jornal fala bicho n. 1

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Animais de rua: o problema é de todos As estatíticas não são precisas, mas estima-se que existam hoje, só em Florianópolis, sete mil cachorros abandonados e perambulando pelas ruas, sem falar nos gatos. Além de sofrerem com frio, fome e atrope- lamentos, esses animais são uma questão de saúde pública: podem atacar e transmitir doenças para ani- mais domésticos e pessoas. Os voluntários da Sociedade Ami- gos dos Animais trabalham para amenizar essa situação, através de atividades educativas, castração e doação de animais. Conheça o trabalho que está sen- do feito e saiba como participar. Vo- cê também pode fazer parte da so- lução desse problema. Qual a solução mais humana e eficaz para reduzir o impacto da superpopulação? CASTRAÇÃO X SACRIFÍCIO Informativo da Sociedade Amigos dos Animais . Ano 1 . Nº 1. Março 2003 Distribuição dirigida Seja ecologicamente responsável. Um mesmo exemplar deve circular para pelo menos cinco pessoas. APOIO Maus tratos e abandono de animais são crimes; saiba como ajudar a pôr a lei em prática QUESTÃO DE JUSTIÇA Em 17 meses de trabalho a SAA tirou quase 700 animais da rua; conheça alguns ADOÇÃO Benedita (esquerda) e Uli: ambas foram abandonadas, mas tiveram uma nova chance com a adoção

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Informativo da Sociedade Amigos dos Animais, de Florianópolis, publicado em março de 2003 - Edição n. 1

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Page 1: Jornal Fala Bicho n. 1

Animais de rua: o problema é de todosAs estatíticas não são precisas,

mas estima-se que existam hoje, sóem Florianópolis, sete mil cachorrosabandonados e perambulando pelasruas, sem falar nos gatos. Além desofrerem com frio, fome e atrope-lamentos, esses animais são umaquestão de saúde pública: podematacar e transmitir doenças para ani-mais domésticos e pessoas.

Os voluntários da Sociedade Ami-gos dos Animais trabalham paraamenizar essa situação, através deatividades educativas, castração edoação de animais.

Conheça o trabalho que está sen-do feito e saiba como participar. Vo-cê também pode fazer parte da so-lução desse problema.

Qual a solução maishumana e eficaz parareduzir o impacto dasuperpopulação?

CASTRAÇÃO X SACRIFÍCIO

Informativo da Sociedade Amigos dos Animais . Ano 1 . Nº 1. Março 2003 Distribuição dirigida

Seja ecologicamente responsável.Um mesmo exemplar deve circularpara pelo menos cinco pessoas.

APOIOMaus tratos e abandonode animais são crimes;saiba como ajudar apôr a lei em prática

QUESTÃO DE JUSTIÇA

Em 17 meses detrabalho a SAA tirouquase 700 animais darua; conheça alguns

ADOÇÃO

Benedita (esquerda) e Uli: ambasforam abandonadas, mas tiveramuma nova chance com a adoção

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Sociedade Amigos dos Animais

Natureza em equilíbrioApesar de fazer parte do cotidiano

de qualquer cidade, a questão dos ani-mais de rua tem pouquíssimo espaçopara ser discutida na nossa sociedade.Só em Florianópolis, estima-se que existam mais de sete milcachorros nas ruas, além dosgatos. O problema é de saúdepública, embora muitas pessoasnão queiram vê-lo. O governo ea mídia deveriam ter a respon-sabilidade de alertar a popu-lação sobre a posse respon-sável, e não culpar o animalsobre os acidentes que vêmocorrendo.

Infelizmente, não temosuma política pública consis-tente para abordar esse pro-blema, por isso o resultadodas entidades protetoras,apesar de significativo, não é su-ficiente. Temos disposição e von-

O trabalho da organização não-gover-namental Sociedade Amigos dos Animaiscomeçou em outubro de 1999. Em dezem-bro do mesmo ano construímos nosso pri-meiro canil. Em abril de 2000 conseguimoso segundo canil e o gatil cercado. A Ong foiconstituída oficialmente em outubro de2001. Hoje abrigamos uma população de100 animais que vivem saudáveis à esperade adoção.

Somos profissionais atuantes nas maisdiversas áreas que acreditam que a inte-ligência e compaixão não são antagônicas.

