendo divulgada a identidade de nenhum participante. Em

qualquer etapa do estudo o Sr. (a) terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para

esclarecimento de eventuais dúvidas. A pesquisadora se compromete a utilizar os dados e o

material coletado somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do que li ou foi lido para mim,

descrevendo o estudo Treinamento Auditivo Musical; Uma Proposta para Idosos Usuários de

Próteses Auditivas”.

Eu discuti com a Fonoaudióloga Katya Guglielmi Marcondes Freire sobre minha decisão

em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os

procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e risco, as garantias de confidencialidade e

de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de

despesas e que tenho garantia do acesso ao tratamento quando necessário. Concordo

voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquer

momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício

que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.

________________________________ Data: ___/____/_____

Assinatura do paciente/representante legal

________________________________ Data:____/___/____

Assinatura da testemunha

Page 152: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

133

Anexo 4

Mini-exame do estado mental - MEM

(Folstein et al., 1975)

Nome: ______________________________________________________

Idade: _______ anos

Data da Avaliação: ___/___/___

Orientação no tempo

1. “Que dia é hoje?” (1 ponto) ( )

2. “Em que mês estamos?” (1 ponto) ( )

3. “Em que ano estamos?” (1 ponto) ( )

4. “Em que dia da semana estamos?” (1 ponto) ( )

5. “Qual a hora aproximada?” (considere a variação de +- 1 hora) - (1 ponto) ( )

Orientação no espaço

6. “Em que local nós estamos?” (consultório, dormitório, sala, apontando para o chão) - (1 ponto) ( )

7. “Que local é este aqui?” (apontar ao redor num sentido mais amplo: hospital, casa de repouso, própria casa) - (1 ponto) ( )

8. “Em que bairro nós estamos?” ou “Qual o nome de uma rua próxima?” (1 ponto) ( )

9. “Em que cidade nós estamos?” (1 ponto) ( )

10. “Em que Estado nós estamos?” (1 ponto) ( )

Memória imediata

1. Peça: “Eu vou dizer 3 palavras e você irá repeti-las a seguir. As palavras são: CARRO, VASO, TIJOLO. Agora, repita as palavras para mim”. Dê um ponto para cada palavra repetida acertadamente na primeira vez, embora possa repeti-la três vezes para o aprendizado, se houver erros.

Carro (1 ponto) ( )

Vaso (1 ponto) ( )

Tijolo (1 ponto) ( )

Page 153: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

134

Atenção e cálculo

1. Peça: “Agora eu gostaria que você subtraísse 7 de 100 e do resultado subtraísse 7. Então, continue subtraindo 7 da resposta até eu mandar parar. Entendeu?” “Vamos começar: quanto é 100 menos 7 ?” (Considere 1 ponto para cada resultado correto. Se houver erro, corrija-o e prossiga. Considere correto se o examinado espontaneamente se autocorrigir). Se não atingir o escore máximo, peça: “Soletre a palavra MUNDO”. Corrija os erros de soletração e então peça: “Agora, soletre a palavra MUNDO de trás pra frente”. Dê 1 ponto para cada letra na posição correta. Considere o maior cálculo.

100 – 7 = 93 93 – 7 = 86 86 – 7 = 79 79 – 7 = 72 72 – 7 = 65 ( )

Palavra “mundo” de trás para frente ( o d n u m ) ( )

Evocação

1. Peça: “Quais são as 3 palavras que eu pedi que você memorizasse?”. Não forneça pistas

Carro (1 ponto) ( )

Vaso (1 ponto) ( )

Tijolo (1 ponto) ( )

Linguagem

1. Aponte para o lápis e pergunte: “O que é isto?” (1 ponto) ( )

2. Aponte para o relógio e pergunte: “O que é isto?” (1 ponto) ( )

3. Peça: “Preste atenção, vou lhe dizer uma frase e quero que você repita depois pra mim: NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ” (Considere somente se a repetição for perfeita) - (1 ponto) ( )

4. Peça: “Agora ouça com atenção que eu vou pedir para você fazer uma tarefa”. “Pegue este papel com a mão direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão”. (Se o sujeito pedir ajuda no meio da tarefa, não dê dicas) - (3 pontos – 1 ponto para cada tarefa) ( )

5. Leitura – Mostre a frase escrita “FECHE OS OLHOS” e peça para o indivíduo: “Faça o que está sendo mandado” (Não auxilie se ele pedir a ajuda ou se só ler a frase sem realizar o comando) - (1 ponto) ( )

6. Peça: “Por favor, escreva uma frase”. Se o sujeito não responder, peça: “Alguma frase que tenha começo, meio e fim; alguma coisa que aconteceu hoje; alguma coisa que queira dizer”. Coloque na frente do paciente um pedaço de papel em branco e um lápis ou uma caneta. Para a correção não são considerados erros gramaticais nem ortográficos - (1 ponto) ( )

7. Peça: “Por favor, copie este desenho. Faça o melhor possível”. Apresente a folha com os pentágonos. Na correção considere apenas se houver dois pentágonos interseccionados (10 ângulos), formando uma figura com quatro lados ou com dois ângulos - (1 ponto) ( )

Page 154: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

135

Escore: ( / 30)

