jornal do beirú

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Salvador, novembro/dezembro de 2011 10 Edição - Ano 9 Meningite: Casos da doença deixam a população assustada, mas a situação está sob controle P. 06 Freio na violência! Ações sociais e culturais são alternativas para jovens beiruenses P. 07 Cinema ao ar livre Para quem é apaixonado pela séti- ma arte e se emociona ao ver um bom filme, tem a oportunidade de apreciar boas películas ao ar livre. P. 04 A força autônoma do comércio Passeando pelo bairro do Beirú você pode perceber que o comér- cio é algo muito forte. P. 08 Beirú, esse nome tem história Desafios e experiências de uma gravidez na adolescência A adolescência e a gravidez, quando ocorrem juntas, podem trazer sérias consequências para a vida dos/as jovens envolvidos/as. P. 06 População reclama da estrutura do posto de saúde; diretor pede parceria Fundado há 31 anos, o 6º Cen- tro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo, localizado no bairro do Beirú, atende a população local e dos bairros vizinhos P. 05 Contar a história do Beirú é contar um pouco da vida de cada morador do bairro. É recontar a própria história. A cada edição vamos trazer um capítulo da história do bairro que mudou de nome. O nome do bairro era uma homenagem a um negro escravizado, o Preto GBèrú, um dos primeiros donos dessas terras. Em 1985 foi dado um nome de um branco presidente, Tancredo Neves. Aqui começamos a história dos primeiros donos do bairro. Fotos de Cleisson de Souza e Vilma Neres / Montagem de Penga Designer

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Salvador, novembro/dezembro de 2011

Salvador, novembro/dezembro de 2011 10 Edição - Ano 9

Meningite: Casos da doença deixam a população assustada, mas a situação está sob controleP. 06

Freio na violência! Ações sociais e culturais são alternativas para jovens beiruensesP. 07

Cinema ao ar livrePara quem é apaixonado pela séti-ma arte e se emociona ao ver um bom filme, tem a oportunidade de apreciar boas películas ao ar livre.

P. 04

A força autônoma docomércio Passeando pelo bairro do Beirú você pode perceber que o comér-cio é algo muito forte.

P. 08

Beirú, esse nome tem história

Desafios e experiências de uma gravidez naadolescênciaA adolescência e a gravidez, quando ocorrem juntas, podem trazer sérias consequências para a vida dos/as jovens envolvidos/as.

P. 06

População reclama da estrutura do posto desaúde; diretor pede parceriaFundado há 31 anos, o 6º Cen-tro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo, localizado no bairro do Beirú, atende a população local e dos

bairros vizinhos P. 05

Contar a história do Beirú é contar um pouco da vida de cada morador do bairro. É recontar a própria história. A cada edição vamos trazer um capítulo da história do bairro que mudou de nome. O nome do bairro era uma homenagem a um negro escravizado, o Preto GBèrú, um dos primeiros donos dessas terras. Em 1985 foi dado um nome de um branco presidente, Tancredo Neves. Aqui começamos a história dos primeiros donos do bairro.

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EDITORIAL

EXPEDIENTE DO JORNAL DO BEIRÚ

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PROJETO OFICINA PERMANENTE DE JORNALISMO DO JORNAL DO BEIRÚ: MEMÓRIA E HISTÓRIA AFRO-DESCENDENTE.Local: Colégio Est. Helena Maga-lhães, Rua Direta do Beirú, S/N. Salvador, Bahia. Cel. (71) 9279-6135, E-mail: [email protected] EDITORIAL: André Luís Gomes, André Eric Frutuôso, Carlos Eduardo Freitas, Danila de Jesus, Gilcimar Dantas, Márcia Guena, Vilma Neres.

CONSULTORIA EXTERNA:Luiz Carlos Velame, Márcia Guena.EQUIPE DE REDATORES(AS) E FOTÓGRAFOS(AS) – JOVENS PARTICIPANTES PELO PROJETO: Amanda Elén Garcez, Antonia Regina da Silva, Angélica dos San-tos, Catiane Leandro, Caroline de Amorin, Cleisson de Souza, Daiane de Oliveira, Deise Cristina Gomes, Diego de Jesus, Eduardo Queiroz, Eliana Nascimento, Ediélen Mota, Everton dos Santos, Gislaine de São

Pedro, Jamile Gonçalves, Jacilene Santos, Jaqueline de Barros, Jéssica Mendes, José Anderson da Silva, Joelma dos Santos,Joane Lima, Josivaldo Nunes, Karina de Santana, Laryssa Farias, Luzia Passos, Luan Gomes, Mylena Melo, Nairan Santos, Quézia da Silva, Quércia Andrade, Raísa Santos, Reinaldo dos Santos, Rosivaldo Santana, Ro-sana Torres, Taás dos Santos, Tauane da Silva, Tatiana Araújo, Uiliane Santos, Vanuza Silva.

EQUIPE DE FORMADORES(AS) PELAS OFICINAS:CIDADANIA E CONSCIÊNCIA NEGRA: Gilcimar Dantas.REDAÇÃO JORNALÍSTICA: André Luís Gomes, Carlos Eduardo Freitas e Danila de Jesus.DIAGRAMAÇÃO: Francisco Villar e Monique Reis.FOTOGRAFIA: André Eric Frutuôso, Joseane A. Conceição e Vilma Neres.COLABORAÇÃO: Celeste D’ Alcântara Arruda e Denis Sena.

