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8/20/2019 Kant - Identidade Pessoal http://slidepdf.com/reader/full/kant-identidade-pessoal 1/6 O QUE É SER EU? Identidade pessoal nos paralogismos da razão pura de Immanuel Kant Filosofia Contemporânea

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8/20/2019 Kant - Identidade Pessoal

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O QUE É SER EU?Identidade pessoal nos paralogismos da razão pura de

Immanuel Kant

Filosofia Contemporânea

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Docente: Carlos João Correia

Aluno: Ricardo André

Ano lectivo: 2015 201!

"or se considerar insatisfeito com a recep#ão da Crítica da Razão Pura

$1%&1' (ant decide pu)licar uma se*unda edi#ão $1%&%' desta sua o)ra+ sendo ,ue

o cap-tulo dos paralo*ismos da ra.ão pura se apresenta ,uase completamente

reescrito/ e na primeira edi#ão encontramos o cap-tulo divido em v rias partes+

separando os ,uatro paralo*ismos+ na se*unda o te to é 3refundido e encurtado4/

A,ui eu dispon o6me a e por em uma poss-vel dedu#ão do ,ue me parece

essencial para os temas deste ensaio: o eu + a alma e a personalidade/ em no

entanto apresentar a min a refle ão por pontos de forma a e plicitar o ,ue é cada

um destes elementos ,ue se pressup7em constitutivos de cada indiv-duo/ 8ão me

parece ,ue fosse esse o o)9ectivo de (ant/

(ant come#a por e por a,uilo de onde se infere+ pela min a perspectiva+ a

conclusão deste seu pensamento/ Di. ,ue para solucionarmos a ilusão a ,ue nos

condu.em os paralo*ismos necessitamos de 3um conceito ,ue não foi indicado

anteriormente na lista dos conceitos transcendentais4 $A ;1+ < =='+ mas sem ,ue

este novo conceito ven a a comprometer a consist>ncia+ a inte*ridade e a

completude da sua lista/ Jul*o ,ue lo*o a,ui temos a pista para uma conclusão

poss-vel+ pois este novo conceito é necess rio somente para sistemati.ar a

compreensão da ideia ,ue é o)9ecto de an lise neste cap-tulo: o eu / ? conceito

necess rio para compreender o eu é o 9u-.o eu penso / @sse conceito+ tendo uma

nica utilidade+ torna6se nico per si por tr>s caracter-sticas ess>ncias: o eu + ou a

consci>ncia do eu penso + é individual 6 lem)remo6nos de ,ue (ant afirma ,ue cada

um tem acesso privile*iado B sua pr pria consci>ncia+ o ,ue si*nifica ,ue+ por

nen um outro ser pensante poder ter acesso B consci>ncia de outrem de formadirecta+ o acesso B pr pria consci>ncia é impessoal e intransmiss-vel tão )em o eu

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é nico na medida em ,ue+ o)9ectivado no pensamento+ é a nica su)stância ,ue se

situa somente no tempo+ nunca tendo participa#ão no espa#o por fim o eu não é

apreens-vel nem como fen meno nem como númeno / Assim o eu manifesta6se

como uma espécie de su)stância de uma nica cate*oria espec-fica+ mas ,ue+

volvidas as possi)ilidades+ é incate*ori. vel/ 8a min a conclusão a dificuldade de

constituir uma defini#ão cate*orial do eu é o facto de este não ter uma forma

pass-vel de ser 9ul*ada pelo senso comum/ e (ant pudesse afirmar ,ue o eu é

sempre percepcionado da mesma forma+ pela mesma capacidade sens-vel+ talve.

não tivesse apresentado o seu pensamento so)re o eu e so)re a alma neste

es,uema dos paralo*ismos/ Jul*o ,ue o fe.+ precisamente+ por,ue compreendeu

,ue o eu sempre foi visto de formas muito distintas e+ al*umas provadas com uma

muito *rande apar>ncia de verdade/ Esto o)ri*ou (ant+ pela sua auto6imposta

sistematicidade+ a desfa.er os ar*umentos cuidadosamente para ,ue se

demonstrassem como paralo*ismos/ udo isto para+ no fim+ apenas validar o ,ue é

comum aos paralo*ismos apresentados+ ,ue apenas Ge isto pensandoG e ,ue tudo

mais ,ue se acrescente não pode ser provado/

A alma d 6se ao pensamento como uma ideia transcendental ,ue visa animar

o corpo+ dar6l e vida/ Has a alma não é o eu + a alma ter de ser al*o e terior B

pr pria mente e s pode ser o)9ectivada cartesianamente+ na medida da

participa#ão da su)stância infinita no ser+ conferindo6l e a actuali.a#ão ou

renova#ão constante ,ue l e confere e ist>ncia/ o)re a alma (ant di. ,ue Gnão se

l e pode ne*ar+ como a ,ual,uer coisa e istente+ uma *rande.a intensiva+ isto é+

um *rau de realidade $///' *rau esse suscept-vel de diminuir+ passando por toda a

multiplicidade infinita de *raus menores+ podendo assim converter6se em nada a

pretensa su)stânciaG $< ;1;'/ 8ão se pode atri)uir B alma a ,ualidade de

imortalidade somente pela compreensão de ser uma su)stância simples pois+ se é

su)stância ,ue e iste em cada ser somente e iste com o ser ,ue l e est atri)u-do

e partil a com ele a sua finitude/ Compreenda6se a alma como uma su)stância

divina e so)renatural e est 9 a)solutamente fora dos limites da ra.ão e fora

tam)ém do tempo e do espa#o/ Iuero com isto di.er ,ue a alma não interessa para

a compreensão do eu finito por,ue em toda a redu#ão o seu conceito remete6nos

sempre para o inef vel e não podemos contar com o ,ue est fora da nossa ra.ão ee peri>ncia para nos con ecermos a n s pr prios/

