juliana de oliveira azeredo

142
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO NÍVEL MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E NEGÓCIOS JULIANA DE OLIVEIRA AZEREDO ANÁLISE DE PORTAL CORPORATIVO COMO MEIO DE SUPORTE À IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA E DE CONVERSÃO DE CONHECIMENTO: UM ESTUDO NA EMPRESA SODEXO|PURAS PORTO ALEGRE 2013

Upload: vandiep

Post on 08-Jan-2017

226 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Juliana de Oliveira Azeredo

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

NÍVEL MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E NEGÓCIOS

JULIANA DE OLIVEIRA AZEREDO

ANÁLISE DE PORTAL CORPORATIVO COMO MEIO DE SUPORTE À

IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA E DE CONVERSÃO DE CONHE CIMENTO:

UM ESTUDO NA EMPRESA SODEXO|PURAS

PORTO ALEGRE

2013

Page 2: Juliana de Oliveira Azeredo

JULIANA DE OLIVEIRA AZEREDO

ANÁLISE DE PORTAL CORPORATIVO COMO MEIO DE SUPORTE À

IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA E DE CONVERSÃO DE CONHE CIMENTO:

UM ESTUDO NA EMPRESA SODEXO|PURAS

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Vaccaro

Porto Alegre

2013

Page 3: Juliana de Oliveira Azeredo

Juliana de Oliveira Azeredo

ANÁLISE DE PORTAL CORPORATIVO COMO MEIO DE SUPORTE À

IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA E DE CONVERSÃO DE CONHE CIMENTO:

UM ESTUDO NA EMPRESA SODEXO|PURAS

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção título de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

Aprovado em 14 de agosto de 2013.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Lorí Viali

PUCRS – PPGEDUCEM

Profª. Drª. Debora Costa de Azevedo

UNISINOS – Escola de Negócios

Consultora em Recursos Humanos e Gestão do Conhecimento

Profª Drª. Cláudia Cristina Bitencourt

UNISINOS – MPGN / PPGA

Page 4: Juliana de Oliveira Azeredo

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, aos meus pais Silvia e Antônio, que fizeram isto

possível pela maravilhosa criação de recebi, pela sempre priorização da educação,

por nos incentivar, a mim e a meu irmão, a sermos pessoas e profissionais

melhores, afirmando sempre que não há caminho melhor que o conhecimento.

Vocês são meus maiores mestres e sempre minha referência.

Agradeço ao meu marido Marcelo pelo amor e compreensão, principalmente

nas últimas semanas de fechamento do trabalho, além da força e apoio que sempre

posso encontrar nele. Além disto, pelos momentos de co-autoria, co-partipação no

entendimento de teorias e co-criação de quadros, tabelas e figuras, esta conquista

também é tua.

Ao meu irmão, Fernando, por estar sempre do meu lado.

Um agradecimento especial à minha Tia Iolanda, que, com muito amor, abriu

as portas da sua casa e me deu carinho apoio incondicional em todas as minhas

jornadas.

Ao meu dedicado orientador, professor Doutor Guilherme Luís Roehe

Vaccaro, pelo desafio de ter aceitado me orientar, pelo papel mais que mestre que

cumpriu neste período, incentivando, reensinando e indicando os melhores

caminhos para execução deste trabalho com sucesso. Sorte do aluno que tem a

oportunidade de cruzar com este mestre em sua vida acadêmica.

Aos meus colegas de Mestrado, que neste período muitos se transformaram

em amigos, sempre presentes, discutindo as teorias dos livros e da vida, fazendo

deste curso um aprendizado duplo.

À empresa Sodexo|Puras e ao Grupo Sodexo, que abriu suas portas para

aplicação deste estudo e disponibilizou seus executivos e colaboradores para

contribuírem na necessária coleta de dados da pesquisa, e a minha compreensiva

equipe de trabalho que me deu força e cobertura nesta última etapa.

E por fim, a muitos que não conseguirei nomear, agradeço a compreensão

pela ausência, o apoio para o crescimento e finalização desta etapa, e a paciência

em tempos de fechamento de dissertação de mestrado.

Page 5: Juliana de Oliveira Azeredo

RESUMO

O presente estudo tem como finalidade analisar o papel de um portal interno como

ferramenta de suporte à comunicação da estratégia da empresa e criação do

conhecimento organizacional, tendo como objeto de estudo a ferramenta

Sodexo_Net, da empresa Sodexo|Puras, líder no mercado brasileiro em serviços de

alimentação e infraestrutura no ambiente do cliente. O trabalho contextualiza o portal

interno Sodexo_Net, considerando o cenário em que a empresa Sodexo|Puras se

encontra, analisando sua contribuição na gestão do conhecimento organizacional.

Com base na fundamentação teórica, realizada através de pesquisa bibliográfica, foi

realizado um estudo de caso descritivo, através de observação direta na empresa,

entrevistas a executivos e pesquisa quantitativa com colaboradores da empresa, que

forneceram dados para a análise de conteúdo. A dissertação aborda, como

referenciais, os temas portais corporativos, estratégia e gestão do conhecimento,

explorando a criação e conversão do conhecimento pelo modelo SECI (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997; 2004), e analisa os conteúdos veiculados e a percepção dos

usuários sobre o portal com base em um conjunto de dimensões do conhecimento

definidas a partir da literatura consultada, bem como a partir das condições para

criação e conversão de conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997; 2004). Como

resultado da pesquisa, verifica-se que a ferramenta tem potencial para apoio no

suporte à implementação da estratégia da empresa, criação e gestão do

conhecimento organizacional, mas precisa ter seu posicionamento e conteúdo

revisto com este objetivo para ter sucesso nestas metas. Mais amplamente,

observaram-se lacunas nas condições preconizadas por Nonaka e Takeuchi (1997;

2004) quanto às condições de criação e conversão de conhecimento, limitando o

portal em seu potencial.

Palavras-chave : Portal Corporativo; Implementação de Estratégia; Conversão de

Conhecimento; SECI; Estudo de Caso

Page 6: Juliana de Oliveira Azeredo

ABSTRACT

Corporate intranet analysis as a means of support to implementation of strategy and

knowledge conversion: a study at SODEXO|PURAS

The present study aims to analyze the role of an internal website as a supporting tool

to the communication of the company strategy and creation of organizational

knowledge, having as its study object the tool Sodexo_Net of the company

Sodexo|Puras, leader in the Brazilian market in food services and infrastructure in the

client’s setting. The work contextualizes the internal intranet website Sodexo_Net,

considering the scenery in which the company Sodexo|Puras is, analyzing its

contribution to the organizational knowledge management. Based on the theoretical

grounding, accomplished through literature research, a descriptive study case was

realized through direct observation in the company, interviews with executives and

quantitative research with company collaborators, who supplied data for content

analysis. The paper approaches, as reference, the corporate websites themes,

strategy and knowledge management, exploring the creation and knowledge

conversion through the model by SECI (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; 2004), and

analyzes the contents conveyed and the perception of users about the website based

on a set of knowledge dimensions defined from the literature consulted, as well as

from the conditions for creation and knowledge conversion by Nonaka e Takeuchi

(1997; 2004). As a result of the research, it can be seen that the tool has the

potential to aid the support to implementation of the company strategy, creation and

organizational knowledge management; however, it needs to have its positioning and

content reviewed with this objective in order to be successful achieving goals.

Widely, some blanks were observed in the conditions recommended by Nonaka and

Takeuchi (1997; 2004) as to the conditions of creation and conversion of knowledge,

limiting the gateway in its potential.

Keywords : Corporate intranet; Strategy Implementation; Conversion of Knowledge; SECI; Case Study.

Page 7: Juliana de Oliveira Azeredo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GC – Gestão do Conhecimento

PC – Portal Corporativo, considerado como um SGE

SGE – Sistema de Gestão Empresarial

Sodexo_Net – portal interno do Grupo Sodexo acessado somente pelos colaboradores

TI – Tecnologia da Informação

WWW – World Wide Web

Page 8: Juliana de Oliveira Azeredo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de construção do referencial teórico. .................................................... 21 Figura 2: Modelo da maneira pela qual os dados do SGE são transformados em conhecimento e resultados. ................................................................................................. 25 Figura 3: Espiral do conhecimento ....................................................................................... 34 Figura 4: Espiral de criação do conhecimento organizacional .............................................. 37 Figura 5: Estruturação do processo de dimensões do conhecimento. ................................. 40 Figura 6: Etapas da pesquisa .............................................................................................. 50 Figura 7: Esquema de triangulação de dados ...................................................................... 53 Figura 8: Tela da Sodexo_Net ............................................................................................. 66 Figura 9: Composição de newsletters da Sodexo_Net enviadas por email a todos os colaboradores que têm email @sodexo.com ....................................................................... 67 Figura 10: Fluxo de inclusão de atualização de informações na Sodexo_Net ...................... 73 Figura 11: Página interna da Sodexo_Net com foco para forma de contato do usuário com ferramenta ........................................................................................................................... 74 Figura 12: Mapa estratégico da Sodexo|Puras, baseado no Balance Score Card ............... 75 Figura 13: Número de pessoas que acessaram o site do período (diferentes logins)........... 76 Figura 14: comparação entre número de visitas ao site, ou seja, número de logs diferentes durante o mês, em relação ao número total de páginas visualizadas (contabilizadas visualizações repedidas da mesma página). ........................................................................ 77 Figura 15: Percentual de participação voluntária da pesquisa quantitativa por perfil ............ 78 Figura 16: Ilustração da escala de respostas do questionário qualitativo ............................. 80 Figura 17: Distribuição de respostas à questão Q01_CUL por perfil de respondente .......... 82 Figura 18: Distribuição de respostas à questão Q07_EST por perfil de respondente ........... 83 Figura 19: Distribuição de respostas à questão Q09_PRO por perfil de respondente .......... 84 Figura 20: Distribuição de respostas à questão Q12_PRO por perfil de respondente .......... 85 Figura 21: Distribuição comparativa dos modos de conversão do conhecimento ................. 95 Figura 22: Distribuição de frequências dos componentes na matriz de ações táticas do BSC .......................................................................................................................................... 104 Figura 23: Mapa estratégico do grupo Sodexo no portal Sodexo_Net ............................... 139 Figura 23: Informação corporativa sobre missão, valores e princípios do grupo Sodexo no portal Sodexo_Net ............................................................................................................. 140 Figura 23: Mensagens corporativa sobre posicionamento estratégico do grupo Sodexo ... 141 Figura 24: Compilação de mensagens dos executivos globais da empresa sobre a estratégia do grupo Sodexo ............................................................................................................... 142

Page 9: Juliana de Oliveira Azeredo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estatísticas descritivas por questão ..................................................................... 79 Tabela 2: Teste de Kruskal Wallis aplicado ao conjunto de dados ....................................... 81 Tabela 3: Escore de classificação por grupo de respondentes ............................................ 82 Tabela 4: Extração de fatores pela análise dos componentes principais ............................. 87 Tabela 5: Estatísticas descritivas de todos os respondentes ............................................. 128 Tabela 6: Estatísticas descritivas por perfil de respondente ............................................... 131 Tabela 7: Testes de KMO e Bartlett ................................................................................... 134 Tabela 8: Extração de Fatores ........................................................................................... 135 Tabela 9: Matriz de correlações de Pearson das respostas ao questionário ...................... 136

Page 10: Juliana de Oliveira Azeredo

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Principais conceitos trazidos no referencial ......................................................... 45 Quadro 2: Lista dos sujeitos da pesquisa, seus perfis e tipos de questionários aplicados ... 51 Quadro 3: Entrevistados, objetivos a serem pesquisados, foco da entrevista e autores referenciados ....................................................................................................................... 55 Quadro 4: Síntese de conteúdos do questionário fechado estruturado ................................ 57 Quadro 5: Principais aspectos do funcionamento do portal em relação às características que o mesmo apresenta. ............................................................................................................ 66 Quadro 6: Tipos de conteúdo veiculados na Sodexo_Net News por perfil de usuário .......... 68 Quadro 7: Estrutura de navegação da Sodexo_Net e conteúdos macro .............................. 70 Quadro 8: Relação de potencialidades da ferramenta de acordo com a característica de funcionamento ..................................................................................................................... 71 Quadro 9: Respostas dos entrevistados em relação à participação do portal na organização do conhecimento transformado em práticas ........................................................................ 72 Quadro 10: compilação análise dimensões ........................................................................ 106 Quadro 11: Dimensões e formas de conversão do conhecimento X ações táticas BSC .... 125 Quadro 12: Status ações táticas Sodexo_Net .................................................................... 137

Page 11: Juliana de Oliveira Azeredo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS ......................................... ................................................................................... 16 1.2 JUSTIFICATIVA ..................................... ................................................................................. 17 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................. .................................................................. 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO................................ ............................................................................. 21 2.1 PORTAIS CORPORATIVOS .............................. .................................................................... 22 2.2 ESTRATÉGIA E COMUNICAÇÃO DA ESTRATÉGIA ............ .............................................. 27 2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO ............................................................................................ 29

2.3.1 Criação do Conhecimento Organizacional ....................................................................... 32 2.3.2 Conversão do Conhecimento ........................................................................................... 34 2.3.3 Condições para a Conversão do Conhecimento .............................................................. 37

2.4 DIMENSÕES DO CONHECIMENTO DO CONTEXTO DE GESTÃO CORPORATIVA ........ 39 2.5 PRINCIPAIS ELEMENTOS TEÓRICOS QUE SUSTENTAM A PESQU ISA ......................... 45

3 METODOLOGIA ....................................... ..................................................................................... 48 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .......................... ................................................................ 48 3.2 ETAPAS DA PESQUISA ................................ ........................................................................ 50 3.3 UNIDADE DE ANÁLISE E SUJEITOS DA PESQUISA ......... ................................................ 50 3.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ....................... ............................................................. 51

3.4.1 Triangulação dos Dados ................................................................................................... 52 3.4.2 Pesquisa Bibliográfica ...................................................................................................... 53 3.4.3 Pesquisa documental ....................................................................................................... 53 3.4.4 Observação Direta ............................................................................................................ 54 3.4.5 Entrevistas ........................................................................................................................ 55 3.4.6 Pesquisa Quantitativa ....................................................................................................... 56

3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS ...................... ............................................................. 58 3.5.1 Teste de Kruskal-Wallis .................................................................................................... 58 3.5.2 Análise Fatorial e Análise de Componentes Principais .................................................... 59

3.6 DELIMITAÇÕES ...................................... ............................................................................... 59

4 ANÁLISE DO PORTAL CORPORATIVO SODEXO_NET .......... .................................................. 61 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ......................... ............................................................ 61 4.2 A FERRAMENTA SODEXO_NET ........................... ............................................................... 63 4.3 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE CAMPO ................... .................................................... 69

4.3.1 Evidências Qualitativas ..................................................................................................... 69 4.3.2 Evidências Quantitativas .................................................................................................. 76

4.4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................... ........................................................................ 88 4.4.1 Análise sobre a Implementação da Estratégia ................................................................. 88 4.4.2 Análise sobre a Conversão do Conhecimento ................................................................. 94 4.4.3 Análise da Percepção sobre as Dimensões do Conhecimento ..................................... 100

4.5 PROPOSTAS DE MELHORIAS ............................ ............................................................... 107

5 CONCLUSAO ......................................... ..................................................................................... 112

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ......................... ............................................................................ 116

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM DIRETOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA SODEXO|PURAS .......... ..................................................... 120

APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM GERENTE DE COMUNICAÇÃO DA SODEXO|PURAS ....................... ..................................................................... 121

Page 12: Juliana de Oliveira Azeredo

APÊNDICE III – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURAD A COM GERENTE MUNDIAL DA SODEXO_NET .................................................................................................................................... 122

APÊNDICE IV – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO COM RESPOSTA S FECHADAS E ESCALA LIKERT DE 5 PONTOS, APLICADO AOS USUÁRIOS DO PORTAL . ............................................. 123

APÊNDICE V - TESTE DE NORMALIDADE KOLMOGOROV-SMIRNO V ....................................... 124

APÊNDICE VI – QUADRO TÁTICO DIMENSÕES E FORMAS DE C ONVERSÃO DO CONHECIMENTO X AÇÕES TÁTICAS BSC .................. .................................................................. 125

APÊNDICE VII – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DO QUESTION ÁRIO QUANTITATIVO ............. 128

APÊNDICE VIII – RESULTADOS COMPLEMENTARES DA ANÁLIS E FATORIAL ....................... 134

APÊNDICE IX – QUADRO STATUS AÇÕES TÁTICAS SODEXO_NE T.......................................... 137

ANEXO I – MAPA ESTRATÉGICO GLOBAL GRUPO SODEXO .... ................................................. 139

ANEXO II – MISSÃO, VISÃO, VALORES E PRINCÍPIOS ÉTIC OS DO GRUPO SODEXO............. 140

ANEXO III – MENSAGEM DO PRESIDENTE DO GRUPO SODEXO SOBRE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO................................................................................................................................... 141

ANEXO IV – MENSAGENS DOS EXECUTIVOS GLOBAIS SOBRE I MPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA DO GRUPO SODEXO ........................ ........................................................................ 142

Page 13: Juliana de Oliveira Azeredo

13

1 INTRODUÇÃO

Fóruns, artigos e discussões em nível acadêmico ou midiático trazem à tona

o entendimento da gestão do conhecimento como ativo importante da economia de

um país, da estratégia das empresas, como propulsor do aprendizado

organizacional e da inovação, e da sustentabilidade de negócios. (DAVENPORT;

PRUSAK, 1998). Dahlman (2002) defende que a habilidade de criar, acessar e usar

o conhecimento transforma-se em fator determinante para a competitividade global.

O conhecimento dos colaboradores agrega valor às empresas, na medida em que

sua capacidade absortiva é concretizada por meio de pessoas. (NONAKA;

TAKEUCHI, 2004).

Sob a ótica organizacional, são os conhecimentos explícitos e tácitos dos

profissionais que determinam a capacidade das organizações em resolver os

problemas, gerar novos conhecimentos e serem competitivas. Nonaka e Takeuchi

(1997) trazem o conceito dessas duas dimensões do conhecimento, originadas dos

trabalhos de Polanyi (1966), definindo conhecimento tácito como o associado ao

subjetivo, ao conhecimento que vem da experiência, da prática; e conhecimento

explícito como objetivo, racional e formal. A essência do modelo dos autores é dividir

o processo de criação do conhecimento em quatro modos de conversão que serão

aprofundados ao longo do trabalho: Socialização, Externalização, Combinação e

Internalização. Esses modos, combinados, nominam como SECI o modelo de

criação e conversão de conhecimento de Nonaka e Takeuchi.

As tecnologias de informação e de comunicação são algumas das principais

forças que têm evidenciado a necessidade de compreender melhor os meios de

criação e conversão de conhecimento e, por consequência suas formas de gestão.

Essas tecnologias têm permitido às pessoas compartilhar informação de forma

incremental em termos de quantidade e abrangência geográfica ou temporal. Gerir a

informação, em específico a informação transacionada em uma ambiente

corporativo, torna-se uma gestão de ativos porque, segundo Bukowitz e Williams

(2002, p.17) a gestão do conhecimento “é o processo pelo qual a organização gera

riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual”. Neste cenário, os

portais corporativos se encaixam como uma infraestrutura capacitadora e

Page 14: Juliana de Oliveira Azeredo

14

ferramental que sustenta o fluxo de informações e conhecimento de forma mais

otimizada.

Portais corporativos ou intranets podem ser definidos como uma rede segura

interna, baseada em dispositivos computacionais e em padrões de comunicação de

dados da internet pública e da www. (BOGHI; SHITSUKA, 2002). Bukowitz e

Williams (2002, p.20) defendem que:

As tecnologias de informação padrão, como as bases de dados e as intranets, aceleram a entrega do conhecimento sabido pela organização. As tecnologias mais novas, que estão se disseminando, sustentam a transferência de conhecimento desconhecido. [...] Estas tecnologias reduzem o propósito da compensação entre a riqueza ou a profundidade do conhecimento, e o alcance, ou a extensão na qual o conhecimento pode ser difundido, criando-se um ambiente que é tanto de alta tecnologia quanto de alto contato.

Entretanto, esse argumento perde sua validade se não estiver alinhado à

estratégia competitiva da empresa. A gestão do conhecimento da organização deve

estar diretamente ligada à sua estratégia, que segundo Kluyver e Pearce (2007), diz

respeito ao posicionamento da organização para a obtenção de uma vantagem

competitiva, envolvendo escolhas de mercado para criar valor aos stakeholders e

clientes.

Para a gestão do conhecimento sustentar a competitividade e permitir à

empresa gerar valor aos públicos de interesse, a estratégia organizacional deve ser

executada. Kaplan e Norton (2008) afirmam que as organizações já dispõem de

sistemas de inteligência tecnológica e ferramentas analíticas que apoiam a

execução da estratégia, mas, ainda assim, elas ainda são conduzidas de forma

isoladas pelas empresas, com baixa integração e coordenação.

Neste contexto, este trabalho orienta-se pela questão de como um portal

corporativo pode contribuir para a gestão do conhecimento de uma organização e a

execução de sua estratégia. Esta problemática é enfrentada por diversas empresas,

que refletem sobre uma forma eficiente de concretizar, por meio de ambientes

institucionais, como portais corporativos, os elementos de sua estratégia. Segundo

Kaplan e Norton (2008, p.6) “ainda existem lacunas entre a formulação dos planos

estratégicos de alto nível e sua execução pelos departamentos, equipes de

processos e pessoal de linha de frente”. Isto ocorre devido à falta de desdobramento

Page 15: Juliana de Oliveira Azeredo

15

da estratégia da empresa a esses públicos, e a tecnologia da informação pode dar

suporte a essas ações. Alinhado a essa visão, Toledo (2002, p.3) afirma que:

Os portais corporativos, se implementados com foco em gestão do conhecimento, podem se transformar em uma plataforma tecnológica capaz de proporcionar às empresas a infraestrutura necessária para dar apoio nas transformações de seus modelos de negócios. Ao prover de forma simples dados, informações, conhecimentos e interação entre profissionais, clientes, parceiros e fornecedores que compartilham de interesses comuns, a arquitetura de portais pode construir um ambiente de receptividade cultural para a gestão do conhecimento que favoreça os processos de transformação entre as formas de conhecimento tácito e de conhecimento explícito.

Neste cenário, insere-se a empresa alvo do presente estudo, a

Sodexo|Puras, que se encontra em um momento de integração corporativa, com

impactos em seu sistema de valores e na cultura organizacional, que refletem em

alterações de processos e de gestão de informações. Em setembro de 2011, a

multinacional francesa Sodexo, empresa de alimentação, comprou a brasileira

Puras, de origem Gaúcha. E, desde então, os esforços gerenciais vêm caminhando

para integração destas duas companhias em uma só. Foi elaborado um plano de

ação de integração, a fim de unificar setores, processos, sistemas e pessoas da

organização, e a implantação de uma intranet única é uma das ações deste plano.

O portal interno da Sodexo|Puras é formatado dentro de um escopo

padronizado mundialmente, seguindo os padrões de outros portais em outros

países. Este se constitui, portanto, em um meio para o Grupo Sodexo formalizar

conhecimentos e padronizar práticas relativas a seu negócio nos diversos sítios de

operação em nível mundial. O portal contempla boas práticas adotadas pela

organização e orientações sobre a política institucional, buscando suportar o

alinhamento de sua cultura organizacional. Internamente denominado Sodexo_Net,

o portal, no Brasil, une a comunicação interna e os processos das empresas recém

conectadas Sodexo e Puras.

Analisar as características desse portal em um momento contextual

específico de projeto e implantação, considerando a união de duas organizações,

traduz-se, portanto, em uma oportunidade analítica e de identificação de prática

transformadora. Essa visão alinha-se ao afirmado por Bukowitz e Williams (2002, p.

23), de que a gestão do conhecimento “representa um esforço para reparar

prejuízos anteriores e uma política de segurança contra a perda da memória

Page 16: Juliana de Oliveira Azeredo

16

organizacional do futuro”. Ela reestabelece um contexto para a conexão de

diferentes tipos de informações, entre pessoas, e entre pessoas e informações. A

Sodexo_Net apresenta para a empresa a expectativa de uma ferramenta facilitadora

a conectar culturas, aprendizados, informações processuais das organizações que

ali estão representadas, facilitar o relacionamento, construindo um novo

conhecimento organizacional.

Segundo Costa (2010, p. 85), os meios de comunicação são vistos como

agentes essenciais de uma cultura e são a principal fonte de informação e

identificação que um grupo pode ter de si mesmo. Eles são responsáveis por

aproximar subsistemas sociais de uma organização, mantendo-os integrados com

uso da informação. O portal representa, para a organização alvo do estudo, o

fechamento de um ciclo de integração das empresas Sodexo e Puras, centralizando

o fluxo de comunicação, alinhando o público interno culturalmente à estratégia que a

empresa seguirá, e comunicando como os colaboradores serão parte dessa

estratégia.

A importância de se manter os conhecimentos já adquiridos até então, e

iniciar uma nova fase de aprendizado, é fato relevante no processo de gestão

estratégico da nova organização. Este trabalho estudará a utilidade desta

ferramenta, pesquisando aplicadamente como ela contribui na gestão do

conhecimento da Sodexo|Puras e na execução da estratégia da empresa,

analisando como o portal pode contribuir na conversão do conhecimento e quais as

dimensões do conhecimento presentes neste processo. Por essa razão, o trabalho

buscará contribuir com a discussão sobre o papel dos portais corporativos nas

organizações, como ferramentas de comunicação e disseminadores de informação

estratégica, e apoiadores da execução dessa estratégia como meios de conversão

de conhecimento.

1.1 OBJETIVOS

O presente estudo tem como objetivo geral analisar o papel do portal

corporativo Sodexo_Net no suporte à implementação da estratégia da empresa e

sua contribuição na conversão do conhecimento organizacional da Sodexo|Puras.

Page 17: Juliana de Oliveira Azeredo

17

Os objetivos específicos do trabalho pretendem aprofundar a discussão

proposta pelo problema e abordar questões específicas sobre o objetivo geral da

pesquisa:

1. Analisar a contribuição do portal corporativo Sodexo_Net na comunicação

e implementação da estratégia global e local da empresa;

2. Analisar os modos de conversão de conhecimento existentes nas

funcionalidades do portal;

3. Identificar como o portal é percebido pelos colaboradores quanto a

diferentes dimensões de conhecimento no contexto da gestão corporativa.

1.2 JUSTIFICATIVA

O conhecimento, como elemento organizacional, tornou-se artigo valioso,

fruto dos avanços tecnológicos em comunicação e informação, e do

amadurecimento dos processos de gestão. No entanto, com esse incremento de

valor, veio o desafio das organizações fazerem a adequada gestão deste bem,

incluindo processos de aquisição, uso, descarte e absorção deste ativo, para gerar

ganhos corporativos. A proteção e a alavancagem de conhecimento e dos ativos

intelectuais são umas das principais preocupações das organizações nos países

desenvolvidos. O número de aplicações mundiais de patentes, por exemplo,

aumentou de 1 milhão, em 1985, para aproximadamente 7 milhões em 2000

(TERRA; GORDON, 2002, p. 27).

Vive-se na era do conhecimento, sujeita ao pressuposto de que

organizações que souberem fazer a gestão deste bem terão potencializada sua

capacidade de geração de valor, gerando ciclos virtuosos de desenvolvimento.

Setores intensivos em conhecimento, segundo Terra e Gordon (2002), como

indústrias farmacêuticas, mídia, serviços de negócios ou construção de marcas, têm

suas companhias valendo contabilmente de três a quatro vezes mais que indústrias

tradicionais, de automóveis, mineração ou celulose, por exemplo. Somado a isto, a

vantagem competitiva gerada pela eficiente gestão do conhecimento impacta

diretamente na estratégia da empresa.

Justifica-se a importância deste trabalho dentro do contexto organizacional

que a Sodexo|Puras encontra-se neste momento, convergindo em uma estratégia

Page 18: Juliana de Oliveira Azeredo

18

única de gestão, que orienta seu público interno para a mesma. Implantar a

Sodexo_Net é tangibilizar a estratégia mundial do Grupo Sodexo em uma

comunicação padronizada, uma vez que a ferramenta segue os moldes corporativos

em diferentes sítios mundiais. Neste processo, esta pesquisa estuda a participação

desta ferramenta no suporte à implementação da estratégia global e local, mantendo

o alinhamento com as diretrizes globais da organização, entendendo-a como meio

de gestão e conversão do conhecimento.

Este não é um projeto tecnológico, e sim uma iniciativa de mudança de

negócios. Davenport (2002, p. 19) defende que “a intranet e as redes internas

relacionadas já comprovaram sua característica principal de ferramenta ideal para a

distribuição e o acesso à informação”. Em pesquisa realizada, 73% das empresas

que comunicam com clareza sua estratégia e indicadores, alcançam desempenho

notável na execução, entretanto apenas 28% das que apresentam desempenho

satisfatório adotam a prática (KAPLAN; NORTON, 2008, p. 6).

O objeto pesquisado é a conversão do conhecimento – interação entre o

tácito e o explícito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997 ) e as dimensões do conhecimento

que estão presentes nos portais corporativos, analisando como elas interagem com

a estratégia da organização.

Um dos principais benefícios da implementação de um sistema de gestão

empresarial como a intranet, é o de conseguir definições e significados comuns de

informações dentro de uma organização tão diversificada. Segundo Davenport

(2002, p. 152), “desde o advento dos sistemas de gestão empresarial, as empresas

chegaram à conclusão de um único sistema de grande porte é uma maneira muito

mais viável de conseguir informação comum”.

Os portais corporativos são uma plataforma técnica necessária e oferecem

capacidade para que as empresas façam transformações nos seus modelos de

negócios, alinhando objetivos, motivações e contextos de informações de todos os

funcionários, e de sua atividade estendida quando for o caso: clientes, fornecedores

e parceiros. Segundo Terra e Gordon (2002, p.49):

Se forem devidamente implementados e apoiados por transformações gerenciais que fomentem confiança, os Portais Corporativos também podem estabelecer a base e o ambiente para o desenvolvimento de relacionamentos [...]. As consequências esperadas desta visão podem incluir ciclos de inovação mais rápidos, melhores ambientes de aprendizado, melhor atendimento ao cliente,

Page 19: Juliana de Oliveira Azeredo

19

alinhamento de parceiros e, finalmente, receitas maiores e custos reduzidos.

Davenport (2002) traz possíveis vantagens na implantação de sistemas de

gestão empresarial, como estas aplicáveis a este projeto: redução de tempo de ciclo

de processos, informações mais rápidas, melhoria nas tomadas de decisões

gerenciais e, o principal, converter o conhecimento tácito sobre o processo em

conhecimento explícito. E está aqui, na participação de um portal, que facilita a

gestão do conhecimento da organização, lincado diretamente ao ciclo da estratégia

da empresa, a prática transformadora de uma ferramenta de comunicação

integradora, que atua diretamente no apoio à execução da estratégia organizacional

nestes tempos que caminham para as relações virtuais. Incorporando capacidades,

mobilização de conhecimento e recursos coletivos a redes de participantes, grandes

feitos podem ser realizados (TAPSCOTT, 2010), libertando as pessoas das

estruturas organizacionais tradicionais para compartilhar conhecimento, usando o

potencial dos seus colaboradores.

Essa tendência já era apontada por Terra e Gordon (2002, p. 82), que

afirmam que o compartilhamento de conhecimento, seja ele formal ou informal,

interno ou externo, se mostra um dos principais desafios organizacionais para as

companhias e, nesse sentido, empresas de ponta estão implementando portais com

um grande foco na facilitação do aprendizado individual.

Um estudo como este contribui com a perspectiva do uso de portais internos

como uma ferramenta de apoio à implementação da estratégia, tendo a gestão do

conhecimento como fator principal desse processo. Assunto este importante e

discutido na empresa foco do estudo, com o propósito de deixar de ser somente um

meio de comunicação ou sistema de centralização de informações, tendo a intranet

como um colaborador intensivo na gestão estratégica da organização.

O referencial teórico trata da gestão estratégica, gestão do conhecimento e

dimensões do conhecimento. E esta pesquisa trará como resultado a análise destes

fatores aplicados no estudo de caso da intranet da Sodexo|Puras, apresentando

uma importante e estratégica funcionalidade desta ferramenta que até então

pertencia somente à área de comunicação.

