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JULGANDO O BOXER JULGANDO O BOXER INFORMAÇÃO Este trabalho foi escrito por Ricardo Torre Simões, também o autor do trabalho gráfico das imagens comparativas, com a colaboração de informações e imagens de publicações dos seguintes autores: Alexandra Gav, Dan M Gordon Elizabeth Summerfield Friedrun Stockman John Phelps Wagner Judy Horton Karin Rezewski Marlein Heystek Monique Hodgkinson Stanley U Volpe Stephanie Abraham São Paulo, Março de 2016 Uma visão detalhada sobre o atual padrão, comentando os vários aspectos do devemos observar para o correto julgamento do Boxer 1951 - Ch. Bang Away of Sirrah Crest, considerado o maior Boxer de todos os tempos

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Page 1: Julgando o Boxer 0 Capa - CBKC...O Boxer é um cão robusto de porte médio, de pêlo liso e curto, quadrado e com ossatura forte. A musculatura é limpa mas pode A musculatura é

JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXER

INFORMAÇÃO

Este trabalho foi escrito por Ricardo Torre Simões, também o autor do trabalho gráfico das imagens comparativas, com a colaboração de informações e imagens de publicações dos seguintes autores:

Alexandra Gav, Dan M GordonElizabeth Summerfield Friedrun StockmanJohn Phelps Wagner Judy HortonKarin Rezewski Marlein HeystekMonique Hodgkinson Stanley U VolpeStephanie Abraham

São Paulo, Março de 2016

Uma visão detalhada sobre o atual padrão, comentando os vários aspectos do devemos observar para o correto julgamento do Boxer

1951 - Ch. Bang Away of Sirrah Crest, considerado o maior Boxer de todos os tempos

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Sessenta anos de esforço persistente perseguindo o modelo ideal, produziu o Boxer moderno, uma obra-prima canina desenvolvida para atuar na dupla qualidade de protetor e acompanhante, sua conformação corporal atingiu um estágio de perfeição que garante o desempenho mais eficiente de ambas as funções. Portanto, não devemos nos permitir ser influenciados pelos exem-plares ocasionais encorpados, muito baixos, grosseiros, nem pelo outro extremo que favorece exemplares super elegantes, altos, com construção estreita. Tal divergência de concepções opostas nos levaria à criação de dois tipos de Boxer, e certamente nenhum dos dois valeria a pena o esforço...

Encontrar a combinação perfeita entre as propriedades mais antigas da raça, com as mais modernas, criando um equilíbrio de força com elegância em um só corpo, deve sempre ser o nosso objetivo julgando o Boxer. Esta é uma característica absolutamente essen-cial do Boxer, e é o dever de cada juiz encorajar todos os esforços para aperfeiçoar ainda mais este tipo uniforme e equilibrado, e se opor à menor tendência a desviar-se dele. O Boxer deve combinar a força do Buldogue com a agilidade do Terrier.

As falhas mais comuns de proporções são causadas pela falta de equilíbrio entre volume e refinamento, ou ainda entre a força e a nobreza, ou mais diretamente: a solidez bruta em detrimento da aparência majestosa, e entre tamanho e peso.

Um grande número de Boxers apresenta faltas por causa de suas cabeças pesadas, pescoços curtos e grossos, caixa torácica exces-sivamente ampla, pernas curtas, ou acumulo excessivo de massa e gordura. Eles possuem força bruta mas falta nobreza; eles carre-gam muito peso e portanto não poderiam competir contra raças com capacidade de trabalho e velocidade superior.

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INFORMAÇÃO

JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXEREste texto foi elaborado pelo juiz Ricardo Torre-SImões e publicado pelo Conselho de Árbitros da CBKC Confederação Brasileira de Cinofilia, com base em sua experiência pessoal e em li-vros e artigos de autores diversos, conforme mencionado na última página.

No outro extremo, o excesso de refinamento predomina em detrimento da substância, e se o Boxer for desenvolvido nesse sentido, ele se- rá alto, de ossatura leve, estreito no peito, e com falta de suficiente robustez. Mesmo que possa ser ainda mais veloz do que um Greyhound, não podemos defini-lo como um bom Boxer, por causa de sua falta de substância. Ossos for-tes, músculos vigorosos e conformação firme, poderosa e ágil, são essenciais à raça. Não obstante isso, os exemplares individuais que não tendem para os extremos, representam a maioria dos Boxers que estão sendo mostrados hoje em dia, e alguns são bastante representati-vos do tipo desejado. Foi uma luta fantástica para chegar a este grau parcial de perfeição, e portanto temos de proteger a raça contra retro-cessos.

Para evitar tais retrocessos, sempre busque tipo, equilíbrio e solidez em primeiro lugar. Sempre selecione o exemplar que corresponda ao pa-drão e que possua o maior número de virtudes, não necessariamente o que apresenta menos faltas. Seja extremamente severo com os defei-tos geneticamente mais difíceis de serem elimi-nados da criação, no caso do Boxer problemas na boca e no focinho. Não se concentre apenas na movimentação do Boxer que corre veloz ao redor da pista, mas sim analise cuidadosamente tipicidade, equilíbrio de proporções e solidez estrutural. Afinal, qualquer vira-latas pode se movimentar bem… Final da Nacional da Australia em 2012 em Sydney

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Tipo, equilíbrio, e aparência geral são da maior importância. Não importa se você é um mero espectador interessado na raça; ou apenas dono de um Boxer; ou mesmo um grande criador da raça. Julgar o Boxer é uma arte baseada na observação. Pode-se ler o padrão e de memória citá-lo na íntegra, mas apenas isso não fará com que se tenha a imagem mental adequada de um Boxer ideal, nem nos qualifica para avaliá-lo.

Existem autores que diferenciam "tipo" de "estilo", quando comentam a raça Boxer, mas nós aqui vamos manter o foco apenas no que definitivamente é o mais importante: o tipo. Tipo é a personificação dos aspectos essenciais do padrão. Se um cão não tiver tipo, ou seja, se não parecer corretamente um Boxer, não importa se tiver excelente ossatura e proporções ou se seu movimento é perfeito: ele não é um Boxer! As sutilezas do tipo muitas vezes confundem os juízes pois as diferenças não são tão aparentes. Muitos juízes concentram-se apenas na movimentação e destacam um cão que não é do tipo correto só porque ele pode correr em torno da pista.

Um dos pontos mais discutidos para o julgamento do Boxer são as tão comentadas diferenças entre os tipos "europeu" e "americano". Antes do ano de 1976, os criadores de todo o mundo estavam trabalhando para a melhoria da raça, não para sua mudança. Criadores americanos importavam cães da Inglaterra e da Europa, e criadores europeus importavam cães dos Estados Unidos e Canadá. Todos buscavam um Boxer ideal! Ora, se os padrões americanos e europeus são basicamente os mesmos e se todos os criadores da raça se-guem o padrão, por que todos os Boxers não têm a mesma aparência em todo o mundo? Será que alguns juízes julgam com base notipo como sendo os aspectos essenciais do padrão, ou será que julgam com base na reprodução do tipo do cão que está sendo exibidoe ganhando hoje nas suas regiões? A maioria dos juízes visualiza em sua mente o Boxer perfeito, geralmente baseados em uma com-binação entre o padrão e o que vêem em sua região, a menos que tenham tido a oportunidade de viajar e ver muitos Boxers por todo o mundo.

Entre os tipos europeu e americano de Boxer, pode haver uma ligeira variação na cabeça, ou um pouco mais de elegância ou de subs-tância, ou mesmo na riqueza da cor da pelagem, que talvez possa ser um pouco mais longa no pescoço, mas seja qual for deve ser en-fatizado o "ligeira variação sempre dentro do padrão"! É nossa opinião que, quando você observar atentamente os principais Boxersvencedores, tanto nos Estados Unidos como na Europa, as principais (e pequenas) diferenças parecem ser apenas a quantidade de ele-gância ou substância que o cão possui e a forma como o cão é condicionado e apresentado: solto, esticado, ou em "stay" perfeito. Em outras palavras: nada importante! Um grande problema ocorre quando a cabeça e o corpo mudam drasticamente em nome do preten-so "tipo americano" ou "tipo europeu", alegações normalmente usadas para justificar uma criação mal sucedida…

O bom juiz de Boxers vai sempre premiar o exemplar com melhor tipo, equilíbrio e solidez. Para julgar corretamente a raça devemos procurar na pista o Boxer que poderia ganhar em qualquer lugar do mundo!

JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXER

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INFORMAÇÃO

O TIPOO TIPO

Ch Black Jack de Gerion (Portugal) Melhor da RaçaFCI World Dog Show 2015

Ch Shadigee's Sequel to Legends (Estados Unidos) Melhor Sexo Oposto ABC National Specialty 2013

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JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXERINFORMAÇÃO

Ao julgar o Boxer, a primeira coisa a ser considerada é a aparência geral e o equilíbrio, aspecto de grande valor no julga-mento da raça. Compare-o com sua concepção ideal de tipo, analisando o cão como um todo e verificando se as características fí-sicas formam um conjunto harmonioso. O exemplar deve dar a impressão de nobreza, de estar alerta, de força e de graça.

