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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO TURISMO E ARTES CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO JORNALISMO Valéria Sinésio da Silva Jornalismo on-line e os portais de notícias de João Pessoa-PB João Pessoa 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO TURISMO E ARTES

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO JORNALISMO

Valéria Sinésio da Silva

Jornalismo on-line e os portais de notícias

de João Pessoa-PB

João Pessoa

2013

Valéria Sinésio da Silva

Jornalismo on-line e os portais de notícias

de João Pessoa-PB

Monografia de Trabalho de Conclusão de

Curso, apresentado à Universidade Federal da

Paraíba, mediante o Departamento de

Comunicação Social, em cumprimento às

exigências para obtenção do grau de bacharel

em Comunicação Social, habilitação em

Jornalismo.

Orientadora: Prof. Drª Glória Rabay

João Pessoa

2013

Valéria Sinésio da Silva

Jornalismo on-line e os portais de notícias

de João Pessoa-PB

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________________

Orientadora: Prof. Drª Glória Rabay

____________________________________________________________________________

Prof. Drª Suelly Maux

____________________________________________________________________________

Prof. Drª Zulmira Nóbrega

João Pessoa, ___ de ___________ de 2013.

“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

Martin Luther King

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, a quem devo este momento e toda a minha vida.

Aos meus pais, Nazareth e João, pelo exemplo de coragem, determinação e

honestidade. Sem eles, certamente eu não teria chegado até aqui. Isso

representa muito para eles, que não tiveram as mesmas oportunidades que eu.

Ao meu marido, Delano Marçal, pela paciência e companheirismo de sempre.

Aos meus irmãos, que me completam como ser humano.

Aos meus tios, primos e amigos, pelo carinho, pelo sorriso e pelas palavras.

À minha orientadora, Glória Rabay, por aceitar o desafio de me ajudar na

conclusão do curso e me fazer acreditar que sempre é hora de recomeçar,

mesmo que tudo pareça perdido.

A todos, de perto e de longe, que em algum momento se mostraram confiantes

na minha vitória.

“Conheço sua conduta; coloquei à sua frente uma porta aberta, que ninguém

mais poderá fechar.” (Ap.3:8)

RESUMO

Esta análise qualitativa visa mostrar os problemas encontrados em quatro

portais de notícias locais da Paraíba. Foram encontrados os mais variados

tipos de erros, inclusive ortográficos e de conteúdo, o que pode colocar em

xeque a credibilidade desses veículos, que na ânsia de colocar a notícia na

frente dos demais, acabam ferindo as regras do bom jornalismo. Em todos os

portais analisados foi possível observar também notícias que passam horas na

home (página principal), o que sugere descaso com o leitor-internauta. De uma

forma geral, é possível afirmar que o jornalismo on-line necessita com urgência

de uma reformulação.

Palavras-chave: Portais locais. Jornalismo on-line. Credibilidade da notícia.

ABSTRACT

This content analysis aims to show the problems encountered in four news

portals places in Paraiba. We found the most varied types of errors, including

spelling and content, which may put into question the credibility of these

vehicles, which in the rush to put the news in front of others, just wounding rules

of good journalism. In all the analyzed portals was also possible to observe

news who spend hours on the home (main page), which suggests disregard for

the reader-surfer. In general, we can say that on-line journalism urgently needs

an overhaul.

Key words: Local portals. On-line journalism. Credibility of news.

Declaração de Autoria

Eu, Valéria Sinésio da Silva, portador de célula de identidade n° 2675855

SSP/PB CPF n° 013.013.044-33 declaro, neste ato, sob as penas da lei, ser a

responsável pela obra intitulada Jornalismo on-line e os portais de notícias

de João Pessoa-PB, realizada como projeto de conclusão de curso para

obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação Jornalismo,

pela Universidade Federal da Paraíba.

João Pessoa ___ de ____________ de 2013.

Assinatura:___________________________________________________

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.......................................................................................10

CAPÍTULO I

1. Globalização e internet....................................................................11

1.1 Definição de jornalismo.............................................................13

1.1.1 O que é notícia..................................................................14

1.2 Características do bom texto....................................................17

1.2.1 Frases curtas....................................................................18

1.2.2 Simplicidade.....................................................................18

1.2.3 Seletividade......................................................................18

1.2.4 Vocabulário e gramática..................................................19

1.2.5 Adjetivos...........................................................................19

CAPÍTULO II

2. Um pouco da história da internet...................................................20

2.1 Resumo cronológico da internet..............................................21

2.2 Uso da internet pelos paraibanos............................................23

CAPÍTULO III

3. Jornalismo on-line..........................................................................24

3.1 Características do jornalismo on-line.....................................25

3.1.1 Interatividade...................................................................25

3.1.2 Instantaneidade...............................................................26

3.1.3 Acessibilidade.................................................................27

3.1.4 Integração das mídias (texto, áudio, vídeo, imagens,

animação).........................................................................27

3.1.5 Hiperlink...........................................................................28

3.2 Os portais de notícias...............................................................28

3.2.1 Os portais locais..............................................................29

CAPÍTULO IV

4. Os problemas dos portais de notícias de João Pessoa...............30

4.4. Erros ortográficos.....................................................................31

4.5 Clareza e objetividade.................................................................36

4.6 Relises.......................................................................................39

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................43

REFERÊNCIAS.............................................................................................45

10

APRESENTAÇÃO

Basta passar dez minutos na praça de alimentação de um shopping

center para observar pessoas conectadas ao mundo virtual através de seus

smartphones, tablets e notebooks. A vida sem internet parece ficar incompleta.

Mesmo na companhia de amigos e familiares, as pessoas estão sempre

buscando algo, que parece só encontrar na tela do computador.

Hoje em dia é possível pagar contas pela internet, conhecer pessoas,

organizar protestos e, claro, se informar sobre os acontecimentos locais e

globais. Essa necessidade do ser humano em saber o que acontece não

apenas no bairro vizinho, como também no Afeganistão, Estados Unidos ou

Portugal, talvez explique a proliferação de portais de notícias.

Portais que têm o papel de informar, mas que, diante da ânsia de sair na

frente dos concorrentes, acabam cometendo deslizes. Quem trabalha com

jornalismo sabe a importância de dar a notícia em primeira mão, mas não pode

esquecer das regras básicas, como a ortografia correta e a apuração da

informação.

É por isso que este trabalho foi realizado. Durante o mês de agosto,

durante uma semana (período entre 8 a 14 de agosto), quatro portais de

notícias locais (Correio, WScom, ClickPB e PBAgora) foram observados em

dois períodos: no início da manhã e no final da noite. O objetivo foi coletar

material suficiente para elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC).

No primeiro portal analisado – www.portalcorreio.com.br – o percentual

de erros encontrados foi de 57% ( em 8 dos 14 acessos foram observados

algum tipo de irregularidade). No Wscom – www.wscom.com.br – o percentual

de erros foi um pouco maior: 64%. O que implica dizer que, dos 14 acessos,

foram verificados erros em 9 deles.

A quantidade de erros contabilizados no terceiro portal –

www.clickpb.com.br – foi ainda maior no período analisado. Os erros foram

constatados em 11 dos 14 acessos realizados, o que representa 78%. O portal

que teve o menor número de erros foi o PBAgora – www.pbagora.com.br, com

50% (dos14 acessos foram encontrados erros na metade deles).

