juarez, um artista do bairro

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6 1. INTRODUÇÃO Nosso país sempre produziu arte, mesmo antes de sermos “brasileiros”. Essa necessidade de interpretar e expressar os pensamentos e as formas de apreensão do mundo está em todas as culturas e a necessidade de conviver com essas formas de expressão está em nossa vida, faz parte de nosso dia a dia e usufruímos desse convívio como forma especial de compreensão e de conhecimento do mundo que nos cerca,das outras pessoas, das outras culturas, de nós mesmos, de nossas emoções, de nossos medos, de nossas esperanças, de nossos desejos, de nossas possibilidades. É por meio da arte e de seus símbolos que podemos nos compreender melhor e conhecer nosso próprio país. As manifestações artísticas brasileiras nos revelam o processo de emancipação de nossa identidade, pelo qual assimilamos, transformamos e reelaboramos as matrizes estéticas trazidas de fora pelos colonizadores. Portanto, informações a respeito da arte universal, mas principalmente da europeia, são imprescindíveis para a compreensão da nossa arte. Quando desenvolvemos o senso crítico, podemos perceber se estamos nos expressando sinceramente ou se estamos sendo apenas vítimas de uma dominação simbólica que deforma nossa voz e nosso gesto criador. Como a carga significativa da arte tem dimensões infinitas, não podemos nos conformar com uma convivência passiva, acrítica, mas precisamos ser ativos e inquietos diante dos estímulos que a manifestação criativa nos lança. Para usufruir tudo o que a arte brasileira nos proporciona, tanto quando produzimos como quando apreciamos, precisamos desenvolver habilidades relacionadas a observação, atenção, memória, analise, síntese, orientação espacial, sentido de dimensão, pensamento lógico e pensamento criativo. Tais habilidades nos permitem perceber como os elementos da linguagem artística foram organizadas. Precisamos também obter e associar as informações a respeito de todo o contexto em que a arte é produzida. A apreciação da manifestação artística, isolada do conhecimento a respeito da situação em que foi produzida, pode ser instigante e estimulante, mas não é tão ampla como acompanhada de informações que enriqueçam a experiência estética e ampliem sua abrangência. Emoção e razão se conjugam para que o prazer estético seja pleno. É um jogo em que, as vezes, mergulhamos na emoção e, às vezes, tentamos fazer uma análise crítica por meio do raciocínio, da razão. Nunca podemos nos entregar passivamente, sem uma participação ativa. A sensibilidade, a inteligência e a vontade são os agentes principais dessa atividade, ao mesmo tempo intelectual e emocional, que é a experiência estética.

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Este é o Projeto Integrador do 1º Bimestre solicitado pela UNIVESP, cujo tema é “A riqueza e diversidade da cultura brasileira”, onde junto com o grupo, falamos um pouco de Juarez Martins, um grande artista plástico da região de São Miguel. Vele a pena sua leitura.

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Page 1: Juarez, um artista do Bairro

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1. INTRODUÇÃO

Nosso país sempre produziu arte, mesmo antes de sermos “brasileiros”. Essa necessidade

de interpretar e expressar os pensamentos e as formas de apreensão do mundo está em todas

as culturas e a necessidade de conviver com essas formas de expressão está em nossa vida, faz

parte de nosso dia a dia e usufruímos desse convívio como forma especial de compreensão e

de conhecimento do mundo que nos cerca,das outras pessoas, das outras culturas, de nós

mesmos, de nossas emoções, de nossos medos, de nossas esperanças, de nossos desejos, de

nossas possibilidades. É por meio da arte e de seus símbolos que podemos nos compreender

melhor e conhecer nosso próprio país.

As manifestações artísticas brasileiras nos revelam o processo de emancipação de

nossa identidade, pelo qual assimilamos, transformamos e reelaboramos as matrizes estéticas

trazidas de fora pelos colonizadores. Portanto, informações a respeito da arte universal, mas

principalmente da europeia, são imprescindíveis para a compreensão da nossa arte. Quando

desenvolvemos o senso crítico, podemos perceber se estamos nos expressando sinceramente

ou se estamos sendo apenas vítimas de uma dominação simbólica que deforma nossa voz e

nosso gesto criador. Como a carga significativa da arte tem dimensões infinitas, não podemos

nos conformar com uma convivência passiva, acrítica, mas precisamos ser ativos e inquietos

diante dos estímulos que a manifestação criativa nos lança. Para usufruir tudo o que a arte

brasileira nos proporciona, tanto quando produzimos como quando apreciamos, precisamos

desenvolver habilidades relacionadas a observação, atenção, memória, analise, síntese,

orientação espacial, sentido de dimensão, pensamento lógico e pensamento criativo. Tais

habilidades nos permitem perceber como os elementos da linguagem artística foram

organizadas.

Precisamos também obter e associar as informações a respeito de todo o contexto em

que a arte é produzida. A apreciação da manifestação artística, isolada do conhecimento a

respeito da situação em que foi produzida, pode ser instigante e estimulante, mas não é tão

ampla como acompanhada de informações que enriqueçam a experiência estética e ampliem

sua abrangência. Emoção e razão se conjugam para que o prazer estético seja pleno. É um

jogo em que, as vezes, mergulhamos na emoção e, às vezes, tentamos fazer uma análise

crítica por meio do raciocínio, da razão. Nunca podemos nos entregar passivamente, sem uma

participação ativa. A sensibilidade, a inteligência e a vontade são os agentes principais dessa

atividade, ao mesmo tempo intelectual e emocional, que é a experiência estética.

Page 2: Juarez, um artista do Bairro

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O trabalho de conhecimento e apreciação da arte é uma vivência, ou seja, é ao

mesmo tempo indagação, questionamento (a obra nos propõe perguntas) e elaboração de

múltiplas respostas possíveis (nós tentamos responder ás perguntas que a obra nos propõe). É,

portanto, um exercício de comunicação, de integração e de interação.

