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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CEUT - JORNALISMO - ANO 5 - N° 11 Muito trabalho, trânsi- to confuso e poucas horas de sono são problemas co- muns no dia-a-dia do ho- mem moderno. Para piorar, o “stress” da vida corrida pode até causar problemas de visão. Página 5 Cidadãos analisam a po- lítica piauiense e dão uma demonstração de que en- tendem do assunto, que conhecem os fatos e que sa- bem dos próprios direitos, especialmente, o de exigir mudanças para o bem so- cial. Ano de política, ano de mudança. Página 3 Política não é prossão Além de preservar o meio ambiente, a nova campanha da Agespisa vai gerar des- contos na conta de água. A cada litro doado de óleo de cozinha, o desconto vai ser de R$ 0,30 (trinta cen- tavos). Para empresas que participarem da campanha, a coleta é feita pela própria equipe da Agespisa. Página 4 André Gonçalves, Adriano Lobão e Tairo Silva. Três alunos de Comunicação Social e, além disso, três apai- xonados pela arte: fotograa, literatura e música, res- pectivamente. Página 8 O jogo de habilidade que envolve apostas, ga- nha projeção em Teresina. Roberto Aguilera promove torneios de poker e, ago- ra, decide apostar em um espaço completamente de- dicado ao jogo: o Teresina Poker Club. Página 7 O projeto Diálogos Ne- cessários promove inter- disciplinaridade no curso de Comunicação Social, e para conrmar isso, o historiador e poeta Paulo Machado fez um link entre história e mídia, que reuniu estudantes de Publicidade e Jornalismo da faculdade. Página 6 O auto e o aeromodelismo reduzem em escala carros e aviões, mantendo as mes- mas funcionalidades de um modelo normal, por isso, permitem aos praticantes ter a emoção de voar e de correr nos ares e pistas, res- pectivamente, usando um controle remoto. Página 7 Descoberto há cinco mil anos, o yoga é hoje uma atividade comum nas academias de Teresina. Além de ser uma atividade física, ele também é uma forma de relaxamento. Conra na página 5. Yoga: o exercício que traz relaxamento Agespisa lança campanha “Não jogue óleo no ralo” CEUT debate sobre mídia e história Teresina ganha espaço para prática do poker O poker luta para perder o estigma de “jogo de azar” Modelismo cresce em adeptos Uma brincadeira mais para adultos do que para crianças Stress pode causar problemas de visão CULTURA Perl de três artistas LAYANI PRADO LAYANI PRADO

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CEUT - JORNALISMO - ANO 5 - N° 11

Muito trabalho, trânsi-to confuso e poucas horas de sono são problemas co-muns no dia-a-dia do ho-

mem moderno. Para piorar, o “stress” da vida corrida pode até causar problemas de visão. Página 5

Cidadãos analisam a po-lítica piauiense e dão uma demonstração de que en-tendem do assunto, que conhecem os fatos e que sa-bem dos próprios direitos, especialmente, o de exigir mudanças para o bem so-cial. Ano de política, ano de mudança. Página 3

Política não é profi ssão

Além de preservar o meio ambiente, a nova campanha da Agespisa vai gerar des-contos na conta de água. A cada litro doado de óleo de cozinha, o desconto vai ser de R$ 0,30 (trinta cen-tavos). Para empresas que participarem da campanha, a coleta é feita pela própria equipe da Agespisa.

Página 4

André Gonçalves, Adriano Lobão e Tairo Silva. Três alunos de Comunicação Social e, além disso, três apai-xonados pela arte: fotografi a, literatura e música, res-pectivamente.

Página 8

O jogo de habilidade que envolve apostas, ga-nha projeção em Teresina. Roberto Aguilera promove torneios de poker e, ago-

ra, decide apostar em um espaço completamente de-dicado ao jogo: o Teresina Poker Club.

Página 7

O projeto Diálogos Ne-cessários promove inter-disciplinaridade no curso de Comunicação Social, e para confi rmar isso, o historiador e poeta Paulo Machado fez um link entre história e mídia, que reuniu estudantes de Publicidade e Jornalismo da faculdade.

Página 6

O auto e o aeromodelismo reduzem em escala carros e aviões, mantendo as mes-mas funcionalidades de um modelo normal, por isso, permitem aos praticantes ter a emoção de voar e de correr nos ares e pistas, res-pectivamente, usando um controle remoto.

Página 7

Descoberto há cinco mil anos, o yoga é hoje uma atividade comum nas academias de

Teresina. Além de ser uma atividade física, ele também é uma forma de relaxamento. Confi ra

na página 5.

Yoga: o exercício que traz relaxamento

Agespisa lança campanha “Não jogue óleo no ralo”

CEUT debate sobre mídia e história

Teresina ganha espaço para prática do poker

O poker luta para perder o estigma de “jogo de azar”

Modelismo cresce em

adeptos

Uma brincadeira mais para adultos do que para crianças

Stress pode causar problemas de visão

CULTURAPerfi l de três artistas

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2 Teresina, junho de 2010

Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social, Habilitação em

Jornalismo do CEUT - Centro de Ensino Unifi cado de Teresina.

Diretor Geral:Honório José Nunes Bona

Diretor de Planejamento e Finanças:Ranieri Mauro Vilarinho Brito

Diretora Administrativa:Zizita Dolôres Bona de Carvalho

Diretora Acadêmica:

Maria de Fátima Portela Araújo

Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão:

Ceciane Portela Sousa

Assessora Acadêmica:Lina Rosa de Jesus Bona

Coordenadora do Curso de Comunicação Social:

Maria Helena Almeida de Oliveira

Professores ResponsáveisEdição, Texto e Reportagem:Sammara Jericó - DRT 1228

Planejamento e Produção Gráfi ca:Mercedes Rio Lima - DRT 187/90

Fotojornalismo:Neulza Bangoim - DRT 4.833/MG

Revisão:José Airton F. de Sousa - MEC 514-CE

Equipe de Redação/Paginação:Apoena PereiraCaroline Sayra

Dileane CamposLayani PradoLenny MouraMara Vanessa

Ranielly BorgesThiago Mendes

CEUT - Av. dos Expedicionários, 790 - São João - Teresina/PI - CEP 64046700

Fone: 4009.4300 - Fax: (86)32324888E-mail: [email protected]

Apocalipse político EDITORIAL

Esporte e Política: interligados no mundo oposto

ARTIGO

THIAGO MENDES*

* Thiago Mendes é aluno do 4º período de Jornalismo do CEUT.

OPINIÃO

Tremores de terra, enchentes, deslizamen-tos, mortes. O mundo parece estar entrando em colapso e o temido fi m dos tempos - pro-fetizado pelas grandes religiões – é noticiado tacitamente pela mídia em forma de epidemias sinistras, catástrofes naturais incontidas e de-sumanização das relações sociais e pessoais. As instituições seculares, por sua vez, corro-boram o coro dos afl itos e anunciam o apoca-lipse: estamos no limite.

Enquanto as calamidades públicas são encara-das como “destino” e “vontade divina”, o sis-tema elitista de poder, composto por grandes corporações político-empresariais e demais hie-rarquias governamentais, continua se locuple-tando da grande massa de homens e mulheres, trabalhadores e desempregados, pessoas que, muitas vezes, vivenciam uma experiência social negativa e são exploradas dia após dia. No Bra-sil, o descaso generalizado repercute em espaços urbanos e rurais sem infraestrutura, condições insalubres de sobrevivência e propagação de ati-vidades criminosas.

