jurisprudências sobre estupro de vulnerável

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PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 217-A DO CP. OCORRÊNCIA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS. CONSENTIMENTO. IRRELEVÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Pacificou-se a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, segundo o sistema normativo em vigor após a edição da Lei n.º 12.015/09, a conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos configura o crime do artigo 217-A do Código Penal independentemente de grave ameaça ou violência (real ou presumida), razão pela qual tornou-se irrelevante eventual consentimento ou autodeterminação da vítima para a configuração do delito. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1363531/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/06/2014, DJe 04/08/2014) HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO. 1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originário para a impugnação das decisões judiciais, necessária a racionalização da utilização do habeas corpus, o qual não deve ser admitido para contestar decisão contra a qual exista previsão de recurso específico no ordenamento jurídico. 2. Tendo em vista que a impetração aponta como ato coator acórdão proferido por ocasião do julgamento de apelação criminal, contra a qual seria cabível a interposição do recurso especial, depara-se com flagrante utilização inadequada da via eleita, circunstância que impede o seu conhecimento. 3. Como o writ foi impetrado antes da alteração do entendimento jurisprudencial desta Corte Superior de Justiça, o alegado constrangimento ilegal será enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual concessão de habeas corpus de ofício. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DELITIVA. DUAS PERÍCIAS QUE APONTARIAM AUTORES DIVERSOS. PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL.

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Jurisprudências dos Tribunais Superiores sobre estupro de vulnerável