O Boxer é um cão robusto de porte médio, de pêlo liso e curto, quadrado e com ossatura forte. A musculatura é limpa mas pode-rosamente desenvolvida, e deve destacar-se plasticamente sob a pele sem exageros. A movimentação do Boxer deve ser viva e com energia. Seu andar, embora firme deve ser elástico e fluido, com passadas livres e cobrindo muito terreno, sempre mantendo um porte orgulhoso e nobre. Ele deve combinar um considerável grau de elegância com substância e força, fatores essenciais pa-ra suas funções de um cão de guarda e de companhia capaz de caminhar grandes distancias, além de ser um esplêndido saltador. Apenas um corpo com membros individuais feitos para suportar esforço extenuante, construído como um todo completo e har-monioso, pode responder à tais demandas. Portanto, para estar na sua melhor forma e eficiência, o Boxer nunca deve ser gordo ou pesado, nem tampouco leve ou estilizado.

A quadratura no Boxer deve ser muito valorizada. A expressão "forma x função" nunca foi tão bem aplicada quanto neste conceito. Na sua origem, o Boxer foi usado para correr e segurar ferozes presas selvagens como ursos e javalis, correndo através de florestas em velocidade vertiginosa perseguindo sua presa, e tinha que ser quadrado para contornar e desviar de árvores e rochas em terre-nos irregulares. Assim, a condição de "quadratura" tem um precedente histórico e deve ser contemplada pelo juiz, mesmo que o cão moderno não seja mais usado como um caçador. Mais uma vez, tudo se resume a um sentimento de quão bem o Boxer em frente à nós é capaz de cumprir com a função para a qual foi criado.

Relativamente à aparência geral, os problemas mais freqüentes que encontramos nas pistas hoje, são cães grosseiros e pesados ou o contrário, excessivamente leves e sem substância.

Resumindo: o Boxer deve sim ter um tipo de atleta, mas jamais de um halterofilista. Deve ter boa ossatura e musculatura tensa sem ser grosseira, tudo contribuindo para mostrar força. Deve ter ainda um longo pescoço arqueado definido corretamente fluin-do suavemente para os ombros, e angulações equilibradas tanto na frente como na traseira.

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APARÊNCIA GERALAPARÊNCIA GERAL

Aparência geral grosseira, pescoço curto, sem nobreza Aparência geral leve, pouca ossatura e substância

As partes individuais do corpo serão examinadas em detalhes, assim como a eficiência do movimento , mas apenas depois que você tiver formado uma opinião sobre o cão como um todo.

Exemplares com aparência geral correta

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JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXERINFORMAÇÃO

A avaliação das proporções mais importantes é uma importante ferramenta do juiz para determinar a qualidade geral do animal e informar sua aparência geral que, como vimos, é fator importantíssimo para o julgamento correto da raça Boxer. Um exemplar sem proporções corretas deve ser penalizado pelo juiz, independentemente de ter corretas as diversas partes individuais de sua construção.

Quando os Boxers entram na pista, deve ser evidente à primeira vista ainda que casualmente, quais exemplares devem ser mais valorizados. Busque o equilíbrio de proporções; contorno quadrado; movimento firme e desenvolto ao redor da pista; atitude sem qualquer timidez ou descontrole. Quando você se aproximar do cão, é claro que o tipo de cabeça e sua expressão são importantes, e você deve educar seu "olho" de modo a não ter que pensar duas vezes sobre o que todos esses pontos realmente significam. Cor e marcação (ou mesmo falta dela) não são tão importantes, e o bom juiz deve ignorar completamente quaisquer preferências pes-soais sobre estes aspectos na pista. Enquanto atraentes marcas brancas podem se destacar, elas não são obrigatórias de forma algu-ma, e o chamado Boxer “tapado" deve desfrutar de paridade de avaliação com seus colegas mais chamativos.

Já vimos anteriormente que o Boxer perfeito deve ser de tamanho médio, quadrado, poderoso, musculoso mas suave, com uma boa e confiante cobertura de solo, além de temperamento dócil.

Os primeiros criadores reconheciam que a quadratura era essencial para permitir que o Boxer pudesse fazer curvas rápidas em grande velocidade, uma vantagem durante as muitas manobras de caça à presas muito maiores do que ele. Assim, o comprimento do corpo é igual à altura na cernelha, o que significa uma construção quadrada.

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PROPORÇÕES IMPORTANTESPROPORÇÕES IMPORTANTES

Fig. 1

Para avaliarmos isso na pista, conforme você pode ver na figura 1, ima-gine uma linha horizontal (A - A), saindo da ponta do esterno e chegan-do à ponta do ísquio. Como se fosse uma linha de prumo (B - B), ima-gine essa linha vertical partindo da cernelha e chegando até o solo jun-to à pata dianteira. Essas duas linhas devem ser do mesmo tamanho, comprovando a quadratura.

Fig. 2

Outra forma de avaliarmos a quadratura, é traçando uma linha superior horizontal sobre a cernelha, e outra horizontal no solo sob as patas do cão. Ao mesmo tempo trace outras duas linhas verticais, uma que passa pela ponta do ombro e à outra que passa pela ponta da nádega. Essas quatro linhas juntas formam o desejado quadrado, conforme pode ser visto na fi-gura 2. O juiz deve "educar seu olho" para essa avaliação, e não há neces-sidade de medir pois o cão deve aparecer "quadrado" à primeira vista.

Fig. 3

A falta mais comum relativamente ao comprimento da linha superior queencontramos nas pistas, são exemplares muito longos. Estes exemplares, por terem a região lombar muito longa para a raça, comumente podem a-presentar carpeamento nessa região, o que é incorreto.

Na figura 3 ao lado, podemos ver o que acontece quando não temos um Boxer quadrado como seria desejado. Observe que ainda que na imagemo animal já apresenta uma tendência sutil ao carpeamento.

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PROPORÇÕES IMPORTANTESPROPORÇÕES IMPORTANTES

Fig. 4

O equilíbrio nas proporções também pode ser avaliado traçando-seuma linha paralela à parte posterior do pescoço, partindo de um ponto i-mediatamente atrás do occipital, que segue tocando o ponto posterior doencaixe do pescoço, até encontrar o centro da pata traseira. Se essa linha não corresponder à aproximadamente ao que vemos na figura 4, haverá evidente desequilíbrio de proporções, ou outras faltas na região do en-caixe do pescoço ou nas angulações posteriores, as quais serão aborda-das nas seções sobre essas partes.

Apenas como curiosidade, se fizermos este mesmo teste com a fêmeada figura 6, veremos que a linha não alcançará o centro da pata trasei-ra, pois trata-se de um animal ligeiramente mais longo na região lombar.

(continuação)

Outro aspecto ainda nas proporções mais importantes, aquelas que podemos ver numa primeira observação do lote logo quando os animais entram na pista, é a profundidade de peito versus a altura do animal. O equilíbrio perfeito de proporções entre esses dois aspectos pode ser verificado também com a utilização de linhas imaginárias que traçaremos para comparar a profundidade da caixa torácica com a altura das pernas. Veja na imagem mostrada pela figura 5, que as duas seções "C" e "D" têm o mesmo tamanho, ou seja, no cão correto a profundidade de peito é igual à altura das pernas.

O dimorfismo sexual é importante e os Boxer machos e fêmeas devem ter características físicas não sexuais marcadamente diferen-tes. Machos são maiores, com mais ossatura, e com mais desenvolvimento muscular do que as fêmeas, que embora menores e normalmente mais longas na região lombar, devem ser proporcionalmente fortes. Embora apresentando tais diferenças, a mesma técnica de medição pode ser usada com as fêmeas, conforme figura 6.

Fig. 5 Fig. 6

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INFORMAÇÃO

TEMPERAMENTOTEMPERAMENTO

O Internationaler Boxer Club-Zucht- und Gebrauchshundeverein Deutschland, promove regularmente provas de temperamento que incluem, além de várias etapas de obediência, testes para comprovar o temperamento típico da raça, enfrentando situações de perigo.

O Boxer deve ser tão destemido na pista de exposição como era quando caçava, e insistimos que os juízes não premiem espéci-mes tímidos. A atitude na pista é importantíssimo. Na verdade, todos os cães que evitam a aproximação do juiz devem ser severa-mente penalizados, como aconselha o padrão. Enquanto alguns exibem óbvios sinais de timidez, outros são sutis. Por exemplo, no Boxer a cauda é portada ereta quando em movimento, e uma cauda baixa ao redor da pista indica um animal inseguro. Da mes-ma forma, o cão nervoso que está constantemente girando ao redor, à procura de ameaças por trás de cada cadeira, não possui tem-peramento saudável. Podemos tolerar pequenas exibições de agressividade controlada para com outros cães. Felizmente, muito ra-ramente você verá um Boxer que é agressivo com pessoas.

Temperamento é de extrema importância no Boxer já que a maioria é utilizada como animais de companhia, embora seja um grande protetor de seu próprio território quando é necessário. O traço de seu temperamento que faz com que seja desconfiado com estranhos, não significa que seja um cão tímido, e só faz dele um bom cão de guarda. .

As duas imagem mostram o temperamento típico da raça. Numa, montando guarda à sua pequena dona com atenção máxima, sem entretanto monstrar agressividade desnecessária, deixa claro seu instinto de proteção. Na outra, a total segurança e confiança que inspira, é um atestado do fabulosao tem-peramento do Boxer como cão de família.

Foi o excelente equilíbrio do temperamento do Boxer que aguçou a preferência de muitos buscando um cão tranquilo. Daí criar--se o mito de que o Boxer é apenas um cão de companhia sem características de guarda e proteção. Ledo engano! Ao contrário desse mito, o Boxer é um excelente cão de guarda, com ótima capacidade de vigilância e coragem destemida em defesa dos do-nos, fama que possui entre aqueles que têm ou já tiveram um Boxer. Ele é desconfiado em relação a estranhos sem entretanto ser agressivo, salvo quando necessário.

