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da comunidade www.damayaespacocultural.art.br 12/10/12 nº9 BAGÉ SEXTA-FEIRA Informe Comercial Alicerces da preservação Q uando o assunto é construção, em geral, o trabalho dos operários mistura-se ao concreto e quase desaparece. Mas, não é bem assim. Por trás do capricho, na preservação das estruturas e a restauração de cada detalhe, existem homens que amam e estão comprometidos com o que fazem. Herois anônimos nos alicerces da preservação do patrimônio histórico.

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Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

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Page 1: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

da comunidadewww.damayaespacocultural.art.br

12/10/12

nº9

BAGÉSEXTA-FEIRA

Informe Comercial

Alicerces da preservação

Quando o assunto é construção, em geral, o trabalho dos operários mistura-se ao concreto e quase desaparece. Mas, não é bem assim. Por trás do capricho, na preservação das estruturas e a restauração de cada detalhe, existem homens que amam e estão comprometidos com o que fazem. Herois anônimos nos alicerces da preservação do patrimônio histórico.

Patrimônio da comunidade8

Informe Comercial

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

“No mosaico de uma cidade,

Nestas linhas venho discordar de um de meus poetas maiores... Quando Aparício Silva Rillo disse, em sua liberdade poética que: “naqueles tempos sim... as casas já nasciam velhas” mesmo o respeitando, admirando e compreen-dendo sua manifestação - no todo maravilhoso - do poema Herança. Eu discordo! Naqueles tempos as casas já nasciam novas, fortes e prontas para a luta que ima-ginavam seus poetas construtores e seus donos que, traziam - do berço - o valor da construção material. Alicerçada pela obra memorial de um patrimônio. Devem estar rindo dos nossos abraços em defesa do pó que já é a memória humana. Lanço aqui a campanha: abracem a mente infantil... pois as casas de hoje estão nascendo velhas, com a poesia pobre de seus construtores cairão bem antes das que defendemos. Nestes tempos sim... as casas estão nascendo ruinas. Nestes tempos sim.”

Lisandro Amaralpoeta e músico >

“Eu saí de Alpestre com 18 anos para es-tudar em Bagé. Deixei a minha pequena cidade, no noroeste do estado, com cerca de 8 mil habitantes, para cursar pedagogia. E se tem coisa que eu gosto mesmo é viajar.Todas as nossas eco-nomias investimos em viagens e posso dizer que já conheci muitos países. Mas, o que sempre me encantou em Bagé foram os casarios e as avenidas plantadas com palmeiras. Tudo muito conservado.E, cada vez que volto para casa, reconheço a beleza dos nossos prédios históricos e valorizo ainda mais essa luminosidade que nós temos aqui. Parece que, a cada retorno, Bagé fi ca mais bonita. Em nenhum lugar do mundo eu encontrei uma luz assim, o que deixa o conjunto arquitetônico com um brilho especial.”

Solange Strada Spenst,professora e jornalista

vale o coletivo

www.junipampa.net O jornal virtual Junipampa também é um canal aberto aos defensores do patrimônio histórico de Bagé.

*“Passeando pela cidade, ainda vemos alguns prédios antigos, que sobraram de um passado de lutas, fartura, glórias e romantismo.Então, pensamos na urgência de preser-varmos o que ainda resta. Nossos prédios lindos, feitos com amor, arte, trabalho de mérito, onde mostram a altivez unida ao bom gosto dos seus proprietários.Engajemo-nos, pois, num projeto de revitalização dos prédios antigos do nosso Patrimônio Histórico. Urge e Bagé merece esse empenho!... Um exemplo é o prédio onde está situado o Colégio Melanie Granier, no qual está preservada a arquitetura e toda a his-tória daquela exemplar mestra que faz parte do patrimônio imaterial de Bagé.”

Ieda Brasiliense MarinhoFuncionária aposentada do Poder Judiciário

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Page 2: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

No último fi nal de semana de setembro, as atividades foram intensas no Da MAya Espaço Cultural com a realização da pri-meira Ofi cina de Tapeçaria de técnica Esmirna com lã de ovelha crioula. A pro-fessora da Escola Maria Rita Caminhos Culturais, Margret Spohr, orientou mais de 20 artesãos da região da Campanha. E, já nas primeiras horas, comemorava a experiência.

_ Vai sair um grupo muito bom daqui. As mãos contam histórias e essas pessoas vão tecer um universo muito particular para outras comunidades, fazendo arte. A lã da ovelha crioula pode representar a marca daqui e a criatividade dessas arte-sãs maravilhosas, projetou a artista.

E, justamente, nessa perspectiva é que o Da MAya Espaço Cultural acompanha a tendência de valorizar o artesanato da região. Ao mesmo tempo, resgata o co-nhecimento dos artesãos que estavam muito dispersos e, muita vezes, desmo-tivados.

Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Informe Comercial

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_ Quanto tu trabalhas com a criativida-de, tu abres horizontes. O artesanato traz aconchego e podemos usar e ousar. Tra-balhar com as mãos faz a diferença, por-que elas tem memória. Carregam mais marcas do que nós temos no rosto e o artesanato revela na técnica e na cria-ção, imagens e sonhos, ensina Margaret.

Uma nova perspectiva no artesanato da Campanha

Assim como na história da humanidade, o Da MAya Espaço Cultural vai-se construindo. Como um tapete - tecido com inúmeras vertentes e tendências - que abriga o universal e o particular. E foi a partir da Exposição de Tapeçarias de Wilhelm Horvath - que iniciou no dia 14 de agosto e estende-se até 14 de novembro - que o resgate com o trabalho com a lã da ovelha crioula toma forma.

Mãos que deslizam entre as

urdiduras, traduzindo

sonhos

Margret orienta o grupo de alunas no tear de penteliço

Para o remate da primeira ofi cina, a mestre em educação e artes visuais e professora do IFSul, Sandra Vieira, fez uma sensibilização para o grupo com o objetivo de aguçar o olhar para o valor do design e também a criação de pe-ças com valor agregado.