É neste cenário apocalíptico que ocorrerão as eleições quase gerais em nosso país. Haverá, en-tão, esperança para o povo? Não se tem certeza. A única certeza que temos é que os grupos políti-cos se tornam cada vez mais poderosos e menos interessados no bem coletivo, transformando a população em massa de manobra e os eleitores em moeda de troca por cargos e posições de li-derança. Ao invés de propostas de governo coe-rentes, recebemos declarações anestesiadas; no lugar de candidatos dispostos a investir em polí-

ticas públicas, somos nocauteados por discursos retóricos e brigas partidárias.

Não interessa o que é melhor para a nação, pois, parafraseando o clássico articulista Maquiavel, “as fi nalidades pessoais justifi cam os meios co-letivos”. Dizendo de outra forma, não interessa se a rua em que você mora está repleta de lixo, sem calçamento; se não existe sistema de esgoto no seu bairro ou ainda se seu fi lho morre em um leito de hospital público porque não conseguiu ser atendido. O que interessa é que todos esses “pequenos sacrifícios” serão apenas números e dados, ocultados por relatórios falsos ou usados nos discursos políticos dos opositores.

Quanto tempo se perde nas disputas mesqui-nhas entre coligações políticas? O Piauí está gabaritado para falar sobre isso. Por meses, a população piauiense assistiu de camarote aos momentos de “dúvida” e ameaça entre correli-gionários e aderentes para saber se o ex-gover-nador do Estado, Wellington Dias, deixaria o posto para tentar uma vaga no Senado e se o ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, disputaria o governo, desocupando o posto na prefeitura. Qual seria o candidato lançado pelo partido do ex-governador? Que nome seria indicado para ocupar aquele cargo da Secretaria? Quem faria o quê? Eis as preocupações que vêm norteando os rumos da campanha eleitoral de 2010 em ter-ritório piauiense.

Resta saber: quem somos nós? Por que nos-sa cidadania não tem sido respeitada? Onde es-tão nossos direitos e garantias (certifi cados pela Constituição Federal)? Por que nos deixamos paralisar por tão pouco?

O futebol surgiu na Inglaterra, por volta da década de 50, e logo se tornou preferência dos trabalhadores da indústria, os quais conquistavam gradativamente, horários de lazer. Tanto na Inglaterra como no Bra-sil, a classe operária e mais humilde sempre gostou da prática do futebol e, coincidência ou não, aqui no Brasil há grandes jogadores que vieram das clas-ses sociais mais baixas, como Garrincha, Romário, Adriano, Ronaldo, Robinho entre outros.

No início das apresentações da seleção brasileira (1921), por imposição do então Presidente da Re-pública, Epitácio Pessoa, jogadores negros não po-diam participar das partidas porque ele temia que a imagem mostrada do Brasil ao exterior fosse de pessoas de cor, indignas de representar o povo bra-sileiro. Por ironia ou não, quarenta anos depois, em 1958, surge Pelé, que encantaria o planeta na copa do mundo daquele ano, na Suécia e se tornaria, de-pois, “o rei do futebol”.

Na década de 70, o técnico da Seleção brasileira, João Saldanha (comunista assumido), foi demitido por ordem do Presidente da República, Emílio Gar-rastazu Médici, por não acatar uma ordem pessoal da autoridade para a convocação do jogador Dario Maravilha. Na verdade, a ditadura via no talento da seleção brasileira uma oportunidade para divulgar e mostrar certa unidade política do Brasil ao mundo.

Essa prática não é exclusiva dos governantes bra-sileiros. Em 1938, horas antes da fi nal da copa do

mundo (Itália X Hungria), os jogadores da Itália receberam um telegrama de Mussoline com a fra-se: vencer ou morrer. A Itália ganhou por 4 a 2 e os jogadores foram recebidos em Roma como heróis de guerra. O poder propagandístico do esporte é in-contestável e sempre cai bem surgir o patriotismo através das vitórias nos mais variados tipos de espor-te, e, sempre há algum político para ser associado à imagem dessa vitória.

São inúmeros os casos em que a política utiliza-se da oportunidade publicitária que o esporte pro-porciona como: divulgação da ideologia nazista nas olimpíadas de 1936 (Berlim); acesso indiscriminado de políticos às concentrações da seleção brasileira, na copa de 50 para aparecerem em fotos com as es-trelas (Brasil, 1 X Uruguai, 2); na copa de 70, Médici aparecia constantemente nos programas de TV fa-zendo embaixadinhas; Fernando Henrique Cardoso recebeu os campeões do mundo de futebol, em 2002, no Palácio do Planalto (a rampa do Palácio serviu de Playground para Vampeta dar cambalhotas); Lula re-cebeu César Cielo (natação) no Palácio da Alvorada em 2009;

O mundo inteiro pratica esporte e também política. Algumas pessoas torcem para políticos tal qual tor-cem para o time de coração. O esporte profi ssional envolve muito dinheiro, e os dois são uma oportuni-dade para se obter poder. Os capítulos dessa história estão constantemente em construção, basta-nos as-sistirmos aos campeonatos que estão por vir.

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Teresina, junho de 2010 3POLÍTICA

A palavra é arma de cidadaniaMARA VANESSA

“O ataque entregoverno e oposição

virou a únicaferramenta de proposta”

Políticos e sociedade: entenda a relação

“Política não é profi ssão. Po-lítica é prestação de serviço.” Com essa afi rmativa, o estudante Leonardo Freitas, 20 anos, defi ne como a atividade política deveria ser concebida, tanto pelos ocu-pantes dos cargos públicos, como pela grande parcela da sociedade civil. Segundo ele, a política deve ser usada “para servir à socieda-de, e não o contrário”.

O histórico político brasileiro tem revelado inúme-ras contradições. Es-cândalos e manobras oportunistas têm sido observados constante-mente na administração pública, como é o caso do esquema de corrup-ção do qual é acusado o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e os atos secretos que explodiram no ano passado con-tra o presidente do Senado, José Sarney. Em 2005, o Brasil viven-ciou o Escândalo do Mensalão, caracterizado pelo esquema que comprava votos de parlamenta-res para aprovação de projetos do interesse do Poder Executivo.

Quais os efeitos desses acon-tecimentos nesta época pré-eleitoral, em que o país vive momentos de dúvida e incerte-

DEMOCRACIA

O cientista político Vítor San-des, autor da primeira dissertação do Mestrado em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí – UFPI, interpreta o atual qua-dro político piauiense como “um processo de rearticulação políti-ca. As saídas de Wellington Dias do Governo do Estado e de Sílvio Mendes da Prefeitura de Teresina possibilitaram a abertura de um leque de possíveis novos cená-

rios que poderão surgir a partir de 2011”. Vítor Sandes destaca que “a possibilidade de mudan-ças parciais ou totais nos grupos dirigentes do estado é inerente à própria atividade política em contexto democrático”.

Em relação aos altos índices de práticas criminosas executadas no âmbito eleitoral piauiense, o cientista político afi rma que “não só no Piauí ocorre um número demasiado de crimes eleitorais.

MARA VANESSA

Cientista político Victor Sandes.

za? O descrédito da população é um deles. A dona de casa Rosa Costa, de 50 anos, classifi ca a classe política como um “pesa-delo imoral, que nunca será vis-to com bons olhos”.

