jornal entreposto | janeiro de 2015

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UM JORNAL A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO ANO 15 - Nº 176 - JANEIRO DE 2015 OS NOVOS DESAFIOS DA AGRICULTURA NACIONAL

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Um jornal a serviço do agronegócio

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um jornal a serviço do agronegócio ano 15 - nº 176 - janeiro de 2015

oS noVoS deSaFioS da aGriCULTUra naCionaL

anuário2015

PESCADOSApesar de saudável, muitas pessoas encontram diculdades para comprar e preparar peixes. O Anuário Entreposto de Pescados é a solução para este problema. Aqui você pode encontrar qualquer produto vendido pelos atacadistas da Ceagesp com recomendações e ideias de preparo.Um guia útil para todos que apreciam uma boa culinária e trabalham na comercialização destes alimentos.

CONTATO: 11 3831.4875

FALTAMPOUCOS

DIAS!FAÇA A RESERVADO SEU ANÚNCIO

3editorial

Em 2014, o estoque de títulos do agronegócio registrados na BM&FBovespa totalizou R$ 112,41 bilhões, ante R$ 93,46 bilhões em 2013. O número representa aumento de 20,27% na comparação do total anual. O estoque de LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) totalizou R$ 107,46 bilhões, ante R$ 89,89 bilhões em 2013.

TíTulos do agronegócio aumenTam na Bm&FBovespa

O valor das operações de crédito nos seis primeiros meses do ano agrícola 2014/2015 é recorde para o período. De julho a dezembro de 2014, o total aplicado pelos agricultores familiares brasileiros alcançou R$ 15,2 bilhões. Este valor é aproximadamente 23% acima do que foi contratado no mesmo período na safra 2013/2014.

primeiro semesTre do plano saFra 2014/2015 aTinge r$ 15,2 Bilhões

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquiriu mais de 7 milhões de quilos de produtos da agricultura familiar, por meio de chamadas públicas pela Compra Institucional, em 2014. Foram aplicados cerca de R$ 25 milhões na aquisição de arroz, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, flocos de milho, fubá, macarrão e leite em pó.

agriculTores Familiares vendem mais de 7 milhões (Kg) em produTos em 2014

Os agroquímicos fitossanitários devem atingir faturamento de US$ 12,2 bilhões em 2014, conforme levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Com 6% acima do registrado em 2013, será a maior alta de todo o setor químico, representando o segundo maior faturamento da indústria de química fina.

agroquímicos devem FaTurar us$ 12,2 Bilhões no Brasil em 2014

O ano de 2014 se encerra com valor recorde no faturamento da agropecuária e também com a maior safra de grãos obtida no país. As estimativas do Valor Bruto da Produção Agropecuária para o ano, calculadas pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, é de R$ 461,6 bilhões, crescimento de 2,5% em relação a 2013, que foi de 450,3 bilhões.

valor de produção Fecha o ano com recorde de r$ 461,6 Bilhões

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

NOtAs

A chegada de uma liderança de peso do setor rural brasileiro ao Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento (Mapa) é, de maneira geral, vista com bons olhos pelas cadeias produtivas do agronegócio, um dos mais importantes segmentos da economia nacional.

Contudo, essa mudança de direção, por ora considerada positiva, causa grande incômodo entre militantes de facções partidárias situadas mais à es-querda, movimentos sociais e ambientalistas.

Portanto, o primeiro grande desafio de Kátia Abreu será o de neutralizar o discurso negativo à sua nomeação pela presidente Dilma Rousseff com ações concretas para cumprir sua principal promes-sa, a de dobrar a classe média rural brasileira nos próximos quatro anos.

Nesta primeira edição de 2015, em que o JE apresenta a seus leitores um novo projeto gráfico com uma abordagem editorial renovada dos temas

ligados à produção e distribuição dos produtos agrícolas brasileiros, os empreendedores das Cen-trais de Abastecimento (Ceasas) do País, transpor-tadores, varejistas e demais agentes da imensa ca-deia de frutas, hortaliças, flores e pescados notarão uma publicação com reportagens mais amplas e variadas sobre o setor.

Além da cobertura da posse da primeira minis-tra a comandar uma das pastas de maior importân-cia da administração federal, outro tema de grande relevância tratado nesta edição é o marketing rural, principalmente no segmento de alimentos frescos.

Assuntos de natureza fiscal, tributária e econô-mica que interferem no dia a dia dos negócios e pautas internacionais complementam o cardápio editorial do primeiro número do ano no qual o JE celebra uma década e meia de história.

Boa leitura a todos!

Mudança de rumo

Para não iniciar o ano no ver-melho e garantir o bom de-

sempenho financeiro de pequenas e médias empresas (PMEs), os especialistas lembram que desafio maior do empresário é avaliar as contas.

Segundo a Nibo, consultoria focada no desenvolvimento de plataformas de gestão financeira às PMEs e integração contábil para contadores, a primeira dica importante para o empreendedor é ter mais de uma conta bancária para separar o dinheiro da empre-sa e o pessoal.

“Dessa forma, o empreende-dor sabe qual é o limite de uso do dinheiro sem comprometer as finanças da empresa e vice-versa”, diz a vice-presidente de marketing da consultoria, Sabrina Gallier.

Outras dicas importantes para

o empresário fazer sobrar dinhei-ro e planejar investimentos são analisar todas suas transações e gastos, acompanhar a contabili-dade e usar softwares de gestão em vez de planilhas cansativas e complicadas.

onde inVeSTir

Em função da perspectiva de alta da taxa básica de juros da eco-nomia em 2015, os investimentos mais recomendados pelos especia-listas para este ano são aqueles vin-culados a juros pós-fixados.

Entre esses investimentos, es-tão os fundos DI, Letras Finan-ceiras do Tesouro (LFT), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Cer-tificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Finanças organizadas ajudam empresário a investir

conTas em dia

Planejamento orçamentário é a chave do sucesso empresarial

As empresas de factoring, cuja atividade principal consiste na compra de títulos de crédito resultantes de vendas mercantis, oferecem diversos serviços às mi-cro, pequenas e médias empresas com dificuldades financeiras.

“Num ano de economia aper-tada, crédito escasso e mais de 70% das disponibilidades neste campo concentradas nas quatro maiores instituições financeiras do País, o fomento comercial tem sido uma alternativa interessan-

te”, ressalta Hamilton de Brito Junior, presidente do sindicato que representa as factorings pau-listas (Sinfac-SP).

“Ao invés de juros, o setor opera com um coeficiente de-nominado fator, que, embora seja em torno de 1% acima das taxas praticadas pelos bancos, é isento de tarifas e não submete o empreendedor às conhecidas reciprocidades bancárias, quase sempre de baixíssima rentabili-dade”, acrescenta.

eMpreSário CoM díVida pode reCorrer ao FoMenTo CoMerCiaL

agronegócio brasileiro pode crescer 2,8%

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 20154

Coordenadoria de Comunicação e Marketing: (11) 3643-3945 - [email protected]

Departamento de Armazenagem: (11) 3832-0009 - [email protected]

Departamento de Entreposto da Capital:(11) 3643-3907 - [email protected]

Departamento de Entrepostos do Interior: (11) 3643-3950 - [email protected]

Centro de Qualidade Hortigranjeira: (11) 3643-3827 - [email protected]

Frigorífico de São Paulo (Pescado): (11) 3643-3854 / 3893 / 3953

Portaria do Pescado: (11) 3643-3925

Banco CEAGESP de Alimentos: (11) 3643-3832

contatos úteis

Veja mais conteúdo no site:www.jornalentreposto.com.br

FRUTAS JUN JUL

ABACATE

KIWI

PINHA

BANANA-CATURRA

BANANA-PRATA

BANANA-MAÇÃ

CAQUI

COCO

FIGO

MORANGO

NÊSPERA

PÊRA

PINHÃO

LIMA LIMA PÉRSIA

TANGERIN.PONKAN

MIMOSA/MEXERICA

MAÇÃ IMPORTADA

KIWI IMPORTADA

PERA IMPORTADA

UVA IMPORTADA

HORTALIÇAS TUBEROSAS JUN JUL

BATATA-DOCE

BATATA-SALSA

CARÁ

CEBOLA

CENOURA

GENGIBRE

INHAME/TAIÁ

MANDIOCA/AIPIM

NABO

CEBOLA IMPORTADA

HORTALIÇAS FRUTOS JUN JUL

ABÓBORA SECA

ABÓBORA HOKAIDO

ALHO PORÓ

JILÓ

MAXIXE

PIMENTA

PIMENTÃO VERMELHO

TOMATE

HORTALIÇAS HERBÁCEAS JUN JUL

ALMEIRÃO

AGRIÃO

COUVE-BRÓCOLO

CHEIRO-VERDE

COUVE-MANTEIGA

COUVE-FLOR

COUVE-CHINESA

COUVE-RABANA

ESPINAFRE

MOSTARDA

MOYASHI

REPOLHO

RÚCULA

BROTO BAMBU

RADITE

FRACA - Pouca oferta na comercia l i zação dos produtos no mercado. Tendência de a l ta nos preços .

REGULAR - Oferta equi l ibrada dos produtos comercia l i zados no mercado. Tendência os preços estáveis .

FORTE - Boa oferta dos produtos comercia l i zados no mercado. Tendência de ba ixa nos preços .

FRUTASPavilhão 2ª feira 3ª a 5ª feira 6ª feira Sábado

MFE-A

MFE-B/C

HF’S

6h às 20h 6h às 21h 6h às 20h

6h às 21h 6h às 20h 6h às 21h 6h às 18h

6h às 20h

VERDURASPavilhão 2ª feira 3ª a 5ª feira 6ª feira Sábado

MLP 6h às 21h 12h30 às 21h 12h30 às 22h 14h às 21h

ABÓBORASPavilhão 2ª à Sábado

MSC 8h às 20h

Pavilhão 2ª à 6ª feira Sábado

BATATAS, CEBOLAS E DIVERSOS

6h às 17h6h às 20hBP’s

PESCADOSPavilhão 3ª à Sábado

Pátio da Sardinha 2h às 6h

Pavilhão 2ª à 5ª feira 3ª e 6ª feira

FLORES

5h às 10h30MLP

2h às 14hPraça da Batata

Pavilhão 2ª à 5ª feira 6ª feira Sábado

AP’s 6h às 20h 6h às 21h 6h às 18h

LEGUMES

AM

BP

AP

MLP

MSC

HF

MFE

PESCADO

Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva. Diretor Comercial: José Felipe Gorinelli. Jornalista Responsável: Maria Ângela Ramos MTb 19.848. Edição: Paulo Fernando Costa / Carolina de Scicco/ Letícia Doriguelo Benetti / Paulo Cesar Rodrigues / Edson Freitas. Colaboradores: Anita Gutierrez, Manelão, Efraim Neto, Fábio Guedes, Zulmira Felício, Paulo Bernardino, Nando Costa.

Periodicidae: Mensal

Redação: Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946 Edsed ll - loja 14ACEP 053 14-000Tel.: 11 3831.4875

E-mail:[email protected]

Os artigos e matérias assinadas não refletem necessariamente, o pensamento da direção deste jornal, sendo de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.

CRESCE NúMERO DE ExPORtADORES EM 2014

AGRICULtURA FAMILIAR SOFRE COM A MAIOR SECA EM MAIS DE 80 ANOS

OS DESAFIOS DA AGRICULtURA NACIONAL: DA PESCA à PRODUçãO FAMILIAR

KátIA ABREU ASSUME AGRICULtURA E PROMEtE DOBRAR CLASSE MéDIA RURAL

MERCADO é FAVORáVEL PARA MARCAS DE ALIMENtOS FRESCOS

RAStREABILIDADE PROPORCIONA AVANçOS NA áREA DE MARKEtING RURAL

MARKEtING NA FLORICULtURA BRASILEIRA: DESAFIOS E OPORtUNIDADES

VEJA AS DICAS DE LEItURA

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CQH tRAçA PANORAMA DO ABAStECIMENtO DE ALIMENtOS

5comércio exterior

Os tímidos resultados colhidos pelo co-mércio exterior no decorrer de 2014

culminaram no primeiro déficit da balança comercial brasileira desde o ano 2000. O rombo de US$ 3,93 bilhões entre as impor-tações e exportações já era espera-do pelo governo federal, que atri-buiu principalmente ao cenário externo o fechamento das contas no vermelho.

Nenhum setor se livrou da retração econômica em relação a 2013. No grupo dos semifatura-dos, o déficit foi de 4,8%, após receita de US$ 29,066 bilhões, e os produtos básicos registraram baixa de 3,1%, com US$ 109,557 bilhões comercializados, o que re-presenta quase metade das expor-tações nacionais.

As vendas de produtos manu-faturados foram as que sofreram a maior queda ao obter receita de US$ 80,211 bilhões, resul-tado 13,7% inferior ao do ano passado. Os grandes responsáveis pelo desempenho ruim foram os itens para extração de petróleo (-74,4%), automóveis para pas-sageiros (-41,8%) e veículos de carga (-32,4%).

Balança comercial tem pior resultado em 15 anos e atinge o setor agrícola

Fábio GUedeSde São paULo

Brasil deficitário

A crise econômica na Argen-tina é apontada como o fator pre-ponderante para a brusca redução de exportações de bens industria-lizados. “O impacto das platafor-mas de petróleo estava incorpo-rado às nossas previsões [porque os embarques estavam programa-dos]. O que realmente interferiu na balança foi na demanda inter-nacional”, argumentou Roberto Dantas, diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exporta-ção, órgão vinculado ao Ministé-rio do Desenvolvimento, Indús-tria e Comércio Exterior.

No que se refere às impor-tações, o Brasil comprou 7,6% menos bens de capitais, como máquinas, equipamentos e uten-sílios de escritório. Houve queda também nas compras externas de bens de consumo (-5,2%), de matérias-primas e bens intermedi-ários (-3,3%) e de combustíveis e lubrificantes (-2,4%).

proMoção do aGroneGóCio

Durante 2014, com o objetivo de promover as exportações brasi-leiras para mercados estratégicos, foram realizadas ações comerciais nos Estados Unidos, China, Ja-pão, Rússia, Canadá, África do Sul, Itália e Peru, que criaram oportunidades de negócio para

mais de vinte setores da agropecu-ária e agroindústria.

No rol de produtos promo-vidos, estiveram carnes bovinas, suínas e de frango, pescados, café, mate, chás, refrigerantes, energé-ticos, arroz, lácteos, açúcar, frutas frescas, polpas e sucos de fruta, castanhas, água de coco, cachaça, cervejas, vinhos e espumantes, chocolate, doces e confeitos, mas-sas, produtos de panificação, pro-dutos apícolas, pratos congelados e outros produtos de conveniên-cia, conservas, molhos, temperos e condimentos.

