jsardica - eric hobsbawn e os fatores de genese da revolução industrial inglesa.pdf

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    PENELOPEFAZER E DESFAZER A HIST6RIA

    PUBLICACAO QUADRIMESTRAL - N R 12 1993

    DIRECTORA.M.HESPANHA

    REDAC9AOAlvaro Ferreira da Silva (FE-UNL);Amelia Aguiar Andrade (FCSH-UNL);Ant6nio Costa Pinto (CEHCP--ISCTE);Ant6nio M. Hespanha (ICS); Bernardo Vasconcelos e Sousa (FCSH-UNL);Carlos FabiAo( F L L ) ; Fernando Rosas (FCSH-UNL);Helder A. Fonseca (UE); Jose Manuel Sobral (ICS); Lufs Krus(FCSH-UNL);Lufs Ramalhosa Guerreiro; Mafalda Soares da Cunha (UE); Maria AlexandreLousada (FLL); Nuno Gonc;alo Monteiro (ICS); Nuno Severiano Teixeira (uE/ucp); Rui Ramos (ICS);Valentim Alexandre (ICS); Vftor SerrAo (FLUC); secretana da RedacctAo: Dulce Freire

    Propriedade do tftulo: Cooperativa Penelope. Fazer e Desfazer a Hist6riaSubsfdios a RedacctAo da J.NJ.C.T. e S.E.C.

    Os originais recebidos, mesmo quando solicitados, nAo serao devolvidos.

    Na capa: Brasdo da casa dos Marqueses de Tdvora

    Bmcoes COSMOSe Cooperativa Penelope

    Reservados todos os direitosde acordo com a legislacao em vigorFotolitos e impressao da capa: Joerma - Artes Graficas

    Impressao e acabamentos: EDiCOBSCOSMOSI" edi~ao: 10 de Dezembro de 1993

    Dep6sito Legal: 49152/91ISSN 0871-7486ISBN 972-8081-16-2

    DifusaoLIVRARIA ARCO-tRIS

    Av.JulioDinis,6-ALojas23e30 -P l000LisboaTelefones: 795 5140 (6Iinhas)Fax: 796 97 13

    DistribuicaoEorcoss COSMOSRua da Emenda, 111-1 - P 1200 LisboaServices Comerciais: Av. Julio Dinis, 6C-4 D

    Telefone: 795 51 40 Fax: 796 97 13

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    Eric H obsbawm e os Factores de Genese da RevolucaoIndu str ia l Ing le saJose Miguel S ard ic aMestrado de Hist6ria Contemporanea - Universidade Nova de LisboaBoiseiro da JNICT

    Se quisennos recapitular 0papel dos tres principais sec-tores da procura na genese do industrialismo, podemos faze--10 da seguinte forma: as exportacoes, apoiadas pelo auxfliosistematico e energico do governo, deram 0impulso inicial e-com os texteis de algodao - constituiram os sectores deponta da industria, ao mesmo tempo que determinaramimportantes melhoramentos nos transportes maritimes; 0mer-cado nacional forneceu uma larga base para uma economiaindustrial generalizada e (atraves do processo de urbanizacao)o incentivo para consideraveis melhoramentos nos transportesinternos, uma poderosa base para a industria carbonifera epara detenninadas inovacoes tecnol6gicas de grande impor-tancia; 0govemo concedeu urn auxflio sistematico aos comer-ciantes e manufactureiros e alguns incentivos, de modo nen-hum negligenciaveis, para as inovacoes tecnol6gicas e para 0desenvolvimento das indtistrias ligadas aos bens de capital.Eric J. Hobsbawm, Industria e Imperio, I Volume, Lisboa,Editorial Presenca, Coleccso Biblioteca de Ciencias Hu-manas, s.d., pp. 69-70.

    A Revolucao Industrial apresenta-se-nos como urn processo de conversaoecon6mica e civilizacional espraiado no tempo e no espaco que, no seu todo, asse-gurou ao continente europeu uma indesmentivel hegemonia mundial ate ao termo daI Guerra constituindo virtualmente a certidao de nascimento do mundo contempora-neo. Rompendo com a milenar economia agraria e artesanal', a industrializacaoinaugurou a era do crescimento auto-sustentado, sin6nimo de modernizacao geral dasociedade nos seus mais variados aspectos (formas de governo, padroes dernografi-co-sociais, habitos educativos, culturais ou de mentalidades). Os equilfbrios cons-truidos tiveram os seus custos e os seus aspectos contestaveis: 0cartismo vitorianoou as doutrinas socialistas e marxistas, sao exemplo de correntes criticas a urnsistema que crescentemente se bipolarizou entre capital e trabalho. De qualquerforma, os protestos da clas'se operaria foram impotentes para impedir que vingasse

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    PENill.OPE - FAZER E DESFAZER A liISTORIA

    a voz, maioritaria e optimista, dos corifeus do progresso - a classe empresarialburguesa, que deu 0 tom ideol6gico-cultural ao seculo XIX europeu.