11

CAPÍTULO I

1 GLOBALIZAÇÃO E INTERNET

O avanço tecnológico e o rápido acesso às informações são

características da globalização. Nesse universo, a internet tem um papel

importante, pois proporciona formas eficazes de interação com o usuário.

Graças à globalização, pessoas, empresas e governos podem trocar e distribuir

informações pelos quatro cantos do mundo. Ao quebrar barreiras, minimizando

distâncias, a internet possibilita a troca de informação de forma quase imediata,

em tempo real.

Quando foi concebida em 1969, a internet estava voltada para a

pesquisa de informações para o serviço militar, que criou a Arpanet, rede

nacional de computadores. Atualmente, em todo o mundo, a internet passou a

ser considerada um dos principais fatores para medir o desenvolvimento,

conforme declaração de Negraes (2001, p. 14):

Hoje a internet permite ligações telefônicas com áudio e vídeo, imagens transmitidas em tempo real, comunicação instantânea entre pessoas conectadas, trocas de músicas, compras, etc. No futuro quem sabe até onde ela chegará...as possibilidades são quase infinitas.

Em 1986, houve a expansão da internet graças a uma contribuição da

National Science Foundation – NSF (Fundação Nacional de Ciência).

O programa de armazenamento das informações (Enquire) foi escrito em 1980,

por Tim Berners Lee, inventor da World Wide Web. A expressão WWW só foi

apresentada em 1989.

Antes do jornalismo ingressar na grande rede, um longo caminho foi

percorrido. Nos primeiros anos da década de 1990, por exemplo, os sites eram

“nada atraentes”, com fundo cinza e poucos links. Mas era esse o início de fato,

o surgimento da internet que, até então, tinha caráter quase exclusivo de

12

pesquisa, sendo amplamente usada por pesquisadores e estudiosos, como

explica Ferrari (2004, p. 16):

O cenário do final dos anos 80 era este: muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa. A internet não tinha a cara amigável que todos conhecem hoje. Era uma interface simples e muito parecida com os menus dos BBS. Mas, enquanto o número de universidades e investimentos aumentava em progressão geométrica, tanto na capacidade dos hardwares como dos softwares usados nas grandes redes de computadores, outro núcleo de pesquisadores, até bem modesto, criava silenciosamente a World Wide Web (Rede de abrangência mundial), baseada em hipertexto e sistemas de recursos para a internet.

Nos anos seguintes, a internet foi se adaptando e crescendo. Para se ter

uma idéia, o número de computadores pulou de 1,7 milhão em 1993 para 20

milhões em 1997. No Brasil, em maio de 1995, ocorreu a abertura comercial da

internet. No mesmo mês, foi lançado o Jornal do Brasil em sua versão on-line,

sendo o primeiro periódico do país a entrar na internet.

Em seguida, foi a vez da versão eletrônica do jornal O Globo. Conforme

Villela (2004, p.162), “quando o jornalismo chegou na internet, em um primeiro

momento, o que aconteceu foi literalmente o reaproveitamento do conteúdo

que já existia para outros fins”.

A velocidade da internet supera a de todos os outros meios de

comunicação, como afirma Suzana Barbosa (2001, p. 2): Se o rádio levou 38

anos para ter audiência global de 50 milhões de pessoas, a TV aberta, 16

anos, e a TV a cabo, dez, a internet com a WWW precisou de apenas cinco

anos para atingir 200 milhões de pessoas.

Declaração semelhante fez J.B.Pinho (2003, p.38), ao dizer que as taxas

de crescimento da internet aumentam de maneira contínua e quase

exponencial, sendo até hoje o meio de comunicação com o menor período de

aceitação entre a descoberta e a sua difusão mais maciça.

A digitalização da informação permitiu ampliar as possibilidades do

jornalismo, unindo o mundo de ponta a ponta, através da internet. Notícias

internacionais e nacionais passaram a ser acessadas facilmente. Porém, a

globalização impulsionou o interesse pelo conteúdo local. Foi quando surgiram

13

os portais de notícias. A atualização acontece constantemente e cada fato novo

pode ser motivo de manchete. Com os portais, Barbosa (2001, p.6) fala em

criação de comunidades:

Assim, também podemos colocar entre as características do jornalismo on-line a formação de comunidades, pois a busca pela fidelização do usuário passou a ser um dos objetivos intrínsecos aos sites para agregar audiência e, sobretudo, para enredar o usuário, reforçando nele o sentimento de pertencimento. Essa característica de comunidades é ainda mais forte em sites que se enquadram na categoria de portais locais, cujo interesse é “falar” de perto com determinada comunidade fornecendo conteúdo digital original, além de serviços.

2 DEFINIÇÃO DE JORNALISMO

O jornalismo vai além do noticiário da televisão ou do impresso. O

jornalismo é tratado como uma profissão da Comunicação Social, apesar do

termo ser utilizado com frequência para definir toda a organização dos meios

de comunicação. Porém, não está errado quem diz que o jornalismo é a

atividade que tem a tarefa de divulgar os fatos de interesse público. Fatos que

podem ter mais repercussão em determinado local que em outro, ou ainda, que

tenha interesse em todo um país ou mesmo o mundo. Exemplo disso foi o

dramático “Caso Isabella”, no qual uma menina de cinco anos de idade morreu

após ser supostamente jogada do sexto andar do prédio onde morava o pai e a

madrasta, acusados e condenados pelo crime em júri popular. Desde que

aconteceu, foi amplamente noticiado em todos os veículos.

Apesar de se confundir com o termo comunicador, o jornalismo tem uma

definição mais estreita, conforme declara Kunczik (2001, p. 16): Por isso o

jornalismo é considerado a profissão principal ou suplementar das pessoas que

reúnem, detectam, avaliam e difundem as notícias; ou que comentam os fatos

do momento.

O jornalismo deve ser imparcial e ter como principal dever, respeitar a

verdade, quaisquer que sejam as consequências. Contudo, definir o jornalismo

não é tarefa fácil. Cada autor o traduz de forma diferente, porém com

semelhanças. Nas palavras de Dines (1986, p. 25), o jornalismo é “a busca de

circunstâncias”.

14

Para Traquina (2005, p. 19), [...] tentar definir o jornalismo em uma frase,

ou mesmo em um livro, é algo absurdo. Falando poeticamente, ele diz que “[...]

o jornalismo é a vida, tal como é contada nas notícias de nascimentos e de

mortes, tal como o nascimento do primeiro filho de uma cantora famosa ou a

morte de um sociólogo conhecido mundialmente.

Mas o jornalismo tem outras definições, como o próprio Traquina (2005,

p. 22) comenta mais adiante:

Basta um olhar distraído aos diversos produtos jornalísticos para confirmar que é uma atividade criativa, plenamente demonstrada, de forma periódica, pela invenção de novas palavras e pela construção do mundo em notícias, embora seja uma criatividade restringida pela tirania do tempo, dos formatos, e das hierarquias superiores, possivelmente do próprio dono da empresa. E os jornalistas não são apenas trabalhadores contratados, mas membros de uma comunidade profissional que há mais de 150 anos de luta está empenhada na sua profissionalização com o objetivo de conquistar maior independência e um melhor estatuto social.

2.1 Quadro evolutivo do jornalismo

TABELA I

Pré-história do jornalismo (de 1631 a 1789) Caracterizada por uma economia elementar, produção artesanal e forma semelhante ao livro.

Primeiro jornalismo (1789 a 1830) Caracterizado pelo conteúdo literário e político, com texto crítico, economia deficitária e comandado por escritores, políticos e intelectuais.