Para 2015, o calendário preli-minar de ações de promoção in-ternacional do agronegócio prevê a continuidade e reforço dessas ações nos países-alvo, bem como a ampliação da atuação no Oriente Médio, além de ações de imagem que agreguem valor aos produtos brasileiros em mercados de refe-rência, particularmente no Japão e União Europeia.

Também está prevista a par-ticipação do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no pavilhão brasileiro da Expo Milão, exposição mundial que ocorrerá entre maio e outubro na Itália, e que terá como tema “Alimentando o Mundo, Energia para a Vida”. (Com informações da Agência Brasil e do Mapa).

Apesar de os produtos do agronegócio registrarem superávit de US$ 80,13 bilhões entre janei-ro e dezembro de 2014, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a contribuição do setor para a balança comercial brasileira deve cair cerca de 3% em 2015, em relação a 2014.

A estimativa é da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), que leva em consideração ainda a expectativa de safra recorde su-perior a 200 milhões de toneladas no período 2014/2015.

“Existem indicações de que-da ou estagnação das exportações do setor, com retração dos preços médios dos produtos exportados. A equação pressupõe, ainda, que a produção brasileira de grãos se-guirá a trajetória antecipada pelos primeiros levantamentos de sa-fra”, afirma a SNA.

“Provavelmente, teremos um pouco menos de exportações de soja e milho, em receita, e um pouco mais de carnes e café”, projeta Hélio Sirimarco, diretor da SNA. Com 95 milhões de to-neladas, a soja deve ser o produto com maior desempenho no pe-ríodo, com 10% de crescimento em relação à safra anterior, segun-do a entidade. “Podemos esperar um novo recorde de exportação, com algo próximo a 63,2 milhões de toneladas, das quais a soja em grão responderá por 48 milhões de toneladas, contra 46 milhões esperados para 2014”, prevê a As-sociação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). (FG)

aGroneGóCio TeM SUperáViT, MaS perde eSpaço

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

AFNR/SHUTTERSTOCK

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por ChriSTian Menin e bernardo MaTTei de Cabane oLiVeira*

Os agricultores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, devem se atentar para recolher a Contri-buição Sindical Rural relativa ao exercício de 2015 até o dia 31 de janeiro.

A cobrança é de competên-cia da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), prevista no Decreto-Lei n.º 1.166/1971, artigos 578 a 591 da CLT, bem como no artigo 217 do Código Tributário Nacional, derivada de um acordo com a Receita Federal.

O cálculo do valor da Contri-buição Sindical Rural deve obser-var as distinções de base de cálcu-lo para cada tipo de contribuinte: para pessoa física, a contribuição é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) da propriedade, constante no cadas-tro da Secretaria da Receita Fe-deral, utilizado para lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Para as pessoas jurídicas, é calculada com base na Parcela do Capital Social (PCS) atribuída ao imóvel.

Para efeito de enquadramento sindical e de acordo com a legis-lação, considera-se “trabalhador rural” a pessoa física que presta serviço a empregador rural me-diante remuneração de qualquer espécie; quem, proprietário ou não, trabalhe individualmente ou em regime de economia familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família, in-dispensável à própria subsistência e exercido em condições de mú-tua dependência e colaboração, ainda que com ajuda eventual de terceiros; e os proprietários de mais de um imóvel rural, desde que a soma de suas áreas seja su-perior a dois módulos rurais da respectiva região.

Do mesmo modo, para efei-tos de enquadramento sindical, considera-se “empresário ou em-

pregador rural” a pessoa física ou jurídica que tendo empregado, empreende, a qualquer título, atividade econômica rural; quem, proprietário ou não e mesmo sem empregado, em regime de econo-mia familiar, explore imóvel rural que lhe absorva toda a força de trabalho e lhe garanta a subsis-tência e progresso social e econô-mico em área igual ou superior à dimensão do módulo rural da res-pectiva região; e os proprietários de mais de um imóvel rural, des-de que a soma de suas áreas seja superior a dois módulos rurais da respectiva região.

Contribuintes que deixam de arcar com a obrigação até o últi-mo dia de janeiro podem sofrer multas e outras sanções previstas na própria CLT. Nos primeiros trinta dias de atraso, a multa é de 10% do valor total da contribui-ção. Se o atraso persistir, há um adicional de 2% por cada mês contabilizado, mais incidência de juros de mora de 1% ao mês e atualização monetária. E, em caso de não pagamento, o sindicato promove a cobrança judicial da contribuição.

Sem o comprovante de paga-mento do imposto, o produtor rural fica impedido de participar de processos licitatórios e não obterá registro ou licença para funcionamento ou renovação de atividades para os estabelecimen-tos agropecuários, entre outros prejuízos.

Na prática, de forma direta, a Contribuição Sindical Rural não traz benefícios ao produtor. Po-rém, de forma indireta, fortalece o Sistema Sindical Rural, a CNA, as federações dos estados, e, con-sequentemente, a representativi-dade das classes.

*Os autores deste artigo são advogados da divisão de agronegócios do escritório A. Augusto Grellert Advogados Associados

Contribuintes que não arcarem com a obrigação podem sofrer multas e outras sanções previstas na CLT

Prazo para recolher contribuição rural encerra em 31 de janeiro

artigo

O Banco do Brasil (BB) liberou R$ 34,1 bilhões em operações de crédi-

to rural na safra 2014/2015 (de 1º de julho a 21 de novembro de 2014), volume que represen-ta aumento de 27% em relação a igual período da safra anterior.

O volume representa 41,8% da previsão para a safra 2014/2015 e a perspectiva é po-sitiva para o restante do ano-sa-fra, que vai até 30 de junho de 2015. “Temos o compromisso de desembolsar R$ 81,5 bilhões e confio que vamos superar isso”, disse o vice-presidente de Agro-negócios e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias. Ele mostrou otimismo mesmo com a queda das commodities agrícolas. “O preço é remunera-dor ainda, tirando o sucroalcoo-leiro, não vejo setor (do agrone-gócio) em crise”,destacou.

Na agricultura empresarial, foram aplicados R$ 20,3 bilhões, crescimento de 24% ante igual período do ciclo passado. Para agricultura familiar, o desem-bolso foi de R$ 8 bilhões, incre-mento de 36% na comparação anual. As operações por meio do Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores Rurais (Pro-namp) somaram R$ 5,8 bilhões, 27% a mais do que em igual pe-ríodo da safra anterior.

Os números foram divulga-dos pelo BB após assinatura do termo de cooperação mútua com a Associação Brasileira das Indús-trias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) para as iniciati-vas do programa Soja Plus.

A ação conjunta é voltada às necessidades de uma gestão mo-derna, econômica, social e am-biental. O programa foi adotado há quatro anos em Mato Grosso, chegou a Mato Grosso do Sul em 2013 e agora está sendo aplica-do em Minas Gerais e na Bahia. A expansão para outros Estados deve ocorrer nos próximos anos, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul estão na mira.

ToMada de CrédiTo para inVeSTiMenTo CreSCe 45%

Do montante de crédito rural liberado, R$ 23,6 bilhões foram

Banco do Brasil aumenta valor liberado para crédito ruralInadimplência ficou em 0,6% no terceiro trimestre

para custeio e comercialização e R$ 10,5 bilhões para inves-timento na safra 2014/2015. Para investimento o valor é 45,4% superior ao que foi libe-rado entre 1º de julho e 21 de novembro de 2013, enquanto que para custeio o incremento foi de 19,9%.

Segundo Dias, pode estar ocorrendo uma antecipação da tomada de recursos. “Se você olhar os dados de investimento, a desconfiança em relação ao futuro leva as pessoas a tomar o crédito nesse juro”, explica.

Ele reafirmou, entretanto, que o volume de R$ 81,5 bi-lhões em desembolsos previstos para o Banco do Brasil para o ano-safra 2014/2015 está asse-gurado. “É normal quando te-mos sucessão de equipe econô-mica, com o anúncio de novas medidas para mudar o rumo da economia, que haja uma des-confiança, mas posso assegurar que estamos com nossas fontes

de recursos muito tranquilas”. Dias ressaltou que por ora

não há preocupação com a ina-dimplência, que ficou em 0,6% para crédito rural no terceiro trimestre, mas explicou que ela depende do desempenho da economia.

“Esse número de 0,6% sig-nifica que o produtor está pa-gando a conta de forma regular, e a gente confia que isso vai continuar acontecendo. Tan-to confiamos que lançamos o custeio renovável, que era uma reivindicação antiga: o produ-tor assina o contrato por um ano e garante o crédito duran-te cinco. Agora, evidentemente existe sempre a preocupação se a economia vai piorar ou não vai piorar.

O agronegócio não vive numa ilha, vive dentro de um país que tem de enfrentar esses problemas, mas também confio que esses problemas serão ven-cidos”, explicou.

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015 agroempresas

7escrituração digital

O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar o envio de informações das em-presas em relação aos seus empre-gados. Também conhecido como folha de pagamento digital, trata-se de um sistema que reúne em um ambiente online todas as in-formações fiscais, previdenciárias e trabalhistas.

Construído desde 2012, ele deve se tornar obrigatório primei-ramente para as firmas que regis-traram faturamento maior de R$ 3,6 milhões em 2014. Já saiu o decreto oficializando a obrigação e, agora, todos aguardam a di-vulgação de um manual este ano, após o que haverá seis meses de prazo para o início do envio ele-trônico dos dados requeridos.

A nova plataforma exigirá que empregadores mantenham atualizados e digitalizados todos as informações referentes aos seus colaboradores, com ou sem vín-culo empregatício, bem como as admissões, exames médicos, alte-rações contratuais, pagamentos, férias e rescisões, entre outros. São 44 obrigações sociais, entre as quais o Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados (Ca-ged), a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf ) e a Relação Anual de Informa-ções Sociais (Rais).

Todas as obrigações passarão a ser inseridas em um único sis-tema que, no longo prazo, vai facilitar a vida do empresário. Segundo cálculos da Receita Fe-deral, 2,6 mil horas são desperdi-çadas por ano com o pagamento e organização de impostos.

Projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), o controverso eSocial promete causar grandes transformações nas relações entre empregadores, funcionários e governo. “Dife-rentemente da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o eSo-cial não criará novas leis, mas as consolidará digitalmente.

Mudanças oneram empreendedores, avalia permissionário da Ceagesp

ZULMira FeLíCiode São paULo

Os impactos do sistema serão tão grandes quanto os instituídos pela CLT, no governo de Getú-lio Vargas”, aponta Roberto Dias Duarte, especialista em Sped e autor da série de livros Big Bro-ther Fiscal.

Neste sentido, o eSocial irá exigir demandas de todos os se-tores das empresas, não só do de-partamento de recursos humanos (RH), mas também do pessoal de compras, vendas, produção, fi-nanceiro, tecnologia da informa-ção (TI) e contabilidade. Como é perfil do brasileiro deixar tudo para a última hora, é importante que as empresas comecem o pro-cesso o mais rápido possível, re-visando as informações cadastrais dos empregados. Mesmo quem já utiliza um sistema para con-trole dessas obrigações, terá de se encaixar nos padrões previstos pela Receita Federal.

É bom lembrar que a maior parte dos micro e pequenos negó-cios no Brasil ainda passam longe desse nível de profissionalismo de gestão. Daí a necessidade de um esforço maior dos contadores para que enviem as informações no prazo devido, evitando as pe-nalidades previstas em lei.

biG broTher ConTábiL

Instalada na Ceagesp há 45 anos, comercializando coco seco, alhos, cebolas e batatas, entre ou-tros produtos, a Irmãos Tavares, que emprega 50 pessoas, optou pela terceirização dos serviços contábeis. Mesmo assim, terá a necessidade de implantar proces-sos mais eficientes para a troca de informações com o escritório contábil contratado.

Segundo Marco Tavares, di-retor da empresa familiar, a par-tir da implantação do Sped, ele viu aumentar os valores pagos para o escritório contábil. “Essas mudanças acabam onerando os empresários. Nós produzimos,

geramos emprego, mas o governo está sempre aumentando os im-postos e a burocracia”, desabafa.

“Realmente, o ano de 2015 será muito difícil para as em-presas, não só pelas dificuldades orçamentárias dos governos, mas pelo aumento do apetite tributá-rio das administrações públicas, que certamente reduzirão inves-timentos para elevar a arrecada-ção de impostos, a fim de fechar suas contas”, acrescenta Duarte.

O governo investe na criação desta plataforma não só para re-duzir a burocracia, há também embutida a finalidade fiscali-zadora. Uma vez com os dados centralizados das empresas, será mais fácil cruzar informações e identificar possíveis fraudes.

O eSocial abrange cerca de 12 milhões de empregadores, 37 milhões de empregados com carteira assinada, 7 milhões de funcionários públicos, 6,5 mi-lhões de empregados domésticos e 19 milhões de autônomos, en-tre outros.

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

eMpreSaS deVeM Se preparar para o eSocial

FOLHA DE PAGAMENTO

Nova plataforma reúne em ambiente virtual todas as informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas dos empregados

zoom De modo geral, vemos a ro-

tina como algo ruim, sinônimo de repetição, monotonia e rea-lização de trabalhos de modo mecânico. É verdade, mas a prática rotineira de algumas ta-refas, dentro do negócio, pode trazer bons resultados.

Num restaurante ou nou-tro ambiente onde haja mani-pulação de alimentos, tarefas como tomadas de temperatura, higienização de frutas, verdu-ras e legumes, equipamentos, utensílios e identificação de produtos precisam ser reali-zadas todos os dias. Por isso, torná-las parte de uma rotina bem definida pode facilitar o controle das outras atividades no decorrer do dia.

CoMo FaZer?

Crie um cronograma de ta-refas relacionando aquelas que deverão ser realizadas periodi-camente. Determine: a ativida-de, como fazê-la, a freqüência

(diária – semanal – mensal), o responsável e o supervisor. Certifique-se de que o respon-sável foi bem orientado e pos-sui o material necessário para realizar o trabalho. Trabalhar com planilhas ou tabelas pode facilitar a visualização e o con-trole do que foi feito.

A rotina permitirá que ta-refas importantes do dia a dia sejam realizadas de forma me-cânica, assim como quando es-covamos os dentes ao acordar, pela manhã.

e oS reSULTadoS?

Otimização do tempo, mais organização dentro do estabelecimento e aumento da agilidade dos colaboradores.

