juízo estético de kant e a educação moral

11
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU Disciplina: Estética Profº: João Acadêmicas: Patrícia P. Thomazelli Joseane Oberthier Rosicleia M. R. Borges Immanuel Kant (1724 – 1804) Juízo Estético de Kant

Upload: fx6000

Post on 16-Sep-2015

221 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Dança

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

Disciplina: EstticaProf: JooAcadmicas: Patrcia P. Thomazelli

Joseane Oberthier

Rosicleia M. R. Borges

Immanuel Kant (1724 1804)

Juzo Esttico de Kant

O juzo esttico abordado no livro Crtca da Faculdade do Juzo. De acordo com Kant para se ter uma investigao crtica a respeito do belo, devemos estar orientados pelo poder de julgar. E a indagao bsica que move essa investigao crtica a respeito do belo : existe algum valor universal que conceitue o belo e que reivindique que outras pessoas, a partir da minha apreciao de uma forma bela da natureza ou da arte, confirmem essa posio? Ou ento somos obrigados a admitir que todo objeto que julgamos como sendo belo uma valorao subjetiva? O poder de julgar, pertencendo a todo sujeito, universal e congraa o julgamento esttico, especulativo e prtico. Portanto a investigao crtica que Kant se refere diz respeito s possibilidades e limitaes das faculdades subjetivas que agem sob princpios formulados e que pertencem essncia do pensamento.Como podemos desnudar o fenmeno que explica o nosso gosto? Se fizermos uma experincia com vrios indivduos e o defrontarmos com um objeto de arte, observaremos que as impresses causadas sero as mais diversas. Ento chegaremos concluso de que a observao atenta e valorativa daquele objeto, somada as diferentes opinies que foram apresentadas pelos indivduos, nos d respaldo para afirmar que o gosto tem que ser discutido. Para Kant apenas sobre gosto se discute, ao passo que, representa uma reivindicao para tornar universal um juzo subjetivo.A universalidade do juzo esttico detectada por envolver um exerccio persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma da natureza ou da arte bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os sujeitos tm em comum um princpio de avaliao moral livre que determina a avaliao esttica e, portanto, julga o belo como universal.O juzo esttico est relacionado ao prazer ou desprazer que o objeto analisado nos imprime e, como se refere Kant, o belo o que agrada universalmente, sem relao com qualquer conceito. Essa situao fica bem evidente quando visitamos um museu. Digamos que essa experincia fosse realizada no Museu do Louvre, em Paris, com o quadro Monalisa. Se nos colocarmos como observador, perceberemos que os mais diversos comentrios sero tecidos a cerca dessa obra to famosa. Detendo-nos na anlise dos comentrios favorveis notaremos que, ratificando Kant, o belo no est arraigado em nenhum conceito. Pois, dos vrios indivduos que vo apreciar a obra de Leonardo da Vinci, encontraremos desde pessoas especializadas em arte at leigos, como eu ou voc, que vo empregar cada qual um conceito, de acordo com a percepo, aps a contemplao da Monalisa. Ento isso comprova que no existe uma definio exata a cerca do belo, mas sim um sentimento que universal e necessrio.O sentimento esttico expresso mediante o juzo de gosto. Quando estamos analisando uma obra de arte, sentimentos de agrado ou de desagrado esttico so direcionados pelo juzo: gosto ou no gosto, tenho prazer ou no tenho prazer. Este se resume num juzo de satisfao ou insatisfao esttica.O juzo de gosto uma faculdade de julgar que produz satisfao e descontentamento. Ou nas palavras do prprio Kant, gosto a faculdade de julgar um objeto ou uma representao mediante uma satisfao ou descontentamento, sem interesse algum. O objeto de semelhante satisfao chama-se belo. Ento poderamos conceituar o juzo de gosto como o interesse desinteressado. O agrado e o desagrado esttico no possuem interesses alm da contemplao da beleza. Todo juzo artstico pertence satisfao esttica, a qual desinteressada e reside no prazer diante do objeto contemplado.De acordo com Kant, o juzo de gosto determinado pela finalidade subjetiva da representao, sendo que o belo consiste em uma finalidade meramente formal a qual os indivduos representam subjetivamente. Portanto o agrado ou o desagrado esttico a representao de uma forma pura da finalidade sem fim que acaba por constituir o objeto esttico. Sendo o objeto esttico a forma pura que gera satisfao ou agrado atravs da conscincia que tomamos deste objeto.Kant supunha que o juzo esttico agrada universalmente, pois ganha contornos de juzo lgico, apesar da subjetividade dos sujeitos que contemplam o objeto. O juzo de gosto um juzo a priori independente da experincia e pertencente essncia do pensamento estabelecendo uma conexo entre a representao e o estado sentimental do sujeito. O juzo de gosto desinteressado e a contemplao esttica subjetiva em relao ao objeto analisado, podendo agradar ou desagradar o sujeito.