Page 20: Juliana de Oliveira Azeredo

20

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

A introdução deste trabalho traz um contexto geral sobre os portais

corporativos e os sistemas de gestão integrados, bem como sua evolução por uma

maior inserção no campo organizacional.

O referencial teórico divide-se em 3 partes. A primeira parte explora um

pouco mais da evolução do portal e suas aplicações corporativas. A segunda parte

trata da execução da estratégia da empresa e faz um link com o terceiro e último

subcapítulo, que trata da gestão do conhecimento organizacional, criação e

dimensões deste conhecimento para serem analisados aos olhos da ferramenta que

é objeto do estudo.

A metodologia apresenta os aspectos relativos ao desenvolvimento prático

da pesquisa, através de um estudo de caso, suas delimitações, os instrumentos de

coleta e de análise de dados.

O capítulo 4, primeiramente apresenta os dados qualitativos e quantitativos

obtidos na etapa de campo e, em seguida, desenvolve as respostas propostas aos

objetivos, concluindo com uma análise sobre potenciais melhorias ao portal,

surgidas ao longo do processo de pesquisa.

A conclusão retoma os objetivos abordados, apresentando as considerações

finais do estudo.

Materiais relevantes gerados pela pesquisadora, mas que, por seu tamanho

ou formato, necessitaram manipulação especial, são apresentados como apêndices.

Outros materiais de apoio oriundos do campo e que sustentam as análises

realizadas são apresentados como anexos.

Page 21: Juliana de Oliveira Azeredo

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico construído neste estudo dará base para responder a

questão problema proposta, bem como os objetivos elencados a serem analisados

no processo. Para seu melhor entendimento, apresenta-se na Figura 1 um esquema

de desenvolvimento deste referencial, ilustrando a abordagem dos diferentes temas

no presente trabalho e sua conexão com os objetivos propostos.

Figura 1: Esquema de construção do referencial teórico.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em um primeiro momento, o capítulo contextualiza o tema portais

corporativos, ferramenta central deste estudo. A segunda parte trata da estratégia

organizacional, tática e implementação da estratégia. Em um terceiro momento

discute-se o processo de gestão do conhecimento, disseminação, conversão e

dimensões do conhecimento com foco em portais corporativos, ilustrando a ligação

entre estas três temáticas envolvidas no caso estudado e possibilitando uma melhor

compreensão do cenário no qual a pesquisa foi desenvolvida.

Page 22: Juliana de Oliveira Azeredo

22

2.1 PORTAIS CORPORATIVOS

Com o rápido crescimento do mercado digital e a tendência à evolução das

relações em rede, o meio corporativo não poderia ficar alheio a este processo.

Decorrente do sucesso e sua aceitação no mercado, os conceitos oriundos da

Internet foram incorporados pelas organizações, emergindo o conceito de intranet,

ou seja, uma rede interna nos mesmos padrões de internets.

As intranets têm vantagens e percepções variadas. Vaast (2001) afirma que

elas possibilitam uma nova maneira de gerenciar informações. George (2002)

percebe a intranet como um recurso que permite o compartilhamento de

informações entre colaboradores, por meio de uma rede privada. Uma intranet é

capaz de integrar diversos arquivos multimídia e tem função diferente dos sistemas

de informação tradicionais, como contas a pagar e folha de pagamento, que são

destinados ao atendimento de demandas específicas. (DAMSGAARD;

SCHEEPERS, 2000).

Para Pinho (2003), os portais corporativos são as intranets do novo milênio,

reunindo informação conhecimento e estratégia na ferramenta:

Os portais corporativos prometem mudar as relações de trabalho nas empresas pela capacidade de acelerar processos, melhorar a comunicação interna, disseminar conhecimento, conversar com os demais softwares usados pela companhia, aumentar a produtividade, e claro, cortar custos. ( p. 47)

Já Turban, McLean e Wetherbe (2002), além de defenderem que os Portais

Corporativos são a evolução das intranets, trazem suas vantagens como a

integração de informações, capacidade de condensação, unificação do conteúdo e

personalização das informações externas.

Também chamados de Portais de Conhecimento Corporativo (PdCC), os

portais internos são opções tecnológicas usados para a prática da gestão do

conhecimento. Neste caso, eles favorecem níveis mais altos de colaboração e

criação do conhecimento. (TERRA; GORDON, 2002).

Um portal é mais que uma ferramenta de comunicação interna, é um

processo integrador de informações. Se dotados de conteúdo estratégico e

participação colaborativa, tornam-se peças-chave de um processo eficiente de

trabalho, impactando diretamente na gestão organizacional. Como ferramenta,

Page 23: Juliana de Oliveira Azeredo

23

também tendem a reduzir os custos de transação internos da organização. A reunião

de funcionalidades como poder reduzir custos de desenvolvimento de ferramentas,

tempo de integração de processos que não estariam conectados pela intranet, busca

de informações, integração de pessoas, treinamentos presenciais, entre outros, em

um portal torna esse tipo de construção atraente para facilitação dos processos de

gestão. Toda documentação e informação que circula em papel pode ser

disponibilizada na rede interna de forma digital, por exemplo, reduzindo tempo e

custo operacional. Uma grande vantagem na rapidez de acesso às informações, na

disponibilidade de informações em grande quantidade e na possibilidade de

trabalhar melhor o fluxo de serviços da empresa. (BOGHI; SHITSUKA, 2002).

A informação é o principal produto de um portal interno, mas não é o

principal fator integrador da organização, e sim o “subsídio determinante à geração

do conhecimento necessário ao processo de tomada de decisão”. (COSTA, 2010, p.

35). Se esta for alocada de forma isolada, não servirá de recurso estratégico:

apenas quando relacionada a outras e apropriando-se de significados

compreensíveis, ela se transformará em conhecimento orientador para tomada de

decisões.

O processo de comunicação em rede trata de uma relação entre

organização, indivíduos e grupos, tornando-se condição básica à sua sobrevivência

e prosperidade. (COSTA, 2010). As comunicações básicas são fundamentais para

os indivíduos e para as organizações. A implementação de um espaço virtual com

integração de dados em um mesmo conteúdo informacional, e a desconexão

espaço-temporal deste têm induzido a uma grande revolução nos processos de

comunicação interpessoal, interempresas e entre empresas e pessoas.

Balestrin, Vargas e Fayard (2005) destacam que uma rede pode

proporcionar a interação eficaz entre pessoas, grupos e organizações, ampliando a

criação do conhecimento que ocorre inicialmente pelos indivíduos. Segundo os

autores, esta dinâmica complementa as competências por meio da qual o

conhecimento, os valores e processos, as práticas, a cultura e as diferenças destes

indivíduos são compartilhados no coletivo a favor de um projeto comum. Tapscott

(2010) traz que a avidez por colaboração por parte dos colaboradores,

Page 24: Juliana de Oliveira Azeredo

24

principalmente aqueles Geração Internet1, pode ser um bônus para a empresa. O

público interno quer trabalhar de mãos dadas, de forma colaborativa, com as

empresas para criar produtos e serviços melhores.

Seguindo a visão de Porter (1989), podem-se ainda identificar as vantagens

competitivas alcançadas por empresas que trabalham de forma colaborativa, usando

o potencial da internet na dinâmica dos negócios. O autor ainda traz os ambientes

de aprendizado de microrregiões especializadas, que neste trabalho podemos

aplicar para fluxos de conhecimento intrassetoriais intensos que colaboram e

competem entre si. Indo ao encontro de Porter, Balestrin, Vargas e Fayard (2005)

justificam que o conhecimento é reconhecido como um fator-chave à competitividade

das organizações, e citam Nonaka, que enfatiza que a criação do conhecimento

representa um recurso estratégico para as empresas.

Segundo Terra e Gordon (2002), os portais estimulam a criação do

conhecimento, reutilização e inovação do conhecimento explicitado, bem como a

localização de pessoas que podem utilizar seu conhecimento tácito em situações

específicas de negócios. O impacto das redes nos negócios tende a transformar a

forma que a empresa se organiza internamente. Estas transformações são

aceleradas por este nível mais profundo de integração, e tem tais atividades fins

conectadas ao portal corporativo (TERRA; GORDON, 2002, p. 23):

a) Atividades da cadeia de valor;

b) CRM – Customer Relationship Management;

c) SCM – Supply Chain Management;

d) ERP – Enterprise Resources Planning;

e) Ferramentas de colaboração on-line;

f) Ferramentas de gerenciamento de projetos;

g) Plataformas de diferentes filias que podem trocar informações;

h) Desenvolvimento de novos produtos.

A integração com a cadeia de valor, uma das principais integrações de um

portal corporativo, segundo Terra e Gordon (2002, p. 42), não deve ser confundida

1 Geração Internet: nascidos entre janeiro de 1977 a dezembro de 1997, também chamada de Geração do Milênio ou Geração Y, primeiros jovens a crescer em um ambiente digital (TAPSCOTT, 2010)

Page 25: Juliana de Oliveira Azeredo

25

com terceirização ou integração da cadeia de fornecimento, mas sim como uma

integração de valor que envolve personalização de produtos e serviços para

entender as necessidades específicas dos clientes finais, que, neste caso, são os

colaboradores usuários da intranet. Os autores defendem que cada participante da

cadeia de valor precisa oferecer uma criação de valor superior e fortes capacidades

de parceria na elaboração e gestão do portal.

Davenport (2002) aborda a questão de Sistemas de Gestão Empresarial

(SGE). Entende-se, neste trabalho, que o portal interno faz parte desses sistemas. O

autor defende que os SGE são uma oportunidade para uma verdadeira

conectividade, “um estado no qual cada um sabe o que todos estão fazendo em

matéria de negócios no mundo inteiro ao mesmo tempo” (p. 20). Por outro lado, o

autor aborda o cuidado na implantação de um sistema de gestão empresarial, pois

causará um impacto na maneira como as pessoas exercem suas atividades.

Considerando, como exposto nos parágrafos anteriores, que o conhecimento

é um importante recurso para o desenvolvimento econômico e a colaboração é uma

prática imprescindível para criá-lo, o e-knowledge2 surge como um conceito de

mercado para convergir estas duas áreas: colaboração e conhecimento. Balestrin,

Vargas e Fayard (2005) apresentam teorias que sinalizam a facilitação de espaços

de interação favoráveis ao processo de criação do conhecimento quando a

organização configura-se em rede. Neste contexto, dos dados providos das

pessoas, dos resultados de suas interações em rede e da organização passam por

um processo de transformação, sendo analisados e servindo como base de tomada

de decisão gerencial e estratégica, sendo convertidos em resultados para a

organização. Davenport (2002) desenvolveu um modelo que ilustra a transformação

do conhecimento em resultados, como mostra a Figura 2.

Figura 2: Modelo da maneira pela qual os dados do SGE são transformados em conhecimento e resultados.

2 e-Knowledge: termo usado para falar de conhecimento em rede.

Page 26: Juliana de Oliveira Azeredo

26

Fonte: Davenport (2002, p. 203).

O gerenciamento do conhecimento em rede se dá junto e após o processo

de criação do conhecimento, e de nada serve se não for transformado em resultados

para as organizações. O que a figura não mostra é a retroalimentação deste

processo de transformação, porque, a partir de um momento que se tem um

processo analítico e tomada de decisão que impacta em comportamentos e

mudanças no processo, isto volta para o contexto e realimenta o processo ilustrado

pela figura proposta por Davenport (2002). O portal interno é o facilitador desta

transformação, servindo como uma ferramenta que integra o contexto para ser

consultada e gerar resultados.

Seguindo a filosofia da Web 2.0, que tem como princípio valorizar as

informações de acordo com a quantidade de pessoas que as usam e ter todas as

informações acessíveis a toda população que navega na rede (LIBERT; SPECTOR,

2009), um portal corporativo interno deve organizar a gestão das suas informações

de acordo com a relevância delas para seu público, e tornar acessível todo seu

conteúdo aos colaboradores.

Uma das áreas mais impactadas no uso de um sistema de gestão

empresarial é a estratégia operacional, devido aos seus efeitos sobre a forma de

fazer negócio (DAVENPORT, 2002). O portal interno deve impactar positivamente,

no sentido de otimizar informações, processos e documentos para a operação

tornar-se mais eficiente e apresentar eficácia. É necessário ter cuidado, portanto,

Page 27: Juliana de Oliveira Azeredo

27

com o tipo de informação e efeito desejado da operação de um portal corporativo, e

como este ambiente de informação se ajustará à estrutura da corporação. A

eficiência do portal se dará no momento em que houver informação comum e

compartilhada em toda a empresa. Desta forma, a integração e comparação de

informações entre as diversas áreas da empresa será mais fácil e eficaz. Neste

contexto, um portal interno apresenta-se como uma ferramenta a serviço da

estratégia pela gestão do conhecimento, sendo ainda mais valorizada se veicular

conteúdo inerente ao plano estratégico da organização.

2.2 ESTRATÉGIA E COMUNICAÇÃO DA ESTRATÉGIA

Tratar de estratégia, por mais conhecido que seja o significado geral da

palavra, não é entrar em consenso conceitual. Diversos autores conceituam o termo,

sem resultar uma definição exata única, pois a prática no dia a dia das organizações

entende estratégia de forma padronizada, mas a aplica de forma personalizada.

Porter (1989) conceitua estratégia como um termo integrado e coerente, e sua

aplicação visa a vantagem competitiva. Para o autor, a elaboração da estratégia é

uma fórmula de como a empresa irá competir e se posicionar no mercado,

combinando os fins (metas) e os meios (políticas). Segundo o autor, a estratégia é

elaborada para enfrentar as cinco forças competitivas do mercado: entrantes,

concorrentes, substitutos, compradores e fornecedores. Para tal, Porter apresenta

três estratégias genéricas que a empresa pode adotar: Liderança em custo total,

Diferenciação e Foco. Uma vez que o estudo em questão não tem nenhum destes

parâmetros diretamente aplicados, os conceitos dos mesmos não serão explorados.

Mintzberg et al. (2003) trazem os cinco “P”s da estratégia, como melhor

forma de entendimento da aplicação deste conceito:

a) Plano: parece ser a definição geral do termo. Este aspecto da estratégia

representa o planejamento, um curso de ação pretendido.

b) Pretexto: levando a organização à esfera da competição direta. Isto

coloca o processo e a elaboração da estratégia em um ambiente mais

dinâmico, que busca a vantagem competitiva.

Page 28: Juliana de Oliveira Azeredo

28

c) Padrão: para exibir um alinhamento em uma corrente de ações. A

estratégia como um plano, segundo os autores, é a consciência de

comportamento.

d) Posição: um meio de localizar a organização em todo o processo. Desta

forma, a estratégia é uma força mediadora entre a organização e o

ambiente.

e) Perspectiva: muda a forma de ver a estratégia, tanto pelo público interno,

como externo. Os autores trazem a importância do alinhamento dos

conceitos anteriores, a fim de garantir a perspectiva correta de um

posicionamento estratégico.

Interpretado o conceito de estratégia em cada organização, o mais difícil no

processo é sua execução e não seu planejamento. Kaplan e Norton (2008) afirmam

que a prioridade mais importante para os executivos é a “excelência na execução”

(p. 3). Os autores colocam processos formais que são importantes estar presentes

na execução da estratégia: traduzir a estratégia, gerenciar iniciativas estratégicas,

alinhar unidades organizacionais com a estratégia, comunicar a estratégia, avaliar e

atualizá-la.

Hrebiniak (2005) argumenta que as empresas deixam a execução da

estratégia em segundo plano, não desenvolvendo e aperfeiçoando processos que

poderiam levá-las a resultados importantes, pois a execução da estratégia é

extremamente difícil. Segundo o autor, pelo tema não ser tratado com ênfase no

ensino da administração e muitos altos gerentes acharem que a execução da

estratégia é tarefa para quem está abaixo deles, não envolvem os responsáveis pela

execução no planejamento da estratégia e não entendem que a execução da

estratégia necessita de uma equipe maior do que sua formulação. Estes são erros

comuns apontados pelo autor, que são cometidos pelas organizações.

Os sistemas e softwares usados para apoiar o planejamento estratégico

também não se preocupam com sua execução. Kaplan e Norton (2008) ainda

colocam que, embora as organizações disponham de uma gama deste tipo de

ferramentas para desenvolvimento e gestão de suas estratégias e operações, ainda

lhes falta um modelo que oriente sua efetiva integração.

Nos seis estágios do sistema gerencial apresentados por Kaplan e Norton

(2008), que liga a formulação e o planejamento da estratégia com a execução, a

Page 29: Juliana de Oliveira Azeredo

29

execução não tem estágio próprio, mas permeia todos, que são: desenvolvimento;

planejamento; alinhamento; planejamento das operações; monitoramento,

aprendizado e teste; e adaptação. Ao passo que a empresa cumpre cada estágio, a

execução da estratégia deve ser sempre tema presente neste processo. No ponto

de vista da gestão do conhecimento, para Nonaka e Takeuchi (1997), o elemento

mais crítico da estratégia de uma empresa é a conceituação de uma visão sobre

qual tipo de conhecimento deve ser desenvolvido e a operacionalização do mesmo

em um sistema gerencial de implementação.

Segundo Siqueira (2005), as empresas precisam manter e gerenciar

informações de diversos tipos para atingir seus objetivos estratégicos, classificando-

as de acordo com o público que as utiliza, a fim de dar suporte à estratégia. O autor

nomeia “serviços de comunicação” (p. 70) os meios de comunicação internos que

fazem esta troca de informações, que podem ser estratégicas, táticas ou

operacionais.

Para Kaplan e Norton (2008) a comunicação da visão, missão e valores é o

primeiro passo para a implementação da estratégia, deixando claro o que a

organização quer alcançar e como vai alcançar estes objetivos. Segundo os autores,

a comunicação eficiente da estratégia ajuda a transmitir o que é a organização,

deixar claro o papel de cada um neste processo e moldar a cultura. Em uma

pesquisa apresentada pelos autores, 73% das empresas que apresentam um

desempenho notável, tem a comunicação como um processo formal dentro da

implementação da estratégia.

Os autores colocam que a estratégia deve ser comunicada várias vezes, de

maneiras diferentes e recorrendo a diversos canais de comunicação para transmitir

a mensagem, e o portal corporativo é um deles. As melhores práticas de

comunicação comuns às empresas mais sucedidas na execução do seu

planejamento estratégico envolve um plano de comunicação, para garantir a

transmissão da informação certa, no tempo certo, para que o grupo de

colaboradores correto tenha conhecimento pertinente do seu papel no processo.

2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO

A Gestão do Conhecimento (GC) é um conjunto de processos que permite a

criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir os objetivos da

Page 30: Juliana de Oliveira Azeredo

30

organização (TEIXEIRA FILHO, 2000). Gerir conhecimento não é um conceito novo,

e Terra e Gordon (2002) afirmam que ele está somente sendo esquematizado e

disponibilizado de forma nova, pelas novas tecnologias, mídias, novos dispositivos e

técnicas.

A GC é um processo sistemático intencional e articulado, segundo Colombo

(2004) que tem o objetivo de favorecer a capacidade da empresa de “captar, gerar,

criar, codificar, armazenar, preservar, disseminar, compartilhar, reutilizar, analisar,

traduzir, transformar, modelar, implementar e gerenciar a informação” (p. 87). O

autor afirma que assim a informação é transformada em conhecimento, assegurando

à organização vantagens competitivas por meio da apropriação do conhecimento

organizacional.

A gestão do conhecimento faz parte do escopo da informação do negócio.

Segundo Davenport (2002, p. 247 e 248):

A gestão do conhecimento é, de todos os domínios que os SGEs podem operar, o mais sofisticado. Aqui a interação entre sistemas e seres humanos se torna mais cooperativa. [...] A gestão do conhecimento bem realizada, no entanto, deve incorporar os conhecimentos derivados de dados. A capacidade de gestão do conhecimento de SGE irá unificar todos os modos de processamento de informação e tornar os SGEs uma ferramenta altamente útil para os trabalhadores qualificados.

Para Davenport e Prusak (1998), não basta o conhecimento estar somente

disponível a qualquer momento, a empresa tem que ter habilidade de aplicá-lo de

forma eficiente, a fim de criar novo conhecimento e definir ações que venham a

atingir uma vantagem competitiva.

A gestão do conhecimento, especialmente se a informação for baseada em

tecnologia, preocupa-se com o conhecimento sabido, o conhecimento explícito

(BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). Conforme as pessoas reúnem a informação

necessária para seu trabalho rotineiro, utilizam o conhecimento para gerar valor,

aprender com o que foi criado e, então, devolver este conhecimento para o sistema

a fim de que possa ser útil a outros.

Bukowitz e Williams (2002) trazem a distinção entre o conhecimento explícito

e o implícito, inspirado em Nonaka e Takeuchi (1997, p.19):

Page 31: Juliana de Oliveira Azeredo

31

O conhecimento explícito é aquele que os indivíduos são capazes de expressar com bastante facilidade, utilizando a linguagem ou outras formas de comunicação. [...] O conhecimento implícito é aquele que um indivíduo é incapaz de articular, e portanto, converter em informação. Ele é mais útil para um sistema organizacional se puder ser transferido para os outros de modo que eles o utilizem.

Mesmo com a utilização do termo “conhecimento organizacional”, a

organização não cria conhecimento por si mesma: ela precisa da iniciativa do

indivíduo ou interação do grupo para tal (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Para os

autores, a interação dinâmica facilita a transformação do conhecimento pessoal em

conhecimento organizacional, e o portal pode ser uma ferramenta de transformação.

A gestão do conhecimento perpassa um importante desafio nas

organizações que é desenvolver práticas sistemáticas para administrar a

autotransformação, ou seja, abandonar o conhecimento que não serve mais para a

situação e aprender a criar novos. Drucker (1993, apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997)

traz 3 pontos para este processo ocorrer:

(1) melhoria contínua de todas as atividades;

(2) desenvolvimento de novas aplicações a partir dos sucessos;

(3) inovação contínua como um processo organizado.

Para eficiente gestão do conhecimento em rede, um portal interno também deve

observar e passar por estas etapas a fim de criar novos conhecimentos que serão

utilizados estrategicamente na organização.

Segundo Terra e Gordon (2002), a gestão do conhecimento também implica

na adoção de práticas gerenciais sobre os processos de criação e aprendizado

individual, além da coordenação dos planos: organizacional e individual, estratégico

e operacional, formais e informais. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), olhando do

ponto de vista do conhecimento organizacional, a essência da estratégia está no

desenvolvimento da capacidade da organização de adquirir, criar, acumular e

explorar o conhecimento, e conclui-se que entender as dimensões deste

conhecimento é primordial na gestão do mesmo.

As tecnologias da informação são uma forma de consolidar a gestão do

conhecimento. Davenport e Prusak (1998) acreditam na potencialidade dos

computadores para promover o conhecimento a partir dos seus recursos, desde que

Page 32: Juliana de Oliveira Azeredo

32

a cultura corporativa seja favorável. Dentre vários recursos tecnológicos capazes de

contribuir para o conhecimento organizacional os autores recomendam a tecnologia

web para gerenciar o conhecimento.

Neste contexto, os sistemas de gestão de conhecimento dão suporte aos

processos de criação, armazenamento, transferência e aplicação de conhecimento,

servindo como ferramenta de compartilhamento de conhecimento entre os

colaboradores da organização (ALAVI; LEIDNER, 2001). Alinhados a essa visão,

Newell, Scarbrough e Swan (2001) defendem que a intranet é um mecanismo de

comunicação e integração entre as pessoas dentro da organização, auxiliando no

compartilhamento de conhecimento; e, se considerada uma tecnologia aplicada aos

sistemas de gestão de conhecimento, possibilita o acesso à informação e ao

conhecimento, facilitando sua criação.

2.3.1 Criação do Conhecimento Organizacional

O processo de criação do conhecimento de uma organização inicia com o

compartilhamento do conhecimento tácito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997), que está

nos colaboradores e deve ser compartilhado na organização. Segundo Nonaka e

Takeuchi (1997) esta é a primeira de cinco fases do modelo ideal de um processo de

criação do conhecimento organizacional. As outras 4 fases apresentadas pelos

autores são: criação dos conceitos; justificação dos conceitos; construção de um

arquétipo; e nivelação do conhecimento.

Bitencourt (2004) ainda reforça que a criação e a transferência do

conhecimento tácito dependem do nível de processamento das informações

objetivas, que criam o ambiente para a criação deste tipo de conhecimento. Já

Fleury (2002) argumenta que a criação do conhecimento está em um grupo de

pessoas que trabalham juntas, e só existe quando o indivíduo coloca seu

conhecimento em prática transformando-o em habilidade para lidar com situações

diárias.

Citando Nonaka e Takeuchi (1997, p. 69), “a criação do conhecimento

organizacional é uma interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e

explícito”. Para integrar as abordagens dos três autores, entende-se ser necessário

um ambiente que gere conhecimento explícito para incentivar a criação do

conhecimento tácito (BITENCOURT, 2004), que deve ser colocado em prática por

Page 33: Juliana de Oliveira Azeredo

33

um grupo de trabalho (FLEURY, 2002) para lidar em conjunto, compartilhando este

conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997) a aplicação de ações em situações

reais da empresa. Um portal interno molda-se a este conceito, apresentando ser um

ambiente usado pelos colaboradores em conjunto, que compartilham da mesma

informação organizacional.

Nonaka e Takeuchi (2004) chamam este lugar de “Ba”. Os autores

conceituam um “Ba” como um lócus, “um espaço fenomenológico” (p.100), não

necessariamente um lugar físico, onde o conhecimento emerge. O “Ba” também é

concebido como uma plataforma na qual o conhecimento é utilizado como recurso,

sendo um espaço de tempo onde as interações ocorrem, como uma reunião ou o

acesso a alguma informação na intranet corporativa. Para eles, “a maneira como os

“Ba” se conectam e interagem determina a qualidade do conhecimento criado”

(p.111). A interação entre os indivíduos nos diversos tipos de “Ba” pode ampliar o

processo de criação do conhecimento, seja tácito ou explícito.

Nesse contexto, conceitua-se conhecimento tácito e explícito, na visão

definida por Nonaka e Takeuchi (1997, p.7), como:

O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras e números, e facilmente comunicado e compartilhado sob forma de dados... [...]. O conhecimento tácito é altamente pessoal, difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com os outros.

Enquanto o conhecimento explícito pode ser armazenado em um banco de

dados e ser transmitido por uma rede virtual, o tácito, por sua natureza subjetiva e

intuitiva, dificulta o processamento ou transmissão por um método sistemático. No

período de transmissão da subjetividade para palavras e números, ou seja, na

transformação do conhecimento tácito ao explícito, é que ocorre a criação do

conhecimento organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 8), entendida como “a

capacidade da empresa criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como

um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas”. Todos os elementos do

processo devem ser geridos de forma integrada uns aos outros, a fim de alcançar

uma mistura e quantidade corretas de conhecimento e capacidade de distribuí-lo

(BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002).

Esta criação de conhecimento não perpassa somente o aprendizado com

outros ou adquirir informações externas, mas sim a construção por si mesma feita

Page 34: Juliana de Oliveira Azeredo

34

pelo grupo, exigindo interação intensiva entre os membros da organização

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Para tal, as organizações demandam cada vez mais

pessoas qualificadas, mas requerem também infraestrutura de comunicação

adequada (SANTOS, 2003). Estes canais devem ser uma fonte de informação sobre

a organização para o público interno, evitando-se assim, que elas mesmas tomem

decisões com “aquilo que estiver mais facilmente acessível” (DAVENPORT;

PRUSAK, 1998, p.21). A intranet, portanto, pode ser vista como uma ferramenta que

facilita este meio, atuando ainda na criação, compartilhamento, difusão e retenção

do conhecimento.

2.3.2 Conversão do Conhecimento

Como apresentado anteriormente, o sistema de conversão do conhecimento

que é referência de análise para este estudo é o SECI, elaborado por Nonaka e

Takeuchi (1997), acrônimo para os quatro modos de conversão de conhecimento

denominados: Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Por eles,

conteúdos interagem entre si e entre indivíduos e grupos, formando uma espiral de

criação do conhecimento (ou, simplesmente, espiral do conhecimento). A Figura 3

ilustra o modelo desenvolvido pelos autores.

Figura 3: Espiral do conhecimento

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80).

Page 35: Juliana de Oliveira Azeredo

35

Para os autores, a espiral do conhecimento tem seu direcionamento feito

pela intenção organizacional, definida como pretensão de alcance de suas metas. A

espiral representa o processo de criação do conhecimento, que tem início no

indivíduo e vai se ampliando através da organização. Neste processo, Nonaka e

Takeuchi (1997) descrevem as quatro formas de conversão do conhecimento,

apresentadas a seguir.

A. Socialização

Conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito. É um processo

de compartilhamento de experiências, criando modelos mentais ou habilidades

técnicas. Esta forma de conversão baseia-se na experiência que um indivíduo passa

ao outro. O objetivo aqui é compartilhar o conhecimento tácito. Segundo Nonaka e

Takeuchi (1997), o segredo para adquirir conhecimento tácito é a experiência, do

treinamento prático. Se olhar sob a perspectiva na teoria organizacional, a

Socialização está ligada às teorias dos processos de grupo e cultura organizacional.

B. Externalização

Conversão do conhecimento tácito em explícito. Processo em que o

conhecimento tácito se torna tangível, expresso em modelos, documentos,

conceitos. Dentre todos os modos, este é a chave para a criação do conhecimento,

segundo os autores, o mais importante deles, pois cria o novo e explicita ele, a partir

do conhecimento tácito. É considerado um processo e criação do conhecimento

perfeito quando ocorre a conversão, articulando o conhecimento tácito em conceitos

explícitos. Este modo normalmente está presente no processo de criação do

conhecimento e é provocado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva. (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997; 2004).

C. Combinação

Conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito, a

combinação tem suas raízes no processamento das informações. Este modo

sistematiza os conceitos em um sistema de conhecimento, combinando diferentes

conhecimentos explícitos. A interação dos indivíduos e os conhecimentos explícitos

de uma organização geram ainda mais e novos conhecimentos. Para Nonaka e

Page 36: Juliana de Oliveira Azeredo

36

Takeuchi (1997; 2004), grupos de indivíduos trocam e combinam conhecimento

através de documentos, reuniões ou redes de comunicação computadorizada. Este

modo se faz presente na colocação do conhecimento recém-criado e do já existente

em um mesmo lugar, gerando um novo conhecimento em forma de produto, serviço

ou sistema.

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), no contexto dos negócios, esta

conversão do conhecimento é muitas vezes constatada quando gerentes

desmembram e operacionalizam visões empresariais e conceitos de negócios,

desempenhando um papel crítico na criação de novos conceitos. Os autores ainda

defendem que este modo de conversão do conhecimento é facilitado em redes de

comunicação computadorizadas e banco de dados em larga escala.

D. Internalização

Conversão do conhecimento explícito em tácito, diretamente relacionada com

o aprendizado organizacional. Este é o final e o início do processo da espiral, pois a

Internalização ocorre quando os indivíduos incorporam o conhecimento explícito,

tornando-o tácito e criando know-how e expertise técnica. Os autores intitularam

como “aprender fazendo” (1997, p. 77), a partir das experiências da socialização,

externalização e combinação.

Este modo também é o início, pois uma vez que o colaborador incorporou

novo conhecimento, criando conhecimento tácito, ele deve compartilhar com outros

membros da empresa, reiniciando a espiral. Somente desta forma, socializando o

conhecimento tácito acumulado, que inicia uma nova espiral.

Em todos estes modos de conversão, segundo Nonaka e Takeuchi (1997;

2004), a empresa não cria conhecimento sozinha. Ela precisa do indivíduo para

fazer a espiral girar, pois é o conhecimento tácito que constitui a base do

conhecimento organizacional. A Figura 4, criada por Nonaka e Takeuchi (1997, p.

82) ilustra essa espiral, que começa no indivíduo e sobe para o nível corporativo,

ultrapassando as fronteiras entre seções, departamentos e até organizações.

Page 37: Juliana de Oliveira Azeredo

37

Figura 4: Espiral de criação do conhecimento organizacional

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 82)

Balestrin e Verchoore (2008) apresentam a síntese de duas abordagens da

criação e gestão do conhecimento: normativa e interpretativa. A primeira propõe

uma ferramenta para fazer a gestão do conhecimento organizacional, e a segunda

parte do princípio que o conhecimento está enraizado nas práticas organizacionais.

