jornal diário da manhã

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POLÍTICA & JUSTIÇA Diário da Manhã GOIÂNIA, QUINTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2012 11 “Quanto custa um TAC” MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE Vereadores avocam decreto legislativo para barrar construção em APP. Diretor da Brookfield diz que não tem mais “interesse empresarial” no terreno O s vereadores Santana Go- mes (PSD) e Geovani An- tônio (PSDB) estiveram, na tarde de ontem, na área do Go- iânia II onde a Brookfield Incor- porações tem projeto de construir nove prédios residenciais. O terre- no fica em uma área de preserva- ção permanente e estava com as obras paralisadas por uma limi- nar da Justiça até que a empresa conseguiu liberar os serviços me- diante assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta assi- nado com o Ministério Público. “A pergunta que devemos fa- zer inevitavelmente é quanto é possível pagar para conseguir assinar um acordo com o Minis- tério Público e com a prefeitura para degradar o meio ambiente. Quanto custa um Termo de Ajustamento de Conduta para poder construir em uma área de preservação permanente”, fri- sou Santana Gomes. Para o ve- reador, a liberação da obra pelo MP e pela prefeitura atenta “contra todos os princípios de moralidade e de sustentabilida- de que se pretende para uma ci- dade como Goiânia”. Santana ressaltou que o Mi- nistério Público precisa “manter a coerência de seus membros”, pois há promotores combativos que lutam para preservar o meio ambiente, já outros “abrem a guarda” para grandes conglome- rados empresariais com “muito dinheiro” para convencer autori- dades a permitir a degradação de ecossistemas importantes. “A promotora Marta Moriya esteve no local acompanhada um grupo de cientistas, que atestaram a impossibilidade de construir no local. Ela viu as nascentes, a vegetação nativa, as lagoas e o crime ambiental que a Brookfield já havia feito com os aterros e as drenagens. Essa promotora foi a mentora da ação cautelar que barrou a construção. Curiosamente, de- pois dela o procedimento foi pa- ra outro promotor, que por cer- to nunca foi ao local fazer uma vistoria, nunca viu que se trata de uma área de preservação permanente, nunca viu as lago- as com suas nascentes e permi- tiu a destruição de tudo com um simples acordo feito às escondi- das”, comentou o vereador. LAUDO ATESTOU DESTRUIÇÃO Santana se referiu a um Rela- tório Técnico realizado por pro- fessores-doutores do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Go- iás. O estudo, coordenado pela professora Celene Monteiro, foi feito após visita técnica do gru- po, no dia 30 de março de 2011, ao canteiro de obras onde a Brookfield queria construir o Condomínio Reale. O grupo estava acompanhado de outros técnicos e da promoto- ra Marta Moriya Loyola, titular da promotoria de Defesa do Meio Ambiente. “Essa promotora real- mente atua em defesa do meio ambiente e não de seu aniquila- mento”, frisou o vereador. O relatório esclarece que o condomínio estava sendo construído em “área aterrada de planície de inundação do Ri- beirão João Leite, tendo sido necessária a construção de mu- ro de arrimo e rede de drena- gem tubular e canal a céu aber- to para escoamento da água acumulada nos meandros abandonadas do Ribeirão João Leite”. O grupo de cientistas constatou que havia sido feito um grande serviço de aterra- mento da planície de inunda- ção, que se estende das imedia- ções da Avenida Pedro Paulo de Souza até a área inundada. Moradores da região lembram que foram colocados mais de 2.000 caminhões de terra e entu- lhos de construção nas nascen- tes. “Haviam milhares de peixes na lagoa. Quando ela secava, os macacos vinham da mata próxi- ma comer esses peixes que fica- vam no barro. Tudo foi destruí- do”, lamenta o executivo de segu- ros Rauph Santana. CASSAÇÃO DE ALVARÁ O vereador Geovani Antô- nio (PSDB) criticou também a Prefeitura de Goiânia por per- mitir no TAC que a construto- ra possa retomar as obras. “Está patente que se trata de uma área de preservação per- manente. Onde está a coerên- cia do prefeito Paulo Garcia, que quer fazer de Goiânia uma cidade sustentável e per- mite que agressões ao meio ambiente sejam chancelados por sua administração?”. Para Geovani, o decreto legis- lativo que tramita na Câmara Municipal para revogar o alvará de construção do Condomínio Reale será avocado para ser apre- ciado pela Casa o mais rápido possível. “Não bastasse esse TAC ter sido assinado sem anuência da Câmara Municipal, em total desrespeito do Executivo aos ve- readores, nosso compromisso é com o respeito ao meio ambien- te e com a qualidade de vida para os goianienses. Vamos avocar es- se projeto e revogar qualquer li- beração dessa obra.” O vereador tucano lembra que o vice-prefeito eleito de Goiânia, o ainda vereador Agenor Mariano (PMDB), assinou o requerimento do Decreto Legislativo para cas- sar o alvará. “Vamos cobrar coe- rência do vereador Agenor Mari- ano. Vamos conferir se ele tem compromisso com uma cidade sustentável ou se seu discurso co- mo vereador era um e como vice- prefeito irá mudar e permitir que o meio ambiente seja agredido de maneira tão vergonhosa.” ABANDONO DE PROJETO O engenheiro Fernando Maia, diretor-executivo da Bro- okfield Incorporações, procura- do pela reportagem, disse que a assinatura do TAC foi para ces- sar a ação cautelar que havia contra a empresa e seu empre- endimento. Ele ressaltou que “abandonou o interesse empre- sarial” pelo projeto de constru- ção das torres às mar- gens do Ribeirão João Leite. “Por hora, não vamos prosseguir com esse projeto. O Brasil é grande e vamos constru- ir em outra cidade. Pode ser que daqui a cinco anos possa- mos até retomar es- se projeto, mas agora não nos interessa mais.” Fernando Maia estudará a possibilidade de corrigir as des- truições que seus operários já fi- zeram, como o aterro de mais de 2.000 caminhões de terras sobre as nascentes, o muro de arrimo e os drenos na área de preservação permanente. Hélmiton Prateado Da editoria de Política & Justiça FOTOS:RENAN ACCIOLY Lago em área de preservação ambiental onde nove torres serão construídas Santana Gomes e Geovani Antônio no local, no Goiânia II, ontem Rauph Santana, executivo de vendas e morador do local, lamenta destruição de nascentes na região