Embora seja de vital importância para o julgamento da raça, não há muito que dizer sobre o temperamento do Boxer, que não seja conhecido pela maioria das pessoas. O próprio padrão da FCI deixa bastante claro o que esperar do temperamento do Bo-xer. Deve ser livre de nervosismo, auto confiante, calmo e equilibrado. Temperamento é muito importante e requer atenção cuidadosa do juiz.

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JULGANDO O BOXERJULGANDO O BOXER

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INFORMAÇÃO

CABEÇACABEÇAPor ser única em sua concepção, transformou-se no índex da raça, e com abso-, luta certeza, a parte mais difícil de ser entendida no padrão do Boxer é o tipo decabeça. Embora o padrão seja bastante claro quando descreve cada um de seuspontos, alguns juízes não criadores da raça têm dificuldades em analisar a cabe-ça do Boxer, seus defeitos e qualidades.

Várias coisas devem ser consideradas ao julgarmos a cabeça do Boxer. Entretanto os 5 pontos clássicos e principais que um juiz não pode deixar de analisar quando estiver julgando a cabeça desta raça são os seguintes, demonstrados no desenho abaixo:

1) A relação de proporção entre crânio e focinho é de 1:2, ou seja, medido do occipital até o canto externo dos olhos, esta distancia deve ser duas vezes a distancia desse canto dos olhos até a ponta da trufa;

2) O crânio deve ser seco e anguloso, apenas levemente arqueado, jamais plano e largo, com o occipital suavemente marcado, e com um leve sulco na testa nunca muito profundo. A testa deve ser ligeiramente arqueada, e jamais totalmente plana;

3) A ponta da trufa deve ser ligeiramente mais alta do que a cana nasal a qual deve ser plana, jamais ascendente ou descendente;

4) Osso da mandíbula deve ser forte e largo, com ligeira curvatura ascendente, formando o queixo aparente de frente e de lado, mas sem jamais projetar-se sobre o lábio superior;

5) Ossatura firme e desenvolvida sob os olhos, preenchendo o espaço que aparece vazio quando a estrutura óssea da cabeça é pobre.

OS 5 PONTOS PRINCIPAIS

Observando atentamente estes 5 pontos, e julgando conforme suas qualidades ou faltas, dificilmente um juiz cometerá erros de julgamento sobre a cabeça do Boxer. Há obviamente outros aspectos para serem considerados conforme veremos adiante, mas atendendo à estes 5 pontos principais, o juiz começa a fazer um bom trabalho em sua pista.

OS 5 PONTOS PRINCIPAIS

Ao visualizar a cabeça do Boxer de frente, a primeira coisa que deve ser aparen-te é a expressão doce e amável; as mandíbulas são formidáveis, os olhos são es-curos e grandes, com um enchimento ósseo sob eles, e sendo frontalmente colo-cados, proporcionam um olhar suave. Não há nada duro ou tosco nas características faciais de um Boxer, que definitivamente não pode ter olhos oblíquos ou amendoados no lado da cabeça. As orelhas (cortadas ou não) são inseridas altas na cabeça, e quando o Boxer franze a testa mostrará rugas sempre moderadas, o que contribui para a suavidade de sua expressão característica dessa raça.

O primeiro cuidado que temos que ter ao avaliarmos a cabeça do Boxer, é considerarmos que todas as medições são tomadas a partir de largura e profundidade óssea e não incluindo o preenchimento de pele e músculos.

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CABEÇACABEÇA

Para entendermos a cabeça do Boxer, devemos imaginar que sua construção e proporções são compostas basicamente de dois cu-bos. Um cubo maior, que de forma estilizada seria o crânio, e um cubo menor de diferente tamanho mas com as mesmas propor-ções. A partir dessa analogia, podemos ter uma cabeça correta, emoldurada por orelhas bem inseridas, olhos expressivos e man-díbula perfeita.

DETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHODETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHO

Numa cabeça bem proporcionada teremos a projeção da testa encontrando a ponta da trufa,que não ocorre com focinhos curtos ou longos

De qualquer direção que olhemos a cabeça, pela frente, por cima ou de lado, o focinho deve ser sempre na proporção certa em rela-ção ao crânio ou seja, nunca deve parecer muito pequeno. O crânio deve ser limpo, sem mostrar qualquer ruga, entretanto dobras naturais são formadas na região craniana quando o cão está em alerta. Da raiz da cana nasal, dobras são sempre presentes no senti-do descendente em ambos os lados do focinho. A máscara escura se limita ao focinho até pouco além da linha superior dos olhos, e deve estar em nítido contraste com a cor da cabeça, para que o rosto não pareça sombrio.

Como já dissemos, cabeça bem balanceada dá ao Boxer sua aparência característica. Repetindo o texto do padrão, deve estar emboa proporção ao corpo, nem muito leve nem muito pesada com focinho que deve ser o mais amplo e poderoso quanto possível. Aharmonia da cabeça depende do equilíbrio entre focinho e crânio e isto é o que vamos demonstrar aqui.

A medição correta da relação entre crânio e focinho conforme exigido pelo padrão, significa que o focinho deve ser um 1/3 da ca-beça medidos da ponta do nariz a o occipital. Há entretanto, principalmente em algumas regiões da Europa, um conceito equivoca-do que indica a medição de forma incorreta sendo o focinho 1: 3 do comprimento do crânio, ou seja, apenas 1/4 da cabeça da pontado nariz ao occipital.

Proporções crânio/focinho corretas: 1:3 Proporções crânio/focinho erradas: 1:4 causadas por cana nasal excessivamente curta

A comparação acima, baseada num estudo do American Boxer Club, que por sua vez baseou-se em descritivos do Internationaler Boxer Klub da Alemanha, exemplifica bem nossos comentários.

O espaço adiante da trufa não é considerado, pois nada tem a ver com o crânio, sendo formado pelaconformação da mandíbula.

(continuação)

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CABEÇACABEÇA

DETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHODETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHO

Como vimos na página anterior, a cabeça do Boxer tem o estilo de "um quadrado emum quadrado", mas alguns criadores preferem focinhos mais profundos e mais retan-gulares do que os modelos que representamos aqui. Eu particularmente prefiro evitar Boxers com focinhos muito profundos, pois além de normalmente apresentarem um certo excesso de rugas faciais, há prejuízo da expressão suave que a raça deve ter. O focinho deve medir cerca de 75% ou no mínimo 66% (2: 3) da largura do crânio, e qualquer coisa fora disso causará um prejuízo às proporções da cabeça.

O modelo para as cabeças abaixo é a famosa Silhueta de Munich, que anos atrás foi o perfil de cabeça considerado perfeito no país de origem da raça, a Alemanha, e a maioria dos criadores ainda a considera de excelente tipo. Você pode medir o focinho e o conjunto da cabeça como desejar, e o resultado será 1:3. Em termos simples, isto significa que o focinho é metade do comprimento do crânio. A profundidade do focinho e do crânio são corretas. Rugas pesadas não são evidentes em qualquer parte do crânio. Note os planos da cabeça, com o stop profundo e ponta do nariz arrebitada. Note também o arredondamento para fora do lábio superior e o queixo ultra-passando o nariz.

Olhando para as cabeças abaixo todas se assemelham à uma forma cubóide, mas são diferentes entre si. Alguns autores denominama cabeça à direita como sendo de "tipo americano"; a cabeça do centro como sendo de "tipo europeu"; e finalmente a cabeça da es-querda como sendo de "tipo inglês". Isso me parece pouco correto, e parece que estamos a aplicar nacionalidades à características e defeitos claros que as cabeças apresentam.

As cabeças das figuras 4 e 5 são incorretas, com proporção crânio x focinho sofrível já que este último é excessivamente longo, e ada figura 5 apresenta focinho descendente além de longo. A cabeça da figura 3 é ainda pior, pois além da cana nasal excessivamente curta, possui crânio muito arredondado e testa muito abaulada. A da figura 2 finalmente, é a cabeça mais correta e basta compará-la à silhueta de Munich da figura 1, para comprovarmos isso.

Silhueta de Munich

A cabeça correta, com ótimas proporções, de exatamente 1/3 para o focinho e 2/3 para o crânio.

Uma cabeça incorreta, com crânio arredondado e focinho curto, cujo comprimento projetado em terços, não chega ao ocipital. (tipo Boston Terrier)

Cabeça incorretas, com crânios chatos e focinhos longos, cujos comprimentos projetados em terços, superam o ponto do ocipital. A da figura 5 adicionalmente apresenta forteinclinação descendente para a trufa (tipo Dogue Alemão)

(continuação)

fig. 1 fig. 2

fig. 3 fig. 4 fig. 5

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CABEÇACABEÇADETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHODETALHES E PROPORÇÕES DO CRÂNIO & FOCINHO

Na comparação entre várias cabeças na página anterior, comentamos que numa delas o crânio era arredondado e na outra o crânioera plano. Para esclarecer e ilustrar melhor essas irregularidades, vejam nas três imagens abaixo a representação do crânio correto,comparado com um com um arco insuficiente na testa, e outro com excesso de curvatura. Sobre o crânio o padrão diz claramente: "…ele é levemente curvado, nem muito redondo e curto, nem plano; e não deve ser largo."

