jornal lince 43

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LINCE ANDRÉ NASCIMENTO UM ÍDOLO DO VÔLEI | PÁGINAS 16 E 17 GUILHERME MENDES FALA DE SUA ROTINA NA TOCA | PÁGINAS 08 E 09 NOVAS LEIS PODERÃO DIMINUIR A HOMOFOBIA? | PÁGINA 07 FILATELIA , FONTE DE CULTURA E CONHECIMENTO| PÁGINA 10 | PÁGINAS 12 E 13 DE OLHO NA NOTÍCIA Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva Ano V | Nº 43 | Abril de 2011 O retorno de Luluzinha, um ícone dos anos 80 COMUNIDADES AFRICANAS MANTÊM TRADIÇÕES EM BELO HORIZONTE | PÁGINAS 18 E 19

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

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Page 1: Jornal Lince 43

LINCEanDrÉ naSCiMento UM ÍDolo Do VÔlei| pÁGinaS 16 e 17

GUilHerMe MenDeS Fala De SUa rotina na toCa| pÁGinaS 08 e 09

noVaS leiS poDerÃo DiMinUir a HoMoFobia?| pÁGina 07

Filatelia , Fonte De CUltUra e ConHeCiMento| pÁGina 10

| pÁGinaS 12 e 13

De olHo na notÍCia

Jornal Laboratório do

Curso de Jornalismo do

Centro Universitário

Newton Paiva

Ano V | Nº 43 | Abril de 2011

O retorno de Luluzinha, um

ícone dos anos 80

CoMUniDaDeS aFriCanaS MantÊM traDiÇÕeS eM

belo HoriZonte| pÁGinaS 18 e 19

O retorno de Luluzinha, um

ícone dos anos 80

CoMUniDaDeS aFriCanaS MantÊM traDiÇÕeS eM

belo HoriZonte| pÁGinaS 18 e 19

Page 2: Jornal Lince 43

Abril/20112

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expedienteReitoRLuis Carlos de Souza Vieira

PRó-ReitoR acadêmicoSudário Papa Filho

co oR de na doRa do cuRso de JoR na lismoPro fes sora Ma ri a lice Em bo ava

cooRdenadoR da centRal de PRodução JoRnalistica- cPJPro fes sor Eus tá quio Trin dade Netto (DRT/MG 02146)PRo Jeto gRá fico e diReção de aRteHelô Costa (127/MG)

diagRamação: Daniela MendonçaLudmila Rezende

monitoRes: Diego dos SantosNayara Carmo

RePoRtagens:Alu nos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário New ton Paiva

Felipe brito

Eles são respeitados por sua garra, determinação e força de von-tade. Alguns se tornaram ídolos, outros ficaram mesmo marcados como fiasco. Estes são os jogadores estrangeiros, jogando no exigente futebol brasileiro. Atlético e Cruzeiro possuíram em seu plantel alguns estrangeiros.

Pela equipe alvinegra, se destaca-ram: Cincunegui, uruguaio, lateral esquerdo, (1968 a 1973); Mazurkiew-ciz, também uruguaio, goleiro (1972 a 1974); Capria, argentino, zagueiro (2000) e o sérvio Djan Petkovic, armador (2006). Os fiascos foram muitos: Quem não se lembra do zagueiro uruguaio Kanapkis, que ficou ‘’deitado’’ em pleno Mineirão, após dribles desconcertantes de um garoto chamado Ronaldo, em jogo contra o Cruzeiro, válido pelo campe-onato brasileiro de 1994?

E os outros fiascos: Lívio Prieto, Gutierrez, Del Toro, Fabbro, Tripodi, Carini, Giménez e, por último, o ata-cante colombiano Reintería. O Advo-gado Marcos Brito, 29, atleticano que não perde um jogo do seu time, questionado sobre as passagens dos estrangeiros pelo galo, afirma: ‘’O

galo não dá certo com jogadores estrangeiros — sempre a mesma his-tória, o jogador vem credenciado por passagens nas categorias de base das seleções de seu país, e só. Chega como ídolo e saí execrado, pelas portas do fundo do time”.

Já na equipe do Cruzeiro, os estrangeiros possuem boas passa-gens. Principalmente com jogadores argentinos — caso recente do arma-dor Montillo. Outros dois argentinos também marcaram a torcida celeste: Perfumo e Sorín. Os outros: Aristizá-bal, colombiano, atacante, Revétria, atacante uruguaio, e Maldonado, volante chileno. Sorín marcou histó-ria recente da equipe, e é sobre ele que o estudante de educação física Leo-nardo Maia, 23, cita um fato curioso e emocionante sobre a passagem dele na equipe celeste: ‘’Ele anunciou a aposentadoria. Nós torcedores, fica-mos muito tristes. De tão tristes, combinamos de ir à casa dele. Fize-mos um pedido na janela dele, para ele ficar, e não é que o cara desceu? Chorei de emoção. Se tornou meu ídolo para sempre’’.

Montillo é outro que está nas gra-ças da torcida. É o melhor jogador que atua no Brasil no momento. Nossos hermanos estão em alta no Brasil.

coR Res Pon dên ciaNP4 - Rua Ca tumbi, 546 - Bairro Cai çara - Belo Horizonte - MG - CEP 31230-600Te le fone: (31) 3516.2734 - [email protected]

este é um jor nal-la bo ra tó rio da dis ci plina la bo ra tó rio de jorna lismo ii. Dis tri bu i ção gra tu ita. edi ção men sal. o jor nal não se res pon sa bi liza pela emis são de con cei tos emi ti dos em ar ti gos as si na dos e per mite a re pro du ção to tal ou par cial das ma té rias, desde que ci ta das a fonte e o au tor.

Felipe brito

Rio de Janeiro, 06/04/2011. Um dia que ficará mar-cado na mente de todos os brasileiros. Doze crianças foram massacradas em plena sala de aula, e nada menos que 13 outras ficaram feridas por tiros. O assassino, um ex-aluno da mesma escola, Wellington Menezes de Oli-veira, 23. Impiedoso, o assassino selecionou principal-mente meninas para o massacre. Ao total, foram 11 meninas assassinadas e um menino. Armado com dois revólveres — um de calibre 38 (com numeração ras-pada) e outro calibre 32.

O que estranhou foi o modus operandi do atirador, que estava portando, além das duas armas citadas, car-regadores especiais para ambas. Não eram pistolas auto-máticas, que possuem pentes e sim revólveres de carre-gamento um a um. Só que Wellington tinha em seu poder um carregador que colocava no tambor as seis balas possíveis de uma só vez. Usava também um traje semelhante aos de guerrilheiro bem equipado, com direito até a um cinto porta utensílios.

Ao entrar, o assassino se identificou como ex-aluno da instituição, alegando que iria dar uma palestra. Durante o massacre, Wellington foi surpreendido pelo Sargento da Polícia Militar, Marcio Alves, que foi acio-nado na rua, por um aluno da instituição, que mesmo baleado, consegui fugir. Alves então se deslocou até a escola, e encontrou Wellington, subindo para o terceiro andar, onde continuaria a matança. Os dois trocaram tiros, e segundo o policial, após ser baleado, o assassino caiu, e se suicidou com um tiro na cabeça.

Vizinhos falam que Wellington era um rapaz tímido, calado e que não possuía amigos. Era filho adotivo. Sua mãe biológica e vários parentes sofriam de esquizofre-nia. A mãe adotiva faleceu há dois anos, o que, segundo testemunhas, fez o rapaz se revoltar com a vida.

No Brasil, logo depois de uma grande crise, o que não faltam são arautos noticiando providências e repri-sando denúncias: venda de armas, falta de segurança nas escolas, tipos tidos como “estranhos” necessitando mais atenção (só por serem diferentes) das autoridades e o bullyng como explicação, de agora em diante, para qualquer todo tipo de ato marginal. Matou? Estuprou? Foi bullyng! O dia 06/04/2011 ficará marcado na mente de todos os brasileiros justamente porque não temos resposta para estas questões ou por que não nos preocu-pamos até agora em encontrá-las?

Crônica de uma

anunciadados gramados

mineiros

Os

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Abril/2011 3

O ESPORTE, UMA

PARA CADEIRANTESpor bÁrbara batiSta e jaQUeline De paUla

A capital mineira, Belo Hori-zonte, é considerada referência nacional em tênis sobre rodas. Fun-dada em janeiro de 2004, por meio de um grupo de amigos, a ONG Tênis Para Todos, tem como objetivo pro-mover a integração social de pessoas sem oportunidades e cadeirantes. Hoje, a ONG conta com atletas alta-mente qualificados e reconhecidos internacionalmente. Os torneios são credenciados pela International Ten-nis Federation com aval da Confede-ração Brasileira de Tênis e integram o

circuito mundial da modalidade.Minas é espelho na prática de espor-

tes adaptados para cadeirantes, com ini-ciativas como a do jornalista Gerson Car-los de Souza que diz: “Descobri uma quadra de tênis pública que ninguém utilizava e junto a quatro amigos tivemos a ideia de montar equipes para competi-ção. Antes mesmo de dar segmento ao projeto, um dos meus amigos questionou porque não aproveitar aquele espaço para montar uma equipe para cadeiran-tes, e assim começou a ONG Tênis Para Todos.” Em sete anos de muito esforço para conseguir patrocínios, o projeto obteve vários títulos em reconhecimento

do trabalho desenvolvido: Utilidade Pública Municipal em dezembro de 2006 e Utilidade Pública Estadual em agosto de 2007. Ainda em 2007, foi contem-plada com o segundo lugar do Prêmio Eu Acredito – Cidadãos do Mundo, organi-zado pelo caderno Eu Acredito do jornal Hoje em Dia. O Tênis Para Todos engloba projetos como o Tênis Sobre Rodas, Tênis nas Vilas, nos Parques, na Escola, para Universitários e SuperAção.

