junho 2010 jornal da apaferj 1 · à pec 443, de autoria do deputado josé bonifácio da andrada,...

16

Upload: others

Post on 25-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 1JUNHO 2010

Page 2: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ2 JUNHO 2010

Márcio AlemanyPresidente

MENSAGEM DO PRESIDENTE

O tema já está ficando pas-sado e o que se teme é que vi-re página virada. O que maisanima, no presente, são asPEC´s (Propostas de Emen-das Constitucionais) números555 e 443. A primeira doconfrade Carlos Mota que, seaprovada, tenta com maisforça recuperar seu mandato,por certo, com todos os votosdos servidores públicos apo-sentados. Soma-se ao seu es-forço a sempre fiel colabo-ração do Deputado ArnaldoFaria de Sá. Teriam os apo-sentados a isenção nova-mente da contribuição previ-denciária, agora por todos no-vamente paga, mas que teriacobrança em prazos esca-lonados até a isenção total nachegada aos 70 anos. Quantoà PEC 443, de autoria doDeputado José Bonifácio daAndrada, hoje mais do quenunca reconhecendo a im-portância de todos os Ad-vogados Públicos, cujo alcan-

ce proporcionará o efetivo cum-primento do que alude o textoconstitucional de 1988. Ou en-tão não exercemos as funçõesessenciais à Justiça? Todossabem disso, ninguém maispoderia ignorar, mas subsisteainda muita mudez e ouvidosde mercador para que esse di-reito passe a ser exercido. Oempenho da nossa APAFERJtem sido grande com pressãoconstante e cobranças diu-turnas. A velha água mole empedra dura tem sido o nosso ca-minhar e quando olhamos paratraz constatamos que muitasvitórias foram alcançadas nessacrença de luta sempre renhida.Mas, voltamos ao tema LEIORGÂNICA. O Poder Judiciá-rio tem a sua Lei Orgânica, oMinistério Público, da mesmaforma, realiza também suaprofícua ação com esse mesmoinstrumento jurídico. Tãosomente a Advocacia de Estadotem exercido suas magnasfunções resguardadas por umaLei já defasada, que não abarcatodas as carreiras de suaeficiente corporação, necessi-

tando rever as prerrogativasque teriam que ser dispostas atodos seus membros, dando-lhesa devida importância e a segu-rança jurídica de que precisampara o exercício de seus devereslegais. Os Advogados Públicosexercem funções da mais ab-soluta confiança na constantedefesa dos interesses do Estadoe do Governo. A importância dotrabalho que realiza garante aproteção jurídica aos demaisPoderes Constituídos e ao Pa-trimônio Público. É a AdvocaciaPública que consolida tambéma defesa jurídica da cidadaniasempre em observância aos cui-dados da ação benfazeja do Es-tado, inclusive no alcance deseus programas sociais, dis-sipando os riscos nos processoslicitatórios e em todos os con-tratos para as aquisições detodos os bens úteis à população,efetivados por toda programa-ção de Governo. Tem de formaintegrada, com os demais entespúblicos, defendido a inclusãosocial, buscando sempre le-galizar ou acertar situações deconflito, quer no campo ou nas

cidades. É a Advocacia Pú-blica que tem possibilitado asdiretrizes jurídicas de todo oEstado e das ações gover-namentais. Vigilante, per-severa na busca do melhortermo ou acerto que via-bilize juridicamente toda equalquer implantação deprograma ou de planeja-mento para atendimento dosinteresses do Estado, do Go-verno e da População. A Ad-vocacia Pública tem contri-buído com a concretização doEstado Democrático de Di-reito, seus membros preci-sam ser vistos com mais res-peito e ter a devida segu-rança jurídico-legal, vistoque realizam tarefas fun-damentais para assegurar àpopulação a tranqüilidadejurídica tão almejada e indis-pensável à toda cidadania. ANova Lei Orgânica precisaser aprovada sem mais a-diamentos, será sem dúvidaum grande alento para todaa Nação.

Lei Orgânica e outras expectativas

Chegou ao Supremo Tribu-nal Federal (STF) mais umaAção Direta de Inconstitu-cionalidade (ADI 4425) contraa Emenda Constitucional (EC)62/2009, que instituiu regimeespecial de pagamento de preca-tórios. Dessa vez, quem ques-tiona a norma é a ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI). Orelator da matéria é o ministroCarlos Ayres Britto.

Para a entidade, ao criar

uma verdadeira moratóriaconstitucional – ou um “caloteinstitucionalizado” – para opagamento dos precatórios, aemenda teria deixado o PoderExecutivo imune aos comandosemitidos pelo Poder Judiciário.Para a confederação, isso fere aseparação dos poderes, consa-grada na Constituição Federalde 1988. “Não há como garantira independência de poderesquando o Poder Judiciário

perde a autonomia e a autori-dade de suas decisões”, sustentaa CNI.

As alterações constitucionaisproduzidas pela EC 62/09 se-riam incompatíveis, ainda, de a-cordo com a entidade, com as ga-rantias constitucionais da tu-tela jurisdicional e da coisa jul-gada e com os direitos funda-mentais à segurança jurídica eà igualdade de tratamento,direitos e garantias, assegura-

dos no artigo 5º da Constituição,“sem os quais não existe Estadode Direito”, conclui a CNI.

Com esses argumentos, aconfederação pede ao STF quedeclare inconstitucionais osartigos 2º (que acrescentou oartigo 97 do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias)3º, 4º e 6º da EC 62/2009, e osparágrafos 9º e 12 do artigo 100da Constituição, introduzidospelo artigo 1º da EC 62/2009.

CNI questiona regime especial de precatóriosinstituído pela EC 62/2009

Page 3: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 3JUNHO 2010

Liberdade de imprensa é um dosprincípios pelos quais um Estadodemocrático assegura a liberdade deexpressão aos seus cidadãos erespectivas associações, especial-mente no que diz respeito a quaisquerpublicações que estes possam pôr acircular.

Geralmente, refere-se a materialescrito mas, segundo alguns autores,o termo “imprensa” pode, por vezes,alargar-se a outros meios de comu-nicação social. De qualquer forma, aliberdade de imprensa corresponde auma garantia menos geral que a“liberdade de expressão”, que se a-plica a todas as formas de comu-nicação (por exemplo, nas artes).

Cada governo tem competênciaspara legislar em relação a esta matériade forma a classificar os assuntos quedevem ser do conhecimento públicoou não, de acordo com os interessesgovernamentais (mesmo em socie-dades democráticas, existe o segredode Estado, por exemplo).

A impressa era proibida no Brasilna época em que era colônia por-tuguesa. Em 13 de maio de 1808, aproibição da imprensa foi suspensa,mas ainda não existia a livre atividadeda imprensa. No mesmo ano, surgiu oprimeiro jornal no Brasil, “A Gazetado Rio de Janeiro”, sujeito à censuraprévia.

Antes da independência do Brasil,os livros entravam clandestinamente nopaís e sua posse era um crime. Aimprensa só surgiu com a chegada dafamília real em 1808. Depois disso, aprimeira Assembléia Constituinteelaborou a nova Lei de Imprensa,dando liberdade à publicação, vendae compra de livros, porém comalgumas exceções.

O período republicano foi marcadopor vários atentados à liberdade deimprensa. A primeira lei de imprensana era republicana retirava do CódigoPenal os crimes de imprensa e instituiu-se o direito de resposta e reformou-seo processo de crimes da imprensa.

Durante o regime militar, tambémfoi instituída a chamada Lei deImprensa, estabelecendo importantes

restrições à liberdade de expressão.Os fundamentos legais acerca do

direito à informação foram estabe-lecidos com a Constituição de 1988.

Hoje existem associações voltadaspara a luta pela liberdade de expressãoe de imprensa, como a AssociaçãoNacional de Jornais - ANJ - e aAssociação Brasileira de Imprensa -ABI - que, além de desenvolver açõespara propor a liberdade de imprensano país, denunciam ameaças ao direitode informação. Com esse programa,houve um aumento de controle sobreos crimes cometidos contra a imprensae seus profissionais.

Considerando os meios de co-municação social como um espaçopúblico, temos as colunas de correçãode erros, seções de cartas dos leitorese observatórios de imprensa. Essasparticipações do público têm au-mentado nos últimos anos.

A liberdade de expressão é umdireito humano inalienável e suaproteção, um elemento essencial paraas sociedades democráticas. O Brasil,ao restabelecer o regime democráticocom a promulgação da Constituiçãode 1988, voltou a viver sob um climade ampla liberdade, embora algumascircunstâncias ainda gerem apre-ensões. O restabelecimento daliberdade de expressão ocorreu antesmesmo da promulgação da Carta, masalguns textos legais seguem amea-çando os profissionais e os veículos decomunicação. É o caso da Lei deImprensa de 1967, em vigor, umresquício do período ditatorial, comdispositivos incompatíveis com ademocracia.

Ao mesmo tempo, diversas pro-postas em tramitação no PoderLegislativo, algumas delas de iniciativado Poder Executivo, representamperigo real de restrições à liberdadede expressão no país.

A legislação eleitoral, igualmente,inclui dispositivos que implicamrestrições à liberdade de informar. Emperíodos que antecedem as eleições,o clima de acirrada competição entrepartidos e entre candidatos leva aações e a decisões judiciais com con-

seqüências graves, como a proibiçãode veicular determinadas informaçõese até mesmo ameaças de impedir acirculação de jornais.

A luta pela liberdade de expressãoe de imprensa, por qualquer meio decomunicação, não é tarefa de um dia;é um esforço permanente e com isso aANJ está comprometida. Esse com-promisso foi confirmado pelo Brasilquando endossou a Declaração deChapultepec (em agosto de 1996,pelo presidente Fernando HenriqueCardoso, e em maio de 2006, pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva).

A Associação Nacional de Jornaisacompanha, investiga, denuncia, pedeprovidências e se manifesta em defesada liberdade de expressão. De longadata, é reconhecida nacional einternacionalmente como referência nadefesa da liberdade de imprensa noBrasil.

MENSAGEM DOSECRETÁRIO-GERAL DA ONU

POR OCASIÃO DODIA MUNDIAL DA

LIBERDADE DE IMPRENSAFonte: Centro Regional de Informaçãoda ONU em Bruxelas - RUNIC

Vivemos num mundo saturado deinformação. Com a proliferação daschamadas “novas mídia”, das novastecnologias e dos novos modos dedifusão, a informação tornou-se muitomais acessível. Ao mesmo tempo, tem-se também diversificado. A informaçãoveiculada pelos principais meios decomunicação social é agora comple-mentada pela difundida “mídiaparticipativa”, tais como os blogues.

Mas, apesar da evolução da im-prensa e do jornalismo, certos prin-cípios fundamentais conservam toda asua importância. Neste Dia Mundial daLiberdade de Imprensa, manifesto,novamente, o meu profundo apoio aodireito universal à liberdade deexpressão. Vários membros daimprensa têm sido assassinados,mutilados, detidos ou mesmo tomadoscomo reféns pelo fato de exercerem,em consciência, esse direito. Segundoo Comitê para a Proteção dos Jor-

nalistas, 47 jornalistas foram assa-ssinados, em 2009, e 11 já perderama vida, neste ano. É trágico e inaceitávelque o número de jornalistas mortos nocumprimento do seu dever se tenhatornado o barômetro da liberdade deimprensa. Apelo a todos os gover-nantes para que reafirmem o seucompromisso em relação ao direito de“procurar obter, receber e difundir,sem limitações de fronteiras, infor-mações e idéias através de qualquermeio de expressão”, consagrado noartigo 19 da Declaração Universal dosDireitos Humanos.