Lembrem-se: o registro das observações realizadas duran-te os procedimentos de rotina também são muito importan-tes e permitem que as medidas corretivas sejam tomadas com rapidez.

Viva a rotina!

organização é o que você faz antes de fazer algo, de modo que quando você o faça, tudo não estará confuso.’’ a.a. MiLne

artigo

CeLia aLaS MédiCa VeTerinária ConSULTora na eMpreSa aLaS & oLiVeira Food SaFeTyeSpeCiaLiZação: GeSTão da QUaLidade eM aLiMenToS [email protected]

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Em 2014, o número de exportadores brasileiros cresceu pelo segundo ano consecutivo. De ja-

neiro a dezembro do ano passado, 19.250 empresas brasileiras reali-zaram vendas ao exterior. Foram 441 a mais que em 2013 (18.809), um crescimento de 2,3%. O valor total exportado pelo Brasil em 2014 chegou a US$ 225,101 bilhões (média diária de US$ 889,7 milhões). Pela média, houve redução de 7% sobre as exportações de 2013 que totaliza-ram US$ 242,034 bilhões (média de US$ 956,7 milhões). As importações, no período, fo-ram de US$ 229,031 bilhões (média de US$ 905,3 milhões), o que representa uma queda de 4,4% em relação à média diária do mesmo período anterior, quando as compras externas foram de US$ 239,650 bilhões (média de US$ 947,2 milhões).

A corrente de comércio, soma de importações e exportações, foi de US$ 454,132 bilhões no ano (média de US$ 1,795 bilhão), com diminuição de 5,7% em rela-ção à média de 2013 (US$ 1,903 bilhão). O saldo comercial em 2014 ficou negativo em US$ 3,93

CreSCe núMero de exporTadoreS eM 2014Com a queda no preço das commodities em 2014, as exportações brasileiras deixaram de arrecadar US$ 12,9 bilhões

bilhões. Na entrevista coletiva para comentar os dados de 2014, o secretário de Comércio Exterior Daniel Godinho explicou que o déficit da balança comercial re-presenta 1,7% do total exportado no período. Godinho atribuiu o resultado negativo a três fatores principais: à queda no preço das commodities, ao cenário inter-nacional desfavorável - com des-taque para a recessão econômica argentina - e ao déficit na conta petróleo.

Com a queda no preço das commodities em 2014, as expor-tações brasileiras deixaram de ar-recadar US$ 12,9 bilhões a preços de 2013. “Chamo atenção que, apenas em relação ao minério de ferro, houve uma perda de US$ 8 bilhões em função da queda de preço”, disse. Em 2014, a queda do preço médio do minério de ferro foi de 47%, atingindo o me-nor nível desde 2009. As causas, segundo Godinho, foram o au-mento da produção mundial e da demanda menos aquecida global-mente, principalmente da China. “Apesar do aumento de 15 mi-lhões de toneladas na quantidade exportada, a queda de preço fez com que tivéssemos uma receita

20% inferior em relação à expor-tação deste produto”, detalhou.

Sobre o cenário internacional, o secretário analisou que dos 15 principais mercados de destino das exportações brasileiras, dez registraram quedas nas suas im-portações totais do mundo. “Nos mercados em que houve cresci-mento, ele foi moderado e nos mercados em que houve queda, esta foi mais acentuada”, disse. O secretário ainda avaliou a retração das exportações para a Argentina. “Num cenário de redução de ati-vidade econômica e consequente queda de renda, os produtos que mais têm seu consumo diminuído são justamente os manufatura-dos, que são os produtos da pauta de exportações brasileiras para a Argentina”, comentou.

Em relação à conta petróleo, o déficit que era de US$ 5 bilhões, em 2012, passou para 20 bilhões em 2013, com produção e expor-tação menores e maiores impor-tações. Em 2014, houve redução do déficit. “Conforme esperado, tivemos aumento de produção de petróleo no ano passado, e com isso aumentaram as exportações brasileiras em 13,9%. Houve re-dução nas importações de 1,5%,

mas o impacto na balança comer-cial ainda é expressivo com déficit de US$ 16,6 bilhões” disse.

Um dos destaques positivos do ano foram os Estados Unidos que tornaram-se o principal des-tino dos produtos manufaturados brasileiros (US$ 13,7 bilhões) su-perando a Argentina (US$ 12,8 bilhões). “Temos uma gradual re-tomada do dinamismo econômi-co norte-americano com expansão de 3,4% de suas importações do mundo, mas o Brasil conseguiu avançar mais nas suas exportações para aquele mercado, registrando um crescimento de 9,8% em suas vendas para os EUA”, afirmou o secretário.

Godinho também destacou que, dos dez principais produtos da pauta brasileira, sete tiveram recordes de exportações. Entre os destaques em 2014, estão a soja mesmo triturada, com US$ 23,2 bilhões (crescimento de 2% em relação a 2013), farelos e resíduos da extração do óleo de soja (US$ 7 bilhões; crescimento de 3,1%), carne bovina congelada, fresca ou refrigerada (US$ 5,7 bilhões; crescimento de 8,1%) e celulose (US$ 5,2 bilhões; crescimento de 2,2%).

Criado com o objetivo de ampliar a participação

de produtos orgânicos bra-sileiros no mercado externo, o Projeto Organics Brasil terminou 2014 com uma re-ceita recorde em exportações. O faturamento de US$ 136 milhões foi distribuído en-tre 60 empresas associadas, mobilizando cadeias de ali-mentos, cosméticos, serviços e têxtil. A ação é organizada pelo Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD) e a Agência Brasileira de Pro-moção de Exportações e In-vestimentos (Apex).

Prestes a completar 10 anos em 2015, o projeto ain-da tende a crescer, conforme os organizadores. Estima-se que em todo o mundo o ne-gócio envolvendo produtos orgânicos movimente US$ 64 bilhões ao ano.

Para que o Brasil consi-ga explorar esse potencial, a aposta é participar de fei-ras internacionais ligadas ao tema, bem como executar ações que promovam o apoio e a capacitação de pessoas interessadas neste mercado, avalia o coordenador executi-vo do projeto, Ming Liu. “A cadeia produtiva interna vem se capacitando, com muitos investimentos e lançamen-tos de produtos, atenden-do o mercado consumidor em busca de produtos mais saudáveis, seguros e susten-táveis”, afirma. Conforme projeção dos organizadores do Projeto Organics Brasil, R$ 10 bilhões é o potencial esperado para o mercado brasileiro de orgânicos brasi-leiros em 2020. Atualmente o país exporta menos de 5% desse valor.

exportações de produtos orgânicos registram novo recorde

exportaçãoJornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

9internacional JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

O mercado interno de suco de laranja consome apenas 2% da produção nacional da bebida industrializada. Dependente das exportações e das benesses gover-namentais, o setor vive um perí-odo de profundas transformações ocasionadas por diversos fatores, principalmente a redução da de-manda na Europa, EUA e Japão.

Podia parecer impensável há alguns anos, mas a realidade é que o produto tende a ficar raro nas mesas de café da manhã dos consumidores desses mercados. Nas principais regiões produtoras do Brasil e do mundo, as doenças que atacam a planta não param de evoluir nos pomares – só o gree-ning, uma das mais temidas pelos agricultores, já chega a 14% das laranjeiras de São Paulo.

eSpreMida GLobaL

Crise e mudanças de hábitos de consumo reduzem produção de laranja

paULo bernardinode São paULo

Segundo a Secretaria de Agri-cultura do estado, a bactéria deve atingir quase um quinto dos pés de laranja este ano. E diversas ra-zões explicam esse surto mundial. Para muitos especialistas, a mono-cultura da fruta contribui para a destruição da biodiversidade, fato que deixa a produção exposta a micro-organismos e insetos que devem ser combatidos com a apli-cação intensiva de agroquímicos.

Esse ciclo vicioso, somado à estiagem prolongada e à concen-tração das indústrias de suco, afe-ta diretamente sua oferta e preço no mercado global. De julho a novembro do ano passado, as ex-portações brasileiras registraram queda de 9% em relação ao mes-mo período do ano anterior, pas-sando de 476,2 mil toneladas para 433,2 mil toneladas no período, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), com base na movimentação do Porto de Santos.

De acordo com o órgão gover-namental, a receita com as vendas do suco também registrou queda de ordem de 10% no período, ficando em US$ 890,6 milhões,

ante US$ 797,6 milhões. Segun-do da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR), a região com maior retração na demanda pelo suco brasileiro foi a Europa, com 11% de queda, cujo volume passou de 333,6 mil toneladas para 300,8 mil toneladas. A receita na região também sofreu queda de 13%, passando de US$ 638,1 milhões para US$ 556,5 milhões.

Em 2003, os norte-ameri-canos beberam cerca de 62 mi-lhões de litros de suco e pagaram cerca de US$ 4,25 por galão. Dez anos depois, cerca de 39 milhões de litros foram vendi-dos por uma média de U$$ 6,19 por galão. “O consumo de suco de laranja nos EUA vai continu-ar existindo somente se o preço for acessível”, alerta Ben Albrit-ton, ex-presidente da Comissão de Citrus da Flórida.

De acordo com o Departa-mento de Agricultura dos EUA (USDA), a colheita mundial na última safra foi de 1,89 milhão de toneladas. O valor foi menor que a demanda estimada de 1,96 mi-lhão toneladas.

nando CoSTada redação

reino Unido pode ‘liderar o mUndo’ na prodUção de alimentos, afirma secretária de assUntos rUrais

Técnicas de culTivo proTegido aJudam a aumenTar oFerTa de alimenTos no país europeu

A secretária de Estado para o Meio Ambiente, Alimenta-ção e Assuntos Rurais do Reino Unido, Liz Truss, está otimista quanto ao futuro do setor agrí-cola no país britânico. Durante discurso proferido no dia 7 na Conferência Anual de Agrope-cuária de Oxford, ela lembrou que a agroindústria local está “bem posicionada” para apro-veitar as oportunidades globais apresentadas por este mercado.

“Nós temos a terra, a tec-nologia, o espírito empresarial e, acima de tudo, alimentos fantásticos para liderar o mun-do”, afirmou. “Nossos produ-tores de morango já suprem dois terços da demanda inter-na. Graças a modernas técnicas de cultivo protegido, essa fruta agora está nas prateleiras du-rante o inverno”, exemplificou Truss, ao ressaltar que os pro-dutores de cereja também estão dobrando sua produção.

Estudos conduzidos pelo governo mostram que a eco-nomia agrícola britânica, im-

pulsionada pela agricultura e pecuária, poderá ser tão produ-tiva quanto a economia urbana dentro de 10 anos.

“Nossos fazendeiros estão trabalhando em conjunto com fabricantes, varejistas e cientis-tas numa cadeia de produção que gera mais de 100 bilhões de libras esterlinas [cerca de R$ 400 bilhões] para nossa econo-mia”, disse.

Para Truss, as oportunida-des de expansão são claras. “A população mundial, que soma hoje 7,2 bilhões de pessoas, saltará para 9,6 bilhões em 2050. Em função do aumento da renda e da urbanização ace-lerada, a demanda por alimen-tos deve crescer 60% até lá”, salientou.

“É claro que nós não vamos ser totalmente autossuficientes em alimentos, pois não temos sido há centenas de anos”, re-conheceu. “Mas agora estamos produzindo pimentões que são exportados até para o Paquis-tão e México”, ponderou.

Liz Truss: produtores britânicos trabalham em conjunto com pesquisadores, indústrias e varejo

WIKIMEDIA COMMONS - 29/01/13

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Luciana e o marido, que hoje vivem da terra, são pequenos produtores, e fazem parte do que

chamamos no país de agricul-tura familiar. De acordo com o especialista em agronegócio, José Carlos de Lima Junior, esse tipo de agricultura é uma definição que foi cunhada no Brasil. “Esse conceito foi criado principalmen-te para esses pequenos produtores que, primeiro, tem dificuldade de acesso ao crédito, e a mão de obra é predominantemente da própria família. Eles têm uma pequena propriedade de terra, de aproxi-madamente 10 hectares, e uma diversificação de produtos”, diz.

2014 foi escolhido pela ONU, Organizações das Nações Unidas, como o ano da agricultura fami-liar. No Brasil, esse setor engloba 4,3 milhões de unidades produ-tivas. E justamente neste ano, o Estado de São Paulo viveu a pior seca em mais de 80 anos. Em Ri-beirão Preto, por exemplo, a chu-va registrada nos três primeiros meses de 2014, não representou nem 60% do mesmo período, no ano anterior.

Essa estiagem prolongada pre-judicou a produção no campo, e principalmente a produção de verduras e legumes. O sítio de Lu-

Agricultura familiar sofre com a maior seca em mais de 80 anosPequenos agricultores e consumidores sentem os efeitos da estiagem prolongada na terra e no bolso

ciana faz parte do universo de cer-ca de quatro milhões de unidades produtoras que sofreram com os prejuízos na plantação. “O tempo não estava úmido, e mesmo irri-gando das 6h às 22h, o desenvol-vimento das plantas ficou muito prejudicado”, afirma. A produto-ra ainda diz que as plantas não se desenvolveram como deveriam, ficaram mais rígidas e as pragas ganharam mais força. Com isso, ocorreu uma redução de um ter-ço na produção mensal do sítio. “Normalmente nós produzimos 3 toneladas por mês, com a seca, a nossa produção ficou quase 2 to-neladas mensais”.

Essa queda, porém, não aconteceu somente com Lucia-na. Segundo dados da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 2011 o Brasil produziu 19,2 milhões de tonela-das de hortaliças. Já em 2012, esse número caiu para 18,7 milhões. Agora em 2014, especialistas esti-mam que a produção de algumas culturas possa cair até 40%. Essa diminuição na produção pode estar diretamente relacionada às mudanças climáticas. De acordo com Lima Junior, nos últimos tempos esse tipo de problema foi constatado de forma muito inten-sa em algumas regiões do Brasil.

“No interior de São Paulo, por exemplo, nós tivemos situações atípicas nos últimos três anos. Em 2012, tivemos uma estiagem fora de época, que foi um frio exagera-do em maio e junho. Em 2013, ti-vemos o excesso de chuva. E ago-ra, em 2014, estamos com outro tipo de problema, a seca”, conta.

No entanto, essa quebra na produção pode ser considerada muito mais grave para os peque-nos produtores. Segundo Lima Junior, esse setor fica muito mais exposto quando se considera as incertezas de mercado. “O peque-no produtor retira um recurso do banco para ajudar na plantação, ele planta, e depois de seis meses, quando vem a safra, ele não tem

garantia de produção”, diz. O es-pecialista em agronegócio ainda afirma que com a seca os agricul-

tores, muitas vezes, acabam per-dendo toda a produção e cria uma dívida com o banco.