O entusiasmo dos artesãos com a ofi ci-na foi tão grande que a primeira etapa encerrou no dia 1º de outubro e, quatro dias depois, o Grupo de Tapeçaria Da MAya já começava a trabalhar. Agora, sob a coordenação da professora Hele-na Vasquez, que aprendeu a tecer ain-da criança e integrou grupo de artesãs que trabalhou com Wilhelm Horvath.

Desde então, todas as sextas-feiras, o grupo tece memórias, fazendo história e arte com a lã da ovelha crioula. Ao mes-mo tempo, vai registrando a identidade da região da Campanha.

LOCAL: Da MAya Espaço CulturalEndereço: Avenida Genral Osório, 572

HORÁRIO: Segundas a sábados, das 15h às 19h, até 14 de novembro.

A EXPOSIÇÃO DAS TAPEÇARIAS WILHELM HORVATH

Fotos Cristiano Lameira

“ A lã da ovelha crioula pode

representar a marca daqui e a criatividade

dessas artesãs maravilhosas”

Margret Spohr

Patrimônio da comunidade2Informe Comercial Editorial /

Preservar espaços e resguardar memórias é uma construção coletiva e a sensibilidade adquire o status de artigo de primei-ra necessidade. Portanto, quem escolhe trilhar esse caminho, sabe que não pode ter pressa. Mas, sim, muito capricho. Uma construção não se resume a empilhar tijolos e erguer paredes.

Assim, trabalham muitos homens e mulheres nas trincheiras do cotidiano para preservar o que foi construído pelos nossos antepassados. Para isso, é necessário amar a atividade cotidiana. Eles não estão na vitrine e, tampouco, aparecem nas propa-gandas que prometem às famílias alcançarem o abrigo para o “lar doce lar”. O que vale é a certeza do dever cumprido.

Em outras palavras, que eles são responsáveis por alguns alicerces que vão sustentar a história. Independente das os-cilações do mercado imobiliário e de quem esteja no poder. São herois anônimos que se orgulham em dizer: eu tenho parte nessa obra e também sou responsável por ela.

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NTE Produção

Patrimônio da Comunidade é uma publicação especial produzida pelo Da Maya Espaço Cultural em apoio ao Movimento de Resistência à Destruição do Patrimônio Histórico de Bagé.

Endereço Rua General Osório, 572 / Anexo Bagé RS Brasil 96400-100 / Telefone (53) 3311.1874Site www.damayaespacocultural.art.br

Sandra C Vieira*

Herois anônimos da memória

Jornalista ResponsávelAngelina Quintana - Reg. Prof.5305FotosCapa Cristiano LameiraProjeto Gráfi coAna Remonti RossiImpressãoGráfi ca do jornal Zero Hora -Av. Ipiranga 1075 Porto AlegreTiragem5000 exemplares

Uma carta desde o sensível: por uma existência etopoiética

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

* Sandra Corrêa Vieira é Mestre em Educação- com ênfase em Fotogra� a, especialista em Filoso� a – Ética e Estética, Bacharel e Licencia-da em Artes Visuais, atualmente é professora de Artes do IFSul Campus Bagé. Representante, desta instituição, do Pólo Arte na Escola e no COMPREB. Desenvolve trabalho de pesquisa pelo CNPq em Educação Patrimonial.

pedagogia é uma prática social e cultural que objetiva, através de um universo axioló-gico, interceder um tipo de experiência nas pessoas com vistas à construção de subje-tividades. Desta forma as práticas curricula-res são demarcadas por rituais que produ-zem determinados tipos de conhecimentos, de ensaios, de valores no sujeito, nos quais se estabelece e se modifi ca a experiência que ele tem de si mesmo.

Nas últimas décadas discutiu-se a peda-gogia através de diversos pontos de vista, às vezes como campo técnico e em outras como campo crítico. Mas o que vou pro-por ao leitor neste breve ensaio é explorar a pedagogia a partir de uma etopoiética da existência. Da mesma forma, vou ampliar o conceito de pedagogia entendendo que na vida sempre estamos em um processo de aprendizado: na família, na escola, assistin-do um fi lme, em diversifi cadas instituições sociais, conversando com um amigo.

Para tanto vou abordar sobre o regime de pensamento das “tecnologias do eu” do grego antigo. A epimeleïa heautou (do

grego) e cura sui (do latim), que têm como signifi cado e princípio “ocupar-se de si”, “cuidar de si.” Para a cultura grega anti-ga o exercício de cuidar de si baseava-se numa ética do sujeito de concentração, de acompanhamento de si. Portanto, cuidar de si implica prestar atenção nas ações, na conduta, nas atitudes e nas coisas con-sideradas importantes para a vida. Essas questões seriam de grande valia para uma existência ética e estética. Para a realiza-ção desses exercícios, o sujeito do cuida-do de si busca a vigilância nos seus atos e atenção em si. O cuidado de si implicava a interrogativa: “O que você está fazendo de sua vida?”

Cabe salientar que o “cuidado de si” não é uma ética fundada por um egoísmo, cuidar de si e preocupar-se consigo con-sistia em uma forma de viver, de compar-tilhar a vida com outras pessoas, com res-ponsabilidades. Portanto, esse estilo de viver necessita de uma forma peculiar na relação com os outros, pois a ética é uma relação que se dá com o outro, no outro. Ela é a concentração atlética e vigilância atenta de si porque é a vida que assume o dever da estilização e que se faz techné.

A epimeleïa heautou é uma atitude – para consigo, para com os outros, para com o mundo e sendo desta forma é uma etopoi-ética da existência. Uma vida sensível. Uma arte de viver.

A intenção deste ensaio não é a de retornarmos à vida grega, mas sim a de refl etir sobre as nossas práticas no contemporâneo. Das ações que nos dão a ver o aprendizado de uma vida, de estilos de vidas. É notória a existência de várias falas que exaltam o desenvolvimento através de discursos mofados. Assim como é notório que é inconcebível qualquer tipo de desenvol-vimento sem que este seja sustentável. O conceito de sustentabilidade carrega em si a preservação e a valorização das culturas, do patrimônio, da vida.

A sensação de quem escreve é de que poderia ter aprofundado mais, escrito mais. Mas como uma escri-ta é um caso de devir estas últimas palavras são acompanhadas por re-ticências, por interrogações e não por um ponto fi nal. Deixarei o texto em movimento. Como é o nosso cui-dado? Como cuidamos da cidade? Como cuidamos do patrimônio da cidade? Como fazer da pedagogia uma prática etopoiética? O que você está fazendo de sua vida?

