jurisprudência falsificação selo ou sinal público

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Apelação Criminal n. 2009.026286-5, da São Miguel do Oeste Relatora: Desa. Salete Silva Sommariva APELAÇÃO CRIMINAL - USO DE SELO OU SINAL PÚBLICO FALSIFICADO (CP, ART. 296, §1º, I) - CARIMBO DE TABELIONATO E ASSINATURA DE SERVIDORA CARTORIAL QUE NÃO CONFIGURAM SELO OU SINAL PÚBLICO - DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA USO DE DOCUMENTO PÚBLICO FALSO (CP, ART. 304) - APLICAÇÃO DAS PENAS DO ART. 297 DO CP - POSSIBILIDADE - EMENDATIO LIBELLI (CPP, ART. 383) - MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS - LAUDO PERICIAL ATESTANDO A FALSIFICAÇÃO - USO DO DOCUMENTO CONFESSADO EM AMBAS AS FASES E CORROBORADO POR TESTEMUNHAS E DEMAIS ELEMENTOS DOS AUTOS - CONDENAÇÃO MANTIDA. I - O carimbo de autentificação exarado por tabelionato e assinatura de próprio do tabelião responsável ou de auxiliar cartorário autorizados não se constituem em selo ou sinal público, porquanto tal só pode ser considerado o instrumento com o qual se fixa o selo ou sinal (sinete, timbre ou cunho) que, independemente de complementação, atesta a autenticidade da coisa submetida à análise, em virtude da oficialidade da qual se revestem os atos praticados pelos tabeliães, que exercem função pública por delegação, representando o ente estatal. "No carimbo de cartório, porém, o que vale não é o carimbo de autenticidade - cujo formato e conteúdo variam de acordo com o cartório e que pode até não existir nessa forma de carimbo, já havendo inclusive o uso da informação impressa por computador. Vale é a assinatura do servidor indicando a veracidade da informação que atesta, especialmente - o que é o caso - de que o documento confere com o original, ou de que a assinatura é reconhecida por semelhança, ou por autenticidade. Não há, pois, símbolo legal (selo ou sinal), de significado específico e independente, a considerar na falsidade e assim descabido realmente é o art. 296, § 1º, inc. I, do Código Penal" (Ap. Crim. n. 2000.71.07.005554-7, rel. Juiz Federal Décio José da Silva, DJU 23-8-2006). Hipótese e, que não haveria falar-se em atipicidade, uma vez que a conduta destacada, qual seja, de uso de documento público falsificado, encontra adequação típica no art. 304 c/c art. 297, ambos do CP.

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Page 1: Jurisprudência   falsificação selo ou sinal público

Apelação Criminal n. 2009.026286-5, da São Miguel do OesteRelatora: Desa. Salete Silva Sommariva

APELAÇÃO CRIMINAL - USO DE SELO OU SINALPÚBLICO FALSIFICADO (CP, ART. 296, §1º, I) - CARIMBO DETABELIONATO E ASSINATURA DE SERVIDORA CARTORIALQUE NÃO CONFIGURAM SELO OU SINAL PÚBLICO -DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA USO DEDOCUMENTO PÚBLICO FALSO (CP, ART. 304) - APLICAÇÃODAS PENAS DO ART. 297 DO CP - POSSIBILIDADE -EMENDATIO LIBELLI (CPP, ART. 383) - MATERIALIDADE EAUTORIA COMPROVADAS - LAUDO PERICIAL ATESTANDO AFALSIFICAÇÃO - USO DO DOCUMENTO CONFESSADO EMAMBAS AS FASES E CORROBORADO POR TESTEMUNHAS EDEMAIS ELEMENTOS DOS AUTOS - CONDENAÇÃOMANTIDA.

I - O carimbo de autentificação exarado por tabelionato eassinatura de próprio do tabelião responsável ou de auxiliarcartorário autorizados não se constituem em selo ou sinal público,porquanto tal só pode ser considerado o instrumento com o qualse fixa o selo ou sinal (sinete, timbre ou cunho) que,independemente de complementação, atesta a autenticidade dacoisa submetida à análise, em virtude da oficialidade da qual serevestem os atos praticados pelos tabeliães, que exercem funçãopública por delegação, representando o ente estatal.

"No carimbo de cartório, porém, o que vale não é o carimbode autenticidade - cujo formato e conteúdo variam de acordo como cartório e que pode até não existir nessa forma de carimbo, jáhavendo inclusive o uso da informação impressa por computador.Vale é a assinatura do servidor indicando a veracidade dainformação que atesta, especialmente - o que é o caso - de que odocumento confere com o original, ou de que a assinatura éreconhecida por semelhança, ou por autenticidade.

