jornalismo alternativo

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Jornalismo Alternativo

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Page 1: Jornalismo alternativo

Jornalismo Alternativo

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Um pouco sobre

jornalismo e liberdade

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Gutenberg? Não exatamente...As notáveis criações do Renascimento europeu foram, no todo ou em grande parte, apropriações e desenvolvimentos de recursos técnicos criados por outras culturas.

A imprensa já existia como possibilidade material muito antes da exigência social que a fez brotar.

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O papel já era consumido regularmente nos países orientais no século 12; Pi Cheng inventou os caracteres tipográficos móveis de cerâmica entre 1040 e 1050. Caracteres de metal surgem em 1390 na Coreia.

A primeira edição da Bíblia de Gutenberg foi feita em 1450.

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Existe um “sistema de manipulação que transforma em natural e, portanto, impossível de mudar, aquilo que é histórico e, portanto, passível de mudanças”.

Ideologia da narrativa histórica:Gutenberg como modelo do herói criativo e empreendedor, o futuro do Homem. Ascensão da burguesia, que não possuía origem nobre, merecedora, e precisava chegar lá.

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Mercantilismo tornou necessários:+ O conhecimento da escrita e da leitura, para o registro e comunicação de dados comerciais; + O recurso ao saber antigo e a construção de novo saber, mobilizado para a expansão do comércio das primeiras indústrias;

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+ A concentração de populações nas cidades.

Criou condições para que a imprensa se desenvolvesse e descobriu, afinal, a imensa potencialidade do texto escrito como instrumento de propaganda e informação.

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Os jornais primitivos continham notícias do estrangeiro (aponta-se como exceção o destaque das notícias locais, dado por um jornal vienense em 1629), tratando de assuntos comerciais e de problemas políticos que afetavam o comércio. Já o incomum e o sensacional apareciam no texto.

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A burguesia ascendente utilizou seu novo produto para a difusão dos ideais de livre comércio e de livre produção que lhe convinham.

Logo também viriam as respostas do poder político autocrático a essa pregação subversiva, sob a forma de regulamentos de censura ou da edição de jornais oficiais e oficiosos, vinculados aos interesses da aristocracia.

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A liberdade de expressão somou-se, na luta contra a censura, às outras liberdades do ideário burguês, e o jornal tornou-se instrumento de luta ideológica.

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As leis repressivas (censura) seriam adotadas e abandonadas ao sabor dos acontecimentos.

Em 1793, derrocada a Bastilha e derrubado o Império, construiria Saint-Just a frase célebre:

“Não pode haver liberdade para os inimigos da liberdade”.

Page 12: Jornalismo alternativo

Nos EUA, a liberdade se estabelece: a inexistência de qualquer movimento sério de

restauração de um sistema anterior; a ausência,

nos primeiros tempos, de qualquer coisa

parecida com o proletariado em formação na

Europa; e a circunstância de, até a década de

1830, os jornais serem dirigidos por elementos

ricos e terem fraca tiragem.

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Mudança de discurso de Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos e principal autor da declaração de independência (1787)

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O meio de evitar essas intervenções irregulares (erros de julgamento) do povo é dar-lhe plena informação dos negócios através dos jornais públicos e tudo fazer para esses jornais terem a maior penetração possível na massa do povo. Sendo o nosso governo fundado na opinião pública, o primeiro e real objetivo seria mantê-la certa.

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Quando assumiu o governo e passou a enfrentar jornais federalistas hostis, em 1802:

Estamos passando, sem dúvida, pela experiência de saber se a liberdade de expressão é ou não suficiente, sem o auxílio de coerção, para a propagação e proteção da verdade, assim como para manutenção de um governo puro e íntegro em suas ações e opiniões.

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Em 1813:

Os jornais de nosso país, pelo seu desenfreado espírito de falsidade, têm destruído mais efetivamente a utilidade da Imprensa do que todas as medidas restritivas inventadas por Bonaparte.

