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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FURTO DE VEÍCULOS EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO BRASIL JOÃO PESSOA 2011

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Page 1: KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA A …20Karyna...RESUMO Este trabalho de conclusão de curso versa sobre a Responsabilidade Civil por furto de veículos em estabelecimentos comerciais

FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FURTO DE VEÍCULOS EM

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO BRASIL

JOÃO PESSOA

2011

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KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FURTO DE VEÍCULOS EM

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO BRASIL

Artigo Científico apresentado à Banca

Examinadora de Artigos Científicos da

Faculdade de Ensino Superior da Paraíba –

FESP, como exigência parcial para obtenção

do grau de Bacharel em Direito.

Orientadora: Neusa Lutfi

JOÃO PESSOA

2011

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A817a Asfóra, Karyna Yasbeck Campos

A responsabilidade civil por furto de veículos em estabelecimentos

comerciais no Brasil. / Karyna Yasbeck Campos Asfóra. – João Pessoa, 2011.

22f.

Orientadora: Profª. Neusa Lutfi

Monografia (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da

Paraíba – FESP.

1. Responsabilidade Civil dos estabelecimentos comerciais 2. Contrato de

estacionamento 3. Relação de Consumo 4. Prestação de Serviço I. Título.

BC/FESP CDU: 347.51(043)

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KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FURTO DE VEÍCULOS EM

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO BRASIL

Artigo Científico apresentado à Banca

Examinadora de Artigos Científicos da

Faculdade de Ensino Superior da Paraíba –

FESP, como exigência parcial para obtenção

do grau de Bacharel em Direito.

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________ Profª. Neusa Lutfi

Orientadora

_________________________________

Membro da Banca Examinadora

_________________________________

Membro da Banca Examinadora

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A RESPONSABILIDADE CIVIL POR FURTO DE VEÍCULOS EM

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO BRASIL

KARYNA YASBECK CAMPOS ASFÓRA*

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso versa sobre a Responsabilidade Civil por furto de veículos em estabelecimentos comerciais. Trata-se de uma pesquisa científica com o fito de buscar soluções a respeito desse tema que é tão corriqueiro atualmente. Analisou-se, através de doutrinas e jurisprudências, a relação jurídica existente entre os estacionamentos e o contrato de depósito, o contrato de garagem, a Súmula 130 do STJ e os contratos de consumo. Da referida relação, destacou-se o modo que o Código de Defesa do consumidor aborda o tema. Tem ele o estacionamento como forma de prestação de serviços, sejam eles gratuitos ou onerosos, fazendo com que os estabelecimentos comerciais venham a indenizar os donos dos veículos por furto ou qualquer dano causado a estes, independente de culpa, ou seja, há responsabilidade objetiva por parte destes estabelecimentos. Para melhor entendimento, foram colocadas algumas situações práticas e, partindo destas, percebeu-se que não há como basear tal espécie de responsabilidade civil em apenas um instituto jurídico. Viram-se também como os princípios da boa-fé objetiva e da aparência, assim como a teoria do risco-proveito podem ser aplicados nesses contratos. Abordou-se também que nessa espécie de contrato são proibidas as cláusulas ostensivas de ausência de responsabilidade, já que se trata de contratos de adesão. Ao final foram expostas algumas excludentes de responsabilidade taxadas de acordo com o CDC assim como o caso fortuito ou força maior, admitidas pela doutrina e pela jurisprudência. Palavras-chave: Responsabilidade Civil dos estabelecimentos comerciais. Contrato de estacionamento. Relação de Consumo. Prestação de Serviço.

1 Introdução

No século XX, o automóvel e os veículos em geral incorporaram-se definitivamente à

vida do homem. Este hoje, não necessita do automóvel apenas para seus afazeres habituais, de

lazer ou de trabalho, pois as economias desenvolvem-se fundamentalmente sobre quatro

rodas. Além disso, o automóvel converteu-se, de forma universal, em símbolo de status

social, de acordo claro com sua marca, seu modelo e seu preço.

* Graduando em Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP.

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De outro norte, temos acompanhado em todos os meios de comunicação, o aumento da

criminalidade em níveis alarmantes que deixam a população de todo o país assustada. As ruas

e os logradouros públicos passaram a ser alvo principal dos bandidos, principalmente em

relação ao furto de pessoas e ao furto de veículos.

A sociedade teve que se adaptar a essa nova realidade social, tendo que fazer de tudo

para se proteger, fazendo de suas casas verdadeiras fortalezas, temendo tanto por sua vida

quanto pela proteção de seus bens.

Com essa realidade e com o capitalismo a todo vapor, tudo que se faz para atrair o

cliente é de bom grado para o empresário. A segurança passou então a ser um dos pontos mais

fundamentais para essa atração, pois as pessoas passaram a não confiar mais em deixar seus

veículos estacionados nas ruas.

Percebendo essa necessidade os estabelecimentos comerciais passaram a construir em

suas dependências, estacionamentos privativos para clientes em atendimento como forma de

oferecer segurança e comodidade para os mesmos e também para atrair novos clientes.

Mesmo com os estacionamentos ofertados pelos próprios estabelecimentos comerciais,

às vezes com um amplo aparato de segurança, os bandidos continuaram a agir, surgindo então

à dúvida se o estabelecimento tem ou não responsabilidade pelos furtos ou qualquer dano

ocorrido aos veículos dentro de suas dependências.

É exatamente nessa situação que se encontra a problemática do presente trabalho

monográfico.

O furto de veículos em estabelecimentos comerciais no Brasil é um tema bastante

atual e, infelizmente, bastante corriqueiro. É uma matéria de bastante relevância, pois

tratamos aqui de interesse de milhares de brasileiros que são possuidores de veículos e que se

utilizam de forma gratuita ou onerosa dos estacionamentos oferecidos por tais

estabelecimentos, se tornando assim vítimas desse evento danoso.

Diante disso, teremos de um lado o empresário que se recusa a indenizar o dono do

veículo furtado no estacionamento por ele ofertado e no outro estão os clientes ou usuários,

que buscam de toda forma o ressarcimento pelo prejuízo sofrido.