Não há, pois, símbolo legal (selo ou sinal), de significadoespecífico e independente, a considerar na falsidade e assimdescabido realmente é o art. 296, § 1º, inc. I, do Código Penal"(Ap. Crim. n. 2000.71.07.005554-7, rel. Juiz Federal Décio Joséda Silva, DJU 23-8-2006).

Hipótese e, que não haveria falar-se em atipicidade, uma vezque a conduta destacada, qual seja, de uso de documentopúblico falsificado, encontra adequação típica no art. 304 c/c art.297, ambos do CP.

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II - É possível a aplicação do instituto da emendatio libelli(CPP, art. 383) em grau recursal, mormente se o réu se defendeugenericamente dos fatos narrados na exordial acusatória e, não,da capitulação conferida na mesma peça, de sorte a não implicarem contrariedade à Súmula 453 do Excelso Pretório, que trataapenas do art. 384 do Código de Processo Penal (mutatio libelli).

III - Para a caracterização do crime formal e instantâneoestabelecido no art. 304, caput do CP, basta que o agente utilizeo documento falso – e que este seja idôneo a dissimular o homumedius –, ou seja, que o empregue como se fosse genuíno,visando cumprir o precípuo objetivo da existência do documento.

Assim, configura-se esta conduta ilícita quando o agenteutiliza-se de Certificado de Registro de Veículo comreconhecimento de firma falsificado para transferir propriedade deveículo para outrem, logrando êxito em realizar a operação.

DOSIMETRIA – PENA SUBSTITUTIVA DE PRESTAÇÃOPECUNIÁRIA – REDUÇÃO EX OFFICIO.

Em se verificando a ausência de elementos hábeis a justificara imposição de prestação pecuniária acima do mínimoestabelecido no Código Penal, art. 45, §1º, mister proceder-se asua adequação ex officio.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal n.2009.026286-5, da comarca da São Miguel do Oeste (Vara Criminal), em que éapelante Gilmar Carlos Faqui, e apelada A Justiça, Por Seu Promotor:

ACORDAM, em Segunda Câmara Criminal, por votação unânime, negarprovimento ao recurso, e desclassificar, de ofício, a conduta do apelante do delitotipificado no art. 296, §1º, I para a do art. 304 do mesmo diploma, aplicando-se aspenas do art. 297, todos estes do Código Penal, mantendo-se a condenação deGilmar Carlos Faqui à pena de 2 (dois) anos de reclusão, em regime inicial aberto,bem como ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, cada qual no mínimo legal, bemcomo a substituição da pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos,consistentes em prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária, estareduzida, de ofício, para o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez) reais. Custas legais.

RELATÓRIO

Desa. Salete Silva Sommariva

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Na comarca de São Miguel do Oeste, o Ministério Público, por seuPromotor de Justiça, ofereceu denúncia contra Gilmar Carlos Faqui, pela prática docrimes previsto no art. 296, §1º, do CP, pelos fatos assim narrados na inicial:

Consta do presente caderno indiciário que, em data a ser apurada durante ainstrução criminal, entretanto, no mês de março de 2006, o denunciado Gilmar CarlosFaqui, visando transferir ilicitamente a propriedade do veículo Mercedez Benz LO708, placas IFE 1720, pertencente a Alberi Gobi, solicitou a terceira pessoa quefalsificasse o sinal público expedido por tabelião (carimbo) e as assinaturasconstantes no Certificado de Registro de Veículo nº 5158194382, autenticando-ascomo verdadeiras.

Ato contínuo, já na posse do Certificado de Registro de Veículo nº 5158194382devidamente preenchido falsamente, o denunciado Gilmar Carlos Faqui dirigiu-se aoórgão do DETRAN de São Miguel do Oeste e, fazendo uso de documentos públicocom sinal falsificado, efetuou a transferência do veículo Mercedez Benz LO 708,placas IFE 1720, passando-o para Nilza Maria Zanatta. (fls. 02/03).

Recebida a peça acusatória em 29-5-2007 (fl. 68) e citado o réu, este foiinterrogado (fls. 70/71) e ofereceu defesa preliminar (fls. 74/75) por meio de defensorconstituído.

Durante a instrução foram inquiridas duas testemunhas arroladas pelaacusação (fls. 81/83) e uma em favor da defesa (fl. 89).

Na sequência, o representante do Ministério Público apresentou suasalegações finais por memoriais (fls. 93/98), e, ato contínuo, o acusado protocolizousuas derradeiras assertivas (fls. 99/101).

