jornal do cariri - 05 a 11 de junho

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O periódico do Cariri independente REGIÃO DO CARIRI l DE 05 A 11 JUNHO DE 2012 l ANO XIV l NÚMERO 2537 R$ 1,50 PROJETO SEGURANÇA BARBALHA IRREGULARIDADES TRADIÇÃO SANTANA DO CARIRI CULTURA Acesse e veja a programação completa: www.bnb.gov.br/cultura Dia 05, terça-feira. ARTE RETIRANTE 15h00 - Contação de Histórias - Jogos e Brincadeiras Populares com a Palhaça Alegria - Françoi Fernandes - Juazeiro do Norte-CE. Local: Biblioteca Pública Municipal Padre Agostinho Mascarenhas - Barbalha-CE. Dia 06, quarta-feira. ARTES CÊNICAS 19h00 - Sabor Chocolate - Cia. Art&Fato - Juazeiro do Norte-CE. Dia 07, quinta-feira. ARTES CÊNICAS 17h00 - Esperando Comadre Daiana - Cia. Livre Mente - Juazeiro do Norte-CE. 19h00 - Esperando Comadre Daiana - Cia. Livre Mente - Juazeiro do Norte - CE. Dia 08, sexta-feira. LITERATURA EM REVISTA 19h30 - Disseonário - Assislan de Paiva - Juazeiro do Norte-CE. Dia 09, sábado. ATIVIDADES INFANTIS 15h00 - Teatro Infantil - Chapeuzinho Vermelho dos Tempos Modernos - Grupo Cena Educativa - Fortaleza-CE. 17h00 - Teatro Infantil - Chapeuzinho Vermelho dos Tempos Modernos - Grupo Cena Educativa - Fortaleza-CE. Dia 10, domingo. Fechado. Dia 11, segunda-feira. CURTAS Curador: Elvis Pinheiro - Juazeiro do Norte-CE. Local: Teatro Adalberto Vamozi - Sesc Crato. 15h00 - Rua das Tulipas; No Passo da Véia; Maria Capacete; e ABC Brasil. Associações/Comunidades Convidadas - Associação do Sítio Páscoa - ASP e Escola de Ensino Fundamental Dom Quintino. Destaques da programação de 05 a 11 de junho de 2012. 5 4 4 5' Filhos e esposas de detentos sob orientação Policiamento na Ponta da Serra é insuficiente Hilário critica Zé Leite, mas confirma aliança Cooperativa de jovens artesãos busca organização MPF abre Inquérito Civil Público sobre creches Festa do Pau da Bandeira atrai milhares de pessoas Cariri terá parque temático em estilo europeu CLINIMAGEM de Juazeiro do Norte realizando exames especiais Foto: Samuel Macedo / Arte: Evando F. Matias 10 Vozes do Cariri Bosco Peixoto, 40 anos de “boa praça” no Crato AEROMODELISMO Paixão que ultrapassa gerações O ápice da festa foi no domingo, mas ela ainda se estende por mais dez dias. O principal responsável pela organização do festejo é o capitão do pau da bandeira. A ele cabe a escolha da árvore, o dia apropriado para o corte, o hasteamento e as questões de segurança do evento. De uns anos para cá, mais uma atividade foi atrelada a sua função: resolver os entraves com os órgãos de defesa ambiental. O ex-prefeito de Barbalha, João Hilário, líder maior do PMDB da cidade, garantiu a manutenção da aliança com o PT de Zé Leite. A dobradinha se repetirá, mas o quadro será mais difícil que o das eleições passadas. A arquitetura europeia encanta a todos que vão passear por lá. Mas quem não tem possibilidade de ir ver ao vivo, pode dar uma passadinha em Santana do Cariri. Está prevista a inauguração, em julho de 2013, de um parque temático em estilo europeu no distrito de Araporanga. O empreendimento segue os mesmos moldes da Euroville, complexo de casas localizadas no mesmo município. 11 SANTO ANTÔNIO Noite das solteironas abre festejos 6 Uma das drogas mais nocivas dos últimos tempos invadiu as ruas de Juazeiro do Norte. São jovens e adultos de diversas classes sociais dependentes dessa devastadora droga. O consumo tem aumentado tanto que já é possível encontrar na cidade pontos com razoável concentração de usuários, o que tem caracterizado esses locais como “pequenas cracolândias”. Cracolândias se espalham em Juazeiro O DRAMA DO VÍCIO 5 5 9 7 Samuel Macedo

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Jornal do Cariri - Número 2537

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Page 1: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

O periódico do Cariri independente REGIÃO DO CARIRI l DE 05 A 11 JUNHO DE 2012 l ANO XIV l NÚMERO 2537 R$ 1,50

PROJETO

SEGURANÇA BARBALHA

IRREGULARIDADES TRADIÇÃO

SANTANA DO CARIRI

CULTURA

Acesse e veja a programação completa: www.bnb.gov.br/cultura

Dia 05, terça-feira.ARTE RETIRANTE15h00 - Contação de Histórias -Jogos e Brincadeiras Populares coma Palhaça Alegria - Françoi Fernandes -Juazeiro do Norte-CE.Local: Biblioteca Pública Municipal PadreAgostinho Mascarenhas - Barbalha-CE.Dia 06, quarta-feira.

ARTES CÊNICAS19h00 - Sabor Chocolate -Cia. Art&Fato - Juazeiro do Norte-CE.Dia 07, quinta-feira.ARTES CÊNICAS17h00 - Esperando Comadre Daiana - Cia. Livre Mente - Juazeiro do Norte-CE.19h00 - Esperando Comadre Daiana - Cia. Livre Mente - Juazeiro do Norte - CE.

Dia 08, sexta-feira.LITERATURA EM REVISTA19h30 - Disseonário - Assislan de Paiva -Juazeiro do Norte-CE.Dia 09, sábado.ATIVIDADES INFANTIS15h00 - Teatro Infantil - ChapeuzinhoVermelho dos Tempos Modernos - Grupo Cena Educativa - Fortaleza-CE.

17h00 - Teatro Infantil - ChapeuzinhoVermelho dos Tempos Modernos - Grupo Cena Educativa - Fortaleza-CE.Dia 10, domingo.Fechado.Dia 11, segunda-feira.CURTAS Curador: Elvis Pinheiro - Juazeirodo Norte-CE.

Local: Teatro Adalberto Vamozi - Sesc Crato.15h00 - Rua das Tulipas; No Passo da Véia; Maria Capacete; e ABC Brasil.Associações/Comunidades Convidadas - Associação do Sítio Páscoa - ASP e Escola de Ensino Fundamental Dom Quintino.

Destaques da programação de 05 a 11 de junho de 2012.

5

4

4

5'

Filhos e esposas de detentos soborientação

Policiamento na Ponta da Serra é insuficiente

Hilário critica Zé Leite, mas confirma aliança

Cooperativa de jovens artesãos buscaorganização

MPF abre Inquérito Civil Público sobre creches

Festa do Pau da Bandeira atrai milhares de pessoas

Cariri terá parque temático em estilo europeu

CLINIMAGEM de Juazeiro do Norterealizando exames

especiais

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VozesdoCaririBosco Peixoto,40 anos de “boa praça” no Crato

AEROMODELISMO

Paixão que ultrapassa gerações

O ápice da festa foi no domingo, mas ela ainda se estende por mais dez dias. O principal responsável pela organização do festejo é o capitão do pau da bandeira. A ele cabe a escolha da árvore, o dia apropriado para o corte, o hasteamento e as questões de segurança do evento. De uns anos para cá, mais uma atividade foi atrelada a sua função: resolver os entraves com os órgãos de defesa ambiental.

O ex-prefeito de Barbalha, João Hilário, líder maior do PMDB da cidade, garantiu a manutenção da aliança com o PT de Zé Leite. A dobradinha se repetirá, mas o quadro será mais difícil que o das eleições passadas.

A arquitetura europeia encanta a todos que vão passear por lá. Mas quem não tem possibilidade de ir ver ao vivo, pode dar uma passadinha em Santana do Cariri. Está prevista a inauguração, em julho de 2013, de um parque temático em estilo europeu no distrito de Araporanga. O empreendimento segue os mesmos moldes da Euroville, complexo de casas localizadas no mesmo município.

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SANTO ANTÔNIO

Noite das solteironas abre festejos

6

Uma das drogas mais nocivas dos últimos tempos invadiu as ruas de Juazeiro do Norte. São jovens e adultos de diversas classes sociais dependentes dessa devastadora droga. O consumo tem aumentado tanto que já é possível encontrar na cidade pontos com razoável concentração de usuários, o que tem caracterizado esses locais como “pequenas cracolândias”.

Cracolândias se espalhamem Juazeiro

O DRAMA DO VÍCIO

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5 9 7

Samuel Macedo

Page 2: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

Envie sua carta para [email protected] e dê sua opinião faça sua sugestão, uma crítica. Esse espaço é aberto para você, caro leitor.

SE “TEMPO” VOCÊ NÃO TEMPARA SEU FILHO ESCUTARCUIDADO QUE O TRAFICANTE“TEMPO” DE SOBRA TERÁQUEM NÃO CUIDA DO SEU FILHOA RUA É QUEM VAI CUIDAR!

Welington Costa

O sonho da Univerdade Federal do Cariri está se tornando realidade aos poucos. Os passos dados ainda são pequenos para a dimensão necessária do empreendimento. A região vai ganhar mais educação, mais profissionais qualificados e mais atenção do estado. Não basta ser grande economicamente, precisamos do mesmo incentivo na educação.

