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PÓ DEXÁ, É SÓ UMA MICHIDINHA NO BAÚ DA NOSSA HISTÓRIA. ALL RIGHT ? JOSÉ AUGUSTO TENUTA

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Page 1: JOSÉ AUGUSTO TENUTA - Entrelinhas Editora · registrada, e que moldou o jeito diferente de ser da sua gente. Aos mais Aos mais jovens fica a indicação desta aprazível leitura

PÓ DEXÁ, É SÓ UMA MICHIDINHA NO BAÚ DA NOSSA HISTÓRIA.

ALL RIGHT ?

JOSÉ AUGUSTO TENUTA

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© 2015. Direitos desta edição reservados para Entrelinhas Editora.

Tenuta, José Augusto Cuiabá da tchapa e da cruz : pó dexá, é só uma michidinha no baú da nossa história : all right? / José Augusto Tenuta. -- Cuiabá, MT : Entrelinhas, 2015. ISBN: 978-85-7992-076-9 1. Cuiabá - Descrição 2. Cuiabá - História3. Cuiabá - Vida social e costumes 4. Cultura -Cuiabá 5. Fotografias 6. Identidade cultural7. Memórias I. Título.

15-04299 CDD-981.721

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Av. Senador Metello, 3.773 – Jardim Cuiabá Cep: 78.030-005 – Cuiabá, MT

Tel.: (65) 3624 5294 – e-mail: [email protected] www.entrelinhaseditora.com.br

Edição e projeto gráfico

Maria Teresa Carrión Carracedo

Revisão Marinaldo Custódio

Diagramação | Capa Maike Vanni

Assistente de produção Walter Galvão

Produção gráfica

Ricardo Miguel Carrión Carracedo

Foto da Capa Reunião da família Dorileo em

uma chácara no Coxipó da Ponte

Índices para catálogo sistemático: 1. Cuiabá : Mato Grosso : Memórias e história 981.721

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Dedico este livro aos meus amigos, alguns já falecidos. A partir de seus valiosos

depoimentos me proporcionaram um deleite indescritível ao escrever sobre os

personagens e fatos que marcaram para sempre o cotidiano da nossa querida Cuiabá.

-

AOS MEUS AMIGOS Ramis Bucair

Ramiro CerqueiraAníbal AlencastroRamiro GracianiGentil Bussiki

Augusto AmaroPaulo “Boi”

João Marinho (falecido)Valdemir TaquesBosco BorralhoZelito Moraes

Dr. Joaquim RamalhoCel. Vandir Metello

Benedito LisboaGlauco Marcelo

e outros...

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Apresentação

E ste livro é uma bela homenagem a Cuiabá, urbe de origem colonial com quase três séculos de história. Tempo suficiente para que a sua população original, até a metade do século XX, desenvolvesse uma

arquitetura característica com casas térreas, entremeadas pelos sobrados com a beleza urbanística do fim do século XIX. Neste cenário o autor, um cuiabano de ‘tchapa e da cruz’, trouxe para o nosso deleite um pou-co do cotidiano da cidade, principalmente da segunda metade do século XX. São fatos que ainda ‘vagam’ pelas ruas e becos do Centro Histórico, personagens que insistem em permanecer na memória e casarões que desafiam o tempo e permanecem em pé, aguardando, quem sabe, a re-tomada de dias gloriosos.

“Cuiabá da tchapa e da cruz” de José Augusto Tenuta, é uma leitura imprescindível aos que buscam entender um pouco desta cidade sin-gular que acolhe os paus-rodados com o mesmo carinho que dedica aos seus filhos naturais. Chama a atenção o fato de o autor romper com uma possível organização temática do livro. Personagens, lugares, usos culturais e acontecimentos são apresentados aleatoriamente para criar expectativa diante do inusitado.

Cuiabá, perto de completar 300 anos, precisa destas obras que perpe-tuem não só a sua história oficial, mas também aquela que ainda não foi registrada, e que moldou o jeito diferente de ser da sua gente. Aos mais jovens fica a indicação desta aprazível leitura para que possam entender melhor os seus pais e avós. Aos mais velhos, recomendo a voltarem no tempo para reviver com o autor a atmosfera daquela época e as origens de muitos traços da identidade cuiabana.

Ramiro Cerqueira

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Sumário

Introdução.................................... 13

Professor Ezequiel de Siqueira ................................... 17Lúcida loucura – um filósofo cuiabano .................. 18Eneida, a princesa cuiabana ....... 20Ponte da Confusão ...................... 22Flávio Gomes ............................... 25Pedra 21 ....................................... 26Maria Perna Grossa ..................... 27Presépios cuiabanos .................... 28Simão Papudo .............................. 30Quintal Grande ............................ 31Professor Márdio.......................... 34São João Bola de Ouro ............... 36Mané Boiadeiro ........................... 39Beco do Urubu ............................ 41Tio Janjão ..................................... 42Quintal de Zé Ferreira ................. 44Nega Carabina ............................. 45Colina Iluminada ......................... 47José Agnello Ribeiro .................... 49Bar do Chula ................................ 51Antonio Amaro ............................ 52O Maracanã de Cuiabá ................ 54Podró ............................................ 57Beco Quente ................................ 58Apolônio Metello ......................... 59Joaquim Vermelho....................... 62Palácio das Águias ....................... 63Bar Internacional ......................... 65Vevé ............................................. 67“Seo” Candi .................................. 68Chá de erva de cão ..................... 69Mãe Bonifácia .............................. 70