Já começamos a colher os frutos. Hojesomos uma Ong com mais de 100 partici-pantes. Retiramos das ruas cerca de 700animais e doamos quase 600.

Os voluntários estão sempre atentos aoabandono e aos maus-tratos e procuramproteger os animais em situações nas quaiseles não poderiam se defender sozinhos.Na medida do possível,recolhemos bichosabandonados ou doentes, que são enca-minhados para tratamento com clínicas eveterinários associados e depois ofereci-dos para adoção. Trabalhamos tambémcom castração a preço de custo para ani-mais encontrados na rua ou para aquelescujos donos não têm condições de pagaros valores cobrados por clínicas veteriná-rias. Realizamos periodicamente mutirõesde castração, e até hoje conseguimos via-bilizar a esterilização de 500 animais.

Para manter essas atividades, a S.A.A.conta apenas com recursos por ela levan-tados. Semanalmente promovemos a “Feirade Cachorros Usados”, onde além de ex-por os animais para adoção, colocamos à

Como é o nosso trabalho

Fundación AltarribaApós participar em novembro de 2002 da Conferência Internacional de Proteção aos

Animais (Ciplae), em Barcelona, Maria da Graça Dutra, presidente da SAA, foi escolhidadelegada no Brasil da Fundación Altarriba, entidade organizadora da conferência. Duranteo encontro, que reuniu entidades protecionistas de vários países, foram discutidas leis maisjustas e eficazes para uma sociedade ética e moralmente mais preparada. Os números daSAA impressionaram os participantes do encontro e foram motivo de uma reportagem narevista da Fundação Altarriba, que circula por toda a Europa. Como delegada da Altarribano Brasil, Graça espera conseguir mais apoio e recursos para viabilizar projetos da Ong.

venda alguns produtos que nos garantemos recursos mínimos necessários.

Como ajudarPara participar, basta ter vontade. Vo-

cê ajuda comprando nossos produtos,divulgando nossos ideais, adotando ouapadrinhando um animal. O seu traba-lho também pode ser útil. Se você acre-dita que pode contribuir profissional-mente, entre em contato conosco. Sevocê não tem tempo, pode participarcom contribuições mensais, trimestraisou anuais, cadastrando-se através donosso site. Doações de medicamentos,ração e objetos para uso dos animaissão muito bem-vindos.

Fala, Bicho! é o informativo trimestral da Sociedade Amigos dos Animais.www.amigosdosanimais.org.br – E-mails para a redação: [email protected]: Maria da Graça Dutra – Vice-presidente: Rodrigo Melo Philippi – Produção Editorial: Primeira Via ComunicaçãoProdução Gráfica e Fotografia: Gustavo Cabral Vaz – Redação e Edição: Aline Cabral – Jornalista responsável: Mariana Baima (Mtb 00593/JP)Todos os profissionais trabalharam voluntariamente. Contato comercial: (48) 9119-5901/ [email protected] e Impressão: jornal A Notícia - Tiragem: 6 mil exemplares - Distribuição Gratuita e Dirigida

Ser empresário no Brasil é uma es-colha para quem acredita em um ideale é persistente. As conquistas são ár-duas e os desestímulos pelo caminhosão muitos: alta carga tributária, faltade incentivos públicos, concorrênciadesleal, só para citar alguns exemplos.Mas ser empresário não é só gerarempregos, impostos, movimentar aeconomia e esperar que o governo re-solva os tantos problemas que afligemnosso país. É também participar deuma forma ativa para a construção deuma sociedade melhor.

Um desses caminhos é através dasONGs (Organizações Não Governa-mentais). Algumas delas nos mostramque com poucos recursos e muita dis-posição e criatividade é possível en-contrar soluções para problemas graves,como é o abandono de animais. Ao co-

nhecer o trabalho realizado pela Socie-dade Amigos dos Animais, descobri queé possível sim ser um agente transfor-mador para uma questão que parecia semsolução.

Sem um centavo de recursos públicose com poucas doações em dinheiro, aSAA tem conseguido soluções dignas deserem copiadas por grandes empresas.Graças ao empenho de pessoas – muitasdelas empresários – é que a SAA alcançaresultados surpreendentes, como retirardas ruas cerca de 700 animais em trêsanos de funcionamento. E são essaspessoas que estão acabando de uma vezpor todas com o estigma de que vo-luntariado empresarial é somente assinaro cheque da doação no final do mês.