O conhecimento da arte é, antes de tudo, o convívio com a arte. Portanto, é

necessário considerar que o importante são as inesgotáveis experiências reais com a expressão

artística dia a dia, por toda a vida.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O objetivo desta pesquisa foi identificar a importância dos artistas populares na

preservação da cultura brasileira e identificar de que forma ele pode trabalhar na preservação

da mesma.

1.2 JUSTIFICATIVA

No nosso bairro ou por onde andamos, é possível notar uma grande influência dos

artistas populares, sejam por esculturas, pinturas ou monumentos. Mas quem são estes

artistas? Com que intenção ela foi criada?

Sabemos que estas artes tem uma riqueza muito grande de nossas culturas, mas é

necessário uma estratégia e mudança de conceitos, para que elas tenham o seu real uso na

sociedade.

Page 3: Juarez, um artista do Bairro

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2. ARTES E SUAS ORIGENS

2.1 DESENHO DE ANATOMIA

A origem da anatomia tem seus históricos iniciados na Grécia antiga, por volta dos

séculos VII-VI a.C.

O “pai da anatomia”, o médico Alcméon, segundo os estudiosos, realizava autópsia e

alguns experimentos em animais. Escreveu alguns livros sobre seus estudos, mas que

infelizmente se perdeu no tempo.

Porém foi na Escola de Alexandrina que houve um progresso na anatomia, tendo como

destaque o médico Herófilo.

Mas a utilização da anatomia para uso artístico culminou no Renascimento, século XV.

Neste período, as estátuas carregavam uma peculiaridade que antes não eram vistas nestes

trabalhos, pois eram nítidas as características nos detalhes dos corpos representados pelos

escultores da época.

E como os gregos, os artistas desta época estudavam bastante a anatomia em seus

ateliês e oficinas.

E em especial podemos falar de Leonardo da Vinci, pois através dele, o desenho e a

anatomia começaram a se tornarem pares nesta arte maravilhosa.

O levantamento que ele fez entre músculos, nervos, veias, articulações, órgão internos,

foi surpreendente, nunca antes realizados com tanta clareza e detalhe.

Ele dissecou por volta de 30 corpos, tanto masculino como feminino, de crianças à

adultos, formando assim uma biblioteca de humanos.

De fato ele era genial, considerado um dos maiores desenhistas de todos os tempos.

Sua criatividade era tanta que os estudiosos da época ficavam fascinado pelas suas

descobertas

No princípio, o emprego do estudo da anatomia era de particularidade médica, mas

com estas vocações que alguns artistas tinham em particular, abriu o leque para muito mais

utilidade.

E nos dias atuais, o estudo da anatomia para realização de desenhos, esculturas, ou

qualquer outra arte referente a seres vivos, é imprescindível para a realização e detalhes de

uma expressão corporal, técnica esta alcançada graças aos esforços mencionados por esta

história descrita.

Page 4: Juarez, um artista do Bairro

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2.2 MANGÁ

A palavra Mangá, numa tradução literal, significa rabiscos descompromissados, ou

ainda, imagens involuntárias. Porém, hoje o Mangá é utilizado para caracterizar as histórias

em quadrinhos no estilo japonês.

Os mangás no Japão, são consumidos por crianças, adolescentes, universitários,

executivos, idosos, enfim, por toda população e de forma exaustiva. Hoje, 50% de todo papel

utilizado no Japão é destinado para confecção dos mangás. Numa simples comparação, o

Brasil está para as telenovelas como o Japão para os mangás. Os mangás são hoje, uma das

mais populares formas de comunicação mundial.

O termo mangá tem origem á partir do trabalho do artista de ukiyo-e (escritura do

mundo flutuante) Katsushika Hokusai, criador do Hokusai Manga, uma série de livros com

ilustrações em 15 volumes de 1814 a 1878, que continha representações do movimento do

corpo humano e movimento muscular, além de ilustrações narrativas e cômicas que retratava

o cotidiano.

Ao contrários das histórias em quadrinhos convencionais, sua leitura é feita na ordem

inversa, ou seja, de trás para frente. Ela teve origem por meio do Oricom shohatsu (Teatro de

Sombras), que na época feudal era comum nos vilarejos e contava lendas utilizando fantoches.

Depois, estas lendas foram escritas em rolos de papel e ilustradas, originando dando origem às

histórias em sequência, e consequentemente originando o mangá. Essas histórias foram então

publicadas por algumas editoras na década de 20, ganhando fama por volta da década de 40,

sendo interrompida pela Segunda Guerra Mundial e retomada somente em 1945, tendo o

Plano Marshall como seu propulsor, pois parte das verbas desse plano era destinada a livros

japoneses. A popularização da leitura de mangá aumentou nesse período, pois devido a guerra

poucas atrações culturais restaram. Foi nessa época que surgiu Ossamu Tezuka, o " Walt

Disney Japonês”, pois foi o criador dos traços mais marcantes do mangá: Olhos grandes e

expressivos. Ossamu recriou a linguagem do mangá até então, dando início o à era moderna

do mangá. "Astro Boy", "Kimba, o Leão Branco" e "A Princesa e O Cavaleiro", são alguns de

seus títulos mais conhecidos, inclusive no Brasil. As formas dos personagens de mangá

costumam ser bem peculiar, como grandes olhos, a cabeça grande em relação ao restante do

corpo. Por exemplo, um mangá para meninas adolescentes, apresentam um traço mais leve,

suave, delicado, com efeitos visuais como flores, estrelas, penas, laços, corações que

caracterizarão o estado emocional das personagens. Já para os meninos, os mangás terão

desenhos mais carregados, grossos e dinâmicos. A atenção aos detalhes é mais cuidadosa, uma

vez que nas histórias geralmente ocorrem grandes cenas de batalha ou conflitos interpessoais.

Page 5: Juarez, um artista do Bairro

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O mangá para meninas chama-se Shojo e para os meninos chama-se Shonen.

