jornal do morhan nº37

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JORNAL DO MAR/ABR/MAI/2001 ÓRGÃO OFICIAL DE DIVULGAÇÃO DO MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE Nº 37 vamos juntos eliminar a hanseníase Matogrosso e Latorraca juntos em campanha no Rio de Janeiro Página 3 Ex-colônias têm reestruturação lenta Página 5 MORHAN ganha novos núcleos Página 7

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JORNAL DO

MAR/ABR/MAI/2001 ÓRGÃO OFICIAL DE DIVULGAÇÃO DO MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE Nº 37

vamosjuntoseliminara hanseníase

Matogrosso eLatorraca juntos emcampanha no Rio de

JaneiroPágina 3

Ex-colôniastêm

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Página 5

MORHANganhanovos

núcleosPágina 7

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JORNAL DO2 Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

omo os assi-nantes já de-vem ter perce-

bido, o MORHAN pas-sa por grave crise fi-nanceira, contraditori-amente em um de seusmomentos mais ricosem termos de produçãosocial do movimento.

Temos tido dificul-dades para viabilizaro JORNAL DOMORHAN, para man-ter as atividades deapoio aos seu núcleos,o TELEHANSEN e oescritório central.

Desde abril o convê-nio CONASEMS/MSque apoiava os proje-tos do MORHAN a ní-vel nacional acabou. Os recursos advindos denossos parceiros – AIFO, IDEA, FUNDAÇÃONOVARTIS e BIOSINTÉTICA – não são sufici-entes para manter o funcionamento e as ativi-dades da Nacional, principalmente devido ao au-mento do número de núcleos em atividade e aoscompromissos adquiridos nos mais diversoscampos da construção social.

Felizmente há um reconhecimento do valordo trabalho voluntário realizado pelas centenasde pessoas ligadas ao MORHAN em todo país.Vários núcleos estão conseguindo apoio de ins-tituições como a ONG inglesa LRA, no Ceará, ea ONG espanhola ANESVAD.

Falta muito ainda para alcançarmos nossosobjetivos, sendo o mais difícil deles o desenvol-vimento da cidadania plena.

O MORHAN, mesmo em crise financeira, con-tinuará a lutar pela eliminação da hanseníase emnosso país, contra qualquer tipo de discriminaçãoe pela qualidade da atenção à saúde das pessoas.

Não podemos admitir nenhum caso dehanseníase, não podemos admitir pessoas comseqüelas da doença e não podemos admitir pes-soas desinformadas sobre a doença.

O MORHAN discordou da estratégia do Mi-nistério da Saúde em escolher 300 municípios

para intensificar o tra-balho pela eliminaçãoda hanseníase, sem,contudo, desconhecer alógica que motivou estadecisão. Queríamos queo Ministério desenvol-vesse estratégias para atotalidade dos municípi-os brasileiros eimplementasse campa-nhas de esclarecimentoa nível nacional.

Em função dessa di-vergência conjectura-se que o MORHAN nãomais obterá apoio doMinistério da Saúdepara sua atuação e po-derá ser excluído dasatividades governa-mentais. Não acredita-

mos que o ministro José Serra, com sua forma-ção política e tradição democrática possa pe-nalizar a entidade, deixando de reconhecer seupapel e os resultados alcançados nos últimosanos, alavancando grande mobilização em prolda eliminação da hanseníase em todo Brasil.

O MORHAN não está de braços cruzados.Estamos conseguindo veicular em várias TVscampanhas com o Ney Matogrosso, o NeyLatorraca e com Targino Gordim. A Pastoral daCriança começará campanha em massa atravésde seu voluntariado, assim como os escoteiros doRio Grande do Sul. Várias Secretarias de Estadojá lançaram suas campanhas pela eliminação dahanseníase em parceria com o MORHAN - Riode Janeiro, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande doSul, etc. Na próxima novela das oito, da TV Glo-bo, denominada “O Clone”, a autora GlóriaPeres criará um personagem com hanseníase, ori-entada tecnicamente pelo MORHAN.

Temos trabalhado arduamente pela supera-ção deste momento de crise financeira e nadanos paralisará.

Vamos acabar com a hanseníase no Brasil.Essa é e sempre será a determinação que move

nosso movimento e cada um de nossos voluntá-rios.

A Terezinha, companheira do finado Bacurau, recebeu na Itália onome de Terezinha Bacurau. Era assim chamada por todos. Ela ficouradiante e recebeu de bom grado este nome. Terezinha volta e meiafalava: “É, Zilda, Bacurau é lembrado no mundo todo, as pessoasaqui dão muito valor a ele”.

Chegamos em Roma no dia 26 de outubro e fomos bem recebidaspelo pessoal da AIFO. No dia 28, pela manhã, tivemos o primeiroencontro com um grupo da AIFO e da IDEA. Neste encontro conhece-mos o tradutor, um brasileiro de Minas Gerais, padre Geraldo. Ali,fomos informadas sobre o que aconteceria nos dias 28 a 31 de outu-bro, com quem e o quê iríamos conversar.

Enfim, assumimos a seguinte agenda: no dia 28 realizamos umaentrevista na Rádio Vaticano, no Departamento de Português e Espa-nhol. A entrevista foi ao vivo e os repórteres fizeram muitas pergun-tas a respeito da hanseníase no Brasil e sobre a nossa própria experi-ência. E, é claro, não dá para falar de nossa experiência sem falar doMORHAN, não é verdade?

No final, os olhos dos repórteres estavam cheios de lágrimas.Terezinha terminou a entrevista pronunciando a célebre frase deBacurau: “O amor ainda é o melhor remédio do mundo”.O amor ainda é o melhor remédio do mundo”.O amor ainda é o melhor remédio do mundo”.O amor ainda é o melhor remédio do mundo”.O amor ainda é o melhor remédio do mundo”.

