juliano marcon baltazar - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas...
TRANSCRIPT
JULIANO MARCON BALTAZAR
DIVERSIDADE E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE FUNGOS PORÓIDES
(HYMENOCHAETALES E POLYPORALES) EM REMANESCENTES DE
MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL
RECIFE
FEVEREIRO/2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS
DIVERSIDADE E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE FUNGOS PORÓIDES
(HYMENOCHAETALES E POLYPORALES) EM REMANESCENTES DE
MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL
Juliano Marcon Baltazar Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos do Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Fungos. Área de Concentração: Taxonomia e Ecologia de Fungos Orientador: Dra. Tatiana Baptista Gibertoni
RECIFE
FEVEREIRO/2010
Baltazar, Juliano Marcon Diversidade e aspectos ecológicos de fungos poróides (Hymenochaetales e Polyporales) em remanescentes de Mata Atlântica no Estado de Pernambuco, Brasil / Juliano Marcon Baltazar. – Recife: O Autor, 2010. 115 folhas : il., fig., tab.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Biologia de Fungos, 2010.
Inclui bibliografia.
1. Micologia – Pernambuco, Brasil 2. Fungos 3. Ecologia 4. Taxonomia I. Título. 579.59 CDD (22.ed.) UFPE/ CCB – 2010- 044
Pra cada voz da verdade
Outra diz: talvez não seja!
12 linhas, Siba e a Fuloresta
Dedico a Lari e Pepe, minha família em Recife,
e a meus pais, incentivadores incondicionais de
tudo o que faço.
Agradecimentos
Agradeço a Dra. Tatiana Baptista Gibertoni, por aceitar orientar-me durante este
trabalho e pelas muitas contribuições durante todo o mestrado. Também agradeço pelo
apoio e pela colaboração em trabalhos que foram além do proposto no projeto.
Ao Dr. Paulo J. P. Santos (Depto Zoologia/UFPE), pelo auxílio imprescindível no
delineamento do projeto e nas análises ecológicas.
Aos membros da banca examinadora desta dissertação, pelas contribuições: Dra. Clarice
Loguercio Leite, Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, Dr. Aristóteles Góes Neto e Dr. Iuri
Goulart Baseia.
Aos responsáveis pelas áreas de coleta, por permitirem o acesso às áreas e a coleta dos
materiais: à direção do Parque Dois Irmãos, ao Ricardo Souza Leão (administrador da
RPPN Carnijó), ao Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Caruaru
(Brejo dos Cavalos), e a Júlia Alves da ONG AMATUR e a Prefeitura Municipal de
Limoeiro (Mata do Estado).
A todos que auxiliaram ou acompanharam as coletas: Gilson Régio (Mata do Estado),
José Luciomario de Araújo (Brejo dos Cavalos), Larissa Trierveiler Pereira, Victor Rafael
M. Coimbra, Mônica Antunes Ulyssèa, Felipe Wartchow, Tatiana Baptista Gibertoni e
Valéria Santana.
À Dra. Leonor Costa Maia, curadora do Herbário Pe. Camille Torrend (URM), pelo
acesso às exsicatas depositadas neste herbário e por solicitar o empréstimo de exsicatas de
outros herbários. A todos que trabalham naquele herbário, pelo auxílio na localização de
exsicatas e no tombamento dos materiais deste trabalho. Aos curadores do herbários
FLOR, JPB, K e O, pelo empréstimo de materiais.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão de bolsa. Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos pelo auxílio
anual concedido. À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de
Pernambuco (FACEPE, APQ-0444-2.03/08), pelo financiamento parcial do projeto. À Pró-
Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ), pelo auxílio para a
participação no IV Congresso Latino-Americano de Micologia. À Associação Micológica
Carlos Spegazzini, pela concessão da “Beca Jorge E. Wright” durante o mesmo congresso.
Ao Dr. Leif Ryvarden (Universidade de Oslo, Noruega), pelo auxílio na identificação de
alguns espécimes e pela colaboração em alguns trabalhos.
Aos diversos micólogos que contribuíram com este trabalho pelo envio de bibliografia
ou por discussões: Dra. Adriana de Melo Gugliotta, Dr. Aristóteles Góes Neto, Dra.
Clarice Loguercio Leite, Dr. Gregory M. Mueller, Dra. Maria Alice Neves, Dr. Mario
Rajchenberg, MSc. Mateus A. Reck, BSc. Mauro Westphalen, Dra. Rosa Mara Borges da
Silveira, Dr. Shaun Pennycook, Dr. Tuomo Niemelä e Dr. Yu-Cheng Dai. À MSc. Allyne
C. G. Silva e MSc. Elisandro R. D. Santos, pelos trabalhos em parceria.
Aos professores das disciplinas que cursei, pela contribuição à minha formação.
Aos colegas de laboratório, pelo convívio, pelas discussões e pelos momentos de
descontração.
Por fim, agradeço a todos que me apoiaram durante estes dois anos de mestrado,
especialmente a minha esposa Larissa, a Penélope, a minha família, aos colegas de
mestrado e a meus amigos. Muito obrigado por tudo!
RESUMO
Os fungos poróides são caracterizados pelos basidiomas com himenóforo tubular/poróide.
A maioria das espécies desse grupo se desenvolve sobre madeira morta decompondo este
substrato. Com o objetivo de contribuir com o conhecimento sobre esses organismos no
Brasil, a diversidade e aspectos ecológicos de fungos poróides foram investigados em
quatro remanescentes de Mata Atlântica em Pernambuco. Percorreu-se um transecto de
500 × 20 m, em nove visitas a campo em cada área de estudo no período de junho/2008 a
maio/2009. Foram coletados 922 espécimes correspondendo a 67 espécies, 35 gêneros, oito
famílias e duas ordens. Duas espécies são novas para a ciência, cinco são novas
ocorrências para o Brasil, dez para o Nordeste e dez para Pernambuco. Nove espécies
foram encontradas em todas as áreas, enquanto o total de espécies encontradas em somente
uma das quatro áreas foi 39. A diversidade de fungos poróides não diferiu
significativamente entre os tipos vegetacionais estudados, enquanto houve diferença entre
as épocas chuvosa e seca. O número de ocorrências foi maior do que o esperado no estágio
intermediário de decomposição do substrato, e menor do que o esperado no estágio
avançado. O número de troncos disponíveis em uma classe de diâmetro parece ser mais
importante para a ocorrência de fungos poróides do que a área de madeira disponível nesta
classe, enquanto a área parece ser importante para o número de espécies.
Palavras-chave: Basidiomycota, Agaricomycetes, Aphyllophorales, ecologia, taxonomia.
ABSTRACT
The polypores are characterized by the basidiomata with tubular/poroid hymenophore.
Most of the polypores species are wood decayer. In order to increase the knowledge about
these organisms in Brazil, the diversity and ecological aspects of polypores were
investigate in four Atlantic Rain forests remants in the State of Pernambuco. A transect of
500 × 20 m was surveyed nine times in each area from June/2008 to May/2009. A total of
922 specimens were collected, corresponding to 67 species, 35 genera, eight families and
two orders. Two species are new to science, five are new records from Brazil, ten to the
Northeastern region and ten to Pernambuco. Nine species were found in all four areas,
while 39 species were found only in one of the four areas. There was no significant
difference of the diversity of polypores among the studied vegetagion types, while there
was difference between the rainy and dry seasons. The number of occurrences was higher
than expected in the decay stage 2, and less than expected in decay stage 3. The number of
available trunks in a diameter class seems to be more important to the polypores incidence
than the available wood area in the same class, while this area seems to be important to the
number of species.
Key-words: Basidiomycota, Agaricomycetes, Aphyllophorales, ecology, taxonomy.
Lista de figuras
Pág.
Figura 1 – Características microscópicas de “Coltricia velutina” ................................ 40
Figura 2 – Características microscópicas de “Diplomitoporus ellipsosporus” ............. 67
Figura 3 – Características macroscópicas de “Coltricia velutina” ............................... 95
Figura 4 – Basidiomas de novos táxons e novas ocorrências para o Brasil .................. 96
Figura 5 – Número de gêneros e espécies encontrados por família .............................. 97
Figura 6 – Número de espécimes coletados por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA
= RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) ............................
98
Figura 7 – Número de espécies coletadas por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA =
RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) ................................
98
Figura 8 – Curvas cumulativas de espécies para as áreas estudadas (DI = Parque
Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) .
99
Figura 9 – Valores totais de precipitação mensal nas áreas de coleta durante o
período de junho/2008 a maio/2009 .............................................................................
102
Lista de tabelas
Pág.
Tabela 1 – Famílias e espécies de fungos poróides encontradas, indicando as novas
ocorrências para o estado de Pernambuco (PE), para a região Nordeste (NE), para o
Brasil (BR) e para a ciência (CI) ..................................................................................
22
Tabela 2 – Simililaridade entre as áreas calculadas com o índice de Sørensen ........... 99
Tabela 3 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os
valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator
área (Rglobal = 0,758, p < 0,001, número de permutações = 10000) ..............................
100
Tabela 4 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os
valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator
área para setembro/2008 (Rglobal = 0,433, p < 0,001, número de permutações =
10000) ...........................................................................................................................
100
Tabela 5 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os
valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator
área para maio/2009 (Rglobal = 0,341, p < 0,001, número de permutações = 10000) ....
101
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15
2.1. Fungos poróides em Mata Atlântica ....................................................................... 15
2.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides ................................................................ 16
3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 18
3.1. Áreas de coleta ........................................................................................................ 18
3.2. Coletas, herborização e análise dos espécimes ....................................................... 19
3.3. Análise dos dados ecológicos ................................................................................. 20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 22
4.1 Taxonomia ............................................................................................................... 22
4.1.1. Fomitopsidaceae .................................................................................................. 27
4.1.2. Ganodermataceae ................................................................................................ 31
4.1.3. Grammotheleaceae .............................................................................................. 36
4.1.4. Hymenochaetaceae .............................................................................................. 37
4.1.5. Meripilaceae ........................................................................................................ 56
4.1.6. Phanerochaetaceae ............................................................................................. 58
4.1.7. Polyporaceae ....................................................................................................... 60
4.1.8. Schizoporaceae .................................................................................................... 93
4.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides nas áreas estudadas ................................ 96
4.2.1. Diversidade de fungos poróides nas áreas estudadas .......................................... 96
4.2.2. Análises de similaridade (ANOSIM) .................................................................. 99
4.2.3. Importância do nível de decomposição e do tamanho do substrato na
composição das espécies ...............................................................................................
102
5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 106
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 13
1. INTRODUÇÃO
Os fungos poróides são basidiomicetos macroscópicos caracterizados por apresentarem
o himenóforo tubular ou poróide (Gilbertson & Ryvarden, 1986; Alexopoulos et al., 1996).
Muitas espécies deste grupo possuem relações filogenéticas distantes, o que já era
reconhecido por Donk (1964). Este autor classificou as espécies poróides nas famílias
Bondarzewiaceae, Coniophoraceae, Corticiaceae, Hymenochaetaceae, Ganodermataceae,
Polyporaceae e Thelephoraceae. Estas famílias, entretanto, também acomodam espécies
com outras configurações himenoforais que não tubular/poróide. Segundo o sistema de
classificação adotado por Kirk et al. (2008), as espécies de basidiomicetos poróides estão
distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes.
Atualmente, cerca de 1200 espécies desses organismos são conhecidas, de um total em
torno de 100 mil espécies descritas no Reino Fungi (Mueller et al., 2007). Entretanto, a
diversidade fúngica é estimada em torno de 1,5 milhão de espécies (Hawksworth, 1991),
sendo este número visto como conservador em trabalhos mais recentes (Cannon, 1997;
Hawksworth, 2001). Considerando estes dados, o conhecimento atual do reino
corresponderia à cerca de 7% da real diversidade.
A maioria das espécies de basidiomicetos poróides se desenvolve sobre madeira morta
decompondo este substrato. Entretanto, existem também espécies capazes de colonizar
tecidos vegetais vivos, sendo algumas delas estritamente parasitas (Alexopoulos et al.,
1996). Recentemente foi comprovado que algumas espécies de Coltricia e Coltriciella,
fungos que se desenvolvem no solo ou madeira em decomposição, são capazes de
estabelecer relações ectomicorrízicas (Tedersoo et al., 2007).
As espécies decompositoras de madeira são aquelas que possuem papel ecológico mais
evidente, visto que são os principais decompositores de madeira em todos os ecossistemas
arbóreo-arbustivos do mundo (Rossman et al., 1998). Eles degradam a matéria orgânica,
permitindo que esta seja reutilizada por outros organismos, além de disponibilizar áreas do
solo de florestas ocupadas por matéria orgânica morta (Hyde & Lee, 1995). Os fungos
poróides estão entre os poucos organismos capazes de degradar lignina, o que os torna
imprescindíveis no processo de decomposição (Carlile et al., 2001).
Graças a essa capacidade, algumas espécies desse grupo de fungos estão sendo
estudadas quanto o seu potencial biotecnológico. Exemplos são a utilização desses fungos
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 14
em biorremediação de solos, tendo em vista a capacidade de algumas espécies em degradar
organopoluentes (Namhyun et al., 2000), bem como em processos de polpação e no
tratamento de efluentes nas indústrias de celulose e papel (Raghukumar, 2000).
A Mata Atlântica é uma formação vegetal arbórea, tipicamente tropical, que abrange a
região litorânea da costa brasileira do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, com
algumas incursões no interior das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e da
Argentina e Paraguai. Estima-se que sua área original era cerca de 1,36 milhões de km2
(Porto et al., 2006), e atualmente está reduzida a 7,26% desse valor (Fundação SOS Mata
Atlântica & INPE, 2008).
Por outro lado, os brejos de altitude são ilhas de formações vegetacionais úmidas e
subúmidas, inseridas nas zonas semi-áridas do agreste e do sertão nordestinos (Andrade-
Lima, 1960; 1961). São caracterizados por uma vegetação arbórea mais densa
condicionada pela orografia, proporcionando um microclima diferenciado com
pluviosidade superior à do entorno, que é constituída por vegetação xerófita de caatinga
(Andrade-Lima, 1960; Andrade & Lins, 1964). Os brejos são considerados disjunções da
floresta estacional semidecidual montana (IBGE, 1985), sendo esta um dos tipos
vegetacionais que compõem a Mata Atlântica (Veloso et al., 1991).
A Zona da Mata de Pernambuco tem sido investigada quanto à diversidade de
basidiomicetos poróides (Cavalcanti, 1976; 1987; Gibertoni & Cavalcanti, 2000; 2003,
Gibertoni et al., 2004a,b,c). Entretanto, nenhum estudo específico sobre estes organismos
em brejos de altitude foi realizado até o momento. Cavalcanti (1976) relata a ocorrência de
18 espécies nestas vegetações, porém seu trabalho foi dedicado a Zona da Mata, que é
composta principalmente por Mata Atlântica de planície.
O presente trabalho objetivou contribuir para o conhecimento relativo à diversidade de
fungos poróides em áreas de Mata Atlântica de Pernambuco, especialmente brejos de
altitude, além de investigar parâmetros ecológicos (diversidade, análises de similaridade e
relações com o substrato) de comunidades destes fungos em brejos de altitude e floresta
Atlântica de terra baixa.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Fungos poróides em Mata Atlântica
O início dos estudos de basidiomicetos poróides em Mata Atlântica coincide com a
primeira coleta de um fungo realizada no Brasil, já que este se trata de um espécime de
Pycnoporus sanguineus coletado em 1767 nas cercanias da cidade do Rio de Janeiro
(Fidalgo, 1970).
Até meados do século XIX, os relatos desses fungos em Mata Atlântica são esporádicos
e nenhum trabalho sistemático foi realizado (Fidalgo, 1968c). As primeiras contribuições
substanciais à esse conhecimento foram publicadas por micólogos europeus, com base em
espécimes coletados por naturalistas do mesmo continente em viagens ao Brasil (Berkeley,
1842; Hennings, 1902; 1904a,b; Patouillard, 1907).
Posteriormente, três europeus residentes no Brasil fizeram uma importante contribuição
ao estudar basidiomicetos poróides dos estados da Bahia e Rio Grande do Sul,
principalmente (Rick, 1907; 1924; 1938a,b; 1959a,b; 1960; Theissen, 1911; 1912; Torrend,
1920a,b; 1922; 1926; 1935, 1938). Infelizmente, muitos dos espécimes estudados por estes
autores carecem de informações precisas sobre o local de coleta, o que impossibilita
afirmar em qual bioma brasileiro estas espécies ocorrem com base apenas em seus
trabalhos.
As contribuições recentes mais importantes têm sido publicadas por grupos de pesquisas
situados nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina
(Baltazar & Gibertoni, 2009).
O primeiro trabalho sobre fungos poróides no estado de Pernambuco foi publicado por
Tavares (1939), que registra a ocorrência de 23 espécies. O Instituto de Micologia, fundado
e dirigido pelo Professor Augusto Chaves Batista, produziu três trabalhos sobre o tema nas
décadas de 40 e 60 do século passado (Batista, 1949; Batista & Bezerra, 1960; Singer,
1961).
Posteriormente, uma contribuição significante foi dada por Cavalcanti (1976), que
registrou a ocorrência de 37 espécies para a Zona da Mata de Pernambuco e alguns brejos
de altitude. Nas duas décadas seguintes, o único trabalho em áreas de Mata Atlântica em
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 16
Pernambuco tratou do primeiro relato de Albatrellus ovinus (Schaeff.) Kotl. & Pouzar para
o Brasil (Cavalcanti, 1987).
Uma nova contribuição significativa ao conhecimento destes organismos em
Pernambuco só ocorreu nesta década, com os trabalhos de Gibertoni & Cavalcanti (2000;
2003), Gibertoni (2004) e Gibertoni et al. (2004a,b,c).
Recentemente, Baltazar & Gibertoni (2009) compilaram as espécies de fungos poróides
registradas para a Mata Atlântica brasileira, juntamente com outras espécies anteriormente
classificadas na Ordem Aphyllophorales. Nas referências bibliográficas deste artigo estão
relacionados praticamente todos os trabalhos sobre esses fungos em Mata Atlântica.
2.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides
Os estudos sobre aspectos ecológicos de fungos poróides tiveram início recentemente, e
geralmente estão incluídos em trabalhos que os abordam juntamente com outros grupos de
basidiomicetos xilófilos. Alguns desses trabalhos avaliam a relação entre diversidade e os
estágios sucessionais de florestas (Iwabuchi et al., 1994; Sippola & Renval, 1999; Nordén
& Paltto, 2001; Packham et al., 2002; Rolstad et al., 2004). Com exceção de Nórden &
Paltto (2001), todos os trabalhos encontraram uma correlação positiva entre riqueza de
espécies e idade dos fragmentos florestais, sendo a causa desses resultados, segundo os
autores, devido à maior oferta de madeira morta com grande variedade de estágios de
decomposição em fragmentos mais antigos. Nórden & Paltto (2001) encontraram uma
correlação negativa entre estes fatores, porém não souberam explicar estes resultados.
Hattori (2005), estudando basidiomicetos poróides em florestas do Japão, concluiu que a
composição florística influencia a riqueza e diversidade deste grupo de fungos.
Outros trabalhos abordam a influência de distúrbios ambientais e/ou fragmentação de
habitat na composição das comunidades fúngicas (Bader et al., 1995; Lodge & Cantrell,
1995; Lindblad, 1998; 2001a; Sverdrup-Thygesona & Lindenmayer, 2003; Lindhe et al.,
2004; Pentillä et al., 2004; 2006; Yamashita et al., 2008). De uma forma geral, todos os
trabalhos concluem que distúrbios ambientais e/ou fragmentação de habitat afetam
negativamente a riqueza e diversidade desse grupo.
Outro tema recorrente na literatura é a avaliação da influência de características do
substrato na composição de comunidades fúngicas (Renvall, 1995; Lindblad, 1998; 2001a;
Nordén & Paltto, 2001; Heilmann-Clausen & Christensen, 2004; Nordén et al., 2004;
Urcelay & Robledo, 2004; Siitonen et al., 2005; Gibertoni et al., 2007; Gibertoni, 2008;
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 17
Küffer et al., 2008). A maioria dos trabalhos demonstra que a riqueza e diversidade de
fungos poróides estão positivamente relacionadas ao tamanho ou estágio de decomposição
do substrato, porém os resultados discordam quanto às classes de tamanho e de
decomposição que apresentam maior ocorrência e número de espécies de fungos poróides.
A especificidade ou preferência por hospedeiro também foi estudada em alguns
trabalhos recentes (Lindblad, 2000; Gilbert & Sousa, 2002; Gilbert et al., 2002; 2008;
Robledo et al., 2006; Drechsler-Santos et al., no prelo). Com exceção de Gilbert et al.
(2002), todos os trabalhos encontraram algum grau de preferência ou especificidade de
hospedeiro em espécies de fungos poróides.
Alguns trabalhos parecem ser exclusivos no tema abordado. Núñez (1996) avaliou a
presença de basidiomicetos poróides em um gradiente de altitude e umidade, e concluiu
que florestas úmidas podem servir como refúgios para que estes esporulem, já que a
maioria dos basidiomas encontrados em florestas secas estava estéril. A mesma autora não
encontrou diferenças significantes em relação à altitude. Lindblad (2001b) investigou a
diversidade de basidiomicetos poróides e corticióides ao longo de um gradiente de
precipitação, concluindo que a diversidade varia de florestas secas para úmidas.
Recentemente, Urcelay & Robledo (2009) analisaram a relação entre tamanho do substrato
e tamanho dos basidiomas, e encontraram uma relação positiva entre esses fatores.
A maioria dos trabalhos citados acima foi realizada em florestas subtropicais,
temperadas ou boreais. Entretanto, alguns trabalhos foram realizados em florestas tropicais
(Lodge & Cantrell, 1995; Lindblad, 2000; 2001a,b; Gilbert & Sousa, 2002; Gilbert et al.,
2002; 2009; Yamashita et al., 2008). Os únicos trabalhos realizados no Brasil são os de
Gibertoni et al. (2007), Gibertoni (2008) e Drechsler-Santos et al. (no prelo).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 18
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Áreas de coleta
As áreas onde foram realizadas as coletas compreendem quatro remanescentes de Mata
Atlântica no estado de Pernambuco, sendo dois brejos de altitude (Brejo dos Cavalos e
Mata do Estado) e duas áreas de floresta Atlântica de terra baixa (Parque Dois Irmãos e
Reserva Ecológica Carnijó).
O Parque Ecológico João de Vasconcelos Sobrinho (BC), conhecido popularmente por
Brejo dos Cavalos, está situado no município de Caruaru, entre 800 a 950 m de altitude
(Bandeira & Vasconcellos, 2004). O parque, que possui uma área de 90,41 km2 (Santos &
Tabarelli, 2004), abriga uma floresta exuberante e de considerável diversidade (CPRH,
1994), o que levou a Conservation International do Brasil et al. (2000) a considerá-lo área
prioritária para a conservação da Mata Atlântica. O parque é uma das Unidades de
Conservação de brejos de altitude sobre o maciço da Borborema, criado através da Lei
Municipal Nº 2.796, de 07/07/1983 (Locatelli et al., 2004).
O outro brejo de altitude explorado, a Mata do Estado (ME), está situado no município
de São Vicente Férrer e possui uma área de 41,40 km2 e altitude por volta de 550 m
(Santos & Tabarelli, 2004). Assim como o Brejo dos Cavalos, a Mata do Estado também
está situada sobre o maciço da Borborema, e faz parte do complexo da Serra do
Mascarenhas e Jundiá. É uma importante reserva florestal, pois possui cerca de 30
nascentes, destacando-se aquelas que contribuem para a formação das Bacias dos Rios
Siriji e Capibaribe-Mirim (CPRH, 1994).
O Parque Dois Irmãos (DI) está localizado no município de Recife e possui uma área de
374 ha. Este parque corresponde a um dos mais significativos do Estado em extensão e
biodiversidade, sendo formado por um remanescente de Mata Atlântica em estágio
avançado de regeneração. Por isso, assim como o Brejo dos Cavalos, foi considerado pela
Conservation International do Brasil et al. (2000) como área prioritária para a conservação
da Mata Atlântica. Atualmente a área é administrada pela Companhia de Saneamento de
Pernambuco (COMPESA).
A Reserva Ecológica Carnijó (CA), ou Reserva Particular do Patrimônio Natural
Fazenda Santa Beatriz de Carnijó, foi reconhecida como RPPN pelo IBAMA em 2001.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 19
Está situada no município de Moreno, ao nível do mar, e é formada por remanescentes de
Mata Atlântica, totalizando uma área de 126,5 ha (Reserva Ecológica Carnijó, 2008).
3.2. Coletas, herborização e análise dos espécimes
Em cada área de estudo foi definido um transecto de 500 × 20 m em uma trilha pré-
existente, dividido em 5 subtransectos de 100 × 20 m. Foram realizadas expedições
mensais em cada área de julho a novembro de 2008, e bimestrais de janeiro a maio de
2009. Espécimes foram coletados sempre que encontrados em bom estado; aqueles
encontrados em grau avançado de deterioração não foram coletados. Os basidiomas foram
retirados do substrato com auxílio de uma faca ou canivete, e acondicionados em sacos de
papel, nos quais foram anotados os dados da coleta (data, transecto, substrato, número do
tronco quando este estava marcado). Em laboratório, os basidiomas foram mantidos em
estufa a 45 °C por um período de 2-4 dias para secagem (Fidalgo & Bononi, 1989),
variando para cada material.
A análise macroscópica dos basidiomas foi feita a olho nu e em microscópio
estereoscópico, e as seguintes características foram observadas: modo de inserção no
substrato, tamanho (comprimento, largura, espessura), consistência, cor e características
das superfícies do píleo e dos poros, dos tubos, do contexto e da margem do basidioma. As
cores foram codificadas de acordo com a carta de Watling (1969).
Para a análise microscópica foram feitos cortes a mão livre de diferentes partes do
basidioma (cobertura do píleo, contexto e tubos) em microscópio estereoscópico,
utilizando uma lâmina de aço. Os cortes foram colocados entre lâmina e lamínula, para
observação em microscópio de luz com diferentes objetivos: em solução aquosa de
hidróxido de potássio 3-5% e floxina a 1% para a observação e medição de
microestruturas, sendo o primeiro um hidratante e a segunda um corante citoplasmático;
em reagente de Melzer (Ryvarden, 2004) para observação das reações das paredes das
microestruturas, que podem ser negativas ou positivas — amilóides (tom azul a roxo) ou
dextrinóides (tom castanho a avermelhado); e em azul de algodão, para observar a reação
nas microestruturas, sendo estas chamadas de cianófilas quando a reação for positiva. As
características microscópicas observadas foram: sistema hifálico e características das hifas,
basídios, basidiosporos e elementos estéreis (cistídios, setas, medas, etc). As
microestruturas foram medidas com auxílio de uma ocular micrometrada em aumento de
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 20
1000x, e ilustrações foram feitas utilizando uma câmara clara acoplada ao microscópio de
luz.
Após as análises macro e microscópicas os espécimes foram identificados com apoio de
bibliografia especializada, principalmente os trabalhos de Ryvarden & Johansen (1980),
Gilbertson & Ryvarden (1986; 1987), Ryvarden (2004; 2005), Núñez & Ryvarden (1995;
2000; 2001). Adotou-se o sistema de classificação de Kirk et al. (2008) para os níveis
taxonômicos acima de gênero.
Os espécimes identificados foram depositados no Herbário Padre Camille Torrend
(URM) do Departamento de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco.
3.3. Análise dos dados ecológicos
Para as análises de dados, foram construídas planilhas no programa Microsoft Excel
2003® relacionando a presença (1) ou ausência (0) de cada espécie em cada uma das 36
visitas a campo (nove visitas em cada uma das quatro áreas). A partir dessas planilhas,
foram realizadas análises utilizando o software PRIMER® 5.2.4. (Plymouth Routines in
Multivariate Ecological Researches).
Foi utilizado como medida de similaridade nas análises de similaridade (ANOSIM) o
índice de Sørensen, que é calculado pela fórmula S = 2c/a+b, na qual a representa o
somatório das ocorrências de todas as espécies na primeira localidade, b, o somatório das
ocorrências de todas as espécies na segunda localidade, e c o somatório das ocorrências
comuns a ambas as localidades (Sørensen, 1948). O resultado varia entre 0 (desigualdade
absoluta) e 1 (igualdade absoluta).
A ANOSIM consiste em um teste de permutações que permite testar
diferenças/similaridades entre grupos de amostras (Clarke & Warwick, 1994; Clarke &
Gorley, 2001). A ANOSIM (com um fator ou com dois fatores cruzados) foi utilizada para
investigar se existe diferença significativa na estrutura da associação de fungos poróides
quando as amostras são organizadas de acordo com os seguintes fatores: época de coleta
(mês seco ou chuvoso) e área (Dois Irmãos, Carnijó, Mata do Estado e Brejo dos Cavalos)
ou tipo de vegetação (mata atlântica de terra baixa ou brejo de altitude).