Ao longo do tempo, o mangá ganhou a televisão transformando-se em

animes(desenhos animados), ficando mais popular e aumentando o número de fãs em todo o

mundo. As histórias são sempre variadas e com roupagem sempre nova, personagens

expressivos e heroicos como, por exemplo, “Dragon Ball Z” e “Yu Gi Oh”.

O Brasil sofreu influência desta técnica de desenho pela grande quantidade de

japoneses e descendentes residentes no país. Na década de 1960, alguns autores descendentes

de japoneses, começaram a utilizar influências gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em

seus trabalhos na Editora de Revistas e Livros (EDREL), fundada por Keizi.

A primeira publicação no Brasil foi um livro da EDREL: "A técnica universal das

histórias em quadrinhos" de Fernando Ikoma, que só teve contatos com os quadrinhos

japoneses quando foi trabalhar na editora , na época Seto e Keizi foram aconselhados a mudar

o traço mangá para estilos ocidentais.

A “EDREL”, na época do regime militar, sofreu muitas censuras devido os desenhos

em quadrinhos eróticos publicados pela Editora , nessa época Seto cria a Maria Erótica.

A partir da década de 70, as primeiras histórias em quadrinhos baseadas em uma

produção japonesa foram publicadas. Speed Racer (Mach Go Go no original), cuja série de

anime foi exibida no programa do Capitão Aza , foram publicadas pela Editora Abril.

Nos anos 80, os tokusatsus (as séries de super-herói em live-action) fizeram bastante

sucesso no Brasil. Em 1982, a Grafipar lançou duas revistas em formatinho no estilo mangá,

Super-Pinóquio de Cláudio Seto e Robô Gigante. Ambas as revistas tiveram apenas uma

edição. No final da década de 1980 e início da década de 1990 foram lançadas revistas em

quadrinhos Jaspion, Maskman, Changeman, Spielvan, inicialmente pela EBAL e depois pela

Bloch e editora Abril. que na revista Heróis da TV (que também publicou Black Kamen Rider

e Cybercop), todas produzidas por artistas brasileiros do Studio Velpa.

Em 3 de fevereiro de 1984, foi criada Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá

e Ilustrações. No mesmo ano Osamu Tezuka visita o Brasil e é apresentado a uma exposição

com artes de vários artistas brasileiros, conhece o brasileiro Mauricio de Sousa com quem

estabelece uma amizade, ambos planejam um crossover entre seus personagens em longas-

metragens de animação, o projeto foi engavetado após a morte de Tezuka em 1989.

O grande "boom" de animes e mangás no Brasil veio em 1994, com o sucesso de Os

Cavaleiros do Zodíaco de Masami Kurumada exibido pela Rede Manchete. Nesta época surge

as primeiras revistas exclusivas sobre animes e mangás.

O grande marco da publicação de mangás no Brasil aconteceu por volta de dezembro

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de 2000, com o lançamento dos títulos Samurai X , Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco

pelas editoras JBC e a Conrad (antiga Editora Acme). O diferencial desses títulos era dessa

vez os mangás eram publicados da direita para a esquerda, lombada quadrada, meio-tankohon

(metade das páginas de um volume japonês) e em dois formatos: de bolso (usado pela JBC) e

formatinho (adotado pela Conrad). Nessa época, a editora Escala lançou antologias inspiradas

nas revistas japonesas e mesclava material de artistas veteranos como Cláudio Seto, Mozart

Couto e Watson Portela com o de aspirantes a quadrinistas, além de lançar vários manuais de

Como Desenhar no Estilo mangá.

Os títulos brasileiros começam a diminuir devido ao aumento dos títulos originais

japoneses, que tiveram lançamentos de sucesso como Naruto e Bleach.

Em 2008, Maurício de Sousa e a esposa Alice Takeda (que é descendente de

japoneses) são escolhidos para criar mascotes para o Centenário da imigração japonesa ao

Brasil e anuncia o lançamento de Turma da Mônica Jovem (versão mangá adolescente da

Turma da Mônica) faz surgir várias revistas similares, os chamados "Mangás Jovens" são eles

Luluzinha Teen (versão adolescente da Turma da Luluzinha) e Didi & Lili - Geração Mangá

(baseado na personagem Didi Mocó de Renato Aragão e na filha dele Lívian Aragão, a Lili),

em 2009 e 2010 respectivamente.

Entre 2010 e 2011, Maurício de Sousa, anuncia que seu estúdio estaria realizando um

antigo projeto, uma história em quadrinhos com suas personagens e as de Osamu Tezuka. Em

Julho do mesmo ano, a HQM Editora publica os mangás Vitral e O Príncipe do Best Seller do

Futago Studio.

2.3 ESCULTURA

A escultura é um ramo das artes visuais que se define como arte que normalmente

lidam com a visão como seu principal meio para apreciação. Uma característica da escultura é

a maneira como suas formas se estendem através do espaço. São também importantes

elementos do projeto, sombra, luz, textura e tamanho. Normalmente representa uma pessoa ou

objeto, ou pode ainda refletir formas e padrões inventados pelo artista. Ela pode ser

tridimensional ou em relevo, essa última normalmente decoram paredes de prédios.

Através da maior parte da história permaneceram as obras dos artistas que se

utilizaram dos materiais mais duráveis e perenes como pedra(mármore, pedra calcária,

granito) ou metais(bronze, ouro, prata). Ou que usavam técnicas para melhorar a durabilidade

de certos materiais(argila, cerâmica) ou que empregaram os materiais de origem orgânica

mais nobres possíveis, madeiras duráveis como ébano e jacaranda. Mas de um modo geral,

Page 7: Juarez, um artista do Bairro

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embora se possa esculpir em quase tudo que se consiga manter por pelo menos algumas horas

a forma idealizada(manteiga, gelo, cera...) essas obras efêmeras não podem ser apreciadas por

um público que não seja contemporâneo.