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A,ueles ,ue tentarem afirmar ,ue é poss-vel con ecer e demonstrar

detal adamente o mundo numénico terão de o fa.er a partir de uma proposi#ão

,ue+ como o simples cogito $não o cogito ergo sum '+ é irredut-vel e in,ue)r vel/ e

assim não acontecer e se tentarem afirmar a imortalidade da alma com )ase na

e peri>ncia+ dentro dos limites da ra.ão+ s o podemos admitir na campo da pura

intui#ão e pura especula#ão+ o ,ue+ por não e plicitarem al*o relativo somente ao

,ue é puramente sens-vel+ não se tradu. em con ecimento 6 ser al*o como uma

dedu#ão transcendental a priori /

e o pudéssemos supor totalmente a priori o eu tornar6se6ia o le*islador

determinante da nossa e ist>ncia+ tão )em ,uanto de toda a nossa e peri>ncia/

endo6o desta forma os fen menos seriam inven#ão min a+ tal como tudo o ,ue é

numénico seria apenas al*o ,ue falta criar/ al como ,ue num conto os fen menos

fossem os elementos da ist ria ,ue estariam descritos com al*um ri*or+ dispostos

no espa#o e no tempo+ e os n menos seriam os elementos misteriosos+ a,ueles ,ue

su*iro ,ue e istem de al*uma forma mas aos ,uais+ na min a narrativa interna+

ainda não c e*uei somente por falta de capacidade intelectual para l es compor

uma proposi#ão ,ue os defina e os confis,ue B inefa)ilidade/

uma diferen#a entre pensar e e istir+ no entanto para pensar é preciso

e istir/ Esto não si*nifica ,ue ao pensar nos assumamos como uma su)stância

pensante+ pois a- cair-amos novamente na ilusão de sermos animados por al*uma

su)stância e terior ,ue actuasse so)re n s/ "ensamos por,ue acontecemos assim

e somos capa.es de consci>ncia de individualidade+ do eu penso + em rela#ão ao

,ue é diferente+ ou se9a+ em rela#ão ao e terior+ ao posterior da proposi#ão primeira

e essencial ,ue acompan a todas as outras/ Compreendemos ,ue para o

entendimento da sensi)ilidade é necess ria uma unidade pr pria ,ue nos d>

individualidade/

A personalidade não se d B consci>ncia por via da ra.ão pura+ é formada

empiricamente pela o)serva#ão perspectivada através da necessidade da

identidade numérica ,ue valida a e peri>ncia su)9ectiva/ @sta su)9ectividade é ,ued a identidade ao indiv-duo+ e é isto ,ue se tradu. por personalidade/

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(ant afirma ,ue a personalidade se d via sensus commus e pela rela#ão

com os outros o)9ectos do pensamento/ al como a alma+ a personalidade não é

nem um fen meno nem um numeno+ é uma condi#ão necess ria e suficiente+ ,ue

acompan a todos os pensamentos/ "odemos criar um sistema em ,ue primeiro+

necessariamente+ temos a apercep#ão e depois a personalidade+ dispostas assim

no tempo+ e a alma como suposta su)stância actuante de forma con*lomerante e

consoladora/ ?u se9a+ não podendo conferir nen uma realidade B alma+ mas dela

tendo necessidade+ esta coisa transcendental assume a fun#ão da su)stância

infinita cartesiana ,ue d realidade ao su9eito mas ,ue não e i*e realidade para ela

mesma/ 8ão e i*e emp-ricamente a sua e ist>ncia B ra.ão por,ue não se d aos

sentidos/ Hesmo acreditando a)solutamente na sua e ist>ncia a alma tam)ém não

se revela a priori B ra.ão de forma a ,ue l e possamos definir formalmente uma

realidade+ ou se9a+ de forma a ,ue possamos assumir estar perante um númeno /

A consci>ncia de mim e iste+ porém a consci>ncia+ o eu penso + determina6se

somente pela cumulatividade inte*ral da min a e peri>ncia no tempo/

Iuando+ por tempor ria confusão mental+ alucina#ão ou dem>ncia+ sentirmos

,ue a nossa identidade numérica não é sin*ular+ como unidade a)soluta+ e assim

ten amos a e peri>ncia de sermos dois+ ou mais+ su9eitos simultaneamente+ o ,ue

diremos então da almaK Jul*o ,ue (ant diria ,ue meros epis dios com os ,uais não

nos possamos relacionar não são ,uest7es ,ue di*am respeito B ra.ão pura+ pois

a,uele ,ue não for capa. da proposi#ão eu penso + eu su)stância indivis-vel+ não

deve ser tomado como e emplo/ Ainda assim+ a mais su)lime perman>ncia da

no#ão da confusão mental no su9eito+ al*uma lucide. ,ue ten a+ conferir6l e6 a sua

unidade e a capacidade de s-ntese dos m ltiplos estados ,ue possa e perienciar/

Bibliografa:

Crítica da Razão Pura , Immanuel Kant, Fundação Calouste Gulbenkian, 8ª

edição, 20 !

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G(ant e o paralo*ismo da personalidadeG+ Carlos João Correia+ Que é o Homem?

Antropologia, Estética e Teleologia em ant, v rios autores+ Centro de Filosofia da

Lniversidade de Mis)oa+ 2010