    De entre as nacres que, na Europa dos meados do seculo XVllI, eram potencial-mente industrializaveis, coube a Gra-Bretanha 0papel de pioneira' e, ate ao meadodo seculo XIX - 0 termo da Era das Revolucoes, parafraseando Hobsbawm - 0seu percurso foi unico e incomparavel, tendo-se tornado a oficina do mundo e urnincontomavel exemplo para as nacres rivais. Na busca das causas para a genese donovo modo de producao industrial, os historiadores econ6micos elegem natural-mente 0caso Ingles como exemplo preferencial de estudo. Professora econ6micada Europa oitocentista, a Inglaterra fora, ela pr6pria, aluna da economia europeiamoderna, pelo que se trata de saber, fundamentalmente, 0 que a fazia diferir dosrestantes paises europeus, ao ponto de permitir que a sua especificidade fosse 0bercoda Revolucao Industrial.

    Eric Hobsbawm, 0 autor que aqui importa analisar, comeca por tracar urnquadro da Gra-Bretanha em 1750, antes de apresentar os diversos factores com pesono eclodir da Revolucao Industrial. Salienta 0aspecto moderno do pais, patente naprosperidade dos campos, no conforto dos camponeses, no assinalavel grau deurbanizacao, ou na qualidade dos seus produtos provenientes do putting-out system.A rnercantilizacao da economia estava ilustrada na crescente integracao das areasgeograficas e dos sectores da actividade econ6mica, atraves de uma avancada redede comunicacoes, Era uma nacao de comerciantes, bern enquadrada por urn estadovirtualmente burgues, em que mesmo os sectores aristocratic os da sociedade eramreceptivos a etica progressista do lucro. 0autor conclui 0 diagn6stico, afirmando que0 pais nao era apenas uma economia de mercado, como em muitos aspectosconstitufa urn mercado nacionab-'.

    Que a Revolucao Industrial britanica foi precedida de pelo menos duzentos anosde desenvolvimento continuo, que internamente lancou os seus alicerces, eis 0 quese afigura indiscutfvel para Hobsbawrrr', Tal visao encontra 0 seu comprovativocabal na analise de E. A. Wrigley. Para este autor, 0 alto grau de desenvolvimentodo mercado interno ingles era 0 fruto de uma benefica interaccao, patente em Ingla-terra desde 0 seculo XVI e detectada por Adam Smith nas vesperas da RevolucaoIndustrial, entre melhoria da produtividade agricola e duplo desenvolvimentodemografico e urbano. Fora devido a melhorias organizacionais e produtivas noscampos ingleses (relembre-se que 0 infcio do movimento das Enclosures e anteriora Revolucao de Cromwell), geradoras de melhores rendimentos, que se assistira a

    . explosao urbana do seculo XVllI: nao s6 Londres reafirma a sua posicao de maiorcidade do mundo, mas uma multiplicidade de centros portuarios e industriais sepromovem, quadruplicando em media no espaco de 50 anos, a expensas de velhascidades regionais de caracter rural.

    Acrescimo de rendimento e desenvolvimento urbano, permiaram tambem mu-t a e o e s sociol6gicas importantes. Citando dados de Phillis Deane, Wrigley demonstracomo a Inglaterra industrializavel tinha a mais baixa taxa de populacao agricola rural

