jornal o reboco - 4ª edição

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"Comunicar, o link da inclusão" A relação entre a inclusão digital e comunicação foi o tema da terceira mesa da XX Semana de Comunicação. Representantes da academia, da mídia e da sociedade civil debateram o tema e não economizaram nas críticas 4 | 28 de outubro 2011 A Liga Experimental de Comu- nicação promoveu na noite desta quinta-feira, 27, a ter- ceira mesa-redonda da XX SeCom. O debate é parte do Palavras de Liberda- de, projeto promovido pela Liga, cujo propósito é discutir a efetivação dos direitos humanos por meio da comu- nicação. Participaram da mesa João Paulo Lima, diretor comercial da Cooperativa Pirambu Digital, Hermínio Borges, pro- fessor da Faculdade de Educação da UFC e coordenador do Laboratório de Pesquisa Multimeios, e Rones Maciel, integrante da Agência Jovem de Notí- cias da ONG Catavento. Os perfis repre- sentaram sociedade civil, academia e mídia, respectivamente. Marina Mota, estudante de Jornalismo da UFC e inte- grante da Liga, foi a mediadora. As dificuldades da inclusão digital no Brasil foi um dos assuntos de desta- FOTO: JULLY LOURENÇO O REBOCO INFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC que. Eles enfatizaram que o alto custo da banda larga e dos materiais tecno- lógicos impede que toda a população seja incluída digitalmente. As soluções apontadas foram o aumento da con- corrência, a redução dos impostos e a fabricação interna. Apresentando os trabalhos sociais desenvolvidos pela Cooperativa Piram- bu Digital, João Paulo Lima afirma que “não há como fazer inclusão social sem fazer inclusão digital. (Inclusão) é a in- serção da pessoa aos bens produtivos com acesso a tecnologia e a comunica- ção”. Ele ressalta, no entanto, que não basta apenas ter o acesso à internet, é necessário saber usá-la. Por acreditar que muitos ainda não sabem aprovei- tar o acesso ao conhecimento, João Paulo defende que “a democratização da informação deve vir com a conscien- tização da informação”. Ao avaliar, também, o fenômeno da democratização da informação, Rones Maciel afirma que “à medida que nos tornamos mais participativos, mais conscientes da nossa realidade, deve- mos usar os meios de comunicação como uma ferramenta de mudança (social)”. Rones participa de um pro- jeto que une comunicação e educação por meio de rádios-escola e critica a proibição do uso de redes sociais na escola“Do que adianta as escolas terem laboratório de informática, se as profes- soras não estão capacitadas e os alunos não são estimulados a utilizar?”, indaga. Segundo integrantes da Liga, atra- vés do debate o projeto pode exercer aquilo que considera sua função: discu- tir temas que incidam diretamente na sociedade. “A gente observa a inclusão social como um direito humano. Cer- cear esse direito seria cercear o direito à comunicação, à liberdade de expres- são”, declara Marina Mota. HERMÍNIO BORGES, MARINA MOTA, RONES MACIEL E JOÃO PAULO DE LIMA (DA ESQ. PARA A DIR.)

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Informativo da Semana de Comunicação da UFC

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"Comunicar, o link da inclusão"A relação entre a inclusão digital e comunicação foi o tema da terceira mesa da XX Semana de Comunicação. Representantes da academia, da mídia e da sociedade civil debateram o tema e não economizaram nas críticas

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2011

A Liga Experimental de Comu-nicação promoveu na noite desta quinta-feira, 27, a ter-

ceira mesa-redonda da XX SeCom. O debate é parte do Palavras de Liberda-de, projeto promovido pela Liga, cujo propósito é discutir a efetivação dos direitos humanos por meio da comu-nicação.

Participaram da mesa João Paulo Lima, diretor comercial da Cooperativa Pirambu Digital, Hermínio Borges, pro-fessor da Faculdade de Educação da UFC e coordenador do Laboratório de Pesquisa Multimeios, e Rones Maciel, integrante da Agência Jovem de Notí-cias da ONG Catavento. Os perfis repre-sentaram sociedade civil, academia e mídia, respectivamente. Marina Mota, estudante de Jornalismo da UFC e inte-grante da Liga, foi a mediadora.

As dificuldades da inclusão digital no Brasil foi um dos assuntos de desta-

FOTO: JULLY LOURENÇO

O REBOCOINFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC

que. Eles enfatizaram que o alto custo da banda larga e dos materiais tecno-lógicos impede que toda a população seja incluída digitalmente. As soluções apontadas foram o aumento da con-corrência, a redução dos impostos e a fabricação interna.

Apresentando os trabalhos sociais desenvolvidos pela Cooperativa Piram-bu Digital, João Paulo Lima afirma que “não há como fazer inclusão social sem fazer inclusão digital. (Inclusão) é a in-serção da pessoa aos bens produtivos com acesso a tecnologia e a comunica-ção”. Ele ressalta, no entanto, que não basta apenas ter o acesso à internet, é necessário saber usá-la. Por acreditar que muitos ainda não sabem aprovei-tar o acesso ao conhecimento, João Paulo defende que “a democratização da informação deve vir com a conscien-tização da informação”.

