jornalcana 244 (maio/2014)

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Em Alta, Ferramentas integradas facilitam tomadas de decisões e impulsionam produtividade da Usina Guaíra

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Page 1: JornalCana 244 (Maio/2014)

Ribeirão Preto/SP Maio/2014 Série 2 Nº 244 R$ 20,00

EM ALTA Ferramentas integradas facilitam tomada de decisões

e impulsionam produtividade da Usina Guaíra

Viabilização do etanol 2G e

alavancagem da biomassa estão entre

as possíveis salvações da lavoura

SOLUÇÕES & SAÍDAS PARA A CRISEE S P E C I A L

JC 244 4/23/2014 4:41 PM Page 1

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Maio 2014ÍNDICE DE ANUNCIANTES4

Í N D I C E D E A N U N C I A N T E SACESSÓRIOS INDUSTRIAISFRANPAR 16 21334383 30

ACIONAMENTOSRENK ZANINI 16 35189001 45

ACOPLAMENTOSVEDACERT 16 39474732 88

AÇOSFRANPAR 16 21334383 30

AÇOS-INOXIDÁVEISAPERAM 11 38181821 20

ANTI - INCRUSTANTESALCOLINA 16 39515080 75

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DEINFECÇÕES BACTERIANASALCOLINA 16 39515080 75

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

WALLERSTEIN 11 38482900 49

ÁREAS DE VIVÊNCIAALFATEK 17 35311075 3

AUTOMAÇÃO AGRÍCOLAAGM TECH SOLINFTEC 18 36212182 39

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTODWYLER 11 26826633 29

AUTOMAÇÃO INDUSTRIALAUTHOMATHIKA 16 35134000 11

METROVAL 19 21279400 10

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAISVIBROMAQ 16 39452825 98

BOMBAS HIDRÁULICASAUTO PECAS MAURILIO 16 36260716 82

CABOS DE AÇOOKUBO 16 35149966 15

CALDEIRARIAGBA 16 32519900 31

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 93

CALDEIRASENGEVAP 16 35138800 95

CAPAS DE PROTEÇÃO PARATRANSMISSORESUSICAP 18 33617224 88

CARRETASALFATEK 17 35311075 3

CARROCERIAS E REBOQUESRANDON 54 32392000 71

RODOTREM 18 36231146 54

RONTAN 11 30937088 69

SERGOMEL 16 35132600 47

CATRACASSISPONTO 35 38510400 96

CENTRÍFUGASVIBROMAQ 16 39452825 98

COLHEDORAS DE CANACASE IH (COM) 41 21077400 9

JOHN DEERE 19 33188330 43

COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS ESERVIÇOSARGUS 19 38266670 35

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL BOSCH ENGENHARIA LTDA 19 33018101 68

SUGARSOFT 19 34023399 98

CONTROLE DE FLUIDOSMETROVAL 19 21279400 10

CORRENTES AGRÍCOLASSUDAMÉRICA 11 55484226 84

CORRENTES INDUSTRIAISPROLINK 19 34234000 13

COZEDORESCITROTEC 16 33039796 25

DECANTADORESGBA 16 32519900 31

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 93

DEFENSIVOS AGRÍCOLASBASF 11 30432125 27

IHARA 15 32357914 62

NUFARM 11 21338866 24

DESTILARIASCONGER 19 34391101 72

EDITORAPROCANA BRASIL 16 35124300 59, 65

ELETROCALHASDISPAN 19 34669300 18

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA ESERVIÇOSSANARDI 17 32282555 26

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVILCONGER 19 34391101 72

ENGEVAP 16 35138800 95

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃOANSELL 11 33563100 58

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS APS COMPONENTES 11 56450800 72

AUTHOMATHIKA 16 35134000 11

EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOSPARKER HANNIFIN 12 40093591 19

ESPECIALIDADES QUÍMICASALCOLINA 16 39515080 75

NEOBRAX 17 33243955 76

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

EVAPORADORESCITROTEC 16 33039796 25

GBA 16 32519900 31

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 93

FEIRAS E EVENTOSEU BC&E 2014 www.eubce.com 38

FORÚM GESUCRO 16 38779171 60

PROCANA BRASIL 16 35124300 59, 65

REED ALCANTARA 16 21328936 83

SINATUB 16 39111384 6

STAB 82 33279632 85

FERRAMENTASBUSSOLA 16 32219000 2

LEMAGI - SP 19 34431400 68

FERRAMENTAS PNEUMÁTICASLEMAGI - SP 19 34431400 68

PARKER HANNIFIN 12 40093591 19

FERTILIZANTESCATAFÓS 64 34425584 57

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

YARA BRASIL 16 997419549 81

FIOS E CABOSCONSTRUFIOS 11 50538383 53

SOLUÇÕES 16 38182305 96

GEORREFERENCIAMENTOJRM GEO 14 34136856 70

GRÁFICASÃO FRANCISCO GRÁFICA 16 21014151 67GUINDASTESLIEBHERR BRASIL 12 31284200 55IMPLEMENTOS AGRÍCOLASDMB 16 39461800 21INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLEMETROVAL 19 21279400 10INSUMOS AGRÍCOLASPRODUQUÍMICA 11 30169619 42IRRIGAÇÃOGERMEK 19 36827070 52

IDEX DO BRASIL 19 38713500 51

RAESA BRASIL 19 35441550 79ISOLAMENTOS TÉRMICOSREFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540 97LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGSDESTAK IDEIAS 17 33611575 78MANCAIS E CASQUEIROSBUSSOLA 16 32219000 2MANUTENÇÃO INDUSTRIALMETALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 93

VEDARIB 16 34429952 98MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS AGRIMEC 55 32227710 66

CASE IH (COM) 41 21077400 9

COHYBRA 16 30412225 91

SOLLUS 18 34211100 37MATERIAIS RODANTESANTRACTOR - VTRACK 19 31295151 99

ITR SOUTH AMERICA 11 33407555 23MECANIZAÇÃO - SERVIÇOSNUTRION 16 36904900 57

METAISVILLARES METALS 19 33038311 41MOENDAS E DIFUSORESRENK ZANINI 16 35189001 45MONTAGENS INDUSTRIAISCONGER 19 34391101 72

ENGEVAP 16 35138800 95

GBA 16 32519900 31NUTRIENTES AGRÍCOLASIHARA 15 32357914 62

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

UBYFOL 34 33199500 5PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLASANTRACTOR - VTRACK 19 31295151 99

COHYBRA 16 30412225 91

OKUBO 16 35149966 15

UNIMIL 19 21050800 12PENEIRAS ROTATIVASVIBROMAQ 16 39452825 98

PLAINASAGRIMEC 55 32227710 66

PLANTADORAS DE CANADMB 16 39461800 21

PLANTAS INDUSTRIAISBOSCH ENGENHARIA LTDA 19 33018101 68

PRODUTOS QUÍMICOSBASEQUÍMICA 16 21011200 80

PRODUQUÍMICA 11 30169619 42

PULVERIZAÇÃOIDEX DO BRASIL 19 38713500 51

QUÍMICA E DERIVADOSNEOBRAX 17 33243955 76

REDUTORES INDUSTRIAISBONFIGLIOLI DO BRASIL 11 43371806 73

RENK ZANINI 16 35189001 45

REFRATÁRIOSREFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540 97

ROLAMENTOSINA 15 33352432 89

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROSSÃO FRANCISCO SAÚDE 16 08007779070 77

SINALIZADORES INDUSTRIAISRONTAN 11 30937088 69

SOLDAS INDUSTRIAISAGAPITO 16 39479222 98

COMASO ELETRODOS 16 35135230 44

MAGISTER 16 35137200 17

SUPRIMENTOS DE SOLDACOMASO ELETRODOS 16 35135230 40

TELASOKUBO 16 35149966 15

TORRES DE DESTILAÇÃOMETALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 93

TRANSBORDOSDMB 16 39461800 21

TRATORESCASE IH (COM) 41 21077400 9

JOHN DEERE 19 33188330 43

MASSEY FERGUSON 51 34628000 100

VALTRA 11 47954233 61

TROCADORES DE CALORAGAPITO 16 39479222 98

TUBOS E CONEXÕESFRANPAR 16 21334383 30

VÁLVULAS INDUSTRIAISFOXWALL 11 46128202 22

FRANPAR 16 21334383 30

VÁLVULAS PNEUMÁTICASAUTO PECAS MAURILIO 16 36260716 82

VEDAÇÕES E ADESIVOSPARKER HANNIFIN 12 40093591 19

VEDACERT 16 39474732 88

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Maio 2014 CARTA AO LEITOR 5

NOSSOS PRODUTOS

Anuário da CanaBrazilian Sugar and Ethanol Guide

www.jornalcana.com.brO Portal do setor sucroalcooleiro

JornalCanaA Melhor Notícia do Setor

Prêmio BestBIO Brasil

BIO & SugarInternational Magazine

Mapa Brasil de Unidades Produtoras de

Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCanaOs Melhores do Ano no Setor

DIRETORIAJosias Messias [email protected]� Assessoria Mateus Messias [email protected]

REDAÇÃO� Editor Luiz Montanini - [email protected] � Coordenação e FotosAlessandro Reis [email protected]� Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur� ReportagemAndréia Moreno - [email protected]é Ricci - [email protected]� Arte Gustavo Santoro� RevisãoRegina Célia Ushicawa

ADMINISTRAÇÃO� Gerente AdministrativoLuis Paulo G. de Almeida [email protected][email protected]@procana.com.br

TIC E PLANEJAMENTOAsael Cosentino - [email protected]

EVENTOSRose Messias - [email protected]

PÓS-VENDASThaís Rodrigues - [email protected]

MARKETING� Gerência Fábio Soares Rodrigues [email protected]� Assistente Lucas Messias [email protected]

PUBLICIDADE� ComercialGilmar Messias 16 [email protected] Milán 16 [email protected] Giaculi 16 [email protected]

ASSINATURAS EEXEMPLARES11 3512.9456www.jornalcana.com.br/assinaturas

NOSSA MISSÃOProver o setor sucroenergético de informações

relevantes sobre fatos e atividades relacionadas àcultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e

organizar eventos empresariais visando:� Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor

(humano, socioeconômico, ambiental etecnológico);

� Democratizar o conhecimento, promovendo ointercâmbio e a união entre os integrantes;

� Ser o porta-voz e centro de informações do setor; � Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demaisenvolvidos.

O MA IS L ID O!

Fone 16 3512 4300 Fax 3512 4309Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia

14096-030 - Ribeirão Preto - [email protected]

ISSN 1807-0264

Artigos assinados (inclusive os dasseções Negócios & Oportunidades eVitrine) refletem o ponto de vista dosautores (ou das empresas citadas).JornalCana. Direitos autorais ecomerciais reservados. É proibida areprodução, total ou parcial, distribuiçãoou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorizaçãoexpressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 eparágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamentecom busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126,da Lei 5.988, de 14/12/1973).

Tiragem auditada pelos

10.000 exemplaresPublicação mensal

í n d i c e

www.jornalcana.com.br

c a r t a a o l e i t o rJosias Messias [email protected]

Uma segunda viaNa turbulência gerada pela atual crise, boa parte dos gestores do setor sucroenergético,

apreensivos, apertam os cintos das empresas que comandam e tomam medidas duras, tais como:

a dispensa de colaboradores e a interrupção das atividades da própria usina ou de alguma

unidade.

Para alguns, a linha do horizonte demonstra que há um longo caminho a percorrer e muitos

duvidam se possuirão fôlego para tanto. Mas, outros, olham para esta mesma linha e distância

como um espaço novo e desafiador a ser explorado e vencido. Isto porque, na maioria das vezes,

a própria busca efetiva por soluções abre oportunidades para inovar e até recriar caminhos.

Da nossa parte, a ProCana Brasil optou pela segunda via, como demonstra o caso do novo

portal do JornalCana (www.jornalcana.com.br).

Neste momento difícil pelo qual estamos passando junto com todo o setor, decidimos por

investir e renová-lo completamente, da estrutura à aparência, ampliando a qualidade e relevância

das informações, por meio de matérias, notas, suítes especiais e infográficos. O resultado é que

em apenas um mês as visualizações do portal aumentaram em cerca de 40%. Somente em visitas

a páginas únicas, o crescimento foi de cerca de 20%. A novidade atraiu novos leitores e tornou os

tradicionais mais assíduos.

Em nossa experiência, descobrimos na prática, que poderíamos modernizar sem,

necessariamente, trocar equipamentos ou colaboradores. Por estarmos atualizados no quesito

tecnológico, reavaliamos a equipe de colaboradores e, ao final, decidimos que queríamos mudar

“as pessoas” e não “de pessoas”. Ao fazê-las saber que as valorizamos, trouxemos tranquilidade

ao grupo e os resultados começam a aparecer. Há muito ainda a fazer, temos consciência disso,

mas estes resultados nos levam a ver o horizonte com outros olhos.

Nosso exemplo não é exclusivo. Grupos e unidades industriais que semearam inovação estão

colhendo alta performance. É o caso da Usina Guaíra, que obteve na safra 2013/14

produtividade média de 103,5 toneladas/ha, a maior do ano entre as mais de 250 usinas que

disponibilizam seus dados (veja nas páginas 38 a 41).

Decerto que apenas inovar da “porteira para dentro” não é suficiente. É preciso encontrar

alternativas para fazer frente à diversidade de desafios do mercado (confira matéria nas páginas

26 a 30).

As circunstâncias pedem mais do que o discurso.

Inovação e fé representam a segunda via – talvez a única que resta ao setor, neste momento,

para sobreviver com saúde física e espitirual, até que a “tempestade” das eleições seja superada.

Que Deus nos ajude!

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 12

Giro do setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 a 16

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 a 25� Uma conversa um tanto confusa � Usinas devem se adequar à “lei da balança” até 2019� Três perguntas para André Rocha

Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 a 37� Para sair da crise setor precisa encontrar soluções e saídas � Mercado de açúcar será melhor no segundo semestre� Antes do apagão, pode haver luz no fim do túnel � Viabilidade do Etanol 2G ainda gera discussões� Fim do sistema de quotas para mercado europeu excluirá açúcar brasileiro

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 a 41 � Capa – Usina Guaíra é campeã brasileira de produtividade agrícola � Pesquisa & Desenvolvimento 42 a 44 � Executivos do etanol 2G revolucionam produção de biocombustível

Homenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46� MAMMA MIA!

Impacto Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48 a 52� SAUDOSA MALOCA - Município e ex-colaboradores sentem impacto dahibernação da Usina Jardest

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .53 a 56 � Gatua Sul elege Conselho Deliberativo� Gerhai traça perfil profissional em novo mercado de trabalho� Falta de chuvas em janeiro e fevereiro deverá reduzir oferta de matéria-primana safra 2014/15

Impacto Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 60� Impactos do El Niño nos próximos meses geram temor no mercado mundialde açúcar

Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 74� Recepção e preparo de cana precisam se adaptar à colheita mecanizada� Concorrência gera benefícios para a extração do caldo� Laboratório pode ser o fiel da balança na unidade industrial� Com Safra 360, usinas podem optar por safra contínua e parada curta

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 a 86� CCT muda de nome e enfrenta novos desafios� Fitotécnico debaterá formas para manter produtividade elevada� Muda Pré-Brotada proporciona melhor controle de espaçamento

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87Óleo de cozinha será atração na Copa

Destaques do setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .90 a 98

LEGADO“Porque, como os novos céus, e a nova terra,

que hei de fazer, estarão diante da minha face,diz o Senhor, assim também há de estar a vossa

posteridade e o vosso nome”.(profeta Isaías no capítulo 66, verso 22, de seu livro)

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Maio 2014AGENDA6

A C O N T E C E

BESTBIO E FÓRUM PROCANA O Prêmio BestBIO, que acontece em 18 de setembro, em Ribeirão Preto, SP, é uma

iniciativa independente que tem por objetivo central incentivar a sustentabilidade através dadivulgação e reconhecimento aos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase nodesenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis. Mais informações acessewww.bestbio.com.br.

TECNÓLOGOS EM BIOCOMBUSTÍVEIS O curso de graduação em biocombustíveis da Fatec Nilo

de Stéfani - Jaboticabal é gratuito; contempla a produção debiocombustíveis sólidos (madeira e biomassa), líquidos(etanol e biodiesel) e gasosos (biogás), além de abordaratividades que são relacionadas ao setor sucroenergéticocomo a produção de açúcar, bioeletricidade, gestão desubprodutos, dentre outros. O curso é oferecido no períododa manhã, das 8h20 às 11h50 e da noite, das 19h às 22h30,com 40 vagas cada. O vestibular, para início das aulas emagosto de 2014, ocorrerá em 15 de junho e as inscriçõesseguem de 14 de abril até 14 de maio. Mais informações nosite www.fatecjab.edu.br.

FERSUCROA Stab Leste realiza no período de 8 a 11 de julho de

2014, no Centro de Convenções de Maceió, AL, a 11ª ediçãoda Fersucro – Feira Regional Sucroalcooleira. Maisinformações através do site www.fersucro.com.br.

FENASUCROA Fenasucro&Agrocana acontece de 26 a 29 de agosto

de 2014, em Sertãozinho, SP, oferecendo aos visitantes aoportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparodo solo, plantio, tratos culturais, colheita, industrialização,mecanização e aproveitamento dos derivados da cana-de-açúcar. Mais informações www.fenasucro.com.br.

PRÊMIO MASTERCANA CENTRO-SUL Em 2014, a edição Centro-Sul do MasterCana terá

muitas novidades. Uma delas é a mudança de local, sendorealizado no dia 25 de agosto, em Ribeirão Preto, SP. Já oMasterCana Nordeste acontece em 13 de novembro, emRecife, PE. Por último, em 25 de novembro, será realizado oMasterCana Brasil, em São Paulo, capital.

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Page 7: JornalCana 244 (Maio/2014)

Maio 2014 USINA DO BEM 7

No dia 9 de abril, a UsinaAgro Serra, localizada em SãoRaimundo das Mangabeiras,MA, recebeu a visita de 20aprendizes da turma do cursode Técnicos em Produção deÁlcool, alunos do convênio deaprendizagem firmado entre aAgro Serra e Senai de Balsasno Maranhão.

Os alunos foramrecebidos pela equipe deRecursos Humanos e peloengenheiro químicoresponsável por processosIndustriais, Marden JoséCavalcante. Os jovensreceberam informações sobreo processo de produção doálcool, desde o recebimento dacana no pátio passando pelosprocedimentos de moagem,fermentação, destilação aoarmazenamento do produtofinal. Também receberamorientações sobre ofuncionamento das caldeiras.

Aprendiz Legal - Aparceria da Agro Serra com oFIEMA – Senai de Balsas –MA está ampliando suaatuação em oferta de vagaspara formação de Jovens noPrograma Aprendiz, paracursos voltados para a áreaagrícola. “O objetivoprimordial da capacitação é aformação de profissionais noEstado do Maranhão,principalmente municípioscircunvizinhos à sede da AgroSerra, gerando emprego esustentabilidade à população,com profissionais habilitadose aptos ao mercado detrabalho, contribuindo assimpara o desenvolvimento daeducação e empregabilidadenessas regiões econsequentemente no Brasil”,afirmam Elen KalianyPereira, gerente de RH eRoberta Silveira,coordenadora de T&D.

Alcoeste investe emtreinamentos paraoperadores de colhedoras

A Usina Alcoeste realizou no dia 4 deabril, um treinamento teórico e práticopara operadores de colhedoras. A turmatambém acompanhou as aulas no dia 24de março. Os treinamentos foram divididosem aulas teóricas e práticas, ministradaspelo instrutor do Senar, Marcelo Baccar,com duração de 40 horas.

Os treinamentos são direcionados àmanutenção e operação de máquinasagrícolas e segundo o instrutor, contribuempara a formação técnica dos colaboradoresda Alcoeste. “Eles também proporcionamconhecimentos específicos relacionados àsegurança do trabalho e o uso deequipamentos de segurança individuais ecoletivos, o que garante colaboradorespreparados para o exercício correto de suasfunções, sempre privilegiando a segurançae a qualidade de vida”, revela a assessoria.

PRÓXIMAS OFICINAS

� 5 a 9 de maio – Invasõesbiológicas e Água, Ar e Energia;

� 2 a 6 de junho – Associativismoe Cooperativismo;

� 21 a 25 de julho – Elaboraçãode projetos ambientais e Planode Ação para gestão ambiental.

LOCAL: Escola Municipal SeverinoA. Barbosa. InscriçõesGratuitas

PRESERVANDO A MATAApoiar a recuperação e preservação de

matas nativas e de áreas de preservaçãopermanente (APPs) de regiões onde estãolocalizadas as unidades Estivas e Giasa éobjetivo do Programa Approximar daempresa Biosev, que iniciou suaprogramação no dia 7 de abril. O projetoconta com oficinas, cursos e patrocinará aconstrução de viveiros em 20 comunidadespróximas às unidades na Paraíba e RioGrande do Norte. Segundo os gestores, oprojeto tem se tornado referência na regiãopor promover ações que contribuam para odesenvolvimento sustentável em 20comunidades próximas às usinas deEstivas, em Arez (RN), e Giasa, em Pedrasde Fogo (PB). No total serão 12 oficinas,com temas variando de agricultura familiara cidadania, e agroecologia a reciclagem, edirecionadas a educadores, estudantes,agricultores e qualquer outro interessado. Aprimeira a receber o programa Approximarfoi Imbiribeira, comunidade de Pedras deFogo (Paraíba), próxima à Giasa.

RetificaçãoNa edição 242 do JornalCana, (março

de 2014), o nome da empresa GranBio foigrafado como GraalBio, antiganomenclatura utilizada.

JornalCana inova e atrai maiornúmero de leitores digitais

O JornalCana estreou, no início de março, uma a nova versão de seu site.Completamente renovado, da estrutura à aparência, ampliando a qualidade erelevância das informações, por meio de matérias, notas, suítes especiais einfográficos. As notícias estão mais bem agrupadas.

A leitura dos textos está mais fácil. As páginas carregam mais rapidamente. Oresultado é que em apenas um mês as visualizações do portal aumentaram em cercade 40%. Somente em visitas a páginas únicas, o crescimento foi de cerca de 20%. Anovidade atraiu novos leitores e tornou os tradicionais mais assíduos.

“O JornalCana tem se dedicado a integrar editorial e graficamente as diferentesplataformas que o leitor acompanha. O novo site está mais organizado e rápido,cumprindo a missão de ser o principal meio de comunicação do setorsucroenergético”, afirma Alessandro Reis, coordenador da Redação do JornalCana.

O Grupo Odebrecht, pormeio de sua diretora desustentabilidade, Carla Pires,apresentou no dia 13 demarço, em um evento emRibeirão Preto, SP, os casosde sucesso de seus programassocioambientais, entre eles oPrograma Energia Socialpara a SustentabilidadeLocal. Em projetos realizadosna área de educação queenvolve capacitação dacomunidade, infraestruturasde escolas, pós-graduaçãopara professores, foramcontempladas mais de 2,5mil pessoas, onde 65% foramcontratadas pela empresa. O programaEnergia Social recebeu até o momentoinvestimentos da ordem de R$ 15 milhões,em 35 projetos realizados e beneficioudiretamente 50 mil pessoas e foram 162

mil pessoas potenciais beneficiadas nosnove municípios em que a OdebrechtAgroindustrial atua.

“Temos indicadores que provam queo programa faz sentido para a

comunidade. A empresainvestiu nas construções delaboratórios, UTI neonatal,na recuperação de trilhasecológicas,biomonitoramento parapreservação da fauna e daflora, educação ambiental,gerenciamento de resíduossólidos com construção deaterros sanitários emparceria com prefeituras,capacitação, entre outros”,lembra.

O Programa promove odesenvolvimento sustentadodas regiões, através de açõese investimentos que

envolvam as comunidades e o governolocal, com o objetivo de contribuir para amelhoria da qualidade de vida destascomunidades onde a empresa estáinserida.

Programa promove desenvolvimento sustentado

Alunos receberam informações sobre o processo de produção do álcool

BEABÁ DA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL

Ação social transforma a vida de mais de 160 mil pessoas

ACESSOS NO PERÍODO DE 10 DE MARÇO A 9 DE ABRIL

NOVO SITEJORNALCANA

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Maio 2014EVENTOS10

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

O BestBIO Brasil 2014, prêmio quereconhece as melhores empresas eprofissionais da bioeconomia brasileira,será realizado no dia 18 de setembro emRibeirão Preto (SP). Ele será o evento socialde encerramento do Fórum ProCanaUsinas de Alta Performance 2014. Apremiação destaca os melhores cases eprofissionais do país nas áreas debiocombustíveis, bioenergia,bioeletricidade, biotecnologia e desustentabilidade empresarial. Inclusive, asempresas interessadas têm até 30 de julhopara fazer as inscrições dos cases.

Na edição passada, entre os premiadoscom o troféu BestBIO estiveram WilliamLee Burnquist, gerente de DesenvolvimentoEstratégico e coordenador de Biotecnologiado CTC – Centro de Tecnologia Canavieira,

como “Man Of The Year em Biotecnologia”,e a Açucareira Guaíra foi reconhecida como“Empresa do Ano em Sustentabilidade”.“O BestBIO destaca a marca dospatrocinadores junto ao público top dosetor com status diferenciado de anfitrião eparceiro, ação que deixa nítido ocomprometimento da empresa com abioeconomia sustentável. E fortalece orelacionamento extracomercial comempresários e executivos do mercado. Semcontar que o sucesso no evento éamplificado para todo o mercado através daampla divulgação no JornalCana, na revistaBIO&Sugar e no novo JornalCana Online”,afirma Rose Messias, gestora de eventos daProCana Brasil.

O BestBIO conta com o apoio dasprincipais entidades da área, como a Unica—União da Indústria de Cana-de-açúcar,Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool,Anace — Associação Nacional dos

Consumidores de Energia, Cogen —Associação da Indústria de Cogeração deEnergia, CBCN — Centro Brasileiro paraConservação da Natureza eDesenvolvimento Sustentável, Renabio —Rede Nacional de Biomassa para Energia eSBAG — Sociedade Brasileira deAgrosilvicultura.

SOBRE O FÓRUMO Fórum ProCana Usinas de Alta

Performance 2014 é um eventodesenvolvido com o foco de apresentaraos empresários e executivos do setor,casos de resultados comprovados noincremento da rentabilidade e dacompetitividade das usinas. O programado Fórum, que será realizado no mesmodia e local do Prêmio BestBIO Brasil2014, inclui temas como: Modelos denegócios sustentáveis, compatíveis com adiversidade de desafios e a altavolatilidade do mercado sucroenergético;Alternativas inovadoras na reestruturação& capitalização das empresas;Metodologias consagradas na redução decustos e melhorias de eficiência nosprocessos; e Tecnologias em estágiocomercial que permitem alcançar plenopotencial agroindustrial da cana-de-açúcar.

Ribeirão Preto sediará o BestBIO e Usinas de Alta Performance Laureados do BestBIO em 2013

SERVIÇO

Prêmio BestBIO Brasil 2014 eFórum ProCana Usinas de Alta

Performance 2014

Data: 18/09/2014Local: Ribeirão Preto (SP)Mais informações:

fone 16 [email protected]

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Fenasucro traz alternativas para gerar novos negócios no setor sucroenergético Maior feira mundial dosetor reunirá no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, toda a cadeia produtiva

Considerada a maior feira mundial dosetor sucroenergético, a 22ª Fenasucroacontece, neste ano, entre os dias 26 e 29 deagosto, no Centro de Eventos Zanini, na cidadede Sertãozinho. Com expectativa de recebermais de 33 mil visitantes, o evento será umaplataforma para novos negócios e tambémcenário para discussões que fomentem o setorna busca de alternativas para as empresasexpositoras e os visitantes compradores.

Para isso, a Fenasucro – organizada pelaReed Exhibitions Alcantara Machado, emconjunto com o CEISE Br – Centro Nacionaldas Indústrias do Setor Sucroenergético eBiocombustíveis, reunirá toda a cadeiaprodutiva do mercado sucroenergético, entreeles, 550 expositores nacionais e internacionaise as principais lideranças e referências do setor.

“Nosso objetivo é reunir propostaseficientes para aumentar a produtividade nosdiferentes setores da cadeia da cana, ofereceralternativas e assim garantir que bons negóciossejam concretizados. A Fenasucro é,atualmente, um vetor de soluções para o setor,principalmente por conta do momento que

estamos passando, onde as empresas buscamcada vez mais ferramentas eficazes paraampliar e manter a gestão de seus negócios”,explica Juan Pablo De Vera, presidente daReed Exhibitions Alcantara Machado.

Além de trazer novas tecnologias parapotencializar a produtividade em todo osegmento, a Fenasucro também sediaráimportantes eventos que mapearão asnecessidades e colocarão em debate soluçõespara o setor, entre eles: o congresso Datagro,reunião Gerhai; Seminário AgroindustrialGegis; 2º Congresso de Automação e InovaçãoTecnológica Sucroenergética; Encontro de

Produtores Canaoeste/Orplana; Rodada deNegócios Internacional Apla/Apex e Rodadade Negócios organizada pela Fiesp e Sebrae. Opúblico feminino também está englobado como evento Cana, Substantivo Feminino,reforçando a importância da mulher nocenário sucroenergético. Outro importanteevento do setor que acontecerá durante a feiraé o Prêmio Master Cana, que tradicionalmenteabre a semana dedicada ao setor.

Em uma área concentrada de 75 mil m²,a 22ª Fenasucro contou com importantesinvestimentos realizados em segurança,ampliação da praça de alimentação, sistema de

valet e espaços verdes. Com seu foco voltadopara negócios, a feira congrega grandes setorescomo: Agrocana (setor agrícola voltado para alavoura), Forind (Fornecedores Industriais),Indústria e Transporte, e Logística abrangendotoda a cadeira produtiva da cana-de-açúcar,incluindo seus derivados. Com a suaimportância reconhecida, a feira passou aintegrar o calendário mundial de eventos daReed Exhibitions.