Naquele mesmo dia fizemos um city tour pela cidade de Roma.Bela cidade, onde o antigo e o moderno e a ecologia se entrelaçamnum conjunto harmonioso.

No dia seguinte, com Anwei, visitamos a Capela Sistina. Na capelahá uma pintura de Jesus e das pessoas atingidas pela hanseníase,inclusive as mulheres. Linda!

No dia 30 ficamos na casa do tradutor preparando o discurso dodia seguinte.

Dia 31 era o grande dia. Fez-se a abertura da mostra.O que é a mostra? É uma exposição de painéis com fotos e pensa-

mentos de pessoas atingidas pela hanseníase do mundo inteiro. Aexposição vai percorrer o mundo. Chegará ao Brasil em 2002, no Con-gresso Internacional de Hansenologia.

Parte desses painéis estava exposta no hotel onde ocorreu a As-sembléia Nacional do MORHAN em Salvador (Bahia). Lembram?

Estes painéis estavam dentro de cabanas – tendas. Imagem linda,não é? Um trabalho demorado da IDEA. E em outra cabana tambémhavia exposição de trabalhos da AIFO no mundo inteiro.

Bom, naquele 31 de outubro, juntamente com uma médica doCongo (África), nós falamos sobre o Brasil e a problemática dahanseníase. Terezinha falou de sua experiência, de Bacurau e doMORHAN.

É claro, não é muito fácil falar espontaneamente e outra pessoatraduzir, se perde muita coisa. Mas deu para mandar o recado.

Já na abertura oficial da mostra nos solicitaram para falar emnome das pessoas que são ou que foram atingidas pela hanseníase domundo. E não podia deixar de ser, naquela hora representávamos oMORHAN e a IDEA.

Aproveitamos a oportunidade para agradecer a IDEA e AIFO pelainiciativa bem como toda contribuição dada ao MORHAN. E nós fica-mos eternamente agradecidas.

Abraços de Terezinha Bacurau e de Zilda Borges.

Um poucoUm poucoUm poucoUm poucoUm poucoda viagem à Itáliada viagem à Itáliada viagem à Itáliada viagem à Itáliada viagem à Itália

Terezinha “Bacurau” PrudênciaZilda Maria Borges

O MORHAN e as contradiçõesCC

Artur CustódioCoordenador nacional do MORHAN

Nº 37 • mar/abr/mai • 2001

Coordenação Nacional

Coordenador: Artur Custódio Moreira de SouzaVice-Coordenador: Antônio Borges1º Secretário Geral: Marcelo Luciano Vieira2º Secretário Geral: Eny Carajá Filho1º Secretário de Comunicação: Francisca Barros da Silva2º Secretário de Comunicação: Zilda Borges1º Tesoureiro: Alina Carlos dos Santos2º Tesoureiro: Reinaldo Matos de Carvalho

Apoio

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais deSaúdeAIFO – Associazione Italina Amici di Raoul FollereauLaboratório Biosintética

MORHAN – Coordenação Nacional

R. do Matoso, 6/ Gr. 205- Pça. da Bandeira – Rio de Janeiro – RJCEP 202270-130Telehansen® 0800-262001Telefax: 2273-8587e-mail: [email protected] nacional: [email protected]@ax.apc.org

Jornalistas ResponsáveisCláudia Silveira(Reg. Prof. 15.102 - L.14 FL.62 V )

Rosana Melo(Reg. Prof. 15.694 – L.71- Fl.62

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaJulio Cesar CostaTel: (21) 2704-5729Fax: (21) 2704-5732e-mail: [email protected]

ColaboradoresÉrica Sena de SouzaRoseli BrumCélio Gonçalves Marques

O JORNAL DO MORHAN É UMA PUBLICAÇÃO DO

MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS

ATINGIDAS PELA HANSENÍASE.

TIRAGEM: 8.000 EXEMPLARES.

E X P E D I E N T E

JORNAL DO

Page 3: jornal do morhan nº37

JORNAL DO 3Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

Campanha Estadual de Elimi-nação da Hanseníase do Riode Janeiro foi lançada no fi-

nal do mês de janeiro, em cerimônia naSecretaria Estadual de Saúde e contoucom a participação voluntária do can-tor Ney Matogrosso e do ator NeyLatorraca. O secretário estadual deSaúde do Rio de Janeiro, GilsonCantarino, e o coordenador nacional doMovimento de Reintegração das Pes-soas Atingidas pela Hanseníase(MORHAN), Artur Custódio de Sousa,apresentaram as peças publicitárias pro-duzidas gratuitamente pela ARS Ven-tura Imagem e Comunicação. A cam-panha marcou também o Dia Mundialde Combate à Hanseníase, lembradoanualmente a cada último domingo dejaneiro.

O coordenador nacional doMORHAN, Artur Custódio de Sousadisse acreditar que o pioneirismo daSecretaria Estadual de Saúde do Rio deJaneiro em ter lançado a campanhanorteará outras iniciativas semelhantesno país. Artur ressaltou também a par-ticipação gratuita e voluntária dos doisartistas na campanha, da fotógrafa Isa-bel De Plá e da empresa ARS VenturaImagem e Comunicação, que produziutodas as peças publicitárias da campa-nha incluindo cartazes, folders, adesi-vos, canetas, porta-lápis e camisetas.

Durante o evento, o secretárioGilson Cantarino ressaltou que é im-portante que as pessoas saibam que ahanseníase tem cura e que o diagnósti-co precoce é fundamental. Lembrou

Matogrosso e Latorracaabrem campanha de combate à hanseníase

também que o preconceito contra adoença deve ser combatido.