Segundo jornalismo (1830 a 1900) Imprensa de massa, marca o início da profissionalização dos jornalistas, a criação de reportagens e manchetes, a utilização da publicidade e a consolidação da economia da empresa.

Terceiro jornalismo (de 1900 a 1960) Imprensa monopolista, marcada por grandes tiragens, influência das relações públicas, grandes rubricas políticas e fortes grupos editoriais que monopolizam o mercado.

Quarto jornalismo (de 1960 em diante) Caracterizado pela informação eletrônica e interativa, como ampla utilização da tecnologia, mudança das funções do jornalista, muita velocidade na transmissão de informações, valorização do visual e crise da imprensa escrita.

Fonte: Ciro Marcondes Filho (Comunicação e jornalismo: a saga dos cães perdidos)

2.2 O que é notícia?

15

De uma forma ou de outra, o indivíduo sempre buscou uma forma de se

comunicar. Os fatos foram aumentando e as pessoas se interessando cada vez

mais pelas novidades. Assim surgiu a notícia, que caracteriza por uma

linguagem clara, impessoal e adequada ao veículo no qual está sendo

transmitida. Uma das principais características definidoras da prática

jornalística é o trabalho sobre a notícia.

Porém, sua definição é tão complexa quanto a de jornalismo. Em termos

simples, a notícia pode ser entendida como um formato de divulgação de um

acontecimento por meios jornalísticos. Não deixa de ser, portanto, matéria-

prima do jornalismo, geralmente identificada quando ocorre um fato novo,

inédito.

A notícia expõe um fato ou sequência de fatos: caiu um avião na mata, é notícia: resgatam-se passageiros e tripulantes dias depois, outra notícia; divulga-se o relatório técnico sobre o desastre, uma terceira notícia apoiada na recapitulação das duas anteriores. (LAGE, 2005, p.139).

Podem trazer fatos políticos, sociais, culturais e qualquer outro de

interesse público. São as notícias que preenchem as frias páginas do

tradicional jornal impresso, os VTs dos telejornais, as manchetes dos portais

eletrônicos e as chamadas nos rádios. Para ter valor no jornalismo, precisam

ter acontecido há pouco tempo ou, ainda, que não tenham sido publicadas por

outros veículos de Comunicação, sobretudo os principais concorrentes.

Noblat (2004, p. 31) destaca que, de forma simplificada, “notícia é todo

fato relevante que desperte interesse público, ensinam os manuais de

jornalismo. Fora dos manuais, notícia na verdade é tudo o que os jornalistas

escolhem para oferecer ao público. Ele acrescenta que a notícia “pode estar no

ambiente onde se passou determinada história. A notícia pode estar no silêncio

de uma pessoa entrevistada. A notícia pode estar no nervosismo de alguém.

Noblat ainda faz uma reflexão sobre o fato de que a maioria das notícias

tem, perante o público, conotação negativa, dando a impressão de que a

realidade é bem mais cruel, ou seja, que há mais bandidos nas ruas, mais

políticos corruptos, mais crianças morrendo de forme e muitos outros males

16

que assolam a humanidade. Sobre a definição de notícia, o autor também

destaca que:

Notícia existe para ser reverenciada pelo jornalista. Diante de uma, ele deve ajoelhar-se em sinal de respeito e agradecer a Deus a graça de tê-la encontrado. Parece uma lição muito simples de ser aprendida. Afinal, o ganha-pão do jornalista é a notícia. Mas não é raro que jornais e jornalistas briguem com ela.

A estrutura também é essencial na tarefa de definir a notícia. Isso

porque ela possui características que a diferem do editorial, da crônica e do

artigo, também presentes no jornalismo. As perguntas “o quê” (fato ocorrido);

“quem” (personagem envolvido); “quando” (momento do fato); “onde” (local do

fato); “como” (modo como ocorreu) e “porquê” (causa do fato), tornaram-se

indispensáveis na construção da notícia, pois conseguem responder a todas as

possíveis perguntas do público em relação ao fato divulgado.

Segundo explicação de Lage (2006, p. 22),[...] a notícia não significa

narrar os fatos e, sim, expô-los. Isso porque a narrativa coloca os fatos na

ordem em que aconteceram. Diferente do teatro e do cinema, onde os casos

são contados do começo para o fim, as notícias costumam ser contadas de

outra forma pelos jornalistas. A notícia está no curioso, não no comum. O autor

explica o motivo:

Os eventos estarão ordenados não por sua sequência temporal, mas por interesse ou importância decrescente, na perspectiva de quem conta e, sobretudo, na suposta perspectiva de quem ouve. Mais: a importância de cada evento será aferida em função do evento principal da série.

Por outro lado, Pena (2006, p. 39) discorda quanto à importância dada

pelo jornalismo à atualidade e novidade: a novidade nem sempre é atual e a

atualidade nem sempre é nova. Tenho certeza de que podemos melhorar muito

o nosso trabalho e os próprios veículos de informação se tivermos consciência

dessa premissa. Segundo ele, confundir atualidade com novidade é um erro

conceitual e metodológico.

17

3 CARACTERÍSTICAS DO BOM TEXTO

Seguir os manuais de redação pode confundir a cabeça de quem está

iniciando no jornalismo. Há muitas divergências sobre as regras gramaticais e

sobre a importância das regras gerais para a elaboração de um bom texto, que

reúna elementos como clareza, concisão e objetividade. Portanto,

compreender o significado da boa informação já é um bom começo, pois como

disse Noblat (2004, p. 51), repórter é pago para investigar e obter respostas.

Não é pago para transferir dúvidas aos leitores.

Nesse sentido, o surgimento do lead serviu para orientar os jornalistas

na hora de redigir as notícias. Antes de prosseguir, no entanto, é importante

esclarecer que lead é o primeiro parágrafo da notícia em jornalismo impresso.

Sua origem, conforme explica Lage (2005, p.73), não está relacionada à

tradição literária – ao épico, trágico, dialético – mas ao uso oral, isto é, à

maneira como, numa conversação, alguém relata algo que assistiu.

No Manual de Redação de O Globo a primeira orientação é para a

observância da qualidade do texto e da apuração devem andar juntos. [...] a

matéria bem apurada dá a impressão de se escrever sozinha. E muitos

defeitos do texto ruim nascem de apuração deficiente; a falta de fatos deixa

buracos que nenhum artifício de estilo consegue tapar. (GARCIA, 2005,

p.2007).

Não há segredos. O bom texto deve ser escrito com cuidado, com

dedicação. Conforme Caldas (2002, p.27), clareza, objetividade e elegância ao

contar uma história é o mínimo que se pede a um repórter. Que deve procurar

a palavra certa para cada situação, cortar os adjetivos [...].

3.1 Objetividade

Segundo Fortes (2008, p. 88), a objetividade é o conceito mais

importante que deve ser respeitado na hora de escrever uma notícia. Ele

declara que o repórter deve manter-se distante das opiniões e impressões

subjetivas, não importa quão poderosas elas sejam. É válido salientar que a

objetividade deve vir acompanhada da clareza, concisão, impessoalidade e

18

simplicidade, para chegar ao resultado de um bom texto. Peço-lhes mais

cuidado com o que escrevem. (NOBLAT, 2004, p.87).

