jornal ponteio

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ponteio. # 1 03 08 10 Página Página Página Meditação como forma de relaxamento e concentração. Uma professora e pra- ticante dão dicas para utilizar essa fer- ramenta no seu dia a dia para otimizar o tempo e melhorar a qualidade de vida. Pag. 04 O “Encontro de compositores de Juiz de Fora” existe há oito anos e reúne os grandes artistas da cidade com novos nomes, trazendo para o bairro São Pe- dro uma noite agradável e cultural. Pag. 05 O crescimento e o desen- volvimento de um bairro: o São Pedro. Opinião de moradores e ex-morado- res sobre as mudanças. A conexão de ícones da cultura pop com os luga- res do cotidiano é o argu- mento do editorial de fo- tografia. Entrevista especial com os criadores do programa “Não conta lá em casa” incentiva jovens a intervi- rem localmente. Jorge, o chefe de toda a família, abre a casa para contar a his- tória de suas vidas e o amor daquelas pessoas pelo bairro onde cresceram, aprenderam e construíram tudo o que possuem. Dom Bosco: cenário da tradição de uma família O Cine-Theatro Central está passando por reformas e reestruturação de seus eventos. O Ponteio bateu um papo com os responsáveis culturais pelo teatro mais antigo da cidade. Pag. 12 “era um, era dois, era cem...” Pag. 06

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Jornal produzido em grupo para as disciplinas de Processo de Informação IV e Planejamento e Produção Editorial da Faculdade de Comunicação Social - Jornalismo da UFJF.

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1pONTEIO.

ponteio. #103 08 10

P á g i n a P á g i n a P á g i n a

Meditação como forma de relaxamento e concentração. Uma professora e pra-ticante dão dicas para utilizar essa fer-ramenta no seu dia a dia para otimizar o tempo e melhorar a qualidade de vida.

Pag. 04

O “Encontro de compositores de Juiz de Fora” existe há oito anos e reúne os grandes artistas da cidade com novos nomes, trazendo para o bairro São Pe-dro uma noite agradável e cultural.

Pag. 05

O crescimento e o desen-volvimento de um bairro: o São Pedro. Opinião de moradores e ex-morado-res sobre as mudanças.

A conexão de ícones da cultura pop com os luga-res do cotidiano é o argu-mento do editorial de fo-tografia.

Entrevista especial com os criadores do programa “Não conta lá em casa” incentiva jovens a intervi-rem localmente.

Jorge, o chefe de toda a família, abre a casa para contar a his-tória de suas vidas e o amor daquelas pessoas pelo bairro onde cresceram, aprenderam e construíram tudo o que possuem.

Dom Bosco: cenário da tradição de uma família

O Cine-Theatro Central está passando por reformas e reestruturação de seus eventos. O Ponteio bateu um papo com os responsáveis culturais pelo teatro mais antigo da cidade.

Pag. 12

“era um, era dois, era cem...”

Pag. 06

02 pONTEIO. 03pONTEIO.

No bairro São Pedro, Cida-de Alta de Juiz de Fora, uma das maiores recla-

mações dos moradores é a dificul-dade de transitar pelas ruas, devi-do ao excesso de veículos e à falta de segurança gerada pela pressa dos motoristas.

Na Presidente Costa e Silva - principal avenida do bairro - a situação é mais caótica. Com pou-cas faixas no trecho e uma grande distância separando-as, os pedes-tres necessitam atravessar a rua arriscando uma travessia fora do lugar apropriado.

É possível reparar que, além da pequena quantidade de faixas, poucas das existentes ficam pró-ximas aos pontos de ônibus. Este é um dos principais motivos que fazem com que os transeuntes que correm para não perder o horário

O que um estudante de jornalismo, apaixonado mesmo pelo design, faz quando chega no quinto período da

faculdade? Estágio, bolsa, ver séries? Não! A conclusão é que montar um jornal inteiro não estava dentro de nenhuma das opções pensadas.

Aprender coisas novas nas aulas, buscar referências nesses sites chiques de gente que realmente sabe o que está fazendo, racioci-nar cores, tamanhos, fontes, foi só o início da “jornada” em busca do jornal perfeito.

Uma equipe unida, de bom gosto (em especial para cultura), com ideias borbu-lhando o tempo todo e um enquadramento de público a ser seguido, precisávamos es-tourar essas borbulhas e adaptá-las a nossa realidade. Colocar a cabeça pra funcionar com cautela e foco pra não fugir do objeti-vo principal do jornal, sem perder a nossa identidade.

Com o tempo as páginas foram fican-do prontas, com modificações constan-tes, fomos nos aperfeiçoando e pensando, também, nas pautas perfeitas. Que pautas! Queríamos falar de música, adaptamos. De cultura, adaptamos também! Conseguimos adaptar até a ideia de uma crônica, pra den-tro do nosso público alvo.

“Por essa questão foi escolhida a propos-ta de nosso jornal, sem desmerecer a impor-tância dos jornais que evidenciam problemas nos bairros de nosso público alvo, os mora-dores de São Pedro e Dom Bosco. O Ponteio é um jornal que escolheu uma forma de in-formação que é de interesse do leitor, por fa-lar do que acontece em seu bairro e em sua cidade, mas o fala de uma forma mais próxi-ma e amigável”. Segundo Igor Visentin, que conseguiu resumir, melhor que eu, em um parágrafo qual era a nossa proposta.

Com muita felicidade e principalmente orgulho, entrego (junto com todos) a versão final do Ponteio, alinhavado com carinho e sem preguiça por cada um de nós.

Alessandra crispimA motoqueira, estudante e musicis-

ta reveza seu tempo entre uma matéria jornalística e uma

composição musical. Apesar do sufoco, faz

de tudo para con-ciliar suas duas

paixões.