O Brasil conta hoje com várias competições na modalidade do tênis. BH Open, Minas Open, Brasil Open e Winner Brasil são todos torneios cria-dos pela ONG. Dois atletas se destacam

no cenário mundial, Daniel Rodrigues iniciou no esporte há quatro anos e é o 50º no ranking mundial e 66º em duplas, já participou de torneios na Inglaterra e na Turquia. Rafael Medei-ros é o outro destaque, aluno do projeto desde os 14 anos já jogou na Suécia e na Colômbia, é o 3º no ranking brasileiro, 78º no ranking mundial e 66º em duplas. O Tênis Sobre Rodas conta com grande número de alunos, “Esta convi-vência é necessária para o desenvolvi-mento não só físico, mas principal-mente psíquico dos deficientes, é uma forma de terapia”, disse Marcos Nunes, cadeirante e aluno do projeto.

A ONG Tênis Para Todos,

leva a prática do

esporte para pessoas de todas as classes,

situações financeiras

ou que tenham

algum tipo de

deficiência física.

espO

rte

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

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Abril/20114

loHanna liMa e loraYne FranÇoiS

De um lado, a pressão para que as entregas sejam rápidas; do outro, a irresponsabilidade que leva a imprudências e extravagâncias no trânsito. Assim se pode definir a tensa relação entre motoboys e os motoristas das grandes capitais brasileiras, entre as quais, Belo Horizonte. As estatísticas da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG) traduzem a performance dos motoqueiros e motoboys no tráfego de Beagá em 2010: foram realizados, só no Pronto Socorro João XXVIII, 5282 atendimentos referentes a acidentes envolvendo moto-cicletas. Em janeiro deste ano, o número chegou a 597; em fevereiro, 637 atendimentos.

Vale lembrar que um aci-dente de moto abrange conse-quências que se situam além do que as estatísticas podem sugerir. Há sequelas graves,

que vão da impossibilidade de retomar ao trabalho por deter-minado tempo, atravancando os hospitais públicos, à invali-dez permanente. Na maioria das vezes, por não terem planos ou auxílio saúde, além de segu-ros, os motoboys podem ficar por meses ocupando leitos públicos até se recuperarem completamente.

Pesquisas mostram tam-bém que muitos trabalham por conta própria ou não pos-suem vínculo algum com as empresas para as quais pres-tam serviço — carteira assi-nada, plano de saúde etc. —, portanto em caso de aciden-tes, as despesas durante a rea-bilitação terão de ser custea-das por eles mesmos, que são, em sua maioria de classes sociais das mais carentes. Ou seja, em 95% dos casos, eles não têm como pagar e tudo vai para o bolso do contribuinte.

Ciente disso, o motoboy

Márcio Gomes, 30 anos, e dez de profissão como autô-nomo, paga todos os meses sua contribuição ao INSS. “Hoje pago R$ 94 para a pre-vidência; caso aconteçam acidentes graves, e eu pre-cise ficar um tempo parado, pelo menos tenho algum recurso.” Gomes explica o porquê de trabalhar como autônomo, ao invés de ser regularizado em alguma empresa.

— Há muitos descontos quando trabalhamos de car-teira assinada, o que eu ganho hoje é bem melhor. Tenho um sonho de montar meu próprio negócio, não tenho intenção de voltar a trabalhar para os outros.

Gomes conhece bem sua profissão, por isso, afirma que são vários os problemas que os motoboys enfrentam no dia a dia. A maior delas é a cobrança grande dos clientes com rela-

ção ao tempo de entrega — “tudo tem que ser rápido”. Mas, em sua opinião, isso não justifica, de forma alguma, as imprudências cometidas pelos motoqueiros no trânsito. “Mas sou forçado a admitir que a cobrança influencia para que os acidentes aconte-çam”, reconhece.

CreSCiMento Da Frota

Em março do ano pas-sado, o engenheiro Paulo Rogério Monteiro, da Agência de Desenvolv imento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, falou sobre o aumento futuro da frota de motos na capital. Ao se levar em conta que a capital pratica-mente não tem mais para onde crescer, as previsões não parecem nada otimistas: “Em 2034, o número de motos será o mesmo que o número de carros, aproximadamente 7, 7

milhões”. Pode-se imaginar, então, a quantas andará — ou não andará — o trânsito em Beagá, que hoje tem cerca de 250 mil motos nas ruas.

Assim como em Belo Hori-zonte, o aumento do número de motocicletas nas ruas é uma tendência nacional. De acordo com a Associação Brasileira de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Simila-res (Abraciclo), em janeiro deste ano foram emplacadas 133.043 motos em todo país, sendo que o número cresceu 9,2% em fevereiro, quando o emplacamento passou para 145.320. A curva crescente se justifica pelo preço de mer-cado. O ex-lavador de carros e, atualmente, motoboy Ben Jon-son da Silva, comprou uma Titan usada, por R4 1.800. “Dei 300 de entrada e vou pagar dez de 150”. Em suas palavras, “hoje só não tem moto quem não quiser”.

Abril/20114

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Inflacionando o atendimento dos hospitais públicos, os motoboys pesam também no bolso do contribuinte com sua irresponsabilidade

O PESADELO QUE ANDA SOBRE

DUAS RODAS

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Para não viver o

drama do cachorro Pimpoo,

pense duas vezes antes de viajar de

avião com seu

animal de estimação

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O BICHO

SÉrGio Viana

Há pouco mais de um mês, a aposentada Nair Flo-res, 64, teve um grande des-gosto quando resolveu viajar de avião, de Porto Alegre (RS) para o Espírito Santo. Em uma das escalas, foi avisada que seu cão de estimação, “Pimpoo”, que seguia para o mesmo des-tino, mas, em outra compa-nhia aérea, “teria fugido antes do embarque”. Como fugiu, ninguém sabe, ninguém viu. Segundo a companhia aérea, o animal passou por todos os procedimentos previstos pela legislação, mas, mesmo assim, ninguém ainda foi capaz de explicar seu sumiço. Até o cachorro resolver aparecer, dona Nair viveu dias de angús-tia e virou manchete de jornal. Cabe, então, a pergunta: vale a pena viajar de avião com ani-mais de estimação?

As instruções variam de acordo com cada empresa aérea. Quantidade, tamanho, preço, e espécie são itens que contam, mas todas exigem, no caso do animal doméstico, que ele seja sedado e que tenha certificado de vacinação e ates-

tado de saúde assinado por um veterinário. Além disso, vai ter que viajar trancado dentro de um contêiner de material impermeável e fechado com cadeado. O animal viajará no compartimento de carga, junto com as bagagens.

No caso de animais exóti-cos, como hamsters, cobras, iguanas e outros — sim, tem gente que viaja com esses bichos —, as exigências são ainda maiores. Também vão depender da quantidade e do tamanho do bicho. As compa-nhias aéreas ainda exigirão que o animal viaje trancado junto com as bagagens, com um atestado de saúde emitido por um veterinário. Além disso, é obrigatório o GTA, (Guia de Transporte Animal), que deve ser expedido por um veterinário habilitado pelo Ministério da Agricultura ou órgão executor da defesa sanitária nos estados.

É bom ficar sabendo que esse serviço não está incluído no preço da passagem. A tarifa de um animal, nessas circunstancias, pode variar em torno de R$ 90 + peso x 0,5% da tarifa, que será

cobrada só na hora do embar-que. Por isso, o cliente deve sempre ligar para a compa-nhia com antecedência, para saber os procedimentos necessários e se o animal tem condições de viajar.

Segundo a veterinária Daniele Lott, “vale apena via-jar com animais nessas cir-cunstâncias, mesmo que o animal sofra algum tipo de stress, que em minha opinião só aconteceria se fosse viajar por um tempo de 12 horas ou mais”. A veterinária alega que, “hoje em dia, em vários lares, o animal de estimação é amado e já é considerado como membro da família”.

A empresária Ana Maria Alves Pena concorda, mas, em parte. Para ela, ficar longe de “Cetim”, seu gato de estimação, era algo impensá-vel, até que fez a primeira viagem aérea com o animal, para uma praia do Espírito Santo. “Ele viajou sedado, tudo bonitinho, mas quando chegou lá, ficou estressadís-simo, acho que estranhou o lugar”. Ana Maria continua viajando para a praia duas vezes por ano, mas agora não

leva mais o bichano: — “ele fica num hotel para animais, onde é muito bem tratado e não fica estressado”.

ViaGeM De ÔnibUS

Para viagens de ônibus, o procedimento é basicamente o mesmo e a documentação exi-gida também é a mesma. A diferença é que o animal, acon-dicionado no mesmo tipo de contêiner descrito acima, poderá viajar junto com o dono, no caso de ser gato ou cachorro. No entanto, o proprietário do animal dependerá da boa von-tade dos demais passageiros, pois basta apenas que um seja do contra para que o bicho não embarque. Caso o dono quiser que o animal viaje no baga-geiro, é bom ficar sabendo que a empresa se exime de qual-quer responsabilidade. Ani-mais exóticos, em hipótese nenhuma, poderão embarcar.

HotÉiS para aniMaiS

Há várias alternativas em Belo Horizonte. Uma delas é o Hotel para Cães Pampulha, que oferece área

verde de lazer de mil metros quadrados e não prende o animal em gaiolas — assim ele vai poder se exercitar o tempo todo. Para dormir, quarto com almofadas e edredons, mas as mordomias não acabam aí: seu cachorro terá toda segurança, alimen-tação balanceada e acompa-nhamento de veterinários. A diária é de R$ 25 reais e o hotel ainda oferece serviço de táxi para buscar e levar o bicho. Outras informações pelo telefone 8475-5431.