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Page 3: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

A proprietária da Cabanha Da Maya é uma entusiasta da raça Angus

As Mulheres em Construção e a alegria de recomeçar

Patrimônio da comunidade

Informe Comercial

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Na 100ª Expofeira de Bagé, o Núcleo de Criadores de An-gus homenageia a proprietária da Cabanha Da Maya, Zu-leika Torrealba, pela ativa participação nas feiras expondo animais de alto potencial genético. O que representa o aprimoramento da raça.

A 9ª edição do Prêmio Imprensa Troféu Mário Lopes des-te ano foi entregue no Salão Nobre do Parque Visconde de Ribeiro Magalhães, dia 9 de outubro, integrando uma das atividades da 100ª Expofeira de Bagé. E, pela terceira vez consecutiva, a empresária Zuleika Torrealba foi ho-menageada pelos jornalistas recebendo o destaque pelo incentivo ao turismo.

Primavera de prêmios na Expofeira

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CAPELA SÃO JOSÉ: UM PROJETO RASGADOO projeto era restaurar o muro...Não demolir e copiar o antigo, estamos tristes. O muro é uma relíquia da capelinha e da cidade. Dentro do que já está feito, o ideal é deixar o construído completamente reto e liso e, pelo menos, preservar o fragmento que restou.X

O Projeto Mulheres em Construção foi desenvolvi-do, em Bagé, no ano de 2011, preparando mulheres em vulnerabilidade social, para trabalhar na cons-trução civil. Em abril deste ano, pedreiras, pintoras e ceramistas/azulejistas receberam o tão sonhado capacete cor de rosa na formatura das Mulheres em Construção. Naquela mesma noite, quatro delas fo-ram contratadas por empresas locais. Hoje, cerca de 100% dessas trabalhadoras estão com a mão na massa e fazendo Bagé crescer.

_E com muita sensibilidade, comenta Bia Kern, com alegria.

Agora, a engenheira Bia que idealizou e coordenou o projeto comemora a indicação a prêmio nacional de empreendedorismo em trabalho social. O projeto foi realizado através da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura de Bagé, com verba federal e execução do Instituto de Pesquisa e Educação Antígona (São Leopoldo).

O lado cor de rosa na construção civil

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Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

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3Informe

Comercial

Minha luta contra o câncer

“ Minha luta particular é só um exemplo para vocês entenderem que esta modernidade que estão apregoando é enganosa e traiçoeira. O marketing, a falsa propaganda que bombardeia o nosso cotidiano com produtos cheios de veneno nos colocam em situações de extremo perigo.”

Como educar adultos saudáveis se minamos a forma-ção das crianças com uma alimentação deplorável, colocando ao seu alcance guloseimas de péssima qualidade? Já começa errado com o descuido da mãe quando o feto é gerado e cresce no seu útero sem ter a consciência de, além de não fumar, deve cuidar do que ingere. Sabemos que o leite materno não pode ser substituído com qualidade pela mama-deira feita pelo badalado leite em pó. Na Inglaterra já provaram que o alumínio da lata contamina, mas o “desenvolvimento ecônomico” mascara a informação.

Seria necessário um exame de consciência para ver-mos até onde o comodismo atual leva-nos a praticar atos displicentes contra os nossos próprios fi lhos.

Alguém comentou: Com o pequeno aumento do po-der econômico das classes mais pobres, passou a

ser “status” consumir comida industrializada. Nos-sa saudável comida caseira está sendo abando-nada. Devemos ter a coragem de denunciar os conservantes e o lixo da dita produção intensiva. Esse nosso comodismo apenas fornece novos pa-cientes para os nossos lamentáveis hospitais.

Vamos tentar usar nossa inteligência e dinheiro para o desenvolvimento/fomento de pesquisas na produção alimentar? Vamos cuidar a qualidade de nossos alimentos para prevenirmos doenças? Uma parcela muito pequena de nossa população tem acesso aos grandes hospitais! Precisamos investir na prevenção!

Voltamos para contar um pouco do que vivemos nos últimos meses e acreditamos que a alimen-tação sadia pode auxiliar na recuperação de re-ações sérias do tratamento de câncer. As drogas usadas são poderosas e liquidam de imediato a imunidade, qualidade do sangue e desencadeiam ataques graves à sobrevivência.

No ultimo número apresentamos uma profi ssional nutricionista dedicada ao estudo da alimentação que hoje nos é oferecido como um auxílio para uma sobrevida de qualidade. Esta pesquisa dirigida obje-tiva o dia a dia, serve à defesa da saúde e, ao mes-mo tempo, pretende dar o Auxílio para o Combate.

Partilhamos aqui a experiência pessoal vivida no último mês e a certeza de que a boa alimentação e a postura psicológica de amar a vida são im-prescindíveis à nossa sobrevivência. Estamos de passagem, e que esta tenha qualidade.

OUTUBRO ROSA

Patrimônio da Comunidade apoia essa ideia

AMOSTRAS DE ALIMENTOS COM

RESÍDUO DE AGROTÓXICO

Os efeitos à saúde são cumulativos, a longo prazo, como problemas no sistema nervoso, câncer ou alterações fetais. Para proteger o organismo, deve-se higienizar bem os alimentos.FONTE: Anvisa

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Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Informe Comercial

Patrimônio da comunidade

Informe Comercial

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Para que isso acontecesse, Márcio Go-dói Porcellis, 34 anos, 16 de profi ssão, deixou de ser um trabalhador autônomo e transformou-se em empreendedor ao lado do sócio Wanderley Soares montan-do a empresa Porcellis e Soares Ltda há quatro anos. Tudo começou quando Por-cellis foi chamado para fazer uma obra na propriedade Banhado, de Zuleika Tor-realba, a 16 quilômetros de Bagé.

De lá para cá, todas as obras do grupo Da Maya foram construídas sob o coman-do dessa dupla. Da Cabanha, passando pelo Espaço Cultural na avenida General Osório, Pousada na rua General Sam-paio esquina com a avenida João Telles à construção do anexo contemporâneo que deve estar pronto em 2013. Mas Porcellis e Soares admitem que, no início, não foi fácil.