De acordo com dados do ProgramaEstadual de Hanseníase da SES, o mai-or número de casos foi detectado naRegião Metropolitana do Estado,correspondendo a 84% dos casos no-vos detectados. Em 1999, foram detec-tados 6.386 casos de hanseníase emregistro ativo (casos em tratamento) noestado, com um coeficiente deprevalência de 4,6 casos para cada 10mil habitantes, sendo que destes 3.271novos casos (ainda não tratados) foramdetectados no mesmo ano. Dentro dadescentralização do atendimento, hoje88 municípios já têm o programa decombate à doença implantado. A metada SES é implantar as atividades dediagnóstico em 100% das unidades bá-sicas de saúde de todos os municípios.

O ator Ney Latorraca classificou defundamental importância a iniciativa dacampanha estadual. “A campanha émuito importante, no sentido de alertara população que a hanseníase existe etem cura. E para acabar com o precon-ceito, está envolvendo pessoas que temcontato com o grande público, como omeu caso e o de Ney Matogrosso. Que-remos ser disseminadores destas infor-mações. Eu acredito que o artista preci-sa estar preocupado com o lado socialdo país”, comentou Latorraca.

Para o cantor Ney Matogrosso, acampanha lançada pela Secretaria Esta-dual de Saúde é extremamente impor-tante, no sentido de levar informaçõessobre a doença até a população, de modo

fácil e claro. “As pessoas precisam sa-ber que a doença tem cura, que existeremédio de graça para o tratamento, dis-tribuído nos postos de saúde. É impor-tante também que haja uma campanhanacional”, declarou Matogrosso.

Gilson Cantarino afirmou que acampanha significa o compromissopúblico de eliminar a hanseníase comoproblema de saúde pública até o ano2005, chegando a uma prevalência deum caso a cada 10 mil habitantes, comopreconiza a Organização Mundial de

Saúde. Cantarino considerou funda-mental o engajamento de entidadescivis, como o MORHAN, e aparticipação de artistas como NeyMatogrosso e Ney Latorraca no sentidode alertar as pessoas a procurarem ospostos de saúde, no caso de apre-sentarem sintomas da doença. Eleexplicou que os cartazes e folders comimagens dos artistas e texto explicativosobre a hanseníase serão afixados e dis-tribuídos nas unidades de saúde, ônibus,lojas comerciais e escolas.

AALatorraca, Artur Custódio, Cantarino, Matogrosso e Tadiana Moreira, da SES

Gravação de vídeo com a Sorri Brasil

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JORNAL DO4 Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

JORNAL DO MORHAN – Quan-do uma pessoa deve suspeitar que estácom hanseníase? Quais os sintomasmais comuns?

Dr. Wagner Nogueira – Queimar-se ou cortar-se sem sentir ou percebersignifica diminuição ou desaparecimen-to da sensibilidade táctil, térmica e do-lorosa e pode ser hanseníase. Os sinto-mas mais comuns são manchas na peleque não coçam, não doem, localizadasem qualquer parte do corpo, e que têmdiminuição da sensibilidade.

JM - Uma vez descoberta a manchao caminho correto é procurar o médi-co. Mas qual? Onde? E se não houveratendimento público perto da casa dopaciente?

Dr. Wagner Nogueira – Todos osprofissionais de saúde devem estar pre-parados para suspeitar da hanseníase;assim, ao constatar uma lesão suspeita,a pessoa deve procurar um serviço desaúde. A hanseníase precisa estarinserida na atenção básica e a organi-zação de serviços deste nível de aten-ção é de responsabilidade dassecretarias municipais de Saúde.

Quando não houver atendimentopúblico perto da casa do paciente, eledeve procurar qualquer serviço desaúde, mas concomitantemente, reunir-se com os demais moradores da regiãoe juntos cobrarem das autoridades desaúde de seu município a implantaçãode um serviço básico de saúde naregião.

JM – Uma das perguntas maisfreqüentes feitas aos atendentes doTelehansen® é sobre o contágio. Comoocorre? Há quem pense que se trata dedoença sexualmente transmissível.

Dr. Wagner Nogueira – A hanseníaseé uma doença que se transmite de umapessoa que ainda não faz tratamento paraoutra pessoa. A transmissão acontece prin-cipalmente pelas vias aéreas superiores,mas acredita-se também que a penetraçãoda microbactéria no organismo humanopossa se dar através da pele comferimentos. A hanseníase não é uma doençahereditária e não se constitui numa doençasexualmente transmissível. A hanseníasetambém não é transmitida através deobjetos contaminados, como prato,talheres, copo, etc. É importante salientar

que pouco tempo após o início do trata-mento os pacientes das formascontagiantes deixam de transmitir adoença.

JM – É comum os voluntários se-rem indagados sobre o porquê de ex-pacientes ainda sentirem dores se jáestão curados.

Dr. Wagner Nogueira – Durante otratamento e mesmo após a alta porcura, os pacientes podem apresentar asreações, que são episódios caracteriza-dos por mal-estar, febre, neurites,eritema nodoso, e sempre que isto acon-tecer devem procurar o serviço de saú-de. As reações não são sinais deatividade da doença e podem aconte-cer até cinco anos depois da alta porcura. Os pacientes precisam ser bemorientados para não deixarem de acre-ditar na cura. Estes episódios são trata-dos com medicamentos próprios paraas reações e é muito importante estetratamento porque é na vigência dasreações que as incapacidades físicas seinstalam ou se agravam.