Esta segunda abordagem, a interpretativa, reforça os processos de conversão do

conhecimento apontados anteriormente, pois ela recai sobre os processos e as

práticas de trabalho, reforçando o princípio do conhecimento construído pela

interação dos indivíduos. Entretanto, os autores afirmam que ambas coexistem no

contexto organizacional.

2.3.3 Condições para a Conversão do Conhecimento

Nonaka e Takeuchi (1997; 2004) afirmam que há cinco condições em nível

organizacional para promover a espiral do conhecimento, partindo do pressuposto

de que, nesse processo, a organização tem função de fornecer “o contexto

apropriado para facilitação das atividades em grupo e para criação e acúmulo de

conhecimento em nível individual” (1997, p. 83). Estas condições são:

Page 38: Juliana de Oliveira Azeredo

38

I. Intenção

Definida como aspiração da organização às suas metas, é a intenção da

organização que direciona a espiral. Os esforços para alcançar a intenção tomam a

forma da estratégia dentro da organização. Aqui, a essência da estratégia está no

desenvolvimento da capacidade organizacional de adquirir, criar, acumular e

explorar o conhecimento.

II. Autonomia

Todos os colaboradores devem agir de forma autônoma. Permitindo esta

autonomia, a organização amplia a chance de nascer uma oportunidade inesperada,

aumentando também a possibilidade dos indivíduos se automotivarem a criar novo

conhecimento. Os autores defendem que ideias originais emanam de indivíduos

autônomos, que podem ser difundidas na equipe e se tornarem ideias corporativas.

III. Flutuação e Caos Criativo

Estas condições estimulam a interação entre a organização e o ambiente

externo. A flutuação é uma “ordem sem recursividade” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997,

p. 89), que as organizações podem aproveitar para explorar aspectos do seu próprio

sistema de conhecimento. O autores afirmam que, quando há flutuação em uma

organização, a tendência é os indivíduos saírem das suas zonas de conforto,

reconsiderando pensamentos e perspectivas fundamentais, voltando para o diálogo

como meio de interação social, ajudando a, então, criar novos conceitos. O caos

gerado intencionalmente é o caos criativo, levando a atenção para definição do

problema e suas soluções.

IV. Redundância

Definida como a “existência de informações que transcendem as exigências

operacionais imediatas” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.91), referindo-se à

superposição intencional de informações sobre as atividades da empresa. A ideia

aqui é o compartilhamento de informações reduntantes, mesmo que o indivíduo não

precise dela naquele momento, pois este processo promove o compartilhamento de

conhecimento tácito, acelerando o processo de criação do conhecimento.

Page 39: Juliana de Oliveira Azeredo

39

V. Variedade de Requisitos

Representa a diversidade interna da organização, para que ela enfrente todos

os desafios trazidos no ambiente. Para possuírem uma variedade de requisitos, os

colaboradores devem ter acesso a uma combinação de informações de forma

flexível e rápida, percorrendo o menor número possível de etapas.

As condições para criação de conhecimento apresentadas por Nonaka e

Takeuchi (1997; 2004) habilitam a espiral do conhecimento, dando condições para

que os modos de conversão ocorram, na visão desses autores. Nesse sentido, sua

apresentação e consideração no momento de análise de um portal corporativo e

com o objetivo proposto no presente trabalho, pode revelar elementos relevantes e

propiciar aprendizado à organização quanto às expectativas depositadas e

resultados alcançáveis por um ambiente de comunicação de estratégia como o

analisado.

2.4 DIMENSÕES DO CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA GESTÃO CORPORATIVA

Para entender mais sobre a criação e a gestão do conhecimento usadas

nesta pesquisa, é necessário abordar as dimensões do conhecimento que podem

estar presentes em um portal destinado à gestão da informação corporativa. O

volume de conteúdo armazenado em uma intranet pode não fazer sentido se não for

planejado adequadamente para atender aos objetivos estratégicos da organização

que ali dispõe informações ao seu público interno. A organização das dimensões do

conhecimento requeridas pode vir a gerar melhor resultado na sua gestão e melhor

tangibilizar a estrutura e construção de um portal dessa natureza.

A estruturação apresentada a seguir é uma maneira proposta pela autora

deste trabalho para visualizar como a organização gera, mantém e dispõe o

conhecimento estrategicamente dentro do portal, a fim de garantir que o fluxo de

conteúdo interno gere valor para a rede. A estruturação divide-se em dois pilares:

Page 40: Juliana de Oliveira Azeredo

40

a) Tático-Operacional: trata-se do conteúdo e práticas do dia-a-dia

utilizado pelos colaboradores e, principalmente, provido pelo público interno

da companhia;

b) Estratégico: este conteúdo é provido e direcionado pela empresa.

Com base nessa visão e consultando o referencial apresentado na

dissertação, foram eleitas seis dimensões do conhecimento que se acredita estarem

presentes neste portal estudado e nestes tipos de sites internos. Estas dimensões

são: aprendizagem; relacionamento; cultura; estratégia; processos; e informação.

Sua integração pode ser visualizada pela Figura 5.

As dimensões, ora apresentadas, não visam criar uma estrutura exaustiva

sobre a gestão de conhecimento via portais em ambientes corporativos. Foram

originadas com base em documentos norteadores da organização (SODEXO, 2013)

e no referencial consultado, buscando-se dar corpo à análise do portal como meio

de comunicação da estratégia corporativa e de conversão de conhecimento na

organização. Prestam-se também para analisar se, na percepção dos colaboradores

sobre o portal, essas dimensões são assim percebidas, como realização de intenção

da organização.

Figura 5: Estruturação do processo de dimensões do conhecimento.

Fonte: Elaborada pela autora.

Page 41: Juliana de Oliveira Azeredo

41

Conforme a Figura 5, as dimensões cultura, relacionamento e aprendizagem

fazem parte do pilar tático, pois são providas pelos colaboradores, e dependem

deles diretamente para existir. Já as dimensões estratégia, processos e informação

fazem parte do pilar estratégico, pois é de responsabilidade direta da empresa

promover conteúdo para estas dimensões. Estas dimensões compõem o conteúdo

do portal e um dos objetivos deste trabalho é verificar como elas são percebidas

pelos seus usuários, colaborando para compreender em que extensão a gestão do

conhecimento é percebida através da comunicação interna via Sodexo_Net.

A seguir, conceitua-se cada dimensão para melhor entendimento do seu

impacto individual e coletivo na estratégia organizacional.

A. Aprendizagem

Há um consenso de que o aprendizado organizacional é um processo de

mudança adaptativo, influenciado por uma experiência que já passou, concentrado

no desenvolvimento ou nas modificações de tarefas rotineiras e apoiado pela

memória organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Tapscott (2010, p.155)

defende que “o que importa não é mais o que você sabe, mas o que você pode

aprender” (p. 155).

Já Bitencourt (2004, apud BORDANAVE, p.23) conceitua aprendizagem

como:

Um processo pelo qual adquirimos experiências que nos levam a aumentar a nossa capacidade, [...] que nos levam à mudança de comportamento. Pode-se dizer ainda que a aprendizagem seria uma modificação relativamente permanente na disposição ou na capacidade do homem.

A autora defende a importância de vivenciar experiências e oportunizar a

mudança de comportamento, e não apenas adquirir conhecimentos. Soto (2009, p.

91) diz que a aprendizagem é uma “aquisição de capacidades, conhecimentos,

habilidades ou atitudes que influem tanto na descrição como no diagnóstico do

comportamento da organização”.

Já Senge (2006) conceitua aprendizagem organizacional como um lugar

onde as pessoas podem expandir sua capacidade de criar resultados que realmente

desejam, surgindo elevados e novos padrões de raciocínio, liberando a aspiração

coletiva e fazendo com que as pessoas aprendam a aprender com o grupo.

Page 42: Juliana de Oliveira Azeredo

42

A aprendizagem no portal corporativo assume o papel de ferramenta que

oportuniza a troca de experiência e conhecimentos, funcionando também como uma

plataforma virtual de treinamentos. Esta é uma importante dimensão, pois está

diretamente ligada à criação e gestão do conhecimento, seja ele tácito ou explícito.

B. Relacionamento

A criação do conhecimento se dá através do processo interativo, ou seja, de

relacionamento entre as pessoas que têm conhecimento a compartilhar, mesmo que

elas não saibam. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997; 2004) o âmago do processo

de criação do conhecimento organizacional ocorre no nível do grupo, uma vez que a

organização ofereça as condições necessárias para fomentar e facilitar estas

atividades em equipe. O processo de interação e relacionamento humano se dá,

necessariamente, por meio de comunicação (MOSCOVICI, 1998), e a intranet é um

meio dessa natureza.

Moscovici (1998) defende que em um relacionamento interpessoal no

trabalho em situações de interação como comunicação, cooperação, respeito e

amizade provocarão sentimentos positivos e aumento desta interação entre colegas,

repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior produtividade.

Entretanto, a dimensão do relacionamento não se refere somente às

interações do grupo para criação do conhecimento, mas também para integração de

colegas, troca de informações e ferramenta de interação da empresa com o

colaborador, oportunizando a comunicação dele com a organização e estreitando

estes laços. Por isto o relacionamento é uma dimensão presente no portal e assume

seu papel importante para a criação do conhecimento organizacional.

C. Cultura

Taylor (1871 apud FLEURY, 2002, p. 284) define cultura como um

“completo total de conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer

outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. A

autora ainda cita Sheid (2001), que defende que a cultura organizacional é:

Um conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu e desenvolveu ao aprender como lidar com problemas [...] e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos

Page 43: Juliana de Oliveira Azeredo

43

e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a estes problemas. (p. 287)

Na linha de trabalho corporativa, a cultura funciona como um mecanismo

regulatório-adaptativo, que permite a articulação dos indivíduos na organização

(SMIRCICH, 1983 apud FLEURY, 2002). A forma que a empresa escolher se

apresentar no portal, seu conteúdo e até as dimensões que estarão mais fortemente

presentes fazem parte da cultura da empresa.

Neste contexto conceitual a própria Fleury (2002, p.290) formulou sua

definição de cultura organizacional como:

Um conjunto de valores e pressupostos básicos, expresso em elementos simbólicos, que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação.

A cultura, portanto, tem caráter histórico mais profundo, remetendo às

origens da organização, ao processo de definição de seus valores básicos,

modelando padrões culturais.

Dado o momento que a empresa deste estudo se encontra, e o papel do

portal corporativo em unir os públicos oriundos de duas organizações diferentes que

agora são uma só, a cultura é uma dimensão importante a ser discutida, e melhor

entendida neste contexto de criação de novo conhecimento organizacional.

D. Estratégia

Mais importante que simplesmente haver uma estratégia, é ter ela conhecida

por todas as partes que influenciam sua execução, por exemplo, os colaboradores.

Isso porque, como mencionado anteriormente, é fundamental, para o sucesso de

uma estratégia, sua execução (KAPLAN; NORTON, 2008), o que demanda

disseminação de conhecimento. Nesse sentido, o portal interno é uma ferramenta

facilitadora desta comunicação e aproximadora da linguagem do público interno que

é envolvido na execução da estratégia organizacional.

Além disso, a estratégia refere-se “aos planos da alta administração para

alcançar resultados consistentes com a missão e objetivos gerais da organização”

(WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007, p. 24). Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000),

Page 44: Juliana de Oliveira Azeredo

44

citando Porter (1989), defendem que estratégia requer uma série de definições e

uma delas é que estratégia é um plano, algo com uma direção, um guia ou curso de

ação para o futuro, um caminho de como fazer para ir de um lugar a outro. Também

é padrão, uma consistência de comportamento ao longo do tempo, e uma posição

única e valiosa, que envolve um conjunto de diferentes atividades. Os autores ainda

defendem que estratégia pode ser uma perspectiva, “uma maneira fundamental da

organização fazer as coisas” (p. 19).

Em vista da proposta estratégica que este estudo expõe que a ferramenta

represente dentro da empresa, a estratégia aparece aqui como uma dimensão de

essencial presença para esta afirmação se confirmar.

E. Processos

Todo trabalho realizado dentro de uma empresa faz parte de algum

processo. Este é o principal motivo para ele ser considerado uma dimensão do

conhecimento. De acordo com Gonçalves (2000 apud ROSINI; PALMISANO, 2003,

p.98) o processo é:

Qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Os processos utilizam os recursos da organização para gerar resultados [...] um processo é um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço [...].

Tapscott (2010) defende que à medida que o trabalho se torna mais móvel,

depende menos de questões geográficas e mais de questões tecnológicas, por isto

cada vez mais empresas descentralizam seus processos de tomada de decisão e

passam a adotar tecnologias para aproximar funcionários e equipes fisicamente

distantes. Este é o papel da intranet na dimensão de processos, padronizando os

mesmos dentro da organização e aproximando equipes que precisam trabalhar com

processos em comum, tornando o trabalho mais eficiente, gerando resultados mais

eficazes.

F. Informação

Como já apresentado anteriormente neste trabalho, a informação é parte

importante de um portal interno. A informação reúne todas as outras dimensões,

Page 45: Juliana de Oliveira Azeredo

45

pois a tangibilidade destas dimensões se dá como as informações são

disponibilizadas na rede. Para Alter (2002 apud BOGHI; SHITSUKA, 2002, p.23) a

informação:

É considerada um conjunto de dados (fatos, imagens ou sons) cuja forma e conteúdo são persistentes e apropriados para utilização de tarefas ou atividades empresarias. [...] a tecnologia da informação seria o conjunto de equipamentos e programas os quais realizariam as tarefas de processamento de informações.

O que remete, basicamente, a tudo que está dentro do portal é informação.

Uma organização necessita de informações para exercer suas atividades. “A

informação é um produto capaz de gerar conhecimento [...] O conhecimento é

identificado com a crença produzida (ou sustentada) pela informação” (DRETSKE,

1981, apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 64). Os autores trazem que uma

maneira da empresa interagir com seu meio é a criação de informações e

conhecimentos, ajustando sua estrutura de processamento de informações,

obrigando a empresa a evoluir, ampliar sua própria diversidade e criar novos

padrões.

A gestão do conhecimento está diretamente ligada à criação do

conhecimento, e neste estudo de caso, como cada dimensão explanada está

presente no portal interno impactando a comunicação da estratégia organizacional.

Nonaka e Takeuchi (1997) defendem que o processo ao qual o novo conhecimento

é criado dentro da organização alimenta atividades inovadoras.

2.5 PRINCIPAIS ELEMENTOS TEÓRICOS QUE SUSTENTAM A PESQUISA

Para finalizar este capítulo, o Quadro 1 apresenta os principais referenciais e

conceitos trazidos no capítulo, bem como seus autores de referência.

Quadro 1: Principais conceitos trazidos no referencial PORTAIS

Nova maneira de gerenciar informações, permitindo compartilhamento em rede privada

VAAST (2001); GEORGE (2002)

Capaz de integrar diversos arquivos multimídia e função diferente dos sistemas de informação tradicionais

DAMSGAARD; SCHEEPERS, 2000

Os portais corporativos prometem mudar as relações de trabalho nas empresas pela capacidade de acelerar processos, melhorar a comunicação interna, disseminar conhecimento

PINHO (2003)

Page 46: Juliana de Oliveira Azeredo

46

Estimulam a criação do conhecimento, reutilização e inovação do conhecimento explicitado

TERRA; GORDON (2002)

Opções tecnológicas usados para a prática da gestão do conhecimento TERRA; GORDON

(2002) Grande oportunidade para uma verdadeira conectividade DAVENPORT (2002)

Evolução das intranets TURBAN; MCLEAN; WETHERBE (2002)

Tem como principal produto a informação COSTA, 2010

Estimulam a criação, reutilização e inovação do conhecimento explicitado TERRA; GORDON

(2002))

Mecanismo de comunicação e integração entre as pessoas dentro da organização, auxiliando no compartilhamento de conhecimento

NEWELL; SCARBROUGH;

SWAN (2001) Organizar a gestão das suas informações de acordo com a relevância delas para seu público

LIBERT; SPECTOR (2009)

Estratégia Termo integrado e coerente, e sua aplicação visa a vantagem competitiva PORTER (1989)

Os cinco “P”s da estratégia MINTZENBERG; LAMPEL;QUINN; GHOSHAL (2003)

Processos implementação da estratégia KAPLAN; NORTON

(2008) Gestão do Conhecimento

Conhecimento tácito e conhecimento explícito NONAKA; TAKEUCHI

(1997; 2004) Conjunto de processos que permite a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir os objetivos da organização

TEIXEIRA FILHO, 2000

Domínio sofisticado para um SGE DAVENPORT (2002) Implica na adoção de práticas gerenciais sobre os processos de criação e aprendizado individual

TERRA; GORDON (2002)

Processo sistemático intencional e articulado, objetivo de favorecer a capacidade da empresa de gerenciar a informação

COLOMBO (2004)

Não somente estar disponível, empresa tem que aplicar conhecimento para gerar vantagem competitiva

DAVENPORT; PRUSAK (1998)

Preocupa-se com o conhecimento sabido, o conhecimento explícito BUKOWITZ; WILLIAMS

(2002)

Necessário 'espaço' para interação e criação do conhecimento NONAKA; TAKEUCHI

(2004) BITENCOURT (2004)

Sistemas de gestão de conhecimento dão suporte aos processos de criação, armazenamento, transferência e aplicação

ALAVI; LEIDNER (2001)

(continua)

Page 47: Juliana de Oliveira Azeredo

47

(continuação) Criação e Conversão do Conhecimento

Criação e a transferência do conhecimento tácito depende do nível de processamento das informações objetivas

BITENCOURT (2004)

Organização precisa da iniciativa do indivíduo ou interação do grupo para criar conhecimento

NONAKA; TAKEUCHI (1997; 2004)

Está em um grupo de pessoas que trabalham juntas, e só existe quando o indivíduo coloca seu conhecimento em prática

FLEURY (2002)

Interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito NONAKA; TAKEUCHI,

1997

Espiral conversão do conhecimento - modelo SECI NONAKA; TAKEUCHI,

1997

Condições criação conhecimento NONAKA; TAKEUCHI,

1997 Abordagem normativa e interpretativa, que coexistem no ambiente organizacional

BALESTRIN; VERCHOORE (2008)

Dimensões do Conhecimento

Aprendizagem Processo de adquirir experiência, conhecimentos que influenciam no comportamento da organização.

BITENCOURT (2004); NONAKA e TAKEUCHI

(1997); SENGE (2006)

Relacionamento Processo interativo entre pessoas ou grupos. MOSCOVICI (1998)

Cultura Conjunto de regras projetado por um grupo e validado para passar adiante

FLEURY (2002)

Estratégia Planos da organização para alcançar seus objetivos WRIGHT (2007);

MINTZBERG (2000)

Processos Conjunto de atividades que visam gerar resultados ROSINI e PALMISANO (2003)

Informação Conjunto de dados em forma de conteúdo para utilização de tarefas ou atividades empresarias

BOGHI e SHITSUKA (2002)

Fonte: Elaborado pela autora.

O referencial sobre portais corporativos embasa o desenvolvimento do

restante do trabalho, uma vez que é o produto deste estudo. Os autores trazidos

confirmam seu papel estratégico na gestão do conhecimento de uma empresa,

justificando o avanço da pesquisa nestes temas. As referências sobre estratégia

organizacional têm foco na implementação da estratégia, conectando diretamente à

ação em que se enquadra o portal e respondendo ao primeiro objetivo proposto no

trabalho. Os conceitos de gestão do conhecimento são a base para o

desenvolvimento dos temas de criação, conversão e dimensões do conhecimento, e

fazem conexão direta com os processos e sistemas que fazem esta gestão na

empresa, pontuando o portal como ferramenta estratégica neste meio.

Page 48: Juliana de Oliveira Azeredo

48

3 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentado o método para investigação do objeto desta

pesquisa. Inicialmente, define-se o tipo de pesquisa e unidade de análise, passando

para o plano de coleta de dados e tratamento dos dados coletados. As limitações do

método empregado são apresentadas concomitantemente ao desenvolvimento do

capítulo.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

A pesquisa científica objetiva descobrir, explicar e compreender os fatos

inseridos em uma determinada realidade (BARROS, 2002), incorporando resultados

obtidos de uma maneira que possam ser comunicáveis. Gil (2005) defende que o

método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados

para se atingir o conhecimento.

A pesquisa apresentada analisa a contribuição do portal interno de

comunicação, a Sodexo_Net, nos processos da empresa Sodexo|Puras, neste

trabalho, focados na estratégia e gestão do conhecimento.

Este trabalho está estruturado na forma de um estudo de caso, uma vez que

o processo de desenvolvimento do portal interno da empresa em questão é

inflexível, bem como seu cronograma de lançamento, além do fornecedor de

tecnologia já estar definido e padronizado mundialmente.

Por esta razão, o método de estudo de caso foi considerado uma abordagem

adequada para responder à problemática e objetivos propostos. Gil apud Yin (2010,

p.54) defende que o estudo de caso é “o delineamento mais adequado para a

investigação de um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, onde os

limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos”.

Yin (2010) complementa que o estudo de caso é um método preferido

quando: as questões “como” ou “por que” são propostas; o investigador tem pouco

controle sobre os eventos e o enfoque está sobre um fenômeno contemporâneo no

contexto da vida real. Já Roesch (1999) defende que os estudos de caso

desempenham diversas funções, como: levantar hipóteses e demonstrar a

existência de um fenômeno que necessita ser levado em consideração. A autora

Page 49: Juliana de Oliveira Azeredo

49

ainda considera o estudo de caso não somente como um método, mas sim, a

escolha de um objeto a ser estudado, sendo ele único ou múltiplo, e sua unidade de

análise podendo ser um ou mais indivíduos, grupos, organizações, eventos, países

ou regiões.

Uma objeção a esta abordagem metodológica é a dificuldade de

generalização. Entretanto, este estudo não pretendeu generalizar seus resultados

baseados na análise de um único caso, mas sim proporcionar uma visão global do

problema, identificando os fatores influenciadores dele e respondendo aos objetivos

propostos especificamente para a organização estudada. Entende-se que um estudo

de caso, algumas vezes, não é bem visto pela academia, por sua deficiência de

metodologia exata, tanto para construção do mesmo, análise e coleta de dados. Por

este motivo, as etapas propostas deste estudo, bem como ferramentas de coletas,

análise, público-alvo e tempo de duração são bem específicos e claros na

metodologia, tendo seu desenvolvimento apresentado no cronograma.

Para elaboração deste trabalho, usou-se a modalidade estudo de caso

instrumental, que é desenvolvido com objetivo de auxiliar no conhecimento ou

redefinição de determinado problema (GIL, 2005). Foi realizada uma pesquisa

quanti-quali explicativa, com instrumentos de coletas quantitativos e qualitativos. As

etapas deste estudo de caso foram elaboradas, baseando-se nas etapas definidas

por Gil (2005, p. 137):

a) Formulação do problema;

b) Definição da unidade-caso;

c) Elaboração do protocolo;

d) Levantamento do referencial teórico;

e) Coleta de dados;

f) Avaliação e análise de dados; e

g) Preparação do relatório conclusivo com resultados.

Além disso, Gil (2005) traz que a análise e interpretação dos dados é a

principal carência de sistematização da metodologia. Pela apresentação desta

dificuldade, este estudo contará com análise de dados quantitativos, a fim de

complementar a formulação mais exata dos resultados requeridos na questão

problema e nos objetivos apresentados.

Page 50: Juliana de Oliveira Azeredo

50

3.2 ETAPAS DA PESQUISA

Na realização da pesquisa, foram consideradas 8 etapas até a conclusão

desta dissertação, que podem ser pontuadas conforme Figura 6:

Figura 6: Etapas da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora

As primeiras três etapas ocorreram entre os meses de abril e junho de 2012,

seguindo pela complementação do referencial após qualificação do projeto, que se

estendeu até o mês de novembro de 2012.

O alinhamento final com a empresa para a disponibilização das informações

estratégicas ocorreu ainda em novembro de 2012. A elaboração e validação dos

instrumentos de coleta de dados encerrou em abril de 2013, para então aplicação

nos meses de junho, avaliação dos dados coletados e construção do relatório da

pesquisa, que ocorreram em julho de 2013.

3.3 UNIDADE DE ANÁLISE E SUJEITOS DA PESQUISA

A unidade onde foi desenvolvida esta pesquisa é a empresa Sodexo|Puras,

da área de alimentações industriais e serviços de infraestrutura, fruto da união das

empresas Puras e Sodexo do Brasil. A empresa tem sede na cidade de São Paulo,

Page 51: Juliana de Oliveira Azeredo

51

escritório central administrativo em Porto Alegre, e mais 12 escritórios operacionais

pelo país.

Os sujeitos da pesquisa estão listados e delineados no Quadro 2, de acordo

com o tipo de pesquisa e objetivo do trabalho.

Quadro 2: Lista dos sujeitos da pesquisa, seus perfis e tipos de questionários aplicados Sujeito da pesquisa Perfil Tipo de

questionário Objetivo da entrevista

Diretor de Planejamento Estratégico Sodexo|Puras

Diretor de planejamento estratégico que gerencia, além desta área, relacionamento com clientes e comunicação externa

Roteiro de entrevista semiestruturada (Apêndice I)

Definir o mapa estratégico a ser usado como base na pesquisa e obter informações para conclusão do objetivo 1

Gerente mundial da Sodexo_Net

Gerente para desenvolvimento, implantação e monitoramento do portal nos países

Roteiro de entrevista semiestruturada (Apêndice II)

Levantar informações para conclusão dos objetivos 1 e 2

Gerente de Comunicação Interna Sodexo|Puras

Gerenciou a implantação da ferramenta no país e interface institucional com o grupo, responsável pelo projeto

Roteiro de entrevista semiestruturada (Apêndice III)

Levantar informações para conclusão dos objetivos 1 e 2

Gestores Operacionais

Diretores, gerente regional, gerente de área e gerente de unidade operacional, tanto para alimentação (food), como para serviços de infraestrutura (FM)

Questionário estruturado com respostas fechadas e escala Likert de 5 pontos (Apêndice IV)

Responder objetivo 3, analisando as dimensões do conhecimento presentes no portal a partir da perspectiva dos usuários

Gestores Funcionais (times de suporte)

Diretores, gerentes e coordenadores áreas funcionais, como Finanças, Recursos Humanos e Comercial

Colaboradores equipes operacionais

Colaboradores que estão nas unidades e têm email e acesso à internet, exemplo: estoquistas, almoxarifes, analista de produção

Colaboradores equipes funcionais (times de suporte)

Supervisores e todos os membros das equipes das áreas funcionais

Fonte: Elaborado pela autora

A seguir, serão apresentados os instrumentos e técnicas de coleta de dados

utilizados durante a fase de levantamento de dados de campo.

3.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Segundo Gil (2009), o método de estudo de caso permite o mais completo de

todos os delineamentos, pois coleta dados tangíveis e intangíveis. A coleta de dados

Page 52: Juliana de Oliveira Azeredo

52

para este estudo foi realizada através de pesquisa bibliográfica, pesquisa

documental, observação direta, entrevistas semiestruturadas com profissionais

gestores da empresa e aplicação de questionário fechado e estruturado para

colaboradores da empresa usuários do portal.

3.4.1 Triangulação dos Dados

A partir das informações coletadas, foi desenvolvida uma triangulação dos

dados, buscando evidenciar ecos sobre as informações identificadas nos

documentos orientativos do projeto, fatos observados pela pesquisadora, falas dos

entrevistados e respostas do conjunto de questionários.

Para Yin (2010), a triangulação dos dados é uma forma de dar validade e

confiabilidade ao estudo, pois este utiliza múltiplas fontes de evidência que levam ao

mesmo conjunto de fatos. Ainda de acordo com o autor, estas múltiplas fontes de

evidência, que proporcionam diferentes avaliações do mesmo fenômeno, atingem

uma classificação superior, em termos de qualidade geral da análise. Com a

triangulação dos dados, pode-se fazer uso do mesmo método mais do que uma vez

e comparar os dados obtidos; ou, utilizar-se mais do que um método (entrevista,

questionário etc.) para captar informações.

A Figura 7 tem o objetivo de ilustrar a triangulação da coleta de dados em

relação à construção das respostas dos objetivos específicos.

Page 53: Juliana de Oliveira Azeredo

53

Figura 7: Esquema de triangulação de dados

Fonte: Elaborado pela autora.

3.4.2 Pesquisa Bibliográfica

Buscando uma análise completa para o desenvolvimento e contextualização

da pesquisa, a coleta de informações bibliográficas foi realizada principalmente em

livros de autores que concentram pesquisas nas áreas dos temas abordados. Foi

utilizado como complemento buscas à internet e pesquisas em periódicos que

traziam notícias com assuntos relacionados a esta pesquisa.

Para Roesch (1999), a pesquisa bibliográfica é um estudo sistematizado,

desenvolvido com base em materiais acessíveis ao público, como publicações de

livros, revistas, jornais e redes eletrônicas. Gil (2005) complementa que este tipo de

pesquisa é realizada com base em materiais elaborados anteriormente,

consideradas fontes secundárias, como livros e artigos científicos.

3.4.3 Pesquisa documental

A pesquisa documental foi baseada na análise de documentos

disponibilizados pelo Grupo Sodexo durante a implantação do portal. Também em

ferramentas de acompanhamento e documentos sobre a empresa disponibilizados

na própria Sodexo_Net, como mapas, gráficos, apresentações em Power Point,

planilhas em Excel, manuais orientativos e explicativos.

Page 54: Juliana de Oliveira Azeredo

54

A pesquisa documental realizada foi de grande importância para o

desenvolvimento do trabalho, e as informações coletadas estão presentes em todo o

desenvolvimento, desde a introdução até a conclusão, servindo como referência,

principalmente, na análise de dados e melhorias recomendadas.

Para Gil (2005), a diferença desta pesquisa para a bibliográfica é a natureza

da fonte, e que esta vale-se de materiais que ainda não receberam tratamento

analítico, podendo ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Todas

as informações encontradas em documentos internos da empresa e que estão

presentes neste trabalho tiveram autorização para veiculação, estando de acordo

com as normas de confidencialidade da companhia.

3.4.4 Observação Direta

A pesquisa de campo com observação direta foi concentrada durante o

período de implementação do portal interno Sodexo|Puras, entre os meses de junho

a outubro de 2012, e 6 meses de sua implantação, entre janeiro e junho de 2013, a

fim de coletar dados dos usuários com a intranet já em funcionamento e resultados

aplicáveis à estratégia da empresa.

Gil (2005) traz que casos podem ser definidos como um ponto de vista

temporal, referindo-se a um período específico de tempo para seu estudo. E Yin

(2010) defende que o pesquisado tem a oportunidade de registrar acontecimentos

em tempo real e retratar o contexto do evento quando utiliza a técnica de

observação direta, fazendo com que estas evidências sejam úteis, fornecendo

informações complementares sobre o tópico que está sendo pesquisado.

A pesquisadora, como colaboradora, esteve presente na empresa

Sodexo|Puras no período de implantação e monitoramento da ferramenta estudada.

Para a pesquisa, considerando o papel da pesquisadora na organização, a técnica

de observação assistemática foi empregada nesta coleta de dados. Segundo Yin

(2010) esta é uma técnica não estruturada, espontânea, livre e informal, que

consiste em coletar e registrar fatos sem que o pesquisador use de meios técnicos

ou faça perguntas diretas, sem planejamento ou controle previamente formatado,

configurando uma livre observação.

Page 55: Juliana de Oliveira Azeredo

55

3.4.5 Entrevistas

Mesmo Yin (2010) afirmando que a entrevista é um dos meios de coleta de

dados mais importantes para um estudo de caso, podendo assumir forma

espontânea, focal ou formal, Gil (2005) alerta que há limitações que devem ser

consideradas para não tornar o método inadequado, como disposição do

entrevistado para responder às perguntas, entre outras. Devido à dificuldade

encontrada pela pesquisadora de obter retorno de alguns executivos da empresa,

presentes no primeiro escopo das entrevistas abertas e semiestruturadas, focou-se

no principal executivo de cada área importante a se abranger no trabalho. Estas três

entrevistas puderam ser exploradas e os respondentes foram capazes de trazer

informações relevantes para o estudo, institucionais e autorizadas pela empresa.

A vantagem da entrevista semiestruturada é trazida por Minayo (2003), que

afirma que este tipo de entrevista segue uma relação de questões de interesse do

pesquisador, sendo explorado pelo mesmo ao longo de seu desenvolvimento,

partindo de alguns questionamentos básicos, os quais vão ao encontro das teorias

pesquisadas, que encontram as respostas dos informantes conforme surgem novas

interrogativas.