Mariana Baima, Primeira ViaAssessoria de Comunicação

Podemos fazer mais do que doarOPINIÃO

tade, mas ainda somos poucos e as bar-reiras para o nosso progresso sãomuitas. Somos contra a idéia do exter-mínio, pois acreditamos que o proble-

ma da superpopulação dos animaisfoi gerado pela irresponsabilidadehumana.

Através do Fala Bicho trata-remos não só da questão dosanimais de rua, mas de todos ostemas que envolvem o meio-ambiente. Queremos que esseespaço sirva para conscientizara população sobre a situaçãoatual e buscar soluções e alter-nativas que possam tornar aconvivência entre homem eanimal um pouco mais harmô-

nica.

Maria da Graça DutraPresidente da Sociedade

Amigos dos Animais

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Castração: o que você acha disso?Saiba porque a esterilização é a solução para controlara superpopulação e suas consequências

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Provavelmente você acha cruel e atédesumano quando ouve falar em cas-tração de animais. Isso é compreensí-vel. Se você ama os animais, deve acharque é algo horrível tirar-lhes a sexua-lidade e o direito à reprodução. Queremosapresentar-lhe esse assunto dentro deuma outra perspectiva, mostrando umadura realidade: a superpopulação deanimais e suas dolorosas conseqüências.

Talvez você ainda não saiba:Milhares de cães e gatos vivem nasruas sem ter o que comer, aban-do-nados, expostos a toda sorte de aci-dentes, doenças e morte;Grande parte desses animais foramabandonados ainda filhotes por donosque não quiseram comprometer-secom seu cuidado;Muitos desses animais são recolhidospara utilização criminosa em labo-ratórios e pesquisas ditas “cien-tíficas”, em que sofrem inimagináveistorturas, sem falar no extermínio sis-temático e cruel nos Centros de Con-trole de Zoonoses.Você pode até argumentar que não

deixará seu animalzinho cruzar e quecuidará para que fique dentro de casa.Pois bem, essa é mais uma questão pa-ra você pensar: saiba que cães, e prin-cipalmente gatos, impedidos de cruzar,após atingirem a maturidade sexual(por volta dos 8 meses), acabam desen-volvendo um comportamento agressivoe destrutivo, além da inconveniência deurinar indiscriminadamente a fim de de-marcar seu território. Gatas que nãocruzam e não são castradas têm maior

chance de desenvolver cistos nos ová-rios e no útero.

Muitas pessoas não sabem que osgatos e cães podem ter sua primeiraninhada com apenas 5 meses de idade.Uma única ninhada pode criar a neces-sidade de cinco ou seis donos dispos-tos a cuidar de um filhote. Com duasninhadas por ano, qualquer um podever como rapidamente a quantidadeaumenta. Dados da WSPA - SociedadeMundial para a Proteção aos Animais,apontam que em seis anos uma fêmeacanina tem a capacidade de gerar67.000 descendentes, e em sete anosuma fêmea felina tem a capacidadede gerar 420.000 descendentes.

A maneira de solucionarmos esteproblema é a esterilização. Assimestaremos impedindo que o número deanimais aumente de modo indiscri-minado e, a longo prazo, todos elesterão donos que se responsabilizem.

Como é feita a operação:A esterilização é uma cirurgia exe-

cutada sob anestesia geral por profis-sionais especializados. Não causa dornem sofrimento ao animal. O procedi-mento de castração é bastante simples.No macho, faz-se a remoção dos tes-tículos e na fêmea retiram-se os ová-rios, a partir dos quatro meses. Comisso, cessa a produção de hormônios se-xuais. As castrações feitas por vete-rinários da SAA utilizam uma técnica quepermite cortes muito menores do quena operação convencional, e, conse-qüentemente, uma recuperação muitomais rápida e segura.

“Eu não quero que meu bichinhofique gordo.”A dieta e a falta de exercício é que são ascausas principais de os animais ficaremobesos e não a esterilização.

“Eu não quero impedir o milagre davida.”Então faça um passeio até o abrigo deanimais mais próximo eseja testemunha da tra-gédia causada por todosesses “milagres”.