Conclusos os autos, a magistrada Cíntia Ranzi Arnt proferiu sentença(fls. 105/110) julgando procedente a denúncia para condenar Gilmar Carlos Faqui àpena de 2 (dois) anos de reclusão, em regime inicial aberto, bem como ao pagamentode 10 (dez) dias-multa, cada qual no mínimo legal, pela prática do crime previsto noart. 296, §1º, I, do CP, substituindo a pena privativa de liberdade por duas restritivasde direitos consistentes em prestação de serviços à comunidade e em prestaçãopecuniária no valor de 2 (dois) salários mínimos.

Irresignado, o réu interpôs recurso de apelação (fls. 113/117) sustentadoa fragilidade probatória no que tange a autoria, razão pela qual requereu a aplicaçãodo princípio do in dubio pro reo.

Após as contrarrazões (fls. 123/125), ascenderam os autos a estasuperior instância.

A douta Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer da lavra do Dr. PauloRoberto Speck (fls. 140/145), manifestou-se pelo desprovimento do reclamo.

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por Gilmar Carlos Faquicontra sentença que o condenou à pena de 2 (dois) anos de reclusão, em regimeinicial aberto, bem como ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, cada qual no mínimolegal, pela prática do crime previsto no art. 296, §1º, I, do CP, substituindo a pena

Desa. Salete Silva Sommariva

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privativa de liberdade por duas restritivas de direitos consistentes em prestação deserviços à comunidade e prestação pecuniária no valor de 2 (dois) salários mínimos.

Segundo a peça acusatória, o apelante, visando transferir ilicitamente apropriedade do veículo Mercedes Benz LO 708, placas IFE 1720, pertencente a AlberiGobi, solicitou a terceira pessoa que falsificasse sinais públicos expedidos portabelião para efetuar reconhecimento de sua firma com data retroativa, o que forarealizado por meio de contrafação de carimbo oriundo do 10º Tabelionato da comarcade Curitiba (PR) e da assinatura da auxiliar do tabelionato Carla Renata dos Santos.Após isso, na posse do documento falsamente autenticado, o réu dirigiu-se aoDETRAN de São Miguel do Oeste e, por meio da falsificação anteriormente efetuada,transferiu o referido veículo à Nilza Maria Zanatta.

No entanto, primeiramente, verifica-se que a conduta imputada aoapelante não se enquadra naquela descrita no art. 296, §1º, I, do CP e, sim,amolda-se ao art. 304 do mesmo diploma legal.

Isso porque, nem os carimbos de autentificação de cada tabelionatotampouco a rubrica do servidor cartorário possuem a característica de selo ou sinalpúblico.

Nesse sentido, colhe-se da lição de Luiz Régis Prado:O sinal público de tabelião , a que a lei, equiparando-os aos selos e sinais

oficiais públicos, refere-se expressamente, são os traços ou letras, especialmentedispostos, ou outras fórmulas, apostas nos documentos expedidos ou conferidospelos tabelionatos, para evidenciar sua autenticidade. A equiparação funda-se nofato de que os tabeliães, malgrado não sejam funcionários públicos, exercem funçãopública por delegação, são agentes da descentralização por colaboração e, pois, osatos que praticam nessa qualidade revestem-se da característica da oficialidade. Oque se pune, como nas demais hipóteses, é a falsificação do instrumento com o qualse fixa o sinal, e não a própria assinatura ou marca do tabelião. Atente-se, porém,para o fato de que tal disposição não tem aplicação prática no Brasil, porque aqui ostabelionatos não usam cunhos, timbres ou sinetes, sendo seus atos autenticadospela assinatura de próprio punho do serventuário. Não se incluem no alcance dosinal público de tabelião a rubrica de outros serviços cartorários, como do Registrode Imóveis ou dos ofícios judiciais, nem o carimbo destinado ao reconhecimento defirmas em documentos, porque esse carimbo não é destinado à autenticação dedocumento expedido por tabelião . (Curso de direito penal brasileiro, v. 3, 5ª ed., SãoPaulo: RT, 2008, p. 306/307). (grifou-se)

Destaca-se, ainda, a obra de Guilherme de Souza Nucci:Selo e sinal: são termos correlatos, significando a marca estampada sobre

certos papéis, para conferir-lhes validade ou atenticidade, bem como o instrumentodestinado a produzi-la. Devem estar, no caso deste inciso, devidamente previstos emlei para atribuição de uso de entidade de direito público (autarquia ou entidadeparaestatal). Podem, ainda, ser atribuídos e de uso de autoridade (judiciária ouadministrativa), como ocorre com as chancelas, bem como podem ser de atribuição euso de tabelião. Para alguns, o sinal do tabelião é a "assinatura especial deste,enfeitada, que constitui a sua marca de tabelião e que não se confunde com aassinatura simples (esta chamada sinal raso)" (Delmanto, Código Penal comentado,p. 524). Para outros, trata-se do instrumento (sinete, timbre ou cunho), que tem por