3.2 Frases curtas

O texto jornalístico deve ser feito de frases curtas. Entre as palavras

sinônimas, a mais simples deve ser a escolhida para facilitar a compreensão

por parte do leitor. O ideal é que cada frase encerre uma ideia. Conforme

Castro (2007, p.29), a frase deve ser curta. Não telegráfica, como já dissemos,

mas permitindo ao leitor assimilar uma ideia ou um fato de cada vez. Mais de

uma frase intercalada no mesmo período dificulta o entendimento.

3.3 Simplicidade

A linguagem do texto jornalístico deve ser simples visando a fácil

compreensão por parte do leitor. Isso significa que, entre palavras sinônimas, a

mais simples deve ser a escolhida. As frases precisam obedecer a ordem –

sujeito, predicado e complemento. A simplicidade é a condição essencial do

texto jornalístico.

Ainda de acordo com Fortes (2008, p.90), “quem procura palavra difícil

no dicionário para colocar no texto com o intuito de, assim, parecer mais

inteligente, faz papel de bobo. Conforme Noblat (2004, p.80), “[...]digam o que

querem dizer com poucas palavras [...]”.

3.4 Seletividade

Toda notícia passa por um processo de seleção, independentemente do

veículo a ser publicada. Desde a elaboração da pauta, já há a escolha de

alguns assuntos a serem explorados e outros desprezados. Diante dessa

situação, o que deve ser levado em consideração é o interesse do público.

Sobre o assunto, Lage (2004, p. 35) comenta:

No entanto, não há dúvida de que existem matérias destinadas a ser manchetes e outras que dificilmente terão essa honra. Quais, depende do momento: numa época, são as denúncias que importam; em outra, declarações violentas ou ofensivas de políticos; mais adiante tragédias sociais. O jornalismo é um discurso datado: cada texto parte de um contínuo que reflete o conflito entre os interesses de quem manda e as preocupações e angústias de quem obedece, em cada campo de relações da sociedade: governo e povo, médico e pacientes, escolas e estudantes etc.

19

3.5 Vocabulário e gramática

Erros ortográficos no jornalismo são inadmissíveis. O respeito à língua

deve existir a todo o momento, mesmo na hora de escrever um texto-legenda

ou texto de poucas linhas. A ortografia correta valoriza o texto e confirma a

credibilidade do veículo.

A redação não é o lugar adequado para aprender a escrever. Primeiro porque nela tudo é feito às pressas e ninguém tem muito tempo para ensinar o que quer que seja a outros. Segundo porque há gente na redação que também não sabe escrever. Se forem espertos e bons observadores, recém-formados admitidos em um jornal podem aprender as técnicas para redigir uma notícia, uma reportagem, um artigo. Mas já devem saber escrever bem. Bem, não, Muito bem. (NOBLAT, 2004, p.77)

3.6 Adjetivos

A entrada de adjetivos no texto jornalístico deve ser restringida ao máximo.

O adjetivo só deve ser usado se for para especificar melhor o substantivo. E só.

Ou seja, tornar a informação mais precisa, mais específica. Vejamos o

exemplo:

Os médicos foram homenageados.

A ideia que a frase passa para o leitor é que, em determinado local, todos

os médicos existentes foram homenageados. Veja agora o outro exemplo com

o uso do adjetivo:

Os médicos atenciosos foram homenageados.

Na segunda frase, o leitor tem a real dimensão do que o jornalista quis

dizer, pois não há margem para outras interpretações. Ou seja, os médicos

receberam as homenagens porque foram atenciosos com seus pacientes.

CAPÍTULO II

20

4 UM POUCO DA HISTÓRIA DA INTERNET

A internet surgiu em 1969, através do Advanced Research Projects

Agency (Arpa – Agência de Pesquisa e Projetos Avançados) que estava focada

na pesquisa de informações para os militares e criou a Arpanet – rede mundial

de computadores – que serviria para a comunicação no caso dos Estados

Unidos serem atacados pela União Soviética.

Seis anos mais tarde, a troca de dados já havia crescido de forma

surpreendente. Entre os usuários havia pesquisadores na área da Defesa e

Segurança. No entanto, a Arpanet ainda tinha como missão o serviço de

informação militar.

Em 1986, houve a expansão da internet graças a uma contribuição da

National Science Foundation – NSF (Fundação Nacional de Ciência).

O programa de armazenamento das informações (Enquire) foi escrito em

1980, por Tim Berners Lee, inventor da World Wide Web. A expressão WWW

só foi apresentada em 1989.

Já nos primeiros anos da década de 1990, os sites eram “nada

atraentes”, com fundo cinza e poucos links. Mas era esse o início de fato, o

surgimento da internet. Daí então, recursos foram implantados e versões foram

lançadas na grande rede, desfazendo barreiras e eliminando distâncias

geográficas.

De acordo com o jornalista Moura (2002, p.23), foi através de uma novela da Rede Globo que a internet foi apresentada:

Foi com a novela Explode Coração, de Glória Perez, transmitida pela Rede Globo de Televisão, que milhões de brasileiros começaram a ver como funcionava a comunicação em rede. Quase que em conseqüência da trama televisiva, o primeiro boom da internet no Brasil aconteceu ao longo de 1996, tanto pelo crescimento do mercado como pela melhoria dos serviços, graças à Embratel.

Em relação à informática, essas questões só começaram a se destacar

no Brasil a partir da década de 1970. Através do decreto 301, a Embratel

recebeu a tarefa de instalar uma rede nacional para transmissão de dados. O

21

Transdata foi inaugurado em 1980, com o objetivo de garantir o suporte para

grandes empresas.

A necessidade de manter a troca de informações com outros países,

incentivou a implantação da rede mundial de computadores, A princípio, eram

possíveis os serviços de troca de correio eletrônico e o download de arquivos.

Um grande passo foi dado quando em 1992, foi criada a Rede Nacional de

Pesquisa (RND) pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

O provedor de acesso privado só veio com uma portaria do Ministério

das Comunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia, no ano de 1995.

Quatro anos após, o Brasil passou a ocupar a terceira posição em número de

usuários nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Canadá.

A internet proporcionou a troca de informações imediatas e a

interatividade entre os leitores. Sem contar que a internet vem ganhando

espaço nas escolas de todo o mundo e está como uma das principais fontes de

pesquisas da população. Por isso, qualquer governo responsável e

comprometido com o povo, deve priorizar o acesso popular à grande rede.

Em setembro de 2009, conforme notícia publicada no site G1

(www.g1.com.br), a internet superou a TV como mídia preferida. A pesquisa foi

realizada em 11 países, incluindo o Brasil. A internet foi considerada o veículo

mais indispensável por 70% dos entrevistados, superando ligeiramente a

margem da televisão, considerada por 69% como indispensável.

A pesquisa foi feita pelo grupo mundial de marketing Synovate, que

ouviu 8,6 mil pessoas da Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, Estados

Unidos, Holanda, Hong Kong, Reino Unido e Taiwan.