Foram considerados meses secos aqueles em que o valor total de precipitação mensal
foi abaixo do limite inferior do intervalo de confiança (95%) para o valor médio anual das
médias históricas mensais de precipitação. Os valores de precipitação foram fornecidos
pelo Laboratório de Metereologia de Pernambuco do Instituto de Tecnologia de
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 21
Pernambuco (LAMEPE/ITEP). Para a RPPN Carnijó, foram utilizados os dados de
precipitação da estação metereológica localizada no município de Vitória de Santo Antão,
pois não existe estação metereológica no município de Moreno, onde está localizada a
reserva. Como o alcance de cada estação metereológica é de 150 Km, e os dois municípios
são vizinhos, estes dados são considerados confiáveis.
Também no PRIMER®, foi gerada a curva cumulativa de espécies (curva de coletor) de
cada área. Esta foi construída a partir das permutações dos meses que compunham a
amostra de cada área (número de permutações = 10000). Para gerar a curva, foram
utilizados os dados de presença e ausência das espécies nos cinco subtransectos de cada
área, em cada uma das nove visitas a campo (total = 45). A curva cumulativa de espécies é
uma relação espécie-área que indica suficiência/insuficiência amostral (Schilling & Batista,
2008).
Também foi investigada a importância do nível de degradação e do tamanho do
substrato (diâmetro, área e volume) para a diversidade dos fungos poróides decompositores
de madeira. Para isso, os troncos caídos com diâmetro maior que 10 cm e comprimento
maior que 2 m foram marcados, numerados, medidos, e sua área e volume foram
calculados. O estágio de decomposição do substrato foi avaliado de acordo com
metodologia proposta por Nordén & Paltto (2001); foi considerado estágio 1 a madeira
ainda rígida em que uma faca penetre no máximo 2 mm com a força da mão; no estágio 2,
quando a faca penetrar facilmente 2-20 mm com a força da mão; e no estágio 3 a madeira
frágil em que a faca penetre facilmente através do tronco. Testes de χ2 foram realizados
para avaliar se houve um número de ocorrências ou de espécies maior ou menor do que o
esperado para cada classe de decomposição ou de tamanho do substrato. O programa
StatiGraphics® 3.6 foi utilizado para estabelecer os limites das classes de tamanho (área,
volume e diâmetro). O número de ocorrências e o de espécies esperados para cada classe
foi calculado pela divisão do número de troncos na respectiva classe pelo número total de
troncos.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Taxonomia
Foram encontradas 67 espécies, distribuídas em 35 gêneros e oito famílias (Tabela 1). O
enquadramento em nível de família segue o trabalho de Kirk et al. (2008). Para cada
família é fornecida uma chave para a identificação dos gêneros. Para facilitar a utilização
deste trabalho na identificação de fungos poróides, os gêneros de Fomitopsidaceae,
Grammotheleaceae, Meripilaceae, Phanerochaetaceae, Polyporaceae e Schizoporaceae
são tratados em uma única chave.
Uma discussão é fornecida para cada gênero, assim como uma chave para a
identificação das espécies daqueles gêneros com duas ou mais espécies encontradas. Para
cada espécie são fornecidas referências para descrições completas, uma lista dos materiais
examinados, distribuição, substrato e comentários. Descrição, fotos dos basidiomas e
desenhos das microestruturas são fornecidos para as espécies novas para a ciência, bem
como fotos dos basidiomas das espécies registradas pela primeira vez para o Brasil. As
fotos dos basidiomas estão localizadas no final desta seção, enquanto os desenhos das
microestruturas estão logo após a respectiva espécie. Os nomes ainda não publicados
validamente são citados entre aspas, seguidos das respectivas autoridades quando citados
pela primeira vez.
Além das referências citadas para cada espécie, boas descrições podem ser encontradas
em Overholts (1953), Cunningham (1965), Ryvarden & Johansen (1980), Corner (1984;
1987, 1989a,b; 1991), Gilbertson & Ryvarden (1986; 1987), Núñez & Ryvarden (2000;
2001) e Ryvarden (2004; 2005), além dos bancos de dados CBS (http://www.cbs.knaw.nl/
databases/aphyllo/database.aspx) e Mycobank (http://www. mycobank.org/).
Tabela 1. Famílias e espécies de fungos poróides encontradas, indicando as novas ocorrências para o estado de Pernambuco (PE), para a região Nordeste (NE), para o Brasil (BR) e para a ciência (CI).
Famílias e espécies Novas ocorrências Fomitopsidaceae Jülich Fomitopsis cupreorosea (Berk.) J. Carranza & Gilb. PE Fomitopsis lilacinogilva (Berk.) J.E. Wright & J.R. Deschamps BR Fomitopsis nivosa (Berk.) Gilb. & Ryvarden
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 23
Tabela 1. Continuação Famílias e espécies Novas ocorrências
Laetiporus sulphureus (Bull.:Fr.) Murrill PE Ganodermataceae Donk Amauroderma omphalodes (Berk.) Torrend Amauroderma partitum (Berk.) Wakef. Amauroderma sprucei (Pat.) Torrend Ganoderma australe (Fr.) Pat. Ganoderma chalceum (Cooke) Steyaert NE Ganoderma stipitatum (Murrill) Murrill Grammotheleaceae Jülich Grammothele cf. fuligo (Berk. & Broome) Ryvarden NE Hymenochaetaceae Imazeki & Toki Coltricia cinnamomea (Jacq.) Murrill “Coltricia velutina” Baltazar & Gibertoni CI Coltriciella navispora T.W. Henkel et al. Fomitiporella umbrinella (Bres.) Murrill Fomitiporia maxonii Murrill Fulvifomes fastuosus (Lév.) Bondartseva & S. Herrera “Fulvifomes melleoporus” (Murrill) Baltazar & Gibertoni PE “Fulvifomes membranaceus” (J.E. Wright & Blumenf.) Baltazar & Gibertoni
“Fulvifomes merrillii” (Murrill) Baltazar & Gibertoni PE “Fuscoporia chrysea” (Lév.) Baltazar & Gibertoni BR Fuscoporia ferrea (Pers.) G. Cunn. NE Fuscoporia gilva (Schwein.) T. Wagner & M. Fisch. Fuscoporia senex (Nees & Mont.) Ghob.-Nejh. “Hymenochaete iodina” (Mont.) Baltazar & Gibertoni “Inonotus portoricensis” (Overh.) Baltazar & Gibertoni PE Inonotus pseudoglomeratus Ryvarden BR Phylloporia chrysita (Berk.) Ryvarden Phylloporia spathulata (Hook.) Ryvarden PE Meripilaceae Jülich Rigidoporus lineatus (Pers.) Ryvarden Rigidoporus vinctus (Berk.) Ryvarden Phanerochaetaceae Jülich Antrodiella hydrophila (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden PE Antrodiella versicutis (Berk. & M.A. Curtis) Gilb. & Ryvarden Polyporaceae Fr. ex Corda Coriolopsis caperata (Berk.) Murrill
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 24
Tabela 1. Continuação Famílias e espécies Novas ocorrências
Coriolopsis rigida (Berk. & Mont.) Murrill Datronia decipiens (Bres.) Ryvarden PE Dichomitus cavernulosus (Berk.) Masuka & Ryvarden “Diplomitoporus ellipsosporus” Baltazar et al. CI Diplomitoporus venezuelicus Ryvarden & Iturr. BR Earliella scabrosa (Pers.) Gilb. & Ryvarden Flabellophora obovata (Jungh.) Núñez & Ryvarden Flabellophora parva Corner NE Fomes fasciatus (Sw.) Cooke Hexagonia hydnoides (Sw.) M. Fidalgo Hexagonia papyracea Berk. Lenzites stereoides (Fr.) Ryvarden Nigrofomes melanoporus (Mont.) Murrill Nigroporus vinosus (Berk.) Murrill Pachykytospora alabamae (Berk. & Cooke) Ryvarden NE Pachykytospora papyracea (Schwein.) Ryvarden NE Perenniporia contraria (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden Perenniporia martia (Berk.) Ryvarden Perenniporia ochroleuca (Berk.) Ryvarden PE Polyporus arcularius (Batsch) Fr. NE Polyporus dictyopus Mont. Polyporus guianensis Mont. Polyporus ianthinus Gibertoni & Ryvarden Polyporus leprieurii Mont. Polyporus puttemansii Henn. NE Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr. Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill Tinctoporellus epimiltinus (Berk. & Broome) Ryvarden NE Trametes lactinea (Berk.) Sacc. NE Trametes membranacea (Sw.) Kreisel Trichaptum durum (Jungh.) Corner BR Trichaptum sector (Ehrenb.) Kreisel Schizoporaceae Jülich Hyphodontia flavipora (Berk. & M.A. Curtis ex Cooke) Sheng H. Wu
PE
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 25
Chave para as famílias de fungos poróides
1a. Basidiosporos com parede dupla, a interna ornamentada e pigmentada, a externa hialina
e delgada ................................................................................................... Ganodermataceae
1b. Basidiosporos com uma parede, lisa a ornamentada, delgada a distintamente espessa,
hialina a pigmentada ............................................................................................................ 2
2a. Basidiomas em tons de marrom, castanho e amarelo, escurecendo permanentemente
ao contato com KOH (reação xantocróica), sistema hifálico mono a dimítico, hifas
generativas com septo simples, geralmente amarelas a castanhas em KOH .....................
............................................................................................................ Hymenochaetaceae
2b. Basidiomas de coloração variada, raramente escurecendo ao contato com KOH,
sistema hifálico mono, di ou trimítico, hifas generativas com grampo de conexão ou
septo simples, geralmente hialinas em KOH .................... outras famílias (chave abaixo)
Chave para os gêneros de Fomitopsidaceae, Grammotheleaceae, Meripilaceae,
Phanerochaetaceae, Polyporaceae e Schizoporaceae
1a. Basidiosporos radialmente estriados ............................. Pachykytospora (Polyporaceae)
1b. Basidiosporos lisos ........................................................................................................ 2
2a. Hifa generativa com septo simples ........................................................................... 3
2b. Hifa generativa com grampo de conexão ................................................................. 5
3a. Basidioma carnoso quando fresco, fibroso e macio quando seco .....................................
................................................................................................ Laetiporus (Fomitopsidaceae)
3b. Basidioma cartilaginoso, coriáceo ou lenhoso quando fresco, rígido quando seco ...... 4
4a. Basidioma vináceo escuro a negro, sistema hifálico dimítico, hifas amareladas a
castanhas, cistídios raros, castanhos ..................................... Nigrofomes (Polyporaceae)
4b. Basidioma creme, alaranjado a rosado, sistema hifálico monomítico, hifas
geralmente hialinas, cistídios presentes ou ausentes, hialinos ...........................................
............................................................................................... Rigidoporus (Meripilaceae)
5a. Himênio restrito ao fundo dos tubos ....................... Grammothele (Grammotheleaceae)
5b. Himênio recobrindo inteiramente os tubos, exceto as bordas dos dissepimentos ......... 6
6a. Basidioma ressupinado, substrato com uma zona vermelha distinta ...........................
.......................................................................................... Tinctoporellus (Polyporaceae)
6b. Basidioma ressupinado a estipitado, substrato sem zona vermelha .......................... 7
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 26
7a. Hifas esqueletais arboriformes ou do tipo Bovista ........................................................ 8
7b. Hifas esqueletais raramente ramificadas, não do tipo arboriforme ou Bovista ........... 10
8a. Basidiosporos subglobosos a elipsóides ou lacrimóides, com parede espessa,
truncados ou não, dextrinóides a indextrinóides ................ Perenniporia (Polyporaceae)
8b. Basidiosporos elipsóides a cilíndricos, com parede delgada, nunca truncados ou
dextrinóides ..................................................................................................................... 9
9a. Basidioma ressupinado a efuso-reflexo, hifas esqueletais fortemente dextrinóides .........
.................................................................................................... Dichomitus (Polyporaceae)
9b. Basidioma estipitado a raramente pileado séssil, hifas esqueletais dos dissepimentos
dextrinóides em uma espécie ....................................................... Polyporus (Polyporaceae)
10a. Cistídios himeniais presentes ................................................................................ 11
10b. Cistídios himeniais ausentes ................................................................................. 12
11a. Sistema hifálico pseudo-dimítico (hifas generativas com parede espessa e septos
distantes), hifas incrustadas nos dissepimentos, cistídios capitados ......................................
.............................................................................................. Hyphodontia (Schizoporaceae)
11b. Sistema hifálico distintamente dimítico, hifas sem incrustações, cistídios subulados a
clavados ..................................................................................... Trichaptum (Polyporaceae)
12a. Contexto branco a creme ou ocráceo, hifas geralmente hialinas .......................... 13
12b. Contexto marrom dourado, marrom escuro, rosado, vináceo ou negro, hifas
hialinas ou pigmentadas ................................................................................................ 19
13a. Basidioma distintamente estipitado, píleo flabeliforme a espatulado, raramente
dimidiado .............................................................................. Flabellophora (Polyporaceae)
13b. Basidioma ressupinado a pileado séssil, podendo ter uma base contraída ou sub-estipe
............................................................................................................................................ 14
14a. Basidioma cartilaginoso e flexível quando fresco, denso, rígido e geralmente
translúcido quando seco ............................................... Antrodiella (Phanerochaetaceae)
14b. Basidioma coriáceo a fibroso ou lenhoso ............................................................. 15
15a. Basidioma ressupinado ............................................... Diplomitoporus (Polyporaceae)
15b. Basidioma pileado séssil a efuso-reflexo .................................................................. 16
16a. Píleo com uma cutícula vermelho escura a negra originando-se na base em direção
a margem ................................................................................... Earliella (Polyporaceae)
16b. Píleo sem cutícula ................................................................................................. 17
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 27
17a. Poros sinuosos a daedalóides, terminações de hifas esqueletais projetando-se acima do
himênio ........................................................................................... Lenzites (Polyporaceae)
17b. Poros circulares a angulares, sem terminações hifais projetando-se acima do himênio
............................................................................................................................................ 18
18a. Basidioma anual, superfície do píleo velutínea a tomentosa, raramente glabra ........
................................................................................................... Trametes (Polyporaceae)
18b. Basidioma perene, superfície do píleo glabra, raramente velutínea ..........................
.......................................................................................... Fomitopsis (Fomitopsidaceae)
19a. Sistema hifálico dimítico ........................................................................................... 20
19b. Sistema hifálico trimítico ........................................................................................... 21
20a. Basidioma efuso-reflexo, contexto dúplex, parte superior marrom clara e inferior
marrom escura, com uma linha negra separando-as, hifas esqueletais amarelas a marrom
claras ......................................................................................... Datronia (Polyporaceae)
20b. Basidioma efuso-reflexo a pileado séssil com uma base contraída, contexto
homogêneo, contexto vináceo claro a marrom vináceo ou púrpura escuro, linha negra
ausente, hifas esqueletais marrom escuras a marrom ferrugíneas .....................................
............................................................................................... Nigroporus (Polyporaceae)
21a. Basidioma lenhoso, muito rígido, píleo aplanado a ungulado ... Fomes (Polyporaceae)
21b. Basidioma coriáceo, flexível a levemente rígido, píleo aplanado a convexo ............ 22
22a. Píleo e contexto vináceo a rosado ............................ Fomitopsis (Fomitopsidaceae)
22b. Píleo e contexto marrom ....................................................................................... 23
23a. Superfície do píleo velutínea a hirsuta, variavelmente zonada, contexto marrom claro
a marrom dourado, escurecendo em contato com KOH, superfície dos poros branca a
ocrácea ou canela ....................................................................... Coriolopsis (Polyporaceae)
23b. Superfície do píleo glabra ou com pêlos negros, grossos, às vezes ramificados no
ápice, quando glabra concentricamente zonada, contexto marrom a marrom escuro, não
escurecendo em contato com KOH, superfície dos poros marrom a marrom escura .............
..................................................................................................... Hexagonia (Polyporaceae)
4.1.1. Fomitopsidaceae Jülich
Fomitopsis P. Karst.
Gênero trametóide caracterizado pelos basidiomas perenes, píleo geralmente glabro e
por causar podridão castanha (Gilbertson & Ryvarden, 1986). Assim como outros gêneros
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 28
trametóides, apresenta o sistema hifálico dimítico a trimítico e basidiosporos elipsóides a
cilíndricos. Os basidiomas das espécies deste gênero são muito parecidos aos de espécies
de Trametes, porém estas causam podridão branca e têm basidiomas geralmente anuais
com píleo velutíneo a tomentoso. Fomitella supina (Sw.) Murrill é separada de Fomitopsis
unicamente pelo tipo de podridão (Ryvarden, 1991).
Chave para as espécies de Fomitopsis
1a. Basidioma branco a bege, 6-8 poros por mm ..................................... Fomitopsis nivosa
1b. Basidioma vináceo a rosa ou marrom claro, 1-4 poros por mm .................................... 2
2a. Poros angulares a daedalóides, 1-3 por mm, dissepimentos finos a levemente
espessos, basidiosporos (4,5-) 5-7 × 2,5-3 μm ........................... Fomitopsis cupreorosea
2b. Poros circulares a raramente angulares, 2-4 (-5) por mm, dissepimentos espessos,
basidiosporos 8-11 × 3-4 μm ..................................................... Fomitopsis lilacinogilva
Fomitopsis cupreorosea (Berk.) J. Carranza & Gilb., Mycotaxon 25(2): 476 (1986).
Basiônimo. Polyporus cupreoroseus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 233
(1856).
Descrição. Carranza-Morse & Gilbertson (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico João de
Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 441 (URM 81345);
12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 593 (URM 81346); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 761 (URM 81347); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1012
(URM 81348); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1194 (URM 81349); 03/VI/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1723 (URM 81350); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí),
19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 612 (URM 81351); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 613, 630 (URM 81352, 81353); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
JMB 882, 912 (URM 81354, 81355); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1683 (URM
81356).
Distribuição. Neotropical (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para
Pernambuco.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 29
Substrato. Angiospermas em decomposição (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); o
espécime URM 81351 foi coletado sobre árvore viva (ver discussão em F. lilacinogilva).
Comentários. Difere das demais espécies do complexo Fomitopsis rosea (Alb. &
Schwein.) P. Karst. pelos poros daedalóides e grandes, 1-3 por mm (Carranza-Morse &
Gilbertson, 1986). Fomitopsis lilacinogilva, outra espécie encontrada em Pernambuco,
difere pela superfície dos poros e pelo tamanho dos basidiosporos.
Fomitopsis lilacinogilva (Berk.) J.E. Wright & J.R. Deschamps, Revista Invest. Agropec.,
Ser. 2, Biol. Prod. Veg. 12(3): 143 (1975). Figura 4C
Basiônimo. Polyporus lilacinogilvus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 3: 324 (1839).
Descrição. Cunningham (1965), Ryvarden & Johansen (1980) e Carranza-Morse &
Gilbertson (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 740 (URM 81357); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 995 (URM 81358); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1647 (URM 81359).
Distribuição. Aparentemente austral, conhecida para América do Sul, Austrália, África do
Sul e Tasmânia (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986). Este é o primeiro registro da
espécie para o Brasil.
Substrato. Em angiospermas em decomposição (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); os
espécimes URM 81357 e URM 81359 foram coletados na base de árvores vivas.
Comentários. O basidioma vináceo, tornando-se mais claro e geralmente em tons
amarronzados quando seco, e os basidiosporos grandes, 6,5-12 × 3-5 μm, caracterizam F.
lilacinogilva. Fomitopsis feei (Fr.) Kreisel é muito similar, porém seus basidiomas são
mais amarronzados e os basidiosporos menores, 5-7 × 2-3,5 μm em F. feei (Carranza-
Morse & Gilbertson, 1986). Fomitopsis cupreorosea, outra espécie do mesmo complexo
que ocorre em Pernambuco, difere pelos poros daedalóides e basidiosporos menores.
Apesar de dois espécimes terem sido coletados em árvores vivas, não foi possível
determinar se o tecido vegetal onde se desenvolveram estava vivo ou morto. Este é um
assunto interessante a se explorar, visto que algumas espécies do gênero podem ser
parasitas, como é o caso de Fomitopsis pinicola (Sw.) P. Karst.
Fomitopsis nivosa (Berk.) Gilb. & Ryvarden, N. Amer. Polyp., Vol. 1: 275 (1986).
Basiônimo. Polyporus nivosus Berk., Hooker’s J. Bot. 8: 196 (1856).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986) e Buchanan & Hood (1992).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 30
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 575 (URM 81360); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 736 (URM
81361); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 991 (URM 81362);
16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1143 (URM 81363); 21/V/2009,
J.M. Baltazar et al. JMB 1607 (URM 81364).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980; Buchanan & Hood, 1992); no
Brasil, conhecida para Amapá, Bahia, Pará, Paraná e Pernambuco (Silva & Gibertoni,
2006; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Comentários. Os basidiomas brancos de F. nivosa são semelhantes aos de espécies de
Tyromyces P. Karst. (Ryvarden & Johansen, 1980), porém estas têm o sistema hifálico
monomítico. Fomitopsis meliae (Underw.) Gilb., outra espécie que ocorre no Brasil, é
similar, mas apresenta o píleo mais escuro e poros ligeiramente menores (Gilbertson &
Ryvarden, 1986).
Laetiporus Murrill
As espécies deste gênero são caracterizadas pelos basidiomas pileados sésseis a
estipitados, carnosos (semelhantes aos de espécies de Boletaceae) e leves quando secos,
sistema hifálico monomítico, hifas generativas com septo simples e microestruturas sem
reação em Melzer, o que as torna fáceis de reconhecer (Burdsall & Banik, 2001).
Laetiporus sulphureus (Bull.:Fr.) Murrill, Mycologia 12(1): 11 (1920).
Basiônimo. Boletus sulphureus Bull., Herb. Fr. 9: tab. 429 (1789).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Burdsall & Banik (2001).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 12/III/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1444 (URM 81365).
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Góes-Neto, 1999; Baltazar
& Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição, frequentemente em árvores vivas, raramente
em coníferas (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Espécie de fácil identificação devido ao seu basidioma carnoso, macio e
amarelo cítrico a alaranjado quando fresco, tornando-se leve e amarronzado quando seco.
Microscopicamente, é caracterizada pelo sistema hifálico monomítico, hifas generativas
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 31
com septo simples, basidiosporos hialinos e ovóides a elipsóides. Laetiporus persicinus
(Berk. & M.A. Curtis) Gilb., outra espécie do gênero que ocorre no Brasil, apresenta
basidiomas estipitados e marrom rosados, além de se desenvolverem em raízes ou na base
de árvores vivas (Burdsall & Banik, 2001).
4.1.2. Ganodermataceae Donk
Chave para os gêneros de Ganodermataceae
1a. Basidiosporos elipsóides, truncados, parede interna com ornamentação geralmente
distinta, basidioma pileado séssil a lateralmente estipitado ............................... Ganoderma
1b. Basidiosporos globosos a amplamente elipsóides, não truncados, parede interna com
ornamentação geralmente sutil, basidioma lateralmente a centralmente estipitado ...............
......................................................................................................................... Amauroderma
Amauroderma Murrill
Gênero caracterizado pelos basidiomas estipitados e basidiosporos geralmente globosos
a subglobosos e com ornamentação sutil. As espécies neotropicais apresentam basidioma
estipitado, com exceção de Amauroderma andinum Ryvarden, e apenas Amauroderma
coltricioides T.W. Henkel et al. possui basidiosporos com a parede lisa (Ryvarden, 2004).
Muitos basidiomas coletados estavam estéreis ou os basidiosporos não haviam se
desenvolvido completamente, o que impossibilitou sua identificação.
Chave para as espécies de Amauroderma
1a. Poros grandes, 1-3 por mm, medas geralmente presentes ......... Amauroderma partitum
1b. Poros pequenos, 4-7 por mm, medas ausentes .............................................................. 2
2a. Superfície dos poros bege, contexto com duas linhas negras brilhantes que se
originam no estipe, basidiosporos 12,5-14 × 10-12,5 μm ..... Amauroderma omphalodes
2b. Superfície dos poros alaranjada quando jovem, tornando-se branca posteriormente,
contexto sem linhas negras ou com linhas escuras fracas e opacas, basidiosporos (6,5-)
7-8 × 6-7 μm ................................................................................. Amauroderma sprucei
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 32
Amauroderma omphalodes (Berk.) Torrend, Brotéria Bot. 18: 131 (1920).
Basiônimo. Polyporus omphalodes Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 172
(1856).
Descrição. Furtado (1981) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1695 (URM 81366).
Distribuição. Provalvemente Neotropical, porém conhecida somente na América do Sul
(Furtado, 1981; Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amazonas, Bahia,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e Santa
Catarina (Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Madeira em decomposição no solo.
Comentários. Espécie caracterizada por duas linhas negras presentes no contexto,
originárias geralmente do estipe, sendo que o contexto entre estas linhas é mais frouxo do
que o restante. É uma espécie similar à A. sprucei, da qual difere devido à cor da superfície
dos poros e tamanho dos basidiosporos, além das linhas no contexto.
Amauroderma partitum (Berk.) Wakef., Bull. Misc. Inform. Kew: 242 (1934).
Basiônimo. Polyporus partitus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 170 (1856).
Descrição. Ryvarden (2004) e Gomes-Silva et al. (no prelo).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 325, 328, 333, 340, 350 (URM 80063, 80060, 80059, 80061,
80062); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 515 (URM 80064); 16/IX/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 809, 819, 829, 838, 841, 872 (URM 81367, 81368, 81369, 81370,
81371, 81372); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1070, 1080 (URM
81373, 81374); 21/I/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB 1332, 1337 (URM 81375, 80065);
07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1550, 1553, 1561, 1564, 1566,
1567 (URM 81376, 81377, 81378, 81379, 81380, 81381).
Distribuição. Provavelmente Neotropical, registrada para Brasil, Guiana e Venezuela
(Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Amazonas, Pará, Paraíba, Pernambuco e
Rondônia (Gomes-Silva et al., no prelo).
Substrato. No solo ou em madeira em decomposição no solo.
Comentários. Amauroderma partitum é caracterizada pelos poros grandes e estipe fino.
Furtado (1981) e Ryvarden (1984) consideram esta espécie sinônimo de Amauroderma
calcigenum (Berk.) Torrend. Entretanto, esta apresenta basidiomas robustos com píleo
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 33
infundibiliforme e espesso, enquanto A. partitum possui basidiomas frágeis e menores com
píleo delgado e geralmente flexível. Os basidiosporos destas duas espécies também são
diferentes — 10-13 × 7-9,5 (-10) μm em A. partitum e (11-) 12-15 × 9-12 μm em A.
calcigenum (Gomes-Silva et al., no prelo).
Amauroderma sprucei (Pat.) Torrend, Brotéria Bot. 18: 121 (1920).
Basiônimo. Ganoderma sprucei Pat., Bull. Soc. Mycol. Fr. 10: 75 (1894).
Descrição. Ryvarden (2004) e Decock & Herrera-Figueroa (2006).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 364 (URM 81392); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí),
28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1661 (URM 81383).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Amazonas, Minas
Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe
(Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. No solo ou em madeira em decomposição.
Comentários. A superfície dos poros geralmente alaranjada em basidiomas jovens
caracteriza A. sprucei. Anteriormente, foi considerada uma espécie diferente de A.
dubiopansum (Lloyd) Ryvarden, diferindo unicamente pela cor da superfície dos poros —
alaranjada nesta e branca na primeira (Ryvarden, 2004). Entretanto, esta variação depende
do desenvolvimento do basidioma (Decock & Herrera-Figueroa, 2006), e colorações
intermediárias podem ser encontradas em alguns espécimes.
Ganoderma P. Karst.
Ganoderma agrupa espécies com basidiomas pileados sésseis a estipitados, superfície
do píleo lacada a opaca, e basidiosporos geralmente elipsóides, com ápice truncado e
ornamentação na parede interna evidente (Ryvarden, 2004). O gênero Elfvingia P. Karst.
foi aceito por alguns autores para separar as espécies com a superfície do píleo opaca
(Murrill, 1908; Cunningham, 1965). Entretanto, autores modernos aceitam Elfvingia como
um subgênero de Ganoderma (Moncalvo & Ryvarden, 1997; Gottlieb & Wright, 1999;
Ryvarden, 2004).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 34
Chave para as espécies de Ganoderma
1a. Superfície do píleo opaca, cutícula ausente, porém uma linha negra pode ocorrer abaixo
da cutícula ............................................................................................. Ganoderma australe
1b. Superfície do píleo lacada, cutícula formada por uma paliçada com terminações hifais
amilóides .............................................................................................................................. 2
2a. Basidioma pileado séssil, basidiosporos 10-12 μm na maior dimensão ......................
