jornal marco - ed. 267

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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Moradores do Bairro Ouro Minas reivindicam a varrição e capina das ruas que dão acesso às escolas e comércios da região. Página 4 Crianças se interessam por concursos que testam seus conhecimentos nas mais diversas áreas do saber, como matemática e astronomia. Página 6 Famílias, que ocuparam um terreno no Bairro Céu Azul, reivindicam a legalização de sua posse junto à Prefeitura de Belo Horizonte. Página 8 Junho • 2009 Ano 37 • Edição 267 RAFAELA GOLTARA MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO Aos 15 anos, Carlos Fabiano teve seu primeiro emprego na televisão, veículo de comunicação que acabava de chegar ao Brasil. Auxiliar de portaria, servente de pedreiro, auxiliar de carpinteiro e iluminação, foram algumas de suas ocupações na TV Itacolomi. Apaixona- do por fotografia desde os nove anos, quando ganhou sua primeira máquina fotográfica, foi na emissora que ele desenvolveu a arte de retratar ima- gens. Pelas lentes do equipamento de Fabiano foram registrados em torno de sete mil negativos, dando origem a um acervo histórico da campeã de audiên- cia televisiva em Minas Gerais nas décadas de 60 e 70. Atualmente, ele é membro do Grupo de Gestores do Programa do Governo Federal “Luz Para Todos” e atua na área do cooperativismo, participando de con- gressos ao redor do mundo. Página 15 Fotógrafo guarda memórias de uma extinta emissora da TV brasileira UMA VIDA NA VILA 31 DE MARÇO A Vila 31 de Março, localizada na Região Noroeste da capital mineira, consegue mesclar tranquilidade e bem-estar, típicos de uma cidade do interior, com o constante barulho de buzinas provenientes da proximidade com o Anel Rodoviário. Com 45 anos de existência, a vila atualmente abriga 1949 moradores e faz parte da história de três gerações da família D’Ávila, que acompanhou as várias mudanças desde que o local tinha apenas uma caixa d’água comunitária para todos os moradores. Darmaris, que faz parte daquela família, diz não trocar a vila por nenhum outro lugar e que, quando se viu obrigada a morar em outro bairro, sentiu falta de aspec- tos práticos e da calmaria. Página 16 Vizinhança solidária aumenta segurança nas ruas da capital Bairros de Belo Horizonte têm buscado soluções para diminuir a violência. O projeto Rede de Vizinhos Prote- gidos, em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais, visa inibir ações criminosas com a colaboração dos vizinhos. Por meio de apitos e senhas, e contato direto com o policiamento local, moradores se comuni- cam e alertam para movimentos estranhos. Márcia Baião (foto) não esconde seu entusiasmo. Página 9 Os dilemas da relação entre aluno e professor A professora e psicóloga Margarete Miranda, baseada em suas experiên- cias profissionais na vida acadêmica, sentiu a necessidade de estudar com maior profundidade o relacionamento em sala de aula que muitas vezes é considerado problemático. Autora da tese “A criança problema e o mal estar dos professores”, ela passou a ouvir os relatos dos professores que, reunidos em pequenos grupos, expunham as situações vividas e trocavam saberes. A especialista afirma que, nessas con- versas, os professores passam a enxer- gar sua contribuição para situações de incômodo, desmistificando a ideia de que o problema estava nas ações dos alunos. Página 13 Taxistas transportam histórias e enfrentam desconforto em BH A rotina dos motoritas de táxi de Belo Horizonte não é fácil. Problemas com trânsito, alimentação e higiene são comuns no dia a dia dessas pessoas. Um projeto de lei de autoria do vereador Fred Costa foi aprovado pela Câmara Municipal e propõe beneficiar cerca de 11 mil condutores, como Edson Fialho (foto) com instalação, em pontos de táxis, de rede elétrica, água e esgoto. Isso proporcionaria mais quali- dade de vida e condições de trabalho aos profissionais. Página 7 PÂMELLA RIBEIRO MAIARA MONTEIRO PÂMELLA RIBEIRO MAIARA MONTEIRO

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Jornal laboratorio dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicacao e Artes da PUC Minas

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Moradores do Bairro Ouro Minas reivindicama varrição e capina dasruas que dão acesso àsescolas e comércios daregião. Página 4

Crianças se interessampor concursos que testamseus conhecimentos nasmais diversas áreas dosaber, como matemática e astronomia. Página 6

Famílias, que ocuparamum terreno no BairroCéu Azul, reivindicam alegalização de sua possejunto à Prefeitura deBelo Horizonte. Página 8

Junho • 2009Ano 37 • Edição 267

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Aos 15 anos, Carlos Fabiano teve seuprimeiro emprego na televisão, veículode comunicação que acabava de chegarao Brasil. Auxiliar de portaria, serventede pedreiro, auxiliar de carpinteiro eiluminação, foram algumas de suasocupações na TV Itacolomi. Apaixona-do por fotografia desde os nove anos,quando ganhou sua primeira máquinafotográfica, foi na emissora que eledesenvolveu a arte de retratar ima-gens. Pelas lentes do equipamento deFabiano foram registrados em torno desete mil negativos, dando origem a umacervo histórico da campeã de audiên-cia televisiva em Minas Gerais nasdécadas de 60 e 70. Atualmente, ele émembro do Grupo de Gestores doPrograma do Governo Federal “LuzPara Todos” e atua na área docooperativismo, participando de con-gressos ao redor do mundo. Página 15

Fotógrafo guardamemórias de umaextinta emissorada TV brasileira

UMA VIDA NA VILA 31 DE MARÇOA Vila 31 de Março, localizada na

Região Noroeste da capital mineira,consegue mesclar tranquilidade ebem-estar, típicos de uma cidade dointerior, com o constante barulho debuzinas provenientes da proximidadecom o Anel Rodoviário. Com 45 anosde existência, a vila atualmente abriga1949 moradores e faz parte dahistória de três gerações da famíliaD’Ávila, que acompanhou as váriasmudanças desde que o local tinhaapenas uma caixa d’água comunitáriapara todos os moradores. Darmaris,que faz parte daquela família, diz nãotrocar a vila por nenhum outro lugar eque, quando se viu obrigada a morarem outro bairro, sentiu falta de aspec-tos práticos e da calmaria. Página 16

Vizinhança solidáriaaumenta segurança nas ruas da capitalBairros de Belo Horizonte têm buscado soluções para

diminuir a violência. O projeto Rede de Vizinhos Prote-gidos, em parceria com a Polícia Militar de MinasGerais, visa inibir ações criminosas com a colaboraçãodos vizinhos. Por meio de apitos e senhas, e contatodireto com o policiamento local, moradores se comuni-cam e alertam para movimentos estranhos. MárciaBaião (foto) não esconde seu entusiasmo. Página 9

Os dilemas da relação entre aluno e professorA professora e psicóloga Margarete

Miranda, baseada em suas experiên-cias profissionais na vida acadêmica,sentiu a necessidade de estudar commaior profundidade o relacionamentoem sala de aula que muitas vezes é

considerado problemático. Autora datese “A criança problema e o mal estardos professores”, ela passou a ouvir osrelatos dos professores que, reunidosem pequenos grupos, expunham assituações vividas e trocavam saberes.

A especialista afirma que, nessas con-versas, os professores passam a enxer-gar sua contribuição para situações deincômodo, desmistificando a ideia deque o problema estava nas ações dosalunos. Página 13

Taxistas transportamhistórias e enfrentamdesconforto em BHA rotina dos motoritas de táxi de Belo Horizonte não é

fácil. Problemas com trânsito, alimentação e higiene sãocomuns no dia a dia dessas pessoas. Um projeto de lei deautoria do vereador Fred Costa foi aprovado pela CâmaraMunicipal e propõe beneficiar cerca de 11 mil condutores,como Edson Fialho (foto) com instalação, em pontos de táxis,de rede elétrica, água e esgoto. Isso proporcionaria mais quali-dade de vida e condições de trabalho aos profissionais. Página 7

PÂMELLA RIBEIRO

MAIARA MONTEIRO

PÂMELLA RIBEIRO

MAIARA MONTEIRO

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2 ComunidadeJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória GomideCoordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Aline Scarponi, Camila Lam, Diana Friche, Isabella Lacer-da e Bianca Araújo (São Gabriel) Monitores de Fotografia: Maiara Monteiro e Pâmella Ribeiro Monitor de Diagramação: Marcelo Coelho

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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ALINE SCARPONI, 3º PERÍODO

Principalmente no atual contexto histórico, no qual a for-mação jornalística é discutida e desvalorizada, por meiodo fim da obrigatoriedade do diploma para o exercícioda profissão, é válido pensarmos a respeito do valor dainformação, sua repercussão na sociedade e a qualidadeda formação daqueles que a produzem. Como jornallaboratório, o MARCO tem reflexo direto na formaçãode seus repórteres.

Conceitualmente, jornal laboratório é todo aquele pro-duzido por estudantes do curso de jornalismo e que temcomo objetivo possibilitar ao acadêmico a prática das teo-rias aprendidas em sala de aula, contribuindo para odesenvolvimento de suas habilidades de apuração e escri-ta.

Na prática, esse conceito não se restringe ao puro apren-dizado e aperfeiçoamento da técnica de entrevista eredação. Ele transcende o sentido da fôrma e passa aforma. Como isso é possível? Por meio da rica oportunidadeque o jornal laboratório confere ao repórter de transitarpelas diversas realidades urbanas, e apurar seu olhar paraextrair de cada uma delas a sua essência, a sua notícia.Mais que se propor ao constante exercício de confecçãodo texto, vivenciar um jornal laboratório é se dispor aabsorver e aprimorar seu próprio conteúdo humano.

Neta edição, nossos repórteres permearam diversoscenários, procurando em cada um deles a sua singulari-dade. Gabriel Duarte, repórter da matéria "Rotina ehistórias vão de táxi”, conta ter ficado emocionado aoouvir o depoimento de um taxista. "Ele me disse que porter sido assaltado teve que adiar a compra do colchãopara a cama da filha", lembra Gabriel. Na matéria"Famílias ocupam terreno em BH”, a repórter RafaelaGoltara teve contato com a realidade daqueles queainda resistem e esperam um local de moradia.

Já percorrendo os campos da ciência, Fernando Rochaaborda, em sua matéria, o trabalho de uma ginecologistaque convida as mulheres a se cuidarem. Ele revela quesua expectativa inicial de dificuldade na condução daentrevista com a médica foi contrariada devido à lin-guagem informal utilizada por ela. Além disso, embora oassunto em destaque fosse voltado ao público feminino,Fernando diz ter aprendido muitas "receitas" que con-tribuem para a melhoria da qualidade de vida, preocu-pação universal.

Por isso, a existência de um jornal laboratório como pos-sibilidade de enriquecimento do curso de jornalismo, éfundamental para garantir a associação da prática dastécnicas de entrevista, apuração e redação, que dificul-tam sim a veiculação de notícias inverídicas, com odesenvolvimento de qualidades mais abrangentes.

Ao vivenciar um jornal laboratório, o repórter exercita apaciência ao ouvir a construção das narrativas, o bomsenso na seleção do que será escrito e o respeito com afonte por meio da fidelidade na reprodução do que foidito. Observa também, a sutileza que se faz necessáriaquando se adentra um ambiente em que não se foi con-vidado e, sobretudo, aprende a aliar o conceito deresponsabilidade e compromisso com o que é de utili-

Jornal laboratórioé compromissocom a liberdadede expressão

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

EVENTO MOVIMENTA APRAÇA DA COMUNIDADEMoradores da Região do Dom Cabral tiveram acesso a serviços de saúde e participaram de várias atividades recreativas

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CAMILA LAM, DIANA FRICHE, 5º E 4º PERÍODO

Pedro Francisco dos San-tos, de sete anos, foi à Praçada Comunidade com suaprima Jessiane Campos San-tos, de cinco, na manhãensolarada do dia 30 demaio. A praça localizada noBairro Dom Cabral, RegiãoNoroeste de Belo Horizonte,abrigou o evento cujo objeti-vo era a mobilização dosusuários e entidades deassistência social para maiorparticipação na ComissãoLocal de Assistência Social(Clas IV). Pedro aprovou oescovódromo e foi duas vezesescovar seus dentes. "Gosteide lá, o espelho é legal e agente ganha escova dedentes", conta. A barraquin-ha contava com diversas piase espelhos com formato desorriso, para que a escovaçãofosse feita de forma descon-traída.

Cristiane Ferreira Michele,assistente social da SociedadeMineira de Cultura e repre-sentante da PUC Minas naClas IV, diz que 50 pessoascompareceram à palestra"Participação popular no con-trole social do Sistema Únicode Assistência Social (Suas)"e por volta de 150 pessoasprestigiaram o evento.

O vice-presidente da As-sociação de Moradores doBairro Dom Cabral, Maurí-cio Antônio de Sales, avaliacomo razoável a presença dosmoradores. "Muitas criançascompareceram à palestra,mas o ideal era que os paisdelas estivessem aqui. Naverdade, o dever dos adultosé de passar informações ascrianças e não o contrário",explica. Maurício acrescentaque é visível a popularidadedas barraquinhas e a falta departicipação dos moradoresnos assuntos que são de inte-resse da comunidade.

Apesar da presença dosmoradores não ter correspon-dido às expectativas, LucieneLeão, responsável pelo Proje-to Rondon afirma que oprocesso de mobilização égradativo. "Para o primeiromomento foi bom", sintetiza."A semente já foi semeada eagora está começando a ger-minar", observa o gerenteregional de Políticas Sociaisda Região Noroeste, MarcoCavalcante.

O evento contou comestandes de saúde do ServiçoSocial de Comércio (Sesc),que ofereciam aos moradoresserviços gratuitos, comomedição de pressão, avaliaçãode peso e medida, controle dediabetes, grupo sanguíneo e oescovódromo. Além da pre-sença do Sesc, a Pastoral daCriança, as associações dosbairros Coração Eucarístico eVila 31 de Março, o projetoVivendo Feliz e o grupo Fé ePolítica estavam entre osexpositores, que tiveram asbarracas cedidas pelaParóquia Bom Pastor.

Um dos estandes mais vi-sitados pelos moradores era oescovódromo, que mostravaa importância da higienebucal. Regina Bitencourt,dentista e coordenadora dolocal, diz que foi bastantecomum aparecerem as mes-mas crianças diversas vezes

na barraquinha. Ela contavacom a ajuda de voluntáriosque ensinavam às crianças aforma correta de limpeza dosdentes. Regina, que é espe-cialista em Saúde Coletiva,conta que iniciativas comoesta fazem com que as cri-anças aprendam que o hábitode escovar os dentes pode serbastante agradável. “Traba-lho com uma linha pedagógi-ca de auto cuidado, pois aboca e os dentes tambémfazem parte do corpo",esclarece a dentista.

A estudante de enfer-magem da PUC MinasLuciana Gonçalves trabalhoucomo voluntária pelaprimeira vez no escovódromoe conta que viu muitas cri-anças que, após escovarem

As gêmeas Agatha Gabriela e Agnes Rafaela fizeram controle de peso no local

seus dentes, ficavam com agengiva sangrando, sinal quenão cuidavam de sua saúdebucal. Segundo ela, o eventoé importante tanto para acomunidade como para suaformação profissional. "Achoque o pessoal da região pre-cisa de eventos como esse, émuito importante para eles.Para mim também é muitoimportante, porque é umaforma de ver com quem euvou lidar quando formar",resume a estudante.

A promotora de eventosLílian Aleixo Xavier Pachecoficou sabendo do evento por

meio de um panfleto querecebeu no posto de saúde echamou sua família paracomparecer ao local. Elalevou seus pais e sua filha,Luiza Aleixo Pacheco, de ape-nas dois anos. Seu pai, JoséMaria Bontempo, é moradordo Bairro Dom Cabral há 25anos e aprovou a presençadas barraquinhas do Sesc. Eleaproveitou para medir suapressão, cuidado que tomaregularmente e ficou interes-sado ao ver a barraquinha dogrupo sanguíneo. "Ainda nãosei qual o meu tipo sanguí-neo, agora vou lá para desco-brir", assume.

No estande de medição dapressão estava a voluntáriaNatália Melgaço de Souza.Ela afirma que a comunidade

recebeu muito bem o evento."As pessoas gostam tanto quefazem uma maratona pelasbarraquinhas", brinca.

"Sou o primeiro homem aser coordenador da pastoral",brinca Carlos HumbertoPena. Ele é o coordenador deComunidade, da Pastoral daCriança e responsável porpesar as crianças na barraca."O controle de peso da cri-ança é muito importante, eleinforma o peso ideal pelaidade”, explica. A moradorada Vila Savassinha, GrazielaSilva Chaves estava na barra-ca para que Carlos pesasse as

gêmeas Agatha Gabriela eAgnes Rafaela, de dois anos eum mês. "Eu queria ter fica-do mais lá nas outrasbarraquinhas, mas as meni-nas ficaram correndo umaatrás da outra", conta. Elaafirma que sempre participade eventos da comunidade egosta do controle de peso,porque os responsáveis con-versam sobre assuntos de seuinteresse.

MÚSICA A dona de casaCarla Cristina de Rezendeestava à procura de roupas nabarraca da Creche Bom Pas-tor, em que todas as peçaseram vendidas a R$ 1. "Sem-pre tem alguma coisa, bomque é baratinho e ainda ajudaa creche", revela. Ivete Par-reiras coordena a creche eexplica que recebe doaçõesdurante o ano todo. "Asroupas que recebemos sãoboas. O bom é que com asdoações, podemos socializarcom a comunidade o queganhamos", esclarece.

A música esteve presentedurante o tempo em queacontecia o evento e a ani-mação das pessoas era visív-el. Quando o estudante deMagistério do Odilon Beh-rens Magno Henrique Alvesde Araújo deu início à suaapresentação de hip-hop, ascrianças que estavam napraça se entusiasmaram.Após a apresentação, elecomeçou a ensinar passospara as crianças e até mesmoadultos se arriscaram aseguir a aula. Como volun-tário, era a segunda vez queele participava de um eventocomo esse. "Achei maravil-hoso, quanto mais gentegostar de dançar, melhor",garante.

Responsáveis pela bar-raquinha da Vila 31 deMarço as irmãs ThaísCamisassa e Walkyria eMaria Teresinha AlmeidaSantos aproveitaram o even-to. "Maior delícia, músicasmuito alegres, estou adoran-do!", revela Thaís. Em suabarraca estavam expostostoalhas, aventais, joguinhos,sabão, sapatinhos, bijuterias,terços, cuja renda das vendasseriam destinadas para aParóquia Bom Pastor.

Crianças da Região Noroeste da capital estiveram na Praça da Comunidade e participaram de atividades recreativas

DIANA FRICHE

DIANA FRICHE

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3ComunidadeJunho • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Asfaltamento da Beira-Linha está em fase finaln

ANTONIO ELIZEU DE OLIVEIRA,4º PERÍODO

Percorrendo uma via doBairro São Gabriel percebe-se que a Rua PadreArgemiro Moreira, popular-mente conhecida comoBeira-Linha, é nova, o asfal-to é novo, o nome oficial épouco conhecido e a obranão está totalmente con-cluída. Os moradoresreivindicam a continuidadedas melhorias, comolimpeza e retirada de entul-hos e até o deslocamentode uma pedra exagerada-mente grande. Não serãotodas as melhorias solici-tadas pelos moradores, quepoderão ser atendidas emum primeiro momento,pelo fato de a área não serregularizada pela Prefeiturade Belo Horizonte (PBH).

A Rua Beira-Linha, comoé mais conhecida, surgiu donada, onde havia apenasum pequeno trilho e hojefacilita a interligação entreos Bairros Ouro Minas eSão Gabriel, começandoexatamente onde foi inau-gurada uma outra obra,também do Orçamento Par-ticipativo da Prefeitura deBelo Horizonte, a pontesobre o Ribeirão do Onça,entregue recentemente àpopulação que permitiu otrânsito entre o SãoGabriel, Ouro Minas e bair-ros adjacentes, como aRegião Norte.