Ao avaliar, também, o fenômeno da

democratização da informação, Rones Maciel afirma que “à medida que nos tornamos mais participativos, mais conscientes da nossa realidade, deve-mos usar os meios de comunicação como uma ferramenta de mudança (social)”. Rones participa de um pro-jeto que une comunicação e educação por meio de rádios-escola e critica a proibição do uso de redes sociais na escola“Do que adianta as escolas terem laboratório de informática, se as profes-soras não estão capacitadas e os alunos não são estimulados a utilizar?”, indaga.

Segundo integrantes da Liga, atra-vés do debate o projeto pode exercer aquilo que considera sua função: discu-tir temas que incidam diretamente na sociedade. “A gente observa a inclusão social como um direito humano. Cer-cear esse direito seria cercear o direito à comunicação, à liberdade de expres-são”, declara Marina Mota.

HERMÍNIO BORGES, MARINA MOTA, RONES MACIEL E JOÃO PAULO DE LIMA (DA ESQ. PARA A DIR.)

EDITORIALMuito antes do Jornal O Re-

boco circular durante a XX Se-mana de Comunicação da UFC, o trabalho já tinha começado. A experiência em coordenação, produção de matérias, edição e diagramação para a cobertura da SeCom foram de suma relevância para o aprendizado profissional dos estudantes que comporam a equipe do Reboco.

Pensar, planejar e executar um jornal é aprender a lidar com o trabalho em equipe. É saber, descobrir, que as pessoas têm capacidade e potencial para se destacarem onde quiserem, bas-ta ter dedicação e vontade de fazer as coisas acontecerem. As-sim foi o clima da nossa redação deste ano.

Porém, não vamos dizer que o trabalho foi fácil. Não foi. Conci-liar horários de estudantes com atividades tão diversas não é um trabalho dos mais fáceis. Foram momentos de stress, enxaquecas e, por que não dizer, desespero. Se nos pagassem, isso seria uma redação como qualquer outra.

Agradecemos a todos aqueles que acompanharam essas edi-ções e na próxima SeCom esta-mos de volta.

Até lá!

O REBOCO | n° 4 | Fortaleza, 28 de outubro 2011

Produção

Editor-chefeEdição

Repórteres

Fotografia

ArteDiagramação

Impressão

Comissão de Comunicação - Equipe Impresso

Marcello SoaresJully LourençoRenato SousaBruna Luyza, Fá Babini, Rena-to de Menezes, Saulo Lucas Fá BabiniJully LourençoYohanna PinheiroJully LourençoRenato SousaYellow Cópias

O rebocoINFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC

Confira a edição online!semanadecomunicacaoufc.wordpress.com

RealizaçãoCurso de Comunicação Social da UFC

O professor na Semana

Com a maioria dos trabalhos sobre experiências de comunica-ção popular, o GT “Comunicação, Cultura e Cidadania” levantou uma discussão sobre o olhar da esquer-da intelectual sobre a comunicação “alternativa” (?), “popular” (?), “livre” (?). Afinal, viu-se o quanto era difícil colocar o mundo em caixinhas. A intervenção dos “de fora” em comu-nidades, tentando mostrar o que é e o que não é “comunitário” (para os de fora, claro), foi vista como uma limitação da liberdade de produção desses grupos.

Por outro lado, discutiu-se até que ponto essa intervenção não é necessária para que se faça uma co-municação de fato diferente daque-la dos grandes meios. De que adian-ta uma produção feita por crianças e adolescentes de uma comunida-de pobre que reproduza formato e linguagem do Jornal Nacional? “Vestir-se de William Bonner” signifi-

ca um ponto positivo na transformação desses grupos?

O debate esquentou quando dois estudantes apresentaram trabalho so-bre a novela Cordel Encantando e sua apropriação da cultura nordestina. Hi-bridação ou estratégia para conseguir audiência? Foi aí que a professora Liana Amaral se irritou com a falta de escapa-tória se a discussão se encaminha por esse viés. E soltou a pérola: “Todo mun-do tem um frankfurtiano dentro de si”. O que eles disseram na década de 1940 é válido ainda hoje, isso é. Mas como fugir desse círculo vicioso de apontar tudo como dominação?

Difícil prever se a resposta a essa pergunta viria do trabalho que não foi apresentado ou que outras questões ele suscitaria: “A Democratização da Pu-taria - cachaça, cabaré e indústria cultu-ral: o forró eletrônico na transformação do nordestino moderno”. Mas tenho a impressão que amenizaria a nossa gas-tura teórica.