O gigante Pires ............................ 71Zé Bolofrô .................................... 75José de Arsênio ............................ 77Córrego do General..................... 80Maria Taquara .............................. 82Rua do Mundeo ........................... 84Aninha (benzedeira) .................... 86Cacimba do Soldado ................... 87Ivo de Almeida ............................ 88Beco do Cabo Agostinho ............ 91Totó Dorileo ................................ 92Senta aqui e arrodeia três vezes ....................... 96Antonhão Pelão ........................... 97Jardim Botânico ........................... 98Dito Coró ..................................... 99Nicolau Morozóff ....................... 101Tanque do Bugre ...................... 102Dona Leopoldina ....................... 103Balneário Santa Rosa ou Balnê ..................................... 104Michidinha ................................. 106Bráulio Ramos D’Anunciação Cerqueira ........... 107Atentado aos senadores ............ 110Fabico ......................................... 113Zé Bundinha .............................. 114Bar Pé na Cova .......................... 115Córrego Cruz das Almas ........... 116Pau Oco ..................................... 117Gasômetro.................................. 118Chambalé ................................... 120Bar Brotinho .............................. 121Elesbão Ferreira da Cruz ........... 122Pó Dexá ..................................... 123Batalhão Patriota ....................... 124

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Sumário

Mário Paiaia ............................... 126Bar Sargentini ............................ 127Xá Rosa ...................................... 129Vôte! ........................................... 130Bate-bruaca ................................ 131Abrelino ..................................... 132Esquadrão Copos de Ouro ....... 135“Sustenta o fogo que a vitória é nossa” ................ 137Tchum-tchum............................. 138Bairro do Baú ............................ 140Juvenal Capador ........................ 145Beco Alto ................................... 146Alberto Barbeiro ........................ 147Bar Soraya .................................. 149Ordem do Sol Nascente ............ 150Tarumã “Bandeirante no Ar” .... 151Petisqueira São Pedro ............... 152Bufante ....................................... 153A sagração de um Bispo ........... 154Nhá Ló ........................................ 156Escaldado Cuiabano .................. 157Travessa das Flores ................... 159Apertadinho Bar ........................ 160General Saco .............................. 162Campinho da Prainha................ 163Nhonhô Barbeiro ....................... 165Morro do Pito Aceso ................. 167João Borralho............................. 168Quitandinha ............................... 170Tchupapaia ................................ 171Colorido ..................................... 173Manoel Galvão........................... 175Circo Bocute .............................. 176Zé Calafate ................................. 179Bar Bilhares ............................... 181Marcidão .................................... 182

Beco do Arrodeio ...................... 183Quinco Rococó .......................... 184Boate Tabaris ............................. 185Bairro do Lavra Pau................... 186All right ...................................... 188Beco Torto ................................. 190Pedro Vaca ................................. 191Levino Albano............................ 192Beco da Lama ............................ 194Marcos da Luz ............................ 195Festa para um imperador sem trono................. 196Zé Pé Leve ................................. 198Empresa Saccadura .................... 199João Dezenove .......................... 200“Seo” Manoel e Joana (Taiela) ............................ 202Dutra Fumo Bom ....................... 204Mané Fim do Mês ...................... 206Barca-pêndulo ........................... 207Os Intrusos ................................. 209Mestre Hilário ............................ 213Chácara do Bispo ...................... 215Tufica ......................................... 217Remap ........................................ 219Luiz Vitrola ................................. 221Túnel secreto ............................. 222Totó Leiteiro Cabeça de Boi ..... 224Ladrilhos cuiabanos ................... 225Professora Oló ........................... 227Cervejaria Cuiabana ................... 229Fiote Tocantins ou Barba a Fogo ............................. 231Eu prometo ................................ 232João Cuíca .................................. 235

Índice Temático ......................... 237

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Cuiabá da tchapa e da cruz - 13

Introdução

A inspiração para este livro, acredito, surgiu desde que vim ao mundo pela graça do Nosso Senhor Bom Jesus, pelo amor de meus pais e benzeduras do mestre Hilário. Nunca tive a preten-

são de escrever um livro de história, mas sim de registrar um trabalho de pesquisa que empreendi em busca da origem do amálgama que moldou a nossa peculiar cultura. Na construção desta obra, fiz questão de não obe-decer a nenhuma recomendação quanto a cronologia, ordem e divisões. A mistura de personagens, fatos, lendas e espaços urbanos tem a delibe-rada pretensão de criar no leitor a expectativa pelo que virá em seguida.

