josé rodrigues miguéis- bibliografia

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Page 1: josé rodrigues miguéis- bibliografia

JOSÉ RODRIGUES MIGUÉISVIDA E OBRA

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José Rodrigues Miguéis nasceu em 1901 em Lisboa, na Rua da Saudade, e viveu a juventude num período conturbado da sociedade Portuguesa: o movimento republicano, a Revolução Republicana (1910) e, por fim, a crise da República (1926) que culminou com a instauração da Ditadura.A «Lisboa Republicana» da infância e adolescência é, sem dúvida, um referente fundamental no imaginário do autor: as crónicas, os contos e os romances que narram este período apresentam uma grande variedade de cenários da vida lisboeta e dos acontecimentos históricos que foram aparentemente presenciados pelo autor.De facto, todas as descrições desta fase estão marcadas por um forte registo autobiográfico e realçam bem os momentos de alegria e de expectativa, como também de tristeza e desânimo vividos pelo autor. Por isso, apesar das advertências, nas notas finais à obra «O Milagre Segundo Salomé», é natural que o leitor estabeleça uma relação íntima entre a vida ficcional e a vida real de José Rodrigues Miguéis.

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A partir de 1920, enquanto estudante da Faculdade de Direito, José Rodrigues Miguéis envolveu-se, com grande entusiasmo, nos movimentos de natureza política: comprometeu-se na organização do Núcleo de Ressurgimento Nacional (N.R.N) e fez parte da Direcção da Liga da Mocidade Republicana.Iniciou um período de intensa actividade jornalística como ilustrador e como redactor. Colaborou com vários periódicos, nomeadamente: a revista «Seara Nova», «República», «O Sol», «O Diabo» e a revista «Alma Nova» onde fez a estreia literária. Estabeleceu fortes contactos com personalidades da época que o marcaram ao nível das ideias sobre a sociedade e a literatura. É nesta fase que também começou a aprofundar o interesse pela pedagogia.Foi convidado por Raúl Proença a colaborar no 2.º volume do «Guia de Portugal». Participou nas edições relacionadas com a Leitura no Ensino Primário, dirigidas por Raúl Brandão. Em 1932, dirigiu, em conjunto com Bento de Jesus Caraça, o semanário «O Globo» que foi suspenso no mesmo ano pela Censura, após a publicação do segundo número.

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Em 1926 a crise política culminou com o golpe militar chefiado por Gomes da Costa, que instituiu a Ditadura. A sociedade portuguesa iniciou um longo período de restrições, de pobreza e de isolamento.A Censura Prévia impedia a expressão livre das ideias e, perante a proposta de estudar Ciências Pedagógicas, José Rodrigues Miguéis, já licenciado em Direito, aceitou a bolsa de estudo da Junta de Educação Nacional e partiu para a Bélgica (Bruxelas).Assim, a primeira obra publicada ("Páscoa Feliz"- 1932), que fora iniciada anos antes, poderá ser lida como a expressão da "asfixia"e do "isolamento" . Esta recriação ficcional, com base num estado psicológico, será retomada, aprofundada e transfigurada nas obras publicadas mais tarde.Após ter concluído a segunda licenciatura (1933), José Rodrigues Miguéis regressou ao país. Apesar dos esforços para se integrar de novo na sociedade portuguesa, o autor optou por partir, no final do ano de 1935, para o "Novo Mundo". A crónica "Gente da Terceira Classe" relata a experiência da viagem marítima onde contactou com os emigrantes portugueses

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A partir de 1935, José Rodrigues Miguéis viveu nos Estados Unidos da América (com a excepção do ano em que trabalhou no Brasil - 1949-50, para acompanhar a publicação da revista «Reader's Digest»).Nos Estados Unidos José Rodrigues Miguéis retomou a sua actividade de jornalista. Trabalhou como «Assistant Editor» para as Selecções do «Reader's Digest» e manteve contactos assíduos com os amigos portugueses para quem enviava regularmente textos para as revistas e jornais. Estabeleceu fortes ligações com as comunidades portuguesa e hispânica com as quais desenvolveu uma actividade de intervenção cultural e política. Nos anos 60 foi eleito académico correspondente da «Hispanic Society of America».Foi nesta fase da vida que José Rodrigues Miguéis publicou e escreveu a maior parte da sua obra. Aprofundou o sentido crítico e irónico de escrever a(s) realidade(s) humana(s). Assim, com base na observação do dia-a-dia do imigrante, criou «histórias de vida» e, a partir das vivências mais íntimas, escreveu uma narrativa autobiográfica. As várias experiências de vida foram transmitidas em diferentes registos entre os quais se podem encontrar «os aforismos» (os últimos foram já publicados após o falecimento do autor).Visitou Portugal seis vezes, por períodos mais ou menos longos, frequentemente com a intenção de voltar a residir em Lisboa, mas acabou por falecer em Nova Iorque (27 de Outubro de 1980) sem nunca ter conseguido optar pelo regresso.