Desa. Salete Silva Sommariva

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finalidade imprimir a rubrica ou desenho utilizado pelo tabelião para autenticar seusatos (Sylvio do Amaral, Falsidade documental, p. 191). Parece-nos correto esteúltimo entendimento, até porque a lei não se preocupa em diferenciar a sua utilizaçãoem documento público ou particular, o que certamente faria se se tratasse dedesenho ou da marca. E porque os tabeliães lançam assinatura de próprio punhonos documentos, sem usar qualquer instrumento, não tem aplicação, atualmente,esse dispositivo. (Código Penal comentado. 8. ed., São Paulo: RT, 2008, p. 1006)(grifou-se).

Em idêntico direcionamento, elencam-se precedentes do TribunalRegional Federal da 4ª Região:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA FEDERAL. AFETAÇÃO ASERVIÇO E INTERESSE DA UNIÃO. NULIDADE NA DENÚNCIA E SENTENÇA.VIOLAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. DOCUMENTOS COMCARIMBO DE AUTENTICAÇÃO E ASSINATURA DE TABELIÃO FALSOS. USOCOMPROVADO. ARTIGO 296, § 1º, I, DO CP NÃO CONFIGURADO.ADMINISTRADOR DE FATO DA EMPRESA BENEFICIADA. RETOMADACAPITULAÇÃO DA DENÚNCIA. CONDENAÇÃO PELO CRIME PREVISTO NOARTIGO 304 C/C ARTIGOS 297 E 71 DO CP. PROVAS SUFICIENTES DAAUTORIA.

1. Tendo em conta que os documentos em que foram apostas as autenticaçõesfalsas foram utilizados em execuções fiscais que tramitavam perante a JustiçaFederal, inegável a lesão a serviço e interesse da União, o que determina acompetência da Justiça Federal, conforme artigo 109, IV, da Constituição Federal.

2. O réu defende-se dos fatos narrados e não da capitulação legal. Nestestermos, verificando-se que a denúncia descreve, adequadamente, as falsificações ea posterior utilização dos documentos, não se constata prejuízo no reenquadramentopromovido na sentença.

3. A falsificação de carimbo de autenticação de tabelionato e rubrica respectivae o uso deste não caracterizam os tipos inscritos nos incisos II do caput e I do § 1ºdo artigo 296 do CP, visto o primeiro não ser tecnicamente considerado sinal públicode tabelião.

4. No caso, porém, não há falar em atipicidade, uma vez que a condutaatribuída ao acusado - fazer uso de documentos com autenticações e assinaturasrespectivas falsas - amolda-se ao tipo penal inscrito no artigo 304 c/c artigo 297 doCódigo Penal.

5. O crime em questão não exige prejuízo efetivo a outrem para suaconfiguração, sendo irrelevante que o réu não tenha auferido vantagem com aprática criminosa e/ou se verificado prejuízo à Fazenda Pública nas execuçõesfiscais.

6. Demonstrado que o acusado era administrador de fato da empresa em nomeda qual foram juntados os papéis questionados, inegável que possuía domínio dofato típico, ainda que não tenha pessoalmente apresentado os documentosquestionados. Condenação mantida. (Ap. Crim. n. 2000.71.07.005551-1/RS, rel. Des.Federal Victor Luiz dos Santos Laus, j. em 17-12-2009) (grifou-se).

E ainda:PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. USO DE

DOCUMENTO FALSO. EMENDATIO LIBELLI. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇAFEDERAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. MATERIALIDADE E

Desa. Salete Silva Sommariva

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AUTORIA DELITIVAS COMPROVADAS. 1. A emendatio libelli - a peça acusatória,não obstante descrever com precisão o fato concreto, empresta-lhe qualificação legaldiversa - pode ser praticada pelo Tribunal de 2º grau (Súmula 453/STF). 2. Ocarimbo de cartório não contém significado por si, com autenticidade e valor queindependem de complementos ou assinaturas - características do selo e sinal - e suafalsificação, bem como da correspondente assinatura do notário, constitui falso dedocumento público (o ato de reconhecer a autenticidade é função pública do notário). 3. Descabido o enquadramento no art. 296, § 1º, I do CP, devendo o uso dodocumento com aquele falso receber enquadramento no art. 304 CP, com as penasdo art. 297 CP . 4. Sendo usado o documento falso em feito criminal da JustiçaFederal, há dano à Administração da Justiça Federal, restando esta competente parao processo do falso e seu uso. 5. Não há inépcia no enquadramento pretensamenteincorreto da denúncia, pois defende-se o réu do limite fático nela contido e não daclassificação jurídica indicada. 6. Materialidade delitiva comprovada pela provadocumental produzida, em especial pelo laudo pericial (conclusivo no sentido defalsidade do carimbo). 7. Autoria comprovada pela prova documental, corroboradapela prova testemunhal. (Ap. Crim. n. 2000.71.07.005554-7, rel. Juiz Federal DécioJosé da Silva, DJU 23-8-2006)