Page 155: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

136

Anexo 5

Quadro 1 - Características gerais do Grupo Controle - GI (sem treinamento

auditivo)

(N=5)

Indivíduo Idade Sexo Escolaridade Grau da DANS

Modelo da Prótese/Marca

Tipo de Prótese

Tecnologia

1 72 M Superior Leve ReSOund Air/ Danavox Retroauricular Premium

2 63 M Superior Leve ReSOund Air/Danavox Retroauricular Premium

3 74 M Superior leve/moderada MX 60/Danavox Retroauricular Premium

4 85 F Superior Moderada MX 60/Danavox Retroauricular Premium

5 90 F Superior Moderada MX 60/Danavox Retroauricular Premium

DANS = deficiência auditiva neurossensorial; F = Feminino; M - Masculino

Quadro 2 - Características gerais do Grupo Experimental A - GIIA (com

treinamento auditivo musical ativo)

(N=5)

Indivíduo Idade Sexo Escolaridade Grau da DANS

Modelo da Prótese/Marca

Tipo de Prótese

Tecnologia

1 80 F Superior Moderada Pulse/ Danavox Retroauricular Premium

2 66 M Superior Leve ReSound Air/Danavox Retroauricular Premium

3 83 F Superior Leve ReSound Air/Danavox Retroauricular Premium

4 85 F Superior Leve ReSound Air/Danavox Retroauricular Premium

5 73 M Superior Leve ReSound Air/Danavox Retroauricular Premium

DANS = deficiência auditiva neurossensorial; F = Feminino; M - Masculino

Quadro 3 - Características gerais do Grupo Experimental B - GIIB (com

treinamento auditivo musical passivo)

(N=5)