Rafael Souza, estudante de Juazeiro

O MUNDO DA BOLACHARGE

INDIGNIDADESSerá que estamos perdendo, definitiva-

mente, a nossa capacidade de se indignar e reagir, até da forma mais contundente possível, diante do que vamos sabendo como se rouba em meio a negócios firmados por uma gestão pública? Agora dizem as notícias que o Ministério Público Federal denuncia a maracutaia que vem ainda da admi-nistração municipal vigente em 2008, privilegiada por uma licitação, e atravessa para a seguinte, a presente, lesando os recursos parcos do Fundeb, em quase 2,9 milhões. Segundo as notícias, estão sendo denunciados apenas dois indivíduos. Mas, pela identificação dos cargos, funções e responsa-bilidades de ambos, nos perguntamos de imedia-to: que autonomia havia destes dois para fechar, unilateralmente, negócio tão expressivo? Tudo isto faz parte, como sabemos, de uma estrutura que comporta muito mais responsabilidades, todas assumidas constitucionalmente. Quando deverão ser citados prefeitos, seus vices e outros executi-vos, secretários, seus adjuntos e outros comissio-nados envolvidos? É elementar que num contrato de transporte escolar deve ser do conhecimento pleno o percurso a ser realizado. Evidentemente que se foram os tempos em que, por uma ques-tão de respeito, e sem fazer proselitismo, prefeito e secretário, deveriam vir a público para nos dizer o que foi pactuado, diante do serviço necessário

e esperado pela comunidade, sem esconder nenhuma circunstância, ne-nhum detalhe que tornasse o contra-to escuso, suspeito e criminoso. Mas, não. Sacramenta-se a triste rotina na qual figuram gestores que assinam a conivência com o desmando, com a roubalheira. Não há dúvida que os recursos são parcos, como referi. Mais ainda se tornam quando se constatam ine-quívocos procedimentos de desvios. O Ministério da Educação tem feito o possível para introduzir regras internas que procuram limitar as brechas com as quais boa parte dos recursos passa pelo ralo. Isto parece não ter fim. Parece que está in-crustado na nossa matriz cultural. E, evidente, não chegando para o gasto, demanda, cada vez mais, maiores somas. Agora mesmo está em discussão no Congresso os melhores aportes para a Educa-ção, em frentes que postulam até 10% do PIB bra-sileiro e também até 50% do Fundo Social do Pré--Sal. Nada mais oportuno e coerente uma vez que riqueza deve gerar riqueza, sendo esta a melhor que poderíamos conceber para as gerações futu-ras que conduzirão esta nação ao bem estar que ela tanto merece. Os mais experimentados dizem que o nosso caso não é de recursos, mas da gestão pública sobre estes valores. De tal sorte que certos

programas nem estimulam muito os gestores. Veja-se o caso do programa de creches. O ex-ministro Haddad saiu da cadeira sem inaugurar uma só das mais de seis mil preconizadas. Os prefeitos fogem da adesão ao pro-grama porque temem o custeio. Que ginástica fará o governo para deslan-char com este novo Brasil Carinhoso?

Mas, tentando levantar melhores informações sobre mais este ocorrido em Juazeiro do Norte, la-mentavelmente tive que ouvir esta semana de um sujeito a seguinte ponderação: “Se distribuirmos o prejuízo na população de Juazeiro do Norte, cada um de nós só perdeu uns 10 reais. Isso para 600 dias, faz de conta que foi uma esmola.” Cana-lha!!! Se nós abrirmos mão de manifestar a nossa indignação em horas como estas, fazendo uma conta ridícula de que a troco de míseros 10 reais não estaríamos perdendo grande coisa, com que cara nós ainda teremos qualquer iniciativa para ir a uma luta intransferível pela dignidade humana, nas esquinas da vida? Como já dizia Paulo Frei-re, “você pode até mudar de esquina, mas o que você não pode fazer é mudar de luta.”

Renato CasimiroHistoriador

É domingo. Bola rolando no gra-mado do estádio. Ver a vitória do time do coração empolga, emociona; já o resul-tado negativo entris-tece. Mas o otimismo dos torcedores tem que prevalecer sobre todos os as-pectos. Em geral, o resultado dos jogos é consequência do futebol ser uma “caixinha de surpresa”. Sendo que o passaporte para en-carar a liderança e invencibilidade em determinados campeonatos consiste em saber lidar com a pressão e o desgaste físico do “elenco”.

Na tradição do futebol, jogos tipo semifinais e clássicos, o nervosismo toma conta dos jo-gadores, das torcidas e da equi-pe técnica - que tem a missão de se desdobrar fazendo o possível e impossível para terminar em final feliz. No Brasil, a frequên-cia de público (torcedores) que comparecem aos estádios para prestigiar, aplaudir e vibrar pelo timão, é uma “variável”. O fiel torcedor até compare aos jogos, onde demonstra sua indignação diante dos resultados não alcan-çados pelo seu clube. Essa mes-ma torcida tem pulso para opi-nar, reclamar e, algumas vezes até tem sido ouvida e atendido pelos dirigentes esportivos. O es-porte transmite muita emoção, um jogo de futebol, só com jo-gadores, sem o barulho do tor-cedor não tem brilho; eles ani-mam e incentivam os jogadores.

No universo da partida de futebol, o torcedor sujeitar--se a sofrer, a vibrar pelo time de sua simpatia, até o último minu-to de jogo, na esperança de ver o gol da vitória.

Todo time tem em sua equipe, a “peça” principal de destaque, que chuta forte, que em termos defensivos, um des-falque (ausência do jogador) pode chegar a comprometer o

rendimento do time. O jogar fu-

tebol com outras seleções, em que a seleção brasileira es-teja jogando, faz dos erros no passe com bola, por jogadores de ambas as seleções

(times), são quase semelhantes. Isso se deve a exportação de talen-tos Nacionais para compor o elen-co do futebol Europeu. Ou seja, ao se ensinar aos europeus a táti-ca do nosso futebol, perde-se um pouco as características do nosso “futebol arte“. Nada mal, isso é a globalização do aprendizado.

Quando o assunto é ter a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, espera-se da Federação Internacional de Futebol Associa-ção - (FIFA) conjuntamente com a Confederação Brasileira de Fu-tebol -(CBF), que possa disponi-bilizar ingressos com preços aces-síveis ao cidadão Brasileiro. Este deve também ser contemplado na “Lei geral da Copa”.

Com relação á indisciplina no Futebol, essa tem tirado o bri-lhantismo do espetáculo esporti-vo. Oras marcado pelos comporta-mentos impróprios de torcedores. Em outro, o reaparecimento de problemas ligado a supostas de-núncias envolvendo a arbitragem brasileira, beneficiando um time, e prejudicando outro. Neste caso, é algo que angústia o futebol, embora sejam casos isolados, vez por outra, causando um mal-estar (que fogem da regra).

A cara e o visual do Fu-tebol profissional Brasileiro idea-lizado pelos “astros” do Esporte, têm sido o atrativo para o públi-co mirim, que também reprodu-zem (imita) as melhores jogadas do seu ídolo.

Andson Andrade da Silva

Licenciando em Letras - Urca

Exped

iente

:

Fundado em 5 de setembro de 1997O Jornal do Cariri é uma publicação

da Editora e Gráfica Cearasat Comunicação Ltda

CNPJ: 34.957.332/0001-80

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Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores

Conselho Editorial: Geraldo Menezes Barbosa | Francisco Huberto Esmeraldo Cabral | Napoleão Tavares Neves e Monsenhor Gonçalo Farias Filho

Fale conosco Redação w [email protected] w [email protected] w [email protected] w [email protected] Departamento Comercial w [email protected] | Geral w [email protected]

O periódico do Cariri independente

Uma das drogas mais nocivas do mundo corre livremente pelas ruas da grande maioria das cidades do Ceará. Há especialistas que vão mais longe. “Não há um único município sem crack”, dizem. O dado é real e assusta. Enquanto os pais imaginam que o filho está apenas no colégio estudando, não imaginam que a droga pode estar rondando o portão de saída. Se encontrar, comprar e experimentar a droga é fácil, uma fuga ao vício tem valor inversamente proporcional, com poder destrutivo inimaginável para o inocente adolescente que quer apenas matar a curiosidade, pela “onda” de um amigo

O problema não é novo e, ao contrário do que as manchetes dos jornais deixam escapar, ele fica cada vez mais forte com o passar dos anos. Durante cada longo e bonito discurso político, há milhares de jovens usando a droga pela primeira vez, entrando em um a casa sem porta, janela, paredes, teto e chão. Enquanto audiências, reuniões e simpósios

debatem, rebatem e repetem causas e consequências dos entorpecentes, sem agir, sem uma solução real e prática, perdemos nossas crianças, nossos jovens e nossos adultos.

A dor de uma mãe, ao ver o filho tragado por uma pedrinha dourada, na contramão do efeito, faz rasgar qualquer peito. A criança, antes desnuda de vícios, a brincar na rua com sua bola, agora vive como zumbi, arrastando pés sujos, dedos queimados e corpo sem alma. Não entra em casa mais pela porta da frente. Quando os pais ainda permitem que durma no mesmo quarto, com receio de piorar a situação, passa a frequentar a porta dos fundos, levando todos os dias um objeto da família para trocar por drogas. As noites se tornam sem fim para o viciado.

O Jornal do Cariri não retrata o assunto pela primeira vez. Várias autoridades e médicos foram entrevistados em edições anteriores. Desta vez, além do usuário que tenta se livrar do vício, a reportagem

acompanhou a saga de um jovem refém do crack, desde a encomenda da droga, até o momento em que aquela pedrinha, aparentemente inofensiva, destrói seu corpo. A cena forte, deprimente e assustadora, quando o jovem parece sair da própria cabeça, chocariam até o mais experiente dos pais de família.

São as cracolândias crescendo em Juazeiro do Norte e em outros tantos municípios do Cariri, com várias crianças e adolescentes sob o mesmo estigma. Não basta reconhecer o problema. É preciso conhecê-lo a fundo, estudá-lo e agir imediamente, antes que nossa juventude se perca e não tenhamos mais armas para lutar.

A droga é uma realidade. A ignorância é uma forte aliada do traficante, que usa a descrença de pais e mães para continuar viciando e matando seus filhos aos poucos. O problema pode estar na porta ao lado.

O circo criado pelos traficantes precisa acabar, antes que sejamos nós os palhaços.