“Esse povo só pensa em rou-bar, em tirar vantagem. Toda eleição é a mesma coisa. Eu saio de casa cedo, pois voto no inte-rior do Piauí, e volto tarde. Não gosto de fazer isso, mas faço para ver se alguma coisa muda, mas

nunca muda”, desabafa. Ela ar-gumenta que as práticas e discur-sos políticos “não se renovam, não tem diferença nenhuma das eleições passadas”.

Esta repetição a qual Rosa Cos-ta se refere pode ser constatada no atual cenário político piauien-se, onde, às vésperas do lança-mento de candidaturas, a socie-dade se vê às voltas com crises e desavenças internas dos partidos, acompanhadas do bate-boca de pretensos candidatos. “Essa fase

Jornalismo Político é meio de exclusão

ricos do Piauí? Uma minoria. Mesmo assim o programa vai ao ar toda semana. O jornalismo político não foge a essa regra. Salve algumas e raras exceções, atende aos interesses dos donos da empresa ou dos que pagam as cotas de patrocínio. Ou seja: pas-sa ao público mensagens forjadas ou incompletas em benefício de grupos, excluindo o grande pú-blico”, arremata.

Segundo o jornalista Rômulo Maia, ainda hoje, em pleno sécu-lo XXI, a liberdade de imprensa é objeto de censura, agora feita de forma tácita. “A imprensa sofre censura sim, principalmente dos patrões, que operam sempre em benefício próprio. Há também ameaças de processos ou de “não dar mais entrevistas” partindo de autoridades e gestores”, revela.

As intrigas e alfi netadas entre adversários e aliados são retrata-das constantemente pela mídia e, infelizmente, nem sempre apre-sentam profundidade de conte-údo e informações, excluindo o grande público, para quem, ver-dadeiramente, as notícias deve-riam ser direcionadas.

O jornalista Rômulo Maia, fru-to da nova safra de diplomados, entende que a mídia empresarial, como um todo, exclui o grande público. “Se ela atende a interes-ses empresariais, de grupos em busca de fatias da economia e do poder político piauiense e brasi-leiro, ela exclui”, revela.

Ele ainda acrescenta: “A Ma-lhação [novela veiculada pela Rede Globo e dirigida ao público adolescente-jovem], por exem-plo, somos nós? Refl ete a juven-tude, o ensino brasileiro? O seu João, que mora em uma casa de taipa lá no interior de Pio IX, um dia vai poder acessar os serviços do Itaú Personnalité, aquele car-tão de crédito cheio de vantagens que a propaganda mostra? A re-distribuição fundiária do país é mesmo coisa de baderneiro, como diz o apresentador do Jor-nal Nacional, ou é um importante instrumento de luta e transforma-ção social do povo pobre brasi-leiro? As viagens e festas que o Rivanildo Feitosa [colunista social] transmite em seu progra-ma, interessam a quem, além dos ricaços do Piauí? E quem são os

que antecede a campanha ainda está muito no disse-me-disse e isso espelha os conchavos políti-cos que estão ou podem ser fei-tos”, afi rma o professor universi-tário e jornalista Eugênio Rego, 35 anos.

O educador acredita que a “po-lítica ideal é aquela em que os políticos assumem compromisso real com os problemas da popu-lação e esquecem os interesses pessoais em prol do coletivo”. Pensamento que acompanha

a geração de Loren-na Morais, 20 anos. A estudante diz que “o cenário político está triste. Os candidatos se atropelam, querem passar um por cima do outro. O ataque entre governo e oposição vi-rou a única ferramenta

de proposta”. Ela acrescenta que “a política

deveria mudar, principalmente em trabalho, e mostrar que re-almente se preocupa com nosso Estado, e que entende o que se passa nas nossas vidas”.

Representar os anseios sociais e fomentar a ampliação da cida-dania plena, onde o usufruto dos direitos civis, políticos e sociais são efetivamente assegurados, é papel primordial dos três poderes da União: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Práticas ilegais no âmbito da política eleitoral estão dissemi-nadas, propriamente, na relação representante-representado”.

Em relação aos prejuízos so-ciais ocasionados por este tipo de conduta ilícita, Sandes afi r-ma que “eles são incontáveis. A compra de votos, por exemplo, cria uma relação de dependência direta do eleitor com o político, em vez de estimular a discussão de propostas e ideias para o de-senvolvimento da sociedade”.

Quando questionado sobre de que forma podem ser identifi -cadas práticas ligadas à ‘politi-cagem’ [denominação dada às práticas políticas desonestas e inescrupulosas], Vítor Sandes sustenta: “A politicagem é sus-tentada por eleitores e políticos que pensam o acesso aos cargos públicos como uma forma efi caz de se obter vantagens econômi-cas e não como um meio de se fazer mudanças sociais signifi -cativas”.

“Os candidatos devem prestar contas de suas atividades para a sociedade, pois os políticos são representantes da sociedade. Cabe a nós escolher os políticos que melhor nos representam. Portanto, o ato de escolha de um candidato por um eleitor é, antes de tudo, a escolha de um projeto para a sociedade”, enfatiza.

MARA VANESSA

Jornalista Rômulo Maia clama por maior representatividade

Direitos de CidadaniaÉ delicado afi rmar que há “tipos” de cidadania, pois é possível

apontar diferentes signifi cados para a cidadania desde a Antiguida-de Clássica até o século XX. Trata-se de um conceito em constan-te mudança, refl etindo valores jurídicos, sociais e políticos da(s) sociedade(s) através dos tempos.

Teóricos como o sociólogo britânico Thomas Humphrey Mar-shall e a cientista social brasileira Maria de Lourdes Manzini-Co-vre sugerem a generalização da idéia de cidadania em termos de direitos e tipos, discernindo-os sociológica e juridicamente, mas observando sua interdependência.

São eles:

• Direito Civil: Diz respeito à liberdade individual [direito à loco-moção, liberdade de expressão, segurança, etc.];

• Direito político: Diz respeito à participação popular no governo [convivência e organização social por meio de organismos de representação direta (sindicatos, partidos, movimentos sociais, associações de bairro) e representação indireta (pela eleição de governantes, parlamento, assembléia);

• Direito Social: Diz respeito às obrigações de cada indivíduo para a manutenção da sociedade como um todo coeso e ao aten-dimento das necessidades humanas básicas, tais como saúde, alimentação, educação.

Em tempos de eleição, outra forma de fazer valer a sua cidadania é estar atento aos crimes eleitorais, que prejudicam o andamento da eleição em qualquer uma de suas fases. Esses crimes estãos previs-tos no Código Eleitoral e na Lei Complementar 64, de 18 de maio de 1990 (Lei geral das eleições).

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4 Teresina, junho de 2010

Desocupação causa polêmicaAPOENA PEREIRA ECAROLINE SAYRA

A Juíza da 5ª Vara Federal do Piauí, Marina Rocha Cavalcan-ti Barros Mendes, expediu um mandato de desocupação das margens do rio Parnaíba, dei-xando comerciantes e lavadores de carros da Avenida Maranhão preocupados. Essa ação de de-socupação já ocorre desde 1995, contra o Município de Teresina, o Estado do Piauí e a PIEMTUR (administradora do antigo e não mais existente terminal turístico da Prainha) e mais 25 comercian-tes que atuam naquela área.