Indivíduo Idade Sexo Escolaridade Grau da DANS

Modelo da Prótese/Marca

Tipo de Prótese

Tecnologia

1 72 M 2º grau completo Moderado ReSound Air Retroauricular Premium

2 81 F Superior Moderado ReSound Air Retroauricular Premium

3 72 M Superior Leve ReSound Air Retroauricular Premium

4 76 F 2º grau completo Moderado Mx 60 Retroauricular Premium

5 89 M Superior Moderado Mx 60 Retroauricular Premium

DANS = deficiência auditiva neurossensorial; F = Feminino; M - Masculino

Page 156: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

137

Anexo 6

GRUPO CONTROLE - GI

PAC. 250Hz 500Hz 1K 2K 3K 4K 6K 8K

1 OD 30 35 25 25 40 50 75 75

OE 30 30 30 35 35 45 70 75

CAMPO S/Prótese AO 25 30 25 25 35 45

CAMPO C/Prótese AO 25 30 25 20 25 25

2 OD 15 20 20 50 50 65 75 80

OE 15 25 20 25 45 50 70 75

CAMPO S/Prótese AO 30 30 10 30 45 55

CAMPO C/Prótese AO 30 30 15 25 35 50

3 OD 25 30 45 45 55 65 75 65

OE 25 30 40 35 70 70 65 55

CAMPO S/Prótese AO 25 30 40 35 55 65

CAMPO C/Prótese AO 25 30 25 30 30 35

4 OD 40 45 45 50 50 55 80 75

OE 55 55 50 55 55 50 85 85

CAMPO S/Prótese AO 40 45 45 50 50 50

CAMPO C/Prótese AO 25 25 25 30 30 35

5 OD 40 40 60 70 65 80 80 80

OE 25 25 35 65 60 60 70 65

CAMPO S/Prótese AO 30 25 35 60 60 65

CAMPO C/Prótese AO 30 15 20 25 35 40

Page 157: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

138

GRUPO EXPERIMENTAL - GII A

PAC. 250Hz 500Hz 1K 2K 3K 4K 6K 8K

1 OD 20 25 35 40 45 55 50 60

OE 20 25 40 55 55 50 55 60

CAMPO S/Prótese AO 20 25 40 40 45 55

CAMPO C/Prótese AO 20 25 35 30 35 45

2 OD 15 20 30 50 55 55 70 70

OE 20 15 35 45 50 45 55 55

CAMPO S/Prótese AO 20 15 35 45 45 45

CAMPO C/Prótese AO 20 15 25 25 30 35

3 OD 15 20 20 40 55 65 65 65

OE 20 20 25 40 50 65 75 75

CAMPO S/Prótese AO 25 20 20 35 50 65

CAMPO C/Prótese AO 20 20 20 25 30 40

4 OD 20 25 35 45 45 50 65 65

OE 20 25 30 40 45 55 75 75

CAMPO S/Prótese AO 20 25 30 40 40 50

CAMPO C/Prótese AO 20 25 25 25 25 30

5 OD 15 25 40 40 50 50 75 75

OE 15 35 35 40 45 55 75 75

CAMPO S/AASI AO 20 25 35 35 45 50

CAMPO C/Prótese AO 20 25 30 25 35 35

Page 158: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

139

GRUPO EXPERIMENTAL - GII B

PAC. 250Hz 500Hz 1K 2K 3K 4K 6K 8K

1 OD c/ fone 25 25 35 50 55 55 60 55

OE c/ fone 45 55 60 65 65 65 55 55

CAMPO S/Prótese AO 45 30 35 50 55 55

CAMPO C/Prótese AO 25 25 30 30 35 40

2 OD c/ fone 10 25 35 40 40 45 50 55

OE c/ fone 15 20 35 45 45 40 55 60

CAMPO S/ Prótese AO 15 20 30 30 25 30

CAMPO C/Prótese AO 15 20 20 25 25 25

3 OD c/ fone 15 10 15 50 50 55 60 55

OE c/ fone 15 10 25 50 60 55 70 75

CAMPO S/Prótese AO 15 15 25 45 50 55

CAMPO C/Prótese AO 15 15 25 30 35 35

4 OD c/ fone 35 50 45 40 40 45 55 50

OE c/ fone 30 55 50 45 50 40 45 45

CAMPO S/Prótese AO 35 50 45 40 45 45

CAMPO C/Prótese AO 35 45 25 25 30 35

5 OD c/ fone 20 35 45 60 60 65 70 75

OE c/ fone 25 35 50 60 55 65 75 80

CAMPO S/Prótese AO 25 35 40 55 55 65

CAMPO C/Prótese AO 25 30 35 30 30 40

Page 159: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

140

Anexo 7

Page 160: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

141

Page 161: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

142

Anexo 8

HEARING HANDICAP INVENTORY FOR THE ELDERLY (HHIE)

(Ventry, Weinstein ,1982 - Versão adaptada por Wieselberg, 1997)

S.01. Seu problema auditivo faz com que você use menos o telefone do que gostaria?

( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.02. Seu problema auditivo faz com que você se sinta sem graça quando é apresentado a alguém? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.03. Seu problema auditivo faz com que você evite grupos de pessoas?

( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.04. Seu problema auditivo torna-o irritado? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.05. Seu problema auditivo o faz sentir-se frustrado quando conversa com membros de sua família? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.06. Seu problema auditivo causa-lhe dificuldades em festas? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.07. Seu problema auditivo o faz sentir-se “boboca”? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.08. Você sente dificuldade em ouvir alguém quando fala sussurrando? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.09. Você se sente prejudicado em função do problema auditivo? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.10.O seu problema auditivo lhe traz dificuldades quando visita amigos, parentes ou vizinhos? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.11. Seu problema auditivo faz com que você freqüente menos a igreja do que gostaria? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.12. Seu problema auditivo o torna nervoso? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.13. Seu problema auditivo faz com que você visite amigos, parentes ou vizinhos menos do que gostaria? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.14. Seu problema auditivo desencadeia brigas com os membros da família? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.15. Seu problema auditivo leva-o a sentir dificuldades em ouvir TV ou rádio? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.16. Seu problema auditivo faz com que você vá menos às compras do que gostaria? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.17.Algum problema ou dificuldade com sua audição definitivamente o aborrece? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.18. Seu problema auditivo faz com que você queira estar sozinho, agir por conta própria? ( ) sim( ) não ( ) algumas vezes

Page 162: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

143

S.19. Seu problema auditivo faz com que você converse com os familiares menos do que gostaria? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.20. Você sente que qualquer dificuldade com a audição limita sua vida pessoal ou social? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.21. Seu problema auditivo lhe causa dificuldades com parentes ou amigos em restaurantes? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.22. Seu problema auditivo faz com que você fique deprimido? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

S.23. Seu problema auditivo faz com que você ouça TV ou rádio menos do que gostaria? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.24. Seu problema auditivo faz com que você se sinta incomodado quando conversa com amigos? ( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

E.25. Seu problema auditivo faz com que você se sinta deixado de lado quando em um grupo de pessoas?( ) sim ( ) não ( ) algumas vezes

Page 163: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

144

Anexo 9

Nome: ______________________________________________________

Idade: _______ anos

Data da Avaliação: ___/___/___

Localização Sonora em Cinco Direções (LS)

Direções Acertos

Direita

Esquerda

Em Cima

Atrás

Em frente

Total de Acertos

Teste de Memória para Sons não verbais em Seqüência

Sino – Agogô – Côco – Guizo

Instrumentos Acertos

Guizo/Coco/Sino

Coco/Guizo/Sino

Sino/Guizo/Coco

Total de Acertos

Instrumentos Acertos

Guizo/Coco/Sino/Agogô

Coco/Guizo/Sino/Agogô

Sino/Guizo/Agogô/Coco

Total de acertos

Page 164: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

145

Anexo 10

LISTAS DE SENTENÇAS NO PORTUGUÊS

(Costa, 1998)

Lista 1 A - treino

1. Não posso perder o ônibus 2. Vamos tomar um cafezinho. 3. Preciso ir ao médico. 4. A porta da frente está aberta. 5. A comida tinha muito sal. 6. Cheguei atrasado para a reunião. 7. Vamos conversar lá na sala. 8. Depois, liga para mim. 9. Esqueci de pagar a conta. 10. Os preços subiram ontem. 11. O jantar está na mesa. 12. As crianças estão brincando. 13. Choveu muito nesse fim-de-semana. 14. Estou morrendo de saudade. 15. Olhe bem ao atravessar a rua. 16. Preciso pensar com calma. 17. Guardei o livro na primeira gaveta. 18. Hoje é meu dia de sorte. 19. O sol está muito quente. 20. Sua mãe acabou de sair de carro. 21. Ela vai viajar nas férias. 22. Não quero perder o avião. 23. Eu não conheci sua filha. 24. Ela precisa esperar na fila. 25. O banco fechou sua conta.