Mas não foi uma obraconquistada com facilidade.Conforme matéria publica-da na edição 256 doMARCO, em março de2008, a obra mais votadado Orçamento Participativo

MORADORES REIVINDICAM PASSARELAPor causa da dificuldade em atravessar a Avenida Tereza Cristina, que corta vários bairros de Belo Horizonte, população local pede a instalação de ponte para travessia de pedestres

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GABRIEL DUARTE,CLARRISSE SOUZA,3° PERÍODO

Aos 80 anos , comdificuldades para andar,mas ao mesmo temporesponsável pela maioriadas tarefas domiciliares,Ra imundo Fernandesdos Santos precisa ca-minhar por mais de 20minutos para chegar àAvenida Tereza Cristina,onde se localiza o pontode ônibus mais próximode sua casa em direçãoao centro de Belo Hori-zonte.

Morador há quatroanos da Rua Prados, noBai r ro Car los Prates ,Reg ião Noroeste deBe lo Hor izonte , oaposentado percor reeste trajeto várias vezespor semana. Para chegarao outro lado da via, omorador, que ut i l i zauma benga la para selocomover, tem duasopções : a t ravessar oViaduto Ângelo Peder-soli, correspondente a1,5 quilômetros de ca-minhada, ou seguir pelocaminho mais arriscado,que é o de c ruzar aavenida passando pordois semáforos interca-

Raimundo Fernandes precisa andar 20 minutos até chegar ao ponto de ônibus

lados por uma muretade proteção, que deman-da mais de meio qui -lômetro.

Outra forma de atra-vessar para o outro lado,muito comum entre osmoradores da região, épassar pe las v igas deconcreto do Ribe i rãoArrudas . A costureira

Ana Maria Veríssimo, 53anos, é uma das pessoasque ut i l i za es te meioalternativo para chegarao seu local de trabalho,no Bair ro Prado. Ela ,que mora há 30 anos noBai r ro Car los Prates ,conta que prefere passarem meio aos car ros adar a volta pelo viaduto.

"Tem que ter uma so-lução para a gente termais acesso ao ponto deônibus", reclama.

Apesar de se r maisperigoso, Ana justificasua escolha pelo fato deo trajeto, por meio doviaduto, ser muito lon-go. Ela afirma que pre-fere passar pelas vigas,pois não tem paciênciapara dar a vol ta pe locaminho mais seguro.Mesmo ass im, re la taque f i ca “quase unsvinte minutos esperan-do os carros passarempara atravessar”. A cos-ture i ra a f i rma quevár ios moradores j áca í ram dentro doRibe i rão Ar rudas aotentar fazer a travessiacomo e la e se que ixaainda sobre a falta deuma passarela na regiãopara facilitar o acessoao outro lado da Aveni-da Tereza Cristina.

A maior reivindicaçãofeita pelos moradorespara solucionar o pro-blema é a construção deuma passarela entre asruas Prados e Espinosa.O ex-presidente da As-sociação Pró-Carlos Pra-tes (Aprocap), WladimirHenrique Scheid, expli-ca que já foram apresen-

tadas solicitações à Pre-feitura, porém não hou-ve re torno. “Há t rêsanos e meio pedimos is-to. Já briguei, já discuti,mas eles prometem, pro-metem e não tomam ne-nhuma providência”, re-clama.

Segundo Scheid, co-mo não há neste mo-m e n t o u m re p re s e n -tante oficial da associ-ação, a mobilização dosm o r a d o re s e s t áenfraquecida. Por estemotivo, o ex-presidenteafirma que é necessáriap r i m e i r a m e n t e u m areestruturação da enti-dade, para assim apre-s e n t a r r e c l a m a ç õ e smais concisas. “Nós es-tamos tentando reorga-nizar, para part ic ipardestas reivindicações”,explica.

A Superintendênciade Desenvolvimento daCapital (Sudecap), pormeio de sua assessoriad e i m p re n s a , a f i r m aque já há um projetoespecífico para a área,porém ele não prevê aconstrução de uma pas-sarela, e sim a melhorada travessia por inter-médio da implantaçãode novos semáforos.

O órgão a inda es -

clarece que o local fazparte da obra BoulevardArrudas, que consiste nacobertura do RibeirãoArrudas visando à me-lhoria do fluxo de veícu-los que passam pe lolocal. De acordo com aassessor ia , tudo es tásendo feito da melhormaneira possível paraatender a população. ASudecap, no entanto,informa que não há pre-visão para a execução daobra no Carlos Prates.

COMO REIVINDICARPara fazer uma solici-tação ou reclamação pe-rante à Prefeitura algu-mas ações devem sertomadas pela população.É necessár io, em pr i -mei ro lugar, que ocidadão se dirija à suaregional e apresente are iv indicação demanei ra formal , pormeio de um documentopor escrito.

A partir disso, a Re-gional vai analisar porintermédio de seus con-selhos a reivindicação,para depois encaminhá-la ao órgão responsável.Analisado o caso, o ór-gão decidirá se o pedidoé viável ou não.

em abril de 2008 às associ-ações comunitárias daregião ainda faltam a ilumi-nação, arborização eaumento da largura dospasseios laterais de forma atotalizar 15m", diz. Arespeito da linha de ônibuspara cobrir a nova via, foiprotocolada junto aBHTrans, em 1º de abril de2009, ofício solicitando aextensão até o Bairro OuroMinas da linha 3502 - SãoGabriel/Ouro Preto. "Essamudança, de interesse daempresa prestadora deserviços, foi manifestada ànossa associação", completaArizio.

RESPOSTAS OFICIAISSobre as reivindicações dosmoradores, os três órgãos

responsáveis fazem seusrespectivos posicionamen-tos. A Companhia deSaneamento de Minas Ge-rais (Copasa), por meio desua assessoria de comuni-cação, revela que a RuaPadre Argemiro Moreiraainda não é atendida comserviços de abastecimentode água e coleta de esgo-tos, por força de determi-nação de Termo de Ajusta-mento de Conduta firma-do com o Ministério Públi-co. O TAC impede que aempresa implante suasredes em áreas não regular-izadas pela Prefeitura.

"Quanto ao entulho, seráfeita uma vistoria, vamosrecolher sim. Será enviadauma equipe na via citada,com máquinas para a

limpeza", informa o assessorde comunicação da Region-al Nordeste da Prefeitura deBelo Horizonte, Júlio CésarSoares.

A BHTrans, por sua vez,confirma o pedido para que alinha 3502 fosse até o BairroOuro Minas, passando pelanova rua. “Esse pedido foiindeferido pela ComissãoRegional Transporte e Trân-sito (CRTT), revelou o asses-sor de comunicação da em-presa, Gilvan Marçal. Segun-do ele, a negativa ocorreu porcausa da regra de encamin-hamento e espaço dopedestre, que prevê uma dis-tância de 500 metros quetem que ser observada entreum ponto de um itinerário eoutro. “A linha 3503 passapróximo", explica Marçal.

Moradores da Região Nordeste da capital reivindicam o asfaltamento da Rua Padre Argemiro Moreira, a Beira-Linha

Digital àquela época foi aconstrução da ponte sobre oRibeirão do Onça. Os mo-radores entendiam que aobra deveria ser completa,incluindo o asfaltamento daRua Padre Argemiro Mo-reira, a Beira-Linha. Houvemobilização, as associaçõescomunitárias se uniram,envolveram seis vereadoresque participaram da audiên-cia pública. Ao final doprocesso, o então prefeitoFernando Pimentel foi fa-vorável à obra completa.

É unanimidade entre osmoradores, o asfalto ficoumuito bom, no entanto issotrouxe um problema: oexcesso de velocidade dealguns veículos que por alitrafegam. Na entrada, aolado da ponte, há umaplaca sinalizando que avelocidade máxima é 40quilômetros por hora, que,no entanto, é desrespeitadapor muitos. "A rua ficoumuito boa, mas está pe-rigosa por causa da altavelocidade dos carros", diza dona de casa DanilaMendes da Silva, 28 anos.

Ela ainda aponta parauma enorme pedra emfrente à sua casa, que pre-cisa ser retirada dali, comotambém a quantidade deentulhos jogados, em umbota-fora irregular ao longoda via. As vizinhas ElianeCardoso da Silva, 33 anos,dona de casa e a auxiliar deserviços gerais DeniseAparecida de Paula, 36anos, fazem coro com Dani-la. "O asfalto ficou ótimo,mas faltam os postes de ilu-minação na rua e rede deágua e esgoto", conta Wan-derson Mateus de Paula,que diz não pagar Imposto

Predial e Territorial Urbano(IPTU), por falta dessasmelhorias. Essas reivindi-cações também foram apon-tadas por várias outras pes-soas. "Ficou melhor queantes, quando tinha muitapoeira e chegávamos com ospés sujos na escola", com-para a estudante da 6ª sériedo curso Fundamental,Daisyelem Helena Mapa, de13 anos.

DIVISÃO Contrapondocom o progresso dessa obra,houve a divisão da comu-nidade de ciganos que viviano local há mais de duasdécadas. "Decidi ficar aqui,pois tenho um filho de 35anos que tem problemasmentais, necessitando cui-dados médicos. Ele faztratamento no posto desaúde do Bairro São Ga-briel. E tenho outro filhoque trabalha com comérciode 'topa-tudo', ajudando nosustento da família", explicaa cigana Maria Amaral, de60 anos, mãe de dois filhos."Luto com muita dificul-dade e decidi continuaraqui mesmo. Antes da obraeram 30 barracas e hojeficaram apenas três, poiseles estavam acampadosjustamente no local quepassou a nova via pública",explica.

De acordo com ArizioAlves, presidente da Associ-ação Comunitária do BairroOuro Minas, a obra aindanão foi finalizada. “Peloprojeto que foi apresentado

RICARDO MALLACO

ANTÔNIO ELIZEU DE OLIVEIRA

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4 Comunidade Junho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

LIXO INCOMODAMORADORES DOOURO MINAS

Rua Santa Úrsula, às margens do Córrego do Onça, sofre com a grande quantidade de sujeira despejada no local

O bairro, que tem sofrido com o acúmulo de entulho, tenta buscar soluções na prefeitura

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RAFAELA GOLTARA, 1° PERÍODO

Abandonados em meioà sujeira. É assim que osmoradores do Bairro OuroMinas, situado na RegiãoNordeste de Belo Ho-rizonte, estão se sentindo.Por intermédio da As-sociação Comunitária doBairro Ouro Minas (As-com), eles reivindicam avarrição quinzenal e a ca-pina das principais ruasde acesso ao comércio e àescola do lugar. O infor-mativo da associação cir-cula comunicando aosmoradores as ações e ofí-cios encaminhados àPrefeitura Municipal deBelo Horizonte solicitan-do ajuda.

O vice-presidente daentidade, Gilmar Barbosados Santos, informou quea principal rua do bairro,Santa Leopoldina, é amais afetada pelo proble-ma devido ao comércio e àescola. "Nós já encami-nhamos um ofício para aRegional Nordeste infor-mando a situação. Elesresponderam que o BairroOuro Minas nem estácadastrado na prefeitura, éreconhecido como BairroJardim Belmonte", revela.

A moradora Sandra de

Matos Caetano acreditaque a varrição ajudaria amelhorar o problema dolixo. "Sempre que chove osbueiros entopem, a águase mistura ao esgoto eescorre pela rua por váriosdias", afirma.

RISCOS Para Maria deLourdes Brito Silva, quetrabalha no Centro deSaúde Olavo Albino comoagente comunitário desaúde, a água empossadanas ruas é um grande pro-blema. "As crianças estãosempre adoecendo porquebrincam na água empossa-da, ficando, assim, ex-postas a várias doenças.Eu atendo criançasdoentes frequentemente",conta.

Morador do BairroOuro Minas há 15 anos,Luiz Antunes da Silva,reclama que o lote vago aolado de sua casa viroudepósito de lixo e dedoenças. "Aparecem ratos,baratas e outros insetoscomo o mosquito da den-gue. Eu e minha esposa játivemos dengue", revela.

Outro problema dobairro é o entulho jogadoà beira do Córrego doOnça. O vice-presidenteda Ascom contou que oscarroceiros, que sãocadastrados na Prefeitura

para recolher entulho,despejam tudo dentro enas margens do córrego."A Rua Santa Úrsula ficaàs margens do córrego. Oscarroceiros jogam tudo láe quando chove o nível daágua sobe e invade ascasas, levando o lixojunto", afirma.

O carroceiro JoséEustáquio contou queexiste uma Unidade deRecebimento de PequenosVolumes (URPV) no Bair-ro São Gabriel, que é olocal correto para depositaro entulho. “Nós temos quesubir até o topo da rua parachegar à caçamba. A mulanão consegue subir puxandoa carroça e o entulho. Deve-ria ter uma caçamba aquiem baixo", sugere.

Segundo WadsonVieira Dias, engenheirode Programas Especiaisda Superintendência deLimpeza Urbana, asURPVs precisam serinstaladas em áreas públi-cas e sem causar danosaos moradores da região.Para isso, é feito um estu-do específico da área deforma a atender às neces-sidades da população. "Oscarroceiros podem trans-portar até dois metroscúbicos de entulho paraas URPVs. Eles precisamse conscientizar e não

assumir demanda maiorque o permitido. Paraajudar nessa fiscalização,o município deve pedir aocarroceiro o comprovantede despejo na URPV, queé fornecido a cada descar-ga", informa.

Wadson ainda salientouque a SLU recebeu dealgumas associações debairros pedidos deimplantação de novasURPVs. “Estamos estu-dando os pedidos e fazen-do um planejamento paramelhor atender às deman-das das regiões”, conclui.

VARRIÇÃO O diretor dePlanejamento e Gestãoda SLU, Lucas PauloGariglio, explicou que jáexiste um planejamentopronto para ampliar aprestação do serviço devarrição. "Estamos con-cluindo alguns ajustesdas ruas novas queforam abertas no bairro.Depois disso, a Prefeitu-ra terá que aprovar para

então liberar o recursodo projeto. Apesar denão ter varrição de roti-na, a regional prestamanutenção aos bairrosatravés de uma equipede Multitarefa."

Lucas também infor-mou que a Regional Nor-deste já tem 70% da áreaatendida, 395 quilômet-ros de vias capinadasrotineiramente, 6.500 bo-cas de lobo limpas men-

salmente, 600 lixeirasinstaladas e previsão deinstalação de mais umaURPV no Bairro Goiânia.O diretor ressalta que émuito importante que osmoradores participem dalimpeza do bairro. “As pes-soas precisam fazer suaparte, jogando o lixo noslocais certos. É como o lemada SLU 'Cidade limpa não éa que mais se varre e sim aque menos se suja'," conclui.

Curso promove inclusão digital no São Gabriel n

JORGE MARQUES, 2º PERÍODO

É para ajudar a popu-lação carente a obter co-nhecimentos na área deinformática que a Pastoralna Universidade, emparceria com a PUCMinas está promovendo ocurso sobre o tema paraalunos, funcionários emoradores na região doBairro São Gabriel. Ocurso faz parte do projetoBeira-Linha que atende acomunidade com diversoscursos de aperfeiçoamen-to e capacitação profis-sional, além de oficinaseducativas.

Foi por intermédio deamigos que ValdileneNeves Oliveira, 31 anos,soube do curso e fez suainscrição. "Estou desatua-lizada. Não saber infor-mática é como ser analfa-beta. Esse curso significamuito para mim", explica.Buscando um empregocom carteira assinada,Valdilene, que é autôno-ma e que não tem com-putador, comenta que oinício do curso foi difícil

Valdilene Neves Oliveira se interessou pelo projeto pois está em busca de qualificação para arrumar um emprego

mas atualmente a situaçãoé diferente.

"Hoje melhorou bas-tante. O professor é muitopaciente e os colegas sãobacanas. Já até indiquei atrês pessoas", revela. Em-polgada com a oportu-nidade, Valdilene pre-tende ter uma base parasaber usar o computador.

Futuramente ela pretendefazer o curso de telemar-keting também pela Pas-toral. Ministrado poralunos do curso de sis-tema de informação, ocurso de informática temduração de três mesescom aulas de Windows,Word, Excel, Power Pointe internet no período da

manhã, tarde e noite. Asturmas têm em média dezalunos que utilizam otelecentro e o laboratóriona PUC Minas para estu-dar.

Para fazer as aulas nãoé necessário digitação, ogrande problema deNeuza Maria Gomes dosSantos, de 60 anos. Ela

diz que nunca tinhausado um computador epor isso tinha dificuldadesem digitar os textos."Cheguei a pensar em desi-stir do curso por não tercomputador, agora já seiligar o computador, salvararquivo e formatar",comenta Neuza, feliz como resultado.

O apoio da família e ointeresse em aprenderinformática foram funda-mentais para a dona decasa continuar nas aulas."A gente tem mais conhe-cimento. A pessoa quemexe com computador émuito mais informada etem acesso a várias formasde comunicação", conclui.

MAIS CURSOS De acor-do com o frei Mário Taur-inho, coordenador region-al da Pastoral, a idéia docurso de informática épromover a inclusão digi-tal e a geração de rendapara os alunos. Ele infor-ma que é grande a procu-ra. No semestre passadoforam atendidas 280 pes-soas e o histórico é depoucas desistências desde

sua criação em 2004. Por isso, há planos de

aumentarem o número devagas e o espaço físicopara novas turmas. Hátambém o projeto de criarnovos cursos como digi-tação e manutenção demicros.

Segundo o frei, a Pas-toral conta com parceriascom os cursos de adminis-tração que dá o curso devendas, telemarketing eauxiliar administrativoalém do curso de con-tábeis que ensina econo-mia doméstica e o cursode direito que participacom oficinas educativas.

Para se inscrever nocurso de informática énecessário ter no mínimo14 anos e não precisasaber digitação ou sequeralgo de informática. Oaluno paga uma taxa sim-bólica de R$ 20, a serusado no custeio de apos-tilas usadas durante ocurso. Ao final de cadacurso, o aluno que obtivermínimo de 60% deaproveitamento e menosde 15 faltas ganha um cer-tificado de conclusão.

JOSÉ MENDES JUNIOR

A SLU disponibiliza alguns serviços para melhorar a qua-lidade de vida da população. Os moradores do Bairro OuroMinas podem solicitar e utilizar a qualquer momento.

Serviços da SLU

LEV (Local de Entrega Voluntária) para lixo recicláv-el: papel, plástico, metal e vidro: Rua Zumbi, esquinacom Avenida Esplanada, 72, São Gabriel.

URPV (Unidade de Recebimento de Pequenos Vol-umes): Avenida Esplanada, 72, São Gabriel.

Recolhimento de animais mortos ou outros serviçosrelacionados com a varrição: Gerência RegionalNordeste: 3277-6092 /3277-6093.

MAIARA MONTEIRO

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PROJETO MÃOS DEOURO É EXEMPLODE CIDADANIAA cooperativa de artesanato reúne 20 donas de casa, cansadas da rotina do lar, emreuniãos no salão da comunidade Nossa Senhora da Aparecida, no Bairro São Gabriel

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RÚBIO CÉSAR FIRMINO7º PERÍODO

Situada no Bairro SãoGabriel, na Região Nor-deste de Belo Horizonte,a cooperativa de arte-sanato “Mãos de Ouro”faz parte do projetosocial “Cidadania” que,desde 2004, atua na áreacom o objetivo de inte-grar cidadania, aprendiza-do e fonte de renda.

A cada três meses sãoformadas turmas com 20pessoas que se reúnemtoda sexta-feira paraaprenderem técnicas deartesanato. As reuniõesacontecem no Salão daComunidade Nossa Se-nhora Aparecida cedidopela Paróquia Nossa Sen-hora da Anunciação. Acada turma aberta é elab-orado um programa deaulas e atividades difer-entes. A turma atual, porexemplo, está desenvol-vendo trabalhos comoprodução de colares, biju-terias, pinturas em teci-dos, crochês e bordados.

A cooperativa tem

como objetivo integrar asociedade e gerar rendapara seus cooperados quetêm direito a 75% do queproduzem, sendo que osoutros 25% ficam para acooperativa que reverte arenda na compra dematéria-prima para novasproduções. Outra formade obtenção de renda épor meio da contribuiçãomensal de R$ 10 que oscooperados matriculadosfazem.

O grupo é constituídopor donas de casa quemuitas vezes cansadas darotina do lar buscam umaatividade para preenchero tempo e transformarsua disponibilidade emalgo útil para a comu-nidade.