EditorialA HERANÇA DRAMÁTICA DO CRACK

2Opinião

REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

SEXTILHA CARTA

Page 3: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

3REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

Política

Page 4: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 20124Política

CASO DAS CRECHES

DONIZETE ARRUDAPolítica Procuradoria acata denúncia

para investigar ex-prefeitoMirelly Morais

Adenúncia feita pela prefeitura de Jua-zeiro foi aceita pelo Ministério Público

Federal e convertida em In-quérito Civil Público contra o ex-prefeito Raimundo Mace-do (PMDB). Após análise de 180 dias, o procurador federal Rafael Ribeiro Rayol determi-nou a abertura do Inquérito e já nomeou servidores para a autuação do denunciado, que deve acontecer em prazo má-ximo de dez dias, contados da data de publicação no último dia 24 de maio. A denúncia relata irregularidades na apli-cação de recursos do convênio n° 806066/2007 repassados pelo Fundo Nacional de De-senvolvimento da Educação (FNDE) para a construção de três creches.

A suspeita é de que o repasse do Fundo Edu-cacional destinado para as construções das três creches no modelo Pró-Infância do Ministério Educação, teriam sido utilizados para outros fins. Raimundão agora terá que responder sobre a não conclusão das creches nos bairros Parque Antônio Viei-ra, Parque São João e Vila São Francisco.

O relatório feito a pedi-

do da Controladoria do Muni-cípio foi publicado pelo Jornal do Cariri em primeira mão e apontava as possíveis irre-gularidades nas construções destas obras que já deveriam estar em funcionamento. Os recursos repassados pelo Mi-nistério da Educação foram da ordem de R$ 3.291.000,00, dos quais foram repassados ao construtor R$ 2.100.000,00,

o que garantiu até então cer-ca de 63% das obras, que ina-cabadas, se desgastam pelo tempo, enquanto aguardam o reinício dos serviços.

Como se trata de re-cursos federais, caso se cons-tate o desvio de verbas, os responsáveis podem vir a responder por improbidade administrativa. Mas, essas ações são bastante demora-

das o que significa que não serão avaliadas antes do plei-to eleitoral deste ano.

O deputado Raimundo Macedo não atendeu as liga-ções. Porém a época da de-núncia disse se tratar de mais um ato de perseguição políti-ca, garantindo que os serviços nas creches só paralisaram com o fim da licitação, fato acontecido já na gestão atual.

Hilário reconhece força da oposição e prevê embate difícil

n Creches iniciadas na gestão do ex-prefeito e, hoje, deputado federal Raimundo Macedo são verdadeiros esqueletos

“Acho que ainda seria possível reverter esse quadro, mas se não der, vamos ter que partir para o embate, que deve ser saudável, reconheço força e valores na oposição, mas se desse para haver uma recompo-sição, acho que a cidade ganha-ria mais”. A opinião é do líder maior do PMDB de Barbalha, o ex-prefeito João Hilário, que cri-tica atitudes do prefeito Zé Leite (PT), mas reafirma compromis-so de continuidade da aliança para as eleições deste ano.

Hilário é categórico quando diz que Zé Leite falha em não manter as composições que o levaram a vitória no plei-to passado. “Ele falha nisso, é inegável, mas não sei quais são suas razões, só acho que ele peca pela falta de iniciativa na esfera política e isso pode lhe render muitas oposições”, com-pleta.

João reconhece que re-

compor as alianças com os partidos que deixaram a base para fazer aposição será difícil, “alguns rompimentos são irre-versíveis, alguns partidos que hoje fazem oposição, eram nos-sos aliados, e hoje derivam de fato para uma oposição, como o PDT, do Geraldo Sinésio e o PCdoB de Maurício Teles”, lem-

bra Hilário, ainda acreditando ser possível algumas alianças. “Acho importante conversar, pois são forças valiosas, e con-sidero que houve falhas em não mantê-las, mas como esta-mos muito em cima, acho pra-ticamente irreversível, mas ser fosse eu ainda tentaria compor com essas forças”.

O PMDB, segundo ele, poderia até ter candidato, mas afirma que não seria hora de romper, pois tem uma aliança com um prefeito que tem di-reito a reeleição e o Partido não será um atropelador do proces-so. Por isso “há uma tendên-cia muito forte em repetirmos a dobradinha, sempre fomos aliados, e apesar das diferen-ças, naturais na política, a ten-dência é manter a aliança”, que de acordo com ele é um projeto que tem um alinhamento muito forte com o Governo do Estado e com o Governo Federal, sen-

do é bom para Barbalha. “Tem os seus defeitos, é forçoso di-zer, mas é um projeto que tem levado a cidade à prosperidade. Embora ele não seja focado em pessoas, mas é um projeto que tem que continuar”, reafirma o peemedebista reconhecendo que na própria oposição tem muita gente de valor, com ser-viços prestados, mas acreditado que o projeto deve continuar.

O senador Eunício Oli-veira, presidente estadual da sigla, também comunga da mes-ma opinião e já avalia o quadro como resolvido. “Há um enten-dimento já bastante avançado pela manutenção da aliança PT- PMDB em Barbalha, mantendo o PMDB na vice e o PT na cabe-ça de chapa. Temos uma aliança há bastante tempo e conversei com Betilde e com João Hilário, eles acham que é um bom cami-nho e vão andar nessa direção”, revela Eunício.

CRATO

Wilson Rodrigues e Ed Alencar

Inevitavelmente temas como: Canal do Rio Gran-geiro, mudança de local da Expo Crato e a implantação do Aterro Sanitário Consor-ciado do Cariri vão está na pauta dos candidatos durante a campanha a prefeito no mu-nicípio do Crato. São assuntos polêmicos que dependem de decisões políticas para serem efetivados, que dividem a opi-nião publica e certamente vão esquentar os debates na cam-panha sucessória.

A população vai estar atenta no que os pretensos a prefeito no município vão falar na campanha sobre es-sas questões consideradas proeminentes. A questão da reconstrução do Canal é fato unâninme, mais os outros dois empreendimentos, objetos de desejo do governo Cid Go-mes (PSB), diverge opiniões. A proposta do governador é tirar a exposição agropecuária

de onde está e entregar a área para a Universidade Regional do Cariri (URCA) se expandir. E o Aterro Sanitário o crato foi pretendido por ser, regional e estrategicamente, ideal para receber o lixo de vários muni-cípios do cariri.

Sobre o aterro, o pré candidato a prefeito pelo PMDB, Ronaldo Gomes de Matos, diz ser contra 100 % das instalações serem em terri-tório cratense. Ele defende que seja em um local onde Crato, Juazeiro e Barbalha possam cada um ceder parte de seu território e consensualmen-te depositarem seus resíduos sólidos para serem reciclados. Ronaldo admite desconhecer o projeto, mas se comprome-te a estudá-lo e se posicionar melhor sobre a questão. “Se for um lixão a céu aberto, dis-cordo. Caso seja uma fabrica de reciclagem, sou de acordo”, declara. Sobre a ExpoCrato, Ronaldo disse: “permanecen-do onde está favorece uma

fatia da população na questão do fácil acesso, avaliando que “a saída para outro local seria interessante se considerarmos os recursos de R$ 25 milhões, sem falarmos nos investimen-tos que a urca propõe oferecer com sua ampliação, portanto defendo um plebiscito entre a população para que ela decida sobre a questão”, concluiu o peemedebista.

Já a posição dos dois pré-candidatos a prefeito pelo PT, Marcos Cunha e Roberto Oliveira é semelhante. Para Marcos, é preciso diferenciar o Aterro Sanitário de um lixão e adiantou “isto ainda não foi claramente explicado e trata-se de um tema que a população deve ser consultada”. Roberto diz só ser interessante se o ater-ro significar geração de renda e for ecologicamente correto. Já quanto a mudança de local da Exposição, Marcos Cunha afir-ma que “se for para o bem da festa agropecuária e da Urca, a idéia é interessante e e seu

companheiro de partido consi-dera que o espaço ficou peque-no para a grandeza do evento. Para o pré-candidato, Cícero França (PV), apoiado do pre-feito Samuel Araripe (PSDB), “o Aterro Sanitário não deve ser instalado no Crato e sim em Caririaçu onde o prefeito já demonstrou interesse”, comen-ta Cícero, afirmando que dará todo apóio a idéia de um con-sórcio público para a funcio-nalidade do empreendimento. Com relação a ExpoCrato, Cí-cero França defende a constru-ção de um novo parque, mas no mesmo local, onde segundo ele há espaços suficientes.

O pré candidato do (PPS), Raimundo Filho disse que traria o lixão sem essa no-menclatura, nos moldes mo-dernos existentes nos grandes centros do país, capaz de pro-mover o desenvolvimento. Raimundo defende a revita-lização do Parque de Exposi-ções nas áreas ociosas de for-ma organizada.

Pré-candidatos antecipam debates polêmicos

n Ex-prefeito João Hilário

Arthur Luiz

DIVULGAÇÃO

Guimarães vitorioso para 2014Quem se deu bem para as eleições de 2014 no PT foi o deputado federal José Guimarães. Fechou um acordo com a prefeita Luizianne Lins. Mesmo desagradando ao governador Cid Gomes, apoiou o nome de Elmano Freitas a prefeito de Fortaleza e, como contrapartida, assegurou o direito de indicar a candidatura do PT ao Senado e de respaldar o candidato de Cid ao Governo, mantendo com o PSB. Guimarães pavimentou a estrada que o elegerá ao Senado respaldado com a presidente Dilma Roussef. Luizianne fez seu candidato, mas estará fora da corrida na chapa majoritária daqui a dois anos. Deverá concorrer a um mandato de deputada federal, se cumprir sua palavra.

Camilo paga o preço da inexperiênciaUm dos grandes perdedores na escolha do candidato a prefeito do PT de Fortaleza foi o deputado estadual Camilo Santana. Ele tentou até o último momento adiar a indicação de Elmano Freitas, mas o seu padrinho José Guimarães preferiu fechar um acordo com a prefeita Luizianne Lins. Ao avaliar os prós e contras, Guimarães julgou não ter força interna dentro do PT para barrar o nome de Elmano. Esta semana, Camilo deverá ser convidado a entregar a Secretaria das Cidades pelo governador Cid Gomes. O Cariri pode continuar com o cargo. O nome mais cotado para substituí-lo é do também deputado estadual Daniel Oliveira, do PMDB. No entanto, o deputado Welington Landim não irá mais para a liderança do Governo. A vaga a ser aberta com o afastamento do deputado Antonio Carlos (PT) está indefinida. Camilo continua em alta com o governador e retornará para a Assembleia.