Os materiais mais usados na escultura são o mármore, o alabastro , o granito, o

arenito, o calcário e as pedras semipreciosas, os escultores modernos usam esses materiais

tradicionais, mas também trabalham, com outros, como plásticos, tecidos, fiberglass, tubos de

neon e até material reciclável. Atualmente o concreto é muito usado para grandes projetos ao

ar, livre, por ser um material barato, resistente e barato. As técnicas mais comuns de fazer uma

escultura são o entalhe, a modelagem a fundição e a construção.

As maneiras mais comuns de fazer uma escultura são o entalhe, a modelagem, a

fundição e a construção. O entalhe é o processo de dar a substâncias como a pedra, a madeira

ou o marfim a forma desejada, cortando ou aparando as peças. A modelagem envolve o

processo de dar forma à mão a um material macio como a argila. Em seguida, ele pode ser

queimado no forno até endurecer. Também são usados modelos para entalhar. O entalhe é

usado para reproduzir uma peça de escultura mediante o uso de um molde. Numa primeira

versão, faz-se um molde de gesso em volta do modelo. Quando o gesso endurece, é dividido

ao meio e retirado do modelo. As partes do molde são então unidas, com um espaço oco no

lugar em que o modelo estava. O material desejado é então derramado por um furo para

dentro do molde, no oco onde ficava o modelo, onde fica até secar. Quando o molde é

retirado, tem-se uma cópia perfeita do modelo original. Um método que emprega um modelo

de cera é comumente usado para fazer esculturas de metal. Esse processo pode ser usado para

criar muitas cópias de uma estátua. Além de fazer esculturas a partir de materiais variados, os

escultores modernos podem usar técnicas como soldar, aparafusar, pregar ou colar para unir

pedaços diferentes de material.

2.3.1 HISTÓRIA

A história da escultura confunde-se com a própria história das primeiras civilizações,

desde a pré história , mais ou menos 40000 a.C. Os seres que viviam nas cavernas vestiam-se

com peles de animais, caçavam e pescavam para se alimentar.

Eles acreditavam na existência de vários deuses ligados ao poder da natureza, como a

chuva e o sol, relacionados com a fertilidade da terra. Eles criavam suas próprias esculturas,

isto é, seus totens, monumentos feitos para trazer energia positiva e agradar aos deuses, e

também para se representar. Um dos mais conhecidos totens é Stonehenge, que fica em

Salisbury, na Inglaterra. Além dos totens, as antigas civilizações criavam esculturas para

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materializar símbolos importantes que faziam parte de suas crenças e de seu cotidiano.

O homem pré-histórico esculpiu um sílex, o primeiro instrumento, a primeira escultura

da humanidade. O sílex era um instrumento cortante que o auxiliava a abater a caça, raspar o

couro dos animais, trinchar a carne, cortar a madeira. Há mais de um milhão de anos, cortar

era um gesto fundamental para a sobrevivência do homem. Aos poucos os instrumentos foram

se aperfeiçoando. A princípio eram talhados com o auxílio de uma outra pedra, depois com

um pedaço de osso ou de madeira, até finalmente serem polidos, milhares de anos mais tarde.

Com o passar do tempo, os homens começaram a esculpir seus objetos familiares, e em

seguida pequenas estatuetas femininas, que apresentavam muitas vezes formas exuberantes. A

escultura, a primeira de todas as artes, nasceu assim, há muito tempo.

No Egito Antigo, civilização que construiu as pirâmides, apareceram esculturas de

hipopótamos azuis, feitas em faiança, uma espécie de cerâmica branca. Esse animal era

temido por seu tamanho e sua voracidade, e também era símbolo de fertilidade. Como era um

animal que vivia na lama, era considerado um ser especial, poderoso e encantado pois para os

egípcios, a lama e as águas enlameadas representavam o poder da criação.

Ao longo do Rio Nilo, existia uma grande variedade de pedras, tais como o translúcido

alabastro, o xisto verde, o granito rosa e outras. Os egípcios sabiam explorar os minérios para

esculpir as figuras dos faraós, os amuletos de proteção ou os colossos que guardavam os

túmulos. Eles utilizavam ferramentas como cinzéis, clava e enxó. Os escultores extraiam

blocos das pedreiras, desenhavam sobre a rocha com tinta contornando e marcando, em

seguida desbastavam o bloco de pedra e pouco a pouco as formas da escultura iam aparecendo

até a obra ficar concluída. Uma característica das estátuas egípcias era a representação das

mesmas em postura rígida com os braços colados ao corpo e rostos impassíveis.

Os gregos conseguiram animá-las pouco a pouco, esculpindo-as com pernas afastadas

esboçando um passo e um rosto iluminando um sorriso. Como essas esculturas eram feitas em

mármore, quebravam-se com facilidade. Por esse motivo existem muitas obras de deusas sem

braço ou heróis decapitados nos museus do mundo inteiro. Talvez a obra mais conhecida de

toda a história da civilização ocidental seja a Vênus de Milo, criada no ano 200 a.C, na Ilha de

Milo, na Grécia Antiga. A Vênus, feita em mármore branco, representa o ideal clássico de

beleza feminina. Ela é forte e elegante, corpo cheio de curvas, em proporções perfeitas. A

escultura foi encontrada em 1820 com os braços quebrados.

A herança do ideal de beleza, instituído pela Grécia Antiga, foi observado na obra do

artista e arquiteto italiano Michelangelo Buonarroti (1475-1564), denominada Davi, que

começo a ser esculpida em 1501 e foi finalizada em 1504. Feita em mármore, ela mostra a

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perfeição do corpo do guerreiro mitológico que enfrenta o gigante Golias. No renascimento,

época de Michelangelo, o foco de todas as atenções tornou-se o próprio ser humano. Esse

artista italiano acreditava que o corpo humano era a veia pela qual Deus se expressava em

alguém. Era importante, então, que o corpo fosse muito belo.