FOTO: ELISTÊNIO ALVES

Gastura teórica; ou: "todo mundo tem um frankfurtiano dentro de si"O intelectual de esquerda e o comunitário tipo exportação

MÔNICA MOURÃO, PROFESSORA DO CURSO DE COMUNICAÇÃO

DA UFC, DISCUTE SOBRE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA

O Grupo de Discussão “Adap-tações Cinematográficas de Histórias em Quadrinhos”

ocorreu nesta sexta-feira, 28. Conduzi-do por Pedro Brandão, estudante do 8º semestre de Publicidade, o GD deba-teu a transcrição dos quadrinhos para filmes, prática cada vez mais comum no atual mercado cinematográfico. O Grupo de Discussão, que aconteceu de 10h às 12h, contou com a presença de mais de 15 pessoas.

O objetivo do debate foi analisar a influência dessas adaptações no mer-cado de quadrinhos e de filmes, bem como a percepção dos fãs de HQ acer-ca delas e a maneira que acontecem as traduções para a película. A discussão foi realizada em rodadas e cada pes-

A força do rádio para as novas geraçõesOficina debateu, durante dois dias, a importância da música para o rádio. Ao final, os participantes tiveram a experiêcia de produzir um programa de rádio

soa tinha a oportunidade de falar sua opinião sobre o filme em questão. As obras foram escolhidas por sorteio e ocorreram apresentações da trama ou do personagem que originou o longa. Os filmes abordados foram Watchmen, com direção de Zack Snyder; Sin City – A Cidade do Pecado, com direção de Robert Rodriguez; Batman – O Cava-leiro das Trevas, com direção de Chris-topher Nolan e V de Vingança, dirigido por James McTeigue.

Durante a discussão, George Pedro-sa, um dos participantes do GD, apon-tou que o Homem de Ferro foi o único filme que questionou se o personagem principal, Tony Stark, merece ser um super-herói, por ele ser um “alcóolatra, arrogante e playboy”.

O REBOCO | n° 4 | Fortaleza, 28 de outubro 2011

Na tarde dessa sexta-feira, 28, Marco Leonel Fukuda, musi-cista e estudante de jornalis-

mo do 4º semestre da UFC, ministrou a segunda parte da oficina “Música e Rá-dio”. Ontem, durante a primeira parte da oficina, os inscritos discutiram sobre presença da música no rádio, música como recurso técnico, entrevista com artistas musicais, rádio na internet, rá-dio drama e rádio documentário. Hoje, uma edição especial do “Paisagem Sonora”, um programa feito para a Ra-diadora, foi criada por eles. Cada par-ticipante trabalhou como produtor e apresentador, escolhendo uma música para o repertório e fazendo a sua locu-ção. “Ontem nós tivemos a parte teóri-

PARTICIPANTES CRIAM EDIÇÃO ESPECIAL DO

PROGRAMA PAISAGEM SONORA

Sobre películas e cuecas por cima das calças

FOTO: FÁ BABINI

ca da oficina, hoje é a prática. Cada um trouxe uma música e pesquisou sobre ela”, contou Karina Oliveira, estudante de Letras da UFC.

Além de experiências com lingua-gem de rádio e locução, os participan-tes viram como é a gravação em estú-dio. “Trabalhamos em uma produção coletiva, colaborativa”, informou Marco. Ele - que já havia oferecido a mesma oficina na IV Semana de Descomuni-cação (Descom), realizada em agosto desse ano - ficou satisfeito com o resul-tado do trabalho. “Quis trazer outra vez pra juventude da nossa geração como o rádio até hoje é um meio de comuni-cação amplo, disponível pra gente atu-ar”, comentou.

A RESPONSABILIDADE EDITORAL PELA FOTO

É DE BRUNA LUYZA

O REBOCO | n° 4 | Fortaleza, 28 de outubro 2011

O outro lado da SemanaDurante a Semana de Comunicação, alunos do jornalismo se dividem na cobertura do evento para TV, impresso, rádio e web.

Nova política, novas ferramentas

Grupos de discussão promovido pelo PONTE debateu - e criticou - a maneira como políticos apropriam-se das novas tecnologias de comunicação

Aconteceu hoje à tarde o Gru-po de discussão “Estratégias de Comunicação Política On-

line”. O GD, promovido pelo grupo Polí-tica e Novas Tecnologias (PONTE), teve como objetivo examinar as novas es-tratégias de comunicação política que as tecnologias digitais de comunicação trazem para o jogo político-eleitoral.

Fernando Wisse, estudante de jor-nalismo e integrante do PONTE, foi um dos proponentes da discussão. Ele des-tacou a necessidade dos políticos esta-rem mais próximos do eleitorado por meio das redes sociais, afim de ganha-rem mais visibilidade .“Um político que não tem email, que não tem um perfil no twiter ou facebook acaba sendo visto como atrasado, como quem não quer interagir com o eleitorado” , ob-serva. Para ele, entretanto, o emprego das novas tecnologias tem dois lados. “Pode gerar uma apropriação pobre das ferramentas online, mas também pode gerar uma aproximação do elei-torado”, comenta.