Temos como marcos decisivos na responsabilidade civil por furto de veículos em

estabelecimentos comerciais no Brasil as edições do Código de Defesa do Consumidor e a

edição da Súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça. Eles se tornaram valiosos instrumentos

na busca por uma reparação ao referido dano sofrido, como será demonstrado.

Serão analisados, ainda, aspectos importantes como a natureza jurídica da

responsabilidade civil por furto de veículos de acordo com as condições fáticas em que cada

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estacionamento é ofertado. Será abordado ainda sobre a utilização dos princípios da boa-fé

objetiva e da aparência e da teoria do risco-proveito nesta referida responsabilidade.

Será abordada, ainda, uma prática bastante comum entre os estacionamentos, na

tentativa de se eximirem da responsabilidade já aludida que é a cláusula de ausência de

responsabilidade considerada pela doutrina como cláusula ostensiva.

Por último, se abordará sobre as excludentes de responsabilidade civil, tanto as

trazidas pelo CDC, como as excludentes admitidas pela doutrina e pela jurisprudência.

2 A Aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos Contratos de Estacionamentos

O Código de Defesa do Consumidor incide em toda relação de consumo, que se

caracteriza sempre que se puder identificar numa das partes da relação o consumidor e na

outra parte o fornecedor, tendo como objeto o produto ou o serviço.

De acordo com o art. 2º do CDC (VADE MECUM, 2010, p. 807) “consumidor é toda

pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.

A outra parte de uma relação de consumo é o fornecedor. Sua definição está prevista

no art. 3º da Lei 8.078/90 (VADE MECUM, 2010, p. 807) que diz:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de

produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Têm-se como objetos da relação de consumo o produto ou o serviço. Segundo o art.

3º, parágrafo único do CDC “produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou

imaterial”. (VADE MECUM, 2010, p. 807)

Não menos amplo que o conceito de produto, temos o conceito de serviço, também

trazido pela Lei 8.078/90 em seu art. 3º, parágrafo segundo que diz: “Serviço é qualquer

atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive os de natureza

bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

trabalhista.” (VADE MECUM, 2010, p. 807).

Aplicando-se os conceitos acima delineados ao tema em comento, podemos denotar

que o consumidor ou destinatário final seria aquela pessoa que estaciona o veículo em

parqueamento reservado para tal finalidade e, em seguida, adentra ao estabelecimento

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comercial para fazer compras, ou até mesmo para comparar preços ou tratar de outros

assuntos de interesse da empresa.

Já o fornecedor seria o prestador de serviços que possui a obrigação de vigiar e

guardar o bem enquanto o mesmo estiver sob sua responsabilidade, pois no momento em que

o fornecedor tem interesse de dar maior comodidade ao consumidor, oferecendo segurança ao

seu veículo através de um parqueamento em suas dependências, sua atividade produtiva tende

a aumenta bastante.

Por fim, elucida-se que o objeto dessa relação consumerista seria o serviço de

estacionamento oferecido pelos estabelecimentos comerciais como forma também de atrair

clientes, dando maior segurança aos seus veículos.

Assim, identificada a relação de consumo, se torna pacífica a aplicação do supracitado

dispositivo legal.

O Código de Defesa do Consumidor abordou a questão dos estacionamentos como

uma forma de prestação de serviços, sejam eles gratuitos ou onerosos, portanto a

responsabilidade pela vigilância e pela guarda do veículo, deixado em parqueamento de

estabelecimento comercial, é deste, independente de culpa.

O oferecimento de estacionamento não se constitui num dever da empresa, trata-se de

mera cortesia e comodidade, porém uma vez posto à disposição do cliente passa a ser serviço

prestado ao consumidor, portanto fica o dono do estabelecimento responsável pela guarda e

custódia do veículo e também pelos objetos que se encontram em seu interior, assim, havendo

roubo, furto ou qualquer dano ao veículo o serviço prestado pelo estabelecimento comercial

será tido como falho ou defeituoso, gerando, desta forma, o dever de indenização por parte

deste.

Neste sentido afirma com sabedoria Venosa (2008, p.274) que “o estacionamento do

veículo faz parte inarredável do negócio do fornecedor e a responsabilidade por danos ou

furtos nos veículos é objetiva, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor”.

Insta frisar, que a responsabilidade objetiva é aquela que ocorre quando a lei impõe a

alguém o dever de reparar um dano, independente se houve ou não culpa deste, levando-se em

consideração apenas o dano e o nexo de causalidade. Tal responsabilidade é a adotada, como

já informado, pelo Código Consumerista.

Diferente de tal teoria, a responsabilidade subjetiva baseia-se na teoria da culpa. De

acordo com tal teoria, inexistindo a culpa não há que se falar em reparação de dano. A

referida teoria não se aplica ao tema em comento.

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Portanto, provada pelo cliente a relação de consumo, o fato de ele ter ido ao

estabelecimento, de ter estacionado seu veículo, provando, assim, a relação de clientela e

voltando ao local encontrou o mesmo com arranhão, subtração de pertences no interior do

veículo, ou mesmo não encontrá-lo lá por motivo de furto, de acordo com o referido

dispositivo legal, forçosa será a reparação pelos danos sofridos independentemente da

apuração de culpa, salvo se a empresa conseguir provar que o fato danoso só ocorreu devido a

uma das causas que excluem a responsabilidade, causas essas que serão abordadas em tópico

específico.

Questão interessante e polêmica se dá quando o estabelecimento comercial oferece

estacionamento de forma gratuita.

Como se sabe, o conceito de serviço trazido pela Lei 8078/90 diz que se trata de uma

atividade fornecida mediante remuneração. É uma forma de contraprestação ao serviço

prestado.

Realmente, quase nada oferecido no mercado de consumo é tido como gratuito, porém

existem atividades, tidas como gratuitas que os seus custos acabam direta ou indiretamente

sendo repassadas ao consumidor.