O Quadro 3 relaciona os objetivos específicos e o foco de cada pesquisa, com

cada entrevistado, referenciando também os autores utilizados no desenvolvimento

deste trabalho. Devido à nacionalidade de um dos entrevistados, um dos roteiros de

entrevista foi elaborado em inglês. Os três roteiros de entrevista encontram-se nos

apêndices I, II e III. As entrevistas ocorreram nos meses de junho e julho de 2013.

Quadro 3: Entrevistados, objetivos a serem pesquisados, foco da entrevista e autores referenciados

Entrevistado Objetivo Foco entrevista Autores que apoiaram análise dos dados

Diretor de Planejamento Estratégico Brasil

Verificar sua contribuição na implementação da estratégia global e local da organização

Validação mapa estratégico, avaliação participação da ferramenta, implementação da estratégia

KAPLAN; NORTON (2008); SIQUEIRA (2006)

(continua)

Page 56: Juliana de Oliveira Azeredo

56

(continuação)

Gerente Mundial da Sodexo_Net

Verificar sua contribuição na implementação da estratégia global e local da organização; analisar o portal como ferramenta de conversão do conhecimento organizacional

Objetivo global do portal, perspectivas gestão do conhecimento, implementação da estratégia do grupo

NONAKA; TAKEUCHI (1997; 2004); BITENCOURT (2004); PINHO (2003); TURBAN; MCLEAN; WETHERBE (2002); COSTA (2010); BALESTRIN; VARGAS; FAYARD (2005)

Gerente Comunicação Sodexo|Puras

Analisar o portal como ferramenta de conversão do conhecimento organizacional

Objetivo local do portal, perspectivas de gestão do conhecimento, link com estratégia local

NONAKA; TAKEUCHI (1997; 2004); KAPLAN; NORTON (2008); TAPSCOTT (2010); TURBAN; MCLEAN; WETHERBE (2002); BOGHI; SHITSUKA (2002); TERRA; GORDON (2002); DAVENPORT (2002); FLEURY (2002)

Fonte: Elaborado pela autora.

3.4.6 Pesquisa Quantitativa

Segundo Roesch (1999), a pesquisa quantitativa é usada quando o

pesquisador objetiva medir relações entre variáveis, avaliar o resultado de um

sistema ou projeto, tornando possível o controle do delineamento da pesquisa para

garantir uma boa interpretação dos dados.

Com o objetivo de levantar informações para responder ao objetivo 3, a

pesquisa quantitativa foi escolhida como método de coleta de dados. Um

questionário fechado e estruturado foi aplicado (Apêndice IV), via portal da intranet,

em um universo de 1.900 usuários. As respostas foram voluntárias e a análise dos

resultados foi realizada em uma amostra de 122 pessoas, permitindo a realização de

análises comparativas de médias com significância de 5% e poder estimado de, pelo

menos, 86,45%. Para testes não paramétricos foi utilizada significância de 10%, de

modo a conservar o poder de decisão do teste. A significância e poder foram

estimados com apoio do software de domínio público G*Power 3.1.7 (FAUL;

ERDFELDER; BUCHNER, 2007). O questionário foi elaborado a partir da definição

das seis dimensões do conhecimento estabelecidas no trabalho. Para cada

Page 57: Juliana de Oliveira Azeredo

57

dimensão foram geradas 3 afirmações sobre os recursos do portal. A escala usada

para cada afirmação foi Likert de 5 pontos, com extremos “discordo totalmente” (1) e

“concordo totalmente” (5).

O Quadro 4 descreve as questões apresentadas no questionário e as

dimensões que elas representam, sintetizando os conceitos que virão embasar a

resposta do terceiro objetivo proposto neste estudo.

Quadro 4: Síntese de conteúdos do questionário fechado estruturado DIMENSÃO DO CONHECIMENTO CONCEITO AUTORES QUESTÃO

Aprendizagem

Processo de adquirir experiência, conhecimentos que influenciam no comportamento da organização.

BITENCOURT (2004); NONAKA e TAKEUCHI (1997); SENGE (2006)

Q4) Ser oportunidade de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais Q11) Oportunizar acesso a treinamentos e e-learning Q15) Acelerar a integração e aprendizagem dos colaboradores

Relacionamento Processo interativo entre pessoas ou grupos.

MOSCOVICI (1998)

Q2) Ser uma ferramenta interativa, onde a empresa possa também ter informações dos colaboradores Q6) Oportunizar integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras Q14) Melhorar a colaboração entre os departamentos

Cultura

Conjunto de regras projetado por um grupo e validado para passar adiante.

FLEURY (2002)

Q1) Acelerar o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras Q5) Refletir a maneira de trabalhar da organização no Brasil Q16) Alinhar a forma de trabalho do grupo

Estratégia

Planos da organização para alcançar seus objetivos.

WRIGHT (2007); MINTZBERG (2000)

Q7) Comunicar a estratégia da empresa de forma objetiva Q13) Aumentar o alinhamento organizacional Q17) Ser padronizado com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

Processos

Conjunto de atividades que visam gerar resultados.

ROSINI e PALMISANO (2003)

Q8) Servir como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia Q9) Concentrar todos os processos da empresa, de forma acessível e clara Q12) Agilizar a solução de problemas

Informação

Conjunto de dados em forma de conteúdo para utilização de tarefas ou atividades empresarias

BOGHI e SHITSUKA (2002)

Q3) Melhorar a forma de apresentar informações aos colaboradores Q10) Ser ferramenta de melhoria de comunicação interna Q18) Centralizar todas as informações da organização, a nível global e local

Fonte: Elaborado pela autora baseado no referencial teórico.

Page 58: Juliana de Oliveira Azeredo

58

3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

O tratamento e a análise dos dados qualitativos neste estudo, resultantes das

pesquisas bibliográfica e documental, bem como das entrevistas e observação

direta, foi realizado por meio da técnica de análise de conteúdo. Segundo Roesch

(1999), essa análise inicia-se pela definição das unidades e consiste em classificar

grupos de conteúdos, para obter indicadores para interpretação e análise. A técnica

de análise de conteúdo qualitativo é a base para análise de dados coletados do

estudo de caso, pois tem a capacidade de analisar dados tangíveis e intangíveis.

São analisados o conteúdo dos processos da empresa que envolvem a

implementação do projeto do portal interno, bem como documentos gerados neste e

disponibilizados pela organização, a fim de embasar o relato do estudo em questão.

Já a análise quantitativa contou com medidas estatísticas para descrever os

questionários fechados e testes univariados e multivariados, que foram aplicados

para identificar as dimensões de conhecimento presentes no portal e relações entre

os atores envolvidos no processo. Os testes auxiliaram a comparar as respostas dos

entrevistados, relacionando seus cargos e nível de envolvimento no projeto da

intranet. Além da análise de correlações e da análise de medidas descritivas, foram

usados o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e a Análise Fatorial baseada em

Análise de Componentes Principais. Esses últimos serão brevemente descritos nas

próximas subseções. O uso do teste de Kruskal-Wallis foi selecionado pela não

normalidade da distribuição de respostas do questionário, verificada pelo teste de

Kolmogorov-Smirnov (Apêndice V), o qual não será descrito, por ser acessório à

discussão apresentada. Detalhes podem ser obtidos em Siegel e Castellan (1995).

3.5.1 Teste de Kruskal-Wallis

A fim de identificar se há diferenças efetivas nas respostas das populações ou

se representam variações casuais, o teste de Kruskal-Wallis foi aplicado no conjunto

de dados coletados dos colaboradores. Segundo Siegel e Castellan (1995), este

teste é útil para verificar se amostras independentes provêm de populações

diferentes. Uma vez que o perfil dos respondentes era dividido em quatro grupos

diferentes, este teste fornece uma opção de análise de dados para comparar as

respostas de cada questão entre os grupos de respondentes. Siegel e Castellan

Page 59: Juliana de Oliveira Azeredo

59

(1995) ainda afirmam que este teste é mais eficiente do que o Teste da Mediana,

porque utiliza mais as informações convertendo os escores em postos, ao invés de

dividir as respostas em ‘acima’ e ‘abaixo’ da mediana.

3.5.2 Análise Fatorial e Análise de Componentes Pri ncipais

Com objetivo de identificar padrões latentes nas respostas dos colaboradores

sobre as dimensões do portal Sodexo_Net, foi aplicada a análise fatorial, com base

em análise de componentes principais na amostra quantitativa. Segundo Hair et al.

(2005), a análise de componentes principais permite reduzir o número de dimensões

de um conjunto de dados por meio da criação de modelos lineares baseados na

concentração de cargas de associação entre variáveis, medidas a partir de

contribuições sobre a variância total do conjunto de dados. Neste modelo, as

unidades são mensuradas com base em uma matriz de correlações, realizando-se a

associação das mesmas em fatores que representem parcelas relevantes da

variância. O autor afirma que a análise de componentes serve para determinar

fatores que contêm pequenas proporções de variância única, resultando estimativas

de variância compartilhada entre as variáveis. Para facilitar a análise dos fatores, foi

utilizada ainda a rotação Varimax, que, segundo Hair et al. (2005), permite

concentrar as cargas fatoriais em fatores independentes.

Como hipóteses de aplicação, observa-se que os dados devem compor uma

amostra: contendo pelo menos 50 casos; com relação entre casos e variáveis,

idealmente, superior a 10 e, marginalmente, superior a 5; com indicador de

adequação de amostra (KMO) superior a 0,6; e apresentando correlações superiores

a 0,3 entre as variáveis ou apresentando significância no Teste de Esfericidade de

Bartlett, que verifica a existência de correlações significantes entre diferentes

variáveis, de forma matricial. Maiores informações podem ser obtidas em Hair et al.

(2005).

3.6 DELIMITAÇÕES

Apresentam-se, nesta seção, delimitações sobre o escopo do trabalho e

também relativas ao método utilizado. Este trabalho foca sua pesquisa na

Page 60: Juliana de Oliveira Azeredo

60

implantação da Sodexo_Net no Brasil, não abrangendo informações ou realizando

comparações com os portais Sodexo dos outros países. Da mesma forma, o público

pesquisado são os colaboradores Sodexo|Puras vinculados à empresa no Brasil.

Funcionários do Grupo Sodexo de outros países não participaram da aplicação da

pesquisa, por não entender que façam parte do público alvo do site interno.

Ainda, observa-se a existência de um gap no cronograma de coleta de dados

e observação direta, que se refere aos meses de novembro e dezembro de 2012.

Nestes meses foram realizados os primeiros passos da implantação, onde o portal

sofreu com questões técnicas que prejudicariam a análise, como: falhas de

tecnologia da informação; desconhecimento dos usuários e, por isto, baixos níveis

de acesso; implantação da campanha de navegação no novo site; e períodos longos

de desatualização pela área responsável ainda não ter eleito um procedimento de

trabalho para tal.

Com relação ao método adotado, não são pretendidas generalizações dos

resultados para outros sítios ou períodos temporais na mesma organização ou em

outras, sendo o estudo descritivo.

Por fim, a autora entende que há outras ferramentas internas de gestão do

conhecimento e espaços organizacionais na empresa estudada que também

cumprem tal função, mas delimita a estudar apenas o papel do portal interno neste

processo. Mesmo que este portal possa interagir em algum momento com essas

outras ferramentas e espaços, esta interação não é estudada nesta pesquisa.

Page 61: Juliana de Oliveira Azeredo

61

4 ANÁLISE DO PORTAL CORPORATIVO SODEXO_NET

Este capítulo apresenta a empresa Sodexo|Puras, uma visão de seu histórico

e seu cenário atual, bem como o processo de construção e funcionamento da

ferramenta Sodexo_Net, analisada neste estudo. Para tal, os dados coletados na

pesquisa são apresentados em dados qualitativos e quantitativos, para melhor

visualização do conteúdo. Finalmente, apresenta a análise dos dados e discute os

resultados alinhados aos objetivos propostos no trabalho.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

Em 2011, a união das operações das empresas Puras e Sodexo transformou

a Sodexo|Puras na maior empresa de Serviços On-site do país, sendo a maior

companhia no Brasil a realizar serviços no ambiente do cliente, passando a figurar

entre as 20 maiores empregadoras brasileiras (SODEXO|PURAS, 2011). A Puras,

empresa familiar criada em 1979 por Hermes Gazzola, iniciou servindo refeições em

restaurante industrial de uma empresa em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, até

atender a centenas de clientes em todo o Brasil não só com alimentação, mas

também serviços de jardinagem, limpeza e manutenção. A Sodexo, companhia

francesa fundada por Pierre Bellon em 1966, opera no Brasil há 36 anos com

serviços no cliente, majoritariamente na região Sudeste.

O Grupo Sodexo subdivide-se em três segmentos de atuação: o Serviços

On-site, que são prestação de serviços no ambiente do cliente; Benefícios &

Incentivos, nome dado à divisão dos cartões de benefícios (refeição pass,

alimentação, gift, etc.); e Serviços Pessoais e Domiciliares, que são serviços de

manutenção e cuidados prestados na casa do cliente. No mundo, o Grupo atende

diariamente a cerca de 750 milhões de consumidores, em 34.500 unidades,

distribuídas em 80 países.

Este trabalho aborda a empresa Sodexo Serviços On-site Brasil, que no

momento conta com cerca de 35 mil funcionários para atender a 2 mil unidades de

clientes, servindo 1,5 milhões de refeições por dia em 24 estados brasileiros e no

distrito federal.

Page 62: Juliana de Oliveira Azeredo

62

No país, a Sodexo cria, gerencia e entrega uma ampla gama de serviços

que vão desde alimentação (instalação e gerenciamento de restaurantes e

cafeterias, eventos especiais e serviços de copa), manutenção e conservação, entre

outros. A empresa, que posiciona seu produto como “Serviços de Qualidade de

Vida”, atua em quatro segmentos internamente delineados:

• Corporativo – 85% do faturamento: que são empresas de serviços e

indústrias;

• Bases Remotas – 10% do faturamento: locais afastados e de difícil

acesso;

• Saúde – 3% do faturamento: atendendo clínicas, hospitais e casas de

saúde;

• Educação – 2% do faturamento: englobando escolas e universidades.

A missão da empresa é dupla:

• Melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas a quem servem;

• Contribuir com o desenvolvimento econômico, social e ambiental das

comunidades, regiões e países em que atuam.

Seu posicionamento interno é baseado em 3 valores: Espírito de Serviço,

Espírito de Equipe e Espírito de Progresso; além de quatro princípios éticos:

Lealdade, Respeito às Pessoas, Transparência e Integridade Comercial.

Além de refeições, a Sodexo|Puras oferece serviços de infraestrutura, como

limpeza e higienização; serviços de apoio de recepção e telefonia; serviços técnicos

de jardinagem, dedetização e almoxarifado; serviços de hotelaria, vigilância,

manutenção técnica em equipamentos e manutenção predial.

Com a união das empresas, iniciou-se um processo de estabelecimento e

consolidação de uma nova gestão interna, alinhada às premissas do Grupo Sodexo

e atendendo às necessidades locais da empresa no Brasil. Novas políticas e

processos passaram a ser implementados, bem como ferramentas de controle e

produção que colaborem na aplicação da estratégia da companhia.

Page 63: Juliana de Oliveira Azeredo

63

A nova estratégia, que segue as premissas adotadas pelo Grupo Sodexo,

tem como desafio, além da sua implementação, trazer informação e conhecimento

sobre a empresa aos seus 35 mil colaboradores. Essa ação alinha-se à visão de

Kaplan e Norton (2008), segundo a qual a implementação da estratégia começa

tornando conhecidas as declarações de missão, valores e visão, informações

básicas que os colaboradores devem dominar sobre sua organização. Conforme os

autores, os funcionários não são capazes de ajudar na implementação da estratégia

se não a conhecem e não a compreendem.

Neste contexto, o projeto de implantação do portal interno Sodexo_Net foi

estabelecido com o objetivo de criar um veículo digital único e comum aos públicos

oriundos das empresas Puras e Sodexo. O portal incorpora também o objetivo de

centralizar as informações da empresa e ser fonte de novo conhecimento

organizacional aos colaboradores.

Sob certo ponto de vista, a Sodexo|Puras é uma nova empresa, respeitadas

as trajetórias de suas antecessoras, e a Sodexo_Net incorpora o papel de

ferramenta de integração e relacionamento entre os colaboradores. Neste caso,

estes colaboradores trazem expertise e pré-conceitos das suas empresas de

formação, os quais necessitam ser considerados nesta nova empresa, sob o ponto

de vista de gestão do conhecimento. Necessitam ser reconhecidos, avaliados e

classificados, sendo que alguns devem ser dominados e disseminados para outros

integrantes das equipes, e outros devem ser arquivados ou descartados por serem

desalinhados ao atual contexto (PROBST, 1998). Isso alinha-se à visão de Kluyver e

Pearce II (2007, p.96), de que uma gestão do conhecimento eficiente gera vantagem

competitiva para empresa, na medida em que o conhecimento, mantendo-se

atualizado, incrementa o potencial de resposta às demandas de contexto e às

iniciativas originadas na organização.

4.2 A FERRAMENTA SODEXO_NET

A ferramenta Sodexo_Net, utilizada como portal interno para os

colaboradores do Grupo Sodexo, consolidou-se como uma ferramenta de

comunicação interna para os países que a implantaram. A equipe do portal, na

França, a apresenta como uma ferramenta eficiente no aprimoramento da

Page 64: Juliana de Oliveira Azeredo

64

produtividade das equipes, com um forte impacto nos administradores de contratos

(Gerentes das Unidades Operacionais), e no engajamento dos colaboradores.

No momento da escrita deste trabalho, eram contabilizados 16 Sodexo_Nets

em 14 países diferentes. A implantação da ferramenta se deu através da área de

comunicação interna da empresa. Em cada país, a área de comunicação interna

responde a um diretor, de Recursos Humanos ou de Comunicação, alinhado à vice-

presidência mundial de Recursos Humanos e Comunicação, de onde parte

iniciativas globais como esta.

Resta a cada país colocar em seu cronograma de tarefas e budget a

implementação das ações encabeçadas pelo Grupo. Para cada ação, há um time

dedicado na matriz (França), que orienta a implementação do projeto e acompanha

seu andamento. Para cada projeto há um “kit de documentos3”, enviado em língua

inglesa ou francesa aos países que passam pelo processo de implantação da

ferramenta. Nos documentos de apresentação do portal, concentrados no Manual

“Starter Up Kit Sodexo_Net”, o portal é apresentado com uma proposta mais

abrangente que uma ferramenta de informação, sendo também um importante canal

de comunicação e processo de negócio da companhia (SODEXO, 2013). Estes

documentos tangibilizaram as propostas e características da Sodexo_Net ora

descrito. Neste estudo, a análise deste material serve como base para apresentação

da ferramenta.

O portal visa a cumprir dois objetivos tático-operacionais. Como instrumento

de comunicação, o portal visa auxiliar no processo de informação com os

colaboradores, permitindo uma comunicação em duas vias, uma vez que o

colaborador pode interagir com o meio. A apresentação do portal é reforçada como

uma facilitadora do processo de gerar orgulho e senso de pertencer à empresa,

ajudando a construir o engajamento (SODEXO, 2013). Como instrumento para

gestão do negócio, permite replicar boas práticas de outras unidades, segmentos,

países e áreas funcionais, além de facilitar de maneira simples e rápida os recursos

de trabalho, permitindo também a visualização de novas áreas de negócio

(SODEXO, 2013).

Segundo a Gerente Mundial da Sodexo_Net, o objetivo da implantação nos

países pode ser reunido em quatro pontos:

3 Nome dado pelo Grupo a um conjunto de documentos importantes para implementação do projeto, que traz formulários de participação, apresentações padrão, sugestões de layout e trabalho com os gestores, etc.

Page 65: Juliana de Oliveira Azeredo

65

• Implementação de uma ferramenta otimizada para compartilhar

informação, experiências, conhecimento e melhores práticas em todo o

grupo;

• Estruturação de todas as intranets dos países em torno das

necessidades dos usuários; melhorando a produtividade através do

acesso mais fácil à informação; redução de tarefas manuais; criação de

eficiências; melhorando o dia a dia do colaborador;

• Visualização de uma identidade única e comum da marca;

• Apoio no desenvolvimento da estratégia da Sodexo, sendo uma porta de

entrada para informação da organização, recursos e aplicações

colaborativas e do negócio.

A implantação da intranet não é obrigatória, mas recomendada pelo Grupo.

O Grupo pretende implantar o portal em 50 países até o final do ano de 2014, com o

objetivo de alinhar ainda mais empresas locais à estratégia mundial e conectar mais

colaboradores ao redor do mundo.

O software utilizado para o desenvolvimento do portal chama-se SDL

Tridion. Segundo Tridion (2013), trata-se de um sistema de gerenciamento de

conteúdo web, de nível empresarial, desenvolvido pela britânica Tridion

International. É usado por grandes empresas globais que precisam de uma solução

para lidar com grandes quantidades de informação e atividades, e entregar conteúdo

em diversos idiomas. É considerada uma das plataformas de gerenciamento de

conteúdo web com mais alto custo de investimento existente no momento, pois

permite que seus usuários gerenciem sites globais da web, atualizações de vários

sites, marcas, marketing direcionado, vendas e apoio através de múltiplos canais de

distribuição, entre outras funcionalidades exclusivas. Além do Grupo Sodexo, o

Tridion também é usado pelas empresas Unilever, Lexus, Canon e HP, por exemplo.

Apesar da proposta de gerenciamento de conteúdo do software parecer

apresentar possibilidades de arquitetura, o Grupo optou por uma formatação mais

inflexível deste gerenciamento, pré-definindo os grupos de conteúdos, menus de

navegação, localização das informações e funcionalidades do site. Compensando

este posicionamento, a apresentação das características positivas da ferramenta

foram bem exploradas e usadas como pontos de argumentação para sua aplicação.

Page 66: Juliana de Oliveira Azeredo

66

O Quadro 5 traz as principais características positivas de funcionamento do

portal, e os aspectos de cada uma delas.

Quadro 5: Principais aspectos do funcionamento do portal em relação às características que o mesmo apresenta.

Características Aspectos do funcionamento

FÁCIL ACESSO

• Todos os colaboradores com endereço de email [email protected] acessam a ferramenta; • Não há necessidade de outra senha para navegar de Sodexo_Net de um país a outro; • Proporciona troca de informações e melhores práticas em todo o mundo.

ESPECÍFICA

• Modelo compartilhado: grande parte da informação é fornecida pelo Grupo e deve ser traduzida. A outra parte, de conteúdo local, é fornecida e administrada em cada país; • Organização da informação baseada no comportamento dos usuários, interesse e estrutura interna.

PRÁTICA

• Acesso à informação global e local; • Uma rede para estabelecer as bases de gestão do conhecimento, através de plataformas de participação e de colaboração com outras intranets; • Motor de busca de grande alcance; • Presença de calendário global e local (feriados, reuniões, projetos, etc.).

SEGURANÇA • Garantia de segurança das informações frente a usuários externos. Fonte: Grupo Sodexo. Tradução literal da tabela realizada pela autora.

De acordo com os dados interno da corporação, até então, cerca de 92 mil

colaboradores no mundo podem acessar o portal interno, e não somente a intranet

do seu país, mas do Grupo entre todos os países que já implantaram a ferramenta,

pois o menu de navegação permite este link, como colocado no Quadro 5 como um

aspecto de funcionamento de fácil acesso. A Figura 8 apresenta a tela principal do

portal (homepage). No canto superior direito, o link “Outras Sodexo_Nets” dá a

possibilidade do usuário navegar pelas outras 15 intranets existentes em outros

países. A padronização da arquitetura de informação garante a ele a certeza do tipo

de conteúdo que irá encontrar em cada menu de navegação.

Figura 8: Tela da Sodexo_Net

Page 67: Juliana de Oliveira Azeredo

67

Fonte: br.sodexonet.com

O modelo de navegação é padronizado e apresenta a mesma forma em

todos os países. Isto facilita o processo de desenvolvimento do conteúdo da

ferramenta, uma vez que a arquitetura de informação já está pronta, resta a equipe

local somente colocar as informações.

No Brasil, a Sodexo_Net foi lançada em outubro de 2012, após 4 meses de

planejamento, desenvolvimento interno do site, traduções, levantamento de

conteúdo, entre outras atividades. Desde então, a empresa vem buscando aumentar

o acesso ao portal, a fim de o consolidar como principal canal de comunicação

interna.

O portal é atualizado diariamente, com informações dos departamentos da

empresa, comunicados ou informes, boletins ou outras publicações similares, e com

notícias das unidades. A fim de deixar claro para o colaborador esta atualização

diária e motivá-lo a acessar a Sodexo_Net, um boletim é enviado diariamente por

email, contendo as chamadas das informações atualizadas do dia e o link direto para

a notícia no site. A Figura 9 mostra a composição de newsletters que foram

enviadas, com destaques que convidam o colaborador a acessar o portal.

Figura 9: Composição de newsletters da Sodexo_Net enviadas por email a todos os colaboradores que têm email @sodexo.com

Page 68: Juliana de Oliveira Azeredo

68

Fonte: composição elaborada pela autora com imagens fornecidas pela Sodexo|Puras

O boletim, chamado de Sodexo_Net News, é enviado a todos os

colaboradores que possuem email profissional, e as notícias são compostas para os

diferentes públicos que acessam a ferramenta. O Quadro 6 apresenta os tipos de

conteúdo que frequentemente são contemplados nas chamadas da Sodexo_Net

News e são dirigidos aos públicos específicos.

Quadro 6: Tipos de conteúdo veiculados na Sodexo_Net News por perfil de usuário Grupo Público Conteúdo chamadas

Gestores Time de Suporte

Diretores, gerentes e coordenadores áreas funcionais, como Finanças, Recursos Humanos e Comercial

Informes das áreas, novas políticas, comunicados internos, notícias grupo

Colaboradores Time de Suporte

Supervisores a todos os membros das equipes das áreas funcionais

Informes das áreas, novos procedimentos, notícias do grupo, oportunidades de carreira, benefícios, campanhas internas

Gestores Operacionais

Diretores, gerente regional, gerente de área e gerente de unidade operacional, tanto para alimentação (food), como para serviços de infra-estrutura (FM)

Comunicados internos, disponibilização de documentos e procedimentos padrão, informação de datas de fechamentos contábeis, campanhas a serem realizadas, notícias do grupo e das unidades

Colaboradores Operacionais

Colaboradores que estão nas unidades e têm email e acesso à internet, exemplo: estoquistas, almoxarifes, analista de produção

Comunicados internos, disponibilização de documentos e procedimentos padrão, notícias das unidades, oportunidades de carreira, benefícios, campanhas internas

Fonte: Elaborado pela autora com base em pesquisa documental realizada na empresa

Page 69: Juliana de Oliveira Azeredo

69

Pode-se dividir o grupo de colaboradores respondentes em dois perfis:

operacionais e funcionais. Enquanto o grupo operacional está na ponta, ou seja, nas

unidades, ele tem contato direto do cliente, e vive muito mais a realidade, demandas

e exigências do cliente, que da sua própria empresa. Já o grupo funcional está nos

escritórios e times de suporte, e seu cliente é o grupo operacional. Este perfil vive

mais fortemente a cultura da empresa, e está mais perto da raiz de sua estratégia do

que somente o desdobramento operacional dela.

Há ainda um grupo de colaboradores que não tem acesso ao portal, os

colaboradores operacionais que executam os serviços de alimentação e

manutenção, por exemplo. São os auxiliares que cozinha, auxiliar de limpeza,

técnico mecânico, etc. Este grupo depende do acesso do seu gestor e disposição do

mesmo para passar as informações que são transmitidas via intranet.

A Sodexo_Net News é uma newsletter que informa diariamente as principais

atualizações do portal. Segundo informações da empresa, seu objetivo é motivar os

colaboradores a acessarem a Sodexo_Net, e tem uma divisão de conteúdos

estudada pela equipe de comunicação interna no momento da elaboração da

newsletter, sem controle ou métricas sobre esta ação.

Apresentada a organização e o conceito da Sodexo_Net, a próxima seção

compila os dados coletados em campo e que subsidiarão a análise proposta.

4.3 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE CAMPO

Este subcapítulo traz os dados coletados na pesquisa, divididos em duas

seções: dados qualitativos e dados quantitativos. Ao mesmo tempo é realizada a

análise sobre os dados aqui compilados, restando ao próximo capítulo a discussão

deste conteúdo dentro da proposta do trabalho.

4.3.1 Evidências Qualitativas

Este subcapítulo apresenta os dados qualitativos relativos à percepção

sobre o portal Sodexo_Net como ferramenta de gestão de conhecimento, reunidos a

partir de entrevistas com executivos-chave da organização. Representam, portanto,

falas institucionais sobre a ferramenta. Além dessa fonte de levantamento de dados,

Page 70: Juliana de Oliveira Azeredo

70

a seção compila evidências obtidas na forma de observação direta e pesquisa

documental na organização.

Segundo a Gerente Mundial da Sodexo_Net, a arquitetura de navegação do

portal foi planejada para ser voltada à estrutura mental do cliente, ou seja, do

colaborador, a fim de tornar mais fácil sua navegação, e agilizar a troca de

informações. Como evidência observacional, o Quadro 7 descreve os quatro menus

principais de navegação e suas características.

Quadro 7: Estrutura de navegação da Sodexo_Net e conteúdos macro Menu de navegação

Definição do Grupo Conteúdo elaborado pela Sodexo|Puras

Sobre a Sodexo

O que o colaborador precisa saber sobre a empresa

Informações institucionais, com função educativa. Tem como objetivo consolidar a cultura da Sodexo e a preservação da memória da organização, servindo mais para o desenvolvimento de competências comportamentais do que técnicas ou apoio às operações.

Notícias O que está acontecendo na empresa

Canal com destaque para informações factuais. O espaço é usado principalmente para orientações e acontecimentos que precisam ser comunicados a toda a organização com agilidade, mas serve também como arquivo de peças e materiais.

Central de RH

O que é necessário o colaborador ou gestor ter conhecimento

Foco em gestão de pessoas, reunindo informações e ferramentas que dizem respeito ao ciclo de vida do colaborador dentro da empresa; canal para desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais.

Ferramentas e Recursos

O que é necessário para o colaborador fazer seu trabalho e executar suas tarefas

Braço operacional da SodexoNet, com documentos e materiais necessários à execução dos processos. Posteriormente, poderão ser integrados os demais sistemas utilizados na empresa.

Fonte: Elaborado pela autora com informações enviadas pelo Grupo Sodexo e pela Sodexo|Puras

A Gerente Mundial da Sodexo_Net afirma que o Grupo Sodexo entende que

esta é a melhor forma de organizar o conhecimento neste ambiente virtual. Segundo

o Gerente de Comunicação da Sodexo|Puras, na implementação da ferramenta no

Brasil houve um conflito na aplicação desta arquitetura, pois a estrutura da empresa

no país é focada em processos, e não em áreas ou departamentos como em outras

regiões. Sobre o mesmo tema, o Diretor de Planejamento Estratégico entende que

poderia haver ainda uma segunda divisão de conteúdos, esta por segmentos, a fim

de que as equipes operacionais de cada segmento possam diretamente navegar em

um ambiente que tenha todas as informações voltadas para seu mercado de

atuação. A Gerente Mundial da Sodexo_Net coloca que esta é uma preocupação

constante na implantação do portal nos países, pois as especificidades de cada país

Page 71: Juliana de Oliveira Azeredo

71

devem ser levadas em conta, e então emerge a preocupação da alimentação de

conteúdo comum do grupo com os países que seja relevante localmente.

Para a Sodexo|Puras, o maior objetivo da implantação do site no Brasil é:

“integrar os 35,5 mil colaboradores por meio de um canal de comunicação que centralize todas as informações da empresa, fortalecendo a cultura e instruindo as equipes por meio de publicações normativas, comunicados oficiais, além de matérias jornalísticas, inclusive das próprias unidades operacionais. Agir como ferramenta de estímulo ao engajamento”. (Gerente de Comunicação Sodexo|Puras)

A afirmação alinha-se ao evidenciado em documentos da organização

(SODEXO, 2013), de que, para o Grupo Sodexo, a implantação do portal

padronizado nos países é, além de um mecanismo para o fortalecimento da marca,

uma forma de assegurar a estratégia global de serviços de qualidade de vida, bem

como alinhar os valores e princípios éticos da empresa, como valorização das

pessoas e a transparência. Segundo as informações disponibilizadas pelo Grupo,

padronizar a forma como os colaboradores oferecem os serviços, atendem os

clientes, falam sobre a empresa, mencionam a empresa em mídia digitais, além de

estandardizar documentos, é uma forma de agir pelo fortalecimento da marca e

posicionamento da organização no mercado mundial.