Herois anônimos que preservam o espírito do lugar

_A gente aprendeu a trabalhar assim com a Dona Zuleika. Sempre presente e atenta ao que estamos fazendo. Mesmo que esteja lon-ge, pelo celular, ela diz como é que as coisas devem ser feitas, ilustra.

Para o carioca Wanderley Soares, 52 anos, responsável pela parte elétrica de todas as obras Da Maya, trabalhar com preservação foi a primeira exigência para tocar os primei-ros projetos da empresa “cariúcha ou gaurio-ca”. Soares considera que a prova de fogo foi no Espaço Cultural.

_ Nada podia ir fora. A ordem era reaproveitar tudo. Agora, a gente olha e vê como é gratifi -cante participar de um grupo que se interes-sa em preservar o patrimônio de uma cidade. E, além disso, entender e colocar em prática as invenções da Dona Zuleika. Não é todo mundo que tem essa visão, analisa.

Com a tranquilidade de quem sabe o que faz, Por-cellis conta que o segredo é trabalhar com carinho.

_É preciso trazer tudo limpo. Não desper-diçando material e cuidando do meio am-biente enquanto estamos construindo. Por isso, cada tijolo que tiramos de uma parede desses prédios antigos é limpo e reaprovei-tado. O madeiramento, as telhas e as aber-turas também recebem uma atenção espe-cial para que não haja desperdício. Assim, vamos dando vida à própria vida que esses lugares guardam, ensina Porcellis.

Entretanto, numa obra em que a preocupa-ção é preservar, nem tudo é poesia. No caso da Pousada Da Maya, por exemplo, o mais importante nesse trabalho não foi somente resgatar um belo prédio. A segurança da es-trutura foi um desafi o constante. Porcellis ob-serva que além das escavações, que criaram mais um espaço no porão do antigo prédio, foi necessário calçar toda a base e fazer um “sanduíche” de concreto em toda estrutura para dar base e resistência às paredes que haviam sido erguidas sobre a terra.

Mas, para garantir mesmo a segurança, é pre-ciso ir bem mais fundo. Por isso, outro trabalho importante refere-se à drenagem do terreno.

_Fizemos uma drenagem com brita, bidim (material que envolve a brita para evitar que a terra se misture com a brita) e atrapalhe o escoamento da água para a tubulação e es-corra para a adutora da cidade.

Porcellis observa ainda que todo o trabalho de preservação é muito minucioso, lembran-do que a impermeabilização também é uma etapa importante. Assim como o calçamento dos prédios antigos, o processo de cintar as vigas até tirar os rebocos antigos e reapro-veitá-los é realizado com extremo cuidado.

_Reaproveitamos tudo. Na preservação de um prédio, a preocupação é restaurar e fazer o resgate do antigo. Na verdade, está quase tudo bom. Na maioria das vezes, o problema é o excesso de tinta nas aberturas e forros. Tem que ter paciência. Muitos construtores acham que o tempo é mais importante do que o cui-dado. Para restaurar uma parede nós levamos em torno de três semanas e um reboco novo exige apenas três dias, compara.

Cerca de 30 homens trabalharam na obra da Pousada Da Maya e cada detalhe, exigiu uma atenção especial. Por exemplo, aprender a técnica de escariola (técnica de alisamento do reboco fi no, com cimento e pigmentos variados ao sabor do artesão) foi outro gran-de desafi o. Porcellis recorda que durante 20 dias saia da obra e dirigia-se até à casa de um antigo pedreiro, de 89 anos.

_Se não fosse assim, essa Pousada não teria o charme que ela tem. Quando a gente pre-serva, tá sempre aprendendo alguma coisa com os nossos antepassados. Se não tiver

A pousada Da Maya ganha

um anexo contemporâneo

em 2013

“ Quem tem paixão pelo trabalho, gosta de restaurar. Só conseguimos fazer isso, porque temos um pessoal trabalhando no que gosta. Quem não gosta de trabalhar, acha mais fácil desmanchar tudo e fazer tudo novo,” alerta.

Márcio Godói Porcellis

“Cada aquisição da Dona Zuleika, um novo desafi o. E a gente sabe que vai ter

de quebrar a cabeça. O bom é que, no fi nal, fi ca tudo perfeito.

Wanderley Soares

Foto

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carinho, não consegue trabalhar. E não colocamos nada fora. Tudo é reaprovei-tado. Ao contrário dos outros, a gente sai recolhendo nas outras obras tudo o que eles estão colocando fora.

Estão sendo construídos, no total, seis apartamentos contemporâneos com mais de 50m², ampliando as acomodações da Pousada Da Maya. Toda obra é adapta-do para cadeirantes. Outra característica

””

“ Nunca vou esquecer. Comecei trabalhando nesse forro, resgatando as fl ores e detalhes que estavam escondidos em várias camadas de tinta. Em alguns lugares, chegamos a tirar 16 camadas. A Dona Zuleika sentou, aqui, embaixo e me mandou raspar um cantinho do forro da sala. Apareceu a madeira. Linda. Aí, nos atraquemo. Quando terminou, nem acreditei que fi z parte dessa obra. É muita felicidade.”

Anderson Jardim Morales, pintor, 27 anos, quatro de profi ssão, há 1,6 meses trabalhando na obra da Pousada Da Maya e foi um dos responsáveis pela restauração das peças quebradas e limpeza de 100 m 2 de teto.

“ Eu já fi z de tudo na obra, desde o telhado, passando pelo trabalho

com os tijolos, o concreto até ao assentamento desse ladrilho

hidráulico. Ficou muito lindo. Além disso, aqui, aprendi a fazer escariola. Aqui, a gente trabalha

com criatividade, restauração, alegria e história.

Marcos Godói Porcellis, o Mica, pedreiro, 28 anos,

oito de profi ssão.

das construções que levam a marca Da Maya é que o jardim cresce junto com a obra.