JM – O que uma mulher que con-trai hanseníase durante a gravidez deve

fazer?Dr. Wagner Nogueira – A eclosão

da hanseníase durante a gravidez acon-tece com alguma freqüência e por issoé muito importante que durante o pré-natal da população de maior risco(comunicantes do sexo feminino emidade fértil) os médicos estejam muitoatentos para este fato e alertem suaspacientes para esta possibilidade. Oscasos suspeitos que se confirmarem clí-nica ou laboratorialmente devem come-çar o tratamento. A Organização Mun-dial de Saúde orienta que não há con-tra-indicação do uso da poliquimio-terapia na gravidez.

JM – É comum pessoas aindaimaginarem que hanseníase “cai pe-daço” e muitas vezes não acreditamsequer quando o médico garante queisso não é verdade. Como procedernesse caso?

Dr. Wagner Nogueira – Naatualidade, as incapacidades podem serevitadas com orientação adequada emuitas das incapacidades já instaladaspodem ser recuperadas com a reabili-tação física.

E N T R E V I S T ADr. Wagner Nogueira, coordenador do Programa deHanseníase da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Diariamente dezenas de pessoas telefonam parao Telehansen® 0800-26-2001 em busca derespostas para dúvidas sobre a hanseníase,desde sinais e sintomas – as mais comuns – atéas mais complexas, sobre a doença na gravidez,por exemplo. A partir desta edição, o JORNALDO MORHAN ouvirá profissionais de saúde paraesclarecer ainda mais a população sobre o queé a doença, como se manifesta, o que fazer.

Cerca de 70% dos delegados da 11ª ConferênciaNacional de Saúde, realizada em dezembro do anopassado, em Brasília, se solidarizaram com oMORHAN e assinaram a moção em que repudiam oMinistério da Saúde pela ausência de campanhas pu-blicitárias nacionais que estimulem a eliminação dahanseníase e diminuam o preconceito.

De acordo com o documento, “o Brasil não cum-priu a meta de eliminação da hanseníase até o ano2000 e continua como o segundo lugar do mundo emincidência da doença”. “São 40 mil casos novos dadoença por ano, que muitas vezes chegam tardiamenteao serviço de saúde, em parte pela falta da informa-ção”, alerta.

O texto da moção de repúdio lembra que “em1994 o Conselho Nacional de Saúde aprovou aresolução que colocava a hanseníase na lista de do-enças para campanhas permanentes de mídia do Mi-nistério da Saúde; de uma maneira criminosa estaresolução nunca foi cumprida e desta época para cáaproximadamente 25 mil pessoas ficaram com se-quelas físicas por terem chegado tardiamente ao tra-tamento”.

Moção repudia falta de campanha na TV

Dr. Wagner Nogueira (à esquerda) na campanha de São Paulo

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JORNAL DO 5Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

Reestruturação das ex-colônias ainda é lenta

SÃO PAULO ACELERA PROCESSO

A Secretaria Estadual de Saúde de São Pau-lo vem se adiantando no processo dereestruturação das ex-colônias através de umaportaria própria. Pelo seu trabalho nas comissõesde reestruturação, Dora Cipreste foi convidada aassessorar aquela secretaria no projeto de elabo-rar novas estruturas para os hospitais. O trabalhode Dora foi iniciado no ano passado, no HospitalFrancisco Ribeiro Arantes, em Itu. “Fizemos umaproposta para a criação de uma gerência socialque foi absorvida pelo Secretário Estadual de Saú-de de São Paulo. Foi realizado um censo no locale depois um seminário para divulgar a proposta.Também foi nomeada uma assistente social paraa função de gerente social, hoje ela é diretora so-cial do hospital”, contou. Segundo ela, a grandedificuldade dos diretores das ex-colônias refere-se a administrar os problemas sociais existentesnestas unidades.

A próxima ex-colônia de São Paulo a passarpelo processo de reestruturação é a de Mogi dasCruzes, que solicitou a assessoria técnica da assis-tente social e já está trabalhando nesta direção.De acordo com Dora, uma educadora será nome-ada para assumir a função de gerente social. Ou-tra ex-colônia do Estado de São Paulo, o PadreBento, em Guarulhos, foi transformado em hos-pital geral.

ESPÍRITO SANTO E MINAS GERAIS EM BUSCADE SOLUÇÕES

O Hospital Pedro Fontes, em Cariacica, no Es-pírito Santo formou um grupo para suareestruturação com enfoque na reabilitação e pro-moção do paciente. A ex-colônia de Santa Isabel,em Betim, Minas Gerais, elaborou um projeto jáaprovado pelo Ministério da Saúde que prevê umatransformação total na unidade. Dora Cipreste dizque já foi proposta ao Ministério da Saúde areativação do comitê nacional para areestruturação das ex-colônias, inclusive, contan-do com a participação do MORHAN.

RIO GRANDE DO SUL: ESTRATÉGIAS PARAEVITAR O RESSURGIMENTO DA DOENÇA

Mesmo não apresentando estatísticas alar-mantes quanto ao número de casos de hanseníase,o Estado do Rio Grande do Sul se empenha emoutra luta: a de sensibilizar os profissionais de saú-de para que, ao diagnosticar em seus pacientes,não desprezem a suspeição e a hipótese da doen-ça, pelo simples fato dela não ser endêmica

O trabalho de reestruturação dos antigos hospitais colônias caminha apassos lentos, desde que teve início na década de 90 e depois ganhouforça com a comissão instituída pelo Conselho Nacional de Saúde paraelaborar um diagnóstico da situação. Das 33 instituições deste tipo espa-lhadas pelo país, somente uma parcela mínima vem incorporando as mu-danças propostas que dividem os antigos hospitais em três áreas: asilar,comunitária e hospitalar.