Os ocupantes da área não con-sideram essa decisão judicial, pois afi rmam que não é a primei-ra vez que ouvem a história de despejo, mas alguns ainda acre-ditam que, se houver essa deso-cupação, eles serão recompen-sados. “Eu trabalho e moro aqui há mais de vinte anos, é meu bar e minha casa pra onde eu vou? Até agora não foi feita nenhuma proposta de reembolso, se vie-rem conversar, a gente pode até negociar, se eles derem um local fi xo pra trabalharmos, fi ca bem mais fácil”, afi rma a dona do bar Vitória, Maria Vitória. Segundo a assessoria de comunicação da juíza Marina Cavalcanti, os imó-veis ocupados nas margens do rio causam danos ao meio ambiente, pois aquela área é de preservação permanente, segundo determina a proteção da vegetação ambien-

sair daqui, vão ter que indenizar, para podermos montar um negó-cio e até agora não veio ninguém aqui, nem um documento, só vimos mesmo notícia pela tele-visão. Toda vez que chega perto das eleições, tem essa história, aqui tem muito pai de família, que depende desse ganha pão

para sobreviver. O trabalho que a gente faz aqui é regular, somos cadastrados pela SDU, pagamos luz. Os que mais poluem o rio são as grandes empresas, os hospitais, não usamos produtos químicos, somente água e sabão”, afi rma Para o superintendente do IBA-MA no Piauí, Romildo Mafra,

não se pode afi rmar com precisão em quanto tempo poderá ser feita à recuperação total da área do rio Parnaíba, pois até o presente mo-mento o projeto de recuperação ambiental da área não foi instala-do e, consequentemente, a polui-ção do rio naquela área ainda não foi estancada.

O lixo é um recurso reutilizá-vel que gera riquezas e preserva o meio ambiente. Os materiais

Óleo de cozinha vira biodieselENERGIA

mais reciclados são o vidro, o alu-mínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para a dimi-nuição signifi cativa da poluição do solo, da água e do ar. O óleo

CIDADESRIO PARNAÍBA

Pequenos comerciantes querem indenização para desocupar as margens do rio

APOENA PEREIRA ECAROLINE SAYRA

de cozinha utilizado nas refeições também pode fazer mal ao meio ambiente quando ele é jogado di-retamente no lixo comum ou no ralo das pias, o que provoca entu-pimento das tubulações nas redes de esgoto e ainda um gasto maior para com o processo de limpeza.

Assim, o sistema de Águas e Esgotos do Piauí – Agespisa, resolveu transformar o óleo de cozinha, que é jogado fora pe-los piauienses, em biodiesel, um ácido renovável e biodegradável. A Usina de Biodiesel do Piauí, que faz parte da ação “Não jogue óleo no ralo”, já tem cerca de 90 mil litros de óleo para a produ-ção de biodiesel. “A Agespisa irá utilizar esse biodiesel na sua própria frota”, explica Viviane Moura, presidente da Agespisa. A usina está localizada na zona norte de Teresina, no bairro Pi-rajá, e foi inaugurada no fi nal do mês de março.

DESCONTO NACONTA DE ÁGUA

Além de contribuir para o meio ambiente, a população pode ain-da ganhar um desconto na conta

de água. Para isso, basta juntar o óleo de cozinha e entregar nos postos de atendimento da Ages-pisa espalhados pela capital. A cada litro doado, o consumidor tem um desconto de R$ 0,30 na conta de água. Além dos consu-midores, várias empresas estão recolhendo óleo para o projeto. Neste caso, a coleta é feita por uma equipe da empresa de trata-mento de água e esgoto.

“Fiquei sabendo dessa inicia-tiva agora. Achei muito interes-sante, pois eu assumo que utilizo óleo de cozinha praticamente em todas as minhas refeições. Eu já estou arrecadando os restos de óleo em garrafas de plásticos aqui em casa, quero garantir o meu desconto, afi nal esse valor já ajuda nas contas de casa, e além de saber que estarei fazendo mi-nha parte para diminuição da po-luição no mundo” , relata Fran-cimeire Cardoso, dona de casa, quando soube da noticia.

“A contribuição da população pode ajudar de geração de renda em comunidades carentes, que trabalham com produções alter-nativas. No caso, seria a utiliza-ção da glicerina, onde já existem

três associações sendo treinadas para a produção de sabão”, admi-te a presidente.

O óleo arrecadado não será utilizado apenas para a produ-ção do biodiesel mais o que foi coletado irá para a produção de glicerina com a fi nalidade de fa-zer material de limpeza, onde a instituição cederá o material e fornecerá cursos através do Cen-tro de Serviços de aprendizagem Comercial - SENAC, cobrando apenas que as pessoas apresen-tem sua conta em dia.

“A idéia é conscientizar a po-pulação da importância do pro-jeto, transmitindo qual é o papel da Agespisa no recolhimento do óleo, mostrar que o óleo é um vilão e o porquê de causar tanto dano ao meio ambiente”, con-clui Viviane.

Existem três postos de coleta de óleo à disposição da popula-ção nos seguintes endereços:• Planalto Uruguai: Conj. Res.

Planalto Uruguai, Q-A C-8 - Telefone: (86)3216-6257.

• Itararé: Av. José Francisco Al-meida Neto, 3707.

• Parque Piauí: BR 316, S/N. Telefone: (86)3216-6227Combustível mais barato e ecologicamente correto

tal natural ao lon-go das margens do rio, que ocorre desde os bairros Saci a Acarape. “As atividades econômicas de-senvolvidas ao longo da margem causam prejuí-zos e degradação ambiental, e que a sua ocupação irregular, era in-centivada pelo Estado e pelo Município de Teresina, já que o próprio poder público construiu ali um complexo de bares chama-do Prainha, que com a destrui-ção desse antigo complexo alguns proprietários de bares e restauran-tes abandonaram a área, mas no momento o que mais está ocasio-nando a poluição do rio é a ocupação dos lavadores de carro que já são maioria nas margens do rio. Trata-se de uma ocupação desordenada e sem cri-tério” conclui a assessoria.

O lavador de carro, Deoclécio da Silva, questiona a desocupa-ção e a poluição dos rios ocasio-nada pelos lavadores. “Pra gente

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Teresina, junho de 2010 5

LENNY MOURA E RANIELLY BORGES

Yoga proporciona qualidade de vida

“Stress” causa problemas de visãoLENNY MOURA ERANIELLY BORGES

“O Yoga não é terapia, nem religião e muito menos ciência médica. Ele ajuda as pessoas a terem mais saúde e serem mais felizes”, afi rma a professora Ir-laiany Costa, que pratica a moda-lidade há cinco anos e dá aulas há três anos.

O Yoga é uma prática que ensi-na a utilização correta do corpo e mente, aprimorando o potencial humano. Surgiu há mais de cin-co mil anos na Índia, onde foram encontradas as primeiras provas arqueológicas. Atribui-se a Shi-va, divindade da Índia, a criação do Yoga, porque para mitologia indiana, Shiva signifi cava “ho-mem bom”. E a fi losofi a do Yoga tem como objetivo a “união”, seja com o supremo ou natureza e até entre as pessoas.