As apresentações sobre a ferramenta mostram que o portal interno tem

capacidade de atender aos objetivos globais e locais. O Quadro 8 traz um

comparativo dos aspectos apresentados como existentes no portal, e as

potencialidades de cada um destes aspectos.

Quadro 8: Relação de potencialidades da ferramenta de acordo com a característica de funcionamento

ASPECTO POTENCIALIDADES

Centralização de conteúdo institucional e operacional

• Função educativa. Tem como objetivo consolidar a cultura da Sodexo e a preservação da memória da organização;

• Assertividade da comunicação e agilidade na propagação de informações factuais. Concatena conteúdo, com priorização por relevância e atualidade. Arquiva peças e materiais para consulta posterior.

• Otimização do atendimento aos processos. Com a redução de (re)contatos para levantamento de informações e oferta de orientação. Readequação do uso de telefone, chat e e-mail.

Captação de informações • Enquetes • Formulários

Compartilhamento de documentos

• Indexação de arquivos de apoio a processos, possibilitando formulários, manuais, etc., para download (assegura uso de versão atualizada).

Page 72: Juliana de Oliveira Azeredo

72

Ferramentas de uso diário

• Biblioteca de mídia (banco de imagens e arquivos de identidade visual (logos, templates, arquivos de apoio)

• Contatos globais e locais: mapas, telefones • Calendário de eventos • Kits de ferramentas para programas, projetos e processos

Gestão de pessoas

• Orientações e solicitações referentes à captação de talentos, remuneração e benefícios, reconhecimento.

• Ferramentas de autogestão e desenvolvimento: manuais, guias, treinamentos, etc.

• Apoio a campanhas internas: inscrição, divulgação, informações complementares, reconhecimento, etc.

Fonte: Elaborado pela autora, com base em documentos que o Grupo Sodexo disponibiliza a países que estão iniciando a implantação da Sodexo_Net local. Tradução das informações realizada pela autora.

Nota-se que não há veiculação de treinamento ou ações de e-learning

focadas, pois além de uma limitação tecnológica do software em algumas

funcionalidades (SODEXO, 2013), a empresa tem como decisão procedimental não

fazê-lo via Sodexo_Net e sim utilizar outros portais já antes em uso interno para tal,

por isto não aparecem como uma potencialidade. Desta forma, não há treinamento

que possa ser acessado dentro da ferramenta, somente uma explanação em nível

de conhecimento sobre o mesmo.

Em uma percepção direta de como o portal poderia viabilizar a organização

do conhecimento estruturado de uma forma que se apresentaria em práticas para os

colaboradores usuários, cada executivo trouxe uma visão peculiar, diretamente

conectada com sua área de atuação na empresa e possível expectativa em relação

ao portal. O Quadro 9 mostra em síntese estes posicionamentos.

Quadro 9: Respostas dos entrevistados em relação à participação do portal na organização do conhecimento transformado em práticas

Entrevistado Síntese da resposta

Diretor de Planejamento Estratégico Sodexo|Puras

- Desdobrar as conquistas e ganhos da empresa; - Apresentar a aplicação da estratégia em casos práticos nos clientes; - Ter também divisão de conteúdo por segmentos.

Gerente de Comunicação Sodexo|Puras

- Mudança cultural para o uso da ferramenta; - Trabalho em conjunto com outros canais de comunicação, para potencializar uso; - Demonstrar que o portal está inserido e atende as práticas diárias dos colaboradores.

Gerente mundial da Sodexo_Net

- Colaboradores terem portal como principal fonte de informação e referência da empresa; - Veiculação de notícias de serviços integrados que abordem qualidade de vida.

Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas realizadas

Page 73: Juliana de Oliveira Azeredo

73

No Brasil, a Sodexo_Net é gerenciada pela área de Comunicação Interna da

empresa e, devido à complexidade do software Tridion, os inputs de conteúdos são

realizados somente pela Comunicação Interna, ou seja, não há participação direta

dos colaboradores e de outras áreas na gestão do conteúdo. Ainda, não há

participação individual na criação de conteúdos. Todos os inputs são nomeados

corporativamente e, quando tratam especificamente sobre um setor da empresa,

passam pelo aval do gestor da área para publicação. A Figura 10 ilustra melhor o

fluxo de atualização e inclusão de informações na plataforma digital. Nela pode-se

observar que o colaborador não tem participação direta sobre o conteúdo. No caso

do indivíduo enviar alguma colaboração para a Sodexo_Net e ele não for Gerente, o

conteúdo volta para aprovação do seu gerente para então ser publicado.

Figura 10: Fluxo de inclusão de atualização de informações na Sodexo_Net

Fonte: Elaborado pela autora

Na Sodexo_Net são veiculadas informações importantes sobre a empresa,

notícias diárias, comunicados e procedimentos que chegam até o colaborador. Mas,

a participação deste colaborador em relação ao portal se dá via email (lincado na

página da informação), como mostra a Figura 11. No alto da página com conteúdo

no portal há um email de contato como forma de relacionamento com a ferramenta

ou área responsável por aquela informação.

Page 74: Juliana de Oliveira Azeredo

74

Figura 11: Página interna da Sodexo_Net com foco para forma de contato do usuário com ferramenta

Fonte: Sodexo_Net Brasil

A ferramenta permite inserir um componente4 de comentários em cada

página de notícias, onde o colaborador poderia deixar uma opinião sobre o que leu

ou deixar algum depoimento. Mas, de acordo com o planejamento da implantação

da ferramenta no Brasil, este componente passará a estar presente nas páginas

após o mês de setembro de 2013.

E no propósito de integrar as informações pesquisadas na observação direta

e em documentos, bem como os pareceres coletados nas entrevistas, foi elaborado

um quadro prático (Quadro 11), apresentado no Apêndice VI. Este quadro traz as

ações ou recursos do portal divididos nas perspectivas do planejamento estratégico

apresentado pela empresa, com análise da conversão do conhecimento e da

dimensão do conhecimento, esta a partir dos cinco novos componentes extraídos da

análise fatorial de dados quantitativos. Este quadro, elaborado pela autora, integra

as informações sobre a participação do portal na implementação da estratégica da 4 Nome interno dado às diferentes funcionalidades da Sodexo_Net que compõe uma página, ex: calendário, imagem, quadro com link, enquetes – todos são diferentes componentes.

Page 75: Juliana de Oliveira Azeredo

75

empresa, os modelos de conversão do conhecimento presentes, bem como os

componentes de dimensão do conhecimento realmente percebidos pelos usuários

do site.

4.3.1.1 Estratégia da empresa

Para melhor visualizar o cenário que a empresa se encontra e tangibilizar a

sua estratégia para que sua implementação via Sodexo_Net seja estudada nesta

pesquisa, compilou-se todas as premissas do Grupo Sodexo disponíveis no portal

interno mundial e as ações estratégicas da Sodexo|Puras, listadas a partir de

entrevista com Diretor de Planejamento Estratégico do país. Foi criado um mapa

estratégico único, baseado no Balance Score Card, que servirá de base para a

aplicação das pesquisas deste estudo (Figura 12).

Figura 12: Mapa estratégico da Sodexo|Puras, baseado no Balance Score Card

Fonte: Elaborado pela autora a partir das informações das áreas de planejamento estratégico do Grupo e da Sodexo|Puras. Mapa validado pela Diretoria de Planejamento Estratégico da Sodexo|Puras

Page 76: Juliana de Oliveira Azeredo

76

O mapa da Figura 12 traduz as perspectivas estratégicas globais do Grupo

Sodexo e as ações estratégicas locais da Sodexo|Puras em um único objeto. Uma

vez que o foco desta pesquisa é entender o papel da ferramenta Sodexo_Net na

implementação da estratégia e não estudar a própria estratégia, o mapa elaborado

não teve suas perspectivas correlacionadas. Os códigos indicados em cada caixa

têm o objetivo de facilitar as análises decorrentes neste trabalho.

4.3.2 Evidências Quantitativas

Relativamente ao uso efetivo da Sodexo_Net, em um universo de cerca de

1.900 colaboradores que teriam acesso à ferramenta, constatou-se uma média de

904,3 colaboradores acessaram a Sodexo_Net entre os meses de janeiro e junho de

2013, conforme o gráfico da Figura 13. Segundo os números apresentados, somente

cerca de 60% do público que tem disponibilidade de acesso realmente acessa a

ferramenta.

Figura 13: Número de pessoas que acessaram o site do período (diferentes logins).

Fonte: Sodexo|Puras

Este ambiente interno é de acesso restrito a colaboradores, e a identificação

se dá através de email (@sodexo.com) e senha. Uma das razões para o número

inferior de acessos é que, com a união das empresas Sodexo do Brasil e Puras,

Page 77: Juliana de Oliveira Azeredo

77

iniciou-se um processo de migração de sistemas e emails, mas, no momento de

realização desta pesquisa, este ainda não havia sido totalmente concluído.

Estimativas da organização indicam que, até maio de 2013, cerca de 1.000 unidades

origem Puras5 ainda não possuíam email com sufixo @sodexo.com para realizar o

acesso.

Dentre os visitantes, a média de visitas ao site foi de 1984 acessos (visitas)

e 8906 páginas acessadas (visualizações), ou seja, a cada acesso, o usuário

visualizou uma média 3,8 páginas. O gráfico da Figura 14 mostra os números mês a

mês, de janeiro a junho de 2013. Entende-se que, se há um número médio de 1984

acessos ao site mensalmente, e contabilizou-se 904 colaboradores únicos

acessando, cada colaborador acessa a Sodexo_Net, em média, duas vezes ao mês.

Uma frequência baixa, dado o número de dias úteis trabalhados mensalmente, a

atualização do portal e a importância esperada pela organização sobre o canal para

disseminação do conhecimento. Deste público, como indicado no capítulo de

metodologia, 122 colaboradores responderam à pesquisa, espontaneamente, que foi

realizada via portal entre os meses de maio e junho de 2013.

Figura 14: Comparação entre número de visitas ao site, ou seja, número de logs diferentes durante o mês, em relação ao número total de páginas visualizadas (contabilizadas visualizações repedidas da mesma página).

Fonte: Sodexo|Puras

5 Para estas unidades, mantêm-se o canal de comunicação antigo da Puras, chamado de Puras Online.

Page 78: Juliana de Oliveira Azeredo

78

Como já apresentado, o público interno que acessa a Sodexo_Net pode ser

dividido em quatro perfis majoritários: Gestores Time de Suporte, Colaboradores

Time de Suporte, Gestores Operacionais e Colaboradores Operacionais. Em

análises concretas nos sistemas da empresa, não foi possível precisar quanto de

cada perfil acessa a Sodexo_Net.

Como descrito no capítulo de método, um questionário estruturado foi

aplicado (Apêndice IV) aos usuários da Sodexo_Net, a fim de buscar a percepção

destes em relação à ferramenta e identificar as dimensões do conhecimento

presentes no portal. O gráfico da Figura 15 mostra o percentual de participação

voluntária de cada perfil sobre o levantamento realizado. Ao final do processo de

coleta foram obtidas 122 respostas válidas, permitindo a realização de análises

comparativas de médias com significância de 5% e poder estimado de, pelo menos,

86,45%. Para testes não paramétricos foi utilizada significância de 10%, de modo a

conservar o poder de decisão do teste.

Figura 15: Percentual de participação voluntária da pesquisa quantitativa por perfil

Fonte: Elaborado pela autora

A partir dos 122 questionários obtidos, os dados foram analisados,

inicialmente de forma descritiva e, posteriormente, buscando evidenciar quais

questões apresentavam divergências entre suas respostas para os perfis. Para

tanto, inicialmente buscou-se usar a Análise de Variância, mas, dado que nenhuma

das variáveis de resposta apresentou normalidade pelo teste de Kolmogorov-

Page 79: Juliana de Oliveira Azeredo

79

Smirnov (Apêndice V), optou-se por aplicar o teste não paramétrico de Kruskal

Wallis. Considerando a disponibilidade da amostra, também foi aplicada a Análise

Fatorial, com base em Análise de Componentes Principais como forma de evidenciar

fatores latentes nas respostas obtidas dos colaboradores, subsidiando a análise.

Esses resultados serão apresentados no restante desta seção.

Em termos de descrição inicial das respostas, a Tabela 1 apresenta a média

de resposta, bem como o desvio padrão e a mediana para cada questão. O

Apêndice VII apresenta os dados descritivos completos, como variância e limites do

intervalo de confiança para cada questão (Tabela 5), bem como as estatísticas

descritivas por perfil de respondente (Tabela 6).

Tabela 1: Estatísticas descritivas por questão

Descritivos Estatística

Média Mediana Desvio Padrão

Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

4 4 0,6

É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

3,8 4 0,8

Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores 4 4 0,7 Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

3,9 4 0,7

Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil 3,8 4 0,7 Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

3,7 4 0,7

Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva 3,7 4 0,9 É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia 3,7 4 0,8 Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara 3,5 4 1 É ferramenta de melhoria de comunicação interna 4 4 0,6 Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning 3,7 4 0,8 Agiliza a solução de problemas 3,2 3 1 Aumenta o alinhamento organizacional 3,7 4 0,7 Melhora a colaboração entre os departamentos 3,4 4 0,8 Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores 3,6 4 0,8 Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos 4 4 0,6 Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

3,9 4 0,7

Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local 3,9 4 0,7 Fonte: elaborado pela autora a partir da análise de dados emitida pelo software SPSS

Conforme a escala likert adotada, atribuindo 1 para a resposta “discordo

totalmente” e 5 para “concordo totalmente”, a média geral de respostas dos

colaboradores foi de 3,74, sendo 3,17 a menor média calculada para uma questão e

Page 80: Juliana de Oliveira Azeredo

80

4,02 a maior. O desvio padrão médio das respostas foi de 0,769. A Figura 16 facilita

a visualização da escala atribuída às respostas, o intervalo médio de respostas dos

colaboradores e a média das médias.

Figura 16: Ilustração da escala de respostas do questionário qualitativo

Fonte: Elaborado pela autora

A mediana, medida de tendência central que divide o grupo de respostas

ordenadas de forma crescente em duas partes iguais, metade acima de seu valor,

metade abaixo indica que 17 das 18 questões apresentou mediana 4 e uma

apresentou mediana 3. Ou seja, uma análise preliminar dos valores da média e da

mediana comprovam que a tendência de resposta dos colaboradores em relação às

afirmações sobre a Sodexo_Net é “concordo”.

O resultado da aplicação do teste Kruskal-Wallis, identificou afirmações com

postos de resposta significantemente diferentes entre os quatro perfis dos

respondentes, ou seja, nas quais houve divergência significativa nas respostas entre

os grupos de colaboradores. A Tabela 2 traz os detalhes resultantes do teste onde a

variável de agrupamento foi o perfil do respondente. Como mencionado no capítulo

de método, levou-se em consideração como critério de corte a significância

assintótica de 10%, percentual considerado adequado para a amostra (SIEGEL;

CASTELLAN, 1995). As linhas vermelhas destacam as questões abaixo do

percentual.

Page 81: Juliana de Oliveira Azeredo

81

Tabela 2: Teste de Kruskal Wallis aplicado ao conjunto de dados

Pergunta Questão Qui-quadrado

Significância Assintótica

Q01_CUL Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

8,10 4,40%

Q02_REL É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores 1,65 64,91%

Q03_INF Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores

4,81 18,61%

Q04_APR Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

1,10 77,78%

Q05_CUL Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil 0,99 80,28%

Q06_REL Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

3,54 31,59%

Q07_EST Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva 20,38 0,01%

Q08_PRO É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia 4,57 20,57%

Q09_PRO Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara

6,76 7,98%

Q10_INF É ferramenta de melhoria de comunicação interna 1,35 71,62%

Q11_APR Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning 2,28 51,57%

Q12_PRO Agiliza a solução de problemas 8,44 3,77%

Q13_EST Aumenta o alinhamento organizacional 2,72 43,61%

Q14_REL Melhora a colaboração entre os departamentos 3,39 33,56%

Q15_APR Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores 4,39 22,25%

Q16_CUL Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos

3,61 30,72%

Q17_EST Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

2,32 50,82%

Q18_INF Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local

4,43 21,90%

Fonte: Elaborado pela autora a partir da análise de dados emitida pelo software SPSS

Segundo os resultados, os respondentes tiveram uma divergência

significante sobre suas perspectivas das questões Q1, Q7, Q9 e Q12, que atingem

as dimensões de Cultura, Estratégia e Processos. A Tabela 3 apresenta a diferença

estatística entre os grupos, evidenciando o grau de disparidade entre os escores

médios atribuídos por cada grupo de respondentes de cada perfil para as questões

acima marcadas. Observa-se que o número de respondentes por grupo não é o

mesmo, o que pode reduzir o poder de avaliação do teste, mas, considerando-se

que a coleta não pode ser estruturada por perfil, optou-se por manter os resultados

das análises apresentados para o Teste de Kruskal-Wallis.

Page 82: Juliana de Oliveira Azeredo

82

Tabela 3: Escore de classificação por grupo de respondentes

Classificação por Perfil do respondente N Escore

(Q01_CUL) Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

Colaborador Time Suporte 38 67,53

Colaborador Time Operacional 16 43,50

Gerente Funcional 17 59,03

Gerente Operacional 51 63,48

Total 122

(Q07_EST) Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva

Colaborador Time Suporte 37 57,03

Colaborador Time Operacional 16 67,22

Gerente Funcional 16 34,84

Gerente Operacional 49 66,90

Total 118

(Q09_PRO) Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara

Colaborador Time Suporte 38 59,53

Colaborador Time Operacional 16 49,19

Gerente Funcional 17 55,97

Gerente Operacional 51 68,68

Total 122

(Q12_PRO) Agiliza a solução de problemas

Colaborador Time Suporte 37 61,08

Colaborador Time Operacional 16 61,84

Gerente Funcional 17 39,65

Gerente Operacional 49 65,64

Total 119

Fonte: Elaborado pela autora, com uso do SPSS 21

Na primeira questão, sobre a contribuição da Sodexo_Net na aceleração do

processo de formação da cultura organizacional única da empresa, mesmo com a

maioria dos respondentes concordando com a afirmação, como já apresentou a

média e mediana, e evidencia-se na Figura 17, percebe-se a diferença entre a

percepção do grupo “Colaborador Time Operacional”, que apresenta um escore

médio baixo em relação ao “Colaborador Time de Suporte”, que apresenta o maior

escore.

Figura 17: Distribuição de respostas à questão Q01_CUL por perfil de respondente

Page 83: Juliana de Oliveira Azeredo

83

Fonte: Elaborado pela autora

Já na segunda questão, que enfatiza a comunicação da estratégia da

organização, a principal diferença está entre os grupos dos gestores. A Figura 18,

apoiada pelos resultados da média e da mediana, afirma que a maioria dos

respondentes tendem a concordar com as afirmações. Enquanto o perfil “Gerente

Funcional” apresenta um escore médio baixo, o grupo “Gerente Operacional” e o

“Colaborador Time Operacional” apresentam a maior média.

Figura 18: Distribuição de respostas à questão Q07_EST por perfil de respondente

Page 84: Juliana de Oliveira Azeredo

84

Fonte: Elaborado pela autora

E na questão Q09_PRO, que trata da concentração dos processos da

empresa na ferramenta, a diferença apareceu nos grupos operacionais. A Figura 19

ilustra a concordância entre os respondentes, porém o teste de Kruskal-Wallis

apresenta a divergência nos perfis destas respostas. Conforme Tabela 3, nesta

questão, o “Colaborador Time Operacional” é o que apresenta o menor escore e o

“Gestor Time Operacional” o que apresenta a maior.

Figura 19: Distribuição de respostas à questão Q09_PRO por perfil de respondente

Page 85: Juliana de Oliveira Azeredo

85

Fonte: Elaborado pela autora

A última afirmação que teve uma divergência significante nas respostas

entre os perfis dos grupos que responderam diz respeito à agilidade da solução de

problemas (Q12_PRO). Esta questão foi a única que apresentou mediana 3, e tem a

média mais baixa, conforme Tabela 2. A Figura 20 ilustra as respostas desta

questão. Como mostra a Tabela 3, a maior diferença entre os escores médios de

respostas estão entre os perfis dos gestores. Enquanto o “Gerente Operacional”

apresenta a maior média, o “Gerente Funcional” apresenta a menor.

Figura 20: Distribuição de respostas à questão Q12_PRO por perfil de respondente

Page 86: Juliana de Oliveira Azeredo

86

Fonte: Elaborado pela autora

Por fim, com o objetivo de verificar os fatores latentes que orientam o

entendimento dos usuários em relação às dimensões do conhecimento propostas no

estudo, aplicou-se a análise de componentes principais. Observa-se que esta

análise apresenta a limitação de não atender o critério de número de casos por

variável testada recomendado por Hair et al. (2005), que é de 10 casos por variável.

De fato, o número de casos por variável é de 6,78, acima de 5, o que é considerado

limítrofe. No entanto, considerando que os demais pressupostos de aplicação da

técnica foram aceitos, optou-se por utilizar seus resultados. Foram identificadas

correlações significantes maiores que 0,3 (Apêndice VIII), evidenciados também pela

significância no teste de esfericidade de Bartlett (valor-p = 0,000). Igualmente, a

medida de adequação de amostra atendeu os requisitos de coerência esperados,

apresentando KMO = 0,778 > 0,6.

A Tabela 4 traz os componentes gerados e rotados pelo critério Varimax,

que concentra as cargas das variáveis por fator, facilitando a identificação de fatores

independentes. As células mostram as cargas das variáveis nos fatores, sendo

destacados os valores dominantes em cada fator, os quais foram usados para

geração da interpretação e denominação de cada um. A variância total explicada

pela extração representa cerca de 65% da variância total das respostas. Este valor,

apesar de baixo, é aceitável para análise (HAIR et al., 2005) e permite compreender

Page 87: Juliana de Oliveira Azeredo

87

melhor as dimensões percebidas pelos respondentes sobre a Sodexo_Net,

evidenciando que os estímulos apresentados pelas questões concentram-se de

forma diferenciada da proposta. De fato, os resultados da Tabela 4 estabelecem

uma nova divisão de dimensões do conhecimento, criadas a partir do modelo mental

dos participantes da pesquisa, onde as 18 variáveis foram agrupados em cinco

componentes renomeados: comunicação, estratégia, processos, acessibilidade e

rotina. Esse fato será posteriormente explorado, na seção de análise.

Tabela 4: Extração de fatores pela análise dos componentes principais

Questões

COMPONENTES

1 2 3 4 5

Com

uni

caçã

o

Est

raté

gia

Pro

cess

os

Ace

ssib

ilida

de

Rot

ina

Q01_CUL Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

,741 ,253 -,021 ,077 ,290

Q02_REL É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

-,021 ,192 ,328 ,729 ,068

Q03_INF Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores

,741 -,174 ,086 ,240 ,078

Q04_APR Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais ,361 ,439 ,340 ,294 -,368

Q05_CUL Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil ,317 ,052 -,042 ,710 ,006

Q06_REL Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

,641 ,380 ,061 ,061 -,075

Q07_EST Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva ,062 ,770 ,120 ,189 ,134

Q08_PRO É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia ,268 ,009 ,273 ,229 ,694

Q09_PRO Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara -,029 ,456 ,260 ,542 ,218

Q10_INF É ferramenta de melhoria de comunicação interna

,606 -,063 ,460 ,042 ,185

Q11_APR Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning ,232 ,253 ,059 ,412 ,382 Q12_PRO Agiliza a solução de problemas ,129 ,277 ,800 ,086 ,136 Q13_EST Aumenta o alinhamento organizacional ,377 ,462 ,410 ,016 ,046

Q14_REL Melhora a colaboração entre os departamentos ,063 ,030 ,840 ,204 -,002

Q15_APR Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores

,550 ,321 ,379 ,059 ,273

Q16_CUL Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos ,403 ,569 -,012 ,201 ,329

Q17_EST Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo ,093 ,371 -,011 -,010 ,757

Q18_INF Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local ,032 ,787 ,122 ,120 ,147

Variância explicada - TOTAL 64,35% 15,97% 15,63% 12, 67% 10,28% 9,79%

Fonte: elaborado pela autora a partir da análise de dados emitida pelo software SPSS

Page 88: Juliana de Oliveira Azeredo

88

Apresentados os dados qualitativos e quantitativos coletados em pesquisa

documental, observação direta e entrevistas, os mesmos serão analisados e

discutidos na próxima seção.

4.4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Este subcapítulo analisa os dados da pesquisa na perspectiva do problema

levantado neste trabalho, visando responder aos objetivos específicos propostos.

4.4.1 Análise sobre a Implementação da Estratégia

A estratégia da Sodexo|Puras está apoiada, basicamente, na estratégia do

Grupo Sodexo, que é oferecer serviços que melhorem a qualidade de vida de seus

clientes e consumidores. Segundo o Diretor de Planejamento Estratégico da

empresa no Brasil, a principal estratégia local é fazer a estratégia global ser

aplicada, com foco no cliente.

A empresa mantém uma estrutura de planejamento estratégico, tanto na

organização do grupo, como dos países. No Brasil, a equipe de Planejamento

Estratégico, que pode ser comparada a uma Unidade de Gestão Estratégica,

conceito trazido pelos autores Kaplan e Norton (2008, p.19), não tem como objetivo

desenvolver a estratégia, e sim garantir que as premissas estratégicas do Grupo

estejam presentes e orientadas para o mercado, a fim de desenvolver serviços para

as demandas levantadas. Esta equipe é responsável pelo processo de sistema de

gestão da estratégia e mantêm relacionamento direto com outras áreas da empresa,

garantindo o planejamento organizacional, a execução o feedback e o aprendizado.

A estratégia da Sodexo|Puras compõe-se pela estratégia mundial do Grupo

e por ações locais voltadas para atender às demandas de mercado locais. O portal

permite fácil acesso aos elementos de comunicação da estratégia do Grupo. Na

Sodexo_Net global, encontram-se descritas as ferramentas utilizadas para

implementação da estratégia, como: mapa estratégico global (Anexo I), premissas

estratégicas, visão, missão, valores e princípios éticos (Anexo II), mensagem do

presidente sobre posicionamento estratégico (Anexo III), e falas de executivos

globais sobre implementação da estratégia (Anexo IV). As páginas globais das

Page 89: Juliana de Oliveira Azeredo

89

premissas estratégicas, visão, missão, valores, princípios éticos e o mapa

estratégico foram traduzidos para o português e estão disponíveis na Sodexo_Net

Brasil também.

Já as ações estratégicas locais, focadas em estar perto do cliente,

conhecendo-o e ao mercado em que a empresa atua, são dominadas pela equipe de

planejamento estratégico e alguns gestores chaves da companhia, não estando de

forma clara e acessível a todos os colaboradores. Dessa forma, parte da estratégia é

compartilhada para todo o público interno, mas outra é gerenciada e acessível

apenas por um grupo que detém poder de tomada de decisão e aplicação

operacional.

A fim de verificar a contribuição da Sodexo_Net na implementação da

estratégia local e global da empresa, comparou-se ações e recursos que a

ferramenta de gestão do conhecimento oferece ou poderia oferecer como ação do

BSC e planejamento tático, diretamente lincados a cada perspectiva da estratégia.

Baseado no Quadro 11 (Apêndice VI), foi elaborado um quadro comparativo,

disponível no Apêndice IX, que traz o recurso separado por conhecimento tácito e

explícito. As cores representam o status da ação na ferramenta:

• Verde: já aplicado e funcionando de acordo;

• Amarelo: aplicação em andamento ou não alinhada à estratégia;

• Laranja: não aplicado;

• Vermelho: não aplicado e ferramenta hoje não apresenta possibilidade de

aplicação de tal recurso.

Este quadro (Apêndice VI), elaborado pela autora, foi utilizado para comparar

as possíveis ações e recursos da Sodexo_Net lincadas diretamente às premissas

estratégicas apresentadas pela empresa. A partir deste cruzamento, analisou-se os

tipos de conversão do conhecimento representado em cada recurso ou ação, e as

dimensões do conhecimento que emergiram a partir da pesquisa quantitativa.

O desenvolvimento desta matriz teve como objetivo mensurar os modos de

conversão do conhecimento de forma quantitativa, bem como listar a

representatividade de cada dimensão do conhecimento percebida pelos usuários do

portal em relação aos seus recursos.

Page 90: Juliana de Oliveira Azeredo

90

Das ações táticas apresentadas no Apêndice IX, cerca de metade ainda não

foram aplicadas, mas têm possibilidade de realização. A metade restante divide-se

em: 19 que estão em andamento ou já são presentes no portal, mas não estão

implementadas de forma adequada; 9 já estão funcionando de acordo com a

estratégia; e 7 ligadas a fóruns e grupos de discussão, não são possíveis de serem

realizadas pela limitação técnica da ferramenta.

Em entrevista com Diretor de Planejamento Estratégico, foram ressaltados

os principais aspectos táticos locais da estratégia que precisam chegar à Operação.

Todos eles estão relacionados à perspectiva de clientes:

• A empresa entrega serviços integrados de qualidade de vida (C.1): ou

seja, o colaborador deve ter isto sempre em mente ao se relacionar com

o cliente;

• As abordagens de valor são diferentes em cada segmento (C.3): o perfil

do cliente é diferente;

• Atendimento aos clientes internacionais (C5), alinhados às plataformas

de expertise padronizadas (P5).

Segundo o executivo, as outras perspectivas estratégicas orientam a empresa

para atender à Operação, que está na linha de frente com o cliente, tendo o principal

contato e estabelecendo relacionamento. Para o Diretor, este processo deve ocorrer

de forma alinhada e eficiente, de modo que a Operação seja atendida para aplicar a

principal ação estratégica da empresa.

No quadro comparativo do Apêndice VI (Quadro 11) percebe-se ainda que

somente cerca de 40% das iniciativas de ação do portal encaminham para a

comunicação da estratégia, e outras 50% devem ser implementadas com esse foco.

Entretanto, 90% das ações ali listadas são recursos que podem contribuir na

implementação da estratégia global e local da organização. A constatação de que

metade das ações possíveis de apoio à implementação da estratégia ainda não

foram aplicadas, vai ao encontro da opinião dos colaboradores sobre a Sodexo_Net,

em relação à afirmação de que a ferramenta “comunica a estratégia da empresa de

forma objetiva”. Essa foi uma das quatro questões que mostrou diferenças

significantes entre os perfis dos respondentes, sendo o grupo de gerentes funcionais

o que apresentou a menor concordância. A discrepância nos perfis fica evidente se

Page 91: Juliana de Oliveira Azeredo

91

os respondentes forem separados em dois grupos: funcionais e operacionais.

Enquanto 77% do perfil operacional afirma que concorda com esta questão,

somente 23% do funcional está de acordo. Esta situação reforça o que Kaplan e

Norton (2008) afirmam sobre a importância da implementação e comunicação da

estratégia. De acordo com os autores, os processos formais de tradução da

estratégia, alinhamento das unidades organizacionais com a estratégia, e

comunicação da estratégia devem estar presentes na etapa de execução. E esta

divergência entre os perfis dos respondentes mostra que o alinhamento não está

completo.

Tendo em vista que estes gestores são líderes de todos os colaboradores

que dão suporte e apoio às atividades da Operação, este distanciamento com o

entendimento da ferramenta como fonte de informação da estratégia da empresa

mostra um gap na contribuição do portal na implementação da mesma.

Uma das razões para esta lacuna, entre o que a empresa entende que está

sendo comunicado e o que é percebido pelos colaboradores, está na forma de fazer

a criação do conhecimento pelo portal e no tipo de informação disponibilizada. Libert

e Spector (2009) afirmam que uma intranet deve organizar a gestão das suas

informações de acordo com a relevância delas para seu público. Uma vez que o foco

da estratégia está voltado ao cliente, como afirmou o Diretor de Planejamento

Estratégico, e é a equipe operacional que tem contato direto com ele, as

informações que estão sendo veiculadas estão passando despercebidas às equipes

funcionais, atingindo somente a equipe operacional.