APOIO: Barramar - Viação Senhor do Bonfim, Colégio Est. Helena Maga-lhães, Correio* [Correio da Bahia], Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia [IRDEB], Joevanza Ltda.EDIÇÃO E REVISÃO DOS TEXTOS:Carlos Eduardo Freitas e Márcia Guena.ILUSTRAÇÃO: Denis Sena.EDITORAÇÃO GRÁFICA: Penga Designer TIRAGEM: 5.000 exemplares. IMPRESSÃO: Cian Gráfica

Atravessandofronteiras: Beirú se prepara para a primei-ra mostra fotográfica a céu abertoNos últimos dias 19 e 20 de novembro, o fotógrafo cario-ca Maurício Hora esteve em Salvador para orientar cerca de 40 jovens, que participam do Jornal do Beirú. Nesses dois dias foram realizadas duas saídas fotográficas pelas ruas do bairro, que tiveram como fina-lidade fotografar o cotidiano, moradores e moradoras que fazem do Beirú um local que valoriza sua memória ancestral através de costumes culturais que identificam o povo afro brasileiro e africano. O próximo passo é publicar um catálogo fotográfico e montar uma exposição coletiva, com previsão de lançamento é para a última semana de janeiro de 2012. As fotografias serão impressas em tamanhos variados e serão penduradas nas paredes das casas que ficam no

trajeto da Rua Direta do Beirú/Tancredo Neves, iniciando na altura do Conjunto Arvoredo até o final de linha do bairro. O convite para o fotógrafo Maurício Hora foi feito pela equipe do Jornal do Beirú, realizadora do projeto Oficina Permanente de Jornalismo: me-mória e história afrodescenden-te. O fotógrafo já desenvolve um projeto que alia educação e fotografia para crianças e ado-lescentes, todos/as moradores do Morro da Providência, pri-meira favela do país, localizada na cidade do Rio de Janeiro.Para a realização dessas saídas fotográficas a equipe do Jornal do Beirú contou com o apoio do fotógrafo Maurício Hora e também do Instituto de Ra-diodifusão Educativa da Bahia – IRDEB.

No mundo todo há pessoas que têm falta de habilidade ou vontade de reconhecer e respeitar as diferenças ou crenças religiosas dos outros. Apesar de o Brasil ser um país com direito de liber-dade religiosa garantido na Constituição Federal (1988), que no Artigo 5º, diz que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, ainda hoje muitas religiões sofrem discriminação.No mundo há várias religi-ões, o judaísmo e o catoli-cismo são algumas das mais antigas. No Brasil, existe

igual diversidade de deno-minações. No Beirú, várias religiões estão representadas: catolicismo, candomblé, es-piritismo, evangélicas [tra-dicionais e neopentecostalis-mo], testemunhas de Jeová, metodistas, entre outras.

Há exatos nove anos, a primeira edição do Jornal do Beirú foi às ruas. Era no-vembro de 2002. Nove anos depois, ele está de volta, em sua 10ª edição, e com algu-mas inovações, com fotos em cores e quatro páginas a mais. Esta edição tem um tom es-pecial, pois além de signifi-car um retorno do Jornal do Beirú às suas atividades, esta publicação é impressa num momento histórico em que a Organização das Nações Uni-das (ONU) elege 2011 como o Ano Internacional para os Povos Afrodescendentes.

O Jornal do Beirú foi cria-do com o objetivo de provo-car na juventude do bairro uma discussão positiva sobre suas origens, através do resga-te da memória local e da dis-cussão de temas importantes para a população negra no Brasil. Utilizando como fer-ramenta a formação técnica necessária para a publicação de um jornal, o projeto for-mou, na sua primeira fase, duas turmas, jovens negros e negras que foram motivados a ingressar no ensino supe-rior e hoje são os instrutores da nova versão do projeto.

Outro ponto importan-te se refere ao fato de esta edição ter sido totalmente produzida pelos 40 jovens, com idade entre 12 e 19 anos, residentes do bairro e que participam do projeto Oficina Permanente de Jor-nalismo do Jornal do Beirú: memória e história afrodes-cendente. Este projeto foi selecionado pelo Edital de Cultura Negra, promovido pela Fundação Pedro Cal-mon e que, por sua vez, é financiado pelo Fundo de Fomento à Cultura do Go-verno da Bahia.

O Jornal do Beirú surge com o objetivo de abordar assuntos que, normalmente, não são publicados em ou-tros meios de comunicação, como temas que possam valorizar a memória local relacionada à população de origem africana e assuntos de interesse da comunidade, em contraposição às inúme-ras noticias que enfatizam a violência nas comunidades periféricas. O nome do nos-so jornal é uma homenagem a um africano que aqui che-gou ainda por volta do sé-culo 19, de nome GBèrú, e

por causa de sua existência, este é único bairro que tem o nome de um africano, de origem Yorubá.

Nesta edição, as reporta-gens e fotografias propõem um “passeio” no cotidiano do bairro, mas também apresen-tam riquezas, curiosidades e a singularidade que a diver-sidade beiruense tem dentro do panorama citadino da capital baiana. Conheça um pouco mais do seu bairro, numa visão jornalística, esta-belecida pelo olhar de jovens que moram aqui.