Lista 1B Lista 2B

1. O avião já está atrasado. 1. Acabei de passar um cafezinho.

2. O preço da roupa não subiu. 2. A bolsa está dentro do carro.

3. O jantar da sua mãe estava bom. 3. Hoje não é meu dia de folga.

4. Esqueci de ir ao banco. 4. Encontrei seu irmão na rua.

5. Ganhei um carro azul lindo. 5. Elas viajaram de avião.

6. Ela não está com muita pressa. 6. Seu trabalho estará pronto amanhã.

7. Avisei seu filho agora. 7. Ainda não está na hora.

8. Tem que esperar na fila. 8. Parece que agora vai chover.

9. Elas foram almoçar mais tarde. 9. Esqueci de comprar os pães.

10. Não pude chegar na hora. 10. Ouvi uma música linda.

Page 165: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

146

Lista 3B Lista 4B

1. Ela acabou de bater o carro. 1. Sua mãe pôs o carro na garagem.

2. É perigoso andar nesta rua. 2. O aluno quer assistir ao filme.

3. Não posso dizer nada. 3. Ainda não pensei no que fazer.

4. A chuva foi muito forte. 4. Essa estrada é perigosa.

5. Os preços subiram na segunda. 5. Não paguei a conta do bar.

6. Esqueci de levar a bolsa. 6. Meu filho está ouvindo música.

7. Os pães estavam quentes. 7. A chuva inundou a rua.

8. Elas já alugaram uma casa na praia. 8. Amanhã não posso almoçar.

9. Meu irmão viajou de manhã. 9. Ela viaja em dezembro.

10. Não encontrei meu filho. 10. Você teve muita sorte.

Lista 6B

1. Vou viajar as nove da manhã. 2. Meu irmão bateu o carro ontem. 3. Prometi a ele não contar o segredo. 4. Cheguei atrasada na aula. 5. Essa rua é perigosa. 6. Esqueci a bolsa na sua mesa. 7. Ela comprou os últimos pães. 8. A casa de campo já foi alugada. 9. Os preços não devem subir. 10. Não falei com sua filha.

Page 166: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

147

Anexo 11

Nome: _____________________________________________________________

Idade: _________ anos

Data da Avaliação: ___/___/___

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE PRÓTESES AUDITIVAS

ESTÍMULO: LISTAS DE SENTENÇAS

Prótese auditiva: ____________________

Data TREINO

LISTA 1 A LISTA LISTA LISTA LISTA LISTA

LRSS

C/AASI

BILATERAL

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

LRSS

Total LRSS+13

LRSR

Total LRSR +13

R S/R= LRSR -65

OBS: ______________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Page 167: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

148

Anexo 12

Page 168: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

149

Page 169: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

150

Page 170: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

151

Page 171: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

152

Page 172: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

153

Page 173: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

154

Page 174: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

155

Page 175: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

156

Page 176: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

157

Page 177: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

158

Page 178: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

159

Page 179: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

160

Page 180: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

9 REFERÊNCIAS

Page 181: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

162

Almeida K. Avaliação dos resultados da intervenção. In: Almeida K, Iorio MCM.

Próteses auditivas: fundamentos teóricos e aplicações clínicas. 2a ed. São Paulo:

Lovise; 2003, p.335-53.

Almeida K. Avaliação objetiva e subjetiva do benefício das próteses auditivas em

adultos [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1998.

American Speech-Language-Hearing Association. Guidelines for the identification

of the hearing impairment/handicap in adult/elderly persons. EUA, ASHA, 59-60,

1989.

Amitay S, Hawkey DJ, Moore DR. Auditory frequency discrimination learning is

affected by stimulus variability. Percept Psychophys. 2005; 67(4):691-8.

Andreasen NC. O cérebro. In: Andreasen NC. Admirável cérebro novo. São

Paulo: Artmed; 2005, p. 43-76.

Bellis TJ, Wilber LA. Effects of aging and gender on interhemispheric function. J

Speech Lang Hear Res. 2001;44(2):246-63.

Bellis TJ. Auditory processing disorders; it´s not just kids who have tehm. Hear J.

2003a; 56(5):10-8.

Bellis TJ. Interpretation of central auditory assessment results. In Bellis TJ.

Assessment and management of central auditory processing disorders in the

educational setting: from science to practice. San Diego: Singular Publishing

Group; 1996b. p. 167-294.

Page 182: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

163

Bellis TJ. Interpretation of central auditory assessment results. In Bellis TJ.

Assessment and management of central auditory processing disorders in the

educational setting: from science to practice. 2a ed. San Diego: Singular

Publishing Group; 2003b. p. 267-313.

Bellis TJ. Management of auditory processing disorders. In: Bellis TJ. Assessment

and management of central auditory processing disorders in the educational

setting: from science to practice. San Diego: Singular Publishing Group; 1996a. p.

195-217.

Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado

mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuro-Psiquiatr.

1994. 52(1):1-7.

Bess FH, Heddley-Williams A, Lichtenstein MJ. Avaliação audiológica dos idosos.