........................................................................................................ Ganoderma chalceum
2b. Basidioma lateralmente estipitado a raramente pileado séssil, basidiosporos 7-9,5
μm na maior dimensão .................................................................. Ganoderma stipitatum
Ganoderma australe (Fr.) Pat., Bull. Soc. mycol. Fr. 4: 1712 (1887).
Basiônimo. Polyporus australis Fr., Elench. Fung. 1: 108 (1828) [1821].
Descrição. Gottlieb & Wright (1999) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 445 (URM 81384);
12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 599 (URM 81385); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 749 (URM 81386); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1367 (URM 81387);
27/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1367 (URM 81388); 17/III/2009,
J.M. Baltazar et al. JMB 1474 (URM 81389); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1690
(URM 81390); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 334
(URM 81391); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1340 (URM 81392).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Bahia, Minas
Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São
Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-
Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Ganoderma australe é caracterizada por apresentar basidiomas grandes,
com píleo aplanado, superfície do píleo marrom e a presença de uma linha negra abaixo da
cútis. É similar a G. applanatum (Pers.) Pat., espécie restrita a zonas temperadas, da qual
difere por apresentar uma linha negra no contexto mais espessa e esporos levemente
maiores (Ryvarden & Johansen, 1980).
Existe controvérsia quanto ao nome correto para a espécie, considerada por alguns
autores como G. tornatum (Pers.) Bres. (Gottlieb & Wright, 1999). A publicação de
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 35
Polyporus tornatus Pers. antecede formalmente a de P. australis (1826 e 1828,
respectivamente); porém o Código Internacional de Nomenclatura Botânica define a obra
onde P. australis foi proposta como parte do Systema Mycologicum, publicado em 1821,
antecedendo assim a publicação de P. tornatus (McNeill et al., 2006). Para discussões mais
detalhadas neste assunto consultar Steyaert (1975), Ryvarden & Johansen (1980),
Moncalvo & Ryvarden (1997), Gottlieb & Wright (1999) e Loguercio-Leite et al. (2005).
Ganoderma chalceum (Cooke) Steyaert, Bull. Jard. Bot. Nat. Belg. 37: 481 (1967).
Basiônimo. Polyporus chalceus Cooke, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinb. 13: 135 (1879).
Descrição. Ryvarden (2000; 2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009,
J.M. Baltazar et al. JMB 1383 (URM 81393).
Distribuição. Pantropical, nos neotrópicos é conhecida apenas para Colômbia (Ryvarden,
2004) e Brasil, no Rio Grande do Sul (Westphalen et al., no prelo). Este o primeiro registro
para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Os basidiosporos de G. chalceum apresentam uma variação de tamanho
muito parecida às de G. resinaceum Boud., e as duas espécies são praticamente idênticas
microscopicamente (Ryvarden, 2004). O contexto da primeira, entretanto, possui uma ou
duas linhas negras brilhantes, o que diferencia facilmente as duas espécies. Ganoderma
chalceum pode ser confundida com um basidioma pileado séssil de G. stipitatum,
entretanto o tamanho dos basidiosporos é suficiente para separá-las — 7-9,5 μm na maior
dimensão nesta, 10-12 μm na primeira.
Ganoderma stipitatum (Murrill) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 122 (1908).
Basiônimo. Fomes stipitatus Murrill, Bull. Torrey bot. Club 30(4): 229 (1903).
Descrição. Murrill (1908) e Ryvarden (2000; 2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1018
(URM 81394); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1288 (URM 81395); 27/I/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1368 (URM 81396); 17/III/2009, J.M. Baltazar et
al. JMB 1493 (URM 81397); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 402, 405, 413, 416 (URM 81398, 81399, 81400, 81401);
08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 546, 550 (URM 81402, 81403); 14/VIII/2008, J.M.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 36
Baltazar & et al. JMB 702 (URM 81404); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 953 (URM 81405); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1093, 1096, 1097, 1099, 1102, 1120, 1124 (URM 81406, 81407, 81408, 81409, 81410,
81411, 81412); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1254, 1258, 1259,
1261, 1264, 1270 (URM 81413, 81414, 81415, 81416, 81417, 81418); 23/I/2009, J.M.
Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1346, 1349 (URM 81419, 81420); 12/III/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1438, 1453 (URM 81421, 81422); 21/V/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1596, 1598, 1601, 1618 (URM 81423, 81424, 81425, 81426); Recife,
Parque Dois Irmãos, 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1030 (URM
81427); 19/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1209 (URM 81428);
21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1306 (URM 81429); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1530 (URM 81430).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rondônia (Baltazar &
Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Ganoderma stipitatum é caracterizada pelo píleo lacado e o contexto com
uma ou duas linhas negras resinosas. Geralmente, os basidiomas são lateralmente
estipitados, mas podem ser pileados sésseis. Neste caso, o espécime pode ser confundido
com G. chalceum que, no entanto, possui basidiosporos maiores — 7-9,5 μm na maior
dimensão em G. stipitatum, 10-12 μm em G. chalceum.
Muitos espécimes coletados nos neotrópicos e identificados como G. lucidum (Curtis)
P. Karst., espécie restrita a zonas temperadas, podem se tratar de G. stipitatum, pois são
espécies macroscopicamente semelhantes (Moncalvo & Ryvarden, 1997; Gibertoni, 2004).
4.1.3. Grammotheleaceae Jülich
Grammothele Berk. & M.A. Curtis
Grammothele é caracterizado por basidiomas ressupinados a efuso-reflexos, poros
irregulares e rasos, e himênio restrito à base dos tubos (Ryvarden, 1991). Kirk et al. (2008)
aceitam este gênero em Grammotheleaceae. Entretanto, um estudo filogenético com dados
moleculares o coloca em Polyporaceae (Larsson, 2007).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 37
Grammothele cf. fuligo (Berk. & Broome) Ryvarden, Trans. Br. mycol. Soc. 73(1): 15
(1979).
Basiônimo. Polyporus fuligo Berk. & Broome, J. Linn. Soc., Bot. 14(2): 53 (1875).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Reck & Silveira (2009).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carinijó, 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 695 (URM 81754).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Amazonas, Pará, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009; Reck & Silveira, 2009).
Substrato. Monocotiledôneas, especialmente palmeiras e bambus (Ryvarden & Johansen,
1980; Reck & Silveira, 2009).
Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma azulado ou acinzentado, poros
pequenos, e por ocorrer em monocotiledôneas, o que a difere das demais espécies do
gênero que também ocorrem no Brasil (Reck & Silveira, 2009). Apesar de o material
estudado estar estéril, suas características se enquadram nas descritas acima, além de ter
sido coletada sobre palmeira.
Se confirmada a presença de G. fuligo na RPPN Carnijó, este será o primeiro registro da
espécie para o Nordeste.
4.1.4. Hymenochaetaceae Imazeki & Toki
Chave para os gêneros de Hymenochaetaceae
1a. Contexto dúplex, parte superior frouxa e inferior densa, geralmente separadas por uma
linha negra ........................................................................................................................... 2
1b. Contexto homogêneo ..................................................................................................... 3
2a. Seta himenial presente ........ (ver comentários em “I. portoricensis”) Hymenochaete
2b. Seta himenial ausente ............................................................................... Phylloporia
3a. Basidioma estipitado ...................................................................................................... 4
3b. Basidioma ressupinado a pileado séssil ......................................................................... 5
4a. Basidiosporo ornamentado ........................................................................ Coltriciella
4b. Basidiosporo liso ........................................................................................... Coltricia
5a. Basidiosporo dextrinóide, globoso, hialino e com parede espessa ............... Fomitiporia
5b. Basidiosporo indextrinóide; se hialino, com parede delgada a levemente espessa ....... 6
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 38
6a. Seta himenial presente, sistema hifálico monomítico a dimítico .............................. 7
6b. Seta himenial e hifa setal ausentes, sistema hifálico distintamente dimítico ............ 8
7b. Hifa setal ausente, basidiosporos hialinos a amarelados, hifas generativas nos
dissepimentos incrustadas ................................................................................... Fuscoporia
7a. Hifa setal presente, basidiosporos amarelos a marrons, hifas generativas sem
incrustações ............................................................................................................. Inonotus
8a. Basidiosporos marrom a marrom ferrugíneo ........................................ Fomitiporella
8b. Basidiosporos amarelos a marrom ferrugíneo claro quando velhos .......... Fulvifomes
Coltricia Gray
O gênero é caracterizado por basidiomas estipitados, contexto homogêneo e sistema
hifálico monomítico (Ryvarden, 2004). As espécies incluídas em Coltricia que não
apresentam seta parecem formar um grupo natural, o que tem sido suportado por dados
moleculares (Wagner & Fischer, 2002b). Entretanto, espécies com setas são motivo de
discussão e têm sido incluídas em diferentes gêneros como Inonotus e Onnia P. Karst.
(consultar Buchanan & Ryvarden, 1988; Núñez & Ryvarden, 2000; Ryvarden, 2005; Dai
& Niemelä, 2006).
Chave para as espécies de Coltricia
1a. Margem glabra, (1-) 2-4 poros por mm, basidiosporos amplamente elipsóides a
oblongo elipsóides, 6,5-9,5 μm na maior dimensão .......................... Coltricia cinnamomea
1b. Margem ciliada, (4-) 5-7 poros por mm, basidiosporos subglobosos a amplamente
elipsóides, 5,5-6,5 μm na maior dimensão ............................................ “Coltricia velutina”
Coltricia cinnamomea (Jacq.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(6): 343. 1904.
Basiônimo. Boletus cinnamomeus Jacq., Collnea bot. 1: 116. 1787 (1786).
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009,
J.M Baltazar et al. JMB 1395 (URM 80105); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1557, 1562 (URM 80106, 80107).
Material adicional examinado. BRASIL. Rondônia: Porto Velho, Estação Ecológica de
Cuniã, II/2008, no solo, A.C. Gomes-Silva 409 (URM 79172).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 39
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden, 2004); no Brasil, é conhecida para Amazonas, Pará,
Paraná, Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (Baltazar & Gibertoni,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva et al., 2009).
Substrato. Solo.
Comentários. Esta espécie é caracterizada pela superfície dos poros amarela em espécimes
jovens, além de apresentar poros grandes. O tamanho dos basidiosporos é semelhante aos
de C. focicola (Berk. & M.A. Curtis) Murrill e C. perennis (L.) Murrill. Entretanto, eles
são oblongo elipsóides e com a parede mais espessa e mais escuros do que os de C.
focicola. Os basidiosporos de C. perennis também são principalmente oblongo elipsóides,
enquanto em C. cinnamomea eles são geralmente amplamente elipsóides. Além disso, C.
perennis possui as hifas da cobertura do píleo dicotomicamente ramificadas, característica
ausente em C. cinnamomea (Gilbertson & Ryvarden, 1986; Ryvarden, 2004).
“Coltricia velutina” Baltazar & Gibertoni, ined. Figuras 1 e 3
Basidioma anual, solitário a gregário, central a lateralmente estipitado, leve quando
seco. Píleo circular a semi-circular, centralmente deprimido, até 1,55 cm em diâmetro e até
0,5 mm em espessura total, papiráceo, flexível. Superície do píleo uniforme, brilhante,
azonada a concentricamente zonada, vilosa a tomentosa, pêlos eretos no centro e reclinados
em direção à margem, fulvo-ferrugíneo (14), tabaco (19), marrom púrpura (22) a marrom
vináceo (25). Margem aguda, inteira a recortada, reta a recurvada, com tufos de pêlos,
estéril até 0,5 mm, da mesma cor que a superfície do píleo. Superfície dos poros canela
(10), fulva (12), tabaco castanha (17) a marrom clara (28), poros circulares a angulares, (4-
) 5-7 por mm, dissepimentos inteiros, levemente espessos. Contexto homogêneo, fibroso,
compacto a levemente frouxo, da mesma cor que a superfície do píleo, até 0,16 mm de
espessura. Tubos da mesma cor que a superfície dos poros, até 0,34 mm de profundidade.
Estipe da mesma cor que a superfície do píleo, cilíndrico, rígido a flexível, velutíneo a
tomentoso, brilhante, rugoso, até 6,4 cm de comprimento e 0,3 cm de diâmetro,
frequentemente ramificado próximo ao ápice.
Sistema hifálico monomítico; hifas generativas com septo simples, amarelas muito
claras a marrom claras, com parede delgada a espessa, sinuosa, esparsamente ramificadas,
2,5-6,5 μm de diâmetro. Basídios subclavados a clavados, hialinos, com parede delgada,
12-15 × 7-8 μm. Basidiosporos subglobosos a amplamente elipsóides, amarelos muito
claros a marrom ferrugíneo claros, parede levemente a distintamente espessa, lisa, 5,5-6,5
(-7) × (4-) 4,5-5,5 (-6) μm, fraca a distintamente dextrinóide.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 40
Figura 1. Características microscópicas de “Coltricia velutina”. A. Basídios. B. Basidiosporos. C. Hifas generativas. (escala = 10 μm).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,
J.M Baltazar et al. JMB 326, 337, 338, 339, 353 [URM 80108, 80109 (duplicata em JPB),
80110, 80111, 80112 (holótipo)]; 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 503 (URM
80113); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 858 (URM 80114); 15/X/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1067 (URM 80115).
Material adicional examinado. C. barbata: BRASIL. Paraná: Morretes, Porto de Cima,
Parque do Marumbi, 27/VI/1995, no solo, A.A.R. de Meijer 3085 (O, isótipo); C.
globispora: BRASIL. Rondônia: Porto Velho, Parque Natural Municipal de Porto Velho,
II/2008, no solo, A.C. Gomes-Silva 280 (URM 79581, holótipo); “C. velutina”: BRASIL.
Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Mata de Gurjaú, VII/2001, no solo, T.B.
Gibertoni (URM 77452); Tamandaré, Reserva Biológica de Saltinho, 15/VI/2009, no solo,
L.Trierveiler-Pereira et al. (URM 80116, JPB).
Distribuição. Conhecida em três áreas no estado de Pernambuco.
Substrato. Solo.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 41
Comentários. “Coltricia velutina” é caracterizada por seus basidiomas pequenos,
superfície do píleo velutínea a tomentosa e brilhante, margem ciliada e basidiosporos
dextrinóides. Macroscopicamente esta espécie é quase idêntica a C. barbata Ryvarden &
de Meijer, diferindo unicamente pela superfície do píleo que é glabra nesta.
Microscopicamente, os basidiosporos das duas espécies são distintos, diferindo em forma,
tamanho, cor e reação em Melzer (globosos a subglobosos, 5-6 μm, marrom dourados a
marrom ferrugíneos e negativos em Melzer em C. barbata).
Coltricia globispora Gomes-Silva et al. possui basidiosporos similares aos de “C.
velutina”: globosos a subglobosos, 6-7 × 5,5-7 μm, porém indextrinóides.
Macroscopicamente as duas espécies são facilmente distinguíveis: C. globispora possui o
basidioma maior e mais robusto, medindo 5,5 cm de diâmetro e até 3,5 mm de espessura,
além de possuir a superfície do píleo opaca.
Representa uma espécie nova para a ciência.
Coltriciella Murrill
O gênero é caracterizado pelos esporos finamente ornamentados e pigmentados
(Ryvarden, 2004). Além disso, os basidiomas são tipicamente pequenos e variam de
pendentes a estipitados. É um gênero próximo a Coltricia, o que é suportado por dados
moleculares (Wagner & Fischer, 2002b), do qual difere pela morfologia do basidiosporo.
Coltriciella navispora T.W. Henkel, Aime & Ryvarden, in Aime, Henkel & Ryvarden,
Mycologia 95(4): 617. 2003.
Descrição. Aime et al. (2003) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,
J.M Baltazar et al. JMB 831, 832 (URM 80102, 80103); 15/X/2008, J.M Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB1052 (URM 80104).
Material adicional examinado. BELIZE. Distrito de Cayo: Guacamayo Bridge, Mecal
River, 01/XI/2002, L. Ryvarden 45818 (O, como C. oblectabilis); EUA: Geórgia: Athens,
Universidade da Geórgia, 23/VIII/1978, R.L. Gilbertson 11835 (O, como C. oblectabilis);
GUIANA. Pakaraima Mountains: Upper Potaro River, 01/VI/2001, T. Henkel 7576 (O,
isótipo de C. navispora); MADAGASCAR: Cariou, 02/V/1933, s/leg. (O, como C.
oblectabilis); BRASIL. Amazonas: Manaus, 1900, E. Ule (Mycotheca brasiliensis exs.
48) (K, holótipo de Polystictus oblectabilis); Paraíba: Mamanguape, Reserva Biológica
Guaribas, XI/2001, T.B. Gibertoni (URM 77456); Pernambuco: Cabo de Santo
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 42
Agostinho, Mata de Gurjaú, XI/2001, T.B. Gibertoni (URM77454); VI/2002, T.B.
Gibertoni (URM77455).
Distribuição. Neotropical, porém um espécime de Madagascar e outro do estado norte
americano da Geórgia (subtropical) foram estudados. Citada para a Guiana (Aime et al.,
2003) e para os estados da Paraíba e Pernambuco (Baltazar & Gibertoni, 2009).
Substrato. Madeira em decomposição.
Comentários. Esta espécie foi descrita como diferindo de C. oblectabilis (Lloyd) Kotl. et
al. pelo tamanho e forma dos basidiosporos — elipsóides, 7-10 μm na maior dimensão em
C. oblectabilis versus naviculares, 10-14 μm na maior dimensão em C. navispora (Aime et
al., 2003; Ryvarden, 2004). O estudo do isótipo desta, entretanto, revelou basidiosporos
medindo (8-) 8,5-11,5 (-12) × 3,5-5 μm e com a forma variando de oblongo elipsóides a
naviculares. Também foram estudados espécimes identificados por Ryvarden como C.
oblectabilis, os quais apresentavam basidiosporos com a mesma forma e tamanhos
similares aos do isótipo de C. navispora, o que sugere que esta seja um sinônimo posterior
daquela. Entretanto, existem problemas taxonômicos e nomenclaturais com o nome C.
oblectabilis. O suposto tipo desta espécie contém informações divergentes em seu
envelope, algumas fazendo referência a esta própria espécie, enquanto outras se referem a
Polyporus oblectans Berk. (= Coltricia cinnamomea). Apesar de algumas destas anotações
descreverem os basidiosporos deste material como os descritos para C. oblectabilis, os
basidiomas estudados estavam estéreis e se parecem macroscopicamente com C.
cinnamomea, o que reforça a idéia de que esta exsicata seja o tipo de P. oblectans. Para
esclarecer esta questão, o outro espécime tipo, aparentemente depositado em K
(Cunningham, 1965), deve ser encontrado.
Além disto, o nome C. oblectabilis parece ser inválido. Quando Kotlaba et al. (1984)
propuseram a transferência da espécie para Coltriciella, o basiônimo citado é Polyporus
oblectabilis Lloyd. Entretando, Lloyd (1912) cita a espécie como Polystictus oblectabilis e
não a introduz como espécie nova. Este autor também não cita o trabalho onde a espécie
foi descrita, e até o momento não foi possível localizá-lo. Desta forma, adota-se aqui o
nome C. navispora para os espécimes encontrados neste trabalho por se tratar de um nome
validamente publicado, e pela comparação dos materiais encontrados com o tipo desta
espécie.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 43
Fomitiporella Murrill
Fomitiporella agrupa espécies perenes com sistema hifálico dimítico, basidiosporos
marrons e sem setas (Wagner & Fischer, 2002b). Algumas espécies, principalmente
aquelas com basidioma ressupinado, podem ser confundidas com espécies de Fulvifomes.
Entretanto, os basidiosporos neste gênero são amarelos, característica suficiente para
distinguir os dois gêneros (Baltazar & Gibertoni, no prelo).
Fomitiporella umbrinella (Bres.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 13. 1907.
Basiônimo. Poria umbrinella Bres., Hedwigia 35: 282. 1896.
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 342, 369 (URM 81132, 81133); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 485, 519, 522, 535 (URM 81134, 81135, 81136, 81137); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar
et al. JMB 641, 675, 683, 686 (URM 81138, 81139, 81140, 81141); 16/IX/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 815, 855, 865, 869 (URM 81142, 81143, 81144, 81145); 15/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1039, 1079 (URM 81146, 81147); 19/XI/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1216 (URM 81148); 21/I/2009, J.M. Baltazar
et al. JMB 1308 (URM 81149); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1386, 1423, 1427
(URM 81150, 81151, 81152); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1538, 1548, 1578 (URM 91153, 81154, 81155).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Bahia,
Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina
e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição.
Comentários. Fomitiporella umbrinella é semelhante macroscopicamente a “Fulvifomes
melleoporus” e “Fulvifomes membranaceus”. Entretanto, a cor dos basidiosporos é
suficiente para separá-la destas. Outra característica marcante da espécie é a presença de
uma linha negra próxima ao substrato.
Fomitiporia Murrill
Este é um gênero bem delimitado morfologicamente por possuir basidiosporos muito
característicos: globosos, hialinos, com parede espessa e dextrinóides (Wagner & Fischer,
2002b). Além disto, os basidiomas são perenes, o sistema hifálico é monomítico a dimítico
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 44
— subdimítico segundo Dai et al. (2008) — e poucas espécies possuem setas, sendo, neste
caso, himeniais e escassas.
Fomitiporia maxonii Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 11 (1907).
Descrição. Ryvarden (2004) e Decock et al. (2007).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 764 (URM 81156);
Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 390, 397
(URM 81157, 81158); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 561, 568 (URM 81159,
81160); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 719, 730, 741 (URM 81161, 81162,
81163); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 971, 984 (URM 81164,
81165); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1130, 1137, 1149 (URM
81166, 81167, 81168); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1267, 1271
(URM 81169, 81170); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1358, 1365
(URM 81171, 81172); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1457
(URM 81173); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1626, 1640 (URM 81174, 81175);
Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 518 (URM 81176);
19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1234 (URM 81177); 10/III/2009,
J.M. Baltazar et al. JMB 1411, 1426 (URM 81178, 81179).
Distribuição. Neotropical (Decock et al., 2007); no Brasil, citada para Paraná,
Pernambuco e Rio Grande do Norte (Baltazar & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004; Decock et al., 2007).
Comentários. Fomitiporia maxonii foi anteriormente considerada sinônimo de F. punctata
(Fr.) Murrill (Ryvarden, 1985). Entretanto, outros trabalhos as consideram espécies
distintas, o que é apoiado por dados moleculares (Larsen & Cobb-Poulle, 1990; Ryvarden,
2004; Decock et al., 2007). Basidiomas de F. maxonii possuem a margem distintamente
amarelada, enquanto em F. punctata a margem é castanha. A primeira também possui
basidiosporos menores que a última (Ryvarden, 2004).
Fulvifomes Murrill
Gênero caracterizado por basidiomas perenes, sem setas, e com basidiosporos elipsóides
e amarelos (Wagner & Fischer, 2002b). Espécies ressupinadas podem ser confundidas com
algumas espécies de Fomitiporella, porém os basidiosporos são marrons neste gênero.
Algumas espécies pileadas apresentam o píleo rimoso, como aquelas do complexo F.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 45
rimosus (Berk.) Fiasson & Niemelä. Apesar de, em última instância, o gênero ser
delimitado apenas pelas características do basidiosporo, sua segregação de outros grupos
de Phellinus s.l. é sustentada por filogenia baseada em dados morfológicos e moleculares
(Fiasson & Niemelä, 1984; Wagner & Fischer, 2001; 2002b).
Chave para as espécies de Fulvifomes
1a. Basidioma pileado a efuso-reflexo ................................................................................ 2
1b. Basidioma ressupinado .................................................................................................. 3
2a. Basidioma dimidiado a ungulado, superfície do píleo tornando-se negra a cinza e
rimosa, superfície dos poros marrom escura ................................. “Fulvifomes merrillii”
2b. Basidioma efuso-reflexo a séssill e amplamente aderido, aplanado a convexo,
superfície do píleo não rimosa, superfície dos poros dourada a canela .............................
.......................................................................................................... Fulvifomes fastuosus
3a. Basidiosporos 4-5 × 3-3,5 μm, 4-6 poros por mm ................. “Fulvifomes melleoporus”
3b. Basidiosporos 3-4 × 2,5-3 μm, 5-9 poros por mm ............. “Fulvifomes membranaceus”
Fulvifomes fastuosus (Lév.) Bondartseva & S. Herrera, Mikol. Fitopatol. 26(1): 13 (1992).
Basiônimo. Polyporus fastuosus Lév., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 3 2: 190 (1844).
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 21/V/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1631 (URM 81122); Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 514 (URM 81123); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 857, 862
(URM 81124, 81125); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1238
(URM 81126); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1540, 1571, 1572
(URM 81127, 81128, 81129).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Alagoas, Amazonas,
Bahia, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande
do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Groposo et al., 2007; Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004); o espécime URM 81122
foi coletado na base de uma árvore viva.
Comentários. Fulvifomes fastuosus é caracterizada pelos basidiomas efuso-reflexos a
amplamente aderidos e geralmente grandes (até 60 × 30 cm), com o contexto e a superfície
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 46
dos poros em tons de amarelo. Compartilha as mesmas características macroscópicas com
Phellinus rhytiphloeus (Mont.) Ryvarden, da qual difere pela forma e tamanho dos
basidiosporos — globosos, 4-5,5 μm de diâmetro nesta; subglobosos a elipsóides, 4,5-6,5 ×
4-5,5 μm na primeira (Ryvarden, 2004). O estudo de seus tipos se torna necessário para
confirmar se estas são a mesma espécie. Fulvifomes grenadensis (Murrill) Murrill, outra
espécie similar, possui a superfície do píleo vilosa, enquanto em F. fastuosus esta é glabra,
e basidiosporos com o diâmetro levemente menor, 3-4 μm (Ryvarden, 2004).
“Fulvifomes melleoporus” (Murrill) Baltazar & Gibertoni, ined.
Basiônimo. Fomitiporella melleopora Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 13 (1907).
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 531 (URM 81130); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 660
(URM 81131).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada anteriormente para Bahia,
Mato Grosso e Rio Grande do Norte (Bononi et al., 2008; Baltazar & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004). Esta é a primeira citação
da espécie para Pernambuco.
Comentários. Espécie parecida a “F. membranaceus”, da qual difere pelos poros e
basidiosporos maiores — 4-6 poros por mm, basidiosporos 4-5 × 3-3,5 μm em “F.
melleoporus”; 5-9 poros por mm, 3-4 × 2,5-3 μm em “F. membranaceus”. Também é
similar a Fomitiporella umbrinella, da qual difere pela cor dos basidiosporos.
“Fulvifomes membranaceus” (J.E. Wright & Blumenf.) Baltazar & Gibertoni, ined.
Basiônimo. Phellinus membranaceus J.E. Wright & Blumenf., Mycotaxon 21: 422 (1984).
Descrição. Wright & Blumenfeld (1984) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1173 (URM 81294).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Bahia e Pernambuco
(Baltazar & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Wright & Blumenfeld, 1984; Ryvarden,
2004).
Comentários. A espécie foi descrita originalmente como tendo basidiosporos hialinos.
Posteriormente, Ryvarden (2004) ampliou o conceito específico para compreender
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 47
espécimes com basidiosporos hialinos a amarelos. Espécie semelhante a “F. melleoporus”,
da qual difere pelo tamanho dos poros e basidiosporos, e de Fomitiporella umbrinella, da
qual difere pela cor dos basidiosporos.
“Fulvifomes merrillii” (Murrill) Baltazar & Gibertoni, ined.
Basiônimo. Pyropolyporus merrillii Murrill, Bull. Torrey Bot. Club 34: 479 (1907).
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 860 (URM 81295); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1568 (URM 81296).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada anteriormente para Bahia e
Paraná (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009). Esta é a primeira
citação da espécie para Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Espécie próxima a F. rimosus, diferindo unicamente pelos poros maiores
nesta (4-5 por mm versus 7-10), e de Phellinus piptadeniae Teixeira, da qual difere pelo
tamanho dos poros e dos basidiosporos (Ryvarden, 2004). Um estudo molecular destas
espécies se faz necessário para melhor compreender suas relações e afirmar quantas
espécies existem neste complexo.
Fuscoporia Murrill
Este é um gênero bem delimitado morfologicamente, caracterizado pelo sistema hifálico
monomítico a dimítico, com algumas espécies apresentando o sistema hifálico
intermediário entre estes, além da presença de setas himeniais, hifas generativas nos
dissepimentos incrustadas, e basidiosporos hialinos, indextrinóides (Wagner & Fischer,
2002b). Pelo menos duas espécies, F. contigua (Pers.) G. Cunn. e F. ferruginosa (Schrad.)
Murrill, apresentam hifas setais (Groposo et al., 2007). Fuscoporia é morfologicamente
similar a Inonotus s.s., principalmente pela estrutura hifálica, porém as espécies deste
gênero têm basidiosporos pigmentados.