Buscando preencher otempo vago em algo ren-tável a artesã Sônia Arletejá se inscreveu para apróxima turma que fun-cionará a partir de agosto.Ela explica que procuroua cooperativa, para intera-gir com as pessoas e terum trabalho fora de casa.“Porque ficar só dentro de

casa causa problemascomo depressão, doenças,então quero sair para jun-tar com a turminha, etambém ganhar algumdinheiro”, revela.

As aulas da turma atualsão ministradas pelainstrutora Mariza Siquei-ra que ressalta a im-portância social do proje-to. “O que eu sei eu ensi-no a elas, para que elaspassem o conhecimentopara frente e transformemseu trabalho em umafonte de renda”, comenta.

A vendedora FranciscaBalbina dos Santos desta-ca o valor da amizadeadquirida durante asaulas. “É uma reuniãocom as amigas, a gentetroca ideias, valorizamosmais o tempo em queestamos juntas, apren-demos umas com as ou-tras, fazemos muitasamizades e descobrimosmuitos talentos por aqui”,observa.

Os trabalhos desen-volvidos são expostos emum bazar que aconteceno mesmo local das aulas,

A aluna Maria Rosária da Silva se dedica ao artesanato em uma das reuniões organizadas pela cooperativa

o último foi realizado emum domingo, dia 17 demaio. Os bazares fun-cionam como uma formade expor e comercializaros trabalhos produzidospelas artesãs do projeto evisa a arrecadação derenda, que é revertidapara os cooperados e paraa cooperativa.

No mesmo local fun-ciona também a Bibli-oteca Paulo Freire, situa-da no local há quase doisanos e que se mantémpor intermédio dedoações de livros. A bib-lioteca é aberta a todapopulação de Belo Ho-rizonte para emprésti-mos e doações de livros.

O coordenador do pro-jeto social “Cidadania”,responsável pela coopera-tiva e vice-presidente daAssociação do Bairro Ou-ro Minas, Gilmar Barbosados Santos, enaltece a

importância do trabalhodesenvolvido. “Elas vêmpara cá para encontrarpessoas com quem pos-sam conversar, comparti-lhar dificuldades, alegrias,e, ao mesmo tempo,aprendem um ofício, umaatividade que pode gerarrenda também”, revela.Ele completa dizendoque existe um laço deamizade muito grandeentre as frequentadoras,porque quem está nacooperativa hoje são pes-soas que passaram porvários cursos e quequerem encontrar algoalém do artesanato.“Querem encontrar umgrupo de pessoas parapartilhar a vida”, acres-centa.

Segundo ele, as tarefassão feitas na cooperativae cada uma tem o direitoa participação de 75% detudo que é produzido.

“Para o projeto estabele-cemos que ficam 25% dovalor arrecadado, que vãopara o caixa da própriacooperativa para a com-pra de mais materiaispara as novas turmas quevierem. Também tem acontribuição mensal decada uma delas de R$ 10e a realização de bazaresonde são vendidas nossasproduções”, explica.

Gilmar Barbosa obser-va ainda que o apoio deorganizações e de pessoasé fundamental para a con-tinuidade e o aperfeiçoa-mento do projeto. Osinteressados em ajudar ouparticipar da cooperativade artesanato “Mãos deOuro” podem entrar emcontato pelos telefones3493-8719 ou 8334-8625ou ir até à Rua PadreArgemiro Moreira (antigaBeira Linha), número 35,no Bairro São Gabriel.

Moradores fazem reclamações sobre ONG do bairron

HELLEN TRINDADE,6º PERÍODO

Alvo de insatisfaçãoda comunidade local, aONG Pauline Reichster,localizada atualmenteno Bairro Dom Cabraldeixará sua atual sedena primeira quinzenade julho. "A mudançanão é algo para ser feitada noite para o dia, épreciso providenciar aacomodação no outroimóvel, e deixar o localem que estamos atual-mente do j e i to quehavíamos locado", expli-ca a coordenadora daONG, Magda Ziviane,que afirma que a difi-cu ldade de encontraroutro imóvel para insta-lação da instituição, foio motivo de ainda per-manecer no bairro.

Magda pre fe re nãodivulgar o local de des-t ino, por questões deadequação ao novoimóvel . "É necessár iopr imeiramente provi -denciar reunião com aassoc iação de ba i r ro,articular a questão dare s i s t ênc ia dos mo-radores quanto aosmeninos, e também de-pender da demanda deprofissionais para fazer

A ONG Pauline Reichster abriga menores infratores e tem sido vista de forma negativa por moradores do bairro

MAIARA MONTEIRO

o serviço", frisou. A ONG fo i a l vo de

insatisfação por parteda comunidade do DomCabral. Desde sua ins-talação na sede que estásendo de ixada , em2008, moradores recla-mam do comportamen-to dos meninos e dafalta de estrutura paraacolhê-los. A instituiçãorealiza um trabalho derecuperação de adoles-centes que cometeram

atos in f rac iona i s , emparceria com a Secre-taria de Estado de De-fesa Social (Seds), pormeio do programa Semi-liberdade, desde 2006.

Uma matéria, publica-da pelo Jornal MARCO,em novembro de 2008,"ONG do Semiliberdadesairá do Dom Cabral",relatou que a Comissãode Direitos Humanos daAssembléia Legislativa,depo i s de ouv i r o s

moradores da comu-nidade, havia considera-do que a Ins t i tu i çãoPauline Reichster, nãoestava adequada paraabr igar os jovens . Deacordo com o depo i -mento do ex-presidenteda comissão, o deputa-do João Leite, a ONG jáestava procurando outrolugar para se instalar eassim atender aos inte-resses da comunidadelocal.

A Secretaria de Es-tado de Defesa Social,por meio de sua asses-so r i a de imprensa ,in fo r mou que a ca saque desenvolve o pro-g rama Semi l ibe rdadeem questão, não atendeàs ex i gênc i a s do S i s -tema Nacional de Aten-dimento Socioeducativo(S inase ) , o que defo r ma , de te r minou atransferência da Insti-tuição Pauline Reichsterpara outro loca l ade -quado. Em maio de2009, a SubsecretariaSócio Educativa deter-minou novamente àONG a transferência pa-ra outro imóvel, o quea inda não aconteceu ,por causa do atraso deobras no novo local.

O Pro g r a m a S e m i -liberdade é uma medi-da socioeducativa apli-cada à maiores de 12anos que cometem atosi n f r a c i o n a i s . To d amedida socioeducativa,busca orientar e apoiaro adolescente em con-flito com a lei, com oobjetivo de reintegrá-loà vida familiar e comu-nitária. De acordo como Estatuto da Criança edo Adolescente (ECA),ar t igo 120, o adoles -c en te deve pe r no i t a r

ou seguir determinadarotina em instituiçõesespecializadas; podemrea l i za r a t i v idadesexternas, como estudose cursos prof iss ional -i zan te s . A Seds po rmeio da SubsecretariaSócio Educativa, execu-ta tal medida em parce-ria com entidades nãogovernamentais, comoas ONGs.

Pa ra chega r a e s samedida socioeducativa,o adolescente em con-f l i t o com a l e i ,p r ime i r amente pa s sapela delegacia especial-i zada em infânc ia oujuventude. Em seguidaa promotoria recebe ocaso e decide por abrirou não o processo combase nos ind í c io s daprá t i ca de a to in f r a -cional.

Posteriormente, ojuizado da infância ejuventude recebe o pro-cesso e dá encaminha-mento, podendo absolverou sentenciar o acusado.Após todo processo,constatada a culpa, oadolescente deve serencaminhado para medi-da socioeducativa, quepode ser oferecida peloestado ou por organiza-ção não-governamental.

MAIARA MONTEIRO

5ComunidadeJunho• 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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6 ComportamentoJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CRIANÇAS TESTAM SABER EM DISPUTAEstimulando a aprendizagem de alunos do ensino fundamental e médio, as olimpíadas do conhecimento reuniram 18 milhões de participantes interessados em diversas áreas da ciência

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LAURA ZSCHABER GUIMARÃES,1° PERÍODO

Com o objetivo de criaruma forma mais estimu-lante para o estudo damatemática entre alunose professores da redepública de ensino, foi cri-ada em 2004 a OlimpíadaBrasileira de Matemáticadas Escolas Públicas (OB-MEP). Em sua últimaedição, em 2008, as 18milhões de inscriçõesmostraram que a mate-mática, matéria tradi-cionalmente temida pelosestudantes, já não é maisum bicho de sete cabeças.Lucas Fontes, que estudaem uma escola pública dacapital, está entre osinscritos pela segundavez.

"Os professores meincentivaram a participarda olimpíada no nonoano. Descobri-me comobom aluno quando fiz asprovas. Sempre fui apai-xonado por biologia, masao longo da olimpíada,mudei meu pensamento",afirma. A OBMEP, que jáse tornou a maior olimpía-da de matemática domundo, tem uma estrutu-ra organizada desde a pre-paração já que os profes-sores fazem cursos decapacitação e as escolasem que trabalham rece-bem computadores e li-vros da matéria. As provassão feitas em três níveis -para a quinta e a sextaséries; para a sétima e aoitava e para o EnsinoMédio -, e passam porduas etapas: a de múltiplaescolha, para todos e adiscursiva, para os 5%

A estudante Aline Bastos participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) em maio deste ano

melhores. INTERESSE A estu-dante A l ine Bas to sconta que ficou saben-do da O l imp íadaBra s i l e i r a de As t ro -nomia e Astronáut ica(OBA) só e s t e ano."Nunca t inha ouv idofa lar dessa o l impíadaantes , mas se t i ve s secom certeza teria par-ticipado. Sempre gosteimuito de c iências , deestudar o sistema solar,de ouv i r a s t eo r i a ssobre o surgimento douniverso e sempre quisir a um observatório verSatur no e os out rosastros fora da tela docomputador e da tele-visão", diz.

A o l impíada que éorganizada pela Socie-dade Astronômica Brasi-

leira (SAB), em parceriacom a Agência EspacialBrasileira (AEB) e coma empresa Furnas Cen-trais Elétricas, teve suaprimeira etapa realizadano dia 15 de maio emtodo o pa í s e contoucom ques tões queenvolviam os modelosastronômicos, conheci-mentos sobre Gal i l euGalilei, cálculos, ener-gia, reciclagem, gravi-dade e foguetes espaci-ais.

O prêmio para osclassificados nesta etapaserá uma viagem a SãoPaulo onde terão aulassobre as t ronomia eastronáutica e visitarãoo obser vatór io da c i -dade. Os que passaremtambém na segunda faseganharão um curso sobre

astronomia e astronáuti-ca e para a equipe fina-lista da terceira etapa,que será internacional, oprêmio será uma visita àNasa, agência espacialnorte-americana. "Paramim foi muito impor-tante participar porqueeu vi as premiações comouma chance de descobriro que eu quero fazer davida, já que eu não seiainda que profissão queroseguir e até o momento oque mais me fascina éfísica e astronomia”,observa a aluna da nonasérie do Instituto SagradaFamília. “Eu gosto de teralguma coisa me inspi-rando a estudar e aolimpíada foi uma ótimaoportunidade pra tudoisso", complementa.

Possibilidade de umfuturo promissorPromovida há mais de

20 anos no Brasil e orga-nizada pelo Serviço Na-cional de AprendizagemIndustrial (Senai), aOlimpíada do Co-nhecimento é a maiorcompetição de educaçãoprofissional das Américas.A olimpíada, que contacom 45 modalidadesprofissionais, possui trêsetapas que avaliamatravés de provas práticasdentro da profissão cor-respondente, o conheci-mento e a experiênciaadquiridos pelo alunodurante o curso. Aprimeira etapa é umaseleção dos melhores alunosdas unidades de cada esta-do e acontece dentro daspróprias escolas. A segunda,a nível estadual, seleciona osalunos que ganharam me-dalha de ouro e classifica-ospara a terceira fase onde osvencedores representarão oBrasil no Torneio In-ternacional de FormaçãoProfissional.

Para Araken Namorato,coordenador regional daOlimpíada do Conhe-cimento, a atividade é umagrande oportunidade. "Aoaluno são apresentadas asmelhores tecnologias refe-rentes à sua modalidade oque propicia a vivênciaprática altamente especia-lizada e faz com que eletenha um diferencial com-petitivo no mercado de tra-balho, tornando-o assim,

um profissional desejado",diz.

Segundo Araken, aolimpíada tem grande im-portância para o Senai jáque é uma forma da escolase desenvolver juntamentecom o aluno, aumentandoassim o seu nível e dá aoportunidade de Ben-chmarking, isto é, a buscadas melhores práticas paraconduzir a um desempe-nho superior. "A com-petição ocorre a cada doisanos e tem como principalobjetivo avaliar habili-dades técnicas e práticasdos alunos participantes,considerando aspectosessenciais para um perfilprofissional competentecomo a criatividade, acapacidade de liderança ede tomar decisões, a re-solução de problemas, oautodesenvolvimento e ashabilidades de comuni-cação e raciocínio crítico",afirma o coordenador.

Os participantes, alunosdo Senai de várias ocu-pações profissionais e detodas as unidades da feder-ação, são julgados poraproximadamente cincoavaliadores: um avaliadorlíder e quatro sorteadosque normalmente sãoespecialistas do próprio sis-tema na modalidade con-corrente. A prática de con-vidar especialistas de outrasempresas para a bancaexaminadora é tambémusual.

Coral contribui com a aprendizagem de alunosn

BIANCA SOUZA,GLÁUBER FRAGA,4º E 6º PERÍODO

Atividades escolares quetrabalham o intelectual e osensorial não são comunsna rede escolar brasileira.Na escola particular MadrePaula, situada no BairroProvidência, a situação édiferente. Os alunos doEnsino Fundamental têm aoportunidade de participarde atividades musicais nocoral Canarinhos Esco-lápios.

A maestrina MarileneFernandes, formada emmúsica sacra pelo Institutode Recife, e em artes-cêni-cas pela Uni-BH, criou oprojeto em 1998. O coral,que completará 11 anos em2009, conta hoje com 230estudantes, que ensaiamduas vezes por semana erealiza duas grandes apre-sentações por ano. OCanarinhos Escolápiostambém atua de acordocom a demanda de eventosda escola. Os alunos partic-ipantes trabalham músicasde estilos folclóricos eMPB. As atividades cênicas

são desenvo lv idas nascoreografias.

Segundo Marilene, aatividade estimula a con-centração dos alunos e pos-sibilita o maior aproveita-mento escolar. "Essa foi àpreocupação da escoladesde o início. A instituiçãopreocupa com a formaçãointegral do aluno. Nós sabe-mos que a música é funda-mental nesta formação.Contribuímos na socializa-ção dos alunos, na for-mação intelectual. Temosuma preocupação em escol-her músicas adequadas comletras adequadas para afaixa etária. A música étransformadora. A música éfundamental para a for-mação integral das cri-anças", afirma a maestrina.

O projeto não é só aoportunidade que os alunostêm de aprender a cantar edesenvolver uma atividadeque possibilita um melhoraproveitamento escolar,mas também permite fazernovos amigos. "Eu acholegal que com o coral nóspodemos conhecer novaspessoas. Conhecemos out-ros corais e compartilhamosas emoções e as histórias

que as músicas contam", diza aluna Natália Andrade,de 13 anos.

Pablo Henrique Teodoro,14 anos, participante doCanarinhos Escolápios dizque cresce a cada apresen-tação. "Nos quatro anos emeio que participo, paramim foi e continua sendomuito bom. Aqui nós nãosó cantamos. Aqui conver-samos, brincamos e é umagrande experiência a cadaapresentação. Não é só umaoportunidade de cantar. Ocoral ajuda-nos a crescer eprogredir", explica. Eleainda ressalta a emoção quesente ao ouvir os aplausosao término de cada apre-sentação. "O coração dis-para e nós sentimos aquelefrio na barriga", afirma.

O aluno que deseja fazerparte do coral CanarinhosEscolápios precisa passarpor um teste vocal. Segun-do a maestrina, o projetotem como meta incluir enão excluir os alunos daescola. Um terço dos alunosda Escola Madre Paula par-ticipa do coral. CanarinhosEscolápios faz parte dogrande coral FamíliaEscolápia, que incluem

Alunos do ensino fundamental, integrantes do coral Canarinhos Escolápios, ensaiam na Escola Madre Paula

corais da Escola São José eda Creche Tia Lita.

ANIVERSÁRIO A EscolaMadre Paula completou nodia seis de abril de 2009quatro décadas de existên-cia. A diretora Rita de Cás-sia Mota destaca a atuaçãoda instituição em parceriacom a famíl ia . "São 40

anos de muita educação.Nossa escola trabalha emparceria com a famíl ia .Não transmitimos somenteconhecimento. Trabal-hamos a formaçãohumana. Part imos dosprincípios de São José deCalazans, que educar écooperar com a verdade ede Santa Paula Montal que

é salvar as famílias", diz. Ainstituição que tem 684alunos possui um trabalhode inclusão social. Grandeparte dos estudantes nãopagam as mensalidades,eles contribuem de acordocom a condição familiar. Aescola realiza durante oano atividades que cele-bram a data.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

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7ComportamentoJunho • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ROTINA E HISTORIAS VÃO DE TÁXI

Há 36 anos Édson Fialho trabalha como taxista e conta já ter passado por situação curiosas no trânsito da capital

A rotina dos motoristas de táxis da capital é repleta de histórias, vivenciadas diariamente nas ruas, mas eles passam também por dificuldades com alimentação e higiene

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GABRIEL DUARTE,3° PERÍODO

"Uma vez uma mulherdeu sinal com uma porçãode sacolas. Parei o táxi e fuiajudar. Fomos colocando assacolas no carro. E fui levá-la no Parque Recreio, emContagem. Chegamos lá eentão fui ajudar a descar-regar as sacolas. Ela disse:‘Essas sacolas aqui não sãominhas'. Fui abrir então, e vique era tudo saco de lixo".Esta é uma das muitashistórias vividas por AlcirSilva, durante mais de duasdécadas como taxista.

Silva trabalha há noveanos no mesmo ponto detáxi, na Avenida Ressaca,Região Noroeste de BeloHorizonte. Ele conta quetrabalha 12 horas por diapara sustentar a família, masque não consegue ter omesmo ritmo de quando ini-ciou. "Eu não aguento muitomais não”, afirma.

Quem trabalha junto aAlcir Silva, no mesmo ponto,é Édson Fialho, que está há36 anos atuando na mesmaprofissão. O taxista revelaque o exercício da profissãonão é fácil, porém, segundoele, melhorou muito apósseu casamento. "Eu comia narua e a comida fazia muitomal. Depois que eu casei,passei a almoçar em casa",diz.

Em algumas situações, otaxista é mais do que ummotorista. "Eu peguei umamulher grávida para umbairro em Ibirité. Eu eranovo e vim 'enfiando' o pé.Eu ia bater em um carro,mas freei bruscamente,então a mulher caiu de joel-hos e o menino saiu", salien-ta. Segundo ele, saiu corren-do ao hospital mais próximoe conseguiu ajudar sua pas-sageira.

Edson Fialho também jápassou por situações inespe-radas na rotina de trabalho."Uma vez eu estava com dorde barriga, estava levandoum homem em Venda Nova

e disse a ele: olha, nossa cor-rida vai parar por aqui. Eleperguntou o porquê de pararantes. Então eu disse: Vocêquer que eu faça aqui nocarro?", conta.

Enquanto não rodam pelacidade, os taxistas praticamdiversas ações, como conver-sar com companheiros deprofissão sobre futebol epolítica, ou, até mesmo, lerjornais e livros durante ointervalo. É uma forma uti-lizada por eles para esperar achamada de novos clientes.

Uma situação que divideos taxistas é a forma de tra-balho na profissão. Algunspreferem estar associados acooperativas de táxi, como éo caso de Pedro SérgioOliveira. Ele afirma que estaforma é mais segura e que,com esse tipo de associação,não precisa ficar rodando otempo todo à procura depassageiros. "Por onde euvou, eu paro e espero umanova chamada", relata.

Já outros taxistas prefer-em trabalhar por contaprópria, como José CarlosBaião. O taxista afirma quedessa forma é melhor, pois

assim não tem compromissocom outros taxistas, além depossibilitar um horário maisflexível. Baião, porém,ressalta que assim ele estásujeito a maior violência.