Possivelmente, as nossas vidas, como seres humanos individuais, nunca estiveram tão individualizadas como nos dias da Internet. As maneiras de relacionarmo-nos, mesmo como indivíduos, tornou-se, aparentemente, mais fria graças ao computador e ao advento de novas tecnologias. No entanto, se procurarmos pensar de um ponto de vista diferente do tecnológico, aceitando os computadores como mais do que simples máquinas e a tecnologia não mais como um terrível monstro, será possível enxergar nestes dois instrumentos, que parecem um só, um veículo maior de interatividade entre os seres pensantes da Terra. A possibilidade de relacionarmo-nos numa dimensão interplanetária pode tirar do computador o estigma de máquina fria ou simples objeto. Se pensarmos que por trás dessas máquinas existem outros seres humanos interagindo em outras partes distantes do mundo, veremos no computador o veículo

22

viabilizador de tal comunicação humana, infinitamente melhor e mais barato do que os próprios telefones. Ora, para ligarmos para outra pessoa em outro país, temos, como pré-requisito, de conhecer tal pessoa; em seguida, temos que saber o número do telefone dela; depois precisamos saber um horário conveniente para entrarmos em contato; e, por último, o mais significante, temos de estar cientes da exorbitante quantia que teremos de pagar por essas limitadas horas de conversa que se resumem, ainda, a apenas duas pessoas. Já graças ao computador conectado à Internet, essa interação de relações interpessoais deixa de ser tão restrita e cobra apenas um pré-requisito: estar sentado à frente de um computador on line. A formação de novas comunidades, portanto, ocorre em um nível intelectual, e não mais no plano físico da concepção de comunidade. (FAGGION, 2001, p.10)

4.1 Resumo Cronológico da internet

1957- O presidente dos Estados Unidos, Dwuight Eisenhower encomenda

estudos para garantir a segurança da comunicação entre o governo e o serviço

militar.

1966 – Lawrence Roberts e Thomas Merril conectam pela primeira vez dois

PC‟s por linha telefônica.

1967 – O projeto de comunicação entre PC‟s ganha força, com apresentação

por “comutação de pacotes”.

1971 – Programadores começam a desenvolver aplicações para redes de

computadores.

1972 – Surge o correio eletrônico (e-mail) e o FTD – File Transfer Protocol –

transferência de arquivos.

1980 – Surge a Bitnet – Because It’s Time Network.

1983 – É proposto o Domain Name System (DNS). Um ano depois surge a

criação de sufixos como “.com”, “.gov” e “.edu”.

1988 – Morris, um dos primeiros worms da internet, causa danos a milhares de

computadores.

1989 – Primeira conexão do Brasil na rede, entre a Fapesp.

1992 – Consolidação da internet.

1995 – Lançamento de grandes portais e modernos sites.

1996 – A internet atinge mais de seis milhões de servidores e 50 mil sub-redes.

23

1999 – O Napster populariza o compartilhamento de arquivos de música,

levando a sucessores que mudaram permanentemente a indústria das

gravadoras. A população usuária de internet no mundo ultrapassa 250 milhões

de pessoas.

2002 – A população mundial usuária de internet ultrapassa 500 bilhões de

pessoas.

2005 – Ano de inauguração do Youtube, que disponibiliza vídeos entre

internautas

2006 – A população que usa internet atinge a marca de 1 bilhão em todo o

mundo.

2008 – Os usuários de internet do mundo já ultrapassam 1,5 bilhões de

pessoas.

2009 – O "Seattle Post-Intelligencer" torna-se o primeiro grande jornal diário a

ficar exclusivamente on-line. O Google, por sua vez, anuncia o

desenvolvimento de um sistema operacional com foco na web.

4.1.1 Uso da internet pelos paraibanos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da

Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) realizada em 2008,

mostrou que naquele ano, 26,4% dos paraibanos com 10 anos de idade ou

mais utilizaram a internet no período de referência nos últimos três meses.

A mesma pesquisa mostrou também que 70,2% das pessoas residentes

no Estado com 10 anos ou mais de idade, utilizaram a internet no período em

questão para educação e aprendizado; 84,8% para comunicação com outras

pessoas; 64,2% como atividade de lazer; e 39,9%, para leitura de jornais e

revistas.

24

CAPÍTULO III 5 JORNALISMO ON-LINE

Os primeiros passos da internet brasileira foram protagonizados pela

Editora Abril, o grupo Folha e o grupo Estado. No mundo, o The New York

Times foi o primeiro jornal a estrear a versão on-line. De acordo com Ferrari

(2004, p.25), o primeiro site jornalístico foi o do Jornal do Brasil, criado em maio

de 1995, seguido pelo O Globo. Como era de se esperar, todos os grandes

jornais migraram para a grande rede.

Logo nos primeiros anos do jornalismo eletrônico (entre 1997 e 2000), os

grandes sites tinham mais preocupação com a quantidade de notícias que a

qualidade do conteúdo oferecido aos leitores. Não mexem nas cores, nas

colunas, na tipologia, no fundo da tela. O que prevalece é a quantidade de

informação veiculada (FERRARI, 2004, p. 19).

É certo que o jornalismo on-line precisa ser dinâmico, rápido e

eficiente. A comodidade e a instantaneidade proporcionaram um rápido

crescimento nesse novo modelo de jornalismo. A junção das redações do

impresso com o on-line já não é mais novidade. Exemplos disso são empresas

como a do The New York Times que integrou as equipes e disponibilizou uma

reprodução do jornal na edição on-line.

[...] há no jornalismo on line a primazia da velocidade sobre outros atributos da informação, tais como precisão, contextualização e interpretação. Esses atributos são sacrificados em nome da velocidade. No jornalismo on line as informações são enviadas continuamente, aos pedaços, ao mesmo tempo que os fatos estão acontecendo. A fragmentação da informação, uma característica do processo de produção da notícia, é levada ao extremo no jornalismo on line. É um jornalismo que não espera o resultado da batalha. Informa cada troca de tiros. (KUNCINSKI, 2005, p.98).

De acordo com a Newspaper Association of America (NAA), em 2006,

o aumento médio da frequência de leitores em sites de grandes jornais foi de

22%, equivalente a 56,4 milhões. Isso mostra o poderio do jornalismo

eletrônico, que a cada dia cresce em todo o mundo. No final de julho de 2010,

25

o site Observatório da Imprensa1, trouxe a informação de que o Jornal do Brasil

estuda ficar apenas com a versão na internet, onde parte do conteúdo poderá

ser pago.

O jornalismo on-line tem o papel e a possibilidade de integrar todas as

outras mídias. Entre suas particularidades estão características que o difere

dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio e jornal. De acordo

com J.B.Pinho (2003, p.49):

[...] cada um dos aspectos críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da internet como instrumento da informação.

O jornalismo on-line é chamado também de webjornalismo (refere-se

apenas ao jornalismo praticado na internet), ciberjornalismo (relacionado à

cibernética) e jornalismo digital (toda tecnologia que trabalha com dígitos e não

somente ao computador). Independentemente da expressão, o jornalismo on-

line é cercado por desafios, desde conquistar os leitores a manter informação

de qualidade.

A velocidade da notícia no jornalismo on-line é uma das características

mais marcantes desse veículo, para o qual não existe distância, nem limite.

Cada acontecimento é noticiado quase que imediatamente, o que é bom para o

leitor que busca informações. No jornalismo on-line, tempo é dinheiro.

5.1 Características do jornalismo on-line

5.1.1 Interatividade - é a troca de informações com o leitor, que passa a

colaborar efetivamente seja através de comentários sobre determinada notícia

ou no envio de informações, como o exemplo abaixo retirado do portal de

notícia Paraíba1 (www.paraiba1.com.br), através da seção Eu Vi:

1 Informação retirada do site http://www.observatoriodaimprensa.com.br

26

Exemplo de interatividade com o leitor – www.paraiba1.com.br (seção Eu Vi)

5.1.2 Instantaneidade – esse recurso assemelha-se ao do rádio, pela

velocidade da notícia. Por ser uma mídia bem diferente dos demais meios de

comunicação, a internet possibilita a rapidez na divulgação das notícias,

resultando num conteúdo mais completo. Não seria exagero dizer que nesse

item, o jornal impresso não é – nem de longe – concorrente do jornalismo on-

line.