Chave para as espécies de Fuscoporia
1a. Basidioma ressupinado ....................................................................... Fuscoporia ferrea
1b. Basidioma efuso-reflexo a pileado séssil, solitário a imbricado ................................... 2
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 48
2a. Píleo pequeno, até 1,5 × 0,3 cm e até 2,5 mm de espessura, basidiosporos 2,5-3 μm
de largura ....................................................................................... “Fuscoporia chrysea”
2b. Píleo até 15 × 15 cm e até 3 cm de espessura, basidiosporos 3-5 μm de largura ..... 3
3a. Basidioma coriáceo e flexível, contexto até 2 cm de espessura, basidiosporos hialinos ..
..................................................................................................................... Fuscoporia gilva
3b. Basidioma coriáceo rígido a lenhoso, contexto até 0,5 cm de espessura, basidiosporos
hialinos a amarelos com parede levemente espessa .................................. Fuscoporia senex
“Fuscoporia chrysea” (Lév.) Baltazar & Gibertoni, ined. Figura 4D
Basiônimo. Polyporus chryseus Lév., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 3 5: 301 (1846).
Descrição. Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1164 (URM 81293).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004). Primeiro registro desta espécie para o Brasil.
Substrato. Angiospermas em decomposição.
Comentários. “Fuscoporia chrysea” é caracterizada por basidiomas efuso-reflexos, com
píleos pequenos e imbricados. Fuscoporia gilva é similar, porém difere pelos basidiomas
maiores, pela cor da superfície dos poros e tamanho dos poros — marrom, 6-8 por mm em
F. gilva, e amarela, 5-6 por mm em “F. chrysea”.
Por haverem poucas coletas desta espécie, Ryvarden (2004) afirma que o atual conceito
possa compreender apenas uma fase inicial do desenvolvimento do basidioma, sendo que
um píleo maior poderia vir a se desenvolver posteriormente.
Fuscoporia ferrea (Pers.) G. Cunn., Bull. New Zealand Dept. Sci. Industr. Res. 73: 7
(1948).
Basiônimo. Polyporus ferreus Pers., Mycol. Eur. 2: 89 (1825).
Descrição. Cunningham (1965) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmão, 13/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 356 (URM 81180).
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecido para os estados do Rio
Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro
registro da espécie para a região Nordeste.
Substrato. Angiospermas e coníferas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 49
Comentários. Fuscoporia ferrea difere de F. ferruginosa pela presença de hifa setal nesta.
Fuscoporia punctatiformis (Murrill) Zmitr. et al., outra espécie similar, difere pelos
basidiosporos menores — 5-7,5 × 2-2,5 μm em F. ferrea e 4-6 × 1,5-2 μm em F.
punctatiformis (Ryvarden, 2004).
Fuscoporia gilva (Schwein.) T. Wagner & M. Fisch., Mycologia 94(6): 1013 (2002).
Basiônimo. Boletus gilvus Schwein., Schrift Nat Ges Leipzig. 1: 96 (1822).
Descrição. Loguercio-Leite & Wright (1995) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 430, 434, 436 (URM
81181, 81182, 81183); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 588, 589, 592 (URM 81184,
81185, 81186); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 755, 765, 777a (URM 81187,
81188, 81206); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1006, 1013, 1026
(URM 81189, 81190, 81191); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1191, 1196, 1198, 1208
(URM 81192, 81193, 81194, 81195); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1286 (URM
81196); 27/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1371 (URM 81197);
17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1477, 1486, 1487, 1495 (URM 81198, 81199, 81200,
81201); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1706, 1708, 1710, 1718 (URM 81202,
81203, 81204, 81205); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 388, 403, 409 (URM 81207, 81208, 81209); 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 537, 543, 559, 570 (URM 81210, 81211, 81212, 81213); 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 694, 706, 731, 732 (URM 81214, 81215, 81216, 81217);
23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 941, 950, 966, 974, 985, 986, 993
(URM 81218, 81219, 81220, 81221, 81222, 81223, 81224); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1110, 1122, 1133, 1138, 1139 (URM 81225, 81226, 81227,
81228, 81229); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1354, 1359, 1360 (URM
81230, 81231, 81232); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1443,
1455, 1458 (URM 81233, 81234, 81235); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1599
(URM 81236); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 367
(URM 81237); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 482, 490, 491, 492, 493, 527, 533,
534 (URM 81238, 81239, 81240, 81241, 81242, 81243, 81244, 81245); 12/VIII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 646, 647, 648, 652, 654, 673, 678, 685 (URM 81246, 81247, 81248,
81249, 81250, 81251, 812452, 81253); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 821, 822,
823, 824, 826, 840 (URM 81254, 81255, 81256, 81257, 81258, 81259); 15/X/2008, J.M.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 50
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1044, 1045, 1075 (URM 81260, 81261, 81262);
19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1219, 1220, 1221, 1229 (URM
81263, 81264, 81265, 81266); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1313, 1315, 1316b,
1321, 1323 (URM 81267, 81268, 81279, 81269, 81270); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1376, 1389, 1392, 1422, 1425 (URM 81271, 81272, 81273, 81274, 81275);
07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1533, 1543, 1549 (URM 81276,
81277, 81278); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 629 (URM 81280); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 781
(URM 81281); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 911 (URM
81282); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1166 (URM 81283); 30/XI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 1299 (URM 81284); 29/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB
1372 (URM 81285); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1502, 1507
(URM 81286, 81287); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1660 (URM 81288).
Distribuição. Cosmopolita (Loguercio-Leite & Wright, 1995); no Brasil, é conhecida para
Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,
Rondônia, Roraima, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Bononi et al., 2008; Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas vivas e em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Fuscoporia gilva é uma das espécies mais coletadas e citadas para regiões
tropicais, e é caracterizada por apresentar grande variação morfológica. É muito similar a
F. callimorpha (Lév.) Groposo et al., da qual difere pela superfície do píleo finamente
tomentosa, além da forma das setas himeniais — subulada em F. callimorpha e ventricosa
em F. gilva (Groposo et al., 2007). Outra espécie similar é F. bifurcata Baltazar et al., da
qual difere pelas setas himeniais com ápice bifurcado e os basidiosporos maiores nesta
(Baltazar et al., 2009).
Fuscoporia senex (Nees & Mont.) Ghob.-Nejh., in Ghobad-Nejhad & Dai, Mycotaxon
101: 208 (2007).
Basiônimo. Polyporus senex Nees & Mont., in Montagne, Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 2 5: 70
(1836).
Descrição. Ryvarden (2004).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 51
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008,
tronco caído em decomposição, J.M. Baltazar et al. JMB 574 (URM 81292); São Vicente
Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 479 (URM 81289).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Amazonas, Bahia,
Maro Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina (Bononi et al., 2008;
Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Madeira em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Espécie caracterizada por seus basidiomas geralmente rígidos e o contexto
delgado. Macroscopicamente, é similar a Fulvifomes fastuosus, diferindo desta por possuir
setas himeniais. Fuscoporia torulosa (Pers.) T. Wagner & M. Fisch., outra espécie similar,
difere pela superfície do píleo azonada e pela margem e superfície dos poros mais escuras
(Ghobad-Nejhad & Dai, 2007). Um dos espécimes estudados possui a superfície do píleo
escruposa, característica incomum para a espécie.
Hymenochaete Lév. sensu Wagner & Fischer (2002a)
Tradicionalmente, Hymenochaete foi utilizado para acomodar espécies de
Hymenochaetaceae com himenóforo liso. Entretanto, um estudo filogenético baseado em
dados moleculares mostrou que espécies do gênero lamelar a poróide Cyclomyces Kunze
ex Fr. são congenéricas as de Hymenochaete (Wagner & Fischer, 2002a). Estes autores
propuseram a sinonímia destes gêneros, porém rejeitando Cyclomyces a favor de
Hymenochaete, sendo este gênero considerado atualmente conservado (McNeill et al.,
2006). Larsson et al. (2006) reavaliaram o clado himenoquetóide com análises
filogenéticas, e as duas espécies de Cyclomyces incluídas nas análises se posicionaram em
um clado com as demais espécies de Hymenochaete, corroborando os resultados de
Wagner & Fischer (2002a).
Hymenochaete sensu Wagner & Fischer (2002a) é caracterizado por basidiomas
ressupinados a estipitados, píleo delgado e flexível, superfície do píleo geralmente
velutínea a tomentosa, himenóforo liso, lamelar a tubular, sistema hifálico monomítico,
setas himeniais retas e basidiosporos cilíndricos a elipsóides.
“Hymenochaete iodina” (Mont.) Baltazar & Gibertoni, ined.
Basiônimo. Polyporus iodinus Mont., Ann. Sci. nat. II 16: 108. 1841.
Descrição. Ryvarden (2004).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 52
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 604 (URM 81119);
25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 775 (URM 81120); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1025 (URM 81121).
Distribuição. Pantropical (Cunningham, 1965; Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para
Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina
(Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009).
Substrato. Madeira em decomposição; o espécime URM 81119 foi coletado em árvore
viva.
Comentários. Esta espécie é similar a H. cyclolamellata T. Wagner & M. Fisch.
[=Cyclomyces fuscus Kunze ex Fr., non Hymenochaete fusca (P. Karst.) Sacc.], da qual
difere pela superfície himenial e largura dos basidiosporos (poróide, 2-2,5 μm em “H.
iodina” e concentricamente lamelar, 1,5-2 μm em H. cyclolamellata (Ryvarden, 2004).
Corner (1991) atribuiu pouco peso a estas variações, e considerou “H. iodina” como uma
variedade de H. cyclolamellata. Entretanto, a superfície himenial parece ser uma
característica importante em nível específico, e estas espécies são consideradas como
distintas neste trabalho. Hymenochaete porioides T. Wagner & M. Fisch. [=Cyclomyces
tabacinus (Mont.) Pat., non Hymenochaete tabacina (Sowerby) Lév.], outra espécie
semelhante, difere pelos poros e setas himeniais menores.
Inonotus P. Karst.
Inonotus s.s. é um gênero morfologicamente muito parecido a Fuscoporia,
diferenciando-se principalmente pelos basidiosporos pigmentados e com a parede
levemente espessa no primeiro (Baltazar & Gibertoni, no prelo). São características do
gênero basidiomas anuais a perenes, o sistema hifálico monomítico a dimítico, e a presença
de hifas setais e/ou setas himeniais em muitas espécies (Wagner & Fischer, 2002b).
Chave para as espécies de Inonotus
1a. Poros 4-6 por mm, setas himeniais escassas, 15-25 μm de comprimento, basidiosporos
5-6 × 4-4,5 μm ........................................................................... Inonotus pseudoglomeratus
1a. Poros 8-10 por mm, setas himeniais abundantes, 20-40 μm de comprimento,
basidiosporos 3,5-5 × 3-4 μm ......................................................... “Inonotus portoricensis”
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 53
“Inonotus portoricensis” (Overh.) Baltazar & Gibertoni, ined.
Basiônimo. Fomes portoricensis Overh., in Seaver & Chardón, Sci. Surv. Porto Rico &
Virgin Islands 8(1): 158 (1926).
Descrição. Fidalgo (1968b) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008,
tJ.M. Baltazar et al. JMB 500, 504 (URM 81297, 81298); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 836 (URM 81299); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1223,
1224 (URM 81300, 81301); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. 1401 (URM 81302);
07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1547 (URM 81303).
Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Alagoas e Bahia
(Baltazar & Gibertoni, 2009), sendo este seu primeiro registro para Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).
Comentários. Espécie similar a I. pachyphloeus (Pat.) T. Wagner & M. Fisch. e outras
espécies pertencentes ao mesmo complexo, pode ser diferenciado por apresentar o contexto
falsamente homogêneo, pois o tomento desaparece no início do desenvolvimento, expondo
uma linha negra, além dos basidiosporos pigmentados desde o início do desenvolvimento
(Fidalgo, 1968b). O sistema hifálico desta espécie, assim como de suas similares, tem sido
motivo de controvérsias na literatura. Fidalgo (1968b) considera seu sistema hifálico
dimítico, composto de hifas generativas e hifas setais esqueletais (“setal skeletal hyphae”
em Fidalgo, op. cit.), um termo não encontrado em outros trabalhos. Ryvarden (2004)
considera o sistema hifálico também como dimítico, porém composto por hifas generativas
e hifas esqueletais. Os materiais estudados apresentam o sistema hifálico intermediário,
com hifas generativas hialinas com parede delgada a amareladas com parede levemente
espessas, estas com septos raros e distantes uns dos outros, além de hifas setais no contexto
e setas tramais.
Inonotus pseudoglomeratus Ryvarden, Syn. Fungorum 15: 78 (2002). Figura 4E
Descrição. Ryvarden (2004; 2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 15/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1082 (URM 81290); 10/III/2009, J.M. Baltazar
et al. JMB 1430 (URM 81291).
Distribuição. Neotropical, porém rara (Ryvarden, 2004; 2005). Citada para Belize e
Venezuela, este é o primeiro registro da espécie para o Brasil.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004; 2005).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 54
Comentários. Espécie caracterizada pelo píleo concentricamente zonado e umbonado,
além da superfície dos poros amarelo olivácea escura e das setas himeniais raras. Segundo
Ryvarden (2004; 2005), esta espécie lembra I. glomeratus (Peck) Murrill da América do
Norte temperada, porém esta apresenta setas himeniais abundantes e basidiomas
ressupinados. Inonotus patouillardii (Rick) Imazeki também é similar a I.
pseudoglomeratus, porém a primeira possui a superfície do píleo azonada e quebrando-se
em blocos, além de poros e basidiosporos maiores — 4-6 poros por mm, 5-6 × 4-4,5 μm
em I. pseudoglomeratus; 3-4 poros por mm, 6-8 × 4-5,5 μm em I. patouillardii (Ryvarden,
2004).
Phylloporia Murrill
Phylloporia é um gênero bem delimitado morfologicamente e molecularmente,
caracterizado pelo contexto dúplex, ausência de setas e sistema hifálico geralmente
monomítico — dimítico em duas espécies (Wagner & Ryvarden, 2002). Ocorre geralmente
em troncos e ramos de árvores vivas, podendo ocorrer em madeira morta ou em matéria
orgânica em decomposição no solo.
Chave para as espécies de Phylloporia
1a. Em árvores vivas ou mortas, basidioma pileado séssil, solitário a imbricado,
basidiosporos subglobosos, marrom amarelado claros ........................ Phylloporia chrysita
1b. No solo em meio à serrapilheira, basidioma lateralmente estipitado, basidiosporos
amplamente elipsóides, amarelos ..................................................... Phylloporia spathulata
Phylloporia chrysita (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 235 (1972).
Basiônimo. Polyporus chrysites Berk., Hooker's J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 233 (1856).
Descrição. Wagner & Ryvarden (2002) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1024
(URM 81304); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 18/IX/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 900 (URM 81305).
Distribuição. Neotropical (Wagner & Ryvarden, 2002); no Brasil, conhecida para Acre,
Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 55
Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva &
Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas vivas e em decomposição.
Comentários. Esta espécie é caracterizada pelos basidiomas macios devido ao tomento
relativamente espesso, além dos poros e basidiosporos pequenos. Frequentemente, é
confundida com espécies de Inonotus, e em muitos herbários é possível encontrar
espécimes identificados como Inonotus sp. ou como seu sinônimo I. corrosus Murrill. É
similar a P. weberiana (Sacc.) Ryvarden, uma espécie paleotropical, da qual difere pelos
basidiosporos amarelos claros e menores nesta espécie (Wagner & Ryvarden, 2002).
Phylloporia spathulata (Hook.) Ryvarden, Syn. Fungorum 5: 196 (1991).
Basiônimo. Boletus spathulatus Hook., Syn. Pl. (Kunth) 1: 9 (1822).
Descrição. Wagner & Ryvarden (2002) e Ryvarden (2004).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 743 (URM 81306);
03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1697 (URM 81307); Moreno, RPPN Carnijó,
17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 392, 393 (URM 81308, 81309);
08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 564 (URM 81310); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 720 (URM 81311); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 969
(URM 81312); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1135 (URM
81313); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1634 (URM 81314); São Vicente Férrer,
Mata do Estado (Sirijí), 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1084
(URM 81315).
Distribuição. Pantropical (Wagner & Ryvarden, 2002); no Brasil, citada para Amazonas,
Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa
Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro
registro desta espécie para Pernambuco.
Substrato. No solo em meio à serrapilheira.
Comentários. Devido o seu basidioma estipitado, esta espécie foi amplamente aceita no
gênero Coltricia. Entretanto, o contexto dúplex e os basidiosporos pigmentados e pequenos
a caracterizam como uma espécie típica de Phylloporia, e seu posicionamento neste gênero
é sustentado por análises moleculares (Wagner & Ryvarden, 2002). Phylloporia veracrucis
(Sacc.) Ryvarden, outra espécie que pode apresentar basidiomas estipitados, difere
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 56
principalmente pelos basidiosporos levemente maiores — 4-4,5 × 3-3,5 μm nesta, 3-4 × 2-
3 μm em P. spathulata (Wagner & Ryvarden, 2002).
4.1.5. Meripilaceae Jülich
Rigidoporus Murrill
Gênero caracterizado pelos basidiomas geralmente rígidos e leves quando secos,
sistema hifálico monomítico a aparentemente dimítico, hifas generativas com septo
simples, cistídios tramais com parede espessa presentes ou ausentes, cistidíolos
mamiliformes geralmente presentes e basidiosporos hialinos, ovóides a subglobosos
(Gilbsertson & Ryvarden, 1986). Espécies de Oxyporus são muito similares macro- e
microscopicamente, diferindo por apresentarem basidiomas mais claros, presença de
cistídios himeniais e ausência de cistídios tramais e cistidíolos mamiliformes (Ryvarden,
1991).
Chave para as espécies de Rigidoporus
1a. Basidioma ressupinado a raramente efuso-reflexo, linha negra próxima ao substrato
geralmente presente, basidiosporos 4-5,5 × 3-4 µm .............................. Rigidoporus vinctus
1b. Basidioma efuso-reflexo a subestipitado, raramente ressupinado, linha negra próxima
ao substrato ausente, basidiosporos 4,5-6 × 4-5 µm ............................. Rigidoporus lineatus
Rigidoporus lineatus (Pers.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 236 (1972).
Basiônimo. Polyporus lineatus Pers., Gaudichaud Bot. Frey. Voy. Monde: 174 (1827).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 449, 450 (URM 81431,
81432); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 582, 585 (URM 81433, 81434);
25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 759 (URM 81435); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1698, 1715, 1717 (URM 81436, 81437, 81438); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 395, 399 (URM 81439, 81440); 08/VII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 555 (URM 81441); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 692,
699, 717, 722 (URM 81442, 81443, 81444, 81445); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 933 (URM 81446); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 57
Pereira JMB 1085 (URM 81447); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1247 (URM 81448); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1342 (URM
81449); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1434 (URM 81450);
21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1587, 1592, 1604, 1624, 1636 (URM 81451, 81452,
81453, 81454, 81455); Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB
1407 (URM 81456); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 632 (URM 81457); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 784 (URM 81458); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1505, 1525 (URM 81459, 81460); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1653, 1664, 1679
(URM 81461, 81462, 81463).
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Amapá, Bahia, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e
Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Rigidoporus lineatus é praticamente idêntica macroscopicamente a R.
microporus (Sw.) Overeem. Microscopicamente, elas são separadas pela ausência de
cistídios na última. Entretanto, uma observação cuidadosa deve ser realizada, porque os
cistídios podem ser escassos ou estarem localizados imersos na trama em alguns espécimes
de R. lineatus. Os basidiosporos destas duas espécies apresentam tamanhos levemente
distintos [4,5-6 × 4-5 µm em R. lineatus, 3,5-5 × 3,5-4 µm em R. microporus (Gilbertson
& Ryvarden, 1986)], porém não o suficiente para separar as espécies com base apenas
nesta característica.
Rigidoporus vinctus (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 143 (1972)
Basiônimo. Polyporus vinctus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 9: 196 (1852).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 21/V/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1593 (URM 81464).
Distribuição. Pantropical e em partes quentes de zonas temperadas (Ryvarden &
Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio
Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva &
Gibertoni, 2009).
Substrato. Em angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 58
Comentários. Espécie caracterizada pela grande variação de cor do basidioma, geralmente
em tons rosados quando fresco podendo tornar-se acinzentado a preto quando seco. Os
basidiomas são rígidos e, quando delgado, as margens geralmente se curvam ao secar. Os
basidiosporos são ovóides a subglobosos e, frequentemente, colapsam em KOH.
4.1.6. Phanerochaetaceae Jülich
Antrodiella Ryvarden & I. Johans.
Antrodiella compreende espécies com basidioma macios e densos, cerosos quando
frescos, tornando-se duros e semi-translúcidos quando secos, sistema hifálico dimítico,
hifas generativas com grampo de conexão, cistídios ausentes ou presentes, e basidiosporos
hialinos, pequenos, subglobosos, elipsóides a alantóides (Ryvarden & Johansen, 1980).
Sua separação de outros gêneros como Flabellophora, Flaviporus Murrill, Flavodon
Ryvarden, Junghuhnia Corda, Oxyporus (Bordot & Galzin) Donk, Steccherinum Gray e
Tyromyces P. Karst. é confusa em alguns casos (Ginns, 1980; 1984; Ryvarden, 1991; Dai
& Niemelä, 1997), e a revisão de muitas espécies tropicais destes gêneros é necessária para
melhor delimitá-los (Rajchenberg, com. pess.).
Chave para as espécies de Antrodiella
1a. Basidioma subestipitado, flabeliforme a espatulado, basidiosporos elipsóides, 3-3,5 ×
2-2,5 μm ............................................................................................. Antrodiella hydrophila
1b. Basidioma pileado séssil a estipitado, dimidiado a flabeliforme, basidiosporos
cilíndricos a alantóides, 4-4,5 × 1-1,5 μm ........................................... Antrodiella versicutis
Antrodiella hydrophila (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden, Mycotaxon 20(2): 343 (1984).
Basiônimo. Polyporus hydrophilus Berk. & M.A. Curtis, J. Linn. Soc., Bot. 10(45): 306
(1868) [1869].
Descrição. Lowe (1975) e Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mara do Estado
(Sirijí), 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1655, 1687 (URM 81466, 81467).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Paraná e São Paulo (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de A.
hydrophila para Pernambuco.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 59
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Os basidiomas desta espécie são flabeliformes a espatulados e flexíveis
quando frescos, rígidos e curvados quando secos, o que a tornam característica. Sua
posição taxonômica é incerta, sendo aceita por outros autores nos gêneros Flaviporus ou
Tyromyces (Lowe, 1975; Ginns, 1980).
Antrodiella versicutis (Berk. & M.A. Curtis) Gilb. & Ryvarden, N. Amer. Polyp. 1: 158
(1986).
Basiônimo. Polyporus versicutis Berk. & M.A. Curtis, J. Linn. Soc., Bot. 10(45): 308
(1868) [1869].
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 579 (URM 81468);
17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1496 (URM 81469); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 579 (URM 81468); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1720 (URM 81470);
Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 965, 992,
998 (URM 81471, 81472, 81473); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1112, 1121, 1142, 1153 (URM 81474, 81475, 81476, 81477); 21/XI/2008, J.M. Baltazar &
L. Trierveiler-Pereira JMB 1263, 1277 (URM 81478, 81479); 21/V/2009, J.M. Baltazar et
al. JMB 1642, 1643 (URM 81480, 81481); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 329 (URM 81482); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 649, 688
(URM 81483, 81484); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 868, 873 (URM 81485,
81486); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1035, 1077, 1083 (URM
81487, 81488, 81489); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1211,
1241, 1244 (URM 81490, 81491, 81492); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1380,
1385, 1403 (URM 81493, 81494, 81495); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1531 (URM 81496); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 21/X/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 1171 (URM 81497); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1501 (URM 81498); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1681 (URM
81499).
Distribuição. Neotrópicos e América temperada (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no
Brasil, conhecida para Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande
do Sul, São Paulo e Sergipe como A. versicutis e Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio Grande
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 60
do Sul e São Paulo como A. duracina (Pat.) I. Lindblad & Ryvarden (Baltazar & Gibertoni,
2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Gilbertson &
Ryvarden, 1986).
Comentários. Esta espécie é caracterizada pelo basidioma geralmente estipitado e os
basidiosporos alantóides e pequenos. Seu contexto é geralmente composto apenas por hifas
generativas, e por isso é microscopicamente muito similar a Flabellophora obovata,
distinguindo-se apenas pela forma e tamanho dos basidiosporos.
A relação entre A. duracina e A. versicutis permanece incerta. Lowe (1975) as considera
espécies distintas baseado apenas no tamanho dos poros. Gilbertson & Ryvarden (1986)
consideraram esta uma característica sem peso taxonômico, e propuseram a sinonimização
das espécies. Lindblad & Ryvarden (1999) as mantiveram separadas, justificando esta
decisão pelo fato de materiais neotropicais apresentarem diferenças no tamanho dos poros
e composição do contexto, sendo composto principalmente por hifas generativas em A.
duracina e por esqueletais em A. versicutis. Os materiais aqui estudados apresentam
grande variação no tamanho dos poros e composição do contexto, não sendo possível
separá-los em dois grupos distintos em nível específico. Dessa forma, as duas espécies são
consideradas sinônimos. Assim como A. hydrophila, A. versicutis têm sua posição em nível
genérico não esclarecida, pois alguns autores a consideram em Tyromyces (Murrill, 1907;
Lowe, 1975; David & Rajchenberg, 1985).
4.1.7. Polyporaceae Fr. ex Corda
Coriolopsis Murrill
Coriolopsis é caracterizado por basidiomas anuais, geralmente com cores amarronzadas,
contexto dourado a marrom, sistema hifálico trimítico, hifas esqueletais e conectivas
amareladas a castanhas e basidiosporos cilíndricos a oblongo elipsóides, hialinos e com
parede delgada (Ryvarden & Johansen, 1980). É um gênero próximo a Trametes, do qual
difere unicamente pela cor das hifas (Ryvarden, 1991). O tipo de podridão e o
comportamento nuclear são idênticos nestes gêneros, o que levou Corner (1989b) a
considerá-los sinônimos. Outros gêneros trametóides também diferenciados
morfologicamente pela coloração do basidioma e/ou das hifas são Datronia, Hexagonia e
Pycnoporus. Como estas diferenças em coloração são geralmente causadas pela
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 61
composição química (Gilbertson & Ryvarden, 1986), estes gêneros são aceitos sensu
Ryvarden (1991).
Chave para as espécies de Coriolopsis
1a. Linhas concêntricas em torno dos pontos de adesão do basidioma ao substrato
presentes, superfície do píleo bege a marrom clara, contexto dourado, hifas esqueletais e
conectivas amarelas .................................................................................. Coriolopsis rigida
1b. Linhas concêntricas em torno dos pontos de adesão do basidioma ao substrato ausentes,
superfície do píleo marrom escuro a negra, contexto marrom a marrom escuro, hifas
esqueletais e conectivas marrom douradas .......................................... Coriolopsis caperata
Coriolopsis caperata (Berk.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 77 (1908).