O consumidor já sente no bol-so, e na mesa, as consequências da estiagem. Em Ribeirão Preto, por exemplo, as verduras e as frutas já estão custando o dobro do preço em relação ao mesmo período do ano passado. O último levanta-mento da Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, revela que no ataca-do os preços tiveram alta média de 2,67%. As maiores altas são no-tadas nas frutas como manga pal-mer (30%) e nos legumes como berinjela (19,3%).

A assistente administrativa, Marta Alexandra Rodrigues, cos-tuma comprar hortaliças em um hipermercado de Ribeirão Pre-to. Segundo ela, cada vez mais os preços estão aumentando e a qualidade diminuindo. “ Muitas vezes não tem na prateleira (do mercado) alface, rúcula, brócolis e quando encontro,a qualidade está péssima. Os pés de alface ameri-cana, por exemplo, diminuíram de tamanho e o preço está lá em cima! É lamentável”, diz.

As hortaliças que Marta não consegue encontrar mais nos supermercados são as que mais sofreram com a seca, segundo

a produtora agrícola, Luciana. “Nós não estamos conseguindo plantar nem a metade que plan-tamos normalmente das culturas de inverno como a couve-flor e os brócolis, por conta das condições climáticas”, relata.

Atualmente, o hortifrúti no Brasil é principalmente produzi-do pelo pequeno produtor. Cul-turas como soja e cana de açúcar precisam de uma grande área de terra para o agricultor ter uma rentabilidade mínima, pois o in-vestimento é muito alto. Porém, outros tipos de cultura como os vegetais, frutas e folhas, não é preciso ter uma escala mínima de produção. “Os pequenos produ-tores são fundamentais em cultu-ras que o tamanho da área não é tão importante e os agricultores conseguem ter uma alta produção em um espaço pequeno, como é o caso de hortifrúti, de granja, tabaco, amendoim, ovos”, afirma Lima Junior. O especialista ainda lembra a importância da agricul-tura familiar.

“O Rio Grande do Sul, por exemplo, é o maior produtor de tabaco no Brasil. Essa cultura está em sexto lugar no ranking da ba-lança do agronegócio brasileiro, e é produzido por pequenos produ-tores”, conclui.

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

pOR cAROlINE sIlvA dA AgE NOtícIAs

Há doze anos, a educadora física, luciana cristina alves, de 50 anos, resolveu mudar de vida. deu adeus à cidade e foi morar com o marido no sítio ridelutha, em santa rosa do Viterbo. na área, que tem cerca de cinco hectares, começou a criar galinhas, tirar leite de vaca e plantar hortaliças. “Quando eu vi, já estava em um sítio sem saber fazer nada e querendo aprender tudo”, afirma Luciana que já se considera uma produtora agrícola.

“Quando vem a seca os agricultores têm, na melhor

das hipóteses, uma baixa produtividade no campo.

o outro problema que pode acontecer, é ter uma quebra na produção, e o

produtor ficar endividado”, fala José carlos.

estiagem

11JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

Dados do Instituto Agronô-mico (IAC), de Campinas, apon-tam que a precipitação pluvial de outubro de 2013 ao mesmo mês de 2014 foi muito reduzida, com valores abaixo do esperado. O le-vantamento do IAC foi realizado em 13 regiões representativas do Estado de São Paulo. Para se ter ideia, janeiro a março de 2014 foi o trimestre mais seco em 77 anos de análise em Ribeirão Pre-to. Campinas também registrou, de outubro de 2013 a março de 2014, o período com menor índi-ce de chuva, desde 1891.

O Jornal Entreposto conver-sou com o Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e De-senvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Afonso Nobre, para escla-recer as possíveis causas da falta de chuvas no estado. O meteoro-logista afirma que um raro fenô-meno atmosférico pode ter sido responsável pela estiagem prolon-gada, mas que estudiosos ainda estão buscando explicações mais aprofundadas. Confira as declara-ções de Carlos Nobre.

bLoQUeio aTMoSFériCo

“A causa mais imediata dos acentuados déficits de chuvas no verão 2013-2014 em grande par-te do Sudeste foi uma situação extremamente atípica e muito rara de um fenômeno atmosfé-rico bastante comum, chamado “bloqueio atmosférico”, que nor-malmente dura alguns dias, ter durado mais de 45 dias, inibindo as chuvas em quase todo Sudeste. Estes bloqueios, com a presença de um sistema atmosférico de alta pressão sobre o Oceano Atlântico Subtropical e invadindo o conti-nente sul-americano, impede a propagação de frentes frias causa-doras de chuvas. Normalmente, estão associados aos conhecidos veranicos—períodos mais quen-tes e secos durante a estação chu-vosa. As razões mais profundas de causalidade deste fenômeno raro ainda estão sendo buscadas pelos estudiosos e não há uma explica-ção trivial a primeira vista”.

CLiMa eM 2015

“Não é possível prever o cli-ma com meses de antecedência,

EStUDIOSOS AINDA BUSCAM ExPLICAçãO PARA FALtA DE CHUVAS NO SUDEStE

de modo geral. A previsibilidade climática na escala de poucos me-ses não é factível na maior parte do planeta, pois a evolução da atmosfera torna-se imprevisível depois de cerca de duas semanas. Porém, há algumas poucas ex-ceções a esta regra. A tendência climática de algumas regiões pode ser prevista com alguns meses de antecedência quando os sistemas meteorológicos que atuam na re-gião respondem a lentas variações das condições oceânicas. Este é o caso da região semiárida do Nor-deste do Brasil, onde as chuvas principais de fevereiro a maio respondem a condições oceânicas nos Oceanos Tropicais Pacífico e Atlântico. Também as temperatu-ras do Oceano Pacífico Equato-rial, além do norte do Nordeste, afetam o sudeste da América do Sul, incluindo o sul do Brasil. Por exemplo, quando as águas estão mais quentes do que a média na-quela região (fenômeno conheci-do como El Niño), pode chover acima da média no sul do Brasil e abaixo da média no norte do Nor-deste e norte e leste da Amazônia. Infelizmente, esta previsbilidade climática para chuvas é pratica-mente inexistente para o Sudeste e Centro-Oeste do país”.

CLiMa e aGriCULTUra

“O clima é intrinsecamente variável em todas as escalas tem-porais e imprevisível praticamente além de duas semanas, exceto nos casos mencionados acima. Por outro lado, uma vez que uma seca severa se estabelece, ainda que di-ficilmente possa ter sido prevista com muita antecedência pelas razões expostas, torna-se possível muitas vezes indicar a duração do período de estio. Esta informação pode ser útil à mitigação dos im-pactos negativos das secas inten-sas. Deve-se levar em conta, por outro lado, que as mudanças cli-máticas em curso devido ao aque-cimento global aumentam a va-riabilidade climática e também de seus extremos, que é o que mais afeta a agricultura. Os agriculto-res devem estar preparados para responder a este desafio de maior variabilidade e mesmo ocorrência de extremos, em relação ao clima do passado. Isso leva a várias estra-tégias de adaptação”.

Foi realizada no mês passa-do a inauguração oficial de mais uma indústria de recapagem do grupo DPaschoal, desta vez na cidade de Atibaia – SP. Segun-do os executivos da empresa, o objetivo é alcançar e beneficiar toda a Grande São Paulo, além das regiões de Jundiaí, Campi-nas, Vale do Paraíba e Baixada Santista.

O grupo possui mais de 30 anos neste seguimento e duran-te este período já alcançou a marca de dois milhões de pneus recapados. “Com a inauguração desta loja, já são 11 indústrias recapadoras que trabalham de modo padronizado e com to-das as certificações necessárias e estabelecidas pelo Inmetro”, destaca o gerente de recapagem André Teixeira, que tem 18 anos de experiência no ramo de pneus.

“Os parâmetros do Inme-tro são obrigatórios no setor de recapagem. Existem muitas recapadoras que ainda não tem o aval do Inmetro e na verda-de elas não poderiam operar”, lembra o executivo. Segundo ele, isto garante ao cliente (ca-minhoneiro ou para o transpor-tador) um padrão mínimo de qualidade. “A DPaschoal é pio-

neira neste ramo no Brasil. Te-mos alguns diferenciais de mer-cado, por exemplo, trabalhar com duas linhas de produtos: a dos desenhos originais Goodye-ar e uma banda de fabricação exclusiva para DPaschoal, cha-mada Recmaxx”, destaca.

Para o presidente da DPas-choal, Roberto Szachnowicz, “é uma satisfação imensa inaugu-rar mais uma unidade de reca-pagem do grupo”.

Segundo ele, os caminho-neiros da Ceagesp são clientes importantes já que trafegam em uma região muito relevante e há bastante tempo. “Eu ga-ranto que a maioria deles são cadastrados e tem nosso cartão especial para caminhoneiro, em que ele recebe prêmios, viagens e até dinheiro. Por isto, não consigo descrever a felicidade em inaugurar esta unidade e poder atender estes clientes”, frisa o presidente.

Szachnowicz complementa que a seriedade da DPaschoal é o que a diferencia de outras empresas. “Outra questão que também nos preocupa é a sus-tentabilidade. A DPaschoal tem um programa chamado Econo-mia Verde, que existe há mais de 15 anos, que é uma ação que foca justamente na correta des-tinação dos resíduos e Atibaia é uma cidade que prima pela eco-logia”, arremata.

dpaSChoaL inaUGUra indúSTria de reCapaGeM eM aTibaia

edSon FreiTaSde aTibaia

INMETRO

Empresa conta com 11 indústrias recapadoras de pneus que atuam de acordo com as exigências do Inmetro. O novo estabelecimento vai beneficiar toda a Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista

zoom

12 perspectivas

eFraiM neTode braSíLia

O governo de Dilma Rousse-ff e sua equipe responsável pelos temas agropecuários começaram 2015 com muitos desafios. São questões que perpassam pela crise econômica, estresse hídrico, varia-ções climáticas e mudanças que ocorreram nos cultivos nos últi-mos anos no País.

Em relação à agricultura fa-miliar, os desafios são ampliar os financiamentos, oferecer cada vez mais assistência técnica qualifica-da e mecanismos de segurança e proteção da produção e da renda.

Nos últimos 12 anos, foram muitos os avanços neste setor. O crédito ofertado para a agricul-tura familiar aumentou 10 vezes, saltando de R$ 2,3 bilhões, na safra 2002/2003, para R$ 24,1 bilhões, em 2013/2014. Além das conquistas da última década, os mais de 4,8 milhões de peque-nos agricultores terão, agora, no-vos benefícios. No novo governo, garantem seus representantes, a assistência técnica será ampliada, a fim de alavancar a produção de alimentos saudáveis.

“O que buscamos com essas medidas é aumentar a produção de alimentos para o povo brasi-leiro. Nós queremos garantir a renda dos agricultores e queremos que com este aumento de produ-ção possamos contribuir para a estabilidade de preços aos consu-midores”, ressaltou o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, agora secretário-geral da Presidência da República.

A equipe de Dilma Rousseff contará com Helder Barbalho no Ministério da Pesca e Aquicul-tura (MPA), Patrus Ananias no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e Kátia Abreu no Ministério da Agricultura (Mapa) para ampliar os ganhos sociais e econômicos do setor nos próximos quatro anos. Durante as suas respectivas posses, os minis-tros se comprometeram a apro-fundar as ações em execução e a dar continuidade ao Plano Safra 2014/2015.

OS DESAFIOS DA AGRICULtURA NACIONAL: DA PESCA à PRODUçãO FAMILIAREm 2015, o consumo individual de pescados no Brasil passará dos atuais 9 kg para 13,8 kg por habitante; programa federal também deve fomentar produtores de açaí, banana, laranja e outras frutas

Em relação à pesca e aqui-cultura, Helder defendeu que o Plano Safra será o principal ins-trumento para o avanço do setor: “Com ele, lançaremos as bases e definiremos os caminhos para avanços na cadeia produtiva. Isso envolve aumentar a nossa capaci-dade de produção, modernizar as instalações, renovar a frota pes-queira (sem esquecer o subsídio para a compra de óleo diesel), ad-quirir máquinas e equipamentos, facilitar o acesso a linhas de cré-dito e, assim, ampliar a contribui-ção do setor na balança comercial brasileira.”

Já Patrus se comprometeu com o “fortalecimento e expansão da agricultura familiar, o coopera-tivismo, os necessários avanços da reforma agrária, e a produção de alimentos saudáveis”.

No plano mais macro da agri-cultura, Katia Abreu, primeira mulher a assumir a pasta, des-tacou que vai estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. “Hoje, o Brasil tem mais de 5 milhões de produtores, sendo que 70% estão nas classes D e E, 6% nas classes A e B, e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, na classe C”, disse. (Leia reportagem sobre a posse da ministra na página 13)

peSCa e aQUiCULTUra

Em suas primeiras palavras frente ao Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Helder Barbalho falou sobre os desafios prioritários de sua gestão como a geração de emprego e renda, di-reitos trabalhistas e a inclusão de pescadores por meio de progra-mas sociais, garantindo o aces-so à educação e saúde. Para isso, destacou que vai trabalhar em sintonia com outros ministérios. “Proponho desde já uma sinergia com os meus colegas ministros do Meio Ambiente, Trabalho, Saúde, Educação, Agricultura, Desenvol-vimento Agrário, Ciência e Tec-nologia”, ressaltou.

O novo ministro visa transver-salizar políticas e fortalecer o setor produtivo com base em pesqui-

sas científicas. Dados estatísticos também serão fundamentais não só para nortear políticas públicas mais efetivas, mas também para se ter conhecimento da produção pesqueira nacional bem como conquistar os resultados que o país almeja e precisa.

“Trabalhamos com uma meta: produzir 20 milhões de toneladas de pescado por ano até 2030. Capacidade para isso nós temos. O Brasil possui 8.500 quilômetros de costa ma-rítima, o maior volume de água doce do planeta e potencial para ser um dos cinco principais pro-dutores de pescado do mundo”, destacou.

Para Helder, o Brasil necessi-ta explorar ao máximo o pescado, aproveitando as carcaças, cabe-ças, caudas e restos de filetagem

para processo de beneficiamento, o que deverá aumentar a ren-da do produtor. Os resíduos de peixes, segundo experiência de outros países, podem ser matéria-prima de roupas, sapatos, bolsas e muito mais. O que gera mais empregos, mais renda e reduz o impacto ambiental no descarte.