Ao mesmo tempo, peço a cada umque exerça o seu direito de maneiraresponsável e, se possível, sem es-perar ser pressionado pelos acon-tecimentos. A mídia exerce uma grandeinfluência no comportamento humano.Por esta razão, como afirmou, recen-temente, a Assembléia Geral, naresolução que cria o Conselho deDireitos Humanos, a mídia “tem umpapel importante a desempenhar napromoção da tolerância, do respeitoe da liberdade de religião ou decrença”. A mídia não deve ser utilizadapara incentivar, degradar ou propagaro ódio. Deve ser possível dar provasde discrição, sem prejudicar asliberdades fundamentais.

Neste Dia Mundial da Liberdadede Imprensa, devemos nos cons-cientizar de que a mídia não pode selimitar a informar sobre as mudançasocorridas, mas deve ser também, elaprópria, um agente de mudança. Todosdeveríamos ser gratos à imprensa peloseu trabalho e pela sua imaginação.Espero que a mídia, quer as novas quera tradicional, possa continuar a realizaro seu trabalho, livre de ameaças,medos e de qualquer outra limitação.

Carlos Alberto Pereira deAraujo

Jornalista

Nota do autor – Esta matéria eudedico a um profissional que honrou edignificou o jornalismo: o nosso eternoeditor Dr. MILTON PINHEIROBORGES.

Existe Liberdade de Imprensa?

Page 4: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ4 JUNHO 2010

O comportamento do estu-dante que faz estágio é muitodiferente dos demais jovens queainda não começaram a secapacitar profissionalmente.Professores e gestores de Re-cursos Humanos frequente-mente dão depoimentos ates-tando o rápido amadureci-mento proporcionado pelo trei-namento prático em ambientede trabalho. Uma pesquisarealizada em 2009 pelo CIEEidentificou que os própriosestudantes têm essa percepçãodas mudanças.

Foram ouvidos 6,6 mil es-tudantes dos quais 86,6% ates-taram que o estágio melhora odesempenho escolar. E isso nãoé retórica. O encontro dos es-tudantes com problemas reaisdo mundo do trabalho, com pro-fissionais mais experientes ecom novos conhecimentos pro-porciona o desenvolvimento deraciocínio para 45% dos es-tagiários.

Nada mais natural, afinal,como em qualquer atividade,que o aperfeiçoamento só sejaobtido com muito treino, tenta-tivas e erros sob a supervisão deum tutor. Aí está, portanto, aorigem do termo inglêscoaching, conceito que está naboca dos principais gurus deRecursos Humanos e que servepara designar tanto a atividadedo treinador esportivo como dedeterminados tipos de gestoresespecializados em orientar

executivos ou jovens em iniciode carreira.

Os benefícios do estagio, aosolhos dos jovens, não param poraí. O aumento de responsabi-lidade e agilidade na realizaçãode provas e trabalhos escolaresfoi notado por 37%. Os edu-cadores também têm essa per-cepção, como constatado empesquisa realizada pelo insti-tuto TNS InterScience. Para90% dos professores, o estágioajuda - e ajuda muito - a au-mentar a retenção das maté-rias. Além disso, para 53%, osestudantes estagiários se tor-nam ainda mais exigentes, pas-sando a questionar mais du-rante as aulas e a cobrar maisdos professores. O estágiotambém ajuda a aprimorar aexpressão oral e escrita (96%),a atenção nas aulas (89%) e,consequentemente, as notas(93%).

Por tudo isso, voltando a pri-meira pesquisa, 17% dos esta-giários atestam que sentiram oamadurecimento na relaçãoaluno-professor. Um bom pro-grama de estágio é um jogo emque ninguém sai perdendo,mesmo porque os jovens estãomuito bem respaldados pela leie têm o poder de interromperseu treinamento, sem qualquerprejuízo material, assim quepercebem qualquer irregula-ridade.

Luiz Gonzaga Bertelli

Após diversos julgados pre-conizando que a multa previstano artigo 475-J do Código deProcesso Civil incidiria de for-ma automática do transito emjulgado da condenação e quenão dependeria de nova inti-mação do advogado ou do exe-cutado para o cumprimento daobrigação, o Superior Tribunalde Justiça (STJ) alterou o en-tendimento sobre a matéria.Passou a considerar necessáriorequerimento formulado peloexequente e consequentementeser intimado o executado napessoa de seu advogado cons-tituído, oportunizando assim opagamento voluntário. Casonão ocorra o pagamento noprazo legal, que é de 15 dias,importará a incidência damulta de 10% a partir doprimeiro dia útil posterior adata da publicação da intima-ção do devedor na pessoa do seuadvogado.

A matéria foi analisada peloSTJ na forma originaria nojulgamento do REsp 954.859/RS, no dia 16 de agosto de 2007,ocasião em que a 3ª Turma en-tendeu que transitada em jul-gado a sentença condenatória,não seria necessária a inti-mação da parte vencida, pes-soalmente ou por seu advogado,para cumprir a obrigação, poiscaberia ao devedor adimpli-laespontaneamente, em 15 dias,sob pena de ver a sua dívidaautomaticamente acrescida de10%.

Após esse julgado ocorreramvários outros e recentemente aorientação foi modificada econsequentemente entendendode forma diversa, passando aconsiderar que o exequente de-verá requerer ao Juízo queoportunize ao executado lhe

dando ciência do valor dacondenação discriminada eatualizada. Deverá ser feita aintimação do executado napessoa de seu advogado, paraadimplemento voluntário noprazo de 15 dias - após o prazolegal, não ocorrendo paga-mento, a multa incidirá no pri-meiro dia útil posterior à re-ferida intimação. Nesse sentidoos julgados: AgRg no AgRg noAg 1.056.473/RS (DJe 30/06/2009) e EDcl no Ag 1.136.836(DJe 17/8/2009).

Agora originam-se as inda-gações: optando o perdedor emcumprir voluntariamente suaobrigação, deveria este postularo depósito diretamente no tri-bunal onde tramitava o últimorecurso após o trânsito em jul-gado da decisão final? Qualseria o valor a ser depositado -ou respeitando a competênciado juízo originário para a exe-cução, deveria protocolizar umapetição na primeira instânciapara requerer o pagamento?Insta mencionar que esse pe-dido seria impossível de ser jun-tado aos autos, pois o processonão estaria na Comarca deorigem.

Em particular entendo que aquestão em debate é mais umaentre os vários entendimentosem que o STJ foi incongruente.Afinal, o novo entendimentoatrasa os andamentos proces-suais no Judiciário, que já qua-se não cumpre com a celeridadeprocessual, que é o sonho damaioria dos advogados e partesenvolvidas em um processojudicial.

Andre Marques

Advogado inscrito na OAB-Seccional Goiás,

consultor, escritor edoutorando em Direito

Os Benefícios do Estágio Multa por descumprimentode sentença

HistóriaA Revolução Francesa foi um marco histórico do direito dedefesa. Em 26 de agosto de 1789, foi promulgada a Declaraçãodos Direitos do Homem e do Cidadão, consagrando osinstitutos do direito de defesa, direito ao contraditório, devidoprocesso legal e o princípio da inocência.

Page 5: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 5JUNHO 2010

Allan SoaresP r o c u r a d o rFederal

O que vi e ouvi sobre JoséSaramago foi o destaque deseu incontestável valor lite-rário, de sua condição de inte-lectual total (aquele que nãodescola do mundo em que vi-ve) e de sua monolítica forma-ção política, além dos dadosbiográficos. Não soube de co-mentários sobre seus aspec-tos libertários, humanistas equestionadores.

Sem maiores pretensões,desejo mostrar que há um ou-tro lado desse notável escritorde quem se pode dizer muitacoisa, menos de ter sido umintelectual silencioso por con-veniência política e/ou ideo-lógica. Esta matéria se re-porta não somente a seus li-vros ou a seu blog, mas, tam-bém, a suas entrevistas à mí-dia nacional e estrangeira,identificadas quando possível.

Os trechos abaixo trans-critos, sem ordem cronológicae relativamente recentes,mostram que ele não foi, co-mo pretendem alguns, umapersonalidade tão alinhadaque o impedisse de defenderprincípios democráticos elibertários.

Obra literária“Nunca separo o escritor docidadão. Isso não significaque queira converter minhaobra em panfleto. Significaque não escrevo para o ano2427, mas para hoje.”

Liberdade“Eu diria que sou um comu-nista libertário. Alguém quedefende a liberdade de não

aceitar tudo que venha, porémque assume o compromisso comtrês perguntas que devem sernossos guias de vida: Por quê?Para quê? Para quem?”(Saramago Por Ele Mesmo)“Razão tinha aquele que disseque Deus é o silêncio do uni-verso e o homem o grito que dásentido a esse silêncio. Acabe-se o homem e tudo se acabará.”

Esquerda“A esquerda não tem nem umap..... ideia do mundo em que vi-ve. À minha intenção, delibe-radamente provocadora, a es-querda, assim interpelada, res-pondeu com o mais gélido si-lêncio.” (O Caderno-p.45)

Esperança e Utopia“Obviamente, nada tenho depessoal contra a esperança,mas prefiro a impaciência. Já étempo que ela se note no mundopara que alguma coisa apren-dam aqueles que preferem quenos alimentemos de esperançasou de utopias.” (Blog)

Cegueira“A maior cegueira: não saberaonde nos levam e não quererisso saber.” (Programa Roda-Viva / 2003)“Penso que não cegamos; pensoque estamos cegos. Cegos queveem. Cegos que, vendo, nãoveem.” (Ensaio Sobre ACegueira-p.319)

Mentira e Verdade“Há tempos, um político, entãocom responsabilidades de Go-verno, declarou, para quem qui-sesse ouvir, que a política é, emprimeiro lugar, a arte de nãodizer a verdade. O pior foi quedepois de tê-lo dito não apa-receu, que eu saiba, um só polí-tico, desde a esquerda até a di-reita, que o corrigisse e que a

verdade terá de ser o objetivoúnico e último da política. Pelasimples razão que apenas destamaneira poderão salvar-seambas: a verdade pela políticae a política pela verdade.” (OCaderno-p.99)

Violências“Ah, sim, as horrendas matançasde civis causadas pelos terroristassuicidas. (...) Horrendas, sim, semdúvida, condenáveis, sim.”“É certo que a democracia bri-lha pela inexistência na ArábiaSaudita, mas, num caso de tan-to melindre (casamento de me-ninas de 10 anos), poderia ter-se aberto uma exceção. Enfim,os pedófilos devem estar con-tentes: a pederastia é legal naArábia Saudita. No Irã, foramlapidados dois homens por adul-tério, no Paquistão, cinco mu-lheres foram enterradas vivaspor quererem casar-se com ho-mens de sua escolha... Fico poraqui. Não agüento mais.” (OCaderno-p.167)

Justiça“Se a mim me mandassem dis-por por ordem de precedência acaridade, a justiça e a bondade,daria o primeiro lugar à bon-dade, o segundo à justiça e oterceiro à caridade. Porque abondade, por si só, dispensa ajustiça e a caridade, porque ajustiça justa já contém em si ca-ridade suficiente. A caridade éo que resta quando não há bon-dade nem justiça.”“O Juiz Garson, na sequência dequeixas que lhe apresentaram,interveio num assunto que émaior que ele e que todas as ins-tituições judiciais juntas: a guerracivil espanhola, a ile-galidade dofranquismo, a dig-nidade dos quedefenderam a República e ummodo de viver a vida.” (O Ca-derno-p.105/106 e 82/83)

Identidade“As perguntas: Quem és? ouQuem sou? têm respostas fá-ceis: a pessoa conta a sua vi-da e assim se apresenta aosoutros. A pergunta que nãotem resposta formula-se deoutra maneira: Que sou eu?Aquele que fizer essa per-gunta enfrenta-se com umapágina em branco e o pior éque não será capaz de escre-ver uma palavra que seja.”“(...) nos ajude a abrir cami-nhos mais generosos ao atode pensar. Que terá de come-çar por procurar resposta àpergunta fundamental: Porquê penso como penso? Comoutras palavras: O que éideologia? Parecem pergun-tas de pouca monta e nãocreio que há outras mais im-portantes.” (nov./2008)

Esse exemplar escritor de-bruçou-se sobre outros temasrelevantes, que tomariamtodo o espaço deste Jornal.Por isso, termino registrandouma de suas habituais crí-ticas e um veemente protestofeito em 2003. A primeira, apropósito do 11 de setembrode 2001, foi que os homenscontinuavam a matar em no-me de Deus. O protesto foinum artigo no “El Pais”.Rompendo com o GovernoCubano, pela prisão de 75dissidentes e execução de trêsdeles por se apossarem de umnavio para fugir de Cuba,declarou: “Até aqui cheguei.De agora em diante Cuba se-guirá seu caminho. Eu fico.”