Devido aos benefícios que ela traz ao corpo e à mente do prati-cante, o yoga ganha mais adeptos seja em academias ou em locais públicos. Mas, para a medita-ção, é necessário que o ambiente

seja silencioso e tranquilo. Para a professora Irlaiany “o Yoga,

acompanhado de um profi ssional qualifi cado, melhora a autoesti-

O “stress” e a ansiedade podem afetar a saúde humana de várias formas. Dores musculares, dores de cabeça, estafa e ate problemas de visão são consequências da correria do dia a dia do mundo moderno. Um problema pouco conhecido e que atinge mais ho-mens que mulheres é a Coriorre-tinopatia Serosa Central, que é o deslocamento do soro neurossen-sorial da região central da retina.

A Coriorretinopatia é caracteri-zada pelo acúmulo de líquido no olho, provocando uma área cir-cular de descolamento de retina. Isso está associado, na maioria dos casos, ao “stress” e ansieda-

de, mas o uso de medicamentos como os corticoides também pode ser a causa da patologia. “Recebemos frequentemente pa-cientes apresentando esse quadro clínico, pois atualmente a socie-dade vive em um ritmo acelera-do, marcado por momentos de tensão no trabalho e problemas familiares”, alerta o oftalmolo-gista Márcio Eulálio.

O primeiro diagnóstico é feito em um exame de rotina quando o paciente vai a um consultório oftalmológico. Para confi rmar a doença, é preciso fazer um angio-fl uoresceinografi a, registro foto-gráfi co do fundo do olho. Através desse exame, o oftalmologista pode estudar, em detalhes, a área

danifi cada da retina. De acordo com o médico são raros os casos irreversíveis da Coriorretinopatia e o tratamento é feito através da fotocoagulação a laser, que con-siste em projetar sobre a retina um feixe luminoso intenso.

A incidência da doença é de 8 homens para 1 mulher. Entre os homens, a idade mais frequente é entre 30 e 40 anos; e nas mu-lheres o maior índice é durante a gravidez. Márcio ressalta que o importante mesmo é fazer com frequência exames diagnósticos junto ao oftalmologista e reco-menda, na medida do possível, que “as pessoas procurem con-ciliar momento de lazer com seu trabalho, para reduzir o ‘stress’ e evitar vários problemas”.

O oftalmologista Márcio Eulálio ressalta a importância da alta qualidade de vida.

A novidade não deve substituir uma refeição

A novidade do mundo “diet” é a mistura feita com cereais integrais e energéticos, conheci-da popularmente como “Ração humana”, que promete vários benefícios. Mas, de acordo com a nutricionista Isadora Oliveira, “cuidados devem ser tomados, pois a mistura não contém nu-trientes necessários para nutrir uma pessoa, portanto não deve substituir uma refeição”.

Para o uso da mistura, é neces-sário um acompanhamento de um especialista em nutrição, para poder auxiliar o paciente a não ingerir de maneira errada por-que nem todas as pessoas podem usar a ração humana, como, por exemplo, pessoas hipertensas, que não podem consumir a mis-tura porque contém guaraná em pó; da mesma forma que o diabé-tico não pode consumir o açúcar

Yoga tráz varios benefi cios a saúde

LENNY MOURA E RANIELLY BORGES

SAÚDE

A respiração diafragmática, conhecida como respiração ab-dominal, diminui a ansiedade e leva o homem a um estado de harmonia, paz e serenidade por meio do autoconhecimento. “É muito importante que as pesso-as conheçam seu próprio corpo e aprendam os mecanismos que podem ajudá-las a buscar um equilíbrio”, afi rma Irlaiany.

A jornalista Adriana Maga-lhães pratica o yoga há um ano e meio e diz que os exercícios a deixam mais disposta e leve. “É um momento que eu dedi-co exclusivamente para cuidar

Respiração controla nível de ansiedade

CORPO E MENTE

LENNY MOURA E RANIELLY BORGES

VIDA MODERNA RAÇÃO HUMANA

mascavo nem farelo de trigo, que pode provocar diarréia.

De acordo com Isadora, a “ra-ção humana” ajuda na perda de peso junto com uma alimenta-ção saudável, além disso, traz o benefício de regular o intestino. A professora Alessandra Maga-lhães usa a mistura porque tem problemas intestinais. “Eu tomo para regular o meu intestino”.

Outro fator que preocupa a nutricionista é a forma como a população adquire a mistura. Na maioria das vezes, compram de uma forma não padronizada e sem uma validação garantida, o que pode trazer prejuízos à saúde. Por isso, Isadora Oliveira afi rma que o uso da “ração humana” deve ser acompanhado por um médico para evitar prejuízos à saúde e, por outro lado, aprovei-tar de maneira correta as coisas boas que essa ração oferece.

de mim e, é claro, deixa a gen-te mais em forma”, afi rma. Ela fala também que a prática faz com que esqueça todas as atri-bulações do dia a dia e a deixa mais feliz e relaxada.

O Yoga busca o equilíbrio entre o corpo e a mente. E mesmo num curto período de uma prática regular, ele pro-voca mudanças positivas na qualidade de vida, indepen-dentemente de idade ou prepa-ro físico. “O importante é fazer os exercícios acompanhado do profi ssional, para assim obter os resultados desejados”, fi na-liza a professora.

ma, normaliza as funções intes-tinais, aumenta a fl exibilidade e ainda ajuda na perda de peso e no tratamento de lesões por esforço repetitivo. E doenças como asma e diabetes podem ser amenizadas

com os exercícios”. Alem das melhorias físicas, o Yoga traz be-nefícios mentais. Faz com que o indivíduo tenha uma melhoria no humor, potencializa o aprendiza-do e eleva a paz interior.

Suplemento alimentar é uma moda que pode prejudicar a saúde

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6 Teresina, junho de 2010

DIÁLOGOS NECESSÁRIOS

LAYANI PRADO

História e Mídia na pauta de palestraQuinta-feira, 15 de abril, às

18h30min. Esse foi o dia e o horário de mais uma edição do projeto Diálogos Necessários da Faculdade CEUT. Estudantes do curso de Comunicação Social e professores fi caram na expectati-va de mais um debate envolven-do temas que ampliam o que é estudado em sala de aula.

A noite começou com a apre-sentação do programa televisivo PARALELO, feito por alunos do 6º bloco de Telejornalismo, retra-tando o tema “amor” na música e no cinema. Depois, a professora Samária Andrade estava pronta para anunciar o palestrante da noite. “Tenho acompanhado esse projeto com muita alegria ao ver a contribuição que profi ssionais de outras áreas trazem na inter-disciplinaridade dos Diálogos Necessários. É importante falar dessa relação da mídia com his-tória já que a própria mídia tem um papel de testemunho histó-rico, mas o professor Paulo Ma-chado tem mais propriedade para falar de História que eu”.

Paulo Machado é defensor pú-blico, poeta, pesquisador e escri-tor com vários livros de poesias e contos publicados, como “Tá Pronto, seu Lobo?” e “A Paz do Pântano”. Ele falou aos alunos

CEUT

do CEUT sobre as relações en-tre a História quanto processo e as mídias. Usou “As Trilhas da Morte” – seu livro sobre a exter-minação dos povos indígenas no Piauí – como norteio da relação da História com a mídia.

A utilização de documentos históricos como recurso de exem-plifi cação do discurso permitiu o melhor entendimento da superva-lorização de determinados fatos e personagens na história, que são pautados pela ideologia. “O que acontece (na história) é uma pessoa escrevendo um texto que vai ser dado como versão ofi cial, esquecendo todos os personagens que passaram pelo processo, a versão é uma escolha ideológi-ca” explica Paulo sob os olhares atentos dos estudantes de comu-nicação.