Carime ElmorA estudante de jornalismo é beatle-

maníaca e louca por velharias, se deixar ela escreve seus textos em uma máquina

de... escrever é o que mais ama, dese-

nhar e desco-brir novos

artistas.

Igor VisentinFruto de uma nova era midiática,

não possui uma área principal de interesse. É estudante

de jornalismo, psicolo-gia, música, filo-sofia, política e

inutilidades.

Stess PanissiFotógrafa, guitarrista, estudante

de jornalismo e consumido-ra compulsiva de pães de queijo. Morre de amores

pelo sul de Minas, por cachorros, li-

vros e abraços apertados.

tAINAH cuRCIOEstudante de Jornalismo que só estuda Design. Curiosa de na-

tureza. Tenta tocar guitarra e cantar em uma banda

que nunca ensaia. Adora cozinhar

loucuras e falar em

públi-co.

tHAIZA gRIBELIntensa em seus mil projetos, é apai-

xonada por fotografia, animais e viagens. Vive de olho em boas pautas para produ-

zir, gravar, escrever e se emocionar. Faz

questão de ser feliz com

quem ama.

“um jornal que escolheu uma forma de informação que é de interesse do leitor de uma

forma mais próxima e amigável”

do ônibus se aventurem pela rua para chegarem aos seus destinos.

Outra queixa realizada pelos moradores é a demora que o ex-cesso de tráfego e a falta de orga-nização causa nas travessias, fa-zendo com que a espera por uma tentativa de trocar de passeio pos-sa durar em torno de 10 minutos.

Os horários de pico são os que mais causam transtorno. Horá-rio de almoço e saída escolar são comentados como os piores mo-mentos para transitar pelas ruas do Bairro São Pedro. Durante o período de aulas da Universidade Federal de Juiz de Fora, a situa-ção do trânsito fica pior. Quando o fluxo não está retido, o movi-mento de veículos na saída do campus é grande, incomodando não só as pessoas que passam pelo local, mas também os moto-ristas que reclamam da dificulda-de de passagem.

Muitas são as preocupações e reclamações dos moradores da

Cidade Alta, que além de retra-tarem o problema, também tem um tom de cobrança às promes-sas de melhorias. De acordo com estes moradores, essas promessas foram feitas no ano de 2013 e até agora pouca coisa foi realmente resolvida. Fora prometido um re-dimensionamento das faixas para aliviar a situação dos pedestres, respeitando os limites exigidos pelo Cotran de distância mínima, e redirecionando-as para os prin-cipais pontos que necessitam de uma faixa intermediária.

Existe um projeto em avalia-ção para realizar uma recircu-lação da área para realização de um binário em algumas ruas com a intenção de organizar o trânsi-to, mas o projeto ainda está em avaliação. Por ser um local que vem crescendo, com grande mo-vimentação comercial, a situação do trânsito fica mais complicada a cada dia que passa e gera cada vez mais insegurança e insatisfação.

O presidente da Associação de Mora-dores do bairro São Pedro, Wanor Alves, ressalta as transformações que

a região vem passando ao longo dos últimos 20 anos, principalmente nas mudanças rela-tivas ao trânsito. “O alto movimento dos car-ros têm complicado muito a vida dos mora-dores, principalmente em horários de pico. É preciso pensar em alternativas para isso em conjunto. Estamos lutando para que a cons-trução da BR 440, que cortará boa parte do São Pedro, seja uma via que ligue as ruas do bairro, fazendo o papel de avenida”, declara Wanor.

Um dos tópicos destacados pelo presi-dente nesse período de alterações do perfil do bairro é o aumento das atividades cultu-rais, que movimentam o comércio local. “Os bares cresceram muito, principalmente na região da Avenida Presidente Costa e Silva. É bom porque é dinheiro gasto aqui que pode ser investido aqui também”. Wanor ressalta, ainda, que apesar de muitos moradores se-rem de famílias tradicionais do São Pedro, novos grupos chegam para fixar residência no bairro a cada mês, visto a proximidade com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a região ter se tornado um pólo eco-nômico da cidade.

A Associação realiza reuniões mensais e procura atender pedidos da população desde necessidades mais simples, como demandas para “bocas de lobo”, até situações emergen-ciais, como, por exemplo, a movimentação perante a Prefeitura de Juiz de Fora para a colocação de semáforos.

Por colaboradora:Lívia hadanny brown

Abraços,Tainah CUrcio.

Moradores e transeuntes reclamam da falta de segurança e organização nas ruas da Cidade Alta

Palavras (ou parágrafos)da diagramação

Trânsito gera transtorno no Bairro São Pedro

Por: thaiza Gribel

Associação dos moradores do bairro SÃO PEDRO explica os acontecimentos

#info

rmaç

ão

04 pONTEIO. 05pONTEIO.

Por que não dedicamos meia hora, quinze mi-nutos ou até cinco mi-

nutos de nosso tempo, em nossa própria casa e sem pa-gar nada, apenas para nos focarmos em nós mesmos e relaxarmos nossa mente e corpo? Duvida que isso dê al-gum resultado?

Em 1929, Richard Wilhelm e o renomado psicoterapeuta C.G. Jung publicaram “O Se-gredo da Flor de Ouro”, que continha a tradução de um velho texto chinês, “Tai I Ging Hua Dsung Dschi”. O livro pode ser facilmente baixado pela internet, e fornece bons conselhos para se começar uma prática autodidata.

