jornal solidário

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CianMagentaAmareloPreto IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Porto Alegre, 16 a 31 de julho de 2009 Ano XV - Edição N o 542 - R$ 1,50 O projeto Cooesperança recupera o verdadeiro conceito de cooperati- vismo em Santa Maria. Criado há mais de duas décadas por D. Ivo Lorscheiter, significa dignidade hu- mana para milhares de participantes. Cooperativismo solidário Página 7 Devido ao alastramento da gripe A e em função da dimensão do evento, em que eram espera- dos 50 mil participantes de 40 países, os organizadores consideraram prudente adiar a realização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e do Encontro de Jovens Comunicadores para contribuir na prevenção de uma possível propagação do vírus da gripe. Nota oficial do Presidente do Mutirão “Em nome das Entidades Promotoras (CELAM, CNBB e OCCLAC), na condição de presidente do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e atendendo à recomendação das autoridades de saúde pública do Estado do Rio Grande do Sul, de não realizar grandes eventos em ambientes fechados, como medida de prevenção diante da expansão da Epidemia da Influenza A (H1N1), havemos por bem da saúde do povo suspender a realização do evento, que aconteceria de 12 a 17 de julho corrente, nas dependências da PURCS, em Porto Alegre, transferindo-o para 3 a 7 de fevereiro de 2010. Entendemos que a referida transferência é um exercício de responsabilidade e manifestação de so- lidariedade integral com respeito à saúde e vida dos participantes e do povo de Porto Alegre. Estamos cientes dos graves prejuízos que esta determinação acarreta, em primeiro lugar aos participantes deste acontecimento continental. Também aos conferencistas, painelistas, técnicos, especialistas e, de maneira particular, aos organizadores, patrocinadores e promotores. A todos, a nossa gratidão e a solicitação de seguirmos acompanhando esta tarefa. Com nossas orações para que cheguemos a um bom termo, recebam uma saudação no Senhor. Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, Presidente do Mutirão América Latina e Caribe”. As manifestações internacionais de apoio Diversas entidades internacionais e partícipes da organização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe expressaram seu apoio formal à decisão do adiamento do evento. Página 6 e contracapa Gripe A transfere Mutirão Nova data: 3 a 7 de fevereiro de 2010 na PUCRS

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A partir do mês de julho de 2009, o jornal Solidário passa a ser o jornal do Mutirão, assumindo um papel importante na divulgação do evento. Haverá, daqui por diante, em todas as edições do periódico, uma página especial que publicará notas, comentários e eventos ligados ao Mutirão de Comunicação.

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Page 1: Jornal Solidário

CianMagentaAmareloPreto

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de julho de 2009 Ano XV - Edição No 542 - R$ 1,50

O projeto Cooesperança recupera o verdadeiro conceito de cooperati-vismo em Santa Maria. Criado há mais de duas décadas por D. Ivo Lorscheiter, significa dignidade hu-mana para milhares de participantes.

Cooperativismo solidário

Página 7

Devido ao alastramento da gripe A e em função da dimensão do evento, em que eram espera-dos 50 mil participantes de 40 países, os organizadores consideraram prudente adiar a realização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e do Encontro de Jovens Comunicadores para contribuir na prevenção de uma possível propagação do vírus da gripe.

Nota oficial do Presidente do Mutirão“Em nome das Entidades Promotoras (CELAM, CNBB e OCCLAC), na condição de presidente

do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e atendendo à recomendação das autoridades de saúde pública do Estado do Rio Grande do Sul, de não realizar grandes eventos em ambientes fechados, como medida de prevenção diante da expansão da Epidemia da Influenza A (H1N1), havemos por bem da saúde do povo suspender a realização do evento, que aconteceria de 12 a 17 de julho corrente, nas dependências da PURCS, em Porto Alegre, transferindo-o para 3 a 7 de fevereiro de 2010.

Entendemos que a referida transferência é um exercício de responsabilidade e manifestação de so-lidariedade integral com respeito à saúde e vida dos participantes e do povo de Porto Alegre. Estamos cientes dos graves prejuízos que esta determinação acarreta, em primeiro lugar aos participantes deste acontecimento continental. Também aos conferencistas, painelistas, técnicos, especialistas e, de maneira particular, aos organizadores, patrocinadores e promotores. A todos, a nossa gratidão e a solicitação de seguirmos acompanhando esta tarefa. Com nossas orações para que cheguemos a um bom termo, recebam uma saudação no Senhor. Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, Presidente do Mutirão América Latina e Caribe”.

As manifestações internacionais de apoioDiversas entidades internacionais e partícipes da organização do Mutirão de Comunicação

América Latina e Caribe expressaram seu apoio formal à decisão do adiamento do evento.

Página 6 e contracapa

Gripe A transfere MutirãoNova data: 3 a 7 de fevereiro de 2010 na PUCRS

Page 2: Jornal Solidário

16 a 31 de julho de 2009 2

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSRevisão

Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários)

AdministraçãoPaulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete

Lopes de Souza e Davi EliImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Voz doPASTOR

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano

de Porto Alegre

ComuniCação e Cultura

A culturA solidáriA nA BíBliA

Editorial: 287012/13

EDITORIAL

Dom Sinésio BohnBispo de Santa Cruz do Sul

Semana passada encontrei um líder da Igre-ja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com o qual tenho relação

de amizade e de confiança mútua. E me lembrei: nossas Igrejas levaram 400 anos para superar o conflito e entrar em comunicação dialogal.

A Igreja Metodista do Brasil comunicou que em qualquer organização ecumênica, em que participa a Igreja Católica, os metodistas se reti-ram ou não entram! Os metodistas foram líderes do diálogo e da cooperação ecumênica no Brasil! Todos os membros da Igreja Metodista, com os quais tive contato, são pessoas excelentes. O que torna a comunicação entre nós tão difícil?

Conheço uma comunidade católica, em que os membros mais velhos e mais instruídos excluem os mais jovens e os condenam, porque estão errados! Está estabelecido o conflito, sem comunicação! Vejo parte dos jovens navegar na Internet, sem participar do esforço de transfor-mar o mundo. Também não vejo a juventude atual empenhada numa nova espiritualidade, que ajude a Igreja Católica a ser testemunha da

Boa Nova de vida, de liberdade e de comunhão. Ou como diz Casaldáliga, "uma boa nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternu-ra, samaritana à beira de todos os caminhos da humanidade".

E nossas famílias? Quanta falta de diálogo, de comunicação! As novas tecnologias são fantásticas, mas frias. A economia globalizada é cruel para com os miseráveis. Sem solidarie-dade.

É hora de as Igrejas, as lideranças pastorais e educacionais, inclusive as organizações juvenis se desinstalarem e entrar em diálogo. A comuni-cação entre nós deve melhorar! Afinal, estamos todos no mesmo barco.

João Paulo II lembrava que a razão deve ser curada pelo amor. Também a técnica fria deve ser curada pelo amor. Devemos aprender a tra-balhar os conflitos, a proteger os fracos, perdoar os culpados, reconstruir amizades e construir um mundo de paz.

Podemos e devemos "promover espaços de diálogo sobre os processos de comunicação, à luz da solidariedade e da construção de uma sociedade comprometida com justiça, liberdade e paz".

O texto bíblico que melhor retrata a solidariedade hu-mana é a parábola do Bom

Samaritano (Lc 10,25-32), na qual Cristo sintetiza toda a História, a Salvação. Um homem que descia de Jerusalém a Jericó caiu nas mãos de assaltantes. Despojaram-no de tudo e o deixaram na margem da estrada, semi-morto. Trata-se, sem dúvida, de um homem bom, piedoso, profun-damente religioso. Passaram por alí um sacerdote, homem da religião, um levita, funcionário público, e um samaritano, um estrangeiro. Todos eles o viram agonizante. Os dois primeiros, porém, passaram pelo outro lado da estrada, sem se comprometer com ele. O terceiro moveu-se de compaixão, aproximou-se e o socorreu com tudo o que tinha à disposição e, mais ainda, serviu-se, criteriosamente, dos préstimos de um hospedeiro, para onde o levou, a fim de que a cura fosse completa. A hospedagem representa a Igreja. O samaritano é a imagem de Cristo, que nos dá o exemplo e incentivo da solidariedade.

A aplicação concreta desta parábola Lucas nos apresenta no itinerário dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Em vez de alguém fisicamente abatido, deitado na sarjeta, apresenta dois caminhantes, muito tristes, indo também de Jerusalém, da cidade de Deus, a Emaús, a aldeia dos homens. Haviam-lhes tirado, na cidade de Deus, toda a esperança. Com a esperança tinham perdido o sentido da vida. A esperança em Jesus, como Messias, por quem haviam deixado tudo para o seguir, desaparecera com sua morte. Agora não lhes sobrava mais nada. Iam por isso muito tristes para casa.