PS: Com a triste notícia damorte do Procurador, Jor-nalista e Mestre da Delica-deza Milton Pinheiro Borges,continuarei a citar Sara-mago: “Hoje me faltam pala-

vras e me sobram emoções.”

Um outro Saramago

Page 6: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ6 JUNHO 2010

Uma decisão do SupremoTribunal Federal reforçou oentendimento de que o Mi-nistério Público estadual nãotem legitimidade para atuar namais alta corte do País. A de-terminação, da ministra da-quela corte Cármen Lúcia, foitomada na Reclamação 10.235.O entendimento que prevaleceufoi de que outro órgão do Mi-nistério Público, que não seja aProcuradoria-Geral da Repu-blica (PGR), não tem legiti-midade para atuar no STF.

Nesse sentido, a ministradeterminou a remessa dos

autos ao procurador-geral daRepública para, se for o caso,ratificar o pedido descrito naação. A Reclamação foi pro-posta pelo MP do Mato Grossocontra julgado da Terceira Câ-mara Criminal do Tribunal deJustiça do estado (TJ-MT), queacolheu pedido de habeascorpus para conceder liberdadeprovisória a

J.C.S. Ele foi preso em fla-grante no dia 13 de novembrode 2009, em Cuiabá, pelasuposta pratica do crime de tra-fico de entorpecentes, previstono artigo 33 da Lei nº 11.343/

2006, a chamada Lei Anti-droga.

Na Rcl 10235, o MP do MatoGrosso alega que na decisão fa-vorável ao réu, a Terceira Câ-mara Criminal do TJ-MT teriadesrespeitado a Súmula Vin-culante 10 do Supremo, cujoenunciado é o seguinte: “Violaa cláusula de reserva de ple-nário (CF, artigo 97) a decisãode órgão colegiado fracionáriode tribunal que, embora nãodeclare expressamente a in-constitucionalidade de lei ou atonormativo do poder público,afasta sua incidência, no todo

ou em parte.”Com base em precedentes da

Suprema Corte, a ministra Cár-men Lúcia compreendeu que háimpedimento processual para oconhecimento da Reclamação10235. Isso porque o MP de Ma-to Grosso “não é legitimadopara atuar originariamente noSupremo Tribunal Federal, in-cumbência exclusiva do procu-rador-geral da República’’,conforme o disposto no artigo 46da Lei Complementar nº 75/1993, que trata da organização,as atribuições e o estatuto doMinistério Público da União.

MP estadual não pode atuar no STF

Foi suspenso, nesta tarde (2),

o julgamento de Mandado de

Segurança (MS 25116) em que um

professor aposentado pelo IBGE

(Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística) em dezembro

de 1998 contesta decisão do TCU

(Tribunal de Contas da União)

que, em agosto de 2004, julgou

ilegal a concessão do benefício.

Até o momento, quatro mi-

nistros se posicionaram no sen-

tido de que o caso terá de ser

novamente analisado pela Corte

de Contas, mas garantindo ao

professor a possibilidade de se

pronunciar perante o TCU,

exercendo o direito ao contra-

ditório e à ampla defesa.

Para esses ministros, essa

regra deve ser aplicada porque

o Tribunal de Contas deveria ter

avaliado a legalidade da aposen-

tadoria do professor no prazo de

cinco anos. No caso, a aposenta-

doria foi cassada cinco anos e oito

meses após ter sido concedida.

Votaram nesse sentido o rela-

tor do processo, ministro Ayres

Britto, a ministra Cármen Lúcia

Antunes Rocha, e os ministros

Ricardo Lewandowski e Gilmar

Mendes.

“O Tribunal de Contas tem

cinco anos para fazer o exame [da

aposentadoria] sem a participa-

ção do servidor público, numa

relação tipicamente endoadmi-

nistrativa, entre o Tribunal de

Contas e a Administração Pú-

blica que aposenta o seu servi-

dor. Ultrapassado esse período,

nasce para o servidor aposen-

tado o direito ao contraditório e

à ampla defesa”, explicou nesta

tarde o ministro Ayres Britto.

Outra corrente, formada por

dois ministros, entendeu que,

diante do transcurso do prazo de

cinco anos, o TCU perdeu o

direito de avaliar a concessão da

aposentadoria do professor. Es-

se foi o posicionamento do pre-

sidente do Supremo, ministro

Cezar Peluso, e do decano da

Corte, ministro Celso de Mello.

Para Peluso, a invalidação da

aposentadoria do professor in-

sulta os princípios da segurança

jurídica e da boa-fé, já que desfaz

uma situação “jurídico-subjetiva”

estabilizada por um prazo ra-

zoável e de vital importância

para o servidor, que se aposen-

tou presumindo a validez do ato

administrativo.

“Frustar-lhe, hoje, em 2010, a

justa expectativa de manutenção

do benefício, que percebe há 12

anos, é restabelecer, na matéria,

a concepção do poder absoluto

do Estado, contra toda a racio-

nalidade do discurso normativo”,

disse Peluso, ao aludir que o

prazo de cinco anos tem sido

estabelecido como razoável para

a intervenção do Estado na vida

do cidadão seja na Constituição

Federal, seja em leis infracons-

titucionais.

Ele lembrou, inclusive, da

regra do artigo 54 da Lei 9.784/

99, que regula o processo admi-

nistrativo no âmbito da Admi-

nistração Pública Federal. O

dispositivo determina que a Ad-

ministração Pública tem até

cinco anos para anular atos ad-

ministrativos de que decorram

efeitos favoráveis para os des-

tinatários, contados da data em

que foram praticados, salvo

comprovada má-fé.

Outros três ministros nega-

ram o pedido do professor ao

votar pela correção do ato do

TCU que cassou o benefício.

Além do ministro Marco Aurélio,

essa foi a posição do ministro

Sepúlveda Pertence (aposenta-

do) e da ministra Ellen Gracie.

Para o TCU, a aposentadoria é

ilegal porque foi concedida a partir

do cômputo indevido de tempo de

serviço prestado pelo professor ao

IBGE sem contrato formal e sem o

devido recolhimento das con-

tribuições previdenciárias. Na

ocasião, o professor não teve chance

de se pronunciar perante a Corte

de Contas.

O julgamento foi suspenso

nesta tarde para que o ministro

Joaquim Barbosa, que já

concedeu o mandado de segu-

rança (em maio de 2007), escla-

reça a extensão dos efeitos de

seu voto.

Ele deverá dizer se se alinha

com a maioria já formada,

segundo a qual o prazo de cinco

anos marca a obrigatoriedade de

o TCU permitir que o interes-

sado no ato que avaliará a con-

cessão de aposentadoria, refor-

ma ou pensão exerça o contra-

ditório e a ampla defesa. Ou se

ele concorda com os ministros

que entendem que, transcorridos

os cinco anos, o TCU não pode

mais analisar a legalidade ou não

da concessão da aposentadoria,

reforma ou pensão.

Desde que começou a ser jul-

gado, esse mandado de segurança

teve sua análise suspensa por três

vezes. Primeiro, em fevereiro de

2006, quando o ministro Gilmar

Mendes pediu vista do processo

após o relator e o ministro Peluso

votarem. Depois foi a vez de a

ministra Ellen Gracie pedir vista,

em maio de 2007, após uma

segunda retomada. Nesta tarde, o

julgamento foi retomado com o

voto-vista da ministra Ellen

Gracie, mas teve de ser nova-

mente suspenso.

Suspenso julgamento sobre aposentadoria considerada ilegal pelo TCU

Page 7: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 7JUNHO 2010

Servidora pública do estadode Sergipe, que perdeu suafunção comissionada apóscomunicar sua gravidez, rece-berá indenização dos cofres es-taduais. A determinação é doministro Gilmar Mendes, doSupremo Tribunal Federal,relator da Ação Cautelar (AC)2600.

Na ação, a servidora pede aconcessão de liminar para sus-pender a decisão que a impediude receber a indenização. Osvalores requeridos pela fun-cionária pública à Justiça sãoreferentes aos meses finais dagestação e ao período em quedeveria estar de licença-ma-ternidade na função comis-sionada antes exercida.

O ministro acolheu o pedidoda servidora e considerou ca-bível a ação proposta por ela pa-ra suspender o recurso quemantinha em vigor a decisão dopresidente do Tribunal deJustiça de Sergipe (TJ-SE), quenegou o pagamento da inde-nização.

Segundo o ministro GilmarMendes, é plausível a alegaçãode que o recurso extraordinárioque barrou o pagamento da in-denização contraria a juris-prudência do STF. Na ava-

liação do ministro, não há razãopara a manutenção do efeitosuspensivo concedido pelaPresidência do TJ-SE.

Por essa razão, o ministroGilmar Mendes reconheceu operigo de demora para a decisãosobre o caso e deferiu a liminarque garante o pagamento daindenização. O relator deferiuainda o pedido de justiçagratuita.

“Entendo demonstrado operigo da demora. Embora oacórdão do TJ-SE, à unani-midade, tenha declarado a ile-galidade da supressão de verbadevida à impetrante e deter-minado sua imediata concessão,o excepcional efeito suspensivoao RE 612.294 até o seu trân-sito em julgado poderá acar-retar prejuízos à impetrante etornar sem efeito a ação man-damental,” afirmou GilmarMendes em sua decisão.

A servidora T.L.S.P. obteveno Tribunal de Justiça de Ser-gipe (TJ-SE) um mandado desegurança que lhe garantia orecebimento da indenização.Ela questionou o ato governa-mental que a exonerou do cargoem comissão. Ao analisar ocaso, o Tribunal de Justiça es-tadual entendeu que ela po-

deria sim ser exonerada do car-go em comissão, mesmo estandográvida. Entretanto, o TJ-SEdecidiu que o estado deve pagara indenização correspondenteao valor da função comissio-nada no período restante dagravidez e da licença-ma-ternidade.

Mas o governo estadual re-correu contra o pagamento daindenização por meio de umrecurso extraordinário pedindoa suspensão do mandado desegurança. Por outro lado, a ser-vidora pública solicitou admi-nistrativamente o imediatocumprimento de decisão judi-cial e o consequente pagamentoda indenização. Após 45 diassem o devido pagamento, a re-latora do caso no Tribunal es-tadual fixou multa diária pelodescumprimento da ordem.

O governo de Sergipe tentoureverter a situação no STF eajuizou uma Suspensão de Se-gurança (SS 4165) questio-nando o pagamento da indeni-zação e a multa imposta pelaJustiça Estadual. A ação foianalisada pelo ministro CezarPeluso, então vice-presidente,que negou seguimento ao pedi-do e determinou seu arqui-vamento.

