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JOSÉ LINS DO REGO E A MODERNIZAÇÃO DA
ECONOMIA AÇUCAREIRA NORDESTINA
GLADSON DE OLIVEIRA SANTOS
JOSÉ LINS DO REGO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA
AÇUCAREIRA NORDESTINA
1ª Edição
2014
José Lins do Rego e a Modernização DA Economia Açucareira Nordestina. SANTOS, Gladson de Oliveira 1ª Edição Junho de 2014 Revisão, Capa e Diagramação Asè Criações Editoriais Maria Inês Santana Oliveira Imagem da Capa Crédito/Atribuição – Impressão © Can Stock Photo Inc./ bhofack2 Impressão e Acabamento PerSe
2014 © por Gladson de Oliveira Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do autor.
A Hortência Maria de Oliveira, menina de usina que
motivou esta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre facilitar a superação dos obstáculos que
surgem no decorrer da minha jornada pela vida. Hortência Maria de Oliveira, pelo apoio e orientação
prestados em todos os momentos da minha vida. Prof. Dr. Alexsandro Galeno Araújo Dantas, pela importante
orientação e por ter me apresentado novas possibilidades no universo da pesquisa acadêmica.
Luzia Almeida de Oliveira que gentilmente acompanhou
todas as etapas da produção deste trabalho. Maria Inês Santana Oliveira e a Alisson Henrique Oliveira
Santos, por suas importantes colaborações. Prof. Me. Fernando Aguiar, Prof. Me. Lourival Santana
Santos, Prof. Me. Claudefranklin Monteiro, Profª. Drª. Terezinha Alves de Oliva, Profª. Drª. Ana Laudelina Ferreira Gomes e Prof. Dr. Hermano Machado Ferreira Lima, por suas importantes contribuições.
Clodoaldo Messias dos Santos, Roberto Sousa, Rildo César
Mendonça por toda ajuda prestada. Todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização deste trabalho.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
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ESPACIALIDADE I – CIÊNCIA E LITERATURA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO SOBRE A REALIDADE SOCIAL
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I – JOSÉ LINS DO REGO E O REGIONALISMO
45
ESPACIALIDADE II – OS ENGENHOS: RESISTÊNCIA E ADESÃO AO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
73
I – O ENGENHO SANTA FÉ E AS FORMAS TRADICIONAIS DE PRODUÇÃO
73
II – O ENGENHO SANTA ROSA E O PROCESSO EMBRIONÁRIO DE MODERNIZAÇÃO
98
ESPACIALIDADE III – A USINA BOM JESUS E O IMPACTO DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
123
CONSIDERAÇÕES FINAIS
159
REFERÊNCIAS
175
FONTES DOCUMENTAIS
175
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 177
12
13
APRESENTAÇÃO Ao produzir, em 2004, a monografia intitulada “Os
operários do Povoado Central”, pré-requisito para a conclusão do curso de História-Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe, em que analisava a vida dos operários do Povoado Central em Riachuelo - SE no período de 1940 a 1968, trabalhadores de usina de açúcar e fábrica de tecido localizadas em espaço rural, entrei em contato com referenciais teóricos sobre a economia açucareira nordestina. Esse trabalho objetivava “dar voz” aos operários, registrar as condições de trabalho e vida destes indivíduos que prestaram serviços durante longos anos em uma das maiores usinas de açúcar sergipanas. Tal desejo foi estimulado pelo silêncio acadêmico existente em Sergipe no tocante aos operários do açúcar e mais decisivamente pela busca do entendimento de minhas origens, uma vez que minha avó materna, Eurides Santana de Oliveira e vários tios-avós foram operários da usina e da fábrica de tecido, vivendo na vila operária, local de nascimento de Hortência Maria de Oliveira Santos, minha mãe, que durante a infância foi uma menina de usina.
No decorrer das leituras de diversos estudos sobre a agroexportação do açúcar, chamaram-me a atenção as sucessivas referências de vários autores sobre a contribuição da produção literária de José Lins do Rego, para o entendimento das transformações da sociedade açucareira em
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fins do século XIX. No decorrer da pesquisa, realizei a leitura das obras “Fogo Morto” e “Usina” e dialoguei de forma, ainda tímida, com o discurso do referido autor.
Após a conclusão do trabalho, debrucei-me sobre significativa parcela da obra de José Lins do Rego. Com isso, percebi a existência de um fio condutor envolvendo quatro obras: Fogo Morto, Menino de Engenho, Bangüê e Usina. Suas narrativas se entrelaçam em vários momentos, iniciam e finalizam o ciclo do processo de modernização da economia açucareira, e promovem o contato do leitor com a maneira cotidiana que os indivíduos que vivenciaram este processo reagiram às mudanças geradas pelas intensas transformações sofridas pelo nordeste açucareiro entre 1870 a 1920, principalmente.
Ao propor um estudo sobre a origem da Usina Central, em 2005, ao curso de História-Bacharelado da Universidade Federal de Sergipe, entre os referenciais teóricos estava José Lins do Rego. Fui instigado pelo Prof. Me. Fernando Aguiar, que fazia parte da banca de análise do projeto de pesquisa, a demonstrar para a academia como José Lins do Rego retratava o processo de modernização.
Em 2006 produzi um artigo intitulado “José Lins do Rego e o processo de modernização da economia açucareira” publicado no Caderno Estudante, periódico de Ciências Humanas da Universidade Federal de Sergipe. A partir de então, passei a inscrever o artigo enquanto proposta de comunicação em encontros, seminários e congressos locais, regionais e nacionais de História e áreas afins. As contribuições dos comentadores presentes nestes eventos
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foram de suma importância para o aprofundamento teórico e definição do objeto de pesquisa, uma vez que nesse período eu não possuía a colaboração de um orientador.
Em 2008, com a aceitação da proposta de pesquisa pelo Mestrado em Ciências Sociais, a pesquisa sofreu uma ampliação significativa, embora conservasse o objeto inalterado. As leituras sobre a relação entre literatura e sociedade, orientadas pelo Prof. Dr. Alexsandro Galeno forneceram ao trabalho, a base estrutural fundamental para a interpretação do objeto de pesquisa.
A partir da bibliografia recomendada, foi possível observar que as reflexões sobre o discurso literário e o científico revelam relacionamentos permeados por aproximações e distanciamentos em relação as suas formas de produção discursiva. Entretanto, há de se considerar que tanto a Literatura, quanto a Ciência correspondem a discursos de época, que se debruçam sobre a realidade e ao se articularem sobre esta, de forma discursiva, criam um outro real: o real possível. Assim, os dois campos disciplinares revelam possibilidades em torno da realidade estudada.
Com isso, é perfeitamente viável a produção de pesquisas acadêmicas destinadas à religação dos saberes específicos de campos disciplinares diferentes. A realidade constitui o objeto em que as disciplinas se debruçam. Ela originalmente não é disjunta, mas corresponde a um campo complexo de relacionamentos entrelaçados. Durante a produção de discursos estritamente disciplinares, uma gama importante de relações também constituintes da realidade são condenadas ao esquecimento.