Em 2015, de acordo com pes-quisa do MPA, o consumo brasi-leiro de pescado passará dos atuais 9 kg para 13,8 kg por habitante/ano. Já o mercado mundial de-mandará pelo menos 100 milhões de toneladas adicionais de pesca-do até 2030, conforme prevê a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Esta conjuntura é favo-rável ao Brasil, que tem elevado potencial para a produção de pes-cado no continente e no mar.

deSenVoLViMenTo aGrário

O ano do novo ministro co-meçou com a divulgação com a divulgação da lista de produtos com direito a bônus na agricultura familiar. No começo da semana, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou os 22 produtos que darão direito ao bônus para agricultores familiares com financiamento de custeio no Programa Nacional de Fortale-cimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A bonificação é relativa às parcelas com vencimento entre 10 de janeiro e 9 de fevereiro de 2015.

Prevista no Programa de Ga-rantia de Preços para a Agricultu-ra Familiar, a bonificação é conce-dida quando os valores praticados no mercado estiverem abaixo da-queles definidos a cada ano/safra. A referência para o preço de mer-cado e o valor do bônus é o mês de dezembro de 2014.

Serão beneficiados produto-res com culturas de açaí, babaçu (amêndoa), banana, borracha na-tural cultivada e natural extrativa, cacau (amêndoa), cana-de-açúcar, cebola, feijão, laranja, leite, manga, mangaba, maracujá, milho, pequi, piaçava (fibra), raiz de mandioca, sorgo, trigo, triticale e umbu.

Em seu discurso de posse, Patrus assumiu o compromisso de ampliar a parceria com os pe-quenos agricultores, concluir a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural e ampliar os mecanismos de participação social, como con-selhos populares e conferências regionais.

Em janeiro, o MDA também autoriza o pagamento do Garan-tia-Safra, para 472.244 agricul-tores familiares. A medida atinge 459 municípios dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Ge-rais, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. A ação visa auxiliar agricultores familiares que se encontram em municípios do semiárido sujeitos a perdas de safra devido à seca ou ao excesso de chuvas.

“vamos concluir a implantação da Agência Nacional de Assistência técnica e Extensão Rural.”

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

patrUs ananiasMARCELO CAMARGO/ABr

13política JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

Ao assumir no dia 5 de Janei-ro o cargo de ministra da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimen-to, Kátia Abreu evitou tratar das polêmicas envolvendo declarações recentes de que não haveria mais latifúndio no Brasil e disse que re-cebeu da presidenta Dilma Rou-sseff a incumbência de dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos.

“Ela [Dilma] me pediu obs-tinação nessa tarefa. Vamos esta-belecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. Tem mais de 5 milhões de produtores rurais, sendo que 70% deles estão na classe D e E, 6% na classe A e B e apenas 15% na clas-se C”, disse a ministra que pro-meteu levar pelo menos 800 mil produtores para a classe C.

Segundo ela, será feito um es-forço para dotar esses produtores de capacitação técnica. Para isso, a nova ministra pretende envolver órgãos federais como a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), o Sis-tema S e as universidades. “Va-mos de porteira em porteira atrás dessas pessoas buscando e levan-do uma revolução em tecnologia para que eles possam ascender socialmente e ter uma renda mais elevada”, disse.

Kátia Abreu também falou

Kátia Abreu assume Agricultura e promete dobrar classe média ruralA nova ministra também defendeu a ampliação da infraestrutura logística com a construção de ferrovias e hidrovias

em diálogo com os movimentos sociais e ao ser perguntada sobre a declaração de que não haveria mais necessidade de uma reforma agrária ampla no Brasil, respon-deu que o assunto é da competên-cia de outro ministério . “O meu ministério não é responsável pela reforma agrária, essa competência é do MDA [Ministério do Desen-volvimento Agrário], e eu preten-do respeitar essa competência”.

A declaração de Kátia Abreu sobre latifúndio recebeu crítica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que, em nota, considerou a fala “descabida e desconecta-da da realidade do nosso país”. “Quem realmente conhece a his-tória de nosso país sabe que não são os povos indígenas que saíram ou saem das florestas. São os agen-tes do latifúndio, do ruralismo, do agronegócio que invadem e derrubam as florestas, expulsam e assassinam as populações que nela vivem”, diz a nota.

A nova ministra, no seu dis-curso, também defendeu a am-pliação da infraestrutura logística com a construção de ferrovias e hidrovias. Segundo Kátia, um dos desafios do ministério será desbravar a fronteira agrícolas dos estados do Norte e Nordeste, em especial o Tocantins, Maranhão, Piauí e a Bahia. “É uma região

muito especial onde não ocorre-rá desmatamento, pelo contrário, são áreas de pecuária que estão sendo transformadas em agricul-tura, e essa região precisará ter um crescimento sustentável do ponto de vista ambiental, da logística, da energia e da armazenagem”.

Ela disse ainda que vai traba-lhar para aumentar as exportações do agronegócio. “Nós temos um imenso mercado no exterior, e as

nossas empresas, as nossas agroin-dústrias, precisam estar prepara-das para exportar para esse grande mercado consumidor, quer seja de carne em geral, quer sejam de ou-tros produtos. A nossa obrigação como ministério é abrir as portas para que todas as empresas pos-sam exportar”.

A nova ministra também pro-meteu tratar da crise do setor su-croalcooleiro, decorrente do baixo

preço do petróleo e de questões climáticas. “O setor sucroalcoo-leiro não tem uma receita única, teremos que ter uma receita com vários conceitos, com variadas prioridades e soluções para que este assunto se resolva”, disse Ka-tia Abreu que prometeu buscar uma solução para crise em reu-niões com os ministérios da Fa-zenda, do Planejamento e com o Tesouro Nacional.

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A distribuidora e atacadista de frutas e legumes, Hetros, se destaca no segmento por atuar com frutas exóticas, importadas e nacionais, que compõe a linha de produtos frescos contabilizan-do mais de 50 variedades. Criada em 1998, a companhia integra o Grupo Peg Pese, presente no mercado desde os anos 70. Com o objetivo de ser referência tanto na qualidade dos produtos ofere-cidos como nos serviços presta-dos, a empresa atinge uma cartela de clientes também diversificada, e abrange desde feiras livres e sa-colões até escolas e rede hoteleira.

Laercio Barbosa, vendedor, acredita que os consumidores de-vem voltar a comprar hortifrútis nas feiras livres. “Atualmente, os clientes preferem o conforto do supermercado, mas esquecem que nestes estabelecimentos não dá para barganhar. As feiras livres possuem os melhores produtos e é possível negociar com o feiran-te”, lembra.

A Hetros produz abobrinha em Pilar do Sul, no interior de São Paulo. “Infelizmente, uma chuva de granizo que ocorreu no

Hetros se especializa em alimentos diferenciados

Atacadista reúne os produtos mais exóticos do mercado da Ceagesp

fim do ano passado destruiu a plantação”, lamenta Laercio.

Especializada em produtos diferenciados, a empresa busca constantemente adotar as técni-cas do mínimo manuseio. Toda a mercadoria que chega é colocada sobre paletes e os funcionários são orientados nos cuidados com o alimento fresco.

Há cerca de um ano, a Hetros começou a comercializar o famo-so aspargo peruano, que já vem embalado. Além do aspargo, a Hetros comercializa beterraba, ce-noura baby, endívia e mini cebola.

Já entre as frutas exóticas en-contram-se: physalis, pitaia ama-rela e vermelha, granadilla, mir-tilo, amora, framboesa amarela e vermelha, tamarillo, feijoa, lulo, gulupa, curuba, figo da índia, kiwano. Há também importadas, como tâmara israelense e caqui espanhol e as nacionais, como goiaba, melão e melancia sem se-mentes.

HetrosPavilhão: APA – Box 1/ 2Contato: (11) 3643 – 8282/ 8287 [email protected]

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

Destinado ao mercado exter-no, sobretudo à Europa, fruta tem conquistado gradativamente o pa-ladar dos brasileiros e incentivado a produção para abastecimento interno De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Ex-portações e Investimentos (Apex-Brasil), a produção de melão no Brasil, em 2012, foi de 575,4 mil toneladas, gerando, aproximada-mente, R$ 475 milhões para qua-se 220 mil produtores.

Atualmente, cerca de 70% da produção nacional é destinada ao mercado externo. Contudo, a demanda interna também vem crescendo de forma gradativa nos últimos anos. Dentro deste mer-cado, a variedade pele-de-sapo representa, hoje em dia, de 15% a 18% da área plantada de melão no Brasil.

Segundo o gerente de produ-tos da Sakata, Alexandre Mori, essa variedade ainda encontra um pouco de resistência por parte dos consumidores, pois é completa-mente diferente do fruto tradicio-nal amarelo, devido à cor da casca – que dá a falsa impressão de estar verde –, além do próprio nome em si.

“Entretanto, uma vez quebra-da essa barreira inicial, o consu-midor que prova gosta bastante do fruto e acaba voltando a com-prá-lo, em função da sua alta qua-lidade e sabor”, comenta o gestor da multinacional japonesa que produz e comercializa sementes de hortaliças e flores.

O melão pele-de-sapo pode ser encontrado nas capitais de to-das as regiões do Brasil, especial-mente em grandes redes de super-mercados, sobretudo nesta época do ano, em que há um aumento da oferta, por causa do auge da produção localizada, principal-mente, em Mossoró (RN) e em alguns pontos do Vale do São Francisco, região que abrange es-tados como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Embora possa ser produzido o ano todo, a colheita ocorre, principalmente, entre os meses de setembro e março.

Seu preço, um pouco mais elevado quando comparado ao melão tradicional, se deve, basica-mente, ao maior custo de produ-ção. “Este tipo de melão exige um manejo nutricional muito mais apurado que outros tipos, além de consumir maior quantidade de adubo. O ciclo de produção é mais longo e é mais sensível às intempéries”, explica Mori. Em compensação, o melão tipo pele-de-sapo é muito mais saboroso, doce, firme e uniforme, quando comparado ao tradicional.

ConSUMo de MeLão peLe-de-Sapo CreSCe no braSiL

A atacadista SSJ (Sítio Santa Júlia) é especializada na produção e comer-cialização de berinjela. Com produção na cidade de Monte Alto, interior de São Paulo, a empresa uniu a experi-ência de mais de 70 anos de cultivo do fruto da planta Solanum melongena com parcerias por todo o Brasil.

Sérgio Rogério Ianili, empresário, conta que o pai trabalha produzindo berinjela há mais de sete décadas. “Eu praticamente nasci sob um pé de be-rinjela”, brinca. “Meu pai ainda hoje trabalha no cultivo”, conta orgulho-so. Para Sérgio, a produtividade dos hortifrútis no ano passado foi abaixo do esperado. A falta de chuvas que assolou a região sudeste prejudicou o desenvolvimento dos frutos. “Para o setor de legumes, 2014 foi um ano muito difícil. Com o clima seco e a baixa umidade do ar, as culturas não

se desenvolvem perfeitamente e aca-ba gerando muitas pragas e insetos”, alerta. “Uma árvore de berinjela que produzia por seis meses, no ano pas-sado produziu apenas dois, mas gerou as mesmas despesas”, lamenta. “Além disso, a falta de chuva causa grande oscilação de preços, desordenando o mercado”, complementa.

Com o intuito de oferecer merca-dorias de qualidade e com frequên-cia, a SSJ conta com um distribuidor exclusivo de tomates, que fornece o produto apenas para ele e mais um outro atacadista. “Esta parceria já dura mais de 16 anos. Este tomate é um grande diferencial para nossa em-presa”, frisa Ianili.

SSJPavilhão: APA – Box 17Contato: (11) 3644-5491

SSj TeM ForneCedor exCLUSiVo

15artigo JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

O desenvolvimento da agri-cultura é responsável pela evo-lução da humanidade. No prin-cípio todas as pessoas estavam ocupadas na extração de alimen-tos da Natureza para a sobrevi-vência: a caça e a coleta de ali-mentos vegetais.

Os primeiros indícios de iní-cio da agricultura e domesticação de animais foram encontrados pelos arqueólogos sete mil anos antes de Cristo. A produção de alimentos permitiu a especiali-zação - que algumas pessoas se dedicassem a outras atividades. Surgiram as cidades, o comércio, a indústria, a globalização. O co-mércio de especiarias, exemplo de globalização, foi uma das cau-sas do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral.

Em 1798, Thomas Malthus, em seu livro “Essay on Popula-tion” assombrou o mundo com a sua afirmação: “A população cresce em progressão geométri-ca, enquanto a produção de ali-mentos aumenta em progressão aritmética. A solução para evitar epidemias, guerras e outras catás-trofes provocadas pelo excesso de população, é a restrição dos pro-gramas assistenciais públicos de caráter caritativo e na abstinência sexual dos membros das camadas menos favorecidas da sociedade.”

E o mundo cresceu e a agri-cultura provou que Malthus es-tava errado. Até o século XIX o crescimento da população mun-dial foi lento.

Depois houve uma explosão demográfica: 1.850 - um bilhão, em 1.999 – 6 bilhões, em 2.006 – 6,8 bilhões de habitantes e pre-visão de 9 bilhões em 2050. No Brasil a população quase tripli-cou nos últimos 50 anos: 70 mi-lhões em 1.960, 170 milhões em 2000 e hoje temos 195 milhões de habitantes. A agricultura con-tinua abastecendo a população mundial. Podemos falar de má

CQH tRAçA PANORAMA DO ABAStECIMENtO DE ALIMENtOS

distribuição em volume e em qualidade, mas não de escassez de alimentos no mundo.

O abastecimento de alimen-tos de uma população crescente tem sido um grande desafio para a agricultura. O consumo de ali-mentos per capita no Brasil está crescendo com o desenvolvimen-to. A expectativa é de um grande aumento de consumo de calorias e de carne per capita nos países emergentes como a China e a Ín-

dia: de 2.900 calorias em 2000 para 3.300 calorias em 2040 e de 15 kg para 46 kg de carne per capita na China. A Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE – POF de 2008 mostra que a classe de renda mais alta consome cin-co vezes mais frutas e três vezes mais hortaliças que a classe de menor renda.

A produtividade agrícola au-menta a cada ano. Segundo a FAO – Food and Agricultural

aniTa de S. diaS GUTierreZ enGenheira-aGrônoMa do CenTro de QUaLidade eM horTiCULTUra da CeaGeSp

Organization, setor que cuida da agricultura na ONU – Organiza-ção das Nações Unidas, hoje são necessários 0,30 hectares de agri-cultura para alimentar uma pes-soa, vinte e cinco anos atrás eram necessários 0,50 hectares e trinta anos no futuro serão necessários apenas 0,15 hectares.