Esta lacuna também é explicada por Nonaka e Takeuchi (1997) quando

dizem que o elemento mais crítico da estratégia de uma empresa é o tipo de

conhecimento que deve ser desenvolvido e operacionalizado em um sistema de

implementação. O portal interno pode ter contribuição ativa na implementação da

estratégia da empresa, se tiver sua gestão direcionada para tal, como afirma

Siqueira (2006). Conforme já explicitado, no momento somente 13% das ações do

portal atendem à implementação da estratégia. A partir deste objetivo, toda criação

de conhecimento pela ferramenta deve ter o olhar voltado para tal.

As outras duas questões do questionário aplicado aos usuários e que se

propõem a tratar do papel do portal na dimensão estratégica da empresa não

apresentaram diferenças significantes. Ambas com mediana 4, a afirmação

“Aumenta o alinhamento organizacional” (Q13_EST) e a questão que afirma sobre a

Page 92: Juliana de Oliveira Azeredo

92

padronização com o modelo mundial do Grupo (Q17_EST), indicam ser aceitável

afirmar sobre a concordância dos respondentes, independentemente de grupo,

sobre o potencial da Sodexo_Net para a comunicação da estratégia corporativa

global. Mesmo constatando que não há, ainda, um alinhamento organizacional pleno

entre os perfis dos grupos funcionais e operacionais sobre o papel do portal no

suporte à implementação da estratégia, os respondentes afirmam que a ferramenta

é um instrumento que aumenta esta condição.

Como já afirmado, o Grupo pretende ter a Sodexo_Net implementada em 50

países até 2014, a fim de alinhar todos na mesma estratégia e conectar

colaboradores em todo o mundo, e esta ação é percebida pelos usuários no Brasil

quando afirmam que percebem que o portal segue o modelo mundial apresentado

pelo Grupo Sodexo. Esta ação, de implantação do portal padrão em diversos países,

caracteriza a intenção da empresa de criar o conhecimento. A Intenção é uma das

cinco condições que Nonaka e Takeuchi (1997) trazem para promover a espiral do

conhecimento. Segundo os autores, os esforços para alcançar esta intenção formam

a estratégia dentro da organização, e sua essência está na capacidade da empresa

adquirir, criar, acumular e explorar o conhecimento. Um portal como a Sodexo_Net,

em contexto global, aumenta a capacidade da empresa realizar a gestão do

conhecimento a partir da intenção, pois o número de indivíduos conectados na

mesma rede é maior, aumentando o volume do acúmulo de conhecimento em nível

individual. Quanto mais países padronizados com a Sodexo_Net, maior é a

Intenção.

Outra condição trazida por Nonaka e Takeuchi (1997) que se apresenta

neste processo é a Redundância, representada no objetivo do Grupo de trazer via

portal os valores e princípios éticos da empresa, além de outras informações que

visam padronizar a forma como os colaboradores oferecem os serviços, atendem os

clientes e falam sobre a empresa, por exemplo. Segundo os autores, a superposição

intencional de informações sobre as atividades da empresa vai promover o

compartilhamento de conhecimento tácito, acelerando o processo de criação do

conhecimento. Se estas informações “redundantes” estiverem ainda, de alguma

forma, conectadas à estratégia da empresa, poderá ocorrer a promoção do

conhecimento tácito sobre a estratégia que levará ao apoio da implementação da

mesma.

Page 93: Juliana de Oliveira Azeredo

93

Além da participação do portal interno na implementação da estratégia, o

Diretor de Planejamento Estratégico exaltou outras ações, que caracterizamos como

“Ba” ou espaços para criação do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 2004):

• Reuniões trimensais com executivos operacionais, a fim de garantir o

desenvolvimento, implementação e revisão da estratégia;

• Envio de clipping de notícias dos clientes aos Gerentes Regionais

Operacionais, que encaminham aos seus grupos de gerentes

operacionais que têm contato direto com o cliente, a fim que todos

possam ter conhecimento do cliente e mercado que estão atuando;

• Conversa do Dia: ferramenta de comunicação interna diária, onde o

grupo de funcionários, em cada escritório ou unidade, faz um pausa e

reúne-se para falar sobre o conteúdo do dia (previamente preparado e

enviado). Neste conteúdo são tratados temas estratégicos;

• Área de Clients For Life® da empresa, voltada ao relacionamento com o

cliente, que tem ferramentas próprias de pesquisa de satisfação e

monitoramento das informações.

Este estudo não abordou estas ações apresentadas que também apoiam a

implementação da estratégia da companhia e, da mesma forma, podem ser espaços

de criação do conhecimento. Em uma análise superficial, a Sodexo_Net poderia,

além da contribuição direta à implementação da estratégia, apoiar estas ações de

forma integrada em busca de um sucesso global no processo. Esta seria uma

oportunidade de ocorrer mais uma condição para promover a espiral do

conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), a “Flutuação”, que trata da estimulação

da interação entre a organização e o ambiente externo. Neste caso, entre o portal e

outros “Ba” externos, nos quais os indivíduos que estivessem flutuando entre estes

espaços pudessem pensar em diferentes perspectivas e interagissem entre si,

criando novos conceitos.

Em relação à contribuição da ferramenta para implementação da estratégia

global e local da empresa, entende-se, a partir da elaboração do quadro tático, das

entrevistas com os executivos e da observação direta, que o portal já o faz, mas não

de forma eficiente. E, segundo a percepção dos usuários, não eficaz. Resta aqui a

Page 94: Juliana de Oliveira Azeredo

94

intenção específica da criação, exploração e promoção do conhecimento focado na

estratégia da organização.

4.4.2 Análise sobre a Conversão do Conhecimento

Conforme já apresentado no referencial, a conversão do conhecimento é a

interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997). Segundo os autores, o primeiro passo para a criação de

conhecimento de uma organização é o compartilhamento do conhecimento tácito,

aquele que está no indivíduo ou na organização e é difícil de externalizar.

A Sodexo_Net é um espaço para conversão deste conhecimento, facilitando

a criação do conhecimento organizacional, como um grande “Ba”, conceito de

Nonaka e Takeuchi (2004) para um espaço onde se pode compartilhar informações

e conhecimentos, como uma plataforma para criação individual ou coletiva. Este

ambiente é requerido, conforme sugere Bitencourt (2004), que enfatiza que a criação

de um ambiente para o processamento das informações influencia na criação e

transferência do conhecimento tácito.

Para Pinho (2003) um portal interno pode disseminar o conhecimento

organizacional. Para Turban, McLean e Wetherbe (2002), portais trazem vantagens

como a integração de informações e unificação de conteúdo. Estes são aspectos

presentes na Sodexo_Net que fortalecem sua participação na gestão do

conhecimento organizacional.

Segundo Gerente de Comunicação da Sodexo|Puras, a estrutura sugerida

para o portal dispõe os temas mais relevantes para o dia a dia do colaborador de

forma organizada, permitindo que ele tenha acesso simplificado às informações

preferenciais ou necessárias à sua capacitação, além do melhor entendimento da

empresa e até da visualização da sua própria participação nas atividades – por meio

de publicação de notícias das unidades. Os autores trazidos que conceituam portais

corporativos não especificam a arquitetura de informação, somente a conexão

significativa das informações disponibilizadas (COSTA, 2010), e a importância da

interação entre as pessoas (BALESTRIN; VARGAS; FAYARD, 2005).

Neste ambiente, que visa criar a interação do conhecimento tácito com o

conhecimento explícito, a análise pelo modelo SECI (NONAKA; TAKEUCHI, 1997)

indica uma presença não balanceada dos quatro modos diferentes de conversão do

Page 95: Juliana de Oliveira Azeredo

95

conhecimento. A partir das ações táticas propostas pelo portal, analisou-se os

diferentes modos de conversão do conhecimento sob duas perspectivas: forma de

conversão na execução da ação, que envolve o tipo de conversão de conhecimento

necessário para criar o conteúdo; e forma de conversão do conhecimento desejada,

que é o que a empresa espera que ocorra pelo portal.

O Apêndice VI, já mencionado anteriormente, mostra o Quadro 11 completo

com todos os modos de conversão relacionados às ações do portal, e o gráfico da

Figura 21 compara a quantidade de vezes que cada modo aparece para cada

perspectiva.

Figura 21: Distribuição comparativa dos modos de conversão do conhecimento

Fonte: Elaborado pela autora

O modo de conversão do conhecimento mais presente na execução da ação

é a Combinação, que representa 66% dos casos. Fato que se explica pelo portal ser

tipicamente um “Ba” destinado ao conhecimento formal, à informação de setores e

equipes, muito mais que na informação individualizada, ainda que essa não seja

excluída, contendo, portanto, um conjunto de diferentes conhecimentos explícitos.

Sob um aspecto cultural e histórico, também traz conhecimentos existentes com

conhecimentos recém criados, e trocas através de documentos e bancos de dados,

caracterizando o modo Combinação de Nonaka e Takeuchi (1997).

Page 96: Juliana de Oliveira Azeredo

96

O fato do colaborador não conseguir colocar informação direta no portal,

passando sempre por uma análise, no mínimo, dupla da organização – da sua área

e da área de comunicação interna, que insere a informação, conceitua toda esta

conversão do conhecimento em Externalização ou em Combinação. Este é o

principal motivo pela alta representatividade do conhecimento combinado, que

segundo Nonaka e Takeuchi (1997) tem suas raízes no processamento de

informações, nome que podemos dar procedimento de inserção de conteúdo no

portal.

O modo Externalização, ainda na perspectiva da conversão na execução da

ação, representa 28% das ações. Esta baixa representatividade, dada à importância

deste modo na criação do conhecimento na empresa, se dá pela falta de interação

entre os indivíduos com o portal, e entre eles mesmos, indo contra a afirmação de

Balestrin, Vargas e Fayard (2005) que defendem que a interação entre as pessoas

proporcionada pela rede, no caso a intranet, é uma forma de ampliar a criação do

conhecimento que ocorre a partir dos indivíduos. Esta interação e conectividade na

rede para a criação do conhecimento é defendida também por Davenport (2002),

Newell, Scarbrough e Swan (2001), Pinho (2003) e Nonaka e Takeuchi (1997), que

ainda afirmam que o conhecimento precisa da iniciativa do indivíduo ou a interação

do grupo para nascer.

Ainda, nota-se aqui a falta de uma das condições de Nonaka e Takeuchi

(1997) para promover a espiral do conhecimento: a Autonomia. Seguindo a teoria

dos autores, com esta falta de autonomia do colaborador na interação direta para

criação do conhecimento, a empresa perde a chance de uma oportunidade

inesperada de criação do novo conhecimento. Uma ideia nova ou original pode

surgir em um indivíduos a partir de um conhecimento explicitado no portal, mas não

será por este instrumento que este conhecimento volta para a empresa.

Uma vez que os colaboradores não conseguem interagir diretamente com o

portal, alguns “Ba” facilitados por ele ficam comprometidos. Também, a

impossibilidade da ferramenta de disponibilização de fóruns e grupos de discussão

limitam a criação do conhecimento pelo modo Externalização, onde perpassa o

diálogo e a reflexão coletiva. A ferramenta oferece a possibilidade da realização de

quizzes e pools de pesquisa, que poderiam ser formas de criar interação do

colaborador com a ferramenta e com a empresa, e que até então não foram

totalmente exploradas no portal brasileiro. Até o momento, a única pesquisa

Page 97: Juliana de Oliveira Azeredo

97

realizada foi o questionário (Apêndice IV) aplicado para este estudo. Ou seja, se

gerenciada para tal objetivo, a ferramenta tem possibilidade de criar esta interação

para gerar conhecimento pelo modo de conversão Externalização. Este pode ser um

ponto a ser considerado na avaliação de melhoria contínua do projeto, como sugere

Druker (1993, apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

O que falta aqui é a condição Intenção colocada para promover a espiral.

Esta condição é percebida na construção e envio da newsletter diária, que tem como

objetivo motivar o colaborador a acessar o portal, com as chamadas das

informações atualizadas do dia e o link direto para a notícia no site. Ainda assim, há

uma frequência baixa no acesso ao portal, dado o número de dias úteis trabalhados

mensalmente, a atualização diária do portal e a importância esperada pela

organização sobre o canal para disseminação do conhecimento.

Há, aqui, outra lacuna entre o que a empresa espera da utilização do usuário

em relação ao acesso ao portal e o que o usuário afirma sobre a ferramenta. As

questões “utilizada como ferramenta de trabalho diária” (Q08_PRO), com média 3,69

na escala Likert; “melhora apresentação das informações” (Q03_INF) com média 4;

e “centralização das informações da empresa” (Q18_INF) com média 3,88, todas

com mediana 4, não apresentam evidências de divergência entre o nível de

concordância do grupo de respondentes. Entretanto, ainda assim há uma baixa

adesão ao portal, demonstrando que ele não é utilizado como uma ferramenta de

trabalho diário, nem como referência de consulta a informações internas. Isto está

diretamente relacionado às condições para promover a espiral do conhecimento

trazidas por Nonaka e Takeuchi (1997). Das cinco condições preconizadas pelos

autores, somente identificou-se o contexto apropriado da aplicação de uma, que é a

Intenção – evidenciada através do esforço da newsletter e atualização diária do

portal, as outras quatro não estão presentes.

Na perspectiva da conversão do conhecimento desejada pela empresa, no

Quadro 11 do Apêndice VI, o modo Internalização representa 47% das ações táticas

propostas pelo site, e a Combinação representa 41%. Interpretando a espiral do

conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento gerado pela

combinação é transformado em tácito através da internalização. No portal, esse

processo ocorre quando os colaboradores acessam e internalizam o conhecimento

gerado (explícito) conforme suas próprias necessidades e demandas, gerando por

meio de seus modelos mentais um novo conhecimento (tácito).

Page 98: Juliana de Oliveira Azeredo

98

Considerando que a Internalização é o principal objetivo da empresa com a

ferramenta, ou seja, que os colaboradores entendam as informações que ali estão

dispostas e possam aplicá-las no seu dia a dia, este processo está de acordo com a

indicação de Nonaka e Takeuchi (1997), quando afirmam que a Internalização é o

final e o reinício da espiral. Isto porque, uma vez que um indivíduo incorporou novo

conhecimento, ele deve compartilhar com outros membros da empresa, reiniciando

o processo. Importante somente retomar aqui a lacuna já evidenciada entre o que a

empresa espera que o funcionário utilize o portal para a internalização de

conhecimento e o baixo acesso dos colaboradores à ferramenta, comprometendo

esta conversão do conhecimento.

Mesmo com uma certa inflexibilidade na arquitetura de informações, há a

preocupação do Grupo, explicitada pela Gerente Mundial da Sodexo_Net, em prover

conteúdos relevantes ao cenário local. Com isto, a infinidade de conteúdos gerados

pelo Grupo para serem veiculados de forma padronizada nas intranets dos países

representa três condições para promover a espiral do conhecimento: Intenção,

Redundância e Variedade de Requisitos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Esta

diversidade de dados veiculados permitem que os colaboradores terem acesso a

uma combinação de informações, que segundo os autores, permitirá que eles

enfrentem os desafios trazidos no ambiente.

Ainda em relação à internalização, algumas afirmativas do questionário

podem apoiar na reflexão deste modo de conversão do conhecimento pela

perspectiva do usuário. Por exemplo, as afirmativas que falam do processo de

formação da cultura organizacional (Q01_CUL) e concentração dos processos da

empresa de forma clara (Q09_PRO) podem ser vistas neste contexto. Em ambas,

houve uma diferença entre os perfis dos respondentes, abrindo uma lacuna entre o

que a empresa acredita e espera que esteja acontecendo e o que os colaboradores

percebem que está acontecendo. Conforme Tabela 3, a principal diferença na

questão sobre a formação da cultura organizacional está entre os perfis Colaborador

Time Operacional, que tem o menor escore médio, e Colaborador Time de Suporte,

que tem o maior. Se entendido o conceito de Cultura como proposto por Fleury

(2002), como um conjunto de regras projetado por um grupo e validado para passar

adiante, pode-se imaginar que cada restaurante (unidade da empresa no cliente)

tem este seu conjunto de regras locais, e ele pode estar distante do praticado pela

empresa dos escritórios e sedes, onde ficam os colaboradores dos times de suporte,

Page 99: Juliana de Oliveira Azeredo

99

locais onde se institucionalizam os conjuntos de regras corporativas. Ou seja, o

Colaborador Time Operacional tem o menor escore por ter uma cultura

organizacional no seu local de trabalho que pode ser diferente da empresa como um

todo, mesmo sendo a mesma empresa.

Já a afirmação sobre a concentração dos processos da empresa, refletindo

aqui uma possibilidade de incorporação do conhecimento sobre a organização, tem

sua discrepância nas respostas dos perfis dos grupos operacionais. Enquanto os

colaboradores têm o menor escore, os gerentes operacionais tem o maior. Esta

lacuna, em relação à expectativa da empresa e a opinião do colaborador, se dá pela

variedade do perfil do colaborador operacional. Como já comentado, ele pode ser

estoquista, analista de processos da unidade, cozinheiro chefe, auxiliar de nutrição,

etc., e estes processos não estão totalmente contemplados no conteúdo da

Sodexo_Net, ou seja, ele é um processo da empresa, mas não está no portal de

forma acessível e clara como um.

Já o modo de conversão Socialização não tem força representativa nas

ações do portal em ambas perspectivas, na execução da ação e na desejada pela

empresa, o que reflete a impossibilidade de troca de conhecimento tácito entre

indivíduos. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a Socialização é um processo de

compartilhamento de experiências entre indivíduos, ligada às teorias dos processos

de grupo e cultura organizacional, contextos não marcantes no portal, como vimos

até então. A falta de interação direta entre os colaboradores, a impossibilidade do

compartilhamento direto de experiências sem o crivo da organização, e a limitação

técnica da ferramenta na aplicação de funcionalidades de relacionamento, explica a

baixa representatividade deste modo de conversão do conhecimento que começa a

espiral. Neste modo de conversão somente, há a falta das cinco condições em nível

organizacional para promover a espiral do conhecimento, segundo Nonaka e

Takeuchi (1997). A Socialização é um ponto fraco, mesmo o referencial consultado

reforçando a importância do relacionamento em rede.

Por fim, mesmo ainda tendo 50% das ações propostas não implementadas,

como já comentado, todos os modos de conversão do conhecimento estão

presentes nestas ações possíveis do portal, ou seja, a espiral da criação do

conhecimento proposta pelos autores já citados têm condições de fazer seu ciclo

completo, confirmando o potencial da ferramenta para criação e conversão do

conhecimento organizacional.

Page 100: Juliana de Oliveira Azeredo

100

4.4.3 Análise da Percepção sobre as Dimensões do Co nhecimento

Este trabalho aborda a questão das dimensões do conhecimento como

apoio para o entendimento sobre gestão do conhecimento em um portal. Conforme

já afirmado, o conteúdo armazenado em uma intranet pode não fazer sentido se não

for planejado adequadamente para atender aos objetivos estratégicos da

organização e suprir as necessidades do seu público alvo.

Como apresentado no capítulo de referencial, foram eleitas pela autora do

estudo seis dimensões do conhecimento a serem aprofundadas neste objetivo:

aprendizagem, relacionamento, cultura, estratégia, processos e informação. Essas

dimensões foram identificadas a partir das funcionalidades apresentadas pelo portal,

suas características, potencialidades e conteúdos. A partir da análise fatorial

apresentada na Tabela 4, as 18 variáveis que representavam as seis dimensões do

conhecimento pré-estabelecidas, transformaram-se em cinco diferentes

componentes (denominados: comunicação, estratégia, processos, acessibilidade e

rotina), que representam quase 65% da variância total. A seguir esses componentes

serão analisados à luz dos objetivos da presente pesquisa.

A. Comunicação

O componente comunicação reúne variáveis como formação da cultura

organizacional, apresentação das informações, interação entre Sodexo e Puras,

ferramenta de melhoria de comunicação interna e acelerador da integração e

aprendizagem do colaborador, por isto foi nomeado desta forma. Esta nova

dimensão, que representa quase 16% do total variância explicada, é de extrema

importância para a organização, pois significa que os usuários entendem o portal

como um canal de comunicação interna.

Olhando para a formação original das variáveis em relação às dimensões

previamente estabelecidas, evidentes na Tabela 2, o componente Comunicação é

composto por duas variáveis de informação. Partindo do pressuposto que a

informação é o produto principal de um portal de gestão do conhecimento (COSTA,

2010), e a partir da capacidade da empresa em gerenciá-la se confirma o processo

de gestão do conhecimento (COLOMBO, 2004), e comprova-se que existe um fluxo

deste produto na ferramenta estudada, há a contribuição direta do portal na

disseminação do conhecimento organizacional da Sodexo|Puras.

Page 101: Juliana de Oliveira Azeredo

101

A lacuna aqui está em que tipo de informação a empresa decide gerenciar

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997), pois a empresa tem que ter habilidade de aplicar o

conhecimento disponível de forma eficiente (DAVENPORT; PRUSAK, 1998), a fim

de criar novo conhecimento. Falta o alinhamento desta teoria, pois a afirmação

“Concentra todos os processos da empresa, de forma clara e acessível” (Q09_PRO)

mostra uma significância assintótica de 7,98% pelo teste de Kruskal Wallis, o que

evidencia divergências entre as respostas dos perfis dos respondentes. Ainda assim,

a questão apresenta média de 3,48 e mediana de 4. Infere-se, portanto que o que a

empresa intenciona disseminar com a ferramenta não está igualmente entendido ou

internalizado pelos colaboradores de diferentes perfis. Terra e Gordon (2002)

defendem que cada participante da cadeia de valor precisa oferecer uma criação de

valor superior e fortes capacidades de parceria na elaboração e gestão do portal.

Como já foi trazido, isto não ocorre, criando a possibilidade deste colaborador não

identificar no site de forma clara o processo (parte da cadeia de valor) que ele

pertence, justificando o resultado da significância assintótica desta afirmação.

Em relação a esta dimensão específica, um motivo para este

desalinhamento é o que está sendo decidido como conteúdo relevante a ser

veiculado, seja do Grupo ou local, este não está atendendo as expectativas dos

usuários, como imaginavam os Gerentes de Comunicação da Sodexo|Puras e a

Gerente Mundial da Sodexo_Net., e esta geração de conteúdo precisa ser revista. A

outra razão é a falha na execução das cinco condições (NONAKA; TAKEUCHI,

1997) para promover a espiral do conhecimento. A Intenção é identificada em

diversas ações, a Redundância e a Variedade de Requisitos também estão

presentes, mas a Autonomia e a Flutuação e Caos Criativo não ocorrem de forma

eficiente, gerando este gap na criação do conhecimento a partir da informação.

B. Estratégia

Neste trabalho, a ferramenta estudada é considerada estratégica pelo seu

papel para a gestão do conhecimento da empresa e no seu apoio à implementação

da estratégia da organização. O componente Estratégia traz variáveis como

comunicação da estratégia da empresa, alinhamento organizacional, alinhamento de

objetivos e valores, todos eles de acordo com o que defendem Kaplan e Norton

(2008) sobre a implementação da estratégia. Este componente representa 15,6% da

variância total explicada e tem esta representatividade pelo percentual de 40% das

Page 102: Juliana de Oliveira Azeredo

102

ações táticas do planejamento estratégico da empresa estarem implementadas ou

em andamento.

O Gerente de Comunicação da empresa diz que a ferramenta foi implantada

durante o processo de incorporação da empresa Puras pelo Grupo Sodexo, então

outros desafios se tornaram emergentes ante à comunicação da estratégia. Ainda

assim, a dimensão estratégica é importante para a empresa e pode crescer se as

outras 50% das ações táticas que ainda não foram implementadas via portal

entrarem em prática. Entra aqui novamente a Intenção da ação em prol desta

dimensão. O portal cumpre papel na implementação da estratégia, faltando

organizar o trabalho voltado a este objetivo, alinhando os públicos, revendo o

conteúdo das informações veiculadas, direcionando esforços para a realização desta

dimensão. Dada a importância do portal na estratégia da empresa e na gestão do

conhecimento, estas ações se mostram prioritárias a serem realizadas.

C. Processos

O novo componente Processos foi nomeado, como os outros, a partir das

características das suas variáveis, que são: agilização da solução de problemas,

alinhamento organizacional e colaboração entre departamentos. Este componente

pode ser facilmente confundido com outro componente, nomeado de Rotina.

Entretanto, conforme já trazido neste estudo, de acordo com Ronisi e Palmisano

(apud Gonçalves, 2003), todo trabalho realizado dentro de uma empresa faz parte

de um processo. Não quer dizer que ele faça parte da rotina dos colaboradores.

Mesmo tendo a variável “agiliza a solução de problemas”, que compõe este

componente, apresentando divergência entre os perfis dos respondentes, como

analisado a partir do teste Kruskal Wallis (Tabela 3), a dimensão ainda está presente

no entendimento dos usuários.

O site tem um papel importante na dimensão Processos, o que vai ao

encontro do que defende Tapscott (2010) quando o autor fala que estas tecnologias,

como a Sodexo_Net, podem aproximar colaboradores e promover a

descentralização dos seus processos e tomadas de decisão.

D. Acessibilidade

Não identificada como uma dimensão do conhecimento, a acessibilidade

aparece aqui como um componente representando a conveniência gerada pelo

Page 103: Juliana de Oliveira Azeredo

103

portal, de disponibilizar em um único lugar as informações importantes a serem

acessadas pelos usuários. Como defendem Turban, McLaean e Wetherbe (2002),

quando afirmam que os portais trazem vantagens com a integração de informações,

capacidade de condensação e unificação de conteúdo.

O componente Acessibilidade foi definido a partir das variáveis que o

caracterizam, como permissão de acesso a ferramentas e concentração dos

processos. Este componente é de grande importância para a empresa, pois a

Acessibilidade percebida pelos usuários caracteriza a otimização que a ferramenta

oferece, como defendem Boghi e Shitsuka (2002), que o portal pode ser um

disponibilizador de documentos e informações que circulam em papel, reduzindo o

tempo e custo operacional dos setores da organização.

Se melhor trabalhado este componente no portal, pode vir a ser uma solução

para o baixo acesso à ferramenta, tornando-a essencial na execução da tarefa do

colaborador e aumentando a dependência dele com o portal.

E. Rotina

O último componente também não é considerado uma dimensão do

conhecimento propriamente, mas se relaciona às dimensões processuais do

conhecimento, remetendo tanto à componente explícita, formal, como à tácita,

informal, da execução das atividades diárias. O componente refere-se também à

forma de interação dos usuários com o portal. As variáveis que o compõem, como a

utilização como ferramenta de trabalho diário, acesso a treinamentos e padronização

com modelo mundial, refletem ações do dia a dia dos colaboradores.

A identificação deste componente reforça o posicionamento trazido por Terra

e Gordon (2002), que visualizam a conexão do portal com as atividades fins da

cadeia de valor – atividades onde estão muitos dos colaboradores –, o que significa

que o portal deve atender às necessidades dos clientes finais, neste caso, os

colaboradores. Alinha-se a essa visão a afirmação de Davenport (2002), que

defende que a implantação de um SGE poderá causar impacto na maneira que as

pessoas exercem suas atividades. Ou seja, os usuários já utilizam informações e

conhecimento do portal na sua rotina de trabalho.

O fortalecimento deste componente também vem ao encontro da

necessidade de maior acessos ao portal, que poderá gerar uma maior conversão do

Page 104: Juliana de Oliveira Azeredo

104

conhecimento pelo modo Internalização, que inicia a espiral (NONAKA; TAKEUCHI,

1997) novamente, criando conhecimento organizacional.

A fim de conectar estes novos componentes às ações do portal, a matriz de

ações táticas também foi avaliada de acordo com estas novas dimensões. O

Apêndice VI traz o quadro completo e o componente ligado a cada ação (Quadro

11), e o gráfico da Figura 22 compara a quantidade de vezes que cada componente

aparece na matriz, conforme atribuição realizada pela autora do estudo às ações do

portal.

Figura 22: Distribuição de frequências dos componentes na matriz de ações táticas do BSC

Fonte: Elaborado pela autora

O componente Comunicação tem a atribuição mais frequente, naturalmente

pela ferramenta ser um canal interno de comunicação, e o componente rotina tem a

menor frequência de atribuições, pois muitas das ações estão atreladas a outros

objetivos e não fazem parte do dia a dia dos colaboradores, mas não significa que

não será utilizada pelo grupo em algum momento.

Não se pode deixar de mencionar as dimensões do conhecimento propostas

no modelo original, mas não que emergiram na realidade do usuário, como:

aprendizagem, relacionamento e cultura. Exatamente estas três são partes do pilar

tático-operacional da estruturação das dimensões, aquelas que tratam do conteúdo

e práticas do dia a dia, promovido diretamente pelo público interno.

Page 105: Juliana de Oliveira Azeredo

105

Ainda assim, entende-se que a dimensão aprendizagem está presente no

portal. Uma vez que a conversão do conhecimento Internalização está presente,

significando que os colaboradores convertem conhecimento explícito em

conhecimento tácito, o processo da aprendizagem está de acordo com a afirmação

de Bitencourt (2004) quando afirma que o colaborador apresenta na aquisição de

capacidades, conhecimentos, atitudes e habilidades que tenham influência no

comportamento da organização. Esta influência se dá no reinício da espiral do

conhecimento sendo girada novamente com o novo conhecimento adquirido pelos

colaboradores. Possivelmente, essa dimensão não se mostrou evidente pela

ausência das condições contextuais preconizadas por Nonaka e Takeuchi (1997;

2004) relativas à criação e conversão de conhecimento.

Entretanto, há outra lacuna tripla aqui, entre: 1 - o papel efetivo que o portal já

cumpre; 2 - o resultado que a empresa espera e; 3 - a percepção dos colaboradores.

No caso 1, mesmo concluindo que o portal aplica a dimensão aprendizagem pelo

modo de conversão do conhecimento Internalização estar presente, a baixa adesão

constatada dos usuários prejudica este modo, não tornando possível os usuários

tirarem proveito total deste processo. No ponto 2, a empresa espera que as pessoas

internalizem o conhecimento explícito evidenciado no portal, fomentando a criação

de novo conhecimento a ser aplicado na organização, entretanto o portal não

proporciona isto através da própria ferramenta, pois sua capacitade de permissão de

interação entre instrumento e usuário é muito reduzida e, entre usuários, inexistente.

Portanto, é necessário aqui outros “Ba” (NONAKA; TAKEUCHI, 2004) para que o

resultado esperado pela empresa ocorra. Em relação ao ponto 3, além das razões

trazidas acima, levanta-se mais duas possibilidades: ou os usuários podem conectar

dimensão de aprendizagem somente à possibilidade de realização de treinamentos

ou as questões afirmadas no questionário não abordaram a dimensão em sua

totalidade de aplicação. De uma forma ou de outra, falta aqui um trabalho voltado à

aplicação e sensibilização desta dimensão, pois ela não é percebida pelo

colaborador.

Já a dimensão relacionamento entende-se que não é diretamente

representativa no portal. Ainda que o objetivo do mesmo seja unir seus públicos

diferentes em todo o Brasil, esta integração por meio da padronização do conteúdo

veiculado não permite ou não incentiva o relacionamento. Isto, somado às limitações

da ferramenta em ter funcionalidades que promovam o relacionamento, a falta de

Page 106: Juliana de Oliveira Azeredo

106

direcionamento do que pode ser trabalhado para a realização desta dimensão e

algumas escolhas como não ter na Sodexo_Net treinamentos e e-learning,

enfraquecem ainda mais a dimensão. Entretanto, novamente perpassa pelo

relacionamento e interação entre indivíduos o modo de conversão Socialização e

premissas para criação do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997;

BALESTRIN; VARGAS; FAYARD, 2005; FLEURY, 2002).

Entende-se porque a dimensão cultura não esteja diretamente presente no

portal. Uma vez que compreendemos que a cultura está no indivíduo, como traz

Fleury (2002), e a empresa Sodexo|Puras tem uma formação cultural recente, este

aspecto ainda não consegue ser observado pelos usuários.

De forma sucinta, o Quadro 10 mostra a discussão realizada neste

subcapítulo e apresenta as dimensões do conhecimento previamente estabelecidas

em relação ao resultado da aplicação do questionário quantitativo e nas análises dos

dados coletados.