Crânio correto Crânio plano Crânio com muita curvatura

O “stop”do Boxer tem importante papel para garantir a expressão correta, que é uma das características muito importante da raça, ecom a qual os juízes devem ter muita atenção quando julgarem. Sobre o “stop”o padrão diz claramente: "…a testa forma um distin-to stop sobre a cana nasal. A cana nasal não deve ser forçada para trás dentro da testa como no Bulldog, nem deve ser caída…"."Para esclarecer e ilustrar melhor essas disposições do padrão, considerando que o crânio correto acima mostra um “stop” como pe-dido pelo padrão, vejam nas imagens abaixo a representação das irregularidades mencionadas:

Cana nasal dentro da testa como no Bulldog

Cana nasal caída, ou “downface”

Stop muito alto Falta de stop

Finalmente, encerrando os comentários sobre a região craniana,apenas a demonstração gráfica das proporções crânio:focinho sob uma ótica diferente: visto de cima.

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: A TRUFAREGIÃO FACIAL: A TRUFA

Em razão da preocupação da FCI com a saúde dos cães e sendo o Boxer um braquiléfalo, a trufa passou a ter maior importância no julgamento da raça. Os árbitros devem considerar a saúde do exemplar um dos pontos de maior importância a observar, e esta parte do focinho ganha um capítulo exclusivo para ser observado com atenção pelos juízes.

O padrão é bem descritivo quanto à forma da trufa, mas é muito econômico quanto aos problemas que pode apresentar. A descri-ção do padrão é: “... A trufa é larga e preta e apenas ligeiramente arrebitada e com ampla narinas. A ponta da trufa está coloca-da ligeiramente acima da cana nasal...” Na lista geral de faltas, a única referente à trufa é a trufa cor de carne apenas (leather nose).

Os problemas que entretanto encontramos nas pistas com certa freqüência além da falta mencionada pelo padrão, são: trufa parci-almente despigmentada (butterfly nose), totalmente despigmentada (dudley nose), trufa caída (slopping down nose) e trufa estreita.

Trufa correta, bem conformada,aberta e com boa pigmentação

Trufa incorreta, na cor de fígado,(leather nose) é falta pelo padrão,Extremamente indesejável deven-do ser seriamente penalizável, enão receber qualificação de des-taque .

Trufa parcialmente despigmentada, (butterfly nose) indesejável

Narinas estreitas que prejudicama respiração e o rendimento. Muito indesejável e penalizável.

Trufa despigmentada ou côr de carne(dudley nose) é altamente indesejável penalizável pelo padrão, não devendo receber qualificação de destaque .

Trufa caída (sloping down nose) , sem ser arrebitada. Muito indesejável e penalizável, não devendo receber qualificação de destaque

Dos dois tipos de incorreções mostrados acima, o butterfly nose é o menos grave e muito comum, o que não nos autoriza a igno-rá-la como uma imperfeição indesejável. Já as narinas estreitas representam um problema mais sério, pois contrariam as instru-ções da FCI aos juízes no que tange à saúde, pois compromete a livre respiração e consequentemente o rendimento do Boxerenquanto animal de trabalho.

Dos três tipos de incorreções mostrados na linha inferior, a trufa caída soma dois problemas: a dificuldade de respiração livre, eo desacordo com o padrão ,que pede uma trufa exatamente contrária, ou seja, arrebitada.A trufa despigmentada (branca) ou cor de carne (rosa) é um problema extremamente sério e deve ser penalizado com rigor pelo juiz. A última imagem é a mais gravepois a pigmentação incorreta do “leather nose” invariavelmente atinge também os lábios. Estas duas últimas imperfeições não permitem isoladamente, que os exemplares obtenham qualificação de “excelente” e muito menos um CAC.

(continuação)

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: OS LÁBIOSREGIÃO FACIAL: OS LÁBIOS

Se usarmos apenas o texto do padrão já seria suficiente para definir os lábios do Boxer. "Os lábios completam a forma do focinho" ou seja, o padrão considera os lábios um importante componente do conjunto da cabeça e sua avaliação pelo juiz é importante. "O lábio superior é grosso e acolchoado e preenche o espaço formado pelo prognatismo da mandíbula; ele é suportado pelos cani-nos inferiores." Por esta menção do padrão da raça, o juiz experiente já pode perceber - mesmo sem o necessário exame mais de-talhado - se a conformação da mandíbula é correta ou não.

O padrão determina que olhando a cabeça de frente, a ponta do lábio superior descansa sobre a ponta do lábio inferior, ou seja, o superior não deve ultrapassar o inferior nem ser ultrapassado por este. Para poder compor este cenário, a parte da mandíbula com o lábio inferior curvada para cima, chamada de queixo, não deve projetar-se sobre o lábio superior, nem deve ser escondida por ele, permitindo que a comissura labial e o queixo sejam bem definidos tanto de frente como de lado. As imagens abaixo mostram sutis diferenças nessa região, a qual deve ser apreciada pelos juízes no momento do julgamento.

Boa comissura labial, atendendo o texto do padrão sobre esta parte

Lábio inferior um pouco projetado adiantedo superior, que pode indicar um problema na mandíbula, ou apenas flacidez labial

Lábio inferior posicionado sob o superior, o que pode indicar pouca curvatura de mandíbula e queixo incorreto

REGIÃO FACIAL: BOCHECHASREGIÃO FACIAL: BOCHECHAS

Foto: Alexandra Gav

A parte da cabeça que no Boxer chamamos de bochechas é formada pelo osso zigomático, ou arco zigomático, (cheek bone).

A conformação das bochechas é importante pois fazem a ligação lateral entre o crânio e o focinho, dando acabamento harmonioso à cabeça. Elas são desenvolvidas proporcionalmente à forte mandíbula e ao poderoso maxilar, sem serem notadamente protuberantes, o que daria à cabeça umaspecto largo indesejável. Devem fazer essa conexão de maneira suave, partindo da lateral do crânio e se juntando com o focinho, numa leve cur-va, integrando e dando forma correta ao conjunto.

A imagem ao lado mostra uma excelente construção crânio:focinho, com bochechas corretas que não se destacam alargando a cabeça, nem são in-suficientes, causando uma depressão indesável sob os olhos. Observem oexcelente focinho com largura perfeita, e a correta comissura labial.

(continuação)

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTESREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTES

A boca do Boxer é a armadilha na qual caem os juízes que não se detém em estudar com profundidade esta parte da anatomia da ra-ça. Há cerca de 30 anos um amigo meu possuía uma cadela Boxer com um lindo tipo, mas com um prognatismo tão excessivo quenão permitia sua presença nas pistas e muito menos seu uso na reprodução. Muito intransigente e crítico com juízes que não conhe-ciam a raça como deveriam, para provar suas teorias intolerantes, levou essa cadela à uma exposição onde ia atuar uma conhecida juíza All Rounder que era criadora de uma certa raça de pastoreio. A cadela apresentou-se muito bem, venceu uns poucos competi-dores, recebeu seu CAC e uma súmula que, exibida de forma indignada pelo meu amigo, paradoxalmente criticava seu lindo tipo, mas justificava a premiação pela "boca perfeitamente típica"... Se não entendermos a boca do Boxer, não podemos julgar a raça!

O Boxer é prognata, o que não deve ser confundido com uma mordedura em tesoura invertida. A mandíbula deve ter um intervalo de cerca de meio centímetro dos dentes superiores (face externa) para com os inferiores (face interna). Exemplares com esse interva-lo muito menor ou muito maior, terão possivelmente alguma deformação do focinho, prejudicando sua função. Os dentes incisivos inferiores devem ser em uma linha reta e não curva, com os caninos bem separados (veja figuras abaixo).

Incisivos inferiores alinhados corretamente, em linha reta Incisivos inferiores em indesejável linha curva

Essa relação entre mandíbula e maxilar é vital, pois se houver qualquer desvio dentário ou ósseo, há um problema com a mordedurao que é gravíssimo num Boxer.

Se o lábio inferior se projeta além do lábio superior, as chances são de que o cão seja muito prognata e com a boca fechada poderá mostrar os dentes ou até mesmo a língua em algum momento. Por outro lado, se o lábio superior ultrapassa e fica muito saliente so-bre o lábio inferior, possivelmente não há um real prognatismo mas apenas uma mordedura em tesoura invertida, fazendo com que o cão provavelmente não tenha queixo.

Os desenhos abaixo, de autoria do grande criador e juiz John Phelps Wagner (Mazelaine Kennels) mostram com clareza os comen-tários que fazemos neste capítulo. Wagner define a figura do prognatismo excessivo como sendo “boca de Bulldog”.

(continuação)

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTESREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTES

A mandíbula deve ser ligeiramente curvada para cima de modo que, quando você olha a boca do Boxer de frente com a mandíbula fechada, parece que os dentes superiores estão escondidos atrás do maxilar inferior, devido a esta curva. O frênulo (freio) no maxi-lar deve estar alinhado com o espaço entre os dois incisivos centrais na mandíbula (fig. 1 e fig 2).

Fig. 1 - Boca correta, aberta para visualizaçãocompleta, com a projeção do frênulo descendoaté o centro dos dois incisivos centrais inferiores

(continuação)

Fig. 3 - Boca torta (wry mouth). Fig. 4 - Deslocamento lateral da mandíbula

Fig 2 - Com a boca fechada, o frênulo descen-do numa linha até o meio dos incisivos centraisinferiores.