Para gatos , uma das opções é o hotel Agata Cristy, que cobra diária de R$ 35. Lá, o gato fica em acomoda-ções especiais, chamadas bangalôs, com solários indi-viduais, equipados com cai-xas de areia, comedouros e bebedouros, sofá-cama com edredom, arranhador, brin-quedos e prateleira para praticar escalada. Isso, em vez de ficar em gaiolas. Tam-bém faz o transporte do ani-mal e tudo é acompanhado por veterinários. A alimen-tação tem que ser fornecida pelo dono. Informações: www.agatacristy.com.br

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Page 6: Jornal Lince 43

Abril/20116

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ra O ROCK AINDA RESPIRA EM BH

raFael liMa

numa época em que a música é sinal de cifras para os bolsos de gravado-ras, empresários e rádios, alguns gêneros musicais têm se tornado quase que extintos das principais mídias. talvez a maior vítima dessa peneirada midiática tenha sido o rock’n’roll, responsável por embalar a juventude em décadas passadas. até mesmo nos canais de tele-visão que em sua origem eram conhecidos como os redutos do rock — VH1, mtV —, o espaço vem diminuindo a cada dia.

em Belo Horizonte, os fãs das grandes bandas da histór ia do rock estão garantindo a preservação desses momentos de uma maneira diferente. com alguns admiradores do grupo, um nome parecido ou visual que lembre os astros, as bandas embalam bares temáticos na capital.

entre os tantos gru-pos covers, alguns fazem,

em seus nomes, analogias às verdadeiras bandas. os sucessos de led Zeppelin, por exemplo, são lembra-dos pelos músicos da Zé Pelin, enquanto os over-d o o r s h o m e n a g e i a m a banda the doors, e Bom Jovem relembra o rock romântico de Bon Jovi. até a u n i ã o d e d i f e r e n t e s décadas — com Raul sei-xas e Beatles — originou a R a u z i t l e s . a p e s a r d e m e n o s c o v e r s , o r o c k nacional não é deixado de lado em Belo Horizonte, com o conjunto Balão Ver-melho que toca os grandes sucessos da banda Barão Vermelho.

em ambientes de sinu-cas, pôsteres pelas pare-des e palcos apertados, eles fazem apresentações nos porões desses bares especializados em rock. o público conta com pessoas de diferentes idades, sendo que muitos dos jovens sequer haviam nascido quando as bandas homena-geadas estavam no auge da carreira.

lucas Ragazzi, 18 anos,

estudante, frequentador de um desses bares, conta que ao conhecer o local, torna-se impossível não voltar.

— não são apenas fãs que estão tocando as can-ções; são músicos talento-sos e por isso é prazeroso sentir que o rock ainda é respeitado.

os fãs/músicos enca-ram os projetos com serie-dade, e com muito ensaio procuram sempre estarem atualizados com o cenário musical. Para divulgação, a maioria usa o efeito mul-tiplicador da internet e suas redes sociais, mas os responsáveis pelas ban-das consideram os clientes assíduos dos bares como os maiores divulgadores do trabalho.

as maiores dificulda-des são os patrocinadores para grandes eventos. os músicos dizem também que as casas de shows da capi-tal mineira poderiam abrir as portas para esse mer-cado cover.

sobre esse movimento de bandas covers, gilberto melo, baterista da banda

Kiss cover BH, diz que em qualquer ramo da arte é pre-ciso preservar as raízes.

— Às vezes tocamos para uma faixa etária de 20 anos. fanáticos! fanáticos com uma banda de 1973. isso é a música.

o baterista conta ainda que BH sempre esteve no cenário principal quando se trata de rock, desde a década de 1970, quando houve o momento clube da esquina, que já respirava rock. o heavy metal ganhou força nos anos 1980 e revelou a maior banda brasileira do gênero, o sepultura. a partir dos anos 1990, por BH rara-mente entrar no circuito dos grandes shows internacio-nais, nasceu a cultura cover, para matar a sede dos roqueiros de minas.

e é com esse espírito que os fãs do rock prome-tem continuar fazendo ecoar os acordes pe la cidade, convertendo as novas gerações, deixando a música no ar, para que nunca falte rock aos pul-mões dos mineiros.

Com nomes e visuais que lembram os

grandes astros do rock

de outras décadas, bandas

covers se reúnem para manter o rock vivo por aqui

ARQUIVO PESSOAL

Page 7: Jornal Lince 43

Abril/2011 7Abril/2011 7

Os grupos dominantes em nossa sociedade tendem a impor suas

próprias regras e valores sociais

HOMOFOBIA NÃO TÁ COM NADA

Mesmo depois da tsunami de

mudanças que, desde os anos de

1960, vem sacudindo o mundo, ainda há quem dê

força para o preconceito

DieGo DoS SantoS e iSabella roCHa

Ao fim de Segunda Guerra Mundial, um vendaval de mudanças começou a modificar a sociedade, redefinindo com-portamentos, impondo novos conceitos e derrubando tabus. Timidamente, os anos de 1950 viram, por exemplo, nascer o rock, e as explosões de rebeldia da juventude começaram a assustar o mundo. Os anos de 1960 viraram definitivamente a mesa: a revolução sexual, o feminismo, a revolta estudantil em Paris, os protestos contra a Guerra do Vietnam... Tamanha diversidade presente no mundo atual faz supor que a cabeça das pessoas também tenha se modernizado, mas não é bem assim. As recentes explosões de homofobia que vêm se manifes-tando em quase todo o país são uma boa prova disso.

A homossexua l idade atinge hoje 10% dos homens

em Belo Horizonte e 4,5% de mulheres, segundo pesquisa realizada pelo ProSex (Projeto Sexualidade), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Mas o preconceito afeta todas as idades e mostra que não é somente uma ques-tão cultural. As reações são as mais diversas possíveis e vão do preconceito latente até a agressão física.

Sheyla Almeida, psicóloga e professora do Centro Univer-sitário Newton Paiva, diz que a homossexualidade pode ter diversas origens na vida das pessoas — genética, psicoló-gica e social.

— Hoje em dia, nas socie-dades ocidentais, convivemos com um discurso ideológico de respeito às diferenças e a con-vivência pacífica entre gêne-ros. Os grupos dominantes em nossa sociedade tendem a impor suas próprias regras, valores e normas sociais. A mass i f i cação ideo lóg i ca

reprime a expressão de auten-ticidade das minorias.

CoMeÇa eM CaSa

“O maior preconceito eu sofri em casa”. Estas são as palavras do jovem Pedro Hen-rique Galdino, 18, que desco-briu sua homossexualidade e revelou à família aos 13 anos. Desde então sofreu com a falta de aceitação.

— A reação dos meus pais foi a pior possível; no início eu ficava trancado em casa, frequentava o psiquiatra e sofri muito.

Pedro, que é estudante de Odontologia, ainda tem uma convivência difícil em casa. Talvez por isso, prefira amigos heteros. Mas garante que já amadureceu muito, a ponto de não temer a opinião alheia. Nem todo mundo, no entanto, tem essa sorte.

Chamada cons tante -mente de “sapatão” e “maria

homem”, a estudante Mariana Ribeiro, 22, diz ter uma perso-nalidade muito bem resolvida quanto à orientação sexual. Mariana namora há mais de três anos e quando assumiu a homossexualidade, há quatro anos , gerou um enorme espanto dentro da família.

— A única pessoa que me apoiou de verdade foi o meu pai, que a todo tempo me deu força e coragem para enfren-tar o mundo.

Segundo a estudante, muitos homossexuais se escondem por medo da reação da sociedade, mas ela não abre mão de fazer tudo que um casal normal faz e, exatamente por isso, exige respeito. Mesmo caso de Luiz Fernando Figuei-redo Lima, 21, estudante de economia, que há quatro anos namora um colega de sala. Ao se assumir, há um ano, Luiz Fernando foi praticamente isolado pela família — o pai e os dois irmãos mais velhos nunca

mais falaram com ele.— Minha sorte foi ter

emprego e um salário bom, que me permitiu sair de casa e alu-gar um apartamento. Sempre respeitei meu pai, mas no dia em que ele me chamou de “veadinho”, saquei que a única coisa que tinha que fazer era sair de casa. Não tenho raiva dele, mas se é isso que ele pensa de mim, problema dele.

Luiz Fernando, que estava no ginásio do Cruzeiro, em Betim, quando o público vaiou e chamou o atacante Michael, do Vôlei Futuro, de “bicha”, acha que, “toda vez que for insultada, a pessoa tem que recorrer à Jus-tiça”. Por isso, apoiou a decisão judicial que impôs ao clube mineiro uma multa de R$ 50 mil — “É incrível pensar que até hoje tem gente que ainda pensa assim”. Pelo sim, pelo não, Luiz Fernando, que tem 1,85m e já foi jogador de futebol, passou a frequentar aulas de krav magá. “Nunca levei desaforo pra casa”.