Boa leitura.

PatrocínioApoio

A volta do Jornal do Beirú e o Ano Internacional dos Afrodescendentes

Jornal do Beirú visita a redação de jornalismo do Correio*

Nos dias 07 e 16 de novembro, cerca de 40 jovens foram visitar a redação do Correio* (Correio da Bahia), para entenderem na prática como é o dia a dia de uma redação de jornalismo. Essa visita é uma das atividades de campo promovida pelo projeto Oficina Permanente de Jornalis-mo do Jornal do Beirú: memória e história afrodescendente. Em dezembro, no dia 15, o Jornal do Beirú levou esses(as) jovens para visitar o Museu Afro--Brasileiro da Universidade Fede-ral da Bahia (UFBA) e no dia 17, irão conheceram um pouco do cotidiano da comunidade qui-lombola Pitanga de Palmares, lo-calizada no município de Simões Filhos, a 20km de Salvador.

Há intolerância religiosa no Beirú?Por Uiliane Santos e Reinaldo dos Santos

AGUARDE!!! Na próxima ediçãoReportagem especial completa sobre a

intolerância religiosa...

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Salvador, novembro/dezembro de 2011 MEMÓRIAS DE BEIRÚ

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Campo Seco, Beirú, Tan-credo Neves... Beirú/Tancredo Neves! Você, leitor, sabia que nosso bairro já teve o nome tro-cado algumas vezes? O bairro do Beirú, atualmente também chamado de Tancredo Neves, já foi um grande quilombo e fica localizado entre a Sussua-rana, Narandiba, Engomadeira e Avenida Paralela, foi fundado no século 19, pelo nigeriano Beirú – daí o nome.

Beirú morou na localidade que era chamava de “Fazenda Campo Seco”. Após uma vida de trabalho escravo, Beirú ga-nhou liberdade e formou um quilombo em um pedaço de terra doado pelos seus antigos senhores. Depois de um tem-po, o nome “Campo Seco” foi substituído para Beirú, como forma de homenagear o funda-dor do quilombo.

Porém, um plebiscito reali-

zado em 02 de junho de 1985, liderado pelo ex-vereador Dio-nísio Juvenal provocou a mu-dança do nome do bairro para Tancredo Neves., primeiro presidente civil, eleito por voto indireto, após a Ditadura Mili-tar, que durou de 1964 a 1985.Na época, alguns jovens da co-munidade realizaram diversas reuniões para tentar reverter à situação.

Moradores mais velhos do

bairro não aderiram à nova de-nominação e defendem o antigo nome como sendo parte impor-tante da história do bairro. Na opinião da dona de casa Lisete Castro, o índice de violência, com a mudança do nome, au-mentou, indo de encontro ao que se pretendia com a troca. Ela mora no bairro há 40 anos.

Outras pessoas vêm esse feito como uma forma de “pre-conceito sutil”, por parte dos

responsáveis pelo plebiscito. “Sem dúvida o nome do bair-ro deveria ser mantido. Beirú foi um negro que viveu aqui há séculos, por isso, o nome tem tudo a ver com a história do nosso bairro, mostra de onde viemos e como tudo começou. Eu acho que essa mudança foi uma forma de preconceito”, afirmou uma estudante mo-radora do bairro, que preferiu não se identificar.

No dicionário Aurélio 2ª edição de 1986, consta o nome Beirú como um subs-tantivo, masculino, brasilei-ríssimo dado a uma quali-dade de peixe da família dos caracídeos. Mas levando-se em consideração a história do nome Beirú sendo de um ancestral proprietário de terras nas imediações do Ca-bula, que foi trazido como escravo da terra de Oyo – África, que falava o idioma Yorubá, nota-se que, por vício de linguagem aqui no Brasil, o nome do Preto Bei-rú sofreu consequentemente alterações em sua grafia.

O nome de origem Yo-rubá escreve-se GBÈRÚ e

pronuncia-se BÊRÚ. Certa-mente, devido às inúmeras in-fluências linguísticas em nosso país, o nome do ancestral foi confundido com o do peixe.

Para os povos africanos os nomes escolhidos para seus filhos deveriam ter significa-dos que norteassem o caráter e o destino dos mesmos. O nome GBÈRÚ significa bro-tar, florescer, desenvolver. Infelizmente, a maioria dos moradores do bairro acha que este nome tem sonori-dade “feia”. A falta de conhe-cimento de suas origens leva a este conceito de “feio” re-metendo, sempre, ao último plano, o significado, o valor e a força do nome.

Por Rosana Torres e Raísa Santos

Significado do nome Beirú

A história não é só aquela que está nos livros.É a história da nossa rua, do nossobairro, dos nossos avôs.

Beirú, esse nome tem história

Por Celeste D’ Alcântara Arruda

História da mudançado nome• Em 1985, o ex-vereador Dioní-sio Juvenal (ex-PFL, hoje DEM), ao lado de outros moradores, então presidente do Conselho de Moradores, iniciou o processo para a realização de um plebiscito para mudar o nome de Beirú para Tancredo Neves.

• O nome de Roberto Santos também foi cogitado;

• Ainda em 1985 foi realizado o plebiscito, junto à população do bairro do Beirú. Porém não existe registro das assinaturas e do núme-ro de pessoas que votaram;

• A votação não atingiu toda a população do bairro.