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Concepção liberal chega à Europa (século 19)

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- Revolução Industrial: avanço do capitalismo; evasão do campo; aumento do interesse pela leitura porque a alfabetização tornou-se conveniente e obrigatória; aumento da capacidade produtiva

- Papel fundamental que a publicidade assumiria na vida dos jornais: permitiu baixar o preço dos exemplares; integrou a empresa jornalística ao setor econômico

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Triangulação:produtor de mensagem atrai o interesse do público que consome os produtos (industriais, de serviços e ideológicos) do sistema econômico-ideológico, que paga o produtor de informação com verbas publicitárias, financiamentos e apoio social.

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A técnica de fazer jornal respondeu muito nitidamente às necessidades criadas pelas mudanças sociais. É uma realização muito sensível às concretizações da história.

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Primeiros séculos:

privilégio dos textos opinativos e interpretativos, em que cada episódio ou acontecimento era expressamente

relacionado a uma linha de pensamento determinada e sempre reiterada.

Consolidado o poder, o mesmo raciocínio opinativo não poderia se manter.

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Os jornais de opinião continuaram a existir, mas com horizontes limitados. Algumas vezes, sobreviviam quando algum grupo de pressão, partido, igreja ou sindicato os sustentavam.

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A reiteração (confirmação) ideológica precisava de outras formas

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SensacionalismoElevado índice de interesse popular;

divulgação de crimes e grandes passionalismos. As campanhas e os apelos à unidade nacional prestigiam a liderança.

Quanto aos problemas, se esvaziam no sentimentalismo ou se disfarçam na

manipulação da simplificação e do inimigo único: a “culpa” será invariavelmente

atribuída a políticos corruptos, a potência estrangeira, a elementos de uma cultura

(“raça”) diferente.

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Imparcialidade, objetividade, veracidade

A subjetividade e a opinião são menos críveis por carecerem de provas.

Eram necessários critérios de aferição da verdade.

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Um jornalismo que fosse a um só tempo objetivo, imparcial e verdadeiro excluiria

toda outra forma de conhecimento, criando o objeto mitológico da sabedoria absoluta. Não é por acaso que o jornalista do século XX mantém, às vezes, a ilusão de dominar o fluxo dos acontecimentos apenas porque

os contempla, sob a forma de notícias, na batida mecânica e constante dos teletipos (ou, mais recentemente, o cidadão que os

vigia na tela do browser ligado à Internet).

LAGE, Nilson. Ideologia e técnica da notícia

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Objetividade+ A descrição dos fatos tal como aparecem.+ Abandono das interpretações.+ Busca pelas evidências. + Observação exata e minuciosa dos acontecimentos diários.

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Fatores subjetivos

Privilégio do aparente e reordenação dele num texto; inclusão e supressão de informações.

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ExemploPauta: procissão religiosa

Ângulos possíveis:

+ A fervorosidade dos fiéis + Os problemas de trânsito causados+ A contradição entre as propostas da procissão e a realidade contemporânea

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ExemploPauta: procissão religiosa

Ângulos possíveis:

+ A fervorosidade dos fiéis: fundo religioso + Os problemas de trânsito causados: intenções agnóstico-mecanicistas+ A contradição entre as propostas da procissão e a realidade contemporânea: críticas e materialistas

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Vantagens da objetividade

+ Justiça ao contar um fato+ Compromisso com a realidade material+ Aceleração da produção e da troca de informações

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A história do jornalismo brasileiro pode ser dividida em quatro períodos:

Primeiro Reinado: atividade sobretudo panfletária e polêmica

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Segundo Reinado: atividade dominantemente literária e mundana

República Velha: formação empresarial

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Fase mais recente: oposições aparentes do tipo nacionalismo/dependência, populismo/autoritarismo, tanto quanto pelo uso intensivo na comunicação no controle social.