A escultura da nossa época busca fontes expressivas nas antigas civilizações que

deixou um legado fundamental para esse ofício que passa por este aprendizado, por essa

aproximação com as civilizações que precederam.

A escultura brasileira tem a mesma origem da escultura ocidental. O conceito do ser

humano ampliou-se, a escultura expressa esta ideia de real. Mas estas vertentes manifestam-se

distintamente em lugares diferentes. A valorização da natureza, a intervenção humana nos

espaços abertos da natureza, a presença em nosso país de estágios culturais tão diferenciados,

a presença atuante de culturas diversificadas, favorecem a criação de manifestações únicas. A

carga de originalidade da escultura no Brasil é notável. A energia que a escultura mundial

procura nas civilizações primitivas, aqui, no Brasil, faz parte da própria formação e do estar

cultural. Algumas vezes, a nossa escultura cumpre o ideal renascentista da descoberta da

forma adormecida, contida no bloco inerte do mármore. Outras vezes, a nossa escultura quer

saber do homem e da natureza e reorganiza o mito e o mundo. Talvez esta seja a verdadeira

característica brasileira: A capacidade de simultaneidade da diversidade.

2.3.2 OS MONUMENTOS

Uma das formas mais conhecidas de escultura são os monumentos. Essas formas

surgiram com as primeiras cidades, agrupamentos de pessoas em torno de um centro urbano.

Os monumentos colocados em diversos locais, ruas, praças, servem para homenagear feitos,

celebrar personagens e marcos históricos. Os monumentos são como um cartão de visita das

cidades ou locais onde se localizam, tais como a Estátua da Liberdade em Nova York, Estados

Unidos, a Torre Eiffel na França, o Cristo Redentor no Rio de Janeiro-Brasil.

2.4 PINTURA - ORIGEM

A pintura tem sua origem na pré-história, onde os homens desenhavam nas paredes das

cavernas, os animais que eles gostariam de capturar. Eles traçavam com carvão os contornos

dos bisões ou de mamutes, e para colorir, esfarelavam blocos de terra. Depois, espalhavam

esse pó colorido com buchas de peles ou de folhas, ou o fixavam soprando através de tubos de

osso. Acredita-se que para criar esses pigmentos, utilizavam sangue, excremento e gordura

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animal, clara e gema de ovos e até saliva. Esses primeiros pintores utilizavam toda a

superfície da rocha para suas obras, conhecidas como pinturas rupestres. Na gruta de Lascaux,

na França é possível ver rebanhos inteiros galopando nas paredes e tetos há milhares de anos.

Os primeiros homens, pintavam também sobre pedras.

Na Antiguidade, os egípcios colhiam longos bambus às margens do Nilo, chamados de

papiros. Com as hastes, fabricavam o antepassado do papel. Neste material de aparência tão

frágil, o escriba desenhava, escrevia, ilustrava cartas, contratos, orações. Sentado no chão, ele

mastigava a ponta de seu cálamo, haste de junco que lhe servia de pincel. Em seguida, traçava

a primeira figura no rolo sagrado. Esses rolos tinham um comprimento que podia chegar a

dezenas de metros.

Também na Antiguidade, os gregos gostavam de enfeitar objetos domésticos. Eles

pintavam animais reais ou fantásticos, cenas familiares ou lendárias em recipientes próprios

para guardar água, óleo, vinho ou grãos. Essas vasilhas eram moldadas por oleiros, depois

secadas ao sol e decoradas por pintores com tintas a base de argila e de plantas, em seguida

eram cozidas no forno e por serem de um material muito resistente, ainda hoje são as provas

da pintura grega. Outros povos na Antiguidade também decoravam sua louça, eram os Oleiros

do Peru, que surpreendiam pela criatividade. Em forma de peixes, pássaros, macacos e

monstros ou pintados com motivos geométricos, esses vasos da América do Sul ficaram tão

famosos quanto os da Grécia, pois contavam a vida cotidiana e as crenças desses povos.

2.4.1 A EVOLUÇÃO DA PINTURA

Com o passar dos anos a pintura foi evoluindo e outras técnicas e materiais passaram a

ser utilizados, tais como:

-Pintura em madeira - Na Idade Média, os artistas pintavam painéis de madeira. Para alisar e

encobrir as nervuras da madeira, eles a lixavam e rebocavam com cola e gesso. Ás vezes, os

pintores realizavam obras em várias folhas, para decorar os altares das igrejas. As madeiras

mais utilizadas eram álamo e carvalho.

-Seda e nanquim - Para os chineses, a caligrafia (ciência da escrita) é a maior expressão

artística. Os artistas pintam como escrevem: sobre uma mesa, com nanquim e pincel. Utilizam

materiais bem absorventes, como o papel de arroz ou a seda. Os sinais e desenhos não podem

ser modificados.

-Afrescos - Em 1303, na Itália, tem início a realização de pinturas gigantescas e monumentais

nas igrejas e capelas: Os afrescos, palavra que significa fresco. Nessa técnica, o artista tinha

de pintar numa base úmida que permanecia fresca por um dia apenas.

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-Tinta á óleo: No século XV, o pintor flamengo Van Eyck descobriu o segredo da tinta à óleo.

Para preparar suas tintas, ele devia misturar aos pigmentos um pouco de óleo e alguma

essência vegetal. Sobrepondo, assim, várias camadas dessa massa lisa, fluida e brilhante, dava

à sua pintura a luminosidade das pedras preciosas. Como o quadro secava devagar, era

possível retocar detalhes com mais cuidado. Graças as suas qualidades, o óleo continua sendo

o ingrediente das maiores obras-primas até hoje.

-Pintura sobre tela: A partir do século XVI, os artistas deixaram de pintar na madeira, por ser

uma base pesada, desconfortável e de preparo demorado. Eles passaram a trabalhar sobre uma

tela esticada numa estrutura leve, a moldura. Com o tempo, os pintores passaram a escolher

de acordo com seus gostos, tecidos diferentes. Até o século XIX, as telas eram feitas de

cânhamo de linho, de giesta e até mesmo urtiga. Mais tarde, apareceram novos tecidos como o

algodão, juta, fibra de coco e fibras sintéticas.