Para arrematar, colhe-se do corpo do voto:Da análise do fato delituoso descrito na denúncia, conjuntamente com o

disposto no art. 296 do estatuto repressivo, e pelo exame da perícia técnica,chega-se à conclusão de que o objeto material do crime previsto no dispositivo acimareferido não se coaduna com a conduta praticada pelo agente de falsificação docarimbo de autenticação e da assinatura comum do ajudante do tabelionato, tendoem vista que não se confundem com o sinal específico mencionado pela normapenal.

Não se tipifica o delito previsto no art. 296 do CP quando o acusado falsifica ocarimbo e assinatura correspondente, para indicar o reconhecimento deautenticidade de cartório, uma vez que esse carimbo não pode ser entendido comosinal público de tabelião.

Entendo que selo e sinal são indicadores de significância, com conteúdos deidéia decorrentes de sua existência, por exemplo indicando que o produto foiinspecionado por órgão sanitário ou de controle. O selo e o sinal possuem significadopor si, independendo de complementos ou assinaturas. Indicam que determinadoproduto possui autenticidade, validade ou que foi submetido ao exame e conferênciado órgão detentor deste símbolo.

No carimbo de cartório, porém, o que vale não é o carimbo de autenticidade -cujo formato e conteúdo variam de acordo com o cartório e que pode até não existirnessa forma de carimbo, já havendo inclusive o uso da informação impressa porcomputador. Vale é a assinatura do servidor indicando a veracidade da informaçãoque atesta, especialmente - o que é o caso - de que o documento confere com ooriginal, ou de que a assinatura é reconhecida por semelhança, ou por autenticidade.

Não há, pois, símbolo legal (selo ou sinal), de significado específico eindependente, a considerar na falsidade e assim descabido realmente é o art. 296, §1º, inc. I, do Código Penal.

Decorre daí não simples situação de atipia, como pretende o recorrente, masde outro crime a incidir, o que faço de ofício, como acima justificado.

Tem-se a falsificação de ato de notário, que é servidor público, o que vale

Desa. Salete Silva Sommariva

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mesmo para os contratados em regime celetista, pelo exercício da função pública.Isto é falsidade de documento público, conforme inclusive já decidiu esta Turma:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. ART. 304DO CP. INÉPCIA DA DENÚNCIA. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE EXAME DECORPO DE DELITO. FALSIDADE DOCUMENTAL COMPROVADA POR OUTROSMEIOS. PRELIMINARES AFASTADAS. DOCUMENTO PÚBLICO.POTENCIALIDADE LESIVA. LESÃO À FÉ PÚBLICA.

1. Proferida a sentença condenatória, resta preclusa a alegação de inépcia dadenúncia, na medida em que eventual nulidade deve se dirigir contra aquela e nãocontra esta. Precedentes.

2. Preenchidos os requisitos do art. 41 do CPP, possibilitando ao acusado aampla defesa, não há falar-se em inépcia da petição inicial.

3. Descabe alegar-se a nulidade do feito pela ausência de exame de corpo dedelito direto, consistente em exame pericial, se os demais elementos constantes dosautos comprovam a materialidade.

4. A cópia reprográfica juntada ao feito atesta que o acusado fez uso defotocópia autenticada perante o cartório, constituindo este, documento público parafins penais.

5. Sendo o documento perfeitamente capaz de enganar o homem médio, nãose mostrando como contrafação grosseira, utilizado para o fim a que se destinava epossuindo relevância jurídica, resta caracterizada a sua potencialidade lesiva e odano à fé pública.

6. O uso de documento falso, ciente o réu de sua inautenticidade, caracteriza odelito previsto no art. 304 do CP.

(TRF4, ACR 200304010104137/PR, SÉTIMA TURMA, DJU 21/09/2005, p. 851,Relator TADAAQUI HIROSE, POR MAIORIA)

Note-se no precedente citado que irrelevante é ser o documento originalmentede conteúdo particular. Tem-se o falso não do documento original (particular), masdo ato de autenticação da fotocópia (ato público, documento público). Ademais,vê-se que vindo a ser o documento efetivamente utilizado e no uso esgotando seupotencial lesivo - como na espécie -, tem-se a absorção do falso pelo crime de usodo art. 304 CP.