Ao verificar a boca, deve haver a mesma distancia entre os caninos inferior e superior nos dois lados (fig. 1). Se houver uma distân-maior no espaçamento em um lado do que no outro, verifique se a boca não é desviada ou “wry mouth” (fig. 3). Outro problema grave, embora menos recorrente do que o anterior, é o deslocamento lateral ou torção da mandíbula, que ocorre quando embora es-ta se mantenha paralela com o maxilar (não desviada como vimos acima), há um visível deslocamento lateral que também pode ser verificado traçando-se uma linha vertical descendo desde o centro dos dois incisivos superiores até o centro dos dois incisivos inferiores, que ao invés de perpendicular, será inclinada para o lado do deslocamento ou torção (fig. 4). Uma das incorreções mais graves é a torção frontal, quando olhando-se a boca por cima, observa-se que a mandíbula é mais prognata de um lado do que do outro, não mantendo uma distancia perfeitamente igual entre a mandíbula e o maxilar, em toda a extensão da oclusão (fig. 5)

Fig. 5 Boca com torção frontal.

Fig. 6 - Mandíbula com frente reta e dentes inferiores corretamente alinhados.

Fig. 7 - Mandíbula com frente estreita e arredondada, e dentes inferiores alinhados numa indesejável linha curva .

Fig. 8 - Mandíbula com frente reta mas com dentes desalinhados, o que é indesejável.

Outro problema muito comum que encontramos quando julgamos a boca do Boxer, são os representados abaixo. A mandíbula doBoxer deve ter a frente ampla e reta, de modo a acomodar os dentes confortavelmente em linha reta como vimos anteriormente (fig.6). Quando não há largura suficiente em virtude da mandíbula ser estreita, ocorre uma curvatura na frente acompanhada pelo alinha-mento irregular dos dentes como vemos na figura 7. Finalmente o problema mais comum que encontramos no Boxer, o desalinha-mento dos dentes inferiores (nos superiores isso é mais raro) como vemos na figura 8. Estes defeitos foram representados aqui de forma isolada, mas com freqüência podem ocorrer cumulativamente, adicionando gravidade e a conseqüente penalização pelo juiz.

(continuação)

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTESREGIÃO FACIAL: MANDÍBULA & DENTES

Há divergências entre juízes e criadores sobre o prognatismo do Boxer. Alguns entendem que desde a mandíbula esteja mais pro-jetada do que o maxilar, e se nem os dentes nem a língua ficarem naturalmente aparentes com a boca fechada, não importa o quão prognata o Boxer seja, a boca está correta. Eu discordo dessa afirmativa, pois se a curvatura da mandíbula não for limitada, assim como se não for limitado o prognatismo, a aparência do focinho será completamente prejudicada, com a conseqüente alteração da expressão, que definitivamente será “abuldogada”, além do prejuízo natural da função original de um caçador de grandes presas. A grande maioria de criadores e juízes no entanto, entende que há um ponto que poderíamos chamar de “ideal” no que se refere ao prognatismo, embora haja uma margem de tolerância que deve ser considerada antes de penalizarmos o exemplar. Esse ponto ideal é o posicionamento da face anterior do incisivo superior direito contra a face posterior do canino inferior direito, e do outro lado da mesma forma. Verifique que os dois dentes se toquem, ou que haja apenas um espaço mínimo e igual entre eles, em ambos lados (fig. 9 e fig. 10). Essa medida indicará um prognatismo entre 0.8 e 1.0 cm. Na medida em que esse espaço for maior, o prognatismo aumenta, podendo passar do aceitável ao indesejável, e até mesmo chegar à exageros intoleráveis, as chamadas “bocas de gaveta”.

Fig. 9

(continuação)

Fig. 10

Como em qualquer outra raça canina, a fórmula dentária do Boxer obedece ao padrão normal, qual seja, 6 incisivos superiores e 6 incisivos inferiores, 2 caninos superiores e 2 caninos inferiores, 8 pré-molares superiores e 8 inferiores, 4 molares superiores e 6 in-feriores, totalizando 42 dentes. Entretanto, embora raramente, encontraremos Boxers com 7 ou até 8 incisivos superiores (fig. 11), o que é indesejável, embora bem menos grave do que os demais problemas comentados acima.

Outro problema menor mas que ocorre com certa freqüência na raça Boxer, é a hiperplasia de gengiva, que é um sobre crescimento da gengiva caracterizado por aumento gradual na sua espessura, sobretudo ao nível do bordo gengival (fig 12), que tem origem em várias causas, inclusive por predisposição genética dessa patologia. Sob o ponto de vista do julgamento, trata-se de problema menore quase irrelevante, embora deva ser levado em consideração numa decisão comparativa de uma final competitiva.

Fig. 11 Fig. 12

Resumindo: a correção da mordedura do Boxer deve ser determinada pelo juiz observando principalmente estes pontos:

1) Olhando para o cão de frente, certifique-se de que o sulco mediano desce em linha reta no meio do o queixo;

2) Levante os lábios da frente e verifique que o freio no maxilar esteja perfeitamente alinhado com o espaço entre os 2 incisivos cen- trais da mandíbula, e que os caninos estejam na mesma altura;

3)Levante o lábio tanto do lado esquerdo como do direito, e certifique-se de que o incisivo superior mais externo fique logo atrás da parte traseira do canino esquerdo inferior, tanto de um lado como do outro.

4) Verifique o alinhamento dos dentes que devem estar em linha reta, e a saúde das gengivas.

(continuação

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: OLHOSREGIÃO FACIAL: OLHOS

Sendo parte importantíssima na composição da expressão, a qual é fator de destaque na raça, o juiz deve analisar cuidadosamen-te os olhos do Boxer. O padrão explica detalhadamente que devem ser marrom escuro na cor, colocados frontalmente, de bom tamanho, não muito pequenos, muito salientes ou muito profundos. É também através dos olhos que podemos avaliar o caráter do Boxer que, combinado com o as rugas da testa, dá a cabeça sua qualidade única de expressividade. Para completar o conjunto, as membranas das pálpebras (ou terceira pálpebra) devem ser, de preferência, pigmentadas.

Ao visualizar a cabeça do Boxer observe a expressão. Os olhos devem ser limpos, com as pálpebras justas, quase humanos, que olham diretamente para você com confiança. Devem ser posicionados bem à frente da cabeça, sob uma arcada superciliar defini-da. Os olhos devem ser o mais escuro possível, independente da cor da pelagem, seja esta mais clara ou não (fig. 1, 2 e 3).

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3

Os problemas mais recorrentes relativamente aos olhos, são olhos grandes e proeminentes (fig. 2); olhos pequenos e inseridosmuito profundos (fig. 3); olhos com a pálpebra inferior não ajustada (caída) (fig 4); olhos com a pálpebra inferior não ajustada mostrando a esclerótica (fig 5); olhos menores do que o globo ocular mostrando a conjuntiva (fig. 6).

Fig. 1 Olho normal Fig. 2 Olho grande Fig. 3 Olho pequeno

Fig. 4 Pálpebra caída Fig. 5 Esclerótica aparente Fig. 6 Olho menor que o globo ocular mostrando a conjuntiva

O formato do olho não é totalmente descrito em qualquer padrão em todo o mundo.A maioria dos padrões, e o da FCI não é diferente, comenta sobre a cor, tamanho e profundidade de posicionamento apenas. A melhor descrição que conheci sobre o formato dos olhos do Boxer é de Judy Horton, que compara a forma do olho com aforma de um limão siciliano!

O Boxer não possui olhos muito grandes, os quais normalmente saltam e têm uma aparência monótona, que apaga totalmente a vivacidade e atenção que o olhar deve ter. Por outro lado, os olhos pequenos, que são normalmente inseridos profundamen-te, vão para o outro extremo. Se forem escuros como devem ser, podem ter expres-são ameaçadora ou penetrante, estranho ao caráter normal da raça.

Formato de um limão:

(continuação)

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CABEÇACABEÇAREGIÃO FACIAL: ORELHASREGIÃO FACIAL: ORELHAS

O juiz vai encontrar hoje nas pistas Boxers com orelhas íntegras e orelhas cortadas. Dependendo do país onde estiver julgando também poderá ter apenas um ou outra opção, ou seja, só orelhas cortadas ou só orelhas naturais, conforme a orientação da en-tidade nacional FCI no país promotor do evento.

Embora no continente americano haja uma forte preferência pelas orelhas cortadas, tanto na Europa como na Ásia a preferênciaé pelas orelhas naturais. É inegável entretanto, a tendência mundial cada vez mais presente, pelo banimento do corte de orelhas. O padrão da FCI já ignora totalmente o corte de orelhas e determina: "As orelhas naturais são de tamanho apropriado. Elas são posicionadas bem separadas na parte mais alta do crânio. Em repouso ficam perto das bochechas e viram para a frente com um vinco definido, especialmente quando o cão está em alerta". No que se refere à julgar ou não orelhas cortadas, o juiz deve fa-zê-lo de acordo com as determinações da entidade nacional do clube promotor do evento em que está julgando, conforme orien-tação da FCI para outras raças com situações semelhantes.

A verdade é que, sob o ponto de vista de avaliação , o juiz não deve levar esse aspecto (cortadas ou naturais) em consideração, julgando exatamente da mesma forma e com os mesmos critérios, exemplares tanto com orelhas cortadas como com orelhas ín-tegras, sem qualquer detrimento para um ou para outro. Fixadas nos pontos mais altos dos lados do crânio, quando cortadas o são habitualmente com um corte um pouco longo e afi-nando, eretas quando em alerta (fig. 1). Quando são naturais, não cortadas, devem ser de tamanho moderado, finas, com as pon-tas acomodadas sobre ou bem perto das bochechas quando em repouso, caindo para a frente, mas criando um vinco vertical no meio, quando em alerta (fig. 2).