Quadro 10: compilação análise dimensões

Dimensão

Percepção dos colaboradores (resultado questionário quantitativo)

Análise dos dados coletados

Aprendizagem • Não se aplica diretamente

• Mesmo que não percebido pelos colaboradores, há aprendizagem quando o conhecimento gerado pela combinação é transformado em tácito através da internalização

Relacionamento • Não se aplica diretamente

• Conexão de colaboradores ao redor do mundo na mesma ferramenta padrão (Gerente Mundial Sodexo_Net) • Possibilidade de inserção de pesquisas aos usuários (SODEXO, 2013)

Cultura • Não se aplica diretamente

• Objetivo da implantação da ferramenta no Brasil – alinhamento de cultura Sodexo|Puras (Gerente Comunicação Brasil) • Consolidar cultura do Grupo (SODEXO, 2013)

Estratégia

• Componente representa 15,6% da variância total

• Grande objetivo da implantação padronizada nos países (Gerente Mundial Sodexo_Net) • Atribuído a 21 ações táticas do portal • Possibilidade de direcionamento das informações veiculadas (Diretor Planejamento Estratégico)

Processos • Participação de 12,7% da variância total

• Atribuído a 17 ações táticas • Potencialidades no uso da ferramenta (SODEXO, 2013)

Informação

• Presente no componente Comunicação, que representa

• Atribuído a 49 ações táticas • Conteúdo principal da ferramenta • Foco de desenvolvimento das equipes para atingir colaboradores (Gerente Mundial Sodexo_Net e Gerente

Page 107: Juliana de Oliveira Azeredo

107

quase 16% da variância total

Comunicação Brasil)

Fonte: Elaborado pela autora

Pode-se concluir, da triangulação dos dados analisados, que, em maior ou

menor grau, todas as dimensões do conhecimento propostas estão, de alguma

forma, representadas no portal e apoiam a gestão do conhecimento na empresa. A

partir da análise realizada, a próxima seção apresenta um conjunto de propostas de

melhoria ao portal, com foco nos objetivos levantados nesta dissertação,

evidenciando os elementos de prática transformadora e finalizando a análise

proposta.

4.5 PROPOSTAS DE MELHORIAS

Esta seção retoma as principais lacunas identificadas e que prejudicam o

alinhamento entre as expectativas da empresa, perspectiva dos usuários e objetivos

propostos no estudo. Para cada lacuna identificada, sugestões de melhoria em

forma de itens são apresentadas. As sugestões, no entanto, não são detalhadas em

termos de sua operação ou análise de requisitos ou esforço, dado que excedem os

objetivos propostos para o estudo. São apresentadas, no entanto, como

contribuições ao contexto da organização e para estudos similares, como futura

referência.

A. Falta de ações que atendam a implementação da es tratégia . Ações do quadro

tático que não estão alinhadas para implementação da estratégia ou ainda não

foram aplicadas.

• Equipe de comunicação deve ser envolvida e orientada pela área de

planejamento estratégico ou Unidade de Gestão Estratégica, conforme

Kaplan e Norton (2008, p. 19) sobre estratégia da empresa, a fim de

identificar as potencialidades de conteúdo a serem divulgados com foco na

estratégia;

Page 108: Juliana de Oliveira Azeredo

108

• Área de planejamento estratégico deve dominar os menus do portal e fazer

revisão periódica dos conteúdos externalizados, para fazer inputs de

informações que contribuam com a implementação da estratégia.

B. Gestores funcionais não veem portal como comunic ação da estratégia

• Fazer trabalho de sensibilização com gestores para conhecimento das

informações veiculadas na Sodexo_Net, suas sessões, arquitetura e menu de

navegação, para que o Grupo possa ter o portal como ferramenta constante

de busca de conhecimento;

• Área de planejamento estratégico disseminar plano estratégico da empresa

entre o grupo, apresentando mapa estratégico para que identifiquem as

informações estratégicas veiculadas, não só pelo portal, mas em todos os

“Ba” da empresa.

C. Flutuação das informações estratégicas

• Ter informações estratégicas veiculadas em mais que um “Ba” para que os

indivíduos tenham mais oportunidades de reconsiderar pensamentos sobre o

assunto e interajam socialmente dialogando sobre a estratégia, criando novos

conceitos tácitos e permitindo fazer girar a espiral do conhecimento;

• Criação de conhecimento não somente pela área de comunicação interna via

portal, mas envolvimento da área de Planejamento Estratégico na criação

deste conhecimento e disseminação para os gestores.

D. Problema de interação com site. Socialização como ponto fraco.

• Divulgar email de contato para sugestões, dúvidas, interações, e direcionar

equipe para gestão deste canal;

• Esforço para implementar a ferramenta de comentários nas páginas.

E. Inflexibilidade na arquitetura de informações

Page 109: Juliana de Oliveira Azeredo

109

• Usar newsletter para orientações de navegação, a fim de tornar clara todas as

seções e menus do site, aproximando o usuário da ferramenta para que ele

possa encontrar rapidamente o que procura.

F. Baixa frequência no acesso ao portal

• Utilizar, de forma combinada, outros “Ba” para discutir sobre o portal, suas

vantagens e objetivos;

• Criar campanhas de envolvimento com colaborador, que ele tenha que

acessar o portal para participar da campanha;

• Fazer trabalho direto com gestores funcionais e operacionais sobre

importância da ferramenta e deixar claro que todas as informações da

empresa estão sendo direcionadas para o site;

• Implementar a ferramenta de comentários nas páginas.

G. Input de conteúdo realizado somente pela área de Comunicação Interna

• Criar seções que possam ter informações criadas por colaboradores, como

banco de trabalhos acadêmicos, notícias pessoais (formaturas, nascimentos),

receitas (a fim de gerar interação e interesse pela ferramenta), banco de

artigos selecionados por colaboradores para dividir com colegas; mesmo que

a Comunicação Interna faça upload no sistema;

• Verificar com área técnica do software possibilidade de usuários com menor

nível de complexidade, que possam gerenciar as páginas de conteúdo com

componentes mais simples, a fim de haver a possibilidade de mais pessoas

colocarem informação;

• Criar cronograma de atualização das áreas, onde elas se comprometam a

revisar o conteúdo que pertence a cada uma no site e passar atualizações, ao

invés da área de Comunicação Interna ir buscar atualização.

H. Gaps entre expectativa da empresa e percepção do s colaboradores

Page 110: Juliana de Oliveira Azeredo

110

• Incentivar, no contexto organizacional, as cinco condições do conhecimento

trazidas por Nonaka e Takeuchi (1997). Para tal, talvez seja necessário a

análise de outras, a fim de entrar na especificidade do posicionamento da

empresa e comportamento do colaborador.

I. Gerenciar informações estratégicas, mas de inter esse dos usuários

• Aumentar participação das pessoas, incentivando elas a usarem o canal por

email para dar sugestões de informações que elas gostariam de ver na

Sodexo_Net;

• Aplicação de pesquisas curtas de satisfação, questionamento sobre

campanhas e conteúdos veiculados, pedir sugestões de matérias;

• Esforço para implementar a ferramenta de comentários nas páginas.

J. Lacuna na dimensão de aprendizagem

• Divulgar, via newsletter, usando metalinguagem, sobre as oportunidades de

adquirir novos conhecimentos pelo portal;

• Criar seções que estejam ligadas à percepção de aprendizagem dos usuários,

como biblioteca de manuais, ou “Aprenda aqui como...” fazer tal coisa e

demonstrar passo a passo de qualquer processo interno.

L. Lacuna na dimensão relacionamento

• Esforço para implementar a ferramenta de comentários nas páginas;

• Aumentar participação das pessoas, incentivando elas a usarem o canal por

email para dar sugestões de informações que elas gostariam de ver na

Sodexo_Net;

• Criar seções que possam ter informações criadas por colaboradores, como

banco de trabalhos acadêmicos, notícias pessoais (formaturas, nascimentos),

receitas (a fim de gerar interação e interesse pela ferramenta), banco de

artigos selecionados por colaboradores para dividir com colegas; mesmo

Comunicação Interna faça upload no sistema;

Page 111: Juliana de Oliveira Azeredo

111

• Criar campanhas de envolvimento com colaborador, que ele tenha que

acessar o portal para participar da campanha.

Como indicado anteriormente, as melhorias propostas visam melhorar e

corrigir as lacunas apresentadas neste estudo de caso em específico, a partir da

análise de dados realizada do cenário da empresa e site neste momento. Um

processo de melhoria contínua e revisão das ações de um projeto como este deve

ser constante, fim de que a ferramenta atenda seus objetivos e dê resultados para a

organização.

Page 112: Juliana de Oliveira Azeredo

112

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O competitivo meio corporativo motiva a busca por diferentes formas de

vantagens competitivas, diminuição dos custos operacionais e maior receita. No

início da indústria era a padronização, com a competitividade nasceu a necessidade

pela qualidade no produto, passamos pela era da tecnologia, da comunicação, da

inovação. Em nenhuma está evidenciada, mas em todas estas as pessoas

permeiam o sucesso da competitividade da empresa. Ao que apresenta, o

conhecimento e a competência das pessoas que estão nesta empresa são a

verdadeira vantagem competitiva.

Para implementarmos um plano estratégico organizacional, para criar

conhecimento dentro da empresa e para termos portais internos funcionando de

acordo com seus objetivos, precisamos de pessoas. E quando as empresas têm de

lidar com as pessoas, não há processos padrões, ferramentas tecnológicas ou

planos estratégicos que garantem o sucesso. Então, a área de comunicação - até

então vista como somente um processo de suporte dentro das organizações, surgiu

com o objetivo de fazer este papel diplomático entre o que a empresa quer e o que

os colaboradores esperam.

Esta foi a principal motivação do desenvolvimento deste estudo. Avaliar uma

ferramenta de comunicação interna, comumente tratada como um canal de suporte,

a ser vista como um instrumento estratégico na organização, que apoia a

implementação do planejamento estratégico da empresa e colabora na criação do

conhecimento organizacional.

Com base da pesquisa bibliográfica, conclui-se que a gestão do

conhecimento tem seu processo iniciado no indivíduo na pessoa, e a principal

vantagem competitiva desta gestão está na capacidade da empresa de se relacionar

com este indivíduo para criar, disseminar, motivar e utilizar este conhecimento para

atingir seus objetivos. Um ambiente propício para tal e condições favorecidas pela

empresa colaboram nesta capacidade, e por consequência, na criação e gestão do

conhecimento organizacional. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; 2004)

Neste cenário, os portais se apresentam como ferramentas integradoras

deste conhecimento, com capacidade de apoiar em todas as ações de gestão

Page 113: Juliana de Oliveira Azeredo

113

citadas acima, além de integrar pessoas e facilitar o relacionamento da empresa

com elas e entre elas mesmas.

A Sodexo|Puras encontra-se em um período de integração de pessoas,

gestão, conhecimento e estratégia. O apoio de uma ferramenta que cumpre este

papel seria fundamental, se não houvesse algumas lacunas no seu manejo e uso

diário.

Este trabalho se propôs a analisar o papel do portal corporativo Sodexo_Net

no suporte à implementação da estratégia da empresa e sua contribuição na

conversão do conhecimento organizacional da Sodexo|Puras e a verificar três

objetivos específicos, que serão considerados a seguir.

No que tange o objetivo de analisar como o portal é compreendido na

comunicação e implementação de sua estratégia global e local, conclui-se que a

ferramenta tem condições de apoiar este processo, entretanto, o conteúdo

observado veiculado não atende à demanda. É necessário internamente entender

que tipo de conteúdo deve ser disseminado para que tipo de grupo, e então planejar

sua divulgação na Sodexo_Net com uma intenção clara para este propósito, que é

comunicar e implantar a estratégia da empresa. Devido a outras lacunas observadas

como o desalinhamento na percepção dos diferentes grupos em relação ao

conteúdo estratégico do portal e a baixa adesão à ferramenta, se faz necessário

trabalhar em conjunto com outras ações motivacionais que reforçam a ferramenta e

seu papel na estratégia.

Em relação aos modos de conversão existentes no portal, concluí-se que

todos estão presentes, garantindo o ciclo da espiral do conhecimento. Entretanto,

em alguns momentos este ciclo não é contínuo, pela fraca representatividade de

alguns modos de conversão do conhecimento, como a Socialização, que é

prejudicada pela falta de interatividade entre os indivíduos e por limitações técnicas

do software que não permitem funcionalidades de relacionamento direto. Ainda,

notou-se que a maiorias das condições para promoção da espiral não estão

presentes, prejudicando o ciclo e a conversão do conhecimento, que tem pleno

potencial para acontecer.

A presença, por mais que falha, de todos os modos de conversão do

conhecimento, e a frequência da condição Intenção (NONAKA e TAKEUCHI, 1997)

no processo de criação do conhecimento pelo portal, ratifica a capacidade da

ferramenta para cumprir este objetivo. Entretanto, o uso formal das teorias de gestão

Page 114: Juliana de Oliveira Azeredo

114

e conversão do conhecimento apresentadas neste trabalho poderiam potencializar a

eficácia deste importante canal interno.

Tratando-se da percepção dos colaboradores em relação às diferentes

dimensões do conhecimento no contexto da gestão corporativa, considera-se que há

uma lacuna entre o que a empresa acredita estar comunicando e o que é percebido

pelos usuários. Das seis dimensões propostas pelo estudo, somente três foram

identificadas pelos colaboradores, são elas: comunicação/informação, processos e

estratégia. As dimensões cultura, relacionamento e aprendizagem não são

claramente vistas como presentes no portal. Conforme as falas dos executivos e

documentos sobre a Sodexo_Net disponibilizados pela empresa, há a intenção

destas dimensões estarem presentes traduzidas em conhecimento, entretanto, falta

aqui novamente as condições para tal acontecerem.

5.1 IMPLICAÇÕES DO ESTUDO

Ao final desta pesquisa, os resultados permitem analisar a participação de um

portal interno de comunicação na implementação da estratégia de uma empresa e

na gestão do conhecimento da mesma, trazendo uma visão mais abrangente para o

papel deste canal de comunicação dentro de uma organização.

O estudo traz implicações para a empresa estudada e seu referencial teórico

pode ser replicado em diferentes organizações, de diferentes setores, que contam

com o mesmo instrumento interno.

Ainda, o trabalho mostra a participação do portal respondendo aos objetivos

propostos, partindo do modelo de conversão do conhecimento de Nonaka e

Takeuchi (1997), amplamente conceituado no capítulo 3 e aplicado no capítulo 4.

Esta verificação possibilita que o caso pode ser usado como um benchmarking por

outras empresas e pela academia, e principalmente seja referência a outros países

do Grupo Sodexo que também tenham a Sodexo_Net implantada.

Para a Sodexo|Puras este estudo serve como uma análise corretiva para o

segundo ano de utilização do portal. As conclusões e análises geradas na pesquisa

podem contribuir para a empresa gerenciar de forma mais eficaz o papel da sua

intranet, atingindo os objetivos estabelecidos pelos seus gestores e tornando-se uma

ferramenta eficiente na comunicação da estratégia da empresa.

Page 115: Juliana de Oliveira Azeredo

115

Para a academia, há aqui uma conexão entre uma ferramenta tecnológica da

área da comunicação sendo conceituada e utilizada como estudo no campo da

gestão, elevando o referencial teórico deste tripé que une o conhecimento, a gestão

e a comunicação.

5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Durante a realização desta dissertação ocorreram atrasos na disponibilização

de informações formais para utilização por parte da empresa, gerando uma demora

na conclusão do trabalho. Devido ao momento que a empresa vive e o envolvimento

dos seus executivos na gestão da empresa, o acesso a este grupo também foi

limitado, restringindo a entrevista semiestruturada a somente um representante

chave de cada área.

Ainda, o baixo acesso ao portal pelos seus usuários também limitou a

amostra dos respondentes do questionário estruturado aplicado pela ferramenta,

ficando dentro do limite aceitável, impedindo a aplicação de outros possíveis testes

estatísticos para complementar a análise.

Os resultados deste estudo não podem ser generalizados, pois, conforme a

delimitação da proposta inicial de estudo de caso único, são relativos a esta

empresa e a esta ferramenta utilizada. Todavia, com adaptações necessárias,

podem servir como base para uma aplicação semelhante.

5.3 INDICAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Após a conclusão deste estudo, sugere-se o aprofundamento da pesquisa

sobre conversão do conhecimento em outras ações internas, principalmente na

empresa estudada relacionando a possível colaboração entre a ferramenta estudada

e outros “Ba” (NONAKA; TAKEUCHI, 2004) dentro da organização.

Sugere-se ainda um estudo sobre as diversas ferramentas da comunicação

interna e sua participação na implementação da estratégia de uma empresa e na

criação do conhecimento organizacional.

Page 116: Juliana de Oliveira Azeredo

116

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ALAVI, M.; LEIDNER, D.E. Review: knowledge management and knowledge management systems: conceptual foundations and rese arch issues . MIS Quartely, v. 25, n. 1, 2001, p. 107- 137. BALESTRIN, Alsones. VERSCHOORE, Jorge. Redes de cooperação empresarial: estratégias de gestão na nova economia . Porto Alegre: Bookman, 2008. BALESTRIN, Alsones. VARGAS, Lilia Maria. FAYARD, Pierre. Criação de conhecimento nas redes de cooperação interorganizac ional . RAE – Revista de Administração de Empresas. Vol. 45, núm 3 – julho à setembro. São Paulo: FGV, 2005. p. 52-64. BARROS, Aidil de Jesus Paes de. Projeto de pesquisa : propostas metodológicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BITENCOURT, Claudia Cristina. Gestão Contemporânea de Pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais . Porto Alegre: Bookman, 2004, p.17 – 29. BOGHI, Cláudio. SHITSUKA, Ricardo. Sistemas de informação: um enfoque dinâmico . São Paulo: Érica, 2002. BUKOWITZ, Wendi R. WILLIAMS, Ruth L. Manual de Gestão do Conhecimento . Porto Alegre: Bookman, 2002. COLOMBO, Sonia Simões (et. al). Gestão educacional: uma nova visão . Porto Alegre: Artmed, 2004. COSTA, Daniel. Endomarketing Inteligente . Porto Alegre: Dublinense, 2010. DAHLMAN, C. (6-9 Maio 2002). Brazil and The Knowledge Based Economy . XIV Fórum Nacional: O Brasil e a Economia do Conhecimento. Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE) e BNDES. Rio de Janeiro, Brasil. DAMSGAARD, Jan; SCHEEPERS, Rens. Managing the crises in intranet implementation: a stage model . Information Systems Journal, 2000. DAVENPORT, Thomas H. Missão crítica: obtendo vantagem competitiva com os sistemas de gestão empresarial . Porto Alegre: Bookman, 2002. DAVENPORT, T.H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial : como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. FAUL, F., ERDFELDER, E., LANG, A.-G., & BUCHNER, A. (2007). G*Power 3: A flexible statistical power analysis program for the social, behavioral, and biomedical sciences . Behavior Research Methods, 39, 175-191.

Page 117: Juliana de Oliveira Azeredo

117

FLEURY, Maria Tereza L (org.). As pessoas na organização . São Paulo: Editora Gente, 2002. GEORGE, David. The evolution of intranets : an evaluation of change, implementation strategy and roles in organisations deploying intranets. University of Central Lancashire, nov. 2002. Disponível em: < http://www.livewiredg.myby.co.uk/portfolio/Resources/Mini-paper.pdf>. Acesso em 25 de maio de 2013. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa . São Paulo: Atlas, 2005. GILBERT, Linda. S. Intranets for learning and performance support. New Directions for Adult and Continuing Education , n. 78, Summer 1998. HAIR, Joseph. F. Análise multivariada dos dados . Porto Alegre: Bookman, 2005. KAPLAN, Robert S. NORTON, David P. A execução premium . Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. KLUYVER, Cornelis A. PEARCE II, John A. Estratégia: uma visão executiva . São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LIBERT, Barry. SPECTOR, Jon. Nós somos mais inteligentes do que eu: como utilizar o poder das redes colaborativas nos seus n egócios . Porto Alegre: Bookman, 2009. MINAYO, M.C. de S. (Org..). Pesquisa social : teoria, método e criatividade. 22. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. MINTZBERG, Henry. AHLSTRAND, Bruce. LAMPEL, Joseph. Safári da Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico . Porto Alegre: Bookman, 2000. MINTZBERG, Henry. LAMPEL, Joseph. QUINN, James B. GHOSHAL, Sumantra. O processo da estratégia: conceitos, contextos e caso s selecionados . Porto Alegre: Bookman, 2003. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo . Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. NEWELL, S.; SCARBROUGH, H; SWAN, J. From global knowledge management to internal electronic fences: contradictory outcom es from intranet development . British Journal of Management, v. 12, 2001, p. 97-111. NONAKA, Ikujito. TAKEUCHI, Hirotaka. A criação de conhecimento na empresa . Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. NONAKA, Ikujito. TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de conhecimento . Porto Alegre: Bookman, 2004.

Page 118: Juliana de Oliveira Azeredo

118

PINHO, José Benedito. O jornalismo na internet . São Paulo: Summus, 2003. POLANYI, M. The Tacit Dimension . The University of Chicago Press: London, 1966. Reimpressão 2009. 108 p. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior . Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. PROBST, Gilbert F. B. Practical Knowledage Management: A Model That Works . Prism/Second Quarter, 1998. ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projeto de estágio e de pesquisa em administração : guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudo de caso. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. ROSINI, Alessandro M. PALMISANO, Angelo. Administração de Sistemas de Informação e gestão do conhecimento . São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003. SANTOS, Armando Cuesta. Gestão do conhecimento, da organização que aprende e de competências: a era digital . Revista de Administração, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 77-83, jan./fev./mar. 2003. SENGE, Peter. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende . Rio de Janeiro: Bestseller, 2006. SIEGEL, Sidney. Estatística não paramétrica para as ciências do comportamento . São Paulo: McGraw-Hill, 1995. SIQUEIRA, Marcelo Costa. Gestão Estratégica da Informação . Rio de Janeiro: Brasport, 2005. SOTO, Eduardo. Comportamento organizacional: o impacto das emoções . São Paulo: Thomson, 2009. TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: como os jovens que cresc eram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos . Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010. TEIXEIRA FILHO, J. Gerenciando conhecimento: como a empresa pode usar a memória organizacional e a inteligência competitiva no desenvolvimento de negócios. Rio de Janeiro: Ed. SENAC, 2000. TERRA, José Cláudio Cyrineu e GORDON, Cindy. Portais Corporativos: A revolução na gestão do conhecimento . São Paulo: Elsevier Editora, 2002. TOLEDO, Aline Maria. Portais Corporativos: uma ferramenta estratégica de apoio à gestão do conhecimento. Escola de Engenharia do Rio de Janeiro, 2002.

Page 119: Juliana de Oliveira Azeredo

119

TUBAN, Efraim; MCLEAN, Ephraim; WETHERBE, James. Tecnologia da Informação para Gestão . Porto Alegre: Bookman, 2002. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos . Porto Alegre: Bookman, 2010. WRIGHT, Peter. KROLL, Mark J. PARNELL, John. Administração estratégica: conceitos . São Paulo: Atlas, 2007. VAAST, Emmanuelle. Intranets in french firms: evolutions and revolutions. Information Research , 2001. Disponível em: <http://InformationR.net/ir/6-4/paper109.html>. Acesso em: 2 de junho de 2013. SODEXO. Starter up Kit Sodexo_Net . 2013. SODEXO_NET. Disponível em: <HTTPS://br.sodexonet.com>. Acessado entre 20 novembro de 2012 e 10 de julho de 2013. SODEXO|PURAS. Release preparado pela empresa para imprensa. Setembro de 2011. Tridion. Website . Informações disponíveis em https://sdltridionworld.com/ e http://www.sdl.com/, acessadas em 25 de maio de 2013.

Page 120: Juliana de Oliveira Azeredo

120

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM DIRETOR

DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA SODEXO|PURAS

1) Verificar quais principais aspectos da estratégia da empresa têm participação

direta da Operação e que a empresa tem interesse que seja comunicada.

Verificar se é possível dividir estes aspectos em Gestores Operacionais e

Funcionais.

2) Verificar como se dá a construção do mapa estratégico:

• Que tipo de informações internas são levadas em consideração para a

elaboração

• Como são coletadas

• O que disto a empresa deseja que estivesse presente nos comunicação e

chegasse até a Operação

3) Identificar quais ferramentas são usadas na implementação da estratégia

4) Identificar quais métodos de acompanhamento e análise são usados na

implementação

5) Questionar:

• No seu entendimento, como o portal corporativo pode

facilitar/permitir/viabilizar a implementação da estratégia?

• Identificar como a ferramenta poderia organizar o conhecimento estruturado

de uma forma que se apresente em práticas

• Questionar como o respondente enxerga o processo de conversão do

conhecimento via esta ferramenta

6) Questionar:

• Gostaria de dizer alguma coisa a mais?

• Há algum posicionamento que não foi questionado e gostaria de acrescentar?

Page 121: Juliana de Oliveira Azeredo

121

APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM

GERENTE DE COMUNICAÇÃO DA SODEXO|PURAS

1. Questionar sobre o objetivo local da implantação da Sodexo_Net no Brasil

2. Identificar os aspectos da implantação e da manutenção da intranet no Brasil

conflitantes com a perspectiva global do uso da ferramenta

3. Questionar: no seu entendimento, como o portal corporativo vai

facilitar/permitir/viabilizar a organização do conhecimento estruturado de uma

forma que se apresente em práticas dos colaboradores usuários?

4. Identificar a compreensão do entrevistado sobre a maneira como ferramenta foi

implantada e está sendo trabalhada hoje apoia a implementação da estratégia

da empresa

5. Identificar a percepção do entrevistado sobre os principais aspectos a melhorar

no gerenciamento do conhecimento via Sodexo_Net

6. Questionar:

• Gostaria de dizer alguma coisa a mais?

• Há algum posicionamento que não foi questionado e gostaria de acrescentar?

Page 122: Juliana de Oliveira Azeredo

122

APÊNDICE III – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURAD A COM

GERENTE MUNDIAL DA SODEXO_NET

A executiva é de origem francesa e trabalha na matriz da empresa, em Paris. Por

esta razão, o roteiro tomou a forma de um questionário elaborado na língua inglesa.

1. What is the main goal implementing the Sodexo_Net in 50 countries globally?

2. What are the main concerns in local implementations?

3. In your understanding, how Sodexo_Net will be able to organize a structured

knowledge in a way that presents itself in practices of the employees (users)?

4. Is there, some point of the Sodexo_Net, a straight link with the strategic planning

of the Group? If there is, where is it specifically?

5. How do you this Sodexo_Net could be locally developed to improve strategic

planning implementation?

6. Any more comments you would like to add?

Page 123: Juliana de Oliveira Azeredo

123

APÊNDICE IV – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO COM RESPOSTA S

FECHADAS E ESCALA LIKERT DE 5 PONTOS, APLICADO AOS USUÁRIOS

DO PORTAL.

Prezado Colaborador, Estamos em constante processo de melhoria da Sodexo_Net Brasil, intranet da Sodexo|Puras destinada ao público interno. A fim de trabalhar para que a nossa intranet atenda às necessidades dos colaboradores e da empresa, solicitamos o preenchimento do questionário abaixo. Você deve sinalizar marcando com um X, na escala à direita, seu grau de concordância à afirmação realizada em relação ao portal interno.

PERFIL ( ) Colaborador Time Operação ( ) Colaborador Time de Suporte ( ) Gerente Operacional ( ) Gerente Funcional

A Sodexo_Net Brasil:

Dis

cord

o to

talm

ente

Dis

cord

o

Indi

fere

nte

Con

cord

o

Con

cord

o to

talm

ente

Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores

Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil

Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva

É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia

Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara

É ferramenta de melhoria de comunicação interna

Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning

Agiliza a solução de problemas

Aumenta o alinhamento organizacional

Melhora a colaboração entre os departamentos

Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores

Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos

Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo

Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local

Fonte: elaborado pela autora

Page 124: Juliana de Oliveira Azeredo

124

APÊNDICE V - TESTE DE NORMALIDADE KOLMOGOROV-SMIRNO V

Kolmogorov-Smirnova

Estatística df Sig.

Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

,374 94 ,000

É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

,419 94 ,000

Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores ,394 94 ,000

Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

,403 94 ,000

Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil ,432 94 ,000

Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

,371 94 ,000

Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva ,431 94 ,000

É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia ,366 94 ,000

Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara ,413 94 ,000

É ferramenta de melhoria de comunicação interna ,402 94 ,000

Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning ,396 94 ,000

Agiliza a solução de problemas ,288 94 ,000

Aumenta o alinhamento organizacional ,410 94 ,000

Melhora a colaboração entre os departamentos ,282 94 ,000

Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores ,369 94 ,000

Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos ,395 94 ,000

Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

,378 94 ,000

Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local ,429 94 ,000

a. Lilliefors Significance Correction Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 125: Juliana de Oliveira Azeredo

125

APÊNDICE VI – QUADRO TÁTICO

Quadro 11: Dimensões e formas de conversão do conhecimento X ações táticas BSC

FOCO EM CONHECIMENTO TÁCITO FOCO EM CONHECIMENTO EXPLÍCITO

OBJ. DO BSC / PLANEJAM.

ESTRATÉGICO

AÇÃO DO BSC PLANEJAMENTO TÁTICO

DIMENSÃO

CONHECIMENT

O

FORMA DE CONVERSÃ

O DE CONHECIMENTO NA

EXECUÇÃO DA AÇÃO

FORMA DE CONVERSÃ

O DE CONHECIME

NTO DESEJADA

AÇÃO DO BSC PLANEJAMENTO TÁTICO

DIMENSÃO

CONHECIMENT

O

FORMA DE CONVERSÃ

O DE CONHECIMENTO NA

EXECUÇÃO DA AÇÃO

FORMA DE CONVERSÃ

O DE CONHECIM

ENTO DESEJADA

FINANCEIRO

Ser líder mundial em Serviços de

Qualidade de Vida

Página especial para divulgação da estratégia da empresa - de forma clara e completa, para facilitar navegação nos diferentes itens da estratégica e facilitar entendimento

1, 2 C C

Divulgar pesquisa de market share anualmente 1 C C 7% de

crescimento anual

Divulgação semestral dos indicadores de crescimento comparados ao marketshare (informação já traduzida para Operação - forma clara)

1 C C

Foco nos custos das unidades

Disponibilizar ferramentas de controles financeiros com orientações para uso das unidades

3, 4 C I

Frequentes matérias com depoimentos de gerentes operacionais que conseguiram diminuir os custos de sua unidade - buscar cases práticos, para inspirar outros Gerentes da possibilidade de ação na unidade

1, 2 E I

11% de crescimento de

receita operacional/ano

Divulgação mensal dos indicadores com impacto direto no crescimento, junto com ações do plano de crescimento, para que colaboradores possam acompanhar o crescimento da empresa

1 C C

CLIENTES

Oferecer serviços de

qualidade de vida

Veiculação de dicas de atendimento - informações que apoiem operação na execução dos serviços

2, 5 E I Treinamentos de atendimento ao consumidor 3, 5 E I

Veiculação de campanhas com conceito de qualidade de vida, para colaborador experimentar ideia

1, 2 C I

Veicular informações de mercado (clipping de mídia) sobre tendências e necessidades das empresas neste foco, para que Operação internalize o conceito para melhor atender ao cliente

1, 2 C C

Marca conhecida,

amada e querida

Disponibilização de ferramentas como: guia da Marca, aplicação, modelos de documentos padrão, arquivos de logos e templates pré-formatados

2, 4, 5 C I

Página especial dedicada à proposta de valor ao cliente, para deixar claro à operação o que a empresa quer que seja entregue

1, 2 C I

Divulgar ações de sustentabilidade com posicionamento de valor agregado, para que colaboradores entendam a vantagem destas ações para todos os públicos da empresa

2 C C

Divulgação de proposta estratégica da marca, política de aplicação e uso da mesma com instruções de posicionamento

2 C C Calendário de campanhas e ações externas divulgado para conhecimento de todos 1, 5 C C

Desenvolver uma proposta de valor por segmento

Guia do posicionamento por segmento: como agir, o que falar, como atender

2, 3, 5 C I

Ter arquitetura de informações por segmento, conteúdos divididos por segmentos, para que as equipes atuantes por segmentos possam ter aprendizado focado

1, 2, 4 C C

Construir e alavancar

capacidades de marketing

Fortalecer informações adaptando linguagem da aba 'comunicação e marca', gerando conteúdo claro para que o gestor e colaborador possa entender e se aponderar da informação facilmente

1 C I

Divulgar pesquisas de mercado e pesquisas de marca, com orientações de onde a empresa quer chegar

1, 2 C C

Eficaz e eficientemente

atender a clientes

internacionais

Disponibilizar informações chave sobre clientes para conhecimento da equipe que atende 1, 5 S S

Divulgar cases sobre atendimento de clientes internacionais, com depoimentos. Conteúdo vindo do comitê de relacionamento com o cliente, para que colaboradores entendam a dimensão da empresa e o foco de ação

1, 2 E I

Disponibilizar lista de clientes internacionais e países onde eles são atendidos, para melhor entendimento da dimensão global

1, 2 C C

Conhecimento dos mercados que atuamos

Quizz de pesquisa nas unidades 3, 4 E I Veiculação de notícias da mídia dos principais

clientes, para entendimento do cenário do cliente

1, 2 C I PROCESSOS

Alinhar negócios do Grupo com

filiais e desenvolver

ambição (missão)

Disponibilização de ferramentas padrão aplicáveis em qualquer cultura organizacional 1, 4 C I

Criação de fórum para Equipes de Desenvolvimento de Produto nos países 1, 3 C S

Manter páginas atualizadas para fonte de consulta constante 1, 4 C C Divulgação de ações, campanhas e notícias do grupo - alinhando com atividade local, para facilitar entendimento da estratégia global e ação local

1, 2 C C

Melhorar Disponibilização de ferramentas de controle, qualidade e gestão + treinamentos 3, 4, C I

Page 126: Juliana de Oliveira Azeredo

inovadoras e padronizadas

Criar grupos de discussão por segmentos para troca de melhores práticas

Alavancar uso da tecnologia e

informações

Disponibilizar todos os links dos sistemas da empresa

Para cada sistema de tecnologia, disponibilizar um manual de uso e um passo a passo prático 3, 4 C I

Desenvolver plataformas de

expertise padronizadas

Guia de serviços padronizados por cliente - por segmento, para que a operação tenha um padrão na prestação do serviço ao cliente e tenha conhecimento de como fazê-lo

2, 3 C I

Divulgar matéria com similaridades no atendimento a clientes do mesmo segmento fazer levantamento interno com áreas, para que unidades possam se espelhar no que já está sendo feito Disponibilizar ferramentas de atendimento padronizadas para operações - por segmento, para que o grupo de colaboradores de cada segmento tenha acesso direto às ferramentas desenvolvidas para eles

Adaptar a organização

para implementar

serviços integrados

Adaptar linguagem da informação, sempre tratando dos serviços que a empresa oferece como integrados

1 Não é modo de conversão de conhecimento

Notícias de clientes para Gerentes de Unidade perceberem oportunidade de venda integrada de serviço

1 C I

Incentivo a pesquisa e

projetos que lancem

iniciativas realizáveis em 3

anos

Criação de Banco de ideias internas (campanha organizada com premiação)Apresentação de possibilidades de pesquisas que contribuam com a empresa

Divulgação de ações com resultados factíveis a partir de projetos implantados

APRENDIZAGEM

Ter maior nível de engajamento interno do setor

Veiculação de campanhas de engajamento 1 C I Realizar pesquisas de satisfação com temas específicos 4 E E Criação de email para canal de comunicação de operação com alta gerência 4 E E Usar notícias de valorização de ações internas realizadas por grupos, áreas ou unidades como exemplo de engajamento.