Então, quando a lei fala em remuneração, não está se referindo necessariamente ao

preço cobrado pelo produto ou serviço, esse valor pode sim estar embutido direta ou

indiretamente em tais atividades sem que o consumidor perceba.

Quanto ao tema em questão, o estacionamento ofertado pelo estabelecimento

comercial de forma gratuita, não isenta o mesmo de responder pelos danos causados ao

veículo, pois o preço do estacionamento pode estar incluído no preço final do produto, já que

estamos falando de estabelecimentos que visam o lucro.

Assim, entende Gonçalves (2002, p. 435) que:

Se esses estacionamentos têm um aparato de segurança com a finalidade de inspirar

confiança a quem vai ter ao supermercado, caracterizados por grades, portões de

entrada e saída para os carros, guarita pra os guardas, não resta duvida d que existe

o dever de vigilância e a consequente responsabilidade em caso de furto, mesmo

que as chaves do veículo permaneçam em poder do proprietário e o estacionamento

seja gratuito.

Desta forma, conclui-se que o oferecimento de estacionamento gratuito representa um

atrativo a mais por parte do estabelecimento comercial, uma comodidade que visa o

diferencial frente às outras empresas para que se gere mais lucro. Então, aquele que utiliza

desse meio para gerar lucro terá que arcar com o dever de indenizar caso seu serviço seja

falho e gere danos ao consumidor.

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3 A Súmula 130 do STJ

Marco histórico da Responsabilidade Civil por furto de veículos em estabelecimentos

comerciais está na edição da Súmula 130 do Superior tribunal de Justiça.

Diz a referida Súmula que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de

dano ou furto de veículos ocorridos em seu estacionamento”. (VADE MECUM, 2010, 1670)

A aludida Súmula uniformizou a jurisprudência a respeito do assunto que é o da

responsabilidade da empresa perante o cliente em caso de furto ou quaisquer outros danos

ocorridos dentro do seu estacionamento.

Antes da mesma, o Superior Tribunal de Justiça baseava-se basicamente em contratos

de depósitos e em contratos inominados de vigilância para criar acórdãos reconhecendo a

responsabilidade civil das empresas em casos de furto de veículos nas mesmas.

Vale ressaltar que para a situação ser amparada pela referida Súmula deverá haver uma

relação de clientela entre a empresa que oferta o estacionamento e o cliente. Essa relação não

se comprova apenas com aquela compra naquele momento, ela pode ser comprovada também

se o cliente possui uma compra parcelada através de carnê, cheques e até através de cartões de

créditos, dentre outras formas.

Porém, para que haja a responsabilidade da empresa em relação a furto de veículos em

seu estacionamento é necessário que o cliente se faça presente dentro da empresa, na mesma

na hora da ocorrência do ato ilícito, mesmo que não se tenha comprado nada.

Seguindo esse raciocínio, decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. FURTO EM

ESTACIONAMENTO. SHOPPING CENTER. VEÍCULO PERTENCENTE A

POSSÍVEL LOCADOR DE UNIDADE COMERCIAL. EXISTÊNCIA DE

VIGILÂNCIA NO LOCAL. OBRIGAÇÃO DE GUARDA. INDENIZAÇÃO

DEVIDA. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO.

I – Nos termos do enunciado n. 130/STJ, “a empresa responde, perante o cliente,

pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.

II – A jurisprudência deste Tribunal não faz distinção entre o consumidor que

efetua compra e aquele que apenas vai ao local sem nada dispender. Em ambos os

casos, entende-se pelo cabimento da indenização em decorrência do furto de

veículo. III – A responsabilidade pela indenização não decorre de contrato de depósito, mas

da obrigação de zelar pela guarda e segurança dos veículos estacionados no local,

presumivelmente seguro. (STJ 2003)

Neste entendimento, afirma Bellei (2008) que:

O estabelecimento comercial responderá objetivamente pelos danos causados, basta

a comprovação do dano ao consumidor nas dependências da empresa, para que responda civilmente pelos prejuízos, independente de culpa ou dolo, mas por força

do risco da atividade empresarial.

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Todavia, se mesmo sendo cliente daquela empresa, o dono do veículo o estaciona com

intenção de guardar o mesmo, se retirando em seguida do local para um local diverso de onde

estacionou o seu veículo, ou seja, para outra empresa ou local, não há que se falar em

responsabilidade da empresa em caso de qualquer dano ocorrido ao veículo.

Seguindo essa linha de raciocínio afirma Silva (2007, p. 78) que “a oferta do

parqueamento, expressão do interesse econômico do estabelecimento, só implicará existência

de uma relação jurídica, se o utente for cliente de fato ou em potencial do referido

estabelecimento”, ou seja, não adianta se utilizar do estacionamento apenas para guarda de

veículos, terá que se estar exercendo uma relação de clientela com a empresa, relação esta que

pode se dar apenas com uma verificação de preço por parte deste.

Analisando-se a supracitada Súmula verifica-se que a mesma não faz referência em

caso de roubo, apenas de furto ou dano a veículos, porém a oferta de parqueamento é um risco

do empreendimento, portanto, por analogia, pode-se amparar também a situação de roubo.

4 O conflito doutrinário a respeito da natureza jurídica da responsabilidade por furto de

veículos no Brasil em face de alguns tipos de estacionamentos

É comum nos grandes centros urbanos brasileiros o furto de veículos. Anual e

corriqueiramente milhares de carros são subtraídos dos estabelecimentos comerciais e são

levados ao desmanche tanto em países vizinhos como dentro do nosso próprio país.

Por existir uma deficiência legal específica, as decisões jurisprudenciais têm sido forte

referência para caracterizar o furto de veículos em parqueamentos. Tal indiferença em relação

ao assunto se torna inexplicável devido à atualidade do tema e de o mesmo ser um problema

de interesse de milhares de pessoas.

Nos últimos anos o número de veículos aumentou de maneira absurda, fazendo com

que o serviço de estacionamento se tornasse muito necessário. Este serviço geralmente é

explorado pela iniciativa privada, mas também poderá ser prestado pelo Estado ou por seus

representantes através de cobrança de tarifa por determinado espaço público.