A liberdade é do capital.

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Comunicação popularA comunicação popular não é um fenômeno recente, mas só nos anos 70 e 80 é que ela apareceria de forma mais significativa na produção científica do campo da comunicação social.

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Comunicação popularÉ preciso falar de cultura, de relação, interdisciplinaridade.

Na dimensão do conflito histórico, popular se define enquanto movimento de resistência.

Page 37: Jornalismo alternativo

Comunicação popularA comunicação popular é uma prática em conflito interclasses, mas também intraclasses.

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Comunicação popular

Redefinição do conceito de popular. Supera-se a versão populista e idealista e parte-se para o pensamento da diversidade

e da pluralidade.

Page 39: Jornalismo alternativo

Comunicação popular

Não se estuda apenas o veículo, o meio comunicativo em si mesmo,

mas a dinâmica social em que ele se insere, pois é ela que

lhe dá significados.

Page 40: Jornalismo alternativo

Os instrumentos alternativos nascem diante de três aspectos:

- As condições precárias de existência de uma grande maioria

- As restrições à liberdade de expressão pelos meios massivos

- Busca por instrumentos não sujeitos ao controle governamental ou empresarial direto

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A nova comunicação representou um grito, antes sufocado, de denúncia e reinvindicação por transformações, exteriorizado sobretudo em pequenos jornais, boletins, alto-falantes, teatro, folhetos, volantes, vídeos, audiovisuais, faixas, cartazes, pôsteres, cartilhas, etc.

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Característica marcante:questão participativa voltada para a mudança social.

Os materiais são produzidos não para as comunidades, mas com as comunidades.

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O QUE É POVO?

O povo é composto por classes subalternas, mas não necessariamente

só por elas. Há momentos em que ele engloba quase toda a nação.

É preciso estar aberto às situações históricas conjunturais.

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O QUE É POPULAR?Um conceito que liga comunicação e cultura.

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Comunicação popular: realização da sociedade civil, constituída historicamente e, portanto, capaz de sofrer as metamorfoses impostas pelo contexto.

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Admite o pluralismo e ocupa novos espaços ou incorpora canais de rádio e televisão e outras tecnologias de comunicação, como as redes virtuais.

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Comunição alternativaDuas correntes- Comunicação popular, alternativa e comunitária- Imprensa alternativa

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Comunição popular, alternativa e comunitáriaIniciativas populares (para além de jornais) e orgânicas aos movimentos sociais, segmentos populacionais organizados e/ou a organizações civis sem fins lucrativos. São experiências comumente denominadas de comunicação popular, participativa, dialógica, educativa, comunitária ou radical.

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Comunição popular, alternativa e comunitária- Típico processo de reação à ditadura militar

- Vinculada aos movimentos populares e outras formas de organização de segmentos populacionais mobilizados e articulados que buscam ampliação de direitos sociais

Page 50: Jornalismo alternativo

Comunição popular, alternativa e comunitária

- Produtos feitos dentro dos movimentos e fora deles, desde que contribuam

para o processo de conscientização e ação

Oposição Sindical

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Comunição popular, alternativa e comunitária- Pós-ditadura: incorporação de novos formatos e canais de difusão

- Experiências ligadas a movimentos sociais, associações comunitárias , ONGs, segmentos comunitários autônomos (infanto-juvenil, estudantil, etc.), projetos de extensão, de rádio-escola

Page 52: Jornalismo alternativo

Comunição popular, alternativa e comunitáriaA finalidade é favorecer a autoemancipação humana e contribuir para a melhoria das condições de existência das populações empobrecidas, reduzir a pobreza, a discriminação, a violência, bem como avançar na equidade social.

Page 53: Jornalismo alternativo

Comunição popular,

alternativa e comunitária

Conceitualmente, os termos se confundem: apesar de denominações

diferentes, muitos objetivos, processos e estratégias são semelhantes.