E mesmo sendo uma escolha, Paulo Machado confi rmou a im-portâncias dos registros como fonte de informação. “O docu-mento histórico não é somente o documento escrito, um osso e artefato cultural deve ser consi-derado como fonte histórica e do-cumento a ser analisado e com-preendido”.

O palestrante, sendo interrom-pido constantemente pelo que se ouvia do protesto realizado pelo DCE da faculdade, usou a

própria manifestação para dizer que essa liberdade de expressão é um exemplo da democracia e que precisa ser sempre valori-zada porque, em outras épocas, isso seria quase que impossível como comprova, por exemplo, o registro histórico da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975 nas dependências do DOI-Codi – Destacamento de Opera-ções de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna, em São Paulo.

A palestra mostrou como é im-portante o trabalho da mídia como fonte de documentação histórica, mas é preciso vencer as versões ofi ciais para oferecer ao público uma informação correta sobre a realidade. Paulo Machado tam-bém mostrou a importância das mídias alternativas como uma ferramenta à parte para a difusão de mensagens que não saem nas grandes mídias, mas são interes-santes para o público.

O processo histórico ainda não foi reavaliado para ser revisto, como já sugeria Oswald de An-drade. Em um país que viveu muitos anos de ditadura militar, muita coisa ainda precisa vir às claras. Terminada a palestra, os alunos saíram mais conscientes do seu papel e da forte relação entre História e Mídia.

CEUT em três temposDiálogos Necessários

O projeto de extensão Diálogos Necessários reiniciou suas ativi-dades para o ano de 2010 com um circuito de palestras. A primeira delas debateu o tema Preconceito e Comunicação e teve como palestrante o professor doutor Solimar Oliveira Lima, pesquisa-dor da área de História com linhas de pesquisa em sexualidades e etnia. Em um segundo momento, a comunidade CEUT participou das refl exões propostas pelo advogado, poeta e autor Paulo Hen-rique Couto Machado, pesquisador e historiador, que abordou a infl uência da Mídia nos fatos históricos.

Olimpíadas Universitárias 2010A abertura da etapa estadual das Olimpíadas Universitárias

2010 aconteceu no último dia 07 de maio, no ginásio esportivo do CEUT. Organizada pela Federação Acadêmica de Esportes Piauiense - FAEP, a abertura contou com a apresentação de atletas universitários das 20 instituições de ensino inscritas na competi-ção. O CEUT participa da etapa estadual das Olimpíadas Univer-sitárias 2010 nas modalidades futsal masculino, judô masculino e natação feminino. As Olimpíadas acontecem no período de 07 de maio a 06 de junho.

Alunos de Enfermagem iniciam projeto de extensão no bairro Promorar

Os alunos do curso de Enfermagem da Faculdade CEUT ini-ciaram no mês de maio o projeto “Assistência ao recém-nascido e à criança até um ano de idade” na maternidade do hospital do Promorar, zona sul de Teresina. Ao todo, 60 crianças serão acom-panhadas. O projeto é uma extensão universitária desenvolvida através da disciplina Enfermagem em Saúde da Mulher e do Re-cém-nascido. Além das visitas periódicas ao centro de saúde, a mãe e o bebê também irão receber assistência dos alunos em casa, quando serão avaliados aspectos da saúde da família, bem como as condições socioeconômicas e os fatores culturais que podem difi cultar o desenvolvimento do bebê. O projeto terá duração de um ano e conta com a parceria dos agentes comunitários do Pro-grama Saúde da Família.

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Teresina, junho de 2010 7NATAÇÃO

THIAGO MENDES

Exército realiza torneio de nataçãoO Exército Militar de Teresina

junto com a Federação Piauiense de Desportos Aquáticos realiza-ram o 2º Torneio de Natação Tro-féu Guararapes em comemoração ao dia do exército, 19 de abril. O evento foi realizado no Círculo Militar, bairro Ilhotas.

“Guararapes porque representa o início da formação do Exército Brasileiro, que se deu em Gua-rarapes, em meados de 1648, na batalha em que houve uma disseminação de raças, onde os negros, os brancos e índios jun-tos, expulsaram invasores estran-geiros. Ali, deu-se início a força terrestre: O Exército Brasileiro”, explicou o Tenente-Coronel, Emanoel Gomes, Chefe da 26ª CSM (Circunscrição de Serviço Militar) e presidente do Círculo Militar de Teresina.

Dentro da piscina, cada limite de idade competiu dentro de sua bateria. Pelo sexo masculino, houve bateria de até 12 anos, de 13 a 16 anos, de 17 a 27 anos e acima disso. Pelo lado feminino, houve o mesmo procedimento adotado no regulamento masculi-no. O troféu Guararapes foi dado aos primeiros colocados. Os atle-tas que fi caram em 2º e 3º lugares ganharam medalhas.

O evento contou com a cola-boração dos alunos de Educação Física para fi scalizar, orientar os alunos e ajudar na organização. A prova mais emocionante e acirrada fi cou por conta do Reve-zamento Livre 4 x 50 metros, que foi disputado por 09 equipes. A equipe do Círculo Militar, que foi liderada por Franklin Wernz, 15 anos de idade, fi cou em 2º lugar e levou a medalha de prata. O jo-vem atleta ainda ganhou medalha de ouro nos 50 metros livre. “Eu estava preparado. Treino aqui no Círculo Militar há três meses e o

meu objetivo é treinar cada vez mais para baixar meu tempo”, concluiu Franklin.

De acordo com o professor de natação do Circulo Militar, Hen-ry Andrade, este tipo de competi-ção em lembrança a Guararapes acontece sempre pelo ‘Brasil afora’, mas aqui em Teresina só passou a fazer parte do calendá-rio comemorativo do exército, no ano passado. Para o Tenente Emanoel Gomes, “o evento é im-portante porque fazemos parte da sociedade de Teresina e isso dá orgulho”, fi nalizou.

Teresina ganha clube de “Poker”Flop, Turn, River, Flush, Dea-

ler, All In. Se você conhece esses termos é porque já jogou uma partida de “poker”. O modelo mais jogado é o Texas Hold’Em, em que o jogador recebe duas cartas e precisa formar a melhor combinação de jogo com as car-tas da mesa. O jogo de cartas é estratégico e de percepção, já que o menor sinal de um jogador pode entregar o que ele realmente tem na mão. Por conta do núme-ro crescente de adeptos, Teresina está em via de ganhar um espaço totalmente dedicado ao jogo.

Roberto Aguilera, engenheiro, percebeu o aumento de gente in-teressada a se encontrar para jo-gar e, em uma atitude empreen-dedora, decidiu montar um clube de “poker” com os amigos.

A legislação brasileira é enfa-

LAYANI PRADO ticamente contra os chamados “jogos de azar” e abertura de cassinos. No entanto, vários esta-dos brasileiros possuem casas de “poker” funcionando e com gran-des campeonatos nacionais. De acordo com o advogado, Thiago Nunes, a abertura de um local para jogar “poker” é possível. “A lei de contravenções penais (Decreto Lei 3.688/41) defi niu como jogos de azar aqueles em que o ganho ou a perda dependa exclusivamente ou praticamente da sorte. Os jogadores e clubes trabalham nessa brecha da Lei, defendendo que o ‘poker’ é um jogo de estratégia e habilidade e que esta defi ne a vitória ou derro-ta da banca”.