Basiônimo. Polyporus caperatus Berk., Grevillea 9(51): 98 (1881).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 751, 753, 772 (URM
81500, 81501, 81502); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1008, 1023
(URM 81503, 81504); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1189, 1204, 1206 (URM
81505, 81506, 81507); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1284 (URM 81508);
17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1480, 1488 (URM 81509, 81510); 03/VI/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1699, 1700, 1711, 1722 (URM 81511, 81512, 81513, 81514); Moreno,
RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 374, 375, 386, 394
(URM 81515, 81516, 81517, 81518); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 542, 553, 563,
573, 576, 577 (URM 81519, 81520, 81521, 81522, 81523, 81524); 14/VIII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 696, 709, 718, 724, 734, 738, 739 (URM 81525, 81526, 81527, 81528,
81529, 81530, 81531); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 943, 956,
964, 977, 990, 996, 997, 1000 (URM 81532, 81533, 81534, 81535, 81536, 81537, 81538,
81539); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1089, 1094, 1126, 1128,
1131, 1148, 1150, 1152, 1154 (URM 81540, 81541, 81542, 81543, 81544, 81545, 81546,
81547, 81548); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1248, 1250, 1255,
1265, 1268, 1276, 1279 (URM 81549, 81550, 81551, 81552, 81553, 81554, 81555);
23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1343, 1345, 1353, 1355, 1363 (URM
81556, 81557, 81558, 81559, 81560); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 62
JMB 1437, 1441, 1456, 1462, 1467, 1468 (URM 81561, 81562, 81563, 81564, 81565,
81566); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1591, 1595, 1630, 1644 (URM 81567, 81568,
81569, 81570); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 345,
351, 368 (URM 81571, 81572, 81573); 07/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 486, 517,
525 (URM 81574, 81575, 81576); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 639, 642, 650,
684 (URM 81577, 81578, 81579, 81580); 16/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 808, 810,
813, 825, 833, 866, 871 (URM 81581, 81582, 81583, 81584, 81585, 81586, 81587);
15/X/2008, J.M. Baltazar& L. Trierveiler-Pereira JMB 1034, 1036, 1046, 1051, 1074,
1078 (URM 81588, 81589, 81590, 81591, 81592, 81593); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1212, 1217, 1218, 1239, 1242 (URM 81594, 81595, 81596,
81597, 81598); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1309, 1310, 1316b, 1333, 1335, 1338
(URM 81599, 81600, 81613, 81601, 81602, 81603); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB
1379, 1384, 1387, 1397, 1421, 1428 (URM 81604, 81605, 81606, 81607, 81608, 81609);
07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1539, 1544, 1574, (URM 81610,
81611, 81612); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 475 (URM 81614); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 606, 622, 627, 631
(URM 81615, 81616, 81617, 81618); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
JMB 779, 788, 800, 805 (URM 81619, 81620, 81621, 81622); 18/IX/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 876, 889, 893, 913, 923 (URM 81623, 81624, 81625, 81626,
81627); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1158, 1165 (URM 81628, 81629);
30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1292, 1298, 1304 (URM 81630, 81631, 81632);
19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1503, 1506, 1518, 1528 (URM
81633, 81634, 81635, 81636); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1672, 1686 (URM
81637, 81638).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,
Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa
Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-
Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Coriolopsis caperata é uma espécie de fácil identificação a campo devido à
superfície do píleo geralmente escura e concentricamente zonada, e a superfície dos poros
branca tornando-se bege em basidiomas velhos. Espécimes ressupinados e efuso-reflexos
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 63
podem se parecer com C. rigida. Entretanto, a cor do basidioma e das hifas devem ser
suficientes para separar estas espécies.
Coriolopsis rigida (Berk. & Mont.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 75 (1908).
Basiônimo. Trametes rigida Berk. & Mont., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 11: 240 (1849).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 538, 571, 572 (URM 81639, 81640, 81641); 14/VIII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 693, 733, 735 (URM 81642, 81643, 81644); 23/IX/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 936, 938, 988, 989 (URM 81645, 81646, 81647, 81649);
16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1091, 1092, 1109, 1140 (URM
81649, 81650, 81651, 81652); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1442 (URM 81653); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 30/XI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 1303 (URM 81654); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1523 (URM 81655).
Distribuição. Neotropical, extendendo-se a algumas áreas temperadas da Argentina e
Estados Unidos (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para Alagoas, Bahia,
Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo, Santa
Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-
Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente coníferas (Gilbertson & Ryvarden,
1986).
Comentários. Espécie caracterizada pela presença de linhas concêntricas em torno dos
pontos de adesão do basidioma ao substrato (Trierveiler-Pereira et al., 2009). Além desta
característica, difere de C. caperata pela coloração do basidioma e das hifas. Coriolopsis
floccosa (Jungh.) Ryvarden é muito similar, e C. rigida têm sido freqüentemente
considerada seu sinônimo (Ryvarden & Johansen, 1986; Ryvarden, 1991). Entretanto,
como a distinção entre as duas não está clara e espécimes neotropicais são freqüentemente
identificados como C. rigida, este é o nome aqui adotado para os materiais estudados.
Datronia Donk
Datronia se diferencia de outros gêneros trametóides pela cor do basidioma e das hifas
esqueletais. Apesar de Gilbertson & Ryvarden (1986) e Ryvarden (1991) descreverem o
gênero como dimítico com hifas esqueletais ramificadas, estes mesmos autores aceitam
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 64
espécies trimíticas, e.g. D. scutellata (Schwein.) Gilb. & Ryvarden. Uma revisão das
espécies deste gênero e de Coriolopsis, com uma especial atenção ao sistema hifálico,
poderá esclarecer a delimitação destes gêneros.
Datronia decipiens (Bres.) Ryvarden, Mycotaxon 33: 308 (1988).
Basiônimo. Trametes decipiens Bres., Annls mycol. 18(1/3): 40 (1920).
Descrição. Ryvarden (1988).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1283 (URM 81656).
Distribuição. Espécie rara, mas provavelmente distribuída por toda a América do Sul, com
espécimes coletados na Bahia e sudeste do Brasil (Ryvarden, 1988). Este é o primeiro
registro da espécie para Pernambuco.
Substrato. Galho de angiosperma caído em decomposição.
Comentários. Datronia decipiens é caracterizada pelo basidioma delgado, contexto dúplex
com uma linha negra separando as porções superior e inferior, poros grandes e
basidiosporos elipsóides, diferindo das demais espécies do gênero principalmente por estas
duas últimas características (Ryvarden, 1988).
Existem poucas coletas desta espécie até o momento. O tipo foi coletado na Bahia, e
Ryvarden (1988) relata a existência de uma coleta no sudeste do Brasil. No banco de dados
do Herbarium Ryvardenius (http://www.bio.uio.no/bot/ryvardenius/index.html) estão
registrados três espécimes: dois coletados no Brasil, um provavelmente em São Paulo e o
outro é provavelmente, uma duplicata do tipo; o terceiro espécime foi coletado na
Colômbia.
Dichomitus D.A. Reid
O gênero é caracterizado por basidiomas ressupinados a raramente efuso-reflexos,
superfície dos poros e contexto brancos a marrom claros, sistema hifálico dimítico, hifas
generativas com grampo de conexão, hifas esqueleto-ligadoras hialinas, dextrinóides ou
negativas em Melzer, basidiosporos cilíndricos a oblongo elipsóides, geralmente acima de
10 μm na maior dimensão (Masuka & Ryvarden, 1999).
As características microscópicas são muito parecidas às de Polyporus, e os dois gêneros
parecem ser filogeneticamente próximos (Ryvarden, 1991). Megasporoporia Ryvarden &
J.E. Wright difere de Dichomitus apenas pela reação dextrinóide das hifas esqueletais, e
aqui é aceito como sinônimo como sugerido por Masuka & Ryvarden (1999).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 65
Pachykytospora é um gênero próximo às espécies de Dichomitus com hifas dextrinóides,
diferindo pelos basidiosporos ornamentados no primeiro.
Dichomitus cavernulosus (Berk.) Masuka & Ryvarden, Mycol. Res. 103(9): 1127 (1999).
Basiônimo. Polyporus cavernulosus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 235
(1856).
Descrição. Ryvarden et al. (1982) e Masuka & Ryvarden (1999).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico João de
Vasconcelos Sobrinho, 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1473 (URM 81657);
03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1702 (URM 81658); Moreno, RPPN Carnijó,
23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 975 (URM 81659); 16/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1136 (URM 81660); 21/XI/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 1272 (URM 81661); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M.
Coimbra JMB 1347, 1352, 1361 (URM 81662, 81663, 81664); 12/III/2009, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 1459, 1470 (URM 81665, 81666); Recife, Parque Dois
Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 529 (URM 81667); 15/X/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1056 (URM 81668); 19/XI/2008, J.M. Baltazar &
L. Trierveiler-Pereira JMB 1243 (URM 81669); 21/I/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB
1307, 1322, 1336 (URM 81670, 81671, 81672); 10/III/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB
1394, 1431 (URM 81673, 81674); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
1558 (URM 81675); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 28/VIII/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 795 (URM 81676); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 880 (URM 81677); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1183
(URM 81678); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1305 (URM 81679); 28/V/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1675, 1682 (URM 81680, 81681).
Distribuição. Pantropical, porém não confirmada para Ásia (Masuka & Ryvarden, 1999);
no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Masuka & Ryvarden, 1999).
Comentários. Espécie caracterizada pelos poros grandes, hifas esqueleto-ligadoras
dextrinóides e basidiosporos cilíndricos, hialinos, lisos e grandes. Pachykytospora
papyraceae é muito similar, diferindo pelos basidiosporos ornamentados, porém espécimes
estéreis das duas espécies são difíceis de distinguir.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 66
Diplomitoporus Dománski
São características do gênero o basidioma ressupinado a efuso-reflexo, fibroso e branco
a creme, sistema hifálico dimítico a trimítico, hifas generativas com grampo de conexão,
hifas esqueletais negativas em Melzer a fracamente amilóides e basidiosporos hialinos,
com parede delgada, elipsóides a alantóides. Espécies de Antrodia P. Karst. apresentam as
mesmas características, porém causam podridão marrom. A delimitação entre
Diplomitoporus e Antrodiella é vaga, diferindo, segundo Gilbertson & Ryvarden (1986) e
Ryvarden (1991), por este gênero apresentar basidiomas cartilaginosos e basidiosporos
menores. Entretanto, espécies com tamanho de basidiosporos dentro da variação aceita
para Antrodiella têm sido descritas em Diplomitoporus, e.g. D. costaricensis I. Lindblad &
Ryvarden e D. stramineus Ryvarden & Iturr. Algumas espécies de Skeletocutis possuem
características comuns a Diplomitoporus, porém as hifas são incrustadas (Ryvarden, 1991).
Neste trabalho, o gênero é aceito como diferindo de Antrodiella apenas pela
consistência e aspecto do basidioma, porém análises moleculares seriam necessárias para
averiguar a importância desta característica e as relações entre espécies destes gêneros.
Chave para as espécies de Diplomitoporus
1a. Basidiosporos amplamente elipsóides a raramente subglobosos ou oblongo elipsóides,
4-5 × (2,5-) 3-3,5(-4,5) μm ................................................. “Diplomitoporus ellipsosporus”
1b. Basidiosporos cilíndricos, 4-4,5 × 1-1,5 μm ..................... Diplomitoporus venezuelicus
“Diplomitoporus ellipsosporus” Baltazar, Ryvarden & Gibertoni, ined. Figuras 2 e 4A
Basidioma ressupinado, até 12 × 6 cm e 2,5 mm de espessura, fibroso, levemente macio
quando fresco, rígido quando seco. Superfície dos poros branca a creme (4, 7 e 52) quando
fresco, creme a ocrácea quando seco (30, 32 e 52), poros angulares em partes do basidioma
voltadas para o solo, elongados em porções inclinadas em relação ao solo, (4-) 6-8 poros
por mm. Margem fértil a estéril até 3,5 mm, da mesma cor que a superfície dos poros a
amarronzada (12, 17). Contexto fibroso a algodonoso, ceráceo em algumas partes,
homogêneo, da mesma cor que a superfície dos poros, até 0,5 mm de espessura. Tubos da
mesma cor que a superfície dos poros, ceráceos, opacos a brilhantes, até 2,5 mm de
profundidade.
Sistema hifálico dimítico; hifas generativas com grampo de conexão, hialinas, com
parede delgada a levemente espessa e lisa, ramificadas e sinuosas, 2-3 (-4) μm de diâmetro,
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 67
abundantes no contexto, não encontradas na trama; hifas esqueletais hialinas, retas a
sinuosas, não ramificadas, com parede espessa a sólida, 3-5,5 μm de diâmetro. Basídios
clavados, hialinos, com parede delgada, 12-18 × 4-5 μm, colapsam facilmente em KOH.
Cistídios ausentes; cistidíolos subclaviformes a fusóides, hialinos, com parede delgada e
lisa. Basidiosporos elipsóides a amplamente elipsóides, hialinos, com parede delgada a
levemente espessa e lisa, frequentemente com gútulas, 4-5 × (2,5-) 3-3,5 (-4) μm, IKI-.
Figura 2. Características microscópicas de “Diplomitoporus ellipsosporus”. A. Cistidíolos. B. Basidios. C. Basidiosporos. D. Hifas generativas. E. Hifas esqueletais. (escala = 10 μm).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 461 (URM, holótipo; O, isótipo);
19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 636 (URM); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 787 (URM); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
JMB 891, 903 (URM); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1177 (URM); 28/V/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1666, 1673, 1676, 1684 (URM).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 68
Material adicional examinado. D. costaricensis: COSTA RICA. Guanacaste: Santa
Rosa National Park, 22/VI/1997, I. Lindblad 3144 (O); D. stramineus: EQUADOR.
Sucumbíos: Reserva Natural de Cuyabeno, 15/VI/1993, M. Núñez 249 (O);
REPÚBLICA DOMINICANA. Valverde: Mao, El Fundo de Los Quemados,
01/IX/2001, O.P. Perdomo et al. 1071-A (O).
Distribuição. Conhecida apenas para uma localidade no estado de Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição.
Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma fibroso, sistema hifálico dimítico,
basidiosporos elipsóides a amplamente elipsóides e microesturas negativas em Melzer.
Diplomitoporus costaricensis e D. insularis Ryvarden são muito similares macro e
microscopicamente a “D. ellipsosporus”, diferindo pelos basidiosporos — elipsóides a
levemente oblongo-elipsóides, 4-5 × 2-2,75 μm em D. costaricensis e globosos em D.
insularis (Hjortstam & Ryvarden, 2009a). O tamanho dos basidiosporos de D. stramineus é
similar ao de “D. ellipsosporus”, porém a primeira possui basidiomas mais delgados (até
1,5 mm de espessura), poros menores [4-5 (-6) por mm] e basidiosporos oblongo-
elipsóides a elipsóides levemente curvados, 5-6 × 2-3 μm [elipsóides, 4,5-5 × 2,7-3 μm na
descrição original (Ryvarden & Iturriaga, 2003)]. Diplomitoporus venezuelicus, outra
espécie similar, apresenta basidiomas mais delgados e basidiosporos cilíndricos. Além
dessas diferenças, “D. ellipsosporus” é a única entre as espécies acima que possui
cistidíolos.
Representa uma espécie nova para ciência.
Diplomitoporus venezuelicus Ryvarden & Iturr., Mycologia 95(6): 1069 (2003). Figura 4B
Descrição. Ryvarden & Iturriaga (2003).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 797 (URM 81682);
18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 921 (URM 81683); 21/X/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 1157 (URM 81684).
Material adicional examinado. D. venezuelicus: BRASIL. Pará: Melgaço, Estação
Científica Ferreira Penna, VII/2006, T.B. Gibertoni (URM); D. dilutabilis: BRAZIL.
Santa Catarina: Florianópolis, Trindade, Campus da UFSC, 24/I/1989, C. Loguercio-
Leite & J. Furlani 108 (FLOR 10556, holótipo).
Distribuição. Conhecido anteriormente para a Venezuela (Ryvarden & Iturriaga, 2003).
Este é seu primeiro registro para o Brasil, onde ocorre no Pará e em Pernambuco.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 69
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Iturriaga, 2003).
Comentários. Diplomitoporus venezuelicus é uma espécie similar à D. costaricensis, “D.
ellipsosporus”, D. insularis e D. stramineus (ver comentários em “D. ellipsosporus”).
Entretanto, é a única espécie deste grupo que apresenta basidiosporos cilíndricos, 4-4,5 ×
1-1,5 μm.
Diplomitoporus dilutabilis Log.-Leite & J.E. Wright possui basidiosporos cilíndricos a
levemente alantóides. Porém, estes são maiores do que os de D. venezuelicus, medindo 4,5-
5,5 × 2,5-3 μm, além dos poros serem maiores em D. dilutabilis, 4-6 por mm., enquanto D.
venezuelicus possui 6-8 poros por mm.
Earliella Murrill
Gênero monotípico muito similar a Trametes. É caracterizado pelo basidioma anual a
perene, ressupinado, efuso-reflexo ou pileado, com a presença de uma cutícula escura,
geralmente vermelha, que se origina na base e se desenvolve em direção a margem
(Gilbertson & Ryvarden, 1986). Microscopicamente, Earliella é indistinguível de Trametes
(Ryvarden, 1991).
Fomitella Murrill, outro gênero trametóide monoespecífico, também apresenta cutícula
escura, diferindo de Earliella pela cor do contexto e da superfície dos poros. Entretanto, é
possível que se trate de um único gênero.
Earliella scabrosa (Pers.) Gilb. & Ryvarden, Mycotaxon 22(2): 364 (1985).
Basiônimo. Polyporus scabrosus Pers., Voy. Uranie. Bot. 5: 172 (1827).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 541 (URM 81685); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
JMB 939 (URM 81686); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1249
(URM 81687); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1605 (URM 81688).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,
Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Rondônia,
Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al.,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Comentários. Earliella scabrosa é similar a algumas espécies de Fomitopsis e Trametes
[e.g. F. nivosa e T. cubensis (Mont.) Sacc.], das quais difere pela presença de uma cutícula
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 70
geralmente avermelhada na superfície do píleo. Fomitella supina também possui uma
cutícula escura, e difere de E. scabrosa pela cor do contexto e da superfície dos poros
(Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Flabellophora G. Cunn.
Flabellophora é caracterizado pelos basidiomas central a lateralmente estipitados, poros
pequenos (geralmente 8-10 por mm), sistema hifálico monomítico no contexto e dimítico
na trama, basidiosporos subglosos a elipsóides e microestruturas negativas em Melzer
(Núñez & Ryvarden, 2001).
O gênero é próximo a Antrodiella, sendo difícil a delimitação de muitas espécies aceitas
em ambos os gêneros (ver discussão em Antrodiella). Difere de Microporellus
principalmente pelas hifas esqueletais dextrinóides neste gênero.
Existe uma discussão na literatura quanto à presença ou ausência de grampo de conexão
em F. superposita (Berk.) G. Cunn., espécie tipo do gênero. Cunningham (1965) descreve
as hifas generativas desta espécie sem grampos de conexão, e aceita o gênero como
monoespecífico, o que foi aceito posteriormente por Jülich (1984). Corner (1987) revisou o
tipo de Polyporus superpositus Berk. e descreveu abundantes hifas com grampo de
conexão no contexto do estipe, incluindo várias espécies nesse gênero. Este conceito tem
sido aceito por diversos autores, inclusive com descrições de espécies novas (Ryvarden,
1991; Hattori, 2000; Núñez & Ryvarden, 2001; Ryvarden & Iturriaga, 2003). Entretanto,
Rajchenberg (com. pess.) estudou o tipo de P. superpositus e não encontrou grampos de
conexão em nenhuma parte dos basidiomas. Neste trabalho, Flabellophora é aceita sensu
Corner (1987), porém é reconhecida a possibilidade de que as espécies aqui aceitas não
pertençam a este gênero.
Chave para as espécies de Flabellophora
1a. Superfície do píleo zonada concentricamente, vinácea a bege e marrom quando fresca,
em tons de bege e cinza quando seca, basidiosporos 4-5 × 3-4 μm . Flabellophora obovata
1b. Superfície do píleo azonada a estriada radialmente, branca a creme claro, basidiosporos
3,5-4 (-4,5) × (2-) 2,5 μm ..................................................................... Flabellophora parva
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 71
Flabellophora obovata (Jungh.) Núñez & Ryvarden, Syn. Fungorum 14: 294 (2001).
Basiônimo. Polyporus obovatus Jungh., Praemissa in floram cryptogamicam Javae
insulae: 65 (1838).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Núñez & Ryvarden (2001).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 422, 426 (URM 81689,
81690); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 752, 774 (URM 81691, 81692);
17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1485 (URM 81693); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1704, 1713, 1724, 1727 (URM 81694, 81695, 81696, 81697); Moreno, RPPN
Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 380, 406, 410, 418 (URM
81698, 81699, 81700, 81701); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 551 (URM 81702);
14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 713, 716, 737 (URM 81703, 81704, 81705);
23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 981 (URM 81706); 16/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1095, 1147 (URM 81707, 81708); 12/III/2009,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1436, 1445, 1447, 1451, 1460 (URM 81709,
81710, 81711, 81712, 81713); 21/V/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB 1589, 1613, 1616,
1625, 1641 (URM 81714, 81715, 81716, 81717, 81718); Recife, Parque Dois Irmãos,
13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 362 (URM 81719); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 812 (URM 81720); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1552,
1579 (URM 81721, 81722); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 459, 464 (URM 81723, 81724); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB
620, 623 (URM 81725, 81726); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
793, 796, 803 (URM 81727, 81728, 81729); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 887, 919 (URM 81730, 81731); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB1155,
1161, 1178 (URM 81732, 81733, 81734); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1295
(URM 81735); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1654, 1659 (URM 81736, 81737).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,
2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Espécie caracterizada pela superfície do píleo concentricamente zonada em
tons vináceos e bege quando fresco, tornando-se acinzentada quando seco. Ao contrário da
descrição de Hattori (2000), os materiais estudados têm o contexto dominado por hifas
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 72
generativas, o que está de acordo com Ryvarden & Johansen (1980). Antrodiella versicutis
tem o contexto similar e, microscopicamente, somente os basidiosporos distinguem as duas
espécies. Anteriomente, esta espécie foi aceita em Microporellus Murrill (Ryvarden &
Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1986), porém atualmente apenas espécies com
hifas dextrinóides são aceitas neste gênero (Hattori, 2000; Núñez & Ryvarden, 2001).
Decock (2007) aceita espécies sem reação em Melzer em Microporellus, porém limita o
gênero a espécies com basidiosporos subglobosos à lacrimóides, sendo os de F. obovata
elipsóides.
Flabellophora parva Corner, Beih. Nova Hedwigia 86: 42 (1987).
Descrição. Corner (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1017
(URM 81738); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1199 (URM 81739); 26/XI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 1287 (URM 81740); 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1494 (URM
81741).
Distribuição. Aparentemente Neotropical, citada para a localidade tipo no Peru (Corner,
1987) e para o estado do Paraná (Ryvarden & Meijer, 2002). Este é o primeiro registro da
espécie para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição, porém Ryvarden & Meijer (2002) citam um
espécime coletado em um tronco de Pinus sp.
Comentários. Espécie caracterizada pelos píleos sobrepostos em um mesmo estipe, porém
espécimes jovens podem apresentar um único píleo. Flabellophora superposita também
apresenta esta característica, porém as hifas generativas do píleo possuem septo simples.
Assim como F. obovata, F. parva também possui o contexto monomítico. Esta,
entretanto, possui a superfície do píleo bege a creme claro e azonada a estriada
radialmente, enquanto F. obovata o píleo é vináceo a bege e marrom. Microscopicamente,
F. parva possui basidiosporos menores (ver medidas na chave acima).
Fomes (Fr.) Fr.
Gênero caracterizado pelo basidioma de formas variadas, lenhoso e rígido, superfície do
píleo concentricamente zonada, glabra, em tons de cinza, marrom e preto, contexto com
um núcleo micelial formado por esclerídeos, basidiosporos cilíndricos, hialinos, com
parede delgada, 10-20 μm de comprimento (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 73
Fomes fasciatus (Sw.) Cooke, Grevillea 14(69): 21 (1885).
Basiônimo. Boletus fasciatus Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1922 (1788).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. 442 (URM 81742);
12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. 605 (URM 81743); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al.
760, 777b (URM 81744, 81745); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira 396 (URM 81746); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. 723 (URM
81747); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira 976 (URM 81748); 16/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira 1132 (URM 81749); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira 1269 (URM 81750); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra 1357
(URM 81751); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. 1635 (URM 81752); Recife, Parque Dois
Irmãos, 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. 839 (URM 81753).
Distribuição. Neotropical avançando em partes temperadas dos Estados Unidos
(Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar
& Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Comentários. Espécie de fácil identificação pelas características descritas acima para o
gênero. Difere de F. fomentarius (L.) Fr., outra espécie do gênero, pelo comprimento dos
basidiosporos (10-14 em F. fasciatus e 15-20 em F. fomentarius). Em campo, pode ser
confundida com um espécime jovem de G. australe, porém esta não possui o núcleo
micelial típico de Fomes (Gilbertson & Ryvarden, 1986). Microscopicamente, os
basidiosporos distinguem estas espécies, sendo elipsóides, truncados e com parede dupla, a
interna ornamentada em G. australe, enquanto em F. fasciatus eles são cilíndricos, com
parede simples e lisa.
Hexagonia Fr.
Gênero caracterizado pelos basidiomas sésseis, poros geralmente grandes e hexagonais,
sistema hifálico trimítico com hifas esqueletais e conectivas pigmentadas, e basidiosporos
cilíndricos e grandes (Ryvarden & Johansen, 1980). Difere dos demais gêneros trametóides
principalmente pelas características dos poros (ver discussão em Coriolopsis para mais
detalhes).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 74
Chave para as espécies de Hexagonia
1a. Superfície do píleo hirsuta, poros 2-4 por mm .............................. Hexagonia hydnoides
1b. Superfície do píleo finamente velutínea a glabra, poros 1-2 por mm ...............................
............................................................................................................. Hexagonia papyracea
Hexagonia hydnoides (Sw.) M. Fidalgo, Mem. New York Bot. Gard. 17: 64 (1968).
Basiônimo. Boletus hydnoides Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1942 (1806).
Descrição. Fidalgo (1968a) e Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 870 (URM 81755); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1060, 1081 (URM 81756, 81757); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1210, 1246 (URM 81758, 81759); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1326, 1330, 1339, 1341 (URM 81760, 81761, 81762, 81763); 10/III/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1405, 1429 (URM 81764, 81764); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1554 (URM 81766).
Distribuição. Pantropical (Fidalgo, 1968a); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amazonas,
Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar &
Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Comentários. Espécie caracterizada pelos densos pêlos na superfície do píleo. Hexagonia
hirta (P. Beauv.) Fr. também possui pêlos no píleo, e difere de H. hydnoides pelos poros
menores (Ryvarden & Johansen, 1980). Trichaptum perrottetii (Lév.) Ryvarden é
semelhante macroscopicamente, porém a presença de cistídios e os basidiosporos menores
desta espécie as separam facilmente.
Hexagonia papyracea Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 10: 379 (1843) [1842].
Descrição. Fidalgo (1968a) e Gilbertson & Ryvarden (1986).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 980, 1001 (URM 81767, 81768); 16/X/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1111, 1144 (URM 81769, 81770); 21/XI/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1278 (URM 81771).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 75
Distribuição. Neotropical (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, São
Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Bononi et al., 2008; Baltazar et al., 2009; Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Fidalgo, 1968a).
Comentários. Espécie caracterizada pelos basidiomas delgados e flexíveis, superfície do
píleo geralmente glabra e zonada e os poros grandes (Gilbertson & Ryvarden, 1986),
características que também a separam de H. hydnoides. Citada frequentemente como H.
variegata Berk., um sinônimo posterior (para discussão sobre este problema nomenclatural
ver Fidalgo [1968a]).
Lenzites Fr.
Gênero caracterizado pelos basidiomas pileados sésseis, superfície superior glabra a
hirsuta, himenóforo lamelar a daedalóide, as vezes com poros verdadeiros em algumas
partes, branco a amarelado, contexto da mesma cor do himenóforo, basidiosporos
cilíndricos e terminações de hifas esqueletais e conectivas frequentemente se projetando
acima do himêmio (Ryvarden & Johansen, 1980).
É próximo a Trametes, do qual distingue pelo himenóforo, distintamente poróide neste,
e pelas terminações hifais que se projetam acima do himênio (Gilbertson & Ryvarden,
1986). Entretanto, existem espécies com características intermediárias entre os dois
gêneros, e seu posicionamento em nível genérico permanece incerto (Ryvarden, 1991).
Lenzites stereoides (Fr.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 232 (1972).
Basiônimo. Daedalea stereoides Fr., Nova Acta R. Soc. Scient. upsal., Ser. 3 1: 99 (1851).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 767 (URM 81772);
30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1016 (URM 81773); 29/X/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 1197 (URM 81774); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1285
(URM 81775).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe
(Sampaio, 1916; Góes-Neto, 1999; Baltazar & Gibertoni, 2009).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 76
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Espécie caracterizada pelo himenóforo muito variável, de poróide
verdadeiro a daedalóide e mais raramente hidnóide; microscopicamente, as terminações de
hifas esqueletais e conectivas que se projetam acima do himênio são características
(Ryvarden & Johansen, 1980). Lenzites betulina (L.) Fr. e L. acuta Berk., que também
ocorrem nos neotrópicos, diferem de L. stereoides por possuirem o himenóforo lamelar
(Ryvarden & Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Nigrofomes Murrill
Gênero monoespecífico caracterizado pelo basidioma rígido e escuro, violáceo a preto,
com sistema hifálico dimítico, hifas generativas com septo simples e basidiosporos
amplamente elipsóides e hialinos (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Nigrofomes melanoporus (Mont.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(8): 425 (1904).