A falta mais comum que podemos encontrar nas orelhas cortadas são as orelhas quebradas, não eretas por problemas de cartila-gem fraca (fig. 4). Julgando um Boxer com orelhas eretas o juiz examinará as orelhas com as mãos, de modo a ver se são eretas naturalmente sem uso de artifícios cirúrgicos ou cosméticos. Já nas orelhas chamadas naturais, ou não operadas, o problema mais recorrente são as chamadas "flying ears" ou orelhas semi-eretas afastadas das bochechas (fig. 3). A figura 5 mostra orelhasinclinadas para o centro, um problema normal em filhotes que deve desaparecer com a idade. Não sendo um exagero disforme, ou muito em desacordo com o que se espera para um par de orelhas corretas, por não serem estruturais, normalmente estes não são problemas graves.

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3

Fig. 4 Fig. 5

(continuação)

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PESCOÇOPESCOÇOO pescoço do Boxer não reúne características especiais, mas segue o formato padrão de um pescoço para um cão de seu porte. O padrão da raça define: "a linha superior forma um elegante arco da nuca bem marcada até a cernelha. Ele deve ser de bom comprimento, redondo, forte e muscular".

O pescoço mais longo permite a formação de um arco suave, chamado de "a curva do garanhão" que adiciona graça e elegância ao animal. Dependendo do porte do exemplar o pescoço pode variar de comprimento entre 41 a 56 centímetros. Com a ênfase na cabeça em certos países da Europa, em alguns casos o corpo sofreu e muitos cães têm pescoços grossos curtos ao redor de 33 centímetros.

Qualquer que seja seu comprimento, o pescoço do Boxer deve ser musculoso mas limpo de pele solta e sem barbelas ou dobras. Não deve haver excesso de pele, que deve ser justa na musculatura rija.

Pescoço correto mostrando a “curva do garanhão” Pescoço curto, desproporcional ao tamanhp do cão

Pescoço com barbela e excesso de pelePescoço fino e um pouco longo

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CORPOCORPOO padrão da FCI, que é o que devemos seguir, determina que o corpo é quadrado suportado por pernas robustas e retas. Os músculos devem ser longos, firmes mas flexíveis, e não amontoados e nas excessivamente rígidos.

Sua cernelha deve ser marcada. A linha superior do Boxer incluindo o lombo deve ser curta, firme, reta, larga e musculosa, fluindo em uma linha contínua e suave, sem caroços ou rugas sobre os ombros. Embora o padrão não diga isso, a linha su-perior é levemente descendente para a garupa, não sendo selada ou carpeada.

A garupa é ligeiramente inclinada, larga e apenas ligeiramente arqueada. Não deve ser plana ou curta. A pélvis deve ser lon-ga e larga, especialmente em cadelas. Não deve haver rugas evidentes na base da cauda, sendo que esta é inserida alta.

O peito é profundo, alcançando os cotovelos, e a profundidade do corpo no ponto mais baixo do peito é igual a metade da altura do cão na cernelha, com alguma tolerância - embora mínima - para as fêmeas.

O antepeito é bem desenvolvido e visível de lado, suas costelas são bem arqueadas, mas não em forma de barril, que se es-tendem bem para a retaguarda do animal. O osso externo deve ser longo, prolongando-se bem para a parte traseira, e não sendo interrompido bruscamente. O antepeito deve preencher totalmente o espaço entre as pernas dianteiras

A linha inferior segue em direção à parte traseira numa curva elegante, ligeiramente esgalgada, com flancos curtos e tensos. O juiz não deve ser capaz de colocar mais do que três ou quatro dedos na área de flanco, entre a última costela e o início dos posteriores.

Linha superior correta Linha superior selada Linha superior com carpeamento no lombo

Garupa caída, com Garupa curta formando Garupa plana, sem muita inclinação rugas na base da cauda a inclinação necessária

Boa profundidade de peito Pouca profundidade de peito, Boa profundidade de peito, mas em proporção com a altura o que deixa o animal com com patas curtas, dando aparência muita luz”e pernalta de corpo longo e “pouca luz”

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CAUDACAUDADiferente do AKC, o padrão da FCI no quesito cauda deixa claro a posição da entidade sobre a discussão - se cortada ou não cortada. O texto é claro: "Inserida preferivelmente alta do que baixa. A cauda é de comprimento normal e deixada natural”. O grifo é do próprio padrão, indicando que este ponto foi atualizado em 2008, alterando a revisão anterior. Da mesma forma que quanto às orelhas, a FCI tem sido tolerante com os países onde tanto o corte de orelhas como o de caudas, e os juízes por enquanto podem aceitar esses animais em suas pistas, até instrução em contrário por parte da entidade.

O porte e formato da cauda do Boxer, como consequência das décadas anteriores sem uma seleção genética contemplando es-sa parte da anatomia da raça, ainda é um pouco nebulosa. Entretanto, fazendo uma avaliação da grande variedade de porte de caudas q ue já tivemos oportunidade de observar nas pistas de vários países, a cauda é uma extensão da coluna dorsal, e não é difícil concordar que o porte deve ser alto, ou seja, acima da linha do dorso, numa curva ascendente suave, preferivelmente sem tocar o dorso, e não enrolada.

Neste momento do desenvolvimento da apuração genética quanto à cauda, as faltas que podemos encontrar são as normais pa-ra várias raças com porte de cauda semelhante ao Boxer: cauda portada baixa e cauda quebrada ou torcida, faltas que são men-cionadas no padrão. Além disso devemos evitar as caudas enroladas sobre o dorso.

Cauda natural com porte ideal Cauda cortada com porte ideal

Cauda incorreta, baixa em movimento Cauda incorreta, enrolada sobre o dorso

Cauda incorreta, quebrada ou torcida

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ANTERIORESANTERIORESNão há nada de muito diferente nos anteriores do Boxer segundo o padrão, e essa parte da anatomia do Boxer é similar aos molos-sóides, embora seja mais atlético do que a maioria. Seus aprumos dianteiros são longos, retos, e firmemente musculosos. Quando vistos de frente são paralelos e têm ossos fortes.

Seus ombros são longos e inclinados, ligados firmemente ao corpo e cobertos de musculatu-ra sem exageros, não devendo ser carregados o que é um defeito muito comum. Devem ser bem angulados, ao redor de 90°, de forma a garantir uma correta cobertura de solo, já que pela sua função o Boxer é um cão que deve ter movimentação excelente. Angulações muitoabertas (100°/110° ou mais) vão causar pouco alcance na movimentação dos anteriores, comconsequente cobertura de solo limitada prejudicando sensivelmente a tração do animal. Por outro lado, angulações fechadas em conjunto com outros aspectos no quarto traseiro, cau-sarão efeito do tipo "hackney", causando as pernas a serem levantadas muito alto num esfor-ço desnecessário na movimentação.

Antepeito correto, bem desenvolvido, mostrando boa estrutura e musculatura adequada

Antepeito estreito, pouco desenvolvido, mostrando estrutura e musculatura pobres e inadequadas

O antepeito é bem cheio na frente, mostrando estrutura e musculatura adequada. Não é muito estreito, o que denotaria excesso de estilização; nem muito largo, que é uma características de cães pesados e pobres de tipo. Se o juiz achar que deve, pode medir o antepeito entre as pernas da frente, que é da largura de aproximadamente um palmo de homem, num cão de tamanho normal.

Ombro bem angulado em aproximadamente 45°, o que proporcionará boa cobertura de solo

Ombro com angulação incorreta, maior do que 45°, o que proporcionará cobertura de solo pobre

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ANTERIORESANTERIORESSeus braços são longos e como vimos acima, fazem um ângulo aproximadamente reto com a escápula. Os antebraço são verticais,longos e musculosos, e se observados de frente nascem ligeiramente sob a curvatura da caixa torácica, à partir dos cotovelos. Os co-tovelos devem estar posicionados junto à linha inferior da junção do antepeito com peito e não devem ser pressionados ou muito junto com a caixa torácica nem deve ficar longe e visíveis (soltos) a partir do peito. Os problemas representados nas imagens abai-xo poderão surgir com maior ou menor intensidade na pista, às vezes com manifestações muito sutís, mas nem por isso devem serignorados.

Frente correta com Frente estreita com Frente estreita com Frente larga com Frente larga com os braços saindo sob pouco desenvolvimento aprumos desviados ombros carregados cotovelos soltos a caixa torácica da caixa torácica e leve desvio dos braços e desvio dos braços

Os carpos (punhos) são fortes, bem definidos mas sem exagero, não se destacando muito dos braços. Os metacarpos são curtos e fortes, ligeiramente inclinados, mas ficando praticamente perpendicular ao chão. Os "ergots" podem ser removidos. Os metacarpos absolutamente retos são indesejáveis pois prejudicam a movimentação e a resistência do animal.

As patas dianteiras são compactas, bem fechadas com dedos são bem arqueados (pés de gato), com almofadas pequenas, redondase bem acolchoadas, te ambém duras. Não viram nem para dentro nem para fora, mas apontam diretamente para a frente.