Surge assim a problemática de saber de quem será a responsabilidade pelo

fornecimento do serviço e qual o fundamento jurídico dessa responsabilidade.

Não há de fato um único fundamento jurídico capaz de abranger todo o rol de

situações fáticas existentes no âmbito da responsabilidade civil por furto de veículos. Tal

fundamentação é bastante diversificada.

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Durante muito tempo essa fundamentação basicamente caia nos contratos de depósito

e nos contratos inominados de guarda. Havia uma enorme tendência à aplicação do contrato

de depósito para todos os casos de furtos ou de qualquer dano aos veículos em

estacionamento, tendo isso como consequência a responsabilidade contratual em praticamente

todos os casos.

Porém, atualmente nem sempre haverá contrato de depósito ou contrato inominado,

aliás, nem sempre haverá contrato. Dependendo da situação fática poderemos, sim, ter uma

fundamentação de forma aquiliana.

O surgimento do Código de Defesa do Consumidor trouxe uma grande revolução

quanto à responsabilidade civil nas relações de consumo, porém ele não veio para restringir

direitos já consagrados, e sim para somar novos direitos aos já existentes.

Portanto, nas situações em que haja relação de consumo na oferta do estacionamento,

deve-se prevalecer a aplicação do referido código, porém nada impede a aplicação de outros

institutos jurídicos se na mesma situação puder se aplicar além do Código de Defesa do

Consumidor outros diplomas legais, ficando o lesado numa situação de escolha em que se

basear para se buscar a reparação do dano.

Diante disso, resta-nos entender qual a natureza jurídica dessa espécie de

responsabilidade. Para isso, serão mostradas algumas situações fáticas ocorridas em

estacionamentos para depois se tratar da referida natureza jurídica.

A primeira situação é aquela em que há entrega das chaves do veículo a preposto da

empresa no momento de ingresso no estabelecimento, em que este geralmente é oneroso,

emite tíquetes; visualiza-se ou não de aparato de segurança, e no momento de sua saída ocorre

a devolução das chaves ao usuário.

Temos claramente aqui um contrato de depósito. A tradição do veículo pela entrega

das chaves é a característica determinante para essa conclusão. Se a entrega das chaves não

fosse feita não teríamos contrato de depósito já que este é um contrato real que só é

consolidado pela entrega da coisa, conforme preceitua o art 627 do Código Civil Brasileiro.

Apesar da situação ora relatada ser muito comum, não há como se ter no contrato de

depósito a única fundamentação jurídica para os casos de responsabilidade civil por furto de

veículos, pois nem todas essas situações possuem elementos que caracterizem apenas essa

modalidade de contrato.

Como bem expressa Silva (2007, p. 67) “a entrega das chaves e a onerosidade do

estacionamento não são imprescindíveis à caracterização da responsabilidade civil por furto

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de veículos”, por isso não se pode unificar tal fundamentação jurídica, que como já foi

expresso pode ser fundamentada legalmente em outros institutos.

Não se caracterizando um contrato de depósito, tal situação poderia ser encarada como

um contrato inominado de guarda, já que este também é um contrato real e abrange a

custódia, a vigilância, o cuidado, o amparo e a proteção.

Porém, vale ressaltar, que esses contratos inominados geralmente devem seguir as

regras de um contrato inominado mais próximo, tendo como requisitos para sua existência o

consentimento das partes e a entrega da coisa.

A segunda situação é aquela em que há emissão de tíquetes, de forma onerosa,

existindo ou não aparato de segurança em que o usuário não entrega as chaves do veículo.

Aqui como não há entrega das chaves não há que se falar em contrato de depósito. O

que se tem de determinante para a caracterização da responsabilidade civil por parte do

estabelecimento é a emissão de tíquetes que gera assim um contrato inominado de vigilância

que vem do dever de vigiar o veículo.

Importante ressaltar, que a gratuidade do estacionamento não exime o responsável do

mesmo de uma reparação, dependendo, claro, de cada situação. No caso de o estacionamento

ser oneroso sempre haverá responsabilidade do estabelecimento, pois houve ali uma

contraprestação por parte do usuário para que seu veículo fosse guardado e vigiado.

Portanto, no caso em questão, temos a formação de um contrato consensual, onde o

usuário anui com as cláusulas ali impostas, através da retirada do tíquete, tendo como objeto

do referido negócio jurídico o dever de vigilância.

A terceira situação fática é aquela em que não há entrega das chaves do veículo; o

parqueamento é aparentemente gratuito, existe ou não prepostos para organizar o

estacionamento, o acesso é aparentemente franqueado ao público em geral, há liberdade para

o usuário movimentar o veículo, podendo a seu critério escolher o melhor local para

estacioná-lo e não há emissão de tíquetes.

Grande parte da polêmica doutrinária e pretoriana reside exatamente nesse tipo de

situação que tem especialíssimos contornos fáticos.

De imediato, pode-se chegar a algumas conclusões da situação ora relatada. Não se

trata aqui de um contrato inominado de guarda, muito menos um contrato de depósito já que

não há a entrega do veículo, ou seja, sua tradição. Não se pode dizer também que há um

contrato inominado de vigilância, pois não há emissão de tíquetes.

Diante desta situação conflituosa, diz Silva (2007, p.69) que “parte da doutrina

entende que diante desta terceira situação fática não se pode imputar qualquer espécie de

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contrato, e sim de mera cortesia da empresa para com o usuário, sem implicar dever de

vigilância em tais casos”.

Porém, por não existir um contrato específico para a situação não significa que não

haverá responsabilidade civil do estabelecimento, pois se pode considerar o estacionamento

como um prolongamento do local.

Assim, para a já citada situação fática, pode a vítima do evento danoso buscar a

reparação do mesmo, alegando que houve uma relação contratual de fato, onde não se faz

necessário o consenso entre as partes, nem que elas sejam juridicamente capazes. Pode buscar

também sua reparação utilizando-se da já citada Sumula 130 do Superior Tribunal de Justiça e

pode também fazê-la buscando amparo no Código de Defesa do Consumidor, que no meu

entendimento, é a melhor opção.