Governador avalia cenários do CaririCid Gomes está preocupado com a candidatura do deputado Sineval Roque no Crato. Não compreende as razões dela não crescer na velocidade necessária ao projeto de poder do PSB no Cariri. Na semana passada, durante inaugurações no município de Parambu, Cid fez uma radiografia sobre os cenários eleitorais em todo o Estado. Deteve-se mais nas cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato. Em Juazeiro, Cid não gostou dos movimentos do deputado Raimundo Macedo – tem pedido ajuda sistemática ao ex-senador Tasso Jereissati(leia nota abaixo). Em Barbalha, a sucessão está nas mãos do deputado Camilo Santana a quem o Governador confia cegamente. No Crato, Cid confessou que Sineval Roque enfrenta dois fortes candidatos e que precisa melhorar seu desempenho. Na cúpula estadual do PSB, houve até quem sugerisse a troca de Sineval por André Barreto, hipótese rechaçada pel o ex-ministro Ciro Gomes. Para Ciro, Sineval é o candidato do PSB para ganhar e para perder.

Raimundão se aconselha com TassoEncalacrado pelo Tribunal de Contas dos Municípios(TCM), pelos vereadores de Juazeiro do Norte e pelos juízes do Tribunal Regional Eleitoral(TRE) do Ceará, o deputado Raimundo Macedo tem se aconselhado demais com o ex-senador Tasso Jereissati. Tem sido visto com frequência no escritório do líder máximo dos tucanos cearenses. Esse fato chegou ao conhecimento do governador Cid Gomes e do senador Eunício Oliveira. Irritou aos dois. Raimundão justificou a ida lá como a necessidade de pedir ajuda para seus julgamentos em várias cortes de contas e eleitoral, mas reafirmou sua lealdade política a Eunício. O governador é homem de poucas palavras, mas é desconfiado com esses movimentos políticos bruscos de Raimundão.

Antonina assiste eleição e escândaloÉ inacreditável: um prefeito interino, Antonio Roseno Filho, que pretende se eleger nesta quinta, 7, definitivamente, nem comanda definitivamente os destinos de Antonina do Norte e sua administração está comprometida. As denúncias são muitas e recaem sobre diversas áreas. A Polícia Federal já esteve na cidade e de lá levou computadores e provas sobre o desvio de recursos do FUNDEB e a retenção do dinheiro que, por Lei, é destinado ao pagamento dos professores. Enganados, os professores denunciaram a administração tampão do prefeito Antonio Filho ao Ministério Público Federal e ao Ministério da Educação. O escândalo é acintoso. A fraude com o dinheiro da educação, a se confirmar, chocou as autoridades. O dinheiro da educação em Antonina é desviado para todas as finalidades, menos para incentivo e desenvolvimento do magistério. Como se trata de verba federal e que não pode sofrer desvio de finalidade, a PF está à frente das investigações.

Passo a passo para o entendimentoQual o futuro político do deputado federal Manoel Salviano? Seria arriscado afirmar que ele não apoiaria sob nenhuma hipótese a candidatura de Raimundo Macedo. Sinceramente, não. É isso que ele tem repetido em Brasília e Fortaleza, no Palácio Abolição. Salviano está dividido entre ser candidato a prefeito ou apoiar a candidatura de Manoel Santana. A outra possibilidade, votar em Arnon Bezerra, por ora, está descartada. Ciente de que é fundamental conquistar esse apoio para o palanque de Santana, Guimarães tem insistido nas conversas com Salviano. Na semana passada, os dois viajaram em poltronas vizinhas no vôo Fortaleza-Brasília. Foram duas horas e meia de papo. Assuntos amenos entre amigos.

Disse me disse...• O apoio do prefeito Samuel Araripe a seu candidato Cicinho no Crato, por enquanto, é apenas de boca. Nada de mobilizar recursos para uma campanha a ser levada a sério.

• Senador Eunício Oliveira participou de encontro da Juventude do PMDB na cidade de Barbalha. Sua presença tem sido constante dentro de sua estratégia de priorizar a região de olho em 2014 para ser o governador do Cariri.

• Deputado Zé Airton Cirilo fecha apoio a reeleição do prefeito Washington Fechine, de Missão Velha, mesmo ele não sendo do PT. Cirilo amplia sua presença no Cariri onde já é votado em Salitre.

• O médico e ex-vereador Valdetário Brito se desfiliou do PC do B e anúnciou sua retirada da vida pública. A motivação decorreu da decisão do partido de desistir da candidatura própria para avançar rumo aos entendimentos com uma coligação com PSB cratense.

• Em Campos Sales, o secretário de Governo, Chistian Martins, trabalha para abafar um grande escândalo na gestão do prefeito Paulo Ney, envolvendo três secretários.

• As investigações tem como ponto de partida um escritório de contabilidade na cidade de Várzea Alegre e se estenderia por diversos municípios, sendo os principais, Jardim e Campos Sales.

• Desculpe a ignorância, até quando os prefeitos irão acreditar que podem agir impunemente com os recursos da educação?

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Crack se espalha, destrói vidas e desafia autoridades no CaririAglécio Dias

U ma pequena pedra dourada surge de dentro do papel de alumínio. Há um

grande cuidado para não dei-xá-la escapar. Depois de divi-dida em minúsculos pedaços, é juntada a uma porção de cinza de cigarro. O cuidado e a precisão do ritual se asseme-lha a de um médico em meio a uma cirurgia delicada. O corpo magro e sujo, e as mãos trêmulas do jovem segurando a latinha de refrigerante e um palito de fósforo aceso denun-cia. É um usuário de crack.

O ambiente escuro e som-brio, ao lado de um mercado público, no centro de Juazeiro, é o local ideal para o jovem e muitos outros viciados se reu-nirem para consumir a dro-ga, principalmente à noite. O ponto, porém, é apenas mais um entre muitos outros espa-lhados pela cidade.

A facilidade em com-prar a droga é outro atrativo para tornar o local tão fre-quentado. Basta uma ligação de um telefone público para o produto chegar às mãos do

“consumidor”. Em poucos minutos, o produto é entregue ali mesmo, no meio da rua, e em qualquer hora. Quem ven-de? Ninguém revela.

Com 19 anos de idade, mas aparentando ter o dobro, o personagem, que pediu para ter o nome preservado, conta ser viciado em “pedra” desde os 14 anos. Vindo de uma fa-mília de “desmantelados”, o

jovem, hoje morador de rua, afirma que consome mais de 10 pedras de crack por dia, as quais consegue com dinhei-ro que ganha olhando carros nas ruas do centro. “Não de-sejo essa vida para ninguém. É uma droga que acaba com a pessoa”, comenta com os olhos marejados, ao se lem-brar da família que o adotou após sair da casa dos pais bio-

lógicos. “Depois que me vi-ciei, eles perderam a confiança em mim e tive que ir morar nas ruas”, lamenta.

O jovem viciado é ape-nas mais um entre tantos ou-tros dependentes do crack que circulam por alguns pontos, considerados “pequenas cra-colândias” na cidade do Padre Cícero. São pessoas de diver-sas classes sociais que se vicia-

ram em uma droga destrutiva, que vem preocupando autori-dades e especialistas em todo país, e tem crescido assusta-doramente na região do Cari-ri, principalmente em Juazeiro do Norte.

Segundo os próprios usuários entrevistados pela reportagem, é fácil encon-trar os locais onde há maior concentração de usuários da droga. Como, por exemplo, nas imediações da rua Alen-car Peixoto e São Pedro, ou na rua Dr. Flóro com rua São José e ainda na Matriz (ao lado da Centro de Apoio aos Romeiros). Outro local que costumam frequentar para consumir a substância é nas imediações da linha férrea, próximo à Igreja Nossa Se-nhora das Dores, no bairro Pio XII. São locais por onde a po-pulação passa e muitas vezes nem se dá conta de que ali são pontos de consumo de drogas.

Um dos grandes desa-fios da medicina atual é exa-tamente tentar recuperar esses viciados, tarefa árdua, princi-palmente por ser uma droga que vicia em pouco tempo. Para a coordenadora do Cen-

tro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), de Juazeiro do Norte, Aman-da Muri, o tratamento vai muito além de uma simples internação. “É preciso pri-meiro que o viciado queira o tratamento, que os familiares apóiem e que o paciente tenha um acompanhamento perma-nente, pois ele pode ter uma recaída a qualquer momento”, explica.

O Caps AD de Juazeiro atende hoje em dia cerca de 50 pacientes, a grande maioria vi-ciado em drogas, especialmen-te o crack. Entre esses usuários está Agnaldo (nome fantasia). Viciado há três anos, ele faz tratamento no centro há um ano e meio, e fala da dificul-dade que enfrenta para tentar sair do vício. Com 34 anos e pai de quatro filhos, Agnaldo diz que bastou usar a droga uma única vez para se tornar dependente. Mesmo em trata-mento, ele assume que muitas vezes não conseguiu se con-trolar. “Já consegui sair do ví-cio de outros tipos de drogas como álcool, maconha e cocaí-na, mas dessa eu já tentei, mas não consigo”, lamenta.

n Jovens enfrentam o drama do vício pelo crack nas ruas de Juazeiro

Medo: Segurança na Ponta da Serra continua críticaAglécio Dias

Assalto a comércios, rou-bos de motos, vendas e consumo de drogas e bebidas alcoólicas, além de paredões de som no úl-timo volume. Até poucos dias essa era uma realidade quase que diária para os mais de dez mil habitantes da Ponta da Ser-ra, distrito que fica a cerca de três quilômetros da sede municipal do Crato.

A presença de uma viatu-ra no local era quase uma rarida-de. Segundo moradores, quando a polícia era solicitada para aten-der algum tipo de ocorrência como badernas ou assaltos e fur-tos, o tempo de espera era muito grande.