NAYARA CARMO

Page 8: Jornal Lince 43

Abril/20118 Abril/20118A

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“O MAIOR iSabella roCHa

Diretor de comunicação do Cruzeiro Esporte Clube desde 2007, o jornalista Gui-lherme Mendes possui uma vasta carreira no setor. Já atuou como repórter espor-tivo da TV Globo Minas e foi repórter geral do SBT, em São Paulo. Formado em Jor-nalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Guilherme falou ao Lince sobre o seu trabalho de assessor de imprensa do Cruzeiro, que tem fama de ter uma das mais bem montadas e eficientes do país.

lince - como é que funciona uma assessoria de imprensa dentro de um clube de futebol? Que ações ela desenvolve?

guilherme - a maior função da assessoria de imprensa é poder, exatamente, atender a demanda que os veículos de comunicação têm. diariamente, a gente tem aqui cerca de 16 veículos de comunicação que acompanham o nosso dia-a-dia e, além de fazerem a cobertura das nossas atividades nos campos da toca da Raposa, eles também têm necessidade de obter informações no que diz respeito a bastido-res do clube e atletas. então, cabe à assessoria de imprensa fazer essa ligação entre o clube, os jogadores e a comissão técnica com a imprensa. É um atendimento, uma parceria. a assessoria de imprensa de um clube de futebol é um pouco dife-rente da empresarial. muitas vezes a empresa quer ser notícia, o clube de futebol já é notícia todos os dias. a imprensa vem até o clube buscar informação e compete à gente abastecer essa demanda. nem tudo que é publicado e divulgado parte da assessoria de imprensa do clube; pelo contrário, esse nível de informação está res-trito a 40%, no máximo. a imprensa por si só tem seus meios para correr atrás da notícia. nós divulgamos o que é informação oficial do clube e aquilo que está dentro do nosso interesse, mas os veículos querem muito mais que isso.

lince – como é que isso acontece? guilherme – o clube precisa reter um pouco. Por exemplo, estamos em perí-

odo de negociação, se nós começarmos a divulgar muito cedo o interesse em determinado atleta, fatalmente, outros clubes também se interessarão por ele. a negociação nunca é feita em um dia só, ela se arrasta para a decisão de uma série de detalhes e se a informação vaza, esse jogador vai entrar em um leilão. então, o clube se resguarda, não pra prejudicar o trabalho da imprensa e sim para atender a necessidade interna.

lince - Quais são os maiores desafios que você enfrenta?guilherme - o maior desafio é quando enfrentamos as crises, quando o time não

vai bem no campeonato. talvez o momento mais difícil que eu tenha passado aqui foi quando o cruzeiro perdeu a final da taça libertadores, em 2009. isso causou um abatimento muito grande dentro do clube, os jogadores e comissão técnica senti-ram muito. algumas pessoas dentro do clube, estrategicamente, trabalharam para recuperarmos a nossa moral. no dia seguinte demos folga para todos os jogadores e na sexta-feira, quando voltamos aos treinos, tratamos de sacudir todo mundo. falamos que o cruzeiro é muito grande, não é uma final de libertadores, temos uma história de 90 anos de conquistas e também de derrotas. aquele foi um trabalho muito difícil, poucas vezes eu lidei com um grupo tão arrasado depois de uma jor-nada de trabalho. nessas horas é preciso ter serenidade, não podemos trabalhar aqui dentro com o coração de um torcedor. se eu quisesse ser apenas um torcedor, eu iria para a arquibancada. aqui dentro a gente precisa ter a paixão pelo clube, mas você precisa ter discernimento, a cabeça no lugar.

DESAFIO

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Abril/2011 9

“A assessoria de imprensa de um clube de futebol é um pouco

diferente da empresarial. Muitas vezes a empresa quer ser notícia,

o clube de futebol já é notícia todos os dias. A imprensa vem

até o clube buscar informação e compete à gente abastecer essa

demanda”.

“Talvez o momento mais difícil que eu tenha passado aqui foi quando o Cruzeiro perdeu a final da Taça Libertadores, em 2009. Isso causou um

abatimento muito grande dentro do clube, os jogadores e comissão técnica sentiram muito”.

lince – e é difícil...guilherme – ano passado, o cruzeiro estava embalado no campeonato Bra-

sileiro, bem próximo de ganhar o título e perdeu um jogo importantíssimo contra o atlético. depois perdemos aquele jogo contra o corinthians, em são Paulo, em que a arbitragem foi muito prejudicial ao cruzeiro. Quando eu cheguei ao vestiá-rio parecia que estávamos em uma praça de guerra, tamanha revolta dos jogado-res e da comissão técnica. Por dentro, eu também estava muito revoltado, só que não me cabia naquele instante ter a mesma reação que os atletas. eles estavam no calor do jogo, tinham discutido com o árbitro, então o meu papel foi de acalmar todo mundo. tínhamos que ir para uma entrevista coletiva e eu queria que cada pessoa fosse a mais ponderada possível, mas ainda assim, o cuca deu um soco na mesa e o presidente ofendeu o árbitro. Por mais que você fale, é impossível con-trolar a reação do ser humano. eu posso orientar, não posso colocar a palavra na boca da pessoa, esse é um trabalho muito intenso. antes de o jogador ir pra entrevista, damos uma sabatinada nele, falamos a linha que ele deve seguir. o cruzeiro é um clube muito profissional e de diálogo de pessoas abertas e que aceitam ouvir sugestões e críticas.

lince - como é o seu dia-a-dia?guilherme - eu chego por volta de 8hs e a primeira coisa

que eu faço é ler os e-mails. normalmente, já recebo uns dez e-mails de necessidades da imprensa, de veículos com novas demandas. depois dou uma passada nos principais sites de notí-cias esportivas. leio o clip eletrônico, que faz uma cópia das maté-rias que saem nos principais jornais do país, no que diz respeito ao cruzeiro. Quando tem alguma atividade ou treino, vou até o vestiário e pergunto ao treinador se tem alguma coisa que ele gostaria que fosse divulgada, converso com o supervisor e diretor de futebol. Pego as informa-ções básicas e vou atrás de alguma pergunta que já foi feita sobre a gente no começo da manhã. no horário do almoço, acompanho os programas esportivos no rádio e na televisão. a televisão fica ligada o dia todo, mas como não fico o tempo todo na sala, tenho uma equipe que me ajuda neste monitoramento. À tarde, volto a conversar com a diretoria e o treinador, acompanho o treino bem de perto e vou para a entrevista coletiva. o trabalho não para, é telefone tocando e e-mail chegando, o celular é minha maior ferramenta de trabalho. muitas vezes, trabalho o dia todo sem estar presente na toca, até em casa, mas é no telefone celular que eu atendo as pessoas, uma média de 30 ligações por dia. tem que ter paciência.

lince - o que a imprensa mais cobra de você?guilherme - a notícia em primeira mão, a notícia dos bastidores.

eles querem saber o que está se passando dentro do clube. o futebol é diferente de qualquer outra atividade, ele dá muita satisfação e a gente conta quase tudo que acontece. se a imprensa vê que entrou alguém diferente aqui no hotel, eles querem saber quem é se é empresário de jogador, se vai haver compra ou venda de algum atleta. eles têm uma curiosidade muito grande, e a gente entende.

é quando enfrentamos as crises”

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Abril/201110

Os selos conhecidos como “Olho de boi”

são, para muitos, “um sonho impossível”. Afinal, foram

selos impressos por determinação

do governo imperial

brasileiro, em 1843, e, hoje, podem chegar

a R$ 2.310.000,00!

FILATELIA, bem mais que o ato de colecionar

A internet reduziu em muito a prática epistolar, mas,

ainda assim, muita gente faz da troca de cartas uma forma

de se inserir no seleto grupo dos colecionadores

MiriaM GonÇalVeS

Mais que um simples hobby, para muita gente

colecionar selos pode se tornar uma fonte inesgotá-

vel de cultura e conhecimento. Os selos refletem

imagens de diversos países, onde estão registrados os

aspectos culturais e históricos de uma nação. Às

vezes, refletem momentos únicos, como os que o

Reino Unido vai editar agora, em comemoração ao

casamento do príncipe William. Logo, logo estes

selos se tornarão raridades nas mãos dos coleciona-

dores. Por isso, a atividade é tida como uma das mais

ricas do planeta.

Em diversos países, a filatelia é respeitada e

admirada, sendo até introduzida em seus crono-

gramas escolares. Pode-se citar sua inclusão na

geografia, na história e as artes, já que a filatelia

trata de ilustrar temas através das imagens.

No Brasil, os que não a conhecem tão profunda-

mente, a classificam apenas como um simples atra-

tivo infantil ou forma de diversão da terceira idade. E

com meios de entretenimentos cada vez mais tecno-

lógicos e a diminuição da emissão de correspondên-

cias, nota-se uma queda no uso de selos.

Carla Anízia trabalha há cinco em uma filatélica

de Belo Horizonte e fala sobre o público que fre-

quenta a loja.

— O público alvo são os idosos, que visam os selos

imperiais conhecidos como os raros e caríssimos “Olho

de boi”, lançados em 1843; já os jovens vêm mais para

comprar selos infantis ou vender coleções que herdam

—, completa Carla.

Ela afirma que, apesar de tudo, a internet ajuda

bastante nas vendas de selos, já que a loja possui um

site para a comercialização. Também há um catálogo

que é lançado pelos Correios a cada quatro anos,

onde todos os selos lançados, bem como seus respec-

tivos valores são divulgados. Além disso, donos de

filatélicas trabalham em parceria, sempre se comu-

nicando sobre o que há de novo no mercado. Na

capital os encontros entre colecionadores são mais

raros e pouco divulgados, já os grandes encontros

acontecem em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.

“Quando entrei, não sabia nada sobre filatelia, mas

fui adquirindo prática com o dono da loja, que é um

excelente filatelista. Assim comecei a me interessar

pela história que cada selo trazia consigo”, ensina Carla.

Filatelista há dois anos, Pérsio Ferreira Diniz,

23, encontrou uma forma interessante de começar

sua coleção. Começou a se corresponder com

moças e rapazes de outros países. A maioria dos

endereços veio das redes sociais. O advento da

internet, segundo ele, não vem atrapalhando, ape-

sar de, atualmente, ser mais difícil encontrar quem

queira escrever cartas.