Liminar garante indenização a servidora públicaque perdeu o cargo devido a gravidez

Na avaliação do ministro, aação estava sendo usada comoum recurso meramente prote-latório, sem a devida compro-vação de que o pagamento a-carretaria lesão aos cofres pú-blicos. Irresignado com o ar-quivamento do pedido de sus-pensão de segurança no STF, ogoverno de Sergipe depositoujudicialmente o valor da indeni-zação, mas voltou a questionaro pagamento na Justiça.

Desta vez ajuizou uma açãocautelar no TJ-SE para que orecurso extraordinário apre-sentado anteriormente naquelaCorte pudesse suspender o pa-gamento da indenização atéque o Supremo decida o caso. Opedido do governo sergipano foiaceito pelo presidente do TJ-SEe o pagamento foi bloqueado.Esta decisão (do TJ-SE) fez comque o caso voltasse novamenteao Supremo.

A servidora pública, incon-formada, ajuizou no STF a pre-sente Ação Cautelar, em quepede o desbloqueio dos valores,depositados em juízo, referentesà indenização. Com a liminarconcedida pelo ministro GilmarMendes, esses créditos deverãoser repassados à servidorapública.

O ministro Celso de Mello, ao negarpedido feito pela União no RecursoExtraordinário (RE) 594350, salientouo entendimento de que é indiscutível adecisão que se apresenta revestida daautoridade da coisa julgada. Para o mi-nistro, esse instituto tem como objetivogarantir a segurança nas relações ju-rídicas e preservar a paz no convíviosocial, como decorrência da ordemconstitucional.

Na análise do RE que questiona aexecução de título executivo contra afazenda pública, referente à incidênciade juros de mora entre a expedição e o

pagamento de precatório, dentro deprazo constitucional, o relator ponderouque a relativização da coisa julgadapoderia provocar “consequências alta-mente lesivas à estabilidade das re-lações intersubjetivas, à exigência dacerteza e de segurança jurídicas e àpreservação do equilíbrio social”.

Celso de Mello destacou que a re-lativização seria conflitante com a ga-rantia constitucional da coisa julgada,sendo que “a própria jurisprudênciaconstitucional do Supremo Tribunal Fe-deral vinha proclamando, já há qua-tro décadas, a respeito da invulnerabili-

dade da coisa julgada em sentido mate-rial, enfatizando, em tom de grave ad-vertência, que sentenças transitadas emjulgado, ainda que inconstitucionais, so-mente poderão ser invalidadas medianteutilização de meio instrumental ade-quado, que é, no domínio processualcivil, a ação rescisória”.

Conforme o ministro, a coisa julgadaé consequência da exigência de se-gurança jurídica, enquanto expressãodo Estado Democrático de Direito, de-vendo ser observada por “qualquer dosPoderes ou órgãos do Estado, para quese preservem, desse modo, situações

consolidadas e protegidas pelo fenô-meno da res judicata”.

Assim, o relator salienta que a pre-tensão da União em reconhecer ainexigibilidade de título judicial, sob oargumento de que a sentença transitadaem julgado fundamenta-se em leideclarada inconstitucional pelo Su-premo é inviável. Para ele, ocorrendotal situação, a sentença de mérito tor-nada irrecorrível devido ao trânsito emjulgado (quando não cabe mais recurso)só pode ser desconstituída por meio daação específica, considerando-se osprazos legais.

Decisão do ministro Celso de Mello destaca soberania da coisa julgada

Page 8: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ8 JUNHO 2010

FESTAS DOS ANIVERSARIANTES

4

3

1 2

1. Sra. Gisele Tenorio Machado Levy e seu filho Marcos Vinicius Levy.

2. Dr. José Franco Corrêa, Dra. Sirley Tenorio Machado e o Dr. MiguelPaschoal, aniversariantes do mês.

3. Dra. Sirley Tenorio Machado ao lado do neto Marcos Vinicius Levy eda filha Sra. Gisele Tenorio Machado Levy.

4. Dr. José Franco Corrêa e seu filho Sandro Rodrigues Corrêa.

Page 9: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 9JUNHO 2010

Carlos Alberto MambriniDiretor Cultural da APAFERJ

De uma tradicional família da ci-dade de Assu (RN), conhecida comoa cidade dos poetas, este iluminadoberço provinciano lhe deu o dom dasletras, permitindo que, através da pa-lavra escrita, ingressasse no jor-nalismo. Esta historia começa quan-do o menino de Assu terminou o pri-mário e foi aprovado no exame deadmissão ao ginásio no colégio dosirmãos Maristas em Natal. Tendofalecido seu Pai, ficou sem condi-ções financeiras para continuar seusestudos na capital Potiguar. A saídafoi pegar um ITA (navio) e, aos 14anos, mudar-se para a Capital Fede-ral, abrigando-se na casa de um Tio.

Logo que chegou ao Rio de Ja-neiro, realizou o sonho de todo o es-tudante inteligente vindo do interiordo Brasil, fez a prova e foi admitidono Colégio D. Pedro II, na época aescola do mais alto gabarito pedagó-gico e cultural do País. Aos 16 anosde idade, além de estudar, já tra-balhava como revisor do “O Globo”e do “Jornal do Brasil” ajudando aprover as despesas domésticas dacasa do Tio, onde morava. No co-légio Pedro II concluiu o ginásio e ocurso científico e logo a seguir fez ovestibular para a Faculdade deDireito, sendo também aprovado.

Não pôde, porém, continuar os seusestudos de imediato, por ter sidoconvocado para servir ao Exército, nomomento que os tambores de Martecomeçaram a rufar na Europa. Foideslocado do corpo de tropa para oserviço de saúde, viajando para osEstados Unidos para fazer um cursosobre doenças tropicais. Quando deubaixa do Exército, depois de prestarserviços em vários estados daFederação, inclusive no território deFernando de Noronha, já estava no 2ºano da Faculdade de Direito.

Sendo um acadêmico de direitoaplicado e muito viajado para os

padrões da época, não lhe foi difícilconseguir um emprego de colaboradorem jornais e revistas. Começou fa-zendo reportagens e cobertura de acon-tecimentos policiais, forenses e es-portivos.

Em 1948, ao lado de Gagliano Neto,cobriu as Olimpíadas de Londres. Acidade ainda não havia se recuperadoda guerra e os dois mal falavam inglês.Foi um sufoco.

Sua primeira grande oportunidadeaconteceu na copa do mundo de 50,quando foi inaugurado o estádio doMaracanã. A derrota da seleção Bra-sileira para o Uruguai, causou uma de-pressão e um mal estar tão grande quenenhum dos consagrados jornalistasconseguiu escrever coisa alguma sobrea inesperada derrota. O jovem jornalistaMilton não se intimidou, assumiu aseção de esportes de “O Globo”, ondetrabalhava e encheu as páginas dojornal onde estavam reservadas pararegistrar a vitória do Brasil com fotosdas 200 mil pessoas que deixaram oestádio chorando e com textos lamen-tando o fracasso. O único que con-seguiu escrever alguma coisa foi o jor-nalista Mario Filho, que o ajudou apreencher a lacuna.

Daí por diante, o esporte tomou con-ta da sua vida e, na copa de 1954, foipara a Suíça, em 1958 estava na Suécia(quando o Brasil foi Campeão pelaprimeira vez), em 1962 para o Chile,onde o Brasil foi Bi-Campeão). Em1966 na Inglaterra, e 1970 estava noMéxico, quando o Brasil sagrou-se Tri-Campeão, em 1974 na Alemanha O-cidental, e 1978, na Argentina, em 1982,na Espanha, em 1986, no México. Em1990, na Itália. Em 1994, nos EUA,assistiu ao Brasil consagrar-se Penta-Campeão. A copa de 1998, na França,foi a sua ultima participação como jor-nalista, quando teve a mesma sensaçãoda copa de 1950, ao assistir o Brasil per-der para a seleção Francesa e ficar co-mo vice campeão. A tristeza invadiu aalma do velho jornalista, e até a presen-te data o Brasil não conseguiu mais vencerum campeonato mundial de futebol.

Possuidor do título de cidadãoCarioca concedido pela Câmara Mu-nicipal da Cidade do Rio de Janeiro, ede benemérito da Confederação Bra-sileira de Futebol (CBF), da FederaçãoMetropolitana de Futebol, e do Fla-mengo, onde foi secretário-geral doconselho. Viveu os anos dourados dacidade Maravilhosa em toda a sua ple-nitude. Assistiu aos espetáculos mu-sicais de Walter Pinto e Carlos Ma-chado, conheceu os Cassinos da Urca,Copacabana e Quitandinha, onde seapresentavam os grandes artistas inter-nacionais. Dançou o carnaval no mo-numental baile do Teatro Municipal,brincou no Bola Preta e nos alegrescorsos da Avenida Rio Branco.

Atuou nos jornais O Globo, Jornaldo Brasil, Última Hora, O Dia, Diáriode Notícias, Correio da Manhã e Jornaldos Esportes. Trabalhou com os re-nomados jornalistas Samuel Wainer,Antonio Maria, Sandro Moreira, Waldirdo Amaral, Jorge Cury, Ary Barroso eOduvaldo Cozzi, de quem sente sau-dades. Participou da 1ª mesa de espor-tes da TV brasileira (Tupi) ao lado denomes famosos como José Maria Es-cassa e Nelson Rodrigues. Cobriu, tam-bém, todos os campeonatos Sulame-ricanos de Futebol até o ano 2000.

Mas a sua grande paixão sempre foio Clube Flamengo de Futebol e Re-gatas, sendo responsável pela contra-tação do técnico paraguaio FleitasSolich, a pedido do inesquecível pre-sidente Gilberto Cardoso. A fase dos

paraguaios, como foi chamado essetempo, que levou o clube ao Tri-Campeonato Carioca de Futebol 53/54/55, lhe trouxe uma grande alegria,assim como à torcida rubro-negra,espalhada por todo o Brasil. Par-ticipava ativamente como membrobenemérito do influente ConselhoConsultivo do Flamengo, não perdiauma reunião.

Em que pese o intenso envol-vimento na vida esportiva, suacultura e inteligência também con-tribuíram para engrandecer o serviçopúblico federal. Ingressou como re-dator e, depois, por concurso público,na carreira de procurador autár-quico, dando a sua contribuição avários ministérios e autarquias, en-cerrando a sua trajetória como Pro-curador Federal no DNOCS.

Na Associação dos ProcuradoresFederais no Estado do Rio de Janeiro(APAFERJ), foi convidado paramelhorar o jornal da casa, que tinhamuito de improvisação e amado-rismo. Aos poucos foi quebrando asresistências e, com um trabalhopaciente, transformou o Jornal daAPAFERJ num órgão de comuni-cação respeitado no meio jurídico.

Este texto foi escrito há uma dé-cada pela passagem dos 80 anos doDr. Milton Pinheiro Borges, a quemprestávamos a nossa homenagem,registrando uma pequena parcela desua brilhante participação na vidanacional, na Advocacia Pública, noClube de Futebol do Flamengo, naIrmandade Imperial de Nossa Se-nhora da Glória do Outeiro, no seucotidiano trabalho como articulista,editor e responsável pelo Jornal daAPAFERJ. Passados dez anos, asua rotina de trabalho continuousendo a mesma, e a sua presençapaternal e alegre “na casa do pro-curador” servia de exemplo paratodos nós que agora ficamos comoórfãos saudosos. Adeus queridoamigo, quem sabe um dia aindavamos nos encontrar outra vez parauma nova edição.