Comunicação comunitária: mais específica

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Imprensa alternativa- Jornalismo alternativo praticado no contexto dos movimentos populares

- Imprensa “popular” ligada a organismos comprometidos com as causas sociais, mas, com publicações de porte mais bem elaborado e com tiragens maiores;

Page 55: Jornalismo alternativo

- Imprensa político-partidária

- Imprensa sindical combativa

- Jornal alternativo, caracterizado como de informação geral

PIF-PAF (1964), Pasquim (1969), Posição (1969), Opinião (1972), Movimento (1975), Coojornal (1975), Versus (1974), De Fato (1975) e Extra (1984).

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Nova imprensa alternativa- Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (ADITAL), que disponibiliza notícias da América Latina e do Caribe numa linha crítico-progressista

- Revista Caros Amigos. Oferece abordagens crítico-reflexivas de esquerda sobre temas da atualidade. Revista mensal de responsabilidade da Editora Casa Amarela

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Nova imprensa alternativa- Agência Brasil de Fato e o jornal Brasil de Fato. A proposta é oferecer “uma visão popular do Brasil e do mundo”. Ligados ao MST.

- Le Monde Diplomatique Brasil. Iniciativa conjunta do Instituto Paulo Freire e Instituto Pólis.

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Nova imprensa alternativa- Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI). Trabalha com “comunicação para os direitos da criança e do adolescente”. Fundada em 1992.

- Centro de Mídia Independente (CMI) / CMI Brasil. Organizado internacionalmente, o CMI é constituído de voluntários que militam tanto por meio da Internet.

Page 59: Jornalismo alternativo

Comunicação de massa

Opor a comunicação popular e os meios massivos

não é uma ideia compartilhada por todos os estudiosos da área.

Page 60: Jornalismo alternativo

Comunicação de massaNa prática, os meios de comunicação popular, apesar de sua importância e de seu significado político, não chegam a colocar-se como forças superadoras dos meios massivos.

Os dois são complementares e não excludentes.

Page 61: Jornalismo alternativo

Comunicação de massa

Os grandes veículos, por um lado, fazem-se necessários e importantes no campo do

divertimento e da informação, por exemplo, mas não conseguem

suprir todas as necessidades em nível de comunidades

e de movimento organizados.

Page 62: Jornalismo alternativo

Comunicação de massaReconhecer os lados distintos dos meios:

- Grande poder de manipulação a serviço dos interesses das classes dominantes

- Os veículos de comunicação massiva não são necessariamente perversos com relação aos interesses populares.

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- Constituição Brasileira: artigo quinto, inciso 14, a seguinte sentença: é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

- Universal dos Direitos Humanos: todos têm direito à informação.

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Trabalho do jornalista: O que deve mediar a construção da notícia é a ética do jornalismo, da qual deriva a responsabilidade moral de cada jornalista pelo fazer dele.

Page 67: Jornalismo alternativo

O jornalismo é o elo que, nos processos sociais, cria e mantém

as mediações viabilizadoras do direito à informação. É dessa

responsabilidade que vem o vínculo com o princípio ético universal que deve orientar a moral das

ações jornalísticas e em função do qual o jornalista assume a

responsabilidade consciente pelo fazer profissional.

Page 68: Jornalismo alternativo

Jornalista como legitimador da sociedade, do discurso e de quem é retratado por ele. Legitimar também significa reforçar o senso de comunidade, inserir, empoderar o cidadão.

Responsabilidade.

Page 69: Jornalismo alternativo

PENA (2004, P. 12),

“com a convergência tecnológica, que traz a hibridação de contextos midiáticos e culturais em fluxos de

informação com velocidade cada vez mais acelerada, o profissional da

imprensa precisa ter uma formação sólida e específica para assumir o

papel de mediador”. Precisamos ser especialistas ou metaespecialistas, já

que entender em que se fundamenta a profissão é tão importante quanto saber

ler o contexto em que é inserida.