Reed Exhibitions Alcantara Machado16 2132.8936www.reedalcantara.com.br

Vista aérea da Fenasucro

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PATRICIA BARCI, DE RIBEIRÃO PRETO

Brasil exportou 1,556 milhões de toneladas de açúcar no mês de março, volume abaixo dos 1,801 milhões defevereiro e dos 1,943 milhões de março do ano passado, de acordo com dados da F.O. Licht. Exportações deaçúcar bruto ficaram em 1,14 milhão de toneladas, a partir de 1,51 milhão de toneladas do mesmo período noano passado; e de açúcar branco foram 433.100 mil toneladas a partir de 416,2 mil toneladas em 2013

SURINAME

No Suriname, país vizinho à Guiana Francesa e do Brasil,um projeto que envolve a Staatsolie Maatschappij SurinameN.V., a empresa petrolífera estatal do país, quer colocar emfuncionamento uma unidade produtora de etanol a partir decana-de-açúcar. Uma planta-piloto, bem-sucedida, já está emfuncionamento desde 2008. A empresa espera gastar pelomenos 250 milhões de dólares para produzir etanol em largaescala até 2015, eletricidade até 2016 e açúcar em 2018.Espera-se que sejam plantados um total de 9.000 hectares decana-de-açúcar para o empreendimento.

PARAGUAI

A demanda anual de importação no mercado de açúcarparaguaio na safra 2012/13, é de aproximadamente 140 miltoneladas. Deste total, o governo federal paraguaio, acreditaque entre 90 mil e 100 mil toneladas vem de contrabando.

Mais de 60 % do açúcar produzido no Paraguai éorgânico, sendo que a maior parte da produção, é destinada amercados de exportação, incluindo a União Europeia, Canadá,Estados Unidos, Coreia, Austrália, Nova Zelândia e Peru.

CUBA

Especialistas do setor no país, disseram que mudanças estruturais feitas na indústria do açúcar em Cuba,não conseguiram quebrar o ciclo de inatividade eineficiência nas suas principais linhas de produção, e apesarde todos os problemas, foi noticiado que, investimentosnacionais e estrangeiros, na indústria de açúcar de Cuba,tiveram um crescimento de 13% no ano passado, em relaçãoao ano anterior, de acordo com dados de Agência deEstatística cubana.

Giro do Setor – América Latina

BRASIL

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MÉXICO

México se encontra em meio a uma batalhajudicial com o governo norte-americano, desde queprodutores de açúcar dos EUA alegaram que osmexicanos violaram o acordo de livre comércio com aAmérica do Norte e estão praticando dumping nomercado americano. Petições antidumping foramapresentadas pela Coalizão do Açúcar Americano emnome de várias associações de açúcar, e alegam que aindústria mexicana vendeu açúcar para os EUA 40%abaixo dos preços domésticos, apoiada por subsídiosdos governos federais e estaduais mexicanos. Aprática de dumping viola as regras estabelecidas noAcordo de Livre Comércio da América do Norte, queaté então, permite livre fluxo de açúcar entre os doispaíses. Em resposta, na semana passada, o governodo México criticou os produtores de açúcaramericanos, que os acusaram da prática, e disseatravés de um porta-voz, que o governo irá defenderos direitos da indústria nacional a qualquer preço, deacordo com o Latin American Herald Tribune .

Ele disse ainda que o Acordo de Livre Comérciocom a América do Norte tem sido implementadogradualmente, desde sua entrada em vigor em 1 dejaneiro de 1994, acordo este, que ajudou a criar ummercado norte-americano coeso, em que o Méxicoexporta açúcar para os Estados Unidos ao mesmotempo que importa xarope de milho dos EUA.

O governo mexicano promete esgotar todas asvias legais disponíveis em defesa dos direitos daindústria mexicana.

A Sugar Alliance dos EUA disse que essaprática poderia custar aos produtores de açúcaramericanos cerca de 1 bilhão de dólares nesta safra.

COSTA RICA

O Governo da Costa Rica apresentou uma solicitação formal ao governo dosEUA, para tentar solucionar as controvérsias do Acordo de Livre Comércio entreos EUA, América Central e República Dominicana. Isto porque os americanosacabaram com as quotas de 31 milhões de litros de etanol desidratado, dado àCosta Rica como parte do acordo, e como consequência, impôs o pagamento deuma taxa de 2,5% referente às importações do etanol desidratado.

Giro do Setor – América Latina Giro do Setor – Europa

ALEMANHA

Na Alemanha, uma planta-piloto,desenvolvida no Centro Fraunhofer paraBiotecnologia e Processos Químicos, estáproduzindo substitutos de petróleo a partir dematérias-primas renováveis, e poderá obterisobuteno ou isobutileno, a partir de açúcarao invés de petróleo, pela primeira vez. Adescoberta não tem intenção de ameaçar oabastecimento alimentício, uma vez que, alongo prazo, o açúcar deve vir a partir demadeira ou de palha e não da beterrabasacarina, de acordo com informações daprópria empresa.

ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA

De acordo com a DRA- Direção Regionalde Agricultura, a produção de cana-de-açúcarno arquipélago da Madeira, conjunto de ilhaspertencentes a Portugal, situado no OceanoAtlântico, deve atingir 6 mil toneladas em2014, entre seus 719 produtores. Os dados doDRA indicam que de 2000 até 2013, aprodução foi de 2.871 toneladas, comrendimento de 387.585, para 5.824toneladas, com rendimento de 1.572.480euros. As regiões de maior produção de cana-de-açúcar, estão localizadas na costa sul doarquipélago, chamadas de Ponta do Sol,Calheta, Ribeira Brava e Câmara de Lobos, ea cultura serve basicamente para produção deaçúcar, melado e aguardente, de acordo cominformações da Agência Lusa.

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Dificuldade financeiraaumenta e setor buscaapoio em ações públicas

ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Os números apontam mais de 40 usinasde cana-de-açúcar fechadas nos últimos anos.Entre março e abril, podemos citar duas,Jardest e Unaçúcar. A primeira, localizada nointerior de São Paulo, desestimulará aeconomia da pacata Jardinópolis, cidade com40 mil habitantes. A segunda, situada emÁgua Preta, na Zona da Mata Sul, PE, farácom que cerca de duas mil pessoas fiquemsem emprego.

Insensível à questão, o governoanunciou em meados de março a liberaçãode R$ 5 bilhões em financiamento pararenovação de canaviais e estocagem.Contudo, dada a gravidade da crise, partedas usinas não têm acesso ao dinheiro,disseminando, a cada safra, tradicionaisunidades produtoras.

A presidente da Unica – União daIndústria de Cana-de-Açúcar, ElizabethFarina, por diversas vezes definiu o diálogodo setor com o governo como uma conversaentre “surdo e mudo”, já que mensalmenteos problemas e também possíveis soluçõessão levados ao Planalto Central. “Eles dizemque não há subsídios para a gasolina, sendo

que a própria Petrobras confirma o auxílio. Aprioridade do controle de preço da gasolina éa inflação e não o mercado de combustíveis”.

Por esses e outros motivos, lideranças dosegmento canavieiro articularam para os dias24 de abril e 13 de maio manifestaçõespúblicas. O objetivo é fazer com que ogoverno enxergue os reais problemas dosetor. “Chegou a hora de mudarmos o tom,de endurecermos a luta para preservar o

patrimônio construído com a produção docombustível verde e amarelo que é o etanol”,afirmou Arnaldo Jardim, presidente daFrente Parlamentar em Defesa do SetorSucroenergético.

A primeira tem como foco mobilizar ascidades produtoras, culminando, em 13 demaio, em um movimento unificado emBrasília, DF. “O setor tem consciência daspoucas, ou quase nulas, possibilidades do

governo tomar alguma medida que causegrande impacto positivo na atual safra.Contudo, existe uma bandeira viável quepode ajudar a aumentar os preços médios doetanol ao mesmo tempo em que reduz osdéficits da Petrobras e do Brasil com aimportação de gasolina. Trata-se do aumentoda mistura de anidro de 25% para 27,5% nagasolina”, aponta Josias Messias, presidenteda ProCana Brasil.

UMA CONVERSA UM TANTO CONFUSA

Lideranças do setor articularam manifestações públicas para os dias 24 de abril e 13 de maio

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Há mais de três anos o setorsucroenergético busca o auxílio do governopara retomar sua curva de crescimento.Neste período, pacotes de incentivosurgiram, mas que aliviam o problema enão o soluciona. Cercado por dívidas e semsocorro governamental, ano a ano aprodução se torna mais difícil.Previsibilidade é a palavra-chave, assimcomo uma política de preços doscombustíveis justa.

Em 2013, a paciência acabou. Aomenos duas manifestações foram feitas,além da criação da Frente Parlamentar emDefesa do Setor Sucroenergético, ummovimento apartidário e que hoje lutapelos interesses do segmento em Brasília.

Renato Cunha, vice-presidente doFórum Nacional Sucroenergético, falasobre o assunto. “As manifestações sãoválidas e democráticas, principalmente

quando são ordeiras. Não aguentaremoscronogramas futuros. Nesta situação virãoseguramente apagões também noscombustíveis”, lembra ele, fazendoreferência ao caos energético provocadopela atual estiagem.

O setor já definiu os pontosnecessários para que o trabalho possa fluir.É necessário a volta da Cide – Contribuiçãode Intervenção no Domínio Econômicosobre a gasolina; o aumento da mistura deetanol anidro na gasolina de 25% para27,5%; melhoria da eficiência do motor flexe a intensificação do uso de bioeletricidadegerada a partir da palha e do bagaço dacana.

“A falta dessa política pode serobservada na decadência do setor, com ofechamento de muitas usinas e outrastantas em recuperação judicial. O GovernoFederal precisa definir qual será a política

pública de médio e longo prazos para osetor sucroenergético. Além do discurso, épreciso efetivamente colocá-lo em prática”,diz Alexandre Andrade Lima, presidenteda Unida - União Nordestina dosProdutores de Cana.

O representante lembra quemanifestações públicas já trouxeramresultados positivos ao segmento. Na épocaem que o presidente da República era LuizInácio Lula da Silva, os produtores seuniram e tiveram o objetivo alcançado. “Asmanifestações são sempre bem vindas.Porém, é preciso que seja realizada deforma que unifiquem todo o setor. Tudo éresultado da demonstração de unidade,organização e mobilização política daclasse. A subvenção econômica para osprodutores nordestinos, por exemplo, foiresultado de manifestações dos canavieiros,quando Lula ainda era presidente, no seu

segundo mandato”, recorda.Roberto Hollanda Filho, presidente da

Biosul – Associação dos Produtores deBionergia de Mato Grosso do Sul, é maisuma liderança a entoar o coro que demudanças são necessárias. “Nossa crise éevidente e estamos levando essesproblemas aos parlamentares. O país perdemuito com a crise do setor. É umainsensibilidade do governo permitir chegara este ponto. Precisamos de uma definiçãourgente”, afirma.

Por fim, Alexandre Andrade Limadeixa um recado aos produtores de todo opaís. “O setor precisa se unir cada vez maispara alcançar as reivindicações desejadas.Precisamos procurar formas de nosmantermos mais articulados, bem comocom a classe política. Não há outra formade sucesso. O individualismo não leva anada e nem ninguém a lugar algum”. (AR)

Líderes falam sobre momento político-econômico Renato Cunha: teremos “apagões” no setor de combustível Roberto Hollanda Filho: governo é insensível a crise do setor

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RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Ele não conseguiria participar derolezinhos em shoppings centers nemmesmo de manifestações em avenidas degrandes cidades. Não teria autonomiatambém para protestar em redes sociais.Mas, se falasse, se pudesse exibir faixas emlocais públicos ou postar mensagens notwitter, o rodotrem – muitos deles, talvez –não deixariam de expressar suaindignação: “#Nãomereçoserpunidoportransportarcana” – diria.

As manifestações, se fossem possíveisde acontecer, teriam seus motivos. Apóspassar por um verdadeiro “banhotecnológico” durante anos, essacomposição canavieira – a mais utilizadano setor ¬–, está sendo olhada comdesconfiança e certa desconsideração,principalmente em Minas Gerais e Goiás.

Mas, foi no Triângulo Mineiro que ocaldo entornou. Quinze usinas precisaramassinar o TAC —Termo de Ajustamento deConduta, com o MPT — Ministério PúblicoTrabalho, que estabelece a necessidade dasunidades sucroenergéticas se adequaremgradativamente até 2019 às exigências dalegislação de trânsito.

A desatualizada “lei da balança” –que é o apelido dado ao conjunto deresoluções do Contran — ConselhoNacional de Trânsito, que regulam otransporte de carga ¬– determina que o

equipamento, no caso o rodotrem, nãoultrapasse o PBTC — Peso Bruto TotalCombinado, de 74 toneladas. Para cadacomposição, como o treminhão e obiminhão – que é muito pouco usado -, háum limite diferente.

“Além de estar com dificuldadefinanceira, o setor adquiriu recentementeuma frota nova que ainda não foidepreciada. Há uma preocupação porcausa da adequação que exigirá umaumento do número de viagens. Isto elevao custo operacional para transportar amesma quantidade de cana”, afirma MárioFerreira Campos Filho, presidenteexecutivo da Siamig – Associação dasIndústrias Sucroenergéticas de Minas

Gerais.Segundo ele, o mercado disponibiliza

equipamentos que têm cavalos mecânicoscom capacidade de tração de até 150toneladas. “Infelizmente, existe umalegislação de trânsito no Brasil que nãoreconhece os avanços tecnológicos que osequipamentos tiveram nos últimos anos”,comenta.

Deixando de lado qualquer chororô, osetor resolveu reagir e encomendoudetalhado estudo para uma empresaespecializada que desenvolveu e testousoluções voltadas ao aumento da cargatransportada.

Caso seja aprovada, essa proposta –que estava sendo protocolada em abril no

Contran pelo Fórum NacionalSucroenergético –, vai possibilitar ahomologação de vários layouts deequipamentos, informa o presidente daSiamig que apoiou, de maneira intensa, aelaboração desse estudo.

Uma das novas configurações dorodotrem – conforme o estudo técnico –amplia o PBTC de 74 para 91 toneladas,com o aumento de 9 para 11 eixos. Háainda a possibilidade do Peso Bruto TotalCombinado chegar a 108 toneladas com ainclusão de julieta ou semirreboque nacomposição, o que exige o aumento docomprimento de 30 para 40 metros. Nestecaso, não há necessidade de mudança donúmero de eixos.

Usinas devem se adequar à “lei da balança” até 2019

Penalizado pelo Contran, setor deixa de lado o chororô e encaminha nova proposta ao órgão

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Aprovação de nova proposta valeria até postagem de selfiesSe forem aprovadas, as novas

composições poderiam substituir asmanifestações públicas pela postagemde selfies (autorretratos) no Instagram– caso isto fosse possível – e em outrasredes de compartilhamento. Mas, paraque a comemoração aconteça,principalmente na realidade nãovirtual, há ainda longo caminho a serpercorrido. De preferência, sem aocorrência de multas e sanções.

Não é possível criar umaexpectativa em relação ao prazo paraque o impasse no transporte de canaseja solucionado, avalia MárioCampos. De acordo com ele, aproposta do Fórum Sucroenergéticodeverá ser discutida por câmarastemáticas do Contran e pelosintegrantes – que são representantesde diversos ministérios – do ConselhoNacional de Trânsito.

Há otimismo, no entanto, emrelação ao resultado que poderá serobtido pela proposta de atualizaçãodas regras voltadas ao transporte decana. “Foi feito uma série de estudostécnicos que demonstra a segurançados equipamentos que estão sendopropostos”, ressalta.

Segundo ele, houve a realizaçãode testes de frenagem, de aceleração emrampa, travessia de rodovia, entre outros. Osresultados foram muito bons, o que credencia o setor apleitear as modificações – afirma.

Essas mudanças têm o objetivo de possibilitar umnovo layout para o equipamento, com o aumento de 9para11 eixos, elevando o PBTC para 91 toneladas, ou

de criar condições técnicas e legaispara a utilização dos equipamentos jáexistentes, aumentando o número dejulietas, reboques, explica MárioCampos.

“Não queremos mexer noaumento de limite por eixo, pois essa éuma briga do setor de transportenacional. A nossa proposta é aumentaro número de eixos ou o comprimentodo equipamento para possibilitar otransporte de uma maior quantidadede cana”, enfatiza.

O setor está em crise e não temcondições para a troca de todos osequipamentos de imediato e nemmesmo, em diversos casos, de fazerreformas – comenta.

A utilização de um equipamentocom 40 metros de comprimento – quepermite um PBTC de até 108 toneladas– estará vinculada a diversos fatores,como localização, topografia da área,existência de pista dupla e movimentodas estradas por onde trafegam essesveículos, entre outros fatores, detalha opresidente da Siamig.

“É possível que em alguns casos,haja necessidade de redução davelocidade mínima para que seja dadaainda mais segurança aos

equipamentos”, observa.As AETs — Atorizações Especiais de Trânsito,

fornecidas pelos órgãos ligados a essa área, aindaprecisarão ser retiradas – informa. (RA)

Mário Campos: há um longo caminho para o setor comemorar mudanças na legislação

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Maio 2014POLÍTICA SETORIAL22

A proposta do FórumSucroenergético tem afinalidade de acabar com alacuna existente entretecnologia e legislação. Mas,este não é o único objetivo. Nãose trata somente de umaquestão legal de trânsito, dizMário Campos. O objetivo éafastar também qualquerproblema – esclarece – na áreatrabalhista.

Em Minas Gerais, oMinistério Público do Trabalhode Uberlândia, no TriânguloMineiro, alegou que o excessode carga no transporte de cana-de-açúcar – acima do queestabelece as resoluções doContran nº 210, 211 e 258 –estaria colocando em risco aatividade do motorista. Porisso, diversas usinas foramautuadas.

O judiciário considerouinclusive procedentes as ações civispúblicas ajuizadas pela Procuradoria doTrabalho em Uberlândia, não permitindoou tolerando que caminhões circulem comexcesso de peso.

“O acordo foi necessário, naquelemomento, em virtude das decisões judiciaisem primeira e segunda instâncias queestavam ocorrendo contra as usinas daregião”, afirma Mário Campos, ao relatar anecessidade de assinatura dos TACs pelasunidades sucroenergéticas do TriânguloMineiro. Não havia outra saída – diz. ASiamig acompanhou, passo a passo, todoesse processo.

Enquanto não houver mudanças na“lei da balança” – com a aprovação, porexemplo, da proposta do Fórum NacionalSucroenergético –, estará vigorando esseacordo que determina a adequaçãocompleta do transporte de cana das usinasaté 2019, a partir do cumprimento depercentuais anuais. Se ocorrer a mudançada legislação, os parâmetros do acordo

mudam automaticamente, prevê uma dascláusulas do documento assinado pelasusinas.

O Termo de Ajustamento de Condutaestabelece que 10% das viagens em 2015devem estar adequadas à legislação, nãoultrapassando o PBTC de 74 toneladas nocaso do rodotrem. Esse índice deverádobrar a cada ano: 20% das viagens em2016; 40% em 2017; 80% em 2018,chegando a 100% em 2019. Em 2014,haverá uma tolerância de 40% sobre o PesoBruto Total Combinado.

Apesar de ter sido feito na região doTriângulo Mineiro – o principal polosucroenergético do estado ¬–, o acordo estásendo utilizado pelo Ministério Público doTrabalho para atingir todo o estado,informa Mário Campos. A usina pode – ounão – assinar o TAC. “Se quiser assumir orisco de um processo judicial, a empresa éque deve tomar essa decisão”, afirma.Todas as usinas do Triângulo Mineiroassinaram o TAC – informa. (RA)

Acordo exige adequação até 2019 Solução inclui aumento

do número de eixos

Siamig quer legislação com limites maiores para o transporte de carga

As mudanças na lei da balança, queestão sendo propostas pelas entidades quefazem parte do Fórum Sucroenergético,procuram contemplar também questõesque envolvem a infraestrutura logística nopaís.

“O Código Nacional de Trânsito éválido para vias públicas e dá ao Contranas prerrogativas para estabelecer os limitespara tráfego de carga nesses locais. Boaparte dos lugares onde as usinas trafegam évia pública, seja ela pavimentada ou sempavimento, com obra de arte ou sem obrade arte”, constata Mário Campos.

Não existe na legislação brasileiradistinção entre essas áreas – observa.

“Nas áreas canavieiras, a maioria dasusinas faz a manutenção das rotas usadaspara o transporte de cana, que são as viasnão pavimentadas. E mantém essasestradas em bom estado de conservação.Infelizmente, há problema de legislaçãoque precisa ser adequado”, afirma.

O núcleo urbano se aproximou muitodas usinas mais antigas. E nas usinas maisnovas, a questão da logística é importante,pois há sempre uma estrada pavimentada

para trafegar – detalha. A solução hoje nãopassa só pela questão de trafegar pelasestradas sem pavimento. Mas, também emestradas pavimentadas.

“Temos que trabalhar e lutar peloaumento das capacidades permitidastambém nessas estradas pavimentadas,onde é preciso respeitar sempre a questãode peso por eixo. É o excesso de peso poreixo que pode danificar o pavimento. Issotem que ser mudado, aumentando onúmero de eixos, de 9 para 11, porexemplo”, diz.

Segundo ele, o mercado temdesenvolvido também novos equipamentos– que são modulados – e utilizam materiaisleves e resistentes.

“A minha percepção é que teremos, nofinal desse processo, uma legislação comlimites maiores para o transporte de carga.E, por parte da indústria, haveráequipamentos mais leves e resistentes, ouseja, com tara menor, com peso menor. Eassim sobra espaço para aumentar a cargalíquida transportada nas composições. Nosequipamentos já existentes, é possívelaumentar o número de eixos”, afirma. (RA)

Excesso de carga coloca em risco atividade do motorista

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A questão da atualização da “lei dabalança” tem sido um problema nacional dosetor que sentiu a necessidade de se mobilizarpara a mudança da legislação, de acordo comMário Campos. Em decorrência de autuaçõesem Minas Gerais e também no estado deGoiás, o setor percebeu que era preciso buscaralternativas, pois a aplicação das resoluções doContran tem um efeito drástico na reduçãoimediata dos volumes atuais transportados.

A preocupação é que a tese do MinistérioPúblico do Trabalho de Uberlândia, que teverápida receptividade pelo judiciário, se espalhepor outros polos canavieiros. “Para quem oproblema ainda não chegou, a situação é maisconfortável. Mas, um dia pode chegar”, diz opresidente da Siamig.

Para o diretor da Sigma ConsultoriaAutomotiva, de Bauru, SP, o engenheiromecânico Luiz Nitsch, a assinatura do TACem Minas Gerais abre um precedente, quepode ser considerado uma confissão tácita deque alguma coisa estava errada. Mas, elereconhece, no entanto, que a situação emMinas Gerais estava insustentável. “O acordofoi uma maneira de ganhar tempo. Se algumacoisa mudar mais adiante, esse TAC perdeforça e alguns itens deixam de valer”, avalia.

Não há fundamento na açãofiscalizatória do Ministério Público doTrabalho que considera risco para otrabalhador o transporte de cana em rodotremcom PBTC que exceda 74 toneladas, opinaLuiz Nitsch. Segundo ele, os atuaisequipamentos têm condições técnicas para

transportar, com segurança, volumes queultrapassam o Peso Bruto Total Combinadode 100 toneladas.

O consultor contesta também o uso da“lei da balança” por órgãos de trânsito com a

justificativa de preservar estradas e obras dearte. “Até hoje nenhuma ponte caiu. O asfaltodesgasta em alguns lugares por causa daqualidade do material que é péssima”,argumenta. (RA)

Projeto ampliaPBTC para 99 toneladas

Com o objetivo de propor uma soluçãopara o impasse existente no transporte decana, Luiz Nitsch elaborou um projeto queprevê uma mudança no rodotrem, com oaumento de 9 para 12 eixos. Essamodificação possibilita a ampliação doPBTC de 74 para 99 toneladas – informa.

A proposta de Luiz Nitsch, caso sejaadotada pelo setor, cria condições para queocorra o aproveitamento da frota jáexistente. O custo da reforma de cadaequipamento é em torno de R$ 90 mil –observa. Um protótipo do rodotrem, com12 eixos, já está sendo testado inclusive emuma unidade sucroenergética de Goiás háquatro safras, apresentando resultadosbastante positivos.

Segundo ele, a distribuição de pesopor eixo, nesse projeto, fica até abaixo doque a lei da balança preconiza. Mas, oPBTC — Peso Bruto Total Combinadoultrapassa o que é estabelecido pelalegislação. Existe também, neste caso, anecessidade de alteração de resoluções doContran. (RA)

Atualização da “lei da balança” mobiliza todo o setor

Luiz Nitsch

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ENTREVISTA — André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético

Três perguntas para André Rocha

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ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Como o senhor avalia as manifestações públicas porpolíticas favoráveis ao setor?

O setor se encontra desesperado. Diversos trabalhadoresperderam seus empregos, outros tantos estão em vias de perder,além dos que deixaram de ser contratados no início da safra. Amanifestação é algo natural, dado o cenário que vivemos, umavez que, também é um problema social. Municípios dependemdesta renda para manter sua economia. Essa não é umamanifestação política e nem partidária. É uma ação de um setorimportante para a economia nacional, que em algumas regiõeschega a ser fundamental e que precisa desesperadamente desocorro.

Como está o diálogo entre setor e governo?O Fórum Nacional Sucroenergético, as frentes parlamentares e

a indústria de base, buscam dialogar, mostrar os problemas e atépossíveis soluções. É um trabalho permanente e que tem avançado.Contudo, as soluções não vieram.

O aumento da mistura de anidro da gasolina traria fôlegoao setor?

Sim, mas não houve nenhuma mudança. Membros do governorepetem que o setor precisa definir as prioridades, ao invés depropor várias soluções. Mas quando o setor foca em alguns pontoso governo os rechaça. Por exemplo, sempre pedimos um papelclaro do etanol e da bioeletricidade na matriz energética brasileira,fato que o governo não definiu. Não estamos pedindo subsídio aoetanol como já foi mencionado por representantes do governo, massim, que nosso concorrente não o receba. Isso torna o mercadototalmente desigual e desleal.

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ALESSANDRO REIS, DA REDAÇÃO

A Unica – Uniãoda Indústria deCana-de-Açúcarconfirmou no dia 17de março, que o ex-ministro daagricultura RobertoRodrigues será indicado para o cargo depresidente do conselho da entidade napróxima assembleia extraordinária daentidade, marcada para o dia 20 de maio.

O ex-ministro assumirá o lugar doexecutivo Pedro Parente, atualpresidente da Bunge no Brasil, quedeixará o cargo executivo namultinacional em junho. Comopresidente do conselho da Unica,Parente deixou seu cargo no fim da safra2013/14.

Rodrigues, foi ministro daAgricultura do país de 2003 a 2006.Além de conhecer bem o setorsucroenergético, foi indicado, sobretudo,por sua competência política. Aexpectativa é que ao se juntar à atualpresidente-executiva da Unica, ElizabethFarina, o setor obtenha sucesso nasnegociações com o governo sobre asquestões mais pontuais. “Para mim foium privilégio receber o convite de algunsdos acionistas da Unica, para integrarnovamente ao setor que conheço bem, jáque nasci nele”, afirma o ex-ministro daagricultura.

Um dos temas pontuais de discussãocom o governo é a energia da biomassa,que pode suprir parte das necessidadesda matriz elétrica brasileira, nessemomento de crise energética e contribuircom o caixa das usinas. Setor e governodebateram o assunto no seminário “1ºde abril: dia da verdade sobre abioeletricidade”, realizado em Brasíliapelo Projeto Agora e pela FrenteParlamentar em Defesa do SetorSucroenergético; o setor externou sua

insatisfação à falta de incentivo dogoverno. Lá os líderes do segmentosucroenergético exigiram medidasemergenciais para incentivar mais abioeletricidade, como o leilão por fontese regiões. Todavia, está claro, que naatual conjuntura do setor, suaalavancagem depende mais de açõesefetivas de seus próprios players, quedevem encontrar soluções e saídas paravencer a crise.

Na safra passada o setor optou porum mix mais alcooleiro. Nesta safra, deacordo com especialistas que oJornalCana ouviu, há previsões de que ospreços do açúcar no mercado externoestarão em alta, dando ao produtor deaçúcar a oportunidade de fazer fixaçõesde preços acima dos níveis atuais.

A fusão de Copersucar e Cargill,anunciada em 27 de março, propondoum acordo para unir suas atividadesglobais de comercialização de açúcar emuma nova joint venture, que originará,comercializará e atuará no trading deaçúcar bruto e branco, visa aumentar aeficiência, a qualidade e os serviços nacadeia produtiva de açúcar.

Portanto, o setor precisa estar atentosobre quais serão seus próximos passos.Os mesmos problemas climáticos queprejudicarão, conforme especialistas, aprodução de cana no Brasil, tambémpode contribuir com os produtores deaçúcar brasileiros. Isto porque otravesso fenômeno climático, intituladoEl Niño, promete causar peripécias aomercado de açúcar internacional.

Quanto a viabilidade do Etanol 2G,que promete também rentabilizar o setorainda gera discussões. Os primeirosprodutores garantem que o subproduto éuma realidade, mas seu processo deprodução ainda gera discussões. Comtodas as nuances que o mercadoapresenta ao setor, saber onde apostarseus investimentos é fundamental, e é oque as próximas páginas pretendemindicar.

Setor que usar o melhor da experiência de ex-ministro

Roberto Rodrigues

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ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Início de safra éhora de analisar omercado para definiro mix de produçãonas usinas. Noúltimo ano, asunidades optarampor produzir mais etanol, principalmenteanidro, em função dos preços nãoremuneradores do conglomeradoaçucareiro.

Contudo, especialistas apontam queo setor sucroenergético é cíclico e osempresários precisam estar atentos. Deacordo com Júlio Borges, sócio-diretor daJob Economia, os preços do açúcarpodem melhorar no segundo semestre. “Omercado externo sugere preços em alta.Logo, o produtor de açúcar terá aoportunidade de fazer fixações de preçosacima dos níveis atuais”, diz.