Milton Pinheiro BorgesJornalista e Procurador Federal

Editor das 13 Copas do Mundo e do Jornal da Apaferj

Flamengo até morrer...

*11.07.1919 �22.06.2010

Page 10: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ10 JUNHO 2010

A intenção do Conselho Na-cional de Justiça (CNJ) – órgãode fiscalização e estratégia doPoder Judiciário – de regula-mentar o pagamento de auxíliomoradia aos juízes encontra re-sistências. A Associação dos Ma-gistrados Brasileiros (AMB) écontra a proposta de se editaruma resolução com regras sobreesse tema. Em manifestação en-caminhada ao conselho, a en-tidade foi categórica: “Não cabeao CNJ, ainda que invocandosuas atribuições administra-tivo-regulamentares, fazerlimitações e restringir direitosonde o Estatuto da Magistra-tura não o faz”.

O conselho determinou, emmarço de 2007, por meio de li-minar, a suspensão dos valoresque excediam o teto e, especi-ficamente, da verba em questãopara os magistrados que játivessem adquirido residênciafixa ou oficial na comarca ondeatuam. O procedimento voltouà pauta, para ser julgado emdefinitivo, em fevereiro de 2008.Na ocasião, o então relator, con-selheiro Rui Stoco, propôs a nor-matização do auxílio-moradia.O julgamento foi adiado e aindanão há decisão sobre o tema.

O conselheiro pediu que o

CNJ editasse uma resoluçãoestabelecendo limites ara o usodo benefício. Ele chegou a de-fender uma proposta de re-solução que reduzisse o tetomáximo de concessão do be-nefício, de 30% para até 10% dosvencimentos ou subsídios domagistrado. Na ocasião, eletambém sugeriu que a verbapassasse a ser calculada combase nos valores locativos quetivessem compatibilidade com oganho do magistrado na lo-calidade em que ele atua.

Nesse sentido, a entidadeque congrega 14 mil juízes emtodo o País – argumenta que oauxílio-moradia é verba ga-rantida aos magistrados porforça de lei complementar, re-cepcionada pela ordem cons-titucional vigente. “Sob a ru-brica de ‘ajuda de custo paramoradia’, a Lei Orgânica daMagistratura Nacional (LeiComplementar 35/79) consa-gra, em seu artigo 65, inciso 2º,tal direito, cuja legitimidade econstitucionalidade encontram-se plenamente asseguradas”,diz a AMB, no manifesto.

A Associação alega que oauxílio moradia é uma con-quista da magistratura, “cujaspeculiaridades funcionais e a

movimentação inerente à car-reira impõem constantes mu-danças de localidades, de formaque tal verba tem como uma desuas finalidades compor pre-juízos e transtornos”.

O presidente da AMB,Mozart Valadares, não é con-trário a fixação de regras parao pagamento de auxílio-mo-radia, como no caso daquelaque visa a estabelecer a con-cessão apenas de uma per-centual sobre o salário. “Nãopode (o benefício) servir parapagar uma mansão”, afirmou.

O magistrado explicou, noentanto, que essa vantagem,assegurada na Lei Orgânica daMagistratura Nacional, deveser regulamentada por cadatribunal, individualmente. “OCNJ não conhece as peculia-ridades de cada estado bra-sileiro. Cada estado sabe de suarealidade”, disse Valadares,destacando que, nesse tocante,a atuação do conselho deve serno sentido apenas de evitareventuais abusos. “Juízes comimóvel próprio ou já apo-sentados não podem continuara receber (o auxílio). Aí, sim, oCNJ agiria para corrigir essadistorção”, explicou.

A atuação do conselho tam-

bém deve ser, na opinião do pre-sidente da AMB, no sentido deincentivar os estados e regula-mentarem a concessão do auxí-lio-moradia. “O estado do Per-nambuco, do qual faço parte,nunca teve o auxílio-moradia.O conselho deveria mandar re-gulamentar”, afirmou.

Na Suprema Corte, a questãotambém é muito debatida. Emnovembro do ano passado, oministro José Dias Toffoli indeferiuliminar em mandado de segurançaimpetrado pela Associação dosMagistrados do Estado do Amapá(AMAAP). A entidade pedia anulidade de decisão do ConselhoNacional de Justiça que haviaconsiderado irregular o pagamentode gratificações excedentes ao tetoconstitucional, especialmente oauxílio moradia, para 36 magis-trados do Tribunal de Justiça doAmapá (TJ-AP).

A entidade também queriaque o Supremo reconhecesse aimpossibilidade de membro doCNJ cassar, por meio de decisãoadministrativa, decisão juris-dicional. O ministro considerounão haver perigo na demoraque justificasse a liminar, umavez que a situação persistedesde 2007 e não há como secaracterizar o risco de dano.

Auxilio Moradia Gera Polêmica

residencial do devedor, mesmono caso de não existir sentençapenal condenatória. O enten-dimento do TJ-PR foi de que,embora a ação seja de naturezacivil (indenização por danosmorais e materiais), ela decorrede um ilícito penal (erro médico)com repercussão na esfera cível.

No STJ, o relator, ministroLuis Felipe Salomão, ressaltouque a culpa que leva à conde-nação no juízo cível nem sempreé suficiente para condenar al-guém na área penal. Excep-cionalmente, a Lei 8.009/1990permite a penhora para exe-

cução de sentença penal con-denatória no caso de ressar-cimento, indenização ou perdi-mento de bens. Contudo, de a-cordo com o ministro, não épossível ampliar essa restrição,de modo a remover a impe-nhorabilidade do bem de famíliaquando não houver expres-samente sentença penal con-denatória. Por isso, Salomãoatendeu ao pedido da médica eafastou a penhora do imóvelconsiderado bem de família. Emdecisão unânime, os ministrosda Quarta Turma seguiram oentendimento do relator.

Imóvel residencial da famílianão pode ser penhorado parapagar dívida de condenação ci-vil, ainda que derivada de ilícitopenal. Os ministros da QuartaTurma do Superior Tribunal deJustiça (STJ) tomaram essa po-sição ao julgar um recurso deuma profissional condenada porerro médico. Ela teve o imóvelpenhorado para ressarcimentode uma paciente.

A paciente moveu uma açãode indenização por danos mo-rais e materiais em razão delesões corporais causadas porerro médico. A primeira ins-

tância condenou a médica aoreembolso das despesas, a títulode dano material, e ao paga-mento de 150 salários-mínimospor danos morais. A profis-sional da saúde foi executadapara cumprir essa determi-nação judicial, Em novo re-curso, ela contestou a execução,alegando a impenhorabilidadedo imóvel de sua propriedadepor ser bem de família. A sen-tença negou o pedido.

O Tribunal de Justiça doParaná (TJ-PR) manteve essadecisão, por entender ser pos-sível a penhora de imóvel

Bens de família não podem ser penhorados

Page 11: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 11JUNHO 2010

CarmenLucia VieiraRamos LimaProcuradoraFederal

Reflexões:

comportamento humano, a desi-gualdade demonstra o quão distintaspodem ser as atitudes das pessoas noseu viver diário.

As opções, muitas vezes, podemdecorrer de conflitos de relaciona-mento, de interesses: ex. alguém podeadotar os usos e costumes de outrempara ser mais agradável a uma deter-minada cultura (micro ou macro-cosmicamente falando); no caso deimigrantes, etc. Entretanto os mesmoscomponentes que formam a estruturahumana estão presentes na terra (saisminerais etc.).

Curiosamente, em termos de evo-lução pericial, os laboratórios crimina-lísticos de países mais adiantados têmdesenvolvido pesquisas que demons-tram o interesse do homem pela suaprópria ciência. Há algum tempo, emestudo norte-americano apresentadoem documentário televisivo, técnicoschegaram a resultados conclusivossobre assassinatos, através da períciarealizada no esmalte do dente humano:no caso apresentado fizeram a raspa-gem do esmalte, o levantamento doselementos encontrados e compararamcom diversas amostras geológicas dediferentes regiões, onde os crimes fo-ram realizados. Por exclusão con-seguiram determinar as verdadeirascaracterísticas do local de onde seria

oriundo o suspeito das mortes. No ca-so em questão o suspeito, que sepassava por estrangeiro, tendo in-clusive enganado o Serviço de Imigra-ção norte-americano, fazendo-sepassar por europeu, teve, através daperícia dentária, a sua nacionalidadedescoberta: era natural do NovoMéxico/EUA. Ficção tornando-serealidade a galope?

Há ortopedistas que dizem que oosso conta a história do seu dono: umadoença crônica, uma dor, lesões etc,ficam registrados para sempre.Arqueologistas e paleontologistas tam-bém o dizem. O importante é quediscursos distintos estimulam aevolução das descobertas.

Ainda mais intrigante é que, assimcomo as impressões digitais sãoúnicas, também determinado tipo debactérias que fazem morada na epi-derme de alguém - um único tipo econtabilizando 87% delas - podemdefinir a identidade de um suspeito emalguma situação criminal: ex. um apertode mãos pode transferir para a vítimaaqueles microscópicos seres que po-derão ser analisados na pele da vítima,um documento ou qualquer coisacarregada pelo suposto criminosopode transmitir também as suasbactérias individuais, que, assim, aomudar de aconchego, trazem à tona aidentidade do indivíduo procurado. Aciência criminal, com todas as suasvariantes, caminha.

A ciência tecnológica teve ou temtudo a ver com a rapidez com queavançam as descobertas criminais.

Assim como a Internet, não sepode esperar uniformidade no co-nhecimento de tais técnicas e no trei-namento de agentes especializadospara tais pesquisas (há necessidade demuita injeção de recursos materiais,humanos etc).

A Internet alastrou-se para o bem e para o mal. Às vezes é mostrado sóo seu lado mal, para prevenir os seususuários de situações de risco, cujosresultados são impossíveis ainda deserem sanados.

Outras vezes, como é o homem quecria os programas tecnológicos, ele se

A importância do fortalecimento das carreiras de Estado

-Auto-estima.-Técnicos mais prepara-dos, sintonizados com as premissas doGoverno, são mais alertas, disponí-veis para encontrar so-luções rápidas,estratégi-cas e inteligentes para problemas que, por tra-dição, por tratomoroso, costumam se arrastar anos a fio.-Pensar que pessoas, a-gentes estatais, funcioná-rios dispõem-se a atuarcom rapidez e celeridade na resolução de proble-mas de outrem, quandoeles próprios se sentem in-justiçados, é uma manei-ra hipócrita de pensar(a palavra hipócrita vem do grego, significando ARTISTA).-O Direito Processual é rico em arte, artifícios. Quanto mais hábil oAd-vogado, mais estudioso e dedicado, melhor defesa poderá oferecerao seu as-sistido, pois, saberá fazer uso interminável da i-mensaquantidade de re-cursos processuais exis-tentes.-O empregador satisfeito com o empregado é aque-le que sente queseus pleitos são buscados com avidez, com objetivo de vitória.-A Constituição Federal não é estatuto de suges-tão. É estatuto manda-mental.

torna o seu próprio predador, aotentar programar situações de defesapara a máquina, buscando dotá-lade emoção. A ficção já prevê isso.

A construção da personalidadede um ser humano, com elementospróprios a cada cultura, constróitambém universos diferenciados:cada indivíduo é diferente por simesmo, com seus mitos, religio-sidade, animalidade.

Educar é, portanto, indispensávelà vida em sociedade.

Pessoas educadas, segundo a na-tureza de seus grupos sociais, podemcontribuir criativamente para a for-mação de agentes transformadores,mais conscientes e capazes de lidar com os problemas sociais oriundos dascomunidades e de criar instituiçõespassíveis de reeducar aqueles queprecisarem de reinserção social.