In Musiek FE, Rintelmann WF. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. São

Paulo: Manole; 2001.

Bevilacqua MC, Banhara MR, Costa EA, Vignoly AB, Alvarenga K. The Brazilian

Portuguese hearing in noise test. Int J Audiol. 2008; 47(6):364:5.

Bocca E, Calearo C, Cassinari V. A new method for testing hearing in temporal

lobe tumors. Acta Otolaryngol. 1954;44:219-21.

Bode DL, Oyer HJ. Auditory training and speech discrimination. J Speech Hear

Res. 1970;13(4):839-55.

Bucuvic EC. Avaliação subjetiva das dificuldades auditivas e do benefício da

amplificação em pacientes novos usuários de aparelho auditivo. [tese].

Universidade Federal de São Paulo, 2003.

Page 183: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

164

Byrne D, Dirks D. Effects of acclimatization and deprivation on non-speech

auditory abilities. Ear Hear. 1996; 17(3):29S-37S.

Chasin M, Russo FA. Hearing AIDS and music. Trends Amplif. 2004; 8(2):35-47.

Chermak GD, Musiek FE, Craig CH. Considerations in the assessment of central

auditory processing disorders. In: Chemark GD, Musiek FE, Craig CH. Central

auditory processing disorders - New perspectives. San Diego. Singular Publishing

Group; 1998, p.91-107.

Chermak GD, Musiek FE. Auditory training: principles and approaches for

remediation and managing auditory processing disorders. Semin Hear. 2002;

23(4):297-308

Chisolm TH, Willot JF, Lister JJ. The aging auditory system: anatomic and

physiologic changes and implications for rehabilitation. Int J Audiol. 2003; 42

Suppl 2:2S3-10.

Chmiel R, Jerger J. Hearing aid use, central auditory disorder and hearing

handicap in elderly persons. J Am Acad Audiol. 1996; 7(3):190-202.

Correia CMF, Muszkat M, De Vincenzo NS, Campos CJR. Lateralização da

funções musicais na epilepsia parcial. Arq Neuro-Psiquiatr. 1998; 56(4):747-55.

Costa MJ, Iorio MCM, Mangabeira-Albernaz PL, Cabral JR, Magni AB.

Desenvolvimento de um ruído com espectro de fala. Acta AWHO. 1998;

17(2):84-9.

Costa MJ. Desenvolvimento de listas de sentenças em português. [tese]. São

Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1997.

Page 184: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

165

Costa MJ. Iorio, MCM, Mangabeira-Albernaz PL. Reconhecimento de fala:

desenvolvimento de uma lista de sentenças em português. Acta AWHO. 1997;

16(4):164-73.

Costa MJ. Lista de sentenças em português: apresentação e estratégias de

aplicação na audiologia. Santa Maria: Pallotti; 1998.

Cox RM, Alexander GC, Taylor IM, Gray GA. Benefit acclimatization in elderly

hearing aid users. J Am Acad Audiol. 1996; 7:428-41.

Cox RM, Alexander GC. The abbreviated profile of hearing aid benefit. Ear Hear.

1995; 16(2):176-83.

Cox RM, Gilmore C. Development of the profile of hearing aid performance

(PHAB). J Speech Hear Res. 1990; 33(2):343-57.

Curry, F. A comparison of left-handed ad right-handed subjects on verbal and non-

verbal dichotic listening tasks. Córtex. 1967;3:343-52.

Féres MCLC, Gairasco NG. Plasticidade do sistema auditivo. Rev Bras

Otorrinolaringol. 2001; 67(5, pt1):716-20.

Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. State of patients for the clinician. J. Freitas

CD, Lopes LFD, Costa MJ. Confiabilidade dos limiares de reconhecimento de

sentenças no silêncio e no ruído. Rev Bras Otorrinolaringol. Psychiatr Res. 1975;

12(13):189 -98.

Freitas CD, Lopes LFD, Costa MJ. Confiabilidade dos limiares de

reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído. Rev Bras Otorrinolaringol.

2005; 71 (5):624-30.

Page 185: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

166

Fu, QJ, Nogaki, G, Galvin JJ. Auditory training with spectral shifted speech:

implications for cochlear implant patient auditory rehabilitation. J Assoc Res

Otolaryngol. 2005; 6(2):180-9.

Fujioka T, Ross B, Kagiki R, Pantev C, Trainor LJ. One year of musical training

affects development of auditory cortical-evoked fields in young children. Brain.

2006; 129:2593-608.

Gatehouse S, Killion M. Habrat. Hearing aid brain rewiring accommodation time.

Hear Inst. 1993; 44(10):29-32.

Gatehouse S. Time course and magnitude of perceptual acclimatization to

frequency responses: evidence from monaural fitting of hearing aids. J Acoust Soc

Am. 1992; 92(3):1258-68.

Gielow I. Escutação treino auditivo para a vida. [CD-ROM]. 2 volumes. 2008. Ed1.

Gil D. Treinamento auditivo formal em adultos com deficiência auditiva. [tese]. São

Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2006.

Gordo A. Estudo comparativo do desempenho de próteses auditivas com circuito

K-amp e processamento digital. [dissertação]. São Paulo: Universidade Federal

de São Paulo; 1998.