Já na introdução, “Por que é difícil para o ocidental compreender o oriente”, Jung insere um antigo provérbio chinês que diz: “Se o homem errado usar o meio correto, o

meio correto atuará de modo errado”. Portanto, ao contrá-rio do que estamos acostuma-dos no ocidente, quando falo sobre meditação, não deve-mos colocar todas as nossas esperanças neste método, mas procurarmos ele em nós mesmos. “Tudo depende do homem e pouco ou nada do método. Este último repre-senta apenas o caminho e a direção escolhidos pelo indi-víduo”.

“A gente deita, dá uma relaxada, respira, pra tentar meio que isolar o mundo do lado de fora e concentrar, aí depois que a gente já tem uma respiração consciente come-çamos a nos guiar pra come-çar nossa prática”. Clarissa Duarte, estudante e pratican-te de hatha yoga há um ano e dois meses, escolheu este método para ajudar a contro-lar a ansiedade que qualquer estudante vivencia em época de provas.

Shanti, sua professora, ex-plica resumidamente o que é a hatha yoga e a yoga de uma forma geral. “O yoga é uma ciência, como se fosse uma ciência da alma, porque ela pega a parte física, que é o ha-tha yoga, e dentro dessa parte física nós temos o que a gente chama de asanas, que são as posturas. Todas essas postu-ras são pra harmonizar o que a gente chama de prana, que é a energia do corpo, a ener-gia vital. Então cada asana faz com que esse prana como que corresse harmonicamente por dentro da pessoa. O grande objetivo de uma aula de hatha yoga é que no final você me-dite, que você tenha um cor-po que não tenha dores e que você consiga sentar de forma confortável pra meditar, ou entrar em um relaxamento. O hatha yoga é um yoga físico, mas que não perde aquela pe-gada de dar um pulo pra espi-ritualidade de cada um”.

Conhecimento para vencer o preconceito racial

Dia 20 de novembro de 1695 morria Zumbi dos Palmares, líder ne-

gro que se tornou símbolo da resistência escrava durante o período colonial brasileiro. Depois de tantos anos de con-flitos, em 2003 a data foi ins-tituída por lei nacional para relembrar a luta social dos escravos, através do “Dia Na-cional da Consciência Negra”. O que fazer para erradicar o preconceito em uma sociedade miscigenada entre afrodescen-dentes, índios e europeus?

Uma alternativa é deba-ter a valorização da cultura negra com os jovens, a fim de que construam um futuro que

respeite a diversidade. Para o presidente da Casa de Cultura Evaílton Vivela, Jefferson da Silva, conhecido como “Negro Bússola”, o caminho para a transformação social é através da conscientização. “Estamos vivendo um momento no qual o ser humano, independente da sua etnia, precisa refletir sobre o que está fazendo com o seu semelhante. Educação, infor-mação e cultura devem andar juntas para uma política mais eficaz, não temos a colaborar só em novembro”, ressalta.

Aproveitando a data, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inaugurou a Diretoria de Ações Afirmati-vas para acolher as demandas de grupos de menor visibili-

220v: os ligados na tomadaRotina pesada com várias atividades para fazer, qual a solução para não pirar?

Conciliar a faculdade com estágio, Empresa Júnior, trabalho, entre outros

é uma realidade comum para estudantes universitários e tra-balhadores dos dias de hoje. No mundo onde vivemos, as pes-soas multitarefas estão sendo cada vez mais valorizadas.

Para quem já passou dessa fase, trabalhar cada vez mais visando se adaptar ao mercado atual é a única opção. Com isso, acabamos tendo uma sociedade tensa, onde todos esstão nervo-sos e correndo a todo momento.

Algumas pessoas tiram de letra, outras não. O que é o caso de Aline Coutinho de 23 anos.

Aline é estudante do curso de Filosofia na UFJF, é professora de um cursinho de inglês, que toma quase o dia todo, e ainda tem tempo para tocar em duas bandas. Para ela, o grande se-gredo e dividir o tempo, se pro-gramando e cumprindo com o cronograma previsto. “Correr contra o relógio é o meu pior inimigo, por isso eu prefiro nunca adiar as coisas”, conta.

Já Thales Gonçalves, de 23 anos, além de estudar Psicolo-gia também na federal, faz par-te da Empresa Júnior do Curso e ainda faz trabalhos voluntá-rios e cuida da avó nos fins de semana. Segundo ele, o grande segredo é priorizar: colocar em foco o que é mais importante

para aquele momento. O estu-dante ainda cita que, apesar de ter muita coisa pra fazer, nunca deixa de dar atenção para os amigos em datas especiais, por exemplo.

Para quem trabalha o dia todo, a internet vem como au-xílio, afirma Geraldo Oliveira, vendedor de 47 anos que viaja durante toda a semana e pre-cisa passar os pedidos pela web. “A internet veio como um avanço, mas ainda assim é muita coisa, preciso usar mi-nha agenda com afinco para me organizar. Todos os dias a noite, faço uma lista de onde vou e do que preciso fazer no próximo dia, senão esqueço mesmo”, relata.

ENCONTRO DE COMPOSITORES REÚNE GERAÇÕES DE ARTISTAS DE JUIZ DE FORAHá oito anos o Projeto promove o trabalho autoral de artistas da região

Uma vez por mês o En-contro de Composito-res comanda a noite

de segunda feira em Juiz de Fora. Artistas de todos os esti-los musicais apresentam suas composições, trocam experi-ências e enriquecem o cenário cultural da Cidade. Conheça um pouco mais sobre este pro-jeto que há oito anos mobiliza e revela nomes importantes da nossa música regional.

A proposta do Encontro surgiu entre amigos. O cantor e Compositor Edson Leão, um dos fundadores do projeto, conta que o número de mú-sicas que cada um compunha era muito alto. A partir disso tiveram a ideia de unir vários compositores para compar-tilharem músicas autorais, trocarem experiências e que fosse aberto ao público.