_Nós marcamos a obra e a Dona Zulei-ka marca o jardim. Quando entregamos uma obra, os móveis estão no lugar, o jardim está pronto e os vidros todos lim-pos. A restauração exige mais carinho, mais atenção. Quem tem pressa, não restaura. Destroi, sintetiza Porcellis.

Carinho, do teto ao chão

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Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Informe Comercial

Patrimônio da comunidade

Informe Comercial

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 20124 5

Para que isso acontecesse, Márcio Go-dói Porcellis, 34 anos, 16 de profi ssão, deixou de ser um trabalhador autônomo e transformou-se em empreendedor ao lado do sócio Wanderley Soares montan-do a empresa Porcellis e Soares Ltda há quatro anos. Tudo começou quando Por-cellis foi chamado para fazer uma obra na propriedade Banhado, de Zuleika Tor-realba, a 16 quilômetros de Bagé.

De lá para cá, todas as obras do grupo Da Maya foram construídas sob o coman-do dessa dupla. Da Cabanha, passando pelo Espaço Cultural na avenida General Osório, Pousada na rua General Sam-paio esquina com a avenida João Telles à construção do anexo contemporâneo que deve estar pronto em 2013. Mas Porcellis e Soares admitem que, no início, não foi fácil.

Herois anônimos que preservam o espírito do lugar

_A gente aprendeu a trabalhar assim com a Dona Zuleika. Sempre presente e atenta ao que estamos fazendo. Mesmo que esteja lon-ge, pelo celular, ela diz como é que as coisas devem ser feitas, ilustra.

Para o carioca Wanderley Soares, 52 anos, responsável pela parte elétrica de todas as obras Da Maya, trabalhar com preservação foi a primeira exigência para tocar os primei-ros projetos da empresa “cariúcha ou gaurio-ca”. Soares considera que a prova de fogo foi no Espaço Cultural.

_ Nada podia ir fora. A ordem era reaproveitar tudo. Agora, a gente olha e vê como é gratifi -cante participar de um grupo que se interes-sa em preservar o patrimônio de uma cidade. E, além disso, entender e colocar em prática as invenções da Dona Zuleika. Não é todo mundo que tem essa visão, analisa.

Com a tranquilidade de quem sabe o que faz, Por-cellis conta que o segredo é trabalhar com carinho.

_É preciso trazer tudo limpo. Não desper-diçando material e cuidando do meio am-biente enquanto estamos construindo. Por isso, cada tijolo que tiramos de uma parede desses prédios antigos é limpo e reaprovei-tado. O madeiramento, as telhas e as aber-turas também recebem uma atenção espe-cial para que não haja desperdício. Assim, vamos dando vida à própria vida que esses lugares guardam, ensina Porcellis.

Entretanto, numa obra em que a preocupa-ção é preservar, nem tudo é poesia. No caso da Pousada Da Maya, por exemplo, o mais importante nesse trabalho não foi somente resgatar um belo prédio. A segurança da es-trutura foi um desafi o constante. Porcellis ob-serva que além das escavações, que criaram mais um espaço no porão do antigo prédio, foi necessário calçar toda a base e fazer um “sanduíche” de concreto em toda estrutura para dar base e resistência às paredes que haviam sido erguidas sobre a terra.

Mas, para garantir mesmo a segurança, é pre-ciso ir bem mais fundo. Por isso, outro trabalho importante refere-se à drenagem do terreno.

_Fizemos uma drenagem com brita, bidim (material que envolve a brita para evitar que a terra se misture com a brita) e atrapalhe o escoamento da água para a tubulação e es-corra para a adutora da cidade.

Porcellis observa ainda que todo o trabalho de preservação é muito minucioso, lembran-do que a impermeabilização também é uma etapa importante. Assim como o calçamento dos prédios antigos, o processo de cintar as vigas até tirar os rebocos antigos e reapro-veitá-los é realizado com extremo cuidado.

_Reaproveitamos tudo. Na preservação de um prédio, a preocupação é restaurar e fazer o resgate do antigo. Na verdade, está quase tudo bom. Na maioria das vezes, o problema é o excesso de tinta nas aberturas e forros. Tem que ter paciência. Muitos construtores acham que o tempo é mais importante do que o cui-dado. Para restaurar uma parede nós levamos em torno de três semanas e um reboco novo exige apenas três dias, compara.

Cerca de 30 homens trabalharam na obra da Pousada Da Maya e cada detalhe, exigiu uma atenção especial. Por exemplo, aprender a técnica de escariola (técnica de alisamento do reboco fi no, com cimento e pigmentos variados ao sabor do artesão) foi outro gran-de desafi o. Porcellis recorda que durante 20 dias saia da obra e dirigia-se até à casa de um antigo pedreiro, de 89 anos.

_Se não fosse assim, essa Pousada não teria o charme que ela tem. Quando a gente pre-serva, tá sempre aprendendo alguma coisa com os nossos antepassados. Se não tiver

A pousada Da Maya ganha

um anexo contemporâneo

em 2013

“ Quem tem paixão pelo trabalho, gosta de restaurar. Só conseguimos fazer isso, porque temos um pessoal trabalhando no que gosta. Quem não gosta de trabalhar, acha mais fácil desmanchar tudo e fazer tudo novo,” alerta.

Márcio Godói Porcellis

“Cada aquisição da Dona Zuleika, um novo desafi o. E a gente sabe que vai ter

de quebrar a cabeça. O bom é que, no fi nal, fi ca tudo perfeito.

Wanderley Soares

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carinho, não consegue trabalhar. E não colocamos nada fora. Tudo é reaprovei-tado. Ao contrário dos outros, a gente sai recolhendo nas outras obras tudo o que eles estão colocando fora.

Estão sendo construídos, no total, seis apartamentos contemporâneos com mais de 50m², ampliando as acomodações da Pousada Da Maya. Toda obra é adapta-do para cadeirantes. Outra característica

””

“ Nunca vou esquecer. Comecei trabalhando nesse forro, resgatando as fl ores e detalhes que estavam escondidos em várias camadas de tinta. Em alguns lugares, chegamos a tirar 16 camadas. A Dona Zuleika sentou, aqui, embaixo e me mandou raspar um cantinho do forro da sala. Apareceu a madeira. Linda. Aí, nos atraquemo. Quando terminou, nem acreditei que fi z parte dessa obra. É muita felicidade.”