Basiônimo. Polyporus melanoporus Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 17: 127 (1842).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gilbertson & Ryvarden (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 417 (URM 81776); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 545, 548 (URM 81777, 81778); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 698
(URM 81779); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1098, 1103 (URM
81780, 81781); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1439 (URM
81782); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1602, 1603 (URM 81783, 81784).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Roraima e São
Paulo (Fidalgo et al., 1965; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Macroscopicamente, Nigroporus melanoporus pode ser confundida com
Nigroporus vinosus, porém aquela possui hifas generativas com septo simples e
basidiosporos amplamente elipsóides, enquanto Nigroporus vinosus possui hifas
generativas com grampo de conexão e basidiosporos cilíndricos a alantóides (Gilbertson &
Ryvarden, 1987).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 77
Nigroporus Murrill
Este gênero é caracterizado pelos basidiomas violáceos a negros, mais raramente
rosados, sistema hifálico dimítico, hifas generativas com grampo de conexão e hifas
esqueletais escuras (Ryvarden & Johansen, 1980). Nigrohydnum Ryvarden parece ser o
gênero mais próximo, diferindo pelo himenóforo hidnóide (Ryvarden, 1991).
Nigroporus vinosus (Berk.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 32(7): 361 (1905).
Basiônimo. Polyporus vinosus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 9: 195 (1852).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 697 (URM 81785); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 942, 963, 972, 999 (URM 81786, 81787, 81788, 81789); 16/X/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1115, 1151 (URM 81790, 81791); 21/XI/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1253 (URM 81792); São Vicente Férrer, Mata do
Estado (Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1160 (URM 81793); 30/XI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 1293 (URM 81794).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,
Amapá, Mato Grosso Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,
Rondônia, São Paulo e Santa Catarina (Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009;
Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Esta espécie é caracterizada pelos basidiomas sésseis e dimidiados a
flabeliformes com uma base contraída, além dos poros pequenos. Difere de Nigrofomes
melanoporus pelas hifas generativas com grampo de conexão e os basidiosporos
cilíndricos a alantóides. Espécimes sésseis de Trichaptum durum podem ser similares,
porém estes possuem cistídios.
Pachykytospora Kotl. & Pouzar
Gênero bem delimitado, caracterizado pelos basidiosporos oblongo elipsóides, hialinos
e equinulados, sendo estas ornamentações arranjadas longitudinalmente resultando em um
aspecto estriado (Ryvarden, 1991). As hifas esqueletais são dextrinóides, e as duas
espécies encontradas neste trabalho se parecem àquelas de Dichomitus com esta
característica (=Megasporoporia), especialmente D. cavernulosus.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 78
Dai & Niemelä (2002) consideram Pachykytospora como sinônimo de Haploporus
Singer. Entretanto, este gênero possui basidiomas pileados e basidiosporos dextrinóides
com um padrão de ornamentação diferente das espécies de Pachykytospora. Por esta razão,
Pachykytospora é aceito como gênero distinto neste trabalho.
Chave para as espécies de Pachykytospora
1a. 4-5 poros por mm, basidiosporos 8-12 × 4-6 μm .................. Pachykytospora alabamae
1b. 2-4 poros por mm, basidiosporos 12,5-15 × 6-7 μm ............ Pachykytospora papyracea
Pachykytospora alabamae (Berk. & Cooke) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).
Basiônimo. Polyporus alabamae Berk. & Cooke, Grevillea 6(40): 130 (1878).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 789 (URM 81795);
18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 894 (URM 81796).
Distribuição. Tropical e subtropical (Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida
para Pará, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de P.
alabamae para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Pachykytospora alabamae, P. papyracea e P. nanospora A. David &
Rajchenb. são as espécies do gênero conhecidas na região Neotropical até o momento. As
duas primeiras diferem pelo tamanho dos poros e dos basidiosporos — 4-5 poros por mm,
basidiosporos 8-12 × 4-6 μm em P. alabamae e 2-4 poros por mm, basidiosporos 12,5-15 ×
6-7 μm em P. papyracea. As demais características são idênticas nas duas espécies.
Pachykytospora nanospora difere pelos basidiosporos elipsóides, 5-6 (6,5) × 3-4 μm
(David & Rajchenberg, 1992).
Pachykytospora papyracea (Schwein.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).
Basiônimo. Boletus papyraceus Schwein., Schr. naturf. Ges. Leipzig 1: 99 (1822).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 746 (URM 81797).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 79
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1987);
no Brasil, conhecida para Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Bononi, 1984;
Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro desta espécie para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas e gimnospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen,
1980).
Comentários. Espécie muito similar à P. alabamae, da qual difere pelos poros e
basidiosporos maiores (ver medidas na chave e na discussão de P. alabamae). Dichomitus
cavernulosus possui basidiomas similares, com poros do mesmo tamanho aos de P.
papyracea e hifas esqueletais dextrinóides. Diferem pelos basidiosporos, com parede
ornamentada em P. papyracea e lisa em D. cavernulosus, além da presença de hifas
esqueleto-ligadoras nesta.
Perenniporia Murrill
Perenniporia é caracterizado por basidiosporos elipsóides a truncados, geralmente com
parede espessa, sistema hifálico dimítico com hifas esqueletais arboriformes variavelmente
dextrinóides (Ryvarden, 1991; Decock, 2001). Recentemente, Perenniporiella Decock &
Ryvarden foi descrita para acomodar espécies previamente classificadas em Perenniporia,
porém possuindo basidiosporos subglobosos a globosos, com parede espessa e não
truncados (Decock & Ryvarden, 2003).
Chave para as espécies de Perenniporia
1a. Basidiomas grandes, até 15 × 10 cm e 8 cm de espessura, píleo aplanado a raramente
ungulado, basidiosporos lacrimóides .................................................... Perenniporia martia
1b. Basidiomas menores, até 10 cm de diâmetro e 2 cm de espessura, píleo tríquetro a
ungulado, basidiosporos subglobosos à elipsóides .............................................................. 2
2a. Superfície do píleo marrom avermelhado a chocolate, basidiosporos subglobosos à
elipsóides, não truncados, 3,5-5 μm na maior dimensão ............. Perenniporia contraria
2b. Superfície do píleo branca a creme, basidiosporos elipsóides com ápice truncado,
12-17 μm de comprimento ........................................................ Perenniporia ochroleuca
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 80
Perenniporia contraria (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).
Basiônimo. Polyporus contrarius Berk. & M.A. Curtis, Trans. Linn. Soc. London, Bot.,
Ser. 2 2: 60 (1882).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Decock et al. (2001).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 557 (URM 81798); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira
JMB 1127 (URM 81799); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1266
(URM 81800); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1614 (URM 81801).
Distribuição. Aparentemente pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980; Decock et al.,
2001); no Brasil, conhecida para Pará, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul (Gerber et
al., 1999; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Perenniporia contraria é muito similar a P. subanosa (Bres.) Decock et al.,
da qual difere por possuir a margem aguda, poros menores e hifas esqueletais mais
estreitas (Decock et al., 2001). Os basidiosporos de ambas as espécies são típicos de
Perenniporiella, porém as características das hifas esqueletais não estão de acordo com a
circuscrição deste gênero (Decock & Ryvarden, 2003); segundo estes autores o
posicionamente destas espécies permace não resolvido, uma vez que a morfologia do
basidiosporo não sustenta sua acomodação em Perenniporia.
Perenniporia martia (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 143 (1972).
Basiônimo. Polyporus martius Berk., Hooker’s J. Bot. 8: 198 (1856).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gerber et al. (1999).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 15/X/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1029 (URM 81802).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Gerber et al., 1999; Bononi et al., 2008; Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. O basidioma lenhoso, muito rígido, e os basidiosporos lacrimóides
caracterizam P. martia e a difere das demais espécies pileadas do gênero. Ryvarden &
Johansen (1980) consideraram Fomes latissimus Bres. sinônimo de P. martia, porém,
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 81
posteriormente, Ryvarden (1988) as considerou espécies distintas devido a presença de
cistídios encrustados na primeira, e propôs a combinação P. latissima (Bres.) Ryvarden.
Perenniporia ochroleuca (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).
Basiônimo. Polyporus ochroleucus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 4: 53 (1845).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 444, 451 (URM 81803,
81804).
Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para
Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Gerber et al., 1999; Góes-Neto,
1999; Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Ryvarden &
Johansen, 1980).
Comentários. Esta espécie difere de P. ohiensis (Berk.) Ryvarden pela superfície do píleo
cinza a preta e poros e basidiosporos menores nesta última (Loguercio-Leite et al., 2008).
Corner (1989a) não considera esta variação significante e trata estas espécies como
sinônimos. Perenniporia detrita (Berk.) Ryvarden também é muito similar, porém possui
basidiosporos menores. Segundo Decock & Ryvarden (1999), estas três espécies formam
um grupo homogêneo e estudos de compatibilidade são necessários para confirmar quantas
espécies existem neste complexo.
Polyporus P. Micheli ex Adans.
Polyporus, segundo a emenda proposta por Donk (1960) e aceita pela maioria dos
autores modernos (Corner, 1984; Gilbertson & Ryvarden, 1987; Ryvarden, 1991;
Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995; Silveira & Wright, 2005), é
caracterizado pelos basidiomas estipitados desenvolvendo-se diretamente em madeira ou a
partir de um esclerócio, sistema hifálico dimítico, hifas generativas com grampo de
conexão e hifas esqueleto-ligadoras ou do tipo Bovista, e basidiosporos cilíndricos a
subelipsóides. Algumas espécies de Dichomitus possuem hifas similares, porém os
basidiomas são ressupinados a efuso-reflexo (Ryvarden, 1991).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 82
Chave para as espécies de Polyporus
1a. Estipe negro, geralmente com cutícula .......................................................................... 2
1b. Estipe concolor ao píleo ou ausente .............................................................................. 5
2a. Superfície do píleo vinácea escura a negra ................................. Polyporus dictyopus
2b. Superfície do píleo creme, ocrácea ou bege ............................................................. 3
3a. Poros (5-) 7-10 por mm, hifas esqueleto-ligadoras dos dissepimentos variavelmente
dextrinóides ........................................................................................... Polyporus leprieurii
3b. Poros 0,5-4 por mm, hifas indextrióides ....................................................................... 4
4a. Estipe lateral a excêntrico, 3-4 poros por mm, basidiosporos 8,5-11 (-12) × 3,5-4 (-
4,5) μm ............................................................................................ Polyporus guianensis
4b. Estipe central a levemente excêntrico, 0,5-1,5 poros por mm, basidiosporos 6,5-10 ×
2,5-3,5 μm ..................................................................................... Polyporus puttemansii
5a. Superfície do píleo vinácea a marrom clara, poros circulares, 5-6 por mm .....................
.................................................................................................................Polyporus ianthinus
5b. Superfície do píleo creme a ocrácea, poros hexagonais a elongados, 1-2 por mm ....... 6
6a. Basidioma coriáceo quando fresco, basidiosporos 7-9 μm de comprimento ...............
......................................................................................................... Polyporus arcularius
6b. Basidioma carnoso a membranáceo quando fresco, basidiosporos 9-12 μm de
comprimento ................................................................................... Polyporus tenuiculus
Polyporus arcularius (Batsch) Fr., Syst. mycol. 1: 342 (1821).
Basiônimo. Boletus arcularius Batsch, Elench. fung.: 97 (1783).
Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/V/2009,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1536 (URM 81805).
Distribuição. Cosmopolita (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Pará,
Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009;
Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de P. arcularius para o
Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).
Comentários. Polyporus arcularius é caracterizada pelos poros hexagonais a elongados.
Segundo Silveira & Wright (2005), esta espécie difere de P. arcularioides A. David &
Rajchenb. pela presença de escamas na superfície do píleo, cílios na margem e medas em
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 83
P. arcularius. Entretanto, a ocorrência de escamas e cílios parece ser variável (Núñez &
Ryvarden, 1995; Louza & Gugliotta, 2007). O material estudado não apresentou medas, e
esta característica não foi encontrada em descrições de outros autores. Núñez & Ryvarden
(1995) consideram P. arcularioides sinônimo de P. tenuiculus, o qual difere de P.
arcularius pelos basidiomas carnosos quando frescos. Considerando a discordância entre a
delimitação de P. arcularioides segundo os autores citados acima, o material estudado é
aqui denominado P. arcularius.
Polyporus dictyopus Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 3: 349 (1835).
Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 427 (URM 81806);
Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 383, 400
(URM 81807, 81808); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 567 (URM 81809);
14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 714 (URM 81810); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 951 (URM 81811); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1090 (URM 81812); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1622, 1623, 1649
(URM 81813, 81814, 81815); Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 495 (URM 81816); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1388 (URM 81817);
07/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1581 (URM 81818); São Vicente Férrer, Mata do
Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 452, 463 (URM 81819, 81820);
19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 617, 626, 635 (URM 81821, 81822, 81823);
18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 905, 918 (URM 81824, 81825);
19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1509, 1511 (URM 81826, 81827);
28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1652, 1662, 1667 (URM 81828, 81829, 81830).
Distribuição. Pantropical (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Alagoas,
Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar &
Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).
Comentários. Polyporus dictyopus é caracterizada pela presença de uma cutícula negra na
superfície do píleo e no estipe, porém é uma espécie muito variável morfologicamente
(Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995). É muito similar à P. melanopus (Pers.)
Fr., porém esta é restrita a zonas temperadas (Silveira & Wright, 2005).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 84
Polyporus guianensis Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 13(1): 201 (1840).
Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 710 (URM 81832); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 330, 331, 344, 370 (URM 81833, 81834, 81835, 81836); 07/VII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 487 (URM 81837); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 640,
643 (URM 81838, 81839); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 817, 818, 837, 864, 867
(URM 81840, 81841, 81842, 81843, 81844); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1038, 1040, 1041, 1054 (URM 81845, 81846, 81847, 81848); 19/XI/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1225 (URM 81849); 10/III/2009, J.M. Baltazar
et al. JMB 1402 (URM 81850); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 466 (URM 81851); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 794 (URM 81852); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB
892 (URM 81853); 12/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1174 (URM 81854).
Distribuição. Ásia e América do Sul tropicais (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil,
conhecida para Acre, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande
do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni,
2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).
Comentários. Espécie próxima a P. leprieurii, porém facilmente separada pelos poros e
basidiosporos maiores (Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995). Assim como
descrito para P. leprieurii, também foram encontrados espécimes de P. guianensis
produzindo rizomorfos.
Polyporus ianthinus Gibertoni & Ryvarden, in Gibertoni, Ryvarden & Cavalcanti, Syn.
Fungorum 18: 53 (2004).
Descrição. Gibertoni et al. (2004b).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 12/III/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1446 (URM 81855); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1621 (URM 81856); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 458, 468, 472 (URM 81857, 81858, 81859); 18/IX/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 879 (URM 81860); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1524 (URM 81861).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 85
Distribuição. Neotropical, conhecida para o Brasil, Guiana e Venezuela (Gibertoni et al.,
2004b; Ryvarden & Iturriaga, 2004); no Brasil, conhecida para o Pará e Pernambuco
(Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gibertoni et al., 2004b).
Comentários. Espécie caracterizada pelo píleo vináceo a marrom claro, tornando-se um
pouco mais claro quando seco. É muito similar macroscopicamente a P. grammocephalus
Berk., diferindo pelo píleo ocráceo a bege. Microscopicamente, diferem pelo comprimento
dos basidiosporos: 5-6 μm em P. ianthinus e 6-8 μm em P. grammocephalus (Gibertoni et
al., 2004b).
Polyporus leprieurii Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 13: 203 (1840).
Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 428 (URM 81862);
03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1714 (URM 81863); Moreno, RPPN Carnijó,
17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 382 (URM 81864); 14/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 708, 715, 729 (URM 81865, 81866, 81867); 12/III/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1461 (URM 81868); Recife, Parque Dois Irmãos,
13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 365 (URM 81869); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 502 (URM 81870); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 457, 462, 465 (URM 81871, 81872, 81873); 19/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 618, 624 (URM 81874, 81875); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 792 (URM 81876); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 899, 904, 928 (URM 81877, 81878, 81879); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al.
JMB 1170, 1172 (URM 81880, 81881); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1300, 1301
(URM 81882, 81883); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1670, 1677 (URM 81884,
81885).
Distribuição. Espécie tropical a subtropical, ocorre nas Américas e leste da Ásia (Núñez &
Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Acre, Amazonas, Alagoas, Bahia, Mato
Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo,
Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).
Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma lateralmente estipitado, píleo
geralmente espatulado e poros pequenos. Também é comum nesta espécie a produção de
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 86
rizomorfos, semelhantes a um estipe alongado e tortuoso (Núñez & Ryvarden, 1995).
Difere de P. guianensis principalmente pelos poros e basidiosporos menores — (5-) 7-10
poros por mm, basidiosporos (4-) 4,5-9 × 2-2,5 (-3) μm em P. leprieurii e 3-4 (-5) poros
por mm, basidiosporos (9,5-) 10-11 × 3,5-4 μm em P. guianensis.
Polyporus puttemansii Henn., Hedwigia 43: 200 (1904).
Descrição. David & Rajchenberg (1985) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado
(Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 621 (URM 81886); 19/III/2009, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1513, 1514, 1516, 1520 (URM 81887, 81888,
81889, 81890).
Distribuição. Espécie Netropical e subtropical, citada para a Argentina, Brasil e Guiana
(David & Rajchenberg, 1985; Silveira & Wright, 2005); no Brasil, conhecida para Paraná,
Rio Grande do Sul e São Paulo (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da
espécie para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição.
Comentários. Polyporus puttemansii é caracterizado pelo estipe geralmente central e pelos
poros grandes. Silveira & Wright (2005) consideram esta espécie como uma variedade de
P. guianensis. Os materiais estudados, entretanto, parecem diferir o suficiente para manter
estas espécies separadas. Os espécimes identificados como P. puttemansii apresentam o
píleo mais fino, cartilaginoso e frágil, enquanto os de P. guianensis são mais espessos,
coriáceos e rígidos. A inserção do estipe também difere, e nos materiais identificados como
P. guianensis estes foram sempre laterais. Polyporus guianensis parece ser mais próxima a
P. leprieurii, inclusive pela produção de rizomorfos.
Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr., Syst. mycol. 1: 344 (1821).
Basiônimo. Favolus tenuiculus P. Beauv., Fl. Oware 1(8): 74 (1806).
Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1019
(URM 81891); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1291 (URM 81892); 17/III/2009,
J.M. Baltazar et al. JMB 1479, 1498, 1499 (URM 81893, 81894, 81895); 03/VI/2009, J.M.
Baltazar et al. JMB 1721, 1728 (URM 81896, 81897).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 87
Distribuição. Pantropical (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Acre,
Alagoas, Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina e
Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).
Comentários. Espécie morfologicamente muito variável, é caracterizada pelos basidiomas
brancos a creme, carnosos quando frescos, e os poros grandes, hexagonais a elongados
(Silveira & Wright, 2005). Polyporus philippinensis Berk. difere pelo píleo marrom claro e
poros menores do que os de P. tenuiculus, e cruzamentos entre as duas resultaram
negativos (Silveira & Wright, 2002). Polyporus saltensis (Speg.) R.M. Silveira & J.E.
Wright também é similar a P. tenuiculus, porém possui hifas generativas com septo
simples.
Pycnoporus P. Karst.
Gênero trametóide caracterizado pela cor vermelha a alaranjada, conferida pelo
pigmento cinabarina (Gripenberg, 1951; Smânia et al., 1998). A coloração e esta
característica química o diferenciam de Trametes. A diferença na coloração de outros
gêneros trametóides também pode ser causada por diferenças na composição química,
argumento utilizado por Ryvarden (1991) para aceitá-los como gêneros distintos.
Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(8): 421 (1904).
Basiônimo. Boletus sanguineus L., Sp. pl., Edn 2 2: 1646 (1763).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gilbertson & Ryvarden (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 591 (URM 81898);
Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira. JMB 948
(URM 81899); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1633 (URM 81900); Recife, Parque
Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 354 (URM 81901); 07/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 510, 520 (URM 81902, 81903); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB
657, 661 (URM 81904, 81905); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 814, 845 (URM
81906, 81907); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1057, 1068 (URM
81908, 81909); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1215, 1230 (URM
81910, 81911); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1324 (URM 81912); 10/III/2009, J.M.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 88
Baltazar et al. JMB 1415 (URM 81913); 07/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1555 (URM
81914).
Distribuição. Pantropical e em algumas áreas subtropicais (Ryvarden & Johansen, 1980;
Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amapá, Amazonas,
Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São
Paulo e Santa Catarina (Bononi et al., 2008; Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos
et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Pycnoporus sanguineus possui basidiomas mais delgados e basidiosporos
ligeiramente menores que P. cinnabarinus (Jacq.) P. Karst. (4-6 × 2-2,5 μm na primeira, 6-
8 × 2,5-3 μm nesta), espécie restrita a áreas temperadas do hemisfério norte. Sua sinonímia
já foi proposta, porém estas espécies são sexualmente incompatíveis (Gilbertson &
Ryvarden, 1987).
Tinctoporellus Ryvarden
Gênero caracterizado pela alteração de cor que os espécimes causam no substrato,
tornando-o avermelhado (Ryvarden, 1991). Suas características macro e microscópicas são
similares as de Antrodia, Antrodiella e Diplomitoporus. Assim como estas duas últimas, é
causador de podridão branca (Rajchenberg, 1983), diferindo pela alteração na cor do
substrato.
Tinctoporellus epimiltinus (Berk. & Broome) Ryvarden, Trans. Br. mycol. Soc. 73(1): 18
(1979).
Basiônimo. Polyporus epimiltinus Berk. & Broome, J. Linn. Soc., Bot. 14(2): 54 (1875).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 419 (URM 81915); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 544 (URM 81916); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 725 (URM 81917);
16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1101, 1129 (URM 81918, 81919);
21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1260 (URM 81920); 23/I/2009,
J.M. Baltazar &V.R.M. Coimbra JMB 1344 (URM 81921); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al.
JMB 1637 (URM 81922); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 28/VIII/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 780 (URM 81923).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 89
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Pará e
Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o
primeiro registro para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Espécie de fácil identificação devido ao basidioma azulado a cinza com
poros pequenos, e pelo substrato tornar-se distintamente avermelhado (Ryvarden &
Johansen, 1980). Difere de T. isabelinus Ryvarden & Iturr. pela ausência de cistídios e a
forma e tamanho dos basidiosporos — cilíndricos, 3-3,5 × 1 μm em T. isabelinus e
elipsóides, 4-4,5 × 2-3 μm em T. epimiltinus. Além disso, em T. isabelinus a mudança de
cor do substrato é mais sutil do que em T. epimiltinus (Ryvarden & Iturriaga, 2003).
Trametes Fr.
Gênero caracterizado pelos basidiomas geralmente anuais, pileados sésseis, himenóforo
distintamente poróide, branco a creme ou acinzentado, contexto branco, sistema hifálico
trimíticos, hifas generativas com grampo de conexão, hifas esqueletais e conectivas
hialinas, cistídios ausentes, basidiosporos cilíndricos a alantóides, hialinos, e por causar
podridão branca (Ryvarden & Johansen, 1980).
Fomitopsis é muito similar, porém possui basidiomas perenes e causa podridão
castanha. Pycnoporus difere unicamente pela coloração vermelha a alaranjada dos
basidiomas, conferida pela produção de cinabarina. Coriolopsis e Datronia também são
próximos a Trametes, e diferenciam-se principalmente pelas hifas esqueletais e conectivas
castanhas a douradas. Os basidiomas de Lenzites são similares aos Trametes, porém
possuem o himenóforo lamelar a daedalóide e terminações hifais projetando-se acima do
himênio (Ryvarden, 1991). Consultar a discussão destes gêneros para mais detalhes.
Chave para as espécies de Trametes
1a. Basidioma cortíceo a fibroso, rígido, 2-12 mm de espessura .............. Trametes lactinea
1b. Basidioma cartilaginoso a coriáceo, flexível, até 2 mm de espessura ..............................
.......................................................................................................... Trametes membranacea
Trametes lactinea (Berk.) Sacc., Syll. fung. 6: 343 (1888).
Basiônimo. Polyporus lactineus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 10: 373 (1842).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Corner (1989b).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 90
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 12/VIII/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 664 (URM 81924).
Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para o Pará
(Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro para o Nordeste.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Espécie similar a T. elegans (Spreng.) Fr., da qual difere pelos poros
sinuosos à daedalóides e pelas terminações hifais projetando-se acima do himênio nesta
última (Corner, 1989b). Trametes incana Lév. também é similar, porém possui a superfície
do píleo zonada e amarronzada (Ryvarden & Johansen, 1980).
Trametes membranacea (Sw.) Kreisel, Monografias, Ciencias, Univ. Habana, Ser. 4 16:
83 (1971).
Basiônimo. Boletus membranaceus Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1922 (1806).
Descrição. Corner (1989b) e Silveira & Guerrero (1991).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.
Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 412, 414 (URM 81925, 81926); 08/VII/2008, J.M.
Baltazar et al. JMB 547 (URM 81927); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 701 (URM
81928); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 954 (URM 81929);
16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1104 (URM 81930); 12/III/2009,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1440 (URM 81931); 21/V/2009, J.M. Baltazar
et al. JMB 1611 (URM 81932).
Distribuição. Pantropical (Corner, 1989b; Silveira & Guerrero, 1991); no Brasil,
conhecida para Amapá, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni,
2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas.
Comentários. Trametes pavonia (Hook.) Ryvarden e T. versicolor (L.) Lloyd são
similares a T. membranacea, porém esta apresenta o tomento menos desenvolvido e
basidiosporos com tamanho e forma diferentes daqueles — cilíndricos a oblongo-
elipsóides, 4,5-5 × 2-2,5 μm em T. membranacea, elipsóides, 5-6 × 3-4 μm em T. pavonia
e cilíndricos, 5-6 × 1,5-2 μm em T. versicolor (Gilbertson & Ryvarden, 1987; Gibertoni,
2004).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 91
Trichaptum Murrill
Gênero caracterizado pela superfície dos poros violácea a púrpura em espécimes
frescos, tornando-se amarronzado quando velho e/ou seco, sistema hifálico dimítico,
presença de cistídios e basidiosporos cilíndricos (Ryvarden, 1991). Estudos moleculares e
ultraestruturais apontam seu posicionamento em Hymenochaetales (Rajchenberg &
Biachinotti, 1991; Ko & Jung, 1999; Larsson et al., 2006).
Chave para as espécies de Trichaptum
1a. Píleo 2-20 mm de espessura, superfície dos poros marrom à vinácea, 8-10 poros por
mm, basidiosporos 3,5-5 μm na maior dimensão .................................... Trichaptum durum
1b. Píleo 0,5-4 mm de espessura, superfície dos poros cinza, 3-6 poros por mm,
basidiosporos 6-7 μm na maior dimensão ................................................ Trichaptum sector
Trichaptum durum (Jungh.) Corner, Beih. Nova Hedwigia 86: 219 (1987). Figura 4F
Basiônimo. Polyporus durus Jungh., Praemissa in floram cryptogamicam Javae insulae: 62
(1838).
Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Corner (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,
J.M. Baltazar et al. JMB 346, 347, 348, 349, 352, 361 (URM 81936, 81937, 81038, 81939,
81940, 81941); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 496, 497, 499, 505, 508, 512, 513,
516, 523, 526, 530 (URM 81942, 81943, 81944, 81945, 81946, 81947, 81948, 81089,
81949, 81950, 81951); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 651, 655, 663, 666, 667,
669, 677, 679, 680, 682 (URM 81952, 81953, 81954, 81955, 81956, 81957, 81958, 81959,
81960, 81961, 81961); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 827, 828, 842, 844, 848, 856,
863 (URM 81090, 81962, 81963, 81964, 81965, 81966, 81967); 15/X/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 1049, 1050, 1058, 1062, 1064, 1069, 1071, 1076 (URM
81968, 81969, 81970, 81971, 81972, 81973, 81974, 81975); 19/XI/2008, J.M. Baltazar &
L. Trierveiler-Pereira JMB 1233, 1236, 1237, 1240, 1245 (URM 81976, 81977, 81978,
81979, 81980); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1317, 1320, 1334 (URM 81981,
81982, 81983); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1396, 1406, 1409, 1414, 1418, 1419
(URM 81984, 81985, 81986, 81987, 81988, 81989); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1545, 1546, 1551, 1556, 1559, 1560, 1565, 1570, 1573, 1575
(URM 81990, 81991, 81992, 81993, 81994, 81995, 81996, 81997, 81998, 81999).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 92
Distribuição. Pantropical, porém raro nas Américas, onde é conhecido somente para a
Venezuela (Ryvarden & Johansen, 1980; Ryvarden & Iturriaga, 2001). Este é o primeiro
registro da espécie para o Brasil.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).
Comentários. Esta espécie é caracterizada pela superfície do píleo geralmente tomentosa e
sulcada, superfície dos poros vinácea a púrpura e os poros pequenos, 7-9 (-10) por mm. É
macroscopicamente similar a algumas espécies de Nigroporus e os cistídios facilmente
colapsam, o que levou alguns autores a aceitá-la neste gênero (Murrill, 1907; Ryvarden &
Johansen, 1980). Trichaptum fumosoavelaneum (Romell) Rajchenb. & Bianchin. é similar,
porém possui basidiomas e poros maiores, 2-3 por mm (Gibertoni et al., dados não
publicados).