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O break é um estilo de dança que surge a partir do Movimento Hip Hop e se faz presente no corpo e na mente de jovens do Beirú. No bairro, um dos representantes deste

modo de dançar é o grupo denominado Tancredo Neves Crew (TN Crew), conhecido também por Hardstyle Crew, criado há dois anos, através de um projeto iniciado no

Colégio Estadual Deputado Luís Eduardo Magalhães.

Hugo Ferreira, 19 anos, professor de dança há seis anos e estudante de dança na Fundação de Cultural

da Bahia (Funceb), afirma que o músico norte ame-ricano, Chris Brown, foi o personagem que o inspi-rou. Para o jovem dançari-no do Beirú, o grupo Har-dstyle Crew o influencia até no jeito de ser.

Tauan Ranieri, 18 anos, morador do bairro do Areno-so, diz que o grupo o ajudou no desenvolvimento pessoal. “Ao invés de ficar na rua, sem fazer nada ou fazendo algo de errado, prefiro treinar junto com os colegas”, afirma.

O grupo ensaia nas ma-nhãs de sábado, no Colégio Estadual Helena Magalhães, localizado na Rua Direita do Beirú, e se prepara para participar de “batalhas bre-aks” e outras apresentações.

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CULTURA

Para quem é apaixonado pela sétima arte e se emociona ao ver um bom filme, tem a oportunidade de apreciar, no Beirú, ao ar livre, e comendo uma tradicional pipoquinha, o Projeto Cinema no Bairro, que tem o objetivo de levar a arte da telona à comunidade.

O projeto foi iniciado em setembro deste ano, por Inaldo Magalhães, um jo-vem apaixonado por cinema. Ele afirma que realizar uma atividade como esta e ter um espaço de exibição é muito importante para os morado-

res, pois favorece o resgate da autoestima, fortalece a cultura local e problematiza questões sociais. Além de fa-vorecer a interação entre os moradores.

O projeto é realizado nas quintas-feiras, sempre às 19h, na Rua Direta do Beirú/T. Neves, em fren-te ao Colégio Est. Helena Magalhães. Para dar mais oportunidades às pessoas e ampliar o público, Inal-do propõe a exibição ao ar livre e recebe apoio da 23ª Companhia da Polícia Mi-

litar, para assegurar a segu-rança dos espectadores.

Os filmes, sempre nacio-nais, buscam dialogar com a realidade social e hoje conta com uma plateia de aproxi-madamente 20 pessoas por semana. A iniciativa, segun-do ele, deve ser estendida para outros bairros, mas tem encontrado dificuldades de fazer isso pela falta de apoio, já que todo o custo, pratica-mente, é dele.

Para Carlos Ferreira, o projeto é muito importante, pois mostra a cara do bairro,

principalmente para quem não tem opção de lazer. A comerciante Marta de Jesus também vê com bons olhos a iniciativa e diz que ações

simples como essa podem oferecer uma nova experi-ência, com a arte visual, aos moradores do Beirú.

O grafite é uma forma de expressar opiniões em paredes, telas ou outro su-porte especialmente feito para esta finalidade. Muita gente, contudo, confunde o grafite com pichações, mas apesar da semelhança,

existem algumas diferen-ças entre essas duas expres-sões artísticas.

Segundo o grafiteiro Denis Sena, “a diferença é a escolha de não deixar apenas o seu nome em uma parede, mas sim de passar uma mensagem positiva”. O beiruense e internacio-nal “Denissena”, como as-sina sua arte, ressalta que o importante é sempre obter autorização dos donos dos espaços a ser grafitados.

Denis começou a de-senhar ainda na infância, mas foi em 2000 que ele realmente descobriu que queria ser grafiteiro. “Fui convidado por um amigo

para ser educador e vice--presidente de uma Orga-nização Não Governamen-tal (ONG) e estou lá até hoje. Foi lá que comecei a utilizar técnicas ligadas ao grafite, ao Movimento Hip Hop”, declarou.

“A infância me influen-ciou muito, a questão da identidade, reconhecer o meu bairro como um qui-lombo, a cultura africana, a cultura indígena a natu-reza e o Hip Hop sempre foram minhas inspirações. Assim, fui representando as minhas raízes nas minhas pinturas”, contou Denis.

O grafite surgiu no im-pério romano e por muitos

anos foi considerado van-dalismo, mas com o passar do tempo ganhou espaço na sociedade. No Beirú, no Colégio Estadual Zum-bi dos Palmares, dentro do Projeto Mais Educação, há um programa voltado para que jovens aprendam a gra-fitar. Os professores Char-les Break e Anderson Mel

coordenam o projeto que conta com 25 alunos.

Para Anderson Mel o seu contato com o mundo da criação e do spray surgiu an-tes com as pichações que fa-zia aos 13 anos. “Mais tarde, decidi aprender a grafitar, já que corria riscos e não tinha muitas perspectivas com pi-chações”, afirmou.

Cinema: a sétima arte é apresentada ao ar livre no BeirúPor José Anderson Marques da Silva

A moda das ruas! Uma nova marca de roupa vem fazendo a cabeça dos jovens que procu-ram diversão e inovação no seu dia a dia no bairro do Beirú: é a “Negros à Procura” (N.A.P).