PONTOS Para a implan-tação de pontos de táxi nacapital, segundo a BHTrans,são levados em consideraçãoalguns aspectos, como inte-resse público e a viabilidadetécnica. Além disso, a solici-tação da instalação dessespontos pode ser feita pormeio da internet, carta oupessoalmente, por meio doRegistro de Solicitação (RS)por qualquer pessoa.

Anualmente, todo permis-sionário de táxi da capitaldeve pagar uma taxa àBHTrans, referente ao Custode Gerenciamento Opera-cional (CGO). Esta taxa estásujeita a reajustes anuais.Este ano, o valor cobrado foide R$ 197,42.

DIFICULDADES A rotinados motoristas de táxi éestressante, segundo osprofissionais entrevistados.Além de terem que estar

preocupados com o trânsitoe seus passageiros, precisamconseguir locais para fazersuas necessidades fisiológi-cas. Outro problema que osprofissionais enfrentam sãoos assaltos.

Pedro Sérgio Oliveiraconta que já foi assaltadotrês vezes durante os 20anos como taxista. "Trêsvezes à mão armada, masnão me agrediram. Melevaram R$ 150, R$ 90 e R$200 nos três assaltos", relatao taxista. Segundo ele, ostaxistas para fazerem suasnecessidades fisiológicas temque “se virar em posto degasolina, ou “qualquer outrolugar que conseguir".

O taxista Daniel Souzaenfrenta também o mesmoproblema no ponto em quetrabalha. "Nós bebemos águae fazemos as necessidades fisi-ológicas no 'buteco' aqui aolado", afirma. Souza, que tra-balha há apenas um ano noramo, aponta outra dificul-dade no dia a dia: a violência.Ele conta que evita pegar pas-sageiros para certos lugares,como as periferias da capital,pois assim, segundo ele, o

Projeto de lei auxiliaa vida dos motoristas

As dificuldades enfren-tadas pelos taxistas nospontos de táxi podemestar com os dias conta-dos. É que um projeto delei, nº17 de 2009 deautoria do vereador FredCosta (PHS), foi aprova-do no último dia 15 demaio pela Câmara Munic-ipal. O projeto de lei, quedeve beneficiar 11 miltaxistas, autoriza a insta-lação, em pontos de táxi,de rede elétrica, água eesgoto.

O projeto acrescentaum artigo à lei nº 8616,de 2003, que dispõe sobreo Código de Postura doMunicípio. Agora, o pro-jeto de lei, que já foiaprovado pela Comissãode Constituição e Justiçada Câmara, será levado aoprefeito Márcio Lacerda,para que seja sancionado.Fred Costa relata que aproposta veio a partir dereclamações feitas pelostaxistas sobre este proble-ma. "A ideia veio daobservação e a partir dosinúmeros depoimentosdos taxistas que chegam atrabalhar mais de dezhoras por dia e ainda têmque depender de ter-ceiros", constata.

Além disso, o vereadorressalta que o projeto não

criará nenhum ônus aoPoder Executivo, pois ocusteio da instalação seráfeito pelos próprios ta-xistas. O objetivo desseprojeto, segundo FredCosta, é "garantir digni-dade aos trabalhadores".Ele lembra que essesprofissionais há algumtempo reivindicam essedireito. "Possibilitando aeles ter uma infra-estrutu-ra básica, que é ter acessoa esses serviços", diz.

Para o taxista ÉdsonFialho, o projeto de leitrará benefícios não sóaos taxistas, mas tambémàs pessoas que passampelos pontos de táxi."Ótima a lei, porque acabine aqui serve paraqualquer pessoa que passapor aqui", constata.

Após virar lei, os ta-xistas que quiserem insta-lar os serviços nos pontosde táxi devem dirigir-se àSecretaria de RegulaçãoUrbana e fazer um reque-rimento. A partir disso, asecretaria analisará o casoe se julgar procedenteautoriza a instalação. Acabine, segundo overeador Fred Costa, de-verá ocupar um espaço dedois metros quadrados,como estabelece o Códigode Posturas da Capital.

Histórias de quem teve coleção e aabandonou com o fim da paixão

Gleidson Barbosa tomou gosto pelo desenho a partir de sua coleção de revistas

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ALEXANDRE AUGUSTO,JOSÉ CÂNDIDO,RAPHAEL VIEIRA PIRES,2° PERÍODO

Colecionar é um hábitoque se faz presente na vidade muitas pessoas, os objetoscolecionados variam de lati-nhas a revistas em quadri-nhos e os colecionadores de-monstram verdadeiraatenção com sua coleção.Existem também casos decolecionadores que poralgum motivo se desfizeram,perderam, ou venderam suascoleções, histórias parecidascom essas aconteceram comFábio, Gleidson e Tiago, trêscolecionadores que conser-vam desde a infância o gostopor colecionar.

O estudante de geografia,Fábio Jorge Souza, de 26anos, diz ser um colecionadorcompulsivo. Aos 14 anos, elese dispôs a colecionar tam-pinhas de garrafa e, segundo

o próprio, a coleção de tam-pinhas foi a favorita dentretodas as outras que viriamdepois. Porém, ele a abando-nou depois de uma decepçãoamorosa, aos 19 anos deidade. “Foram cinco anoscolecionando tampinhas, eutinha uma grande variedadede marcas e modelos, atémesmo importados. Essa foi acoleção em que me empenheimais, porém, me desfiz dessacoleção depois que termineium relacionamento. Ela acha-va que colecionar tampinhasera um ato imaturo, até hojeme arrependo de ter desfeitoda minha coleção”, conta.

Já aos 20 anos de idade,Fábio começou a andar deskate e montou outracoleção, dessa vez de tênisskaters. Agora ele contém 23pares de tênis, sendo elesedições limitadas ou auto-grafados por skatistasfamosos, dentre estes apareceSandro Dias, o Mineirinho.

Fábio usa os tênis diaria-mente e diz que é uma tarefaárdua deixá-los em bom esta-do de conservação. "Tenho omaior cuidado do mundocom meus tênis, afinal, gasteibastante dinheiro neles,alguns mesmo foram compra-dos na internet porque nãoeram vendidos no Brasil. Eutambém não empresto praninguém meus tênis, pois dámuito trabalho mantê-losconservados", diz.

Outro caso curioso de cole-cionadores é o do vendedorGleidson Barbosa dos Santosde 27 anos. Ele conta quecomeçou a colecionar váriascoisas durante sua infância. Oscartões, selos, latinhas e revis-tas em quadrinhos eram suapaixão de colecionador, masdepois de um tempo vendeu osselos e os cartões passando adar maior ênfase para as latin-has e as revistas. Durante umamudança de casa, em 2006,Gleidson perdeu toda sua

coleção de latinhas, ele contaque deixou as latas na antigacasa, e quando foi buscá-lasnão havia mais nada. "Eu sus-peito que foi alguém da minhafamília que permaneceu nacasa acho que alguém deve teramassado e vendido, masnunca ninguém me disse a ver-dade sobre isso. Até hojehistória me entristece muito,pois eu adorava a coleção, jáhavia conseguido juntar lati-nhas do exterior". Depois disso,Gleidson diz que passou a val-orizar mais sua coleção derevistas, pois junto com acoleção veio a paixão pelodesenho. "São mais de 20 anosdesenhando, o grande pontode partida realmente foram osquadrinhos", afirma.

Ao contrário de Fábio eGleidson, o gerente TiagoDrummond, 22 anos, con-seguiu manter sua coleçãodesde o início. Ele mesmo seconsidera um colecionadoraficionado por bonecos, um

hábito que também começouna infância. Seu gosto porbonecos surgiu através dosdesenhos animados e filmesde ficção que tanto o impres-sionam. Na prateleira doquarto de Tiago pode se verbonecos famosos tais como,Os Cavaleiros do Zodíaco, oHomem-Aranha, o Wolve-rine e os Transformers. "Cole-ciono bonecos desde a infân-cia, agora nem mexo muitoneles, são apenas objetos dedecoração. Mas quando erapequeno eu tinha muito

cuidado, hoje eles estão per-feitos na minha prateleira",revela.

Com a chegada de novosfilmes de super-heróis no cinema, a procura por bonecosestá sendo muito maior e osfãs de miniaturas estãoaproveitando a nova fase,como afirma Tiago. "Cole-cionar bonecos hoje em diaestá muito mais fácil, asempresas estão fabricando osbonecos em grande escala eainda temos o auxílio dainternet”, explica.

MAIARA MONTEIRO

risco de ser assaltado diminui."Têm alguns lugares que vocênão vai não. Tem gente quearrisca, eu não arrisco", argu-menta.

Para Paulo Roberto Dias,que trabalha no mesmo pontoque Daniel Souza, o trânsitoda capital também vem oca-

sionando problemas aosmotoristas de táxi. Porém, otaxista considera que não hámuito o que fazer, e o melhoré ter muita calma quando seestá dirigindo. "Você tem quese controlar, não pode se irri-tar no trânsito", aconselha.

PÂMELLA RIBEIRO

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8 ComportamentoJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FAMÍLIAS OCUPAM TERRENO EM BHMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) busca a posse de um lote de 40 milmetros quadrados, localizado no Bairro Céu Azul, que está abandonado há 40 anos

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RAFAELA GOLTARA,1ºPERÍODO

Esperança, resistência,ousadia e luta. São essesos principais sentimentosnorteadores que impul-sionam as mais de milfamílias que, organizadospelo Movimento dos Tra-balhadores Rurais SemTerra (MST), pelasBrigadas Populares e peloFórum de Moradia doBarreiro, mantêm ocupa-do desde o último dia 9de abril um terreno de 40mil metros quadrados, noBairro Céu Azul, naRegião Metropolitana deBelo Horizonte.

Segundo a militante doMST, Renata Costa, hácerca de um ano sãofeitas pesquisas sobrelotes que não cumpremsua função social e queseriam ideais paracomeçar um acampamen-to. “A proposta do acam-pamento urbano é dar àsfamílias um local demoradia e de trabalho",diz. O MST tambéminforma que o terrenoestá abandonado háquase 40 anos além deacumular dívidas deimpostos que chegam aR$ 18 milhões.

O acampamento, quefoi batizado de OcupaçãoDandara numa home-nagem à companheira deZumbi dos Palmares, jáconta com aproximada-mente 3.300 pessoasentre crianças, jovens,adultos e idosos. “O pes-soal é dividido em gruposa cada 100 famílias. Cadagrupo tem um casal decoordenadores que ajuda

na organização e nadivisão das tarefas", revelaRenata Costa.

Joaquim Martins Tole-do, representante doMST, explica que o grupotem um corpo de enge-nheiros e arquitetos queajudarão na construçãodos lotes caso consigam aposse do terreno. “Deimediato, iremos constru-ir ruas para evitar afavela. Cada família teráo seu lote e no centro doterreno teremos hortascoletivas, onde serão pro-duzidos legumes, ver-duras e criaremospequenos animais paraconsumo da comu-nidade", afirma.

Ele também informouque os grupos se empe-nham para conseguirdoação de materiais deconstrução para as obras.“Pretendemos construircom nossos próprios pu-nhos. Queremos moradiasdignas para pessoas quese apoiam, se respeitam ese compreendem", com-pleta.

Joaquim Toledo revelaque cada integrante daOcupação Dandara fazparte de um cadastro,onde são coletadas infor-mações pessoais para queo MST faça as devidaspesquisas de compro-vação da real necessidadede moradia. "Tem muitooportunista querendoespaço. Mas aqui é umlugar de construção paragente pobre, necessitada.Se soubermos de algumoportunista, com certeza,pediremos para que ele seretire da ocupação", afir-ma o representante doMST.

Para Joaquim Toledo, aajuda da igreja católica edas congregações reli-giosas tem sido funda-mental. “As irmãs con-tribuem com a saúde dopovo. Fazem reuniões,verificam a medida e pesodas crianças para ver sehá grau de desnutrição eencaminham para postosde saúde quando hánecessidade. Elas tambémajudam na educação dejovens e adultos, poistodos precisam estudar",conta.

A Construtora Modeloafirma ser proprietária doterreno ocupado e entroucom uma ação de reinte-gração de posse junto aoTribunal de Justiça deMinas Gerais. A defesados ocupantes lideradospelo MST, composta poradvogados do própriomovimento, da PUCMinas, da UniversidadeFederal de Minas Gerais(UFMG) e da Faculdadede Direito Dom HélderCâmara fizeram um pedi-do de contestação e ten-tam obter na justiça adesapropriação do terrenoda construtora.

O professor de Práticase advogado do Núcleo deAssessoria Jurídica daPUC Minas, Cristiano deMelo Bastos, está ajudan-do no caso e informouque o processo está emandamento. "A liminar dejustiça que previa a rein-tegração de posse à con-strutora foi negada porum Agravo de Instrumen-to, pelo qual a defesaapresentou vários pontosa favor dos ocupantes.Agora estamos aguardan-do o recurso da constru-

Desde o dia 9 de abril famílias do MST ocupam o terreno por acharem que o mesmo não cumpre seu papel social

Função social da propriedadeA Reforma Agrária é um

sistema de divisão de ter-ras onde as propriedadesprivadas improdutivas sãocompradas pelo governo,loteadas e distribuídas parafamílias que não possuemterras para plantar. Asfamílias recebem os lotes eapoio do governo comofinanciamentos, infra-estrutura, assistência sociale consultoria para que pos-sam cultivar o terreno.

Em seu artigo 184, aConstituição Brasileira esta-belece a responsabilidadedo Estado. "Compete àUnião desapropriar porinteresse social, para fins dereforma agrária, o imóvelrural que não estejacumprindo sua funçãosocial, mediante prévia ejusta indenização em títulosda dívida agrária, com

cláusula de preservação dovalor real, resgatáveis noprazo de até 20 anos, a par-tir do segundo ano de suaemissão, e cuja utilizaçãoserá definida em lei", diz.

A Constituição tambémexplica que a função socialé cumprida quando a pro-priedade atende osseguintes requisitos:aproveitamento racional eadequado, utilização ade-quada dos recursos natu-rais disponíveis e preser-vação do meio ambiente,observância das dis-posições que regulam asrelações de trabalho eexploração que favoreça obem-estar dos propri-etários e trabalhadores.

O MST informa que éum movimento social queorganiza os pobres docampo, conscientizando-os

de seus direitos e mobi-lizando-os para que lutempor mudanças. Sua luta,além da Reforma Agrária, épor um projeto popularpara o Brasil baseado najustiça social e na digni-dade humana. Por issotambém não usam o termo"invasão de propriedade" esim "ocupação da pro-priedade improdutiva".

O Atlas da QuestãoAgrária Brasileira explicaque "o processo de ocu-pação é caracterizado peloestabelecimento efetivo depopulação e de atividadesprodutivas a partir daintensa transformação domeio natural, proporcio-nando a incorporação deporções do território aosistema produtivonacional".

Obras no Arrudas para evitar novas enchentes

Fruto de uma parceriaentre a Companhia deSaneamento de MinasGerais (Copasa) e aPrefeitura de Belo Ho-

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VANESSA ZÍLIO,3º PERÍODO

rizonte (PBH), as obrasque estão sendo realizadasno Arrudas, à altura daAvenida Tereza Cristina,entre as ruas Uberaba, noBarro Preto, e Vila Rica, noBairro Coração Eucarístico,têm como objetivo proteger

os interceptores às margensdo Ribeirão e acabar comos alagamentos ocasiona-dos pelo mesmo nestaregião durante o período dechuva.

Iniciadas no primeiro se-mestre deste ano, e com a

Copasa e a PBH estão trabalhando em conjunto para concluir as obras no Ribeirão Arrudas, na Avenida Teresa Cristina

MAIARA MONTEIRO

previsão de entrega aténovembro, as obras vêm deencontro as necessidadessentidas por moradores ecomerciantes destes bairrosque apresentam um grandehistórico de prejuízos oca-sionados pela falta deescoamento correto da águadas chuvas.

O último alagamentoque castigou a região ocor-reu no dia 31 de dezem-bro do ano passado e foi oponto mais crítico de todaa cidade. Neste dia, oRibeirão Arrudas transbor-dou deixando carros, casase estabelecimentos comer-ciais debaixo d´água. Den-tre os muitos que sofreramas consequências geradaspelo fato, estão às lojasHall 9000 e Ora Bolas,ambas localizadas à RuaDom João Antônio dosSantos, no Bairro CoraçãoEucarístico.

“Não pudemos nementrar na loja no diaseguinte. A água nãodeixava", revela LucinéiaFer reira dos Santos,

vendedora da loja OraBolas. “Ela (a água)chegou até a segundaprateleira de baixo paracima e o prejuízo foigrande", completa. Naloja Hall 9000 a históriafoi menos trágica devidoao acionamento dos sen-sores de alarme. “Quan-do a chuva começou aentrar o alarme disparoue eu ainda tive tempo desalvar alguns equipamen-tos", conta a proprietáriaque não quis se identi-ficar.

Na mesma rua outrosestabelecimentos com-erciais também foramafetados l evando aofechamento até mesmouma lo ja de car ros apoucos metros doribeirão. Depois destacalamidade alguns co-merc iantes não espe-raram muito para tomariniciativas. Instalaramcomportas e reforçaram,com silicone, os vidrosde suas vitrines, comofoi o caso das lojas Ora

Bolas.Quanto às esperanças

depositadas nas obraspelos inúmeros afetadospor transtornos causadospelo escoamento falhodas águas pluviais não sepode dizer muito. “Esta-mos tão cansados deesperar uma solução quequando ela vem, nósduvidamos um pouqui-nho", desabafa amoradora da região,Rosangela Fonseca Mor-eira.

Segundo a assessoriade imprensa da Copasa,numa extensão de 3.120metros, os serviços com-preendem o rebaixamen-to do leito natural doribeirão em dois a trêsmetros e , posterior-mente, o seu revestimen-to em concreto. A exe-cução deste projetoabrange investimentosde R$ 56 milhões, bene-f ic iando diretamentecerca 870 mil pessoasque residem na RegiãoOeste de Belo Horizonte.

MAIARA MONTEIRO

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9CidadeJunho • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

UNIÃO E APITOS GERAM SEGURANÇAApesar da falta de interesse de organizações que representam bairros da capital, o GAAM-BH tem ajudado a implantar em muitas ruas da cidade o projeto Rede de Vizinhos Protegidos

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ALINE SCARPONI,ISABELLA LACERDA,3° PERÍODO

"Vizinho é o parente maispróximo que a gente tem",afirma Márcia Baião, síndicado prédio onde mora no Bair-ro Floresta, Região Leste deBelo Horizonte, e responsávelpela implantação da Rede deVizinhos Protegidos na RuaMatias Barbosa. A implan-tação desse projeto no BairroFloresta só foi possível devidoà criação do Grupo Assisten-cial Amigos de Belo Hori-zonte (GAAM-BH).

O grupo surgiu no BairroRenacença, Região Nordesteda capital, mediante a ausên-cia de uma organização querepresentasse o bairro, fatorindispensável para a legaliza-ção do programa Rede de Viz-inhos Protegidos. "Para fazerparte do programa énecessário o intermédio deuma organização que repre-sente o bairro. Entretanto,essa tem sido uma dificul-dade, uma vez que nem sem-pre as associações de bairrorepresentam a comunidade",explica o sargento EduardoFelício do 20° Batalhão daPolícia Militar (PM).

O sucesso do GAAM-BHcontribuiu para sua ampliaçãoe hoje já auxilia outros bairrosda capital. "Começamos noRenascença, pois é ondemoramos. Estamos nos estru-turando, buscando apoio.Mas já conseguimos ajudaroutros bairros, como o Flores-ta", esclarece Geraldo MagelaMarques da Costa, presidenteda organização, que ressalta ocaráter apolítico do grupo.

A Rede de Vizinhos Prote-gidos é uma iniciativa da PMe se baseia na idéia de que apopulação também tem par-ticipação na segurança públi-ca. "No caso de alguma ocor-rência, antes mesmo da Polí-

tem que ir para a janela api-tar", explica.