Trichaptum sector (Ehrenb.) Kreisel, Monografias, Ciencias, Univ. Habana, Ser. 4 16: 84
(1971).
Basiônimo. Boletus sector Ehrenb., Horae Phys. Berol.: 86 (1820).
Descrição. Corner (1987) e Gilbertson & Ryvarden (1987).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 596, 597 (URM 82000,
82001); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 747, 758 (URM 82002, 82003);
17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1475, 1476, 1482 (URM 82004, 82005, 81006);
03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1709 (URM 82007); Recife, Parque Dois Irmãos,
12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 638 (URM 82008); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1031 (URM 82009); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-
Pereira JMB 1532 (URM 82010).
Distribuição. Neotropical (Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida para
Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009;
Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).
Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Gilbertson &
Ryvarden, 1987).
Comentários. Espécie caracterizada pelos basidiomas geralmente flabeliformes, pequenos,
superfície do píleo cinza a amarronzada e superfície dos poros cinza a preta, com
dissepimentos geralmente lacerados (Gilbertson & Ryvarden, 1987). Schizophyllum
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 93
commune Fr. possui basidiomas com forma e coloração similares aos de T. sector, porém é
facilmente separada pelo himenóforo lamelar.
4.1.8. Schizoporaceae Jülich
Hyphodontia J. Erikss. emend. E. Langer
Hyphodontia foi originalmente descrito para agrupar espécies corticióides com
superfície himenial lisa, sistema hifálico monomítico e lagenocistídios e cistídios septados
(Wu, 2000; Hjortstam & Ryvarden, 2009b). Entretanto, outros gêneros apresentam
características microscópicas muito similares a Hyphodontia, incluindo Schizopora Velen,
diferindo principalmente pela superfície himenial e tipos de cistídios. Características
ultraestruturais e dados moleculares demonstraram que aquelas características
morfológicas não são suficientes para separar estes gêneros (Langer, 1998). Além de
Schizopora, outros cinco gêneros são considerados sinônimos de Hyphodontia, todos eles
mais antigos que este. Entretanto, Hyphodontia é o gênero com maior número de espécies
descritas (Wu, 2000) e, para evitar desvantagens com essa mudança nomenclatural, Langer
et al. (1996) propuseram rejeitar os nomes genéricos com prioridade e conservar
Hyphodontia, o que é aceito atualmente pelo Código Internacional de Nomenclatura
Botânica (McNeill et al., 2006; Kirk et al, 2008). Este conceito tem sido adotado por
autores modernos (Langer & Dai, 1998; Greslebin & Rajchenberg, 2000; Wu, 2000).
Entretanto, outros autores preferem manter Schizopora como um gênero independente para
acomodar as espécies distintamente poróides (Rajchenberg, 2006; Hjortstam & Ryvarden
2009b).
Neste trabalho, Hyphodontia é aceito como sinônimo de Schizopora. São características
do gênero a superfície himenial lisa a poróide, sistema hifálico monomítico a dimítico,
hifas generativas ramificadas formando um ângulo agudo, ápices hifais frequentemente
incrustados e presença de cistídios.
Hyphodontia flavipora (Berk. & M.A. Curtis ex Cooke) Sheng H. Wu, Mycotaxon 76: 54
(2000).
Basiônimo. Poria flavipora Berk. & M.A. Curtis ex Cooke, Grevillea 15(73): 25 (1886).
Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986) e Wu (2000).
Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João
de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 766, 769, 773 (URM
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 94
81316, 81317, 81318); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1014, 1021
(URM 81319, 81320); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1201 (URM 81321);
26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1290 (URM 81322); 27/I/2009, J.M. Baltazar & L.
Trierveiler-Pereira JMB 1370 (URM 81323); 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1490,
1492 (URM 81324, 81325); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1705 (URM 81326);
Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 704 (URM 81327);
23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 957, 961 (URM 81328, 81329);
16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1108, 1123 (URM 81330, 81331);
12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1454 (URM 81332); Recife,
Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 521 (URM 81333);
16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 834, 854, 859 (URM 81334, 81335, 81336);
15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler- Pereira JMB 1073 (URM 81337); 19/XI/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1228 (URM 81338); São Vicente Férrer, Mata
do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 615 (URM 81339); 28/VIII/2008,
J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 783 (URM 81340); 18/IX/2008, J.M. Baltazar
& L. Trierveiler-Pereira JMB 885, 917 (URM 81341, 81342); 21/X/2008, J.M. Baltazar et
al. JMB 1180 (URM 81343); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1294 (URM 81344).
Distribuição. Pantropical a pantemperada (Wu, 2000); no Brasil, conhecida para Alagoas,
Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar &
Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie
para Pernambuco.
Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).
Comentários. Espécie próxima a H. paradoxa (Schrad.) Langer & Vesterh., da qual difere
pela superfície himenial, poróide irregular a irpicóide nesta e distintamente poróide em H.
flavipora, além do tamanho dos basidiosporos — 3,5-5 × 2,5-3,5 μm nesta, 5-6 (-6,5) ×
3,5-4 μm na primeira (Gilbertson & Ryarden, 1986).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 95
Figura 3. Características macroscópicas de “Coltricia velutina”. A. Basidiomas. B. Superfície do píleo. C. Superfície dos poros (escalas: A = 2 cm, B e C = 1 cm).
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 96
Figura 4. Basidiomas de novos táxons e novas ocorrências para o Brasil. A. “Diplomitoporus ellipsosporus”. B. Diplomitoporus venezuelicus. C. Fomitopsis lilacinogilva. D. “Fuscoporia chrysea”. E. Inonotus pseudoglomeratus. F. Trichaptum durum. (escalas = 2 cm).
4.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides nas áreas estudadas
4.2.1. Diversidade de fungos poróides nas áreas estudadas
As 36 visitas a campo resultaram em 922 espécimes coletados nas trilhas demarcadas e
identificados até o nível específico. Estes correspondem a 66 espécies, distribuídas em 35
gêneros, oito famílias e duas ordens (Hymenochaetales e Polyporales). O gênero com
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 97
maior número de espécies encontradas foi Polyporus, com sete espécies, seguido por
Fulvifomes e Fuscoporia, com quatro espécies cada. A família melhor representada foi
Polyporaceae, com 18 gêneros e 32 espécies, seguida por Hymenochaetaceae, com nove
gêneros e 18 espécies (Figura 5).
2 2 1
9
1 1
18
14
6
1
18
2 2
32
10
5
10
15
20
25
30
35
Fomito
psidac
eae
Ganod
ermata
caeae
Grammothelea
ceae
Hymen
ocha
etaceae
Meripila
ceae
Phane
rocha
etacea
e
Polypora
ceae
Schizo
porac
eae
GênerosEspécies
Figura 5. Número de gêneros e espécies encontrados por família.
As espécies com maior número de espécimes coletados foram Coriolopsis caperata
(139), Fuscoporia gilva (108) e Trichaptum durum (66). Juntas, estas três espécies
contribuem com aproximadamente 34% do total de espécimes coletados.
A área com maior número de espécimes coletados e espécies identificadas foi o Parque
Dois Irmãos, com 335 espécimes e 33 espécies, seguida pela RPPN Carnijó, com 304
espécimes distribuídos em 30 espécies (Figuras 6 e 7). Nove espécies foram encontradas
em todas as quatro áreas amostradas: Antrodiella versicutis, Coriolopsis caperata,
Dichomitus cavernulosus, Flabellophora obovata, Fuscoporia gilva, Hyphodontia
flavipora, Polyporus dictyopus, Polyporus leprieurii e Rigidoporus lineatus. Seis espécies
foram encontradas em três áreas de coleta, enquanto 12 foram encontradas em duas áreas
de coleta. Trinta e oito espécies foram encontradas em apenas uma das quatro áreas de
coleta (14 em DI, nove em CA, sete em ME e oito em BC), o que corresponde a
aproximadamente 59% do total de espécies encontradas.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 98
335
304
149
134
DICAMEBC
Figura 6. Número de espécimes coletados por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).
33
30
2627
0
5
10
15
20
25
30
35
DI CA ME BC
Áreas de coleta
Núm
ero
de e
spéc
ies
Figura 7. Número de espécies coletadas por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).
Apesar do esforço de coleta e do elevado número de espécimes e espécies encontrados,
as curvas cumulativas de espécies das quatro áreas estudadas não se estabilizaram (Figura
8) e apenas a curva da RPPN Carnijó demonstra uma tendência à estabilidade. Isto mostra
que são necessárias mais coletas para melhor conhecer a diversidade de espécies de fungos
poróides destas áreas. Os mesmos resultados foram encontrados em outros trabalhos
realizados em áreas tropicais (Lindblad, 2001b; Gilbert et al., 2002; Gibertoni, 2008), nos
quais não houve tendência à estabilidade da curva cumulativa de espécies. Por outro lado,
em um estudo realizado em áreas boreais, Heilmann-Clausen & Christensen (2004)
obtiveram curvas estáveis tanto para basidiomicetos poróides como para corticióides.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 99
0
5
10
15
20
25
30
35
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43
amostras
núm
ero
de e
spéc
ies
DICAMEBC
Figura 8. Curvas cumulativas de espécies para as áreas estudadas (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).
4.2.2. Análises de similaridade (ANOSIM)
As similaridades entre as áreas estudadas foram calculadas utilizando o índice de
Sørensen (Tabela 2) e as análises de similaridade (ANOSIM).
Em um estudo de liquens em áreas de Mata Atlântica de Pernambuco, Cáceres (1999)
considerou valores de similaridade altos aqueles superiores a 0,42. Lindblad (2001a),
estudando basidiomicetos xilófilos em florestas tropicais na Costa Rica, considerou valores
de similaridade altos aqueles superiores a 0,4.
Tabela 2. Similaridade entre as áreas calculadas com o índice de Sørensen.
CA ME BC
DI 0,476 0,373 0,533
CA 0,571 0,491
ME 0,453
Considerando estes valores, apenas o Parque Dois Irmãos e a Mata do Estado diferem
quanto à riqueza de espécies. Os maiores valores de similaridade foram encontrados entre a
RPPN Carnijó e a Mata do Estado e o Parque Dois Irmãos e o Brejo dos Cavalos.
Curiosamente, isto forma dois pares compostos por uma mata de terra baixa e um brejo de
altitude.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 100
Na ANOSIM para o fator área, foram observados altos valores de R, indicando alta
dissimilaridade, entre o Parque Dois Irmãos e as demais áreas de coleta (Tabela 3). As
demais áreas tiveram valores de R abaixo do valor do Rglobal, porém muito próximos a este.
Tabela 3. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área (Rglobal = 0,758, p < 0,001, número de permutações = 10000).
CA ME BC
DI 0,996 0,769 0,883
CA 0,698 0,751
ME 0,488
A mesma análise foi feita somente para setembro/2008 (Tabela 4) e maio/2009 (Tabela
5) para verificar uma possível alteração em relação à dissimilaridade geral entre as áreas
(Tabela 3). Esses meses foram escolhidos por serem os meses com maior número de
espécies coletadas, por estarem em períodos distintos, sendo o primeiro seco e o último
chuvoso, e por serem temporalmente distantes, o que evita falsas repetições causadas por
espécimes perenes.
Tabela 4. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área para setembro/2008 (Rglobal = 0,433, p < 0,001, número de permutações = 10000).
CA ME BC
DI 0,756 0,668 0,408
CA 0,574 0,202
ME 0,178
Nestas análises, foram obtidos resultados de dissimilaridades menores entre as áreas do
que quando considerados todos os meses amostrados. Isto pode ter ocorrido devido à
perenidade dos basidiomas de algumas espécies. A re-coleta de indivíduos, principalmente
das espécies abundantes, pode exagerar as diferenças entre as áreas. Dessa forma, a
replicação temporal em um mesmo local de amostragem parece distorcer os resultados de
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 101
similaridade. A replicação espacial, feita com um rodízio de transectos em uma mesma
área, poderia levar a resultados de similaridade mais próximos da realidade.
Tabela 5. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área para maio/2009 (Rglobal = 0,341, p < 0,001, número de permutações = 10000).
CA ME BC
DI 0,528 0,55 0,316
CA 0,262 0,114
ME 0,308
A ANOSIM também foi utilizada para comparar a composição das espécies
considerando o fator tipos vegetacionais (mata de terra baixa versus brejo de altitude). O
valor de Rglobal inferior a 0,5 indica que a composição das espécies não foi estatisticamente
diferente entre os tipos vegetacionais (Rglobal = 0,321; p < 0,001; número de permutações =
10000), o que demonstra que as diferenças causadas pelos tipos de vegetação são menos
importantes do que as diferenças entre as áreas. Estes resultados, assim como aqueles
obtidos com o índice de Sørensen e a ANOSIM para as áreas, demonstram que a
composição das espécies de basidiomicetos poróides não varia entre mata atlântica de terra
baixa e brejo de altitude. Entretanto, Santos et al. (2007) concluíram que, de modo geral, as
comunidades de plantas vasculares dos brejos de altitude são mais similares entre si do que
com áreas de mata atlântica de terra baixa.
Para verificar o motivo do alto valor de dissimilaridade entre o Parque Dois Irmãos e a
RPPN Carnijó, foi utilizada a ANOSIM para obter os valores de dissimilaridade entre os
subtransectos de cada uma das áreas, resultando em dez comparações entre os cinco
subtransectos de cada uma delas. Esta análise foi efetuada juntamente com o fator época de
coleta. Para a RPPN Carnijó, quatro das 10 comparações entre subtransectos obtiveram
valores acima do Rglobal (= 0,547, p < 0,001), o que demonstra que estes são
significativamente diferentes entre si. Para o Parque Dois Irmãos, sete dos 10 pares de
subtransectos foram dissimilares entre si (Rglobal = 0,557, p < 0,001). Esses resultados de
dissimilaridade entre os subtransectos de uma mesma área sugerem que os subtransectos
podem estar apresentando dependência temporal devido à presença de espécies perenes, o
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 102
que pode estar contribuindo para os altos valores de dissimilaridade entre as áreas ao
utilizar os meses como replicação (Tabela 3).
Também foi utilizada a ANOSIM considerando o fator época de coleta. Para determinar
quais meses são considerados secos e quais são chuvosos durante o período de coleta,
foram observados os valores totais de precipitação mensal nas áreas estudadas (Figura 9).
Com base no valor médio anual das médias históricas mensais de precipitação, foram
considerados meses secos as coletas de setembro, outubro, novembro de 2008 e janeiro de
2009 no Parque Dois Irmãos; setembro, outubro, novembro de 2008 e março de 2009 na
RPPN Carnijós; agosto, setembro, outubro, novembro de 2008 e janeiro de 2009 na Mata
do Estado; e setembro, outubro e novembro de 2008 no Brejo dos Cavalos.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Jun Jul Ago Set Out Nov Jan Mar Mai
Mês
Prec
ipita
ção
(mm
)
DICABCME
Figura 9. Valores totais de precipitação mensal nas áreas de coleta durante o período de junho/2008 a maio/2009.
O resultado da ANOSIM para o período de coleta demonstrou que existe uma diferença
significativa entre os meses secos e os chuvosos (Rglobal = 0,175, p = 0,024), no entanto,
esta diferença é muito fraca, indicando uma composição de espécies similar entre os
períodos, apenas com uma alteração na dominância das espécies.
4.2.3. Importância do nível de decomposição e do tamanho do substrato na
composição das espécies
Foram marcados 294 troncos: 93 no Parque Dois Irmãos, 60 na RPPN Carnijó, 77 na
Mata do Estado e 64 no Brejo dos Cavalos. Para os cálculos de χ2, o número esperado para
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 103
cada classe de decomposição ou tamanho do substrato foi calculado pelo número de
troncos na respectiva classe dividido pelo número total de troncos.
Em relação ao nível de decomposição do substrato, o número de ocorrências foi maior
do que o esperado para o nível intermediário (nível 2) e menor do que o esperado para o
nível avançado (nível 3) (χ2 = 19,32; gl = 2; p < 0,05). Por outro lado, o número de
espécies foi menor do que o esperado para as classes intermediária e avançada e maior do
que o esperado para a classe inicial (nível 1), porém estes resultados não foram
estatisticamente significantes (χ2 = 7,92; gl = 2; p > 0,05). Aparentemente, o nível de
decomposição do substrato não influencia a composição das espécies lignolíticas, porém
afeta a sua frequência. O número de ocorrências acima do esperado no nível dois pode ter
ocorrido porque poucas espécies têm habilidade para colonizar o nível um com sucesso. Já
no nível três, o número de ocorrências foi abaixo do esperado, porque provavelmente os
recursos do substrato já estão esgotados, o que desfavorece a colonização por fungos
poróides lignolíticos. Resultados similares foram encontrados para basidiomicetos poróides
e corticióides em áreas de Mata Atlântica, onde houve uma ocupação maior em substratos
em estágios intermediários a avançados de decomposição (Gibertoni et al., 2007). Em
estudos com o mesmo grupo de organismos em florestas boreais, também houve mais
ocorrências do que o esperado em estágios intermediários de decomposição (Bader et al.,
1995; Lindblad, 1998; 2001a). Em florestas tropicais da Costa Rica, entretanto, Lindblad
(2001a) encontrou uma leve preferência de basidiomicetos poróides e corticióides por
estágios iniciais ou não preferência por estágios de decomposição.
Com relação ao tamanho do substrato, não foram observadas mais ocorrências ou
espécies do que o esperado para classes de área (χ2 = 6,9; gl = 14; p > 0,05 para número de
ocorrências; χ2 = 3,3; gl = 14; p > 0,05 para número de espécies) e volume (χ2 = 15,1; gl =
14; p > 0,05 para número de ocorrências; χ2 = 17,33; gl = 14; p > 0,05 para número de
espécies).
Quanto ao diâmetro, o número de espécies observadas foi menor do que o esperado nas
duas classes de menor diâmetro (0,1-0,12 cm e 0,125-0,16 cm), e maior do que o esperado
para a classe 6 (28,5-36 cm) (χ2 = 17,38; gl = 6; p < 0,05). Estes resultados coincidem com
os obtidos por Lindblad (2001a), que encontrou maior ocorrência em classes de diâmetro
maiores. Urcelay & Robledo (2004) também encontraram maior ocorrência em classes de
diâmetro maiores e intermediárias em florestas andinas da Argentina. Entretanto, deve se
considerar que troncos com o mesmo diâmetro podem possuir comprimentos diferentes.
Para corrigir esse problema, o teste de χ2 foi refeito, desta vez calculando o valor esperado
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 104
para cada classe de diâmetro como o somatório das áreas dos troncos naquela classe
dividido pelo somatório das áreas de todos os troncos (esperado proporcional à área
disponível e não ao número). Nesta análise, o número de ocorrências e o número de
espécies observado foram maiores do que o esperado para classes de diâmetro menores e
menor do que o esperado para classes de diâmetro maiores (χ2 = 76,89; gl = 6 para o
número de ocorrências; χ2 = 14,56; gl = 6 para o número de espécies). Esses resultados
demonstram que o número de troncos disponíveis em uma classe de diâmetro parece ser
mais importante para a ocorrência de fungos poróides do que a área de madeira disponível
nessa classe, enquanto esta área parece ser importante para o número de espécies. Isto pode
ser o resultado da elevada ocorrência de poucas espécies e da raridade de uma importante
proporção do total de espécies da associação.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 105
5. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos conclui-se que:
- As áreas estudadas apresentam uma considerável diversidade de fungos poróides,
sendo importantes para a conservação da diversidade destes organismos em Mata
Atlântica.
- Embora a Mata Atlântica seja o bioma brasileiro mais investigado em relação aos
organismos estudados, é necessária a continuidade dos estudos neste bioma, visto que
as curvas cumulativas de espécies das áreas estudadas não se estabilizaram ao final do
presente trabalho e resultados relevantes foram obtidos: duas espécies novas para a
ciência, cinco novos registros para o Brasil, dez novos registros para o Nordeste e dez
novos registros para Pernambuco.
- Poucas espécies (nove) são comuns às quatro áreas estudadas, enquanto muitas
espécies (39) são conhecidas em apenas uma das quatro áreas.
- Os tipos vegetacionais mata atlântica de terra baixa e brejo de altitude não diferem
quanto à diversidade de espécies de basidiomicetes poróides.
- A composição das espécies difere entre os meses secos e chuvosos.
- Os fungos poróides são mais freqüentes no estágio intermediário de decomposição e
menos freqüentes no estágio avançado, porém o estágio de decomposição não afeta a
composição das espécies desses organismos.
- Para maximização do conhecimento sobre a diversidade de fungos poróides em
ecossistemas de mata atlântica seria necessário: realizar coletas em diferentes tipos
vegetacionais; estabelecer transectos extensos em cada área estudada, ou realizar
rodízio de transectos para abranger uma área extensa; realizar coletas nos períodos seco
e chuvoso; durante a coleta, examinar todos os troncos, independente do seu estágio de
decomposição.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aime, M.C., Henkel, T.W., Ryvarden, L. 2003. Studies in neotropical polypores 15: new and interesting species from Guyana. Mycologia 95(4): 614-619.
Alexopoulos, C.J., Mims, C.W., Blackwell, M. 1996. Introductory mycology. 4th ed. New York, John Wiley & Sons Inc.
Andrade, G.O., Lins, R.C. 1964. Introdução ao Estudo dos Brejos Pernambucanos. Arquivos do Instituto de Ciências da Terra, Recife II: 21-34.
Andrade-Lima, D. 1960. Estudos fitogeográficos de Pernambuco. Arquivo do Instituto de Pesquisas Agronômicas de Pernambuco 5: 305-341.
Andrade-Lima, D. 1961. Tipos de floresta de Pernambuco. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros 2: 69-85.
Bader, P., Jansson, S., Jonsson, B.G. 1995. Wood-inhabiting and substratum decline in selective logged boreal spruce forests. Biological Conservation 72: 355-362.
Baltazar, J.M., Trierveiler-Pereira, L., Loguercio-Leite, C. 2009. A checklist of xylophilous basidiomycetes (Basidiomycota) in mangroves. Mycotaxon 107: 221-224.
Baltazar, J.M., Gibertoni, T.B. 2009. A checklist of the aphyllophoroid fungi (Basidiomycota) recorded from the Brazilian Atlantic Forest. Mycotaxon 109: 439-442.
Baltazar, J.M., Gibertoni, T.B. no prelo. New combinations in Phellinus s.l. and Inonotus s.l. Mycotaxon.
Baltazar, J.M., Trierveiler-Pereira, L., Loguercio-Leite, C., Ryvarden, L. 2009. Santa Catarina Island mangroves 3: A new species of Fuscoporia. Mycologia 101(6): 859-863.
Bandeira, A.G., Vasconcellos, A. 2004. Efeitos de Perturbações Antrópicas sobre as Populações de Cupins (Isoptera) do Brejo dos Cavalos, Pernambuco. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 145-151.
Batista, A.C. 1949. Espécies de Amauroderma do Jardim Zoo-Botânico do Recife. Boletim da Secretaria de Agricultura, Industria e Comercio, Estado de Pernambuco 16: 122-133.
Batista AC, Bezerra JL. 1960. Basidiomycetes vulgares em o nordeste brasileiro. Publicações do Instituto de Micologia da Universidade do Recife 294: 1-30.
Berkeley, M.J. 1842. Notice of some fungi collected by C. Darwin Esq. in South America and the Islands of the Pacific. Annals and Magazine of Natural History, including Zoology, Botany, and Geology 9(60): 443-448.
Bononi, V.L.R. 1984. Basidiomicetos do Cerrado da Reserva Biológica de Moji-Guaçu, SP. Rickia 11: 1-25.
Bononi, V.L.R., Oliveira, A.K.M., Quevedo, J.R., Gugliotta, A.M. 2008. Fungos macroscópicos do Pantanal do Rio Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. Hoehnea 35(4): 489-511.
Buchanan, P.K., Hood, I.A. 1992. New species and new records of Aphyllophorales (Basidiomycetes) from New Zealand. New Zealand Journal of Botany 30: 95-112.
Buchanan, P.K., Ryvarden, L. 1988. Type studies in the Polyporaceae – 18. Species described by G.H. Cunningham. Mycotaxon 31(1): 1-38.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 107
Burdsall Jr., H.H., Banik, M.T. 2001. The genus Laetiporus in North America. Harvard Papers in Botany 6(1): 43-55.
Cáceres, M.E.S. 1999. Liquens foliícolas da Mata Atlântica de Pernambuco (Brasil): diversidade, ecogeografia e conservação. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco.
Cannon, P.F. 1997. Diversity of the Phyllachoraceae with special reference to the tropics. In: Hyde, K.D. Biodiversity of Tropical Microfungi. Hong Kong, Hong Kong University Press, pp. 255-278.
Carlile, M.J., Watkinson, S.C., Gooday, G.W. 2001. The Fungi. 2nd ed. London, Elsevier Academic Press.
Carranza-Morse, J., Gilbertson, R.L. 1986. Taxonomy of the Fomitopsis rosea complex (Aphyllophorales; Polyporaceae). Mycotaxon 25(2): 469-486.
Cavalcanti, M.A.Q. 1976. Introdução ao conhecimento dos basidiomicetos poliporóides da Zona da Mata de Pernambuco. Tese de Livre-Docência, Universidade Federal de Pernambuco.
Cavalcanti, M.A.Q. 1987. Ocorrência de Albatrellus ovinus no Brasil. Boletin Micológico 3(2): 139-143.
Clark, K.R., Warwick, R.M. 1994. Change in marine communities – an approach to statistical analysis and interpretation. 1st ed. Plymouth, PRIMER-E.
Clark, K.R., Gorley, R.N. 2001. PRIMER version 5: User manual/tutorial. Plymouth, PRIMER-E.
Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/Instituto Estadual de Florestas-MG. 2000. AVALIAÇÃO e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília, MMA/SBF.
Corner, E.J.H. 1984. Ad Polyporaceas II and III. Beihefte zur Nova Hedwigia 78: 1-225. Corner, E.J.H. 1987. Ad Polyporaceas IV. Beihefte zur Nova Hedwigia 86: 1-265. Corner, E.J.H. 1989a. Ad Polyporaceas V. Beihefte zur Nova Hedwigia 96: 1-218. Corner, E.J.H. 1989b. Ad Polyporaceas VI. Beihefte zur Nova Hedwigia 97: 1-197. Corner, E.J.H. 1991. Ad Polyporaceas VII. Beihefte zur Nova Hedwigia 101: 1-175. CPRH – Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de
Administração dos Recursos Hídricos. 1994. Projeto Piloto da Bacia Hidrográfica do Rio Goiana, Pernambuco. Macrozoneamento. Recife, publicado pelos autores.
Cunningham, G.H. 1965. Polyporaceae of New Zealand. New Zealand Department of Scientific and Industrial Research Bulletin 164: 1-304.
Dai, Y.C., Niemelä, T. 1997. Changbai wood-rotting fungi 6. Study on Antrodiella, two new species and notes on some other species. Mycotaxon 64: 67-81.
Dai, Y.C., Niemelä, T. 2002. The polypore genera Abundisporus and Perenniporia (Basidiomycota) in China, with notes on Haploporus. Annales Botanici Fennici 39: 169-182.
Dai, Y.C., Niemelä, T. 2006. Hymenochaetaceae in China: hydnoid, stereoid and annual poroid genera, plus additions to Phellinus. Acta Botanica Fennica 179: 1-78.
Dai, Y.C., Cui, B.K., Decock, C. 2008. A new species of Fomitiporia (Hymenochaetaceae, Basidiomycota) from China based on morphological and molecular characters.
Mycological Research 112(3): 375-380. David, A., Rajchenberg, M. 1985. Pore fungi from French Antilles and Guiana. Mycotaxon
22(2): 285-325. David, A., Rajchenberg, M. 1992. West African polypores: news species and
combinations. Mycotaxon 45: 131-148.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 108
Decock, C. 2001. Studies in Perenniporia. Some Southeast Asian taxa revisited. Mycologia 93(4): 774-795.
Decock, C. 2007. On the genus Microporellus, with two new species and one recombination (M. papuensis spec. nov., M. adextrinoideus spec. nov., and M. terrestris comb. nov.). Czech Mycology 59(2): 153-170.
Decock, C., Ryvarden, L. 1999. Studies in Perenniporia: Perenniporia detrita and its taxonomic synonyms. Mycologia 91(2): 386-395.
Decock, C., Herrera-Figueroa, S., Ryvarden, L. 2001. Studies in Perenniporia. Perenniporia contraria and its presumed taxonomic synonym Fomes subannosus. Mycologia 93(1): 196-204.
Decock, C., Ryvarden, L. 2003. Perenniporiella gen. nov. segregated from Perenniporia, including a key to neotropical Perenniporia species with pileate basidiomes. Mycological Research 107(1): 93-103.