2.4.2 O CORPO COMO TELA

Não podemos deixar de citar a pintura corporal, mais especificamente a indígena.

A pintura corporal indigena atinge complexidade em termos de cor e desenho, utilizando

pigmentos vegetais como matéria-prima. Grupos indígenas que até hoje mantem suas

tradições, como os caiapós e os camaiurás, demonstram como a pintura corporal é uma forma

de expressão artirtica e uma linguagem visual em estreita relação com os outros meios de

comunicação verbais e não verbais; é uma forma de expressão que pode ser “lida”, pois revela

intenções pacíficas, ou guerreiras, emoções, situações festivas ou religiosas, importância

social, entre outras mensagens elaboradas com capricho e minúcia.

2.4.3 AS FERRAMENTAS DA ARTE MODERNA

Pincéis, mas também tesouras, rolos, vassouras, espátulas… Para pintar, os artistas do

século XXI usam as ferramentas mais inesperadas. Eles tentam experiências e misturam

materiais de todo tipo: acrílico, papel machê, tinta para automóvel, areia, alcatrão, etc. Colam

papéis e até objetos nas telas. Tudo é possível.

2.4.4 OS MÉDICOS DA ARTE - RESTAURADORES

As obras de arte envelhecem ou são vítimas de acidentes, como o homem. Então, é

preciso protegê-las. Este é o trabalho dos restauradores. Algumas feridas só precisam de

cuidados leves, como limpeza, novo envernizamento, etc. Mas pode acontecer que o quadro

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esteja muito danificado, com base deformada, rachada, a tinta ressecada. Nesse caso, são

necessárias verdadeiras operações cirúrgicas onde os rasgões são consertados e a camada de

tinta pode até ser transplantada para uma nova tela. Obras- primas são salvas, assim, todos os

anos.

Pintar no concreto ou numa casca de ovo, pintar a neve, o mármore, a areia, pintar o

rosto, as mãos, a casa, decorar um grão de arroz ou um palácio inteiro… Os homens pintaram

sobre as bases mais resistentes, assim como sobre as superfícies mais delicadas, flexíveis,

transparentes. Essas pinturas atravessam os séculos ou se apagam com a primeira chuva, com

o mais leve sopro de vento. Algumas desapareceram para sempre, outras ainda esperam ser

descobertas.

Page 13: Juarez, um artista do Bairro

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3. METODOLOGIA

Para início da realização do Projeto Integrador, que tem como tema: “A riqueza e a

diversidade da cultura brasileira”, o nosso grupo optou em pesquisar algumas formas de

expressões artísticas das Artes Visuais, especificamente a pintura, o desenho de anatomia

humana, o mangá e a escultura. Essas modalidades foram divididas entre os integrantes do

grupo para que fosse feita a pesquisa teórica e posteriormente uma entrevista com um artista

local que desenvolvesse essas técnicas e que tivesse uma influência na região.

Escolhemos o artista Juarez Martins dos Anjos para realização do nosso trabalho.

No domingo, dia 05 de outubro, o grupo se reuniu com o objetivo de realizar a

pesquisa de campo, conhecer suas obras, sua biografia, trajetória profissional e influência do

seu trabalho na comunidade.

Fomos recebidos por Juarez Martins, que nos apresentou algumas de suas obras, nas

mais diversas modalidades e técnicas, e nos concedeu uma entrevista sobre sua vocação,

incentivadores, formação, influências na comunidade, dificuldades encontradas e projetos

futuros.

O grupo realizou os registros em áudio, vídeo e fotografias, sendo 1 hora 35 minutos

de áudio, 15 minutos de vídeo e um total de 40 fotos, sendo as melhores selecionadas para

este trabalho.

Também conta com 6 integrantes, onde cada um ficou responsável pela elaboração dos

tópicos relacionados, bem como a revisão total do trabalho.

Page 14: Juarez, um artista do Bairro

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4. ANÁLISE DE DADOS

Utilizando o tema que nos foi proposto, procuramos no bairro de São Miguel Paulista,

São Paulo, algo ou alguém que se encaixasse nestes termos.

Com muito sucesso encontramos o artista Juarez Martins, que tem no decorrer de sua

trajetória uma história fascinante. Estes são uma série de questionamentos e respostas na qual

interrogamos o entrevistado:

1) Como e quando você descobriu essa vocação?

Começou quando eu tinha entre sete e oito anos no Estado da Bahia, pois como não

tinha recursos financeiros, fabricava meus próprios brinquedos. Dessa forma já dava pra notar

que a arte estava inserida em mim, mas inconscientemente. Não tinha ideia de que aquilo era

uma manifestação artística.

2) Quais foram seus incentivadores?

Minha família, meus professores. Quando criança, confeccionava desenhos para os

moldes do mimeografo na Escola. Mas quem me identificou e me apoiou como escultor foi

Paulo Acencio, meu mestre e também artista que hoje trabalha no exterior.

3) Como foi sua trajetória de formação?

Fiz um ano de Publicidade e quatro de Artes Plásticas. Todas na Escola de Artes

Portinari. Os demais conhecimentos, como estudo de anatomia, realizei com alunos na Usp.

Também estudei da arte do desenho, pintura e mangá.

4) Qual seu trabalho de maior destaque?

O troféu da corrida de São Silvestre. Realizei a confecção do mesmo por cinco anos e

estão espalhados pelo Mundo todo. É uma bela escultura feita de madeira.

5) Como a comunidade te acolhe/valoriza como artista local?

Tenho este título pelos diversos trabalhos que realizei na comunidade. A Escultura

Pedra Pequena no Itaim Paulista, trabalhos relacionados a arte para alunos de Colégio. Porém

a arte do Brasil ela é mau interpretada.

6) Quais são as dificuldades encontradas na sua profissão?