Jesus se lhes junta nesta caminhada. Devolve-lhes a esperança, a alegria e a coragem. Transforma-os em missionários de uma boa nova. A parábola do Bom Samaritano concluiu: “vai e faze tu o mesmo”

A história dos discípulos de Emaús termina dizendo que “naquela mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém”(Lc 24,35). É o que Pedro garante, diante do Sinédrio: “Não podemos deixar de falar destas coisas que vimos e ouvimos”(At 4,20), o que equivale a dizer que quem sentiu

a solidariedade, sente também a necessidade de tornar-se solidário.

Para sintetizar tudo, Lucas garante que “a mul-tidão dos fieis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum... Entre eles ninguém passava necessidade”((At 4,32.34).

Paulo aprofunda a teologia da solidariedade cristã mostrando como todos são um em Cristo, de modo que entre eles não possa existir discriminação. “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1 Cor 12,4-6). O amor, que constitui a essência da vida cristã, in-ventou duas virtudes para atuar e se firmar entre os homens: a justiça que dá a cada um o que é seu; e a misericórdia, que vai além da justiça. Acolhe o outro não porque tenha direitos, mas porque o ama: é seu irmão. Por isso se solidariza com ele. Sabe perdoar e se reconciliar, mesmo que tenha sofrido ofensas e ingratidões. A solidariedade se mede pela atitude de Cristo, que era rico pela divindade e se fez pobre em humanidade para nos salvar. Esta solidariedade se manifesta em seus discípulos. É o sinal da santidade, ou seja, do amor expresso no relacionamento com o próximo. Cristo garante que tudo o que se fizer pelo mais pobre é feito a Ele em pessoa. E conclui que Ele nos disse estas coisas para que sua alegria esteja em nós e assim nossa alegria seja completa ((Jo 16,24).

Decisão pruDente

Numa atitude preventiva solidária com a saúde pública e a vida das pessoas, os responsáveis pela organização do Mutirão de Comunicação

América Latina e Caribe houveram por bem transferir este magno evento, para o qual eram esperados milha-res de participantes de todos os países do continente. O motivo? O rápido aumento da incidência de casos de pessoas afetadas pelo vírus Influenza A em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Esta incidência tende a aumentar ao longo deste mês de julho e seria temerário e irresponsável realizar um evento como o projetado, sabendo que boa parte dos participantes viria dos países vizinhos da Argentina, Uruguai e Chile, onde são mi-lhares as pessoas comprovadamente afetadas por este vírus.

O Solidário, convocado a ser o jornal do Mutirão, assumiu o papel de ser uma voz importante na divulga-ção do evento, sua realização e, agora, a manutenção da chama do Mutirão até a sua realização, de 3 a 7 de fevereiro de 2010, na PUCRS. Antes, de 1o a 3 de fevereiro, deverá acontecer o encontro de jovens comu-nicadores, o Refresher, na Unisinos, em São Leopoldo. Para manter viva esta chama e incentivar o processo, teremos, em todas as edições do jornal, uma página es-pecial que publicará eventos, notas e comentários re-lacionados com o Mutirão, especialmente aqueles que falam de iniciativas locais, de encontros nacionais e ou-tros eventos que levarão em frente e socializarão estas iniciativas para que, em fevereiro de 2010, o Mutirão tenha ainda maior e mais qualificada participação.

Nesta edição do Solidário, publicamos documentos oficiais, como o pronunciamento do arcebispo de Porto Alegre e presidente do Mutirão, Dom Dadeus Grings, e da Secretaria Estadual da Saúde, além de manifesta-ções de solidariedade e apoio à decisão de se transferir o Mutirão de pessoas de diferentes pontos do mundo. Isso apenas vem demonstrar e confirmar o acerto e a postura ética dos responsáveis pelo evento nesta difí-cil, complexa e dolorosa decisão. Por outro lado, fi-cou comprovado que o fato negativo “vende” mais do que a notícia positiva: o grande público soube mais do Mutirão por seu cancelamento em dois dias do que em dois anos de preparação e organização! Praticamente todas as mídias noticiaram a não-realização, agora, do evento e sua transferência para fevereiro de 2010, rela-cionado com o fato do aumento da incidência do vírus Influenza A em nosso meio.

Porque iniciativa eminentemente solidária e, ainda, porque também sofreu o cancelamento da edição deste ano, falamos (página 7) sobre o que é e o que realiza o projeto Cooesperança, de Santa Maria. Iniciativa do saudoso Dom Ivo Lorscheiter, Cooesperança integra o Projeto Banco da Esperança que, por sua vez, faz parte da Cáritas do Rio Grande do Sul. Irmã Lourdes Dill, coordenadora do Projeto, não tem dúvidas quanto ao alcance e significado desta iniciativa. Para ela, esta é uma outra economia possível, dentro da idéia de coo-perativismo inaugurado pelo jesuíta Teodoro Amstadt, no século passado.

[email protected]

Page 3: Jornal Solidário

FAMÍLIA &SOCIEDADE16 a 31 de julho de 2009 3

Humanizar o humano?

Diz Antônio Allgayer: “Jesus era tão huma-no, que de tão humano só podia ser Deus”. Hu-manizar é um verbo que o cristão precisa conju-gar em seu cotidiano. Quando ele pratica um ato humano, praticou um ato cristão. Se ele pratica um ato desumano, é anticristão.

Há pouco tempo, alguém nos surpreendeu com esta pergunta: “Humanizar? Como assim, humanizar?”

Humanizar o que já é humano parece algo contraditório. Entretanto, todo ser humano é um ser inacabado e, se é saudável, está consciente de sua inconclusão. Portanto, o homem pode, sim, humanizar-se (ou desumanizar-se), pois ele cresce (ou decresce) todo dia. Mas, somente a humanização - o ser mais - é a vocação do ho-mem. A desumanização gera o ‘ser menos’.

Humanizar é ter uma concepção clara de “que homem queremos construir”, isto é, “como este ser humano deve ser para ser ‘humano’”. E agir em coerência. A pessoa que vive determi-nados valores, como a empatia, a compaixão, a solidariedade e o cuidado, certamente será ‘hu-mana’. Quem é ‘humano’ não pode ferir o outro porque, quando o faz, se sente ferido.

Humanizar-se é, então, evoluir. É educar-se para ser mais benévolo, mais ético, mais com-passivo, mais solidário, mais empático. É um processo que dura uma vida.

Humanização da família

Deonira L. Viganó La RosaTerapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

Ninguém pode agir como se existisse uma Família que pudes-se viver e morrer isoladamente, como se ela tivesse realidade por si só, com independência das estruturas sociais.

A família não está simplesmente sofrendo uma crise, a família está imersa num profundo processo de transformação, acompanhando as mudanças sociais, culturais, econômicas, políticas, climáticas e reli-giosas que, a um ritmo cada vez mais vertiginoso, modificam a socie-dade. As mudanças na família e na sociedade são interdependentes. Apesar das variadas formas que assume e das transformações que passa ao longo da história, a família permanece como condição para a humanização e socialização das pessoas. É na família que os valo-res são aprendidos .

Humanizar a sociedade A humanização oferece um sentido à ação

humana. Ela auxilia a quem age a explicar a si mesmo como inserido num mundo de relações sociais e políticas.

Trabalhar para que a sociedade seja huma-nizada nada mais é do que buscar estratégias e ações que visem colocar o ser humano, e o respeito que lhe é devido, como centro das re-lações políticas, comerciais, culturais. Quando estas relações giram em torno do eu, do poder e do dinheiro, fazendo do ser humano escravo destas variáveis, então a sociedade está se de-sumanizando.

Sabemos que o homem e a mulher, mui-tas vezes, geram ações desumanas, perversas e destruidoras que os desviam de sua vocação humanística. Mas, seu papel fundamental é hu-manizar cada vez mais o mundo, dizer não a in-tolerância, às culturas de opressão e de negação das diversidades. É empenhar esforços para que as necessidades de cada ser sejam humanamen-te satisfeitas.

Nessa luta, o papel dos pais e educadores é central, já que são eles que indicam os cami-nhos, apontam as situações-limites, propõem a leitura de mundo, subsidiam o corpo crítico dos filhos e alunos e colaboram na formação ético-social de pessoas que terão a missão de agir e transformar a sociedade e o mundo em que vi-

vemos.

Sem comunicação não há humanização

Somente o modelo motivado pela solidarieda-de, realizado pelo encontro interpessoal e mediado pela palavra é capaz de promover a humanização.