“Esterilizar não énatural.”A nossa interferência nanatureza criou essa su-perpopulação de ani-mais. Agora é nossaresponsabilidade resol-ver esse problema.

Por favor, esterilize seus animais deestimação. E se estiver pensando emadquirir um animalzinho, faça uma visitaao abrigo de animais ou feira de doaçãoe salve uma vida que foi abandonada.

Se você decidiu pela castração entreem contato conosco para que possamosajudá-lo ou procure o veterinário do seuanimal.

Algumas dúvidas comuns sobre a castração

www.amigosdosanimais.org.br

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Fala,bicho!

Amizade não se compraPessoas que adotaramanimais de rua contamcomo os bichosmelhoraram suas vidas

Há três anos, a Sociedade Amigosdos Animais trabalha na proteção dosanimais de rua, promovendo doaçõesresponsáveis de animais que foramencontrados abandonados ou doentes.Os cães e gatos são encaminhadospara adoção após um período derecuperação, no qual são desvermi-nados e tem suas enfermidades cura-das. Muitos desses bichos acabamsendo adotados nas Feiras de CachorrosUsados que são promovidas pela Socie-dade toda semana. ‘A idéia é que cadafamília adote o animal de companhiaque lhe caiba na casa, no bolso e nocoração”, explica Rodrigo Melo Philipi,vice-presidente da SAA. Até hoje, cercade 600 animais conseguiram um lar.Muitas dessas pessoas continuammantendo contato com a SAA, rela-tando as alegrias trazidas pelos bichos.

Se você quer adotar um cachorro ougato, faça-o conscientemente. Nãobusque desculpa depois para abandoná-lo. Responda esse teste e saiba se vocêestá preparado:

Toda a sua família está de acordo?Você tem espaço apropriado na suacasa?Você está disposto a me educar,mesmo que eu não aprenda na 1ª vez?Você me levará para passear todosos dias, não importando comoestiver o tempo? (em caso de viverem apartamento)Quando eu crescer, você cuidará demim como no primeiro dia?Você me manterá sempre limpinho?Recolherá todas as minhas fezes?Você comprará sempre a comidaadequada para mim?Me levará ao veterinário sempreque for necessário?E, sobretudo, você terá capacidadepara me amar e se comprometer?

Caso você não tenha respondidoafirmativamente todas as perguntaspense duas vezes, para o seu bem e o doanimal. Mas se todas as suas respostasforam “sim”, parabéns, vocês têm muitaspossibilidades de serem felizes juntos.

PeninhaFoi encontrado por uma voluntária

quando desviava dos carros em umarua movimentada da Capital. Hoje vivena casa de Vanessa Xavier. “O Peninhaé o cachorro mais perfeito que tive-mos. Aqui em casa ele é o xodó. Atéminha mãe e minha irmã, que não gos-tavam muito de cachorro, foram con-quistadas. Mas é com meu pai que eleé mais grudado”, conta. Para Vanessa,ficou provado que raça não interfere.“Pra ser sincera, acho que o vira-lataé até mais carinhoso”.Buzz

A família de Sulamita Capistrano te-ve seu cão roubado e foi até a Feirapara tentar encontrá-lo. Lá conheceramo Buzz, um vira-lata com jeito deSchnauzer, e foi amor à primeira vista.Ele havia sido resgatado pela SAA pormaus tratos, estava magrinho e bemdiferente do que é hoje. “No início eleestava arredio, com medo, mas hoje édócil e carinhoso, se tornou o melhorcompanheiro do meu filho de 5 anos”,conta Sulamita.

Animal não é brinquedo

SofiaA família de Zilda Beatriz Marcon-

des estava “carente” de um animalde estimação. Por isso adotaram aSofia, que hoje é a alegria da casa.“Minha neta pediu muito, e como nãoqueríamos um bicho só pra bonito,resolvemos adotar uma gatinha semraça. Conhecemos a Sofia na Feira ea escolha foi acertada, ela é supercarinhosa”, conta Zilda.

AquilesFoi adotado por Bruna Ventu-

ra, de 17 anos, que junto com afamília procurou por algum tempoum cachorro de estimação emclassificados e sites na internet.Ao verem o Aquiles na Feira,tomaram a decisão. “Ele estásuper bem conosco, toda a famíliase apegou a ele”, diz Bruna.