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    BIBLIOTECA

    da Europa (em 1801, 1/3 do total contra 2/3 de media do continente) e sobretudo amais alta taxa de emprego nao agricola. Tendo crescido de 24% para 64% dapopulacao inglesa entre 1520 e 1801, era esta ultima categoria que tornava 0 paisunico no continente europeu', Os casos holandes e frances analisados sao provadisso. Conquanto tenham competido com a Inglaterra nos seculos XVI e xvn, pornao terem feito qualquer revolucao agricola, viram os seus indices de urbanismoestagnarem, ao mesmo tempo que se bloquearam as possibilidades de libertacao demao-de-obra do sector agricola. Em resultado, conclui 0autor, enquanto 0mercadointerno britanico se diversificava sob 0ponto de vista sociol6gico e, complementar-mente, se unificava sob 0ponto de vista geografico (pois a procura urbana de alimen-tos e energia estimulava a constituicao de redes de transporte e comercio interno),o crescimento do continente entrava num compasso de espera. Ao contrario da Ingla-terra (pais que, acrescente-se, ficou de modo geral imune as guerras e as hesitacoesdo crescimentos" do seculo xvn europeu), os restantes pafses da Europa sofreriamainda, ate bern entrado 0seculo XIX, dos problemas ricardianos e malthusianos: a leidos rendimentos decrescentes, e 0 tecto dos recursos alimentares, que fazia abortarqualquer tendencia de duradouro crescimento demografico.o ponto de vista de Wrigley nao pode deixar de ser relacionado com 0de PaulBairoch ou W. W. Rostow, para quem a principal originalidade da Gra-Bretanha daepoca - a Revolucao agricola - foi absolutamente crucial para 0desenvolvimentodo mercado interno e, ulteriormente, para 0eclodir e sustentar da Revolucao Indus-trial'. Jan de Vries tambem desenvolve esta ideia, ao afmnar 0padrao marxista deque a reconversao das relacoes de propriedade e dos metodos de exploracao, trans-formava os camponeses por ela expropriados em contingentes de futuros operariosindustriais e de futuros compradores de produtos industrials".

    Na linha de elogios ao mercado interno ingles distingue-se ainda urn outroautor, David Landes, 0qual pre a t6nica nos elevados salaries e nfveis de vida dosingleses, que permitiam, ao contrario dos parceiros continentais, matizar diferencassociais e democratizar padroes de consumo e, sobretudo, nos aspectos socio-mentais:a existencia de uma peculiar cultura excepcionalmente receptiva as actividadesecon6micas, conferindo a busca do lucro e a diligencia empfrica as caracterfsticas deurn aceitavel padrao de comportamento", 0 associativismo era especialmentedinamico, e fen6menos como a auto-suficiencia de certas regioes, ou as restricoescorporativas ou sumptuarias, eram M muito letra-morta, Alheio a preconceitos decasta e fomentando as excelencias da iniciativa privada, 0 dinamismo do estadoIngles dava 0exemplo, convidando os possidentes britanicos a competirem e adap-tarem-se, ao inves de refluirem para a condicao tipicamente francesa de rentiers",

    Em sfntese, nas vesperas da industrializacao, a Inglaterra era j~ urn pais quanti-tativa e qualitativamente diferente, para melhor, em relacao ao continente, cujomercado nacional j~ lancava os alicerces da sua futura hegemonia. Mas, retornandoa Hobsbawm, 0problema fundamental das origens da Revolucao Industrial nao seratanto 0de enumerar a acumulacao de condicoes previas, mas 0de verificar como se

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    PENELoPE - FAZER E DESFAZER A HIST6RIA

    processou a com bu stao espon tan ea , en ten dendo 0 au tor qu e deverao existir cau sasproxim as, im edia ta s e fin a is, qu e tenham un ido a propen sao pa ra 0 lu c ro com aefec tiv a inov acao tecn ol6gica . E lim inando as pseudo-explicacoes com o 0 clim a, ageogra fia do s po rto s o u qu alqu er ac iden te his t6rico fo rtu ito , 0 au to r redu z a tres ospossiv eis factores de ign i!r~o : a procu ra do m ercado in tern o; a procu ra do m ercadoextern o e 0 papel do gov erno .No tocan te ao prim eiro facto r, e le teria sido determ inan te pa ra 0de sp oleta r daR ev olu cao In dustria l se u rn s6lido cresc im en to popu la cion al tiv esse fe ito aum en ta rem m uito 0m im ero de consum idores n a prim eira m etade do secu lo xvm. Contudo,p ara H obsba wm , esse p erio do fo i dem o gra fica m en te esta vel, situ an do -se 0gro sso doa cre scim o po pu la cio na l in gles a p6s 1780, o u se ja , c oin cidin do , m a s n ao prec eden do ,a indus tr ia l izacao" . E in du bita vel qu e 0m ercado in terno forn eceu um a la rga ba sepa ra um a econom ia in dustria l gen era lizada (com o se I e no texto ), serv in do a su aprocu ra de estim u lo as tran sfo rm aco es n os tran spo rtes, e a s in d iis tria s d e a limen ta c aoe en ergia , m as n ao tern sido e le a cau sa im edia ta pa ra a com bu stao . De qu a lqu erfo rm a, a su a im porta n cia nao e de m in im iza r, ja que fu n cionou com o am ortecedorpa ra as flu tu acoes e qu ebras qu e con stitu iam 0 preco do superior din am ism oecon6m ico In gles , ideia que 0 au to r sa lien ta , term in ando por a firm ar: 0 m ercadon ac ion a l pode n~o te r produ zido a fa isca , m as ofereceu com bustiv e l e a rejam en tosu fic ien te pa ra a m an ter acesa-".Panoram a diferen te era 0 q ue o fe re cia 0m ercado exte rn o, m uito m ais revo lu -cion a rio , e v irtu a lm en te ilim itado pela an exacao de m ercados e an iqu ilacao dacom peticao in tern a cion a l. A prov a de qu e, com o indica 0 texto , fo i e le 0sec to r depon ta, expoe-a num ericam en te Hobsbawm : a s in diistria s de exporta cao crescem76% entre 1700 e 1775 cont ra 7% da s indu stria s n a cion a is; po r ou tro lado , ja em1775, 1/3 do com erc io britan ico era de o rigem co lon ia l e , n o caso do a lgodao , cu ja sexporta coes decuplica ram en tre 1750 e 1770, a m a io r pa rte da produ cao era jaescoa da para 0 estra ngeiro no fim do secu lo xvm13. Dai a conclusao: A pro cu ran ac ion a l aum en tou - m as a procu ra estrange ira m ultiplicou -se . Se rea lm en te fo inecessa ria um a fa fsca fo i aqu i que ela saltou-".