Por outro lado, técnicos que sesentem injustiçados constitucional-mente, desestimulados profissional-mente, dificilmente se posicionarãosatisfeitos e dedicados integralmenteà sua tarefa. Nascer e crescer emmeio ambiente de cooperação, derespeito às leis, de instituições re-presentativas molda caracteres. Omundo precisa de pessoas fortes,justamente quando as mudançastornam-se cada vez mais rápidas ea necessidade de buscar equilíbriose faz evidente, para afastar o medo,para acreditar na solidariedade epara não dizer somente que “omundo está se acabando”.

Refletindo, a carreira de Pro-curador Federal, como de resto, asdemais carreiras estatais, para evo-luir, têm que ter plantação, semea-dura: atuação visível, enxertos no-vos, estratégias e técnicas ade-quadas à conjuntura, agentes sa-tisfeitos, bem remunerados e enga-jados, estrutura óssea firme.

- Em homenagem ao ilustrecolega guerreiro que partiu, mascontinua presente nas páginas doJornal da APAFERJ, o Dr.MILTON PINHEIRO: continuar fazendo história; garantir o hoje nofuturo. Um abraço carinhoso.

O Direito e/ou qualquer dis-ciplina que aborde a natureza hu-mana perde, na sua inteireza e buscada verdade, o seu propósito, casodeixe de focar o seu objeto no ho-mem, contextualizado no seu meioambiente, nas suas relações pes-soais e institucionais, sobretudoculturais.

Estudos antropológicos levam acrer que o homem é aproximada-mente 30% de animal e 70%constituído de mitologia e religio-sidade. Discurso ou não, o fato éque decodificar isto significa aceitara filosofia aristotélica como paradig-ma, quando diz que “o homem é umanimal social” e, então a sua con-vivência com os seus semelhantese o seu entorno demandará ummínimo de civilidade.

Quanto à parte animal da na-tureza humana, é mais compreen-sível entender que existam biótipos.Porém, quando se entra no campoda aceitação da mitologia e dareligiosidade, que dão o colorido ao

Page 12: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ12 JUNHO 2010

SÚMULA Nº 39, DE 16 DESETEMBRO DE 2008Publicada no DOU, Seção I, de17/09; 18/09 e 19/09/2008 Sãodevidos honorários advocatíciosnas execuções, não embargadas,contra a Fazenda Pública, deobrigações definidas em leicomo de pequeno valor (art.100, § 3º, da ConstituiçãoFederal).”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: art. 100,§ 3º, da Constituição daRepública; art. 1º-D da Lei n.º9.494/1997. Jurisprudência:Supremo Tribunal Federal:Pleno: RE 420816 (DJ de 10/12/2006); RE-ED 420816 (DJ de20/04/2007). Primeira Turma:RE-AgR 402079 (DJ de 29/04/2005); RE-AgR 412134 (DJ de19/08/2005); RE-AgR 480958(DJ de 24/11/2006). SegundaTurma: RE-AgR 412891 (DJ de26/08/2005); RE-AgR 483257(DJ de 23/06/2006); RE-AgR490560 (DJ de 02/02/2007); RE-AgR 501480 (DJ de 11/05/2007). Superior Tribunal deJustiça: Corte Especial: ERESP653270/RS (DJ de 05/02/2007);ERESP 659629/RS (DJ de 12/02/2007); ERESP 720452/SC(DJ de 01/02/2007)”.

SÚMULA Nº 40, DE 16 DESETEMBRO DE 2008Publicada no DOU, Seção I, de17/09; 18/09 e 19/09/2008 “Osservidores públicos federais,quando se tratar de aposen-tadoria concedida na vigênciado Regime Jurídico Único, têmdireito à percepção simultâneado benefício denominado‘quintos’, previsto no art. 62, §2º, da Lei nº 8.112/1990, com oregime estabelecido no art. 192do mesmo diploma.”.REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: arts. 62,§ 2º e 192 da Lei nº 8.112, de 11

de setembro de 1990. Pre-cedentes: Superior Tribunal deJustiça: Terceira Seção: MS8.788/DF (DJ 24/05/2005); MS9.067/DF (DJ 14/06/2004);Quinta Turma: REsp 577.259/PE (DJ 27/11/2006); REsp586.826/RS (DJ 21/03/2003;REsp 516.489/RN (DJ 12/08/2003). Sexta Turma: REsp380.121/RS (DJ 25/11/2002);REsp 194.217/PE (DJ 05/04/1999).

SÚMULA Nº 41, DE 08 DEOUTUBRO DE 2008Publicada no DOU, Seção I, de09/10; 10/10 e 13/10/2008 “Amulta prevista no artigo 15,inciso I, alínea “e”, da Lei nº8.025/90, relativa à ocupaçãoirregular de imóvel funcional,será aplicada somente após otrânsito em julgado da ação dereintegração de posse, ou daação em que se discute o direitoà aquisição do imóvel fun-cional.”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: Lei nº8.025, de 12 de abril de 1990.Precedentes: Superior Tribunalde Justiça: REsp 767.038-DF eREsp 511.280-DF (PrimeiraTurma); REsp 975.132-DF eAgRg no AI nº 717.689(Segunda Turma); MS 8.483-DF (Primeira Seção).

SÚMULA Nº 42, DE 31 DEOUTUBRO DE 2008Publicada no DOU, Seção I, de31/10; 03/11 e 04/11/2008 I - ASúmula 20, da Advocacia-Geralda União, passa a vigorar coma seguinte redação: “Os ser-vidores administrativos doPoder Judiciário e do MinistérioPúblico da União têm direito aopercentual de 11,98%, relativoà conversão de seus venci-mentos em URV, por se tratarde simples recomposição esti-

pendiária, que deixou de seraplicada na interpretação dasMedidas Provisórias nºs 434/94,457/94 e 482/94.”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: Art. 168da Constituição Federal, art. 22da Medida Provisória nº 482/94,convertida na Lei nº 8.880, de27 de maio de 1994. Prece-dentes: Supremo TribunalFederal: ADIMC 2321/DF e2323/DF (Tribunal Pleno); RE-AgR 529.559-1/MA (PrimeiraTurma); AgRRE’s 394.770-2/SC, 416.940-1/RN e 440.171-2/SC; e RE-AgRAI 482.126-1/SP(Segunda Turma).(*) O Ministro-relator das ADI’s2123 e 2323, Celso de Mello,explicitou que as tabelas devencimentos dos servidoresadministrativos do Poder Ju-diciário, constante do Anexo IIIda Lei 9.421/1996, continhamvalores relativos a AGOSTO/95,aos quais não havia sido aplicadoo percentual de 11,98%, por errode cálculo na conversão da URV.Igual falha ocorreu em relaçãoàs tabelas dos servidores doMinistério Público Federal, querepro-duziam valores deAGOSTO/95, conforme AnexoIV, da Lei nº 9.953/2000. Os11,98% desa-parecem, portanto,com a rees-truturação dascarreiras dos servidores doPoder Judiciário e do MinistérioPúblico, a partir das Leis nºs10.475, de 27 de junho de 2002,e 10.476, de 27 de junho de 2002.

SÚMULA Nº 43, DE 30 DEJULHO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de31/07; 03/08 e 04/08/2009 “Osservidores públicos inativos epensionistas, com benefícios an-teriores à edição da Lei n.º10.404/2002, têm direito ao pa-gamento da Gratificação de De-sempenho de Atividade Técni-

co-Administrativa - GDATAnos valores correspondentes a:(i) 37,5 (trinta e sete vírgulacinco) pontos no período defevereiro a maio de 2002 (art. 6ºda Lei n.º 10.404/2002 e De-creto n° 4.247/2002); (ii) 10 (dez)pontos, no período de junho de2002 até a conclusão dos efeitosdo último ciclo de avaliação aque se refere o art. 1º da MedidaProvisória n.º 198/2004 (art. 5º,parágrafo único, da Lei n.º10.404/2002, art. 1º da Lei n.º10.971/2004 e 7º da EmendaConstitucional n.º 41/2003); e(iii) 60 (sessenta) pontos, apartir do último ciclo de ava-liação de que trata o art. 1º daMedida Provisória n.º 198/2004até a edição da Lei n.º 11.357,de 16 de outubro de 2006.”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: art. 40,§ 8º, da Constituição da Re-pública; art. 5º e 6º, parágrafoúnico da Lei n.º 10.404/2002;art. 1º da Lei n.º 10.971/2004;Lei n.º 11.357/2006; art. 7º daEmenda Constitucional n.º 41/2003. Jurisprudência: SupremoTribunal Federal: Pleno: RE476.279 (DJ de 15/06/2007); RE476.390 (DJ de 29/06/2007).

SÚMULA Nº 44, DE 14 DESETEMBRO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de15/09; 16/09 e 17/09/2009 “Épermitida a cumulação dobenefício de auxílio-acidentecom benefício de aposentadoriaquando a consolidação daslesões decorrentes de acidentesde qualquer natureza, que re-sulte em seqüelas definitivas,nos termos do art. 86 da Lei nº8.213/91, tiver ocorrido até 10de novembro de 1997, inclusive,dia imediatamente anterior àentrada em vigor da MedidaProvisória nº 1.596-14, con-vertida na Lei nº 9.528/97, que

SÚMULAS DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃOCONSOLIDAÇÃO DE 29 DE JANEIRO DE 2010(DOU – Seca 01 de 17,18,19 de fevereiro de 2010)

Page 13: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 13JUNHO 2010

passou a vedar tal acumulação.”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: CF/88,Art. 5º, XXXVI; Lei nº 8.213/91,Art. 86, § 3º; MP nº 1.596-14/97,convertida na Lei nº 9.528/97.Jurisprudência: Supremo Tribu-nal Federal: AI 490365-AgR/RS,Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJde 31.03.06 (1ª Turma); RE440818- AgR/SP, Rel. Min. ErosGrau, DJ de 13.10.06 (2ª Turma);AI 471265-AgR/SP, Rel. Min.Ellen Gracie, DJ de 03.02.06 (2ªTurma); AI 439136-AgR/SP, Rel.Min. Cezar Peluso, DJ de 19.08.05(1ª Turma); Superior Tribunal deJustiça: EREsp. 431249/SP (3ªSeção); AgRREsp. 753119/SP (5ªTurma); EREsp. 481921/SP (3ªSeção); EREsp. 406969/SP (3ª Se-ção); EREsp. 578378 (3ª Seção);AgRREsp.599396/SP (5ª Turma)e EDcl-REsp. 590428/SP (6ªTurma).

SÚMULA Nº 45, DE 14 DESETEMBRO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de15/09; 16/09 e 17/09/2009 “Osbenefícios inerentes à PolíticaNacional para a Integração daPessoa Portadora de De-ficiência devem ser estendidosao portador de visão monocular,que possui direito de concorrer,em concurso público, à vagareservada aos deficientes.”REFERÊNCIAS:

Legislação Pertinente: Art. 37,inciso VIII, da ConstituiçãoFederal de 1988; Art. 5º, § 2º, daLei nº 8.112/90; Lei nº 7.853/89;Art. 4º inciso III, do Decreto nº3.298/99, com a redação dadapelo 5.296/2004. Jurispru-dência: Supremo TribunalFederal: ROMS nº 26.071-1/DF,relator Ministro Carlos Britto(Primeira Turma); SuperiorTribunal de Justiça: RMS nº19.257-DF, relator MinistroArnaldo Esteves de Lima(Quinta Turma); AgRg noMandado de Segurança nº20.190- DF, relator MinistroHamilton Carvalhido (SextaTurma) ; Súmula nº 377, de 22/04/2009, DJe. de 05/05/2009(Terceira Seção).