As dificuldades são imensas. Primeiro, falta conscientização na arte para efeitos

Culturais. Segundo, o artista tem um péssimo apoio governamental.

Se não tivermos influência política, dificilmente nossa arte aparece. Arte não pode ser

comandada por quem tem mais expressão, mas sim pra quem nasceu pra arte.

7) Quais são os seus projetos futuros?

Estudar no exterior. Pois só assim conseguirei respaldo e currículo para as pessoas

deste país olharem para mim.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Juarez Martins, artista plástico, desenhista e pintor. Nasceu no dia 21/09/1962 no

Estado da Bahia.

Tendo sua trajetória artística iniciada como que de brincadeira, pois no desejo de

brincar e condições financeiras precárias, desenvolvia seus próprios brinquedos.

“...quando tinha 7 ou 8 anos, meu irmão mais velho construía seus próprios

brinquedos. Confeccionava caminhões, pião para poder brincar no barracão próximo de um

vilarejo que se chamava Morrinhos. e nosso tipo de brincadeira era este, criávamos nossos

brinquedos para poder brincar, e como não tínhamos condição de comprar, realizávamos

todo este trabalho... eu explorava da natureza, e eu tinha esta coisa, de olhar e observar a

natureza, e daí tirava os brinquedos dela. Existe uma árvore chamada surucucu, típica do

nordeste, e ela tinha uma vagem que dobrava, e quando ela dobrava eu pegava um espinho

do cacto e furava bem no centro da vagem, criando assim uma hélice. Aquilo pra mim era

fantástico... além do pião, tinha vários outros brinquedos que a gente formava. Eu imaginava

também a fazendinha, com os gados, vacas e bezerros e dizia: a que eu estou é real, mas eu

posso fazer uma para mim com pequenas madeiras. Como fosse uma maquete, e os gados

fazia com sabugo e com madeira fazia as patas...dessa forma já dava pra notar que a arte

estava inserida em mim, mas inconscientemente. Não tinha ideia de que aquilo era uma

manifestação artística...”

Figura 1: Juarez Martins dos Anjos

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Quando veio pra São Paulo no ano de 1973, se encantava com os desenhos exibidos na

Televisão. Às vezes se entristecia por não conseguir desenhar um personagem exibido na tela,

até que descobriu uma banca próxima a sua Escola. Daí pra cá não parou mais, pois tinha

vários desenhos pra se exercitar.

“...descobri uma banca de jornal próximo a escola na Praça Silva Teles, e vi que

aqueles desenhos da televisão tinha na banca, e meu pai comprou. Daí facilitou bastante,

pois exercitava. Uma coisa interessante ocorreu, que no segundo ano, devido a ter

desenvolvido bastante os meus desenhos, aquela sensibilidade artística, que eu fui

aprimorando, eu fazia as matrizes para a professora mimeografar para reproduzir para os

alunos. Tinha uns 11 anos mais ou menos...”

Estudou Publicidade e Artes Plásticas na Escola de Artes Portinari.

Suas premiações começaram de uma forma inusitada, pois um amigo de trabalho o

indicou para levar suas pinturas para um concurso que haveria de ocorrer.

“...A primeira exposição minha foi feita em um Clube na Vila Maria pela empresa que

eu trabalhava. O diretor jurídico, que gostava muito de mim, me avisou que haveria uma

exposição e me perguntou se não queria levar nada. Concordei e levei, só que eu tinha

trabalhado e vim para a casa, mas quando cheguei tive duas surpresas. Eu ganhei o prêmio

com uma pintura a óleo e uma com desenho em pastel. Ganhei dois troféus em 1º lugar. Foi

no ano de 1991. Fiquei super contente e isto foi uma fórmula de estímulo. Fui ao palco,

recebi as premiações...”

Sua descoberta pela vocação na escultura foi também muito interessante.

“...Já na parte de escultura, eu conheci um artista, muito conhecido no ramo. E nesta

amizade eu tinha feito um trabalho de Ramsés do Egito. Quando mostrei, ele me disse que

minha trajetória não era pintura, mas sim escultura. Ele me deu então uma coleção de

ferramentas e disse pra eu fazer algo e levar até ele, pois ele iria me dizer se tinha vocação

ou não. Quando ele viu o trabalho disse que meu estilo era de escultor. E foi me

estimulando...seu nome é Paulo Acencio...”

Figura 2: Ramsés - Obra em Madeira

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O artista realizou vários trabalhos para a comunidade local. De aulas oferecidas em

escola à trabalhos artísticos espalhados pelo bairro. Foi também por cinco anos seguidos, o

responsável pela arte e desenvolvimento do troféu da corrida de São Silvestre. Este com

certeza, foi seu trabalho de maior destaque.

“...Aquela mão da praça do Itaim Paulista, a Pedra Pequena, foi uma criação minha

através de um sócio-drama...e esta escultura do Itaim Paulista já é considerada um

patrimônio do município de São Paulo, e ela está em 1º lugar, dentre todos os

monumentos...Realizei um projeto comunitário no Colégio Parigot, com bolsas de Estudos,

para o aluno aprender as técnicas de pintura, arte de artistas famosos, para posteriormente

os professores utilizarem isso como grade para seus estudos...meu trabalho de maior

destaque foi o troféu da São Silvestre, por ser divulgada nos 5 continentes. Ainda mais agora,

que em setembro saiu um livro sobre a história da São Silvestre, onde diz toda a história do

troféu... Enfim, contará um pouco de mim também...Os primeiros colocados ganhavam o

troféu com o sino. Várias celebridades possuem este modelo de troféu. Está presente em todos

os continentes...Realizo também restaurações para algumas obras em Igrejas....”

Figura 3: Praça Silva Teles - Pedra Pequena Figura 4: Marilson, corrida São Silvestre

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Dentre seus trabalhos se destaca também um acervo com esculturas egípcias. A

quantidade e variedade é tanta que impressiona.