Dora Martins Cipreste, assistente social da Secretaria Estadual de Saú-de do Espírito Santo, vem acompanhando de perto todo este trabalho dereestruturação das ex-colônias. Ela lembra que o Ministério da Saúde apro-vou a criação de um comitê técnico-social, então instituído pela DivisãoNacional de Dermatologia Sanitária, hoje Coordenação Nacional deDermatologia Sanitária, que visitou todas as ex-colônias. “Uma portariado Ministério da Saúde determinava que o comitê técnico deveria atuarneste processo de reestruturação dos hospitais”, contou.

A reestruturação proposta previa que os antigos hospitais-colônias se-riam divididos em três setores: asilar, levando-se em conta que a idademédia da maioria dos abrigados era de 60 anos, resquício da época doisolamento compulsório; comunitária, onde estaria situada a árearesidencial, e a hospitalar.

Dora Cipreste conta que a partir destas diretrizes as colônias foramvisitadas, as portarias do Ministério da Saúde passaram a ser divulgadas eem cada uma delas foram criados grupos de trabalho com a participaçãodo MORHAN, representando os pacientes, e as direções dos hospitais.

Apesar dos esforços dos vários segmentos, Dora reconhece que nãohouve o retorno esperado. Hoje, de acordo com a assistente social, osantigos hospitais estão cada um, a seu modo, tentando se reestruturar.

naquela região. A conferência estadual de saúdedo Rio Grande do Sul realizada em setembropassado reuniu cerca de 3 mil pessoas entre usuá-rios, representantes do governo e dos profissio-nais de saúde e contou ainda com a participaçãodo cantor Ney Matogrosso, que abraçou a causada eliminação da hanseníase.

De acordo com o coordenador de gabineteda Secretaria Estadual de Saúde do Rio Gran-de do Sul, Alcindo Ferla, desde 1999, atravésde um processo da descentralização da gestãoestadual, foram criadas coordenadorias regio-nais e 11 conselhos regionais de saúde (câma-ras técnicas do Conselho Estadual do Rio Gran-de do Sul). Os conselhos regionais organiza-ram conferências regionais preparatórias paraa conferência estadual daquele estado queaconteceu em setembro.

Durante o evento, no que se refere àhanseníase, o enfoque foi centralizado em des-pertar a sensibilidade dos profissionais de saúdecom programas e ações de capacitação e campa-nhas educativas. Alcindo Ferla diz que no ano pas-sado a Organização Pan-Americana de Saúde(OPAS) confirmou os indicadores de pouquíssimoscasos de hanseníase na região e apontou comoprioridade nas ações justamente a questão dasensibilização dos profissionais. “Como a incidên-cia é pequena, a formulação de possibilidades du-rante o diagnóstico pode ser esquecida, ou seja, aexperiência clínica pode se acomodar”, ressaltouFerla.

O coordenador de gabinete da Secretaria deSaúde do Rio Grande do Sul conta que a ida docantor Ney Matogrosso contribuiu muita para cau-sa da eliminação da hanseníase. “Ele é uma pes-soa com muito carisma e com conhecimentos e éimportante que ele esteja chamando a atenção dopaís para um problema de saúde”, comentou.

Depois da conferência, de acordo com Ferla,ficou definido que serão utilizadas duas estraté-gias no combate à hanseníase: a primeira, asensibilização dos gestores municipais nogerenciamento da rede municipal e a segunda, aelaboração de material para os profissionais desaúde assim como a mobilização de entidades domovimento civil, como o MORHAN.

Segundo Alcindo Ferla, no ano passado a Se-cretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sulrepassou R$ 84 milhões para os 497 municípios.“Significou uma média de R$ 27 por habitante/ano, recursos destinados a investimento, custeio eoutras despesas”, contou. Ferla explicou que o Con-selho de Saúde é quem define como os recursosserão gastos e presta contas no relatório de ges-tão.

Um dos principais entraves para a eli-minação da hanseníase tem sido conseguirjunto aos mais de 5 mil municípios brasi-leiros apoio para a descentralização do di-agnóstico e tratamento da doença. Açõespontuais têm sido promovidas pelos qua-tro cantos do país sem, no entanto, vermosa total mobilização das autoridades públi-cas de saúde para que nossa meta seja, defato, alcançada.

Mesmo que a passos de tartaruga – en-quanto a hanseníase segue a largos passos-, encontramos municípios engajados como compromisso de aceleração da elimina-ção da doença, como reza um novo acor-do assumido junto à Organização Mundi-al de Saúde com meta para o ano de 2005.Gestores como os de Juazeiro do Norte, noCeará, e de Nova Iguaçu e São Gonçalo,no Rio de Janeiro, assinaram um termo pre-vendo ações indispensáveis à meta de eli-minação da doença. Mas novos entraves jácomeçam a surgir para a efetivação dos ter-mos, ameaçando o que poderia ser um dosmaiores passos na luta contra um mal queatinge uma pessoa a cada 12 minutos emum país já ameaçado por outros tantosmales.

S. GONÇALO E NOVA IGUAÇUASSINAM DOCUMENTO

No Rio de Janeiro, dois termos de com-promisso foram assinados, ambos com aparticipação do cantor Ney Matogrosso edo Grupo-Tarefa do CONASEMS. Em SãoGonçalo, de acordo com a coordenadorado núcleo Aquilino de Souza Goulart, Amá-lia Salimena da Silva, as ações reforçam oapoio dado ao trabalho que o MORHANlocal já desenvolve na região. De acordocom o documento, assinado pelo prefeitoHenry Chales e pela secretária municipalde Saúde, Ana Teresa da Silva PereiraCamargo, com prazo de um ano podendoser renovado, “o objetivo é reiterar deambas as partes com os movimentos sociaispara a aceleração da eliminação dahanseníase , visando prioritariamente adescentralização do tratamento e o livreacesso da população ao mesmo”. Anovidade deste termo, é a sintonia com aproposta do GT-CONASEMS de uma novameta: “NENHUMA CRIANÇA COMHANSENÍASE”.