No que diz respeito ao etanol, ésabido que em 2014 qualquer alteraçãona política de combustíveis é improvável,já que estamos em ano de eleição e apolítica populista exercida até o momentodeve continuar.

Assim, surge uma oportunidade domercado voltar a ser açucareiro, apesar

da cautela dos empresários. “Tudo vaidepender dos preços do açúcar emrelação aos do etanol. O produto queremunerar melhor será o preferido dasusinas na produção da nova safra”,explica Borges.

O consultor fala ainda da forteestiagem que atinge a região Centro-Sul,que deve provocar uma quebraconsiderável na safra 2014/15. Para seter ideia, em 7 de abril, o SistemaCantareira, o maior administrado pelaSabesp - Companhia de SaneamentoBásico do Estado de São Paulo, chegou aseu mais baixo nível da história, com 13%de sua capacidade. No mesmo dia do anopassado, o nível do reservatório estava em62%. “É justamente em função da secaque os preços externos do açúcar estãoem alta neste momento. Com isso, asusinas têm adotado uma posturacautelosa”.

As intempéries climáticas afetam,também, a chamada ‘lei de oferta xdemanda’, que rege as oscilações domercado. “A condição de abastecimentointerno de açúcar e etanol está maisrestrita que o registrado na safra2013/14. Isto porque teremos menorprodução com demanda crescente, o quetende a deixar também as exportaçõesmenores”, finaliza Borges.

Mercado de açúcar serámelhor no segundo semestre

Júlio Borges: mercado externo sugere preços em alta

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Copersucar eCargill anunciaram,em 27 de março, umacordo para unir suasatividades globais decomercialização deaçúcar em uma novajoint venture, que originará, comercializaráe atuará no trading de açúcar bruto ebranco. As envolvidas terão umaparticipação igual de 50% e depende deaprovação das autoridades regulatórias,esperada para o segundo semestre de2014.

A joint venture visa aumentar aeficiência, a qualidade e os serviços nacadeia produtiva de açúcar. Concluído emum momento de margens apertadas nosetor sucroenergético, o acordo deve gerareconomias e ganhos de escala para asempresas, que possuem negócioscomplementares.

Luís Roberto Pogetti, presidente doConselho de Administração da Copersucar,comenta a negociação. “Com a novaempresa, reforçamos a estratégia deconsolidar nossa presença global nomercado de açúcar, além do modelo denegócios diferenciado, baseado na oferta

em larga escala, capacidade logística eintegração de todos os elos da cadeia, dosprodutores aos clientes”.

A Copersucar une a produção de 47usinas sócias e 50 usinas parceiras em umsistema integrado de logística, transporte,armazenamento e vendas. Já a Cargill,destaca-se pela capacidade logística emvárias regiões do mundo.

Olivier Kerr, vice-presidentecorporativo da Cargill, explica.“Acreditamos que a sólida capacidadeanalítica de nossas equipes de trading ecomercialização combinada com apresença global dessa nova joint ventureoferecerá aos nossos clientes umentendimento único do mercado global”.

A nova empresa será uma jointventure independente de suas duascontroladoras com um novo nome, a seranunciado quando a transação forconcluída. As atividades de trading serãosediadas em Genebra, na Suíça.

Não fazem parte dessa transação osnegócios de etanol e os ativos fixos dasduas empresas, como terminais e usinas.Essas atividades continuarão sendonegócios separados, individualmentecontrolados pela Cargill e Copersucar.

Copersucar e Cargill se unemTerminal da Copersucar em Santos

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Maio 2014MERCADO 30

ENTREVISTA: Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer Consulting

“Fusão entre Copersucar e Cargilldiminui chance de negociaçãopara as usinas menores”

Ao projetar omercado de açúcarna safra 2014/15 épreciso lembrar dafusão entreCopersucar e Cargill,duas gigantes que seunem e afunilam ainda mais os nichos decomercialização.

De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa,gestor de riscos da Archer Consulting, oacordo é excelente para as empresasenvolvidas, mas ruim para as usinas depequeno porte, que perdem umcomprador em potencial.

Em entrevista ao JornalCana, oespecialista fala sobre o assunto etambém traça um panorama do mercadoaçucareiro para a safra 2014/15.

JornalCana: Em função doscontratos firmados até o momento, quepanorama é possível traçar?

Arnaldo Luiz Corrêa: O mercado,em termos de preço, deve ser melhor nosegundo semestre. Isso porque teremosuma ideia mais consistente em relação aprodução da safra. Vejo que justamenteestes números vão colocar os preços doaçúcar em um patamar mais elevado secomparado ao que temos hoje. Issosignifica que serão mais remuneradorespara as usinas.

A forte seca que atinge o Centro-Sul tem influenciado o mercado?

Sem dúvida nenhuma estamossentido na pele. O mercado subiu emfunção da percepção de que teremos umasafra bem menor do que estávamosesperando. Previa-se um crescimento no

número de cana, mas a seca mudou tudo.Toda essa expansão, que faria com que oCentro-Sul moesse em torno de 620milhões de toneladas de cana, não vai seconcretizar. Já se fala em algo próximo a575 milhões de toneladas, númeroinferior ao do ano passado.

Como podemos definir omomento?

Não podemos nos enganar. Omercado não é bom em termos de solidez,haja visto que temos muitas usinas emdificuldade. Outro detalhe recente é afusão da Copersucar com a Cargill, queimplica em um player a menos no que dizrespeito a comercialização de açúcar.

O acordo afeta as usinas?Estamos falando de um comprador a

menos no mercado. Então, as usinasmenores tendem a ter mais dificuldade. Achance de negociar e ter alternativasdiminui e não será fácil para as usinaspequenas.

As tradings são ruins para o setor?O mercado mundial de açúcar fica

mais forte, pois está nas mãos de pessoascom mais oportunidades. Por outro lado,ele enfraquece a origem, que no caso, sãoas usinas. Em linhas gerais, para omercado, não é bom. Para as duasempresas, é maravilhoso. Uma grandeestratégia traçada.

As empresas tendem a se unir?O setor já passa há muito tempo por

uma fase de concentração de negócios.Aliado a isso, a política de combustíveisdo governo, que congelou o preço dagasolina, vem matando o setor. Issoprovoca uma fuga de novosinvestimentos, torna um investidor

potencial em arredio. Ninguém imaginavaque as consolidações fossem dessamaneira.

Qual o caminho para as usinas demenor porte?

Precisam se estruturar eprofissionalizar cada vez mais. É umcaminho sem volta.

A safra tende a ser alcooleira ouaçucareira?

Temos uma diminuição do superávitde açúcar no mundo, assim como um

crescimento anual no consumo decombustível em função dos carros flex etambém do aumento da frota. Só comessa demanda, precisaríamos teraproximadamente 35 milhões detoneladas de cana a mais e não teremos.Muito pelo contrário. Isso fará com que acana seja disputadíssima entre seproduzir etanol anidro ou açúcar. Vaidepender muito da arbitragem, dospreços negociados no mercado interno eexterno.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Energia da biomassapode suprir parte dasnecessidades da matrizelétrica neste momentode crise energética

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Em tempos decrise energética e deriscos de apagão,muito se questionasobre o papel dabioeletricidade, quepode gerar rendaextra para o produtor e suprir parte da faltade energia no país, tornando-se uma luz nofim do túnel para a matriz elétricabrasileira. No seminário “1º de abril: dia daverdade sobre a bioeletricidade”, realizadoem Brasília pelo Projeto Agora e pela FrenteParlamentar em Defesa do SetorSucroenergético, o setor externou suainsatisfação à falta de incentivo do governo.Lá os líderes do segmento sucroenergéticoexigiram medidas emergenciais paraincentivar mais a bioeletricidade, como oleilão por fontes e regiões. Um dosmoderadores do debate, o deputadoArnaldo Jardim, presidente da FrenteParlamentar pela Valorização do SetorSucroenergético, diz que o segmento precisade uma nova lógica de leilão. “Precisamosde mudanças pela relação amigável dabioeletricidade com o meio ambiente, pelageração de empregos, pelo custo e por seruma alternativa complementar de rendaneste momento difícil, que coloca em risco aprópria existência do setor. Foram 48usinas fechadas nos três últimos anos, porisso, necessitamos de uma politica públicaque contemple a bioeletricidade”, avalia.

A atual sistemática dos leilões leva emconta apenas o menor preço para a

demanda especificada pelas distribuidoras,independente do local de geração daenergia e sua fonte. Por isso, o secretário deEnergia do Estado de São Paulo, José

Aníbal, acredita que o modelo aplicado nosleilões de energia deve mudar paravalorizar a biomassa. “É preciso consideraras externalidades e as particularidades de

cada fonte por região. Cada Megawattgerado pelo setor emprega quatro vezesmais pessoas do que outro tipo de fonte deenergia”.

Elizabeth Farina, presidente da Unica,afirma que as fontes são complementares eo país não pode se dar ao luxo desubutilizar o potencial da bioeletricidade.“Precisamos de política de longo prazopara a bioeletricidade, mais do que o queestá previsto no Plano Decenal. Paraalavancar a bioeletricidade no país, alémdos leilões por fontes e por regiões,precisamos ter preços remuneradores. Sehouvesse a alteração do limite de injeção de30 Megawatts para 50 Megawatts, comdireito a desconto na tarifa de uso na rede,seria possível gerar uma oferta adicional de100 Megawatts médio, ou um aumento de6% na oferta de energia na safra 2014/15.Precisamos de ações para viabilizar osretrofits e o aproveitamento da palha. Tudoisso atrairia novas usinas exportadoras,pois apenas 40% delas vendem energia”,lembra.

Bioeletricidade poder ser luz antiapagão no final do túnel

O questionamento do setorsucroenergético sobre o motivo do governonão acelerar o incentivo à bioeletricidadechegou a um debate realizadorecentemente em Brasília. Na ocasião,Altino Ventura Filho, secretário dePlanejamento e DesenvolvimentoEnergético do Ministério das Minas eEnergia, afirmou que o problemaconjuntural enfrentado pelo setorsucroenergético é o grande entrave para oavanço e incentivo da bioeletricidade. “Ogoverno sabe da importância da biomassana matriz energética brasileira, e sabe dasdificuldades que o setor enfrenta naatualidade. O plano governamental nãosegue no ritmo esperado, porque o setorestá enfrentando problemas por conta doclima, e da competição do etanol comgasolina e isso provocou a falta ou alentidão dos investimentos na renovação

nos canaviais”.Ele revela que das 57 usinas que o

MME acompanha a produção de energiaem capacidade instalada que entraram nosleilões, dos 1380 Megawatts médio deenergia garantida, apenas 818 Megawattssão gerados na atualidade, menos do que osistema tinha expectativa de receber. “OPlano Decenal de Expansão de Energiapretende dobrar a capacidade instalada dabiomassa de 10 mil Megawatts, para algoem torno de 20 mil Megawatts. Dessaforma, a biomassa saltará de 8% para 10%de sua capacidade instalada. Mas para osetor crescer em bioeletricidade precisa terganho de eficiência e produtividade. Aquestão ambiental, no quesito licençasambientais, também dificulta a viabilidadede projetos energéticos. O Brasil precisa de7 a 8 mil Megawatts por ano de novasinstalações para suprir a demanda. E

dentro disso, desejamos que a biomassacontinue se desenvolvendo de formasustentável”, enfatiza.

Em defesa do setor, Elizabeth Farina,presidente da Unica, explica que abioeletricidade é fundamental para fechara equação financeira econômica dosegmento e tem grande representatividade.“Foram realizados muitos investimentosem bioeletricidade de 2008 a 2013, já queos desembolsos do BNDES totalizaram R$6,7 bilhões. A receita do setor em 2012/13foi acrescida em R$ 2,9 bilhões pelabioeletricidade, o que representa 4% dareceita total. A bioeletricidade fornecida àrede em 2013 equivale a 8 milhões deresidências atendidas. Em 2013, abioeletricidade fornecida à redeeconomizou 7% das águas dosreservatórios e evitou emissão 7,5 milhõesde toneladas de CO2”, diz. (AM) Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen

Modelo aplicado nos leilões de energia deve valorizar a bioeletricidade

Situação financeira do setor dificulta ação do governoAltino Ventura Filho

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SEIS AÇÕES PARAALAVANCAR ACOMERCIALIZAÇÃO DABIOMASSA DA CANA

1 - LEILÕES REGULARES DEVEMCONTEMPLAR FONTESREGIONAIS

“É preciso realizar leilões regulares porfontes e regiões para aproveitar asparticularidades e externalidadesdas fontes”.

Altino Ventura Filho, do MME

2 - PREÇOS REMUNERADORESQUE RECONHEÇAMEXTERNALIDADES EVANTAGENS DE CADA FONTE

“Ações que contribuam para viabilizarretrofits e para o aproveitamento dapalha, atrairão novas usinasexportadoras, pois apenas 40%delas exportam energia. Dessaforma, seria possível melhorar acompetitividade do etanol e ascondições para a energia”.

Elizabeth Farina, presidente da Unica

3 - DESCONTO DE TARIFA NO USODA REDE

“Uma alteração do limite de injeção deenergia de 30 megawatts para 50megawatts, com direito a descontona tarifa de uso na rede, pode geraroferta adicional de 100 megawattsmédio já na próxima safra”.

Elizabeth Farina, presidente da Unica

4 - DEFINIR MELHOR ASNECESSIDADES

“O setor sucroenergético precisadetalhar quais os principaisincentivos para os investimentosque necessita para alavancarprojetos de bioeletricidade, como:valor dos preços nos leilões enecessidade de linhas detransmissão”.

Mendes Thame, deputado federal

5 - ESTABELECER METAS VIÁVEISDE CURTO PRAZO

“Cada megawatt gerado pelo setoremprega quatro vezes maispessoas do que outro tipo de fontede energia. O segmento precisaestabelecer metas viáveis de curtoprazo e o parlamento precisa tomardecisões nesse sentido”.

José Aníbal, secretário de energia de SP

6 - PREÇO DO MWH DE ENERGIAEXPORTADA NOS LEILÕESPRECISA SUPERAR OS R$200,00

“O incentivo que o empresário precisapara investir no setor debioeletricidade é uma correção dospreços de comercialização. Osempresários do setor investemporque querem ganhar dinheiro”.

Pedro Mizutani, vice-presidente daRaízen

Uma campanhaque valorize opotencial dabioeletricidade e queenvolva toda cadeiaprodutiva,comunidade e ogoverno. Essa é a sugestão de OnórioKitayama, consultor da NasconAgroenergia. “Para se tentar evitar umracionamento ou até mesmo falta deenergia elétrica, as térmicas sujas e carasestão gerando nas suas capacidadesmáximas. Por outro lado, o momento dosetor sucroenergético também é muitoruim, pela política de preços doscombustíveis líquidos, e pela equivocadainterpretação da modicidade tarifáriaque impede o aproveitamento dopotencial de bioeletricidade existente nosetor”, avalia.

O consultor explica que os alertas,sugestões, apelos e até críticas feitas pelosetor não estão sendo considerados naanálise da modicidade tarifária para oaproveitamento do potencial do segmento,por isso orienta uma mudança deestratégia. “Devemos elaborar um plano demaximização da geração, com oaproveitamento do bagaço da usina quenão gera, e aperfeiçoar o aproveitamentoda palha na safra para aumentar ocombustível e gerar também em dezembro,janeiro, fevereiro ou dependendo dasnecessidades do setor elétrico ou do clima”,explica.

Para ele, o setor deveria anunciar esseplano de esforço de máxima geração,mostrando claramente, que essa ajudaficaria limitada pelo cerceamento doaproveitamento de todo o potencial dasusinas. “Seria uma demonstração aogoverno do real potencial de economia deágua nos reservatórios e o que essa geraçãoteria um custo bem menor. Nesse plano

seriam envolvidos o setor sucroenergético(produtores, entidades de classe), o setor deenergia elétrica, governo e a sociedade civil,pois a campanha deveria ser muitodivulgada na mídia, esclarecendo emostrando a ineficiência e a insegurançado sistema”, diz.

Potencial das caldeiras – Segundopesquisa divulgada em 2010 pelo CTC, 2%das 128 usinas consultadas possuíamcaldeiras com idade menor que 40 anos;11% de 10 a 20 anos; 19% possuíamcaldeiras com mais de 10 anos deexistência; 31% de 20 a 30 anos e 37% de30 a 40 anos.

O engenheiro mecânico, RaulBragheto, gerente comercial da Uni-Systems do Brasil, explica que hoje o setorde bioenergia de cana no Brasil ainda émuito tradicionalista e opta por caldeirasconvencionais de grelhas com lavador degases úmidos e com classes de pressão emtorno de 900 Psi, diferente dos clientes doexterior que utilizam caldeiras com sistemade queima por leito fluidizado e sistemasde depuração de gases, comoprecipitadores eletrostáticos e filtros de

mangas com sistemas de dessulfurização.“Estas caldeiras possuem flexibilidade paraqueimar distintos combustíveisdiferentemente das caldeiras convencionais(caldeiras de grelha). Além disso, o leitofluidizado permite um controle deemissões, principalmente de anidridossulfurosos, junto com a queima docombustível”, diz.

Segundo o engenheiro, as inovaçõesno setor de caldeiras para cogeração deenergia deve levar em conta oaprimoramento e utilização de materiais eaços liga na fabricação das caldeiras,principalmente nas partes de pressão etrocas de calor, visando uma melhoreficiência. “Na queima de caldeiras,atualmente o setor utiliza sistemas antesimplantados somente em indústrias dewaste energy, papel e celulose, entre outrossetores mais exigentes como a de leitofluidizado borbulhante, leito fluidizadocirculante e leito fluidizado circulanteatmosférico. Atualmente o setor de geraçãode energia não busca apenas caldeiraseficientes energeticamente, mas tambémecologicamente eficientes”, finaliza. (AM)

Os preços desatualizados da energiaexportada também foi tema de debaterecente em Brasília. Durante o “1º de abril:dia da verdade sobre a bioeletricidade”,Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen,avaliou que o preço do MWh de energiaexportada nos leilões deveria superar os R$200,00. Em um retrospecto rápido, disseque foi um grande avanço quando ogoverno incentivou os preços a R$154,00/MWh no passado, mas para ele, omomento atual não remunera e nem animaos empresários. “Hoje nada é incentivadorpara o empresário investir no setor debioeletricidade, se não corrigir os preços.Atualmente o preço está em R$141,00/MWh. O setor tem como dobrar aprodução de energia oferecidos ao sistema,se o preço melhorar. Hoje temos potencialde 5 Gigawatts de energia e produzimosapenas 1,7 Gigawatts. Precisamos de

medidas emergenciais. Somos um produtosustentável, energia rápida, concentrado nomaior centro consumidor. Pedimos a Aneelincentivo ao sistema de transmissão,desoneração de PIS e Cofins, de ICMS, issoajuda no preço, mas queremos incentivopara o empresário investir. Ele investeporque quer ganhar dinheiro, pois a funçãodo empresário é ganhar dinheiro”, diz emtom de desabafo.

Ele explica que a Raízen poderá dobrara capacidade de geração se utilizar os diasnão efetivos e de chuvas e usar turbinas decondensação. Dessa forma será possívelgerar 9% a mais de energia. “Na entrassafracom uso de turbina, palha e bagaçopoderemos produzir 18% a mais, seusarmos os retrofits poderemos produzir81% a mais. Essa é a realidade de todasusinas do setor que produzem energia”.

Indignado, Mizutani diz não entender

porque com risco de apagão, o governoprefere utilizar térmicas sujas (de fontes nãorenováveis) para gerar energia. “Por que nãoincentivar o setor sucroenergético? O setorestá em dificuldades e a indústria de baseestá falindo. Como cumprir as perspectivasestabelecidas pelo governo?”, lembra.

Onório Kitayama, consultor da NasconAgroenergia afirma que poderia ocorreruma sinergia com a produção de açúcar,etanol e bioeletricidade, e que tornaria osetor sucroenergético mais competitivo econtribuiria para minimizar a criseeconômica e financeira, mas infelizmente éprejudicada por ações equivocadas dogoverno. “Em função disso, temos usado acrise energética, já detectada no anoanterior, para apontar esses erros, e no casoda bioeletricidade, alertando o governo danecessidade de aperfeiçoar o modelo dosetor elétrico brasileiro”, enfatiza. (AM)

Preço do MW deveria ultrapassar R$ 200,00

Campanha pode esclarecer

potencial da bioeletricidade

Onório Kitayama

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ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

A crise econômica do setorsucroenergético, que trouxe queda deprodutividade nos canaviais, fez comque as pesquisas em torno do etanolde segunda geração ganhassem aindamais importância. A tecnologiapromete um aumento significativo naprodução de biocombustível com a mesma quantidade dematéria-prima, que pode trazer fôlego aos caixas dasempresas.

Assim como toda novidade, dúvidas e curiosidadedespertam o interesse de quem vive de cana-de-açúcar.GranBio, Raízen e CTC – Centro de Tecnologia Canavieirasaíram na frente e vão inaugurar suas plantas ainda em2014.

Em março, a Sinatub Tecnologia, em parceria com aProCana Brasil, realizou o 1º curso técnico sobre etanol2G, oportunidade em que mais de 70 especialistaspuderam debater sobre o assunto. Do encontro, algunspontos foram colocados como importantes para seremdiscutidos. Como se encontra a questão dos custos dasenzinas? Haverá mais dificuldades do recolhimento dapalha no campo?

E as opiniões divergem até mesmo entre as empresasque estão no negócio. De acordo com Alan Hitner, vice-presidente da GranBio, empresa pioneira no negócio noBrasil, o objetivo de fazer com que o combustível seja mais

competitivo do que o etanol de 1ª geração está próximo."Posso garantir que já estamos conseguindo isso", disse.

Já Evandro Curtolo da Cruz, gerente de NovasTecnologias da Raízen, evita afirmar que a tecnologia serámais barata em um primeiro momento. O representanteexplica que a Raízen trabalha com um prazo de dois anospara afinar todas as etapas do processo, e então, equipararo custo do 1G com o 2G.

Fator preponderante para a questão dos preços são asenzimas. Por não serem fabricadas no Brasil, representamum alto investimento e as empresas buscam formas debaratear a importação do produto. “O desenvolvimento de

enzimas, cada vez mais eficientes, é feito de formaconsistente ao longo de vários anos e será aceleradoquando a escala comercial de etanol celulósico for atingida.Acreditamos que por meio da parceria entre Raízen eNovozymes atingiremos um patamar de custos bastantecompetitivo nos próximos anos”, explica Cruz.

Sobre a questão do recolhimento da palha no campo,que poderia aumentar ainda mais os custos de produção, orepresentante da Raízen explica. “Pretendemos enfrentareste desafio trazendo a palha juntamente com a cana eutilizando os sistemas já disponíveis em escala comercialpara separação desta”.

Em Munique, na Alemanha, a Clariant produz apartir da palha do trigo cerca de 2,5 milhões de litros docombustível de segunda geração por ano. De acordo com odiretor de Biocombustíveis da Clariant, Markus Rarbach,se o Brasil consegue transportar milhões de toneladas decana para as usinas, a palha não será problema. “Ademanda de matérias-primas para a produção de etanolcelulósico será menor do que isso”.

José Pradella, pesquisador do CTBE - LaboratórioNacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, lembra de outro gargalo, dessa vez, fora dos canaviais eda indústria. Ele afirma ser necessária a criação de umapolítica que regulamente a tecnologia no setor. "Seempresas de todo o mundo estão vindo para cá em buscadessa tecnologia, é óbvio que o governo precisa criar umapolítica de regulamentação. Isso é uma riqueza nacional.E isso precisa ser feito logo, em no máximo quatro oucinco anos¨.

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GRANBIO� Unidade: Bioflex Agroindustrial� Localização: São Miguel dos Campos, AL|� Capacidade: 82 milhões de litros ao ano� Previsão de início: Primeiro semestre de 2014

RAÍZEN� Localização: Piracicaba, SP� Capacidade: 40 milhões de litros ao ano� Previsão de início: Segundo semestre de 2014

CTC� Localização: São Manuel, SP� Capacidade: Escala semi-industrial� Previsão de início: Junho de 2014

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Viabilidade do Etanol 2G ainda gera discussões

Destilaria da Usina Costa Pinto, em Piracicaba, que também produzirá etanol 2G

Planta de etanol 2G da GranBio

Markus Rarbach: demanda de

matérias-primas para etanol celulósico será menor

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Maio 2014MERCADO36

Ainda em caráter experimentalmas já de olho no futuro, o CTC –Centro de Tecnologia Canavieira seprepara para o etanol 2G. Suafábrica, que será acoplada com aUsina São Manoel, no interior de SãoPaulo, se utilizará de procedimentosda fabricação tradicional, acrescentando as tecnologiasnecessárias para o processo. A previsão do início deoperação da planta é junho de 2014.

Contudo, com os vários debates sobre o assunto,alguns gargalos foram surgindo em relação ao processo defabricação. Especialistas apontam, por exemplo, umamudança no processo de fermentação do etanol 2G emrelação ao convencional.

Essa e outras questões foram respondidas por CéliaGalvão, pesquisadora líder de projeto no CTC, que ementrevista ao JornalCana, passou detalhes de como aempresa pretende encarar os novos desafios.

JornalCana: Em 2014 o CTC inaugura sua fábricade etanol 2G. O que foi preciso para viabilizar atecnologia no Brasil?

Célia Galvão: A tecnologia para essa produção vemsendo desenvolvida e aprimorada pelo CTC desde 2007 eagora em 2014 será lançada em escala semi-industrial paravalidação definitiva. Nesta trajetória rumo à viabilização datecnologia no Brasil, foi fundamental o entendimento deque era preciso oferecer ao setor uma alternativa quetivesse total aderência ao processo de primeira geração jáexistente na usina e que fosse desenvolvida especificamentepara a biomassa brasileira, ou seja, para a biomassa dacana-de-açúcar (bagaço e palha). Além disso, outro pontode extrema relevância foi o estabelecimento de parceriasestratégicas com uma usina de açúcar e etanol para sediaro projeto, uma empresa de engenharia e uma empresa doramo de equipamentos.

Quanto foi investido?Este projeto conta com investimento de

aproximadamente R$ 80 milhões, parte da verba de R$350 milhões provenientes do Projeto Paiss - PlanoConjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos

Setores Sucroenergético e Sucroquímico, comfinanciamento do BNDES - Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social e da Finep -Financiadora de Estudos e Projetos.

Especialistas indicam que haverá dificuldade emrecolher palha no campo. Como pretendem lidar com odesafio?

O CTC já vem trabalhando em uma solução quepermita trazer algo em torno de 50% da palha que fica nocampo, de forma viável tanto técnica quantoeconomicamente, com vistas à disponibilização de maiorquantidade de bagaço para produção de etanol, semcomprometimento do balanço energético da planta, ouseja, garantindo fornecimento de energia tanto para aplanta de primeira quanto de segunda geração. Esteprojeto está focado principalmente na questão doenfardamento de palha.

Sobre as enzimas utilizadas, como foi possívelbaixar os custos e tornar a produção comercial viável?

Desde o início do projeto estamos estudando diversasiniciativas que possibilitem disponibilizar ao mercado umamplo leque de opções para o fornecimento das enzimasnecessárias no processo, de modo a tornar o custo final doproduto, o etanol celulósico, cada vez mais baixo ecompetitivo.

Estimam-se que o etanol celulósico seja maisbarato que o convencional?

Sim. O objetivo das pesquisas desenvolvidas pelo CTCé de que o etanol de segunda geração chegue aoconsumidor com preço mais acessível e com desempenhoidêntico ao do biocombustível de primeira geração.

Para o consumidor final, além das vantagensambientais, o novo processo, quando implantado em largaescala, permitirá estabelecer novos negócios, com aprodução de outros equipamentos e insumos sustentáveiscom geração de empregos de alta qualidade. O etanolcelulósico recoloca o Brasil na liderança mundial dosbiocombustíveis e leva riqueza para o interior do País.

Outro ponto debatido é a mudança da fermentaçãodo etanol 2G em relação ao convencional. Comofunciona e qual a diferença entre elas?

A tecnologia CTC prevê um processo de fermentaçãode C6 (açúcares típicos do processo 2G) completamenteintegrado à primeira geração, ou seja, utilizando a mesmainfraestrutura (equipamentos) atualmente instalada nasusinas e também a mesma levedura (Saccharomycescerevisiae). Com a maturidade da tecnologia e a partir douso de leveduras mais especializadas que as atualmenteempregadas no processo 1G, será possível tambémfermentar açúcares que hoje não estão disponível noprocesso convencional (C5). Esta fermentação poderáocorrer tanto de forma simultânea, na mesma dorna defermentação, como separadamente. A tecnologia paradisponibilização ao mercado de uma levedura capaz defermentar com alta eficiência esses dois tipos de açúcares(C5 e C6) ainda está sob desenvolvimento e suaviabilização é de crucial importância para o processo deprodução de etanol 2G. (AR)

ENTREVISTA: Célia Galvão, pesquisadora líder de projeto no CTC

Célia Galvão, pesquisadora do CTC

“O objetivo é que o etanol de 2G chegue aoconsumidor com preço mais acessível edesempenho idêntico ao convencional”

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Outubro/2013 MERCADO 37

Fim do sistema de quotas para mercadoeuropeu excluirá açúcar brasileiroPATRICIA BARCI, DE RIBEIRÃO PRETO, SP

A produçãoeuropeia de açúcarpode chegar a 20milhões de toneladas,após o fim das quotaspara importação em1 de outubro de 2017, de acordo comdados da Rabobank Internacional.Atualmente, limitada pela política dequotas, a produção de açúcar devenecessariamente ser de 13,3 milhões detoneladas. A União Europeia consomeatualmente cerca de 17 milhões detoneladas de açúcar por ano,consequentemente, pelo sistema de quotas,3,3 milhões de toneladas devem vir de fora,de acordo com dados do Departamento deAgricultura e Desenvolvimento Rural daComissão Europeia.

Com a possibilidade de monopólio demercado, os produtores da UniãoEuropeia podem aumentar a produçãosem restrição alguma, exportando a ofertaexcedente para os mercadosinternacionais.