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POLÍTICA & JUSTIÇADiário da Manhã GOIÂNIA, QUINTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2012 11

“Quanto custa um TAC”MEIO AMBIENTEMEIO AMBIENTE

Vereadores avocam decreto legislativo para barrar construção em APP. Diretor da Brookfield diz que não tem mais “interesse empresarial” no terreno

Os vereadores Santana Go-mes (PSD) e Geovani An-tônio (PSDB) estiveram,

na tarde de ontem, na área do Go-iânia II onde a Brookfield Incor-porações tem projeto de construirnove prédios residenciais. O terre-no fica em uma área de preserva-ção permanente e estava com asobras paralisadas por uma limi-nar da Justiça até que a empresaconseguiu liberar os serviços me-diante assinatura de um Termode Ajustamento de Conduta assi-nado com o Ministério Público.

“A pergunta que devemos fa-zer inevitavelmente é quanto épossível pagar para conseguirassinar um acordo com o Minis-tério Público e com a prefeiturapara degradar o meio ambiente.Quanto custa um Termo deAjustamento de Conduta parapoder construir em uma área depreservação permanente”, fri-sou Santana Gomes. Para o ve-reador, a liberação da obra peloMP e pela prefeitura atenta“contra todos os princípios demoralidade e de sustentabilida-de que se pretende para uma ci-dade como Goiânia”.

Santana ressaltou que o Mi-nistério Público precisa “mantera coerência de seus membros”,pois há promotores combativosque lutam para preservar o meioambiente, já outros “abrem aguarda” para grandes conglome-rados empresariais com “muitodinheiro” para convencer autori-

dades a permitir a degradação deecossistemas importantes.

“A promotora Marta Moriyaesteve no local acompanhadaum grupo de cientistas, queatestaram a impossibilidade deconstruir no local. Ela viu asnascentes, a vegetação nativa, aslagoas e o crime ambiental quea Brookfield já havia feito comos aterros e as drenagens. Essapromotora foi a mentora daação cautelar que barrou aconstrução. Curiosamente, de-pois dela o procedimento foi pa-ra outro promotor, que por cer-to nunca foi ao local fazer umavistoria, nunca viu que se tratade uma área de preservaçãopermanente, nunca viu as lago-as com suas nascentes e permi-tiu a destruição de tudo com umsimples acordo feito às escondi-das”, comentou o vereador.