Márcia, por ser a responsáveldo projeto em sua rua, lembraque ao distribuir o último apitoem uma residência passou poruma situação inusitada. "Fuientregar o último apito aqui narua e meu vizinho pediu paraapitar para testar. Mesmo apitan-

do baixinho, já apareceram vizin-hos na janela", relembra,ressaltando que, mesmo nuncatendo tido a necessidade de uti-lizar de verdade o apito, o baixoinvestimento na compra do apitopodem garantir grande segu-rança. "O apito custou R$3,50 e aumenta muito a suasegurança", reforça.

Solidariedade vai alémda rede de segurança

Para o sucesso do pro-jeto Rede de VizinhosProtegidos, o sargentoEduardo Felício, do 20°Batalhão da PMMG,ressalta a necessidade deamplo envolvimento dapopulação. "Noventa porcento é feito pela comu-nidade e somente 10%pela PM", afirma. Entre-tanto, nem todos estãodispostos a colaborar paraa eficácia da rede. Segun-do ele, muitas pessoasnão aderem por antipatiaaos vizinhos ou têmresistência com a aproxi-mação da Polícia Militar.Outras acreditam que aplaca atrairia mais mar-ginais.

Por outro lado existemaqueles que reconhecemos benefícios das placas,mas mesmo assim nãoaceitam integrar do proje-to. "A placa ajuda a inti-midar, mas é para fun-cionar. Tem uma vizinhaque quer colocar a placana casa dela, mas nãoquer participar. Ela querser ajudada, mas não querajudar", lamenta Márcia.

Entretanto, a Rede deVizinhos é tão solidáriaque cuida da segurança

daqueles que não colabo-ram. No Bairro Renas-cença, Região Nordestede Belo Horizonte, umasenhora que não partici-pava do projeto teve suacasa invadida. "Arrom-baram o portão. O vizin-ho ao lado apitou e osladrões foram emboraassustados", lembra Mar-cus Vinícius Tamietti,morador do BairroRenascença, que ressaltaque o interesse da redenão é o de substituir afunção da PM, mas daruma resposta mais rápidaàs ocorrências.

Outro fato marcante eexemplificador de soli-dariedade ocorreu emnovembro de 2007, nomesmo bairro. Um seque-stro de morador que nãointegrava o programa foiimpedido por uma vizin-ha que, observando omovimento estranho,chamou a PM. "A políciachegou antes que osassaltantes levassem abancária que lá moravacomo refém. Mesmo apósa ajuda, esses moradoresnão passaram a fazerparte da rede", comenta osargento Felício.

Márcia Baião anda com o apito a mão para o caso de alguma emergência

Devido a baixa adesão,Coração Eucarísticobusca nova alternativa

No Bairro CoraçãoEucarístico, Região No-roeste de Belo Horizonte,há cerca de quatro anos aassociação de moradorestenta implantar a Redede Vizinhos Protegidos.Entretanto, por receio desofrerem represálias, aadesão ainda é baixa."Está um fracasso. As pes-soas que aderem ao pro-grama têm que colocarplacas em frente a suascasas e isso, aqui, geramedo", observa o presi-dente da associação demoradores do Coreu,Iraci Firmino da Silva,conhecido por CapitãoFirmino.

Ele diz que devido abaixa adesão ao projeto,está havendo uma demo-ra em sua implantação, oque tem deixado as pes-soas desanimadas. "Opovo está descrente", afir-ma.

Como uma alternativapara aumentar a segu-rança no bairro, está emandamento o projeto Deolho na rua, que consistena distribuição de pe-quenos rádios para ossíndicos dos prédios daregião. "Os síndicos vãose reunir com a PolíciaMilitar e após receberemas instruções, repassarãoos rádios aos porteiros deseus prédios. Caso essespercebam algo suspeito,entraram em contatocom a PM", explicaCapitão Firmino.

Ao contrário do proje-to Rede de Vizinhos Pro-tegidos, o De olho narua apresenta um customensal que será repassa-do a cada prédio partici-pante. "Cada prédio teráque pagar R$ 86 rela-tivos ao aluguel dos rad-inhos", esclarece Firmino.

Marcus Vinicus é um dos responsáveis pela GAAM-BH e pelo sucesso da Rede de Vizinhos Protegidos em seu bairro

cia Militar chegar, o vizinho jápode ajudar", diz o sargentoFelício. Reforçando o argu-mento, o tenente WandersonJunior, do mesmo Batalhão,salienta a importância daimplantação da rede mesmoem locais onde não há altoíndice de criminalidade. "Arede tem caráter preventivo.Não se pretende somente apa-gar o fogo, mas evitar o incên-dio", esclarece.

IMPLANTAÇÃO Após amanifestação do interesse emparticipar do projeto, osmoradores se reúnem com aPolícia Militar, geralmente emalgum lugar público do bairro,e são orientados, por meio deapostilas, com dicas de segu-rança e sobre o funcionamen-to da rede. "A PM só faz areunião inicial e leva asprimeiras idéias sobre a rede.O resto é com os moradores,são eles quem combinam ossinais, que variam de rua pararua", afirma o sargento.

Além disso, Felício comen-ta que o único custo das pes-soas é com as placas que cada

morador coloca em sua casa,dizendo que fazem parte daRede de Vizinhos Protegidos,e com o apito, usado para acomunicação entre as pessoas.Ele acrescenta que as pessoasrecebem os números de tele-fones de todos os vizinhosinseridos na rede e um outronúmero que dá acesso direto àcompanhia da polícia, tornan-do desnecessário a chamadapara o 190.

BENEFÍCIOS Devido aofato de sua filha, Flávia Cris-tiane, trabalhar no comércioaté tarde, Maria José de AssisGonçalves aderiu à Rede deVizinhos Protegidos há quatromeses. Ela conta que não foi àprimeira reunião de implan-tação do projeto em sua rua,mas, que por ter um bom rela-cionamento com seus vi-zinhos, foi orientada por eles eoptou por integrar o progra-ma. "É um conforto para mime uma segurança para ela",ressalta.

Acostumada a ser líder, aaposentada Márcia Baião, quetambém é moradora da rua de

Maria José, justifica a procurapelo programa pela proximi-dade do bairro onde moracom o centro da cidade."Resolvi implantar aqui narua, porque o Bairro Florestafica muito perto da cidade, e acidade agora tem muitascâmeras. Os marginais estãomigrando para regiões vizi-nhas", opina. O sargento Felí-cio confirma e diz que percebeque a criminalidade nas ruasonde existe a rede é quasezero. "Os assaltantes normal-mente migram para onde nãohá a rede, aumentando osassaltos onde não há esse pro-jeto", alerta.

Na rua onde moram, sãocerca de 20 placas e 130 api-tos. "Só aqui no meu prédiotem 21 apitos", afirma a síndi-ca Márcia. A moradora diznunca ter sido assaltada,exatamente por ser muito pre-venida. Ela tem o costume deandar com o apito preso aochaveiro e estar sempre atentaa movimentação da rua."Observo quem está na rua,presto atenção no movimento.Se tocar o apito todo mundo

MAIARA MONTEIRO

A união faz a força e adquiremelhorias para as ruas da rede

O método encontradopor Márcia Baião paraconvencer os moradores desua rua, no Bairro Floresta,Região Leste de Belo Hori-zonte, a participarem daRede de Vizinhos Protegi-dos foi batendo de portaem porta. "Passei a con-hecer todo mundo com arede e foi fácil conversarcom as pessoas. Elasestavam dispostas", afirma.

Ela explica que não co-nhecia nenhum vizinho eque sentia falta dessarelação mais próxima,quase de amizade. "Oprimeiro prédio em quetentei conversar com aspessoas foi um que eutinha preconceito, poisachava que eles eram 'narizem pé'. Para a minha sur-presa, com eles fiz amizademais rápido", admite Már-cia.

Segundo o tenenteWanderson Junior, do 20ºBatalhão da Polícia Mili-

tar, essa integração é muitoimportante para o projeto."Hoje em dia, com a vidacorrida, as pessoas tendema se trancarem dentro decasa. A rede propicia ainteração entre vizinhos,resgata o envolvimentocomunitário", salienta.

De acordo com Márciaessa integração acaba aju-dando em outras ações emconjunto para a rua. Elaconta que devido a rede deágua e esgoto de sua rua sermuito antiga e estreita, écomum a ocorrência dealagamentos. Por isso, umavez houve uma enchente nagaragem de dois prédios desua rua, incluindo no localonde mora. "Antes nãosabia como resolver essasituação. Após a rede de vi-zinhos e a amizade com osmoradores daqui fiz umrequerimento na Prefeitura,com a assinatura dessesmoradores, para pedir quemudassem essa rede de

água", explica. Outro exemplo se deu

no Bairro Renascença,Região Nordeste da capital."Tínhamos um prédioabandonado da Policlínicaonde ficavam cerca de 30drogados. Fizemos um

abaixo assinado e con-seguimos tirar grande partedeles de lá. A ação só sedeu após a rede de vizin-hos", lembra Marcus Viní-cius Tamietti, morador dobairro.

PÂMELLA RIBEIRO

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10EsporteJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

TÊNIS LEVA CADEIRANTES AO ESPORTEONG formada apenas por voluntários dá oportunidade a crianças carentes e deficientes físicos de se desenvolverem no esporte. Iniciativa gera benefícios aos participantes

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MARCELA FERRAZ, REBECA LARA,RENATA DIAS,3° PERÍODO

A ONG Tênis paraTodos surgiu em 2004com a proposta de ofere-cer aulas gratuitas detênis para crianças e ado-lescentes de favelas e bair-ros humildes de BeloHorizonte. Porém, a enti-dade resolveu encarar odesafio de abrir espaçopara que pessoas emcadeiras de rodas praticas-sem tênis, programainédito na capital mineirae pouco desenvolvido nopaís. Tudo isso sem contarcom patrocinadores fixos."E ainda somos a melhorentidade do ramo daAmérica do Sul. É ummilagre", diz o pastor Ger-son Carlos de Souza, for-mado em teologia e emcomunicação, diretorexecutivo da ONG. Atual-mente, os beneficiadossão 128 crianças e 18deficientes físicos. Amaioria das atividades daONG ocorre na AcademiaDynamis, no BairroOlhos d'Água.

ORIGEM A idéia de umaentidade que proporcio-nasse aulas de tênis paracrianças e cadeirantessurgiu no início de 2003quando Gerson ainda tra-balhava como gerente deEsportes da RegionalCentro-Sul da Prefeiturade Belo Horizonte (PBH).Ele foi procurado por umaeducadora física interessa-da em saber se a Prefeitu-ra tinha algum projetosocial com essa modali-dade. "Claro que nãotinha, o tênis sempre foium esporte voltado paraas classes mais altas",

conta Gerson. Foi assimque ele soube que o Par-que Municipal AméricoRenné Gianetti possuíauma quadra de tênis edecidiu começar um proje-to piloto.

Inicialmente, os benefi-ciados eram 40 criançasdo Instituto Municipal deAdministração e CiênciasContábeis (Imaco). Oprojeto teve experiênciastambém com crianças doAglomerado da Serra. Nosegundo semestre de2003, Gerson e os profes-sores de tênis envolvidosno projeto organizaramuma reunião para discutiro aumento do número decrianças atendidas de 40para 60. Foi quando,depois de conhecer umdeficiente físico que prati-cava tênis em cadeira derodas, Gerson resolveuaumentar ainda mais seudesafio. Em agosto de2003, o projeto começousua experiência no tênisem cadeira de rodas comquatro atletas cadeirantes.

Em janeiro de 2004,percebendo que a Pre-feitura de Belo Horizontenão tinha como dar sus-tentação ao projeto, Gér-son decidiu fundar aONG Tênis para Todos,da qual é hoje diretorexecutivo, e buscar outrasparcerias. Todos os profes-sores de tênis são volun-tários.

Milana Silva, de 30anos, graduada em edu-cação física, é instrutoravoluntária desde 2004.Quanto conheceu o proje-to, trabalhava na prefeitu-ra como estagiária, eresolveu começar a daraulas de tênis na enti-dade. "Minha formaçãocomo professora de tênisaconteceu dentro do

Leonardo Araújo se destaca no esporte e se dedica integralmente ao tênis, o que o fez participar de vários campeonatos

Tênis para Todos", afirma.Desde então, faz parte daONG e dá aulas tantopara crianças quanto paradeficientes físicos. Suamotivação para trabalharsem remuneração é ajudaressas pessoas a se reinte-grar na sociedade atravésdo esporte. "A motivaçãomaior é ver como essaoportunidade mexe com avida dessas pessoas e tam-bém o carinho com que aequipe da ONG trabalhacom as pessoas", salienta.

Os atletas cadeirantesde maior destaque daONG são Rafael Me-deiros, 19 anos, DanielAlves, de 22 anos eLeonardo Araújo, de 38anos. Todos se dedicamtotalmente ao tênis e jáparticiparam de várioscampeonatos pelo país."Praticar esporte faz a

vida mais saudável e isso ébom para qualquer um.Não me acho inferior porser cadeirante. Tem que semotivar e se impor paraser respeitado", dizLeonardo, que ficou para-plégico aos 23 anos devi-do a um acidente comarma de fogo. Todosdevem as vitórias noscampeonatos à ação daONG. "Ela fornece todasas quadras, todo o materi-al para a gente treinar,todo o apoio" diz Rafael,que já chegou a participarde um mundial na Suíça.

PARCERIA A parceriacom a Dynamis TennisCenter, que disponibilizaas quadras de tênis paraa ONG, existe desde oinício. A união começouquando o diretor execu-t ivo Gerson conheceu

Claudius Tenório, pro-prietário da academiaDynamis, que começouapenas cedendo quadraspara o trabalho da Tênispara Todos com criançasde esco las dentro dopróprio Olhos d'Água.Mas a parceria cresceu, eGerson diz que o centroé o maior parceiro daONG. "Nunca gastamosum centavo com aluguelde quadras", afirma ele.E a Dynamis tambémestá envolvida na real-ização de todos oscampeonatos promovi-dos pela ONG.

"Comecei a organizar,conversar com o Gersonsobre o esporte, sobre ofato de ser um projetosocial. E começou a parce-ria com a ONG Tênispara Todos para desen-volver o projeto social

com pessoas de cadeirade rodas e crianças deduas escolas municipaisaqui do bairro" dizClaudius, que admite quesempre quis fazer proje-tos sociais do tipo ereconhece a importânciadessa oportunidade paraos beneficiados. "Nossoobjetivo é pegar uma cri-ança com quatro anos deidade e deixá-la formadaaté os 24 anos", explica.

CAMPEONATOS Ger-son conta que a iniciativade realizar torneiossurgiu depois que doisdos atletas da ONG par-ticiparam de um deles,em Brasília, em 2004."Pensei que seriam elimi-nados de cara", confessa.Mas foram surpreendi-dos: voltaram para BHcom um campeão e umvicecampeão.

A partir daí, a deman-da por campeonatossemelhantes aumentou.Em 2004, a ONG reali-zou o primeiro torneiointernacional, o BHOpen. Além dele, a orga-nização promove e realizamais três torneios inter-nacionais, o Minas Open,o Winner Brasil e o BrasilOpen. No final de 2009,a entidade comemora arealização de seu décimocampeonato.

Os torneios realizadosna Dynamis são bemorganizados e recebemelogios de grandes revis-tas de tênis e dospróprios atletas. “A únicaacademia de Belo Hori-zonte que tem estruturapara um torneio interna-cional, para ser aprovadapelo comitê internacionalé a Dynamis", afirmaGerson.

Atividade física que contribui para asuperação de diversos tipos de obstáculos

O campeonato de cadeirantes da Dynamis é acompanhado por estudantes

RENATA DIAS

O esporte é uma ativi-dade de convivência e queexige confiança. Quandoalguém sofre algum pre-conceito ou acredita nãofazer parte da sociedade,ele tende a se fechar e éaí, então, que o convíviocom outras pessoas seme-lhantes pode fazer dife-rença. O tênis, assimcomo os outros esportes,tem um importante papelde integração social paraessas pessoas.

Projetos esportivos queenvolvem pessoas maisvulneráveis a essa ex-clusão social (como cri-anças carentes, deficientesfísicos e idosos) as reinte-gram à sociedade atravésda conscientização de quetodos têm problemas ecompetências pararesolvê-los. A atleta

brasiliense de tênis emcadeira de rodas, RejaneCândida, 31 anos, afirmaque a prática de tênis pos-sibilitou-lhe uma visãomais otimista em relaçãoà vida. "Saber que é capazde enfrentar obstáculos esuperar limites é essencialna vida de todos", diz. Amelhoria na saúde dessaspessoas, gerada pelo exer-cício físico, dá a elas maisdisposição para traçar econquistar objetivos, pro-porciona aos atletas con-hecerem muitos lugares eainda pode ser uma fontede renda para aqueles quese profissionalizam.

Cláudio Alvim, 34anos, diretor do departa-mento de saúde da ONGTênis para Todos, fisioter-apeuta especializado emfisioterapia desportiva e

mestre em Ciência daMotricidade Humana,lembra que manter aprática de uma atividadefísica regular faz bem atodos nós, mas, no que serefere aos cadeirantes, osbenefícios ainda sãomaiores: “A pessoa nãofica em casa parada,sentindo-se um zero àesquerda. O esporte temesse valor, de integrar aspessoas". As deficiênciasfísicas entre os jogadorescadeirantes são variadas,há alguns que apenasmancam, o que é sufi-ciente para que eles nãopossam competir emiguais condições com osatletas andantes.

Nos treinos e campe-onatos, os atletas têm achance de conhecer pes-soas com diferentes limi-

tações. Acompanhar asconquistas e evoluçõesdos colegas de esportemotiva todos à volta,como é o caso da instru-tora Milana Silva. "Eu meinteressei tanto pelariqueza desse trabalho,pelo brilho no olhardaquela pessoa que estavaexcluída socialmente ecomeça a ver, no tênis,outras oportunidades dereinserção social. É incrí-vel como o esporte trans-forma a vida dessas pes-soas", justifica.

Rodrigo Lima, 30anos, é administrador deempresas em São Pauloe, por ter encurtamentode tendão por ter nasci-do prematuro, competepelo tênis para ca-deirantes. Ele acreditaque a experiência que

conquistou foi o maiorbenefício que teve como esporte. "Conheci ummundo novo, pois anteseu não sabia como é avida dos cadeirantes. E,de repente, nós queestamos sempre recla-mando da vida e nos

isolamos por qualquercoisa, ao conhecermosesses atletas, que sãoum exemplo de supe-ração, percebemos quenão têm importânciaaqueles problemas quepensávamos ser gran-des", conclui.

MARCELA FERRAZ

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Livro de ginecologista convidamulher madura a se cuidar

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FERNANDO ROCHA3° PERÍODO

Há 40 anos no exercícioda ginecologia e professoraadjunta da Faculdade deMedicina da UniversidadeFederal de Minas Gerais,Jacy Bastos Görgens, 60anos, sempre se preocupoucom a boa nutrição e formafísica de suas pacientes.Percebendo que muitasdelas se encontravam compeso inadequado e defor-mação física, além de cons-tatar que faltava literaturarelacionada à alimentaçãona fase madura das mu-lheres, a médica decidiuescrever o livro Mulhermadura, alimentação e co-zinha: tudo a ver.

Lançado no final do anopassado, a obra possui 18receitas de culinária queutilizam ingredientes comocereais, carnes, frutas,legumes, e é recomendadotanto para mulheres obesas

quanto para aquelas que seencontram no período damenopausa.

"A mulher madura é aque eu mais encontro com aalimentação inadequada edeformação física", diz aginecologista. O intuito dolivro, segundo a autora, éfazer com as mulheres secuidem, adquira um hábitosaudável de alimentação,permitindo, assim quemarido e filhos também secuidem.

MENOPAUSA De acordocom ela, a mulher se tornabastante vulnerável durantea menopausa, pois emfunção da diminuição defuncionamento dos ovários,o metabolismo dela sofrealgumas mudanças. Porisso, a importância da qual-idade e da variedade dosalimentos, já que para semanter em dia com a saúdedepende também de bonshábitos alimentares.

"Eu achei muito bom ela

ter esta ideia, porquemuitas doenças vêm da máalimentação", conta a tam-bém ginecologista.