O ser humano dispõe do grande instrumento da palavra para mediar os encontros interpesso-ais. A palavra precisa ter lugar mais relevante no cotidiano institucional e familiar. Desafor-tunadamente, ainda não usamos com eficácia a palavra. Até bem pouco tempo, tínhamos que controlar a palavra para não sermos massacra-dos pelo autoritarismo da sociedade, da escola, da própria família. E, apesar de agora o uso da palavra estar permitido, temos resquícios que nos impedem de falar e/ou escrever, tememos expor-nos, ou vamos para o outro lado, usando a palavra para manobrar e ferir pessoas.

Importa lembrar que o sentimento vem à frente das palavras. Conseguindo colocar-se no lugar do outro, você se sensibiliza com as ale-grias, as dificuldades e o sofrimento, e é isso que o torna mais humano e lhe possibilita realmente ajudar alguém. Entrar em contato com os pró-prios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que despreza as próprias necessidades e sentimentos poderá compreender as necessidades do outro?

Uma família se humaniza quando as relações entre seus membros se tornam civilizadas (a boa educação é a fina flor da caridade), repelindo qualquer violência, oferecendo atendimento de qualidade, capaz de gestos concretos de solida-riedade e de compaixão. Os pais dando o exem-plo e criando ocasiões para estas práticas.

Imagem

: Jayanta Behera / sxc.hu

Page 4: Jornal Solidário

O PINIÃO 16 a 31 de julho de 2009 4

Néstor BussoVice-Presidente da Asociación Latino-

americana para el Estudio de las Religiones

O que é liberdade de imprensa e a sua relação com o direito à informação, à liberdade de expressão e o direito à comunicação? Pa-

rece evidente que são conceitos que se completam, mas são diferentes. Os sujeitos da liberdade de im-prensa são aqueles com capacidade de ter meios de comunicação: os proprietários dos meios. Foi um direito consagrado no final do século 18 e está ex-pressamente incluído na maior parte das primeiras Constituições de nossos países.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 consagrou o direito à livre expressão. A alteração substancial é a universalidade do direito. Os sujeitos da liberdade de expressão somos todos nós. Mas a “livre expressão” se completa pelo di-reito à informação, ou seja, a possibilidade de que todos tenhamos informação diversa e plural que nos permita participar da vida em sociedade com possibilidades de decidir sobre questões que nos são comuns e afetam nossas vidas.

É por isso que defender a “liberdade de im-prensa”, sem referência à necessária liberdade de expressão para todos, especialmente aos mais po-bres, seria defender o direito de apenas uns poucos

Liberdade de imprensa e Liberdade de expressão

compLementares, mas distintos de difundir suas idéias. A liberdade de imprensa é indispensável, porém, devemos enquadrar o exer-cício desse direito em outras mais amplas, clara-mente estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 19) e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos Artigo 13. Não poucas vezes em nosso continente tem-se usa-do a ‘liberdade de imprensa’ para atacar a ordem constitucional e a defesa de interesses corporativos de grupos de poder econômico. Liberdade de im-prensa não pode ser um argumento para defender monopólios ou oligopólios que ameaçam a neces-sária diversidade de pluralismo que assegure o di-reito à informação e à liberdade de expressão de todos os setores sociais.

O livre curso de idéias numa sociedade demo-crática requer a participação de múltiplos atores e vozes. Isto não se consegue quando se estabelecem monopólios ou oligopólios, e amplos setores da sociedade civil são silenciados, absolutamente ex-cluídos da possibilidade de expressar-se e até de ter meios de comunicação a seu alcance.

O Mutirão de Comunicação em Porto Alegre será uma boa oportunidade para discutir e apresen-tar as múltiplas experiências que em nosso conti-nente desenvolvem uma comunicação a serviço de um modelo de sociedade participativa, inclusiva e solidária.

Antônio AllgayerAdvogado

Quando os ecólogos dizem que “tudo está ligado a tudo” fazem ver que todos os seres do orbe terrestre dependem

uns dos outros, constituindo unidade vital e dinâmica.

O homem não é um ser isolado, distante dos demais seres. Sua vida se entrelaça com outras vidas. Insere-se na biosfera como parte consciente do cosmos. Sua vida está conectada ao todo, à semelhança da flor, que gera beleza e esbanja perfume, hauridos do solo fértil, do sol, da umidade, do ar atmosférico.

Isto foi expresso com sensatez, humildade e primor de linguagem pelo cacique Seattle, em carta endereçada ao presidente dos Estados Unidos. Ao cogitar-se da compra, pelo gover-no, de terras dos índios, o grande líder de um povo indígena manifestava a sua estranheza pelo fato de o homem branco considerar objeto de negociação a terra, por ele e pelos povos da América pré-colombiana tida como bem comum da humanidade.

Ante a beleza e a pertinência do seu con-teúdo, vale a pena transcrever tópicos deveras antológicos da famosa carta: “Somos da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem

carta do cacique seattLeà mesma família (...). Ferir a terra é desprezar o seu Criador (...). Todas as coisas estão liga-das como o sangue que une uma família (...). O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios”.

Idêntica intuição tivera São Francisco de Assis lá pelos fins da Média Idade. No Cântico do Irmão Sol, o despossuído filho de Pedro Bernardone chama de irmãos o fogo, a água, os vermes e a própria morte. Proclamando a fraternidade universal das criaturas, foi, se-guido por Seattle, o “inventor” da democracia cósmica.

Teriam os dois vates – o santo e o índio – efetivamente descoberto o elo existencial que une todas as criaturas? Seja qual for o lugar que a história lhes reserva, justo é situá-los entre ambientalistas do porte e da estatura de um rei Dom Dinis, que no século XIII promoveu a agricultura e o plantio de pinheiros em Portugal.

Um Fórum Social Mundial sediado aqui em Porto Alegre proclamou que mudanças acontecerão, por menos que as desejem be-neficiários da inércia instalada. É de esperar-se que sejam aquelas “mudanças ousadas e profundamente inovadoras” preconizadas pelo Papa Paulo VI na encíclica “Populorum Progressio” (PP 32).

Está em jogo a sobrevivência da espécie humana. Se você não quiser ou não puder com-preender isso, pelo menos plante uma árvore...! E tolere que outros cuidem do seu futuro e do futuro de seus filhos...!

“Ao invés de descobrir o que extrair da natureza, de-vemos identificar o que aprender a partir dela”.

Fritjof Capra

Um tipo inesqUecível

J.Peirano MacielMédico

Chama-se Ziraldo. Curso superior, mais de um, mas sempre fez questão de dizer que é um au-todidata. Conhecedor de Ciência, Filosofia e

Religião, entre outras matérias mais amenas, e adora literatura universal. Sempre me pareceram originais suas idéias.

Comecemos pela Ciência. Versado nessa matéria, Ziraldo estuda-a até nossos dias, inclusive temas es-tranhos como a Física Quântica. Digamos, desde já, que nosso homem discorda totalmente de certas tendências atuais, propostas a partir dessa interessante matéria. Ou seja, muitos autores, talvez com tendências místicas, já propuseram que, a partir da quântica, se possa construir uma espiritualidade profunda, com base predominante espírita. Ou seja, espiritismo e quântica estariam entre si naturalmente unidas ou consequentes. Para outros, religião e quântica são afins...

Para Ziraldo, isso é um absurdo. Não se pode unir ciência e religião; cada qual em sua esfera e habitação, afirma convicto. Aliás, esta posição, a meu ver muito interessante, é uma constante nas avaliações de meu amigo, sobre os ramos do saber. No tocante à evolução, Ziraldo tem parecer profundo. Se a Terra, como dizem, tem bilhões de anos, como é possível provar o que ocorreu nesses bilhões, transformações, mutações, fatos comple-xos, senão mediante teorias falíveis? Como saber o gran-de mistério da origem da vida em geral? Somente com teorias falíveis? O que é a vida? Esse mistério tão imenso? Pela química? Orgânica ou inorgânica? Sabemos?

Filosofar, diz Ziraldo, é natural para todos, mesmo que não o saibamos conscientemente. Porque natu-ral é a tendência de querer saber, questionar, indagar sobre problemas simples e difíceis, especialmente os que fogem à indicação científica (por exemplo, nosso destino, nossa origem, nossa natureza,etc.) Irritado fica Ziraldo, quando ouve dizer que morreu a filosofia, que tomou seu lugar a ciência. Absurdo, absurdo, pois quão grande é a quantidade de assuntos que não cabem na ciência (o conhecimento, a lógica, a filosofia da histó-ria, entre tantas outras, esbraveja nosso personagem! Ziraldo sempre apreciou a filosofia, desde adolescente, mas sempre disse que é cheia de artimanhas, de becos sem saída, produtora de enxaquecas e gastrites. Como é possível que um grande chato como Hegel, um sonhador como Luc Ferry, um vesgo como Sartre,cujas doutrinas interessam no máximo a mil leitores atentos e confu-sos, queiram doutrinar para o Mundo? Como aceitar um futurista (Ray Kuruweil) afirmar, sorrindo, que, em 2045, seremos eternos, e acha possível que seu pai volte à vida, mesmo que seja como um avatar (usando seu DNA, colhido na tumba,etc.). Como então satisfazer uma humanidade sequiosa de verdade e sentido para sua vida? Eis a questão. Para Ziraldo, nenhum mortal pode ter mais sabedoria que Deus, nosso Pai.