Em Nova Iguaçu, o termo de compro-misso foi assinado pelo Prefeito NelsonBornier, o Secretário de Saúde GilbertoBadaró, o Grupo-Tarefa do Conselho Naci-onal de Secretários Municipais de Saúde e aÁrea Técnica de Hanseníase da SecretariaEstadual de Saúde e o MORHAN local.

O documento estabelece que “cabe aopoder público municipal, ainda no ano de2001, ampliar a cobertura das ações de eli-minação da hanseníase, através de políticas

Termos de compromisso buscameliminação da hanseníase no Rio e Ceará

intersetoriais e seguindo a metodologia de-senvolvida pelo Grupo-tarefa doCONASEMS”. O Grupo-Tarefa tem comometas não apenas a descentralização do tra-tamento para todas as unidades sanitárias,com o medicamento PQT/OMS, como tam-bém a capacitação de pessoal de saúde e adivulgação de material informativo sobre acura da hanseníase. Ficou acertado que aoMORHAN caberá gerar atividades demobilização de movimentos sociais e comu-nitários para se alcançar os objetivos, apoiare complementar as atividades governamen-tais de educação em saúde desenvolvidas nomunicípio e acompanhar a implantação eimplementação da estratégia, exercendoassim o seu papel de controle social do SUS.

DESCENTRALIZAÇÃO É LENTA EMJUAZEIRO DO NORTE

A descentralização prevista em qual-quer termo de compromisso está longe deser efetivamente implantada no municípiocearense de Juazeiro do Norte, terceira ci-dade em população do Estado do Ceará,região da seca, no Cariri. De acordo com ocoordenador do núcleo local, FranciscoFaustino Pinto, a idéia é fazer com que osmédicos das equipes do Programa de Saú-de de Família possam ir até a casa do paci-ente e lá tratá-lo, já que os postos de saúdenão assumiram o tratamento de hanseníase.Mas para isso é indispensável que as equi-pes do PSF tenham medicamentos nos pos-tos onde atendem e um único cadastro. Éque atualmente há dois cadastros dos paci-entes, o que dificulta o tratamento, um noCentro de Dermatologia Sanitária e Doen-ças Infecciosas (CDSDI), que a partir doPSF descentralizaria o atendimento aosusuários, concentrando apenas os casosreacionais, e o do PSF, que passaria a ser oúnico a disponibilizar o cadastro do usuá-rio, evitando, assim, o duplo cadastro.

Seria importante que o poder públicolocal viabilizasse o atendimento total e nãoapenas parcial pelos médicos do ProgramaSaúde da Família, dando capacitação,disponibilizando PQT/OMS e, portanto,descentralizando o atendimento hoje noCDSDI. O núcleo local já enviou ofícios àSecretaria de Saúde, à Microrregional deSaúde, ao PSF do Estado e ao Programa deHanseníase do Estado sem obter qualquerresposta sobre o pedido de uma realdescentralização e não apenas a prevista emum documento, o qual o MORHAN localsequer foi convidado para a assinatura, en-tre o secretário municipal de Saúde, Ben-jamin Bezerra, e a coordenadora da ÁreaTécnica de Hanseníase do Estado, VeraSolón.

(N.R.: No fechamento desta edição, a mes-ma não era mais a coordenadora)

Artur Custódio e o secretário Gilberto Badaró

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JORNAL DO6 Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

EM DIA COM OS NÚCLEOS

Mais uma confraternização do MORHAN de Ribeirão Preto,em São Paulo, na casa da Tia Maria. A feijoada deu uma

folga na correria do dia-a-dia.

A alta coletiva em Sobral, no Ceará, em dezembro, contoucom o apoio do cantor Ney Matogrosso. Ele entregou o

diploma a um dos cerca de 150 usuários que concluíram otratamento nos postos de saúde. O exemplo do menino

ficou registrado.

O Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase não passou embranco em Salvador. Os companheiros do núcleo localforam para uma das avenidas mais movimentadas da

cidade para informar a população sobre a doença.A foto mostra o trabalho em conjunto.

NOTA DE FALECIMENTO

O MORHAN Nacional e o MORHAN de Salvadorse solidarizam com a família de Lúcia Santos Vas-concelos Plácido, voluntária dedicada que já estádeixando saudade.

Page 7: jornal do morhan nº37

JORNAL DO 7Nº 37 • MARÇO/ABRIL/MAIO • 2001

Jabaquara (SP)A história de amor entre os pro-

fissionais do Centro de Referênciada cidade com o MORHAN é ain-da mais antiga que o próprio nú-cleo. O convite para a criação deum núcleo do movimento nacidade surgiu depois daCoordenação Nacional terconhecido o trabalho desenvolvi-do na unidade de saúde local, du-rante um simpósio realizado em Ri-beirão Preto (SP). De lá para cá, aaproximação tem resultado ematividades que buscam uma assistência globalizada, de acolhimentodos usuários e da família e de divulgação dos sinais e sintomas dahanseníase, como define Rosana Noriko, tesoureira do núcleo deJabaquara.

O empenho da equipe levou o MORHAN para fora das portas doCentro de Referência. Mais regiões já estão engajadas, assim comoprofissionais de outros centros de referência, além dos próprios usuá-rios que hoje formam a lista de 25 membros do movimento emJabaquara.

Rosana Noriko faz questão de lembrar da importância da partici-pação dos usuários na “briga” por melhor assistência e no resgate dacidadania dos doentes. Desde o início do tímido trabalho até agora,crianças também se tornaram voluntárias, como aconteceu duranteuma feira de Ciências no Sesc de Santo Amaro, onde não só a garota-da como também os adultos puderam conhecer um pouco mais sobrea doença com o auxílio de teatro de fantoches e panfletos.