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O que é ser cidadão?

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Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar do destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila.

Page 73: Jornalismo alternativo

O que é cidadania?

Page 74: Jornalismo alternativo

Cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis,

políticos e sociais. Expressa a igualdade dos indivíduos perante a lei, pertencendo

a uma sociedade organizada. É a qualidade do cidadão de poder exercer

o conjunto de direitos e liberdades políticas, socioeconômicas de seu país,

estando sujeito a deveres que lhe são impostos. Relaciona-se, portanto, com a

participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando para que

seus direitos não sejam violados.

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A cidadania instaura-se a partir dos processos de lutas que culminaram

na Independência dos Estados Unidos da América do Norte e na

Revolução Francesa. Esses dois eventos romperam o princípio de legitimidade que vigia até então, baseado nos deveres dos súditos e passaram a estruturá-lo a partir

dos direitos do cidadão.

Page 76: Jornalismo alternativo

Desse momento em diante todos os tipos de luta foram

travados para que se ampliasse o conceito e a prática de

cidadania e o mundo ocidental o estendesse para as mulheres,

crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias.

Departamento de Direitos Humanos e Cidadania

do Paraná

Page 77: Jornalismo alternativo

O que é comunidade?Latim: Communio e communitasComunhão, participação, congregação.

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Todo grupo que tem alguma coisa em comum forma uma Comunidade de Interesses, seja a Comunidade das Nações congregadas na ONU, seja a comunidade do bairro tal, na cidade tal; seja a comunidade de uma determinada empresa, escola. Todos comungam interesses semelhantes, isto é, “comuns a todos”.

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Comunidade é qualquer grupo social que habita determinada região, tem o mesmo governo e está irmanado por uma mesma herança cultural e histórica. É qualquer conjunto populacional considerado a partir de aspectos geográficos, econômicos ou culturais comuns: a comunidade latino-americana.

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Comunidade- Grupo de pessoas que exercem atividades afins, com características específicas e individualizantes: a comunidade médica, a comunidade jornalística- Grupo de pessoas que praticam a mesma crença ou ideal: a comunidade católica- Grupo de pessoas que vivem submetidas a uma mesma regra religiosa: as Irmãs do Imaculado Coração de Maria.

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O que o homem busca ao integrar-se em uma comunidade?- Aceitação do outro- Identificação do grupo- Fortalecimento da união- Solidariedade, apoio mútuo, sentimento de grupo, de unidade.

Page 82: Jornalismo alternativo

Ações coletivas são desenvolvidas para reavivar esse sentimento de “boa vizinhança” (como nas festas dos moradores dos bairros) ou de “coesão do grupo” (como nos times esportivos, nos grupos étnicos, profissionais, etc.).

Page 83: Jornalismo alternativo

Descrição da realidade

A vivência do homem em comunidade tem como preocupação central a descrição da

realidade, colocando como ponto de partida de reflexão o próprio homem, no esforço de encontrar o que realmente é dado na

experiência, descrevendo “o que se passa” efetivamente do ponto de vista daquele que

vive determinada situação concreta.

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A interação dos grupos sociais se dá por meio da vivência comum constituída de sensações (prazer, dor), sentimento e atitudes (raiva, amor, cortesia) e símbolos (gestos vocais, linguagem escrita ou falada, que seus agentes trocam mutuamente).

Page 85: Jornalismo alternativo

Níveis em que se processa a interação social da comunidade:

- Nível dos Sentidos- Nível das Emoções - Nível das Ideias.

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Processo de comunicação:Destina-se a reforçar o grau de interação do grupo à medida que exterioriza suas manifestações em cada um dos três níveis, valorizando essas formas de expressão.

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O Jornalismo Comunitário que se dirige a esse grupo social congregado em torno de interesses comuns terá que ser:

- Um jornalismo real, eticamente pautado na verdade dos fatos, na pesquisa dos dados, na explicação dos fenômenos, na interpretação da realidade.