— Tem muita gente que prefere mandar

e-mail, porque aí não tem que ir aos Correios nem

comprar envelope, mas o pessoal que coleciona

selos leva tudo a sério e escreve mesmo.

Pérsio começou se correspondendo com uma

jovem finlandesa interessada em aprender portu-

guês, depois que começou a namorar um jogador

de vôlei brasileiro. Por intermédio dela, passou a se

comunicar com jovens de toda a Escandinávia,

com quem andou trocando alguns selos. Hoje,

escreve para decasséguis (os brasileiros descen-

dentes de japoneses que retornam ao Japão para

trabalhar) e alguns australianos que conheceu

numa viagem de intercâmbio.

Já os selos conhecidos como “Olho de boi” são,

para ele, “um sonho impossível”. Afinal, foram os

selos impressos por determinação do governo impe-

rial brasileiro, em 1843, e, hoje são os selos mais

valiosos da série, que é uma das mais raras e procura-

das, não apenas na filatelia brasileira, mas no mundo.

O preço pode chegar a R$ 2.310.000,00!

HO

BB

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RE

PR

OD

ÃO

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Gastronimia é coisa tão séria

que agora exige

consultoria e pessoal cada

vez mais especializado

naYara CarMo

Definitivamente, as cozinhas de hoje não são como as de antiga-mente. Inovação, tecnologia e téc-nica são conhecidos substantivos dos novos profissionais. “Não existe um padrão, mas sim, uma adapta-ção ao mercado e ao cliente”, define Hugo Castro, proprietário da Hugo Castro Serviços Gastronômicos, falando sobre seu trabalho. Ele é consultor gastronômico, ramo da culinária que não para de crescer no mundo e que, ao mesmo tempo, é uma novidade na capital mineira.

Como já teve contato com diversas vertentes do mercado, trabalhando inclusive na Subway, Mc Donalds e Outback, Castro conta que essa experiência faz a diferença no serviço que sua empresa presta hoje. ”Morei nos Estados Unidos desde os 18 anos, e tive experiência em diferentes

culturas, estudando e guardando o melhor delas”, ressalta o chef, que agora trabalha em eu novo projeto, uma franquia de massas que concorrerá com o afamado restaurante Spoleto.

Quando o assunto é gestão, Castro destaca que o ponto chave da consultoria “é que a empresa vista a camisa e esteja disposta às adapta-ções necessárias”, formando assim “uma parceria com o conheci-mento”. Vanessa Campos, proprie-tária da Maria Chocolate, ressalta que contratou a consultoria por precisar de ajuda especializada.

— Acredito na ajuda externa, pois não sei tudo — Vanessa afirma que o investimento valeu a pena, já que o faturamento mensal da chocolateria dobrou.

A consultoria presta serviços que variam desde a pesquisa de mercado até a formação de cardá-pio, passando por mudanças no

espaço físico da loja até o treina-mento dos colaboradores. Castro diz que qualificar os funcionários é fundamental, “já que eles é que cuidarão para que permaneça o padrão de qualidade estabelecido durante o processo”.

opÇÕeS

Não é só a consultoria gastro-nômica que tem chamado a aten-ção. Outras lacunas do mercado vêm sendo preenchidas com cria-tividade e inovação. Serviços como o de um personal chef possi-bilitam o desfrutar de uma refei-ção requintada, às vezes, sem sair de casa. A opção menu de amigos, também oferecida pela empresa de Castro, permite ter em casa a assessoria de um profissional em pratos elaborados por você e seus amigos. Para outras informações, www.hugocastro.com.br

e requinte à moda da capital

Inovação D

IVU

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ÃO

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Abril/201112

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ra

As histórias em

quadrinhos da

personagem criada por Marge na década de

1950 chegam às bancas pela

Ediouro

LuluzinhalÍDia SalaZar

“Não vai ter muito sucesso esse relança-mento”, prevê José Ronaldo, dono da Livraria Shazam, há mais de 40 anos especializada em revistas e gibis. Comunicador e sociólogo, José Ronaldo fala com prazer de histórias em quadri-nhos e, principalmente, de Luluzinha sua turma —, ou seja, Bolinha, Aninha, Zeca, Raposo, Care-quinha, Alvinho e as bruxas Memeia e Alceia, entre outros, que estão de volta às bancas, para alegria de uma geração que viveu os anos de 1960.

Desde 1910 existiam muitas personagens femininas nos quadrinhos, mas Luluzinha prova-velmente foi pioneira como personagem infantil. As histórias em quadrinhos, ou comics, em sua maioria, começaram como tirinhas de jornal, publicadas semanalmente e, depois, diariamente.

José Ronaldo lembra que foi num tempo em que não existia televisão e o rádio estava começando — “Os jornais eram lidos mais pelos quadrinhos do que pelas próprias notícias”. Já naquela época, uma pesquisa constatou que os norte-america-nos, em geral, começavam a leitura do jornal pelas tirinhas em quadrinhos.

— O sucesso da Luluzinha, talvez tenha sido pelo tipo de história que a Marge criou: aquela “guerra” entre meninos e meninas. Naquela época, as crianças eram mais caseiras mesmo, então se identificavam com os personagens —, diz José Ronaldo.

Para o sociólogo Renato Vasconcellos, a perso-nagem reflete crianças que viviam em um mundo onde o único perigo era a ‘Guerra Fria’.

— As ruas, por exemplo, não ofereciam os perigos que existem hoje, então, algumas das

brincadeiras podem até parecer inocentes. A Luluzinha ainda brinca de boneca, tem meninas como suas melhores amigas e os meninos têm um clube só deles, tudo separadinho, uma coisa impensável nos dias de hoje. Ela é um retrato da menina norte-americana dos anos 1950, numa fase ainda pré-rock and roll.

A secretária Patrícia Silva, 36, era fã e lei-tora desses quadrinhos. Recordando os tempos de infância, diz que se identificava com as brin-cadeiras da Luluzinha com sua amiga Aninha. “Eram aquelas brincadeiras de boneca, de comidinha, coisas desse tipo”, diz saudosa. José Ronaldo conta que depois da Luluzinha nasce-ram muitas personagens infantis femininas, a maioria inspirada nela ou nas de Charlie Schultz que criou o Charlie Brown. “No entanto, sem a simplicidade da Luluzinha”, repara

As histórias em quadrinhos, ou comics, em sua maioria, começaram como tirinhas de jornal, publicadas semanalmente e, depois, diariamente.

onde o único perigo era a ‘Guerra Fria’.— As ruas, por exemplo, não ofereciam os

perigos que existem hoje, então, algumas das

maioria inspirada nela ou nas de Charlie Schultz que criou o Charlie Brown. “No entanto, sem a simplicidade da Luluzinha”, repara

O retorno de

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Abril/2011 13Abril/2011 13

LuluzinhaRenato Vasconcellos, lembrando que ‘Sally’, ‘Lucy’ e ‘Peppermint Patty’, a personagens femininas de Schultz, “são todas neuróticas”.

Houve ainda imitações menos inspiradas, como “Bolota” e “Brotoeja”, mas, sucesso mesmo foi a turma da Mônica, criada por Maurício de Souza, que também surgiu inspirada na Luluzi-nha. Para Renato, “a Monica seria uma projeção futurista da Luluzinha, com um perfil mais brasi-leiro, brincando na rua, batendo nos meninos”. Mas, a seu ver, a mais revolucionária de todas as personagens surgiria na Argentina, pelas mãos do desenhista Quino: “A Mafalda, que é dos anos de 1960/70, mas continua pra lá de moderna”.

José Ronaldo acredita que quem vai procurar as histórias do Bolinha e da Luluzinha serão os saudosistas, gente que as leu em sua infância.

— São pessoas de 50 a 60 anos de idade.

Patrícia Silva afirma que gostaria muito de reler os quadrinhos, mas não sabe se compraria várias vezes os gibis nas bancas. “O mundo mudou, os tempos são outros, as fantasias são diferentes dos tempos antigos — as moças sonha-vam com príncipe, mas hoje preferem bandidos a mocinhos”, observa José Ronaldo, prevendo pouco sucesso para o relançamento da publica-ção. Patrícia compartilha da mesma ideia do soci-ólogo, quando diz que os tempos são outros.

— Hoje os desenhos que as crianças assis-tem são desenhos japoneses com muita violên-cia e isso influencia até nas atitudes desses meninos e meninas, tornando-os mais agressi-vos no dia-a-dia.

A editora Ediouro, que irá publicar os gibis, foi contatada através de e-mail, mas até o fecha-mento desta matéria, não retornou.

saudosistas, gente que as leu em sua infância.— São pessoas de 50 a 60 anos de idade.

A editora Ediouro, que irá publicar os gibis, foi contatada através de e-mail, mas até o fecha-mento desta matéria, não retornou.

"A Mafalda, que é dos anos 1960/70, continua pra lá de moderna"

Mônica,criada por Maurício de Souza, surgiu inspirada na Luluzinha

REPRODUÇÃO

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Como a tecnologia se

tornou fundamental

para mobilizar os jovens árabes

e transformar o mundo

pHilippe Hipólito

Bate-papo, pesquisas e entreteni-mento. A cada dia, a internet propor-ciona novas atividades. Nas últimas semanas, as redes sociais – como o Facebook e Twitter – contribuíram para um marco na história mundial. Os sites foram utilizados para organi-zar e motivar milhares de jovens ára-bes a entrar em ação, não apenas online, contra o governo autoritário de Hosni Mubarak, no Egito. Na web, mensagens como “abaixo a ditadura de 30 anos” e “os jovens devem se mobilizar” convocaram protestos con-tra a falta de perspectivas e a repressão no país. Mubarak até que tentou resis-tir às manifestações nas praças e ruas das cidades e chegou a bloquear o acesso à internet. Mas ao invés de desarticular os protestantes, os moti-vou ainda mais. Após 18 dias de agita-ção e tumulto, o ditador entregou o poder para líderes militares. Com isso, a maior rede de comunicação e infor-mação criada pelo homem deixa de lado a diversão e os estudos para mos-trar sua força de impulso em grandes revoluções. Da mesma forma que no século XV, a prensa móvel, inventada

por Johannes Gutenberg, foi a ferra-menta tecnológica que mudou a face da Europa, ao possibilitar a edição de livros em grande escala e permitir que a Reforma Protestante confrontasse o poder absolutista da Igreja Católica.