O criador da marca, Jo-nas Almeida, o DHUNK84, formulou a linha N.A.P. em 2005, mas por falta de apoio só lançou-a em outubro de 2011. O intuito foi fornecer mais opções de roupas, tan-to para homens quanto para mulheres do Beiru: “A marca surgiu a partir de um grupo de Rap, como o grupo não deu certo resolvi criar roupas com o slogan”.

Moda do Gueto: realçando a culturaPor Nairan Santos

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Salvador, novembro/dezembro de 2011 SAÚDE

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Fundado há 31 anos, o 6º Centro de Saúde de Salvador, localizado no bairro do Bei-rú, atende a população local e dos bairros vizinhos. No mo-mento, passa por dificulda-des, ligadas à má conservação e à falta de manutenção. O centro de nome Dr. Rodrigo Argolo atende diversas espe-cialidades e funciona também como posto de vacinação.

Marinalva Alves Pereira, 31 anos, mãe de gêmeos re-cém nascidos, mora no bair-ro do Beirú há quatro anos e destacou que o atendimento é bom, contudo falta ma-nutenção. “É a primeira vez que venho a esse posto e a higiene é ruim, o posto pre-cisa de reforma”, reclamou. Evandro, 43 anos, marido

de Marinalva, que não quis dizer o sobrenome, afirmou que prefere ir ao posto de saúde do bairro de Pernam-bués, porque o atendimento é melhor. “Esse posto não tem estrutura, precisa me-lhorar muita coisa, deixa muito a desejar”, opinou.

Para a população do bair-ro do Beirú, o atendimento realizado pelos funcionários do centro de saúde preci-sa ser melhorado. “O posto esta muito mal, precisa colo-car mais médicos, sempre foi a mesma coisa, não mudou nada desde que abriu até hoje. Temos que chegar às 4h da manhã, demora muito para atender e não tem limpeza”, afirmou José Duque, 56 anos, morador do bairro há 22 anos.

Já Zenilda Santos, 57 anos, disse não ter reclamações com relação ao atendimento. “Nem pego ficha, já entro direto”, pontuou. Ainda segundo ela, o centro de saúde precisa ser pintado, o ar-condicionado requer manutenção, e é neces-sário comprar mais bebedou-ros e fiscalizar a manutenção dos banheiros de uso dos pa-cientes.

De acordo com a coor-denadora do Setor Admi-nistrativo, Adriana Barreto, que trabalha no posto há oito anos, o centro de saú-de ainda poderá perder um dos dois serviços mais pro-curados pela população: ambulatório ou a Unidade Pronto Atendimento (UPA). Segundo ela, até 2014, as

UPAs deverão funcionar de forma independente. Caso seja desvinculada do posto, a emergência poderá ir para o bairro de Sussuarana.

“Eu quero ter parceria com a população, dentro do meu plano de gestão vou tentar criar uns folhetos in-formativos, vou pôr tam-bém caixa de sugestões, vou trazer a Secretaria para fazer vistoria. Minha preocupação é com o bom atendimento para a população”, afirmou o economista Jorge Chastinet, que no dia 18 de outubro, deste ano, se tornou o geren-te do 6º Centro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo, assumindo a administração da unida-de do Beirú. Ele apresentou propostas de melhoria para

sua gestão, entre elas estão colocar um sistema de pon-to eletrônico para fiscalizar a frequência de médicos. “Sou favorável à parceria com a população’’, declarou.

Segundo a assistente so-cial, Daniela Nascimento, que há oito anos atua no pos-to, “a população confunde a função do serviço social”, que tem como foco “o bem--estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade”. Para ela, o profissional as-sistente social estará onde for necessário, orientando, planejando e promovendo uma vida mais saudável em todos os sentidos e, por isso, recebem muitas reclamações. Eles também dão orientação para que as pessoas procu-rem a Ouvidoria do SUS, no telefone 71 3186-1089, para registrar suas reclamações. O serviço social recebe em mé-dia 20 pessoas por dia.

Fique por dentroO centro de saúde do

Beirú oferece dois serviços: a Unidade de Pronto Atendi-mento (UPA) e o ambulató-rio. A UPA atende apenas os casos de emergência, funcio-na de segunda a domingo, no período de 24h. Para o atendimento de emergência, são disponibilizados médicos clínicos, dois ortopedistas, um cirurgião e enfermeiros. O ambulatório funciona de segunda a sexta-feira, quan-do são distribuídas 100 fi-chas diariamente para mar-cação de consultas e exames em até um mês.

População reclama da estrutura do posto de saúde e o diretor pede parceria Por Catiane Cunha e Rosivaldo Santana

SERVIÇO

O 6º Centro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo foi construído pela Compa-nhia Estadual de Desen-volvimento Urbano (Ce-durb) e foi inaugurado em 10 de março de 1980. Desde o ano em que foi inaugurado, o posto foi reformado e ampliado

apenas uma vez, em 2002. Para reclamar qualquer

irregularidade ligue para a Ouvidoria SUS: (71) 3186-1089 – este serviço recebe e investiga reclama-ções dos cidadãos contra órgãos governamentais ou empresas ligadas à área de saúde.