LAUDO ATESTOUDESTRUIÇÃO

Santana se referiu a um Rela-tório Técnico realizado por pro-fessores-doutores do Institutode Estudos Sócio-Ambientaisda Universidade Federal de Go-iás. O estudo, coordenado pelaprofessora Celene Monteiro, foifeito após visita técnica do gru-po, no dia 30 de março de 2011,ao canteiro de obras onde aBrookfield queria construir oCondomínio Reale.

O grupo estava acompanhadode outros técnicos e da promoto-ra Marta Moriya Loyola, titular dapromotoria de Defesa do MeioAmbiente. “Essa promotora real-mente atua em defesa do meioambiente e não de seu aniquila-mento”, frisou o vereador.

O relatório esclarece que ocondomínio estava sendoconstruído em “área aterradade planície de inundação do Ri-beirão João Leite, tendo sidonecessária a construção de mu-ro de arrimo e rede de drena-gem tubular e canal a céu aber-to para escoamento da águaacumulada nos meandrosabandonadas do Ribeirão JoãoLeite”. O grupo de cientistasconstatou que havia sido feitoum grande serviço de aterra-mento da planície de inunda-ção, que se estende das imedia-ções da Avenida Pedro Paulo deSouza até a área inundada.

Moradores da região lembramque foram colocados mais de2.000 caminhões de terra e entu-lhos de construção nas nascen-tes. “Haviam milhares de peixesna lagoa. Quando ela secava, osmacacos vinham da mata próxi-ma comer esses peixes que fica-vam no barro. Tudo foi destruí-do”, lamenta o executivo de segu-ros Rauph Santana.

CASSAÇÃO DE ALVARÁ

O vereador Geovani Antô-nio (PSDB) criticou também aPrefeitura de Goiânia por per-mitir no TAC que a construto-ra possa retomar as obras.“Está patente que se trata deuma área de preservação per-manente. Onde está a coerên-cia do prefeito Paulo Garcia,que quer fazer de Goiâniauma cidade sustentável e per-mite que agressões ao meioambiente sejam chanceladospor sua administração?”.

Para Geovani, o decreto legis-

lativo que tramita na CâmaraMunicipal para revogar o alvaráde construção do CondomínioReale será avocado para ser apre-ciado pela Casa o mais rápidopossível. “Não bastasse esse TACter sido assinado sem anuênciada Câmara Municipal, em totaldesrespeito do Executivo aos ve-readores, nosso compromisso écom o respeito ao meio ambien-te e com a qualidade de vida paraos goianienses. Vamos avocar es-se projeto e revogar qualquer li-beração dessa obra.”

O vereador tucano lembra queo vice-prefeito eleito de Goiânia,o ainda vereador Agenor Mariano(PMDB), assinou o requerimentodo Decreto Legislativo para cas-sar o alvará. “Vamos cobrar coe-rência do vereador Agenor Mari-ano. Vamos conferir se ele temcompromisso com uma cidadesustentável ou se seu discurso co-mo vereador era um e como vice-prefeito irá mudar e permitir queo meio ambiente seja agredidode maneira tão vergonhosa.”

ABANDONO DE PROJETO

O engenheiro FernandoMaia, diretor-executivo da Bro-okfield Incorporações, procura-do pela reportagem, disse que aassinatura do TAC foi para ces-sar a ação cautelar que haviacontra a empresa e seu empre-endimento. Ele ressaltou que“abandonou o interesse empre-sarial” pelo projeto de constru-ção das torres às mar-gens do RibeirãoJoão Leite.“Por hora,não vamos

prosseguir com esse projeto. OBrasil é grande e vamos constru-ir em outra cidade. Pode ser que

daqui a cinco anos possa-mos até retomar es-

se projeto, masagora não nos

interessa mais.”

Fernando Maia estudará apossibilidade de corrigir as des-truições que seus operários já fi-zeram, como o aterro de maisde 2.000 caminhões de terrassobre as nascentes, o muro dearrimo e os drenos na área depreservação permanente.