A primeira sede do Encon-tro foi o MAMM – Museu de Arte Murilo Mendes, em 2006. Com o caráter didático, pro-movendo palestras e debates, a iniciativa foi importante para

o núcleo artístico da cidade, principalmente para os músi-cos iniciantes, como o cantor e compositor Gilbert Sales: “Foi em novembro de 2006, num domingo à tarde no MAMM... Se bem me recordo, a primei-ra música que apresentei, foi “Doce manhã”. Essa participa-ção teve grande relevância na época, pois, ainda era músico amador, mas já compunha...”.

Após algumas edições re-alizadas no museu, o projeto migrou para o Bar Cai & Pira onde é realizado até hoje, em São Pedro. Os encontros pas-saram a ser nas “2 ª segunda feira” de cada mês. O processo de apresentação era simples: cada compositor apresenta-va duas músicas por vez e a inscrição era feita durante o evento. Atualmente, as orga-nizadoras são Juliana Stanza-ni e Laura Januzzi.

Após as apresentações, os compositores têm a oportuni-dade de trocarem experiências, em uma grande roda de violão. Músicos de estilos diferentes, gerações distintas, falando a mesma língua. O momento é

de total intercâmbio musical.“Promissora” é a palavra da cantora, compositora e pro-dutora cultural Juliana Stan-zani referindo-se ao cenário atual do Encontro. Com início às 20h, o projeto está reve-lando novos compositores de Juiz de Fora, em todos os es-tilos musicais, o que prova o tamanho da diversidade Cul-tural presente na cidade.

Meditar: um exercício, um estilo de vida

Antes de Johannes Gutenberg, os li-vros eram escritos

a mão. O inventor criou os primeiros meios de im-pressão gráfica e foi um dos responsáveis pela Revolu-ção da Imprensa. Recen-temente, ele ganhou uma homenagem bem original. Em um muro da Rua Santo Antônio, artistas ilustra-ram sua silhueta formada por palavras emaranhadas, os caligramas. A atividade faz parte do projeto de in-tervenção urbana “Tipo no Muro”, criado pelo “Coleti-vo Tipo Assim”.

O grupo surgiu no co-meço de 2014 como um trabalho de conclusão de período em uma maté-ria do curso de Design da Faculdade Estácio de Sá. A equipe decidiu dar con-tinuidade ao projeto para aproximar a sociedade da tipografia e mostrar que ela pode oferecer muito mais do que boa legibili-dade. Além de Gutenberg, outros ícones da história tipográfica, como o fran-cês Claude Garamond,

também ganharam espaço pela cidade.

Há sempre a possibili-dade de passar 8 horas pin-tando um muro e, mesmo com autorização dos pro-prietários, no dia seguinte ele estar todo riscado. Mas ainda assim o grupo se ar-risca, porque as ruas são um lugar muito acessível, e desta forma a população pode ter um contato mais fácil com os tipos. “Quan-do nós escolhemos as ruas como tela para este proje-to, estávamos cientes dos riscos e confesso que fica-mos surpresos com o res-peito que a sociedade e os próprios pichadores estão tendo com a nossa arte.” - Afirma Carol Andrade, in-tegrante do Coletivo.

O grupo pretende lan-çar novos projetos em 2015, promover oficinas, palestras e debates. O ob-jetivo é compartilhar co-nhecimento e fazer com que Juiz de Fora se apai-xone pela tipografia. Há inúmeras histórias para contar e muito muros ain-da estão por vir.

Ícones tipográficos estam-pam muros de Juiz de Fora

dade dentro da instituição, como o de cotistas, de pessoas com deficiência e que envol-vam discussões de gênero, se-xualidade e raça. Entre os gru-pos presentes na universidade que debatem as tradições ne-gras, estão as mulheres do “Candaces”, o Núcleo de Estu-dos Afro-brasileiros (NEAB) e o Kizomba Namata. “Visibili-dade implica conhecer o com-portamento dos grupos e suas necessidades, saber o que eles podem trazer para a diversi-dade dentro da UFJF e como isso se reproduz na sociedade. Essa é uma forma de ampliar a discussão e conhecer outras vertentes”, reflete a Diretora de Ações Afirmativas, Maria Elisabete Oliveira.

Por: Thaiza Gribel

Por: stess panissi

Por: Alessandra crispim

Por: TAINAH CURCIO

Por: Igor VISENTIN

A prática milenar que conquista cada vez mais adeptos

Em relatório do IBGE, negros e pardos representam 51% da população brasileira

#geral

06 pONTEIO. 07pONTEIO.

#CAP

A

De forma bem humorada uma das famílias mais tradi-cionais do bairro Dom Bosco de Juiz de Fora conta sua história para o Ponteio. Uma casa junta à outra ocupa o espaço de quase um quarteirão do bairro e representa a união dessa família de mais de 60 pessoas.

Era um, era dois, era cem e vieram pra me per-guntar: Ô você, de onde

vai de onde vem? Diga logo o que tem pra contar. Jorge Paulo dos Santos começa con-tando que não saberia viver em outro lugar, mora no Dom Bosco faz 70 anos e lá conhe-ceu todas as pessoas que ama. Seu sobrinho, Gabriel Lopes, mora no bairro desde seu primeiro dia de vida e isso já faz 53 anos. Ele abre a roda da conversa se apresentando como músico e confessa, “se eu acertar na loteria vou cons-truir uma big casa no meu bairro, mas não largo esse lu-gar”. Iracema Salomé Lopes, tia de Gabriel, nasceu na casa ao lado onde hoje mora o so-brinho com sua esposa e seus filhos. Desde que nasceu, há 66 anos, Iracema vive a cultu-ra local. Se perguntar quantos existem nessa enorme famí-lia, é difícil encontrar uma resposta precisa, são muitos mantendo a tradição ao longo das gerações.

gratidão por viverno dom bosco

A casa é o retrato de pes-soas que levam uma vida com fé. A religião está estampada nos santinhos e orações pre-sos à geladeira. Mais de 20 troféus comprovam o amor pelo futebol. A televisão está ligada na novela e a cozinha cheira a jantar que logo vai ser servido. Cada um dos filhos e sobrinhos tem sua casa, uma juntinha à outra, deixando aquele espaço aconchegante parecer um só, onde a famí-lia se reúne durante a semana para festejar e ter momentos de espiritualidade. Samba e pagode são frequentes no terraço da Iracema “Mamãe, quando queria, fazia samba até com lata”, ela afirma.