    Ass im, e 0 m ercado exte rn o e a sua procu ra 0 responsave l im edia to pelodespo le ta r da R ev olu cao In du stria l, em bo ra 0m erca do in tern o, n ~o se ndo su ficien tede per se, fo sse in dubitav elm en te n ecessa rio . A va lo riza cao do m ercado externo (aqu a l n~o to rn a m onocau sa l a explica cao de Hobsbawm ) te rn qu e ver com as nov ascon di!rres da econ om ia in tern acion al. 0 secu lo xvm, a ssistin do a erosa o do s v elho ssiste m as c olo nia is pre da t6rio s do s iberic os, co nv ida va a s n aco es dilige ntes e riv aisdo N oroes te eu ropeu a m axim iza rem po tenc ia lidades com v ista a fu tu ras lideran ca sno xadrez in tem acion al", Em face de horizon tes qu ase ilim itados de vendas e lu cro s,a in du stria lizacao britan ica fo i (com a textil a lgodoeira a cabeca ) adoptando a term i-n o logia de Toynbee, a resposta com a qua l 0p ais v en ce u 0 d esa fio da c on co rre nc iaco lon ia l. Com o 0 texto qu e com en tam os sa lien ta , papel de relev o desem penhoun esta operacao a m arinha m ercan te e de gu erra , a qua l ocupav a ja em 1700, informa166

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    BIBLIOTECA

    Hobsbawm, 1/10 de todos os investimentos em capital fixo e cerca de 100 000pessoas", Atraves dela, a Inglaterra alcandorou-se a posicao de senhora dos mares,ao mesmo tempo que permitia s6lida proteccao aos mercados externos, dupla fontede lucros, nao s6 como local de escoamento da producao industrial mas, muitoimportante tambem, como local de abastecimento de materia-prima barata.A posicao de Hobsbawm deve ser entendida tendo em vista uma insercaoideol6gica mais vasta. Na realidade, a discussao sobre 0 grau de importancia domercado externo e do mercado interno no eclodir da Revolucao Industrial tornou-seurn classico desde 1867, com a analise de Marx no Livro I d'O Capital. Ai se liacomo fora 0 mercado externo, a aventura colonial, a expropriacao violenta dasrmiltiplas paragens do globo (acarretando prejuizos irrecuperaveis nas perspectivasde eventual desenvolvimento dessas areas), que haviam permitido a previa acumu-lacao de capital necessaria a industrializacao". Esta visao (perturbadora das boasconsciencias europeias) seria depois retocada, surgindo por exemplo nas paginas deKeynes, de Hamilton e, no caso presente, de Hobsbawm (embora matizada nesteautor) expurgada das suas implicacoes ideoI6gico-morais.Contra a preferencia pelo mercado externo, e contra as explicacoes ex6genas aomercado europeu, tem-se erguido desde hi! uns 15 anos a esta parte a Nova Hist6riaEcon6mica. Patrick O'Brien, numa visao estrutural sobre 0 contributo da periferiapara 0desenvolvimento econ6mico da Europa, declara-o periferico, salientandocomo 0 progresso europeu pre-industrial pode ser explicado quase s6 por forcasendogenas". Paul Bairoch, analisando 0caso particular ingles, com especial relevopara a proveniencia social dos investidores industriais, segue uma linha identica etermina por declarar: 0 comercio externo nao foi urn factor importante no impulsodas indiistrias motoras da revolucao industrial e, sobretudo, nao 0 foi no periodo-chave de transformacao desses sectores-",Apesar de contar ja com mais de uma vintena de anos, a perspectiva deHobsbawm, atacada pela Nova Hist6ria econ6mica, nao pode ser linearmente postade parte, pois, ao contrario do que Bairoch quer fazer crer, 0 autor britanico, aoconferir maior importancia ao mercado externo, nao nega 0 importante peso que 0mercado interno teve. Na realidade, hi! quase que uma complementaridade entre osdois, como implicitamente se deduz da analise de Hobsbawm: 0mercado internoresponde ao porque de ter sido a Inglaterra 0pais que melhor preparado estava paraa industrializacao, e 0mercado externo responde ao porque de a faisca ter saltadoquando saltou - nos anos de 1760-1780.0primeiro explica-nos a prioridade espa-cial, 0 segundo a cronologia do fen6meno em estudo.