Não, cada coisa em seu lugar, reafirma Ziraldo. Ciência, na casa de pesquisa. Filosofia no simbólico Partenon. Religião em suas letras sagradas e reveladas. Fusão entre elas? Nunca! Aperto de mãos, abraços, boa vontade, modéstia? Sempre! A independência dos sa-beres é fundamental neste planeta. Por último, em que religião se inscreveu Ziraldo?

Homem de grande fé, batizado, mas ainda não se decidiu sobre que religião adotar. Quando chegar a hora, diz... Então, leitor, agora fale sobre o Ziraldo.

Page 5: Jornal Solidário

EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA16 a 31 de julho de 2009 5

Espaços do poder

O poder é exercido nos mais variados am-bientes, espaços e territórios. Os pais exercem poder no ambiente doméstico enquanto deter-minam normas e regras que filhos deverão obe-decer para seu próprio bem e desenvolvimento: pais autoritários abusam do poder enquanto es-tabelecem normas arbitrárias e punições despro-porcionadas; pais omissos deixam de exercer o poder de educar, e abandonam os filhos ao seu arbítrio.

O poder é exercido no espaço público, no trânsito, por exemplo, onde a autoridade estabe-lece os lugares de estacionar e aqueles nos quais é proibido; determina, ainda, a velocidade má-xima permitida, o modo de ultrapassar outro ve-ículo, e muitas outras normas – as quais, todas, a serviço do bem comum. O poder é exercido pelo Estado enquanto regula as relações entre empregados e patrões, na em-presa, ou quando determina o imposto a pagar pelo território ou espaço do qual o indivíduo é detentor. Enfim, a vida dos cidadãos, o funcionamento das instituições e as relações entre países são regulados por leis emanadas por autoridades investidas de poder, legítimo, reconhecido e instituído pe-las respectivas instâncias. O poder, então, é inerente à au-toridade, seja ela no âmbito

Educação e exercício do poder

Jorge La RosaProfessor universitário. Doutor em Psicologia

A educação é um processo que acompanha o ser humano ao longo de sua vida, e que permeia as mais variadas dimensões de sua personalidade – para falar em apenas uma de suas áreas, a afetiva, constitui perene desafio na trajetória terrestre. Quem pode dizer

que atingiu o máximo em desenvolvimento emocional? – Só quem desconhece a si mesmo ou está de má fé. Um dos mais complexos desafios está no exercício do poder – certamente necessário para a existência da “polis” enquanto estabelece os ordenamentos indispensáveis para reger as relações entre as mais variadas instâncias: entre pessoas, entre instituições, entre pessoas e instituições, entre pessoas e o Estado, entre os Estados nacionais, e de todas as instâncias com a natureza. O poder, então, e o seu exercício são fundamentais, sem eles nenhuma so-ciedade se constituiria.

doméstico ou público, e está orientado para pro-mover o bem comum através de normas e leis.

Mas há, no exercício do poder, o risco de abuso.

Abusos de poder

O Brasil, estarrecido, tem observado o abuso de poder em uma de suas instituições que justa-mente o constitui, o Senado – e que agora vem a público.

Estamos informados das centenas de atos se-cretos que não foram publicados no Diário Ofi-cial e que se arvoraram como atos legais, ao me-nos para prover os benefícios e vantagens para seus destinatários, enquanto o povo brasileiro os ignorava. Foram realizados, como se diz, na ca-lada da noite, e nos porões do Senado – o que só deteriora a Instituição

Péssimo exemplo para os comuns dos mor-

tais, se na Câmara Alta se praticam essas ilegali-dades com acentuada tonalidade antiética, não se pode esperar que os representados ajam de modo diferente; pelo contrário, está estimulando o des-cumprimento da lei por vias tortuosas e ocultas: a esperança, contudo, é que o comum dos mor-tais seja sobranceiro e ultrapasse esse legado – afinal, no povo sempre existe uma reserva moral que não se deixa contaminar, e permite entrever o amanhã com renovada esperança. Diremos que essas pessoas que burlaram a lei não foram educadas para o exercício do poder, mas fizeram dele um meio para favorecer indivíduos, grupos e instituições, com prejuízo da ética e de todas as normas de convivência na República Federativa do Brasil.

A concepção cristã de poder

Há uma passagem no Evangelho de Mateus na qual Jesus fala do exercício do poder, Mas, antes, é preciso dizer que todo o poder legítimo procede de Deus, nele se origina: com isso não queremos dizer que ditadores tenham justificado seu poder, ou que quem burla as eleições esteja na mesma situação, ou ainda, que grupos golpistas detentores de força e munição justifiquem a autoridade de que se investi-ram – isso tudo está longe de uma concepção cristã de autoridade. O poder não pode ser usurpado, ele é delegado livremente pelo povo na sociedade civil.

Voltemos ao texto de Mateus (20, 24-28), la-pidar:

“Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Bíblia de Je-rusalém).

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6 16 a 31 de julho de 2009

Desde o dia 25/04/09, o Estado do Rio Grande do Sul, assim como o restante do Brasil, está em alerta epidemiológico pela ocorrência de casos humanos por um novo subtipo viral de Influenza A (H1N1). A progressão da situação epidemiológica, com a ocorrência de grande número de casos na América do Sul, em especial na Argentina e Chile, leva à necessidade de rever sistematicamente os Protocolos Técnicos que embasam as ações de en-frentamento da doença.

Os casos confirmados no Estado, até o presente momento, são ligados a situações de viagens e/ou contatos internacionais, sem evidência de circulação autóctone do vírus. As medidas de vigilância indicadas para a detecção e acompanhamento des-ses casos vem sendo desenvolvidas em

CARTOLA

Solidariedade e compreensãoInumeráveis mostras de solidariedade e alento continuam chegando ao Comitê de organização do Mutirão Latino-americano e Caribenho

de Comunicação após a oficialização do adiamento desse encontro continental devido ao aumento de casos da gripe AH1N1 em Porto Alegre. De diversos países da América Latina e Europa vêm expressões de apoio pela medida adotada de proteger a segurança e a vida

dos participantes.

María Rosa Lorbés, diretora da revista Signos, do Instituto Bartolomé de Las Casas, de Lima, Peru: “Al mal tiempo, buena cara. Cuídense de los virus por ahora, que el Mutirao es invencible y saldrá adelante tarde o temprano” .

Ilde Silvero, presidente da Associação de Comunicadores Católicos, ACCP, do Paraguai: “La salud está primero”.

Ricardo Yáñez , Signis Mundial, em Bruxelas, fazendo votos que o evento saia logo a seguir ao mesmo tempo de comprometer-se a apoiar no que puder. “...la decisión significa desarmar ‘compromisos adquiridos en Porto Alegre”.

Joseph Chittilapilli, secretário executivo da UCIP - Unión Católica Interna-cional de Prensa - disse “sentirse muy entristecido por la decisión de postergar el Mutirão”, e acenou com respaldo de que, se não houver condições de realizar-se na América Latina, poderia realizar-se em Roma, concomitante à Assembléia da UCIP em Roma.

Hugo Ara, Diretor da Escola de Comunicação Social DIAKONIA, da Bo-lívia, disse também que é lamentável que “un encuentro que con tanto cuidado ha sido preparado” tivesse que ser adiado, mas considerou a decisão “es pertinente y sabia”, porque sobretudo pensa na segurança e na vida dos participantes. “Mi agradecimiento por todo el trabajo de preparación del evento de Porto Alegre, y mi comprensión ante la difícil decisión tomada. El criterio ha sido de seguridad sanitaria y eso es fundamental”.

Gustavo Andújar, vice-presidente da SIGNIS mundial - Associação Católica Mundial para a Comunicação – solidarizou-se com a comissão organizadora do Mutirão porque o adiamento obrigado significa que “meses y meses de trabajo se esfumen de este modo. Pienso que han hecho ustedes lo debido, pero lamento que se hayan visto obligados a tomar esta decisión, porque estoy convencido de que la alarma con esta gripe está alcanzando niveles totalmente irracionales”, disse.

José Mármol, presidente da Associação Católica de Comunicação, SIGNIS, no Equador expressou apoio à medida tomada. “Aunque dura, la decisión responde al espíritu cristiano de defender la vida y procurar el bien común de todos y todas”.

“Influenza A no RS - Orientações para eventos (Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul)

conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde.