Com o sucesso da mobilização no Egito e Tunísia, as revoltas no norte da África não cessam. Entusiasma-dos, os manifestantes também exi-gem a saída dos ditadores de outros países árabes. No Marrocos, jovens desempregados se organizaram no Facebook e convocaram o “movi-mento 20 de fevereiro”, que reivin-dica uma Constituição mais demo-crática e o fim do governo e parla-mento no país. Mokhtar Elkhal, mar-roquino e guia turístico da Comuni-dade Islâmica em Minas Gerais, afirma que o protesto da juventude árabe não surgiu agora. Já começou há décadas. Segundo Elkhal, a revo-lução não é somente pela pobreza, fome e miséria. “Os jovens querem assumir o papel essencial do povo árabe de ajudar com as riquezas, mos-trar ao resto do mundo a cultura e os princípios humanos que foram abafa-dos pelos governos”. Com a opressão nas universidades e nos espaços

públicos, a internet é a solução para a juventude se unir e comunicar. “Na região em que a população jovem não pode expressar as suas ideias, as mídias sociais são os novos espaços de liberdade”, observa Elkhal.

Milhões de jovens árabes, ociden-tais e até brasileiros estão atentos ao papel das redes sociais nesses movi-mentos populares. Juniele Rabelo, Mestre em História e Culturas Políti-cas/UFMG, acredita que é possível usar a tecnologia de forma nova, para transformar e mover a sociedade. “Impressionante como a internet pode estimular uma juventude a sair em praça pública em busca dos seus direitos”. E acrescenta: “essa mobili-zação traz a necessidade de repensar os nossos problemas contemporâneos. No Brasil, o maior é a corrupção”. Diante disso, as redes sociais podem também estimular jovens a criar vídeos, músicas, fotos, desenhos, pro-gramas de rádio no combate aos pro-blemas nacionais. Entretanto, Juniele faz uma ressalva — “claro que o Twit-ter e Facebook têm um poder imenso de comunicação e interação virtual, mas sem uma ação real, ela é inefi-ciente e vale muito pouco”.

batiSMo DiGital

Para homenagear o site de relacio-namento que contribuiu para o fim do governo de Mubarak, um jovem egípcio inovou. Ele batizou sua primeira filha como Facebook Jamal Ibrahim. O pai da recém-nascida quis expressar a gratidão pela conquista da juventude no país. Segundo o depoimento da família ao jornal local Al-Ahram, a criança recebeu muitos presentes de pessoas que partici-param do movimento na Praça Tahrir, no Cairo. Grafites, cartazes e panfletos espalhados pelas cidades egípcias tam-bém têm deixado mensagens de um “muito obrigado” à rede na web.

“É um caminho sem volta”. Assim, Hely Costa, professor de Tecnologias Avançadas de Comunicação, no Cen-tro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, comentou sobre o des-tino das redes sociais nos próximos anos. “Observamos um aumento do número de usuários ativos, melhoria no acesso e, principalmente, na quali-dade da resolução dos vídeos que são publicados”. No entanto, ainda há vários países, na própria África, em situação de acesso precário à internet.

LIBERDADEDE GUTENBERG A

BILL GATES, UM GRITO DE

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Abril/2011 15Abril/2011 15

há mais de uma

semana...”

ana paUla DUarte

L onge dos o lhos severos da mamãe, o que não faltam são meias jogadas pelo chão, sapatos, revistas espalhadas, pia cheia de vasilhas para lavar, objetos pela casa, que vive sempre repleta de amigos. Assim podem ser descritas a maioria das repúblicas estu-dantis, onde alegria e irreverência rimam com um pouquinho de desor-dem. Nelas, os jovens que saem das casas dos pais, no interior, buscam comodidade, segurança e economia no aluguel. E alguma liberdade também.

Morar longe da família faz com que o estudante se torne mais indepen-dente, pois, ao abandonar as mordo-mias da casa paterna, o jeito é se cuidar sozinho. Segundo a estudante de jorna-lismo, Geisiane de Oliveira, 19, perder a vida boa da casa do pai é difícil. Pelo

menos no começo. “Mas também faz com que você fique mais independente e responsável”, acredita. Geisiane, que perdeu as comodidades que tinha em casa — roupa lavada, comida pronta etc. —, afirma que o que compensa é a responsabilidade que ganhou — “tenho que fazer tudo sozinha”. Tudo isso implica radical mudança de hábitos. A assumida falta de talento gastronô-mico, por exemplo, a obriga a optar pelo famoso macarrão instantâneo, “que é rápido e gostoso”, conta, aos risos.

Miojo e responsabilidades à parte, o pior problema, segundo os estudan-tes, é a saudade dos pais. Uma ausên-cia que, em parte, pode ser preenchida pelos colegas de casa. È o que conta o estudante de farmácia, João Carlos Soares, 21. “Quando alguém esta pas-sando por alguma dificuldade, esta-mos prontos a ajudar, sou o morador

mais recente da casa e fui muito bem recebido quando cheguei”. O estu-dante de economia Paulo Autran, 21, concorda com João. “Gosto muito de morar aqui, as pessoas são legais e dividem as tarefas”. A maioria também revela, como Paulo, que prefere morar com amigos do que com parentes, pois adquire maior privacidade.

Porém, há repúblicas e repúblicas. E nem tudo são flores. O estudante Saulo Henrique, 18, por exemplo, conta que não é fácil conviver com pessoas de diferentes personalidades — “sempre há alguma discórdia”. Pior ainda nas repúblicas mistas, que já são comuns em toda a cidade. Gláucia Marisa Marques, 19, estudante de fisioterapia, foi obrigada a se mudar de uma república da Avenida Augusto de Lima, por sua orientação sexual. Seus colegas não aceitavam bem sua namo-

rada. Até montar outra república, “foi um sufoco, pois eu não tinha avalista pra financiar o aluguel”.

Mesmo problema que afetou Maurício Camargo, 22, que estuda fisioterapia e namorava um colega de sala, até que “a mãe de um boyzinho que morava na república implicou comigo e praticamente nos expulsou de lá”. Uma situação que foi contor-nada pela amiga Gláucia, que os convi-dou para morarem com ela em sua nova república. Gente que bebe, que fuma, que tem a mania de ouvir o Iron Maiden a toda, às três da manhã, que não topo lavar banheiro ou arrumar a cozinha, enfim, em república dá de tudo. Mas, em meio às festas, estudos, amores e discussões, o fato é que todos se lembrarão com saudade dessa época, que deixará histórias hilárias e, com certeza, inesquecíveis.

Para alguns jovens,

acostumados às mordomias de casa, na vida de uma

república tudo é novo e

diferente, mas também mais complicado

CICA A

LFER

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entr

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“Eu sempre tive o

sonho de chegar a

uma Olimpíada, mas sabia que era difícil.

Realmente escolhi

abrir mão de muitas

coisas, inclusive família,

para viajar e correr atrás.

Valeu a pena!”

lince – no início do ano, você alcançou uma marca expressiva na superliga, chegando aos três mil pontos. Quando começou sua carreira, você imaginava chegar tão longe? Quem foi seu maior incentivador?

André – Eu sempre tive o sonho de chegar a uma Olimpíada, mas sabia que era difícil. Realmente escolhi abrir mão de muitas coisas, inclu-sive família, para viajar e correr atrás. Valeu a pena. Quem mais me incen-tivou foi um primo meu, que jogava voleibol, e eu acompanhava os jogos dele. Meus amigos, lá de onde eu morava, também gostavam do esporte e a gente brincava perto de casa, em clubes.

lince – Você já foi pentacampeão da liga mundial e campeão das olimpíadas de atenas, em 2004, pela seleção. Você ainda almeja jogar representando o nosso país? tem alguma outra meta profissional?

André – Já cheguei num ponto legal, em nível de Seleção. Depois das Olimpíadas de Pequim, eu conversei com o Bernardo e acho que era o momento de parar. Eu não quis abrir mão de acompanhar o nascimento do meu filho, e estou me sentindo muito bem. A Seleção teve uma reno-vação muito legal, um trabalho bem feito. Quanto à próxima Olimpíada, vou deixar em aberto para outros jogadores que estão se destacando. Eu fui um exemplo da renovação sofrida, joguei com jogadores mais velhos. Estou num momento muito legal, com meu filho. No clube, ainda tenho metas. Quero ser tetracampeão brasileiro, e por esse motivo, estou aqui.

lince – Quais são os planos para sua carreira de agora em diante? Que atividade pretende exercer quando encerrar a carreira?

André – Isso é uma coisa que eu penso sempre, mas ainda não tenho nada definido. Voltar a estudar é complicado. Formei no segundo grau, mas não sei se eu conseguiria manter a rotina de estudante novamente. Quero investir e aproveitar tudo que eu consegui até hoje. Minha esposa se formou em Direito, talvez faça um investimento nela, mas ainda está em aberto.

lince – Você pretende encerrar sua carreira no minas?André – Difícil dizer isso, pois o mercado do vôlei é complicado. De

repente eles têm uma ideia diferente, ou querem outro time. Eu acho que tive sorte de poder jogar aqui vários anos — com certeza é um lugar que eu gosto muito e perto da minha família. Se pudesse, eu encerraria.

lince – Você tem a pretensão de morar em Belo Horizonte quando se aposentar? Qual a sua ligação com a cidade?