    Mais dubio na sua analise, mas de qualquer forma conciliat6rio e refutando umavisao monocausal, surge-nos David Landes. Este autor parece tender para uma maiorimportancia do mercado interno e suas transformacoes na genese da RevolucaoIndustrial, mas adverte que se trata de urn problema onde 0 consenso e impossfvel20.Reconhece que 0 colonialismo ingles constituiu urn importante factor depressao no modo de producao pre-industrial, mas salienta que isso nao autoriza a167

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    PENlli.OPE - FAZER E DESFAZER A HIST6RIA

    afirmacao de que, sem expansao colonial, nao teria havido revolucao industrial".Assim sendo, enquanto 0mercado interno, vasto e em crescimento poderia ter sidosuficiente para despoletar e suster urn novo modo de producao, os mercados externos(do qual 0colonial e apenas uma parte) nao poderiam s6 por si ter feito iSSO22.Lan-des desenvolve 0seu raciocfnio salientando como a industrializacao foi a resolucaopara os crescentes estrangulamentos e ineficacias da velha economia inglesa: nosmeados do seculo xvrn 0putting -out s ys tem , expandido ate aos seus limites geogra-ficos, organizacionais e produtivos, comecava a ser ameacado por rendimentosdecrescentes, pelo que teria sido em larga medida a pressao da procura [internalsobre 0modo de producao, que impulsionou as novas tecnicas e 0fornecimento decondicoes que tornaram possfveis a sua rapida difusao e exploracao>. Em abonodesta posi~llo cita David Eversley, para quem s6 0 peso e estabilidade da procurainterna permitiam uma s6lida acumulacao de capital afectavel a manufactura. Con-tudo, Landes nao deixa de corroborar 0posicionamento de Hobsbawm, ao reconhe-cer que 0mercado externo era 0mais promissor no seculo xvrn e que teriam sidotalvez os puxoes siibitos da sua procura 0fen6meno final, que teria tornado abso-lutamente insustentavel a pressao sobre os esquemas produtivos da Inglaterrasetecentista".

    Refira-se, por ultimo, para encerrar esta questao, que a correlacao de forcasentre mercado interno e mercado externo, tal como a veem Bairoch, O'Brien e, par-cialmente, Landes, se altera quando deixamos 0perfodo das origens do industrialis-mo, e passamos a fase de consolidacao da Revolucao Industrial no seculo XIX. Osdois primeiros autores rendem-se ao papel de comando da prosperidade inglesa queo mercado externo entao assume".

    Dos tres factores que Hobsbawm aponta como cruciais para a genese doindustrialismo, resta-nos avaliar 0 papel do governo ingles. Tradicionalmente, aInglaterra e apontada como a patria por excelencia do liberalismo econ6mico,segundo 0 qual, s6 por necessidade circunstancial, devera 0Estado, excedendo ospoderes que a doutrina Ihe circunscreve, substituir-se a iniciativa privada". Assimsendo, ao menos no domfnio do mercado interno, a iniciativa dos particulares eraquase soberana, facto que era tanto mais facilitado quanto, desde 0 parlamentocavaleiro de Cromwell:", os detentores de altos cargos tendiam a identificar-se comos grandes investidores particulares (Landlords e comerciantes). Hobsbawm salientao imperio da iniciativa privada e ve mesmo nele uma das causas do declfniobritanico". No plano do mercado interno, 0papel do Estado parece ter-se reduzidoao minima: P. Cain destaca apenas pequenas medidas coordenadoras da actividadeecon6mica, como sejam a proibicao decretada para a emigracao de mao-de-obraindustrial e as tentativas, nem sempre bern sucedidas, de restringir a exportacao detecnologia aos modelos obsoletes". Quanto a alegada contribuicao do Estado aindustrializacao atraves de uma boa rede de creditos e instituicoes bancarias, ela ternsido quase unanimamente relativizada",