De acordo com Ian Bacon, presidenteda Tate and Lyle Sugars, um dos maioresfabricantes de açúcar do Reino Unido e daEuropa, o fim do sistema de quotas para o

mercado de açúcar na Europa é inevitávele tem acontecido gradualmente até atingirseu ápice em 2017.

"Esta medida se fazia necessária paravalorizar o nosso próprio açúcar, e acreditoque isso irá excluir totalmente o açúcarbrasileiro do mercado até 2017. Tanto obrasileiro quanto o australiano, quanto ocubano. Com a presença das barreiras deimportação não terá como se manter nonosso mercado. Se analisarmos bem, já épossível perceber essa dificuldade decompetitividade nesses últimos anos", disse

Para Rob Vierhout, Secretario Geralda e-Pure, a grande mudança de mercadoacorrerá um pouco mais adiante, maisprecisamente em 2020, e envolverá tanto omercado de açúcar quanto o de etanol.

“ O que sabemos é que após 2020 aatual legislação terá um fim. Para 2017,na minha opinião, é que qualquerprevisão ainda é um tanto incerta. Peloque posso ver, entre os europeus aindaexiste muita discordância, no que serefere à esse tipo de legislação. Se eutivesse a oportunidade de apostardinheiro com alguém, em relação ao quevai acontecer eu não apostaria, porqueprovavelmente perderia dinheiro. O queacontece dentro dessas reuniões com aComissão Europeia é sempre muitoimprevisível”, explica. Ian Bacon, presidente da Tate and Lyle Sugars

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Maio 2014PRODUÇÃO38

Ferramentas facilitamtomada de decisões eimpulsionamprodutividade

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Apesar dos desafios que o setorsucroenergético vem enfrentando nosúltimos anos, principalmente na áreaagrícola, a Usina Açucareira Guaíra só temo que comemorar. Isso porque foi eleitapelo CTC (Centro de TecnologiaCanavieira) e o Grupo Idea, como UsinaCampeã Brasileira de ProdutividadeAgrícola – Safra 2013/14. A empresaobteve na safra em questão a produtividademédia de 103,5 toneladas/ha, consideradaa maior produtividade do ano entre as maisde 250 usinas que disponibilizam seusdados ao CTC. Tal resultado advém, entreoutros fatores, da aplicação da mais altatecnologia de produção da cana-de-açúcar.Neste sentido, para auxiliar nos expressivosresultados, a unidade utiliza desde 2009, assoluções da iLab Sistemas paraplanejamento e otimização, que auxiliamna tomada de decisões (iRef, iPlan, iCol,iFrota, iPop e iMap). Marcelo Ulian, gerentede planejamento agrícola da Guaíra,explica que o uso disciplinado das

ferramentas é fundamental para aorganização e otimização dos recursos, oque leva a melhores resultados. “Colheruma determinada variedade dentro doperíodo adequado, por exemplo, evita queela isoporize. Isso evita perdas de açúcar ede produtividade. Então podemos dizer queessa gestão ajuda a melhorar nossosíndices”, lembra.

De acordo com o Programa deBenchmarking CTC - Safra 2013/2014 dedezembro último, a Usina conquistouimportante índice: o maior ATR de cana

própria da região de Ribeirão Preto (SP)com 135,65 kg por tonelada de cana; maiortonelada/ha de cana soca com 95,9 e 14 deTAH (tonelada de ATR por ha), o maior dopaís. “Notamos que 43,30% da área colhidanesta safra está acima do quarto estágio, oque significa maior longevidade docanavial. Também somos a única unidadedo programa a atingir 14 toneladas deATR/ha”, diz Ulian.

Ulian explica que nos últimos anos aempresa tem obtido excelentes índices,como produtividade e ATR. “Acreditamos

ser resultado de práticas corretas,envolvendo um bom manejo de todas asetapas do processo produtivo. Entendemosque com certeza ganhamos muito com asferramentas implantadas, já queconseguimos planejar levando emconsideração o que é essencial, eliminandofalhas que antes não conseguíamosenxergar. À medida que executamos nossosplanos, passamos a ter maior domínio dagestão e conseguimos administrar osrecursos de maneira mais eficiente”,lembra.

Usina Guaíra é campeã brasileira de produtividade agrícola de 2013/14

Unidade alcançou produtividade média de 103,5 toneladas/ha

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Maio 2014PRODUÇÃO40

Planejar a colheita para toda umasafra, através da simulação de diferentesestratégias que considerem não apenasas informações relativas às áreas decultivo e projeção de qualidade damatéria-prima, mas, também, asrestrições logísticas, os requerimentosindustriais e os critérios de seleção emanejo agronômico otimizando osresultados finais, de produtividade e demargem de contribuição, é o desafioresolvido por um dos sistemas da iLab.Trata-se do iCol – Sistema dePlanejamento de Colheita, que conseguedeterminar a data ideal de corte da canapara cada talhão. Essa é uma dasferramentas de destaque na UsinaAçucareira Guaíra, que auxiliou aempresa nas tomadas de decisões eresultou na produtividade média de103,5 toneladas/ha na safra 2013/14.“Através da simulação de cenáriosagrícolas passamos a enxergarproblemas que antes atrapalhavam osprocessos, mas não eram visíveis, econseguimos corrigi-los antes de executaruma tarefa”, ressalta o gerente deplanejamento agrícola da Guaíra,Marcelo Ulian.

Segundo o gestor, não adianta terum canavial bem cuidado, bom perfilvarietal e não realizar corretamente a

colheita. “Podemos ter grandes perdas senão fizermos um bom planejamento eprocurarmos ter a maior aderênciapossível. Neste sentido o iCol nos auxiliamuito, pois hoje conseguimos inserir asvariedades dentro de seu período e idadeadequados e extrair o máximo delas,tanto em produtividade como tambémem ATR, e automaticamente, colocando-a em condições de ser colhida da mesmaforma no ano seguinte”, frisa.

De acordo com Ulian, com essaferramenta é possível fazer análisespara ver em que pontos a estratégia,delineada pelos gestores agrícolas,através de regras e restrições, não estáatendendo e ajustar até que se consiga oideal. “Algo interessante nesse sistematambém é que ele pode trabalhar commeu histórico de curvas de maturação,ou seja, estará sempre tentando colheras variedades no pico de maturação,levando em consideração ocomportamento delas na minha região.Quando fomos implantar esses sistemasconsideramos outros fornecedores evisitamos vários clientes. Percebemosque a iLab tem maior credibilidade nomercado e seus sistemas estavamimplantados na maioria das usinas.Então, não tivemos dúvida”, dizMarcelo Ulian.

Sistema para planejamento decolheita simula cenário futuro

Marcelo Ulian, gerente de planejamento agrícola da Usina Guaíra

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Maio 2014 PRODUÇÃO 41

A gestão Agrícola e Logísticada Usina Açucareira Guaíraganhou, nos sistemas iLab,importantes aliados que auxiliama empresa na tomada de decisõesatravés de técnicas e ferramentasde otimização. As ferramentastornaram-se tão importantespara os resultados da empresaque a Guaíra, pelo segundo anoconsecutivo, foi eleita pelo CTC(Centro de TecnologiaCanavieira) e Grupo IDEA,Usina Campeã Brasileira deProdutividade Agrícola – Safra2013/14, com média de 103,5toneladas/ha. Um dosentusiastas da tecnologia da iLabSistemas é Eduardo Junqueira,sócio-diretor da Usina AçucareiraGuaíra, que em entrevistaexclusiva ao JornalCana, fala dasvantagens dos sistemas,principalmente para o aumento daprodutividade agrícola.

JornalCana - Por que a usinadecidiu adquirir os sistemas iLab?

Eduardo Junqueira - A implantaçãodo sistema aconteceu na safra 2009/2010,com o intuito de auxiliar na gestão dasinformações agrícolas, otimizando oplanejamento e as decisões de curto e longoprazos da área agrícola da usina. Osprodutos (iRef, iPlan, iCol, iFrota) foramadquiridos ao mesmo tempo. O iPop e oiMap, foram adquiridos em conjunto. Paraaquisição do iPop, a usina contribuiu comcapital e know-how, já com o iMap somentecom know-how.

De que forma a iLab ajudou a Usinaa conquistar a premiação de MelhorUsina do Brasil em Produtividade pelo2º ano consecutivo? Em quanto tempoisso ocorreu?

A utilização destas ferramentas noplanejamento das atividades agrícolas daUsina contribuiu com um melhorgerenciamento de todas as atividades,levando em consideração um grandenúmero de variáveis que outrora não eramconsideradas na tomada de decisão.Embora envolva um amadurecimento dautilização destas ferramentas, a melhorapode ser sentida logo nos primeiros mesesda implantação do sistema, que, aliado aomanejo utilizado pela empresa nas diversasetapas do processo produtivo, permitiuatingir índices elevados que nos garantiramos prêmios de maior produtividade agrícolado Brasil.

Quais os principais índices dedestaque que a unidade conquistou como sistema iLab?

Os altos índices que obtivemos(longevidade do canavial, toneladas deaçúcar/hectare) se devem ao longo trabalho

de manejo e investimentos na lavoura.Entendo que o benefício maior do sistemaestá em criar diversas simulações, levandoem consideração inúmeras variáveis e nosorientar às melhores estratégias para atomada de decisão, o que resultará emmelhores índices.

Como era o sistema utilizado pelausina antes da aquisição? As planilhaseram feitas em Excel, sem previsão nocenário futuro?

Utilizávamos planilhas de Excel paragerenciar as atividades e com isso nãoconseguíamos obter cenários de longoprazo utilizando um grande número devariáveis para a tomada de decisão. Emresumo, uma visão macro sem muitodetalhamento.

De que forma é possível preverproblemas durante a safra,principalmente durante a colheita?

No início da safra escolhemos asimulação que se aproxima de um ideal,levando em consideração as restrições quesão inerentes ao processo produtivo.Durante a safra temos uma série deinterferências que impedem a totaladerência do planejado inicialmente. Porisso é vital que toda equipe estejacomprometida no sentido de,periodicamente, refletir estas interferênciasno planejamento anterior e buscar umanova solução ótima, que espelhe arealidade do campo.

Por que é importante colher a canano seu melhor momento?

Para obter os maiores ganhos e, assim,aumentar a margem de contribuiçãogerada pela agrícola. A otimização tambémajuda a reduzir o custo de produção que,atualmente, está muito elevado.

Ferramentas auxiliam

no aumento da

produtividade agrícola

Eduardo Junqueira, sócio-diretor

da Usina Açucareira Guaíra

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Maio 2014PESQUISA & DESENVOLVIMENTO42

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O tema novastecnologias tem sidoatração em eventos dosetor, gerado diversosprojetos e criadomuita expectativa emrelação ao que poderáacontecer nessa área nos próximos anos.

Em meio a uma badalada agenda,teórica e prática, de inovação tecnológica, oque está movimentando a atividadesucroenergética, de uma maneira especial, éo revolucionário etanol de segunda geração,que está prestes a se tornar realidade com ainauguração de unidades voltadas àfabricação deste produto.

A viabilização dessa nova maneira deproduzir biocombustível não estáacontecendo por acaso. É resultado dadedicação, persistência e conhecimento dediversos profissionais – que podem serbatizados como “executivos do etanol 2G” –, entre os quais, o engenheiro químicoJaime Finguerut, assessor técnico dapresidência do Centro de TecnologiaCanavieira (CTC).

Entre diversos momentos de suatrajetória profissional, ele destaca a atualoportunidade de entender e colocar emprática um novo processo potencialmenterevolucionário que é o desenvolvimento eprodução do etanol de segunda geração.“Essa tecnologia fará uso das novas epotentes ferramentas da biotecnologia,biologia sintética, informática e quem sabeaté da nanotecnologia. São enormesoportunidades para um engenheiro”,comenta.

Segundo ele, na planta piloto montadano CTC em Piracicaba, SP, é possívelanalisar cada etapa do processo deprodução. Essa nova tecnologia terá umsalto importante no início do segundo

semestre – informa –, quando o Centro deTecnologia Canavieira vai inaugurar naUsina São Manoel, no município de SãoManoel, SP, planta de demonstração daviabilidade do processo em escala industrial

que terá capacidade de produzir trêsmilhões de litros de etanol celulósico porano.

O processo desenhado pelo CTCaproveita diversas correntes da atual

técnica de primeira geração, otimizando oconsumo de água, energia, matéria-prima edemais utilidades, afirma Jaime Finguerut“Dessa maneira, o fato do processo deprodução do etanol de segunda geração sertotalmente integrado com a produção deetanol de primeira geração já existente nausina permite que o investimentonecessário seja menor e, consequentemente,seu custo de produção”, enfatiza.

Na opinião dele, o etanol de segundageração desempenhará um papelestratégico para a recuperação e retomadado crescimento da atividadesucroenergética no Brasil. “O novoprocesso, quando implantado em largaescala, permitirá estabelecer novosnegócios, com a produção de outrosequipamentos e insumos sustentáveis comgeração de empregos de alta qualidade. Oetanol celulósico recoloca o Brasil naliderança mundial dos biocombustíveis eleva riqueza para o interior do país”, diz.

Além de estar participando dodesenvolvimento do etanol 2G, JaimeFinguerut já esteve envolvido também comgrandes mudanças ocorridas no setor, queresultaram em aumentos significativos deprodutividade, eficiência e reduçõesdrásticas de custo.

O executivo do CTC participou, porexemplo, das mudanças radicais doprocesso fermentativo industrial com oesclarecimento da dinâmica das populaçõesde levedura no processo, o que possibilitoua elucidação de causas da queda derendimento nesta etapa da produção deetanol.

Com pós-graduação em EngenhariaBioquímica, fermentação e processosbiotecnológicos, ele tornou-se especialistaem produção industrial de etanol. “Nosúltimos anos tenho trabalhado na parteestratégica procurando novos temas depesquisa, novas tecnologias, novos talentose novos parceiros”, revela.

Executivos do etanol 2G revolucionam produção de biocombustível

Jaime Finguerut; tecnologia permitirá estabelecer novos negócios

QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS DO SETOR!

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Maio 2014PESQUISA & DESENVOLVIMENTO44

“Acreditamos que no longo prazo oprojeto do etanol de segunda geraçãoserá viável economicamente e irá seequiparar com o de primeira geração.Até lá, são necessários investimentos,apoio e incentivo”. Quem afirma isto é oengenheiro químico Evandro Curtolo daCruz, gerente de Novas Tecnologias da Raízen, que tem tambématuação destacada no desenvolvimento do etanol celulósico.

Evandro Cruz enfatiza que a sua participação no projeto daRaízen voltado à produção em escala comercial do etanolcelulósico é com certeza um dos momentos marcantes de suacarreira. Outro fato que ele considera relevante em sua trajetóriaé o de ter contribuído no processo de formação da Raízen em2011.

Segundo o gerente de Novas Tecnologias da empresa,existe atualmente uma demanda pela busca de novas fontesrenováveis de energia e, entre as opções existentes, o etanolcelulósico é o que apresenta o melhor custo-benefício. “Nós

vamos aproveitar um material já existente – a palha – e atingir100% de aproveitamento da matéria-prima, extraindo, assim, ovalor máximo da cana-de- açúcar”, diz.

A primeira planta da Raízen de etanol celulósico estáprevista para entrar em funcionamento até o final do ano –informa. Com capacidade para produção de 40 milhões de litrosde etanol por ano, a unidade está sendo instalada emPiracicaba, SP, ao lado da usina Costa Pinto. Os investimentosneste projeto são de aproximadamente R$ 230 milhões.

“A companhia prevê a instalação de mais sete plantas deetanol celulósico até 2024, todas elas próximas às unidades deprodução de primeira geração já existentes”, observa.

De acordo com Evandro Cruz, o grande desafio é fazer oetanol de segunda geração economicamente viável, em termosde investimentos, custos e biomassa. “Temos também umgrande desafio no campo logístico, isto é, levar a palha do campopara a indústria a preços competitivos. Neste caso, a Raízenpossui grandes vantagens, uma vez que pode utilizar as sinergiasda estrutura energética das plantas já existentes”, comenta.

Evandro Cruz; etanol celulósico é o que apresenta o melhor custo-benefício

Novo produtoampliará ganhos deusinas, diz consultor

Outro “executivo do etanol 2G” que tem contribuído,de maneira relevante, para o desenvolvimento dessa novatecnologia é o engenheiro químico Fernando CullenSampaio, diretor da FCS Engenharia e Consultoria, deCampinas, SP. Com 28 anos de atuação no setor, ele játrabalhou no Centro de Tecnologia da Copersucar (atualCTC) e nos grupos São Martinho e Zilor.

Um dos focos na sua atividade profissional, que évoltada à área industrial, tem sido a questão daprodutividade. “É necessário fazer mais com menos. Nocaso do etanol 2G, conseguimos produziraproximadamente de 35 a 40 litros de etanol a mais portonelada de cana, sem necessidade de aumentar a área deplantio.”, diz.

Na opinião dele, este é um diferencial da tecnologia,pois usinas com dificuldades de crescimento devido àfalta de área disponível, principalmente no estado de SãoPaulo, poderão aumentar a sua produção, aproveitando apalha e bagaço.

As possibilidades de ampliação de ganhos com anova tecnologia não param aí. Estudos indicam que oetanol celulósico vai custar 20% a menos do que o deprimeira geração. “O custo estimado é de R$ 0,75 a R$0,80 por litro”, revela. Na cadeia, o novo produto vaireduzir o custo final do etanol, considerando-se a somados valores dos biocombustíveis de primeira e de segundageração – constata.

Como é produzido por uma fonte não alimentícia, oetanol de segunda geração, que utiliza a celulose e ahemicelulose, poderá ter um diferencial no preço devenda para o exterior – prevê.

“O mercado da Califórnia valoriza bastante produtocom apelo ambiental e paga um ‘plus’ para esse álcoolque é significativo”, exemplifica ele que coordenou o “1ºCurso Técnico de Produção de Etanol 2G”, realizado emmarço pela Sinatub Tecnologia com apoio da ProCanaBrasil.

O etanol celulósico vai ser a grande revolução nosetor, pois permitirá uma maior produção, com um customais baixo e provavelmente com um plus no produto final– resume. (RA)

QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS DO SETOR!

Gerente participa da implantação

de projeto da Raízen

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Maio 2014HOMENAGEM46

A analista de PCP - Planejamento eControle de Produção da unidade Madhu,da Rekuna do Brasil, Patrícia Esperança daSilva, formada em análise de sistemas, mãede dois filhos: João Guilherme (22 anos) eLuiz Flávio (20 anos), viu sua vida setransformar num piscar de olhos ao iniciarseu trabalho na empresa há seis anos. Naépoca era professora e dava aula paragestores da unidade, quando surgiu aoportunidade. “Quando entrei na Usina,meus filhos tinham bolsa de 100% na escolaque eu lecionava, por isso, não podiaabandonar completamente esse trabalho.Então, com apoio da empresa e da direçãoda escola, consegui jogar as minhas aulaspara o horário de almoço. Em 2010, quandoterminaram o colegial, parei com as aulas.Eu fiz isso tudo pelo futuro deles. Foi umperíodo muito compensador, pois tinha asnoites livres para curtir meus filhosadolescentes, em vez de lecionar. Meus filhossão tudo para mim. É difícil mensurar otamanho de nosso amor, mas tentamospassar para os filhos o que é bom e certo davida. A mãe tem o poder de dar o amor,encorajamento, determinar pontosprincipais para a vida deles. Só tentamos seras melhores mães do mundo”, diz.

Outra colaboradora que tambémrecebeu muito apoio na relação com seusfilhos e com a Usina foi a soldadora, Leila deFátima de Jesus, da unidade Madhu daRenuka do Brasil. Aos 39 anos, já é avó deKaylan, de sete anos e Sara, de três meses. A

colaboradora tem três filhas: Dávini, de 22anos, mãe das duas crianças, Rilary de 19anos, que já cursa administração deempresas e Rayssa de 13 anos.

Quando iniciou na Usina em 2003como cortadora de cana, sempre pensavaque um dia estaria na indústria. “Parecia umsonho distante, mas virou realidade. Sempretrabalhei fora, e sei que fui um poucoausente como mãe, mas tinha que ser pai emãe ao mesmo tempo. Fiz isso por eles, poissão tudo para mim. E quando os netosnascem, a relação de carinho se torna aindamaior, mais intensa, o amor aumenta”.

De acordo com ela, a empresa é amelhor da região e sempre a apoiou em tudoque precisava. “Deus me deu muitasoportunidades através dessa empresa, só foi

preciso fazer minha parte, e sou grata porisso”, revela.

Adriana Ribeiro, analista de controlesindustriais na Tonon - Unidade SantaCândida está há 20 anos na empresa. Excortadora de cana, passou parte de sua vidana Usina, formou uma família e hoje possuiuma filha de oito anos (Nayara) e um casalde gêmeos, Nicoly e Fernando de 3 anos. Elaconta que recebeu e recebe total apoio daempresa em tudo que precisa. “Sempre quepreciso sair mais cedo para ir às reuniões daescola ou comemorações, a empresa melibera. O papel da mãe é muito importante, éprimordial na vida de uma criança, por isso,faço questão de acompanhar”, lembra.

Ela conta com orgulho tudo queconquistou com o apoio da unidade.

“Comecei cortando cana, mas com apoio daUsina fiz curso técnico de secretariado emuitos outros cursos, inclusive treinamentosfora, em Bauru, Piracicaba”.

Segundo ela, com o salário que ganhana empresa hoje é possível pagar uma babápara seus filhos. “O ônibus me deixapróxima de casa e a babá fica com ascrianças até eu chegar e já deixa até a jantapronta, para que eu fique o máximo comminhas crianças. Todo tempo em casa,dedico a eles. Meus filhos são minha vida,sem eles minha vida não teria sentido.Também criei uma relação de carinho com aTonon e sou feliz por fazer parte dessaempresa. Agora sonho que meus filhos sejamengenheiros e que trabalhem na Usina”,conclui. (AM)

Empresas do setorapoiam relação de mãese filhos e mantêm atécreche para crianças

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Em comemoração ao Dia das Mães, oJornalCana homenageia, através dehistórias da vida real, mulheres que sãoprofissionais competentes e, queconseguem conciliar o trabalho, com a vidaagitada de mãe.

A técnica de segurança do trabalho naUnidade Paraíso, do Grupo Tonon, DanielaBardalatti, sabe bem como é batalhar paracrescer na carreira e ter apoio da empresa narelação com seu filho. Mãe de Daniel, ummenino de dois anos, tem uma rotinamovimentada e deixa seu filho na crechemantida pela unidade. “Minha mãe leva meufilho bem cedo, às 7 horas e o busca às 16h,pois nesse horário já preciso estar preparadano meu posto de trabalho na usina”.

Hoje ela confia plenamente em deixarseu bem mais precioso nas mãos dasfuncionárias do Centro de EducaçãoInfantil (CEI) Zilda Francini Pinheiro, seuantigo local de trabalho, e que existe háquase 10 anos. “Se essa creche nãoexistisse eu teria dificuldades paratrabalhar, pois não confio de deixar meufilho pequeno com qualquer pessoa. Como

conheço a rotina da creche, não hesitei embuscar uma vaga lá”, diz.

Cerca de 70 crianças – com até seisanos de idade – são atendidas pelo CEI, oúnico da cidade de Brotas que funciona emtempo integral.

Segundo ela, o filho representa suavida. “A partir do momento que tive meufilho passei a respirar por ele. “Meu filho éo bem mais precioso que poderia ter navida. Recebo total apoio tanto da minhamãe como da usina. A Tonon é meualicerce e se conquistei algo atribuo a ela.

Aqui tive meu primeiro emprego e hoje aos28 anos me sinto realizada de ter uma mãemaravilhosa, de ser mãe e de ter um ótimoemprego. Fica mais fácil trabalhar com oapoio da empresa”, lembra.

Há oito anos, Daniela começou atrabalhar na usina como faxineira dacreche. Estudou, fez o curso técnico desegurança do trabalho e aproveitou aoportunidade oferecida pela usina. Está hásete anos no departamento de segurança emuito realizada com a vida de mãe eprofissional do setor.

Patrícia Esperança da Silva, e os filhos, João Guilherme e Luiz Flávio

Leila de Fátima de Jesus, da unidade

Madhu, da Renuka do Brasil

Colaboradoras recebem apoio de gestores

Crianças do Centro de Educação Infantil mantido pelo Grupo Tonon

Daniela Bardalatti, do

Grupo Tonon, e seu filho Daniel

MAMMA MIA!

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ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

A pequena Jardinópolis, cidadevizinha a Ribeirão Preto, SP, ainda sente oaroma doce da velha usina de açúcar eálcool, Jardest, que depois de mais de 30anos de existência irá parar por tempo

indeterminado, ou, conforme, eufemismo,usado pelo Grupo Biosev, “hibernar”. Emtodos os cantos da cidade é possível verpessoas que têm ou tiveram uma relação decarinho com a antiga unidade. A Jardestfoi, na verdade, mais uma vítima da criseque assombra há algum tempo o setorsucroenergético e que provocou ofechamento de mais de 40 usinas em todoo país nos últimos anos. Rui Chammas,CEO da Biosev, explica que a Jardest nãoapresentava os resultados esperados, porisso a hibernação. “É uma usina pequenadentro do nosso portfólio. Dado o seutamanho e condições de mercado, nãoestava gerando caixa da maneira quegostaríamos, então a decisão é mantê-lahibernada até as coisas melhorarem”.

A pequena, mas acolhedora unidadetem feito parte da vida de centenas depessoas que contribuíram de alguma formapara o seu funcionamento desde que erauma empresa familiar, e que hoje, com ahibernação da unidade, conforme diz osamba do poeta Adoniran Barbosa, só osresta lembrar, da saudosa maloca. É o casode um dos mais antigos funcionários:Osvaldo Estelai, um motorista aposentadoque fala com orgulho de tudo queconquistou com o trabalho na Usina.

Estelai começou a trabalhar na Jardest em1982 e permaneceu na empresa até 2009."Participei da primeira safra, época em queJoão Carlos de Figueiredo Ferraz era osuperintendente e o Gilberto de AlmeidaPrado, um dos principais acionistas. Eu eraum funcionário de confiança e faziaserviços de banco, serviços para a diretoria,coleta de peças e documentos. Comeceitrabalhando na lavoura, puxando torta defiltro e depois de vinhaça. Tambémajudava no transporte de funcionários comos ônibus no ponto do posto da ArthurCostacurta. Tenho orgulho de tertrabalhado na Jardest e às vezes por estaraposentado, me sinto inútil, pois minha

vida era muito agitada naquela época. Hojeeventualmente, passo meu tempo em frenteao cemitério, pensando na vida”, revela.

Estelai lembra que com o salário daUsina conseguiu construir sua casa ecomprar um carro e mais recentemente, umcaminhão. “Até hoje guardo os holeritesantigos, desde os primeiros salários e issome traz ótimas lembranças”, comenta.

Até o fechamento da edição, a maioriados colaboradores haviam recebido folga eaguardavam em casa uma posição daempresa. Em nota, no começo de abril, aBiosev informou que 250 funcionários jáhaviam sido remanejados para outrasunidades.

CHORO NO JARDIMMunicípio e ex-colaboradores sentem

impacto da hibernação da Usina Jardest, e saudades de seus áureos tempos

Usina Jardest em 2007; unidade hibernou sem data para despertar

Osvaldo Estelai, funcionário

da Jardest desde a primeira safra

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A Jardest também proporcionou ocrescimento profissional de centenas decolaborares e de ex-funcionários.Agnaldo de Souza, operador defermentação 3, atual colaborador querecebeu folga da empresa, cresceu emJardinópolis e desde adolescentesonhava em trabalhar na unidade. Foinessa época que entre uma folga eoutra, começou a fazer seus trabalhoseventuais como garçom em um dosrestaurantes mais conhecidos dacidade. “Comecei em 2007 na Jardest,meu segundo emprego registrado.Quando entrei lá não tinha curso econsegui fazer o de soldador, debrigada de emergência e de operadorde fermentação. Atribuo isso a usina,ela me deu oportunidade e cresci.Nesses sete anos, consegui terminar areforma de minha casa e comprar umcarro. Tudo com o suor da Jardest.Também consegui colocar meus filhospara estudar no Sesi”, afirma.

Um antigo funcionário, que hojetrabalha em uma empresa fornecedorado setor, Ronaldo Tardivo conquistouseu primeiro emprego na Jardest em2005 e por lá permaneceu por seteanos. Mas sua vida se transformoudentro da empresa mais disputada paravagas de empregos na cidade. “A

Jardest abriu portas no mercado detrabalho. Na época eu trabalhava nosetor de processos químicos e isso medespertou o desejo de cursarengenharia química. Me lembro que asvagas para entrar na usina eram muitodisputadas e quem conseguia era muitoreconhecido em Jardinópolis. Essetrabalho me ajudou a conquistar umcurso universitário e hoje, trabalho naárea como engenheiro de aplicaçãodesde maio de 2013, em uma empresafornecedora. Consegui boa experiênciaprofissional na Jardest e me sintoorgulhoso de ter feito parte da históriadessa empresa. Hoje tenho um carroque também consegui comprar com osalário da época. A hibernação daUsina irá impactar a vida da maioriada população direta ou indiretamente,sem contar a falta que farão osbenefícios, como o convênio médico”,lembra.

Segundo a orgulhosa mãe deRonaldo, Maria Inês Tardivo, a Jardestfoi uma segunda mãe para seu filho euma empresa muito importante para acidade. “Eles o incentivaram muito afazer faculdade e sou muito feliz por teresse diploma. A Usina foi tudo de bomna vida de minha família e fará faltapara a cidade”, avalia. (AM)

Dos cursos de qualificaçãoprofissional ao diploma universitário

Ronaldo Tardivo graduou em engenharia química, graças à Jardest

Agnaldo de Souza, ex-operador de fermentação, atualmente faz “bico” como garçom

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Com bom humor e otimismo, LuizAlencar, lubrificador industrial, quecompletará 25 anos de Jardest no dia15 de abril, decidiu deixar o carro e amoto em casa, para andar de bicicleta.Ele é um dos colaboradores quetambém aguardam a decisão daempresa em casa. “Eu andava de carropara todos os lados e agora optei pelabike para economizar. Também estoufazendo diversos exames através doconvênio da empresa porque não sei odia de amanhã”, afirma.