De acordo com Roberto Agui-lera, toda a documentação para a criação da Casa de “Poker” já está pronta. “Torneios são lega-

lizados, inclusive existe a Confe-deração Brasileira. O Theresina Poker Club vai funcionar e eu já estou com a documentação toda encaminhada, o que falta é con-vencer algumas autoridades de que ‘poker’ é um jogo de habili-dade e não de sorte”, explica.

Um dos problemas é imagem distorcida do jogo sendo asso-ciado a jogadores viciados que perdem tudo em uma rodada. Leorgina Barros, arquiteta e cria-dora da logomarca do clube diz: “o Theresina Poker Club será um local sério totalmente dedicado ao ‘poker’, mas bem organizado, com clima social para evitar os estereótipos”.

Há vários estudos realizados por profi ssionais técnicos que defendem o jogo como sendo de habilidade estratégica e, inclusi-ve, classifi cando-o como moda-lidade esportiva. A companhia britânica CircusCasino.com fez uma campanha maciça online para a criação da Federação In-ternacional de Poker e incentivo de sua integração na International Mind Games Sports, o que pode signifi car a inclusão do poker nos jogos olímpicos já em 2012, em Londres. Assim que foi incluí-do na International Mind Games Sports, o poker será avaliado pelo COI – Comitê Olímpico In-ternacional - para compor a cate-goria de esportes de habilidades mentais, onde estão xadrez, brid-ge e outros jogos.

CARTAS NA MESA

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Atletas entram na piscina de 25 metros do Círculo Militar

Vencedores – Troféu Guararapes 2010

PROVA ATLETA CLUBE50 metros livre feminino Mirim/Petiz (até 12 anos)50 metros livre masculino Mirim/Petiz (até 12 anos)50 metros livre fem. Infan-til/Juvenil (13 a 17anos)50 metros livre mas. Infan-til/Juvenil (13 a 17 anos)50 metros livre fem. Jú-nior/Senior (18 a 27 anos)50 metros livre mas. Jú-nior/Senior (18 a 27 anos)50 metros livre fem. Júnior 2/Senior (28 a 39 anos)50 metros livre mas. Júnior 2/Senior (28 a 39 anos)50 metros livre fem. Abso-luto (acima de 40 anos)50 metros livre mas. Abso-luto (acima de 40 anos)Revezamento 4 x 50 me-tros livre femininoRevezamento 4 x 50 me-tros livre masculino

Tayanne Visgueira AABB

Vinicius G. Silva Círculo Militar

Thayline Eldorado

Franklin Wernz Círculo Militar

Keycianne Moura Eldorado

Silvestre Machado Silva 2º BEC

Mavie Arruda AABB

Stenyo Henrique 26º CSM

Socorro Leite Círculo Militar

Marcelo Arantes 2º BEC

Equipe E - Círculo Militar

Equipe - 2º BEC

ESPORTE

Passatempo para poucos

O jogo de habilidade ganha espaço próprio em Teresina

Modelismo é a reprodução em escala reduzida de aviões, helicóp-teros, carros, navios, trens, etc. Para recriação com fi delidade, os mode-los devem obedecer a escalas espe-cífi cas e muitas vezes são utilizadas maquetes como referência.

Em Teresina, é possível identi-fi car dois tipos mais praticados, o aeromodelismo (aviões) e o auto-modelismo (carros). O “hobby” chega a ser dispendioso porque um automodelista (praticante da ativi-dade) chega a gastar R$ 800,00 em um modelo simples para depois ir aumentando os gastos em modelos profi ssionais. Já um aeromodelo básico para iniciantes custa R$ 1.500,00 e os mais sofi sticados po-dem chegar a 20 mil reais.

Euclides Mesquita, empresá-rio, começou a paixão pelo auto-modelismo com um presente da namorada. “Hoje, eu tenho uma miniofi cina e compro peças pela internet, então ajudo os amigos a montarem seus carros. Com o pró-prio automodelismo, eu mantenho meu hobby”.

Os equipamentos parecem brin-quedos, mas são muito realistas no funcionamento. Os aeromodelos têm motor a gasolina ou etanol e são elétricos, os modelos acrobatas fazem as mesmas acrobacias que os aviões de competição. Um auto-modelo tipo PRO 12 chega a atingir 100km/h e funciona à base de uma mistura de óleo de mamona com nitrometano que custa de 89,00 a 140,00 dependendo da marca.

Quem vê de fora acha estranho como adultos parecem virar crian-ças ao passar horas se dedicando à prática do modelismo. “Quem não conhece diz que é um monte de homem olhando pro céu, mas o importante é o clima de diversão e estar entre amigos. Muitos aca-bam não vindo conhecer melhor o ‘hobby’ por achar que somos um grupo fechado, mas todos os inte-ressados são bem recebidos e vi-ram amigos”, diz José Carlos, que é aeromodelista e presidente em exercício da associação que reúne os praticantes desse “hobby” e que funciona em caráter fi lantrópico.

MODELISMO

A paixão pelos pequenos aviões não tem idade

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8 Teresina, junho de 2010

Sonhos IndomáveisPrática, aperfeiçoamento, paixão, estudo e muita dedicação. Esta é a combinação que tem feito diferença na vida do fotógrafo e publicitário André Gonçalves, do professor e literário Adriano Lobão e do músico Tairo Silva. Conheça agora um pouco do perfi l desses profi ssionais e descubra como eles encaram a tríade artística que atravessa gerações.

André Gonçalves é reda-tor publicitário, escritor e fotógrafo, além de

graduando em Publicidade e Pro-paganda e Filosofi a. Conquistou diversos prêmios importantes, entre os quais se destacam os 19 Prêmios Colunistas Norte/Nordeste e o prêmio de Melhor Profi ssional de Propaganda de 2001 na região Norte/Nordes-te, sendo também fi nalista do Prêmio Profi ssionais do Ano de 2001, promovido pela Rede Glo-bo. Dentro do universo literário, André publicou mais de 600 crô-nicas em diversos sites, jornais e revistas do Brasil e de Portugal, além de ter escrito o seu próprio livro de poemas, intitulado “Coi-sas de Amor Largadas na Noite”. Como fotógrafo, ele integrou o livro “Brazil by Night”, onde 69 fotógrafos brasileiros registra-ram cenas noturnas das cidades brasileiras. As fotos de André Gonçalves já ilustram reporta-gens de grandes jornais brasilei-ros, como O Globo, Extra, Folha de São Paulo, e locais, como O Dia e Meio Norte.

Fotografi a é uma arte?“Isso é uma questão antiga!

Uma eterna polêmica. Gosto de acreditar que sim. Que a fotogra-fi a pode ser documento, mas tam-bém e, talvez, principalmente, pode ser expressão. Não há dois fotógrafos com o mesmo olhar. Se você der um objeto para cem fotógrafos, sairão cem fotos dife-rentes. Então, cada um coloca ali algo além do equipamento, além da técnica. Cada foto traz em si a vida do fotógrafo, seu jeito de ver o mundo, seu arcabouço imaginá-rio, seu meio social. Então, gos-to de pensar que fotografi a pode ser arte, porque tem esse tipo de interferência, que é artística. En-

MARA VANESSA

Tairo Silva é músico e es-tudante de Jornalismo. Filho do cantor e compo-

sitor piauiense Lázaro do Piauí, o jovem tem se dedicado aos ritmos regionais, principalmente o co-nhecido ‘forró pé de serra’.