    J a 0mesmo nao aconteceu no domfnio da defesa dos interesses britanicos nosmercados externos. Al destaca Hobsbawm 0 importante papel protector do Estado

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    BIBLIOTECA

    subordinan do toda a po litica estra ngeira a objec tiv os econom icos e , m u ito ao con tra -rio da H olan da , saben do an tepor aos in teresses pu ram en te m ercan tis e m on opo lfsti-cos, o s crescen tes in teresses m anu fa ctu re iros: ha ja em v ista a pro ibicao de im por-~t'5es de texte is da India em 17000u a abolicao do m onopolio da Com panhia da sIndias em 1 81 3 . A ca rac terfstica agressiv idade do Estado Ingles no tocan te a lutapelo dom in io dos m ares (bern expressa na polftica dos Navigation Acts) e c orro bo -rada pela an a lise de P. Ca in . Segundo este au to r, 0 G overno ingles, a te 1 81 5, n um aestra tegia de guerra econ6m ica proteccion ista , depo is desta da ta n um a estra tegialiv re-cam bista (fom en tadora de co lon ia lism os econom icos de ca riz preferen cia l-m en te in form al - a Am erica La tin a ou , de fo rm a m a is v e lada , a propria Pen in su laIberica ) -, estev e sem pre pron to a em preender 0 pa tru lham en to dos m ares, qu andon ao a guerra e a co lon iza cao fo rm al", em beneficio dos seu s subdito s. Segu indoa inda Ca in , 0 in terv en cion ism o do Estado n a defesa dos in teresses britan icos noexterio r a tin ge 0 pa roxism o quando , pa ra fra seando Hobsbawm , passam os da Era doCapi ta l a Era do Im perio : sa o as decadas term in a is do secu lo XIX , m arcada s pelaG rande Depressao e pelo re to rno ao pro teccion ism o", em que a Ingla terra efin a lm en te am eacada n a su a hegem on ia pelos prosperos latecomers - Alemanha ,EUA, Be lg ic a e F ra n ca ,

    Anotem os a inda , por u ltim o, um a ideia im portan te qu e P. J . Ca in nos apresen ta .Segundo ele , haveria u rn e lo en tre a s crises in tern a s da econom ia inglesa e a po lfticaimp eria l-co lo nia l d o Foreign Office de L on dres, prin cipa lm e nte n as deca da s cen tra isdo secu lo XIX . Ja na epoca , a lia s, do is con tem poran eos hav iam desenvolv ido estaideia : W akefied defendia 0 liv re-cam bio porqu e so ele perm itiria escoa r, de form asa tisfa to ria , o s excessos de capita l e traba lho que a econom ia inglesa com ecav a aa cu sa r, e 0 proprio M arx a ssum ia a liga~ao en tre a s crises de superproducao in tern a se a pen etracao britan ica n a India e n a Chin a ". Assim sen d o , vem os que P. Ca in , aproposito de u rn fenom eno econorn ico de assin a la v el im portan cia - 0 vo lum e dein v estim en tos ingleses no exterio r -, tam bem postu la , im plic itam en te , a ja c itadacom plem en ta ridade en tre m ercado in tern o e m ercado externo .Em conclu sao , 0 esqu em a explica tiv o que H obsbawm nos oferece pa ra a gen esedo indu stria lism o brita n ico e con stitu ido por u rn fe ixe de causa lidades hiera rqu iza -da s: n a ba se , 0 a licerce de u rn m ercado in terno so lidam en te desenvolv ido qu an tita -tiv am en te e qua lita tiv am en te ; n o topo , a con jun tu ra im edia ta da in su sten ta ve l pres-sao da procu ra extern a, qu e torn ava v irtu alm en te compulsiva-" a substitu icao dovelho m odo de producao, Anexa a esta s du as cau sa s ter-se-a som ado um a ou tra decaracter a uxilia r - 0papel do governo , m in im izado no pla no in tern o , m axim izadono pla no externo , qu er n um con texto pro teccion ista quer, de fo rm a m ais in fo rm al,n um con texto liv re-cam bista . Esta v isao , com bin ada com os con tribu tos de Landes,W rigley ou Ca in , da -nos um a ideia m uito sa tisfa to ria do m odo com o a velha Ingla -terra , a rtesa n al e v erde , cedeu 0passo a n ova Ingla terra , fabril e n egra , cum prin doa inda razoavelm en te bern um a da s reiv indica coes a ctu a is da histo riogra fia sobre 0perfodo : liga r a R evo lu cao Industria l a teoria m ais gera l do desenvo lv im en to