Decock, C., Herrera-Figueroa, S. 2006. Neotropical Ganodermataceae (Basidiomycota): Amauroderma sprucei and A. dubiopansum. Cryptogamie Mycologie 27(1): 3-10.
Decock, C., Herrera-Figueroa, S., Robledo, G., Castillo, G. 2007. Fomitiporia punctata (Basidiomycota, Hymenochaetales) and its presumed taxonomic synonyms in America: taxonomy and phylogeny of some species from tropical/subtropical areas. Mycologia 99(5): 733-752.
Donk, M.A. 1960. The generic names proposed for Polyporaceae. Persoonia 1: 196-265. Donk, M.A. 1964. A conspectus of the families of Aphyllophorales. Persoonia 3: 199-324. Drechsler-Santos, E.R., Gibertoni, T.B., Góes-Neto, A., Cavalcanti, M.A.Q. 2009. A re-
evaluation of the lignocellulolytic Agaricomycetes from the Brazilian semi-arid region. Mycotaxon 108: 241-244.
Drechsler-Santos, E.R., Santos, P.J.P., Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. no prelo. Ecological aspects of Hymenochaetaceae in an area of Caatingas (semi-arid) in Northeast Brazil. Fungal Diversity.
Fiasson, J.L., Niemelä, T. 1984. The Hymenochaetales: a revision of the European poroid taxa. Karstenia 24: 14-28.
Fidalgo, M.E.K. 1968a. The genus Hexagona. Memoirs of the New York Botanical Garden 17(2): 35-108.
Fidalgo, O. 1968b. Phellinus pachyphloeus and its allies. Memoirs of the New York Botanical Garden 17(2): 109-147.
Fidalgo, O. 1968c. Introdução à história da micologia brasileira. Rickia 3: 1-44. Fidalgo, O. 1970. Adições à história da micologia brasileira I. A coleta mais antiga. Rickia
5: 1-3. Fidalgo, O., Fidalgo, M.E.P.K., Furtado, J.S. 1965. Fungi of the “Cerrado” region of São
Paulo. Rickia 2: 55-71. Fidalgo, O., Bononi, V.L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de
material botânico. São Paulo, Instituto de Botânica. Fundação SOS Mata Atlântica, INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 2008.
Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica – Período 2000–2005. Relatório técnico publicado pelos autores.
Furtado, J.S. 1981. Taxonomy of Amauroderma (Basidiomycetes, Polyporaceae). Memoirs of the New York Botanical Garden 34: 1-109.
Gerber, A.L., Neves, M.A., Loguercio-Leite, C. 1999. Some species of Perenniporia Murrill (Poriales, Basidiomycotina) from Southern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 22(2): 185-193.
Ghobad-Nejhad, M., Dai, Y.C. 2007. The genus Phellinus s.l. (Basidiomycota) in Iran. Mycotaxon 101: 201-222.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 109
Gibertoni, T.B. 2004. Aphyllophorales (Basidiomycotina) em áreas de Mata Atlântica do Nordeste Brasileiro. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Pernambuco.
Gibertoni, T.B. 2008. Polyporoid fungi (Agaricomycetes, Basidiomycota) in the Estação Científica Ferreira Penna (State of Pará, Brazilian Amazonia): diversity and ecological aspects. Scientifica Acta 2(2): 70-74.
Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. 2000. Novos registros de Aphyllophorales para o Brasil. Acta Botanica Brasilica 14(3): 267-271.
Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. 2003. A mycological survey of the Aphyllophorales (Basidiomycotina) of the Atlantic Rain Forest in the state of Pernambuco, Brazil. Mycotaxon 89: 203-211.
Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004a. Poroid fungi (Basidiomycota) of the Atlantic Rain Forest in Northeast Brazil. Synopsis Fungorum 18: 33-43.
Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004b. Studies in neotropical polypores 18 New species from Brazil. Synopsis Fungorum 18: 44-56.
Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004c. New records of Aphyllophorales (Basidiomycota) in the Atlantic Rain Forest in Northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 18(4): 975-979.
Gibertoni, T.B., Santos, P.J.P., Cavalcanti, M.A.Q. 2007. Ecological aspects of Aphyllophorales in the Atlantic rain forest in northeast Brazil. Fungal Diversity 25: 49-67.
Gilbert, G.S., Ferrer, A., Carranza, J. 2002. Polypore fungal diversity in a moist tropical forest. Biodiversity Conservation 11: 947-957.
Gilbert, G.S., Sousa, W.P. 2002. Host specialization among wood-decay polypore fungi in a Caribbean mangrove forest. Biotropica 34(3): 396-404.
Gilbert, G.S., Gorospe, J., Ryvarden, L. 2008. Host and habitat preferences of polypore fungi in Micronesian tropical flooded forests. Mycological Research 112(6): 674-680.
Gilbertson, R.L., Ryvarden, L. 1986. North American Polypores. Vol. 1. Oslo, Fungiflora. Gilbertson, R.L., Ryvarden, L. 1987. North American Polypores. Vol. 2. Oslo. Fungiflora. Ginns, J. 1980. The genus Flaviporus Murrill (Polyporaceae). Canadian Journal of Botany
58(14): 1578-1590. Ginns, J. 1984. New names, new combinations and new synonymy in the Corticiaceae,
Hymenochaetaceae and Polyporaceae. Mycotaxon 21: 325-333. Góes-Neto, A. 1999. Polypore diversity in the state of Bahia, Brazil: a historical review.
Mycotaxon 72: 43-56. Gomes-Silva, A.C., Gibertoni, T.B. 2009. Checklist of the aphyllophoraceous fungi
(Agaricomycetes) of the Brazilian Amazonia. Mycotaxon 108: 319-322. Gomes-Silva, A.C., Baltazar, J.M., Ryvarden, L., Gibertoni, T.B. no prelo. Amauroderma
calcigenum (Ganodermataceae, Basidiomycota) and its presumed synonym A. partitum. Nova Hedwigia.
Gomes-Silva, A.C., Ryvarden, L., Gibertoni, T.B. 2009. New and interesting species of Hymenochaetaceae from the Brazilian Amazonia. Mycological Progress 8(4): 273-279.
Gottlieb, A.M., Wright, J.E. 1999. Taxonomy of Ganoderma from southern South America: subgenus Elfvingia. Mycological Research 103(10): 1289-1298.
Greslebin, A., Rajchenberg, M. 2000. The genus Hyphodontia in the Patagonian Andes forests of Argentina. Mycologia 92(6): 1155-1165.
Gripenberg, J. 1951. Fungus pigment. I. Cinnabarin, a colouring matter from Trametes cinnabarina Jacq. Acta Chemica Scandinavica, 12: 590-595.
Groposo, C., Loguercio-Leite, C., Góes-Neto, A. 2007. Fuscoporia (Basidiomycota, Hymenochaetales) in Southern Brazil. Mycotaxon 101: 55-63.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 110
Hattori, T. 2000. Type studies of the polypores described by E. J. H. Corner from Asia and the West Pacific I. Species described in Polyporus, Buglossoporus, Meripilus, Daedalea, and Flabellophora. Mycoscience 41: 339-349.
Hattori, T. 2005. Diversity of wood-inhabiting polypores in temperate forest with different vegetation types in Japan. Fungal Diversity 18: 73-88.
Hawksworth, D.L. 1991. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. Mycological Research 95(6): 641-655.
Hawksworth, D.L. 2001. The magnitude of fungal diversity: the 1.5 million species estimate revisited. Mycological Research 105(12): 1422-1432.
Heilmann-Clausen, J. Christensen, M. 2004. Does size matter? On the importance of various dead wood fractions for fungal diversity in Danish beech forests. Forest Ecology and Management 201:105-117.
Hennings, P. 1902. Fungi S. Paulenses II a cl. Puttemans collecti. Hedwigia 41: 295-311. Hennings, P. l904a. Fungi fluminenses a cl. E. Ule collecti. Hedwigia 43: 78-95. Hennings, P. 1904b. Fungi S. Paulenses III a cl. Puttemans collecti. Hedwigia 43: 197-209. Hjortstam, K., Ryvarden, L. 2009a. A preliminary checklist of Aphyllophorales from the
Seychelles. Synopsis Fungorum 26: 10-23. Hjortstam, K., Ryvarden, L. 2009b. A checklist of names in Hyphodontia sensu strictu –
sensu lato and Schizopora with new combinations in Lagarobasidium, Lyomyces, Kneiffiella, Schizopora and Xylodon. Synopsis Fungorum 26: 33-55.
Hyde, K.D., Lee, S.Y. 1995. Ecology of mangrove fungi and their role in nutrient cycling: what gaps occur in our knowledge? Hydrobiologia 295: 107-118.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1985. Atlas nacional do Brasil: região Nordeste. Rio de Janeiro, IBGE.
Iwabuchi, S., Sakai, S., Yamagushi, O. 1994. Analysis of mushroom diversity in sucessional young forests and equilibrium broad-leaved forests. Mycoscience 35: 1-14.
Jülich, W. 1984. Basidiomycetes of South-East Asia. 3. On Flabellophora Cunn., the pancake fungus. International Journal of Mycology and Lichenology 1: 319-325.
Kirk, P.M., Cannon, P.F., Minter, D.W., Stalpers, J.A. 2008. Ainsworth and Bisby’s dictionary of the fungi. 10th ed. Wallingford, CAB International.
Ko, K.S, Jung, H.S. 1999. Molecular phylogeny of Trametes and related genera. Antonie van Leeuwenhoek 75: 191-199.
Kotlaba, F., Pouzar, Z., Ryvarden, L. 1984. Some polypores, rare or new for Cuba. Česká Mykologie 38(3): 137-145.
Küffer, N., Gillet, F., Senn-Irlet, B., Aragno, M., Job, D. 2008. Ecological determinants of fungal diversity on dead wood in European forests. Fungal Diversity 30: 83-95.
Langer, E. 1998. Evolution of Hyphodontia (Corticiaceae, Basidiomycetes) and related Aphyllophorales inferred from ribosomal DNA sequences. Folia Cryptogamica Estonica Fascículo 33: 57-62.
Langer, E., Hallenberg, N., Knudsen, H., Kõljalg, H., Langer, G., Larson, K.H., Oberwinkler, F., Parmasto, E., Ryvarden, L., Vesterholt, J. 1996. Proposal to reject the names Hylodon and Schizopora in favour of Hyphodontia, nom. cons. (Fungi, Corticiaecae). Taxon 45: 685-686.
Langer, E., Dai, Y.C. 1998. Changbai wood-rotting fungi 8. Hyphodontia syringae sp. nov. Mycotaxon 67: 181-190.
Larsen, M.J., Cobb-Poulle, L.A. 1990. Phellinus (Hymenochaetaceae) A survey of the world taxa. Synopsis Fungorum 3: 1-206.
Larsson, K.H. 2007. Re-thinking the classification of corticioid fungi. Mycological Research 111(12): 1040-1063.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 111
Larsson, K.H., Larsson, E., Kõljalg, U. 2004. High phylogenetic diversity among corticioid homobasidiomycetes. Mycological Research 108(9): 983-1002.
Larsson, K.H., Parmasto, E., Fischer, M., Langer, E., Nakasone, K.K., Redhead, S.A. 2006. Hymenochaetales: a molecular phylogeny for the hymenochaetoid clade. Mycologia 98(6): 926-936.
Lindblad, I. 1998. Wood-inhabiting fungi on fallen logs of Norway spruce: relations to forest management and substrate quality. Nordic Journal of Botany 18: 243-255.
Lindblad, I. 2000. Host specificity of some wood-inhabiting fungi in a tropical forest. Mycologia 92: 399-405.
Lindblad, I. 2001a. Wood-inhabiting fungi in primary and secondary seasonally dry tropical forest, Costa Rica. In: Lindblad, I. Diversity and distribution of wood-inhabiting Basidiomycetes on decomposing logs-examples from tropical and boreal forests. PhD Thesis. Oslo, University of Oslo, pp. 1-23.
Lindblad, I. 2001b. Diversity of poroid and some corticioid wood-inhabiting fungi along the rainfall gradient in tropical forests, Costa Rica. Journal of Tropical Biology 17: 353-369.
Lindblad, I., Ryvarden, L. 1999. Studies in neotropical polypores 3. New and interesting Basidiomycetes (Poriales) from Costa Rica. Mycotaxon 71: 335-359.
Lindhe, A., Åsenblad, N., Toresson, H.-G. 2004. Cut logs and high stumps of spruce, birch, aspen and oak – nine years of saproxylic fungi succession. Biological Conservation 119: 443-454
Lloyd, C.G. 1912. Synopsis of the stipitate polyporoids. Mycological Writings 3: 95-208. Locatelli, E., Machado, I.C., Medeiros, P. 2004. Riqueza de Abelhas e a Flora Apícola em
um Fragmento da Mata Serrana (Brejo de Altitude) em Pernambuco, Nordeste do Brasil. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 153-178.
Lodge, D.J., Cantrell, S. 1995. Fungal communities in wet tropical forests: variation in time and space. Canadian Journal of Botany 73: 1391-1398.
Loguercio-Leite, C. 1992. El género Polyporus (Polyporaceae) en la Isla de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 28(1-4): 27-36.
Loguercio-Leite, C., Wright, J.E. 1995. The genus Phellinus (Hymenochaetaceae) on the Island of Santa Catarina, Brazil. Mycotaxon 54: 361-388.
Loguercio-Leite, C., Groposo, C., Halmenschlager, M.A. 2005. Species of Ganoderma Karsten in a subtropical area (Santa Catarina State, Southern Brazil). Iheringia, Série Botânica 60(2): 135-139.
Loguercio-Leite, C., Michels, J., Baltazar, J.M. 2008. Austro-American lignolytic polypores (Agaricomycetes) – new records for Southern Brazil. Mycotaxon 104: 205-213.
Louza, G.S.G., Gugliotta, A.M. 2007. Polyporus Fr.(Polyporaceae) no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil. Hoehnea 34(3): 365-382.
Lowe JL. 1975. Polyporaceae of North America. The genus Tyromyces. Mycotaxon 2(1): 1-82.
Masuka, A.J., Ryvarden, L. 1999. Dichomitus in Africa. Mycological Research 103(9): 1126-1130.
McNeill, J., Barrie, F.R., Burdet, H.M., Demoulin, V., Hawksworth, D.L., Marhold, K., Nicolson, D.H., Prado, J., Silva, P.C., Skog, J.E., Wiersema, J.H., Turland, N.J. (eds.) 2006. International Code of Botanical Nomenclature (Vienna Code) adopted by the
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 112
Seventeenth International Botanical Congress Vienna, Austria, July 2005. Ruggell, Gantner Verlag.
Moncalvo, J.M., Ryvarden, L. 1997. A nomenclatural study of the Ganodermataceae Donk. Synopsis Fungorum 11: 1-114.
Mueller, G.M., Schmit, J.P., Leacock, P.R., Buyck, B., Cifuentes, J., Desjardin, D.E., Halling, R.E., Hjortstam, K., Iturriaga, T., Larsson, K.H., Lodge. D.J., May, T.W., Minter, D., Rajchenberg, M., Redhead, S.A., Ryvarden, L., Trappe, J.M., Watling, R., Wu, Q. 2007. Global diversity and distribution of macrofungi. Biodiversity Conservation 16: 37-48.
Murrill, W.A. 1907. (Agaricales) Polyporaceae (pars). North American Flora 9(1): 1-72. Murrill, W.A. 1908. (Agaricales) Polyporaceae (conclusio). North American Flora 9(2):
73-131. Namhyun, C., Lee, I.S., Song, H.S., Bangm W.G. 2000. Mechanisms used by white-rot
fungus to degrade lignin and toxic chemicals. Journal of Microbiology and Biotechnology 10(6): 737-752.
Nordén, B., Paltto, H. 2001. Wood-decay fungi in hazel wood: species richness correlated to stand age and dead wood features. Biological Conservation 101: 1-8.
Nordén, B., Ryberg, M., Götmark, F., Olausson, B. 2004. Relative importance of coarse and fine woody debris for the diversity of wood-inhabiting fungi in temperate broadleaf forests. Biological Conservation 117:1-10.
Núñez, M. 1996. Fructification of Polyporaceae s.l. (Basidiomycotina) along a gradient of altitude and humidity in the Guanacaste Conservation Area (Costa Rica). Journal of Tropical Ecology 12: 893-898.
Núñez, M., Ryvarden, L. 1995. Polyporus (Basidiomycotina) and related genera. Synopsis Fungorum 10: 1-85.
Núñez, M., Ryvarden, L. 2000. East Asian Polypores Volume 1. Ganodermataceae and Hymenochaetaceae. Synopsis Fungorum 13: 1-168.
Núñez, M., Ryvarden, L. 2001. East Asian Polypores. Volume 2. Polporaceae s. lato. Synopsis Fungorum 14: 169-522.
Overholts, L.O. 1953. The Polyporaceae of the United States, Alaska and Canada. Ann Arbor, University of Michigan Press.
Packham, J.M., May, T.W., Brown, M.J., Wardlaw, J., Mills, A.K. 2002. Macrofungal diversity and community ecology in mature and regrowth wet eucalypt forest in Tasmania: A multivariate study. Austral Ecology 27: 149-161.
Patouillard, N. 1907. Basidiomycètes nouveaux du Brésil recueillis par F. Noack. Annales Mycologici Editi in Notitiam Scientiae Mycologicae Universalis 5(4): 364-366.
Penttilä, R., Siitonenb, J., Kuusinena, M. 2004. Polypore diversity in managed and old-growth boreal Picea abies forests in southern Finland. Biological Conservation 117: 271-283.
Penttilä, R., Lindgren, M., Miettinen, O., Rita, H., Hanski, I. 2006. Consequences of forest fragmentation for polyporous fungi at two spatial scales. Oikos 114: 225-240.
Raghukumar, C. 2000. Fungi from marine habitats: an application in bioremediation. Mycological Research 104(10): 1222-1226.
Rajchenberg, M. 1983. Cultural studies of resupinate polypores. Mycotaxon 17: 275-293. Rajchenberg, M. 2006. Los Políporos (Basidiomycetes) de los Bosques Andino
Patagónicos de Argentina. Bibliotheca Mycologica Band 201: 1-300. Rajchenberg, M., Bianchinotti, V. 1991. Trametes fumoso-avellanea (Aphyllophorales): a
taxonomic study. Nordic Journal of Botany 11(2): 225-230. Reck, M.A., Silveira, R.M.B. 2009. Grammothele species from southern Brazil.
Mycotaxon 109: 361-372.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 113
Renvall, P. 1995. Community structure and dynamics of wood-rotting Basidiomycetes on decomposing conifer trunks in northern Finland. Karstenia 35: 1-51.
Reserva Ecológica Carnijó. 2008. Reserva Ecológica Carnijó. Disponível em: <http://www.reservacarnijo.com.br/>. Acesso em: 14 maio 2008.
Rick, J. 1907. Contributio ad monographiam Agaricearum et Polyporaceaerum Brasiliensium. Broteria, Serie Botanica 6: 65-96.
Rick, J. 1924. Contributio ad monographiam Polyporaceaerum riograndensium II. Broteria, Serie Botanica 21: 5-11.
Rick, J. 1938a. O gênero Polystictus no Rio Grande do Sul. Anais da Primeira Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 251-270.
Rick, J. 1938b. Poliporos Riograndenses. Anais da Primeira Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 271-307.
Rick, J. 1959a. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 2. Thelephoraceae. Iheringia: Botanica 4: 61-124.
Rick, J. 1959b. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 3. Hypochnaceae, Clavariaceae, Craterellaceae, Hydnaceae. Iheringia: Botanica 5: 125-192.
Rick, J. 1960. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 4. Meruliaceae, Polyporaceae, Boletaceae. Iheringia: Botanica 7: 193-295.
Robledo, G.L., Urcelay, C., Domínguez, L., Rajchenberg, M. 2006. Taxonomy, ecology and biogeography of polypores (Basidiomycetes) from Argentinian Polylepis woodlands. Canadian Journal of Botany 84: 1561-1572.
Rolstad, J., Saetersdal, M., Gjerde, I., Storaunet, K.O. 2004. Wood-decaying fungi in boreal forest: are species richness and abundances influenced by small-scale spatiotemporal distribution of dead wood? Biological Conservation 117: 539-555.
Rossman, A.Y., Tulloss, R.E., O’Dell, T.E., Thorn, R.G. 1998. Protocols for an all taxa biodiversity inventory of fungi in a Costa Rican conservation area. Boone, Parkway Publishers.
Ryvarden, L. 1984. Type studies in the Polyporaceae 16. Species described by J.M. Berkeley, either alone or with other mycologists from 1856 to 1886. Mycotaxon 20(2): 329-363.
Ryvarden, L. 1985. Type studies in the Polyporaceae 17. Species described by W.A. Murrill. Mycotaxon 23: 169-198.
Ryvarden, L. 1988. Type studies in the Polyporaceae – 20. Species described by G. Bresadola. Mycotaxon 33: 303-327.
Ryvarden, L. 1991. Genera of polypores, nomenclature and taxonomy. Synopsis Fungorum 5: 1-363.
Ryvarden, L. 2000. Studies in neotropical polypores 2: a preliminary key to neotropical species of Ganoderma with a laccate pileus. Mycologia 92(1): 180-191.
Ryvarden, L. 2004. Neotropical Polypores Part 1. Introduction, Ganodermataceae & Hymenochaetaceae. Synopsis Fungorum 19: 1-229.
Ryvarden, L. 2005. The genus Inonotus a synopsis. Synopsis Fungorum 21: 1-149. Ryvarden, L., Johansen, I. 1980. A preliminary polypore flora of East Africa. Oslo,
Fungiflora. Ryvarden, L., Wright, J.E., Rajchenberg, M. Megasporoporia a new genus of resupinate
polypores. Mycotaxon 16(1): 172-182. Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2001. Studies in neotropical polypores 9. A critical checklist of
poroid fungi from Venezuela. Mycotaxon 78: 393-405. Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2003. Studies in neotropical polypores 10. New polypores from
Venezuela. Mycologia 95(6): 1066-1077.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 114
Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2004. Studies in neotropical polypores 21 New and iteresting species from Venezuela. Synopsis Fungorum 18: 68-75.
Sampaio, A.J. 1916. A flora de Matto Grosso. Arquivos do Museu Nacional 19: 1-127. Santos, A.M.M., Tabarelli, M. 2004. Integridade, Esforço e Diretrizes para Conservação
dos Brejos de Altitude da Paraíba e Pernambuco. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 309-318.
Santos, A.M.M., Cavalcanti, D.R., Silva, J.M.C., Tabarelli, M. 2007. Biogeographical relationships among tropical forests in north-eastern Brazil. Journal of Biogeography 34: 437-446.
Schilling, A.C., Batista, J.L.F. 2008. Curva de acumulação de espécies e suficiência amostral em florestas tropicais. Revista Brasileira de Botânica 31(1): 179-187.
Siitonen, P., Lehtinen, A., Siitonen, M. 2005. Effects of Forest Edges on the Distribution, Abundance, and Regional Persistence of Wood-Rotting Fungi. Conservation Biology 19: 250-260.
Silva, G.T. da, Gibertoni, T.B. 2006. Aphyllophorales (Basidiomycota) em áreas urbanas da Região Metropolitana do Recife, PE, Brasil. Hoehnea 33(4): 533-543.
Silveira, R.M.B. da, Guerrero, R.T. 1991. Aphyllophorales poliporóides (Basidiomycetes) do Parque Nacional de Aparados da Serra, Rio Grande do Sul. Boletim do Instituto de Biociencias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (48): 1-127.
Silveira, R.M.B. da, Wright, J.E. 2002. Polyporus s. str. in southern South America: mating tests. Mycological Research 106 (11): 1323-1330.
Silveira, R.M.B. da, Wright, J.E. 2005. The taxonomy of Echinochaete and Polyporus s. str. in southern South America. Mycotaxon 93: 1-59.
Singer, R. 1961. Fungi of Northern Brazil. Publicações do Instituto de Micologia da Universidade de Recife 304: 1-26.
Sippola, A.-L., Renvall, P. 1999. Wood-decomposing fungi and seed-tree cutting: A 40-year perspective. Forest Ecology and Management 115: 183-2001.
Smânia, E.F.A., Smânia Jr., A., Loguercio-Leite, C. 1998. Cinnabarin synthesis by Pycnoporus sanguineus strains and antimicrobial activity against bacteria from food products. Revista de Microbiologia 29(4): 317-320.
Sørensen, T. 1948. A method of stablishing groups of equivalent amplitude in plant sociology based on the similarity of species contents and its application to analysis of the vegetation of Danish commons. Biologiske Skrifter 5: 1-34.
Steyaert, R.L. 1975. The concept and circumscription of G. tornatum. Transactions of the British Mycogical society 65(3): 451-467.
Sverdrup-Thygeson, A., Lindenmayer, D.B. 2003. Ecological continuity and assumed indicator fungi in boreal forest: the importance of the landscape matrix 2002. Forest Ecology and Management 174: 353-363.
Tavares, I. 1939. Catalogo dos fungos de Pernambuco. Boletim da Secretaria de Agricultura, Industria e Comercio, Estado de Pernambuco 4(1): 1-33.
Tedersoo, L., Suvi, T., Beaver, K., Saar, I. 2007. Ectomycorrhizas of Coltricia and Coltriciella (Hymenochaetales, Basidiomycota) on Caesalpiniaceae, Dipterocarpaceae and Myrtaceae in Seychelles. Mycological Progress 6(2): 101-107.
Theissen, F. 1911. Polyporaceae austro-brasilienses imprimis rio grandenses. Wien, Kaiserlich-Königlichen Hof- und Staatsdruckerei.
Theissen, F. 1912. Hymenomycetes Riograndenses. Broteria, Serie Botanica 10: 5-28. Torrend, C. 1920a. Les Polyporacées du Brésil. Le genre Ganoderma. Broteria, Serie
Botanica 18(1): 23-42.
Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 115
Torrend, C. 1920b. Les Polyporacées du Brésil. Polyporacées stipitées. Broteria, Serie Botanica 18(1): 121-142.
Torrend, C. 1922. Les Polyporacées du Brésil. Les genres Amauroderma et Lignosus. Broteria, Serie Botanica 18(2): 21-42.
Torrend, C. 1926. Les Polyporacées stipitées du Brésil. Broteria, Serie Botanica 22(1): 74-88.
Torrend, C. 1935. Les Polyporacées du Brésil. Broteria, Serie Botanica 31(3): 108-120. Torrend, C. 1938. As poliporaceas da Bahia e estados limítrofes. Anais da Primeira
Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 325-341. Trierveiler-Pereira, L., Baltazar, J.M., Loguercio-Leite, C. 2009. Santa Catarina Island
mangroves 4 – xylophilous basidiomycetes. Mycotaxon 109: 107-110. Urcelay, C. & Robledo, G. 2004. Community structure of polypores (Basidiomycota) in
Andean alder wood in Argentina: Functional groups among wood - decay fungi? Austral Ecology 29: 471-476.
Urcelay, C. & Robledo, G. 2009. Positive relationship between wood size and basidiocarp production of polypore fungi in Alnus acuminata forest. Fungal Ecology 2: 135-139.
Veloso, H.P., Rangel-Filho, A.L.R., Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro, IBGE.
Wagner, T., Fischer, M. 2001. Natural groups and a revised system for the European poroid Hymenochaetales (Basidiomycota) supported by nLSU rDNA sequence data. Mycological Research 105(7): 773-782.
Wagner, T., Fischer, M. 2002a. Classification and phylogenetic relationships of Hymenochaete and allied genera of the Hymenochaetales, inferred from rDNA sequence data and nuclear behaviour of vegetative mycelium. Mycologial Progress 1(1): 93-104.
Wagner, T., Fischer, M. 2002b. Proceedings towards a natural classification of the worldwide taxa Phellinus s.l. and Inonotus s.l., and phylogenetic relationships of allied genera. Mycologia 94(6): 998-1016.
Wagner, T., Ryvarden L. 2002. Phylogeny and taxonomy of the genus Phylloporia (Hymenochaetales). Mycological Progress 1(1): 105-116.
Watling, R. 1969. Colour Identification Chart. Edinburgh, Her Majesty’s Stationary Office.
Westphalen, M.C., Reck, M.A., Silveira, R.M.B. no prelo. Ganoderma chalceum and Junghuhnia meridionalis: new records from Brazil. Mycotaxon 111.
Wright, J.E., Blumenfeld, S.N. 1984. New South American species of Phellinus (Hymenochaetaceae). Mycotaxon 21: 413-425.
Wu, S.-H. 2000. Studies on Schizopora flavipora s.l., with special emphasis on specimens from Taiwan. Mycotaxon 76: 51-66.
Yamashita, S., Hattori, T., Momose, K., Nakagawa, M., Aiba, M., Nakashizuka, T. 2008. Effects of Forest Use on Aphyllophoraceous Fungal Community Structure in Sarawak, Malaysia. Biotropica 40(3): 354-362.