É uma família de mú-sicos. Eles formaram um grupo que canta e toca constantemente em ca-samentos, aniversários, cerimônias religiosas e festas de 15 anos. São os responsáveis pela músi-ca da missa de final de ano da Igreja Imaculada Conceição. Nessa oca-sião, mais de 50 pessoas da fa-mília colocam roupas brancas e formam um coral. Ao longo do ano, a moçada participa das rodas de pagode tocan-do violão e cavaquinho. Toda essa tradição da música veio com a Terezinha de Jesus, mãe de Gabriel, que é o can-tor da família. Segundo eles, o som dos tambores e pandeiros foi aparecendo naturalmente após os treinos de futebol.

Tudo o que a família cons-truiu e aprendeu está no Dom Bosco. Logo que se casou, Ga-briel mudou de bairro, mas rapidamente voltou porque sentiu falta daquele dia-a-dia que se assemelha ao de uma

antiga vila onde todos se co-nhecem. O vínculo com os vizinhos é o traço mais mar-cante. “Se algum barulho es-tranho vier de uma residência, os vizinhos já chegam para proteger e entender o que está acontecendo”, explica Jorge. Os moradores do Dom Bosco estão todos conectados.

A mãe de Gabriel teve 23 netos, a maioria homem. Com muita conversa e companhei-rismo, eles conseguem man-ter a garotada dentro dessa harmonia familiar, sem dis-persar para outros caminhos e sempre contando com o apoio um do outro. Pelo fato de es-tarem morando perto, a rela-

ção de tios, tias, avôs e avós é muito aberta. Tio Jorge e Tia Iracema comentam que nun-ca houve uma discussão que afastasse os parentes e que semanalmente rezam o terço com a presença de todos. Ga-briel ainda sorri dizendo que ao contrário de brigas, o que a família faz é muita festa.

O bairro é muito bem lo-calizado por estar perto do Shopping Independência, do Hospital Monte Sinai e da Universidade Federal de Juiz de Fora e, por isso, o trânsito está cada dia mais intenso. Com esse crescimento, foi a primeira vez que o lugar - Dom Bosco - saiu das páginas

policiais e passou a ser lido em notícias sobre especulação imobiliária. Era costume das crianças jogarem bola na rua, mas o cenário mudou e foi al-terando o modo de viver no bairro. “O que mais modificou foi o campo de futebol que nos foi tirado. A gente só ti-nha essa área de convivência. A cidade reclama do índice de drogas e o bairro é marginali-zado, mas a comunidade não tem nenhum espaço de lazer, nenhuma praça, nada. Com a construção do shopping, nós perdemos nosso campo e isso foi uma agressão muito forte para toda a comunidade do Dom Bosco”, explica Gabriel.

Iracema faz outra obser-vação acerca da mudan-ça dos costumes do bair-ro, “antigamente tinha muita festa de rua, agora já não tem mais espaço, não podemos fechar a rua, porque virou rota de ônibus”.

Essa é a segunda vez que os moradores perdem seu lugar para

alguma obra privada, já que anteriormente, o campo era onde existe hoje o Hospital Monte Sinai. Por participar ativamente nas lutas do bair-ro, Gabriel Lopes afirma que já há uma verba para a cons-trução de uma nova praça que terá quadras para incentivar o esporte. Contudo, faz um aler-ta dizendo que é importante pensar em uma estrutura de segurança para que as crian-ças não sejam privadas de po-der participar desse convívio. Ao tocar no assunto da crimi-nalidade, o morador defende que não há casos de assassina-tos no bairro. “Não tem ban-dido no Dom Bosco”, Gabriel

afirma com convicção. Jorge diz que faz mais de 5 anos des-de a última ocorrência. O que persiste, segundo eles, são pe-quenos furtos cometidos por usuários de droga e isso acaba gerando uma imagem negativa e estereotipada do bairro como um todo.

Com um olhar atento para algumas problemáticas que os cercam, Iracema fala de dois grupos que realizam trabalhos junto à comunida-de. O Grupo Espírita Semen-te acolhe as crianças e seus pais, principalmente aque-las famílias mais carentes. Dentro da organização tra-balham psicólogas que bus-cam conversar e desenvolver projetos com os moradores. Existe também a ABAN (As-sociação dos Amigos), foi lá que a Iracema e suas irmãs aprenderam a fazer tricô. Essa organização tem a pre-ocupação de ensinar para as

pessoas assistidas que elas podem aprender diversas técnicas e ganhar a vida com essas atividades.

Mesmo com apoio de ONGs e a localização cen-tral, os três fazem críticas à educação e saúde do Dom Bosco. Antigamente todos eram alunos da Escola Es-tadual Dom Orione, porém neste espaço não há mais co-légio. Atualmente só existe o Grupo Álvaro Braga, uma escola que vai até a 4ª sé-rie do ensino fundamental. Com o tempo, os adolescen-tes precisam estudar em ins-tituições de ensino fora do bairro. Os médicos são pou-cos, é impossível atender a todos. Existe um Conselho de Saúde do bairro que vem lutando por melhorias e, de acordo com Jorge, o Monte Sinai está apoiando a cons-trução de um posto de saúde para atender a comunidade.