Sociedade Amigos dos Animais4

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Queridos Humanos,Sou Rebecca (com dois cês). Sou

chefe do canil da Sociedade Amigos dosAnimais, porque sou a maior, a maisantiga e também a mais bonita, claro!Vivo aqui há três anos, desde que fuiencontrada na lixeira de um grandesupermercado. Os dois eram grandes- a lixeira e o supermercado - só euera pequenininha, 30 dias. Mas nãotenho complexo por isso. Hoje sougrande, bonita e muito popular. Fuieleita por quase unanimidade parainformar o que necessitam os baixinhosde quatro patas:

1. Doação de biscoitos, ossinhos ouqualquer guloseima, porque aqui acomida é farta e boa, mas a sobre-mesa... hummm, deixa muito a de-sejar.

2. Doação de remédios contra ver-mes, pulgas, bernes, etc. Como vive-mos no campo, estamos sujeitos aesses incômodos. E também tem aque-les que gostam de andar na chuva edepois ficam gripados e com dor deouvido.

3. Casinhas, colchonetes, cami-nhas, ninhos de gato, cobertores ouedredons. Durante à noite é frio poraqui e tem uns bobos que roem a pró-pria cama.

4. O pagamento de uma mensa-lidade, para que possamos ter umavida melhor, ir ao veterinário quandoadoecemos, comprar os remédios ne-cessários e até ir ao salão de beleza,porque têm alguns que chegam aquitão feios e desgrenhados que é precisofazer uma tosa decente. Quem noscorta o pelo é a Tia Graça, mas, po-brezinha, não nasceu para cabelei-reira. Alguns têm que ir ao dentistatambém, não queremos ficar ban-guelas, pois ninguém vai querer nosadotar.

Bom, vocês já viram que, em geral,precisamos de pouco e nos conforma-mos com muito menos. Nosso primeiropresente foi a vida, porque aqui po-demos dormir tranqüilos, sabendo quenossa vida não corre perigo. Não sere-mos sacrificados nem maltratados.

Mas ao pensar no futuro, nos an-gustia a solidão. Aqui gostam muitode nós, nos demonstram a cada dia,mas sentimos falta de uma família,uma almofada ao lado do sofá, com-panhia para passear, para ver televisãoe até de um joelho onde possamos re-pousar, com confiança, a nossacabeça.

Se estivermos bonitos e com saúde,teremos mais chances de sermos

adotados e realizar nosso sonho deter um lar e um futuro cheio decarinho.

Para ajudar é só entrar no nossoportal www.amigosdosanimais.org.brou ligar para (48) 9907.8384.Divulgue também esta carta entreseus amigos. Obrigada,

Rebecca

(Rebecca faleceu em fevereiro de2003, logo após ter “escrito”essacarta)

CARTA AOS HUMANOS

www.amigosdosanimais.org.br

A SAA reformulou seu portal. Ocarro-chefe é a Galeria de Adoções,com fotos de gatos e cachorros.Tem ainda informações sobre le-gislação, assistência, castração eeventos, além de um canal paraquem quer se associar e uma bou-tique virtual.

www.suipa .org .brConheça a dura realidade do

maior abrigo de animais do Bra-sil, o da Sociedade União Inter-nacional Protetora dos Animais(Suipa) no Rio de Janeiro.

Os bichos na web

www.udeva.org .brSite sobre a Udeva, ong de

Porto Alegre que atua na proteçãode animais e controle da superpo-pulação. Muitas informações sobrecastração, crimes ambientais elinks para outros sites interes-santes.

www.protetorasindependentes.hpg.ig.com.br

Este site traz informações impor-tantes para quem quer ajudar osanimais de rua. Tem depoimentos depessoas que fazem esse trabalho edicas sobre legislação e comporta-mento animal.