Há um ano, Alencar deu entradana aposentadoria. Nesse período deespera, observou uma evolução em suavida profissional e pessoal.Emocionado, comenta que considera osamigos de trabalho uma família. “Lácriamos uma família. Vejo que geraçõespassaram pela empresa. Por ser muitoemotivo, criei um vínculo muito fortecom meus amigos do trabalho.Inclusive, sempre estamos ligando umpara o outro para saber notícias e nosencontrando nesse período de folga.Quando a Usina fixou os turnos fizemosum grupo de amizade e quando alguémsaía era muito triste. Senti muita faltade um amigo que aposentou, inclusivetive um começo de depressão. Agora meconsidero preparado emocionalmente”,comenta.

Alencar começou sua vida adulta eprofissional na Usina e de lá guardamuitas recordações e conquistas.“Entrei no auge da adolescência naUsina com 18 anos e já registrado.Nesse período consegui minha carteirade habilitação. Em 1992 comprei umamoto nova, que depois troquei, compreium carro, um terreno e não tenho doque me queixar da empresa. Tambémtenho meu som, minha televisão, minhabicicleta e com o tempo se não tiveroutro serviço, terei que vender meusbens, mas a vida continua”, avalia.

Francisco de Araújo, um migrantedo Piauí, que dará entrada naaposentadoria, se estabeleceu nacidade, formou família e cresceu nacarreira dentro da Jardest. Entrou naempresa como safrista em 1987 e estáaté hoje. Na época fazia serviços geraise atualmente é operador de extração 3,na área de recepção de cana. “Hojetenho minha casa, meu carrinho, minhafamília e me estabeleci na cidade edaqui não saio. Nesse período, aempresa me forneceu cursos deoperador de ponte rolante, guincho e deretroescavadeira. A Usina me deumuitas oportunidades internamente efoi muito boa para mim, não tenhonada a reclamar, mas estou tristeporque vai fechar”, lembra. (AM)

“Vou de bike”

Vendas caem 30% A crise do setor sucroenergético chegou ao comércio de

Jardinópolis e indiretamente está afetando a vida dacomunidade. A clientela da Usina frequentavasupermercados, lojas de eletrodomésticos, de roupas,celulares. Isso porque, segundo um lojista do centro, semprefoi bom vender para as esposas dos funcionários e para ospróprios colaboradores devido ao bom crédito na praça.Centenas de funcionários e parentes realizam suas comprasno comércio central, mas somente com a notícia dahibernação, os comerciantes já sentiram queda de cerca de30% nas vendas. É o caso de Débora Carneiro, proprietáriade uma loja de roupas feminina, esposa de um funcionárioda Jardest. “A pessoa entra, olha e diz que depois volta. Elastêm medo de fazer prestação. Preciso pensar em umaestratégia de atrair clientes, como: lançar uma liquidação,reduzir meus preços ou mesmo oferecer brindes. Cem porcento dos meus clientes tinham vínculos com a Usina, atémesmo esposas de fornecedores de cana frequentavam aloja. Manter a clientela não será tão fácil. Acho que aAssociação comercial e industrial de Jardinópolis precisavaser mais atuante nessa questão”, reforça.

Outra que também sentiu uma reação negativa foi umconhecido magazine. A vendedora Sheila Donatocomprova que na primeira quinzena do mês, geralmente afila para pagamentos estava na porta, mas agora o cenáriomudou. “Sentimos uma inadimplência no mês de março,tanto é que percebi 5% de inadimplência na minha carteirade clientes. A cidade está muito parada e a praça tem vagassobrando para estacionar. Há um ano, nesse período, ofluxo de vendas era maior. A loja percebeu queda de 30%no movimento nos quatro primeiros dias de abril, períodoem que o fluxo é maior. Vendi há um ano 10% acima domeu salário base, mas agora (de 1 a 4 de abril) percebi umaalta de apenas 5%”, enfatiza.

Mariana Roque, sócia-proprietária de uma empresacerealista, também percebeu que a Jardest tem muita

influência no comércio da cidade e que há um receio emrelação às compras. “Sentimos uma queda significativa nasvendas, mas ainda não consegui mensurá-la. Com osclientes que conversamos sentimos certa preocupação paracomprar. Eles são ótimos e muito assíduos e alavancaramnosso negócio, agora aguardam uma decisão da empresa”,diz.

O aposentado, Alberto Galego, também sente saudadesda rotina agitada da Usina Jardest. Hoje faz entregas de

serviços gerais com sua moto. Ele revela que váriosmembros da família também deverão ser impactados com ahibernação da Jardest, pois tem sobrinho, tio, cunhado,compadre e primo que trabalham na Usina. “O fechamentovai impactar a comunidade e o meu trabalho, pois façoentregas para o depósito de material de construção e opessoal da usina compra lá. Já percebi uma certa queda nonúmero de entregas. Agora devo tentar fazer entregas paraoutras cidades”, conclui. (AM)

Mariana Roque: queda significativa

nas vendas de seu negócio

Alberto Galego faz “bico” como moto

entregador, depois que usina hibernou

Débora Carneiro: movimento de sua

loja caiu depois que usina hibernou

Sheila Donato: inadimplência aumentou

depois que a Jardest hibernou

Luiz Alencar, ex-lubrificador industrial, se desloca de bicicleta para economizar

Francisco de Araújo, ex-operador de extração, sente falta do trabalho na usina

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A Jardest não foi a única vítima dacrise financeira que vem se arrastando nosetor desde 2008. Dados do segmentocomprovam que cerca de 50 unidadesfecharam as portas nos últimos anos (44delas entraram com processo derecuperação judicial) e pelo menos outras12 devem suspender suas operações em2014, segundo a presidente da Unica,Elizabeth Farina. Ninguém poderiaimaginar que as usinas de Pernambuco,um dos estados mais tradicionais naprodução de açúcar do Brasil, poderiamencerrar suas atividades de forma tãoinesperada. Atualmente, apenas 16usinas continuam moendo, no estado quejá contou com 38 nos anos 70 e 80, semcontar nos primórdios da produção doaçúcar. Renato Cunha, presidente doSindaçúcar/PE, diz que em Pernambuco,em função das secas e de políticas desegurança hídrica espasmódicas, o estadomoeu 19,7 milhões de toneladas em2007/2008, 17,9 milhões de toneladasem 2009/10 e caiu para 13,5 milhões detoneladas em 2012/13.

Recentemente, outra unidadeindustrial que decidiu encerrar suasoperações foi a Usina Unaçúcar (antigaSanto André), de Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Por lá,mais de cinco usinas fecharam, nosúltimos cinco anos.

Alexandre Andrade Lima,presidente da Associação dos

Fornecedores de Cana de Pernambuco,explica que algo precisa ser feitourgentemente para evitar o colapso totaldo setor. “A crise pode ser atenuada pormeio de uma ação inédita do governo doEstado, que objetiva estimular aformação de cooperativas de produtoresde cana para retomar o funcionamentodas usinas. O governador EduardoCampos está prestes a definir umapolítica pública onde os produtoresassumirão a gestão das usinas Cruangi ePumaty, fechadas em 2012. O Estadoauxiliará os agricultores, em sua grandemaioria, de antigos fornecedores decana”, diz.

No início de abril foram idealizadasduas cooperativas de canavieiros. Acooperativa da Mata Norte ficaráresponsável pela usina Cruangi, emTimbaúba e a cooperativa da Mata Suladministrará a usina Pumaty, dePalmares.

Outra solução para tentar levantarnovamente a empresa em dificuldades éa recuperação judicial. O engenheiro deprodução Fernando Perri acredita que,se ajustado, o processo de recuperaçãojudicial pode evoluir e reestabelecer, defato, as usinas. “O sistema traz equilíbrioentre os agentes e possibilita a solução desituações conflitantes. No entanto, umdos fatos que tem dificultado arecuperação é a ausência de capital novopara investimento”, lembra. (AM)

Crise força fechamento de mais de 50 usinas

Elizabeth Farina: ao menos 12 usinas devem fechar em 2014

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Grupo debate gestão deativos e passivosfinanceiros e vantagenstributárias não utilizadas

ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Em 11 de abril, o Gatua - Grupo dasÁreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar,Etanol e Energia aproveitou a realização desua primeira reunião em 2014 para eleger osmembros do Conselho Deliberativo da áreasul. O encontro aconteceu na cidade deRibeirão Preto, interior de São Paulo.

Fazem parte do novo conselhodeliberativo do Gatua Sul, Ricieri Casadey,do Grupo Andrade; Reginaldo Torres, daUsina Ruette; Fernando Verga, do GrupoUnialco; além de outros dois nomes a seremconfirmados, pois não puderam comparecerà reunião.

Entre outras atividades, eles serãoresponsáveis pelos temas a seremapresentados nas reuniões bimestrais etambém pela formatação do evento anual doGatua. "Começamos bem esse ano. Areunião contou com a presença de 14 usinas,que acompanharam debates sobre váriasatividades já em curso, como a montagem da

10ª edição do Congresso Anual, queacontece em novembro próximo”, explicaCarlos Barros, também conhecido como Bill,coordenador nacional do Grupo.

Com relação ao conteúdo programático,fizeram parte temas como ‘Gestão de ativos epassivos financeiros’ e ‘Vantagens tributáriasnão utilizadas’. O palestrante do primeiroassunto foi Tadeu Machado, contadorformado pela USP, com MBA emControladoria e Finanças pela FGV-SP. “Asduas palestras foram excelentes. Focamosnas questões de necessidades das usinas,trazendo aspectos relacionados às áreasFinanceira e Fiscal/Tributária”, destaca Bill.

Já o segundo tema foi exposto porMarcelo Samartino, administrador deempresas que atua nas áreas Contábil eFiscal desde 1992. Atualmente é diretorexecutivo da Painel Fiscal Consultoria. “Éuma honra estar presente nestas reuniões,uma vez que somos certificados com o SeloGatua de Qualidade. Essa parceria nosaproximou ainda mais do setorsucroenergético, aumentando aresponsabilidade pela constante evolução naqualidade dos nossos produtos e serviços”,afirma Samartino.

O Grupo oferece fóruns de discussões,que auxilia o profissional que precisa deinformações para resolver um problema oumesmo de indicações.

Gatua Sul elege

Conselho Deliberativo

Tadeu Machado, da FGV – SP, falou sobre gestão de ativos e passivos financeiros

Carlos Barros, conhecido como Bill

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Na 2ª reunião de 2014,Grupo discute as recentesmudançasmercadológicas e ocomportamento exigido

ANDRÉ RICCI, DE SERTÃOZINHO, SP

Entrar no mercado de trabalho, e porconsequência, se manter ativo, tem setornado tarefa cada vez mais difícil. Aindaque o número de oportunidades de empregose mantenha em alta, se encaixar no perfilexigido é tarefa para poucos. Em suasegunda reunião no ano, realizada em 11 deabril, em Sertãozinho, SP, o Gerhai - Grupode Estudos em Recursos Humanos naAgroindústria levou José Augusto Minarelli,consultor de carreiras, para falar sobre asmudanças mercadológicas nos últimos anos.

É sabido que em tempos de crise épreciso fazer mais com menos. Bem por isso,

os contratantes buscam pessoasqualificadas, que tenham percepção demercado e que estejam preparadas paraqualquer desafio. “O profissional precisasaber gerar trabalho e renda, pois vivemosem um mundo em que se tem mais trabalhodo que emprego. É preciso inteligênciamercadológica para enxergar oportunidadesonde os outros não veem”, diz Minarelli.

O consultor compara os profissionaiscom pequenas empresas individuais,prestadoras de serviço e que precisam estarcientes do seu papel. A figura do tradicionaltrabalhador, que há 50 anos atua na mesmaempresa, é algo raro neste novo cenário. Emmédia, o profissional contribui de três acinco anos em cada empresa. “Essa relaçãode troca precisa ser compreendida e

praticada. Hoje, o mercado pedecontratações mais qualificadas, ou seja, atémesmo os mais antigos precisam seatualizar. A demanda tem feito com que asmudanças sejam rápidas”.

Questionado sobre se as competênciasse restringem ao conhecimento intelectual,Minarelli lembra que vivemos a era dacomunicação, fator intrínseco ao sucesso. “Omercado de trabalho é composto de pessoas.Portanto, é preciso ser conhecido, lembradoe se fazer presente de maneira inteligente. Onetworking também é um fator a setrabalhar em busca do êxito profissional”.

Mas, dizer que não há nenhumasemelhança entre o mercado de trabalhoatual com o de décadas atrás também é umequívoco. Para o especialista, existem certospreceitos que perduram anos e nunca saemde moda. “De nada adianta estar preparadoe ser conhecido se não se portar como umprofissional correto e honesto, que honreseus compromissos e deveres. Sãoqualidades que nunca vão sair da lista deexigências das empresas de sucesso”,finaliza.

Gerhai traça perfil profissionalem novo mercado de trabalho

José Augusto Minarelli José Roberto Squinello

“A troca de ideias, em ummundo tão competitivo, éessencial. Ela agrega valorao trabalho executado dodia a dia. Gestão eliderança, hoje, são oassuntos em evidência.Em um momento decrise, nada melhor do quetermos profissionaiscapacitados para minimizar osimpactos causados. Falandosobre o setor sucroenergético, vejo queem termos de gestão estamos até atrasados. Quanto maisdesenvolvida for essa área, melhores serão os resultados”.Osvaldo Antônio de Carvalho, gerente de Recursos Humanos da Usina Batatais

“O Gerhai desenvolve um trabalhotécnico há muito tempo e servede apoio estratégico para osetor canavieiro. O desafiode gestão de pessoassempre foi tema muitoabordado, não só nestesetor, mas em todos daeconomia. É um diferencialpara se buscar resultados cadavez melhores. Entendo que inovaçãonão vem apenas de tecnologias eequipamentos, mas também de pessoas. Não adianta termosequipamentos avançados sem mão de obra qualificada. Precisamosfazer mais com menos. Por isso, a busca por bons profissionais éessencial”. Wendell Dias, gerente de Recursos Humanos das Usinas Ipiranga

“Participo do Gerhai há váriosanos. Vejo com grandeimportância essa questão detroca de informações entreos profissionais. Com asreuniões, criamos umvínculo de confiança comos colegas, necessário aose falar de assuntos, muitasvezes, confidenciais. NoGerhai temos pessoas unidas ede bom relacionamento. A cadamudança na legislação, processo detrabalho, ou qualquer assunto relacionado, temos a oportunidade dedebater e encontrar o melhor caminho a seguir”. Carlos René do Amaral, gerente de Recursos Humanos da Renuka do Brasil

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Na hora de fazer a gestão da comercialização de seusprincipais produtos, unidades e grupos sucroenergéticosprecisam buscar alternativas para driblar as dificuldadesgeradas pela infraestrutura logística adequada.

“No Brasil, essa questão continua pesando. Paraexportar, há problema de custo logístico elevado”, dizMartinho Ono. De acordo com ele, o congestionamentoportuário e o custo alto de óleo diesel estão entre osprincipais problemas enfrentados pelo setor nessa área.

A adoção de algumas medidas por parte de usinas edestilarias, como investimentos em equipamentos,terminais, intermodalidade e flexibilidade no trading,podem ajudar a reduzir custos, segundo especialistas.

Uma gestão logística eficiente deve incluir planejamentoa médio e longo prazo, além da escolha criteriosa dotransportador que precisa disponibilizar serviços dequalidade. As empresas que atuam nessa área devem ter,por exemplo, equipamento novo e próprio, rastreador,seguro bem elaborado e certificação ambiental. (RA)

Diversas medidas podemreduzir custos logísticos

Se a redução da oferta de matéria-prima for confirmada, o setor vaipriorizar a demanda de anidro nomercado interno, que é adicionado àgasolina, em detrimento ao hidratado,afirma Martinho Ono, projetando ocenário do etanol para a safra 2014/15.E, pensando, em um prazo curto, aoferta vai estar atrelada ao preço –avalia.

“A questão do preço do etanolhidratado deverá continuarcomplicada, porque é um ano político,de eleições. Não haverá,provavelmente, aumento da gasolinaantes de outubro. Até esse período,será preciso conviver com o preço degasolina atual que limita aremuneração do produtor”, diz.

Segundo o diretor da SCA – Etanol doBrasil, como o último aumento da gasolina foi no final denovembro, o setor começa a safra com um cenário de preçolevemente superior ao ano passado. “Acho que deve sesustentar até uma próxima alta”, avalia.

Em relação à gestão da comercialização do etanol épreciso considerar ainda as atuais condições para aexportação. A estiagem também deverá interferir, nesse caso,na oferta e na precificação. Mas, não é só isto. De acordo comMartinho Ono, há uma questão importante que precisa serlevada em conta na venda de anidro para os Estados Unidos:a redução da cota de utilização de etanol.

“Os Estados Unidos vinham comuma cota crescente, que já chegou aoteto. Haveria uma forma de ampliar aoferta, que seria o aumento da misturado E10 para o E15, por exemplo.Como não concordam em fazê-lo, estãoreduzindo a meta inicialmenteestabelecida”, explica.

Em decorrência disso, poderáocorrer a diminuição da exportação deanidro em relação ao ano passado,observa. A redução da cota no mercadoamericano está afetando – enfatiza – opróprio etanol de milho.

A exportação de açúcar tambémdeverá ter mudanças neste ano. Nestecaso, a estiagem na entressafra noCentro-Sul brasileiro poderá interferir

na precificação. “O Brasil é o grande exportador de

açúcar. Na medida em que ocorra a confirmação da reduçãode cana e, consequentemente, a diminuição da produção, apartir de julho ou agosto, quando metade da safra estarácolhida, é possível que se confirme a expectativa de que oaçúcar tenha melhor precificação”, analisa.

Para Martinho Ono, o mundo está reticente, achandoque a quebra brasileira pode se recuperar com as chuvas quecaíram após a estiagem. “A redução da safra brasileira aindanão foi considerada no preço internacional de açúcar”, deacordo com ele, ao avaliar em abril as perspectivas dacomercialização desse produto. (RA)

Setor deverá priorizar demanda

de anidro no mercado interno

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A gestão da comercialização de açúcar eetanol não é tarefa das mais simples, pois estásempre vinculada a fatores de mercado,políticas públicas e até mesmo climáticos,entre outros. A volatilidade de preços, oferta edemanda costuma fazer parte de diferentescenários, marcados por momentos de euforia– que estão escassos ultimamente –,indefinição e instabilidade.

Enfrentando uma crise histórica queainda não tem data para acabar, as unidadessucroenergéticas brasileiras já convivem comcustos crescentes de produção, preçosinsatisfatórios do açúcar devido ao excesso doproduto no mercado internacional e tambémmargens comprimidas do etanol hidratadopor causa do preço da gasolina que émantido artificialmente mais baixo emrelação ao do mercado internacional.

Não bastasse tudo isto, usinas edestilarias precisarão administrar, na safra2014/15, outras variáveis, principalmente oefeito causado pela inesperada estiagem, queocorreu em janeiro e fevereiro, no período daentressafra no Centro-Sul.

No verão, a combinação entre calor,umidade e o período de luminosidadedurante o dia faz a planta se desenvolver,observa Martinho Seiiti Ono, diretor da SCA -Etanol do Brasil. “Infelizmente, atemperatura acima do normal e a falta deumidade prejudicaram muito o crescimentoda cana”, constata.

Em decorrência disso, tudo indica quehaverá uma menor oferta de matéria-primaem relação à safra passada – afirma. “Nãoarrisco a dizer de quanto será essa queda emtermos percentuais. O mercado está falandoem uma moagem de 570 milhões detoneladas de cana. Mas, é difícil cravar umnúmero”, comenta. Há ainda expectativa deque as chuvas ocorridas em março possamdiminuir essas perdas.

Para Martinho Ono, a quebra poderáser acentuada se for considerado que aexpectativa em relação a safra 2014/15,dentro de uma normalidade climática, era de610 a 620 milhões de toneladas de cana.“Haveria de 20 a 30 milhões de toneladas amais em relação ao período anterior”,enfatiza. O Centro-Sul moeu, no ciclo2013/14, um total de 596 milhões detoneladas. Martinho Seiiti Ono, diretor da SCA

NA SECA!Falta de chuvas em janeiro e fevereiro deverá reduzir oferta de matéria-prima na safra 2014/15

Buscar alternativas para driblar as

dificuldades é fundamental para o setor

Setor deve priorizar a demanda

de anidro no mercado interno

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Maio 2014IMPACTO AMBIENTAL58

Impactos do El Niño nospróximos meses geramtemor no mercadomundial de açúcar

PATRICIA BARCI, DE RIBEIRÃO PRETO

O evento climático El Niño é umaquecimento da temperatura da superfíciedo mar no Pacífico, que altera adistribuição de calor e umidade em váriaspartes do globo. Pode ocorrer a cada 4

anos ou ter um intervalo de até 12 anos,sendo que o pior já registrado foi no finalde 1990 e matou mais de 2.000 pessoas,causando bilhões de dólares em prejuízos.As indicações meteorológicas apontam, queo fenômeno climático deve começar a sersentido nos próximos meses e deve durarde 6 a 18 meses, de acordo cominformações da agência de notícias ReutersInternacional.

O fenômeno, afeta principalmentepaíses na Oceania, como Fiji e Austrália, epaíses do Sudeste Asiático, comoIndonésia, Tailândia e Índia, trazendo aseca, a verões tipicamente úmidos. Já naAmérica do Sul e América do Norte ocorreum calor mais intenso, com possibilidadede secas mais severas, em algumas regiões,assim como, aumento das chuvas, o queseria positivo para os reservatórios dashidrelétricas da região Sul do Brasil, porexemplo. Já na região Sudeste, que já vemenfrentando uma das maiores secas, járegistradas nestes últimos meses, o impactoé considerado mais irregular, alternandoentre seca e o excesso de chuva.

De forma que, o seu impacto, se formais ou menos severo é preocupante paraa produção de açúcar, já que quase todosos grandes produtores e exportadoresmundiais da commodity se encontram na“faixa global” diretamente afetada peloevento climático.

O último El Niño, que ocorreu em

2009, por exemplo, trouxe excesso dechuvas ao Centro-Sul do Brasil, reduzindoconsideravelmente o rendimento daprodução de cana-de-açúcar, de acordocom porta-voz da Marex.

Em algumas regiões da Austrália, jáexistem relatos de perdas na colheita decana-de-açúcar, devido à uma secainesperada, já um indício do que podeacontecer nos próximos meses, de acordocom dados da MDA Weather Services.

Para Christoph Berg, Diretor

Administrativo da F.O. Licht, seriaprecipitado fazer qualquer previsão arespeito do fenômeno climático El Niño,por enquanto.

“Ainda é muito cedo para fazer algumaprevisão referente a possíveis perdascausadas pelo fenômeno meteorológico. Nãosabemos se o El Niño terá um impacto tãodramático na produção de açúcar mundial.De qualquer maneira devemos servigilantes, porque é um fenômeno de grandeabrangência”, ponderou.

MENINO LEVADO

Christoph Berg: assustado com o El Ninõ,

não arrisca fazer previsões

Seca na Austrália provocada pelo El Niño

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Maio 2014IMPACTO AMBIENTAL60

Mundo está se preparando para o El Niño

Os indicadores de preços do açúcar-bruto mostraram que os preçosda commodity subiram 7,9% em março, a maior alteração desde julhode 2012, o que seria consequência da seca no Brasil e da reduçãode produção de cana-de-açúcar na Tailândia. Para a FAO —Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura,ambos os países, têm grande probabilidade de serem duramenteafetados pelo evento climático El Niño, no final deste ano, e essasoscilações bruscas de preços já seriam um indicativo deste fato.

No mês passado , a Organização Meteorológica Mundial dasNações Unidas disse que havia uma "grande possibilidade" do ElNiño chegar até meados de 2014.

“O mundo está se preparando para o El Niño, que seconfirmado, poderia causar danos e fortes quedas nos preços dealgumas commodities", disse Vanessa Tan, analista deinvestimentos da Phillip Futures em Cingapura para a ReutersInternacional.

Especulações à parte, de acordo com dados do CentroAustraliano de Meteorologia, a água no Pacífico já aqueceusignificativamente ao longo dos últimos dois meses, abaixo dasuperfície, anunciando o aumento das temperaturas, o que seria defato, um indicador-chave do evento climático El Niño .

O banco britânico Standard Chartered Bank já se adiantou e atualizousuas previsões de preços para as commodities para o segundo semestre de2014, e já demonstra em suas ações de mercado, acreditar que a produção será defato prejudicada.

O Canegrowers, grupo de produtores australianos, já fez um corte nas previsões decolheita, de cerca de 2 milhões de toneladas das 30 milhões de toneladas de cana-de-açúcar,para a safra 2014/15, pelo mesmo motivo, de acordo com a Commonwealth Bank ofAustralia.

Preços do açúcar já

subiram em março

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Maio 2014USINAS62

Em 10 de abril, a Nardini Agroindustrial,localizada em Vista Alegre do Alto, SP, começou a safra2014/15. A expectativa é ter novamente um cicloexpressivo, com moagem de 3,7 milhões de toneladasde cana-de-açúcar. Para acompanhar o bomdesempenho da safra passada, a usina realizouinvestimentos nas áreas agrícola e industrial, comobjetivo de minimizar, ao máximo, as paradas doperíodo.

“Na indústria, instalamos mais um terno demoenda para aumentar a capacidade de moagemdiária e da extração da cana, proporcionando melhor

eficiência e continuamos a investir na manutençãopreventiva. No campo, foram realizados investimentosna aquisição de novas máquinas colhedoras,caminhões e tratores”, afirma o diretor VanderleiAdauto Caetano.

Com o aumento da mecanização e uso datecnologia no campo, a área agrícola estará melhorpreparada para alimentar a indústria. “A expectativa éque, durante a safra, sejam produzidos 120.000 m³ deetanol, 5.900.000 sacos de açúcar de 50 kg, 2.500toneladas de levedura e 125.000 megawatts de energiaelétrica”, diz Caetano.

Nardini espera moer 3,7 milhões de toneladas

Depois de safra recorde, Guarani mantém otimismo

Em mais um início de safra, desta vez, a 2014/15, aGuarani ainda comemora os resultados do último ciclo. Naocasião foram processadas 19,7 milhões de toneladas decana-de-açúcar, volume recorde na Companhia. Noperíodo, foram produzidos 1,6 milhão de toneladas deaçúcar, 602 milhões de litros de etanol e 720 GWh deenergia para a comercialização. No que se refere àprodutividade agrícola, a Guarani registrou um rendimentode 92 t/ha, 10,6% mais que a média do setor no Estado deSão Paulo.

De acordo com o Alberto Pedrosa, diretor presidenteda empresa, a expectativa é de mais um ciclo positivo.“Apesar da falta de chuvas nos primeiros meses do ano,estamos confiantes de que iremos além do recorde da safrapassada”, afirma Pedrosa. “Precisamos ainda estimar qualo impacto da seca do início do ano, mas acreditamos queserá possível aumentar nosso volume de moagem e baterum novo recorde”, finaliza.

Coruripe inicia safra 2014/15Em 24 de março a Usina Coruripe deu início a

safra 2014/15. A unidade Limeira do Oeste, noTriângulo Mineiro, foi a primeira a enviar suasmáquinas a campo. A previsão é que a unidadeesmague 1,4 milhão de toneladas de cana e produza120,57 milhões de litros de etanol.

As outras usinas do Grupo também entraram emoperação. A Filial Campo Florido deve moer 3,60milhões de toneladas de cana e produzir 4,54 milhõesde sacas de açúcar, 149 milhões de litros de etanol e134 mil MWh de energia elétrica.

Já a unidade Carneirinho prevê um incremento de35% na moagem com relação à safra anterior, edeverá moer 2,05 milhões de toneladas de cana, o quevai gerar 4,40 milhões de sacas de açúcar e 48 milMWh de energia.

Por fim, a Iturama tem previsão de moer 3,45milhões de toneladas de cana e produzir 5,53 milhõesde sacas de açúcar, 131 milhões de litros de etanol e124 mil MWh de energia.

Delta Sucroenergia celebra início da safra 2014/15

De 18 a 20 de março, a Delta Sucroenergia,com usinas localizadas no Triângulo Mineiro,realizou as tradicionais missas em ação de graças,que marcam o início da safra 2014/15. Estiverampresentes colaboradores, fornecedores, parceiros eautoridades durante a celebração.

A primeira missa foi realizada na unidadeVolta Grande, no dia 18, e contou com cerca de600 pessoas. Já no dia 19, com o mesmo númerode pessoas, foi a vez da unidade matriz Deltareceber os participantes. Por fim, em 20 de março,a unidade Conquista de Minas recebeuaproximadamente 300 pessoas.

Juntas estas unidades representam uma dasmaiores produções canavieira em Minas Gerais,com moagem prevista de 10 milhões de toneladas.

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A limpeza a seco tem alcançadoeficiência de até 89%. Segundo especialistas,dependendo do nível de ventilação dacolhedora, a mecanização aumenta entre3% a 8% o percentual de impurezas vegetaisna indústria. De acordo com o engenheiroMurilo Sgobbi Teixeira, supervisor devendas da Simisa, na opção de SopragemDupla entre esteiras de borracha de canapicada com câmara conforme projetoconceitual “CTC”, o índice registrado emseu primeiro teste de performance foi de89%. “A expectativa é que este sistemaopere com uma média de 60% de eficiência.A Simisa está desenvolvendo um quarto tipode câmara cuja expectativa de eficiênciamédia fique em torno de 70%, com tetosconstantes de 75%”, garante.

Segundo o engenheiro, entre asvantagens do sistema de limpeza a secoestão a redução dos percentuais deimpurezas minerais e vegetais e facilitaçãopara os processos de decantação eclarificação do caldo, reduzindo o consumode produtos químicos, como enxofrepolímeros, etc. “É através das impurezas

minerais que ocorre boa parte dacontaminação por microrganismos quecausam sérios prejuízos e aumento do gastode insumos, entre outros”, lembra.