Também é de se relevar que mesmo tendo a denúncia enquadrado o fatocomo falsidade de documento particular (art. 298 CP), plenamente possível é aemendatio libelli também quanto a esse ponto, pois constantes as elementares - atode cartorário - na inicial acusatória.

No mesmo sentido manifestou-se o Procurador Regional da República CarlosAugusto da Silva Cazarré, embora apontando o apenamento do art. 304 CP na formado art. 298 CP (como se documento particular fosse).

Faço o enquadramento dos mesmos fatos da denúncia, pois, no art. 304 CP,com as penas do art. 297 CP (falsificação de documento público), observando-se,inclusive, que as sanções cominadas são as mesmas do tipo penal utilizado pelomagistrado de primeiro grau (art. 296, § 1º, I CP).

Diante do quadro apresentando, verifica-se que o carimbo notarial e aasinatura da auxiliar do tabelionato não se configuram como selo ou sinal público, e,ainda que assim pudesse ser considerado o selo utilizado pelo cartório e colado noCertificado de Registro de Veículo, no qual está estampado o brasão do Estado doParaná, tem-se que, conforme já destacado, segundo o laudo pericial de fls. 59/68,

Desa. Salete Silva Sommariva

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este tratava-se de selo original.Assim, uma vez que a contrafação deu-se somente no que tange ao

carimbo do cartório e à assinatura da auxiliar Carla Renata dos Santos,desclassifica-se a conduta do apelante para aquela descrita no art. 304 do CódigoPenal (uso de documento falso), cominando-se-lhe as penas do art. 297 do mesmodiploma legal (falsificação de documento público).

De fato, inexistem óbices para adoção de tal entendimento, uma vezque, em assim se procedendo, está-se aplicando o instituto da emendatio libelli,previsto no art. 383 do Código de Processo Penal.

A respeito do tema, leciona Julio Fabbrini Mirabete:Estando descritos os fatos e circunstâncias, podem ser reconhecidas, embora

não articuladas na denúncia ou queixa, qualificadoras e causas de aumento de pena,evidentemente com aplicação de pena mais grave. Mais do que isso, pode o juiz nasentença condenar por outro crime descrito, sem que tenha capitulado na inicial, ouseja, sem que houvesse específica imputação.

Tais fatos aplicam-se também ao julgamento do recurso em Superior Instância,não se aplicando a hipótese a Súmula 453, que se refere apenas ao art. 384"(Processo penal. 16. ed., São Paulo: Atlas, 2004, p. 491)

Desta forma, analisando-se o caso concreto, nota-se que a readequaçãoda conduta ora focalizada não fere o enunciado sumular 453 do Supremo TribunalFederal ("Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Códigode Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, emvirtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, nadenúncia ou queixa"), haja vista que tal assentamento se refere ao instituto da mutatiolibelli, que ocorre quando se dá nova definição jurídica aos fatos, por não constaremna peça acusatória todas as condutas típicas que foram apuradas no transcorrer doprocesso.

Entretanto, uma vez que, apesar da nova definição jurídica, o apelantedefendeu-se de todos os fatos narrados na peça acusatória, com base nos quaisrealizou-se a instrução probatória, viável a readequação para conferir a capitulaçãocorreta à conduta praticada pelo réu, prevista no art. 304 do Código Penal.

A materialidade da falsificação evidencia-se pelo boletim de ocorrência(fl. 03), pela cópia do documento com carimbo falsificado (fl. 08), e pelo laudo pericial(fls. 59/95), este último atestando que, malgrado sejam originais os selos deautenticidade colados no Certificado de Registro de Veículo, tanto os carimbos deautenticação como a assinatura da auxiliar Carla Renata dos Santos, autorizada pela10ª Tabeliã da comarca de Curitiba (PR), Letícia Cunha Marques Kuster, sãoprodutos de falsificação.

Demais disso, constata-se dos documentos de fls. 48/55, oriundos doreferido cartório, que o apelante não possui cartão de assinaturas naqueletabelionato, bem como que os selos BGO45119 e BHC43204, colados no documentodo veículo, malgrado sejam autênticos, sequer pertenciam ao 10º Tabelionato dacomarca de Curitiba, uma vez que, segundo ofício do Fundo de Apoio ao RegistroCivil de Pessoas Naturais, foram entregues ao 3º Tabelionato de Notas da comarcade Cascavel (PR).

Desa. Salete Silva Sommariva

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No que toca a autoria, esta restou incontroversa ante confissão doapelante ambas as fases, bem como pela prova testemunhal colhida.

Das palavras do acusado e dos documentos colacionados aos autos,verifica-se, em síntese, que este adquiriu o veículo descrito na peça acusatória,porém, por razões de dívidas, contratou o financiamento em nome de Alberi Gobbi, aquem fora declarada a propriedade do veículo, tendo este assinado uma procuraçãoem favor do apelante, na data de 2-9-2004, para que exercesse direitos detransferência e outros sobre o bem (fl. 23).