Ao mesmo tempo, têm sido divulgadas à comunidade orientações de medidas gerais que contribuem para o controle da disseminação de vírus respiratórios em geral (incluindo o vírus Influenza), tais como: Higienizar as mãos com água e sabo-

nete antes das refeições, antes de tocar os olhos, boca e nariz e após tossir, espirrar ou usar o banheiro. Proteger com lenços (preferencial-

mente descartáveis) a boca e nariz ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de aerossóis; Indivíduos que sejam casos suspei-

tos ou confirmados devem evitar entrar em contato com outras pessoas suscetíveis.

Caso não seja possível, usar máscaras cirúrgicas; Indivíduos que sejam casos suspei-

tos ou confirmados devem evitar aglome-rações e ambientes fechados; Manter os ambientes ventilados; Indivíduos que sejam casos sus-

peitos ou confirmados devem ficar em repouso, utilizar alimentação balanceada e aumentar a ingestão de líquidos. Em relação à realização de mega-

eventos, que possam envolver milhares de participantes, recomenda-se o adiamento daqueles que impliquem na concentração de grande número de pessoas, especial-mente quando devam receber viajantes procedentes de países/regiões com trans-missão da Influenza A (H1N1) e promove-rem convivência em ambientes fechados”.

MUTIRÃO

Page 7: Jornal Solidário

AÇÃO SOLIDÁRIA16 a 31 de julho de 2009 7

Ele recupera o verdadeiro conceito de cooperativismo e o pratica com fidelidade. Não há intermediação, não há especulação. É o Projeto Cooesperança, imaginado e criado há mais de duas décadas por D. Ivo Lorscheiter, falecido bispo diocesano de Santa Maria. E cada vez mais significa e se traduz em dignidade humana para seus milhares de participantes economicamente marginalizados pelo sistema de produção hegemônico. É uma cooperativa mista dos pequenos produtores em moldes antigos. “É a reinvenção da economia. É uma outra economia possível. Adotamos o cooperativismo iniciado há mais de um século no Rio Grande do Sul pelo jesuíta Pe. Teodor Amstadt”, explica Irmã Lourdes Maria Dill, (foto) coordenadora e continuadora da obra de D. Ivo.

Renda e trabalho“Temos 230 grupos. Todos organizados e produzindo. Envolvem 4.500 famílias. E

articulam 20 mil pessoas, incluindo os consumidores, e atuam em 30 municípios da região central do Estado, especialmente os que integram a Diocese de Santa Maria. Eles estão na área rural e urbana. Na rural são artesãos de pão, confecção de roupas, artesanatos e as mais diferentes formas de organização” explica Irmã Dill.

A cooperativa congrega 20 Associações de Catadores, agricultores familiares, artesãos, desempregados, povos indígenas e pessoas de todas as classes sociais que, pelo seu trabalho e persistência, realizam seus sonhos de vida.

Autogestionários da TerraPara a religiosa, o modelo atual de exploração dos recursos naturais é autofágico. “Não

somos donos de coisa nenhuma: somos auto-gestionários desse planeta. Todos somos tran-sitórios, nosso ciclo é passageiro e cada um de nós é desafiado a deixar o planeta melhor do que quando o encontramos ao nascer para assegurar a continuidade da vida. Isso exige uma nova mentalidade de produção, consumo e gestão. Em suma, o desenvolvimento econômico sustentável e solidário com a vida em todos os sentidos, incluindo o próprio Planeta”, diz Irmã Dili.

ComercializaçãoAtualmente, a rede congrega mais de 40 espaços fixos de comercialização direta dos

diversos grupos, entre as quais estão o Terminal de Comercialização Direta, Centro de Economia Popular Solidária, Produção e Arte Esperança, Armazém da Colônia, Feirão Mensal da Praça Saldanha Marinho, Mãos de Terra, Giacomini II e Cantinho do Artesanato. Além disso, há o Feirão Colonial, onde semanalmente aos sábados são comercializados os produtos confeccionados ou colhidos da terra.

Há 16 anos também é realizada a Feira Estadual de Cooperativismo, que há cinco anos ampliou-se para Feira do Mercosul e que em 2007 atraiu mais de 100 mil pessoas, representando 21 estados brasileiros e representantes de 18 países de três continentes.

(Em razão da ameaça de epidemia da Gripe A, o poder público municipal de Santa Maria recomendou a não realização dos eventos na edição deste ano - 5ª Feira do MER-COSUL e a 16ª Feira do Cooperativismo, FEICOP - programados para 10 a 12 de julho de 2009).

Cooesperança: autêntico cooperativismo solidário

‘Muita gente pequena em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudará a face da terra”. (Al-bert Tévoèdjré, in ‘A pobreza é a Riqueza dos Pobres’).

O Projeto Esperança/Cooesperança faz parte do trabalho do Banco da Esperança, da Diocese de Santa Maria e da Cáritas/RS. Conta com a parceria, entre outros, da MISEREOR da Alemanha, Cáritas Brasileira, Prefeitura de Santa Maria, IGK (Instituto Genaro Krebs), UFSM, UNIFRA, Emater, SAEMA, Comissão Pastoral da Terra , Governo Federal, Secretaria Nacional Economia Solidária, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Caixa Econômica Federal, Petrobras, SEBRAE, PALLOTTI, Instituto Marista Solidariedade.

Irmã Lourdes Maria Dill

Page 8: Jornal Solidário

SABER VIVER 8 16 a 31 de julho de 2009

JOSY M. WERLANG ZANETTE

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Muito pouco se fala sobre os cuidados que precisam ser tomados ao realizar qualquer ati-vidade física. Antes de iniciar um programa de exercícios, deve-se fazer uma avaliação postural para identifi-car possíveis desvios nas curvaturas normais da coluna e observar o alinhamento dos pés e dos joelhos.

As pessoas que apresentarem tais des-vios terão maior proba-bilidade de sentir dor ou desconforto se o exer-cício escolhido trouxer um maior estresse sobre as respectivas articu-lações. Dessa forma, determinadas ativida-des ou exercícios são contra-indicados para essas pessoas. Confira outros fatores que tam-bém podem provocar lesões articulares:

* uso de calçados inapropriados para o esporte ou a atividade

As doenças funcionais do aparelho digestivo, ao lado das doenças por refluxo ácido, são destaque neste início do século 21. Aproximadamente metade das pessoas que procuram um gastro-enterologista em qualquer parte do mundo atualmente não apresenta nenhuma doença orgânica, ou seja: os pacientes têm vários sintomas, mas os exames complementares são normais, e não mostram ne-nhuma alteração na estrutura do órgão. Além disso, percebe-se hoje uma queda na incidência de câncer de estômago e de úlcera apéptica.

As doenças funcionais têm sido classificadas de acordo com os sintomas e com o órgão que atingem. Assim, quando se verifi-cam azia, obstrução do estômago, digestão difícil e arrotos, mas os exames apropriados dão resulta-dos normais, trata-se de dispepsia funcional. Já quando predominam dores ou desconforto abdominal contínuo ou recorrente por mais de três meses, acompanhado quase sempre por alterações na frequência das evacuações ou na consistência das fezes, sensação de distensão abdominal (barriga

Síndrome do intestino irritável incomoda muita gente

inchada) e de evacuação in-completa, mas mesmo assim os exames também não apontam nada anormal, o diagnóstico é de síndrome do intestino irritável (SII).

Apesar de muito frequentes – atingindo entre 20% e 45% da população mundial –, as doenças funcionais são pouco conhecidas pela maioria das pessoas, que sofrem sem procu-rar ajuda. A falta de informação colabora com este quadro, pois há uma tendência a acreditar que este desconforto é normal ou provocado por vermes. Muitos pacientes procuram o médico afirmando já ter tomado vários vermífugos por conta própria, por orientação de farmacêuticos ou até mesmo de leigos, mas os sintomas persistem.

O diagnóstico baseia-se fundamentalmente nos sinto-mas, e a origem da doença não é totalmente conhecida. Estudos recentes demonstram que os sintomas se devem a distúrbios na função dos órgãos. Admite-se que o aparelho digestivo torna-se hipersensível, reagindo intensamente a fatores aparen-temente corriqueiros na vida do indivíduo, como o estresse, a dieta alimentar e certos medi-camentos. É interessante notar que fatos ocorridos na infância podem influenciar a maneira como a pessoa reage aos dife-rentes problemas do dia-a-dia quando adultos, aumentando ou diminuindo o estresse.

A síndrome do intestino ir-ritável não mata e não está rela-cionada ao câncer, mas, quando não é tratada, altera a qualidade de vida. Apesar de não haver um tratamento definitivo, os pacientes podem se beneficiar muito adotando medidas como

reprogramação dietética e da maneira de reagir em relação ao estresse diário, atividades físicas e medicamentos que atuam no estômago e no intestino, mini-mizando os sintomas.