Cada vez mais pessoas eorganizações usam os recursos dainternet a favor da “causa animal”

5www.amigosdosanimais.org.br

Page 6: Jornal Fala Bicho n. 1

Você encontrou um animal aban-donado ou ferido e não sabe o quefazer. Esse problema já foi e serávivido por muitas pessoas, e infeliz-mente, a solução não é simples. Nãoadianta ligar para a vigilância sani-tária, para a prefeitura ou para asclínicas veterinárias. Provavelmente oque irão dizer é que você deve cuidardo animal e depois colocar um anúnciono jornal para ver se alguém queradotá-lo. “Nessashoras algumaspessoas acabamlembrando dosAmigos dos Ani-mais e telefonan-do”, conta Mariada Graça Dutra.“Apesar de ter-mos tempo e dis-posição, nos fal-tam recursos, o

Apesar do número crescente deanimais de rua ser um problema desaúde pública, muitas cidades,inclusive grandes centros urbanos, nãotêm políticas públicas consistentes paraabordar a situação. Em Florianópolis,quase todo trabalho nessa área –acolhida, tratamento veterinário,castração e doação – tem sido realizadopor organizações não governamentais.

A criação do Fórum Municipal deControle de Zoonoses e Bem Estar

Respeito pela profissãoApesar das dificuldades, Geraldo atende animaisde rua há quase 25 anos

Veterinário desde 1977, GeraldoBernardes sempre trabalhou aten-dendo animais de rua. Mesmo en-frentando discriminação da classe,ele continua fiel aos princípios desua profissão: tratar e salvar ani-mais, sem distinção de raça.

Entre os voluntários da S.A.A.,ele é conhecido como o “São Geral-do”. Nos últimos dez anos, o vete-rinário realizou cerca de cinco milesterilizações, principalmente emgatos e cachorros. Ogrande número se deveem parte por uma téc-nica empregada por elenas fêmeas, que reduzcortes de 10cm para1cm, e conseqüente-mente o tempo de ci-rurgia e de recuperaçãoficam bem menores.Conhecida como “téc-nica do gancho”, o mé-todo foi aprendido porGeraldo com um colegaem São Paulo e é utilizado em váriospaíses.

Há quatro anos, Geraldo tra-balha regularmente com castraçãode animais encaminhados pelasONGs, fazendo várias operaçõesem um dia.

“Comecei em 1981, quandoprestava serviços de apoio, às vezesna rua mesmo, em casos de atro-pelamento de pequenos e grandesanimais. A partir daí começou seuenvolvimento com as ONGs de pro-teção”, lembra. Nessa época come-

çava a ser difundida a defesa dacastração como melhor solução paraa reprodução desenfreada, principal-mente de cachorros e gatos.

O trabalho é feito em parceria comas Ongs. “À sua maneira, todas asentidades colaboram: recolhem osanimais, dividem seus cuidados entreos voluntários e depois encaminhamos bichos para adoção. Alguns quenão conseguem ser encaminhadosvoltam às ruas, mas castrados, o que

pelo menos impede quecontinuem se reprodu-zindo”.

Geraldo admite que asituação só não estápior por causa do traba-lho das ONGs e de al-guns poucos obstinadosque atuam individual-mente. “Ainda assim otrabalho é gratificante.Lido com pessoas dasmais diversas origens,do dono do cão de raça

ao miserável que divide a poucacomida com seu animal. Além dis-so, ao tratar com tantos animais,me deparo com situações clínicase cirúrgicas das mais diversas, àsvezes vistas pela maioria apenasna literatura. Isso me dá uma ex-periência que dificilmente teriaadquirido trabalhando apenas numaclínica. Mas o principal é ver queum animal que chega em estadomiserável pode ser recuperado,adotado, ser feliz e fazer pessoasfelizes”.

que impede que fiquemos com todosos animais que nos poderiam ser enca-minhados”, completa. Nessas horas,a Ong costuma prestar assistência aquem encontrou ou socorreu o animal.“Indicamos veterinários amigos quepossam atender o animal a preço decusto e mobilizamos outros voluntáriospara ajudar conforme a gravidade dasituação. Mas reconhecemos que issoainda é muito pouco”.

Florianópolis nãoconta com nenhumtipo de assistênciapara animais semdono. “Hoje, sealguém decidir aju-dar um animal, teráde fazê-lo por contaprópria. E é isso queos Amigos dos Ani-mais têm feito hátrês anos”, diz.

Animal, há três anos, pode possibilitara criação de uma política pública paraabordar a questão dos animais de ruana cidade. As Ongs vêm solicitandomaior participação no Fórum e nadefinição dessa política. Em fevereiro,a Sociedade Amigos dos Animais, aSociedade Animal, o Instituto Ecosul,a WSPA e a Acapra encaminharam umdocumento conjunto ao Fórum nessesentido. Mais detalhes nas próximasedições.