Hoje a situação mudou um pouco. Recentemente, o dis-trito recebeu a presença de três policias militares, que fazem o patrulhamento permanente em duas motos durante os fins de semana. Porém, mesmo com a presença dos policiais os mora-

dores ainda não se sentem total-mente seguros, uma vez que du-rante os outros dias da semana, a situação não mudou com relação a insegurança. “Precisamos de policiamento em período inte-gral todos os dias, porque du-rante a semana, quando não há policiais na região, os problemas com álcool, drogas e abuso de motoqueiros e motoristas con-tinuam”, explicou Agnaldo Vi-cente, diretor da escola Professor José Bezerra de Brito, onde estu-dam 640 crianças e adolescentes.

A preocupação de Ag-naldo é relevante, já que, segun-do ele, durante os dias em que não há policiamento, é comum ver jovens bebendo em bares ou andando de motos de maneira imprudente, colocando vidas em risco, inclusive de alunos do próprio colégio. “A falta de fis-calização de órgãos de trânsito também contribui para que isso ocorra”, ressaltou o diretor, que cobra também lombadas em frente aos colégios locais.

Diretora do colégio Esta-dual de Ensino Médio Joaquim Valdevino de Brito e mãe de adolescentes, Regilânia Gomes comenta que nos fins de sema-na, quando os policiais estão na região, os moradores ficam mais tranquilos, mas quando chega segunda-feira a situação volta a ficar complicada. “O roubo de motos aqui é constan-te. Nós inclusive já ficamos sem professores porque os motota-xistas não fazem corridas para determinados locais, por medo de assaltos, o que geralmente ocorre a qualquer hora do dia”, esclareceu.

SegurançaPara o capitão Vieira, do

5ª Cia do 2º Batalhão de Policia Militar do Crato, a quantidade de policiais na Ponta da Serra é suficiente. Ele afirma que de-pois que o grupo passou atuar, os índices de criminalidade na região diminuiram considera-velmente.

DROGAS5REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

PolíticaCidades

Samuel Macedo

Inciativa une esperança e solidariedade Ingrid Monteiro

“Iniciativas como es-tas são bastante gratificantes, pois a maioria das pessoas só sabe julgar e acusar nossos maridos, mas na realidade eles já estão presos para pa-gar pelo que fizeram, mas aqui fora uma família sofre e precisa de ajuda”. Estas palavras são da dona de casa Efigênia Sobrinho, que assim como milhares de mulheres de detentos em todo o país batalham para criar seus fi-lhos sem a presença e ajuda de seus companheiros. Em Juazeiro do Norte, um grupo de religiosos acolhe famílias na Penitenciária Industrial Regional do Cariri (PIRC), considerada a maior peniten-ciário na região.

Realizado desde março desse ano, o projeto Famílias Restauradas visa evangelizar os filhos e pa-rentes de detentos durante

os dias que acontecem as visitas. Através de música, teatro, leituras e o compar-tilhamento de um saboro-so café da manhã, crianças e adultos recebem o apoio necessário para superar as dificuldades do dia a dia e o preconceito da sociedade.

De acordo com o capi-tão da Polícia Militar, Agra Filho, coordenador do proje-to, muitas crianças vão até o presídio aos domingos para visitar seus parentes e para elas a visita é um dia especial e de muita festa. “Pensando em como essas crianças cres-ceriam achando normal o convívio com o sistema car-cerário, algo que poderia afe-tar suas vidas, surgiu a ideia de desenvolver uma inciati-va para acolher estas crian-ças, evangelizá-las e ajudar a mudar os seus destinos”, explica o policial.

A cada encontro, a pe-nitenciária recebe a visita de

uma igreja, que coordenada as atividades de socializa-ção entre os pequenos por meio dos ensinamentos reli-giosos. Cerca de 40 crianças, geralmente com faixa etária entre dois meses a 14 anos, recebem cartilhas educati-vas e aproveitam a visita aos seus pais para compartilhar a leitura.

Para a dona de casa Ana Paula, mãe de dois fi-lhos, a acolhida do projeto é um diferencial marcante. “Muitas vezes chegamos aqui sem ter ao menos nos alimentado, mas deparamos com um café da manhã ma-ravilhoso”, enfatiza. “Estou passando por muitas difi-culdades financeiras e emo-cionais, pois meu esposo está detido há sete meses e no momento estou desem-pregada, o projeto tem me ajudado a superar este mo-mento tão difícil”, acrescen-ta emocionada. n Mães e filhos visitam Penitenciária Industrial Regional do Cariri com acompanhamento religioso

n Mesmo com policiamento, população ainda se sente insegura e pede mais atenção

Aglécio Dias

Samuel Macedo

Page 6: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

SANTO ANTÔNIO

6 REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

Cidades

Festa do Pau da Bandeira em Barbalha agita o CaririRaphael Barros

A trezena de Santo Antônio tem re-gistro de mais de duzentos anos em

Barbalha. São 13 dias de festa e oração em homenagem ao padroeiro do município, ten-do início no primeiro dia de junho. O ponto alto do festejo aconteceu no dia três, quan-do houve o cortejo do pau da bandeira de Santo Antônio. O mastro saiu do sítio São Joaquim e foi levado nos om-bros dos carregadores num percurso de seis quilômetros até a igreja matriz.

Para coordenar todos os detalhes do festejo, existe o capitão do pau da bandeira, responsável desde a escolha da árvore, passando pelo cor-te, hasteamento, e chegando às questões de segurança do evento. Há 11 anos a função é exercida por Rildo Teles, que só aceitou a incumbência depois de ter o apoio do ex--capitão, Agostinho José dos Santos, e a parceria de Dodó, carregador de uma tradicio-nal família de Barbalha.

Este ano, procurou-se não ter embate com os órgãos ambientais. Rildo entende que a festa do pau da ban-deira está passando por mu-danças e precisa se adaptar. Hoje, quando uma árvore é

cortada, duzentas mudas são plantadas. “Temos o compro-misso de fazer com que nossa tradição não morra pela falta de árvores. O Instituto Chico Mendes sugeriu quatro e es-colhemos uma para ser corta-da no sítio São Joaquim. Não queremos mais criar nenhu-ma celeuma entre a festa e o instituto”, explicou o capitão.

CorteA árvore que serve

de mastro tem de ter al-guns critérios: 1) ser gran-de, a maior possível, para que muitos fiéis possam carregá-la; 2) ser grossa, não pode ser fina, porque assim não dá para demonstrar, por meio do sacrifício dos carregadores, o esforço e a

fé; 3) tem de ser reta, sem muitas sinuosidades.

A deste ano é um Jaca-randá de 23 metros e 2,8 to-neladas. Por conta disso, foi mudado o tempo de cortejo, saiu mais cedo duas horas. Antes saía 12h, e passou para 10h. Tudo isso para fazer com que não se tenha nenhum problema durante o percur-

so. O buraco para colocar o mastro tem quase dois me-tros de profundidade.

Depois da festa, o caule da árvore é doado aos dois padres da cidade, Alencar e Audízio. Daí eles escolhem o que vão fazer: já fizeram cruz e, também, souvenir para arrecadar di-nheiro para a Igreja.

MemorialUm pedido foi feito ao

governador Cid Gomes para a construção de um memorial ao pau da bandeira. Os recur-sos para a obra serão libera-dos quando a prefeitura fizer o projeto do prédio. Até agora nenhuma ação foi orquestra-da. “É importante preservar a memória do evento, com os troncos das árvores, com fotos, depoimentos. Mas não houve interesse do poder pú-blico municipal com relação ao projeto que o governador pediu”, lamenta Rildo.

A festa está sendo tom-bada como patrimônio pelo Instituto do Patrimônio His-tórico e Artístico Nacional (IPHAN). “Isso é mais uma prova que precisamos preser-var nossa cultura, por meio de um espaço físico. O evento tem tudo a ver com a religio-sidade, com a fé, com a tradi-ção de Barbalha, nós sabemos a importância disso”, conclui o capitão do pau da bandeira.

CuriosidadeO cortejo sempre traz

uma história diferente. Hou-ve uma festa em que o mas-tro foi preso pelo instituto Chico Mendes. Precisou-se de uma liminar da Justiça para liberá-lo. Gerou uma comoção grande na cidade.

n Dezenas de homens se revezavam no carregamento do Pau da Bandeira até o buraco cavado em frente à Igreja Matriz

Samuel Macedo

Tradição popular atrai milhares de solteiras

Ingrid Monteiro

Com a chegada do mês de junho, todas as atenções se voltam para os festejos a San-to Antônio. Um das maiores e mais tradicionais festas po-pulares ao santo casamenteiro acontece na cidade de Barba-lha, atraindo milhares de pes-soas todos os anos, mas em especial o público feminino, que vê na festa secular uma grande oportunidade para conseguir casamento.

Este ano a Noite das solteironas será realizada no dia 02 de junho, marcando o início da festa que une ele-mentos sagrados e profanos ao demonstrar a riqueza da cultura popular cearense. A noite que reúne centenas de mulheres solteiras já faz par-te da tradição barbalhense, principalmente através da de-dicação da advogada Socorro Luna, idealizadora e coorde-nadora do evento.

Conhecida como a sol-teirona mais famosa do Brasil, Socorro enfatiza que as tradi-

cionais simpatias com as las-cas do Pau da Bandeira são a receita certa para as solteiras que desejam um final feliz depois de uma longa espera. “As pessoas compram o kit milagroso, tomam o chá e ca-sam”, garante. “A simpatia é infalível, mas é contraindica-da às pessoas avessas ao casa-mento”, acrescenta.

Há dez anos, a advoga-da é responsável pela realiza-ção da Noite das solteironas, assim como a criação e venda dos “kits de primeiros socor-ros” para as mulheres enca-lhadas. A ideia surgiu com o objetivo de resgatar a realiza-ção das tradicionais quermes-ses durante os dias da festa. Atualmente, o sucesso dos kits com pedaços do mastro da bandeira de Santo Antônio atrai até mulheres de diferen-tes estados do país, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Recife, Maranhão. “Eu nunca achei que uma simples brincadeira fosse tomar uma proporção tão grande em todo o país”, declara animada.