Previna-se das lesões articulares

As notas desta página foram postadas na inter-net pelo Grêmio de Radioamadores da Rodada

Encontro de Amigos, no site http://www.py2gea.com.br/saude%20e%20cia/saude.html, onde os

leitores poderão encontrar muitos outros as-suntos relacionados à saude.

praticada; * execução incorreta

de determinados mo-vimentos, o que coloca as articulações em um posicionamento inade-quado;

* assimetria de força e flexibilidade (por exem-plo, musculatura ante-rior muito mais forte ou flexível que a posterior);

* ausência de aqueci-mento na fase inicial da atividade;

*falta de flexibilidade; *solo irregular (como

buracos e desalinha-mentos) ou rígido de-mais (asfalto, concreto), dificultando o amorteci-mento; transição brusca entre os movimentos.

Se você se exercita sozinho, procure pres-tar mais atenção nestes detalhes. Escolha muito bem o local do treino, o vestuário adequado e busque orientações sobre a execução correta dos exercícios. Estas medidas contribuirão para sua segurança e para a longevidade do seu treinamento.

Page 9: Jornal Solidário

ESPAÇO LIVRE16 a 31 de julho de 2009 9

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

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Obs.: a partir de 30 de agosto estarão à sua disposição o Livro da Família e o Familienkalender.

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ENCONTRO REGIONAL DO APOSTOLADO DA ORAÇÃOVenha participar no dia 22 de agosto de 2009 no Santuário Sagrado Coração de Je-

sus, junto ao túmulo do servo de Deus, Pe. João Baptista Reus, em São Leopoldo/RS

Na VII Reunião Extraordinária do Conselho do Mercado Comum realizada em outubro de 2008, em Brasília, no auge da crise econômica mundial, o representante

do Paraguai, Oscar Rodriguéz Campuzano, declarou: “A crise é oportuna para reafirmar os laços de integração na região”. Depois de uma tarde de discussões, representantes do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela disseram que é preciso reforçar a integração regional.

Quase um ano depois, verificamos que a integração dos paises do Mercosul não só não avançou, como ficou enfraque-cida por constantes disputas econômicas.

Se é reconhecida e alardeada a importância da integração, por que nada é feito no sentido de incentivá-la, reforçando os laços que unem nossos países?

Saint Exupéry, o consagrado escritor francês, no seu livro O Pequeno Príncipe, afirmava: “Ninguém ama o que não co-nhece”. Será que conhecemos nossos vizinhos e parceiros no Mercosul? O que sabemos de seus hábitos, de seus costumes, de sua música, de sua cultura em geral? Será que a nossa cultura é melhor do que a deles? Como poderemos julgar sem primeiro buscar conhecer?

Recebemos diariamente, através dos meios de comunica-ção, uma avalanche de informações sobre nosso vizinho do norte. Sua linguagem vai, pouco a pouco, sendo incorporada pela nossa, e cada vez mais nos afastamos de nossos parceiros no sul, apesar de afirmarmos constantemente que a integração com eles é fundamental para o futuro do continente.

Se a integração é difícil entre os adultos, comecemos a trabalhá-la através das crianças, que rapidamente estabelecem laços de amizade, de solidariedade, independentes do país onde nasceram e, isso pode ser comprovado em nossas fronteiras no sul, que deveriam servir de exemplo para nossos governantes. Santana do Livramento e Rivera convivem harmonicamente, as crianças frequentam escolas de um ou outro lado da fronteira e através de um convívio diário criam laços de amizade, unem suas famílias e passam a falar uma linguagem comum que é por todos compreendida. Um belo exemplo de integração solidária.

Laços de integração

* Fala um pouco de ti.Sou uma jovem feliz, que tem paixão pela família e pelos amigos! Sou dedi-cada e responsável com meus estudos e não perco um jogo do Juventude. * O que pensas fazer no futuro? Concluir meu curso, ter um trabalho estável e ren-tável, viajar para muitos lugares do mundo, apren-der novas línguas e cons-truir uma família.* Fala de tua família. Minha família representa tudo para mim. É meu maior apoio, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Para ela, sou parte fundamental dessa estrutura. * Sobre os amigos. Meus amigos são a minha segunda família. Neles encontro o mesmo apoio dado pela minha família e são a minha companhia em momentos diferenciados.* O que consideras positi-vo em tua vida? Positivo é ter tudo o que eu tenho. Saúde, estudo, família, amigos, casa, co-mida... Tudo isso faz com que eu não tenha motivos para fazer qualquer recla-mação. * Um livro que te mar-cou.O Vendedor de Sonhos.

tem vezJOVEM Eduarda Luísa Rech, 18 anos, estudante de

Comércio Internacional na Universidade de Caxias do Sul, é a entrevistada desta edição.

* Um filme inesquecível.Um amor para recordar, e Marley e eu.* Uma música.Put your records on – Co-rinne Bailey Rae.*Um medo.Perder alguém que amo. *Um defeito do qual gos-tarias de te livrar?A dificuldade de me desfa-zer das minhas coisas. *Qual o maior problema dos jovens, hoje?É achar que nada vai acontecer com eles, que as coisas ruins só ocorrem com os outros. Apontar alguma solução é difícil, pois partirá da consciência de cada um. *Qual o maior problema no Brasil de hoje? É a acomodação da popu-lação. Problemas políticos, financeiros, sociais... terão seu fim a partir do momen-

to em que o povo tomar alguma atitude concreta quanto a isso. *O que pensas da políti-ca? Pouco penso sobre po-lítica, porque não tenho muito conhecimento quanto a isso. Jovens têm uma pequena participação na política, muitos votam apenas por influência dos pais. É um assunto que deveria, mas não interessa a essa faixa etária. *O que pensas sobre a felicidade? A melhor maneira de levar a vida é com felicidade. Ela faz com que vejamos nossa vida de maneira melhor e ainda auxilia na busca de nossos objetivos. *Já fizeste algum trabalho voluntário? Qual?Sim, numa casa onde era dado auxílio para crian-ças em turno contrário ao da escola, como reforço, atividades educativas, recreação... Tudo que as deixasse longe dos perigos existentes nas ruas. *O que pensas de Deus? Para mim, Deus é um anjo que protege a cada um de nós de uma maneira única.*Uma mensagem aos jovens.Que tenham esperança e força de vontade, porque o futuro de um mundo me-lhor está em nossas mãos.

E-mail: [email protected]

Page 10: Jornal Solidário

IGREJA &CCOMUNIDADE 10 16 a 31 de julho de 2009

SolidáriaCATEQUESE

Irmã Marilene BertoldiCatequese Católica

Na catequese é preciso fazer interagir, isto é, misturar aquilo que é do campo de fé (Bíblia, tradição, liturgia,

doutrina, ensinamentos da Igre-ja...) com tudo aquilo que é do campo da vida (acontecimentos, realidade, situações, aspirações, clamores, fatos alegres e tris-tes...).Para melhor trabalhar este método de interação usa-se um pocedimento, ou melhor, um itinerário, que favorece o grande objetivo da catequese: “Para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Todo encontro parte da VIDA para chegar a mais VIDA com novos compromissos e novas atitudes...

O itinerário de um encontro, para muitos, é velho ou muito conhecido. Acontece que existem muitos catequistas iniciantes e precisam estar segu-ros de como proceder ao realizar algum encontro.

Vejamos agora, parte por parte, a dinâmica metodológica de um encontro:

Acolher → Ver → Julgar → Celebrar → Agir → Avaliar.

a) Acolher: É a sala de visita do encontro. Pode ser expressa de muitas formas: gestos, cantos, símbolos, surpresas...

É importante que todo catequizando encontre sempre um ambiente acolhedor, fraterno, amigo. Seja reconhecido na sua individualidade, cha-mado pelo nome. Todo participante que se sente aceito e amado participará com mais alegria e motivação.

b) Ver (Olhar a vida): Suscita a capacidade para a sensibilidade, consciência crítica, perceber

19 de julho – 16o domingo do Tempo Comum (verde)

1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 23,1-6Salmo 22 (23)2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 2,13-18Evangelho: Marcos (Mc) 6,30-34

Comentário: No texto bíblico do Evangelho de Marcos deste domingo, o coração humano e divino de Jesus se manifesta em duas dimensões. Primeiro, a preocupação com o cansaço de seu grupo de amigos: Vinde, sozinhos, para um lugar solitário para descansar um pouco (6,30). Nunca é demais lembrar: nosso Deus, em Jesus, tem um coração profundamente humano, tão humano que se solidariza com tudo o que as pessoas vivem no seu cotidiano. Neste caso, Jesus sentiu que seus amigos, depois de trabalharem todo o dia, estavam exaustos. E os convidou para um passeio, para um encontro “só entre eles”, para um bom descanso. No dia seguinte, a missão continuaria e eles precisariam estar descansados e bem dispostos para uma nova empreitada evangelizadora. A segunda dimensão do coração humano/divino de Jesus se manifesta ao ver toda aquela gente que, ansiosa e esperançosa, o seguira desde a outra margem. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e sentiu compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (6,34). De fato, séculos antes de se falar em cultura solidária, Jesus propôs esta cultura para quem quisesse segui-lo. E a compaixão que ele sentiu é, sempre, uma compaixão solidária. Se a compaixão não é solidária, não é compaixão; será pena, será assistencialismo, será descargo de consciência, mas não será compaixão. Para ser uma compaixão solidária ela exige, primeiro, esquecer-se de si e acolher o outro a partir da realidade do outro, da necessidade do outro. Jesus e seu grupo de amigos nos deixam um belo exemplo de compaixão solidária ao esquecerem seu cansaço e lembrarem a necessidade de ficarem um pouco sozinhos, de descansar. Sempre que nos esquecemos de nossas necessidades e, às vezes, até de justos direitos, para servir a alguém, vivemos e damos exemplo de compaixão solidária, a divina compaixão que Jesus viveu e deixou como exemplo para todos nós.