Wagner Rocha, coordenador deengenharia da Sermatec Zanini, explica que

as vantagens mais significativas na limpezade cana a seco e aproveitamento da palha,estão na redução do impacto ambiental pelanão utilização de água neste processo;redução significativa da perda de sacarose(entre 1% e 2%) que seria arrastada no

processo de lavagem; remoção dasimpurezas vegetais e minerais com ganho nacapacidade e eficiência de moagem. “Háganhos ao longo do processo industrial,além de redução nos custos de manutençãode equipamentos como moendas,tubulações, bombas, etc”, informa.

Rocha diz que nos sistemasconvencionais (lavagem em mesas), utiliza-seaté 5 m3/hora de água para cada toneladade cana a ser processada. “Existe o impactoda maior captação de água necessária pelaplanta, uma vez que o volume de reposiçãodo sistema é algo entre 5% e 10% do volumeque passa pelo circuito. Nos novos projetosde sistema de limpeza a seco há redução azero da água de lavagem, já os sistemasadaptados reduzem a água de lavagem entre60% a 70%”, reforça.

O especialista explica que a eficiênciade separação de impurezas vegetais eminerais na sopragem gira em torno de 40%a 70%, devido a dependência de diferentesparâmetros, como: variedades de cana, tiposde solo, condições climáticas, forma decolheita, etc. (AM)

Sistema de limpeza a seco tem eficiência de até 89%

Em função do aumentoda cana picada, ossistemas de preparodeverão passar porinovações, que já estãoem progresso

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Com o aumento da mecanização dacolheita de cana, cada vez mais, os sistemasde recepção e preparo de cana eliminarãoantigos equipamentos e adotarão técnicasdiferenciadas. Nos sistemas de recepção, ainovação fica por conta do desenvolvimentode sistemas de descarga e alimentação maissimples e de alta capacidade aplicáveis àcana picada, que em diversas unidades temse aproximado cada vez mais da totalidadeda cana fornecida. Também em função doaumento da cana picada, os sistemas depreparo deverão passar por inovações, quejá estão em progresso, eliminandopicadores de cana e esteiras metálicas,simplificando sobremaneira sua instalação.Para a limpeza da cana, diversas opçõespara efetuar a limpeza a seco estão empleno desenvolvimento, com o desafio deserem sistemas com baixo consumo deenergia, com alta eficiência, de baixoinvestimento inicial e baixo custo demanutenção. A informação é do consultorPaulo Delfini, da Delfini Consultoria eProjetos Industriais.

“No sistema de recepção, a grandevantagem se refere à possibilidade de umamaior padronização dos equipamentospara o transporte da cana e maior

simplicidade da operação de descarga ealimentação. Isso facilitará a automação daoperação neste setor”, diz.

De acordo com o consultor, no sistemade preparo de cana as vantagens estãorelacionadas à possibilidade de redução doconsumo de energia, cuja diferença poderepresentar uma maior quantidade deenergia elétrica a ser vendida na rede, ecom a redução dos custos de manutenção,representados pela redução da quantidadede equipamentos de preparo e daeliminação da esteira metálica que énecessária nos equipamentos de preparoconvencionais. “Com relação aos sistemasde limpeza de cana a seco as vantagensestão relacionadas com o aumento dacapacidade de processamento de cana,melhoria da extração, notadamente nocaso de difusores, e possibilidade de ummelhor aproveitamento da matériavegetal”, explica.

Paulo Cesar Costa, diretor deBioeletricidade do Grupo Energisa, quefirmou com o Grupo Tonon, um consórciopara exploração de negócios de energia,explica que a Termoelétrica de VistaAlegre, de Maracaju (MS) ganhará umsistema de limpeza a seco composto desistemas de limpeza da palha,desfibramento/trituração da palha,transporte da palha e impureza minerais,transporte da palha desfibrada/triturada.A capacidade máxima do projeto é de 770TCH (tonelada de cana por ha) de canapicada com um teor de impurezas vegetaisde 10% e de impurezas minerais de 1,5%.“Com isso, haverá reduções dos níveis deimpurezas vegetal e mineral a seremprocessadas pela moenda, ocasionandoampliação da capacidade de moagem ediminuição dos desgastes dosequipamentos deste setor. Do ladoenergético passamos a ter um incremento

no PCI (poder calorífico inferior) do bagaçoque será queimado nas caldeiras na ordemde 5%, o que proporciona maior bloco deenergia destinado a exportação pela UTE.Também ocorre menor desgaste nosequipamentos da UTE devido à reduçãoda quantidade de impureza mineralresidual do bagaço de cana, reduzindo oscustos de O&M (operação e manutenção),além do aumento de disponibilidade daUTE (maior tempo disponível para aoperação)”, lembra.

O Grupo Energisa e a TononBioenergia, formaram um consórcio onde oEnergisa é proprietário das áreas deGeração de Vapor e Energia (UTE -Unidade Termoelétrica) e a Tonon dausina de açúcar e etanol. O consórcio éconstituído de exploração do negócio deenergia onde a Energisa é a líder de 85%da UTE I e de 100% da UTE II (ambas naVista Alegre).

Recepção e preparo de cana precisam se adaptar à colheita mecanizada

Sistema de limpeza de cana da Usina Nardini

Sistema de limpeza de cana a seco, da Usina Vista Alegre

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Disputa pelo mercadosucroenergéticoocasionou amodernização deequipamentos

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A concorrência entre moenda edifusor no processo de extração de caldoem usinas e destilarias está gerandodiversos benefícios para unidadessucroenergéticas. É que os doisequipamentos passaram, nos últimos anos,por vários aprimoramentos tecnológicosque têm proporcionado ganhossignificativos nesta importante etapa doprocesso de produção de açúcar e etanol.

A moenda que vivia abraçada aosucesso, adormecida sobre os “louros davitória”, precisou acordar quando teve asua supremacia ameaçada. Por isso,passou por mudanças mais significativasem relação ao concorrente. O difusor jácontou também com algumas melhorias,apesar de sua presença mais recente nomercado sucroenergético.

“O fabricante de moenda – quereinava absoluto –, começou a se

preocupar a partir do momento em quenovas unidades começaram a optar pelouso do difusor”, afirma o engenheiro JoséIeda Neto, diretor da Ieda Neto Engenhariae Consultoria Industrial. Segundo ele,existe uma série de inovações tecnológicasna moenda que foram resultados da

concorrência com o difusor.Além disso, a demanda das usinas por

elevação da eficiência impulsionou aevolução desses equipamentos. “Asunidades têm uma margem muitopequena. A busca pela eficiência, tantooperacional, como de extração de sacarose

e de redução de manutenção, leva todo oparque produtivo a desenvolverequipamentos que tenham maiorcapacidade, melhor eficiência e menorcusto”, comenta.

Houve uma evolução por causa daconcorrência, do tempo, da tecnologia e danecessidade do consumidor – resume.

A moenda incorporou diversassoluções técnicas “Os castelos dosequipamentos novos foram redesenhados.Ficaram mais fáceis de serem montados edesmontados”, observa Ieda Neto. Essa eoutras modificações reduziram o custo demanutenção.

“De maneira geral, as moendas forammodernizadas. Houve ampliação no graude regulagem do equipamento. Existematualmente vedações para o mancal. Épossível recuperar o óleo”, detalha.

Para o engenheiro químico FernandoCullen Sampaio, diretor da FCSEngenharia e Consultoria, esse sistema deextração tem apresentado avançossignificativos “Hoje temos moendas de 100polegadas. E isto muda bastante o conceitode extração”, afirma.

Entre as modificações ocorridas nesseequipamento, ele cita o sistema construtivodos rolos, a drenagem do caldo, a questãode acionamento e a automação. “Essas sãoalgumas coisas diferentes que estãoacontecendo”, ressalta.

Concorrência gera benefícios para a extração do caldo

O lançamento de novos difusores fezcom que esse tipo de equipamento paraextração tivesse também melhoriastecnológicas, apesar de seu uso no setorsucroenergético ser mais recente.

Como equipamento disponível nomercado – utilizado inclusive em outrossegmentos – o difusor é tão antigo como amoenda, revela José Ieda Neto.

Entre as modificações ocorridas nodifusor, ele destaca a forma de alimentaçãodo equipamento e a maneira de acioná-lo.Além disso, o mercado oferece atualmentedifusor com – ou sem – correntes.

O sistema de funcionamento dodifusor não tem muito o que mudar. Aevolução ocorreu com os itens periféricos –constata. (RA)

Até mesmo o difusor já passou por modificações

Novos difusores contêm melhorias tecnológicas

Concorrência entre moenda e difusor gera diversos benefícios para usinas

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Cana picadaabre caminhopara preparoextrapesado

Mudanças no processo de extração deusinas e destilarias estão ocorrendo nopreparo da matéria-prima que é utilizadapara alimentar a moenda ou o difusor.Algumas unidades têm utilizado o preparoextrapesado, que é feito com desfibrador commaior capacidade, com mais potência, afirmaJosé Ieda Neto.

O picador tende a se tornar umequipamento desnecessário nas plantasindustriais de usinas e destilarias que fazemexclusivamente a colheita de cana picada –diz. “Quem ainda recebe cana inteira, nãopode se desfazer desse equipamento. Aunidade que recebe só cana picada, e possuidesfibrador para processar toda a matéria-prima, pode dispensar o uso do picador.Porém, cada caso é um caso”, comenta.

Em sistemas que não utilizam o picador,a matéria-prima vai direto para o desfibradore, se este equipamento for mais potente, atendência é que opere melhor – explica odiretor da Ieda Neto Engenharia eConsultoria Industrial. “Pode ser utilizado omesmo desfibrador extrapesado paramoenda ou difusor. É só fazer uma regulagemdiferente para cada equipamento”, esclarece.

Funcionamento não é como ligarliquidificador na tomada

A moenda e o difusor apresentam umaeficiência limite de extração, o que não dependesomente do equipamento. Os resultados obtidosvariam de acordo com a operação, o preparo e acapacitação da própria equipe da usina, afirma JoséIeda Neto.

“Moenda e difusor não são como liquidificadorque é ligado na tomada e pronto”, brinca.

Segundo ele, o difusor tem um potencial paraproporcionar uma extração melhor do que a damoenda, podendo chegar a 98% de eficiência. “Osdifusores melhores operados obtêm esse resultado. Épreciso aprender a usar e a operar esse equipamentotanto quanto a moenda”, afirma.

A moenda chega a uma média de 97% deeficiência. “Em momentos de picos, pode ter 97,5%em alguns casos. Mas, não vai ter esse resultado nasafra inteira”, observa.

“Existem algumas dificuldades em relação aodifusor que na moenda já estão dominadas. Amoenda aguenta mais variações. É preciso estartudo certinho com o difusor para obter os 98%.Resultados com a moenda na faixa de 97,3% nãosão fora do comum atualmente. Achar um difusoroperando com 98% de eficiência é muito difícil”,observa Fernando Cullen, da FCS Engenharia eConsultoria. (RA)Moendas chegam a uma média de 97% de eficiência

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Moenda e difusor tambémpodem se tornar parceiros

Em alguns casos, moenda e difusor são parceiros nabusca de soluções no processo de extração do caldo. Emuma unidade sucroenergética da região de São José do RioPreto, em São Paulo, o sistema de extração conta com umterno de moenda na entrada, antes do difusor, que extrai60% a 70%, revela Fernando Cullen.

“Neste caso, o difusor virou um difusor de bagaço.Não é mais um difusor de cana. Com isto, há um aumentoda capacidade de extração”, comenta. Duas moendas sãoainda utilizadas na saída desse sistema para a secagem dobagaço.

De acordo com ele, a maioria dos difusores na Áfricado Sul já vem com essa concepção, funcionando comodifusor de bagaço e não de cana. Esse “arranjo” tem outravantagem interessante. “Com a moenda, é possível separaro caldo em dois – o primário e o secundário. Com o difusorsozinho, não há essa possibilidade”, diz. (RA)

Escolha do equipamento está

vinculada a diversos fatoresA escolha entre moenda e difusor deve estar

relacionada à necessidade e à estratégia da empresa.“Os dois equipamentos são bons e os dois têm suaspeculiaridades. Cada um deles apresenta soluções eproblemas diferentes, opina José Ieda Neto.

O difusor é mais simples de operar e de manter,tem um custo menor de manutenção e gasta menosenergia – diz. Se a preocupação é fazer uma usina quevai ter alta extração, baixo custo e bastanteexportação de energia, o difusor pode ser a melhoropção – avalia.

Uma das vantagens da moenda é processar muitomais cana do que o difusor em um mesmo espaço.“Em uma usina de grande porte, é possível utilizaruma moenda com capacidade de moagemextremamente grande. A unidade sucroenergéticapode contar com uma moenda de 20 mil toneladas decana/dia, enquanto o difusor pode ter umacapacidade máxima de 15 mil toneladas”, compara.

Segundo ele, a questão do critério de escolhaestar atrelado à necessidade de produção de açúcar dequalidade é polêmica. “Se o caldo obtido no processode extração for tratado de maneira adequada, a usinavai fabricar um açúcar de boa qualidade, tantoutilizando moenda como difusor”, opina

Em qualquer situação, há necessidade de contarcom o tratamento correto para a solução dosproblemas que surgirão. O caldo do difusor temmenos impureza mineral e tem mais “sujeiraorgânica” dissolvida – diz.

“No difusor, a cana fica dentro de uma caixa poruma hora a 90 graus. Além da sacarose, a água

quente extrai outros componentes que deverão serseparados mais adiante no processo. O tratamentoquímico, neste caso, tem que ser mais primoroso. Ocaldo do difusor é mais colorido”, detalha. (RA)Fernando Cullen, consultor

Tratamento de caldo

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Com uso de equipamentosmodernos, análises têmpapel importante nocontrole de qualidade erendimento

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O laboratório industrial de unidadessucroenergéticas pode não ser tão badaladocomo sistemas de extração e tratamento decaldo ou etapas do processo voltadasespecificamente para a produção de etanol,açúcar e bioeletricidade. Mas, não há comoquestionar a sua importância paracontrolar a qualidade da matéria-prima edo produto final.

Com a utilização de equipamentos einstrumentos cada vez mais modernos, olaboratório cumpre papel importante paraa avaliação de perdas em cada fase doprocesso produtivo, transmitindo dadosdiretamente para os sistemas de controledas usinas por meio da utilização derecursos da Tecnologia da Informação (TI).

A tendência inclusive é o uso daautomação nos equipamentos que fazem

parte dos laboratórios – revela umespecialista da área – visando adiminuição de mão de obra e,consequentemente, a redução de custos,repetindo o que aconteceu em outras áreas

da unidade industrial.A ampliação das atividades de

análises e controle em usinas e destilarias,com o objetivo de elevar a eficiência e oaumento da rentabilidade, tem atribuídoum papel ainda mais importante aolaboratório.

Exemplo disso foi o surgimento, naprodução de etanol, da necessidade decontrole da atividade das leveduras, suaviabilidade e da presença demicroorganismos – responsáveis porinfecções no mosto – que possam reduzir orendimento da fermentação. Comoconsequência dessa demanda, olaboratório passou a realizar tambémanálises microbiológicas.

Outra mudança, nessa área, estárelacionada à descentralização dolaboratório, que foi exigida em decorrênciada adoção do sistema de pagamento decana pelo teor de sacarose. Usinasperceberam a necessidade dodesenvolvimento dessa atividade em localmais próximo da recepção de cana naindústria.

O laboratório acaba sendo o fiel dabalança na unidade sucroenergética,afirma Tadeu Andrade, diretor daUniversidade Canavieira, de Piracicaba,SP, que realiza diversos cursos on-line nas

áreas agrícola e industrial, incluindo o“Boas Práticas de Laboratório” e o“Metodologias Analíticas para o Controledo Açúcar e Álcool”, voltados paraprofissionais que atuam em laboratórios.

Em relação à importância dessaatividade, ele enfatiza que uma leituraerrada do teor de sacarose vai dar umadiferença substancial no pagamento decana de uma usina. Não é só isto. Umavariação de leitura na análise de seusprodutos terá um grande impacto no finalda safra para uma usina que produzmilhões de litros de etanol e milhares dequilos de açúcar – ressalta.

O trabalho desenvolvido pelolaboratório industrial ganha uma dimensãoainda maior se for levado em conta anecessidade das usinas brasileiras estarematentas às constantes alterações nosprotocolos do comércio internacional decommodities, como a exigência porcertificações e novos parâmetros dequalidade.

A incorporação de novas tecnologiasnas unidades sucroenergéticas, como asque estão voltadas à produção de etanol desegunda geração, expandirá ainda mais aatuação do laboratório industrial, queprecisará desenvolver um trabalho cadavez mais especializado.

Os instrumentos e equipamentosutilizados nos laboratórios tiveram umaevolução tecnológica muito grande eatendem as atuais demandas de usinas edestilarias, afirma Tadeu Andrade, queatuou por aproximadamente dez anos nadireção da área de Pesquisa &Desenvolvimento do Centro de TecnologiaCanavieira (CTC).

Segundo ele, esse avanço não estásendo acompanhado, no entanto, pelaformação e reciclagem de profissionais queatuam nessa área. “As usinas colocam paraoperar esses equipamentos, em diversos

casos, funcionários que não possuemformação profissional adequada”, diz

As unidades sucroenergéticas não têmdemonstrado grande preocupação com acapacitação dos profissionais quetrabalham nos laboratórios – ressalta. Asusinas contratam alguns funcionários parao laboratório que têm formação técnica.Outros são “caseiros”, formados na própriaunidade – constata o diretor daUniversidade Canavieira.

“Mesmo os que são técnicos delaboratório não têm formação específica, namaioria dos casos, para análise de etanol,

açúcar, fibra. Esse grupo de profissionaiscuida da análise de milhões de litros deetanol e milhares de quilos de açúcar”,comenta

Na opinião de Tadeu Andrade, agrande crise que existe hoje é decapacitação profissional não só nolaboratório, mas em toda a unidade. “Tantona área industrial como na agrícola, otreinamento é mínimo”, ressalta.

De acordo com ele, na aquisição de umequipamento é dada uma orientação geral.“Isto é considerado treinamento. Não se fazreciclagem”, critica. (RA) Tadeu Andrade

Capacitação profissional não atende necessidades da área

Laboratório pode ser o fiel da balança na unidade industrial

Laboratório é fundamental para controlar a

qualidade da matéria-prima e do produto final

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É necessáriotambémsuperarquestõesbásicas, comoa calibragemcorreta deequipamentos

A atualização deprofissionais, deequipamentos e detoda a infraestruturautilizada no laboratórioindustrial éfundamental para aobtenção de bonsresultados nessa área. Emalguns casos, as usinas têm dificuldades paraacompanharem os novos parâmetros utilizados nosprocessos de certificação de seus produtos, afirma TadeuAndrade.

Unidades sucroenergéticas acabam, em algumassituações, terceirizando serviços nessa área, recorrendo alaboratórios credenciados – observa.

Além de dificuldades de atualização em relação àsmodificações de normas e constantes alterações nosprotocolos do comércio internacional de commodities, os

laboratórios de usinas e destilarias enfrentam problemasna superação de questões básicas.

Uma delas é a calibragem correta dos equipamentosutilizados nessa atividade, exemplifica o diretor daUniversidade Canavieira. “A calibragem é o alicerce dolaboratório”, ressalta. Se isto não for feito de maneiracorreta – diz –, não adianta aplicar normas, usar a receitade bolo completa. “Não adianta ter um equipamento hipercalibrado e colocar um profissional despreparado paraoperá-lo”, enfatiza. (RA)

Atividade precisa estar sintonizada às mudanças de parâmetros

Curso abordamétodos analíticospara açúcar e etanol

Para suprir demandas de formação técnicana atividade laboratorial, a UniversidadeCanavieira disponibiliza o curso online“Métodologias Analíticas para o Controle doAçúcar e Álcool” que aborda metodologias eprocedimentos voltados à eficiência do processode controle de qualidade, incluindo operação,calibração de equipamentos até a execução deensaios técnicos.

O curso aborda nove técnicas diferentes,sendo seis métodos analíticos para açúcar:determinação da cor Icumsa; polarização; cinzascondutimétricas; amido por espectrofotometria;dextrana por espectrofotometria e sulfito porespectrofotometria.

Outros três métodos analíticos são voltadospara etanol: determinação da massa específica eteor alcoólico em álcool etílico por densimetriaeletrônica; acidez total em álcool etílico e potencialhidrogeniônico em álcool etílico anidro (pHe).

A Universidade Canavieira oferece, nessaárea, o curso “Boas Práticas de Laboratório”, queaborda qualidade e recursos do laboratório deanálises; rastreabilidade das calibrações emedições; instrumentos do laboratório; reagentese soluções; segurança em laboratório, entre outrosassuntos. (RA)

Bons resultados dependem de atualização de profissionais e equipamentos

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Com a utilização da biomassa para afabricação de novos produtos, o trabalho dolaboratório será ampliado e exigirá oaprimoramento de profissionais que atuamnessa área, alerta Tadeu Andrade. O próprioetanol 2G, que está prestes a ser produzidopelo setor sucroenergético brasileiro, requeranálises que não são realizadas hoje em dia –afirma.

É preciso identificar a quantidade deaçúcar de seis carbonos (hexose), utilizadopara a fabricação de etanol, que vai estarpresente no processo para que ocorra aavaliação do rendimento – exemplifica.

O laboratório terá também novasfunções quando for viabilizada a gaseificaçãoda biomassa, uma tecnologia que está mais

distante para ser colocada em prática. “É umprocesso para daqui a 10 anos, pois precisaevoluir bastante no Brasil”, observa.

Com a gaseificação da palha e dobagaço, entre outros tipos de biomassa, serápossível produzir adubo nitrogenado, adubofosfatado, potássio, gasolina, etanol, metanol.“Se essa tecnologia estivesse pronta, olaboratório da usina não teria condições derealizar as análises exigidas pelo processo degaseificação”, comenta.

Segundo ele, é preciso inserir aatualização e a reciclagem profissional naagenda das atividades para que seja possíveltambém acompanhar as mudanças que estãosendo proporcionadas pelas novastecnologias. (RA)

Etanol 2G e gaseificaçãoampliarão exigências

Laboratório de pesquisa para etanol 2G Curso online aborda metodologias e procedimentos laboratoriais

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Com Safra 360, usinaspodem optar por produçãocontínua e parada curtade uma ou duas semanas

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

A cada ano o setor sucroenergéticodeve otimizar suas paradas de entressafra eaproveitar o período para agregar novosprodutos, como a cogeração de energia,gerando caixa e praticamente sem pararseu maquinário industrial. A proposta é deJosé Ieda Neto, consultor industrial daINEL Engenharia. Ele explica que amanutenção industrial irá existir porém deforma preditiva. “Essa revolução já devecomeçar agora, com capacitação de pessoase adaptações tecnológicas. Somente afabricação de açúcar e etanol não pagam ascontas. Na entressafra é a melhor época

para se produzir energia do bagaço. Asparadas deverão ser repensadas e durar nomáximo uma semana”.

Ele cita o exemplo de uma fábrica depapel. “O empresário não compra umafábrica de papel para ter que parar um anodepois para manutenção, essa tecnologiaterá que durar mais tempo, até cinco anos,por exemplo”, diz.

De acordo com o consultor, a mudançanão será fácil tanto financeiramente comoculturalmente, mas diz que é preciso tomaruma decisão de cada vez. “Não será fácil,mas vejo isso como uma tendência defuturo. A implantação de um projeto comoesse que já está sendo estudado por umausina do setor e deve durar de três a cincoanos”, revela o consultor.

Para o especialista, por ser muito cara,a manutenção industrial está se tornandoinviável. “O setor terá que agregar outrosprodutos para ajudar no seu orçamentocomo a cogeração e o etanol de segunda

geração. Também vejo que as usinas aindapoderão no futuro processar soja, milho.Por isso teremos que mudar aos poucos erealizar muitos treinamentos. Amanutenção terá que ser preditiva e asunidades e os fornecedores vão precisarmodernizar-se rapidamente paraacompanhar o processo”, conclui.

Valentin Rabaldelli, supervisor deadministração do RGD da Dedini, explicaque normalmente as usinas fazem asaquisições dos principais itens comantecedência, deixam alguns itens para operíodo da entressafra, e daqueles que sópodem ser reformados ao término da safra.“Já temos sinalização de algumas usinasque desejam antecipar seus pacotes demanutenção nos próximos meses. Atendência do futuro é que as usinas paremum período bem menor para asmanutenções. Para isso precisam sepreparar com aquisição de componentes dereserva. A Dedini está preparada para

atender o mercado sucroenergético atravésdo Sistema RGD na demanda decomponentes que podem ser substituídosdurante a safra e em paradasprogramadas”, lembra.

Segundo ele, a manutenção semparadas ou com uma parada reduzida éviável se as usinas adquirem componentesque possam ser fabricados durante a safra,período de baixa carga nas unidades fabril,e substituída nas paradas programadas ouno período da entressafra reduzida.“Evitando a necessidade de contratação emperíodo de alta e dispensas nos períodos debaixa. Mas os custos poderão aumentardevido ao maior número de horas extrastrabalhadas. Dessa forma, os custostendem a ser maiores do que os normais.Assim ficaremos à disposição nas paradaspor motivos de chuvas ou em uma paradaprogramada mais reduzida onde oscomponentes antigos poderão ser trocadospelos novos”, reforça.

No interior do Paraná, há duas safras aUsina Dail (Clarion) de Ibaití realiza suamanutenção industrial durante período desafra já que trabalha apenas em horáriocomercial. A informação é de Edson deMedeiros, o Cheba, supervisor de produçãoda empresa.

Segundo ele, nesta safra a empresadeverá também emendar o período demoagem com a safra 2014/15. “Geralmentea Clarion roda somente um horário, das 7hàs 17h. Quando paramos fazemos amanutenção pendente, pois temos ointervalo de um dia sem moer em final deciclo. Preferimos fazer a manutençãopreventiva já há quatro safras”.

Cheba explica que em final de safra acana chega em volumes menores, masquando começar o próximo ciclo em abril, ointervalo será menor. “A partir de abril ausina também deverá rodar somente umhorário. Estamos rodando sem novidades,tranquilamente desta forma”, diz.

Mauro Moratelli, gerente comercial deServiços da TGM e Leonardo Matos, gerentede Serviços da TGM explicam que ostempos entre as safras são cada vez mais

curtos, por isso é crescente a quantidade declientes que opta pela manutençãopreditiva. “E esse é o caso da modalidade deContrato de Longo Prazo (CLP) onde,durante a safra e operação dosequipamentos, é desenvolvida toda uma

rotina e sequência de análises, sendopossível acompanhar o estado dosequipamentos e desgaste natural doscomponentes durante os anos, e determinarcom antecipação o momento da substituiçãodos componentes. Na manutenção preditiva

o cliente opta por manter em sua planta umestoque mínimo de peças de reposição parauma rápida manutenção”, diz.

Segundo os especialistas, ao se detectar,o desgaste de algum componente durante asanálises, é possível em alguma paradaprogramada durante a safra ou mesmo nofinal da safra, substituir somente ocomponente desgastado. “Nessamodalidade é reduzido, drasticamente, otempo de serviços durante a entressafra,havendo até a possibilidade de não se fazernenhuma intervenção nos equipamentos,reduzindo custos e antecipando apreparação para o próximo ano. A TGMacredita ser possível haver moagemconstante no futuro próximo, dados osavanços no setor agrícola e da crescentecrise energética. Inclusive possuímos clientesde outros segmentos que já operam durantetodo o ano, com paradas programadas depoucos dias, onde não seria possível fazer amanutenção de todos os equipamentos emsomente 10 ou 15 dias. Seguramente, ocusto de uma manutenção preditiva é muitomenor do que de uma manutenção corretivade entressafra”, avaliam. (AM)

USINA FAZ MANUTENÇÃO DURANTE A SAFRA

Usina Dail (Clarion), de Ibaití, PR

SEM PARAR

José Ieda Neto: manutenção

industrial tornou-se inviável

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Queda é parcialmenteatribuída ao aceleradoprocesso de mecanizaçãoda colheita e do plantio

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A mecanização acelerada da colheitae do plantio nas lavouras de cana-de-açúcar é considerada um dos fatores paraa queda da produtividade agrícola nosúltimos anos. Erros sequenciais sãoresponsáveis por resultados negativos –alguns deles “medíocres” rendimentos de30 a 40 toneladas por hectare (TCH) –,segundo o engenheiro mecânico LuísAntonio Ferreira Bellini, presidente doGmec - Grupo de Motomecanização doSetor Sucroenergético.

Os problemas começam com a escolhado local onde será implantado o canavial,e prosseguem com o preparo, nivelamentoe sistematização dessa área, plantio,cultivo, colheita e replantio = resume. “Oque tem afetado a produtividade é umconjunto de procedimentos,principalmente os que estão ligados àmecanização”, ressalta.

Na avaliação dele, o trabalhodesenvolvido pelas plantadoras nãoapresenta a mesma qualidade que haviano plantio manual. “As colhedoras nãocolhem a cana da forma que era colhidamanualmente. Anteriormente o corte nãoafetava tanto a soqueira, ocorria apreservação da entrelinha, a cana eracortada no melhor ponto dela”, afirmaLuís Bellini que coordena reuniões doGmec onde o tema qualidade dasoperações mecanizadas é bastantediscutido.

O próprio Grupo deMotomecanização realizou pesquisa, coma participação de aproximadamente 20unidades produtoras, cujo resultado

apontou alta taxa de rejeição ao plantiomecanizado. Apesar da migração que estáocorrendo para esse sistema, o plantio

manual ainda foi considerado o queproporciona alto índice de satisfação entreos gestores agrícolas entrevistados.

O presidente do Gmec lembra que oplantio mecanizado nem sempre é umaopção, tornando-se uma imposição emdiversas situações. Com o crescimento dacolheita mecanizada, que já ultrapassou oíndice de 87% no Centro-Sul, torna-seantieconômico manter um batalhão detrabalhadores para a realização do plantiomanual, que ocorre em grande parte naentressafra.