Page 88: Jornalismo alternativo

Isto dará “proximidade”, dará “identidade” ao

grupamento social que se define como Comunidade, ao

contrário do que ocorre em relação à chamada Grande Imprensa que está distante

daquela comunidade e sequer a conhece, quanto mais aos seus

problemas e às suas “pessoas”.

Page 89: Jornalismo alternativo

É importante chamar as pessoas pelo nome, quando se faz Jornalismo Comunitário. É necessário respeitar o modo de as pessoas se expressarem, porque esse modo – ainda que com palavras coloquiais e até erradas – é o traço de união que identifica, que aproxima a comunidade.

Se o traço for cortado, a comunicação sairá prejudicada e deixará de atingir seus objetivos.

Page 90: Jornalismo alternativo

CIVIC JOURNALISM: uma proposta americana

Page 91: Jornalismo alternativo

O CJ quer alinhar a agenda midiática com a agenda pública, diferente do agenda-setting.

A primeira está interessada em abordar as peculiaridades do dia a dia (jornalismo factual) e a segunda prefere a discussão de temas mais abrangentes e duradouros.

Page 92: Jornalismo alternativo

Guia para projetos comunitários em geral SABRINA CARRASCO, JORNALISTA ARGENTINA (2002)

- Realização de uma pesquisa entre os moradores e os líderes comunitários do(s) bairro(s) afetado(s).

- Entrevista com o líder do bairro (normalmente, o(a) presidente da Associação de Moradores), cuja função é servir de enlace entre o jornal e a comunidade. Em seguida, preparação de uma lista de necessidades do bairro.

Page 93: Jornalismo alternativo

- Organização, por parte do líder do bairro, de uma reunião inicial com os moradores da região, para apresentar os primeiros pontos do projeto, e, em seguida, de uma reunião pública, realizada em um lugar bastante conhecido (e com divulgação do horário e local por parte de TVs e rádios também), na qual os representantes do jornal detalharão o projeto e ouvirão as pessoas comuns.

Page 94: Jornalismo alternativo

- Incentivo à criação de ONGs e à realização de mais debates (não tão grandiosos) para debater, entre vizinhos os problemas do bairro.

- Cobertura jornalística em profundidade, além de campanhas para promover doações e trabalho voluntário. Quando necessário, realização de mais fóruns públicos.

Page 95: Jornalismo alternativo

Mapeamento cidadãoJAN SCHAFFER E RICHARD HARWOOD

1º É necessário identificar os preconceitos e estereótipos que a imprensa tem da comunidade em questão. Eliminar esses paradigmas significa começar a conhecer melhor uma comunidade.

2º Determinar quais são as lideranças oficiais e as informais da região.

Page 96: Jornalismo alternativo

3º Determinar os lugares onde os moradores falam informalmente sobre os temas da comunidade (clubes, sede da associação de moradores, etc.). No Brasil, bares e salões paroquiais; Argentina, cafés.

4º Visitar esses lugares e conversar com todas essas pessoas. Do que falam? Que temas lhes despertam interesse? É necessário entrevistá-las, deixando-as falar em seu próprio ritmo e fazendo perguntas distintas das convencionais: que coisas consideram valiosas? Quais são suas aspirações? O que querem dizer com essas palavras que usam frequentemente? Fazer entrevistas com final em aberto, perguntando da possibilidade de ampliá-las ou de buscar explicações adicionais mais adiante.

Page 97: Jornalismo alternativo

5º Contrastar o conteúdo dessas conversas com os preconceitos que os meios de comunicação têm. Dessas entrevistas, sairão novos temas, ideias e sugestões de pauta.

Redução da cobertura dos ruídos de uma comunidade e mais cobertura de silêncios, aqueles temas que a Imprensa é incapaz de perceber, devido à cobertura superficial e supostamente objetiva que faz.