Figura 5: Arista Juarez e suas obras do Egito

Figura 6: Esculturas e ferramentas do antigo Egito

Figura 6: Faraó e suas imagens

Page 19: Juarez, um artista do Bairro

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Mas infelizmente ele não sobrevive desta arte. A arte no Brasil ainda não é

considerada como foco para a base. E consequentemente sua valorização não vem da forma

esperada.

“...Sabe quando eu notava minha fama, quando aparecia na Televisão. Me

encontravam no metrô e me indagavam. Isso não é a valorização esperada, pois só me

reconheciam porque aparecia na TV e não a arte do Juarez...”

É impressionante a arte que este artista realiza, mais ao mesmo tempo é

impressionante saber que ele não vive dela. Há muitas deficiências no que diz respeito a

inserção da arte no Brasil se comparadas com outros países.

Figura 8: O artista Juarez na confecção de seu trabalho

Page 20: Juarez, um artista do Bairro

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“...Hoje estou com um trabalho paralelo, pois não consigo sobreviver da arte. Eu

estudei outras áreas, como desenhista mecânico, que exerço hoje...Mas se eu tivesse um

patrocínio, um respaldo, eu jamais sairia da arte, pois minha vocação inteiramente é esta...

Tudo que eu faço, faço com maior dedicação, mas na arte isto é diferente...Infelizmente, nós

brasileiros não conhecemos nada de arte. Não sabemos nem de nossas origens, da onde

viemos. Imagine a história da arte e seu valor...Não temos a menor ideia...Se eu tivesse um

patrocínio, um empresário que investisse em mim, na minha carreira, eu não deixaria a arte

de jeito nenhum! Se estivesse recebendo estímulos, como vocês estão vendo nestas obras de

madeira, elas não se limitariam neste material, eu também exploraria granitos,

mármores...Quando se há estímulos, você busca outras características...tanto no desenho

como na escultura. Você se renova, seu espírito se renova!

E dentro de seus projetos futuros, está em estudar no exterior, para melhoria curricular.

Também em realizar uma amostra de suas esculturas egípcias em algum museu. Até cogitou

em formar parceria com o consulado egípcio para esta tarefa.

“...Estudar fora do Brasil. Pois só assim um artista brasileiro consegue respaldo e

currículo para as pessoas começarem a olhar pra você...”

E dentro destas dificuldades, foi proposto pelo artista, uma melhoria na base curricular

dos alunos acerca da arte no país. Mais para tais mudanças, é necessário a mudança no topo

da sociedade. Pois as ordens vem emanada de cima para serem replicadas pela base.

“...Na minha opinião, para mudar tudo isso, teriam que mudar alguma coisa na

Câmara dos Deputados, Vereadores, para inserir sistemas para as pessoas se auto educar, o

que seria em criar bases na infância do currículo escolar...dos quem tem autonomia para

mudar algo para a base da nossa sociedade...o aluno formado hoje não é criado para

respeitar aquilo que seu tato toca, pois não teve esta instrução acerca deste respeito na sua

formação...”

Figura 09 Figura 10 Figura 11

Page 21: Juarez, um artista do Bairro

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E diante de todas estas informações, das pequisas acerca da riqueza e diversidade

cultural e entrevistas adquiridas, foi proposto pelo grupo algumas ideias para utilizar destes

artistas, que tanto gostam do que faz, uma interação maior para a preservação destas

qualidades que existe no nosso país.

Segue algumas propostas:

1. Oficinas em parcerias com escolas e centro culturais.

2. Criação de espaços destinado exclusivamente ao ensino das artes.

3. Reforma curricular no ensino de artes a partir das séries iniciais.

4. Promoção de concursos públicos com objetivo artístico promovido pelo poder público.

Assim, quem sabe, podemos realmente mudar algo. Pois na evolução que a sociedade

caminha, ou que desejássemos que caminhasse, mudar algumas atitudes e comportamentos é

fundamental. O próprio artista entrevistado disse frases interessantes: “...Arte é isso, a gente

tem que compartilhar. A verdadeira arte é essa, pois Deus nos dá este dom para ser

compartilhado...quando materializamos algum trabalho, você toca com o seu exterior, mas é

seu interior que sente...”

Quem sabe a mudança está aí, em querer compartilhar nossas ideias, nossos

pensamentos, nosso amor. Pois o que foi dito pelo artista Juarez Marins é muito certo.

O que sentimos no nosso interior está naquilo que pegamos, olhamos, sentimos,

ouvimos. E para chegarmos neste patamar de sensibilidade, nada como a arte para nos ensinar.

E cultura para isso em nosso país tem de sobra.

Concluímos que a Cultura popular brasileira é rica e diversificada. São tantas as artes e

os talentos que seria impossível enumerá-los. Cada artista tem sua inspiração, sua história, sua

vocação. Todos eles contribuem de alguma forma para a preservação dessa cultura popular. A

identidade de um povo está na sua cultura. Não preservar essa cultura seria o mesmo que

perder sua identidade e consequentemente, toda uma geração futura também a perderia. Foi

através da cultura popular que muitas pesquisas antropológicas e sociológicas foram

realizadas. Quando conhecemos a própria cultura, somos capazes de compreender a

importância de mantê-la viva.

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Infelizmente, sabemos que os movimentos para que a cultura brasileira permaneça está

se tornando cada vez mais escasso. Na maioria das vezes, esses artistas populares vêm de

classes menos favorecidas e não obtém nenhum tipo de incentivo ou patrocínio por parte das

gestões públicas, tendo que utilizar seus poucos recursos para manter viva a sua arte. Outros

fatores podem estar influenciando essa não valorização da arte popular, mas sabemos que a

globalização está entre eles, e como resultado, a inculturação. Precisamos estar atentos para

que a infusão de uma cultura sobre outra, não se sobreponha de tal forma que a cultura

popular se perca no tempo.

Page 23: Juarez, um artista do Bairro

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Página no Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Juarez_Martins_dos_Anjos