As especiarias podem ser encomendas e entregues pelos correios. Todo o dinhei-ro arrecadado na barraca das solteironas é doado para a paróquia da cidade. Medalha, orações, terço contra a soltei-rice, essência do amor, chá contra inflamação no matri-mônio e as gotas milagrosas de Santo Antônio são algu-mas das muitas ideias orga-nizadas com muita dedicação pelas solteironas barbalhen-ses todos os anos. Mas elas não se esquecem do ingre-diente mais importante: a fé.

Pessoas como a es-tudante Larissa Silva leva a tradição a sério. “Este ano não vou perder a festa, sem esquecer também de adquirir um kit milagroso para conse-guir um namorado”, revela entusiasmada. A barraca das solteironas não vende apenas as simpatias, mas conta com a realização de brincadeiras e apresentações musicais com artistas locais. Uma combina-ção perfeita para os que pro-curam alegria e diversão.

n Solteirona de Barbalha garante casamento com suas ‘porções milagrosas’

Arthur Luiz

Page 7: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

EUROVILLE

7REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

PolíticaCidades

A CLINIMAGEM de Juazeiro do Nor-te está realizando exames especiais nas áre-as de Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada.

Artrorressonância de ombro, Espectrosco-pia cerebral, Difusão cerebral, Perfusão cerebral, Tractografia, Ressonância das Mamas, Colangior-ressonância e Angiorressonância em geral de va-sos do pescoço, tórax e abdome. Dacriocistomo-grafia com aparelho multislice (exame dos ductos lacrimais) e estudo tomográfico do tromboembo-lismo pulmonar (TEP), com bomba injetora, na

área de tomografia computadorizada.Todo o corpo clínico da Clinimagem tem

título de especialista pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.

A CLINIMAGEM possui nas suas dependências 02 aparelhos de Ressonância Magnética, um deles de 1.5 Tesla, de alto campo, último modelo lançado pela

GE e um outro de campo aberto. Este último podendo ser utilizado por pa-

cientes claustrofóbicos (que têm medo de ambientes fechados),

além de realizar radiografias digitais, mamografia digital e outros exames.

CL IN IMAGEM

DE JUAZEIRO DO NORTE

REALIZANDO EXAMES ESPECIAIS

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Cultura europeia será tema de parque temático em SantanaRaphael Barros

Bruges é uma cida-de medieval da Bélgica, na Europa ocidental. Também

será o nome de um parque temático que tem previsão para ser inaugurado em julho de 2013 em Santana do Cariri. O empreendimento é do den-tista e professor aposentado José Pereira, um dos proprie-tários da Euroville, complexo de casas residenciais de estilo europeu no distrito de Arapo-ranga, em Santana.

Na última viagem à Eu-ropa, José Pereira conheceu a cidade e ficou encantado com a arquitetura chamativa e que poderia ser construída no Ca-riri com poucos recursos. A ideia é fazer um local realmen-te turístico, onde as pessoas possam desfrutar da comida de localidades europeias.

As obras já começaram, ao final, haverá uma taberna, choparia, chocolateria e loja de artesanato. “Vamos cons-truir também canais, como os de Amsterdam, que na verdade funcionarão como um pesque e pague. Além de uma área de entretenimento e algumas estalagens para pes-soas que vêm de mais longe”, explica o empresário.

Assim como na Eu-roville, o parque temático

Bruges também terá casas de vários países europeus, com estilos encontrados em Ams-terdam, em Canterbury, na Inglaterra, e na cidade que dá nome ao empreendimen-to. Escolheram as construções com maior efeito estético.

EurovilleHá cerca de oito anos,

teve inicio a construção da Eu-roville, um complexo de casas particulares com influência das arquiteturas europeias. Como a família é numerosa e não queria atrapalhar o sosse-go da casa dos pais, os filhos pensaram que seria bom que existissem locais próprios para cada um. Porque poderiam fazer festas sem atrapalhar a vida dos progenitores. Daí nasceu a vontade de construir casas inspiradas em diferentes arquiteturas européias, já que todos os irmãos conheciam bem a Europa.

Construíram casas em estilo grego, francês, ita-liano, espanhol, português e inglês. Um dos irmãos, o urbanista Francimar Perei-ra, que trabalhou 34 anos na Europa, foi o responsável por projetar as construções. Quando passava férias em Santana do Cariri, recrutava alguns mestres de obra, pes-soas da região mesmo, para a execução do projeto.

Pela exuberância das casas, muitas pessoas come-çaram a visitar o local, mesmo sendo de difícil acesso. Estima--se em cinco mil o número de visitantes, entre brasileiros e estrangeiros. Sempre fazem a mesma pergunta: “Isto é um parque temático”? E recebem a mesma resposta: “Não, é uma área residencial”. Mesmo as-sim, todas as pessoas que che-gam são bem recebidas, mes-mo quando entram nas casas sem pedir licença.

“O pessoal vinha, acha-va bonito, e a gente acolhia. Mas depois começou a inco-modar, porque na verdade isso são casas. Às vezes a gente tava deitado na sala, descan-sando, sem camisa, aí chegava uma excursão”, se diverte José Pereira. A ideia do parque te-mático Bruges nasceu daí, para que os caririenses possam sen-tir um pouco da fantasia dos que vivem na Euroville.

n As construções da Euroville buscam retratar com fidelidade prédios e costumes de outros países

Márcio Dornelles

Page 8: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

MERCADO

8 REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

Cidades

PREFEITURA DE JUAZEIRO

1/2 PÁGINACOR

Comerciantes do Pirajá reclamam de preços e higieneChagas Lima

O Mercado do Pirajá, construído no iní-cio da década de 90, concentra hoje

cerca de 700 boxes, comercia-lizando confecções, bijuterias, alumínios, artigos religiosos, artesanato, ferragens, frutas, verduras, carnes e uma infini-dade de outros produtos típi-cos da região.

Não existem dados so-bre o número de pessoas que freqüenta o local diariamente. Embora tenha sido terceiriza-do pela Empresa SR Empre-endimentos, o Mercado do Pirajá não dispõem de con-dições higiênicas adequadas, principalmente nos setores de carnes e frutas, provocan-do constantes reclamações. “Quem entra nos galpões des-tinados a esses produtos, logo se depara com a falta de hi-giene. Alguns marchantes não usam aventais, tocas e luvas no corte da carne”, reclama a

freguesa Maria Silva.De acordo com o Pre-

sidente da Associação dos Permissionários do Mercado do Pirajá, Cláudio Lacerda, a Empresa SR Empreendimen-tos está cobrando alto e fa-zendo muito pouco. “A nossa luta maior hoje é para que eles possam cuidar da segurança e da limpeza, que não existem

aqui no mercado. Há três pes-soas fazendo a limpeza desse mercado. Está com dois anos e seis meses que esse mercado foi lavado”, denuncia.

Segundo relatos, a úni-ca medida que é a varredura do espaço. Foi uma verdadei-ra briga para a empresa cons-truir o piso em algumas áreas do mercado e iniciar a recons-

trução do estacionamento. A obra ainda está inacabada. “A empresa SR Empreendi-mentos não tem credibilida-de nenhuma para dizer que concluiu a obra do estaciona-mento do mercado do Pirajá”, afirma Cláudio Lacerda.

Quanto ao reajuste de 100% proposto pela empresa, o presidente da associação

considera abusivo. Conforme explica, a maioria dos permis-sionários paga R$ 15,00 por cada box. Existem também os de R$ 50,00 e R$ 60,00. A atual administradora do mercado está querendo dobrar o va-lor de R$ 15,00 para R$ 30,00. Quem paga R$ 50,00 vai pa-gar R$ 100,00. “É um aumen-to abusivo. Primeiro, existem muitos permissionários aqui que não podem pagar. Segun-do, porque o aumento é de 100% e lei nenhuma dá esse direito”, diz Cláudio. O per-missionário José Nunes tra-balha no mercado há mais de vinte anos e lamenta o estado de conservação do local, afir-mando que a sujeira está pra-ticamente por todas as áreas do mercado. Também acha o reajuste abusivo. Atualmente, paga R$ 60 de aluguel, que agora vai subir para R$ 120.

EmpresaO diretor-administrati-

vo do Mercado, Silvano Alves,

nega que o reajuste de 100% seja para todos os permissio-nários. Segundo ele, é apenas para aqueles que pagam R$ 15,00 mensais de aluguel. A justificativa é de que o valor do aluguel está extremamen-te defasado e o dinheiro ar-recadado mal dá para cobrir com as despesas do local. “Em janeiro, por exemplo, arrecadamos de aluguel um total de R$ 13.935,70 e a des-pesa com funcionários, ener-gia, etc., somou R$ 13.280,00”, argumenta.

Com relação à falta de limpeza em alguns setores, Silvano afirma que muitos permissionários (marchan-tes), não colaboram neste sen-tido. “Eles jogam vísceras e outros detritos nos corredores e até em boxes vizinhos, que estão desocupados, ao invés de depositá-los nos tambores colocados em pontos estraté-gicos. Ou seja, falta na ve4r-dade educação por parte de-les”, declara.

n Permissionários do Pirajá pedem mais higiene, segurança e preços justos nos aluguéis.

Defensores públicos procuram apoio para fortalecer o trabalho da classeSerena Morais

Os defensores públicos da região do Cariri têm exposto a real situação local, referente à quantidade de profissionais trabalhando para que faça valer esse direito. O diretor da Defen-soria Pública do Crato, Emma-nuel Leal de Santana, explica que a construção de uma de-fensoria mais forte e sólida será um bem para toda a sociedade, pois o papel da defensoria pú-

blica é amplo. “Nós resolvemos muitas questões através da me-diação e resolução extra judicial do processo. Isso agiliza muito a ação”, fala Emmanuel.

Em números, o diretor apresenta que em Barbalha a Defensoria Pública atende cer-ca de 320 pessoas por mês, em Juazeiro do Norte, são atendi-das em torno de 800 pessoas por mês e na cidade do Crato, são mais ou menos 500 pessoas atendidas por mês. Em Crato,

uma média de 40 acordos são realizados e mais 40 ajuizadas. “Infelizmente os servidores pú-blicos não conseguem prestar um serviço de qualidade para todos e muitos nem recebem atendimento. A nossa luta é para que possamos mudar esse quadro”, diz Emmanuel.