SÚMULA Nº 46, DE 23 DESETEMBRO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de24/09; 25/09 e 28/09/2009 “Seráliberada da restrição decorrenteda inscrição do município noSIAFI ou CADIN a prefeituraadministrada pelo prefeito quesucedeu o administrador fal-toso, quando tomadas todas asprovidências objetivando oressarcimento ao erário.”Legislação Pertinente: Art. 5º,§§ 2º e 3º, da Instrução Nor-mativa nº 01/1997. Juris-prudência: Superior Tribunalde Justiça: AgReg no RESP nº

756.480-DF, relator MinistroLuiz Fux, AgRg no AI nº1.123.467-DF, relatora Minis-tra Denise Arruda; RESP nº1.054.824-MT, relator MinistroTeori Albino Zavascki (Pri-meira Turma); RESP nº870.733-DF, relatora MinistraEliana Calmon; RESP nº1079.745-DF, relatora MinistraEliana Calmon; AgRg no AI nº1.065.778-AM, relator MinistroHerman Benjamin (SegundaTurma); MS nº 11.496-DF, re-lator Ministro Luiz Fux(Primeira Seção).

SÚMULA Nº 47, DE 23 DESETEMBRO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de24/09; 25/09 e 28/09/2009 “Osmilitares beneficiados com rea-justes menores que o percentualde 28,86%, concedido pelas Leisn° 8.622/93 e 8.627/93, têm di-reito ao recebimento da respec-tiva diferença, observada alimitação temporal decorrenteda MP n° 2.131/2000, bemassim as matérias processuaisreferidas no § 3º do art. 6º do AtoRegimental nº 1/2008.”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: Lei nº8.622, de 19.01.1993; Lei 8.627,de 19.02.1993; MP nº 2.131, de28 de dezembro de 2000.Precedentes: Supremo Tri-bunal Federal: AgRgRE

398.778-0/BA (Primeira Tur-ma), AgRgRE 444.505-1/RJ eAgRgRE 291.701-0/SP (SegundaTurma); Superior Tribunal deJustiça: REsp’s nºs 839.278/PR,940.141/RS e 967.421/RS,(Quinta Turma); REsp 835.761/RS, AgRgREsp905. 135/R,AgRgAI 706.118/SC (SextaTurma). REsp 990.284

SÚMULA Nº 48, DE 9 DEOUTUBRO DE 2009Publicada no DOU, Seção I, de14/10; 15/10 e 16/10/2009 “Noreajuste de 28,86%, a correçãomonetária é devida a partir dadata em que deveria ter sidoefetuado o pagamento de cadaparcela”REFERÊNCIAS:Legislação Pertinente: Lei nº6.899/91; Lei nº 8.622/93; Lei nº8.627/93; MP 2.131/2000.Precedentes: Superior Tribunalde Justiça - REsp 990284/RS,Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, DJ de 14.04.09 (3ª Seção);REsp 967421/RS, Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, DJde 24.09.07 (5ª Turma); REsp.508093/RS, Rel. Min. LauritaVaz, DJ de 06.08.07 (5ª Turma);AgR-Ag 756888/RS, Rel. Min.Carlos Fernando Mathias, DJ de03.09.07 (6ª Turma) e REsp835761/RS, Rel. Min. MariaThereza de Assis Moura, DJ de11.12.06 (6ª Turma).

Com o objetivo de afastar a apli-cabilidade da Lei dos Juizados Es-peciais (9.099/95) aos crimes co-metidos no âmbito da Lei Maria daPenha (11.340/2006), bem comopara determinar que o crime de le-são corporal de natureza leve come-tido contra mulher seja processadomediante ação penal pública incon-dicionada, o procurador-geral daRepública, Roberto Gurgel, propôsAção Direta de Inconstituciona-lidade (ADI 4424), com pedido demedida cautelar, no Supremo Tribu-nal Federal. O relator é o ministroMarco Aurélio.

O pedido do procurador-geral estáfundamentado na necessidade de sedar interpretação conforme a Cons-tituição aos artigos 12, I; 16 e 41 daLei Maria da Penha. Na ação, eleressalta que essa norma “foi umaresposta a um quadro de impunidadede violência doméstica contra amulher, gerado, fortemente, pelaaplicação da Lei 9.099”.

Roberto Gurgel salienta que, apósa edição da Lei 11.340, duas posiçõesse formaram a respeito da forma deação penal relativa ao “crime de lesõescorporais leves praticado contra amulher no ambiente doméstico: pública

condicionada à representação davítima ou pública incondicionada”.

O procurador-geral afirma que a únicainterpretação compatível com a Cons-tituição e o fim da norma em tela é a dese utilizar ao crime cometido contra amulher a ação penal pública incondi-cionada. Caso contrário, ressalta a ADI,estaria a utilizar a interpretação que im-porta em violação ao “princípio cons-titucional da dignidade da pessoa humana,aos direitos fundamentais da igualdade,à proibição de proteção deficiente dosdireitos fundamentais e ao dever doEstado de coibir e prevenir a violênciano âmbito das relações familiares”.

De acordo com Gurgel, a in-terpretação que condiciona à re-presentação o início da ação penalrelativa a crime de lesão corporal denatureza leve, praticado em ambientedoméstico, gera para as vítimas dessetipo de violência “efeitos despro-porcionalmente nocivos”. RobertoGurgel afirma que no caso de violênciadoméstica, tem-se, a um só tempo,grave violação a direitos humanos eexpressa previsão constitucional de oEstado coibir e prevenir sua ocorrência.“A opção constitucional foi clara nosentido de não se tratar de meraquestão privada”, afirma.

Lei Maria da Penha é objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade

Page 14: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ14 JUNHO 2010

Projeto analisado e aprovadono Senado Federal, em 2 dedezembro de 2009, estabeleceque o divórcio pode ser pedidopelo casal sem que tenha pas-sado pela separação judicial ouseparação de fato. Na legisla-ção atual, para que o casal possarequerer o divórcio é precisoque tenha transcorrido oprazo de um ano após aseparação judicial, feita coma intervenção do Poder Judi-ciário, ou prazo de dois anosda separação de fato, que é oafastamento dos cônjuges semtal intervenção.

Em termos práticos, a sepa-ração não tem qualquer utilida-de, servindo apenas para que ocasal tenha mais despesasfinanceiras e desgaste desne-cessário, pois passarão porencontros em fóruns, situaçãoque pode ser extremamentedolorosa e extenuante.

O di-vórcio e a se-paração têmos mesmos efeitos, sendo pos-sível que em ambos se façam a-certos necessários para a par-tilha de bens, guarda de filhos,pensão alimentícia etc, - com aexceção de que apenas o di-

Nacional da Advocacia Pública,João Carlos Souto, estima queao menos 12 mil advogadospúblicos sejam beneficiadospelo reajuste.

Segundo Souto, a propostavai igualar o salário final dosadvogados públicos ao valor jápago ao topo da carreira do Mi-nistério Público. Ele antecipou,no entanto, que alguns mu-nicípios podem ter problemaspara arcar com valores tãoaltos. “O parâmetro salarial nãoestá fora da complexidade dasfunções da advocacia pública,mas é possível que tenha de sercriada uma regra específicapara os municípios que não pos-sam pagar esse valor”, afirmou.

O relator das propostas deemenda à Constituição (PECs)443/09 e 465/10, que vinculama remuneração de advogados edefensores públicos ao subsídiodos ministros do Supremo Tri-bunal Federal (STF), deputadoMauro Benevides (PMDB-CE),disse que ainda vai avaliar oimpacto financeiro da medidaantes de entregar seu relatório.“Estamos buscando dados paraidentificar o que as propostasvão significar para os orça-mentos da União e dos estados”,afirmou, durante audiênciapública da comissão especialque analisa o tema. De acordocom Benevides, o relatório deveficar pronto em 40 dias.

Pelas propostas, a remune-ração do topo das carreiras deadvogados e defensores públicosserá fixada em 90,25% do subsídiodos ministros do STF, o teto dofuncionalismo. Em valores atuais,o salário final seria de R$24.117,62. Atualmente, o maiorsubsídio pago às categorias é deR$ 19.451,00, conforme aumentoconcedido em 2006.

As PECs vão beneficiar to-das as carreiras da advocaciapública - procuradores do Ban-co Central e da Fazenda Na-cional, advogados da União,procuradores federais, dos es-tados e dos municípios - e osdefensores públicos das trêsesferas. O presidente do Forum

vórcio garante aos ex-cônjugesa possibilidade de novas uniõespelo casamento. Demonstra-se,assim, a inutilidade da sepa-

ração na atualidade. A-pesar de represen-tar um rompimento

definitivo, o di-vórcio é rever-sível pela von-tade das par-tes atravésda recon-ciliação eum novo ca-

samento en-tre aqueles queum dia já fo-

ram casados.Nossa legislação insti-

tuiu o divórcio apesar de ter si-do combatido veementemente,na época, pela Igreja e pelosmais conservadores. Manteve-se a separação apenas para a-placar tal contrariedade, com um

efeito meramente psicológico.Agora, com a real possibi-

lidade de supressão da sepa-ração, alegam os mesmos con-servadores que será o fim de umnecessário prazo para reflexãodo casal acerca de seus reaissentimentos, interesses e dese-jos ao optar pelo rompimento. Omaior temor em relação ao di-vorcio foi e é que o divórcio pos-sa incentivar novos casamen-tos, o que significaria a dissolu-ção de mais e mais famílias.

Passar esta etapa não levaráa rompimentos e novos casa-mentos impensados. Apenaspropiciará aos ex-cônjuges apossibilidade de encontrar afelicidade, constituindo umanova família, um instituto quepermanecerá, seja com o pri-meiro ou com novos cônjuges.Sylvia Maria Mendonça do Amaral

Advogada especialista em DireitoHomoafetivo

Aceleração do Divórcio

PECs podem aumentar salárioAdvogados especialistas na área de

previdência têm denunciado a demorano cálculo de atrasados em proces-sos que pedem a isonomia no paga-mento da GData (Gratificação deDesempenho de Atividade Técnico-Administrativa) e outras gratificaçõespara os servidores inativos federais.Na maioria dos casos não está sendocumprido o prazo inicial de 60 dias pa-ra apresentar os cálculos dos atrasadosdecorrentes da condenação. Ou nãotem sido cumprido prazo de mais de60 dias concedido após o períodoinicial de dois meses.

Depois de tanta demora, os servi-dores têm enfrentado outro problema:alguns cálculos de determinadas açõessão apresentados sem considerar im-portantes dados, como desconto parao Plano de Seguridade Social. Segundouma fonte, a União não tem respeitadoo Estatuto do Idoso, pois a maioria dosautores tem mais de 60 anos de idade.E ao não considerar determinadostributos, desrespeita o Código deProcesso Civil e Código Tributário.