Tal afirmação é justificada pelo fato de que essa situação é tratada pelo aludido

Código como uma prestação de serviços por parte do estabelecimento comercial, fazendo com

que sua responsabilidade seja objetiva, ou seja, sem precisar a comprovação de culpa, como já

explanado anteriormente.

Na visão do Código, ela vai ocorrer independentemente de estar ligada na

responsabilidade contratual, aquiliana ou nas relações contratuais fáticas.

Nesta senda, como já exposto no início do tópico, geralmente haverá mais de um

instituto jurídico para justificar a responsabilidade civil por furto de veículos, cabendo,

portanto, à parte lesada escolher a melhor base jurídica para buscar sua reparação,

dependendo claro de cada situação fática.

5 A Aplicação dos Princípios da Boa-Fé Objetiva e da Aparência e da Teoria do Risco-

Proveito na Responsabilidade Civil por Furto de Veículos

Como já dito em tópico anterior, o Código de Defesa do Consumidor trata a

responsabilidade civil por furto de veículos como uma prestação de serviços por parte do

estabelecimento que fornece o estacionamento como forma de atrair mais clientes, dando uma

espécie de segurança a mais aos mesmos.

Então, caracterizada a relação de consumo nos estacionamentos, será a mesma regida

pelo supracitado diploma legal e sendo assim, será regida pelo princípio da boa-fé objetiva.

Stolze (2008, p. 65) a boa-fé objetiva “consiste em uma verdadeira regra de comportamento,

de fundo ético e exigibilidade jurídica”, ou seja, as partes deverão agir sempre ligadas à

honestidade e a lealdade.

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Através deste princípio se pode ter um equilíbrio nas relações de consumo, pois como

se sabe, o consumidor é a parte mais frágil de tal relação, portanto havendo uma análise geral

das cláusulas de um contrato entre as duas partes será mais fácil de eliminar aquelas tidas

como abusivas para ambos ou só para um pólo.

Assim, sempre que se fala em boa-fé objetiva, vem logo ao pensamento o

comportamento fiel entre as partes, havendo respeito entre ambas. Este princípio visa,

sobretudo, garantir o leal cumprimento do contrato, deixando as partes satisfeitas com o

mesmo, evitando causar-lhes lesões através de abusos, pois uma dessas funções é delimitar o

exercício de direitos subjetivos, ou seja, evita o exercício abusivo de tais direitos, seja em

contratos de consumo ou em contratos cíveis em geral.

Ao caso em questão, aplicando-se o princípio da boa-fé objetiva, os estabelecimentos

comerciais evitariam as cláusulas de ausência de responsabilidades, pois são consideradas

ostensivas como se verá no tópico adiante.

Imaginemos agora a situação onde o dono do veículo estaciona seu veículo no

parqueamento oferecido pelo estabelecimento comercial, entra no mesmo só para olhar preços

ou tratar de assuntos pessoais, sem comprar ou consumir nada dentro dele.

Aqui temos uma situação em que se pode aplicar o princípio da boa-fé objetiva trazido

pelo Código de Defesa do Consumidor, pois o indivíduo não fez uso do estacionamento

apenas para guardar seu veículo, mas sim para de certa forma manter uma relação de clientela

com o estabelecimento, mesmo que não tenha feito qualquer compra.

Ora, como já falado anteriormente, a oferta de parqueamento já faz parte da relação de

consumo, pois o consumidor é atraído por aquela facilidade de guardar o seu veículo, de

deixá-lo em local seguro, portanto aplicando-se o princípio da boa-fé objetiva o fornecedor do

serviço tem que reconhecer que a simples entrada no estabelecimento, seja para conferência

de preços, seja para tratar de outros assuntos referentes à empresa já caracteriza a relação de

consumo.

Pode-se dizer que a oferta de estacionamento se encontra na fase pré-contratual, porém

as questões que dela advierem já são de responsabilidade contratual. Independente de ser em

uma ou em outra fase, o princípio da boa-fé objetiva tutela os interesses do cliente em

potencial.

O princípio da boa-fé objetiva tem sido um grande aliado dos tribunais no

reconhecimento da responsabilidade civil por furto de veículos por parte dos estabelecimentos

comerciais, como veremos nesta decisão do Superior Tribunal de Justiça:

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RESPONSABILIDADE CIVIL – ESTACIONAMENTO – FURTO DE VEÍCULO

– DEPÓSITO INEXISTENTE – DEVER DE PROTEÇÃO – BOA-FÉ. O cliente

do estabelecimento comercial, que estaciona o seu veículo em lugar para isso

destinado pela empresa, não celebra um contrato de depósito, mas a empresa que se

beneficia do estacionamento tem o dever de proteção, derivado do princípio da boa-

fé objetiva, respondendo por eventual dano. Sum. 130. Ação de ressarcimento da

seguradora julgada procedente. Recurso não conhecido. (STJ 1996)

O princípio da aparência, no entendimento de Nunes (2008, p. 129) “se traduz na

obrigação do fornecedor de dar ao consumidor a oportunidade de conhecer os produtos e

serviços que são oferecidos e, também, gerará no contrato a obrigação de propiciar-lhe o

conhecimento prévio do seu conteúdo”.

O consumidor tem que ter essas informações, pois às vezes o mesmo crê que está

estacionando seu veículo em um local seguro, com aparato de segurança, e muitas vezes a

prestação do serviço não é aquilo que aparenta ser, então o consumidor tem que ter

conhecimento daquele serviço que lhe estar sendo oferecido.

Outro aspecto importante trazido pelo Código de Defesa do Consumidor é a aplicação

da teoria do risco-proveito, segundo a qual quem tira proveito de uma atividade deve suportar

os danos por ela causados, o risco criado pela atividade é suficiente para impor ao titular a

responsabilidade pelos danos sofridos por terceiros.