1 C I

Promoção de ações de retenção e premiações

Permitir que líderes

mundiais lidem com

oportunidades estratégicas

Criação ferramenta "Oportunidade estratégica" - explanação direta para o gestor operacional (Gerente de Unidade) do que pode ser estratégico para ele trabalhar com sua equipe. Veicular ferramenta nas divulgações de campanha, promoções, notícias, etc.

1, 2 C I

Treinamentos específicos com testes de conhecimento registrados (quizz) 3 C I

Ter página especial para divulgação da estratégia da empresa - de forma clara e completa, apresentando os papéis de cada um nas ações Criação de grupos de trabalho com líderes para falar de best practices - divididos por áreas. Cada área elege assuntos relacionados à estratégia para discução.

Fortalecer capacidades

internas

Criação de grupos de trabalho ou grupos de discussão com colaboradores mundiais empapeis de governança/gestão do grupo para discussão de tema pré-definido. Colaboradores que participam de treinamentos externos fazerem resumos de treinamentos com outputs importantes e disponibilizar no portal

Atas de fóruns e grupos de discussão/trabalho ficam registradas na rede

Desenvolver conhecimento

gerencial e compartilhar

Cases de como gestores operacionais lidaram com desafios, para outros gerentes terem como exemplo

1 E I

Informações e artigos de RH sobre gestão e liderança, para reflexão dos gestores 1 C I Fóruns de discussão para gestores, organizados por tema e com moderador da 1, 3 S S

Page 127: Juliana de Oliveira Azeredo
Page 128: Juliana de Oliveira Azeredo

128

APÊNDICE VII – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DO QUESTION ÁRIO

QUANTITATIVO

Tabela 5: Estatísticas descritivas de todos os respondentes

Estatística Erro padrão

Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

Média 3,95 ,065 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,82

Limite superior 4,08

5% da média aparada 3,98

Mediana 4,00

Variância ,395

Desvio padrão ,628

Mínimo 2

Máximo 5

É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

Média 3,83 ,078 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,67

Limite superior 3,98

5% da média aparada 3,87

Mediana 4,00

Variância ,573

Desvio padrão ,757

Mínimo 2

Máximo 5

Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores

Média 4,00 ,076 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,85

Limite superior 4,15

5% da média aparada 4,07

Mediana 4,00

Variância ,538

Desvio padrão ,733

Mínimo 1

Máximo 5

Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

Média 3,90 ,076 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,75

Limite superior 4,05

5% da média aparada 3,97

Mediana 4,00

Variância ,539

Desvio padrão ,734

Mínimo 1

Máximo 5

Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil

Média 3,84 ,071 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,70

Limite superior 3,98

5% da média aparada 3,90

Mediana 4,00

Variância ,480

Desvio padrão ,693

Mínimo 1

Máximo 5

Oportuniza integração de colaboradores de ambas

Média 3,70 ,088 Intervalo de confiança Limite inferior 3,53

Page 129: Juliana de Oliveira Azeredo

129

origens Sodexo e Puras de 95% para média Limite superior 3,88

5% da média aparada 3,74

Mediana 4,00

Variância ,728

Desvio padrão ,853

Mínimo 1

Máximo 5

Comunica a estratégia da empresa de forma objetiva

Média 3,69 ,093 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,51

Limite superior 3,88

5% da média aparada 3,76

Mediana 4,00

Variância ,818

Desvio padrão ,904

Mínimo 1

Máximo 5

É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia

Média 3,69 ,087 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,52

Limite superior 3,86

5% da média aparada 3,71

Mediana 4,00

Variância ,710 Desvio padrão ,843 Mínimo 2 Máximo 5

Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara

Média 3,48 ,102 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,28 Limite superior 3,68

5% da média aparada 3,50 Mediana 4,00 Variância ,983 Desvio padrão ,992

Mínimo 1

Máximo 5

É ferramenta de melhoria de comunicação interna

Média 4,02 ,066 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,89

Limite superior 4,15

5% da média aparada 4,08

Mediana 4,00

Variância ,408

Desvio padrão ,639

Mínimo 2

Máximo 5

Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning

Média 3,68 ,085 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,51

Limite superior 3,85

5% da média aparada 3,71

Mediana 4,00

Variância ,671

Desvio padrão ,819

Mínimo 1

Máximo 5

Agiliza a solução de problemas

Média 3,17 ,102 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 2,97

Limite superior 3,37

5% da média aparada 3,19

Mediana 3,00

Variância ,981

Page 130: Juliana de Oliveira Azeredo

130

Desvio padrão ,991

Mínimo 1

Máximo 5

Aumenta o alinhamento organizacional

Média 3,72 ,072 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,58

Limite superior 3,87

5% da média aparada 3,75

Mediana 4,00

Variância ,482

Desvio padrão ,694

Mínimo 2

Máximo 5

Melhora a colaboração entre os departamentos

Média 3,38 ,086 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,21

Limite superior 3,55

5% da média aparada 3,39

Mediana 4,00

Variância ,690

Desvio padrão ,831

Mínimo 1

Máximo 5

Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores

Média 3,59 ,078 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,43

Limite superior 3,74

5% da média aparada 3,60

Mediana 4,00

Variância ,568

Desvio padrão ,754

Mínimo 2

Máximo 5

Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos

Média 3,95 ,065 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,82

Limite superior 4,08

5% da média aparada 3,99

Mediana 4,00

Variância ,395

Desvio padrão ,628

Mínimo 2

Máximo 5

Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

Média 3,88 ,069 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,75

Limite superior 4,02 5% da média aparada 3,92 Mediana 4,00 Variância ,449 Desvio padrão ,670 Mínimo 1 Máximo 5

Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local

Média 3,88 ,071 Intervalo de confiança de 95% para média

Limite inferior 3,74 Limite superior 4,02

5% da média aparada 3,94 Mediana 4,00

Variância ,470

Desvio padrão ,686

Mínimo 1

Máximo 5

Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 131: Juliana de Oliveira Azeredo

131

Tabela 6: Estatísticas descritivas por perfil de respondente

N Média Desvio padrão

Modelo padrão

Intervalo de confiança de 95% para média

Mínimo Máximo Limite inferior

Limite superior

Acelera o processo de formação da cultura organizacional única Sodexo|Puras

Colaborador Time Suporte 38 4,16 ,495 ,080 4,00 4,32 3 5 Colaborador Time Operacional 16 3,56 ,892 ,223 3,09 4,04 2 5 Gerente Funcional 17 3,94 ,659 ,160 3,60 4,28 2 5 Gerente Operacional 51 4,06 ,614 ,086 3,89 4,23 2 5 Total 122 4,01 ,649 ,059 3,89 4,12 2 5

É uma ferramenta interativa, onde a empresa também pode ter informações dos colaboradores

Colaborador Time Suporte 38 3,89 ,863 ,140 3,61 4,18 2 5 Colaborador Time Operacional 16 3,94 ,772 ,193 3,53 4,35 2 5 Gerente Funcional 17 3,76 ,752 ,182 3,38 4,15 2 5 Gerente Operacional 51 4,02 ,678 ,095 3,83 4,21 2 5 Total 122 3,93 ,758 ,069 3,80 4,07 2 5

Melhora a forma de apresentação de informações aos colaboradores

Colaborador Time Suporte 38 4,24 ,542 ,088 4,06 4,41 3 5 Colaborador Time Operacional 16 3,75 ,931 ,233 3,25 4,25 2 5 Gerente Funcional 17 4,00 ,612 ,149 3,69 4,31 3 5 Gerente Operacional 51 3,98 ,735 ,103 3,77 4,19 1 5 Total 122 4,03 ,703 ,064 3,91 4,16 1 5

Cria oportunidades de troca de experiência e melhores práticas intrasetoriais

Colaborador Time Suporte 38 3,89 ,727 ,118 3,66 4,13 1 5 Colaborador Time Operacional 16 4,00 ,632 ,158 3,66 4,34 2 5 Gerente Funcional 17 3,94 ,659 ,160 3,60 4,28 2 5 Gerente Operacional 51 3,98 ,860 ,120 3,74 4,22 1 5 Total 122 3,95 ,759 ,069 3,81 4,09 1 5

Reflete a maneira de trabalhar da organização no Brasil

Colaborador Time Suporte 38 3,79 ,777 ,126 3,53 4,04 1 5 Colaborador Time Operacional 15 3,80 ,941 ,243 3,28 4,32 1 5 Gerente Funcional 17 3,82 ,529 ,128 3,55 4,10 3 5 Gerente Operacional 51 3,90 ,640 ,090 3,72 4,08 1 5 Total 121 3,84 ,707 ,064 3,72 3,97 1 5

Oportuniza integração de colaboradores de ambas origens Sodexo e Puras

Colaborador Time Suporte 37 3,81 ,811 ,133 3,54 4,08 2 5 Colaborador Time Operacional 16 3,44 ,964 ,241 2,92 3,95 1 5 Gerente Funcional 17 3,59 1,004 ,243 3,07 4,10 1 5 Gerente Operacional 51 3,84 ,809 ,113 3,62 4,07 2 5 Total 121 3,74 ,861 ,078 3,59 3,90 1 5

Comunica a estratégia Colaborador Time Suporte 37 3,65 ,978 ,161 3,32 3,97 1 5

Page 132: Juliana de Oliveira Azeredo

132

da empresa de forma objetiva

Colaborador Time Operacional 16 3,94 ,854 ,213 3,48 4,39 1 5 Gerente Funcional 16 3,00 1,033 ,258 2,45 3,55 1 4 Gerente Operacional 49 4,02 ,433 ,062 3,90 4,14 2 5 Total 118 3,75 ,847 ,078 3,60 3,91 1 5

É utilizada como ferramenta de trabalho para o dia-a-dia

Colaborador Time Suporte 37 3,73 ,871 ,143 3,44 4,02 2 5 Colaborador Time Operacional 16 3,31 1,138 ,285 2,71 3,92 2 5 Gerente Funcional 17 3,59 ,939 ,228 3,11 4,07 2 5 Gerente Operacional 50 3,90 ,614 ,087 3,73 4,07 2 5 Total 120 3,73 ,840 ,077 3,57 3,88 2 5

Concentra todos os processos da empresa, de forma acessível e clara

Colaborador Time Suporte 38 3,42 1,081 ,175 3,07 3,78 1 5 Colaborador Time Operacional 16 3,13 1,025 ,256 2,58 3,67 2 4 Gerente Funcional 17 3,41 ,939 ,228 2,93 3,89 2 5 Gerente Operacional 51 3,76 ,790 ,111 3,54 3,99 1 5 Total 122 3,52 ,955 ,086 3,35 3,70 1 5

É ferramenta de melhoria de comunicação interna

Colaborador Time Suporte 38 4,16 ,594 ,096 3,96 4,35 2 5 Colaborador Time Operacional 16 4,00 ,632 ,158 3,66 4,34 2 5 Gerente Funcional 17 3,88 ,993 ,241 3,37 4,39 2 5 Gerente Operacional 49 4,06 ,517 ,074 3,91 4,21 2 5 Total 120 4,06 ,639 ,058 3,94 4,17 2 5

Oportuniza acesso a treinamentos e e-learning

Colaborador Time Suporte 38 3,61 ,916 ,149 3,30 3,91 1 5 Colaborador Time Operacional 16 3,44 ,892 ,223 2,96 3,91 2 4 Gerente Funcional 17 3,71 ,686 ,166 3,35 4,06 2 4 Gerente Operacional 51 3,80 ,722 ,101 3,60 4,01 2 5 Total 122 3,68 ,806 ,073 3,54 3,82 1 5

Agiliza a solução de problemas

Colaborador Time Suporte 37 3,24 ,925 ,152 2,93 3,55 2 5 Colaborador Time Operacional 16 3,25 ,931 ,233 2,75 3,75 2 4 Gerente Funcional 17 2,53 1,068 ,259 1,98 3,08 1 4 Gerente Operacional 49 3,37 ,951 ,136 3,09 3,64 1 5 Total 119 3,19 ,985 ,090 3,01 3,37 1 5

Aumenta o alinhamento organizacional

Colaborador Time Suporte 37 3,86 ,713 ,117 3,63 4,10 2 5 Colaborador Time Operacional 15 3,67 ,617 ,159 3,32 4,01 2 4 Gerente Funcional 17 3,71 ,686 ,166 3,35 4,06 2 5 Gerente Operacional 51 3,86 ,633 ,089 3,68 4,04 2 5 Total 120 3,82 ,661 ,060 3,70 3,94 2 5

Melhora a colaboração entre os departamentos

Colaborador Time Suporte 38 3,42 ,948 ,154 3,11 3,73 1 5 Colaborador Time Operacional 15 3,27 ,704 ,182 2,88 3,66 2 4 Gerente Funcional 16 3,19 ,834 ,209 2,74 3,63 2 5

Page 133: Juliana de Oliveira Azeredo

133

Gerente Operacional 50 3,52 ,762 ,108 3,30 3,74 2 5 Total 119 3,41 ,828 ,076 3,26 3,56 1 5

Acelera a integração e aprendizagem dos colaboradores

Colaborador Time Suporte 36 3,75 ,554 ,092 3,56 3,94 2 5 Colaborador Time Operacional 16 3,31 ,946 ,237 2,81 3,82 2 5 Gerente Funcional 15 3,73 ,884 ,228 3,24 4,22 2 5 Gerente Operacional 50 3,76 ,687 ,097 3,56 3,96 2 5 Total 117 3,69 ,725 ,067 3,56 3,83 2 5

Alinha a forma de trabalho do Grupo Sodexo, seus valores e objetivos

Colaborador Time Suporte 37 3,92 ,795 ,131 3,65 4,18 2 5 Colaborador Time Operacional 15 3,73 ,704 ,182 3,34 4,12 2 5 Gerente Funcional 17 3,88 ,697 ,169 3,52 4,24 2 5 Gerente Operacional 50 4,08 ,396 ,056 3,97 4,19 3 5 Total 119 3,96 ,630 ,058 3,84 4,07 2 5

Está padronizada com o modelo mundial apresentado pelo Grupo Sodexo

Colaborador Time Suporte 37 3,86 ,855 ,141 3,58 4,15 1 5 Colaborador Time Operacional 16 3,69 ,704 ,176 3,31 4,06 2 5 Gerente Funcional 17 3,88 ,600 ,146 3,57 4,19 3 5 Gerente Operacional 47 3,98 ,442 ,064 3,85 4,11 3 5 Total 117 3,89 ,654 ,060 3,77 4,01 1 5

Centraliza todas as informações da organização, em nível global e local

Colaborador Time Suporte 37 3,89 ,906 ,149 3,59 4,19 1 5 Colaborador Time Operacional 16 3,75 ,447 ,112 3,51 3,99 3 4 Gerente Funcional 17 3,76 ,752 ,182 3,38 4,15 2 5 Gerente Operacional 51 4,00 ,490 ,069 3,86 4,14 2 5 Total 121 3,90 ,676 ,061 3,78 4,02 1 5

Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 134: Juliana de Oliveira Azeredo

134

APÊNDICE VIII – RESULTADOS COMPLEMENTARES DA ANÁLIS E FATORIAL

Tabela 7: Testes de KMO e Bartlett

Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de amostragem. ,778

Teste de esfericidade de Bartlett Qui-quadrado aproximado 676,659

Graus de liberdade 153

Significância calculada ,000

Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 135: Juliana de Oliveira Azeredo

135

Tabela 8: Extração de Fatores

Componente

Valores próprios iniciais Somas de extração de carregamentos ao

quadrado Somas rotativas de carregamentos ao

quadrado

Total % de

variância % cumulativa Total % de

variância % cumulativa Total % de

variância % cumulativa 1 6,117 33,985 33,985 6,117 33,985 33,985 2,875 15,971 15,971 2 1,660 9,225 43,209 1,660 9,225 43,209 2,814 15,634 31,604 3 1,564 8,689 51,898 1,564 8,689 51,898 2,280 12,666 44,270 4 1,148 6,376 58,274 1,148 6,376 58,274 1,851 10,283 54,553 5 1,093 6,071 64,345 1,093 6,071 64,345 1,763 9,792 64,345 6 ,949 5,270 69,615 7 ,853 4,740 74,355 8 ,759 4,217 78,573 9 ,624 3,468 82,040 10 ,556 3,087 85,128 11 ,546 3,033 88,160 12 ,451 2,508 90,668 13 ,408 2,267 92,935 14 ,365 2,028 94,963 15 ,277 1,537 96,501 16 ,244 1,355 97,855 17 ,211 1,170 99,025 18 ,175 ,975 100,000 Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 136: Juliana de Oliveira Azeredo

136

Tabela 9: Matriz de correlações de Pearson das respostas ao questionário Q

01_C

UL

Q02

_RE

L

Q03

_IN

F

Q04

_AP

R

Q05

_CU

L

Q06

_RE

L

Q07

_ES

T

Q08

_PR

O

Q09

_PR

O

Q10

_IN

F

Q11

_AP

R

Q12

_PR

O

Q13

_ES

T

Q14

_RE

L

Q15

_AP

R

Q16

_CU

L

Q17

_ES

T

Q18

_IN

F

Q01_CUL 1 ,236** ,470** ,454** ,256** ,612** ,249** ,432** ,260** ,487** ,337** ,181* ,295** ,212* ,489** ,417** ,428** ,306**

Q02_REL ,236** 1 ,221* ,425** ,430** ,190* ,275** ,377** ,562** ,269** ,304** ,324** ,392** ,373** ,270** ,331** ,198* ,329**

Q03_INF ,470** ,221* 1 ,297** ,344** ,302** ,014 ,325** ,134 ,496** ,310** ,220* ,390** ,163 ,352** ,290** ,173 ,164

Q04_APR ,454** ,425** ,297** 1 ,326** ,349** ,352** ,172 ,389** ,298** ,258** ,353** ,381** ,407** ,384** ,295** ,085 ,364**

Q05_CUL ,256** ,430** ,344** ,326** 1 ,193* ,257** ,306** ,281** ,224* ,348** ,286** ,134 ,277** ,220* ,353** ,241** ,246**

Q06_REL ,612** ,190* ,302** ,349** ,193* 1 ,316** ,345** ,203* ,332** ,168 ,226* ,328** ,192* ,443** ,404** ,176 ,271**

Q07_EST ,249** ,275** ,014 ,352** ,257** ,316** 1 ,282** ,404** ,182 ,240** ,333** ,388** ,152 ,407** ,590** ,329** ,451**

Q08_PRO ,432** ,377** ,325** ,172 ,306** ,345** ,282** 1 ,305** ,310** ,361** ,311** ,254** ,359** ,419** ,426** ,467** ,193*

Q09_PRO ,260** ,562** ,134 ,389** ,281** ,203* ,404** ,305** 1 ,156 ,424** ,403** ,269** ,303** ,376** ,371** ,242** ,428**

Q10_INF ,487** ,269** ,496** ,298** ,224* ,332** ,182 ,310** ,156 1 ,150 ,326** ,424** ,364** ,427** ,347** ,302** ,188*

Q11_APR ,337** ,304** ,310** ,258** ,348** ,168 ,240** ,361** ,424** ,150 1 ,375** ,248** ,202* ,403** ,406** ,342** ,368**

Q12_PRO ,181* ,324** ,220* ,353** ,286** ,226* ,333** ,311** ,403** ,326** ,375** 1 ,413** ,581** ,463** ,293** ,258** ,364**

Q13_EST ,295** ,392** ,390** ,381** ,134 ,328** ,388** ,254** ,269** ,424** ,248** ,413** 1 ,246** ,448** ,371** ,306** ,408**

Q14_REL ,212* ,373** ,163 ,407** ,277** ,192* ,152 ,359** ,303** ,364** ,202* ,581** ,246** 1 ,335** ,139 ,082 ,260**

Q15_APR ,489** ,270** ,352** ,384** ,220* ,443** ,407** ,419** ,376** ,427** ,403** ,463** ,448** ,335** 1 ,418** ,296** ,315**

Q16_CUL ,417** ,331** ,290** ,295** ,353** ,404** ,590** ,426** ,371** ,347** ,406** ,293** ,371** ,139 ,418** 1 ,417** ,476**

Q17_EST ,428** ,198* ,173 ,085 ,241** ,176 ,329** ,467** ,242** ,302** ,342** ,258** ,306** ,082 ,296** ,417** 1 ,498**

Q18_INF ,306** ,329** ,164 ,364** ,246** ,271** ,451** ,193* ,428** ,188* ,368** ,364** ,408** ,260** ,315** ,476** ,498** 1

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades). *. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades). Fonte: elaborado pela autora com apoio do SPSS 21

Page 137: Juliana de Oliveira Azeredo

137

APÊNDICE IX – QUADRO STATUS AÇÕES

Quadro 12: Status ações táticas Sodexo_Net

OBJETIVO DO BSC PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

FOCO EM CONHECIMENTO TÁCITO FOCO EM CONHECIMENTO EXPLÍCITO AÇÃO DO BSC

PLANEJAMENTO TÁTICO AÇÃO DO BSC

PLANEJAMENTO TÁTICO FINANCEIRO

Ser líder mundial em Serviços de

Qualidade de Vida

Página especial para divulgação da estratégia da empresa - de forma clara e completa, para facilitar navegação nos diferentes itens da estratégica e facilitar entendimento Divulgar pesquisa de market share anualmente

7% de crescimento anual

Divulgação semestral dos indicadores de crescimento comparados ao marketshare (informação já traduzida para Operação - forma clara)

Foco nos custos das unidades

Disponibilizar ferramentas de controles financeiros com orientações para uso das unidades

Frequentes matérias com depoimentos de gerentes operacionais que conseguiram diminuir os custos de sua unidade - buscar cases práticos, para inspirar outros Gerentes da possibilidade de ação na unidade

11% de crescimento de receita

operacional/ano

Divulgação mensal dos indicadores com impacto direto no crescimento, junto com ações do plano de crescimento, para que colaboradores possam acompanhar o crescimento da empresa

CLIENTES

Oferecer serviços de qualidade de vida

Veiculação de dicas de atendimento - informações que apoiem operação na execução dos serviços

Treinamentos de atendimento ao consumidor Veiculação de campanhas com conceito de qualidade de vida, para

colaborador experimentar ideia

Veicular informações de mercado (clipping de mídia) sobre tendências e necessidades das empresas neste foco, para que Operação internalize o conceito para melhor atender ao cliente

Marca conhecida, amada e querida

Disponibilização de ferramentas como: guia da Marca, aplicação, modelos de documentos padrão, arquivos de logos e templates pré-formatados Página especial dedicada à proposta de valor ao cliente, para deixar claro à operação o que a empresa quer que seja entregue

Divulgar ações de sustentabilidade com posicionamento de valor agregado, para que colaboradores entendam a vantagem destas ações para todos os públicos da empresa Divulgação de proposta estratégica da marca, política de aplicação e uso da mesma com instruções de posicionamento Calendário de campanhas e ações externas divulgado para conhecimento de todos

Desenvolver uma proposta de valor

por segmento

Guia do posicionamento por segmento: como agir, o que falar, como atender

Ter arquitetura de informações por segmento, conteúdos divididos por segmentos, para que as equipes atuantes por segmentos possam ter aprendizado focado

Construir e alavancar capacidades de

marketing

Fortalecer informações adaptando linguagem da aba 'comunicação e marca', gerando conteúdo claro para que o gestor e colaborador possa entender e se aponderar da informação facilmente

Divulgar pesquisas de mercado e pesquisas de marca, com orientações de onde a empresa quer chegar

Eficaz e eficientemente

atender a clientes internacionais

Disponibilizar informações chave sobre clientes para conhecimento da equipe que atende

Divulgar cases sobre atendimento de clientes internacionais, com depoimentos. Conteúdo vindo do comitê de relacionamento com o cliente, para que colaboradores entendam a dimensão da empresa e o foco de ação

Disponibilizar lista de clientes internacionais e países onde eles são atendidos, para melhor entendimento da dimensão global

Conhecimento dos mercados que

atuamos

Quizz de pesquisa nas unidades Veiculação de notícias da mídia dos principais clientes, para

entendimento do cenário do cliente PROCESSOS

Alinhar negócios do Grupo com filiais e

desenvolver ambição (missão)

Disponibilização de ferramentas padrão aplicáveis em qualquer cultura organizacional

Criação de fórum para Equipes de Desenvolvimento de Produto nos países

Manter páginas atualizadas para fonte de consulta constante Divulgação de ações, campanhas e notícias do grupo - alinhando com atividade local, para facilitar entendimento da estratégia global e ação local

Melhorar competitividade e

performance operacional

Disponibilização de ferramentas de controle, qualidade e gestão + treinamentos

Espaço para divulgação de normas, políticas, processos, ITs, POPS, SGI - organizado por áreas, para que as pessoas encontrem a informação com facilidade e saibam sempre onde buscá-la Acesso ao Help Desk (Sodexo: Central de Serviços) pelo portal. Na página de acesso, informações e dicas de como utilizar melhor a ferramenta Criação de chat (talk/bate papo) direto com help desk para orientação de abertura de chamado ou resolução de problemas rápidos

Disponibilizar documentos padrão, formulários estabelecidos pelas áreas, organizados por tema, para a operação não perder tempo na busca

Page 138: Juliana de Oliveira Azeredo

Adaptar a organização para

implementar serviços integrados

Adaptar linguagem da informação, sempre tratando dos serviços que a empresa oferece como integrados Notícias de clientes para Gerentes de Unidade perceberem oportunidade de venda integrada de serviço

Incentivo a pesquisa e projetos que

lancem iniciativas realizáveis em 3 anos

Criação de Banco de ideias internas (campcom premiação) Apresentação de possibilidades de pesquisas que contribuam com a empresa Divulgação de ações com resultados factíveis a partir de projetos implantados

APRENDIZAGEM

Ter maior nível de engajamento interno

do setor

Veiculação de campanhas de engajamento Realizar pesquisas de satisfação com temas específicos Criação de email para canal de comunicação de operação com alta gerência Usar notícias de valorização de ações internas realizadas por grupos, áreas ou unidades como exemplo de engajamento Promoção de ações de retenção e premiações

Permitir que líderes mundiais lidem com

oportunidades estratégicas

Criação ferramenta "Oportunidade estratégica" - explanação direta para o gestor operacional (Gerente de Unidade) do que pode ser estratégico para ele trabalhar com sua equipe. Veicular ferramenta nas divulgações de campanha, promoções, notícias, etc. Treinamentos específicos com testes de conhecimento registrados (quizz)

Ter página especial para divulgaempresa - de forma clara e completa, apresentando os papéis de cada um nas ações Criação de grupos de trabalho com líderes para falar de best practices - divididos por áreas. Cada área elege assuntos relacionados à estratégia para d

Fortalecer capacidades internas

Criação de grupos de trabalho ou grupos de discussão com colaboradores mundiais em papeis de governança/gestão do grupo para discussão de tema préColaboradores que participam de treinamentos exterfazerem resumos de treinamentos com outputs importantes e disponibilizar no portal Atas de fóruns e grupos de discussão/trabalho ficam registradas na rede

Desenvolver conhecimento

gerencial e compartilhar

Cases de como gestores operacionais lidaram com desafios, para outros gerentes terem como exemplo Informações e artigos de RH sobre gestão e liderança, para reflexão dos gestores Fóruns de discussão para gestores, organizados por tema e com moderador da área de RH

Nutrir diversidade de talentos internos

Usar notícias de colaboradores que tenham outras atividades como hobbie e se destacam. Ex: Gerente Financeiro que gosta de cozinhar, Analista de Processos que participa de maratonas, Cozinheiro que é líder de ONG, etc. Diponibilizar treinamentos variados disponíveis a todos os colaboradores. Ex: treinamento de Vendas, RH, Diccção e Oratória, Finanças Básicas, etc. Biblioteca de aprendizagem interna: disponibilização de tabalhos acadêmicos produzidos pelos colaboradores, resumos de livros que colaboradores tenham lido Apresentar colaboradores chaves e sua carreira na empresa, o que agregou, para demonstrar a possibilidade de crescimento na empresa

Banco de Oportunidades InternasConstrução de fóruns de discussão com equipes multidisciplinares Promover premiação por ações realizadas com êxito fora da sua área de atuação dentro da empresa

Fonte: elaborado pela autora

Page 139: Juliana de Oliveira Azeredo

139

ANEXO I – MAPA ESTRATÉGICO GLOBAL GRUPO SODEXO

Figura 23: Mapa estratégico do grupo Sodexo no portal Sodexo_Net

Fonte: Sodexo_Net (2013)

Page 140: Juliana de Oliveira Azeredo

140

ANEXO II – MISSÃO, VISÃO, VALORES E PRINCÍPIOS ÉTIC OS DO GRUPO

SODEXO

Figura 24: Informação corporativa sobre missão, valores e princípios do grupo Sodexo no portal Sodexo_Net

Fonte: Sodexo_Net (2013)

Page 141: Juliana de Oliveira Azeredo

141

ANEXO III – MENSAGEM DO PRESIDENTE DO GRUPO SODEXO SOBRE

POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO

Figura 25: Mensagens corporativa sobre posicionamento estratégico do grupo Sodexo

Fonte: Sodexo_Net (2013)

Page 142: Juliana de Oliveira Azeredo

142

ANEXO IV – MENSAGENS DOS EXECUTIVOS GLOBAIS SOBRE

IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA DO GRUPO SODEXO

Figura 26: Compilação de mensagens dos executivos globais da empresa sobre a estratégia do grupo Sodexo

Fonte: Sodexo_Net (2013)