Será que a agricultura con-seguiu vencer definitivamente os maus presságios de Malthus? Os desafios são grandes. Entre

eles estão: a produção no mesmo local (exportação de nutrientes e crescimento do ataque de pragas e doenças), a urbanização cres-cente, o crescimento da popula-ção, a poluição urbana, as exigên-cias que crescem todos os dias: saúde, meio ambiente, segurança alimentar, segurança e dignidade no trabalho agrícola, subsídios agrícolas dos países concorrentes, produtividade, eficiência.

No Brasil a produtividade au-mentou, a desnutrição diminuiu e a obesidade virou um problema nacional. Nos últimos 35 anos o Brasil se transformou de importa-dor em um dos maiores exporta-dores de alimentos. As previsões da FAO são de crescimento de 20% na demanda mundial por alimentos e do Brasil como res-ponsável por 40% da sua oferta.

A área total do Brasil é de 851 milhões hectares. 254 milhões de hectares (29%) são utilizados na produção agropecuária, sendo 77 milhões para agricultura (9%) e 177 milhões (20%) para pe-cuária, segundo a EMBRAPA. O Produto Interno Bruto do Agronegócio corresponde a 25% do PIB nacional e o segmento é responsável por 37% da mão de obra empregada.

Estudos da Embrapa – Em-presa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária mostram que a produti-vidade brasileira mais que dobrou (2,5 vezes) entre 1976 e 2010. A área de grãos e oleaginosas cres-ceu 27% e a produção 213%. A produtividade das hortaliças, com grande participação da agri-cultura familiar, dobrou, entre 1980 e 2005, segundo o CNPH – Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da Embrapa.

A tecnologia agronômica uti-lizada com respeito, obedecendo a boas práticas agrícolas, garan-te a preservação da natureza e o abastecimento da população com alimentos seguros.

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Estimativas do Centro de Es-tudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam que, no próximo ano, o agronegócio brasileiro pode crescer 2,8%. Segundo o órgão, este pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, vis-to que indústria e serviços não conseguem evoluir.

Apesar de representar 23% do PIB brasileiro e de governo e iniciativa privada utilizarem o agro nacional como propaganda de progresso econômico, pouco se aproveita do grande potencial financeiro que os produtos hor-tifrutícolas frescos têm a ofere-cer. Como não se trata de com-modities agrícolas, toda a cadeia de abastecimento de frutas, ver-duras, legumes, pescados e flores parece desconectada do restante do setor. Especialistas comentam que a falta de investimentos em marketing rural desvaloriza a produção e o agricultor. Além disso, a escassez de informação e propaganda acaba deixando al-gumas áreas do agronegócio no escuro: o consumidor não sabe quem produziu e de onde vem aquele produto, muito menos conhecem sua importância para sua alimentação.

Para José Luiz Tejon, diretor

Mercado é favorável para marcas de alimentos frescosSegundo especialista, a nova sociedade apresenta tendência para crescer substancialmente as vendas e branding de hortifrutícolas

do núcleo de Agronegócio da ESPM e diretor vice-presidente do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), a integração da cadeia de abas-tecimento de FLV é indispensá-vel para o sucesso dos produtos hortifrutícolas. Em entrevista ao Jornal Entreposto, o especialista afirma que “a nova sociedade tem uma tendência ascensional extre-mamente favorável para crescer substancialmente as vendas e a criação de marcas de frutas e le-gumes”. Confira.

Jornal Entreposto - Como o marketing pode alavancar o se-tor de frutas, verduras, legumes e pescados in natura no Brasil, visto que estes produtos não são commodities?José Luiz Tejon - Sim, estes produtos não são commodities. Aliás, o maior esforço que todo o setor do agronegócio precisa fa-zer está mesmo em “descommo-ditizar” sua cadeia de valor e para isso precisamos entender que o mundo é movido por emoções, e emoções forma percepções. Marketing significa a adminis-tração dos negócios com ou sem fins lucrativos, tomando como eixo decisivo e central a men-te humana. Essa mente percebe

insights de valor, inspiracionais, onde a arte acessa zonas muito mais profundas e ainda não es-tudadas da educação humana. Desta forma a estética, o arranjo visual, a educação para o sabor, a educação para a saúde gostosa, a sustentabilidade e os valores sociais de quem produz frutas e vegetais tem, agora, na nova so-ciedade, uma tendência ascensio-nal extremamente favorável para crescer substancialmente as ven-das e a criação de marcas.

JE - Como agregar mais valor à produção agrícola brasileira e o que os pequenos agricultores devem fazer para ter acesso às inovações do marketing no agronegócio?JLT - Pequenos produtores são a imensa maioria da produção no mundo inteiro e passarão a viver doravante uma expectativa mui-to positiva de sua valorização. Eles significam empreendedoris-mo, sustentabilidade, qualidade de vida, interiorização, saúde, e mesmo determinante contribui-ção para a segurança planetária. Precisam ter acesso à inovação, à tecnologia, à rastreabilidade para fins de gestão e segurança; preci-sam de acesso à moderna educa-ção, e acima de tudo organização

e competência para o dialogo e a negociação. O pequeno produ-tor precisa de cooperativismo. Sem cooperativa não se faz verão. E no caso das frutas e legumes, concordo com a Dra Anita Gu-tierrez, uma nobre e digna espe-cialista da Ceagesp, que ate já ela-borou uma sugestão de lei, para criarmos no Brasil as comissões, no modelo americano das comis-sions, para todos os produtos, onde pesquisa, planejamento e marketing tomam parte central da promoção de cada produto. Precisamos ter narrativas, sobre o pimentão, a batata doce, o pês-sego, e o alho nacional, o melão (vale aqui o case do Melão Rei), o legítimo e verdadeiro alho roxo nacional. Marketing significa preparar, realizar e saber contar belas histórias, e que essas his-tórias encontrem fundamentos tangíveis nas suas conclusões.

JE - Mesmo sendo responsável por 23% do PIB do país, o setor agro brasileiro ainda não está devidamente consolidado. Em sua opinião, o que falta para que isto aconteça?JLT - O setor está consolidado. O que falta, exatamente, é a ne-cessidade de ser trabalhado e re-velado em políticas, estratégias e ações, de maneira integrada, envolvendo pesquisa, educação, agricultura, comércio, indústria e serviços agro alimentares ener-géticos e de fibras. A presidenta Dilma revelou ter uma forte ex-pectativa de que a ministra Kátia Abreu e o ministro do Desen-volvimento, Armando Monteiro (CNA e CNI) possam, reunidos e integrados ao Ministério da Fazenda, realizar o início desta “consolidação”. Tudo depende da inteligência e do esforço cons-ciente dessas pessoas. E com o novo lema nacional: “Brasil, pá-tria educadora”, ficamos, então, com o educador Paulo Freire, que dizia ser essencial ter uma esperança radical, e assim espero eu: que a educação comece pelos mais altos mandatários do país, com uma pedagogia dialógica.

JE - Quais foram as inovações em agromarketing que se des-tacaram em 2014 no Brasil e no mundo?JLT - Admiro os Estados Uni-dos nesse campo da inteligência inovadora e no uso do marketing para FLV. Basta ver exemplos, e

lá existem diversos. Eles conse-guiram bastante êxito, por exem-plo, na promoção da batata doce americana. De uma quase igno-rância passou-se a atingir pontos elevados no consumo deste pro-duto. O valor dos produtos feios, promovidos na França e Portugal, eu acho genial. No Brasil, inicia-tivas como o programa RAMA, de rastreabilidade e monitora-mento de alimentos, com a Abras e a PariPassu, podemos conside-rar um início e, se for tratado de maneira educadora, pode ser um ponto importante para dar visibilidade aos produtores ru-rais. Além disso, imagino papéis importantíssimos para o sistema todo das Ceasas. Ali ocorre o en-contro dessas forças, que ainda são muito anônimas e sem a vi-sibilidade que suas importâncias mereceriam ter. É preciso levar o consumidor para dentro dessas centrais, que ali exista formação e educação para que o comércio seja transparente e que ocorra cada vez mais fair trade e integração entre produtores, comerciantes, dis-tribuidoras, pesquisa, educação e promoção. Isso, sem dúvida, é uma dessas esperanças radicais positivas para 2015.

JE – Como o senhor avalia a ca-deia de abastecimento de pro-dutos hortifrutícolas frescos? JLT – Necessitamos de um sis-tema educativo e formador de qualidade alimentar, valoriza-ção da fruta e dos legumes, não apenas pela estética, mas por sua qualidade intrínseca, onde os feios não sejam simplesmen-te jogados fora, aumentando a terrível estatística dos 30% de comida mundial que vai para o lixo. Líderes fazem toda a dife-rença e quando olhamos para os líderes, vemos essa possibilidade no diálogo que pode e deve ha-ver, envolvendo órgãos como a Associação Brasileira de Agrone-gócio (Abag), a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), a Associação Brasileira de Super-mercados (Abras) e as Ceasas. Além disso, é necessário chamar a atenção da mídia para revelar avanços e estímulos positivos. Podemos adicionar a isto tudo o moderno e indispensável papel da governança de redes sociais. Quer dizer, o futuro a Deus e a sociedade organizada e inteligen-te pertencem, ambos precisam um do outro.

O arranjo visual, a educação para o sabor, a educação para a saúde gostosa, a sustentabilidade e os valores sociais de quem produz frutas e vegetais tem, agora, na nova sociedade, uma tendência ascensional extremamente favorável para crescer substancialmente as vendas e a criação de marcas”

entrevistaJornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

17marketing rural

Rastrear as frutas, verduras e legumes, desde a germinação da semente até a venda no varejo, proporciona muito mais do que segurança alimentar. Esta ação pode gerar a fixação da marca junto aos clientes e colocar o ali-mento fresco no mesmo patamar dos produtos industrializados, já que passa a ser identificado ao longo de toda a cadeia.

Para a PariPassu, empresa que desenvolve soluções para a rastreabilidade dos alimentos, o distanciamento entre produtores e consumidores ainda é muito grande. A falta de ações especí-ficas de marketing e de incentivo para consumo contribui para que este quadro não sofra uma mu-dança efetiva.

Segundo Giampaolo Buso, diretor comercial da PariPassu, “a grande dificuldade em colocar em prática ações de marketing no setor hortifrutícola deve-se ao fato de que este tipo de produção é muito pulverizada no território nacional, em geral formada por produtores de pequeno e médio porte que atendem mercados lo-cais”. Segundo o profissional, so-zinhos, os produtores, muitas ve-zes, não têm força e nem recursos

raSTreabiLidade proporCiona aVançoS na área de MarkeTinG rUraLEspecialista da PariPassu explica que o controle no sistema de abastecimento gera a construção da identidade de uma marca

para implantar ações estratégicas de comunicação sobre sua ativi-dade e seus produtos, permane-cendo no anonimato.

Buso frisa que é importante lembrar o movimento constante existente no mercado para cons-trução de uma identidade de marca. “Um caso recente é o que ocorreu com as carnes da JBS. O marketing realizado sugere uma marca para a carne, Friboi, atribuindo valores de qua-lidade e confiança para um produto que até então não possuía uma ‘cara’”, expli-ca. “No caso da produção de hortifrutis, visto suas dificuldades em termos de escala, este movimento pode-ria ser liderado por coopera-tivas de produtores. A união de produtores traz a força e condi-ções necessárias para organizar um plano de comunicação e marketing focado no setor. Des-ta maneira, todos os participan-tes da cadeia podem repartir os investimentos e beneficiar-se em conjunto dos resultados junto

aos consumidores”, acredita o executivo. A PariPassu atende 180 empresas de abastecimento de FLV espalhadas pelas Ceasas do Brasil. Na Ceagesp, cerca de 50 permissionários utilizam seus sistemas de rastreamento. A pro-dutora e atacadista de frutas L.A. Ferretti, por exemplo, usufrui os serviços da empresa desde 2008, sendo uma das primeiras do mer-cado a aderir à rastreabilidade.

Giampaolo lembra que o produtor pode, de

maneira indivi-dualizada, ado-tar estratégias relacionadas à etiquetagem do produto. “A eti-

queta é a forma física de levar ao

consumidor o co-nhecimento que deseja

transmitir. Neste contexto, eti-quetas que valorizam o produto e sua história (rastreabilidade) podem ser uma ótima forma de promovê-lo”, sinaliza.

Para o diretor, “é preciso que frutas, legumes, verduras e de-mais hortifrutis também tenham ‘uma cara’, uma marca pela qual o consumidor irá procurar, e

para isso é necessário que a base produtiva entenda a importância do marketing em seus negócios”.

A seguir, Giampaolo Buso apresenta algumas soluções dis-poníveis para o setor hortifrutí-cola e menciona as novidades da empresa para 2015.

BUSCA RASTRO

O processo de rastreabilida-de é responsável pela facilitação da comunicação. Ao rastrear, os agricultores, distribuidores e va-rejos dispõem de etiquetas que contém um código identificador único para cada lote de produto. Este código carrega as informa-ções dos pontos de passagem dos alimentos. Os produtos etiqueta-dos, uma vez na gôndola, podem ter os códigos consultados pelo consumidor que por sua vez tem acesso ao site do Busca Rastro. O Busca Rastro exibe a história do produto com informações sobre a origem deste alimento, fotos e descrições fornecidas pelos pró-prios produtores. É a maneira do produtor diferenciar seus produ-to e interagir com o consumidor final. Alguns varejos já promo-vem em suas redes a valorização

desta rastreabilidade buscando a transparência e confiança na rela-ção com seus consumidores. Eles destacam junto aos preços dos produtos os códigos de rastrea-mento, para evidenciar a preocu-pação e o controle da origem dos alimentos que disponibilizam para consumo em suas gôndolas.

CADERNO DE CAMPO ELETRÔNICO E APLICATIVO CONTROLE DE QUALIDADE

Em 2015, a PariPassu conti-nua o trabalho de esclarecimento sobre a importância da rastre-abilidade junto ao mercado de frutas, legumes e verduras. Além do Sistema Rastreador, a empre-sa realiza um intenso trabalho no Caderno de Campo Eletrô-nico orientado para o produtor. Além do mais, atua na expansão do Aplicativo Controle de Qua-lidade que associa inspeções de qualidade à rastreabilidade, ou seja, com a origem do produto conectando todos os envolvidos no processo. E por fim, a empre-sa conta com um protótipo de Aplicativo para interação entre os Produtores e Distribuidores com o Consumidor Final.