A Educao Moral segundo Kant.

O filsofo Immanuel Kant (1724-1804) foi um dos grandes pensadores do Iluminismo, em especial do Idealismo alemo. Em suas reflexes, sobretudo no mbito da filosofia prtica, encontra-se o tema da educao ora menos, ora mais explcito.

Comparado aos outros escritos de Kant, este texto breve e sinttico. Entretanto, podemos afirmar que, deixando a controvrsia sobre a autoria ou no de Kant de lado, tal texto se avaliado em seu contedo segue as linhas fundamentais da filosofia prtica kantiana e permanece em seus traos bsicos fiel ao seu projeto. Assim, se levado a srio e em conexo com os demais escritos de filosofia prtica de Kant, a saber, a Crtica da Razo Prtica, a Fundamentao da Metafsica dos Costumes, a Metafsica dos Costumes, em especial sua segunda parte, a Doutrina da Virtude, assim como a primeira parte de A Religio nos limites da simples Razo e Idia de uma histria universal com um propsito cosmopolita, alm de outros, este texto demonstra um potencial terico surpreendente para adentrarmos na reflexo e no universo pedaggico de Kant. Kant (2002, p. 20) admitia que a educao o maior e mais rduo problema que pode ser proposto aos homens. Na introduo, a primeira sentena anuncia: O homem a nica criatura que precisa ser educada (2002, p. 11). Kant recorre comparao do ser humano em relao aos demais animais e constata que estes precisam basicamente de nutrio, mas no maiores cuidados, uma vez que seu instinto os capacita desde cedo sobrevivncia. A educao compreende fundamentalmente dois momentos, a saber, a disciplina (parte negativa) e a instruo (parte positiva). Diferente dos demais animais, cuja finalidade da existncia est pr-estabelecida pela natureza, o homem deve estabelecer por si mesmo o projeto de sua existncia.Para isso ele no pode abrir mo da racionalidade. Como ele no consegue fazer isso por conta prpria e de modo imediato, torna-se necessria a presena do outro. Deste modo, uma gerao educa a outra no intuito de desenvolver as disposies naturais existentes no ser humano (ainda sem a marca da moral), em direo ao bem. Estas disposies, entretanto, s podem ser desenvolvidas em seu pleno sentido no conjunto da espcie humana, jamais no indivduo.Ainda na introduo Kant enfatiza: Tornar-se melhor, educar-se e, se mau, produzir em si a moralidade: eis o dever do homem (2002, p. 19-20). A educao, alm disso, deve ser pensada e estabelecida de um modo cosmopolita de tal forma que o homem seja: a) disciplinado; b) torne-se culto; c) torne-se prudente ou que adquira civilidade; e d) moralize-se. Podemos perceber que a aspirao universalidade, to afeta a Kant, se faz presente tambm em sua concepo de educao, de modo especial quando se refere perspectiva cosmopolita. educao prtica, cabe a tarefa de realizar no ser humano a perspectiva de formao descrita acima. De acordo com a leitura que fazemos, nota-se que o aspecto mais importante na filosofia da educao kantiana a moralidade e que, por conta disso, est pressuposta nesta concepo a ensinabilidade da virtude. A virtude no s pode, como deve ser ensinada. Concepo de educao prticaKant concebe a educao prtica como sinnimo ou equivalente educao moral. O elemento central em torno do qual Kant articula a reflexo a formao do carter. Se na educao fsica o processo consiste em cuidados com o corpo, com a sade, com nossa vida material ou em formar hbitos saudveis, na educao prtica, formar o carter envolve fundamentalmente o desenvolvimento da virtude, isto , a capacidade que o indivduo desenvolve em si de agir conforme o dever que, por meio da razo, ele estabelece para si mesmo. Em A Metafsica dos Costumes Kant define virtude como (...) a fora moral da vontade de um ser humano no cumprir seu dever, um constrangimento moral atravs de sua prpria razo legisladora, na medida em que esta constitui ela mesma uma autoridade executando a lei (2003, p. 248, grifos do autor).V-se, pois, que o elemento central a ao. Segue-se da a definio de educao prtica. Prtico, afirma Kant em outra passagem, tudo que diz respeito liberdade. Na educao moral a virtude concretizada em dois tipos de deveres que as crianas desenvolvero: deveres para consigo mesmas e deveres para com os demais. Neste ponto j est suposto, como afirmamos anteriormente, que a virtude, de acordo com Kant pode e deve ser ensinada, assim como cultivada. Deveres para consigo mesmas