De acordo com Luís Bellini – que étambém diretor da Belmec Consultoria eAssessoria Agrícola –, é necessário superaralguns problemas para que o plantiomecanizado possa apresentar resultadosmais satisfatórios. Existe a necessidade dedistribuir a cana de forma homogêneadentro do sulco, com uma boa quantidadede gemas viáveis para que ocorra abrotação, afirma.

“Mas, isto nem sempre acabaacontecendo. Há muita falta deconhecimento técnico. A área agrícola dausina acha que plantou, porque sulcou ejogou terra por cima. Mas, em diversoscasos, não sabe se tem cana lá embaixo ese essa cana vai brotar e, via de regra, nãobrota”, comenta.

Segundo ele, existem usinas quefazem o plantio com mais qualidade,porque têm maior conhecimento doprocesso. “Mesmo assim não conseguemfazer igual ao plantio manual”, compara.Luís Bellini observa que nas novasfronteiras agrícolas de cana-de-açúcar, aperformance da mecanização ficoucomprometida devido à falta deexperiência, que inclui profissionais docorpo operacional e do gerencial.

Os maiores problemas no plantiomecanizado são a distribuição irregular detoletes e os danos causados às gemasdurante a colheita de mudas – enfatiza.Para compensar essas falhas, a operaçãode plantio distribui gemas em excesso nosulco. “No plantio manual, 12 a 14 eramsuficientes. No mecanizado, a usina acabacolocando 30 gemas por metro. Isto écusto. Fica caro demais”, diz.

Erros sequenciais derrubam produtividade agrícola

Luís Antonio Ferreira Bellini, presidente do Gmec

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Diversos problemasprecisam ser equacionadospara que a colheitamecanizada não afete orendimento agrícola

Não é somente ao plantio que deve seratribuída a parcela de responsabilidade damecanização na redução da produtividadeagrícola. A colheita mecanizada, quandofeita de maneira inadequada, também temmuito a ver com isto. “Sem dúvida opisoteio das soqueiras está causandoperdas expressivas nos canaviais”, afirma oengenheiro agrônomo José Alencar Magro,diretor da Camporfértil Assessoria eConsultoria Agronômica, de RibeirãoPreto, SP.

Além de afetar o rendimento agrícolaem toneladas por hectare, o pisoteio temconsequências negativas para alongevidade dos canaviais. Outro vilão dacolheita mecanizada é o corte de base queestá causando perdas significativas devidoao mau uso dos recursos da colhedora,constata Alencar Magro.

Existem diversos problemas queprecisam ser equacionados para que ocorte mecanizado possa apresentarresultados mais positivos. “A superfície dosterrenos está sendo preparada de maneirainadequada, algumas variedades de cananão são as ideais, os espaçamentos não sãoapropriados e a formação dos operadoresdos equipamentos está deixando adesejar”, observa.

A questão da qualificação da mão deobra tem sido inclusive um desafio não sópara colheita, como também para o plantiomecanizado. É preciso orientar osoperadores das colhedoras sobre comodevem ser usados os recursos da máquinapara que não ocorram perdas e tambémpara que não sejam transportadas canacom palha e terra, comenta o consultor.

De acordo com Luís Bellini, do Gmec,

uma sequência de falhas que começa coma sistematização inadequada da área,também acaba interferindo na qualidadeda colheita mecanizada. “Se os tratosculturais, o cultivo, o quebra lombo, oparalelismo não forem bem feitos, acolheita também será afetada”, avalia.

Com a mecanização das lavouras, osgestores e a equipe operacional da áreaagrícola estão “reaprendendo” o manejo da

cultura. Para afastar a baixa produtividadee a diminuição da longevidade doscanaviais, é preciso também – segundoespecialistas da área – adotar práticas queminimizam a compactação do solo, utilizartecnologias para uniformização doespaçamento e da altura de corte de base,usar mudas pré-germinadas, aplicarfungicidas no plantio mecanizado, realizartreinamento intensivo de operadores, entre

Rendimento médiochegou a 81,6 TCH nasafra 2009/10

A produtividade média noscanaviais brasileiros manteve-se acimade 81 toneladas por hectare (TCH) entreas safras 2007/08 e 2009/10 quandoalcançou 81,6 TCH, segundo dados daCompanhia Nacional de Abastecimento(Conab). A partir desse resultadopositivo – a melhor performance desde oano 2000 –, o rendimento começou aregistrar queda, chegando a 67,1 TCHno ciclo 2011/12. Depois disso, aprodutividade começou a trilhar umcaminho de recuperação nas duas safrasseguintes, chegando a 74,7 TCH em2013/14. Os números não são nadaanimadores para uma cultura que tempotencial de rendimento muito maior –de acordo com especialistas –,principalmente se forem consideradosos avanços agronômicos, comodesenvolvimento de novas variedades, ede manejo da cultura. Apesar da quedaser atribuída parcialmente a fatoresclimáticos e econômicos, que criaramdificuldades para a adubação,realização de tratos culturais erenovação dos canaviais, não há comodeixar de serem avaliados os efeitosindesejados causados pela mecanizaçãoacelerada. (RA)

Pisoteio das soqueiras também causa perdas expressivas

José Alencar Magro, diretor da Camporfértil

outros procedimentos.Existe, na verdade, uma grande

quantidade de medidas e de tecnologiasque podem ser adotadas com afinalidade de tornar o processo demecanização um grande aliado daqualidade, eficiência e rentabilidade. Aescolha e o uso desses procedimentosestão diretamente ligados à realidade decada unidade produtora. (RA)

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RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O Corte, Carregamento e Transporte(CCT) já não é mais o mesmo. Até o seunome e sigla estão passando por mudanças.Em diversas unidades sucroenergéticas, essesetor que tem a importante incumbência deabastecer a indústria com matéria-prima“atende” agora pela denominação Corte,Transbordagem e Transporte (CTT). Háquem já batizou essa área de Colheita,Transbordagem e Transporte, utilizandotambém a sigla CTT.

A alteração do nome é apenas uma dasséries de mudanças que está ocorrendonessa área em consequência da mecanizaçãoda colheita da cana-de-açúcar. Outranovidade nos últimos anos, que inclusivejustifica a nova denominação é a presençacada vez maior de transbordos nos canaviais,que fazem a transferência de cana picadapara os veículos de transporte.

Aliás, tetraminhões, pentaminhões,rodotrens, ou seja, composições canavieirascada vez maiores passaram a se tornarpredominantes em polos sucroenergéticos. E,com os novos equipamentos de transporte,que podem apresentar um Peso Bruto TotalCombinado (PBTC) superior a 100toneladas, surgiram dificuldades com a “leida balança” que limita o PBTC – no caso do

rodotrem – em 74 toneladas. (Leia matérianas páginas 20 a 24)

Esse impasse fez com que o FórumNacional Sucroenergético encomendassedetalhado estudo, que está sendoencaminhado ao Conselho Nacional deTrânsito (Contran), com o objetivo depleitear a alteração da legislação vigentenessa área.

Dizem que os avanços tecnológicosresolvem antigos problemas, mas criam novos.É isto que tem acontecido também com amecanização do corte de cana-de-açúcar quedeixou para trás os problemas ambientaiscausados pela queima da palha e asdificuldades geradas pela falta de mão de obra,para a colheita manual, em muitas regiões.

Mas, apesar de ser considerado umaevolução, o sistema de mecanização dacolheita carrega uma parcela daresponsabilidade pela queda daprodutividade agrícola devido ao pisoteio dasoqueira, falhas no sistema de corte de baseque aumentam as perdas no campo e asistematização inadequada da área.

Diversas questões que envolvem acolheita mecanizada têm sido discutidas,encaminhadas e algumas delas até mesmoequacionadas. As colhedoras, por exemplo,já apresentaram melhorias; novosprocedimentos no preparo da área estãosendo adotados.

CCT agora é CTT, para

encarar novos desafios

Pisoteio de soqueira, queda de produtividade, limites

da “lei da balança” são alguns problemas que precisam ser superados

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Existe atualmente um amplo debateno setor sobre o melhor espaçamento quedeve ser adotado no plantio com o objetivode evitar o pisoteio da soqueira e otimizar acolheita mecânica de cana crua.

Mudanças na bitola da colhedoracriaram condições inclusive para a adoçãodo duplo alternado, com espaçamentos de0,90 m x 1,50 m e 0,90 x 1,60 m, os maisutilizados nesse sistema que hoje tem sidoa alternativa mais adotada para quem estáfugindo do plantio convencional, comsulco simples (1,40 m ou 1, 50 m), ebuscando uma solução para evitar opisoteio.

Além disso, o duplo alternado melhorao rendimento da máquina, que percorreaté 40% menos em metros lineares deterreno em comparação ao plantioconvencional (sulco simples), colhendo amesma quantidade de cana por hectare.

Alguns especialistas e profissionais deusinas estão apostando na volta do sulcobase larga, pesquisado peloIAA/Planalsucar na década de 70, que temespaçamento de 1,80 metro, 2,00 m ou2,20 m, possibilitando que máquinas eveículos trafeguem nos canaviais semcausar danos às soqueiras.

Os defensores desse sistemaargumentam que o base larga criacondições, entre outras vantagens, parauma melhor distribuição de mudas nosulco, o que possibilita também melhorbrotação e aproveitamento de adubo.

Na “batalha” pela preservação dassoqueiras, o mercado tem disponibilizadoalgumas opções de equipamentos, como o

transbordo descentralizado com pneus dealta flutuação que anda na entrelinha semcausar problemas de pisoteio. Outra

inovação é a colhedora de duas linhas,utilizada em locais onde é adotado osistema de plantio duplo alternado. (RA)

Espaçamento adequado otimiza colheita mecanizada

Mercado disponibiliza novos equipamentos que reforçam “batalha” contra o pisoteio da soqueira

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Em meio a novos problemas esoluções, a gestão do CCT ou CTT seempenha para elevar a eficiênciaoperacional e reduzir custos das atividadesnessa área que ficam entre 24% e 35% dovalor da tonelada de cana posta na mesade recepção da usina, conforme cálculos deLuiz Nitsch.

A realização de operações no campode maneira correta, seguindo osparâmetros e a realidade de cada usina, é omelhor “remédio” para se obter a reduçãode custos de forma sustentável, sugere.Mas, não é isto o que acontece em diversoscasos.

“Usinas ficam se digladiando para verquem colhe mais cana por dia. Este é ocaminho mais curto para o crescimentogeométrico dos custos de operação eprincipalmente de manutenção, sem falarna indisponibilidade mecânica”, comenta.

Segundo ele, perfis, tipos e topografiasde solo, aliados à variedade das canas,geram diferentes resultados para máquinasde estado mecânico idêntico. “Parece que opessoal responsável pelas operações decampo e da manutenção, salvo honrosasexceções, não consegue digerir esteconceito”, alfineta.

Luiz Nitsch enfatiza a necessidade das

usinas colocarem em prática o óbvio, ouseja, a sistematização total da área, aexcelência na operação das máquinas e amanutenção primária impecável. Eledestaca inclusive que as colhedoras sãomáquinas sofisticadas hidráulica,mecânica, elétrica e eletronicamente,exigindo operação cuidadosa emanutenção criteriosa.

“O CTT envolve outros equipamentos,como caminhões transportadores,caminhões rebocadores, implementosrodoviários, tratores rebocadores detransbordos, caminhões-transbordosprovidos de reboques, caminhõesauxiliares (oficina, bombeiro, borracheiro),veículos ágeis para transporte de peças deemergência, almoxarifado/campo, etc.Toda esta frota deve estar em ordem, casocontrário haverá muitos percalços nasafra”, enfatiza. (RA)

Dimensionamentocorreto da frotaevita interrupçãoda moagem

A eficiência operacional do CTT,com custos otimizados, tem afinalidade de assegurar oabastecimento da indústria durantetodo o tempo – exceto quando istonão é possível por causa deadversidades climáticas –, evitandoque ocorra a interrupção da moagempor falta de matéria-prima.

Para que o trabalho do Corte,Transbordagem e Transporte alcanceas suas metas, existe a necessidade deque ocorra, entre outrosprocedimentos, o dimensionamentocorreto da frota.

No caso das colhedoras, precisaser considerado o volume total detoneladas de cana que cada frente detrabalho deve contribuir para manterconstante a moagem horária daindústria, afirma Luiz Nitsch.

“Se a frente ‘X’ tem quecontribuir com 3.000 toneladas, nas24 horas, e considerando que a médiahistórica de colheita das máquinas,sem quebras graves, naquela área éde 500 toneladas a cada jornada de17 ou18 horas, o dimensionamentoseguro desta frente é incorporar setecolhedoras”, exemplifica.

No cálculo do consultor deBauru, a inclusão da sétima máquinaacaba suprindo qualquereventualidade. Além disso, ele afirmaque são raríssimas as usinasbrasileiras, operando em três turnos,que conseguem colher mais de 18horas por dia. “Mas a indústria mói24 horas. Este é o eternodescompasso”, ressalta. (RA)

Falta de mão de obra qualificada é problema persistentePara assegurar a qualidade das

operações do corte, carregamento,transbordagem e transporte, há umdesafio que ainda precisa ser superadopelo setor sucroenergético: o de formaçãoe capacitação de mão de obra para aoperação e manutenção de equipamentos.

Persistente, esse problema se agravounos últimos anos devido ao “boom” dosetor automotivo como um todo, comrecordes de vendas sendo batidosconstantemente e a abertura de novasconcessionárias de veículos, caminhões,tratores, colhedoras, implementosrodoviários e agrícolas, conformeavaliação de Luiz Nitsch, diretor da SigmaConsultoria Automotiva, de Bauru, SP

A concorrência da safra de grãos degrande volume, que gerou alta demandade veículos de transporte e de pessoal(motoristas, mecânicos, eletricistas,borracheiros, etc.) – afirma – tornou asituação ainda mais preocupante. Poresses e outros motivos, o setor perdeu

parte de sua mão de obra especializada.Para recuperá-la, Luiz Nitsch propõe –entre outras ações – a formação contínua

de pessoas via treinamento intensivo e aadoção de uma política salarial compatívelcom o mercado. (RA)

“Fazer o óbvio” é a melhor maneira de reduzir custos

Setor perdeu parte de sua mão de obra especializada

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ANDRÉ RICCI E

WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO

Um dos grupos de estudo do setorsucroenergético que mais recebeparticipantes é o Fitotécnico. Em 15 deabril, cerca de 200 pessoas se reuniram noCentro de Cana IAC, em Ribeirão Preto,SP, para a 2ª reunião em 2014. Desta vez,o tema foi o manejo de sphenophoruslevis, também conhecido como ‘bicudo-da-cana’.

Neste ano, de acordo com MarcosLandell, coordenador do Grupo, asreuniões foram programadas paraconscientizar os produtores de que aprodutividade pode ser melhor. “Temosmeios de gerar saltos importantes naprodutividade da cana-de-açúcar noCentro-Sul. Deveria ser proibido pensarem produzir a média histórica, que é 85toneladas por hectare”.

De fato, estão distribuídos ao longodo ano debates sobre pragas, agriculturade precisão, nutrição, controle de mato,novas variedades, qualidade de mudas,entre outros. “Claro que todos estes itensprecisam estar alinhados com um bomplanejamento. Juntos, podem, num futuro

próximo, resultar em um salto importantede produtividade”, explicou.

Questionado sobre a questão damecanização neste cenário, Landell diz quea colheita, ao menos, já foi superada. Nestaetapa, de acordo com o pesquisador, otrabalho tem sido satisfatório, podendo,sempre, ser ajustado. Mas é no plantio quemora o problema. “Principalmente ovolume de mudas que se coloca no sulco

ainda é algo para ser revisto. Além do custoser maior, traz como consequência maiorcompetição pelo excesso de touceiras quenascem no metro distribuído”, afirmou.

Por fim, o especialista faz uma análiseda safra 2014/15, que logo de início, sedeparou com condições climáticas deverasdiferentes. “Sempre falamos que uma safranão é igual a outra. Mas este ano não temosbase para comparação. Tivemos, em

janeiro e fevereiro, um período de severaseca e temperaturas elevadas, o que fezcom que a planta perdesse água e nãotivesse como repor. São danos irreversíveis,já que, ainda que haja precipitações apartir de agora, não substitui o outro. Nãodá para definir de quanto, mas haveráredução”, afirma.

A próxima reunião do GrupoFitotécnico acontece em 27 de maio.

Fitotécnico debaterá formas paramanter produtividade elevada

Grupo Fitotécnico é um dos que mais recebe participantes

Marcos Landell, coordenador

do Grupo Fitotécnico

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Maio 2014TECNOLOGIA AGRÍCOLA86

COMPARATIVO ENTRE(MPB) MUDA PRÉ-BROTADA E TOLETE DECANA CONVENCIONAL

Redução de volume de plantio� Tolete – 18 a 20 toneladas/ha� MPB – 1 a 2 toneladas/ha

Garantia de sanidade� Tolete – Sem tratamento� MPB – Tratamento térmico e

químico

Controle de espaçamento� Tolete –Não há controle do

local de brotamento� MPB – Muda é transplantada

já com a planta brotada,possibilitando o manejo dolocal de plantio

Custo� Tolete – Baixo custo de

implantação e baixo níveltecnológico; produto final combaixo valor agregado

� MPB – Baixo custo deimplantação e baixo níveltecnológico, com produto finalde elevado valor agregado.

Muda pré-brotada proporciona melhor controle de espaçamento

Mauro Xavier, pesquisador do IAC

WELLIGNTON BERNARDES, DA REDAÇÃO

Aconteceu nos dias 2 e 3 de abril a4ª edição do Curso Teórico e Práticode Formação de Mudas Pré-brotadas,no Centro de Cana do IAC, emRibeirão Preto, SP. Pioneira nodesenvolvimento de MPB – Mudas Pré-Brotadas, o curso tem o objetivo dedifundir a técnica de produção dessasmudas, que substituem o conhecidoplantio do colmo-semente pela plantajá em formação, reduzindo assim ovolume de matéria necessária paraplantio por hectare.

Atualmente são gastos em média18 toneladas por hectare para oplantio com o tolete. Com o uso daMPB seria necessário apenas umatonelada para a mesma área. Outravantagem é o controle de espaçamentodo plantio, já que há controle do localdas plantas, fato que não ocorre com ouso de colmo-semente, no qual obrotamento e sucesso do plantio sãoincertos.

De acordo com Mauro Xavier,pesquisador do IAC e coordenador docurso, a preocupação é qualificar eformar bons viveiros. E assim resgataros benefícios de tais processos de basede criação de viveiros de muda nosetor. “Nada impede o uso e odesenvolvimento para áreas maiores,em escalas comerciais. Mediante aobaixo custo e facilidade no manejo, atécnica é acessível para todos osprodutores”, explicou.

MECANIZAÇÃO O plantio das Mudas Pré-Brotadas

ainda não possui mecanização, érealizado com transplantadoras dehortifrutis, café e eucalipto. Umapossível demanda para o setor, com aconsolidação dessas mudas é afabricação de máquinas próprias parao plantio de MPB.

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Maio 2014 AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE 87

Biodiesel fabricado comesse produto abasteceráveículos que farãotransporte de convidadosinternacionais de eventosparalelos

RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O biodiesel feito com óleo recicladodeverá ser uma das atrações paralelas daCopa do Mundo 2014. Uma das iniciativaspara a divulgação desse biocombustíveldurante o evento está sendo colocada emprática pelo projeto Bioplanet, propostopela Biotechnos Projetos Autossustentáveis,de Santa Rosa, RS.

Entre outras ações, o Bioplanet prevê ouso do B20 (mistura de 20% de biodieseladicionado ao diesel fóssil) em veículos quefarão o transporte de convidadosinternacionais que participarão de eventospromovidos pela Agência Brasileira dePromoção de Exportações e Investimentos(Apex-Brasil), conforme informações deMárcia Werle, presidente do Conselho daBiotechnos.

Até o início de abril, já estava definidoo uso de biodiesel, para essa finalidade, emFortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.Além disso, esse biocombustível seráutilizado em geradores na Fan Fest que vaiacontecer em Porto Alegre, RS, durante aCopa do Mundo.

Para suprir a demanda debiocombustível nessas iniciativas estãosendo organizados Arranjos Produtivos

Locais (APLs) que serão responsáveis pelofornecimento de biodiesel fabricado apartir de óleos e gorduras residuais (OGR).O projeto prevê a inclusão de catadores demateriais recicláveis e a educaçãoambiental de crianças e adolescentes.Outras ações estão sendo estruturadas,como o uso de uma usina móvel, parademonstrar a importância da utilização deóleo reciclado na fabricação de biodiesel.

Uma das metas do Bioplanet durantea Copa do Mundo é o uso do B20 em

ônibus que transportarão as delegações(jogadores, comissão técnica) participantesda disputa. Segundo Márcia Werle, estáhavendo falta de apoio de órgãos oficiaispara que essa iniciativa seja viabilizada,apesar do Bioplanet ter sido escolhido paraintegrar o Plano de Promoção do Brasil naCopa do Mundo de 2014 a partir de umaseleção pública de projetos.

Segundo ela, o Bioplanet temapresentado um resultado bastante positivoem relação ao envolvimento da

comunidade. O APL baseia-se noengajamento e o Bioplanet, sob aplataforma de mobilização da Copa é umainiciativa que visa enfrentar, entre outros, oproblema do descarte inadequado de 1,5bilhões de litros de óleos residuais ao anono meio ambiente por 50 milhões deresidências e pequenos estabelecimentosdo ramo da alimentação – detalha.

“Considerando que um litro de óleoresidual, segundo o Conama, contamina 12mil litros de água, o envolvimentocomunitário é fundamental. E, estamossurpresos com a mobilização dosestudantes e a capacidade produtiva doscatadores”, comemora.

Lançado nacionalmente em 2013, oprojeto já contabiliza resultados importantes,de acordo com a presidente do Conselho daBiotechnos. “Durante a Jornada Mundial daJuventude – JMJ Rio 2013, a execução doBioplanet protegeu 60 milhões de litros deágua e promoveu a redução de 12,6toneladas de carbono equivalente (CO2e)com o uso de biodiesel em geradores deenergia do palco do Papa Francisco e na orlade Copacabana”, exemplifica.

O projeto vai utilizar a plataforma daCopa para se fortalecer visando a criaçãode uma conscientização ambiental de que énecessário dar uma destinação adequadaao óleo. “A ideia é levantar a bandeira deque o óleo de fritura não pode ir para oralo da pia e que tem outras destinaçõesnobres. E uma delas é para a produção debiodiesel”, afirma.

“O Bioplanet é um projeto parasempre e não apenas para a Copa”,ressalta. Márcia Werle afirma que também“está em construção” a participação doBioplanet na Olimpíada de 2016, queacontecerá no Rio de Janeiro.

Óleo de cozinha será atração na Copa

Na terra e no ar, osbiocombustíveis terão seuespaço assegurado no eventode futebol mais badalado domundo. Companhia aéreatransportadora oficial daSeleção Brasileira de Futebolna Copa do Mundo 2014, aGol se prepara também pararealizar cerca de 200 vooscomerciais entre as cidades-sede durante o evento, a partirde 12 de junho, comaeronaves que serãoabastecidas com bioqueroseneadicionada ao combustívelcomum. Deverá ser usado até10% do produto sustentávelnesses voos.

Em 2012, durante a Rio+20, a empresa operou seuprimeiro voo com biocombustível em caráter experimental.No dia do aviador, em 23 de outubro, a Gol fez o primeirovoo comercial, utilizando um Boeing 737-800 no trajetoentre São Paulo e Brasília, que foi abastecido com 25% de

biocombustível produzido a partir de óleo de milho nãocomestível e gorduras residuais. A empresa pretendeincorporar o uso de bioquerosene – adicionado aquerosene convencional de aviação – no abastecimento desuas aeronaves nos próximos anos. (RA)

Bioquerosene abastecerá

aeronaves em 200 voos comerciais

B20 pode ser utilizado no transporte coletivo nas cidades-sede

As ações de divulgação dos benefícios proporcionadospelo uso de biocombustíveis durante a Copa do Mundo nãodevem se restringir as ações do projeto Bioplanet. A UniãoBrasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) estádefendendo a implementação do B20 Metropolitano notransporte coletivo urbano das 12 cidades-sede da Copa doMundo 2014.

A iniciativa é considerada pela entidade como umaproposta objetiva para tornar realidade a “Copa do MundoVerde” no Brasil. O setor de biodiesel pretendeposteriormente expandir a utilização do B20 no transporteurbano, de maneira gradativa, para outras capitais.

O B20 Metropolitano já é realidade em algumascidades do Brasil. O exemplo de maior representatividade éo da cidade de São Paulo que utiliza essa mistura em 2.000ônibus – informa a Ubrabio –, que transportam doismilhões de passageiros por dia.

O biodiesel gera diversos benefícios para a saúdehumana, a qualidade de vida e o meio ambiente. Com oB20 toda a população é beneficiada, pois o biodiesel, alémde ser isento de enxofre, reduz significativamente os demaispoluentes emitidos pelo diesel fóssil, inclusive oscancerígenos. (RA)

Aeronaves serão abastecidas com bioquerosene

adicionado ao combustível convencional de aviação

Márcia Werle, presidente do Conselho da Biotechnos

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Maio 2014DESTAQUES DO SETOR88

Por Fábio Rodrigues – [email protected]

Destaque-seSugestões de divulgação de lançamento de produtos, informativos, anúncios de contratações epromoções de executivos e demais notas corporativasou empresariais devem ser enviadas a FábioRodrigues, email: [email protected]

DuPont EscolaA DuPont Proteção de Cultivos, em

parceria com a Secretaria de Educaçãodo município de São João da Ponte (MG),realizou no último dia 21 de março aentrega de prêmios na Escola MunicipalBelarmina Ferreira da Silva. Acompanhia é mantenedora do programasocioambiental DuPont Escola, queincentiva a produção de textos etrabalhos artísticos sobre boas práticasagrícolas. O projeto focaliza a valorizaçãoda vida no campo e o papel centraldesempenhado pelo agricultor nasegurança alimentar dos brasileiros.

O vencedor do melhor desenho eredação, com o tema “Meu herói, oagricultor”, foi o estudante PatrickFernandes Silva. Ele foi contempladocom uma bicicleta. A escola recebeu daDuPont um microcomputador comimpressora. Participaram do projeto 51alunos do 4º e 5º anos do ensinofundamental.

Na solenidade de premiação, aempresa apresentou a esse grupo dealunos uma palestra sobre a importânciada sustentabilidade da atividade agrícola.

DuPont Escola faz parte daplataforma Segurança e Saúde noCampo, o programa de carátersocioambiental da DuPont que concentrainvestimentos em 5 projetos focalizadosno uso correto e seguro de defensivosagrícolas e na preservação do meioambiente.

Novo disjuntor da ABBA ABB criou a combinação perfeita de

controle, facilidade de uso, conectividade edesempenho, para atender as demandasatuais de eficiência e antecipando asnecessidades do futuro.

O Emax2 contém recursos novos parao mercado, superiores às soluçõesexistentes, sendo a melhor escolha para asnecessidades das redes de baixa tensão.

O produto não somente protege, mastambém monitora a alimentação e controlaas instalações elétricas com eficiência esimplicidade, desde as mais tradicionais,até as mais complexas, tornando-se umgerenciador de energia completo.

O Emax2 possui vários recursos que,ou são totalmente novos para o mercado ousuperiores às soluções existentes, sendo amelhor escolha para as necessidades dasredes de baixa tensão. Veja mais no site:www.abb.com.br.

Basequímica em festaO Grupo Basequímica está em festa. A

empresa, fundada em 1991, comemora nomês de abril os seus 23 anos de história,reconhecida pelo respeito ao indivíduo, àconservação do meio ambiente, àsociedade e aos seus negócios.

Para celebrar mais um ano detradição, a Basequímica contemplou osseus colaboradores com um café damanhã, preparado com muito carinho nasede do Grupo, no dia 1/4. O evento foimarcado pela descontração e também pelomomento de confraternização entre toda aequipe.

O Grupo Basequímica conta com umcomplexo de quase 50 mil m² e cerca de300 colaboradores. Hoje o Grupo mantémtrês empresas dentro da sua estruturacorporativa, sendo a Basequímica a matrizdo grupo, contando com uma linha de 300itens variados de produtos químicos.

TGM participa da inauguração de cogeração na BahiaNo final de

março, foiinaugurada aprimeira plantade cogeração deenergia a vapor apartir da queimade biomassa deeucalipto, noComplexoIndustrial deAratu, emCandeias, BA.

O projeto, pioneiro no setorpetroquímico e o primeiro da ERB emparceria com a TGM a entrar emfuncionamento no Brasil, abastece a maiorunidade da Dow, com energia limpa,substituindo parte do gás natural queabastece a empresa atualmente.

O equipamento fornecido é uma

Turbina TGM de reação de 17 MW depotência, modelo BTE 32 com extraçãocontrolada que fornecerá dois tipos devapor ao processo da Dow, sendo 17 e 6bar (angel) de pressão e, ainda, energiaelétrica.

Com este projeto, a Dow substitui 150mil metros cúbicos diários de gás natural.

ARQUIVO ERB

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Maio 2014NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES90

Empresa oferece peças novas comvalor próximo aos recondicionados

Nufarm oferece linha de defensivospara cultura da cana-de-açúcar

Empresa lança motobombapara queima de etanol

Empresa faz análise minuciosa nospneus para consertos de vulcanização

Alinhada com sua missão de trazersoluções aos produtores oferecendoprodutos e serviços que promovam o seusucesso bem como de seus Distribuidores,a Nufarm obteve mais um importanteregistro: o herbicida Nufuron, paracultura da cana-de-açúcar. Herbicida dogrupo químico das Sulfoniluréias, tendocomo princípio ativo o Metsulfurom-metílico 600 g/Kg WG, usados naaplicação em pré-emergência das plantasdaninhas de folhas largas.