Onze de Ouro é o time de futebol formado só por membros da família. Com mais de 20 troféus expostos dentro de casa, eles

comemoram por terem recebido da prefeitura de Juiz de Fora, neste ano, o prêmio de time de fu-tebol mais antigo do bairro. Tudo começou com o avô de Gabriel Lopes. Depois, seus pais e tios dominaram a bola. Com o tempo, os torneios da cidade passaram a ser competidos por Gabriel, seus irmãos e seus primos. Mesmo após muito passe de bola, o Onze de Ouro continua existindo junto aos filhos e sobrinhos da família Lopes.

o time da família

Por: carime elmor

“Antigamente tinha muita festa de rua, agora já não tem mais espaço, não podemos fechar a

rua, porque virou rota de ônibus”.

08 pONTEIO. 09pONTEIO.

Visitas Ilustres

Já imaginou como seria ouvir algu-mas histórias do

Forrest Gump enquanto espera o ônibus para ir para casa? Encontrar a Marilyn Monroe no Cen-tro Comercial? Ou to-par com Ringo, George, John e Paul atravessan-do a faixa de pedestres da Rua José Lourenço Kelmer? Quem sabe se

juntar ao Gene Kelly e cantar um pouco na chu-va em frente ao Subway, e depois dar de cara com o casal da famosa foto de Alfred Eisenstaedt no portão da Universi-dade? As fotomontagens trazem situações inusi-tadas de algumas perso-nalidades fazendo uma breve visita no bairro São Pedro.Por: stess panissi

A cena clássica de Marilyn Monroe e seu vestido esvoaçante faz parte do filme “O Pecado Mora ao Lado”, dirigido por Billy Wilder e lançado em 1956. Ao sair do cinema com Richard Sherman, a loira aproveita a ventilação do metrô para se refrescar e deixa o homem atordoado, já que é casado e não consegue lidar com os desejos que vem à cabeça.

A fotografia intitulada “O Beijo” foi tirada no dia 14 de agosto de 1945 por Alfred Eisenstaedt. Neste dia, os letreiros da Times Square anunciaram o fim da Segunda Guerra Mundial e as pessoas foram para as ruas comemorar. A enfermeira da foto declarou tempos depois que eles não eram um casal, e que o marinheiro que ela sequer conhecia a surpreendeu com um beijo.

A famosa foto de Iain Macmillan estampada na capa do 12º álbum dos Beatles foi tirada do lado de fora dos estúdios Abbey Road, em 1969. Assim como o disco, a icônica rua de Londres que o quarteto atravessou leva o mesmo nome do estúdio. A sessão de fotos durou apenas dez minutos, porque John só queria “tirar a foto e sair logo dali, já que deveriam estar gravando o disco e não posando pra fotos idiotas”. Há quem diga também que na imagem há vários indícios de que Paul McCartney morreu e foi substituído por um sósia.

Um ponto de ônibus é o cenário principal onde o personagem com QI abaixo da média e boas intenções conta para estranhos passagens de sua vida. O filme “Forrest Gump: o Contador de Histórias” foi dirigido por Robert Zemeckis, lançado em 1994 e ganhou 6 Oscars.

O filme “Singing In the Rain” ocupa a primeira colocação na Lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos e fez ficar na memória a cena de Gene Kelly cantando na chuva. O musical foi dirigido por ele e Stanley Donen, e oferece um retrato alegre de Hollywood, com as três estrelas retratando artistas apanhados na transição do cinema mudo para “talkies”.

O beijo

Marilyn monroe

CANTANDO NA CHUVA

fOrREST GUMP

tHE BEATLES

#fot

ogra

fia

10 pONTEIO. 11pONTEIO.

Eles já conheceram de perto as histórias de quem vive no Afe-ganistão, China, Coréia do Nor-

te, Jerusalém, Israel, Tunísia, Malvi-nas, Mianmar, Somália, Japão, Cuba, Rússia, Haiti, Irã, Kosovo, Sérvia e já completaram dezenas de passaportes. Mas o que cada país tem em comum? André Fran, jornalista, e Felipe UFO, economista, mostram no programa “Não Conta Lá Em Casa”, do canal Multishow, que em todos os locais vi-vem pessoas que lutam para construir uma sociedade tolerante e cultural-mente em paz. Com o novato Michel Coeli, cineasta, xx, já está no ar a sé-tima temporada do NCLC que retra-ta, entre outros locais, um vulcão em erupção na Islândia.

O instinto aventureiro dos amigos é evidente pela curiosidade de ir além dos pontos turísticos. A escolha por regiões historicamente conflituosas não é apenas para documentar, com os próprios olhos, o clima de constan-te tensão. O propósito do programa é de aproximar os cidadãos das câmeras e dar voz para a real situação que eles enfrentam ao pedir caronas e fazer amizades. Com isso, a equipe apresen-

ta o cotidiano de quem foi oprimido pelas guerras e instabilidades políticas e desenvolve um modelo original que mistura pequenos documentários, re-ality show e jornalismo.

Durante a entrevista para a Pon-teio, André e UFO brincam ao lem-brarem dos momentos de nervosismo em Bagdá e censura total na Coréia do Norte. Quando o assunto é o impacto do programa na geração mais nova, com acesso restrito a culturas pouco divulgadas na mídia, eles dão o reca-do: é preciso que os jovens utilizem dos meios de comunicação para mos-trarem a realidade como ela é e, assim, serem agentes da mudança ao quebra-rem preconceitos e expressarem livre-mente sua criatividade e tradições.