Pés corretos, redondos Pés incorretos, ovais e Pés incorretos, espalhados, com os dedos bem com os dedos não dedos sem arqueamentoarqueados (Pés de gato) muito arqueados com ligamentos fracos

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POSTERIORESPOSTERIORESAparência geral dos posteriores é muito musculosa, com os músculos duros que devem destacar-se plasticamente sob a pele, com angulação em equilíbrio com a dos anteriores.

As coxas não devem ser estreitas e planas, mas sim largas, longas e curvas, e sua musculatura é dura e fortemente desenvolvida, vi-sível em ambos os lados das coxas, com a parte interna (breech musculation) bem desenvolvidas. Os ângulos do quadril e do joe-lho são moderadamente abertos.

As articulações do quadril e joelho devem ter boa angulação. O joelho, quando o cão está em pé, deve chegar suficientemente para a frente de modo que toque uma linha perpendicular imaginária da ponta (superior) da pélvis ao chão (veja figura acima).

As pernas são muito musculosas e bem anguladas no joelho, nem muito íngremes nem super-anguladas, com jarretes bem "desci-dos" não inclinando nem para dentro nem para fora, e claramente definidos mas não exagerados, num ângulo de aproximadamente140 graus. Vistas por trás, as pernas traseiras devem ser retas.

Os metatarsos são curtos, limpos e forte, com ligeira inclinação, devendo ser quase perpendiculares ao solo, com uma ligeira incli-nação permitida de cerca de 95 a 100 graus a partir da articulação do jarrete para o chão; isto é, não completamente vertical. Os jar-retes devem estar limpos e não distendidos, apoiados por almofadas traseiras poderosas.

As patas são ligeiramente mais longas do que as da frente, justas e bem almofadadas, com almofadas duras, e são retas vistas por trás. O Boxer não tem ergots traseiros.

Macho com angulações posteriores corretas Fêmea um pouco longa, com garupa, joelhos e jarretes mal angulados

Aqui vemos dois exemplos de excelentes posteriores, com ótimo desevolvimento muscular e paralelismo perfeito nos jarretes

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POSTERIORESPOSTERIORESAparência geral dos posteriores é muito musculosa, com os músculos duros e destaca-se plasticamente sob a pele, com angulação em equilíbrio com a dos anteriores.

Dos problemas indicados nos desenhos acima, embora os dois últimos sejam os que ressaltam mais imediatamente à visão do juiz,até mesmo por isso são os mais facilmente diagnosticáveis. Entretanto, são problemas pontuais se comparados com a gravidade que a recorrência de posteriores estreitos trazem hoje em dia para a raça. Posteriores estreitos afetam substancialmente o tipo e a aparência geral do animal, e devem ser punidos com severidade pelos juízes.

Posteriores corretos Posteriores estreitos Jarretes de vaca Jarretes abertos

Tarso e metatarso também devem ser curtos, fortes e paralelos, sem abrir ou fechar, bem descidos e mantendo-se vertical perpen-dicular ao solo. Principalmente na Europa há um costume de apresentar o Boxer com os posteriores muito esticados, o que prejudi-ca a avaliação do juiz relativamente à esta parte da anatomia do cão. Como dissemos na página anterior, o que reflete o texto do pa-drão: “Jarretes: Fortes e bem definidos sem exageros. Ângulo de aproximadamente 140 ̊. O matatarso: Curto com leve inclina-ção, 95 -̊100 ̊em relação ao solo” .

Ângulo do jarrete de 140 ̊com a perna

Inclinação do jarrete de 90 ̊à 100 ̊com o solo

As patas traseiras são ligeiramente mais longas do que as da frente, justas e bem almofadadas, com almofadas duras, e são retas vistas por trás.Como podemos ver abaixo, as patas traseirasnão têm “ergots”.

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INFORMAÇÃO

MOVIMENTAÇÃOMOVIMENTAÇÃOO padrão oficial da FCI para a raça Boxer não é muito útil quando fala sobre o movimento correto que deveríamos buscar nos nossos Boxers. Ele apenas afirma que o Boxer deve ser "animado, cheio de força e nobreza". Isto realmente não nos dá muita informação, mas nos diz o suficiente para saber que o Boxer deve mover-se energicamente e ainda manter seu porte nobre.

O padrão do The Kennel Club é ligeiramente mais completo que o da FCI com relação à movimentação, no entanto sua afirma-ção "...com a ação impulsionadora dos posteriores..." parece indicar que apenas o quarto traseiro contribui para a impulsão, o que sabemos ser falso. O AKC, apesar de descrever o movimento da forma mais abrangente entre os três padrões, apresenta poroutro lado um grande problema em sua descrição, pois afirma que as pernas da frente não contribuem com energia de impulsãoo que foi provado ser uma declaração falsa em estudos posteriores sobre a movimentação canina. Um dos mitos relacionados aomovimento em cães é que os posteriores são responsáveis por todo o impulso, que foi eliminado usando placas de pressão para determinar que, especialmente no trote, cães propulsionam com ambos os quartos, dianteiros e traseiros. Assim, a partir dos pa-drões, embora devamos seguir o padrão da FCI, podemos ver que temos um problema se confiarmos apenas em suas descriçõespara determinar como um Boxer deve se mover.

O Boxer é necessáriamente um galopador resistente, pois o padrão afirma que sua tarefa "…era apreender a caça acuada peloshounds e segurá-la com firmeza até que o caçador chegasse e matasse a presa". Constatando que ele tinha que acompanhar oscães perseguindo a presa, o Boxer tinha que galopar por períodos prolongados. Para o Boxer de exposições, a movimentação é certamente um problema pois a marcha que é usada para avaliar o movimento é o trote. Ora, um cão projetado para a resistênciano trote tem um corpo que é mais longo do que a altura na cernelha, e assim o Boxer é avaliado em uma marcha para a qual elenão foi projetado, e o juiz deve levar isso em cosideração.

A movimentação do Boxer deve ser equilibrada na eficiência da marcha, e tem excelente alcance e energia na propulsão tanto em galope como em trote. Seu movimento, no entanto, não difere sensivelmente de muitas outras raças de cães de trabalho. Sualinha superior é ligeiramente inclinada tanto em movimento como fora dele, e a velocidade aumenta o estiramento da cabeça e pescoço para a frente, a menos que equivocadamente puxada para cima pelos handlers, quando na pista.

À medida que o cão se move para a frente em trote, passo ou galope, a ação dos membros anteriores atrás da linha vertical garupa-solo, é responsável pelo suporte de força aos anteriores (fornecendo impulso) e acelera o movimento, enquanto que a a-ção da pata dianteira em frente da linha vertical cernelha-solo, é utilizada como um freio e desacelera o movimento para a frente.Sempre que uma pata traseira está no chão na frente da articulação do quadril no trote e passo, e na frente do centro de gravida-de a galope, retarda o movimento para a frente. Veja na figura acima.

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MOVIMENTAÇÃOMOVIMENTAÇÃO

Quando um Boxer bem construído se movimenta veremos: • A cabeça levada à frente mas acima da linha superior; • Compri-mento do alcance da perna é maior à frente do que atrás. O passo transversal frontal, por conseguinte, é cerca de 8% mais longo do que a passada traseira; • A pata traseira estende-se mais para trás da articulação do quadril do que se estende na frente dessa articulação; • A pata dianteira se estende para a retaguarda um pouco além do ponto médio do corpo; • A pata traseira pousa um pouco antes do ponto médio do corpo; • As patas não se elevam mais alto do que a altura do metacarpo e jarretes totalmenteestendidos. Veja a figura acima.

Um Boxer que se move desta forma terá o quarto dianteiro e o quarto traseiro bem angulados e equilibrados. Terá um pescoço longo e elegante, bem inserido à uma cernelha bem definida, um dorso curto, reto e forte, um peito profundo que é a metade da altura na cernelha, e um corpo quadrado. Tudo como descrito no padrão.

A figura acima mostra quais são os defeitos mais comuns: • A cabeça portada alta acima da linha superior; • O comprimento do alcance da perna é menor à frente do que atrás, sendo sua passada frontal portanto, cerca de 25% menor do que a passada traseira; • A pata dianteira eleva-se acima da altura dos metacarpos e os jarretes não se estendem completamente sendo jogados para o alto;• A pata dianteira não se estende para trás para o ponto médio do corpo; • A pata traseira pousa no ponto médio do corpo. É o queacontece com o movimento quando o equilíbrio entre dianteiros e traseiros está ausente, com a angulação no quarto traseiro sendo mais do que a angulação no quarto dianteiro ou seja, braço curto e coxa longa.

Em conclusão, como juiz mantenha este critério em mente na sua busca por um Boxer elegante, bem equilibrado, e corretamente construído. Sendo um juiz, quando você encontrar um exemplar com essas qualidades, ele será um forte candidato para uma premia-ção destacada.

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MOVIMENTAÇÃOMOVIMENTAÇÃONas figuras abaixo, vemos alguns problemas muito recorrentes nas pistas, e para os quais o juiz deve dedicar muita atenção. Asfiguras 2 e 4 mostram problemas bastante conhecidos, mas a figura 3 mostra um problema quase sempre ignorado nos julgamen-tos. O Boxer não deve se movimentar com os aprumos paralelos, mas sim com discreta convergência para a linha central.

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 Frente correta Cotovelos soltos Frente sem convergência Frente “remando” cruzando a frente ao ponto central

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 Frente correta Cotovelos soltos Frente sem convergência Frente “remando” cruzando a frente ao ponto central

Em todas as figuras, acima e abaixo, os pontos marcam as articulações principais envolvidas na movimentação.