A internet, com uma velocidade só comparada ao telefone e ao fax,

reina absoluta na transmissão de notícias rápidas. O jornal impresso, por sua

vez, apesar da cobertura mais ampla, chegará às bancas no dia seguinte, com

a notícia precocemente envelhecida. A notícia abaixo mostra um exemplo claro

da instantaneidade, relatando a morte de uma mulher, em João Pessoa,

atingida por uma linha de cerol.

27

Exemplo de instantaneidade da notícia – www.clickpb.com.br

5.1.3 Acessibilidade

Ainda que não seja atualizado constantemente, o jornalismo on-line

está disponível 24 horas e 365 dias por ano, permitindo a leitura de notícias,

bem como a busca pelas mesmas.

5.1.4 Integração das mídias (texto, áudio, vídeo, imagens, animação)

O vídeo na TV, o áudio transmitido pelo rádio, o texto encontrado nas

páginas do jornal e outros atributos foram incorporados pelo jornalismo on-line

com o objetivo de enriquecer as informações e satisfazer o leitor com o máximo

de convergência possível. Atualmente, blogs também são incorporados aos

portais.

28

5.1.4 Hiperlink

O jornalismo on-line permite o aprofundamento nos assuntos através da

consulta na busca do site ou pelo hiperlink. Esse recurso nunca fora possível

em outro meio de comunicação. No momento em que um determinado site traz

uma matéria sobre o aumento no número de aparelhos celulares, um link pode

chamar o leitor para outra matéria que trata sobre os malefícios do uso

excessivo do telefone móvel, e outro link sobre as diversas funções

encontradas nos mais variados modelos de celular vendidos no mercado.

6 OS PORTAIS DE NOTÍCIAS

Após fazer um breve apanhado sobre a história do jornalismo e o

jornalismo on-line, chegou o momento de abordar o ponto principal desta

monografia: os portais de notícias. São eles páginas que centralizam

informações gerais e especializadas, serviços de e-mail, canais de chat,

shoppings virtuais, ferramenta de busca, entre outros.

O termo portais foi adotado pelos americanos. No Brasil, os portais de

notícias surgiram em 1998. É importante lembrar que nem todos os sites que

trazem informações são necessariamente portais. Os primeiros geralmente são

a versão on-line dos jornais impressos. Os portais de notícias usam

efetivamente os elementos do jornalismo on-line (interatividade, hiperlink,

atualização, etc).

Segundo Ferrari (2004, p. 30), os portais costumam ter como

características mais comuns a ferramenta de busca, comunidades, comércio

eletrônico, e-mail gratuito, entretenimento e esportes, mapas, cotações

financeiras, canais, mapa do site e personalização.

O modelo adotado pelos portais noticiosos levou em consideração

muitos elementos do jornal impresso, como a divisão de editorias, a linguagem,

a apresentação em tela principal (o que seria referente à capa do impresso) e a

utilização da palavra jornal. Nos grandes portais, que oferecem informação e

outras variedades ao internauta (exemplo: UOL e Ig), o jornalismo passa a ser

apenas um dos produtos.

29

Com os portais, o modo de produção das notícias passou por

significativas transformações. Diferente dos jornais impressos que levam pelo

menos 24 horas para levar uma nova informação ao leitor, os portais são (ou

deveriam ser) atualizados a cada novo acontecimento. Até a forma de escrever

mudou. Já na internet o que se busca são informações rápidas e específicas,

em poucas linhas. Caldas, 2002, p.17.

6.1 Os portais locais

O jornalismo on-line é uma mídia de proximidade, pois enquanto as

tecnologias de comunicação anteriores destacam a informação global, esse

novo tipo de jornalismo valoriza o local, sem desprezar o conteúdo nacional.

Para Barbosa (2002, p.8), cada um informa do lugar onde se encontra, tecendo

os fios e amarrando os nós da imensa rede de informações mundial.

Os portais regionais tendem a apresentar o interesse pelos fatos que

acontecem ao redor, mas não deixando de noticiar fatos globais, a exemplo do

caso Isabella, ocorrido em 2008. Com o jornalismo on-line foi possível ter mais

espaço para divulgação dos fatos que acontecem na cidade do internauta, no

bairro e até na mesma rua. Não há distancias ou limites.

A ideia de que o mundo está a um clique de distância se tornou real com

os portais de notícias, com grande participação dos portais locais. Em casa, no

trabalho, em uma viagem de férias: não há limite para saber o que acontece

nos diferentes países, regiões, estados e cidades. Uma pessoa que, por

exemplo, mora na Paraíba e viaja de férias para Portugal, pode acompanhar

tudo que passa em seu estado de origem através da atualização dos portais

locais.

Os sites de conteúdo local surgiram nos Estados Unidos, em meados de

1998. No Brasil, o modelo começou a se espalhar um ano depois, ainda de

forma tímida. Uma das características dos portais locais é que eles não

concorrem com os grandes portais, a exemplo do G1 e do R72, os quais,

inclusive, servem de fontes de notícias para as redações locais. Grandes

portais fornecem conteúdo de interesse nacional e, por isso, são copiados sem

problemas pelos portais locais, que também são divididos por editorias.

2 G1 (www.globo.com.br) ; R7 (www.r7.com.br)

30

Nos portais locais vai valer a proximidade da notícia com determinado

público, informando sobre a campanha política para prefeito, danos causados

pelas chuvas, entre outros exemplos. Não deixa de ser, portanto, uma

estratégia inteligente para atrair o leitor.

7 OS PROBLEMAS DA EVOLUÇÃO DOS PORTAIS DE NOTÍCIAS

LOCAIS

Grande quantidade de informações não significa qualidade. Tampouco

credibilidade. Assim como acontece nos jornais impressos, nos quais os textos

dos repórteres passam pela revisão dos editores, os portais de noticias devem

considerar essa possibilidade, visto que erros ortográficos, de concordância e

até mesmo de conteúdo, são observados com frequência pelos internautas

mais atentos.

Além disso, a reprodução na íntegra de textos de assessoria de

imprensa é outro problema detectado ao longo da pesquisa exploratória para

elaboração desta monografia.

Serão analisados os portais de notícias: ClickPB (www.clickpb.com.br),

PBAgora (www.pbagora.com.br), Wscom (www.wscom.com.br) e Portal Correio

(www.portalcorreio.com.br).

O portal de notícia ClickPB surgiu em dezembro de 2005, após um

projeto que serviu como base para um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),

pelo estudante Alberto Loureiro, no Instituto de Educação da Paraíba (IESP).

Foi criado com o objetivo de trazer um jornalismo dinâmico, rápido e eficiente.

O segundo portal de notícia analisado no decorrer da elaboração desta

monografia é o PBAgora, que surgiu em janeiro de 2009. Abrange editorias de

Política, Cultura, Brasil, Policial, Saúde, Economia, além de colunistas sociais e

o canal de interatividade com o leitor, através dos comentários.

O WScom, por sua vez, foi criado através da transmissão de um

programa de rádio, no ano de 2000. Segundo o setor de marketing e tecnologia

da empresa, o portal recebe em média 200 mil visitas mensais. É considerado

um dos mais completos (ou que mais aproveitam as ferramentas da Web), pela

convergência de mídias.