26 de julho – 17o domingo do Tempo Comum (verde)

1a leitura: Segundo Livro dos Reis (2Rs) 4,42-44 Salmo 144 (145)2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 4,1-6Evangelho: João (Jo) 6,1-15

Comentário: A sensibilidade do apóstolo e evangelista João resgata um dos momentos mais significativos da vida pública de Jesus. Ele relata, com detalhes, o episódio da preocupação de Jesus com o cansaço e a fome das pessoas. Eram milhares e, com razão, aqueles poucos pães de um garoto não ajudariam em quase nada para suprir a necessidade de tantos: era muita gente para pouco pão. Mas aí, o gesto de solidariedade de uma criança, que se dispõe a partilhar o pouco que tem, fez acontecer o milagre da multiplicação do pão. Uma interpretação plausível diz que, quando Jesus perguntou sobre a quantidade de pães que tinham trazido, ele não se referia aos pães que os discípulos tinham consigo, como se a responsabilidade fosse só deles, mas passeou seu olhar sobre as pessoas que estavam ali, sentadas, aguardando mais um milagre do mestre. E o “milagre“ que de fato teria acontecido, seria o milagre da partilha: quase envergonhados pelo gesto desprendido e solidário de um garoto, toda aquela gente teria buscado em suas próprias sacolas e mochilas o que ali havia. E colocado tudo em comum. Este teria sido o verdadeiro milagre: aqueles homens e mulheres partilharam... colocaram em comum o que traziam. E todos comeram e ficaram fartos. E do que sobrou, encheram doze cestos (cf 6,12-13). É mais que sabido que o grande drama da humanidade não é a escassez de alimento de milhões - dados recentes falam de um bilhão de pessoas passando fome, especialmente na África subsaariana e na Índia -, mas a ganância egoísta de uma minoria, que se nega a partilhar suas sobras. Somente uma pequena porcentagem dos imensos lucros das grandes empresas daria pão, casa e vida digna para os milhões de famintos de nosso planeta. Quando o milagre da partilha... do colocar em comum acontecer, este nosso mundo estará um pouco mais próximo do sonho sonhado por Jesus, há dois mil anos. O exemplo, de quem virá? Quem sabe, mais uma vez, de uma criança...

[email protected]

SolidárioLITÚRGICO

Como Trabalhar um enConTro de CaTequesecom o coração e a inteligência aquilo que se passa ao redor. Não é só olhar a realidade superficial-mente, mas possibilitar o aprofundamento de fatos, causas e consequências dos problemas no sistema social, econômico-político e cultural.

O olhar a vida é o momento de ver o chão onde vivemos e de preparar o terreno da realidade para depois jogar a semente da Palavra de Deus. A parte do ver pode ser concretizada através de desenhos, visitas, entrevistas,

histórias e fatos contados, notícias, figuras, fitas de vídeo, dramatização...

c) Julgar (Iluminar a vida com a Palavra). A partir da vida apresentamos a Palavra de Deus (Evangelho). Podemos compará-la com a luz exis-tente dentro de casa. Ela ilumina todo o ambiente isto é, nos mostra qual a vontade de Deus em rela-ção à vida das pessoas, seus sonhos, necessidades, valores, esperanças... Fazemos um confronto com as exigências da fé anunciadas por Jesus Cristo, diante da realidade refletida.

Dentro do julgar também colocamos o apro-fundamento da Palavra. Nesta parte aumentamos a luminosidade da casa para poder enxergar melhor. É a hora em que refletimos com o grupo para fazer uma ligação mais aprofundada da Palavra com a vida do dia-a-dia e perceber os apelos que Deus nos faz. Pode-se perguntar: O que a Palavra de Deus diz para a nossa vida? Sobre o que nos chama atenção? O que precisamos mudar? Que apelos a Palavra faz para mim e para nós?

O aprofundamento pode ser feito ainda com encenações, dinâmicas, cantos, símbolos...

Na próxima edição do Solidário serão tra-balhadas as outras partes da dinâmica, ou seja: Celebrar → Agir → Avaliar.

Page 11: Jornal Solidário

16 a 31 de julho de 2009 11IGREJA &CCOMUNIDADE

Passo Fundo Ano de Instituição: 1951

www.pastoral.com.br/

Romaria Diocesana de Nossa Senhora Aparecida

A tradição é marcante na diocese e sua 29ª edição acon-tecerá dia 11 de outubro próximo. A mobilização está sendo coordenada pelo bispo diocesano através do ‘Voz da Dio-cese’, programa Com duração de 5 minutos apresentando semanalmente sempre um tema da atualidade, convidando todos os cristãos à reflexão e ação comunitária, além de informar e integrar as mais de 800 comunidades organizadas nos principais acontecimentos da Igreja diocesana. (www.pastoral.com.br).

Santa Cruz do SulAno de Instituição: 1959www.mitrascs.com.br/

Ano Jubilar da DioceseInstalada em 15 de novembro de 1959 junto com a posse

de seu primeiro bispo, D. Alberto Etges, a Diocese de Santa Cruz do Sul está completando meio século. D. Sinésio Bonh, o segundo e atual bispo, está percorrendo todas as paróquias de sua jurisdição para motivar as comunidades e mobili-zar as pessoas em torno da programação deste ano, cujos momen- tos for tes serão a 8ª Romaria da San- ta Cruz, no d i a 1 3 de setembro e dia 15 de novem-bro com a presença d e d e - l e g a ç õ e s das pa- róquias, do Núncio Apostólico e a u - toridades. ( w w w. m i t r a s c s .com.br).

Caxias do Sul Ano de Instituição: 1934

www.diocesedecaxias.org.br/

Pe. Ezequiel Dal Pozzo lança seu primeiro CD

O Pe. Ezequiel Dal Pozzo, que atua junto à Paróquia Santa Fé, em Caxias do Sul, acaba de lançar o seu primeiro CD: Deus é amor. O CD compõe-se de doze faixas, todas com letra e mú-sica do autor.

CentenáriosCriadas pela Bula Praedecessorum Nostrorum, do Papa São

Pio X em 15 de agosto de 1910, a arquidiocese de Porto Alegre, juntamente com as dioceses de Pelotas, Santa Maria e Uruguaia-

na iniciam, em agosto próximo, o ano do centenário de suas instituições. Por aquele ato papal, a então diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul - que havia sido criada em 7 de maio de 1848 e desmembrada da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro - foi dividida em quatro circuns-crições eclesiásticas (dioceses) e elevada à categoria de Arquidiocese. Por se tratar, na prática, do início da caminhada pastoral independente no Estado e que deu origem às demais dioceses gaúchas criadas posteriormente, os centenários diocesanos e arquidiocesano acima estão sendo preparados pelo Regional Sul 3 - da CNBB em conjunto com as respectivas dioceses.

As outras 14 dioceses gúchas foram criadas, conforme a seguir: Caxias do Sul, em 1934; Passo Fundo, em 1951;Vacaria, em 1957; Santa Cruz do Sul, em 1959; Bagé, em 1960; Santo Ângelo, em 1961; Frederico Westphalen, em 1962; Erexim, em 1971; Cruz Alta, em 1971; Rio Grande, em 1971; Novo Hamburgo, em 1980; Cachoeira do Sul, em 1991; Osório, em 1999 e Montenegro, em 2008.

O que vai pelas

DIOCESES

Erexim

Ano de Instituição: 1971http://www.diocesedeerexim.org.br/

Curso Diocesano de LiturgiaFoi realizado com sucesso no último fim de semana de

junho no Seminário Fátima. Aberto a todas as pessoas que fazem parte ou que pretendem integrar equipes de liturgia nas comunidades e paróquias, teve por objetivo oferecer formação para agentes de liturgia além de ajudar na rees-truturação da Pastoral Litúrgica na Diocese de Erexim. O curso se realizou no Seminário de Fátima, em Erechim. Teve por assessoria Frei Alberto Beckäuser, doutor em Liturgia e professor no Instituto Teológico Franciscano no Rio de Ja-neiro. (fonte: jornal Comunicação Diocesana, número 360).