Page 98: Jornalismo alternativo

O bairro como espaço de ressignificação

política e cultural

Page 99: Jornalismo alternativo

O espaço social é onde melhor se expressa o sentido da dinâmica cultural, desde o popular da forma aos processos coletivos de comunicação, principalmente com relação aos movimentos que partem dos bairros.

JESUS MARTIN BARBERO

Page 100: Jornalismo alternativo

O espaço social do bairroO espaço social é onde melhor se expressa o sentido da dinâmica cultural, desde o popular da forma aos processos coletivos de comunicação, principalmente com relação aos movimentos que partem dos bairros.

JESUS MARTIN BARBERO

Page 101: Jornalismo alternativo

Identidade cultural”São associações que não se esgotam no bairro e que, em muitos casos, articulam a percepção e a solução dos problemas do bairro a um projeto mais amplo e global.”

JESUS MARTIN BARBERO

Page 102: Jornalismo alternativo

A luta das populações por habitação, serviços de energia elétrica e de água, transporte mínimo e saúde é também uma luta pela identidade cultural.

Page 103: Jornalismo alternativo

BAIRRO: lugar de acolhimentoPertencer ao bairro para as classes populares significa ser reconhecido em qualquer circunstância.

Não é necessário, por exemplo, o reconhecimento do trabalho.

Page 104: Jornalismo alternativo

BAIRRO: lugar de acolhimentoÉ onde a produção simbólica dos setores populares da cidade fica à mostra: religiosidade e expressão estética (grafite, decorações dos ônibus, arremate das fachadas, cenografia das vitrines, música).

Page 105: Jornalismo alternativo

Para pensar o comunitário,

PENSE OJORNALISMO

Page 106: Jornalismo alternativo

O jornalismo comunitário acaba sendo confundido com o popular, o de serviços, o ligado a movimentos sociais, o alternativo, o de bairro.

Há diálogo entre essas intâncias, mas todas trilham caminhos próprios.

Page 107: Jornalismo alternativo

Felipe PenaO jornalismo comunitário atende às demandas

da cidadania e serve como instrumento de mobilização social. (...) Outra característica

importante é o completo afastamento do ranço etnocêntrico. O jornalista de um veículo

comunitário deve enxergar com os olhos da comunidade. Mesmo que já pertença a ela,

deve fazer um esforço no sentido de verificar uma real apropriação dos processos de

mediação pelo grupo.

Page 108: Jornalismo alternativo

José Marques de Melo(...) uma imprensa só pode ser considerada comunitária quando se estrutura e funciona como meio de comunicação autêntico de uma comunidade. Isto significa dizer: produzido pela e para a comunidade.

Page 109: Jornalismo alternativo

Pedro Celso Camposcomunicação comunitária como instrumento de organização e de resistência, impondo-se como garantia de espaço e de voz para os excluídos.

Page 110: Jornalismo alternativo

(...) a proximidade entre as pessoas é a principal característica do meio comunitário. As pessoas se conhecem e se reconhecerem (como dizia Paulo Freire) nos seus problemas, angústias, alegrias e ritos cotidianos. Essa reconhecibilidade também exige uma linguagem referenciada aos costumes do grupo social. É uma linguagem coloquial, de fácil entendimento, reconhecível em suas gírias e modismos. Hoje, ou em qualquer época, jornalismo comunitário é uma atividade de comunicação originada na comunidade, administrada pela comunidade e dirigida à comunidade.

Page 111: Jornalismo alternativo

características do jornalismo comunitárioa) valorização da realidade local

b) participação da comunidade durante todo o processo de produção

c) consagração das ideias da mobilização e da transformação

d) resgate de um viés pedagógico e educativo

e) articulação com a produção independente e de resistência

5

Page 112: Jornalismo alternativo

Qualidade quantitativa: o jornalismo comunitário deve dar conta de uma área restrita, não se importa em ser pequeno, de conversar com grupos limitados

Proximidade com o público: permite um diálogo mais profundo e intenso

O local é quem dá as pautas.