Inteiramente baseado nessa teoria, a responsabilidade do fornecedor, quando o dano

ocorrido ao consumidor advém de um serviço defeituoso, é objetiva, ou seja, independente do

fator subjetivo, quando sua atividade implicar, por sua natureza, grande risco para os direitos

de outrem.

A oferta de estacionamento visa o maior lucro da empresa. O cliente se sente mais

seguro em estacionar seu veículo ali. Em contrapartida, o estabelecimento terá o dever de

guarda-lo e vigiá-lo, enquanto o seu dono estiver dentro do estabelecimento mantendo uma

relação de clientela.

Portanto, seguindo a teoria do risco proveito, a atividade de oferecer parqueamento aos

seus clientes já é uma atividade de risco, fazendo com que o estabelecimento comercial já o

deva suportar, sendo, portanto este responsável, independentemente de culpa, por um furto ou

outro eventual dano causado ao veículo.

Conclui-se, diante do exposto, que os princípios da boa-fé objetiva e da aparência,

assim como a teoria do risco-proveito podem servir como forma de convencimento ao

magistrado para conhecer da responsabilidade por furto de veículos em estabelecimentos

comerciais, pois os mesmos estão inseridos claramente no ordenamento jurídico brasileiro e

principalmente no Código de Defesa do consumidor.

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6 Cláusulas Ostensivas de Ausência de Responsabilidade Impostas pelos

Estabelecimentos Comerciais

Na tentativa dos responsáveis de se eximirem de qualquer responsabilidade pelo furto

de veículos, é comum encontrarmos nos estabelecimentos comerciais placas indicativas de

ausência de responsabilidade dos mesmos.

Estes tipos de cláusulas são bastante abrangentes e podem estar presentes em qualquer

contrato de consumo, sendo eles escritos ou não. No caso em tela, elas geralmente são

encontradas justamente onde estacionamos nossos carros e são expostas de forma bem

visíveis para que todos possam ver.

A validade deste tipo de cláusula é bastante discutida. Segundo Bellei (2001) “antes da

vigência do Código, as placas eram suficientes para evitar indenizações pelo roubo ou dano ao

automóvel, sendo consideradas atualmente como nulas e sem efeito, uma vez que não

emanam da vontade livre dos clientes”.

Nota-se claramente que tais cláusulas transferem para a vítima do evento a

responsabilidade de assumir o risco da atividade.

Elas são tidas como abusivas nas relações de consumo e estão presentes, de forma

ilícita, nos contratos de adesão que são instituídos pelos estabelecimentos comerciais e os

consumidores, pois são feitas de forma unilateral sem que haja um prévio acordo de vontades

entre as partes, tornando então suas cláusulas, nulas de pleno direito.

Para que essas cláusulas ostensivas tenham validade, faz-se necessário o

preenchimento de alguns requisitos: deve haver bilateralidade de consentimento, ou seja,

como já dito as partes têm que acordar previamente, tem que haver um caráter de transação;

não podem elas ir de encontro com os preceitos de ordem pública, mesmo havendo acordo de

vontades; pois tem que haver igualdade de condições entre as partes. Este requisito é de suma

importância principalmente no que tange os contratos de adesão que são impostos pelos

estabelecimentos comerciais face ao consumidor, pois não seria ético admitir que a parte mais

forte da relação de consumo que é o fornecedor pudesse se isentar de uma responsabilidade

impondo cláusulas totalmente abusivas, deve haver inexistência de escopo de eximir o dolo

ou a culpa grave do agente, evitando assim a impunidade em ações danosas de maior

gravidade e por fim deve ter ausência da intenção de afastar obrigação inerente à função, uma

vez que a obrigação do fornecedor de serviço quando oferece estacionamento é guardar e

vigiar o veículo ali deixado, não podendo haver cláusula que transfira sua obrigação.

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A nulidade deste tipo de cláusula que tenta isentar o empresário de qualquer tipo de

responsabilidade decorrente da prestação de serviço do estacionamento é ratificada

claramente pelo Código de Defesa do Consumidor em seus artigos 25 e 51, inciso I.

Diz o art. 25 do supracitado dispositivo legal (VADE MECUM, 2010, p. 809) que “é

vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação

de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores”.

Ora, quando o estabelecimento comercial fixa aviso de limitação de sua

responsabilidade ele está a minorando, está tentando exonerar-se de sua obrigação, indo

justamente de encontro ao artigo mencionado, aproveitando-se aqui da submissão que sofre o

consumidor, por ser a parte mais vulnerável da relação de consumo.

O art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, inciso I (VADE MECUM, 2010,

p.812), diz que:

São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao

fornecimento de produtos e serviços:

I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por

vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou

disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor

pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis.

Assim, quando o estabelecimento comercial estampa que não se responsabiliza pelos

veículos ali guardados, se está ferindo alguns princípios como o da boa-fé objetiva e o da

aparência, descaracterizando então a relação de consumo.

Portanto, se o estabelecimento comercial está descaracterizando a prestação de serviço

através de tais cláusulas, nada mais justo do que considerá-las nulas.

Sendo dessa forma, tais nulidades podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz,

independentemente de requerimento das partes ou de algum interessado, passando as mesmas

a não terem nenhuma eficácia.

Não sendo declarada de ofício, a nulidade pode ser requerida da seguinte maneira, de

acordo o parágrafo 4º do artigo supracitado (VADE MECUM, 2010, p. 812):

É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao

Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de

cláusula contratual que contrarie o disposto neste Código ou de qualquer forma não

assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.

Em suma, sempre que houver desequilíbrio entre as partes, no caso em tela quando se

verifique a existência de cláusulas abusivas o juiz deverá reconhecer sua nulidade de ofício ou

se faculta ao consumidor, aqui sendo aquele que estaciona seu veículo no estacionamento

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oferecido pelo estabelecimento comercial requeira ao Ministério Público que se ajuíze

competente ação para declarar tal nulidade.