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    PENaOPE - FAZER E DESFAZER A H1sT6RIA

    econ6mico e da modernizacao civilizacional, nao esquecendo de incluir na analisevariaveis nao econ6micas, como sejam as caracterfsticas socio-polfticas, administra-tivas, legislativas, culturais ou mesmo psicol6gicas.

    1 A ideia de Revolucao Industrial como ruptura sub ita e total tern tido varies criticos, comas aplicacoes Iihist6ria econ6mica dos modelos continufstas, tocquevilleanos, de leiturado processo hist6rico (patentes, por exemplo, em Amo Mayer ou M. Wiener). E 0 casode T. S. Ashton, para quem a industrializacao e uma evolucjo acelerada mas sem cambiosimprevistos, que se alonga de 1760 a 1830. David Landes, por seu lade, saliente a persis-tencia de caracteristicas produtivas pre-industriais ja bern entrado 0 sec. XIX Ingles: e 0caso da permanencia em funcionamento de velhos teares manuais ou do putting-out systemem zonas de menor pressao do mercado (The Unbound Prometheus, Cambridge, Univer-sity Press, 1969, pp. 118-120).2 Potencialmente industrializaveis eram tambem a Franca e a Holanda. Mas, explica Jan deVries, a primeira estava bloqueada pel a sua estrutura feudal absolutista e pela parcelari-za~iio geografica do seu mercado intemo, e a segunda, monopolisticamente dominada porinteresses mercantis, nunca conseguiu, no dominic da industria artesanal, mais que urntradicionalismo de alto nivel, Dai 0 insucesso de ambas na corrida com a Inglaterra (AEconomia da Europa numa Epoca de Crise, Lisboa, Publicacoes D. Quixote, 1983, pp.323-325).3 Eric Hobsbawm, Industria e Imperio, vol. I, Lisboa, Ed. Presence, p. 52.4 Varies outros autores corroboram esta opiniiio: F. Mendels, que fala numa proto-industrializacao, Pierre Jeannin, que se refere a uma industrializacao antes da industria-liza~iio, no seculo XVII, John Nef, que situa uma primeira revolucao industrial por voltade 1560-1640, ou Phillis Deane, que detecta sinais de crescimento modemo ja em 1740.5 E. A. Wrigley, Urban Growth and Agricultural Change: England and the Continent in theEarly Modem Period in People, Cities and Wealth, Oxford, Blackwell, 1987, p. 174.6 A expressiio e de Pierre Leon na sua Historia Economica e Social do Mundo e insere-sena 1inha crftica, de Wallerstein ou Morinneau, ao conceito de crise geral no seculo XVII.7 Em Le Tiers-monde dans l'impasse (p. 19), aruma Paul Bairoch: ... em definitivo, aRevolucao Industrial e antes de tudo uma Revolucao Agricola.8 De Vries, op. cit., pp. 119-121. Contudo, a ideia de uma transferencia macica do sectoragricola para a industria tern sido contestada. Vejam-se as interpretacoes de Chambers eMingay em The Agricultural Revolution 1750-1880, London, Batsford, 1966, pp. 93 e 99,David Landes, op. cit., p. 115 e mesmo de E. P. Thompson em The Making of the EnglishWorking Class. Segundo este autor, a mao-de-obra industrial teria sido recrutada emgrande peso entre os artesiios do putting-out-system e niio tanto entre os camponesesexpropriados.9 A tese de Max Weber da influencia benefic a da etica protestante sobre 0 espirito do capi-talismo, conquanto recusada por Hobsbawm (op. cit., p. 50) e aceite por Landes (op. cit.,pp. 22-24) que refere 0 papel positivo que seitas como as dos Quakers ou Metodistasteriam tido na legitimacao ideol6gica e religiosa do que Schum peter chama a Insitapropensiio para 0 lucro nas actividades econ6micas.