André – A minha ligação com a cidade é muito forte, eu gosto muito. Mas a cidade da minha esposa, Florianópolis, é uma cidade que adoro e é onde quero ficar e aproveitar com meus filhos, sem me esquecer daqui.

iSabella roCHa e lÍDia SalaZar

Apesar de nascido em São João do Meriti, no Estado do Rio de Janeiro, André Nascimento tem jeito de mineiro. Não por acaso. Afinal, ele praticamente começou sua carreira no Minas Tênis Clube, onde está hoje, e de onde saiu para brilhar na Seleção Brasileira e em equipes da Itália e da Grécia. Enquanto aguardava o início do treino, o oposto André conversou com o Jornal Lince e falou de sua carreira e vida pes-soal. Extremamente simpático e atencioso, o atleta não esconde o amor e admiração pela família e abre um sorriso sempre que fala do filho. Aos 32 anos, “Canha” dividiu um pouco da sua experiência na Seleção Brasileira e deixou transparecer os motivos que o fizeram chegar até aqui: humildade e persistência. Além do talento, é claro, que fez dele um dos jogadores mais completos do país.

dá pra chegar longe”“Sempre acreditar queCICA ALFER

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“Não quis abrir mão de

acompanhar o nascimento do meu filho (...)

Fui um exemplo da renovação

sofrida, joguei com jogadores

mais velhos. Estou num momento

muito legal, com meu filho.”

Abril/2011 17

dá pra chegar longe”lince – Qual é o peso de ser o principal jogador do minas?André – Já estou acostumado, é normal. Por ser um jogador de

Seleção e por todos os títulos que eu tive, é natural ter essa pres-são. Encaro de uma forma tranquila e não vejo pontos negativos nesse lado. Dentro da quadra somos um só, um grupo unido que não tem diferença de jogador.

lince – Você tem algum ídolo no esporte?André – Eu comecei assistindo as Olimpíadas de Barcelona, e

na posição que eu jogo, tinha o Marcelo Negrão. Gostava muito do Maurício, que na época, era o cara que fazia diferença. Depois tive a oportunidade de jogar com ele e fomos campeões. Já joguei, inclusive, contra alguns ídolos.

lince – como sua esposa lida com o assédio das fãs?André – Ela é muito tranquila, já foi jogadora de vôlei. Não foi

nada profissional, mas ela já disputou campeonatos universitá-rios, então tem uma noção do que se passa por trás de tudo. Ela conhece e respeita a minha profissão sem problemas.

lince – como é para você, ter que viajar e deixar a esposa e o filho por um tempo?

André – Antes, já era complicado sem o filho; agora, eu fico contando os dias de tanta saudade. Mas faz parte.

lince – nos momentos em que está em casa, com a família, o que gosta de fazer?

André – Agora, eu me dedico muito ao meu filho. Ele está numa idade em que gosta muito de brincar e correr. Antes, eu gos-tava de fazer um sonzinho, passear, ir ao cinema, mas sobra pouco tempo.

lince – Vimos você cantar e tocar uma música da legião urbana em uma entrevista ao globo Repórter. É a sua banda favorita? Que músicas você gosta de tocar?

André – Não é minha banda preferida. Foi uma música que veio na cabeça na hora. Gosto muito de Bon Jovi, Victor e Leo. Agora eu estou bem por fora, mas ouço um pouco de tudo. Por causa da falta de tempo, estou bem enferrujado, mas pretendo aperfeiçoar quando parar de jogar. Nada profissional, mas eu tenho vontade de aprender mais.

lince – Você se arrisca na cozinha?André – Eu gosto mais de administrar. Minha esposa põe a mão

na massa e eu comando a maneira de fazer. Eu sei fritar ovo! É difícil, tem toda uma técnica, mas eu consigo. (risos)

lince – Pensa em ter mais filhos?André – Sim, penso em ter pelo menos mais um.

lince – Você daria algum conselho para quem está come-çando a carreira agora?

André – O meu conselho é acreditar que dá pra chegar longe. No início, todos me diziam que era difícil, mas eu corri atrás. Tenho amigos que tinham um grande potencial, mas não aprovei-taram as oportunidades. A partir do momento que você escolhe aquilo, tem que ir até o final.

DIVULGAÇÃO DO MINAS TÊNIS CLUBE

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Abril/201118 Abril/201118

COMUNIDADES AFRICANAS

Em Belo

Horizonte, descendentes

da África preservam sua

cultura e fazem da

cidade palco de suas

manifestações

MiriaM GonÇalVeS e Sabrina aSSUMpÇÃo

Pela sua diversificada posteridade, o Brasil é consi-derado um país de população miscigenada. É campo onde, desde sua fundação, comuni-dades de diversas etnias bus-cam reafirmar o valor de suas raízes. Dentre esses distintos grupos, podem-se destacar os afrodescendentes. Hoje, inseridos cada vez mais nos grandes centros urbanos, ganham espaço numa socie-dade que insiste em resistir à cultura que a originou.

Pode-se entender por comunidades africanas os d i versos g rupos que se manifestam com a simples intenção de reiterar seus costumes, dentro de sua arte, política, música, reli-gião e educação. Dentre essas comunidades, estão os terreiros de candomblé, os grupos de capoeira, o Con-gado, as escolas de samba e os quilombos.

— A comunidade é uma forma que os afrodescenden-tes têm para conhecer sua

história —, diz o mineiro Gil Amancio, negro e militante.

Ele é pesquisador da cu l tura a f r i cana desde quando foi convidado a parti-cipar de projetos culturais da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). A partir de então, Gil percebeu estreitos laços que o ligavam desde a infância aos costumes africa-nos. “As cores, roupas, os movimentos corporais e as tonalizações de vozes dos afros tinham extrema seme-lhança com danças que desde criança minha mãe me ensinava”, lembra.

Gil Amancio também é percussionista, ator, professor de som e imagem do curso de Música no Palácio das Artes e já ganhou os prêmios TIM 2008 de Música e Rival 2008 Petrobrás. Mas hoje, seu foco é na produção musical para apresentações que envolvem novas tecnologias ao narrar mitos africanos.

— Quando se pensam na África, logo visualizam primiti-vos pintados e descalços.

Belo Horizonte é uma das cidades brasileiras onde

diversas comunidades africa-nas vivem e repassam tradi-ções aos seus descendentes e moradores locais. Gil explica que os africanos são portado-res de distinta filosofia e conhecimento transmitidos e ensinados pelos europeus e norte-americanos. “Por isso, a proximidade que temos des-sas comunidades, serve para abrir o leque de soluções aos atuais problemas sociais, polí-ticos e econômicos”, escla-rece Amancio.

Na capital mineira há diversos lugares como restau-rantes, centros de educação e festivais que abrem espaço para que a cultura africana possa se manifestar. Um exemplo é o Centro Cultural Casa África (CCCA), locali-zado no bairro Funcionários, próximo a região central de Belo Horizonte. Fundado pelo senegalês Ibrahyma Gaye, o CCCA tem como um de seus principais objetivos propagar maior interação entre os negros do Brasil e da África por meio de palestras, espetáculos, exposições e culinária oferecida no local.

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Abril/2011 19Abril/2011 19

Forte traDiÇÃo

a cidade de contagem, localizada na Região

metropolitana da grande Belo Horizonte (RmgBH)

é residência para outro grupo de afrodescendentes,

os arturos. os integrantes dessa comunidade são

descendentes de arthur camilo silvério, filho de

escravos e nascido após a lei do Ventre livre ter

sido promulgada. essa comunidade é reconhecida

pelas fortes costumes que ainda preserva e pela

extensa área em que vive.

muitos dos desses afrodescendentes ainda

sobrevivem pelas próprias atividades agrárias. a

comunidade dos arturos é um dos maiores pon-

tos para o turismo da cidade. todos os anos os

arturos realizam suas tradicionais festividades

como, por exemplo, os congados, a festa de nossa

senhora do Rosário e a folia dos Reis. os arturos

são a prova de que nem a distância e nem o tempo

são obstáculos para desligá-los de sua cultura.

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Abril/201120 Abril/201120

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GeiSiane De oliVeira

O prejuízo não foi pequeno, mas, em vez de ficar se lamentando, Wag-ner Fonseca de Lima, 29, resolveu ir em frente — “o que passou,passou”. No fim do ano passado, então o estu-dante do sétimo período de jorna-lismo, mal pode acreditar quando vândalos — que até hoje não foram pegos pela polícia — destruíram o car-rinho em que vendia cachorro-quente, na porta do Centro Universi-tário Newton Paiva, na Rua Catumbi. Foi numa segunda-feira à noite, quando, segundo Wagner, a picape começou a dar problemas.

— O carro estragou; como já era tarde, não tive como conseguir uma oficina autorizada. Então, tive que deixá-lo na porta da faculdade.

No dia seguinte, ao chegar para trabalhar, a surpresa. Ele encontrou o veículo totalmente destruído — “por dentro e por fora”. Além de roubar o botijão de gás, os vândalos tiveram tempo suficiente para deixar um ras-tro de destruição. Primeiro, abriram e derramaram as latas de molhos, milho, ketchup, mostarda e a lata de milho no interior do veiculo, des-truindo o estofamento, sujando o piso e os vidros. Mas não foi só: o retrovisor interno foi quebrado, além do painel,

do porta-luvas e da maçaneta. Não contentes com isso, os

meliantes cortaram os fios do som, arrancaram a placa dianteira do carro e roubaram o que pode ser car-regado. Ainda que a rua fique a um quarteirão de uma unidade da Polí-cia Militar e que os estragos devam ter sido ruidosos, dada a dimensão do vandalismo, os culpados escapa-ram impunes, deixando para trás apenas a destruição e os prejuízos.