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PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGNCIA AO ART. 217-A DO CP. OCORRNCIA. ESTUPRO DE VULNERVEL. VTIMA MENOR DE 14 ANOS. CONSENTIMENTO. IRRELEVNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Pacificou-se a jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia no sentido de que, segundo o sistema normativo em vigor aps a edio da Lei n. 12.015/09, a conjuno carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos configura o crime do artigo 217-A do Cdigo Penal independentemente de grave ameaa ou violncia (real ou presumida), razo pela qual tornou-se irrelevante eventual consentimento ou autodeterminao da vtima para a configurao do delito. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1363531/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/06/2014, DJe 04/08/2014)HABEAS CORPUS. IMPETRAO ORIGINRIA. SUBSTITUIO AO RECURSO ESPECIAL CABVEL. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NO CONHECIMENTO. 1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originrio para a impugnao das decises judiciais, necessria a racionalizao da utilizao do habeas corpus, o qual no deve ser admitido para contestar deciso contra a qual exista previso de recurso especfico no ordenamento jurdico. 2. Tendo em vista que a impetrao aponta como ato coator acrdo proferido por ocasio do julgamento de apelao criminal, contra a qual seria cabvel a interposio do recurso especial, depara-se com flagrante utilizao inadequada da via eleita, circunstncia que impede o seu conhecimento. 3. Como o writ foi impetrado antes da alterao do entendimento jurisprudencial desta Corte Superior de Justia, o alegado constrangimento ilegal ser enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual concesso de habeas corpus de ofcio. AUSNCIA DE COMPROVAO DA MATERIALIDADE DELITIVA. DUAS PERCIAS QUE APONTARIAM AUTORES DIVERSOS. PRINCPIO DA PERSUASO RACIONAL. FUNDAMENTAO IDNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. NO OCORRNCIA. 1. As concluses exaradas pelos peritos no laudo pericial no vinculam, em regra, a deciso da autoridade judiciria, pois vigora no processo penal ptrio o princpio da persuaso racional, pelo qual os juzes podem tomar suas decises mediante a livre apreciao da prova, desde que apresentem fundamentao idnea para a prestao jurisdicional.2. As instncias de origem consignaram que, no obstante a apontada contradio, um dos laudos - o que apontaria o paciente como autor do fato descrito na incoativa -, estaria em consonncia com as demais provas coligidas aos autos, razo pela qual o equvoco constante do outro no seria suficiente para macular o conjunto probatrio. 3. Para se acolher o pleito de absolvio em razo da alegada insuficincia do conjunto probatrio, seria necessrio o revolvimento aprofundado das provas produzidas no decorrer da instruo criminal, providncia para a qual no o mandamus o instrumento adequado. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CONSENTIMENTO DA VTIMA. PRVIA EXPERINCIA SEXUAL. TESES NO APRECIADAS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. INOCORRNCIA. PRETENSES DEFENSIVAS REJEITADAS. DECISO JUDICIAL FUNDAMENTADA. MCULA NO EVIDENCIADA. 1. O julgador no est obrigado a refutar expressamente todas as teses aventadas pela defesa, desde que pela motivao apresentada seja possvel aferir as razes pelas quais acolheu ou rejeitou as pretenses da parte. Precedentes. 2. Diversamente do que consignado na inicial do mandamus, no se poderia impor ao Tribunal de origem o pronunciamento sobre cada uma das teses suscitadas nas razes defensivas, se revelando suficiente o declnio de fundamentos para refut-las como um todo, tal como, de fato, foi feito. ESTUPRO. VTIMA MENOR DE 14 ANOS. PRESUNO ABSOLUTA DE VIOLNCIA. CONSENTIMENTO DA VTIMA E PRVIA EXPERINCIA SEXUAL. IRRELEVNCIA. ABSOLVIO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO APROFUNDADO DE MATRIA FTICO-PROBATRIA. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO WRIT.1. A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia firmou o entendimento no sentido de que a anterior experincia sexual ou o consentimento da vtima menor de 14 (quatorze) anos so irrelevantes para a configurao do delito de estupro, devendo a presuno de violncia, antes disciplinada no artigo 224, alnea "a", do Cdigo Penal, ser considerada de natureza absoluta. 2. Ressalva do posicionamento deste Relator, no sentido de que a aludida presuno de carter relativo. 3. A alegada inocncia do paciente, a ensejar a pretendida absolvio, questo que demanda aprofundada anlise de provas, o que vedado na via estreita do remdio constitucional, que possui rito clere e desprovido de dilao probatria. AUTORIA. INEXISTNCIA DE COMPROVAO. DESCONHECIMENTO DA IDADE DA VTIMA. ILEGALIDADE DA DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MNIMO. MATRIAS NO APRECIADAS PELA CORTE DE ORIGEM NO JULGAMENTO DA APELAO. EFEITO DEVOLUTIVO. SUPRESSO DE INSTNCIA. 1. O efeito devolutivo do recurso de apelao criminal encontra limites nas razes expostas pelo recorrente, em respeito ao princpio da dialeticidade que rege os recursos no mbito processual penal ptrio, por meio do qual se permite o exerccio do contraditrio pela parte que defende os interesses adversos, garantindo-se, assim, o respeito clusula constitucional do devido processo legal. 2. Da anlise dos autos, verifica-se que o acrdo que negou provimento ao apelo defensivo no fez qualquer meno alegada inexistncia de laudo pericial que comprove a ocorrncia de delito praticado na data apontada na denncia, ao suposto desconhecimento da idade da vtima por parte do paciente e da sustentada ilegalidade na aplicao da pena-base. 3. Tais matrias deveriam ter sido arguidas no momento oportuno e perante o juzo competente, no seio do indispensvel contraditrio, circunstncia que evidencia a impossibilidade de anlise da impetrao, no ponto, por este Sodalcio, sob pena de se configurar a indevida prestao jurisdicional em supresso de instncia. REPRIMENDA. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO. EXISTNCIA DE CIRCUNSTNCIAS JUDICIAIS DESFAVORVEIS. MODO FECHADO JUSTIFICADO. ILEGALIDADE NO DEMONSTRADA. 1. No h constrangimento ilegal na fixao do regime fechado quando, no obstante a pena tenha sido definitivamente fixada em patamar inferior a 8 (oito) anos de recluso, verifica-se a desfavorabilidade de diversas circunstncias judiciais, o que indica que o modo mais gravoso para o incio do desconto da sano privativa de liberdade o que se mostra mais adequado para a preveno e represso do delito denunciado. 2. Habeas corpus no conhecido. (HC 216.860/PE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 29/05/2013)AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ARTS. 213, 1, E 217-A DO CP. VIDA PREGRESSA DA VTIMA. IRRELEVNCIA PARA A TIPIFICAO PENAL DENOMINADA ESTUPRO DE VULNERVEL. ADOO DO PARECER MINISTERIAL COMO RAZO DE DECIDIR. LEGALIDADE. 1. A condio objetiva prevista no art. 217-A do Cdigo Penal encontra-se presente, in casu, porquanto suficiente que o agente tenha conhecimento de que a vtima menor de catorze anos de idade e decida com ela manter conjuno carnal ou qualquer outro ato libidinoso, o que efetivamente se verificou nestes autos, para se caracterizar o crime de estupro de vulnervel, sendo dispensvel, portanto, a existncia de violncia ou grave ameaa para tipificao desse crime ou a suposta experincia sexual pregressa da vtima. 2. No so violados preceitos processuais quando o magistrado adota os termos da manifestao ministerial como razes de decidir, desde que a pea apresente pertinncia e fundamentos jurdicos e legais razoveis acerca da questo posta a julgamento. 3. O agravo regimental no merece prosperar, porquanto as razes reunidas na insurgncia so incapazes de infirmar o entendimento assentado na deciso agravada. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1418859/GO, Rel. Ministro SEBASTIO REIS JNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 10/04/2014)