Importante frisar que tais cláusulas não implicam na invalidação do contrato como

bem expressa o parágrafo 2º, ainda do art. 51 do referido Código (VADE MECUM, 2010,

p.812) “A nulidade de uma cláusula contratual abusiva, não invalida o contrato, exceto

quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a

qualquer uma das partes.”

É comum também ao entrarmos no estabelecimento comercial, nos surpreendermos

com avisos de não se responsabilizar por objetos deixados no veículo.

Ora, seguindo os preceitos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor e a súmula

130 do STJ, o usuário além de ser protegido contra furto de seu veículo, também deverá ser

protegido contra furtos de objetos deixados dentro do mesmo, fazendo com que essa cláusula

também seja considerada abusiva, aplicando-se a ela tudo o que já se foi discutido neste

tópico.

Ao fornecedor que insere a cláusula abusiva, lhe é aplicado multa como bem dispõe o

art. 22 do Decreto 2.181/97(2008):

Será aplicada multa ao fornecedor de produtos e serviços que, direta ou

indiretamente, inserir, fizer circular ou utilizar-se de clausula abusiva, qualquer que

seja a modalidade do contrato de consumo, inclusive nas operações securitárias

bancárias de crédito ao consumidor, depósito poupança, mútuo ou financiamento.

Portanto, nota-se claramente que o referido dispositivo legal veio para tentar controlar

esta prática tão comum nos dias de hoje que é a tentativa de isenção por parte dos

fornecedores através da aplicação de cláusulas abusivas.

7 Excludentes de Responsabilidade Civil no Furto de Veículos

Como já abordado, a responsabilidade civil por furto de veículos no Brasil é um tema

bastante atual. A responsabilidade é de natureza objetiva, e o estabelecimento comercial só

poderá isentar-se da mesma se ficar comprovado que houve alguma situação de excludente de

ilicitude prevista na legislação brasileira, o que ultimamente tem sido bastante difícil, pois

com o surgimento da Lei 8078/90 o ônus da prova foi invertido em favor do consumidor,

portanto dificilmente o estabelecimento comercial se livrará de pagar uma indenização em

favor daquele.

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Uma das formas mais utilizadas na tentativa de eximir-se da responsabilidade é a

cláusula de não indenizar, que foi anteriormente abordada no presente trabalho. Vimos que

este tipo de cláusula é tida como abusiva, sendo nula de pleno direito, portanto não tem este a

propriedade de eximir a empresa do seu dever de conservação do veículo.

O caso fortuito e a força maior estão entre as principais excludentes de

responsabilidade civil de uma forma geral.

Determina o Código Civil de 2002, expressamente, que tais excludentes de ilicitude,

quanto a sua caracterização para a ocorrência dos devidos efeitos legais e jurídicos, devem

estar ligadas à ocorrência de fatos impossíveis de se evitar ou de serem impedidos.

Atualmente na realidade vivida principalmente no Brasil, onde a criminalidade cresce

a cada dia, o furto ou o roubo não podem ser alegados como motivo de força maior.

Além do mais, aquele que oferece estacionamento aos seus clientes tem a obrigação de

prestar segurança, pois tal comodidade gera uma expectativa de confiança, de segurança em

relação ao veículo que ficará guardado enquanto vão as compras ou vai simplesmente

verificar os preços das mercadorias.

Com muita sapiência afirma Silva (2007, p. 138) que “deve-se reconhecer a

necessidade de se excluir a responsabilidade quando esta decorre de evento inevitável,

imprevisível ou irresistível”.

Isto posto, como o furto ou o roubo de veículos, nos dias atuais, não constitui mais um

evento imprevisível ou inevitável, estas excludentes de responsabilidade não podem ser

alegadas pelos estabelecimentos comerciais e muito menos reconhecidas pelo magistrado.

Outra forma de o estabelecimento comercial tentar se eximir da responsabilidade por

furto de veículos é afirmar que o estacionamento é terceirizado.

Neste aspecto, o Código de Defesa do consumidor é bem convincente quando afirma

em seu art. 25, parágrafo 1º (VADE MECUM, 2010, p. 809) que “havendo mais de um

responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista

nesta e nas Seções anteriores”.

Assim, se o estacionamento é terceirizado, deverá o mesmo ser tratado numa forma de

solidariedade pura e simples, não comportando também benefício de ordem, ou seja, o

consumidor poderá acionar qualquer um deles para tentar a reparação do seu dano, fazendo

com que essa tentativa de se eximir pela terceirização do estacionamento não seja válida, pois

todos os fornecedores responderão solidariamente.

O supracitado Código é bastante taxativo quando elenca as hipóteses em que o

fornecedor não responderá pelo dano causado. Diz o seu art. 14, parágrafo 3º (VADE

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MECUM, 2010, p. 809) que “o fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando

provar: I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa exclusiva do

consumidor ou de terceiro”.

De uma forma geral aquele que é responsável por um dano a outrem tem o dever de

indenizá-lo, salvo se conseguir provar existência de alguma excludente de ilicitude. Na

responsabilidade civil trazida pelo Código de Defesa do Consumidor é necessário que se haja

defeito na prestação de serviços, de tal forma que se o fornecedor não conseguir provar

alguma das excludentes ora citadas, será responsabilizado objetivamente.

A primeira hipótese de excludente fala da inexistência do defeito na prestação de

serviços.

Neste caso, o prestador de serviço terá de alguma forma, provar que não existiu defeito

no serviço. Sendo assim, estaria excluído da responsabilidade de indenizar.

A segunda hipótese fala da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Note-se que

o inciso fala em exclusividade, não abordando a concorrência. Ocorrendo esta, havendo uma

concorrência entre o consumidor e o fornecedor de serviço no defeito do mesmo, entende-se,

que ainda assim o prestador de serviços tem a responsabilidade integral de reparar os danos

causados (NUNES, 2008). Só haverá, portanto exclusão de ilicitude se a culpa for exclusiva

do consumidor.