As reflexões propostas são para questões aplicáveis a qualquer região em conflito, independente se estão a quilômetros de distância ou se depa-ram com um problema local. O que os cidadãos pensam, onde a cultura se encaixa nesse contexto opressor e principalmente, como as pessoas que vivem esse dilema lidam com a situa-ção, são as principais perguntas explo-radas pelo trio.

Três amigos gravam programa de TV valori-zando histórias de superação nas regiões de maior instabilidade do planeta e incentivam os jovens a agir localmente

A realidade de quem é vítima dos destinos mais polêmicos do mundo

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Ponteio: Como cada programa tem uma temática diferente, o que vocês fazem questão que o público perceba?

André: Algumas coisas. O objetivo princi-pal é conhecer lugares que as pessoas, às ve-zes, não conhecem ou conhecem da maneira errada aqui no Brasil, principalmente o pú-blico jovem, que não tem contato com o fac-tual por uma série de motivos. Questões de interesses econômicos ou culturais afetam, mas a gente gosta de mostrar de uma manei-ra original e interessante para esse público, da maneira como é realmente. É para a ga-lera que está a fim de consumir jornalismo, estilo “hard news”, mas não naquele forma-to tradicional. Acabamos fazendo um jor-nalismo que traz o interesse da pessoa para algumas questões fundamentais.

UFO: A maneira que a gente faz o progra-ma é que traz toda a diferença, pois a gente tenta mostrar a realidade das pessoas que estão vivendo naquele local. A gente nunca se coloca como jornalistas ou autoridades, sempre chegamos com visto de turista e tentamos viver a realidade do local, a causa, ver o problema e como pessoas inseridas na-quilo, não apenas como observadores. Esse momento que a gente consegue contato e re-lacionamento com a própria população acho que é uma maneira muito mais verdadeira. Às vezes é difícil, a gente chegou no Afega-nistão e perguntaram “o que vocês estão fa-zendo aqui?”, a gente disse “turismo”, aí o guarda “tá bom, conta a verdade!” (risos)

Ponteio: Como vocês se envolvem na cultura do local, vocês já conseguiram desmistificar preconceitos sobre de-terminado país?

André: No início, muita gente achava que a ideia era conhecer lugares perigosos, em conflito, mas não é isso. Nosso interesse é justamente desmistificar e distinguir. Acho que a gente conseguiu cumprir essa função de desmistificar e mostrar que a impressão que as pessoas tinham do lugar não era exa-tamente igual ao que eles realmente são. A gente passou perigo, um ou outro, mes-mo assim por erro de cálculo nosso. Existe muito mais semelhança e proximidade com culturas diferentes e pela maneira que elas são tão mal retratadas aqui, fica bem mais interessante o nosso trabalho.

UFO: Um caso clássico é o caso do Irã. Ob-viamente, a gente já tinha feito um traba-lho anterior de pesquisa, a gente sabia que lá não era aquela imagem que a mídia e o Ociente passavam. Quando a gente chegou comprovamos que era um lugar maravilho-so e seguro.

Ponteio: Com a experiência que vocês tem em região de conflito, o que vocês falariam para motivar as pessoas que querem enfrentar os problemas que acontecem localmente?

André: De repente, a gente via pessoas em situações muito mais caóticas, miseráveis, violentas e opressivas do que a gente vê por

Educação focada na criatividade e aprendizagem individualizada

A Escola Municipal Presi-dente Tancredo Neves, locali-zada no bairro São Pedro, é um exemplo de como os esforços em educação e conhecimen-to para atender as demandas individuais dos adolescentes, indo além do ensino regular, auxiliam na formação de ci-dadãos conscientes. O incen-tivo a criatividade é umas das prioridades da escola, que há mais de três décadas tira os jovens da rua e os insere em atividades culturais durante o contraturno das aulas.

Entre as ações da insti-tuição que mudam a reali-dade dos alunos, estão os projetos de reciclagem, mú-

sica, dança e reforço escolar, além da capoeira praticada em uma quadra adaptada para deficientes físicos.

Os alunos também produ-zem um jornal que tem o ob-jetivo de divulgar as notícias e opiniões dos adolescentes acerca de assuntos ligados a escola e ao bairro. A fotografia entra na rotina dos meninos com o projeto “É Nóis”, em que os recursos audiovisuais são utilizados para a reflexão e bate-papo sobre temas atuais.

O incentivo dos educa-dores para a formação dife-renciada dos jovens os pos-sibilita enxergarem novas perspectivas de vida.

ONG incentiva famílias a mu-darem de vida através da reinserção profissional

Você conhece a ABAN (Associação dos Amigos)? Fundada em 1997 no bair-ro Dom Bosco, a entidade sem fins lucrativos promove ações de combate à pobreza na região e em outros locais socialmente vulneráveis. A ABAN promove ações nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, prevenção às drogas, juventude e em-pregabilidade.

O projeto “Irmãos Pe-queninos” acolhe famílias carentes, promovendo ofi-cinas para a descoberta de dons e, com isso, a retomada da vida profissional, recupe-rando a autoestima desses

grupos. Outro projeto, o “Amigas da Saúde”, incen-tiva ações preventivas nas comunidades, capacitando moradores para técnicas de saúde e atividades educati-vas que promovam uma vida saudável. Ainda tem o proje-to “Filhos Pródigos”, que or-ganiza grupos de prevenção às drogas em escolas, igrejas e espaços públicos, além de criar locais que acompa-nham usuários de drogas.

Quer ser voluntário? Basta se inscrever no site da ABAN (http://www.aban.org.br/) ou mande um email para [email protected].

“A gente nunca se coloca como jornalistas ou como autoridades, sempre chegamos com visto de turista e tentamos viver a reali-dade do local, entender a causa, ver o problema e como as pesso-as estão inseridas naquilo, não apenas como observadores.”