Para conseguir mais voluntários e superar as dificuldades finan-ceiras, o núcleo visita novas unidades de saúde e busca parcerias. Agrande luta é manter ou melhorar a qualidade do tratamento ondeexiste e levá-lo para as unidades que ainda não prestam assistência.Apesar das dificuldades, a equipe articula idas às unidades de saúdedos 41 distritos de saúde do município de São Paulo para avaliar oatendimento do Programa de Hanseníase. Para isso, aguarda uma po-sição favorável dos diretores desses distritos para que a avaliaçãoocorra em conjunto.

Outros municípios também estão na mira dos membros doMORHAN de Jabaquara, como o de Poá, onde mobilizaram os vere-adores para que se sensibilizem com o problema. É uma prova de quese pode sair dos limites da própria cidade em busca da solidariedadetão fundamental ao movimento social.

O MORHAN de Jabaquara já integra o Conselho Municipal deSaúde de São Paulo e o Fórum Estadual de Portadores de Patologiasdo Estado de São Paulo.

São José do Rio Preto (SP)Em funcionamento desde dezembro, com uma diretoria de quatro

membros, o núcleo de São José do Rio Preto tem 27 voluntários e jáministra palestras em várias instituições, principalmente em escolasprofissionalizantes, com um público de duas mil pessoas em apenasoito palestras. A responsável por esse trabalho é Susilene MariaTonelli.

Segundo Susilene, empresas e instituições de ensino parceirasgarantiram o fornecimento, até agora, de 70 mil panfletos para cam-panhas de rua e nas próprias escolas, uma delas uma cooperativa de

No período de janeiro a março desteaconteceram, em oito regionais de saúde daBahia, os seminários de reorganização dasações de atenção básica, realizados pelo Con-selho Estadual dos Secretários Municipais deSaúde da Bahia (Conesems/BA) e promovidospelo Ministério da Saúde, Conselho Nacionalde Secretários Municipais de Saúde(CONASEMS) e Organização Mundial de Saúde(OMS). O evento cobriu 487 municípios doestado e contou, ainda, com o apoio da Sesabe Funansa/BA.

Os seminários tiveram como um de seusobjetivos apresentar aos prefeitos e secretáriosde Saúde a importância das ações de atençãobásica na resolução dos problemas de saúde,focando estratégias locais para integração dasações de eliminação da hanseníase na aten-ção básica à população.

Com a mudança dos gestores municipais,os técnicos da área de Dermatologia Sanitáriado Ministério da Saúde, em parceria com oGrupo-Tarefa/CONASEMS, vêm participandodestes seminários, visando mobilizar osgestores municipais para ser tornarem ospontos centrais de sucesso da eliminação dahanseníase no Estado da Bahia. Os técnicostambém pretendem assessorá-los no sentidode descentralizarem o diagnóstico e otratamento da hanseníase, facilitando o acessoda população a um tratamento de qualidadena fase inicial da doença e chamando aatenção para a necessidade de protegerem ascrianças das incapacidades físicas causadaspelo diagnóstico tardio da doença.

O QUE É A ELIMINAÇÃO DA DOENÇA

A eliminação da hanseníase como proble-ma de saúde pública significa reduzir seus índi-ces a níveis consideravelmente baixos. A OMSdefine eliminação como uma taxa deprevalência de menos de um caso por 10 milhabitantes. O alcance desta meta é resultadode uma acesso amplo e irrestrito de toda a co-munidade ao diagnóstico e ao tratamentopolioquimioterápico (PQT) na fase inicial dadoença.

A principal estratégia da eliminação da do-ença como problema de saúde pública em ní-vel municipal consiste em reduzir a iniqüidade,ou seja, aumentar as oportunidades da popu-lação de ser diagnosticada na fase inicial dadoença, eliminando as chances dos pacientesapresentarem deformidades físicas.

Resumindo, o esforço final para a elimina-ção da hanseníase a nível municipal envolve,principalmente, a integração do diagnóstico eo tratamento na atenção básica. Dentro destaperspectiva a missão dos gestores municipaisde saúde passa a ser:

• Tornar o diagnóstico e o tratamento dis-poníveis, gratuitamente, em todos os postos,centros e unidades de saúde da família;

• Habilitar cada trabalhador de saúde paraque possa diagnosticar e tratar a hanseníase;

• Acabar com o medo da hanseníase, pro-movendo o conhecimento dos sinais precocesda hanseníase, incentivando as pessoas a pro-curarem o tratamento;

• Assegurar que todos os doentes dehanseníase sejam curados;

• Estabelecer parcerias.

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Mais núcleos para o movimentoO MORHAN está crescendo cada vez mais. Hoje, já temos núcleos, pré-núcleos einstituições filiadas ao movimento, seguindo a filosofia prevista no estatuto daCoordenação Nacional. Recentemente, passamos a contar com os núcleos deUbá (Minas Gerais), São José do Rio Preto e Jabaquara (ambos em São Paulo),além do pré-núcleo de Luziania (Goiás) e o pré-núcleo de Porto Alegre/Viamão.

ensino. O trabalho contou com o apoio da Secretaria Municipal deSaúde, que deu aval junto à Delegacia de Ensino para a afixação decartazes e distribuição de panfletos em 37 unidades da rede estaduale municipal.

Os parceiros privados também têm papel fundamental. Entre elesestão as duas empresas de ônibus que operam em São José do Rio Pretoe cederam espaço para a colocação de cartazes na frota, também com oaval da Secretaria de Saúde. Outros são a universidade local, a Unirp,que colocou a home page www.unirp.com.br à disposição do núcleopara esclarecimentos, um shopping, que cedeu espaço para a monta-gem de stand, e as farmácias da cidade, que espalharam material infor-mativo.