31

Por último, o portal Correio, que tem aproximadamente dez mil visitas

diárias e está disponível na Web desde 2004. Oferece matérias com fotos e,

paulatinamente, com áudio. Dá ênfase ao conteúdo local, no entanto, não deixa

o internauta desinformado, pois traz os destaques do que acontece no Brasil e

no Mundo.

Após o panorama geral e apresentação dos portais que serão

analisados, passemos para os problemas encontrados.

7.1 Erros ortográficos

Durante o período de coleta de material, que aconteceu no período de 7 a

14 de agosto de 2013, para a elaboração desta monografia, foi possível

observar recorrentes erros ortográficos nos portais de notícias locais. O

primeiro exemplo a ser citado é do portal ClickPB (www.clickpb.com.br). O

texto traz, no segundo parágrafo, o primeiro erro: “A vítima estava sentada em

uma sinuca quando foi surpreendido por dois meliantes em uma moto”. Na

frase é possível apontar erros. Primeiro: o adjetivo surpreendido (que se

surpreendeu, foi pego de surpresa) deveria combinar com o substantivo – a

vítima. Diante disso, o correto seria: “A vítima estava sentada em uma sinuca

quando foi surpreendida...”.

32

Exemplo de erro ortográfico – www.clickpb.com.br

No terceiro parágrafo do texto, outro erro. O uso do artigo „A‟ no início da

frase “A SAMU” é incorreta, tendo em vista que a sigla significa “Serviço de

Atendimento Móvel de Urgência”. O correto, portanto, seria o uso do artigo

masculino “O SAMU...”. Os erros sugerem a falta de atenção, talvez pela

pressa, reforçando a ideia de que no jornalismo on-line a quantidade de notícia

parece ser mais importante que a qualidade e o zelo com as palavras. “[...] só o

jornalismo requer tudo isso, e depressa, sem que a rapidez seja desculpa

válida para o erro ou a mediocridade” (Luiz Garcia, 2007, p.19).

O jornalismo preza pela objetividade como já foi visto nos capítulos

anteriores. Na internet não é – e nem pode ser diferente. Quem redigiu a

notícia também não se importou com o uso de termos chulos, como „meliantes‟,

o que deixa o texto pobre, com linguagem mais parecida a um relatório policial

e que dificulta a compreensão por parte do leitor. “Um bom texto deve ser

simples e direto, uma síntese entre a linguagem falada e a literária” (Álvaro

Caldas, 2004, p. 27).

33

Exemplo de erro ortográfico – www.clickpb.com.br

Nessa segunda imagem outros erros de ortografia foram observados. No

segundo parágrafo, o autor da notícia escreve „BR 101‟, sem o hífen, o que é

incorreto (BR-101). Um pouco mais adiante, ainda no mesmo parágrafo, a

ausência de pontuação no texto causa confusão ao leitor.

Veja a frase: ...quando foi surpreendido por uma dupla, que estava em

uma moto Bros preta, o carona mandou que o irmão se afastasse e efetuou

vários tiros no jovem, que morreu no local. Prezando pela clareza e

compreensão, melhor seria da seguinte forma: “...quando foi surpreendido por

uma dupla, que estava em uma moto, modelo Bross, de cor preta. O carona

mandou o irmão da vítima se afastar e em seguida efetuou vários tiros no

jovem, que morreu no local”. Observemos que o uso do ponto final fez

diferença no texto.

34

Para os erros encontrados nas páginas mostradas acima, nada melhor

que a declaração de Ferrari (2007, p. 16), [...] ocorre então uma pressa que

passa por desleixo, com a publicação de dados errados ou imprecisos e

português sofrível.

Não adianta colocar a culpa na pressa em atualizar o portal com notícias

quentes para o leitor. Os erros precisam ser reconhecidos e corrigidos para que

se possa falar em um bom jornalismo on-line. E não adianta fingir que nada

aconteceu. Por orgulho, soberba, vaidade ou ignorância, jornais e jornalistas

procuram fazer de conta que só acertam. E, quando são pilhados em erro,

custa-lhes admitir que erraram. (NOBLAT, 2004, p. 40).

No exemplo abaixo, retirado do Portal Correio

(www.portalcorreio.com.br), observemos a frase: “ Quatro homens armados

invadiram, por volta das 20h, à residência...”. O uso da crase, nesse caso, é

indevido. Em seguida, na frase “Alguns dos moradores chegaram a ser

agredidos, mas segundo informações o tenente-coronel do 2º Batalhão da

Polícia Militar, Souza Neto, ninguém ficou ferido”. O correto seria

“...informações do tenente-coronel...”.

35

Exemplo de erro ortográfico – www.portalcorreio.com.br

Na imagem abaixo, é possível observar outro erro primário. A segunda

notícia do lado direito da home traz o seguinte erro: “DNA não compra estupro

em Fernanda Ellen”. O correto seria comprova e não compra. Vale ressaltar

que a notícia ficou na página com o erro por, pelo menos, três horas.

36

Erro ortográfico em home – www.wscom.com.br

7.2 Falta de clareza e objetividade

Durante a observação dos portais locais escolhidos, também foi possível

observar, por repetidas vezes, a falta de clareza e objetividade da notícia. Não

raro encontramos relises (material jornalístico enviado pelas empresas para

publicação) divulgados na íntegra, sem revisão e edição. Também há casos de

notícias que mais parecem relatório policial, com jargões conhecidos no meio

policial, mas desconhecidos entre os demais.

Frases sem sentido, longas, pontuação incorreta, substantivos com letra

maiúscula de forma indevida, entre outros erros, são algumas das deficiências

encontradas. De acordo com J.B.Pinho (2003, p. 212), “na Web, as frases

devem ser curtas e os parágrafos devem ter no máximo cinco ou seis linhas

para uma leitura mais fácil e agradável”.

É preciso escrever para que o leitor não apenas leia, mas compreenda a

notícia, a ponto de reproduzi-la oralmente para outras pessoas. Ainda que errar

no jornalismo seja considerado normal por alguns profissionais de imprensa, a

preocupação com os textos deve ser constante. Não vale jogar um amontoado

de frases sem sentido na grande rede, como se não houvesse

responsabilidade com o internauta e com a própria informação. Observemos no

exemplo que se segue:

37

Exemplo de texto sem clareza, concisão e objetividade – www.pbagora.com.br

Vale lembrar que, de acordo com J.B.Pinho (2003, p. 183), ao escrever

para a Web, é necessário levar em consideração que a luz do monitor do

computador faz com o que leitor pisque menos os olhos, causando, portanto, a

fadiga visual. Isso ocasiona a leitura 25% mais devagar que o jornal impresso.

Sendo assim, o texto para Web deve ser mais curto que o escrito.

A notícia retirada do portal Wscom (www.wscom.com.br) é outro

exemplo dos problemas do jornalismo on-line praticado na Paraíba. O primeiro

erro pode ser observado no início do segundo parágrafo, quando o repórter

inicia a frase com o nome da vítima e, não conclui o pensamento. Erros de

concordância podem ser notados em seguida. “A dupla chegou encapuzada e

ao chegar ao local foram atirando”....quando o correto seria “A dupla chegou

encapuzada e, ao chegar ao local, foi atirando”.

38

Exemplo de erro ortográfico em portal local – www.wscom.com.br

Abaixo, temos outro exemplo de um texto sem objetividade. Pode-se

dizer, inclusive, que se trata de um texto pobre, no qual não há identificação

dos personagens e o uso excessivo de artigo indefinido.