A situação engloba o estado do Ceará onde, nos últi-mos anos foram nomeados 146 defensores públicos, mas 69 já não atuam mais na área. Das

184 comarcas, existem defen-sores públicos em apenas 51. E apesar que no ano de 2005 fo-ram criados mais de 400 cargos de defensores no estado, hoje são somente 291 profissionais, pois os cargos não são preen-chidos.

Algumas das reivindica-ções dos defensores públicos da região são: a autonomia funcio-nal e administrativa, concurso público para preenchimento dessas vagas e adequação do

subsidio “Nós não estamos lu-tando por uma defensoria forte simplesmente porque nós so-mos defensores. Nós estamos lutando por uma defensoria forte porque nós acreditamos que todo mundo merece ter acesso à justiça” conclui Emma-nuel Leal.

DireitoÉ sabido que todos os ci-

dadãos, principalmente os com menores rendas, têm direito a

serviços gratuitos como a edu-cação e saúde. E dessa mesma forma, todos têm direito de re-ceberem acompanhamento de um defensor público, caso seja necessário. Segundo é previsto no artigo 5º da Carta Magna, todos devem ter acesso à Jus-tiça, através do profissional advogado. E nesse caso esta-mos falando de um advogado público que atua na defesa dos interesses de uma pessoa, o de-fensor público.

Samuel Macedo

Page 9: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

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O periódico do Cariri independente

Sociedade em FocoPOR WALESKA MARROCOS [email protected]

Foi com uma turma super animada que Mariana Sá comemorou seus 15 anos. Filha de Edmundo Sá e Lusiana Bezerra, ela estava muito feliz com suas amigas comemorando essa data tão especial. Parabéns e que essa alegria se estenda por todos os dias de sua vida. Deus te abençoe!

ARTHUR FIDELIS GRANDE ENCONTRO

A noite foi de festa com muito forró e alegria. Encontramos com Hélio Ferraz, Luiz Fidélis e Nenen Guanaba em uma noite inesquecível. Realmente um encontro de grandes amigos!

A Expansão do Cariri Shopping continua, e foi com uma dupla inauguração que os irmãos Gustavo Campos e Michele Campos reuniram clientes e amigos para apresentar suas novas lojas. Em seu discurso, Gustavo falou da satisfação em trazer as marcas nacionais para sua cidade. Os pais estavam orgulhosos da conquista dos filhos. Direcionadas ao público masculino, as lojas trazem o que há de melhor e mais moderno, atendendo a um público VIP.Foi uma noite de muita alegria para toda a família. Vale a pena conferir, pois as lojas ficaram lindas... Parabéns e muito sucesso!

FELIZ ANIVERSARIOO empresário Antonio Araujo comemora com sua querida família a passagem de mais um ano de vida. A data especial, dia seis de junho, foi comemorada com muita alegria.Que Deus abençoe essa linda família!

PARABÉNS ARTHUR

Meus queridos amigos Isaac Menezes e Germana Brito reuniram a família e os amiguinhos do reizinho Arthur, para comemorar com uma linda festa a passagem de seu aniversário. Um dia de brincadeiras e guloseimas que fizeram a alegria de todos. Feliz aniversário e que Deus proteja sempre essa linda família!

15 ANOS

INAUGURAÇÃOFilho de peixe, peixinho é. Esse ditado se encaixa perfeitamente quando falamos de Arthur Fidelis. Filho do cantor e compositor Luiz Fidelis, ele comanda com muito talento a platéia de todos os shows que participa com o paizão. Com apenas 12anos, carrega a responsabilidade e o desejo de seguir os passos do pai. Talento e carisma ele tem! Minha amiga Darinéia também é só orgulho do filhão... Eu sou fã de carteirinha!

Aglécio Dias

Visando dar suporte técnico, financei-ro e logístico para jovens artesãos li-

gados à agricultura familiar de toda região do Cariri, o Sindicato dos Trabalhado-res Rurais de Barbalha, com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae) e da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricul-tura do Estado do Ceará (Fe-traece), criou a Cooperativa de Jovens Artesãos do Cariri.

A criação se deu a par-tir da necessidade de organi-zar dezenas de artesãos em toda região caririense, que trabalham de maneira inde-pendente e têm dificuldades em comercializar ou divulgar seus produtos. Situação que o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Barbalha, Francisco Sérgio Pereira da Silva, espera ser resolvido com a criação da entidade. “Temos na região dezenas de jovens que fazem artesanato, mas não têm como levar seu produto ao consumidor final, e esse problema pode deixar de existir com a criação da co-operativa”, destaca.

Francisco Sérgio expli-ca que a entidade ainda não foi oficializada, mas afirma que boa parte do processo está adiantando. Existe in-clusive verba de quase 200 mil reias que será utilizado para realizar cursos de ca-pacitação para esses jovens, além de outras atividades.

CULTURA

9REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

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Torna público que requereu à Superintendência Estadual

do Meio Ambiente - SEMACE, a Regularização da Licença de Operação para Atividade Médica Ambulatorial, restrita a consultas, em Juazeiro do Norte-Ce, Situada na Rua São Paulo, 901 - Centro.

Foi determinado o cumprimento das exigências contidas nas Normas e Instruções de Licenciamento da SEMACE.

n Com a cooperativa, artesãos podem comercializar seus produtos com mais facilidade

Ele lembrou ainda o compro-metimento da Prefeitura Mu-nicipal de Barbalha em doar um terreno de três mil metros quadrados nas proximidades do Hospital Santo Antônio para construção da sede, cuja planta foi elaborada pela Se-cretaria de Infraestrutura da cidade.O espaço contará com auditório com capacidade para 100 pessoas, salas para realização de cursos, dormi-tórios, cozinhas industrial e um espaço para exposição de produtos.

Mesmo não oficia-

lizada a entidade já conta com cerca de 40 jovens arte-sãos, com idades entre 16 e 29 anos, que trabalham nas mais diversas atividades de artesanatos, como ponto em cruz, bordados, bisqui, pro-dutos agrícolas e não agríco-las e traçados com palhas de milho e bananeira. “Esse é um trabalho pioneiro não só na região do Cariri, mas em todo Brasil”, garante o presi-dente.

Entre os desafios e be-nefícios que a cooperativa trará o sindicalista destaca

que com o grupo organizado fica mais fácil oferecer opor-tunidades para que possam gerar renda para si e para sua família, comercializando

seu trabalho a nível regional, estadual e nacional. “Temos ainda dificuldade com rela-ção a articulação porque não é uma cooperativa a nível

municipal, é uma cooperati-va que abrange os jovens dos 28 municípios que compõem a região do Cariri, diretamen-te ligados a juventude rural”.

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“10 REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

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11REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

EntrevistaVozesdoCariri

Fotos: Samuel Macedo

Raphael Barros

Se você perguntar por João Bosco Peixoto de Oliveira, talvez poucas pessoas co-

nheçam o personagem. Mas, se disser Bosquinho, meio Cariri sabe de quem se tra-ta. Nascido em 1948, prestes a completar 65 anos, ele foi chofer e motorista. Hoje, é o Bosco de Carmem

Lúcia, com quem está casado há 35 anos, tem três filhos e um Café no Mercado Wilson Roriz, no Crato. São muitas histó-rias de quem tem 40 anos de praça e que, hoje, usa o táxi como complemento da renda familiar.

Jornal do Cariri – Quando começou a trabalhar com táxi?

João Bosco – Em 1966, logo quando tirei minha carteira de motorista. Na época eu diri-gia um Jipe. Depois saí do Cra-to e passei oito meses no Rio de Janeiro. Não deu certo, voltei e continuei na mesma profissão. Já tive todo tipo de carro: Rural, Aero Willys, Corcel e muitos ou-tros, até chegar nesse Siena que tenho hoje.

JC – O senhor era amigo de Miguel Arraes?

JB – Tive o prazer de rodar com o Dr. Miguel Arraes (nasceu em Araripe, mas viveu

muito tempo com o pessoal aqui do Crato). Inclusive fui buscar a mãe dele em Recife, ele no auge, como governador. Ele tinha todo tipo de transporte (avião, car-ro), mas preferiu me ligar para eu buscar a mãe dele. Quando cheguei lá, um funcionário me perguntou por que eu estava ali, tendo o governador meios de mandar a mãe para o Crato de forma mais

rápida. Eu pedi para ele perguntar ao governador, porque eu não sabia a resposta. Tinha confiança em mim. A mãe dele gostava de viajar comigo.

JC – Tem mais alguma história sobre os Arraes?

JB – Uma vez, no ae-roporto de Recife, Mariana, a filha de Dr. Miguel, estava lá. Ela me viu, mas ele não. Aí ela falou: “Olha, papai, o Bosco ali”. Então ele veio conversar comigo. Os re-pórteres se aproximaram, ligaram os holofotes. Quan-do ele se despediu de mim e saiu, os jornalistas me per-guntaram quem eu era. Eu disse que era taxistas. Eles desligaram as luzes e foram embora. Ficaram com rai-va, pensavam que eu era algum político. Se eu fosse um vereador, era capaz até de ser entrevistado.

JC – Também fez corrida com Luiz Gonzaga?

JB – Levei Luiz Gonza-

ga de táxi do Crato para o Exu. Fui conversando com ele, pedin-do para ele cantar as músicas. Quando eu pedia uma música, ele cantava. Depois falava para eu pedir outra e eu pedia. Foi as-sim a viagem toda. Quem pagou a corrida foi Geraldo Bringel, era um grande comerciante que

tinha no Crato, mas que já foi embora.

JC – Patativa do As-saré era seu cliente?