Hebb D. The organization of behavior: a neuropsychological theory. New York:

Wiley; 1949.

Henderson-Sabes J, Sweetow RW. Variables predicting outcomes on listening and

communication enhancement (LACE) training. Int J Audiol. 2007; 46(7):374-83

Herculano-Houzel S. Sexo, drogas, rock’n roll... e chocolate. Rio de Janeiro: Vieira

e Lent, 2003.

Page 186: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

167

Hirsh IJ. Auditory perception of temporal order. J Acoust Soc Am. 1959; 31(6):759-

67.

Iorio MCM, Matas CG. Verificação e validação do processo de seleção e

adaptação de próteses auditivas. In: Almeida K, Iorio MCM. Próteses auditivas:

fundamentos teóricos & aplicações clínicas. 2a ed. São Paulo: Lovise; 2003,

p.305-20.

Jerger J, Alford B, Lew H, Rivera V, Chimel R. Dichotic listening, event-related

potentials, and interhemispheric transfer in the older people. Ear Hear. 1995;

16:482-98.

Kiessling J, Pichora-Fuller MK, Gatehouse S, Stephens D, Arlinger S, Chisholm

TH, Davis AC, Erber NP, Hickson L, Holmes AE, Rosenhall U, Von Wedel H.

Candidature for and delivery of audiological services: special needs of older

people. Int J Audiol. 2003; 42(Suppl.2):92-101.

Killion MC. SNR Loss: I can hear what people say but I can’t understand them.

Hear Rev. 1997; 4:8-14.

Kimura D. Cerebral dominance and the perception of verbal stimuli. Can J

Psychol. 1961; 15:166-7.

Kimura, D. Functional asymmetries of the brain in dichotic listening. Cortex; 1967;

3: 163-8.

Kricos P, Holmes A, Doyle D. Efficacy of a communication training program for

hearing impaired elderly adults. J Acad Rehabil Audiol. 1992; 25:69-80.

Lauter JL, Herscovitch P, Formby C, Raichle ME. Tonotopic organization in huma

auditory cortex revealed by positron emission tomography. Hear Res. 1985;

20:199-205.

Page 187: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

168

Levitt H, Rabiner LR. Use of a sequential strategy in intelligibility testing. J Acoust

Soc Ame. 1967; 42:609-12.

Liegeois-Chauvel C, Peretz l, Babai M, Laguitton V, Chauvel P. Contribuition of

different cortical areas in the temporal lobes to music processing. Brain. 1998;

121:1853-67.

Machado SF. O teste SSW: a validação e aplicação de um instrumento no estudo

e avaliação da percepção de fala [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo; 1993.

Mahncke HW, Bronstone A, Merzenich MM. Brain plasticity and functional losses in

the aged: scientific bases for a novel intervention. Prog Brain Res. 2006;157:81-109.

Mazziota JC, Phelps ME, Carson RE, Kuhl DE. Tomographic mapping of human

cerebral metabolism: auditory stimulation. Neurology. 1982; 32:921-37.

McCarthy, P. Value of Self-assessment scales in measuring hearing aid benefit.

Sem Hear. 1997; 18(1):13-7.

Megale RL. Treinamento auditivo: avaliação do benefício em idosos usuários de

próteses auditivas [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2006.

Miltenberg GE, Dawson GJ, Raica NA. Central auditory testing with peripheral

hearing loss. Arch Otolaryngol. 1978; 104:11-5.

Miranda EC. Treinamento Auditivo Formal em idosos usuários de próteses

auditivas [dissertação]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2007.

Montgomery A, Walden B, Schwartz D, Prosek R. Training auditory-visual speech

recognition in adults with moderate sensorioneural hearing loss. Ear Hear. 1984;

5(1):30-6.

Page 188: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

169

Muller GH, Hall J. Hearing aids: fitting and verification. In: Mueller GH, Hall J.

Audiologist desk reference. Vol. II Audiologic Management, Rehabilitation and

Terminology. San Diego: Singular Publishing, 1998. p. 166-282.

Mulsow J, Reichmuth C. Electrophysiological assessment of temporal resolution in

pinnipeds. Aquat Mammal. 2007; 33(1):122-31

Musiek FE, Berge BE. A neuroscience view of auditory training/stimulation and

central auditory processing disorders. In: Masters MG, Stecker NA, Katz J. Central

auditory processing disorders - Mostly management. Boston: Allyn and Bacon,

1998.

Musiek FE, Chermak GD. Management: auditory training and metalinguistic,

metacognitive strategies. In: Central auditory processing disorders: news

perspectives. 1997; 8:185-235.

Musiek FE, Schochat E. Auditory training and central auditory processing

disorders - A case study. Semin Hear. 1998; 19(4):357-65.

Musiek FE, Shinn J, Hare C. Plasticity, auditory training and auditory processing

disorders. Semin Hear. 2002; 23(4):264-75.

Musiek FE. Habilitation and management of auditory processing disorders:

overview of selected procedures. J Am Acad Audiol. 1999; 10(6):329-42.

Muszkat M, Correia CMF, Campos, SM. Música e neurociências. Rev

Neurociências. 2000; 8(2):70-5.