Anderson Jardim Morales, pintor, 27 anos, quatro de profi ssão, há 1,6 meses trabalhando na obra da Pousada Da Maya e foi um dos responsáveis pela restauração das peças quebradas e limpeza de 100 m 2 de teto.

“ Eu já fi z de tudo na obra, desde o telhado, passando pelo trabalho

com os tijolos, o concreto até ao assentamento desse ladrilho

hidráulico. Ficou muito lindo. Além disso, aqui, aprendi a fazer escariola. Aqui, a gente trabalha

com criatividade, restauração, alegria e história.

Marcos Godói Porcellis, o Mica, pedreiro, 28 anos,

oito de profi ssão.

das construções que levam a marca Da Maya é que o jardim cresce junto com a obra.

_Nós marcamos a obra e a Dona Zulei-ka marca o jardim. Quando entregamos uma obra, os móveis estão no lugar, o jardim está pronto e os vidros todos lim-pos. A restauração exige mais carinho, mais atenção. Quem tem pressa, não restaura. Destroi, sintetiza Porcellis.

Carinho, do teto ao chão

Page 6: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

A proprietária da Cabanha Da Maya é uma entusiasta da raça Angus

As Mulheres em Construção e a alegria de recomeçar

Patrimônio da comunidade

Informe Comercial

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Na 100ª Expofeira de Bagé, o Núcleo de Criadores de An-gus homenageia a proprietária da Cabanha Da Maya, Zu-leika Torrealba, pela ativa participação nas feiras expondo animais de alto potencial genético. O que representa o aprimoramento da raça.

A 9ª edição do Prêmio Imprensa Troféu Mário Lopes des-te ano foi entregue no Salão Nobre do Parque Visconde de Ribeiro Magalhães, dia 9 de outubro, integrando uma das atividades da 100ª Expofeira de Bagé. E, pela terceira vez consecutiva, a empresária Zuleika Torrealba foi ho-menageada pelos jornalistas recebendo o destaque pelo incentivo ao turismo.

Primavera de prêmios na Expofeira

6

CAPELA SÃO JOSÉ: UM PROJETO RASGADOO projeto era restaurar o muro...Não demolir e copiar o antigo, estamos tristes. O muro é uma relíquia da capelinha e da cidade. Dentro do que já está feito, o ideal é deixar o construído completamente reto e liso e, pelo menos, preservar o fragmento que restou.X

O Projeto Mulheres em Construção foi desenvolvi-do, em Bagé, no ano de 2011, preparando mulheres em vulnerabilidade social, para trabalhar na cons-trução civil. Em abril deste ano, pedreiras, pintoras e ceramistas/azulejistas receberam o tão sonhado capacete cor de rosa na formatura das Mulheres em Construção. Naquela mesma noite, quatro delas fo-ram contratadas por empresas locais. Hoje, cerca de 100% dessas trabalhadoras estão com a mão na massa e fazendo Bagé crescer.

_E com muita sensibilidade, comenta Bia Kern, com alegria.

Agora, a engenheira Bia que idealizou e coordenou o projeto comemora a indicação a prêmio nacional de empreendedorismo em trabalho social. O projeto foi realizado através da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura de Bagé, com verba federal e execução do Instituto de Pesquisa e Educação Antígona (São Leopoldo).

O lado cor de rosa na construção civil

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Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

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Comercial

Minha luta contra o câncer

“ Minha luta particular é só um exemplo para vocês entenderem que esta modernidade que estão apregoando é enganosa e traiçoeira. O marketing, a falsa propaganda que bombardeia o nosso cotidiano com produtos cheios de veneno nos colocam em situações de extremo perigo.”

Como educar adultos saudáveis se minamos a forma-ção das crianças com uma alimentação deplorável, colocando ao seu alcance guloseimas de péssima qualidade? Já começa errado com o descuido da mãe quando o feto é gerado e cresce no seu útero sem ter a consciência de, além de não fumar, deve cuidar do que ingere. Sabemos que o leite materno não pode ser substituído com qualidade pela mama-deira feita pelo badalado leite em pó. Na Inglaterra já provaram que o alumínio da lata contamina, mas o “desenvolvimento ecônomico” mascara a informação.

Seria necessário um exame de consciência para ver-mos até onde o comodismo atual leva-nos a praticar atos displicentes contra os nossos próprios fi lhos.

Alguém comentou: Com o pequeno aumento do po-der econômico das classes mais pobres, passou a

ser “status” consumir comida industrializada. Nos-sa saudável comida caseira está sendo abando-nada. Devemos ter a coragem de denunciar os conservantes e o lixo da dita produção intensiva. Esse nosso comodismo apenas fornece novos pa-cientes para os nossos lamentáveis hospitais.

Vamos tentar usar nossa inteligência e dinheiro para o desenvolvimento/fomento de pesquisas na produção alimentar? Vamos cuidar a qualidade de nossos alimentos para prevenirmos doenças? Uma parcela muito pequena de nossa população tem acesso aos grandes hospitais! Precisamos investir na prevenção!

Voltamos para contar um pouco do que vivemos nos últimos meses e acreditamos que a alimen-tação sadia pode auxiliar na recuperação de re-ações sérias do tratamento de câncer. As drogas usadas são poderosas e liquidam de imediato a imunidade, qualidade do sangue e desencadeiam ataques graves à sobrevivência.

No ultimo número apresentamos uma profi ssional nutricionista dedicada ao estudo da alimentação que hoje nos é oferecido como um auxílio para uma sobrevida de qualidade. Esta pesquisa dirigida obje-tiva o dia a dia, serve à defesa da saúde e, ao mes-mo tempo, pretende dar o Auxílio para o Combate.

Partilhamos aqui a experiência pessoal vivida no último mês e a certeza de que a boa alimentação e a postura psicológica de amar a vida são im-prescindíveis à nossa sobrevivência. Estamos de passagem, e que esta tenha qualidade.