O início“A música chegou em minha

vida por causa dos familiares. Meu avô era do exército, trom-petista, e a minha família tem li-gações com a música. Desde os 6 anos, quando ganhei meu primei-ro violão, meu pai me ensinou as primeira notas, a introdução ao entendimento musical. Des-de esse momento, eu não parei e estou até hoje na luta fazendo o

que eu amo fazer, que é música”, declara Tairo.

Música é uma arte?“A música para mim, é mais do

que arte; música é vida”, diz. O jovem revela que música traduz sentimentos, e por meio dela po-demos expressar nossas tristezas, alegrias, medos, toda nossa sensi-bilidade, mostrar ao mundo o que se sentimos. “Eu, particularmen-te, não consigo imaginar a minha vida sem a música”.

Mudar consciências, provo-car reações e atuar como agen-te de transformação social por meio da literatura. É possível?

“Hoje em dia a música está sen-do muito banalizada, sem mensa-

gem alguma. Tudo é chamado de música, e na minha opinião não é bem por aí”. Segundo Tairo, exis-tem dois tipos de música: a boa e a ruim. “A boa música pode trazer mensagens incríveis, de paz de amor, de superação, motivação, e dependendo da mensagem que ela traga, pode sim fazer a diferença e mudar muitos conceitos e opini-ões, e transformar sociedades.

Dica de iniciante“A música é uma coisa mara-

vilhosa, e ao contrário do que di-zem por aí, pode sim ser um meio de vida. Temos que fazer o que nos realiza, o que nos deixa fe-liz”, ressalta. Tairo Silva diz que o dinheiro é importante, mais não

é tudo, pois se não fazemos o que nos satisfaz, acaba-mos não produzindo nada de bom. Ele também co-menta sobre a realidade do artista piauiense: “In-felizmente, o artista em Teresina só tem duas saídas: aeroporto e ro-doviária”. Ele encer-ra dando uma dica: “Não deixe de estar sempre estudando e aprendendo, para que você não seja apenas mais um no meio da mul-tidão; faça a di-ferença”.

PERFIL

CULTURA

qua-drada no contemporâneo, com possibilidade de ser reproduzida ad infi nitum, mas, em essência, parte de um ponto em que se en-contra com a arte “tradicional”. E as possibilidades cada vez maio-res da tecnologia fazem com que surjam novas formas de fotogra-far, de interferir na fotografi a, de mesclar elementos antes apa-rentemente incompatíveis. Essa possibilidade reforça, a meu ver, a fotografi a como possibilidade de expressão artística”, declara André Gonçalves.

Mudar consciências, provo-car reações e atuar como agen-te de transformação social por meio da fotografi a. É possível?

“Não vejo a arte, fotografi a in-clusive, como algo que tenha a obrigação de mudar o que quer que seja, mas é evidente que, a partir do momento em que ex-pressa posicionamentos ou vi-sões de mundo, particulares ou coletivas, amarradas ao concreto ou arquetípicas, ela pode interfe-rir na visão de mundo de quem é impactado por ela”, argumenta o fotógrafo.

Ele acredita que é “através da interação com o outro que nos tornamos quem somos; é quando vemos o mundo também através da visão do outro que aprimora-mos nosso olhar sobre as coisas, já que descobrimos que não exis-te só o nosso modo de enxergar o mundo.”

Segundo André, as verdades são bastante particulares e o confronto das verdades transforma, modifi -ca e evolui nossas crenças indivi-duais. “É possível que a fotografi a

ope-re como agente transformador da sociedade, pois é permitido ao artista ultrapassar limites sociais, limites morais, e assim empurrar esses limites para um pouco além. De certa maneira, é isso que se espera do artista. Ele pode mos-trar recantos que ainda não explo-ramos, na vida, na sociedade, em nós mesmos. E essas descobertas podem, sim, ser revolucionárias”, ressalta.

Dica de veterano“Não sei se há o que recomen-

dar. Cada um tem um processo de descoberta de suas habilidades, seus conceitos, seus desejos. Não creio que existam fórmulas pron-tas, algo que possa ser dado como verdade ou paradigma. Mas, tal-vez se possa dizer, e isso não é exatamente uma recomendação e talvez seja mais um pedido, que quem quer se aventurar na foto-grafi a e na arte, de modo geral, faça exatamente isso: se aventure. Explore limites de equipamento, limites pessoais, limites culturais. Não se prenda a pré-conceitos do que seja ‘ideal’. Não pense a fotografi a como quantidade de pi-xels e, sim, como a etimologia da palavra ‘fotografi a’ explica o que ela é: escrever com a luz. Quem escreve com a luz ultrapassa o óbvio. Então, a mensagem é essa: tente sempre ultrapassar o óbvio. Pode até ser que não consiga. Mas o mais bonito da viagem, normalmente, é o caminho; não a chegada”, fi naliza.

relevante”. A história só ganhou um novo rumo quando Adriano Lobão ‘descobriu’ Manuel Ban-deira e, algum tempo depois, H. Dobal. “Hoje, o estudo da poesia é parte intrínseca à minha ma-neira de observar o mundo”, afi rma. Quando o assunto é fi c-ção, o professor declara que as primeiras leituras que fez das obras de Machado de Assis, no fi nal dos anos 80, foram deter-minantes para desenvolver o fascínio pelo gênero.

Literatura é uma arte?“Creio que a literatura, como

qualquer arte, consiste numa busca pela expressão estética adequada ao contexto.”

Mudar consciências, provo-car reações e atuar como agen-te de transformação social por meio da literatura. É possível?

“O mundo organiza-se através da linguagem, e o mergulho em busca de um dos limites desse universo é justamente operado pela literatura e pelas demais manifestações artísticas”, afi rma Adriano.

Dica de veterano“Trabalhe sempre e jamais es-

queça que ler os autores funda-mentais é mais importante que arriscar-se no diletantismo [ama-dorismo]. Literatura, para mim, é compromisso e disciplina, única forma de libertação”, enfatiza.

Adriano Lobão é pro-fessor, poeta e literato. Formado em Letras,

leciona língua portuguesa e lite-ratura na rede particular de ensi-no de Teresina. Fundou a revista Amálgama, publicação dedicada à literatura. Em 1998, recebeu o Prêmio Cidade de Teresina pelo livro Uns Poemas, publicado no ano seguinte pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. No ano de 2005, publicou Entrega a Própria Lança na Rude Batalha em que Morra, pela Fundac. Seu livro Yone de Safo foi agraciado em 2006 com prêmio Torquato Neto instituído pela Fundação Cultural do Piauí e publicado pela Amálgama no ano seguinte. Em 2009, publicou As cinzas, as palavras. Participou das co-letâneas Versos Diversos (Pas-sos/MG), Poetas do Brasil 2000 (Porto Alegre/RS) e Estas Flores de Lascivo Arabesco, poemas eróticos piauienses (Teresina/PI). Atualmente, edita o site dE-sEnrEdoS (www.desenredos.com.br) e o blog Ágora da Taba (adrianolobao.blogspot.com).

O início“Difícil saber. Interesso-me

por arte desde criança, sobre-tudo desenho, música, cinema e literatura, mas confesso que tinha um certo distanciamento em relação à po-esia”, confessa Adriano. O li-terário afi rma: “quando o as-sunto era poesia, gostava de algu-mas coisas, mas não me parecia uma atividade