Importante frisar que o terceiro citado tem que ser uma pessoa realmente estranha a

relação entre o prestador de serviço e o consumidor. Se alguém estacionou o carro em um

supermercado, entregando as chaves a um empregado do mesmo e este, por negligência, deixa

o carro aberto facilitando assim que alguém furte os objetos que estavam ali dentro, não pode

o prestador de serviços alegar que houve culpa exclusiva de terceiro, pois o empregado da

empresa faz parte sim da relação ora citada.

Ao analisarmos o rol taxativo das excludentes de responsabilidade trazido pelo CDC,

observamos que não se incluem dentro deles o caso fortuito e a força maior, ora analisada

neste tópico.

É um ponto bastante divergente tanto na doutrina, quanto na jurisprudência. Existem

correntes que afirmam que tais institutos, como têm relação com dolo e culpa, ou seja, com a

responsabilidade subjetiva, não podem ser aplicados aos prestadores de serviço, porque a lei

protetiva ao consumidor aborda a estes, a responsabilidade objetiva.

Todavia, existe outra corrente que admite sim a utilização de tais institutos de

excludentes de responsabilidade.

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Ensina-se curso de direito, que quando a lei específica é omissa, prevalece à regra

geral. Assim, nesses casos, o Código Civil deve ser aplicado de forma subsidiária quando o

CDC for omisso, ou seja, o caso fortuito e a força maior devem ser aplicados, quando

ocorridas, analisando-se especificamente cada caso, para se concluir ou não se a situação

ocorrida se encaixa em um desses institutos.

8 Considerações Finais

O problema da responsabilidade civil por furto de veículos no Brasil atinge milhares

de brasileiros que hoje se utilizam dos seus carros praticamente para tudo que fazem e sempre

procuram locais mais seguros para estacionarem os mesmos devido a onda de violência que

atinge a sociedade hodierna.

Apesar da legislação brasileira não dispor de artigos específicos que tipifiquem a

responsabilidade do estabelecimento comercial por furto de veículos em seus

estacionamentos, oferece no seu ordenamento jurídico geral uma série de opções que tentam

caracterizá-la. Vale ressaltar, porém, que devido a cada estacionamento ter sua

particularidade, não há uma fundamentação que abranja todos os casos.

Neste sentido, a Súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça é tida como um divisor

de águas no assunto, pois a mesma uniformizou a jurisprudência a respeito dessa

problemática.

Outro aspecto importante foi a edição do Código de Defesa do Consumidor que veio

para equilibrar as relações de consumo e tentar pôr fim às disparidades envolvendo

consumidores e fornecedores de produtos e serviços, amparando, sobretudo àqueles.

No caso em tela, baseado na proteção ao consumidor, o contrato de estacionamento

deverá ser um contrato transparente e baseado no princípio da boa-fé objetiva, pois a oferta de

parqueamento traz uma expectativa de segurança para quem estaciona ali o seu veículo.

Esse dispositivo legal consagrou a responsabilidade objetiva do fornecedor,

fundamentada na teoria do risco. Nela o prestador de serviços ou de produtos responde,

independentemente de culpa, por algum dano causado a vítima proveniente de uma conduta

lesiva própria, salvo se ficar provado que houve alguma excludente de responsabilidade que é

colocado de forma taxativa pelo CDC.

Ora, no referido contrato de estacionamento se configura relação de consumo onde o

estabelecimento comercial é o fornecedor do serviço de estacionamento, sendo ele oneroso ou

não, o consumidor é aquele que se utiliza do mesmo para manter uma relação de clientela com

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a empresa e o objeto da relação é o próprio serviço de estacionamento ofertado pelo

estabelecimento comercial.

A referida relação de clientela realmente tem que existir. Não pode o consumidor

estacionar seu carro sem o fito de manter qualquer vínculo com a empresa, nem que seja

apenas para olhar preços.

Fica evidente que na entrega de veículo para estacionamento há um contrato de

adesão, porque o estabelecimento impõe previamente, sem qualquer negociação, as cláusulas

que irão vigorar naquele contrato e o cliente ao estacionar seu veículo em parqueamento

ofertado por àquele, aceita de forma implícita tais cláusulas.

Porém, quando tenta o estabelecimento comercial isentar-se de sua responsabilidade

através de avisos limitativos da mesma, está impondo ao consumidor uma cláusula

considerada abusiva, por não haver em sua estipulação uma igualdade entre as partes e por

tentar eximir-se de sua responsabilidade de forma unilateral.

Isto posto, fica claro que com o advento do Código de Defesa do Consumidor, os

estabelecimentos comerciais terão que investir mais em segurança, eis que a responsabilidade

pelo furto ou qualquer avaria causada aos veículos estacionados dentro da empresa é objetiva,

tudo baseado na teoria do risco proveito da atividade a qual exercem.

CIVIL LIABILITIES OF VEHICLE THEFT IN COMMERCIAL PREMISES

ABSTRACT

This completion of course work focuses on the Civil Liability of vehicle theft in commercial

premises. It is a scientific research with the aim of finding solutions on this subject that is

so common nowadays.By doctrine and jurisprudence, the legal relationship among the

parking garages and the deposit agreement, the contract for the garages, the 130th docket of

the Supreme Court of Justice, and theconsumer contracts were analyzed. From the referenced

relationship, the way in which the Consumer Protection Code addresses the issue was the

main highlight. The code treats parking lots as a service, free or chargeable, thus making these

commercial establishments reimburse vehicle owners for theft or any damage caused to them,

regardless of fault, i.e., the liability is responsibility of the establishment. For a better

understanding, some practical situations were put to example and, from these it was noticed

that there is no base to this kind of liability in just one legal institution. Also, the principles

of objective good-faith and appearance, as well as the risk-benefit theory were analyzed as to

be applied in such contracts. In addition, the work mentions that ostensible clauses of absence

of responsibility are prohibited, because it refers to standard form contracts. At the end, a few

taxable responsibility exclusions were exposed according to the Consumer Protection Code as

well as the casus fortuitus or force majeure, accepted by the doctrine and jurisprudence.

Keywords: Civil Responsibility of commercial premises. Parking lot contract. Consumer

relationship. Service Providers.

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