OUTUBRO ROSA

Patrimônio da Comunidade apoia essa ideia

AMOSTRAS DE ALIMENTOS COM

RESÍDUO DE AGROTÓXICO

Os efeitos à saúde são cumulativos, a longo prazo, como problemas no sistema nervoso, câncer ou alterações fetais. Para proteger o organismo, deve-se higienizar bem os alimentos.FONTE: Anvisa

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Page 7: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

No último fi nal de semana de setembro, as atividades foram intensas no Da MAya Espaço Cultural com a realização da pri-meira Ofi cina de Tapeçaria de técnica Esmirna com lã de ovelha crioula. A pro-fessora da Escola Maria Rita Caminhos Culturais, Margret Spohr, orientou mais de 20 artesãos da região da Campanha. E, já nas primeiras horas, comemorava a experiência.

_ Vai sair um grupo muito bom daqui. As mãos contam histórias e essas pessoas vão tecer um universo muito particular para outras comunidades, fazendo arte. A lã da ovelha crioula pode representar a marca daqui e a criatividade dessas arte-sãs maravilhosas, projetou a artista.

E, justamente, nessa perspectiva é que o Da MAya Espaço Cultural acompanha a tendência de valorizar o artesanato da região. Ao mesmo tempo, resgata o co-nhecimento dos artesãos que estavam muito dispersos e, muita vezes, desmo-tivados.

Patrimônio da comunidadeBAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

Informe Comercial

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_ Quanto tu trabalhas com a criativida-de, tu abres horizontes. O artesanato traz aconchego e podemos usar e ousar. Tra-balhar com as mãos faz a diferença, por-que elas tem memória. Carregam mais marcas do que nós temos no rosto e o artesanato revela na técnica e na cria-ção, imagens e sonhos, ensina Margaret.

Uma nova perspectiva no artesanato da Campanha

Assim como na história da humanidade, o Da MAya Espaço Cultural vai-se construindo. Como um tapete - tecido com inúmeras vertentes e tendências - que abriga o universal e o particular. E foi a partir da Exposição de Tapeçarias de Wilhelm Horvath - que iniciou no dia 14 de agosto e estende-se até 14 de novembro - que o resgate com o trabalho com a lã da ovelha crioula toma forma.

Mãos que deslizam entre as

urdiduras, traduzindo

sonhos

Margret orienta o grupo de alunas no tear de penteliço

Para o remate da primeira ofi cina, a mestre em educação e artes visuais e professora do IFSul, Sandra Vieira, fez uma sensibilização para o grupo com o objetivo de aguçar o olhar para o valor do design e também a criação de pe-ças com valor agregado.

O entusiasmo dos artesãos com a ofi ci-na foi tão grande que a primeira etapa encerrou no dia 1º de outubro e, quatro dias depois, o Grupo de Tapeçaria Da MAya já começava a trabalhar. Agora, sob a coordenação da professora Hele-na Vasquez, que aprendeu a tecer ain-da criança e integrou grupo de artesãs que trabalhou com Wilhelm Horvath.

Desde então, todas as sextas-feiras, o grupo tece memórias, fazendo história e arte com a lã da ovelha crioula. Ao mes-mo tempo, vai registrando a identidade da região da Campanha.

LOCAL: Da MAya Espaço CulturalEndereço: Avenida Genral Osório, 572

HORÁRIO: Segundas a sábados, das 15h às 19h, até 14 de novembro.

A EXPOSIÇÃO DAS TAPEÇARIAS WILHELM HORVATH

Fotos Cristiano Lameira

“ A lã da ovelha crioula pode

representar a marca daqui e a criatividade

dessas artesãs maravilhosas”

Margret Spohr

Patrimônio da comunidade2Informe Comercial Editorial /

Preservar espaços e resguardar memórias é uma construção coletiva e a sensibilidade adquire o status de artigo de primei-ra necessidade. Portanto, quem escolhe trilhar esse caminho, sabe que não pode ter pressa. Mas, sim, muito capricho. Uma construção não se resume a empilhar tijolos e erguer paredes.

Assim, trabalham muitos homens e mulheres nas trincheiras do cotidiano para preservar o que foi construído pelos nossos antepassados. Para isso, é necessário amar a atividade cotidiana. Eles não estão na vitrine e, tampouco, aparecem nas propa-gandas que prometem às famílias alcançarem o abrigo para o “lar doce lar”. O que vale é a certeza do dever cumprido.

Em outras palavras, que eles são responsáveis por alguns alicerces que vão sustentar a história. Independente das os-cilações do mercado imobiliário e de quem esteja no poder. São herois anônimos que se orgulham em dizer: eu tenho parte nessa obra e também sou responsável por ela.

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NTE Produção

Patrimônio da Comunidade é uma publicação especial produzida pelo Da Maya Espaço Cultural em apoio ao Movimento de Resistência à Destruição do Patrimônio Histórico de Bagé.

Endereço Rua General Osório, 572 / Anexo Bagé RS Brasil 96400-100 / Telefone (53) 3311.1874Site www.damayaespacocultural.art.br

Sandra C Vieira*

Herois anônimos da memória

Jornalista ResponsávelAngelina Quintana - Reg. Prof.5305FotosCapa Cristiano LameiraProjeto Gráfi coAna Remonti RossiImpressãoGráfi ca do jornal Zero Hora -Av. Ipiranga 1075 Porto AlegreTiragem5000 exemplares

Uma carta desde o sensível: por uma existência etopoiética

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

* Sandra Corrêa Vieira é Mestre em Educação- com ênfase em Fotogra� a, especialista em Filoso� a – Ética e Estética, Bacharel e Licencia-da em Artes Visuais, atualmente é professora de Artes do IFSul Campus Bagé. Representante, desta instituição, do Pólo Arte na Escola e no COMPREB. Desenvolve trabalho de pesquisa pelo CNPq em Educação Patrimonial.

pedagogia é uma prática social e cultural que objetiva, através de um universo axioló-gico, interceder um tipo de experiência nas pessoas com vistas à construção de subje-tividades. Desta forma as práticas curricula-res são demarcadas por rituais que produ-zem determinados tipos de conhecimentos, de ensaios, de valores no sujeito, nos quais se estabelece e se modifi ca a experiência que ele tem de si mesmo.