Leda Caporali deOliveira, 72 anos, fala daimportância da publicaçãodo livro para as mulheres."Gostei tanto que compreivários exemplares para pre-sentear minhas irmãs",completa. Ela observa que aautora se preocupa em tra-zer receitas fáceis de seremexecutadas e com ingredi-entes baratos e fáceis deserem encontrados. "Hoje aprioridade é a rapidez", diz.

Jacy tenta, através dolivro, seduzir e despertarnas mulheres o interessepela cozinha e pela quali-dade dos alimentos. "Asmulheres que não gostamde pilotar o fogão precisamter alguém pela alimentaçãoda família", observa. Aindaaconselha que consultas re-gulares ao médico, para queele possa avaliar a sua ali-mentação, e seguir as su-

gestões do seu livro é umbom caminho para quemdeseja ter uma vida longa esaudável.

Apesar do público-alvodo livro ser a mulher madu-ra, ela ressalta que "a su-gestão de boa alimentação éválida para qualquer um".Entusiasmada com a reper-cussão do seu livro, Jacy jáestá escrevendo outro livro,e deverá ser publicado emoutubro, porém este abor-dará a questão da gravidezna juventude.

DICAS Mulher madura, ali-mentação e cozinha: tudo aver, além de trazer receitasdeliciosas e saudáveis,ainda traz dicas fundamen-tais para se atingir ou man-ter uma alimentação ade-quada. Dividido em 18capítulos, o livro traz infor-mações que vão desdecomo preparar um café damanhã à compra e a preser-vação dos alimentos. Sergipana de Itaporanga

Dra Jacy, em seu consultório, exibe ao fundo seu livro e uma de suas receitas

PÂMELLA RIBEIRO

D'ajuda, Dra. Jacy contaque seu interesse pela cozi-nha veio quando, aos 11anos de idade, ganhou deseu pai um livro deculinária. Receitas como,biscoito de maisena e bis-coito de fubá de milho é desua mãe, porém outras sãoinvenções dela, baseadasnos produtos da mo-dernidade e na culinária

alemã, como o hambúrguerde soja e a panqueca deQuinua, um grão consumi-do pelos andinos, rico emproteínas, carboidratos debaixo teor calórico, etc.Trouxe descobertas e expe-riências vividas no exteriore adaptou à comidabrasileira, que para ela éuma das mais saborosas ericas do mundo.

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DESRESPEITADA Apesar da poluição causar a morte de milhões de pessoas, a resolução criada pelo Conama que determina que veículos devem usar óleo diesel menos poluente não tem sido cumprida

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MARCELO COELHO DA FONSECA, 5º PERÍODO

A resolução 315 do Con-selho Nacional do MeioAmbiente (Conama) quedetermina que os veículosautomotores brasileirosdevem usar óleo dieselmenos poluente desde o diaprimeiro de janeiro de 2009ainda não foi cumprida.Segundo a organizaçãomundial de saúde a poluiçãoé responsável pela morte demais de mais de dois mil-hões de pessoas por ano emtodo o mundo.

Desde 1986 o Proconve(Programa de Controle daPoluição do Ar por VeículosAutomotores) estipula pa-râmetros de emissões degases para a frota brasileira asexta fase do programa des-tinada aos veículos movidosa óleo diesel foi denominadaP6 e entrou em vigor emjaneiro desse ano, mas suasdeterminações ainda nãoforam cumpridas. É aprimeira vez que uma novafase do programa não érespeitada desde sua criaçãoa mais de 20 anos.

A resolução 315 estabe-lece um teor máximo de 50partes por milhão de enxofreno óleo diesel, para chegar aeste número os veículos pre-cisam queimar um com-bustível menos poluente, ochamado S50. Esse com-bustível, cujo investimentofoi de quatro milhões dedólares já foi desenvolvidopela Petrobrás, mas porenquanto só está sendo dis-tribuído para as Regiões Me-tropolitanas do Rio deJaneiro, São Paulo, Belém,Fortaleza e Recife, em BeloHorizonte a Petrobrás prevêa produção a partir de 2010."O diesel S50 tem umaqualidade diferenciada, por-tanto para trazer o produtopara BH será uma formadiferente do abastecimento

das cidades que estão nacosta. Em BH vamos pro-duzir esse diesel em breve, jáestamos produzindo em nos-sas refinarias", conta PauloBandeira, gerente geral daRefinaria Gabriel Passos.

O diesel distribuído paraas demais capitais brasileiraspossuiu 500 partes por mi-lhão de enxofre, dez vezesmais do que o novo diesel.Regiões Metropolitanas comgrande número de habi-tantes como Belo Horizonte,Porto Alegre e Salvadordevem receber o novo com-bustível em janeiro de 2010.As cidades do interior uti-lizam um diesel ainda maispoluente, que possui 1800partes por milhão de enx-ofre.

José Cláudio Junqueira,presidente da FundaçãoEstadual do Meio Ambiente(FEAM) acredita que odiesel S50 já deveria terchegado em BH. "BH é aterceira região metropoli-tana, e principalmente oentorno da cidade, principal-mente as áreas mais indus-trializadas, já deveria estar

Refinaria da Petrobrás Gabriel Passos, na Região Metropolitana, passará a produzir o Diesel S50 somente em 2010,

recebendo este combustívelmais limpo. Então nossareclamação é o seguinte,porque essas ações nãoforam feitas mais cedo, etemos que saber ondepodemos avançar mais, paraque seja mais ágil essa dis-tribuição em BH, para queos pulmões dos nossoscidadãos sejam mais preser-vados", afirma José Carlos.

Além do diesel commenor teor de enxofre, tam-bém são necessários veículoscom motores menos polu-entes para atender a res-olução 315. Os fabricantesainda não adequaram seusveículos as novas especifi-cações pois, segundo HenryJoseph, presidente da Comis-são de Energia e Meio Ambi-ente da Associação Nacionaldos Fabricantes de VeículosAutomotores (Anfavea), osnovos motores dependem dautilização do diesel S50."Para fazer o veículo con-forme a 315 ocorre umademanda que ele use umdiesel com qualidade melhordo que aquele que estádisponível hoje, então é

impossível fazer um veículose ele não pode ser abasteci-do no mercado, esse veículose abastecido com com-bustível inadequado poderiatrazer problemas funcionaisgravíssimos, chegando inclu-sive a poder parar no meioda rua", explica.

OMISSÕES E PUNIÇÕES Osrepresentantes de Petrobráse da Anfavea responsabi-lizam a ANP (AgênciaNacional do Petróleo) peloatraso no cumprimento daresolução do Conama.Caberia a ANP especificaras características do novocombustível em janeiro de2006, mas a agencia só emi-tiu os parâmetros em out-ubro de 2007. Durante umdebate publico realizado emmaio deste ano em BeloHorizonte, a representanteda ANP, Rita de Castro Fer-reira disse que houve omis-são por parte de todos osenvolvidos. "É errado falarque a agência é a culpada, aquebra dos prazos não foi deresponsabilidade apenas daANP", explica Rita.

Punições e mudançaspara evitar futuros erros

Apesar da assinaturado termo de ajuste deconduta, a Petrobrás e osfabricantes de veículos ea ANP não estão livresde punições. A procu-radora Ana Cristina Linsdo ministério publicofederal promete contin-uar investigando o caso,para que em 2013 odesrespeito às normasambientais não volte aacontecer. "Quando sechegou na hora documprimento se verificouque não havia osmotores, os veículos nãoestavam prontos, porquenão havia veículo? Foipor falta de especifi-cação? E qual a respons-abilidade dos envolvidos?Este é o objeto da minhainvestigação, estou inves-tigando os responsáveis.Está previsto no acordoque se qualquer um fal-har, seja a indústria auto-mobilística oupetrolífera, haverásanções e multas, e casoseja desobedecidas con-stitui-se um crime", dizAna Cristina.

Entretanto mesmo queo diesel S50 comece a serdistribuído em todo opaís o problema não serátotalmente resolvido. Deacordo com a Petrobrásos testes realizados como novo combustívelapontam diminuição naemissão do enxofre naatmosfera apenas nosveículos fabricados após

o ano 2000, quando afase P3 do Proconve pas-sou a vigorar exigindo dofabricante motoresmenos poluentes, aproxi-madamente um terço dafrota brasileira foi pro-duzida antes desta data.Frederico Kremer, ger-ente de Soluções Comer-ciais de Abastecimentoda Petrobrás, explica estaquestão. "Veículos fabri-cados antes de 2000 obenefício é nulo, segundoos testes feitos lá no Riode Janeiro, e este benefí-cio para veículos maisnovos está entre 11% a12%", observa.

Representantes de fa-bricantes de veículos e deórgãos ambientaischamam atenção paraoutros gases nocivosprovenientes da queimado combustível, que re-presentam problemasambientes para cidadesbrasileiras, é o caso deBetim, que sofre com oalto teor de gás ozônio,Elisete Gomidez Dutra,gerente da gestão de qua-lidade do ar da FEAM(Fundação Estadual doMeio Ambiente) estáestudando o caso. "Temosobservado desde 2008um aumento expressivona concentração deozônio, chegando até olimite máximo. Ele reagecom alguns outros gasesque são muito prejudici-ais para a atmosfera",conta Elisete.

MARCELO COELHO

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12CidadaniaJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ASSOCIAÇÃO TEM OFICINA DE BALÉn

ANDERSON FABIANO DE SOUZA,JACQUELINE DOS ANJOS,2º PERÍODO

A pedido de uma amigaque queria que sua filhafizesse aulas de balé, masnão tinha condições finan-ceiras para colocá-la emuma aula particular dedança, a professoraCristiene Alcântara Valenteresolveu iniciar um projetocom oficinas de balé naAssociação Comunitária doBairro Guarani (Ascobag).Iniciadas em março de2006, as aulas tinham ape-nas 12 crianças. Atua-lmente, já contam com apresença de cerca de 180crianças na sede da associ-ação, duas vezes por se-mana, sendo as alunas divi-didas em turmas de dife-rentes horários.

De acordo com Cris-tiane, as aulas tendem aterem ainda mais alunas ea serem um sucesso aindamaior. Segundo ela, alémda oficina de balé, aAscobag oferece aos mem-bros da comunidade dife-rentes possibilidades deoficinas, tais como ginásti-ca, capoeira, bordado e, embreve aulas de ioga. Osalunos contribuem com R$15 para a manutenção dasede, todavia aqueles quenão podem pagar, podemfazer as aulas de graça.

COMEMORAÇÃO Em maio,a Ascobag realizou um fes-tival com apresentações deginástica e coreografias debalé na Escola MunicipalHélio Pelegrino, situada noBairro Aarão Reis, emcomemoração ao dia das

Cristiene Alcântara dá aulas para uma de suas turmas. O projeto já conta com cerca de 180 crianças participantes

mães e ao aniversário detrês anos da oficina de baléno bairro. Além disso, noevento foi realizado umconcurso de coreografias debalé para avaliar e incenti-var a criatividade das alu-nas. O concurso contoucom a participação de 11grupos de alunas, com core-ografias e músicas dife-rentes, desenvolvidas eapresentadas pelas própriasalunas da oficina.

O público do espetáculoera composto por pais, ami-gos e familiares das pessoasque iriam se apresentar,além de outros membros dacomunidade, entusiastasem geral do festival e dasmães das alunas mais novasdo balé, que apresentaramuma homenagem às mãesno início do festival. A

competição contou com osjurados Ronildo dos San-tos, bailarino, integrante dogrupo Fator Humano e pro-fessor de jazz moderno eafro; Elaine Saldanha, pro-fessora e bailarina; AntônioGonzaga, professor dogrupo Ginástica Livre; eMárcia Regina, educadora eprofessora de artes da LBV.

COMPETIÇÃO Cristiene,professora do grupo debalé, avaliou de forma po-sitiva a apresentação desuas alunas. "Eu sou meiosuspeita para falar, mas,para mim, a apresentaçãofoi muito bonita", diz.

Segundo os jurados foiuma competição de nívelequilibrado entre as apre-sentações das competido-ras e as avaliações foram

feitas de forma bem justa.As apresentações foramdivididas entre quatro cate-gorias: básico infantil, bási-co, preparatório infantil epreparatório infantil eadulto. Venceram essas cat-egorias, respectivamente,os grupos que apresen-taram as coreografias paraas músicas: "A Música EmMim", "Soube Que MeAmava", "Abalou" e "Donodo Meu Coração". A classi-ficação geral contou com acoreografia para a música"Soube Que Me Amava"em primeiro lugar, "AMúsica Em Mim" emsegundo lugar, "DancerGirls" em terceiro lugar e"Dono do Meu Coração"em quarto lugar.

Além das apresentaçõesem homenagem às mães e

das coreografias feitas parao concurso, o festival tam-bém contou com a apre-sentação das senhoras dogrupo Ginástica Livre quefazem parte da Ascobag.De acordo com Ornelinadas Graças (Nega) e Mariade Carvalho, as aulas temajudado bastante na

questão de flexibilidade,melhora de dores no corpoe articulações, já que umaparte deste grupo está namelhor idade, mas o bene-fício principal é o círculode amizade que é construí-do a partir do momentoem que se freqüenta asaulas.

Aprendizado que vai além da dançaDe acordo com

Cristiene, há uma pre-ocupação no rendimentoescolar das alunas, quesão acompanhadas deperto visando que seuaproveitamento na esco-la seja sempre alto. Alémdisso, segundo ela, asalunas, além deevoluírem na escola ecomo dançarinas,evoluem muito comoseres humanos. "Psico-logicamente, eu achoque elas deram umaevoluída. As mães falamcomigo que elas ficammais calmas, mais sorri-dentes e fazem amizadesaqui dentro. Elascrescem na parte daautoestima", aponta.

Essa evolução das cri-anças pode ser observadanas opiniões de algumasmães de alunas da ofici-na ao falarem da apre-sentação de suas filhas edo projeto como um

todo "Eu estou achandomaravilhoso. A minhafilha está muito empol-gada, melhorou muito naescola depois que elacomeçou a freqüentar asaulas", diz Maria HelenaTomaz, mãe de AnaLuiza Tomaz Rodrigues,que tem sete anos e fazaulas de ballet há umano e três meses.

"Isso é importante pracriança, para o desen-volvimento da coorde-nação motora e para aconcentração também",diz Valdeia da Luz Fre-itas, mãe de Maria LuizaFreitas de Oliveira, quetem 9 anos e começou afazer ballet este ano. Asalunas da oficina de bal-let já vêm fazendo diver-sas apresentações epodem ser contactadaspara informações e paranovas apresentaçõesatravés do telefone daAscobag: 3433-2338.

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RODRIGO OTÁVIO DE

OLIVEIRA, 6º PERÍODO

O mês de setembroé especial para umaturma de direito daUniversidade Federalde Minas Gerais(UFMG), formada em1984. Anualmente, osex-colegas de sa lareúnem-se sempre nadata da colação degrau, dia 17 de setem-bro, no bar do MinasTênis Clube, indepen-dente do dia da se-mana. O número depessoas do grupochega a variar entretr inta e c inqüentapessoas. Desde 1985,o encontro nunca fa-lhou.

O objetivo da con-fraternização, quereúne colegas daturma, alguns fami-liares e antigos profes-sores é bem simples:trocar experiências,conversar, divertir e,claro, manter contato.Sempre com muitamúsica, abraços, fotos A advogada Jane Calmon guarda as fotos dos encontros e relembra as histórias e bons momentos dessas reuniões

e uma tradicional cerve-ja, a turma já organiza o25º encontro. Profission-ais de várias áreas dodireito, como advogados,juízes, delegados, fun-c ionár ios públ icos epolíticos trocam exper-iências e alguns vêm deoutras cidades do interi-or do estado para partici-par da reunião. Aevolução f í s ica emudança de aparênciados participantes é sem-pre motivo de diversão,quando são comparadoscom fotos antigas.

INTERCÂMBIO Crisvo-ne Araújo, advogado for-mado na turma de 1984e um dos organizadoresdos encontros , contaque, na época da for-matura, vários pequenosgrupos dos turnos damanhã e noite espa-lharam a not íc ia dasprimeiras reuniões e, aospoucos, as pessoas foramcomeçando a frequentá-las. O intercâmbio entreos turnos e a união doscolegas foi importantepara que os encontros

dessem certo. Si lv inoMachado, que tambémsempre esteve à frentedo evento e compareceuem todas as reuniões,destaca a figura de umlíder para mobilizar oscolegas, a união de todose que os professores, pre-sentes em muitos encon-tros, já eram parceiros decer veja antes da for-matura. "A turma é ani-madíssima, espetacular.Este encontro é inéditoem Minas Gerais", desta-ca o também advogado.Um dos fatos maiscuriosos durante os vintee quatro anos foi protag-onizado justamente porum professor: ele deu depresente o pagamento daconta da noite para osmais de quarenta ex-alunos presentes.

A integrante da turmaJane Calmon achaimportante manter con-tato com pessoas queparticiparam de uma faseimportante de sua vida.Mãe de uma estudantede dire i to, e la nãopercebe a mesma uniãodos amigos da f i lha

Bairro Guarani, Norte de Belo Horizonte, tem atraído a comunidade com aulas de bordado, capoeira e ginástica, mas a dança é quem tem conquistado a atenção das crianças da região

Encontro Marcado reúne amigos há 24 anos em BHcomo havia em suaépoca. A advogadadestaca que seus colegaseram unidos e que,atualmente, as pessoassão egocêntr icas eamizades verdadeirassão poucas. O segredopara o raro encontro ser

mantido está nos laçosfortes de amizade entreas pessoas. "Minha filhaacha muito interessanteeu sair sempre dia 17 desetembro para encontrarcom a turma de facul-dade", conta.

Para o 25º encontro,

Crisvone disse estarpreparando algo espe-cial . Antes do grandedia, outros encontroscom um número menorde pessoas, em lugaresalternativos, acontecerãopara organizar as "bodasde prata" da festa.

MAIARA MONTEIRO

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13EducaçãoJunho • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CONVÍVIO ESCOLAR É REPENSADOTese de doutorado sobre o tema “A criança problema e o mal estar dos professores: um sintoma social”, de Margarete Miranda, convida educadores a reverem sua conduta em sala de aula

“Minha turma é umaturma de capetas” ou“não aguento mais essealuno”. Essas afirmativas,segundo MargareteMiranda, professora epsicóloga integrante doNúcleo Interdisciplinar dePesquisa em Psicanálise eEducação (NIPSE) daFaculdade de Educação daUniversidade Federal deMinas Gerais, não sãoincomuns nos relatos deprofessores ao descre-verem a sala de aula emque trabalham ou caracte-rizarem sua convivênciacom alunos. A especia-lista, que desenvolve suatese de doutorado arespeito do tema “A cri-ança-problema e o mal-estar dos professores: umsintoma social” asseguraque grandeparte de con-flitos exis-tentes entrealunos e pro-fessores podeser produto deuma relaçãotensa, e pode serevitado quandose encontranovas formas dee n t e n d i m e n t oentre ambas aspartes.

A ideia para odesenvolvimento da tesesurgiu das situações vivi-das nas experiênciasprofissionais anteriores deMargarete. Antes de segraduar em psicologia, elaministrou aulas para umaturma de alunos da redepública de ensino, consi-derada “especial” na esco-la, por se configurar amais inquieta. “A minha

primeira experiênciaprofissional foi dandoaulas para crianças de setea nove anos. Essa turma,de tão agitada, era segre-gada na escola, não par-ticipava dos eventos enem tinha livros didáticos.Lutei pela turma”, relem-bra a professora. “Essaexperiência me tocou,porque 30 anos depois fuifazer minha tese sobreesse assunto”, diz.

Posteriormente, ao tra-balhar como psicóloga emum posto de saúde, noqual atendia alunos con-siderados “difíceis”, queeram encaminhados pelasescolas da região, a psi-cóloga intensificou suasobservações quanto ao re-lacionamento aluno-pro-fessor e decidiu aprofun-dar seus estudos. “Eunotava que havia muitas

queixas dos alunos quantoaos professores. Daísurgiu a vontade deencontrar com os profes-sores. Eu me perguntavaaté que ponto esse alunodifícil não é produzido narelação”, explica.