Dona Zenilda Santos (esq.) e os corredores do Centro de Saúde do Beirú

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Neste ano houve 72 mortes causadas por meningite na Bahia, de acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Se-sab). Algumas dessas vítimas, moradoras do bairro do Beirú, foram a estudante do curso técnico de enferma-gem, Leidiane de Souza de Sá Teles, 27 anos, e a adolescente Renata, 11 anos, que morreram por causa da doença na versão Meningocócica do Sorotipo C, causa-dora de 42 das mortes citadas anteriormente, o tipo predominante da doença no estado e em Salvador, como infor-ma a médica Eurides Barbosa, pós-gradua-da em Saúde Pública e enfermeira de Vigi-lância de Tuberculose do 60 Centro de Saúde

Dr. Rodrigo Argolo.Atualmente, a libe-

ração de vacinas contra a meningite do tipo C nos postos de saúde do município é permitida apenas para crianças de dois meses até me-nos de dois anos, já que não há quantidade suficiente para vaci-nar toda a população, segundo informações encontradas no site da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A SMS realizou, no ano passado, campa-nhas de vacinação que abrangeram a faixa etária de 10 a 24 anos, no período de maio de 2010 até fevereiro deste ano. Mesmo assim, o 6º Centro de Saúde Dr. Rodrigo Argolo, locali-zado no Beirú, possui essas vacinas, com prio-

ridade dirigida às crian-ças também, por serem mais propícias ao con-tágio, que ocorre com a propagação da saliva de uma pessoa contamina-da, através do ar.

Segundo Eurides, que está na unidade desde 1982, os casos de meningite reduzi-ram-se bastante com o passar dos anos. A enfermeira indicou o Hospital Couto Maia,

como especialista no diagnóstico e trata-mento da doença.

A médica explica ainda que a meningi-te pode ser transmiti-da através do contato prolongado, por mais de quatro horas, cau-sando dores de cabeça, manchas vermelhas no corpo, vômito em jato e dores no pescoço, na re-gião da nuca principais sintomas da doença.

A adolescência e a gra-videz, quando ocorrem juntas, podem trazer sé-rias consequências para os/as jovens. De acordo com informações encontradas no site http://amas-brasil.webs.com, da Associação das Mães Solteiras do Bra-sil, no Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes. Este número representa que três vezes mais garotas com faixa etá-ria até 15 anos, nos dias de hoje, ficam grávidas, em re-lação à década de 70.

A jovem de 20 anos, que prefere ser identificada ape-nas pelas iniciais J.C., diz que ficou grávida aos 16 anos “por um vacilo”, já que tinha acesso a informações sobre prevenção. “Foi bom e ruim. Bom, por ter o dom de gerar uma vida e, ruim, porque eu não tinha terminado os estu-dos ainda”, conta, se referin-do à experiência de ter sido mãe na adolescência.

Ela afirma ainda que os pais reclamaram da gra-

videz ter acontecido “tão cedo”, mas que não a jul-garam, pois a mãe dela também teve filho aos 15 anos. Mesmo declarando ser “maravilhosa” a sensa-ção de ser mãe, J.C. ressal-ta que é preciso evitar ter relações sexuais com pouca idade, e, se tiver, é necessá-rio se prevenir com méto-

dos anticoncepcionais.Já a adolescente D.F., de

16 anos, que também fi-cou grávida “por acidente” e que os pais dela acharam um absurdo, por ela ser muito nova, diz que re-comendaria a experiência sexual, mas alerta que é preciso se prevenir.

Uma fase conturbada, a

adolescência é onde ocor-rem transformações físicas e emocionais. Na maioria das vezes, em razão das novas descobertas, das ideias opos-tas a dos pais, da formação de identidade e da opinião de amigos, há conflitos, mas é para evitar ter filhos cedo.

Por se tratar de uma fase difícil, é importante

que haja compreensão por parte de pais, professores e outros adultos. O acompa-nhamento e o diálogo neste período são fundamentais. Em casos de mudanças se-veras (comportamentais ou biológicas) na vida dos adolescentes é necessário o acompanhamento de médi-cos ou psicólogos.

Casos da doença deixam a população assustadaPor Joane Lima e Taás dos Santos

O Hospital Couto Maia fica localiza-do na Rua Rio São Francisco, S/N, Monte Serrat – Ri-beira. Para mais informações, ligue para(71) 3316-3261.

SAÚDE

Desafios e experiências da gravidez na adolescênciaPor Laryssa Farias e Stefani Ferreira

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Salvador, novembro/dezembro de 2011

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CIDADANIA

Na busca de ideias que possam acabar com a violên-cia no Beirú, um grupo de jovens do bairro foi ouvido

acerca das ações sociais ou culturas que podem contri-buir para diminuir os índices de violência na região. Para

eles, gerar mais oportunida-des, com projetos de inclu-são, é um bom caminho.

“Uma Organização Não Governamental (ONG) no bairro, para fazer com que os jovens se distanciem do mun-do das drogas”, é o que aponta Débora Celestino, como alter-nativa no combate à violência.

Já Danilo Bittencourt afir-mou que é preciso mais inves-timentos em cultura, dança, esporte, capoeira e entrete-nimento. “É necessário mais oportunidades de emprego, cursos profissionalizantes, pois ‘cabeça vazia é oficina do dia-bo’”, declarou Jandresa Prazer.

Rose Réis, coordenadora do projeto Escola Aberta, um programa da Secretaria de Educação do Município, disse acreditar que não são “quais” ações podem aju-dar, mas sim a responsabili-

dade de manter esses proje-tos que fará a diferença.