Nas figuras abaixo, também vemos problemas recorrentes nas pistas, desta vez na movimentação dos posteriores. As figuras 2 e 4 mostram problemas facilmente identificáveis, mas como acima, a figura 3 mostra um problema pouco considerado, que são pos-teriores que se movimentam muito juntos, prejudicando o rendimento.

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COR E PELAGEMCOR E PELAGEMA cor da pelagem do Boxer, desde que atenda aos requisitos indicados no padrão da raça, não é fator que deva interferir no seu julgamento, o qual deve transcorrer independente das preferências pessoais do juiz. Fazendo uma análise dos vários padrões da ra-ça Boxer adotados por outras entidades, veremos que as essas cores permitidas nas pistas são as mesmas em todos os países, com sutis diferenças apenas nas faltas que envolvem este aspecto do padrão.

O padrão da FCI determina: "Fulvo ou tigrado. A cor fulvo ocorre em várias tonalidades, de castanho pálido até um vermelho veado escuro, mas o mais bonito está no meio (vermelho/castanho). Máscara preta. A variedade tigrada nas tonalidades de cas-tanho mencionadas acima, tem listras escuras ou negras correndo na direção das costelas. A cor básica e as listras devem con-trastar claramente. Marcas brancas não precisam ser completamente rejeitadas, e podem ser bastante atraentes."

Castanho Tigrado

Embora não especificado pelo padrão, muitos criadores e aficionados da raça classificam exemplares nas cores aceitas pelo padrãoda forma seguinte.

Castanho Clássico, são os exemplares que têm uma pelagem castanha (ou marrom arenoso) com uma cara preta. Podem haver di-ferentes tons de castanho, a partir do mais pálido até um tom mais avermelhado, mas a maioria dos castanhos possui o mesmo tommédio com poucas variações. Alguns têm manchas de branco em seus narizes, queixos ou entre os olhos, e também podem ter pe-quenas marcas nos pés, mas não as marcações completas de branco no pescoço e luvas nas patas.

Castanho "Flashy", é a cor de exemplares com a pelagem fulvo na cor, a cara é preta, com branco em forma de marcação sobre o focinho e até entre os olhos, pescoço parcialmente branco e luvas nas patas, principalmente nos anteriores. Quando os filhotes nascem com branco em seus rostos, o branco normalmente diminui lentamente até a idade de 6-8 meses. Filhotes "flashy" geral-mente nascem com a cara quase toda branca.

Cabeça Flashy Cabeça com marcação indesejável

Cabeça Clássica

Castanho Vermelho Veado Castanho Pálido

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COR E PELAGEMCOR E PELAGEMAs faltas relativas à cor nos vários padrões são basicamente as mesmas da FCI, as quais não são desqualificantes: "Máscara atin-gindo além do focinho. Listras tigradas muito próximas juntas ou apenas listras reconhecíveis isoladamente. Cores básicas su-jas. Cores entrelaçadas. Marcas brancas não atraentes tais como, a totalidade ou um lado da cabeça branco. Outras cores ou cães que excedem mais de um terço branco." O padrão do Canadian Kennel Club desqualifica Boxers pela cor irregular.

Tigrado Invertido Tigrado Sealed Tigrado Sujo

Tigrado Clássico e Tigrado "Flashy", são cães que claramente possuem listras escuras definidas sobre um fundo castanho. Tanto o Clássico como o Flashy, acompanham exatamente as descrições sobre máscara e marcação de branco, mencionadas na páginaanterior para o castanho clássico e o castanho chamativo, sendo sua cor entretanto, tigrado e não castanho.

A pelagem tigrada no Boxer apresenta algumas variações que devem ser avaliadas com atenção pelo juiz, pois via de regra são indesejáveis na extensão da intensidade dessas variações, pois o padrão diz especificamente: "…tonalidades de castanho com listras escuras ou negras correndo na direção das costelas. A cor básica e as listras devem contrastar claramente.". A primeira variação é a denominada Tigrado Reverso ou Tigrado Inverso, que é muito raro. É quando a cor básica do corpo é muito escura, com listras castanhas mais claras, ao invés de ser fulvo sólido com listras pretas, e daí o nome "inverso". A seguir temos o Tigra-do Dourado que também é uma cor rara, que é simplesmente um tigrado muito leve, muitas vezes com poucas listras pretas es-parsas, bem menos do que a média. Finalmente temos o Tigrado Fechado ou "Sealed", que é o tipo de tigrado mais raro, que são Boxers com a cor base muito escura parecendo quase negro, onde as listras típicas são também tão escuras que se mesclam com a cor base e, portanto, quase não podemos ver algum castanho em seu corpo, que parece ser totalmente na cor preta. Todas essas variedades não são desejáveis, como podemos ver pelo padrão.

O Boxer branco gera uma questão importante pois todos os nossos Boxers são portadores de genes dessa cor, e o resultado disso é que a população mundial da raça indica como resultado 25% de brancos, 50% de "flashy" (marcados de branco) e 25% de só-lidos castanhos e tigrados. Há um consenso mundial sobre o fato de que Boxers brancos ou majoritariamente brancos não são desejáveis, porque geneticamente a cor branca está associada com a surdez. Apenas a título de informação, há um movimento do Conselho da Raça Boxer no Reino Unido para reconhecer que os Boxers "flashy", portanto os chamados "bem marcados", não devem ser cruzados entre si pois produzirão grande quantidade de exemplares brancos, e em breve esse procedimento na criação será considerado antiético naquele país. Com isso desejam promover os Boxers sólidos tanto para exposições como na criação.

Como o padrão da FCI não desqualifica Boxers por faltas na cor, surge a questão: o que fazer com um Boxer totalmente branco, ou com mais de 1/3 nessa cor? O procedimento do juiz deve ser a desqualificação por atipia, visto que a cor branca não está rela-cionada como sendo uma das cores típicas da raça, e portanto o exemplar não atende os requisitos de tipicidade para ser julgado como um Boxer.

Jovem Boxer totalmente branco Boondocks Rocking Sadi, uma linda fêma “seald”

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PESO E ALTURAPESO E ALTURA

As fotos acima são idênticas, tratando-se portanto da mesma fêmea. O tratamento gráfico de imagem, mostra uma com orelhas e cauda cirurgicamente operadas e outra com ambas partes íntegras. A primeira parece ligeiramente mais alta enquanto que a segun-da mostra-se mais baixa. Isso ilustra a "ilusão de ótica" mencionada no parágrafo anterior.

O padrão do Boxer fala em "…tamanho médio". Em primeiro lugar, o que "tamanho médio" significa? Todos nós já vimos cães e cadelas muito altos ou muito baixos nas pistas nos últimos anos. No entanto, não só não tivemos nenhuma desqualificação por tamanho, já que o padrão não determina isso, mas vemos esses exemplares serem premiados com destaque. As alturas recomenda-das pelo padrão são 57 - 63 cm. para machos e 53 - 59 cm. para fêmeas . Os pesos para cães médios relativamente às medidas do padrão, são acima de 30 kg para machos e aproximadamente 25 kg para fêmeas.

Cabe à cada juiz decidir se deseja premiar um cão com 65 cm. ou um ainda mais alto, ou penalizar outro com apenas 55 cm. já quetodos os tamanhos são aceitáveis sob o padrão da raça. Devemos entretanto optar pelos tamanhos médios sem detrimento, claro, dequalidades estruturais. O Internationaler Boxer Club da Alemanha não aumentou os limites de altura em sua revisão do padrão de 2005, exceto na extremidade inferior, indicando portanto a sua preferência para manter os tamanhos moderados. No entanto, aindaque um glorioso exemplar de qualquer tamanho que seja irresistível para o juiz e para o criador, além de ser perfeitamente "legal", sob o padrão, não podemos esquecer que o Boxer é um cão de trabalho, e exemplares com tamanhos abaixo do mínimo recomen-dado devem ser avaliados com reservas pelos juízes.

Para que possamos avaliar essas considerações sobre tamanho, devemos levar em conta que, em geral, quanto menor o peso finalde um Boxer adulto, mais cedo ele vai parar de crescer e vice-versa. Assim, o tamanho final do Boxer não pode ser determinado com segurança por vários anos. A maioria dos filhotes vai crescer em altura e peso até 18 meses (mínimo) e 24 meses (máximo).

Mas o crescimento não pára por aí pois depois que a altura total é atingida, o Boxer continuará a crescer em perímetros até a idade de 2 a 3 anos. Para muitos, o tempo entre 1,5 anos e 3 anos de idade será quando a área do peito realmente será preenchida e torna--se ampla. Em razão dessas considerações, os juízes deve ter isso em conta ao julgarem peso, tamanho, estrutura e massa do Boxer.

Outro fator que deve chamar a atenção do juiz, é a avaliação de altura de exemplares com orelhas e cauda íntegras, versus outros com essas partes de suas anatomias operadas. Por ilusão de ótica, exemplares íntegros parecem mais altos do que os demais, sem que necessariamente o sejam.

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Orelhas cortadas e caudas longas podem causar uma diferença visual sobre a forma como os juízes vêem um cão. Não há dúvida de que um Boxer com as orelhas cortadas pode parecer mais alto, e portanto dá a ilusão de ser mais elegante. Juízes e criadores da mesma forma, devem aprender a julgar o cão completo, não apenas a ilusão e não deixar suas preferências ficarem no caminho do julgamento!