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

180ATACADISTAS DAS CEASAS

DO BRASIL, UTILIZAM O SISTEMA DA PARIPASSU

CaroLina de SCiCCode São paULo

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Do alho roxo nacional ao agronegócio brasileiro, sem o bom marketing tudo fica sem sal

O que é marketing? O reino das percepções humanas. Se a China produz alho branquinho e mais barato, e na gôndola do supermercado ele ainda aparece com “status” de importado, coi-tadinho do nosso muito melhor e legítimo alho roxo. O alhão vira um “alhinho”. Sim, falta marke-ting no nosso agronegócio.

Marketing com certeza não é nada do que recebemos como exemplos tenebrosos da propa-ganda política. Isso não é marke-ting. Marketing também não é apenas o aspecto comunicacio-nal. O ato da venda, da publi-cidade, das feiras e eventos, da embalagem. Isso consideramos como a “ativação” de um planeja-mento estratégico de marketing.

No agronegócio, tudo hoje é fundamentado e valorado a partir da ciência e da tecnolo-gia, marketing já nasce embuti-do na perspectiva do geneticis-ta, do químico, do engenheiro mecânico, dos pesquisadores da nanotecnologia, do plasma.O nutricionista ao imaginar a arte do “food design”, está inovando e ingressando na “disruption era”. O “gene design”, dos próximos 10 anos, irá definindo tendências de consumo alimentar, fibras, energias renováveis, empreende-dorismo de “nichefication” com especialidades, o que irá viabili-zar micros e pequenos produto-res globalizados.

A rastreabilidade dos pro-dutos originados no campo até o “pós consumo”, contabilizan-do a marcha da guerra contra o desperdício de quase 30% da co-mida mundial indo para o lixo, cruzando a nova área da “análise sensorial”, investigando como os “neurônios comem e bebem”, todo esse armazém de fatos e coi-sas compõem o “patchwork” da inteligência de marketing.

Analisamos os fatores incon-troláveis, como clima, economia, política, consumo, concorrência; adaptamos as estruturas e os pla-nos a partir dos aspectos contro-

láveis, quantificação da produção agropecuária, crédito, logística, armazenamento, diversificação da produção, projetos de sus-tentabilidade, regionalização, recursos humanos, produtores rurais, educação, processamento agroindustrial, agregação de va-lor; ativamos tudo isso, ai sim, com a propaganda, os pontos de venda, a publicidade, os eventos, o merchandising, as redes sociais, promoção e vendas; e avaliamos isso tudo com métricas, controle, feedback, pesquisa perceptual do mercado.

O marketing no agronegócio exige toda uma profundidade a partir desse esboço acima. E o que é agronegócio? A somatória de todas as cadeias produtivas, a partir das matérias-primas originadas na agropecuária, in-cluindo o antes da porteira (in-sumos, máquinas,etc), o dentro da porteira (os produtores rurais) e o pós-porteira das fazendas (dis-tribuição, agroin-dustrialização, varejo, serviços da alimentação, e agregação de valor sobre todos os produtos origi-nados no campo).

Isso significa dizer que o bom marketing exige, por exemplo, que em primeiro lugar as cadeias produtivas se organizem inteligentemente, no sentido vertical. Ou seja, sem inovação e tecnologia não tere-mos competitividade na produ-ção de qualquer bem rural; sem produtores educados e prote-gidos do risco, com assistência e estímulo para competir; sem clientes, agroindústrias, ou con-sumidores finais apaixonados pelas categorias e segmentos des-sa cadeia produtiva, não forma-remos a base ética vital para um plano de marketing em agribusi-ness.

Depois da orquestração ver-tical, a conjugação das distintas cadeias produtivas do país, po-dem e devem gerar um macro planejamento de marketing de

todo o agronegócio brasileiro, onde sob o “brand” Brasil, tro-picalidade, mistura de raças, ale-gria, qualidade, sustentabilidade e patrimônio do “tropical belt” planetário, com histórias justas e bem construídas para contar, vamos inspirar clientes e consu-midores de todos os cantos nessa fascinante obra da saúde animal, vegetal, humana, ambiental e de empreendedorismo de base ru-ral.

O bom marketing é exemplar na Associação dos Cafeicultores Colombianos, por exemplo. Orquestrados verticalmente im-pactam as mentes, corações e a opinião pública mundial com o símbolo de um típico cafeicul-tor das montanhas da Colômbia – Juan Valdez. Podemos desen-volver e criar dezenas de seg-mentações e da venda não ape-nas de um Café do Brasil, mas

de distintos Cafés do Brasil, desde o Cerrado, com

denominação de origem, de Vitó-ria da Conquista na Bahia, do Es-pírito Santo, do Sul de Minas.

P o d e m o s ampliar o consu-

mo e o valor esti-mativo do arroz gaú-

cho, do arroz do litoral do Rio Grande. A carne brasileira dos Pampas, os novilhos preco-ces do Mato Grosso do Sul; a la-ranja e o puro suco cítrico;a soja e o milho plantados a partir do plantio direto, técnica conserva-cionista exemplificadas em legíti-mas agrossociedades como Lucas do Rio Verde no Mato Grosso, Rio Verde em Goiás, Correntina na Bahia etc.

A cevada e o malte brasileiro de Entre Rios, no Paraná. O coo-perativismo exemplar mantendo famílias com qualidade de vida em Chapecó (SC) com a Aurora; em Carlos Barbosa (RS) com o leite da Santa Clara; em Campo Mourão, com a Coamo; a Coca-mar em Maringá; a Comigo em Goiás; alta tecnologia na Cotrijal de Não me Toque (RS), e tantas

outras fontes de imensas possibi-lidades de visibilidade com valor em marketing de originação.

Nas pesquisas que realizamos pela ESPM e a ABAG (Associa-ção Brasileira do Agronegócio) – levantando a percepção do eleitor brasileiro e o agronegócio, obtivemos uma acentuada eleva-ção positiva da percepção do tí-pico cidadão brasileiro das gran-des cidades sobre o agronegócio: mais de 90% consideram o agro-negócio muito importante para o Brasil. Cerca de 91,9% dos entrevistados consideram que o agronegócio gera ainda muito emprego para as próprias cida-des. O cidadão sabe que portos antigos e mal administrados pre-judicam o agronegócio (86,3%), outros 86,4% afirmam que as estradas mal conservadas do in-terior aumentam os custos dos alimentos. E 89,9% dos eleitores afirmam que o Brasil precisa usar mais a energia renovável que vem da agricultura, como o etanol e biodiesel. Fora isso, ainda 89,9% afirmam que o agronegócio bra-sileiro pode alimentar o mundo e também significa uma vital fonte de renda para o Brasil.

Num mundo onde nos pró-ximos anos cerca de 1 bilhão de pessoas deixará o campo indo para as cidades, dependeremos extraordinariamente de um éti-co e competente marketing para criar condições de estancar o êxodo rural e, ainda, atrair jovens para a sucessão das propriedades rurais existentes, além de criar oportunidades em múltiplos ni-chos de hortifruticultura, e do que já se chama: “nutricêutica”, agricultura vertical nas grandes cidades, e um retorno ao campo, a um desejo instalado na alma humana de “natureza”. E vamos precisar vender muito alho roxo, batata doce, alcachofra, dendê, mandioca e caliandra - a flor do Cerrado. Marketing represen-ta interpretar sonhos, desejos, vontades, necessidades humanas e traduzir isso em ofertas reais e concretas, atuando sob um fun-damento de capitalismo e con-sumo conscientes. Não há mais

joSé LUiZ Tejon MeGido

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

90%DOS CIDADÃOS BRASILEIROS

CONSIDERAM O AGRONEGÓCIO MUITO

IMPORTANTE

O bom marketing exige que as cadeias produtivas se organizem inteligentemente no sentido vertical. Sem inovação e tecnologia não temos competitividade na produção de qualquer bem rural

artigo

19agromarketing

“plantations”, ou exploração an-tiga dos recursos naturais, ou au-sência de inovação e tecnologia, como possibilidade de qualquer agente manter-se na atividade para os próximos 20 anos no mundo. O talento e a competên-cia para essa gestão, que inspira mentes e neurônios, que pratica educação e agrossociedade, que forma pesquisadores, produtores e toda uma rede humana a ser-viço da sintropia, tendo como órgão fundamental a terra e a na-tureza, não sobreviverão apenas com o visível da coisa.

Irá demandar o segredo da arte: tornar visível o invisível. Não venderemos grãos de soja ou milho, venderemos partes de proteínas, energia, de Omega3. Venderemos o quanto a nutrição e a saúde de um vegetal carrega, disponibiliza e permite, acessibi-lidade de suas vitaminas para um ser humano. Isso é marketing. Quando o irreal pode ser sentido e percebido a partir do “real”.

O Brasil pode crescer o seu va-lor estimativo como nação, povo, e ser valorado no mundo inteiro,

com aquele que não faz a guerra. Aquele que faz a paz. E paz no mundo dependerá de alimentos, água, preservação do planeta e empreendedorismo ético. A Em-brapa mantém uma riqueza de conhecimentos, um ativo de va-lores e autoestima nacional para alavancarmos a imagem do país, indo além do agronegócio, uma bela plataforma para o conteúdo de marketing, com uma OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), na capilaridade so-ciológica desse inexorável empre-endedorismo sustentável.

Sem marketing somos im-portantes, mas apenas agro. Com marketing seremos agrossocieda-de global e valores humanos em cada grão, fruta, legume, biocom-bustível, fibra, carne produzida. Isso é arte! E viva o alho roxo.

José Luiz Tejon MegidoDiretor do Núcleo de Agronegócio da ESPM de São Paulo - Diretor vice-presidente de Comunicação do CCAS – Conselho Científico para a Agricultura Sustentável

Há alguns anos, a atacadista L.A. Ferretti pas-sou por reestruturação em diversas áreas e ações de marketing para promover o abacate foram coloca-das em prática. Grande produtora, A L.A. Ferretti oferece diferentes variedades da fruta: Fortuna, Quintal, Geada, Campinas, Breda e Margarida, além do “abacate baby” - o avocado hass, originá-rio do México.

Fornecedora de abacate para grandes hiper-mercados – como Pão de Açúcar, Extra e Zaffari – a atacadista escolheu atingir diretamente o mer-cado varejista e instalou pontos de degustação em mais de 40 locais. Consumidores da capital paulis-ta e de Campinas puderam apreciar um delicioso creme feito com abacates selecionados. “Notamos que as pessoas ficaram surpresas, pois não é mui-

to comum ocorrer degustação de alimentos pre-parados com frutas in natura e sim de produtos industrializados”, relata Jonas Octávio, gerente da L.A. Ferretti.

Já para incentivar o consumo de abacate en-tre as crianças, a produtora lançou uma revista de atividades chamada “A Turma do Abacate”. Com palavras cruzadas, caça-palavras, desenhos para co-lorir e diversas outras tarefas, a publicação diverte a garotada, ajuda a desenvolver diversas habilidades e aproxima o público infantil de alimentos saudáveis.

Outra publicação criada pela L.A. Ferretti é o livro “Receitas: Saúde Para Você”. Nele, o consu-midor pode encontrar informações nutricionais, benefícios à saúde e variadas receitas que incluem abacate e limão como ingredientes principais.

aTaCadiSTa apoSTa eM açõeS de MerCadoLoGia para proMoVer FLV

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

Fornecedora de aBacaTes insTala ponTos de degusTação da FruTa em hipermercados como o pão de açucar

20

A floricultura comercial brasileira, entendida como a atividade pro-fissional e empresarial

de produção, de comércio e de distribuição de flores e plantas cultivadas com finalidade orna-mental, representa um dos mais promissores segmentos do agro-negócio brasileiro contemporâ-neo. Estima-se que tenha movi-mentado, no ano de 2014, valores globais de venda da ordem de R$ 5,6 bilhões em nível de consumi-dor final, o que equivaleu a um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 1,6 bilhão.

Concentrada essencialmente no mercado de consumo inter-no, para o qual direciona 96,5% de todo o valor comercializado, a Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil ocupa, segundo levantamentos de campo da empresa de inteligência de mercado, Hórtica Consulto-ria e Treinamento, realizados em 2014, uma área de 13.468 hecta-res, sendo 78,0% deles cultivados a céu aberto, 19,3% sob a prote-ção de estufas e 2,7% em telados de sombreamento. Explora cerca de 350 espécies e cultivares nati-vas e exóticas adaptadas, em um potencial total de mais de 3.300 plantas conhecidas no País.

A atividade agrega 7,8 mil produtores, em propriedades cujo tamanho médio é de 1,73 hectare. O nível médio de em-pregos diretos gerados está es-timado em 3,5 por hectare cul-tivado, sendo 18,7% de origem familiar e 81,3% de mão de obra contratada.

O consumo médio per capita brasileiro de flores e plantas orna-mentais está atualmente estimado em R$ 26,27, sendo as plantas or-namentais para paisagismo e jar-dinagem responsáveis por 41,6% desse valor, seguidas pelas flores e folhagens de corte (34,3%), flo-res e plantas envasadas (24,1%) e folhagens de corte (1,5%). Es-ses índices são considerados ain-da baixos frente aos observados em grande parte dos países com mercados mais desenvolvidos e, assim, sinalizam para um impor-tante potencial de expansão futu-ra do mercado consumidor.

Marketing na floricultura brasileira: desafios e oportunidadesanTonio héLio jUnQUeira *MarCia da SiLVa peeTZ**

Uma das características dos compradores de flores e plan-tas ornamentais no Brasil é a de concentrar fortemente as suas demandas em poucas datas es-pecíficas ao longo do ano, com grande destaque para Dia das Mães (no segundo domingo do mês de maio), Dia dos Namo-rados (12 de junho), Natal (25 de dezembro) e Réveillon (31 de dezembro), Dia Internacional da Mulher (8 de março), Dia da Se-cretária (30 de setembro) e Dia dos Pais (segundo domingo do mês de agosto), entre poucas ou-tras oportunidades.

Tal fenômeno evidentemente agrega aspectos gerenciais, ope-racionais e logísticos prejudiciais ao fluxo dos negócios setoriais, impondo fortes necessidades de planejamento tanto da produção, quanto do uso e disponibilidade sazonal da mão de obra, reali-zação de vendas, concentração dos ingressos financeiros e distri-buição das despesas ao longo de todo o ano.