A preocupação com a qualidade das palestras tem sido verificadaem questionários apresentados aos participantes. Antes, avalia-se oconhecimento sobre a hanseníase. Depois, em nova pesquisa, verifi-ca-se o que foi assimilado. O coordenador do núcleo de São José doRio Preto é Paulo Benedito Garcia, a vice-coordenadora, GladysHernandes Luvzari, a secretária, Valéria Egami e como tesoureira,Daniela Pinotti.

Nota da Coordenação Nacional – Susilene tem auxiliado bastan-te a Coordenação Nacional nas respostas das perguntas que nos che-gam pela Rede MORHAN NET – (Internet). O núcleo tem enviadorelatórios periódicos sobre as suas atividades para a Nacional.

Ubá (MG)Em Ubá, um núcleo movimenta a cidade desde outubro do ano

passado, quando recebeu os coordenadores da Regional Sudeste, JoséGuilherme e Silvania, e o segundo-secretário geral da CoordenaçãoNacional, Eny Carajá Filho.

“Nascido” no antigo hospital-colônia da cidade – hoje é chamadode Sanatório Padre Damião, da Fundação Hospitalar do Estado deMinas Gerais -, o núcleo local do MORHAN tem voltado os esforçospara a conscientização da importância do tratamento do paciente e doapoio junto à família.

A coordenação é de Eliane Aparecida Braga, a vice-coordenaçãode José Afrânio da Silva, na primeira-secretaria está Joselito Estevãode Araújo, na segunda-secretaria, Denilson Barbosa Lopes, na pri-meira-secretaria de Comunicação, Sebastião José Manuel, na segun-da-secretaria de Comunicação, Paulo Nascimento e como tesoureiro,José Nascimento Silva.

Voluntários mirinsque participaram do teatro de fantoches

com o MORHAN de Jabaquara

Page 8: jornal do morhan nº37

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Voluntário

Núcleo

ESTADO Município/região Categoria

Rio Grande do Sul Porto Alegre/Viamão Pré-núcleo

Santa Catarina Filiado *

Paraná Piraquara/Curitiba NúcleoGuarapuava Núcleo *

São Paulo Baixada Santista NúcleoPossui Estadual Limeira Núcleo

Ribeirão Preto NúcleoRibeirão Preto/Liga de Estudantesde Medicina FiliadoSertãozinho NúcleoJabaquara NúcleoSanto André Pré-núcleo*Jundiaí NúcleoSão José do Rio Preto NúcleoSorocaba NúcleoBauru – Soc. Viva Terra eMulher Fam. E Sociedadede Bauru Filiado *Piracicaba Pré-núcleo *

Minas Gerais Ubá Pré-núcleo *Belo Horizonte Núcleo *Betim NúcleoParacatu Núcleo

Rio de Janeiro Nova Iguaçu NúcleoQueimados NúcleoNiterói NúcleoRio de Janeiro Pré-núcleo *

Possui Estadual Belford Roxo NúcleoResende Pré-núcleoCabo Frio Pré-núcleo *Volta Redonda Núcleo

(acomp. da Estadual)São João de Meriti Núcleo

Mato Grosso do Sul Campo Grande Núcleo(acompanhamento daRegional e ético)

Mato Grosso Cuiabá NúcleoLadário Pré-núcleo *Corumbá Pré-núcleoConfressa Filiado

Distrito Federal Brasília - GEFEO Filiado

Goiás Anápolis Núcleo (suspensão ética)Luziânia Pré-núcleo

ESTADO Município/região Categoria

Espírito Santo Cariacica Núcleo

Bahia Salvador NúcleoVitória da Conquista Pré-núcleo *

Ceará Redenção NúcleoJuazeiro do Norte Núcleo

Possui Estadual Maracanaú NúcleoFortaleza NúcleoSobral Núcleo

Alagoas Maceió Pré-núcleo(c/ Adefal)

Piauí Teresina NúcleoParnaíba Núcleo *

Sergipe Aracajú Núcleo

Paraíba João Pessoa Núcleo

Maranhão Timom NúcleoSão Luis Núcleo

(acompanhamentoJurídico)*

Pernambuco Região Metropolitanade Recife NúcleoPetrolina Pré-núcleo

Acre Cruzeiro do Sul NúcleoMâncio Lima NúcleoRio Branco Núcleo

Amazonas Anori NúcleoBoca do Acre NúcleoLábrea NúcleoManaus (Antônio Aleixo) NúcleoManaus (Zumbi) Núcleo

Rondônia Porto Velho Núcleo

Pará Belém NúcleoMarituba NúcleoMarabá NúcleoConceição de Araguaia Pré-núcleoSão Francisco do Pará Pré-núcleoTucuruí Pré-núcleo

Tocantins Araguaína Pré-núcleo*Palmas NúcleoPorto Nacional (CONSAÚDE) Filiado

*Núcleos que precisam entrar em contato urgente com a Nacional.

SEJA VOCÊ TAMBÉM UM VOLUNTÁRIO DO MORHAN – Para que o trabalho em prol da eliminação da hanseníase seja bem-sucedido e em benefício de quase 80 mil pessoas atingidas pela doença,o MORHAN deu início a uma campanha de adesão de voluntários. Para isso, basta você procurar um dos núcleos ou pré-núcleos (veja relação abaixo, que também inclui nossos filiados) e telefonar para o Telehansen® 0800-26-2001, comligação gratuita, para saber o que deve fazer para entrar para a nossa “família”. Vale lembrar que o trabalho voluntário não prevê pagamento ou qualquer tipo de remuneração, o que não o faz menos importante que qualquer atividaderemunerada. Muito pelo contrário. Há milhões de pessoas precisando de um apoio seu. Participe.