Felipe UFO

Por: Thaiza Gribel

aqui e isso poderia torná-las incapazes de se movimentar para transformar aquela reali-dade, mas que conseguem fazer realmente a diferença. Outra coisa também é a questão da internet como meio de disseminação da informação. Pessoas de dentro do quarto conseguem mudar a realidade de milhares de pessoas, seja expondo aquela questão ou até conseguindo influenciar em debates que acontecem do outro lado do mundo.

Ponteio: E vocês acham que o progra-ma tem um teor educacional para os jovens?

André: Claro. O formato que a gente criou é bem original. As perguntas que a gente tem e o interesse em conhecer é verdadeiro, é uma coisa que é nossa. A gente realmente é amigo de longa data. Uma coisa que a gente gosta muito de passar é essa informalidade, esse interesse natural. Isso acaba se rela-cionando muito mais com quem está assis-tindo. As pessoas acabam acumulando um monte de informação, algo que ela já leu, já ouviu na sala de aula, mas com o programa ela acaba absorvendo porque é passado de uma maneira muito melhor.

Ponteio: Chegar com um jeitinho bra-sileiro, com um sorriso amigo, fica mais fácil?

UFO: Com certeza, principalmente com passaporte brasileiro, é uma coisa que faci-lita muito. No Iraque, eu me lembro de um “check point” em que o pessoal estava apon-tando a arma para a gente, aí eu mostrei o passaporte do Brasil e o guarda nos tirou do carro, deu abraço, beijo. Isso às vezes ajuda.

Por: IGOR VISENTIN

pONTEIO.12 ponteio.

Jornal universitário faculdade de Comunicação universidade Federal de JUIZ DE FORADEZEMBRO DE 2014

Lelei começa a conversa: “o centro de Juiz de Fora virou um shopping a céu aberto. As pessoas dizem que as gale-

rias são interligadas umas nas outras. Eu me lembro de que quando eu cheguei em Juiz de Fora eu me perdi no centro, é muito en-graçado”. Ele e André Xandó, dupla respon-sável pela direção do teatro, falaram para o Ponteio em uma tarde de sexta-feira.

Novamente Faini, que se revelava o mais extrovertido de nós três na sala, emendava uma curiosidade interessante: segundo ele, o Central teria a sua frente construída para a rua São João e os fundos para a rua Hal-feld. Mas durante a construção, perceberam que essa não era a melhor escolha. “Viraram a entrada do teatro depois do teatro estar construído! Se você observar lá fora, tem uma estruturazinha de uma sacada, o fundo do teatro é bonito também. Ele é tão bonito quanto a entrada”, ressalta o diretor.

Em seus 85 anos de existência, o Cine--Thatro Central, diz Xan-dó, passou por três fases. Na primeira, que durou desde a inauguração até os anos 60, a população o visitava em bom número, marcando uma fase mui-to rica. “Grandes estrelas da França e da Inglater-ra na época, que fizeram filmes na Broadway e em Hollywood pro mundo inteiro, estreavam espetáculos em Juiz de Fora” adiciona nostalgicamente Faini, ape-sar de não ter idade suficiente para se relem-brar do ocorrido.

A segunda fase, continua Xandó, que vai dos anos 70 aos 80, apresentou um Cine--Theatro deteriorado. “Virando cinema, nas mãos de uma empresa particular, que só ex-traia lucro do Cine-Theatro, (o teatro) não recebia investimento nenhum. E ele foi se deteriorando, tanto é que até hoje estamos fazendo obras de restauração de coisas que eles fizeram naquela época, de estragos que

“Pra você ver a quanti-dade de coisas né, é even-to, formatura, reforma, visita guiada, projeto que tem que entrar em janeiro, e tudo ao mesmo tempo, não é brincadeira não!”

fizeram ao teatro” explica André Xandó.A fase foi ainda agravada pela decadência

das grandes salas de cinema na época, que passaram a ser menores e mais tecnológi-cas. A crise só foi superada na década de 90, quando o Cine-Theatro entrou como parte do patrimônio da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e uma grande restaura-ção foi realizada, recuperando a autoestima do teatro na alma do cidadão juiz-forano.

A terceira fase, que começou nos anos 90 e que permanece até hoje, está indo cada vez melhor. “Hoje a gente tem em média 150 mil espectadores frequentando o Theatro por ano em espetáculos teatrais, musicais, pa-lestras, seminários e eventos das mais diver-sas naturezas” diz Xandó.

Mas o que o Central guarda para o futu-ro? Xandó responde. “A gente tá no meio de uma obra de manutenção da restauração do teatro. Uma obra de seis meses que está fazendo todo o retoque de pintura do teatro

por dentro e por fora. Fora isso, a gente vai restaurar também o piso do foyer aqui na entrada e da escadaria principal também”.

Faini revela tam-bém ao menos dois projetos esperados para 2015. O primei-ro visará estimular os espetáculos infantis,

que serão realizados aos domingos e a pre-ço popular, se o projeto for aprovado. O segundo será a transformação do foyer de entrada em um museu, o museu do Cine--Theatro Central.

“Pra você ver a quantidade de coisas né, é evento, formatura, reforma, visita guia-da, projeto que tem que entrar em janeiro, e tudo ao mesmo tempo, não é brincadeira não!”. Conclui Lelei, encerrando nossa con-versa. Desajeitadamente me despeço, agra-deço pela conversa, ganho convites de brin-de, agradeço novamente, e me vou embora.

Cine-Theatro Central revela novidades em bate papoLelei Faini e André Xandó falam sobre a história, os projetos e o futuro do maior teatro da cidade

Por: IGOR VISENTIN

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