As Ongs e o Fórum da prefeitura

Situação de emergência

“O grau de civilidade de um povo pode ser medidopela forma como trata os animais” (Ghandi)

Sociedade Amigos dos Animais6

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A proteção jurídica dos animais

Os atos de abuso e maus-tratos con-tra animais são considerados crimes.Sendo assim, todo aquele que testemu-nhar abandono ou crueldade contra ani-mais pode comunicar a polícia e lavrarum Boletim de Ocorrência. É direito dequalquer pessoa exigir a averiguação defatos criminosos, tendo a autoridade odever de ofício de apurá-los.

Os crimes em questão são de açãopública incondicionada, o que significa

que não dependem de queixa ou re-presentação formais para a sua apu-ração, bastando a comunicação àautoridade policial. Quem encaminhaa denúncia é o Ministério Público, ti-tular da ação e não a autoridade po-licial, a quem cabe tão somente a apu-ração dos fatos e da autoria por meiodo inquérito policial.

O funcionário que se recusar – nocaso o Delegado de Polícia – sem mo-tivo justificado, a apurar fato que ca-racterize, em tese, crime contra ani-mais, poderá incorrer nas sanções doart. 319 do Código Penal, que trata docrime de prevaricação. A pena é de-

Farra do boi:cultura outortura?

A cada ano a polêmica se reas-cende. Apesar de ser crime, a farrado boi continua sendo praticada noEstado. A Ong Sociedade Amigosdos Animais – cuja presidente étambém delegada no Brasil dafundação espanhola Altarriba – con-vocou representantes de entidadesinternacionais de proteção aosanimais para testemunhar o ritualem SC e está aguardando as res-postas. Há quatro anos o Supre-mo Tribunal Federal (STF) qua-lificou a prática como maus-tratosaos animais. Mesmo assim, no anopassado foram registradas 72 ocor-rências durante o feriado de Pás-coa em SC. Só na Capital, foram26 denúncias. Seis pessoas forampresas, três na Capital e outrastrês em Garopaba, mas foram li-beradas em seguida. Três viaturasda PM foram apedrejadas.

De acordo com a Polícia Militar,cada farra verificada tinha a par-ticipação de pelo menos 300pessoas. Numa dessas ocorrências,no município de Bombinhas, até oprefeito participava, ao lado dedois vereadores e utilizando umaviatura oficial. O boi teve um doschifres quebrado após ser solto porum dos envolvidos. Em Gover-nador Celso Ramos, farristas in-vadiram três hotéis e provocarampânico nos hóspedes e funcioná-rios. O município é reconhecidocomo um dos principais pontos deocorrência da farra.

A sociedade aguarda um posi-cionamento mais eficaz do novogovernador, Luiz Henrique daSilveira, em relação ao cumpri-mento da lei.

Continuaremos abordando otema nas próximas edições.

Maus tratos e abandonosão crimes. Denuncie!

tenção, de três meses a um ano, emulta.

Por esse motivo é que a sociedadeé a maior força contra os atos abusivospraticados com animais, tendo emsuas mãos as armas para lutar contracostumes que os submetam a trata-mentos cruéis como se fossem atitudesnormais, aceitas aos olhos de umanumerosa parcela de seus integrantes.Somente a educação e o engajamentodas pessoas é que tornarão possível amudança, pois pouca serventia temuma lei ambiental tão avançadaquanto à nossa se os costumes sociaissão ainda tão arcaicos.

Exemplos de maus-tratos que devem serdenunciados:

Abandono – Envenenamento – Mutilação –Levar à exaustão o animal utilizado para otrabalho – Não proporcionar ao animal um localpara viver com espaço, mantendo-o confinadoem dimensões não condizentes com sua estruturae necessidades vitais – Abandonar o animal,dependente de seu dono, colocando em risco suaintegridade física, assim como a da sociedade.

1 – Anote o nome, endereço e/ou placa do carro da pessoa a fim de possibilitarsua identificação;

2 – Vá até a delegacia mais próxima para fazer boletim de ocorrência. Recolhatodas as provas possíveis: fotos, vídeos, testemunhas, etc.

3 – Leve com você a cópia do artigo 32 da Lei Federal no 9.605 de 1998 (leide Crimes Ambientais), disponível no site www.amigosdosanimais.org.br.Leve também o artigo 319, do Código Penal.