Em 12-5-2005 (fl. 06), Alberi revogou a procuração, razão pela qual oapelante, após tomar ciência do fato, e com o objetivo de transferir o veículo paraNilza Maria Zanatta, procurou um terceiro na localidade de Cascavel (PR), o qualfalsificou o carimbo e a assinatura constantes no Certificado de Registro do Veículo,fazendo constar data anterior (10-5-2005) à revogação da procuração (fl. 08).

Tal atitude é confessada pelo apelante na fase policial, nestes termos:[...] que o declarante estava com problemas particulares devido a separação e

ficou desesperado, procurando ajuda com um ‘macumbeiro’ conhecido por ‘Preto’;Que ‘Preto’ lhe orientou a ir até a cidade de Cascavel/PR, marcando um local para odeclarante se encontrar com uma pessoa que iria conseguir um carimbo falso dereconhecimento de firma, com data anterior ao recebimento do cancelamento daprocuração; Que então o declarante assinou o recibo de quitação do microônibuspara transferir o veículo, e foi até a cidade de Cascavel, onde se encontrou com umhomem desconhecido, num posto de combustível próximo ao Shopping, o qualchegou num veículo Golf, pegou o documento com o declarante, e depois retornoucom o documento já carimbado com data anterior; Que o veículo foi transferido parao nome de Nilza Maria Zanatta a pedido do declarante; Que posteriormente omicroônibus foi transferido para o nome de sua empresa IG comércio e transportes;Que mais tarde vendeu o microônibus para a empresa Daia Transportes [...]. (fls.31/31v).

Da mesma forma, em seu interrogatório judicial, o acusado afirmou:[...] que um rapaz de um cartório lhe procurou informando que a procuração

dada por Alberi estava cancela; que tem em casa o referido documento trazido pelorapaz; no dia seguinte procurou um Pai de Santo, já falecido, conhecido por Preto;que Preto indicou pessoas de Cascavel que iam resolver o problema dointerrogando; que foi até Cascavel, onde conversou com pessoas que levaram odocumento do micro-ônibus, devolvendo depois o recibo preenchido; que conseguiudepois transferir o micro-ônibus para Nilza, pois não queria deixar em seu nomeporque estava se separando; que é mentira que Alberi tenha assinado umaprocuração sem saber do que se tratava, tendo por testemunha Altemir Batistti [...].(fls. 71)

Diante disso, é inequívoco que o apelante, ao utilizar o Certificado deRegistro de Veículos para transferir o micro-ônibus para Nilza Maria Zanatta, conheciaa procedência ilícita do carimbo e assinaturas lá constantes, uma vez que fora opróprio quem solicitara a falsificação. Demais disso, a alegação de que desconhecia afalsificação não merece guarida, haja vista que entregou os documentos a umapessoa não identificada em Cascavel, e recebeu os documentos com autenticação detabelionato de Curitiba, tendo sua firma reconhecida sem que nunca lá tivesse estado.

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Assim, registre-se que a confissão, à luz do art. 197 do CPP ("o valor daconfissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, epara a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo,verificando se entre elas e estas existe compatibilidade ou concordância"), deve seranalisada com atenção para todos os elementos dos autos, uma vez que tem suaeficácia probatória reduzida quando se apresenta isolada das demais provas.

No entanto, quando a confissão é corroborada por declarações firmes euníssonas das testemunhas, tal se mostra suficiente para identificação da autoria eapta a amparar um édito condenatório, como ocorreu in casu.

Nesse norte, as palavras do informante Alberi Gobbi em juízocomprovam que o acusado não estivera no 10º Tabelionato da comarca de Curitibaefetuando o reconhecimento de firma na data de 10-5-2005, hipótese que revela afalsificação, senão vejamos:

[...] que o micro-ônibus ainda estava com Gilmar, quando um amigo procurou odepoente dizendo que entre documentos que já havia assinado o depoente, umdeles era uma procuração para Gilmar passar o micro-ônibus para quem desejasse;que isto se deu 12/05/2005, tendo o depoente no mesmo dia cancelado aprocuração; indagado se não sabia do que se tratava o documento, quando oassinou, afirmou que não sabia; que no mesmo dia de 12/05/2005, Gilmar foinotificado pelo tabelionato da revogação da procuração (mandato); que depois destadata Gilmar transferiu o veículo para o nome de Nilza Zanatta; quem em março de2006 ligou para Gilmar para que o veículo fosse tirado do nome do depoente, tendorecebido a resposta que o micro-ônibus já estava em nome de outra pessoa, que nãofoi mencionada; que junto a um despachante, obteve cópia dos documentos, tendoentão entrado em contado (sic) com o 10º tabelionato de Curitiba, o qual teriareconhecido sua assinatura; que descobriu que o referido tabelionato não haviarealizado o ato porque os carimbos eram falsos e não no nome do tabelião; queentão registrou um BO orientado pela Tabeliã de Curitiba [...]. (fl. 81)

Além disso, os depoimentos de Nilza Maria Zanatta fls. 29 e 83confirmam que fora procurada pelo apelante no início de 2006 para que o veículoMercedes Benz, placas IFE-1720, fosse transferido para ela.