Cruz AltaAno de Instituição: 1971

http://www.diocesecruzalta.org.br

Pastoral das Missões PopularesVolta para as equipes paroquiais, o encontro, realizado

dias 20 e 21 de junho teve a assessoria de Pe. Luis Mosconi, também conhecido “pai das santas Missões Populares”. O encontro teve a participação de 90 pessoas. “Momento ímpar da nossa Igreja Diocesana, momento de Conversão Pasto-ral, Revitalização e Reafirmação do Projeto Missionário”, registra o site da Diocese

Rio GrandeAno de Instituição: 1971

www.riograndecatolico.com.br

Emaús“Dai-me uma barra rígida, suficientemente grande

e um ponto de apoio e, sem dificuldade, eu moverei o mundo”: Arquimedes. ‘Alavancas são orações, renún-cias e sacrifícios que oferecemos por nossos irmãos que estão fazendo a caminhada rumo a Emaús, para que com nossos pequenos atos, os caminhos por onde o Senhor vai passar sejam aplainados, e assim descubram ao partir do pão, que Cristo caminha ao lado de cada um deles. Todos podem fazer alavancas, mesmo quem não teve a experiência de Emaús!’ O movimento está

presente na Diocese e realizou seu 96º curso masculino em dias 25 e 28 de junho último.

Novo Hamburgo Ano de Instituição: 1980

www.mitranh.org.br/

Padre Haroldo visita Fazenda do Senhor Jesus O líder religioso texano fundou os

Grupos de Amor Exigente no Brasil Foi em 19 de junho. A Fazenda do Senhor Jesus – Casa

São José – fica no distrito de Lomba Grande. Padre Haroldo Rahn, jesuíta nascido no Texas, Estados Unidos, trouxe a proposta das comunidades terapêuticas para o Brasil em 1974. (www.mitranh.org.br).

Cachoeira do SulAno de Instituição: 1991

http://www.diocesenet.com.br/

Diocese comemora seu 18o ano de criação

Será dia 17 de julho próximo, último dia da realização do Mutirão de Comunicação. Seu primeiro bispo foi Dom Frei Ângelo Domingos Salvador. A instalação se deu em 29 de setembro de 1991, com a posse do bispo, feita por D. Altamiro Rossato, arcebispo de Porto Alegre e Delegado do Núncio Apostólico. Transferido para a Diocese de Uru-guaiana em 15 de agosto de 1999, a diocese ficou vacante até 12 de agosto de 2000 quando foi ordenado o substituto de D. Ângelo Domingos que assumiu em nove de setembro daquele ano. Um dos eventos mais significativos dessa Igreja particular é a Romaria Diocesana ao Santuário de Maria Mãe do Redentor, realizada no mês de outubro. A Diocese mantém bem estruturada Pastoral da Comunicação.

Osório Ano de Instituição: 1999

www.diocesedeosorio.org/

Pastoral da Juventude homenageia Pe. Gisley

Fazendo suas as palavras de Pe. Hilário Dick sj, a PJ lamenta o triste fato, ocorrido em Brasília. Disse Pe. Hilário: “Tudo que se diga é de menos. Deixa que diga, contudo, um pouco das minhas lágrimas. Fazia tempo que não chorava tão profundo...choro duplo: por Gisley amigo, dedicado, querido, lutador... e por esta juventude que faz esse tipo de coisas.

Falta muita coisa por ser feita....Infelizmente também nós, também a Igreja, também a Pastoral da Juventude é cul-pada por esta crueldade. Eles que pareciam estar tão longe, de repente entram em nossa casa...Vontade de abraçar estes meninos e dizer: “Menino! Nós te queremos bem...” Mas eles vão sofrer... Provavelmente vão ser mortos também. Que desgraceira!” (Fonte: Pastoral da Juventude da Diocese de Osório - www.diocesedeosorio.org).

DA REDAÇÃO: Dos sítios eletrônicos da Diocese de Frederico Westphalen (www.diocesefw.com.br), Santo Ângelo (www.diocesedesantoangelo.org.br) e Montenegro (www.dio-cesemontenegro.com.br) não foi possível extrair notícia ou se encontram desatualizados. Já para as dioceses de Vacaria e Bagé não foi possível encontrar sítio eletrônico próprio.

Page 12: Jornal Solidário

CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 16 a 31 de julho de 2009

“Queridos diretores e membros da OCLACC:Quero felicitar a todos de todo coração. Aos diretores pela decisão tomada diante da

situação de emergência que se configurou em Porto Alegre e a todos os demais membros da OCLACC pela atitude de solidariedade que, de um ou outro modo, compartilham com os habitantes de Porto Alegre e também com todos os que tínhamos programado assistir.

A suspensão do Mutirão e da Assembléia, que por tanto tempo, dedicação e esforço vinham sendo preparados, a todos nos prejudica enormemente. Mas é um autêntico exemplo de solidariedade com o povo de Porto Alegre. É atitude de corresponsabilidade que nos corresponde como comunicadores cristãos que temos impulsionado a comunicação ao serviço da solidariedade e convivência fraterna, buscando o bem de todos. Precisamente por tratar-se de algo que nos custa e que nos produz muitos inconvenientes, é porque se converte em sinal de coerência com nosso discurso.

Desde o início do trabalho conjunto de UCLAP, OCIC-AL e Unda-AL, sempre, antes das Assembléias se fazia também um Congresso como grande marco iluminador que constituíra um aporte adequado aos desafios do momento para a elaboração do mandato que se há de executar no novo período. É o mandato que a Assembléia há de en-tregar aos que forem eleitos para a nova diretoria. Ao mesmo tempo, o Congresso é orientador para o compromisso que cada um considera que vá assumir. Isso deu maior força ao unificarem-se na OCLACC os antigos organismos de comunicação. Uma Assembleia sem estar precedida do Congresso ficaria reduzida a um puro formulismo esta-tutário, desprovido de um elemento de grande força vitalizadora. Por isto, suspender o Congresso - o Mutirão neste caso - leva consigo a suspensão da Assembléia e, em consequência, os males são maiores. Com isto, nosso gesto solidário é mais significativo.

Mas, junto com minha felicitação aos diretores e a todos os membros da OCLACC, quero também convocar para que tenham uma atitude ani-madora para seguir empreendendo os esforços que correspondam a cada um, com a mesma ilusão, para o feliz cumprimento de nosso projeto em fevereiro do próximo ano. A criatividade de cada um, as possibilidades de avanço das formas virtuais e o uso de todos os meios possíveis podem ajudar muito para que nosso encontro face a face tenha uma maior densi-dade de comunhão. Não fiquemos deplorando. Sabemos que tudo se fez responsavelmente, buscando o bem comum e não nossos interesses. É isso que nos ensina o Senhor. Oxalá, atuemos sempre assim. Esse espírito de aporte ao Mutirão e nossos esforços poderão ajudar na transformação da realidade segundo a direção do Reino, como nos pede o Deus da vida e da história. O Senhor não nos deixou e segue conosco. Ânimo. Cordial abraço, - +Juan Luis Ysern - Presidente Honorário de OCLACC”. (Juan Luis Ysern de Arce - Bispo Emérito de Ancud - Presidente da Caritas Chile).

Atitude de corresponsabilidade e exemplo de solidariedade

É o que expressa a carta de Mons. Juan Luis Ysern, presidente honorário da OCLACC - Organização Católica Latino-Americana de Comunicação.

A Prefeitura de Santa Maria tam-bém decidiu suspender a Quinta Feira de Economia Solidária do Mercosul que deveria se realizar de 10 a 12 de julho por temor do avanço da gripe. Da mesma maneira, as autoridades decidiram cancelar a realização da 16ª Feira Estadual de Cooperativismo (FEICOP). A decisão de suspender os eventos veio da Prefeitura depois de receber recomendações técnicas dos órgãos de saúde que sinalizam que as feiras podem ser hipotéticas portas de entrada da gripe A.

FEICOP e Feira de Economia

Solidária do Mercosul

Mons. Juan Luis Ysern

Caridade na Verdade

A terceira encíclica de Bento XVI foi lançada em 7 de julho último no Vaticano e propõe uma economia solidária para go-vernar o mundo. Tem 150 páginas e prega o desenvolvimento humano integral. Para o Papa, a globalização, “a priori, não é boa nem má”. Mas defende que os indivíduos passem da condição de “vítimas” ao papel de “protagonistas” na correção de “disfun-ções, tantas vezes graves, que introduzem novas divisões entre os povos e no interior dos mesmos”.