Problemas emCálculo de Ações

Page 15: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ 15JUNHO 2010

ANIVERSARIANTES julho

D I R E T O R I APRESIDENTE - José MarcioAraujo de AlemanyVICE-PRESIDENTE - RosemiroRobinson Silva JuniorDIRETOR ADMINISTRATIVO -Miguel Carlos Melgaço PaschoalDIRETOR ADMINISTRATIVOADJUNTO - Maria AuxiliadoraCalixtoDIRETOR FINANCEIRO -Fernando Ferreira de MelloDIRETOR FINANCEIRO ADJUNTO- Dudley de Barros Barreto FilhoDIRETOR JURÍDICO - Hélio ArrudaDIRETOR CULTURAL - CarlosAlberto MambriniDIRETOR DE COMUNICAÇÃO -Antonio Carlos Calmon N. da GamaDIRETOR DE PATRIMÔNIO -Celina de Souza LiraDIRETOR SOCIAL - GracemilAntonio dos Santos

CONSELHO DELIBERATIVONATOS:1. WAGNER CALVALCANTI DEALBUQUERQUE2. ROSEMIRO ROBINSON SILVAJUNIOR3. HUGO FERNANDES

TITULARES:1. FRANCISCO PEDALINOCOSTA2. LUIZ CARLOS DE ARAUJO

A P A F E R JRua Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP: 20031-010

Centro - Rio de Janeiro - Sede Própriae-mail: [email protected]

portal: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-0747 / 2240-2420 / 2524-6729

Jornal da APAFERJEditor Responsável: Milton Pinheiro - Reg. Prof. 5485Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambrini,Fernando Ferreira de Mello, Miguel Carlos Paschoal,RosemiroRobinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanySupervisão Gráfica: Carlos Alberto Pereira de AraújoReg. Prof.: 16.783Editoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Gráfica MECTiragem: 2.000 exemplares

Distribuição mensal gratuita.Os artigos assinados

são de exclusiva responsabilidade dos autores

3. ALLAM CHERÉM SOARES4. FERNANDO CARNEIRO5. EMYGDIO LOPES BEZERRANETTO6. EDSON DE PAULA E SILVA7.SYLVIO MAURICIOFERNANDES8. TOMAZ JOSÉ DE SOUZA9. SYLVIO TAVARES FERREIRA10. PEDRO PAULO PEREIRADOS ANJOS11.MARIA DE LOURDESCALDEIRA12. MARILIA RUAS13. IVONE SÁ CHAVES14. NEWTON JANOTE FILHO15. JOSÉ PIRES DE SÁ

SUPLENTES:1. ROSA MARIA RODRIGUESMOTTA2. MARIA LUCIA DOS SANTOS DESOUZA3. PETRÓNIO LIMA CORDEIRO

CONSELHO FISCALTITULARES:1. JOSÉ CARLOS DAMAS2. JOSÉ SALVADOR IÓRIO3. WALDYR TAVARES FERREIRA

SUPLENTES:1. JOSÉ RUBENS RAYOL LOPES2. EUNICE RUBIM DE MOURA3. MARIA CONCEIÇÃO FERREIRADE MEDEIROS

As matérias contidas neste jornal poderão ser publicadas,desde que citadas as fontes.

Com a sua presença haverámais alegria e confraternização.

COMPAREÇA.

No próximo dia 27 de julho vamos fazer umafesta para comemorar o seu aniversário

01 IVAN DE CARVALHO -INMETRO02 CARLOS FERDINANDOMIGNONE - INCRA03 DANIEL SALVADO MORAES -AGU03 JACK BLAJCHMAN - M. FAZ03 JOSÉ PIRES DE SÁ - M.TRANSP03 RAQUEL MARQUES DE SOUZA- M. SAÚDE04 ANTÔNIO FERREIRAMOITINHO - INSS04 DAGMAR JORGE DE AMORIM-M.SAÚDE04 PAULO ROBERTO DE SOUZA- AGU04 ZULEICA ESTACIO DE FREITAS- AGU05 ADELMO DA SILVA - INPI06 ELAINE DE ALMEIDA P.LOUREIRO - AGU06 MARIO MARCIO DE PAIVACAMPELLO - AGU07 IEDA GONÇALVES DE MELLO- INSS07 JOSÉ SOLITO - CNEN07 MARIA APARECIDA M.RODRIGUES - AGU07 MARIA DE LOURDESNOBREGA DUDA - M. TRANSP08 ÂNGELO MARCIO LEITÃOSOARES - AGU08 JETHER SOARES - INSS08 LILIA MARIA PINHEIRO DEOLIVEIRA - INMETRO08 MARCUS VINÍCIUS RAMOSRIBEIRO - CEFET09 ANTONIO FERNANDO F. DASILVA - M. TRANSP09 ARISTEU PERY TAVARES -INSS09 CARLOS CAMPUZANOMARTINEZ - AGU09 FIDELIS VARGAS SCOVINO -M. FAZ09 HILMA PEREIRA DOS SANTOS- INSS10 ESDRAS FERRAZ DE B.FRANCO - M. TRANSP10 JOSÉ PESSOA DA SILVA - M.FAZ10 LUIZ SERGIO DE TIOMNO -AGU10 SEBASTIÃO PEREIRA DECARVALHO - AGU11 ARQUELINA SILVA M. DE FARIA

- INCRA11 FRANCISCO JACOB G. EALMENDRA - INSS12 ALFREDO DOLCINO MOTTA- UFF12 JORGE LESSA DA COSTAISSA - AGU12 MARGARIDA RIBEIRO DEALMEIDA - M. FAZ12 MARIA CELIA DUARTEMEIRELLES - MPAS13 WALTER BOTTINO - MPAS14 DINORA MENEZES DA S. M.MONTEIRO - INCRA14 SILIO DE CAMPOSGONÇALVES - MPAS15 JOSÉ BENICIO VIANNABRAGA - MPOG16 ANTONIO REISMARCONDES - C.P.II17 LUIZ CARLOS DE ASSIS - M.FAZ19 ENYLDA DE ARAÚJOGUEDES - MPAS19 LUIZ CARLOS MACHADO ESILVA - AGU19 MAURO DA COSTA LEITE -AGU19 OTHON STOKLER PINTO -M.FAZ19 YVONNE PINTO VELLEZ -INSS20 ANA PATRÍCIA THEDINCORRÊA - AGU20 LOURIVAL DE SOUZA M.FILHO - AGU22 CARMEN LÚCIA VIEIRARAMOS LIMA - MPAS23 EDSON DA COSTA LOBO -AGU23 EUCLIDES BRAGA FILHO - M.TRANSP24 MARCIO BARBOSACORDEIRO - INSS25 ANNA MARIA MAURICIO DA R.R. BARBOSA - M. FAZ25 ROZANE DIAS DA SILVA - AGU29 CARLOS PLINIO DE C.CASADO - SUSEP30 FERNANDO CONDESANGENIS - INSS30 NYMPHA TOUZA CARELLI -IBAMA31 JOSÉ JOAQUIM CISNEPESSOA - INPI31 LYSIANE BANDEIRA DEMELLO - INCRA

Page 16: JUNHO 2010 JORNAL DA APAFERJ 1 · à PEC 443, de autoria do Deputado José Bonifácio da Andrada, hoje mais do que ... e em maio de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

JORNAL DA APAFERJ16 JUNHO 2010

PEÇO A PALAVRA

RosemiroRobinson S.JuniorVice-Presidente

Meus caros e fiéis leitores: euprometi, solenemente, ao diletoamigo Dr. Carlos AlbertoMambrini, Diretor Cultural daAPAFERJ, que caberia a elehomenagear o nosso saudoso einesquecível Editor-chefe, Dr.MILTON PINHEIRO BOR-GES, porquanto o Dr. Mam-brini, há algum tempo, publi-cou, neste jornal, interessantee comovente artigo sobre a fi-gura ímpar do estimado amigoe conterrâneo que, recente-mente, penetrou nas brumas daEternidade.

Contudo, revi minha posição,por entender que o Dr. MIL-TON é merecedor não apenas deum texto laudatório, mas atémesmo de uma edição inteira,talvez insuficiente para narraruma vida profícua e marcante,que alcançou quase um século,durante a qual o doublé deJornalista e Procurador Fe-deral manteve intangíveis astrês virtudes que ornamentamseu nome: Modéstia, Per-sistência e Bondade.

Ainda menino, Dr. MILTON,que nasceu na cidade do Assu,no Rio Grande do Norte, veio

para o Rio de Janeiro, passandoa estudar no famoso ColégioPedro II e, bem cedo, ingressouno jornalismo, atuando nascoberturas políticas e, depois, nosetor esportivo, onde se con-sagrou, trabalhando nos maisimportantes periódicos bra-sileiros, lado a lado com pro-fissionais que se destacaram nouniverso da imprensa nacional.

Nos intervalos do nosso “tra-balho voluntário”, ele mecontava saborosas estóriassobre as treze Copas Mundiaisde Futebol em que esteve pre-sente e, também, sobre as ex-cursões do nosso querido Fla-mengo, do qual era SócioBenemérito, conhecendo maisde quarenta países e convi-vendo com os maiores craquesque brilharam nos gramadosbrasileiros e d’além mar.

Coube ao meu prezado ami-go e conterrâneo, com a dedi-cada colaboração do JornalistaCarlos Alberto Pereira deAraújo e a minha participaçãode aprendiz de jornalista, aingente tarefa de mudar a facee o conteúdo do Jornal daAPAFERJ, fundamental elo deligação com os nossos asso-ciados e, hoje, celebrado comoveículo de comunicação dignode uma Associação de Ad-vogados.

Inobstante estar com a saúdeseriamente abalada, todos osmeses, religiosamente, bemantes do fechamento do jornal,ele me mandava o seus textos,tendo sido o último, intitulado“A Copa dá retorno mesmo?”,publicado na edição de abrilpretérito, em que faz umaanálise objetiva das vantagens

e desvantagens da Copa doMundo de Futebol de 2014, aser realizada no Brasil, sendoque a conclusão é otimista,marca registrada de suapersonalidade.

Eu tinha com o Dr. MILTONinúmeras afinidades: amboséramos potiguares, advogados eflamenguistas e, a par disso, cul-tivávamos o arraigado regio-nalismo que nos encantava eenvolvia, trazendo-me ele, comfreqüência, notícias sobre o RioGrande do Norte, incrustado,como se fora jóia de valor ines-timável, nos nossos coraçõesnordestinos.

A sala em que trabalho temhoje uma cadeira vazia, ondeantes se sentava o monumentalEditor-chefe, sempre sereno,afável e humilde, nunca im-pondo as suas opiniões e a suavontade, mas, inevitavelmente,pronto a acatar os entendi-mentos contrários, adotando alouvável posição de mediador,harmonizando os conflitos e

aceitando as ponderações quelhe fazíamos.

É de acentuar que duasnotáveis coincidências marca-ram a trajetória derradeira dogrande cronista esportivo: aprimeira, porque ele faleceu notranscurso da Copa do Mundode Futebol na África do Sul, e asegunda, porquanto ele com-pletaria noventa e um anos em11 de julho do corrente ano,data da final do referido torneio,como se a Morte, simboli-camente, quisesse homenagearum excepcional Jornalista, quededicou quase toda a sua Vidaao esporte, principalmente oFutebol. Foi sua última einacabada Copa.

Conforme escrevi alhures, àsvezes sentimentos negativospodem transmudar-se em po-sitivos. No meu caso, sintoinenarrável Orgulho por havertrabalhado com o Dr. MILTONe, ainda, levarei até o fim daminha existência a sadiaVaidade por ele me dizer que seeu tivesse me dedicado aoJornalismo, teria sido vitorioso,afirmativa que credito à ex-trema Bondade do meu inol-vidável amigo que, apesar defisicamente ausente, perma-nece presente na minha Lem-brança e na minha Saudade.

Do mesmo modo que escrevisobre meu querido e saudosoPai, posso, sem qualquerhesitação, afirmar sobre o meudileto e verdadeiro amigo, Dr.MILTON PINHEIRO BOR-GES: Adeus, prezado Dr.MILTON. Que a estrada daEternidade seja ampla, ilumi-nada e reta, a exemplo do quefoi a estrada da Vida.

A última Copa

– Amicitia vera similis

est consiguinitati

proximiori –

“A verdadeira amizade

assemelha-se ao mais

próximo parentesco por

consanguinidade”.

Gnoma medieval.