Os autores não foram identifica-dos. “Se alguém viu, nunca contou”, afirma Wagner. O carro depredado possuía seguro, mas mesmo entrando com o processo para a restauração do

veículo, a demora praticamente inviabilizou seu trabalho. O jeito foi consertar a picape e vendê-la. Os motivos do vandalismo? Possivel-mente, apenas crueldade.

Atualmente, Wagner está traba-lhando com um novo carro, melhor equipado e com tudo novo. Trata-se de uma Saveiro que comprou, não por acaso, uma semana antes do inci-dente. “Dei a volta por cima”. Além de trabalhar todo dia com o carrinho de cachorro-quente, que abre religiosa-mente às 16h, e, às vezes, tem a ajuda da mãe, Wagner ainda trabalha como colaborador em um jornal corpora-tivo da polícia civil.

Vítima de uma onda de vandalismo,

que na calada da

noite destruiu seu carrinho

de sanduíches, estudante de jornalismo dá exemplo de superação

por cima

NAYARA CARMO

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Abril/2011 21Abril/2011 21

Apesar de execrado

pelas tribos do rock e da

MPB, o gênero vem resistindo e

já conta com uma legião

de fãs

ellen MaGalHÃeS

Empolgante, de fácil memorização, uma pegada pop, com grande participa-ção do público, na maioria das vezes gra-vado ao vivo e principalmente cantado por duplas. Em linhas gerais, é assim que se define o novo estilo de musica que vem atacando corações vê mentes dos jovens de hoje, o sertanejo universitário. Trata-se de um estilo já virou febre em todo o Brasil. Há quem diga que esse estilo não é o verdadeiro sertanejo, aquele que cha-mam de “sertanejo de raiz”. Mas o que se vê na nas ruas é que não só os jovens, mas também muitos adultos também estão aderindo a essa explosão musical dos tempos modernos.

O nome surgiu por apenas marke-ting, mas hoje entre os jovens é conside-rado o estilo mais tocado, por ser mais agitado, em comparação ao sertanejo de raiz. Mas há quem diga, como Welling-ton da Silva, 45, que "não existe dife-rença entre sertanejo universitário e sertanejo de raiz". Os puristas devem estar se descabelando a estas alturas, porém, “o que se sabe”, segundo Silva, “é que tudo começou com a dupla Cesár Menotti e Fabiano, e logo, outras duplas foram aderindo”.

A cada dia surgem mais duplas ou cantores solistas, como o Gustavo Lima e o Luan Santana, que já conquistaram milhares de fãs, afirma a estudante Fer-nanda Senna, lembrando que “o serta-nejo universitário tem uma certa irreve-rência, mas continua som suas letras, às vezes melódicas, românticas e ate mesmo de dor de corno". O romantismo, aliás, é o que faz do estudante Gilmar Vilanova Soares um apaixonado por esse estilo musical.

— Todo mundo que namora ou já namorou é fã do sertanejo universitário —, teoriza Gilmar, que se identifica muito com o ídolo Luan Santana.

Mas é exagero afirmar que todo mundo que namora é fã desse gênero de música. Os irmãos Stefano e Victor Manuel de Melo, estudantes de comuni-cação, não veem “a menor graça” no ser-tanejo universitário.

— É muito brega. É um bando de ‘mauricinhos’ sem nada na cabeça, fazendo um tipo de música que não leva a lugar nenhum —, afirma Victor.

Seja como for, o sertanejo universitá-rio é, na maioria das vezes, tocado de forma acústica, não só em barzinhos e casas de show, mas até em boates, em fins de noite ou quando o DJ sente que esta rolando um clima de romance na pista de dança. Além disso, as duplas não param de surgir, revelam novos compositores e arranjadores e, em alguns casos, assu-mem status de verdadeiros superstars, como Victor e Leo, que cobram um dos cachês mais caros do Brasil. Coisa pra muito pouca gente!

O sertanejo universitário continua na ativa

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Abril/201122

“Isso ainda vai ser

GRANDE NO BRASIL”r

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tHiaGo alVeS e roberta SoUSa

Apesar de ser disputado em mais de 120 países, o rúgbi ainda não é um esporte popular no Brasil. A modali-dade surgiu na Inglaterra e é muito praticada em países de colonização britânica. Na América Latina, o rúgbi está presente na Argentina, no Chile e no Uruguai. Aliás, Los Pumas, como é conhe-cida a Seleção Argentina, é atualmente a melhor equipe de rúgbi das Américas.

O potencial de cresci-mento do rúgbi no Brasil é imenso, já que o esporte é o segundo mais praticado do mundo e a sua Copa do Mundo reúne uma audiência de quatro bilhões de especta-dores. Em relação a estádios, organização, publicidade e patrocínios o rúgbi é digno de comparação a Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas.

Em Belo Horizonte, o bancário Fernando Guerra, de 24 anos, entrou em 2006 para a equipe do BH Rugby, único clube de rúgbi da capi-tal de Minas Gerais, fundado no dia 30 de outubro de 2003. Guerra conta que o esporte bretão está em franco cresci-mento no estado. “Estão se criando equipes de rúgbi por

toda Minas Gerais e o nosso time está crescendo muito — tanto que estamos conse-guindo bastante patrocínio, o que é fundamental para a manutenção de uma equipe”.

Apesar de ter apenas cinco anos de fundação, o BH Rugby é um dos clubes mais conhecidos e ativos do Brasil e Guerra avalia o rúgb i como um esporte democrático em que todos, “desde o gordinho baixinho até o alto magrelo encon-tram lugar ao sol; a vanta-gem de se praticar rúgbi é que ele é o esporte mais democrático do mundo, por-que não importa o seu bió-tipo, no rúgbi você sempre encontrará uma posição”.

No BH Rugby há atletas de diversas nacionalidades, principalmente argentinos, italianos e neozelandeses. Geralmente, os atletas inter-nacionais do BH Rugby estão acostumados a prati-carem de forma amadora o esporte em seus países de origem e quando chegam aqui querem continuar a jogar rúgbi. “Os gringos já são atletas mais experientes e eles nos passam muito conhecimento tático. Lá nos países deles, eles eram ver-dadeiros pernas de pau e

aqu i são re i s da bo l a ” , diverte-se Guerra.

O diferencial do rúgbi, segundo o bancário, é a união que o esporte propor-ciona entre seus pratican-tes . “Uma f i losof ia que temos é que no time pode-mos ter cinco grandes joga-dores, mas que se eles não trabalharem em equipe, per-deremos para o adversário mais fraco. A união e a ami-zade são valorizadas tanto d e n t r o c o m o f o r a d e campo”, teoriza.

no braSil

O rúgbi chegou ao Brasil no século XIX, mas só em 1925, no Campo dos Ingle-ses, pertencente ao São Paulo Athletic Club, em Piri-tuba, no estado de São Paulo, que o esporte começou a ser praticado regularmente. Atualmente, 13 estados (Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) possuem equipes de rúgbi, que praticam o esporte em diversas categorias.

A Vitória-régia, como é

conhecida a Seleção Masculina de Rúgbi, serve como um bom referencial do otimismo e evo-lução do esporte do país. Nos últimos três anos, o Brasil ala-vancou-se na categoria Mascu-lina Adulta da 45ª colocação para a 27ª posição no ranking da International Rugby Board (IRB), órgão semelhante a FIFA para o futebol.

Além disso, desde 2008, a Vitória-régia conquistou o direito de participar da divi-são de elite do Campeonato Sul-americano de Rugby, que conta com os quatros melho-res países qualificados na Confederação Sul-Ameri-cana de Rugby (CONSUR).

Já as Carcarás, como é conhecida a Seleção Brasi-leira de Rúgbi feminino, con-quistou em 2009 a 10ª posição no Campeonato Mundial rea-lizado em Dubai, nos Emira-dos Árabes Unidos — a melhor posição alcançada por uma equipe brasileira em Mun-diais. Nessa mesma categoria, a seleção disputou no mês de Julho o Campeonato Mundial Universitário, onde terminou na sexta colocação.

DiVUlGaÇÃo

O rúgbi é o segundo

esporte mais praticado no planeta. A Copa do Mundo da modalidade é o terceiro evento esportivo de maior audiência na televisão mun-dial, atrás somente da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas. Através de fil-mes publicitários, a Topper, empresa de equipamentos esportivos e patrocinadora da Associação Brasileira de Rugby, divulga, em parceria com a Agência Talent, o con-ceito “Rúgbi, isso ainda vai ser grande no Brasil”.

Nos comerciais, o apre-sentador utiliza o humor para comparar os números do esporte no Brasil em rela-ção aos nossos países vizi-nhos. Tais como a Argentina — que é uma das grandes po tênc ia s mund ia i s do esporte —, Uruguai e Chile. As peças expõem os fatos de o Brasil não possuir um bom time, uma grande torcida nem divulgação. Entre-tanto, afirma que a modali-dade será “grande” em ter-ras tupiniquins.

O patrocínio da Topper, que é a marca líder em espor-tes na América do Sul, com a Associação Brasileira de Rugby possui duração até Junho de 2012. É esperar — e torcer! — pra ver.

O rúgbi é um esporte democrático

em que todos,

desde o gordinho baixinho até o alto magrelo

encontram lugar

ao sol.