Com isso, a Nufarm demonstra aimportância de participar deste setor comseu portfólio, através dos Herbicidas: crucial

(Glifosato de alta concentração, mistura dedois sais, o que confere sua diferenciação nopotencial de controle das plantas daninhas);U-46 BR (pós-emergente sistêmico à base de2,4D 600 g/L de ácido 806 SL); Navajo(800 g/Kg de ácido do 2,4D, em formulaçãoexclusiva 970 WG – única no mercado);Cention SC (Diurom 500 g/L); SUMYZIN500 (Flumioxazin, pré-emergente seletivo) edo Inseticida NUPRID 700 WG(Imidacloprid com tecnologia Nufarm).

Nufarm11 2133.8866www.nufarm.com.br

A Germek Equipamentos,empresa com 32 anos demercado projeta, fabrica,comercializa e aluga, grupogeradores e motobombas para asmais diversas aplicações, como:combate a incêndio, industriais,agrícolas e sucroalcooleiro. Aempresa lança comercialmente aprimeira motobomba nomercado nacional concebidainteiramente para queima deetanol como combustível.

Na contramão da crise queo setor sucroenergético atravessa,que também afeta a todos osfornecedores da cadeia e faz aindacom que os investimentos e pesquisas sejamdrasticamente reduzidos ou “congelados”, aGermek Equipamentos inova e acreditaainda mais que melhores dias estão por vir.

Neste lançamento traz sua contribuiçãopara diminuição de custos e da dependênciaexterna para a área agrícola das unidadesprodutoras de etanol, inicialmente abraça osetor de fertirrigação que há décadas faz usode motobombas diesel ou para aspergir oupara levar a vinhaça até a lavoura de cana-de-açúcar e num próximo passo, levar oetanol para outras aplicações quedemandam uso de fontes de energia hojedominados pelo diesel.

Algumas experiências anteriores jáhaviam sido feitas e propagandas com muitoalarde, mas não houveram comprovações deresultados efetivos viáveis. O uso de blocosde motores e componentes mal adaptados,utilização de motores veiculares de altarotação foram alguns dos caminhosescolhidos e resultaram na poucadurabilidade e baixa vida útil dosequipamentos, deficiências estas que o setorabomina.

Germek19 3682.7070www.germek.com.br

Fundada em1993 a MultPneus se destacano mercado pelaqualidade de seusserviços, sendoreferência emvulcanização eduplagem depneus. Sempreatenta ao meioambiente, aempresa passou aser o ecoponto deRibeirão Preto,SP, onde sãorecebidos os pneussucatas inservíveis ou pneus desgastadosque são enviados para empresashomologadas onde é descartado de formaambientalmente correta, conforme aResolução Conama 416 de 30/09/2009.

A empresa faz uma análise minuciosanos pneus para consertos de vulcanização eapós verificar as condições dos pneus eatestar que podem ser consertados, eles sãoenviados para o processo de “lpara”, que éum vulcanizador, que mantém a qualidadee segurança no serviço prestado. A empresatambém trabalha com a duplagem de

pneus agrícolas que recebe um reforço delona para trabalhos extremos eextrapesados. A Mult Pneus possuí osequipamentos mais modernos e umaequipe devidamente preparada para estetipo de trabalho com duplagem de pneusagrícolas. A empresa atende todo o Brasilcom uma equipe especializada e transportepróprio.

Mult Pneus 16 3628.4436www.multpneus.com

Fachada da Nufarm

Primeira motobomba concebida inteiramente

para queima de etanol como combustível

Desde 1965 atuando no mercado deRibeirão Preto, interior de São Paulo, alémde Minas Gerais e Goiás, o Grupo Auto PeçasMaurilio oferece ao setor sucroenergéticouma gama de produtos fabricados no Brasil,como câmaras de freio e válvulaspneumáticas, todos com garantia de fábrica.

Os produtos contam com o dobro desegurança e durabilidade quandocomparados com os recondicionadosoferecidos no mercado. Em parceria com aempresa “Engatcar”, o Grupo Auto PeçasMaurilio tem como objetivo oferecer peçasnovas com um valor próximo aos usados.

A empresa dispõe também de toda linhade implementos rodoviários e canavieiros,representando e distribuindo as maisimportantes marcas do mercado, entre elas:Gaff, Ferrol, Casappa, Engatcar e Mauv.

Com produtos 100% fabricados noBrasil, o Grupo Auto Peças Maurilio oferecetambém toda a linha de conexões, tomadasde força, comandos e bombas hidráulicas.Tradição e confiança que faz a empresa acada dia zelar por seus parceiros.

SOBRE A EMPRESAA Auto Peças Maurílio nasceu como

fruto de muito trabalho e esforço de seuempreendedor. Um começo simples,

dispondo apenas de uma locação pequenaem um espaço de oficina para realizarserviços de soldagem. Ali nasceram ospilares da Auto Peças Maurílio: trabalhoque tem ênfase na qualidade e norelacionamento de longo prazo com ocliente, funcionários e fornecedores. Aevolução para a atenção total na satisfaçãodos seus parceiros, com foco na solução eem como agregar o valor de uma empresapreocupada com o atendimento, e respeitoao cliente, centrada numa fórmula denegócio justo, na qual todos ganham. Estaé a chave para do sucesso da Maurílio AutoPeças

Auto Peças Maurilio16 3626.0716www.autopecasmaurilio.com.br

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Mesmo sendo recente o início oficialda safra da região Centro-Sul, no últimodia 1º de abril, a Magíster de Sertãozinho,SP, já dispõe de uma carteira considerávelde pedidos para fornecimento de peças eserviços para o próximo período de revisãodas usinas que ocorrerá em dezembrodeste ano.

Esta antecipação por parte de váriosgrupos de usinas, se deve ao fato de que osperíodos de entressafra estão cada vez maiscurtos, e com isto, as usinas estão sepreocupando em adquirir componentes demoendas antecipadamente. “Nesta últimaentressafra, não tivemos mais do que 45dias úteis entre o recebimento, execução doreparo, revisão e devolução doscomponentes para nossos clientes”,comenta Marcos Mafra, diretor da Magister.

Segundo ele são vários os itens cruciaisde moendas que normalmente atrasam amontagem e que podem ser adquiridosdurante o transcorrer do ano, como:camisas e flanges de moendas, bagaceiras,pentes, desfibradores, martelos e facas,componentes estes, fabricados, revestidosou reformados pela Magíster.

Ainda segundo Mafra, estaantecipação não só beneficia a redução detempo de montagem na entressafra, comomelhora os aspectos econômicos danegociação, uma vez que, ocupando aociosidade do parque fabril das empresas,os custos tendem a ser menores enaturalmente, a economia na produção das

peças é repassada para as usinas. Portanto,manter peças reservas nas usinas torna-seum bom negócio.

SOBRE A EMPRESAA Magister está estrategicamente

situada no parque industrial deSertãozinho, SP, cidade que abriga um dosmaiores polos fabris para o setor

sucroalcooleiro, a Magíster, com amplas emodernas instalações, em local de fácilacesso para veículos pesados e de grandeporte. Conta com equipe de profissionais domais alto nível técnico, continuamentetreinados e qualificados para realizarmúltiplas atividades nas áreas de soldagem,corte e usinagem em componentes eequipamentos industriais para usinas de

açúcar de álcool.

Maio 2014 NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES 91

Magíster produz peças para a próxima entressafraESPECIALIDADES

� Revestimentos convencionais ouespeciais em bagaceiras e pentes demoendas� Metalização de bagaceiras, pentes,rodas dentadas etc� Revestimentos automatizados oumanuais em camisas de moendas� Fabricação ou reforma de flangesde moendas� Fabricação ou reforma de placasdesfibradoras� Fabricação ou reforma de placas derotores de desfibradores e picadores� Fabricação, recuperação erevestimento de martelosdesfibradores e facas� Reforma de rodetes e engrenagensem geral� Recuperação de carcaças ecomponentes de bombas� Recuperação e usinagem deacoplamentos em geral� Soldagem ou restauraçãodimensional em eixos em geral� Serviços de oxi-corte e corteplasma automatizado� Usinagem de peças em geral

Magíster16 3513.7200www.magister.ind.br

Mandrilhadora em operação na Magíster

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Maio 2014NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES92

Iniciou-se mais uma safra para amaioria das usinas nos meses de abril e maio.Pensando no aumento constante da colheitamecanizada, que de acordo com a Unica —União da Indústria de Cana-de-Açúcar,encontra-se com 88,8% da colheita no Estadode São Paulo, a Cohybra está cada vez maispreparada para atender, desde os clientesmais exigentes aos pequenos produtores, comextrema agilidade.

“O segredo da agilidade no nossoatendimento 24 horas é sem dúvida nossaampla base de troca, com cerca de 300 itensentre motores, bombas e cilindros dasdiversas marcas de colhedoras. Outro ponto

importantíssimo é uma grande equipe eampla frota de veículos novos”, afirma Alexde Angelis, proprietário da Cohybra.

“A safra 2014/15 será semelhante a doano passado, pois a baixa rentabilidade dosetor, motivado pelo preço da gasolina e opreço internacional do açúcar não incentivoua ampliação da indústria, mas devemos estarpreparados e otimistas por uma melhora”,comentou Cleiton de Angelis, tambémproprietário da Cohybra.

Cohybra16 3041.2225www.cohybra.com.br

Instalada em Piracicaba, interior de SãoPaulo, a Prolink Correntes atua nafabricação e prestação de serviços decorrentes e equipamentos transportadoresem todo o Brasil e América Latina,atendendo aos mais diversos mercadoscomo: sucroenergético, agrícola, papel ecelulose, sucocítrico, cimento e mineração,entre outros.

Em 2014, a Prolink Correntes completa20 anos de atuação no mercado e se destacapor ter uma equipe altamente qualificada epor investir em equipamentos de altatecnologia, sempre com o objetivo demelhorar a qualidade e confiabilidade deseus produtos, além de manter grandesestoques para atender todas as necessidades

dos setores em que atua.Para isso, a Prolink Correntes possui

um laboratório dentro de sua fábrica, comequipamentos de última geração, testados eaferidos constantemente, com o intuito deanalisar todos os materiais produzidos,seguindo todas as normas e padrões dequalidade.

Além da fabricação, a Prolink Correntespresta serviços de manutenção e reforma emcorrentes e equipamentos transportadores,mantendo a mesma qualidade de produtosnovos em seus produtos reformados.

Prolink Correntes19 3423.4000www.correntesprolink.com.br

A venda de mais uma bancada de testepara o Grupo Odebrecht marca o início de anoda Cohybra, Desta vez o destino é a Angola. ACohybra Hidráulica está fornecendo para oGrupo Odebrecht (Biocom – Angola), maisuma moderna bancada de teste paracomponentes hidráulicos de equipamentosagrícolas, esta bancada de testes fabricadapela Cohybra é referência nacional, sendo asegunda adquirida pela OdebrechtAgroindustrial. A primeira que se encontra naUnidade Conquista do Pontal opera à quasetrês anos sem ter necessidade de umamanutenção pela Cohybra até hoje,

confirmando a satisfação da qualidade doequipamento. Temos a compra deste novoteste para exportação.

“Esta bancada além de possuir o que háde mais moderno na área hidráulica,simulando o funcionamento de umacolhedora de cana é equipada com umpotente motor a diesel, aumentando suadurabilidade e criando maior adaptabilidadepara qualquer ambiente por não precisar deuma rede elétrica para seu funcionamento. Defato, atualmente, uma das melhores domercado”, afirma Valtencir Figueiredo, vulgoParaná.

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Prontos para a safra de 2014

Prolink Correntes

completa 20 anos

Cohybra vende bancada de teste para o Grupo Odebrecht

Vista aérea da Prolink Correntes, em Piracicaba, SP

Bancada de teste para componentes hidráulicos de equipamentos agrícolas

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Maio 2014 NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES 93

A Renk Zanini acaba de fechar duas vendas importantes para grandes usinasaçucareiras da Colômbia e Peru. Nos últimos anos, a empresa consolidou suapresença no continente com participação expressiva em países como Peru,Colômbia, Bolívia, Argentina e Equador.

Desta vez, os Torqmax 2.0® foram destinados ao Ingênio Mayaguez naColômbia e ao Ingenio Cartavio no Peru, ambos já clientes tradicionais da RenkZanini e defensores da tecnologia e confiabilidade dos redutores Torqmax®.Consagrado no Brasil e no exterior, este tipo de acionamento é o preferidopelas usinas, pois além de oferecer a confiabilidade necessária para oprocesso de extração da cana-de-açúcar, representa a melhor relaçãocusto-benefício do mercado, de acordo com a Renk Zanini.

O Ingênio Mayaguez, situado na cidade de Cali, grandeprodutor de açúcar, etanol e energia elétrica, irá substituirum redutor planetário por um Torqmax 2.0®, que seráinstalado no segundo terno da moenda de 84” da usina.No total são quatro Torqmax® em operação noMayaguez.

Já o Ingênio Cartavio adquiriu um novo Torqmax2.0 para sua moenda de 78”, o qual também irásubstituir o acionamento planetário. O novo Torqmax2.0® será o terceiro equipamento em operação no local. OIngênio Cartavio faz parte do Grupo Glória – maior grupoaçucareiro peruano ̶ , responsável pela produção de 60% doaçúcar produzido naquele país: um verdadeiroconglomerado industrial com negócios presentes na Argentina,Porto Rico e Equador.

De acordo com o responsável pelas exportações dos novosredutores, Marcelo Scatena, o Torqmax 2.0® suporta safrascontínuas e oferece o bom desempenho que as usinas da AméricaLatina necessitam, com baixos custos de manutenção, menores custosoperacionais, alta performance e maior rendimento energético.

Renk Zanini16 3518.9001www.renkzanini.com

Renk Zanini exporta Torqmax 2.0® para países da América do Sul

Torqmax 2.0:

confiabilidade

garantida

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Maio 2014NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES94

Dentre os fatores relacionados aos tratamentosquímicos podem se destacar a dose utilizada, acombinação de produtos e a formulação. Oscomponentes presentes na formulação também podeminfluenciar na seletividade de herbicidas para acultura. Segundo Oliveira Júnior & Inoue, 2.011substâncias conhecidas como adjuvantes sãogeralmente adicionadas para melhorar as propriedadesde formulações líquidas e podem aumentar oudiminuir a toxicidade de certos herbicidas.

PLANTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS A variedade da cana-de-açúcar é um fator de

seletividade importante, porém poucos estudos têmsido dedicados neste sentido. As respostas dasvariedades aos herbicidas se devem à sua morfologiae/ou metabolismo. Para aplicações em área total,outro ponto importante é o estágio do canavial nomomento da aplicação. Existem herbicidas que podemser aplicados sobre a cana brotada,independentemente do porte, desde que não hajalimitação na distribuição uniforme da calda no alvo.São exemplos desse grupo; s-metolachlor, metribuzim,mesotrione, atrazina e o 2,4 D.

FATORES DO SOLO, CLIMA E MANEJOSob a ótica da seletividade, canaviais em solos

mais adsortivos toleram maiores doses quandocomparados aos canaviais em solos menos adsortivos,principalmente quando a via de absorção principal é aradicular. Sendo assim, a escolha dos tratamentos deve

passar pela textura do solo e os teores de matériaorgânica do local.

Para alguns produtos é necessário ainda adequara dose em função da umidade de solo ou mesmo daproximidade da época úmida em relação ao momentode aplicação. O ciclo produtivo da cana também éimportante. Em relação à seletividade, todos osherbicidas utilizados em cana planta podem serutilizados na soca. Por outro lado, nem todo herbicidaque é utilizado em cana-soca pode ser aplicado emcana-planta com segurança. Em áreas de plantio, apreocupação com o estabelecimento do estande docanavial limita a utilização de certos produtos. Issoocorre principalmente pela fluidez e desnivelamentodo solo.

Nestas condições é muito comum o deslocamentode herbicida para as regiões mais baixas, justamenteonde são depositadas as mudas no plantio. Essasituação pode provocar altos níveis de intoxicação efalha no estande do canavial. Nas socas, devido à maiorestabilidade e nivelamento do solo, o risco desteproblema é menor.

Extraído do artigo original: Seletividade deherbicidas para a cultura da cana-de-açúcar.Autorizado pelos autores: Marcos Kuva e TiagoSalgado, ambos da Herbae Consultoria e ProjetosAgrícolas Ltda

Syngenta11 5643.2049www.syngenta.com.br

Tratamento químico

Um dos processos mais importantesno cultivo da cana é o controle damatocompetição, que está baseado nométodo químico em quase todas as áreas.É um processo complexo porque oresultado final depende de vários fatoresrelacionados ao cenário, como: solo, clima,tipo de canavial e manejo, herbicidas —características, ação, doses — e às plantasdaninhas — população, infestação,propagação, estágio e distribuição daemergência.

O resultado esperado é o melhorcontrole sem danos ao canavial. Eficiênciasem seletividade ou seletividade semcontrole é relativamente fácil. Mas atingiros dois objetivos é que faz esse processo sermais complexo.

Um controle deficiente pode provocarperdas da ordem de 20 a 30 t/ha de canaem um canavial com produtividadeestimada em 100 t/ha. Por outro lado,trabalhos mostram que a intoxicação dacana-de-açúcar por herbicidas podemacarretar perdas na ordem de 10 a 20 t/ha(Montorio et al., 1997) e de 14 a 19 t/ha(Fagliari, et al., 2001).

Sendo assim, a decisão sobre o melhortratamento ocorre sob a pressão de doisfatores de perdas de produtividade: o riscode perdas por mato-competição devido aum controle deficiente e o risco de perdasde produtividade por intoxicaçãoirreversível por herbicidas. É precisoequilibrar os dois lados. Uma forma de

racionalizar a tomada de decisão émodificar o paradigma e passar a calcularo custo por tonelada produzida ao invés deconsiderar o custo por unidade de área.

A seletividade de herbicidas é a basepara o sucesso do controle químico deplantas daninhas; uma medida da respostade diversas espécies de plantas a umherbicida. Quanto maior a diferença detolerância entre a cultura e a plantadaninha, maior a segurança de aplicação(Oliveira Júnior & Inoue, 2011). Aseletividade dos herbicidas é umamanifestação das complexas interaçõesentre plantas, herbicidas e ambientes.

Os herbicidas utilizados na cana,quando promovem intoxicação na cultura,podem resultar em sintomas aparentes ouem danos ocultos. Os sintomas aparentessão aqueles que podem ser detectadosvisualmente mesmo na ausência detestemunha e dependem do modo de açãodo herbicida. Podem ser temporários enão reduzir a produtividade oupermanentes causando perdas deprodutividade.

Já nos danos ocultos não há sintomasvisuais na parte aérea, mas há reduçãosignificativa de crescimento e atéprodutividade. Na ausência detestemunhas estes danos podem passardespercebidos. A seletividade detratamentos herbicidas para cana-de-açúcar é função de fatores relacionados aotratamento, plantas, e solo.

Seletividade de herbicidas é base do sucesso do controle químico

Eficiência na seletividade resulta em aplicações sem danos ao canavial

Variedade da cana um fator

de seletividade importante

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Líder em automatização agrícola nosetor de bioenergia do país, a Solinftecdesenvolve e produz equipamentos etecnologias para automatização de ativosmóveis e processos de logística daagroindústria. São computadores de bordo,monitoramento on-line, certificado digitalde cana, entre outras soluções, voltadas aotimizar o processo de colheita da canadesde o campo até a usina.

Uma das tecnologias desenvolvidaspela empresa que mais tem se destacado é afila única de transbordo, que organiza deforma automática uma fila de transbordosno malhador para atenderem as colhedorasque necessitarem de um novo transbordo.

O sistema forma automaticamente afila, calcula a porcentagem de enchimentodos transbordos envolvidos na colheita edetermina o momento exato de chamar umnovo transbordo. A automação permite quetodo o processo aconteça com a mínimaintervenção dos operadores, envolvendosomente o operador do transbordo queaceita ou não o chamado da colhedora.

A operação é realizada peloscomputadores de bordo MAG300,produzidos pela Solinftec e instalados nascolhedoras e transbordos, e utiliza oMAG400 nos transbordos, no qual ooperador obtém ajuda visual paranavegação com informações detalhadas doprocesso.

A fila única de transbordos funcionacom suporte de uma rede de telemetria que

permite a intercomunicação em redeprópria de 900MHz. Através dela, todo oprocesso de comunicação entre oscomputadores de bordo das colhedoras etransbordos na frente de corte se realiza deforma automática, sem depender das redesde telefonia celular GPRS.

VANTAGENSO sistema de fila única de transbordos

Solinftec tem demonstrado um aumentosignificativo no tempo produtivo dasmáquinas. Sem a fila, as colhedorasperdem até duas horas aguardando

transbordos. Além de diminuir o tempoperdido, o sistema otimiza a quantidade detransbordos necessários para realizar atarefa. “Um exemplo disso são osresultados de testes pilotos realizados nasafra passada pela Raízen, na usina BomRetiro, que fizeram o grupo decidir instalaro sistema em suas 21 unidades ainda em2014”, afirma Anselmo Del Toro Arce,diretor de desenvolvimento de negócios daSolinftec.

NOVIDADES Além da tecnologia da fila única de

transbordos, a Solinftec lançavários novos produtos no mercado em2014, tais como: a rede de telemetriaSolinfNet, sistema de controle on-line de pneus, sistema de alerta poraproximação entre máquinas e pessoas, painel de monitoramento detráfego de caminhões, painel de gerênciaassistida (PGA) e painel de metasprodutivas, entre outros.

Solinftec18 3441.0238www.solinftec.com

Fila única de transbordos otimiza tempo e equipamentos na colheita

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A americana BanjoCorporation, fundada em1959, é focada nodesenvolvimento de soluçõespara o trabalho com líquidos,possuindo um leque deprodutos extenso ereconhecidamente de altaqualidade, como válvulas,filtros, bombas detransferência, válvulas elétricas,tampas, fluxômetros, desconexões secas,acessórios para tanques IBC e infinitasopções de conexões e engates rápidos.

Em 2011, finalmente, a BanjoCorporation passou a contar com umrepresentante no Brasil responsável porsuas atividades, fazendo a ponte entre osclientes sul-americanos e a matriz nos EUA.

"Para as multinacionais que trouxerama Banjo já embarcada em seus projetos, osdesafios foram menores, pois era necessárioum suporte maior no entendimento deprocessos de exportação, que sãocomplexos, e no atendimento ao pós-vendas. Porém os fabricantes locais têmnecessidades diferentes, mesmo porque opoder financeiro também é diferente, mas aBanjo sempre se demonstrou disponível afazer todos os esforços para atender essasempresas da melhor maneira possível.

Isso explica o sucesso da Banjo na

América do Sul, onde temos 90% dosfabricantes utilizando produtos Banjo ecom crescimento médio de 100% ao ano."comemora Marlon de Oliveira. Hoje aBanjo está estruturada no Brasil com 03distribuidores, além de seu próprio gerente.

A Agrishow é estratégica para a Banjo,pois é a oportunidade para representantesda diretoria visitarem o Brasil e coletareminformações de seus clientes para darcontinuidade ao trabalho da empresa: ocontínuo desenvolvimento de produtos dealta qualidade.

Maiores informações com Marlon deOliveira, gerente de desenvolvimento demercado, através do e-mail:[email protected].

Banjo Corporation19 99702.3247www.banjocorp.com

Banjo Corporation passa a terrepresentante no Brasil

Empresa disponibiliza difusores modularessem correntes de até 25.000 tcd

A Bosch Engenharia estabeleceu-se emPiracicaba, SP, em 2008, quando o conceitodo difusor modular sem correntes foiintroduzido no Brasil. Como parte daempresa Bosch Projects, situada na África doSul, a empresa oferece tecnologias,equipamentos, gerenciamento de projetos,engenharia e serviços de consultoria para osetor de açúcar, etanol e energia, para oBrasil e em toda a América Latina, além deoutros países.

Nos últimos 6 anos, 9 difusoresmodulares sem correntes foram instaladosna América Latina, sendo que o maior delestem capacidade para 20.000 tcd. Agora, aBosch Engenharia desenvolveu ainda maisesta tecnologia e oferece unidades de até25.000 tcd. Com muitas instalações ao redordo mundo, também oferecemos outros

equipamentos para a indústria de açúcar,etanol e energia, incluindo cozedorescontínuos a vácuo, como o que está sendoinstalado na Usina São Martinho.

A Bosch Engenharia também ofereceserviços de consultoria, engenharia egerenciamento de projetos. Outro serviçooferecido é gestão terceirizada para fábricas,onde é feito o gerenciamento da operação dafábrica de açúcar para o cliente. Nossoscolaboradores ocupam posições-chave naestrutura de gerenciamento da usina e, comapoio do escritório, implementa as melhorespráticas. A melhoria de performance dafábrica é garantida.

Bosch Engenharia 19 3301.8101www.boschengenharia.com.br

Sede da Banjo Corporation nos EUA

Difusores modulares sem correntes produzidos pela Bosch Engenharia

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A Ourofino Agrociência, unidade dedefensivos agrícolas da OurofinoAgronegócio, realizou nos últimos dias 2 e3 de abril o AgroEncontro – 1º Dia deCampo dos parceiros da Cana-de-açúcar.Criado com o objetivo de reunirprofissionais do setor para apresentarnovas tecnologias de produção agrícola, oevento passa agora a fazer parte docalendário oficial de atividades dacompanhia.

A primeira edição do AgroEncontroteve foco no cultivo de cana-de-açúcar.Cerca de 500 pessoas participaram, entreresponsáveis por usinas e cooperativas,fornecedores de cana, gerentes agrícolas,administradores rurais, pesquisadores econsultores.

Com patrocínios da Syngenta e doBanco do Brasil, o evento reuniu aindaimportantes empresas do setor canavieiro,como Canavialis, Instituto Agronômico deCampinas (IAC), Ridesa Brasil, Centro deTecnologia Canavieira (CTC) e ColoradoJohn Deere. “Convidamos nossos parceirospara debater as variedades na área e o usoda tecnologia para produção agrícola”,afirma Jurandir Paccini, presidente daOurofino Agrociência.

Novas edições do AgroEncontro estãoprevistas abordando práticas em diferentesculturas. Durante o evento, a Ourofinoapresentou sua linha de produtos para aprodutividade da cana-de-açúcar, como oDemolidorBR, FortalezaBR e CoronelBR,

utilizados para ervas daninhas, eDiamanteBR e SingularBR, soluções parainsetos. “O DiamanteBR combate ascigarrinhas-das-raízes (Mahanarvafimbriolata), uma das piores pragas queafetam a cana-de-açúcar e trazem prejuízoaos produtores. Já o SingularBR é umproduto à base de Fipronil, um dos

principais inseticidas do mercado”, explicaAntônio Nucci, engenheiro agrônomo egerente técnico da Ourofino Agrociência.

O AgroEncontro também marca umanova fase para a Ourofino, já que foi aprimeira oportunidade da empresa abrir asportas de sua fazenda experimental, emGuatapará, SP, ao público. A unidade,

recém-inaugurada, oferece capacitaçãoprofissional gratuita e reúne centros depesquisas veterinária e agrícola, e criaçãode gado nelore de elite.

Ourofino Agronegócio16 3518.2000www.ourofino.com

Ourofino debate produção de cana durante AgroEncontro

Dia de campo reuniu especialistas, que apresentaram novas tecnologias de cultivo

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O amido é considerado umasubstância indesejável presentena cana-de-açúcar, pois causaproblemas durante oprocessamento nas usinas.Dentre os principais problemasrelacionados a este polissacarídeoao longo do processo podemoscitar: o aumento da viscosidadedo caldo, do xarope, do mel;dificuldade de cristalização;redução da taxa de centrifugaçãoe baixa qualidade do açúcar — cor, pontos pretos,filtrabilidade, etc.

Atualmente as usinas quefabricam o açúcar VHP têmdificuldades em enquadrar esseaçúcar na especificação de amido,a não ser que usem enzimas. Ouso de alfa amilases em usinasvisa esse enquadramento. Porémo benefício do uso da enzima émuito maior que o simplesenquadramento da concentração deamido presente no açúcar.

Com o uso da alfa amilase observa-seuma diminuição da viscosidade do xarope,uma cristalização mais fácil e aumento daqualidade do açúcar. Foi realizado umteste aplicando a enzima alfa amilase emuma usina produtora de açúcar branco.Observou-se um aumento médio de 5,9%em relação ao aproveitamento (t de cana xsacas de açúcar) durante o período onde a

enzima foi aplicada e o período semenzima. Durante uma semana foiinterrompido o uso de enzima e oaproveitamento voltou a cair, mostrandoque a enzima tem um efeito importante norendimento da produção do açúcar.

Prozyn11 3732-0000 www.prozyn.com

A Engevap está se preparando paraum novo ciclo de crescimento cominvestimentos em treinamentos, máquinas,melhorias de processos, layout, segurança eoutros. Ano passado, a empresa entregouda caldeira de alta pressão da Granol(60t/h; 67kgf/cm2 e 490ºC). Areceptividade do cliente comprovou o bomtrabalho da empresa.

A montagem da caldeira de altapressão da Usina Santa Isabel (230t/h;66kgf/cm2 e 490ºC) atestou a competênciada empresa, pois este é o terceiroequipamento seguido adquirido pelaunidade industrial. A montagem encontra-se em andamento e a caldeira certamenteestará pronta para a próxima safra, deacordo com a empresa.

"Somos otimistas quanto ao futuro donosso país. Entendemos que a nossaindústria deve crescer e com ela também aquantidade de empregos qualificados",afirma a direção da Engevap.

A empresa garante que as perspectivasde vendas para os próximos meses sãopromissoras.

A Engevap demonstra com seu trabalhoe equipamentos entregues, que é possívelreunir tecnologia, qualidade e durabilidadeem uma empresa 100% nacional, quando otrabalho, honestidade e ética estão presentesno topo de seus princípios.

Engevap16 3513.8800www.engevap.com.br

Usina Santa Isabel instalacaldeira de alta pressãoproduzida pela Engevap

Enzima alfa amilase

aumenta rendimento na

produção de açúcar

Uso da alfa amilase cristaliza

facilmente e aumenta qualidade do açúcar

Colaboradores da Engevap

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