Page 113: Jornalismo alternativo

Prevalece a lógica geográfica: o que está mais perto vai ter mais destaque nos veículos produzidos

Valem pautas mais amplas: desde que se consiga estabelecer relações claras entre o tema mais amplo e os impactos específicos sobre aquela comunidade em particular - o geral como força de atração e estímulo do debate

Page 114: Jornalismo alternativo

A narrativa precisa viabilizar estratégias capazes de criar vínculos, identidades e o sentimento de pertence - o público deve se reconhecer

Acentuado uso didático

Page 115: Jornalismo alternativo

Pedro Celso CamposA grande mídia chega para todo mundo, mas ela não chega falando a linguagem local, não sabe o nome das pessoas, não conhece os costumes.

Apenas faz um recorte da realidade, mas não dá conta de passar toda a realidade com sua cor local.

Só o comunitário, inserido fortemente na comunidade, pode fazer isso.

Page 116: Jornalismo alternativo

Processo de produçãoO jornalismo comunitário quebra

a lógica que garante aos pequenos e poderosos grupos o privilégio da emissão e às grandes massas

a tarefa de recepção.

Page 117: Jornalismo alternativo

A comunidade tem o dever e a

prerrogativa de atuar durante todo

o fluxo produtivo de forma direta ou

por meio de conselhos e de

representantes.

Page 118: Jornalismo alternativo

Processo de produçãoRompimento da hierarquia, da comunicação vertical - o diálogo se manifesta no sentido horizontal

Jornalismo passa a ser encarado como patrimônio da comunidade, estimulando mobilizações e lutas coletivas capazes de produzir transformações

Page 119: Jornalismo alternativo

Processo de produçãoDiscursos e narrativas competentes o suficiente para estimular a reflexão crítica, garantindo ao cidadão o direito de ampliar seu repertório intelectual e de participar com consistência dos debates

Consumidor passa a ser visto como Cidadão

Jornalismo comunitário realça seu valor de uso em detrimento do valor de troca

Page 120: Jornalismo alternativo

Processo de produçãoResgate de origens do jornalismo: esclarecimento e romper os diques de segredos da Idade Média

Espaços para a socialização e o compartilhamento de conhecimentos, contribuição pedagógica com a formação de sujeitos críticos e livres

Page 121: Jornalismo alternativo

Raquel PaivaO que permite conceituar um veículo como comunitário não é sua capacidade de prestação de serviço, e sim sua proposta social, seu objetivo claro de mobilização vinculado ao exercício da cidadania.

Page 122: Jornalismo alternativo

Cecília PeruzzoA comunicação popular participativa se desenvolve no conjunto do processo de

consciência, organização e ação, de acordo com as necessidades dos movimentos, respeitada sua própria dinâmica.

Page 123: Jornalismo alternativo

Independência do outro:fazer um jornalzinho, por exemplo, desenvolve o domínio de conhecimentos antes reservados a uns poucos, ocorrendo, portanto, a socialização de conhecimentos.

Page 124: Jornalismo alternativo

Desafios- O desafio de disseminar por todos os movimentos sociais a prática participativa da comunicação, que possibilita um processo educativo que pode desembocar na gestão dos grandes meios de comunicação, cuja socialização já é defendida pela sociedade

Page 125: Jornalismo alternativo

Desafios- O transcender da comunicação

popular de exclusiva da organização tópica

para outros movimentos sociais e o conjunto da sociedade,

construindo assim a articulação

e nova hegemonia.

Page 126: Jornalismo alternativo

Desafios- Que a prática participativa em nível do micro, ou seja, nas organizações populares, transcenda para o macro, para que haja a participação na gestar em nível municipal, estatal e nacional de todas as coisas que afetam a sociedade.