JB – Conhecia Pa-tativa, fazia corrida com ele para Assaré. Uma vez eu estava parado num bar e ele vinha de carona com uns bêbados dentro de um carro. Parou lá, ele me reconheceu e eu perguntei de onde ele vi-nha. Disse que tinha pe-gado uma carona com aquele pessoal. Pedi para ele falar alguma coisa com os meninos, e ele mandou: “A pior coisa do mundo / É um homem ser ruim

da vista / Vê um carro e ele para / Sem conhecer o motorista / É esse carro correndo / O carro fora da pista / E esse bebo gritando atrás / Empurra o pé motorista”. Isso ele falou umas seis vezes

para eu decorar. Patati-va era desse jeito.

JC – Como foi o come-ço do café?

JB – Tudo come-çou com um bar que eu tinha, há 15 anos. Não tinha nome , era só Bar mesmo. Então surgiram os boxes no Mercado Wil-son Roriz, combinei com minha mulher e compra-mos dois. Fizemos lá um tipo de Café. E dele a gente vai vivendo legalmente até hoje. Lá é proibido vender bebida alcoólica, mas chega gente querendo bebida. Me perguntam por que eu não vendo. E eu digo que é porque eu não quero. Tem um aviso bem grande. Até hoje está lá. Mesmo com o aviso na parede, ainda tem gente que insiste.

JC – E a fama de bruto?JB – É só por causa das

respostas. Não sou bruto, nada disso que o povo fala. Me compa-ram com o Seu Lunga, mas não sou, não. Meus fregueses gostam muito de andar no meu táxi. E os clientes de frequentar o meu Café. Peguei essa fama que não é verdade, todo mundo implica co-migo, por onde passo. O pessoal que me conhece manda alguém vir me perguntar alguma coisa besta, sabendo que eu vou res-ponder do jeito que eu respondo.

JC – Conte uma história desse tipo?

JB – Chegou um rapaz de São Paulo, muito con-versador, e pediu uma carne de

porco. Perguntou: “Esse porco é conhecido”? Eu falei: “Meu, não! Chegou aqui morto, cozinhei, não sei nem que cor ele tinha”.

JC – Tem mais alguma outra?

JB – Chegou um cidadão lá, escolheu a comida e pediu mo-lho de pimenta. Coloquei uma garrafa na frente dele, mas ele não gostou. Pediu outro tipo, eu coloquei de novo, ele não gostou. Aí ele disse: “Rapaz, esse molho não cheira, não”. Eu perguntei se ele queria molho ou perfume. Tinha um rapaz sentado ao lado, e disse que o cidadão estava cer-to, disse que gostava também do cheiro do molho. Eu disse para ele colocar antes de ir a alguma festa, no paletó. Quando tirar a

barba, aproveita e coloca um molhinho.

JC – Nunca teve confusão devido a essas respostas, não?

JB – Uns levam na brincadeira, outros ficam com raiva. Teve um velho que chegou ao Café batendo no balcão, perguntando se tinha chovido ali pelo mer-cado. Disse que não, porque tinha telha, mas lá fora tava tudo molhado. O velho saiu com raiva e nunca mais vol-tou. Mas nunca teve briga.

JC – E o cabelo?JB – Resolvi deixar

crescer porque eu quis mesmo. E começaram as cobranças em

casa, perguntavam quando eu ia cortar. Mas eu não quero cortar o

cabelo, é questão minha. Quando for o tempo eu cor-to. Cheguei para comprar uma carne ali e pedi para cortar um pedaço. O cara me deu e pergun-tou quando eu ia cortar o meu cabelo. Disse: “Você é barbeiro ou marchante”? Esse meu cabelo tem dado o que falar, saiu até na internet, rodou o mundo todo, e ele está crescendo. Eu estou gos-tando. Se eu soubesse que ia fa-zer tanto sucesso, tinha deixado crescer há muito tempo.

JC – Quem é Bosco de Carmem Lúcia?

JB – Eu sempre fui ho-mem de brincadeira, de cachaça, nunca liguei para nada na vida. Me encontrei com ela, nós nos casamos, as coisas mudaram, vivo com ela há 35 anos e temos três filhos. Primeiro fui chofer, depois motorista e taxista. Hoje sou Bosco de Carmem Lúcia. O tempo vai mudando e eu vou mudando de profissão. Graças a Deus está bom, até o dia que ela quiser, quando não quiser também não tem problema, não. Ninguém é de ninguém.

JC – Para encerrar, con-te mais uma daquelas histó-rias.

JB – Uma senhora che-gou ao box pedindo uma tapioca. Perguntou se tinha margarina ou manteiga para passar. Dis-se que tinha as duas coisas. Ela escolheu a manteiga. Pegou a ta-pioca e passou manteiga nos dois lados. Comeu e depois perguntou quanto custava. Disse para ela que a tapioca não custava nada, bastava ela pagar a manteiga.

João Bosco PeixotoDa direção ao balcão, 40 anos de fama

“”

Primeiro fui chofer, depois motorista e

taxista. Hoje, sou Bosco de

Carmem Lúcia.

Page 12: Jornal do Cariri - 05 a 11 de junho

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SINÔNIMODizem que todo começo são flores. Mas

no futebol não funciona assim. O começo pode ser de espinhos. O Ceará, se quiser ter vida

boa, tem que quebrar a sequência de derrotas nesse inicio de série B. O treinador PC Gusmão está quebrando a cabeça para encontrar a melhor formação. Derrota é sinônimo de crise.

PÉ NO CHÃO Pé no chão é a filosofia do Guarani para disputar

a Copa Fares Lopes. A junta que está administrando o time contratou o treinador Antonio Luiz, que fez um grande trabalho no Crato Esporte Clube nesses últimos dois anos. Junto com o treinador veio o excelente preparador físico Arimateia Silva. Desejamos a Antonio Luiz uma boa sorte nesse novo desafio.

PRATA DE CASA Para os times do cariri a Copa Fares Lopes servirá

apenas de experiência. A exemplo do Guarani e do Barbalha, o Crato priorizará a prata de casa. A diretoria contratou Roner Araujo para comandar a equipe cratense. O grupo do Cariri contará com cinco equipes: Crato Esporte Clube, Juazeiro Empreendimentos, Barbalha e mais Icasa e Guarani. A Copa Cariri agora tem outro nome.

MISTÉRIO A saída do goleiro Carlos Luna foi um mistério

para toda imprensa. Ninguém sabe se o goleiro se desentendeu com o treinador Tarcisio ou com a diretoria do clube. No início da intertemporada, Luna ficou sem treinar por algum tempo, mas depois de uma conversa, o goleiro foi reintegrado ao elenco. Será que houve um novo desentendimento e o goleiro resolveu ir embora para o futebol sergipano, ou ele se chateou por perder a vaga de titular? Mistérios da meia noite.

AUSÊNCIA Não dá pra entender o que passa na cabeça do

torcedor. O Icasa fez dois amistosos contra dois times amadores, Avaí da cidade de Farias Brito e contra a seleção da zona rural. Os dois jogos, se não deram um grande lucro, também não deram prejuízo. O verdão precisa de um adversário que lhe ofereça resistência, então foi acertado um amistoso contra o Picos, que até já foi campeão piauiense. Resultado 5 a 0 para o Icasa e um prejuízo de quase mil reais. A torcida do Verdão não foi ao Romeirão. O que é que está acontecendo com a torcida?

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REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 05 A 11 DE JUNHO DE 2012

PELOS ARES

Aeromodelismo reúne amantes e admiradores

Ingrid Monteiro

O céu é o limite para os amantes juazei-renses do aeromo-delismo. Todos os

finais de semana, apaixonados pela atividade têm encontro marcado para se divertirem. A “brincadeira”, que passa por gerações, é levada a sério. Cer-ca de 30 aeromodelistas se re-únem para compartilhar suas experiências e realizar as im-pressionantes manobras com as miniaturas.

Desde a década de 70, o esporte é praticado na cidade de Juazeiro através do pionei-ro Paulo Figueiredo, que atrai os olhares dos curiosos com os seus aeromodelos guiados a cabo circular. Na época, a prática do aeromodelismo era uma grande novidade, sobre-tudo com a chegada do rádio controlador, possibilitando que os aeromodelos a cabo passassem a voar livremente no céu juazeirense.

O interesse pela ati-vidade e montagem dos ae-romodelos cresceu ao passo que o número de adeptos ao aeromodelismo controlado aumentava. Há 18 anos, um grupo de amigos simpatizan-tes do aeromodelismo come-çou a praticar o esporte no Aeroporto Regional do Cariri, no entanto por conta do au-mento fluxo de aeronaves na localidade, os aeromodelistas ficaram impossibilitados de ocupar a área.

Em 1994, os pratican-tes foram transferidos para uma sede provisória, que conta com uma pista asfalta-da de 13x130 m, pátio e abri-go construídos com recursos

dos próprios aeromodelistas. Porém, a área deverá ser de-socupada devido à implanta-ção de um projeto para cons-trução de condomínios. Além disso, outro obstáculo enfren-tado pelos adeptos consiste na compra dos aeromodelos, pois o custo é alto e o merca-do brasileiro ainda depende dos Estados Unidos e China.

De acordo com o re-presentante comercial Ro-berto Landim, apesar das dificuldades, a cada dia a prática do aeromodelismo é bastante gratificante. “Des-de os meus 12 anos, tenho interesse pelo aeromodelis-mo e pela aviação. Aprendi sobre o esporte ao conhecer Sr. Paulo Figueiredo, que me ensinou a pilotar e com curiosidade prestava bas-tante atenção em tudo que ele fazia e com isso aprendi muita coisa”, explica. “O co-nhecimento da aviação é um universo muito rico de infor-mações, quanto mais você procura mais se acha, pois tem sempre uma inovação, ainda mais com o auxílio da internet”, acrescenta.

Mas quem pensa que o aeromodelismo é ativi-dade voltada somente para adultos, os filhos dos aero-modelistas provam o con-trário, pois o hobby já passa gerações, como o jovem Yuri Landim, com apenas 13 anos, que aprendeu com seu pai tudo sobre o esporte. “Desde os nove anos de idade que me interesso pelo aeromode-lismo. Pedi ao meu pai para que ele me ensinasse como pilotar e hoje o acompanho em todos os treinos”, afirma o estudante.

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n Aeromodelismo resiste entre gerações em Juazeiro do Norte

Samuel Macedo