4 – Exija a apuração dos fatos por você denunciados;5 – De posse do ‘BO’, procure a ‘Sociedade Amigos dos Animais’ para que

possamos ajudar na fiscalização do fiel cumprimento da lei.Você não será autor do processo. O titular da ação é o Ministério Público.

O que fazer ao testemunhar crime contra animais

Por Beatriz Couto Tancredo, advogada

7www.amigosdosanimais.org.br

Estamos precisando de ajuda!O sítio em São Pedro de Alcântara, emprestado por uma

voluntária e onde ficam cerca de 50 cachorros tutelados pelaSAA, será vendido. A SAA possui um terreno, mas precisa derecursos para construir uma estrutura básica para acomodaresses e os outros animais assistidos por nossos voluntários.Aceitamos colaborações em qualquer valor, em material deconstrução ou mão-de-obra. Depósitos podem ser feitos naconta da Ong no Banco Itaú, número 51267-5, agência 0289.Ou entre em contato conosco pelo fone (48) 9907-8384 parasaber como colaborar.

POLÊMICA

Page 8: Jornal Fala Bicho n. 1

Todos os sábados, das 9h às 13h,acontece a Feira de Cachorros Usa-dos, em frente à Agropecuária 3 Ir-mãos, próximo ao elevado do CIC. AFeira é organizada com o objetivode encaminhar para adoção animaisque foram abandonados. Os ani-mais, geralmente filhotes de cães egatos, vão para a feira depois de se-rem tratados e vermifugados no cen-tro de recuperação da SAA. Algunssão castrados. Para adotar um deles,o pretendente deve assinar um termode responsabilidade. A taxa de ca-dastramento de animais na prefei-tura não é cobrada para gatos e ca-chorros adotados de Ongs. É muitoimportante lembrar que a Feira não

Se o seu vira-latas é bonito, sim-pático e original e ainda sabe fazer“aquele” truque, traga-o para con-correr a uma medalha e muitos prê-mios no II Concurso de Cães SemRaça. As inscrições estão abertas naAgropecuária 3 Irmãos (Fone 333-2745), na Agropecuária Campo Verde(Fone 269.1570) ou no local até umahora antes do concurso. Pirata, Ca-runcho e Lobinho, vencedores do IConcurso, passarão as faixas paraos vencedores deste ano. O eventoé aberto a todos.

Feira de Cachorros Usados

é um depósito de animais. Os cães egatos que estão ali são tutelados daOng, foram acolhidos por estarem emsituação de risco e só vão para a Fei-ra após sua recuperação. Infelizmen-te não temos estrutura física nem fi-nanceira para recolher mais animais.

APOIO

ATENÇÃO VIRA-LATASDE FLORIANÓPOLIS!II Concurso de Cães Sem RaçaLocal: em frente à Agropecuária 3Irmãos, próximo ao elevado doCIC, em Florianópolis.Data: 29 de março, sábado,a partir das 10h

Exposição de talentosEm junho a SAA vai promover uma expo-

sição de uma semana no Beiramar Shopping,de 30 de junho a 06 de julho, das 10h às 20h,com concurso de fotografia (com apoio daRealcolor) e desenhos (com apoio da LivariaCatarinense). Vai ser o bicho! Fique atento àprogramação na imprensa, no nosso portalna internet e na próxima edição do Fala,Bicho!

PalestrasQueremos convidar a comunidade para re-

fletir sobre as conseqüências da superpopu-lação dos animais de rua e debater medidasque amenizam o problema.

A SAA pretende levar aos moradores dosbairros da capital o conhecimento e o materialeducativo que reuniu sobre o tema ao longo deseu trabalho. A participação dos líderes comu-nitários é fundamental para o sucesso do nossotrabalho, que é totalmente independente dopoder público.

Outro projeto da SAA tem como público osalunos das escolas de ensino fundamental. Ela-boramos uma apresentação chamada de “OMelhor Amigo”, que inclui vídeos educativos epalestras de voluntários.

Além disso, dispomos de banners educa-tivos de 1,20m X 60 cm para exposição emlocais de grande circulação, como shoppings,escolas,empresas e associações. Para maioresinformações entre em contato conosco.(47) 3305747

Sociedade Amigos dos Animais8