Ao percorrer as entranhas da cidade em busca do fio da meada para decifrar o estigma “tchapa e cruz”, que não pode ser singularizado ape-nas em nascimento e morte, porém inserido em um contexto mais am-pliado, deparei-me com versões variadas dos acontecimentos sobre a formação dessa característica. Os personagens, os fatos, as lendas sem-pre tiveram mais de uma verdade contada pelo povo. Por exemplo: no caso do escaldado cuiabano, que hoje marca a nossa culinária “tchapa e cruz”, me vi diante de inúmeros depoimentos diferentes uns dos ou-tros. Optei pelo que está aqui registrado, o qual, suponho, seja o mais verossímil de todos.

Quando andava pelas ruas e becos do Centro Histórico, onde vivi parte de minha infância e adolescência, sentia uma interação muito for-te com o ambiente reinante neste mágico espaço de nossa cidade. Era como se eu já tivesse estado ali havia muito tempo. Após alguns anos de estudos e vivência com as coisas cuiabanas, fui percebendo que a atração que eu sentia pelo local, que me parecia de uma familiaridade ancestral, vinha das ruas, becos, casarios, personagens e, principalmen-te, das histórias e assombrações que ainda hoje, numa luta desigual contra o futuro, teimam em permanecer habitando o depauperado berço

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14 - Cuiabá da tchapa e da cruz

da cuiabania. Esta sempre foi uma atração intrigante para mim, porém passei a compreendê-la melhor quando visitei outras cidades igualmen-te históricas, principalmente Salvador, na Bahia, onde foi que consegui entender que o fascínio deste envolvimento advém da cumplicidade espiritual reinante da urbe com seus filhos.

Enganam-se os que pensam que casarões em ruínas, ruas e becos sujos, praças e jardins abandonados sejam o habitat preferido de nossas assombrações e lendas. Não! Mil vezes não! Ao contrário, desejam, isto sim, que suas antigas casas, seus palacetes, seus prédios públicos, suas ruas, seus becos, suas praças e jardins estejam bonitos, limpos, colori-dos, conservados e servindo de testemunho às novas gerações da beleza e da originalidade que um dia foi a nossa querida Cuiabá. A transitorie-dade, que muitos usam para justificar o abandono, aqui não se explica e muito menos se entende, pois que a cultura é imortal.

Nós herdamos um tesouro de quase trezentos anos, temos a obriga-ção de, pelo menos, manter o que ainda resta da magnífica beleza arqui-tetônica que prevalece no Centro Histórico: do inusitado traçado de suas vias públicas, do linguajar único da sua gente, da saborosa e surpreen-dente culinária, sob pena de vermos a cidade perder a sua identidade cultural, arduamente lapidada ao longo de três séculos pelos nossos antepassados. Cada casarão que tomba soterra sob seus escombros um pouco da nossa história, de seus antigos moradores e finda o seu papel no teatro da vida da cidade.

Espero, sinceramente, que este trabalho, que consumiu cinco longos anos de pesquisa e muitos quilômetros percorridos em busca de infor-mações para sua composição, sirva de alerta para as autoridades volta-rem o olhar para a preservação do que ainda resta do rico acervo histó-rico-cultural cuiabano, que está se perdendo por falta de investimentos. E, mais ainda, vislumbrar o enorme potencial de geração de emprego e renda que o turismo cultural pode trazer para Cuiabá.

Portanto, o momento exige uma mobilização não só dos poderes pú-blicos como também dos meios de comunicação, da classe artística e de outros segmentos sociais no sentido de se evitar um premente prejuízo que, a cada dia, se avizinha como definitivo. É a nossa identidade cultu-ral que está em jogo. A sua perda será, pelas gerações futuras, debitada em nossa conta.

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Cuiabá da tchapa e da cruz - 15

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Cuiabá da tchapa e da cruz - 17

Professor Ezequiel de Siqueira

Não poderia começar este trabalho sem citar aquele que foi a mais performática, enigmática e mística personagem que esta abençoada ci-dade de Nosso Senhor Bom Jesus pariu, após uma gestação de mais de duas centenas de anos. A sua magnífica história é sobejamente conheci-da, ou pelo menos deveria ser, de todos os cuiabanos e “paus-rodados”, mas, principalmente, dos jovens, para aprenderem a ver a vida com sabedoria e desprendimento, livres das atrações mundanas que tanta in-fluência negativa impõem às suas mentes imberbes. Há muita literatura impressa contando a trajetória deste genial ser humano em suas andan-ças pelas ruas e becos de Cuiabá. É ler e aprender!

Escrever sobre o professor Ezequiel de Siquei-ra seria o mesmo que chover no molhado, mas não citá-lo seria falta gravíssima com a pro-posta deste livro e com a história desta cida-de. Para não incorrer em tamanho absurdo, apelei para a competência e o “cuiabanis-mo” do meu grande amigo e ex-colega de faculdade de Jornalismo Gentil Bussiki, que, entendendo o meu drama, nos presenteou com esta maravilha de texto sobre este autên-tico herói cuiabano.

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