Esforços vêm sendo crescen-temente despendidos pelas lide-ranças e empresas setoriais, na realização de campanhas nacio-nais de marketing e incentivo ao consumo, as quais visam essen-cialmente à diversificação e à res-

significação cultural dos hábitos e à inclusão de novas motivações, datas e oportunidades de consu-mo de flores e plantas ornamen-tais no Brasil. Um dos exemplos mais arrojados desta iniciativa constituiu-se no Projeto +Flores, cujas primeiras etapas foram rea-lizadas, sob coordenação do Ins-tituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), nas cidades de Campi-nas, Porto Alegre e Brasília, nos anos de 2008 e 2009.

Ainda que com resultados fortemente positivos contabiliza-dos nestas primeiras iniciativas, que apontaram crescimento de vendas de até 20% nas cidades alvo, o projeto não teve conti-nuidade significativa e merece ser oportunamente revisitado.

Além de campanhas de marketing como esta já mencio-nada – que visa essencialmente criar oportunidades cotidianas de consumo especialmente no âmbito do usufruto pessoal, mi-nimizando o efeito sazonal das datas consagradas e resumidas ao ato de presentear – muitas ou-tras oportunidades encontram-se latentes no mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais e podem ser brevemente aqui enumeradas. Entre elas, deve-se destacar a valorização permanen-

te das flores e plantas como expo-entes significativos da qualidade de vida, bem estar e harmonia do ser humano consigo próprio, com seus semelhantes nos con-textos profissional e doméstico e com o meio ambiente. Inúmeras são já as pesquisas com credibili-dades acadêmica e científica que atestam os resultados altamente compensadores da inclusão das flores e plantas e da prática da jardinagem amadora no cotidia-no das pessoas. Essas informações precisam ser constante e abun-dantemente postas em circulação na mídia, nas escolas, hospitais e empresas, favorecendo o conheci-mento social dos benefícios des-tes vegetais para a vida humana. No mesmo sentido, as vantagens das áreas verdes e da arborização urbana na construção de cida-des mais saudáveis, protegidas e agradáveis merecem ser objeto de debates e de políticas públicas consistentes.

No setor supermercadista, as flores e plantas ornamentais já vêm se beneficiando de um con-junto de conhecimentos e saberes mercadológicos oriundos da ex-periência e da prática adquiridas no setor de FLV em geral. Entre esses, se destacam a localização es-tratégica do setor na entrada das

lojas, a organização e a segmenta-ção da exposição por finalidades, usos e cores, a agregação de itens de conveniência, o cross-mer-chandising, o gerenciamento de categorias e as campanhas pro-mocionais periódicas.

No âmbito das iniciativas empresariais específicas para o marketing de determinados pro-dutos, temos assistido e acompa-nhado, nos últimos anos, projetos muito bem sucedidos, especial-mente no tocante à criação de no-vos valores e imagens associados a produtos tradicionais, visando à diferenciação, à descommoditiza-ção e à suplantação de desgastes culturais da moda e da excessiva vulgarização do consumo dessas mercadorias, como no caso dos gladíolos e dos crisântemos, en-tre outras espécies. E, no setor produtivo, o uso de embalagens especiais, de rotulagens com in-formações sobre o produtor, as técnicas de produção e cuida-dos de manutenção, bem como de marcas privadas e coletivas já está se tornando mais presente e profissionalizado, como no caso recente da Associação dos Agri-cultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta (Afloralta), em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio de Janei-ro, que conquistou, no final de 2014, o direito do uso exploração de marca coletiva registrada para as suas flores junto ao Instituto Nacional de Propriedade Indus-trial (Inpi).

Porém, as mais importantes iniciativas para a totalidade da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil serão aquelas que trabalharem o marketing institucional do se-tor, favorecendo indistintamen-te, assim, o conjunto de espécies e cultivares produzidas de Norte a Sul do País, por micro, peque-nos e médios produtores profis-sionalizados.

*enGenheiro aGrônoMo, doUTor eM CiênCiaS da CoMUniCação (eCa/USp), MeSTre eM CoMUniCação e práTiCaS de ConSUMo (eSpM), póS-GradUado eM deSenVoLViMenTo rUraL e abaSTeCiMen-To aLiMenTar Urbano (Fao/pnUd/CepaL/ipardeS), proFeSSor da eSpM e SóCio proprieTário da hórTiCa ConSULToria e TreinaMenTo.

**eConoMiSTa Sênior, póS-GradUada eM CoMerCiaLiZação aGríCoLa e abaSTeCi-MenTo aLiMenTar Urbano, SóCia-adMi-niSTradora da hórTiCa ConSULToria e TreinaMenTo.

artigoJornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

21ceasas

Três obras realizadas no entreposto de Conta-

gem da CeasaMinas vão con-tribuir com a organização do trânsito do mercado. A pri-meira delas, já finalizada, é a criação de 22 vagas exclu-sivas para caminhões e cava-los mecânicos no Estaciona-mento do Triângulo, entre os setores azul e violeta. Foi criada uma entrada e uma sa-ída independentes para esses tipos de veículos.

Já está em andamento a criação de um estacionamen-to exclusivo para caminhões próximo ao Banco de Caixas, ao lado do Pavilhão X. O lo-cal terá 45 vagas e será uma alternativa para os motoristas que utilizavam o estaciona-mento entre os pavilhões U e X, que foi interditado para a construção do Pavilhão V. A obra começou há um mês e está prevista para terminar em janeiro, dependendo da incidência de chuvas.

A última intervenção será a retirada dos canteiros cen-trais em frente ao Pavilhão 4. Como a licitação para a reali-zação desta obra foi deserta, a CeasaMinas já está providen-ciando a contratação direta da empresa que irá fazer o trabalho. A retirada desse lar-go canteiro central facilitará a manobra dos caminhões. A licença ambiental para a retirada das árvores do can-teiro já foi concedida à Cea-saMinas. Juntas, as três obras somam um investimento de quase R$ 1 milhão.

A rede nacional de solidarie-dade Mesa Brasil Sesc ganha um importante aliado no Rio Gran-de do Sul. Foi assinado, em Por-to Alegre, no início deste mês, o termo de cooperação entre o Sistema Fecomércio-RS/ Sesc e a Ceasa/RS (Centrais de Abaste-cimento do Rio Grande do Sul), que compreende a parceria entre os Programas Mesa Brasil Sesc e Ceasa Mais Cuidada - que, entre outras ações, visa a segurança ali-mentar e nutricional através do Banco de Alimentos, efetuando a doação de alimentos excedentes às mais de 200 entidades cadas-tradas -, visando à administração da centralização de doações de alimentos e a devida distribuição a entidades sociais cadastradas na Capital e Região Metropolitana, assim como o desenvolvimento de ações educativas.

Segundo o diretor regional

Ceasa adere à Rede de Solidariedade do Programa Mesa Brasil Sesc

do Sesc/RS, Luiz Tadeu Piva, os esforços e a potencialização de recursos beneficiarão ainda mais pessoas. “Atualmente, somente em Porto Alegre e Região Me-tropolitana, o Mesa Brasil atende 250 entidades sociais. A partir da parceria firmada com a Ceasa, nossas ações beneficiarão mais de 350 entidades”, explica o dirigen-te. O Mesa Brasil Sesc é uma rede permanente de solidariedade, que atua desde novembro de 2003 no Rio Grande do Sul com o obje-tivo de evitar o desperdício de alimentos e diminuir as carências nutricionais da população. Para alcançar essas metas, conta com o apoio de empresas, entidades sociais e voluntários.

Conforme o diretor-presiden-te da Ceasa/RS, Paulino Olívio Donatti, o Banco de Alimentos tem papel preponderante junto às pessoas beneficiadas e com a par-

ceria firmada com o Mesa Brasil essa atuação será intensificada.

A parceria tem como objetivo a cooperação entre os programas Mesa Brasil/Sesc e Ceasa Mais Cuidada/Banco de Alimentos, vi-sando a administração da centra-lização de doações de alimentos para a democrática distribuição dos gêneros às entidades e pro-gramas do município de Porto Alegre e Região Metropolitana, buscando combater o desperdí-cio, organizando as coletas, esti-mulando a nutrição sustentável, fomentando e difundindo os princípios da Segurança Alimen-tar e Nutricional, bem como o Direito Humano à Alimentação Adequada.

Caberá ao Sesc manter um nutricionista e um motorista no programa; manter um veículo Sprinter refrigerado, bem como os equipamentos (caixa box, car-

ceasaminas avança na organização do trânsito com três novas obras

JANEIRO / 2015 i Jornal enTreposTo

Acabou 2014 e apesar das dificuldades a família brasileira, reunida à mesa após as orações, agradece ao ano que terminou e pede ao criador que 2015 traga saúde, água para a nossa agricul-tura e que todos possam sabore-

Nossa Turma deseja bom ano para a família ceagespianaar uma receita gostosa, elaborada com abóbora brasileira.

Outro dia ganhamos brotos da rama da abóbora na Nossa Turma. A galera da cozinha ficou espantada, sem saber o que fazer com a iguaria. Fui chamado, olhei e aí contei uma história de 50 anos atrás: morávamos na cidade

de Bebedouro, a família nume-rosa, tínhamos algumas galinhas e quando alguma cantava, tinha que correr e recolher o ovo, se não as próprias galinhas o comiam. Era a época das “vacas magras”. No bairro da Vila Cruzeiro ha-viam vários terrenos baldios onde cresciam pés de abóbora e nossa

mãe, Amélia, mandava a gente colher as pontas da rama dos pés de abóbora, a popular, cambuqui-ra. E aquele ovo que foi salvo do canibalismo, misturado com as folhas tendas da rama da abóbora, transformava-se em uma mistura deliciosa, que era apreciada pela família. A cozinheira da escolinha

preparou e a garotada gostou. As crianças da Nossa Turma

ficaram felizes com os presentes que foram doados através do apa-drinhamento do kit de natal. E eu, Manelão, desejo de coração, que todos tenham um 2015 com muita saúde, solidariedade e pros-peridade.

ManeLão

rinho de armazém, freezer e cai-xas plásticas) e desenvolver ações educativas junto ás instituições receptoras, funcionários, volun-tários, usuários e seus familiares, equipe do Banco de Alimentos, produtores e atacadistas; coletar e efetuar as entregas dos alimentos nas entidades cadastradas no Pro-grama Mesa Brasil e vigentes no cadastro do Banco de Alimentos da Ceasa.

Compete à Ceasa doar os ali-mentos excedentes e oriundos do Programa Ceasa Mais Cuidada; garantir a separação de alimentos próprios para consumo; identi-ficar o público que será benefi-ciado pelas ações educativas que contemplarão os produtores e atacadistas. Os cadastros das en-tidades receptoras também serão unificados, podendo assim outras entidades passarem a receber as doações.

22

Chef Diogo Ferreira de Araújo

Jornal enTreposTo i JANEIRO / 2015

Este mês falaremos de um ingrediente tão brasileiro que o é até no nome: a abobrinha bra-sileira. Muito semelhante a sua “irmã” italiana, a zucchini, pos-sui o corpo delgado no início e redondo no final, sendo mais ra-jada que a italiana, e não é laranja na casca como a caipira.

Como as outras, são am-plamente consumidas em todo o Brasil. Elas são plantadas de agosto a fevereiro ao sul de São

Paulo. Nos demais estados e regi-ões, durante o ano inteiro. Com pouquíssimas calorias, é rica em vitamina C, betacaroteno e vita-mina A. Sem dúvida uma opção saudável e versátil, conforme ve-remos.

A abobrinha brasileira tem o teor de água um pouco maior do que a italiana, o que a limita para o uso em frituras, no entanto seu uso pode ser feito em saladas, grelhadas, sopas, purés, escondi-

dinhos, risotos e uma infinidade de usos, e seu sabor é bem aceito por crianças em papinhas e até por adultos que não gostam mui-to de vegetais.

A receita deste mês replica a simplicidade e a versatilidade do ingrediente. Farei uma lasanha de abobrinha brasileira, com mo-zzarella de búfala, tomates secos, azeitonas pretas. Uma lasanha de verão para quem não quer abrir mão de algo leve.

Brasileira até no nome

• 2 abobrinhas brasileiras• 250 g de mozarella de búfala em fatias finas• 150 g de azeitonas pretas • 200 g de tomate seco picado• ½ maço de salsa picada• 150 g cebola picada• 25g alho picado• 1 ramo de alecrim picado (somente folhas)• Azeite, sal e pimenta quanto baste.

Receita

lasanha de verãoIngredientes:

Modo de Preparo:• Corte as abobrinhas em lâminas com ajuda de uma mandolina ou uma faca bem afiada e branqueie (cozinhe em água fervente) por dois minutos. Reserve.

• Misture todos os ingredientes picados com azeite, ajuste sal e pimenta, e reserve.

Montagem:

Em um refratário médio untado com um pouco de azeite, arrume as lâminas de abobrinha até cobrir o fundo e espa-lhe os ingredientes picados. Finalmente, cubra com o queijo. Repita a operação até chegar ao topo do refratário, terminando obrigatoriamente com o queijo.Com o forno pré-aquecido a 200°C, asse por 20 minutos, ou por 15 nas micro-on-das em potência sete.

Bom apetite!

Programa de Controle de Saúde Médico Ocupacional - PCMSO

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA

Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT

Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP

Exames médicos: Admissão, Periódico, Retorno ao trabalho, Demisssionais.

Dra. Ana Maria Alencar (Diretora Médica)

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Entre em contato com nossos representantesFábio (11) 3832.4049 / 3835.9576 / 7871.2644End. Edsed II sala 37(em cima da padaria Nativa)

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enciclopédias disponíVeis no entreposto do liVro

Tesouro da JuventudeO Tesouro da Juventude

é uma enciclopédia voltada para jovens e crianças, publi-cada inicialmente na década de 1920 e reeditada em 1958. Editado por W. M. Jackson, com sede em São Paulo, ficou famoso por “entreter os me-ninos que viviam na época em que foi lançado.

O Mundo da Ciência e da Tecnologia

A produção científica brasi-leira começou efetivamente, se-gundo a obra acima nas primeiras décadas do século XIX, quando a Família Real Portuguesa, chefiada por Dom João VI, chegou ao Rio de Janeiro, fugindo da invasão do exército de Napoleão em Portu-gal, em 1807.

Globerama Tesouro de Conhecimentos IlustradosEnciclopédico. Biologia. A vida em seu meio. A vida so-cial da natureza. A continui-dade da vida. O pensamento do homem e a preocupação intelectual, a investigação e o desejo de saber, tem a mesma idade sobre a terra.

Ciência ilustrada Em 1969, a Abril Cultural,

então uma divisão da Abril, lan-çou mais uma enciclopédia com-posta por fascículos semanais ven-didos em bancas de jornal.

Eles eram colecionados e en-cadernados à medida que se com-pletasse cada um dos 13 volumes.

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