Muszkat M, Correia CMF, Noffs MHS, Vincenzo NS, Campos CJR. Especialização

funcional hemisférica na afasia motora. Arq Neuropsiquiatr. 1995; 53(1):88-93.

Page 189: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

170

Nilson MJ, Soli SD, Sullivan J. Development of the hearing in noise test for the

measurement of speech reception thresholds in quiet and in noise. J Acoust Soc

Am. 1994; 5:1085-99.

Noreña AJ, Eggermont JJ. Enriched acoustic environment after noise trauma

reduces hearing loss and prevents cortical map reorganization. J Neurosci. 2005;

25(3):699-705.

Nunes C, Frota S. Audio training - Software de apoio à terapia fonoaudiológica

[CD-ROM]. São Paulo: AM3 Artes. 2006.

Oxenham AJ, Fligor BJ, Mason CR, Kidd G. Informational masking and musical

training. J Acoust Soc Am. 2003; 114(3):1543-9.

Pearson K, Bennett R, Fidell SA. Speech levels in various environments. Report nº

3281. Washington, DC: Bolt Beranek and Newman, 1976.

Pereira LD, Dias KZ. Tratamento fonoaudiológico nos distúrbios do

processamento auditivo com enfoque no treinamento auditivo-verbal. In: Cesar

AM, Maksud SS. Fundamentos e práticas em fonoaudiologia. Rio de Janeiro:

Revinter. 2009.

Pereira LD, Schochat E. Processamento auditivo central: manual de avaliação.

São Paulo; Lovise; 1997.

Pereira LD. Avaliação do processamento auditivo central. In Lopes-Filho O (Org.).

Tratado de Fonoaudiologia, 2ª ed. São Paulo: Tecmedd; 2004, 111-30.

Pereira LD. Processamento auditivo. Temas em desenvolvimento. 1993; 2(11):7-14.

Peretz I, Gagnon I. Dissociation between recognition and emotional judgment of

melodies. Neurocase. 1999; 5:21-30.

Page 190: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

171

Pichora-Fuller MK, Singh G. Effects of age on auditory and cognitive processing:

Implications for hearing aid fitting and audiologic rehabilitation. Trends Amplif.

2006: 10:29-59.

Platel H, Price C, Baron JC, Wise R, Lambert J, Frackowiak RSJ, Lechevalier B,

Eustache J. The strucutural components of music perception. A functional

anatomical study. Brain. 1997; 120:229-43.

Plomp R, Minpen AM. Improving the reliability of testing the speech reception

threshold for sentences. Audiology. 1979; 18:43-52.

Rausher FH, Schaw K, Ky KN. Music and spatial task performance. Nature. 1993;

365:611.

Recanzone G, Schreiner CE, Merzenich M. Plasticity in the frequency

representation of primary auditory córtex following discrimination training in adult

owl monkeys. J Neuroscience. 1993; 13:87-103.

Ribeiro A. Aspectos biológicos do envelhecimento. In: Russo ICP. Intervenção

Fonoaudiológica na terceira idade. São Paulo: Revinter. 1999.

Ross M. Aural rehabilitation revisited. J Acad Rehabil Aud. 1987; 20:13-23.

Rubinstein A, Boothroyd A. Effect of two approaches to auditory training on

speech recognition by hearing-impaired adults. J Speech Hearing Res. 1987;

30:153-60.

Russo ICP, Almeida K, Freire KGM. Seleção e adaptação de Prótese auditiva

para o idoso. In: Almeida K, Iorio MCM. Próteses auditivas: fundamentos teóricos

e aplicações clínicas. 2ed. São Paulo: Lovise. 2003.

Page 191: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

172

Sacks O. Ouvido imperfeito: amusia coclear. In: Sacks O. Alucinações musicais.

São Paulo: Companhia das Letras; 2007.

Sacks O. The power of music. Brian. 2006; 129(10):2528-32.

Samelli AG, Schochat E. The gaps-in-noise test: gap detection thresholds in

normal-hearing young adults. Int J Audiol. 2008; 47(5):238-45.

Sanchez ML, Alavrez AMMA. Processamento auditivo: avaliação. In: Costa SS.

Otorrinolaringologia Princípios e Prática. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Scharlach RC. Estudo comparativo do desempenho de próteses auditivas com

circuito K-Amp e limitação por compressão. [dissertação]. São Paulo:

Universidade Federal de São Paulo; 1998.

Schlaugh G, Jancke L, Lutz H, Huang Y, Staiger J, Steinmetz H. Increased corpus

callosum size in musicians. Neuropsychologia. 1995; 33(8):1047-55.

Schochat E, Carvalho LZ, Megale RL. Treinamento auditivo: avaliação da

manutenção das habilidades. Pró-fono. 2002; 14(1):93-8.

Schow KLE, Nerbonne MA. Self-assesment of communication screening profile:

use with elderly clients. Ear Hear. 1982; 3:135-47.

Schow R, Balsara N, Smedley T, Whitcomb C. Aural rehabilitation by ASHA

audiologists: 1980 - 1990. Am J Audiol. 1993; 2(3):28-3.

Shinn JB. Temporal processing: the basics. Hear J. 2003; 56(7):52.

Soli SD, Wong LLN. Assessment of speech intelligibility in noise with the hearing

in noise test. Int J Audiol. 2008; 47:356-61.