    10 0caracter progressista e diligente da nobreza inglesa tambem oferece algumas dtividas,Veja-se 0 artigo de Patrick O'Brien, La contribution de l'aristocracie britannique auprogres de l'agriculture (A.E.S.C., Nov.-Dez. 1987, pp. 1391-1409), em que 0 autor negatal posi~iio partindo da analise de uma cita\iio de Adam Smith (The wealth of Nations):E raro que um grande proprietario se revele urn grande inovador,

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    11 Neil Tranter em The Population Revolution, in Population since the Industrial Revo-lution, Londres, Croom Helm, 1973, p. 66, tambem fala de uma estagnacao demograficainglesa entre 1720 e 1740.12 Eric Hobsbawm, Industria e Imperio, p. 65.

    13 Idem, ibidem, pp. 66, 73, 79, 79-80.14 Idem, ibidem, p. 66. Numa outra obra sua afirma Hobsbawm: A Revolucao Industrialpode descrever-se como 0 triunfo do mercado de exportacao sobre 0mercado interno (AEra das Revolucoes, Lisboa, Editorial Presence, p. 42).IS OS velhos sistemas coloniais ibericos, por contraposicao ao novo colonialismo ingles (eparcialmente holandes) nao eram mais que tesouros oscilantes garantindo bonificacoesparticulares e ocasionais e nao dividendos regulares - Eric Hobsbawm, En torno de losorigines de la revolucion industrial, Madrid, 1971, p. 28.16 Hobsbawm, Industria e Imperio, p. 30.17 Hoje em dia, a supremacia industrial acarreta a supremacia comercial. No periodomanufactureiro ao contrario, e a supremacia comercial que proporciona 0 predominioindustrial. Entao, 0sistema colonial desempenhava 0papel preponderante. Era 0 Deusestrangeiro que subiu ao altar onde se encontravam os velhos Idolos da Europa e, urn dia,com urn ernpurrao, deitou-os a todos por terra (Karl Marx, 0Capital, Livro I, Parte 7.,cap. XXIV).18 Patrick O'Brien, European Economic Development: the contribution of the periphery(E. H.Review, 1982, pp. 1-18). Salientemos apenas tres dados recolhidos pelo autor: oslucros do comercio colonial nao teriam fmanciado mais que 15% do total de investimentosrequeridos pela Revolucao Industrial (p. 7); a textil algodoeira exportadora valia, em 1841,7% do PNB (p. 11); se a economia britanica tivesse sido eliminada do comercio com asperiferias coloniais, a taxa anual de investimento brute nao teria decaido mais que 7% (p.

    17).19 Paul Bairoch, Commerce international et genese de la revolution industrielle anglaise(AE.S.C., Mar.-Abr. 1973, pp. 541-571), p. 567. 0 autor afirma, por exemplo, que 0mer-cado externo nao representava mais que 5 a 7% do PIB (p. 542) e que a taxa de reinves-timento dos lucros coloniais na industria nao teria excedido 9% (p, 547). Refuta que aacumulacao mercantil fosse necessaria ou suficiente a industrializacao pois, citandoMantoux, Mathias ou Pirenne, decIara que os investidores industriais eram maioritaria-mente artesaos do putting-out ou gente oriunda do capitalismo agrfcola e nao comerciantesinternacionais (p. 548). Finalmente minimiza a procura de algodao e ferro da marinhainglesa (1 a 2% respectivamente - pp. 552-553), terminando por afmnar que 0mercadointerne era responsavel por uma esmagadora cifra de cerca de 90% da procura industrial(p.558).20 David Landes, The Unbound Prometheus, p. 35. Registe-se que as dificuldades deobtencao de uma resposta concIusiva estao patentes, por exemplo, na versao portuguesadeste debate - a polemica entre Valentim Alexandre e Pedro Lains.

    21 David Landes, op. cit., p. 3722 Idem, ibidem, p. 38.23 Idem, ibidem, p. 77.24 Idem, ibidem, p. 55.2 S Patrick O'Brien promove 0papel do mercado externo no seculo XIX, no seu artigo Thecosts and heneficts of British Imperialism, 1846-1914 (Past and Present), n2120, 1988,pp. 186-199), e Paul Bairoch, no artigo ja citado, reconhece que as exportacoes sobem a

    40% da producjo industrial entre 1790 e 1890, chegando mesmo aos 65% no caso doalgodao (p. 570).26 A defesa de Adam Smith do mercado auto-regulado pela lei natural da oferta e da procura,e do comercio concorrencial e livre de qualquer restricao, encontrava ja admiradores entreos estrangeiros que visitavam a Inglaterra no seculo XVIII. Hobsbawm cita 0exemplo dedois ilustres franceses: Voltaire e 0Abade Coyer (Industria e Imperio, pp. 32-33).

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    27 A expressao e de Jean Jacquart (