CONVERSAÇÕESPensando na necessidade deouvir a experiências dosprofessores, a psicóloga,

que também trabalhou 15anos na Secretaria Mu-nicipal de Educação, orga-nizou um espaço de con-versação com os profes-sores, que reunidos empequenos grupos, têm aoportunidade de trocaremexperiências e expres-sarem seu mal-estar. “Nãoé terapia de grupo. É umaassociação livre coletiviza-da. Eles trocam experiên-cias, saberes, queixas e im-potência. Além disso, emgrupo o que uma pessoafala toca a outra em suasubjetividade”, comenta.

Segundo a especialista,com o passar do tempo, asconversações se tornamcada vez mais eficazespara que o próprio profes-sor passe a enxergar suacontribuição para a situ-ação de incômodo quevivencia. “O grupo de

conversação no iní-cio é só queixa edelegação de culpa.Depois que a pa-lavra circula é queo professor passaa se incluir nasituação que oscerca. O impor-tante é o profes-sor perceber,durante as con-versas, que oaluno ‘im-possível’, épossível”, ob-

serva. Ministrando aulaspara uma turma especialda Escola Municipal JoséDiego, localizada na Pe-dreira Prado Lopes, AnaVitória Furtado, professo-ra há 20 anos, ficousabendo do projeto deconversações na escola emque trabalha e decidiuparticipar. Ela, que fre-quentou durante um anoas reuniões, relata que atroca de experiências comoutros profissionais da área

Relação entre professor e alunodeve evitar mal-estar

enriqueceu sua didática.“Dou aulas para turmasinseridas em um projetonovo da Prefeitura. Meusalunos são crianças quechegaram à oitava série eainda apresentam dificul-dades de leitura e escrita.As reuniões me ajudarammuito, porque reforçaramminha ideia de valorizar odiálogo com os alunos”,explica.

CRIANÇA PROBLEMA Ca-racterizando os alunos queapresentam dificuldade deaprendizagem e comporta-mento “difícil”, a expressão“criança problema” surgiuem 1939 no contexto decriação da escola dem-ocrática e ressurge no sécu-lo XXI com grande vigor.Segundo a psicóloga Mar-garete Miranda, entretan-to, com o passar do tempoas características da “cri-ança problema” nãomudaram muito, mas a

explicação para o problemamudou. “Antigamente arepressão era muito grande,o formato de educação eramuito rigoroso. Hoje, con-vivemos com a falta delimites em uma sociedadeque não sabe lidar com afalta”, assinala.

Para ela, quando o profes-sor passa a rotular o aluno,considerando-o um proble-ma, ele acaba por contribuirpara que este se comporteda maneira designada.“Quando se nomeia a cri-ança de ‘criança problema’,ela pode se identificar com orótulo e ficar para sempreassim”, alerta a psicóloga. Asrepresentações, segundoMargarete, contribuem paraa estagnação, comprome-tendo o desenvolvimento dacriança e exacerbando astensões em sala de aula.Destravar posteriormenteessas identificações, se tornamais difícil, embora de

extrema importância. Paraela, não se deve dizer“aluno problema”, nem“professor problema”.

Tendo também o objeti-vo de contribuir para queos professores revejam suasatitudes quanto a rotu-lação de alunos, durante asreuniões dos grupos deconversação, é pontuadapor Margarete a necessi-dade de se buscar novassoluções para as situaçõesvividas em sala de aula, ese desvendar conceitosassimilados pela sociedadeao longo do tempo.“Muitas pessoas falam quecriança problema é igual afamília problemática. Essaé uma equação que nemsempre pode ser feita. Nasconversações, as con-tradições aparecem. O me-lhor aluno de uma profes-sora tinha pais analfabe-tos”, exemplifica Mar-garete.

Outro fator que con-tribui para a estagnação dacriança é o fato de ospróprios responsáveis porseu aprendizado assumi-rem uma conduta des-crente quanto a capacidadede desenvolvimento doaluno. “Cada aluno deveser visto em sua singulari-dade. Cada aluno é únicopara cada professor eresponde ao seu jeito e aoseu tempo”, reforça apsicóloga.

Compartilhando acrença de que é precisoromper com estereótipos, aprofessora Ana Vitória Fur-tado diz que conseguiucontornar várias situaçõesem sala de aula, ouvindoos alunos. “A gente temmania de julgar o alunosem conhecer sua reali-dade. Para mim o diálogovem em primeiro lugar”,acredita.

Em meio à transfe-rência de funções entrefamília e escola, o quese constata é o prejuízoda criança, que per-manece sem noções delimite e carentes decuidados. A autora dolivro “Adolescência naescola: soltar a corda esegurar a ponta” Mar-garete Miranda, contaque muitos educadoresdizem que as famíliasatuais estão trans-ferindo tanto a autori-dade quanto amor paraa escola.

De acordo com aautora, os pais atual-mente têm sido orien-tados pela tecnologia econsumo e se mostrammuito “contaminados”pelo conceito de trau-ma. Essas concepçõesprovocam o recuo nãosó da família como doadulto, frente a suafunção de transmitir o

saber e ocupar seu lu-gar de autoridade. “En-frentar as crianças éfrustrá-las e não temeducação sem frus-tração”, esclarece aescritora que tambémaponta a característicahedonista da culturaatual como outro fatorque contribui para queos pais não queiram de-sagradar as crianças.

Dessa forma, trans-pondo as barreiras fa-mília–escola, a psicólo-ga alerta que a res-ponsabilidade perantea educação do jovem éde qualquer adulto.“Pais e professores têmque cumprir suasfunções quando na pre-sença das crianças. Éresponsabilidade doadulto não se eximir efazer a mediação dacultura”, constata.

A responsabilidade da família e da escola

nALINE SCARPONI,3° PERÍODO

Quando cursava o séti-mo ano do Ensino Funda-mental, Jéssica Dias pas-sou por uma situação“desagradável e cons-trangedora” em sala deaula. Um professor dematemática, como formade manter a disciplina,retirava pontos dosalunos de acordo com oque ele interpretava comodesrespeitoso e ina-propriado. “Quando eleestava em sala não sepodia fazer nada. Porexemplo, se a pessoabocejasse perdia doispontos”, afirma. Segundoela, o constrangimentovivido foi ocasionadopelo fato de ela ter defen-dido um colega, que foirepreendido pelo profes-sor por estar apresentan-do um aluno novato paraa sala. “Esse professor deforma muito grosseira e

na frente da turma inteiradisse: se o novato é ele,deixa que ele se apre-sente. Eu achei aquilo tãoinjusto que falei: ‘poxa’professor, o Marcelo sóestava sendo receptivocom o novato. O profes-sor olhou pra mim edisse: Jéssica e Marcelo,vocês perderam cincopontos”, recorda a garota,que hoje cursa o terceiroano do Ensino Médio naEscola Estadual MadreCarmelita.

Para ela, o professorem questão poderia serconsiderado um “profes-sor problema”, mas, de-pois de observar e enten-der a realidade e rotina aque estão submetidos oseducadores, ela passou aadmirar sua persistênciaem ensinar. “Na minhaescola percebo algunsprofessores mal-humora-

dos. Mas, se considerar oque eles passam em salade aula, acho que eles sãoaté muito fortes em estarali”, analisa Jéssica, quediz gostar de matemáticae pretender cursar enge-nharia de produção.

Margarete Miranda,professora e psicóloga quedesenvolve sua tese dedoutorado a respeito dotema. “A criança-proble-ma e o mal-estar dos pro-fessores: um sintomasocial”, também associa ainsatisfação de algunsprofessores com o tipo decondições de trabalho aque estão submetidos. “Oexcesso de atividades emsala de aula tira o foco dotrabalho. Professores ven-dem rifas, distribuemboletos, bilhetes, resol-vem problemas de fa-mília. Sua energia seesvai. Eles são alocados

na posição de objetos,não tendo espaço parafalar de si e da práticapedagógica”, critica.

A psicóloga, queacredita que a profissãode educador deveria sermais valorizada, devido aresponsabilidade queimplica, diz que o profes-sor deve sempre tentarmanter um bom relacio-namento e conduta emsala de aula, enxergandocada dificuldade comoum desafio. “Existempontos da subjetividadede cada um (aluno e pro-fessor) que são tocadosem um relacionamento. Oque salva o professor éseu desejo de ensinar, lig-ado ao desejo de saber.Nessa relação o professortem que se lembrar queele é o adulto. Professornão pode regredir erivalizar com aluno”, aler-

Margarete Miranda é autora da tese sobre a relação entre aluno e professor

PÂMELLA RIBEIRO

“A criançaproblema

e o malestar dosprofessores”

Page 14: Jornal Marco - Ed. 267

14CulturaJunho • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Banda Isoldina mescla música com solidariedade n

ANTÔNIO ELIZEU DE OLIVEIRA, 4° PERÍODO

Fundada em abril de2007, a Banda Isoldina, comestilo pop rock, direcionadaespecialmente para o públi-co jovem, todavia tendoadmiradores em outrasfaixas etárias, almeja ocuparum "lugar ao sol" no univer-so musical, objetivando val-orizar a pessoa através deprojetos sociais tendo amúsica como destaque."Mais importante do queparticipar dessas campanhasé mostrar que nós fazemosparte de uma sociedade queé muito carente de afeto, deatenção e informação. Nós,como representantes de umaforma alegre de se expressar- que é a música - nãopodemos fechar os olhos edevemos atuar de formacada vez mais efetiva, cola-borando então para a mel-horia da sociedade de formageral", enfatiza Aléxis Vidal.

O grupo é formado porAndré Nascimento e AléxisVidal, vocalistas, RafaelAraújo, guitarrista, Rudigo,baterista e Xand, baixista.Completando a equipe,Bruna Clarindo, produtoraartística e o gerente admi-nistrativo Tiago Dias.

Tudo começou quandotrês amigos - André Nasci-mento, Alexis Vidal e outrocolega de escola - decidiramfazer um trabalho escolardiferente. Criaram uma poe-

Banda Isoldina toca seu som no estúdio onde costumam se reunir para ensaiar, na Região da Pampulha

sia e a musicaram. Resulta-do: tiraram nota máxima eainda ficaram conhecidos emtodo o colégio. Temposdepois, um deles manifestouo desejo de fazer canções eformar uma banda, que nosshows apresentam sucessospróprios e de autores con-hecidos nacionalmente.

O nome Isoldina surgiuatravés de uma história deinfância de Alexis Vidal. Emum determinado período elepassou a apresentar uma levesíndrome do pânico e suamãe, para tentar solucionar asituação contou-lhe uma

estória de infância dela. Aúnica coisa que ela tinhamedo quando criança era asua vizinha Isoldina Papuda.Logo, Alexis não precisavater medo de nada, somenteda Isoldina Papuda. O nomefoi utilizado como uma hom-enagem às mães e por ser umnome feminino, às mulherestambém.

Os projetos futuros pas-sam pelo lançamento do cd"Cardápio Abstrato", queserá gravado ao vivo até ofinal deste ano, pela buscade inserir trabalho da Isol-dina na mídia televisiva,

rádios e tocar em festivais,promovendo o trabalho noâmbito nacional. O grupofoi selecionado em abril de2009 e concorreu com oclipe da música "Qual o cam-inho" para participar doquadro Garagem do Faustão,apresentado pela RedeGlobo aos domingos no Pro-grama Domingo do Faustão.No site da emissora global, écitada como “integrante danova geração do rocknacional".

O trabalho em BH conti-nua, tendo agendado shownos próximos meses em

bares e casas de espetáculosna Zona Sul da capitalmineira. "No interior (doEstado de Minas Gerais) aIsoldina é bem conhecida,diríamos que somos maisconhecidos em mais de 200cidades, nossas músicastocando em FM (rádios)",revela Tiago Dias.

"A Isoldina já faz parte dacena. Não importa a formaque você vai ouvi-la, seja nosite da banda (www.isol-dina.com.br), no blog( h t t p : / / i s o l d i n a . b l o g -spot.com/), nos portais derelacionamentos, no discoou 'ao vivo'. O importante éouvir Isoldina e sentir aintensidade e a atitude desuas músicas", conclui TiagoDias.

PROJETOS SOCIAIS A bandasubiu ao palco em maio2008 numa casa de espetácu-lo na Zona Sul de BH, aolado do cantor Vander Lee ePodé, vocalista de outrogrupo mineiro do pop rock, oTianastácia, numa apresen-tação da banda de percussãode jovens e crianças com Sín-drome de Down, do Projeto"Ser diferente é normal", pro-moção da ONG Meta Social,em matéria focada aqui noMARCO na edição 260, desetembro/08. "Participar deprojeto 'ser diferente é nor-mal' foi inesquecível e gratifi-cante para todos nós da Isol-dina. Ficamos impressiona-dos com o carinho e atenção

das crianças e organizadoresdo evento. Uma campanhacomo essa é de fundamentalimportância de conscientiza-ção para todos que não co-nhecem e nunca tiveram con-tato com alguém que 'nãosegue os padrões de normali-dade'. Acreditamos que todasas pessoas deveriam conhecero projeto e ter a oportu-nidade de conhecer as cri-anças com de Síndrome deDown", comenta Rafael, gui-tarrista.

"Recebemos o convite daInstituição (Fundação Hemo-minas) para participar erealizar um show no Dia doDoador Voluntário deSangue; enquanto a Isoldinase apresentava, o publicorealizava a doação. A apre-sentação foi inesquecível",relembra o gerente adminis-trativo. Segundo ele, o grupojá participou de diversoseventos pela cidade, entreeles o "Natal Solidário", queocorreu em Contagem com aparticipação de mais de cincomil pessoas; evento em ho-menagem à mulher e come-moração dos 40 anos da FeiraHippie; voo inaugural BH-Miami e American Air Line,no Aeroporto de Confins,quando a banda foi respon-sável pela música tema doevento. A banda também fezparte da campanha nacionalcontra o abuso e exploraçãode crianças e adolescentes edo Dia Mundial de Luta con-tra Hepatites Virais.

MAIARA MONTEIRO

O SERVENTE DE PEDREIROQUE SE DEDICA AO RAPCom a descoberta do rap por meio de seus irmãos, Fabrício já faz shows com seu grupo D’la Rima A Revolta por toda BH

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TATIANA LAGÔA, PATRÍCIA SCOFIELD,7º PERÍODO

Das batidas com umabaqueta quebrada nas pan-elas e no sofá de casa, oservente de pedreiro Fabrí-cio Soares Teixeira, 19anos, passou a fazer rap -discurso rítmico com rima.Hoje se apresenta emshows nos aglomeradosurbanos da capital com ogrupo D'la Rima A Revolta,

formado por ele e mais trêsamigos.

A influência musical dojovem servente de pedreirofoi despertada pelo irmãoque ouvia raps como os dogrupo Racionais MC's emcasa, o que incentivou Fab-rício a criar letras e a par-ticipar do Duelo de MC's,realizado semanalmentedebaixo do Viaduto SantaTereza, na Região Leste deBelo Horizonte. Sete vezesvencedor desse duelo, Fab-rício, que também apren-deu sozinho a tocar violãoe bateria, passou a comporo grupo D'la Rima A Revol-ta.

"Ele é repentista. Vai teolhando e fazendo a letratoda certa. O dom dessemenino é ser artista", afir-ma, orgulhoso o pai do can-tor de rap, José TeixeiraMaria. Foi ele quem com-prou para o filho o violãoque é dedilhado por Fabrí-cio até hoje, como formade incentivar o lado artísti-co daquele que gostava decantar desde criança,segundo José Teixeira. "Atéque enfim na família temuma pessoa que é vencedo-ra, que é uma flor que pres-ta. Falta ele ser descobertopor alguém", comenta. Paraencorajar o filho aaproveitar as oportunidades"no caminho do que ébom", José cita o exemplodo cantor de música ser-

taneja Eduardo Costa, quemorou na vizinhança, noBairro Palmital, em SantaLuzia, e hoje têm consegui-do visibilidade na carreirade músico.

Além de violão, Fabrício,aos 11 anos, tambémaprendeu a tocar outroinstrumento, a bateria, mascom um professor bemdiferente: a televisão."Meus primos tinham umabanda de rock e um delesme deu uma baqueta que-brada, aí eu comecei aacompanhar as bandas derock na MTV (canal detelevisão) e a tocar nas pan-elas. Chegava um sofá nooutro para tocar neles earregacei a bateria dosmeus primos", conta,achando graça, e pergun-tando para o pai se ele"dava muito trabalho". Aos13 anos, o jovem músicocomeçou a tocar bateria emuma banda na igreja católi-ca do Bairro São Benedito,em Santa Luzia. Já com abanda The Fly, formadapor amigos, ele se apresen-tava em show nas praças domunicípio, por diversão, jáque era gratuitamente.

Nesta idade, Fabríciocomeçou a se envolver comdrogas e, segundo elemesmo, foi o rap dosRacionais Mc´s intitulado“A vida é um desafio" que olevou a repensar a vida. "Foia música dos Racionais

MC's que fala que exemploeu vou ter dado pra minhafamília que me tocou",conta. Para ele, a parte maismarcante da música é a quediz: "É necessário sempreacreditar que o sonho é pos-sível, que o céu é o limite evocê truta é imbatível. Otempo ruim vai passar é sóuma fase. E o sofrimento ali-menta mais a sua coragem.Que a sua família precisa devocê". Segundo ele, comessa letra ele percebeu queestava deixando a família delado e que deveria se unir aela para vencer as dificul-dades. "Minha mãe moroucomigo até aos 11 anos deidade. Aí ela se separou domeu pai. Eu tinha muitamágoa dela por causa disso.Mas não quero deixarmágoas, ressentimentos,quando eu morrer não",comenta.

Mesmo sendo tocado pelorap, Fabrício admite nãoacreditar que seja ele o únicoresponsável por mudançasnas vidas das pessoas. "Aspessoas não mudam porcausa do rap. Se elas nãotiverem o objetivo de mudar,nada ajuda. Nem o rap, nema igreja, nada ajuda", afirma.Atualmente, o objetivo deFabrício é ter casa própria, jáque ele mora sozinho nosfundos da casa da tia, no Bar-reiro.

O servente de pedreiro Fabrício Soares integra o grupo D’la Rima A Revolta

Grupo de diversas influênciasCom o grupo D'la Rima

a Revolta, formado emagosto de 2008, Fabríciocanta rap com os amigosLuís Felipe Fernandes dosSantos (apelidado nogrupo de Guerreiro Jhow),Francis Barbosa (ou BlackSing) e Vancarlos Rui (deapelido The Guy One). Onome do conjunto é expli-cado por Luís Felipe: "É darima que expressamos arevolta". Francis completa:"Rima traz a boa ideia, aparte poética da coisa".

As influências musicaisdo grupo são variadas:Música Popular Brasileira

(MPB), Soul, Jazz, Rap, HipHop e Rap Gospel. Nocampo do rap e hip hopbrasileiro, os rapazes ouvemRacionais MC's, ReaçãoZona Oeste (RZO), FacçãoCentral, entre outros. "Nos-sas músicas falam dereligião, capitalismo, revolta.Está dando bastante certoporque o Fabrício é o queprotesta, eu falo da reali-dade e o Francis vem com osentimento", diz Luís Felipe."A ideia é mostrar um pontopositivo, para que a pessoatenha mais condição de darvalor para os outros",resume Fabrício.

As letras do grupo têmcomo tema fatos daHistória, por exemplo aescravidão e o feudalismo,além de vivências pessoaisem tom de protesto político."Não quero que o meu raptoque nas festas. Quero quea pessoa ouça e fique nosofá pensando", ponderaFabrício. Quem aprova asmúsicas de Fabrício é oamigo Amilton de Brito, de17 anos. "O som dele édoido. Tenho um CD emcasa com músicas dele e doscolegas", comenta.