39

Exemplo de texto sem objetividade e clareza – www.clickpb.com.br

7.3 O problema dos relises

Nos portais de notícias locais é comum a reprodução na íntegra dos

relises enviados pelas empresas de assessorias de imprensa, o que gera um

„mar de notícias‟ igual, limitando a informação ao leitor, além de mostrar certo

desprezo com a própria atividade jornalística. O problema da reprodução dos

relises vem a ser um retrocesso no jornalismo on-line.

A verdade é que muitos editores de portais noticiosos estão

preocupados apenas com a quantidade de notícias, deixando a qualidade da

informação em segundo (ou último) plano. “O press relise deve cumprir a

função de subsidiar ou complementar o trabalho de levantamento de

informações ao repórter” (Rivaldo Chinem, 2003, p. 68).

Não precisa ter anos de jornalismo para saber que é condenável colocar

relises na íntegra. A lição é repassada, inclusive, em qualquer manual de

redação, que deixa claro que o relise existe para dar apoio ao trabalho do

jornalista. Ainda há casos em que o relise é assinado com o nome do repórter

40

do portal ou, ainda, com os contatos da assessoria de imprensa ao final do

texto.

No comentário de Carla Algeri3, no Brasil o relise é muito mais que um

aviso ou sugestão. É tratado pelas redações como uma matéria completa,

pronta para ir ao ar, sem que seja necessário checar as informações ou

complementar o conteúdo.

Exemplo de relise reproduzido na íntegra – www.clickpb.com.br

3 Retirado de artigo publicado no site Observatório da Imprensa

(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=565JDB005) em 25/07/10.

41

Abaixo podemos conferir a publicação do mesmo relise, também na íntegra, sem nenhum diferencial, em outro portal de notícia. Observe:

Exemplo de relise publicado na íntegra – www.pbagora.com.br

Apenas o Portal Correio teve o zelo de usar o relise como suporte

para a notícia, apesar de, aparentemente, o repórter ter apenas mudado a

ordem das palavras. Observemos:

42

Relise utilizado como suporte para notícia – www.portalcorreio.com.br

Em termos simples, a publicação dos relises na íntegra é, no mínimo,

um ato de “preguiçoso”. Vale lembrar que a assessoria de imprensa surgiu no

início do século XX, com o jornalista Ivy Lee. Foi ele quem conquistou

mundialmente o título de relações públicas. No Brasil, a assessoria de

imprensa teve seu desenvolvimento registrado a partir dos anos 1930.

O relise conquistou seu espaço no mercado jornalístico. Pode ser

definido como resumos de notícias com o intuito de estimular os jornalistas a

escreverem matérias e reportagens sobre determinado assunto. O relise é, em

suma, como já foi falado, o ponto inicial de uma partida.

Portanto, se os relises costumam ser publicados integralmente pelos

veículos analisados no decorrer da elaboração desta monografia, é preciso que

os assessores de imprensa sejam mais rigorosos na hora de redigir o material

que será enviado para as redações dos portais de notícias. Pelo acúmulo de

trabalho, de funções e pela corrida contra o tempo, os jornalistas não

costumam checar as informações.

43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi abordado neste trabalho acadêmico, cabe reflexão

sobre a qualidade (o que recai na confiabilidade e credibilidade) dos portais de

notícias com conteúdo voltado para acontecimentos locais, ou, mais

especificamente, para fatos ocorridos dentro dos limites geográficos da

Paraíba.

Com base nos problemas observados nos portais de notícias durante a

execução deste trabalho, é possível afirmar que alguma coisa está errada, seja

com a linha editorial, seja com os repórteres que apuram e colocam a notícia

na rede, ou mesmo com o leitor, que não reclama e não exige um jornalismo

sem erros – ou sem tantos erros.

Através do acompanhamento diário dos portais de notícias (ClickPB,

PBAgora, Wscom e Correio), foi possível constatar uma sucessão de erros:

normas gramaticais esquecidas; lides mal elaborados; textos sem concisão e

objetividade; informações incompletas; relises reproduzidos na íntegra,

inclusive com erros de português; dentre outros.

É notório que falta o cuidado com o material publicado nos quatro

portais de notícias de João Pessoa já citados. A informação chega ao público,

mas não da forma como preza os manuais de jornalismo. Nos quatro portais

analisados por este TCC muitos foram os erros encontrados. Muitos deles

primários, vale destacar.

Não é porque o jornalismo on-line tem características distintas do

impresso (dentre as quais a possibilidade de correção após a notícia ser

publicada), que pode haver descuido. Não. O leitor – ou o internauta – tem

direito a uma informação correta e de qualidade, o que passa por um texto bem

escrito e uma apuração rigorosa.

Outro ponto a ser analisado é: se há quem defenda que a tendência é

que os jornais impressos fiquem apenas com suas versões digitais, como fez o

Jornal do Brasil, em 2010, porque não tratar o jornalismo on-line com a

seriedade que ele merece? Se há concorrência entre os portais, porque não

evitar erros sucessivos e primários?

Diante do que foi observado, pode-se concluir que é possível dar

continuidade a este trabalho acadêmico, com o aprofundamento do tema. A

44

abordagem pode seguir o mesmo ponto de partida: o problema dos portais de

notícias de João Pessoa, ampliando o estudo com a análise das possíveis

consequências desse problema.

Outro ponto que merece uma análise mais detalhada em um estudo

futuro é a demora nas atualizações das notícias. Durante este trabalho,

verificamos a permanência de determinadas notícias na homepage (página

inicial) por horas seguidas. O problema parece ser mais recorrente aos finais

de semana, quando os portais trabalham com a equipe reduzida, em escala de

plantão. Ora, se o jornalismo on-line possibilita a atualização constante de

notícias, como explicar esse „engessamento‟ dos portais locais?

Em todos os portais analisados, foi possível observar a repetição de

erros. Alguns mais que outros. Dos 14 acessos feitos ao Portal Correio, foram

constatados erros em 8 deles, o que representa o percentual de 57% de erros.

Em seis notícias foi possível localizar erros de ortografia nos textos publicados;

a falta de clareza e objetividade foram encontradas em outras três. O tempo de

permanência de uma notícia na página principal também chamou a atenção:

mais de 8 horas.

No Wscom, a análise encontrou a seguinte situação: dos 14 acessos

realizados no período, em 9 foram encontrados algum tipo de erro (ortografia,

falta de clareza e reprodução de relise na íntegra). O percentual de erros nesse

casos foi de 64%. Em seguida veio o ClickPB, que apresentou o maior número

de erros: 11 erros em 14 acessos, o que representa o percentual de 78,5%.

Por último foi analisado o PBAgora. Através da análise realizada, é

possível afirmar que os erros são recorrentes. Nos 14 acessos feitos, foram

observados erros em 7 notícias, representando 50%. Dentre as irregularidades

encontradas estão: palavras escritas de forma incorreta e notícias incompletas,

como a falta de nomes de personagens e datas.

Sugere-se, portanto, a continuidade deste trabalho com as abordagens

já citadas e ainda sobre a relação cada vez mais íntima entre os portais de

notícias e as redes sociais, onde o internauta/usuário acaba contribuindo com o

jornalismo, com o repasse de informações em tempo real (sobre um

congestionamento em uma importante avenida da cidade). Até que ponto essa

relação é benéfica ao jornalismo e aos portais de notícias?

REFERÊNCIAS

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