No Beirú, projetos como o Escola Aberta e a Oficina Permanente de Jornalismo do Jornal do Beirú, ambos com funcionamento aos sábados no Colégio Estadual Hele-na Magalhães, têm o papel de amenizar a realidade de violência que acomete toda a capital baiana e a inserção de jovens no universo artístico, esportivo e profissional.

Rose Reis relatou ainda que o projeto dá acesso a escola nos finais de semana, onde os participantes desfrutam de oficinas artísticas, esportivas e profissionalizantes, como teatro, balé, jogos de mesa, futsal, pintura em tecido, manicure, dentre outros. Os cursos e o material utilizado são gratuitos e os “oficineiros” são da própria comunidade.

Rose afirmou também que, segundo as estatísticas, a maior parte dos crimes acontece aos finais de semana, logo, com o projeto esses índices tendem a diminuir. “Responsabilidade social é de todos”, destacou.

Já a Oficina de Jornalismo do Jornal do Beirú oferece aulas de Fotografia, Redação Jornalística, Diagramação e Cidadania e Consciência Ne-gra. Neste projeto os jovens do bairro têm noção do cotidiano jornalístico e, como produto prático, são responsáveis pelas edições deste jornal.

Outra alternativa são as aulas de balé para o público infanto juvenil, realizadas pela dançarina Adallyz Tor-res Araújo, 21 anos, através do projeto Escola Aberta, sempre aos sábados e do-mingos, no Colégio Estadual Helena Magalhães.

O antropólogo Luiz Mott, em entrevista ao Co-letivo Barricadas Abre Ca-minho [http://barricadas.org], afirma que “o Brasil é líder mundial em homicí-dios contra lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais (LGBT). Em 2010 foram assassinados 260 homosse-xuais. No país, a cada dia, um homossexual é mor-to”, destaca. Pautado nes-tes índices, o Grupo Gay da Bahia (GGB) denuncia a “irresponsabilidade” do governo em garantir a se-gurança da comunidade LGBT.

A homofobia parte, muitas vezes, da própria família, como no caso de Jairo dos Santos, 33 anos, decorador. “Não sou discri-minado no dia a dia, mas já fui discriminado pela minha família, no começo, quando eles descobriram”, revelou.

Segundo Marcelo Cer-queira, presidente do GGB, há solução contra os crimes homofóbico: “É só ensinar a população a respeitar os direitos humanos dos ho-mossexuais, exigir que a polícia e a Justiça punam

com toda severidade a ho-mofobia e, sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais”.

Segundo o GGB, a Bahia e São Paulo dividem a terceira posição de crimes cometidos por motivação homofóbica, cada um dos estados com 17 homicídios. Paraíba está em segundo lu-gar e o estado de Pernambu-co ocupa a primeira posição,

com 19 crimes - dados do Movimento Espírito Lilás (MEL).

O que é a homofobia?O termo homofobia é

usado para descrever uma repulsa às relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio gene-ralizado aos homossexuais. Alguns estudiosos atribuem os motivos da homofobia às mesmas motivações que fundamentam o racismo e qualquer outro preconceito.

Freio na violência! Ações sociais e culturais são alternativas para jovens beiruensesPor Luan Gomes e Quézia da Silva

O Nordeste é a região do Brasil líder em homofobiaPor Tauane da Silva e Daiane de Oliveira

No Beirú há alguns casos de animais abandoados nas ruas. A população reclama que não tem nenhum órgão responsável pelo resgate desses animais atuando no bairro, a exemplo da popular “carrocinha” – serviço do Cen-tro de Controle de Zoonoses do município. Uma das preocupa-ções são as doenças, como a rai-va, que podem ser transmitidas por animais domésticos soltos nas ruas. É preciso, porém, levar em consideração algumas medi-das quando se tem um bichinho de estimação, para evitar este problema.

No bairro há apenas um petshop [loja de animais de estimação] que tem todos os serviços que um cãozinho ou um gatinho precisam receber. Contudo, no dia a dia, a pessoa

que deseja adquirir um animal doméstico precisa ter os devidos cuidados, como levá-lo ao ve-terinário para tomar as vacinas necessárias.

Outro cuidado é fazer a tosa dos pelos em excesso, importan-te para que os animais fiquem livres do calor exagerado e de parasitas. Não pode se esquecer do banho e de escovar os dentes deles com creme dental especial. Estas são formas de cuidar da higiene dos bichinhos. Os cães precisam de um lugar adequado para dormir, coberto e limpo, constantemente, para não acu-mular sujeira e não prejudicá-lo. A alimentação deve ser com ra-ção e, de vez em quando, carne.

Muito carinho e atenção aos bichinhos de estimação nunca é demais.

Cuidados que se deve ter com animais de estimaçãoPor Josivaldo Nunes e Everton dos Santos

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rEsta cena representa o abandono de animais domésticos.

Salvador, novembro/dezembro de 2011

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MORADIA e COMÉRCIO

Passeando pelo bairro do Beirú você pode perceber que o comércio é algo muito forte. Encontra-se de tudo, lojas de grandes nomes como a Ricardo Eletro, feira livre,

pequenos comerciantes, ar-tesãos, bares, sorveterias, lan houses, salões de beleza e em-preendedores autônomos que fortalecem a economia local.