TATIANA LAGÔA

Page 15: Jornal Marco - Ed. 267

15Perfil Junho • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

TV ITACOLOMI GUARDADA EM FOTOS

Carlos Fabiano mostra, em sua casa, fotografias digitalizadas tiradas na época em que trabalhava na TV Itacolomi

Carlos Fabiano teve seu primeiro emprego aos 15 anos na extinta TV Itacolomi onde aprendeu a arte da fotografia. Pelas suas lentes foram registrados aproximadamente sete mil negativos

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ANTÔNIO ELIZEU DE OLIVEIRA,4º PERÍODO

Dinamismo, audácia eespírito desbravador. Inú-meros trabalhos concluídos,outros tantos em andamentoe projetos futuros. Inúmerasviagens pelo Brasil e pelomundo. Essa é a trajetóriadeste quase setuagenáriomineiro natural de Diamanti-na, no Vale do Jequitinhonha,Carlos Fabiano Braga. Sempreaberto às inovações, elearregaça as mangas e tenta,inventa e no final torna-se um"colecionador" de sucessospara uma pessoa que é múlti-pla em seu currículo: ator,fotógrafo, profissional da áreapetrolífera, escritor,palestrante, analista de sis-temas e cooperativista, tudoisso sem se descuidar dafamília e até construindo umlink na sua homepage, paraapresentar seus cinco netos.No momento, o desafio é con-tinuar o estudo da própriaárvore genealógica, contar ahistória do cooperativismomineiro e completar edição doacervo fotográfico da extintaTV Itacolomi.

Aos 15 anos, ele teve seuprimeiro emprego em umveículo de comunicação queacabava de desembarcar noBrasil: a televisão. "A Itacolo-mi é um caso de amor, foimeu primeiro emprego.Antes mesmo da inaugu-ração, estava lá. Fui admiti-do como auxiliar de portariaem dezembro de 1955, mascomecei a trabalhar um mêsantes", relembra Fabiano,que juntamente com outrosrecém-contratados, eramcomo se diz num dito popu-lar, "pau para toda obra",pois foi servente de pedreiro,auxiliar de carpinteiro e ilu-minação, aprendendo tam-bém aquela que seria a maiordas suas atividades profis-sionais, a fotografia. "Por cir-cunstâncias, não sei por querazão, às vezes aparecia àfrente das câmaras", diz ele,entrando sutilmente numoutro universo que não

planejara, o de ator, mas quelhe proporcionou grandesmomentos. "Como ator, ospersonagens me ensinarammuito, pois para interpretarprocurava conhecer a fundocada um dos que represen-tei", revela.

Após ganhar sua primeiramáquina fotográfica aosnoves anos, foi nesse seuprimeiro emprego que teveoportunidades de aprender aarte de retratar as imagens,com os ensinamentos dequem ele se refere comomestre, Caubi José de Alen-car. Pelas lentes do equipa-mento de Fabiano foram reg-istrados em torno de sete milnegativos, formando assimum vasto acervo da históriadaquela que foi a campeã deaudiência televisiva emMinas Gerais nas décadas de1960 e 1970. Pelo 24º andardo Edifício Acaiaca, naAvenida Afonso Pena, emfrente a Igreja São José,inúmeras personalidadesforam clicadas por Fabiano,passando pelo próprio fun-dador da TV no Brasil, AssisChateaubriand, JuscelinoKubtischek e Clóvis Salgado,

respectivamente presidentedo Brasil e governador deMinas, Lamartine Babo,Marta Rocha, Célio Balona,Milton Nascimento, essesdois últimos ainda em ativi-dade no campo musical.

Após a trajetória na Itacolo-mi, Carlos Fabiano concursadoingressou na Petrobrás, emBetim, na Região Metropolitanade Belo Horizonte, onde outrodesafio o aguardava: a con-strução da Refinaria Gabriel Pas-sos. Foi lá que aprendeu técnicasde planejamento, teve cursos deespecializações, tendo o cuidadode datilografar e fazer cópias emmimeógrafos do aprendizado,montando assim um tipo demanual. O encontro com ocooperativismo ocorreu em1987, época em que se aposen-tou da Petrobrás. "Como acon-tece com a maioria, fui conta-minado pelo 'virus coopera-tivus' e, é facilmente constata-do que estou envolvido com-pletamente", afirma o escritor,que além de participar de con-gressos de cooperativismo, têmpublicados livros e artigos refer-entes ao tema.

Membro do Grupo deGestores do programa do Gov-

erno Federal, "Luz para todos"em Minas Gerais, Fabiano par-ticipa intensamente do cooper-ativismo, somando a partici-pação em mais de 60 congres-sos, pelo país e pelo mundo,como palestrante ou ouvinte,além de ter exercido cargos emdiferentes instituições do setor.

Formado em análise de sis-temas, Fabiano, que cons-truiu seu próprio site(http://www.fabiano.pro.br),onde descreve com detalhessua vida. Em 1991 publicou oprimeiro de uma série delivros, intitulado "Autogestãoatravés da educação" e hoje oex-funcionário da TV Ita-colomi contabiliza quase 80publicações, entre coletâneas,antologias, livros técnicos elivros compartilhados comoutros autores e o maisrecente, em estilo dereportagem histórica. "TV Ita-colomi, uma crônica, 100fotos" outro em andamento,"História do CooperativismoMineiro" e projeto de escreverseu primeiro trabalho deficção, cujo nome provisório é"Gente do Calafate".

Eterna campeã daaudiência mineiraA TV Itacolomi é um

marco nas telecomuni-cações brasileiras, foi aterceira emissora de tele-visão instalada pelosDiários Associados, umadas primeiras funcionarno Brasil. Fundada em1955 por Assis Cha-teaubriand, foi inaugura-da em 8 de novembro de1955, permaneceu no araté 18 de julho de 1980,quando o DepartamentoNacional de Teleco-municações (Dentel) cas-sou a concessão da emis-sora, lacrou os transmis-sores e confiscou o cristal.

"Eu tenho muito a vercom a Itacolomi, uma vezque fiz parte da equipeque a instalou e que lápermaneceu durante suainfância, ou seja, seussete primeiros anos",admite Carlos FabianoBraga.

O professor de comu-nicação social da PUCMinas e produtor teatralRonaldo Boschi tem pro-jeto de fazer documen-tários de oito a 20 minu-tos, e no momento estátrabalhando a série sobreo "Teatro mineiro, a tra-jetória dos atores". Ele leuuma matéria em um jor-nal sobre Carlos FabianoBraga e o trabalho queele está fazendo sobre oacervo fotográfico da TVItacolomi e se interessou."Entrei em contato com oFabiano, via e-mail, tro-camos uma corre-spondência e ele me deuuma resposta objetiva",conta Ronaldo Boschi.Dentre os atores que já

foram retratados, con-stam vários nomes quepisaram os palcos daextinta emissora mineira,incluindo o próprio Fabi-ano mostrado no docu-mentário número 14.Vendo e ouvindo o docu-mentário, esse pioneiroda TV brasileira se emo-cionou. Segundo Boschi,o acervo está sendo útilpara que possa enriqueceresses documentários,sempre acompanhados deum texto narrativo.

Carlos Fabiano contaque tentou e não con-seguiu apresentar partedo acervo fotográficosobre a TV Itacolomidentro das festividadesdo centenário de BeloHorizonte, em 1997."Não consegui, mas nãodesisti", desabafa o fotó-grafo, que foi ao Min-istério da Cultura, usan-do dos benefícios da LeiRouanet, no entanto ospatrocinadores não semotivaram.

Curiosamente, esseapoio que lhe foi negadoem seu pais , foi con-seguido na Europa, emParis , França, exata-mente no Museu doLouvre, que está de por-tas abertas para abrigartodo o acervo histórico.

"Tenho esperança,sempre tive, que a TVItacolomi será um marcode referência de minhacarreira como escritor eserá importante paraquem for estudar aevolução dessa loucuraque é a televisão", afirmaCarlos Fabiano.

A coleção de dez mil livros deum mineiro que virou professor

Luiz Carlos Junqueira em sua casa, em meio a sua coleção de livros

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BRUNA FONSECA, 1° PERÍODO

Quem entra no edifício343 da Tupis, no centro, nãoimagina a quantidade degrandes nomes da literaturaque habitam a sala 907. DeAdélia Prado à Zélia Gattai,cerca de mil títulos (sem con-tar revistas e jornais) dis-putam espaço nas prateleirasimprovisadas do escritório deLuiz Carlos Junqueira Maciel."Esse escritório eu tenho hádez anos. Eu morava em umsítio em Sabará, que em 1997sofreu uma enchente, quandoeu perdi mais ou menos mildos quatro mil livros que eutinha. Aqui em BH, no meuescritório, são livros só praconsulta mesmo", conta o pro-fessor.

Luiz Carlos nasceu há 57anos em Cruzília, cidade no Sulde Minas, fundada por seubisavô. O avô dele sempre quisque seus filhos e netos estu-dassem fora, mas com o intuito

de retornarem ao interior, apósformados. Não foi o que aconte-ceu com o escritor, que veio aBelo Horizonte para cursar di-reito, mas acabou optando pelocurso de letras e pela capitalmineira. "Na época, minhafamília achou meio esquisito,porque homem se formar emletras na década de 70 era raro,era considerado um curso demulher", explica. Ele formou-sepela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ondefez seu mestrado, uma disser-tação sobre a poesia de DantasMota.

Luiz Carlos foi alfabetiza-do por sua irmã mais velha,professora como seus outrosdez irmãos. Dos 13 filhos,apenas um é criador de cava-los, seguindo a tradição dafamília Junqueira. Além dasanálises de livros paravestibulares, ele é autor dequatro livros depoesia,"Sonetos dissonantes","Felizes os convidados","Doismaisdoido é igual ao

vento" e "Era uma vez: sone-tos para netos", uma dasparcerias com o cantor Zebe-to Corrêa, que junto com oescritor lançou o CD de poe-sias musicadas "Trilhas daLiteratura: ouvir para ler",que conta com a participaçãoespecial do grupo MPB-4.

As parcerias envolvendomúsica começaram em 1972.Maciel ficou em primeiro lugarna primeira edição do festivalda Canção de Cruzília e classifi-cou sua composição "Tremnoturno", na voz de NewtonRibeiro, no concurso "Viola detodos os cantos" pela filiada darede Globo, a EPTV de Vargin-ha. Apesar de seu primeirolivro ter sido publicado em1980, Luiz Carlos escrevedesde os dez anos. Até hoje elefaz a distinção entre “o LuizCarlos Junqueira Maciel, pro-fessor e o Caio Maciel, fazedorde versos, quem bagunça asletras”, diz. Seu pseudônimohomenageia sua primeirasobrinha, já falecida, também

professora de literatura, quequando criança não conseguiapronunciar "Luiz Carlos", quese reduziu a "Caio".

Luiz Carlos é casado comFrancisca Izabel PereiraMaciel, professora de peda-gogia da UFMG, de onde foiprofessor substituto. Hoje,dá aulas no Pré-vestibularPromove, do qual foi coor-denador durante 30 anos.Sobre a relação do jovembrasileiro com a literatura, jáque segundo os últimosresultados da pesquisaRetratos da Leitura noBrasil, na média, o brasileirolê apenas 4,7 livros por ano,ele afirma que grande parteda responsabilidade é doprofessor, que muitas vezesnão sabe passar seu conheci-mento de forma lúdica eprazerosa.

Sobre dar aulas, Luiz afirmasentir prazer, mas que o maiordesafio para o professor, hoje, éa indiferença dos jovens com aleitura. A relação com os

alunos dentro de sala é descon-traída, mas com limites. "Ele éum professor que entende doque fala e sabe explicar. Aanálise, a leitura em voz alta,tudo ajuda na compreensão dasobras", comenta Marina Mar-ques, 17 anos, aluna do pré-vestibular Promove. JacyaraNoronha, 18 anos, tambémaluna de Luiz, completa, "ele édescontraído, mas franco,

quando deve,ele puxa a orelhamesmo".

Caio Maciel lança este anoum novo CD, "Recados deMinas", fruto de uma extensapesquisa sobre a riqueza culturaldo Estado. Ele acredita queinspiração vai além da magia, éprincipalmente fruto de muitoestudo, trabalho e paixão peloque faz. "Se você quiser medefinir: paixão pela literatura”.

PÂMELLA RIBEIRO

PÂMELLA RIBEIRO

Page 16: Jornal Marco - Ed. 267

16ComunidadeJunho • 2009

AS DELÍCIAS DE UMA VIDA SIMPLESVila 31 de Março diminuiu de tamanho, mas ainda exerce um fascínio sobre os moradores por ser um lugar tranquilo e com ambiente familiar mesmo com a agitação da capital mineira

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BÁRBARA CAMPOS,JOYCE SOUZA,3º PERÍODO

Terrenos imensos, geral-mente cercados por vege-tação, ar puro e segurançaformam um conjunto quecaracteriza os condomínioshorizontais fechados. Paramuitos, substituir o con-vívio com a agitação con-tínua da cidade pelosossego das áreas maisreclusas é uma opção atrati-va, mas não para SalomãoMoura D’Ávila, 46 anos.Ele é uma das dezenas depessoas que não trocam avila em que moram pornenhuma unidade habita-cional de luxo. Parece con-traditório, mas a qualidadede vida e a tranquilidadetambém podem ser encon-tradas em meio a buzinas efreadas de caminhões àsmargens do Anel Rodo-viário. A Vila 31 de Março,localizada na Região No-roeste, foi ocupada emmeados de 1964, e hoje

reúne 1949 moradores em464 domicílios. As ruasestreitas e construçõesinacabadas não são vistaspelos moradores como umavariável menos atraente.

Salomão mudou-se paraa vila com os pais aindacriança e diz que acompa-nhou várias mudanças."Aqui não tinha asfalto,rede de esgoto nem águaencanada. Tínhamos ape-nas uma caixa d'águacomunitária e o controleera rigoroso para cadafamília", lembra o morador,enquanto aponta para umainstalação abandonada noalto de uma casa localizadaà rua em que reside com aesposa e os três filhos,Karollyne, de 13 anos, Fer-nanda, 17 e Taylon, 18. Osadolescentes contam quetodos ali se conhecemdesde pequenos. "Quandonão há nenhuma progra-mação especial para o sába-do à noite, o pessoal sereúne na casa de alguémpara bater papo", revelaTaylon, o filho mais velho

As crianças brincam nas calçadas e as pessoas conversam com seus vizinhos. Assim são as ruas da Vila 31 de Março

de Salomão. São três gerações da

família D'Ávila na 31 deMarço. Salomão e seusirmãos herdaram a casa dospais, que se mudaram parauma cidade do interior. Osfilhos dele nasceram eforam criados na vila. Oamor pelo lugar é tanto queo morador comprou umterreno na mesma rua ondemora. O motivo? Construiro que ele chama de "a casados sonhos". "Construircom minhas próprias mãosa residência que semprequisemos ter, no lugar ondetemos uma história de vidae que não trocaríamos pornenhum outro", contaSalomão.

A afeição pelo lugar seestende a outra parte dafamília que divide o mesmoterreno. Damaris D'ÁvilaSiqueira confirma a fala dotio e diz que quando a fa-mília se mudou para outrobairro sentiu falta da pro-ximidade do comércio, daescola, das várias opções deônibus e da calmaria pre-

dominante no local. "Meuirmão mais velho entrou atéem depressão com saudadedaqui", completa a jovem.

CONTRASTES As ruas da31 de Março expõem va-riedades e contrastes. Cri-anças brincam nas calçadas,mulheres conversam efazem as unhas na porta decasa, uma senhora lê umlivro na sala de casa com aporta aberta sempre atentaao movimento de quempassa por ali. Todosusufruem do espaço e res-gatam o hábito das tarefasfeitas em conjunto, umaforma de trocar experiên-cias e reforçar a vida emsociedade. Os moradoresavaliam aquela região comoum condomínio diferente,sem luxo e segregação.

Dona Nedina dos ReisAndrade é moradora daVila há 40 anos e temacompanhado o progressodo lugar. Ela conta que osmoradores de hoje são priv-ilegiados por terem acesso a

certas facilidades. Na épocaem que chegou as ruaseram de terra batida, nãotinha energia elétrica. "Nãopodia chover que a águainvadia a casa da gente eestragava os móveis. Nãotinha nem jeito de sair narua de tanta lama", recorda.A senhora descreve comsorriso no rosto como éagradável viver entre pes-soas conhecidas, sem sepreocupar com invasõesnoturnas e confere parte domérito da tranqüilidade àPolícia Militar que, segundoela, está sempre fazendoronda. "À noite fecho ape-nas esse portãozinho defora. Quando está fazendocalor durmo até com asjanelas abertas. Em queoutro lugar eu poderia fazerisso?", indaga Nedina.

ORIGEM A Região Noroestepode ser dividida em quatroáreas bem diferenciadasdelimitadas por vias como aBR-040, Anel Rodoviário,Avenida Pedro II, Via

Expressa e Avenida CarlosLuz. Os bairros situados emcada uma dessas áreas apre-sentam peculiaridades queremontam o primeiro ce-nário que os formou. A Vila31 de Março, inserida naporção territorial além doAnel Rodoviário, e os bair-ros pertencentes a essa áreaforam ocupados por umapopulação de baixa renda,formada basicamente porimigrantes e operários quevieram trabalhar na cons-trução da capital.

De um modo geral, osbairros da Região Noroestepossuem uma história defortes ligações com areligião católica e o envolvi-mento com a igreja não selimitou às origens. Até hojealguns líderes religiososlutam junto aos moradorespor melhores condições devida e direito à posse daterra.

BÁRBARA CAMPOS

Associação proporciona convívio entre moradores

Presidente da associação de moradores Maria Ana faz preparativos para uma missa juntamente com suas auxiliares

Um ponto de encontroe lazer. É assim que "asjovens senhoras" vêem aAssociação de Moradoresda Vila 31 de Março. Nastardes de segunda-feira,

elas se reúnem para verfilmes, contar histórias earquitetar projetos, comoo bazar ou o famoso"tropeiro", atividades quebeneficiam a todos que

moram na região. MariaRosa Siquei ra é umadessas tarefeiras que, sem-pre muito ativa, dedicagrande parte de seu tempoàs atividades propostas.

"Meus f i lhos já es tãoencaminhados, meu mari-do passa o dia na mer-cearia que temos, entãoposso ficar aqui tranquila.Dedicar -me às tare fas ,encontrar minhas amigas,contar casos e r i r . Ri rmuito. Nossos encontrossão uma verdadeira te-rapia para qualquer um",conta empolgada DonaRosa.

Ela lembra que quandochegou à Vi l a 31 deMarço, "não tinha nemcoleta de lixo" e que aolongo do tempo, muitosfo ram os p rogre s sos .Dona Rosa ressalta que aassoc iação também fo ium avanço importante nahistória da 31 de Março.Para ela, é fundamentalter um grupo organizado,com regras e valores den-tro da comunidade.

Djanira Caetano é con-selheira fiscal da associ-ação . E la l embra quedesde 1974, quando foiinaugurada, a entidade

tem desempenhado umimportante papel de autoconhecimento e de socia-lização dos moradores davila. "Já t ivemos que irbuscar muitas senhorasque sofriam de depressãoem casa . A lgumas pas -savam o dia inteiro, tran-cadas sozinhas em seusla re s . Não t inham umestímulo para viver, umaatividade que exigisse aparticipação ativa e quefosse capaz de mostrarque , apesa r de idosas ,e l a s são úte i s , exp l i caDjanira.

Além de local de en-contro para as senhoras, aassoc iação desenvo lveoutras a t iv idades queestão diretamente ligadascom religião e o envolvi-mento com a igreja. "Nosfins de semana, abrimosas portas para as ce le -brações religiosas. Temoscultos evangélicos e mis-sas", como explica NaidaPereira dos Santos. Ela,que mora com o marido e

os três filhos, é uma dasmoradoras mais recentes.Apesar disso está envolvi-da com os projetos comu-ni tár ios e com a v iz i -nhança como se "sempretivesse morado na 31 deMarço".

Os moradores pagammensalmente uma peque-na quantia à associaçãocom o objetivo de arcarcom despesas bás icascomo água e luz , e def inanciar as at iv idadesdesenvolvidas. Os paisque sejam fazer uma fes-tinha de aniversário paraseus f i lhos tambémpodem usar o sa lão dolocal pagando uma quan-tia simbólica. Nedy Faúlaconta que além de ser umlugar de lazer, o espaço éambiente agradável parareuni r os moradores eexpor idéias, problemas enecessidades comuns e deestudar possíveis melho-rias.

JOYCE SOUZA

A Vila 31 de Março pertence a uma área formada por imigrantes e operários que vieram trabalhar na construção de BH

MAIARA MONTEIRO