Nas últimas décadas discutiu-se a peda-gogia através de diversos pontos de vista, às vezes como campo técnico e em outras como campo crítico. Mas o que vou pro-por ao leitor neste breve ensaio é explorar a pedagogia a partir de uma etopoiética da existência. Da mesma forma, vou ampliar o conceito de pedagogia entendendo que na vida sempre estamos em um processo de aprendizado: na família, na escola, assistin-do um fi lme, em diversifi cadas instituições sociais, conversando com um amigo.

Para tanto vou abordar sobre o regime de pensamento das “tecnologias do eu” do grego antigo. A epimeleïa heautou (do

grego) e cura sui (do latim), que têm como signifi cado e princípio “ocupar-se de si”, “cuidar de si.” Para a cultura grega anti-ga o exercício de cuidar de si baseava-se numa ética do sujeito de concentração, de acompanhamento de si. Portanto, cuidar de si implica prestar atenção nas ações, na conduta, nas atitudes e nas coisas con-sideradas importantes para a vida. Essas questões seriam de grande valia para uma existência ética e estética. Para a realiza-ção desses exercícios, o sujeito do cuida-do de si busca a vigilância nos seus atos e atenção em si. O cuidado de si implicava a interrogativa: “O que você está fazendo de sua vida?”

Cabe salientar que o “cuidado de si” não é uma ética fundada por um egoísmo, cuidar de si e preocupar-se consigo con-sistia em uma forma de viver, de compar-tilhar a vida com outras pessoas, com res-ponsabilidades. Portanto, esse estilo de viver necessita de uma forma peculiar na relação com os outros, pois a ética é uma relação que se dá com o outro, no outro. Ela é a concentração atlética e vigilância atenta de si porque é a vida que assume o dever da estilização e que se faz techné.

A epimeleïa heautou é uma atitude – para consigo, para com os outros, para com o mundo e sendo desta forma é uma etopoi-ética da existência. Uma vida sensível. Uma arte de viver.

A intenção deste ensaio não é a de retornarmos à vida grega, mas sim a de refl etir sobre as nossas práticas no contemporâneo. Das ações que nos dão a ver o aprendizado de uma vida, de estilos de vidas. É notória a existência de várias falas que exaltam o desenvolvimento através de discursos mofados. Assim como é notório que é inconcebível qualquer tipo de desenvol-vimento sem que este seja sustentável. O conceito de sustentabilidade carrega em si a preservação e a valorização das culturas, do patrimônio, da vida.

A sensação de quem escreve é de que poderia ter aprofundado mais, escrito mais. Mas como uma escri-ta é um caso de devir estas últimas palavras são acompanhadas por re-ticências, por interrogações e não por um ponto fi nal. Deixarei o texto em movimento. Como é o nosso cui-dado? Como cuidamos da cidade? Como cuidamos do patrimônio da cidade? Como fazer da pedagogia uma prática etopoiética? O que você está fazendo de sua vida?

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Page 8: Jornal Patrimônio da Comunidade - Bagé/RS

da comunidadewww.damayaespacocultural.art.br

12/10/12

nº9

BAGÉSEXTA-FEIRA

Informe Comercial

Alicerces da preservação

Quando o assunto é construção, em geral, o trabalho dos operários mistura-se ao concreto e quase desaparece. Mas, não é bem assim. Por trás do capricho, na preservação das estruturas e a restauração de cada detalhe, existem homens que amam e estão comprometidos com o que fazem. Herois anônimos nos alicerces da preservação do patrimônio histórico.

Patrimônio da comunidade8

Informe Comercial

BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012

“No mosaico de uma cidade,

Nestas linhas venho discordar de um de meus poetas maiores... Quando Aparício Silva Rillo disse, em sua liberdade poética que: “naqueles tempos sim... as casas já nasciam velhas” mesmo o respeitando, admirando e compreen-dendo sua manifestação - no todo maravilhoso - do poema Herança. Eu discordo! Naqueles tempos as casas já nasciam novas, fortes e prontas para a luta que ima-ginavam seus poetas construtores e seus donos que, traziam - do berço - o valor da construção material. Alicerçada pela obra memorial de um patrimônio. Devem estar rindo dos nossos abraços em defesa do pó que já é a memória humana. Lanço aqui a campanha: abracem a mente infantil... pois as casas de hoje estão nascendo velhas, com a poesia pobre de seus construtores cairão bem antes das que defendemos. Nestes tempos sim... as casas estão nascendo ruinas. Nestes tempos sim.”

Lisandro Amaralpoeta e músico >

“Eu saí de Alpestre com 18 anos para es-tudar em Bagé. Deixei a minha pequena cidade, no noroeste do estado, com cerca de 8 mil habitantes, para cursar pedagogia. E se tem coisa que eu gosto mesmo é viajar.Todas as nossas eco-nomias investimos em viagens e posso dizer que já conheci muitos países. Mas, o que sempre me encantou em Bagé foram os casarios e as avenidas plantadas com palmeiras. Tudo muito conservado.E, cada vez que volto para casa, reconheço a beleza dos nossos prédios históricos e valorizo ainda mais essa luminosidade que nós temos aqui. Parece que, a cada retorno, Bagé fi ca mais bonita. Em nenhum lugar do mundo eu encontrei uma luz assim, o que deixa o conjunto arquitetônico com um brilho especial.”

Solange Strada Spenst,professora e jornalista

vale o coletivo

www.junipampa.net O jornal virtual Junipampa também é um canal aberto aos defensores do patrimônio histórico de Bagé.

*“Passeando pela cidade, ainda vemos alguns prédios antigos, que sobraram de um passado de lutas, fartura, glórias e romantismo.Então, pensamos na urgência de preser-varmos o que ainda resta. Nossos prédios lindos, feitos com amor, arte, trabalho de mérito, onde mostram a altivez unida ao bom gosto dos seus proprietários.Engajemo-nos, pois, num projeto de revitalização dos prédios antigos do nosso Patrimônio Histórico. Urge e Bagé merece esse empenho!... Um exemplo é o prédio onde está situado o Colégio Melanie Granier, no qual está preservada a arquitetura e toda a his-tória daquela exemplar mestra que faz parte do patrimônio imaterial de Bagé.”

Ieda Brasiliense MarinhoFuncionária aposentada do Poder Judiciário

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