E do Dossiê Consolidado de Veículo expedido pelo DETRAN/SC,verifica-se que a falsificação efetuada na cidade de Cascavel (PR), que era deconhecimento inequívoco do apelante, fora suficiente para ludibriar os funcionários doreferido departamento, uma vez que a transferência do veículo em questão para NilzaMaria Zanatta fora realmente efetivada.

Dessa forma, em sendo demonstrado que o apelante sabia dafalsificação do carimbo e assinatura da auxiliar cartorária constantes no Certificado deRegistro de Veículos, os quais foram autenticados, inclusive, com data retroativa, afim de obstar a validade da revogação da procuração efetuada por Alberi Gobbi, eainda assim, fez uso destes para transferir veículo para terceiro, mostra-se evidente odolo do acusado em utilizar documento público falso, pouco importando que nãotenha sido o autor da falsificação.

A propósito, colhe-se deste Tribunal de Justiça (sem a tesedesclassificatória acima destacada):

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INÉPCIA DA DENÚNCIA – DELITO DO ART. 296, § 1o, INC. I, DO CP –AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DA CONDUTA INCRIMINADA –INOCORRÊNCIA.

USO DE SELO OU SINAL FALSIFICADO – AGENTE QUE UTILIZADOCUMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULO COMRECONHECIMENTO DE FIRMA FALSO – AUTORIA E MATERIALIDADECOMPROVADAS – DOLO CONFIGURADO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSONÃO PROVIDO. (Ap. Crim. n. 2007.026532-2, de Curitibanos, rel. Des. Irineu Joãoda Silva, j. em 4-9-2007)

Assim, comprovadas a materialidade e autoria do crime de uso dedocumento público falsificado, mantém-se a condenação de Gilmar Carlos Faqui,desclassificando-se sua conduta do art. 296, §1º, I do Código Penal para a do art.304, de modo a ser imposta a pena prevista no art. 297, todos do Código Penal.

E assim, uma vez que os limites de pena são idênticos para o art. 296,1º, I e art. 297, mantém-se a dosimetria efetuada pelo magistrado sentenciante, queaplicou a sanção no mínimo legal e permitiu a substituição da pena privativa deliberdade por duas restritivas de direitos.

Todavia, tendo em vista a situação financeira do réu, que declarouauferir renda mensal de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) (fl. 70), não hárazões para que se imponha a pena pecuniária em quase metade de seus ganhosmensais, razão pela qual se a minora para o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez)reais.

Isso posto, o voto é no sentido de negar provimento ao recurso, edesclassificar, de ofício, a conduta do apelante, do delito tipificado no art. 296, §1º, Ipara a do art. 304 do mesmo diploma, aplicando-se as penas do art. 297, todos estesdo Código Penal, mantendo-se a condenação de Gilmar Carlos Faqui à pena de 2(dois) anos de reclusão, em regime inicial aberto, bem como ao pagamento de 10(dez) dias-multa, cada qual no mínimo legal, bem como a substituição da penaprivativa de liberdade por duas restritivas de direitos, consistentes em prestação deserviços à comunidade e prestação pecuniária, esta reduzida, de ofício, para o valorde R$ 510,00 (quinhentos e dez) reais.

DECISÃO

Nos termos do voto da relatora, decide a Câmara, à unanimidade, negarprovimento ao recurso, e desclassificar, de ofício, a conduta do apelante, do delitotipificado no art. 296, §1º, I para a do art. 304 do mesmo diploma, aplicando-se aspenas do art. 297, todos estes do Código Penal, mantendo-se a condenação deGilmar Carlos Faqui à pena de 2 (dois) anos de reclusão, em regime inicial aberto,bem como ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, cada qual no mínimo legal, bemcomo a substituição da pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos,consistentes em prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária, estareduzida, de ofício, para o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez) reais.

Participaram do julgamento, em 17 de agosto de 2010, os Exmos. Srs.Desembargadores Irineu João da Silva (Presidente) e Tulio Pinheiro.

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Florianópolis, 2 de setembro de 2010.Salete Silva Sommariva

RELATORA

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