Nesta perspectiva podemos destacar o que Kant escreve nA Metafsica dos Costumes. Os deveres para consigo mesmo podem ser classificados em limitativos (deveres negativos) ou ampliativos (deveres positivos). Os primeiros consistem na proibio de um ser humano agir contrariamente ao fim de sua natureza, ou seja, consistem na sua auto-preservao moral. Os deveres ampliativos consistem fundamentalmente no aperfeioamento de si mesmo. Em ambos os casos trata-se de preservar o que se designa como a dignidade da humanidade em si mesmo. Para isso preciso afastar-se de todos os vcios como, por exemplo, os que se referem ao suicdio, concupiscncia e aos excessos na comida e na bebida no primeiro caso e mentira, avareza e ao servilismo ou falsa humildade, no segundo caso.No ser humano existem, conforme Kant, certas disposies naturais, em alguns momentos designadas como faculdades, que devem ser desenvolvidas para que ele conquiste todos os tipos de fins.

Entre estas disposies ou faculdades Kant menciona trs: do esprito, da alma e do corpo. As faculdades do esprito so aquelas que se cultivam atravs do uso da razo, independentes da experincia e orientadas por princpios a priori. Exemplos destes princpios so encontrados na lgica, na filosofia especulativa e na matemtica. As faculdades da alma so aquelas que se dispem ao entendimento e regra que ele estabelece para o uso de tal conhecimento, o qual deriva da experincia. Neste caso podemos citar memria e imaginao comumente includos, por exemplo, no aprendizado. As faculdades do corpo referem-se ao desenvolvimento fsico (material) do animal humano com vistas consecuo dos fins que ele estabeleceu para si mesmo. Este conceito de dever para consigo mesmo, como possvel perceber, envolve tanto a dimenso corprea ou material do ser humano, como a dimenso intelectual ou imaterial. Entretanto o aprendizado desta primeira perspectiva da educao prtica pressuposto para o aprendizado da segunda perspectiva, a qual comentaremos no item que segue.Deveres para com os demais

O aprendizado dos deveres para com os demais inseparvel do aprendizado dos deveres para consigo mesmo por uma questo fundamental: em ambos a questo da dignidade humana resguardada. Isto fica explcito numa das formulaes do imperativo categrico, na Fundamentao da Metafsica dos Costumes: age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, quanto na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio (1986, p. 69). Podemos citar, como exemplo de dever para com os demais, a beneficncia, a gratido e a solidariedade, alm de outras virtudes como a amizade, a sociabilidade e a cortesia.Percebe-se que a humanidade concebida como um atributo que confere dignidade pessoa. Logo, o dever cultiv-la e preserv-la. O dever para consigo mesmo caracteriza e fundamenta o dever para com os demais. Nas duas perspectivas esto implcitas a questo do aprendizado e a referncia humanidade.Mas afinal, pergunta-se Kant (2002, p. 95), o homem bom ou mau por natureza? No bom nem mau por natureza, pois no um ser moral por natureza. O homem torna-se moral quando eleva sua razo at os conceitos do dever e da lei. Como possvel desenvolver o conhecimento sobre o dever (ou a prtica da virtude) e sobre a lei moral? Esta, conforme comentamos, uma questo que implica o ensino ou o aprendizado, pois tal conhecimento no acontece de modo imediato. Deste modo, a relao educativa tem uma importncia fundamental neste processo. Para finalizar nossa breve reflexo faz-se pertinente lembrar que na educao, acima de tudo, como afirma Kant (2002, p. 106): Deve-se orientar o jovem humanidade no trato com os outros, aos sentimentos cosmopolitas. Em nossa alma h qualquer coisa que chamamos de interesse: 1. por ns prprios; 2. por aqueles que conosco cresceram; e, por fim, 3. pelo bem universal. preciso fazer que os jovens conheam este interesse e possam por ele se animar.