João Brito, 19 anos, fun-

cionário da Ricardo Eletro, está feliz pela oportunidade de ter conseguido o primeiro emprego e afirma ter vanta-gens por trabalhar próximo ao local onde mora. “Além de conhecer a localidade, consi-go economizar no transporte que pagaria se fosse trabalhar em outro lugar”.

Outro ramo do comércio muito bem frequentado são as feiras livres. Dalício Lima, feirante, há 20 anos convive com a labuta diária de mon-tar e desmontar barracas, acordando às 4h da manhã trazendo frutas do interior da Bahia, um ofício que faz

com que lucre por mês, cer-ca de R$ 800 para sustentar a família. Já “Seu Messias”, morador há 20 anos, freguês do “Seu Dalício”, conta que prefere comprar na feira, pois as frutas além de mais frescas são mais baratas.

Seu Valdir, dono do bar e lanchonete Chique, afirma que é muito bom manter um estabelecimento no bairro, pois é grande o movimen-to, principalmente aos finais de semana, quando procura aumenta devido à exibição de jogos de futebol. Toda esta demanda permite que sete pessoas trabalhando no

estabelecimento, todos mo-radores do Beirú. Para ele, a única reclamação é não poder empregar mais gente à noite, quando é maior o movimen-to, pois tem de fechar cedo, pela falta de segurança.

A população não se dei-xa levar pelos problemas e está sempre criando formas de manter a sobrevivência, de maneira formal ou não, autônoma ou através de empregos fixos. Os empre-endedores do Beirú tam-bém conseguem driblar os problemas sociais, fortale-cendo a diversidade econô-mica da comunidade.

Uma parte significativa das casas e ruas do bairro não pos-suem condições minímas para moradia. Muitas casas não têm reboco, as ruas estão cheias de buracos e sem asfaltamento. Não há saneamento básico em muitas eelas e há casas cons-truídas em cima de encostas, enfrentando sérios riscos de desabamento. Os moradores apontam algumas saídas para melhorar essa realidade.

“Fazer abaixo-assinado para o poder público e um morador poderia ajudar o ou-tro”, afirmou dona Maria Go-mes, que há 35 anos mora no bairro, na rua Nossa Senhora. “Eu durmo à noite com medo disso aqui desabar”, contou.

Já dona Maria Ribeiro de-clarou que as péssimas condi-ções de alguns locais do bairro são por “falta de educação dos próprios vizinhos que jogam lixo nesse barranco que está perto de desabar”.

Na opinião de José Améri-co, que mora no bairro há 10 anos, na rua Nossa Senhora de Fátima, a retirada do lixo é normal e o dano que existia na rede de esgoto foi solucionado: “Qualquer problema por aqui conversamos com os vizinhos, ligamos para a Prefeitura e eles resolvem os problemas”.

José Fernandes de Almei-da, reside há 34 anso no Bei-rú, diz que houve uma inter-venção dos moradores, que fizeram o asfalto de algumas ruas do Beirú e que e um polí-tico teria ajudado com metade dos materiais para a obra.

Outra possibilidade de im-plementar melhorias, segun-do os moradores, seria pedir ajuda às autoridades, porque “ninguém quer e não pode vi-ver assim, sem uma casa bem estruturada, para morar com sua família”. Para eles, todos são humanos e devem ter di-reitos iguais.

Quem já não perdeu um tempinho, parado, no trân-sito do bairro? Pois é, essa situação é continua no Bei-rú. Isto pode estar relaciona-do ao crescimento espontâ-neo e sem planejamento do comércio local. Apesar de ter diversidade de itens de consumo e empreendimen-tos, faltam alguns serviços básicos.

Comerciantes usam a calçada como estaciona-mento, ambulantes dispu-tam centímetros do pas-seio com os pedestres, que também são consumidores. Esses são alguns dos proble-

mas que geram a perda de tempo e o estresse do coti-diano urbano das grandes cidades e aqui não é dife-rente.

Depois que enfrentamos o trânsito, logo nos depara-mos com longas e estressan-tes filas, e lá se perdeu mais tempo... Mas quando chega o sábado é hora de descan-sar... Sinceramente, não! Pois, encontramos ruas lo-tadas, feira cheia e estabele-cimentos entupidos... Nin-guém merece! Essa é uma narrativa bem comum entre as pessoas da comunidade.

Quanto transtorno para

um bairro só. Chega o fi-nal do mês e, ops! Cadê o banco para receber o salá-rio? É! O bairro não possui agência bancária, tem ape-nas uma casa lotérica para atender toda a região. O Beirú também não dispõe de clínicas particulares, o que leva muitos moradores a buscar estes serviços bá-sicos em outros bairros da redondeza.

O crescimento do lugar, do comércio beiruense, é positivo, mas quando ele não tem organização traz preocupação e, assim, a po-pulação fica insatisfeita.

A força autônoma do comércio no BeirúPor Luzia Passos e Eliana Santos

Moradores sugerem saídas para precariedade de casas e ruasPor Gislaine de São Pedro e Caroline de Amorim

Crescimento desordenado do comércio gera transtornoPor Amanda Elen Garcez

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Barranco defronte a casa de Maria Gomes, na Rua Nossa Sra. de Fátima