Page 192: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

173

Soncini F, Costa MJ, Oliveira TMTO, Lopes LFD. Correlação entre limiares de

reconhecimento de sentenças no silêncio e limiares tonais. Rev Bras

Otorrinolaringol. 2003. 69(5):672-7.

Soncini F, Costa MJ. Efeito da prática musical no reconhecimento da fala no

silêncio e no ruído. Pró-Fono. 2006; 18(2):161-70.

Sweetow R, Henderson-Sabes J. The case for LACE, individualized listening and

auditory communication enhancement training. Hear J. 2004; 57(3):32-40.

Sweetow R, Palmer CV. Efficacy of individual auditory training in adults: a

systematic review of the evidence. J Am Acd Audiol. 2005; 16:494-504.

Sweetow RW. Training the auditory brain to hear. Hear J. 2005, 58(6):10-6.

Tabata SMN, Fernandes MS, Santos PM. A auto-avaliação da comunicação em

adultos/idosos portadores de deficiência auditivas e de seus familiares

[monografia]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 1999.

Taborga-Lizarro MBL. Processos temporais auditivos em músicos de Petrópolis

[monografia]. Rio de Janeiro: Universidade Católica de Petrópolis, 1999.

Tanimoto DA, Cinamori PM. Comparação do desempenho de indivíduos idosos

no reconhecimento de sentenças em ambiente silencioso e com ruído competitivo

[monografia]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2002.

Tillman TW, Cahart R, Olsen Wayne. Hearing aid efficiency en a competing

speech situation. J Speech Hear Res. 1970; 13(4):789-811.

Turner CW, Humes LE, Bentler RA, Cox RM. A review of past research on

changes in hearing aid benefit over the time. Ear Hear. 1996; 17(3):14S-28S.

Page 193: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

174

Ventry IM, Weinstein BE. Identification of elderly persons with hearing problems.

Asha. 1983; 25(7):37-42.

Ventry IM, Weinstein BE. The hearing handicap inventory for the elderly: a new

tool. Ear Hear. 1982; 3(3):128-34.

Vermiglio AJ. The American English hearing in noise test. Int J Audiol. 2008;

47(6):386-7.

Walden B, Erdman S, Montgomey A, Schwartz D, Prosek R. Some effects of

training on speech recognition by hearing-impaired adults. J Speech Hear Res.

1981; 24 (2):207-16.

Weinstein B, Spritzer J, Ventry I. Test - Retest reliability of the hearing handicap

for the elderly. Ear Hear. 1986; 7:295-99.

Weinstein B. Presbiacusia. In: Katz J. Tratado de audiologia clínica. 4ª ed. São

Paulo: Manole; 1999.

WHO - World Health Organization. International Classification of Functioning,

Disability and Health (ICF), 2001.

Wieselberg, MB. A auto-avaliação do handicap em idosos portadores de

deficiência auditiva: o uso do H.H.I.E [dissertação]. São Paulo: Pontifícia

Universidade Católica, 1997.

Winer BJ, Brown DR, Michels KM. Statistical principles in experimental design. 3a

ed, New York: McGraw-Hill; 1991.

Zatorre RJ, Evans AC, Meyer E. Neural mechanisms underlying melodic

perception and memory for pitch. J Neurosci. 1994; 14:1908-19.

Page 194: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

ABSTRACT

Objective: a) To develop and propose a musical auditory training program

directed to central hearing skills for elderly hearing aid users comprising their

performance in face of different simultaneous acoustic events, and b) to check the

benefits of this training in hearing skills of elderly hearing aids users.

Method: To prepare the Musical Auditory Training Program seven interactive

DVDs were created. To apply these materials 15 elderly subjects aged over 60

years where selected and divided into three groups with five subjects each: GI

control group, without intervention, and two experimental groups (with intervention

once a week during seven weeks) – experimental group GIIA and experimental

group GIIB. Experimental group GIIA underwent the musical auditory training

proposed by the present study and GIIB only listened to classical music. All groups

were assessed on week 1 and reassessed on week 9. The assessment was

common to all subjects and comprised a self-completion questionnaire and

behavioral tests. To assess the results, the statistical study used was variance

analysis with repetitive measures and descriptive statistics.

Results: 1) Seven DVDs were created, to wit, DVD1 - Figure-Background to

instrumental sounds, DVD2 - Figure-Background to sequential sounds, DVD3 –

Directed Listening, DVD4 – Sound Duration, DVD5 – Sound Frequency, DVD6 -

Rhythm – Temporal Structuring, and DVD7 – Auditory Closure. 2) The results

revealed that, in the reassessment, group GIIA presented significantly better

results in self-assessment questionnaire and in behavioral tests for memory of

non-verbal sounds in four sequences and in recognition threshold of sentences in

noise.

Conclusion: A Musical Auditory Training Program was created to address hearing

skills of temporal processing and selective attention to elderly hearing aid users

and the authors detected benefits from training these skills in the studied

population.

Page 195: Katya Guglielmi Marcondes Freire - Treinamento Auditivo Musical · 2020. 4. 8. · Katya Guglielmi Marcondes Freire Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. 2ª ed.

rev. e ampl. São Paulo: BC Gráfica e Editora. 2005.