HélmitonPrateadoDa editoria dePolítica & Justiça

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Lago em área de preservação ambiental onde nove torres serão construídas

Santana Gomes e Geovani Antônio no local, no Goiânia II, ontem

Rauph Santana,executivo de vendas e

morador do local,lamenta destruição denascentes na região

POLÍTICA & JUSTIÇADiário da Manhã GOIÂNIA, QUINTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2012 13

Governador entrega obras e anuncia novas ações

Em giro pelo interior do Estado, Marconi resgata compromissos e inaugura obras em vários municípios

Eos compromissos não pa-ram. Cada vez mais, o go-vernador Marconi Perillo

entrega obras e projetos a Goiás.Um a um. Nesta quarta-feira,12, a população goiana recebeua quarta rodovia reconstruída einaugurada, no espaço de umasemana. Com mais esta inaugu-ração, foram reconstruídos, de2011 até hoje, 1.700 quilômetrosde rodovias pelo Estado, dentrodo programa Rodovida Recons-

trução, tocado pela Agência Go-iana de Transportes e Obras –Agetop. Esse quantitativo com-põe parte do primeiro grupo doprograma lançado pelo gover-nador no ano passado e que de-ve reconstruir, até o final desteano, 2.081 quilômetros. Paracompletar a primeira etapa, se-rão inaugurados, nos próximosdias, mais treze trechos de rodo-vias reconstruídas. Até o final de2013, a previsão é de que 4.200

quilômetros serão recuperadospor meio desse programa que éo maior de reconstrução rodovi-ária de todo o País.

Durante inauguração do tre-cho da G0-225, Marconi falouque tem estudado realizar umgrande sonho da região que é apavimentação asfáltica de Co-rumbá a Alexânia. Adiantou queas 80 casas construídas em par-ceria com a prefeitura serão en-tregues no final do ano. Em se-

guida, fez mais um anúncio àpopulação: “O prefeito me pe-diu R$ 300 mil para aquisição demóveis e equipamentos para ohospital Nossa Senhora da Pe-nha. Eu falei agora com o secre-tário da Saúde e ele disse quedaqui a alguns dias vai liberar odinheiro”, disse, sob aplausos.

O governador disse ainda queo governo aguarda a finalizaçãode empréstimo com o BNDESpara a conclusão de mais trinta

estradas, além das que serão re-construídas pelo Rodovida. Emdiscurso, disse também que osR$ 2,173 bilhões autorizados naúltima terça-feira, 11, pelo minis-tro da Fazenda, Guido Mantega,como aumento da capacidade deendividamento, para que Goiáspossa fazer novos empréstimos,somados aos recursos que já ha-viam sido aprovados, totalizamR$ 4,6 bilhões, que serão investi-dos em infraestrutura no Estado.

Hoje, o governador Marconisegue com intensa agenda no in-terior do Estado. Às 10 horas, inau-gura 30 casas do Setor Juventinode Oliveira, benefícios do Progra-ma “Cheque Moradia Constru-ção”, em Avelinópolis. Em segui-da, inaugura também a pavimen-tação asfáltica da GO-154, trechoAvelinópolis/Araçu, e, em Araçu, ocontorno da cidade, ambas asobras previstas e concluídas pelo“Rodovida Construção”.

Inauguração da GO 225– Trecho

Corumbá/PirenópolisO trecho da G0-225, que

liga Corumbá de Goiás a Pi-renópolis, possui 19 quilô-metros de extensão e foi en-tregue pelo governador,acompanhado pelos secre-tários Vilmar Rocha (Chefeda Casa Civil), e Danilo deFreitas (Infraestrutura), oprefeito de Corumbá, Emíliode Paiva, e autoridades loca-is.Todos os trechos recons-truídos até o momento têmCBOQ, um pavimento espe-

cial, e também recebem si-nalização vertical, horizon-tal, e noturna.

Trecho reconstruído coma técnica de micro revesti-mento, material betumino-so, para garantir a trafegabi-lidade do trecho, aumentaráem 10 anos a vida útil da ro-dovia. O local recebeu sinali-zação vertical e horizontal,inclusive tachas refletivaspara maior segurança no trá-fego noturno.

Inauguração da EscolaSéculo XXI – Goianira

Inauguração das novasinstalações do Colégio Esta-dual José Silva Oliveira, emGoianira, a 32 quilômetrosda Capital. A construção foipor meio de convênio com aAgência Goiana de Trans-portes e Obras Públicas(Agetop) e custou cerca deR$ 2,9 milhões aos cofres doTesouro Estadual. Os alunosjá estão estudando no novoprédio. A unidade educacio-nal foi construída no “Pa-

drão Século XXI” e, além dassalas de aula, tem outros es-paços totalmente novos, co-mo laboratórios, biblioteca,quadra coberta, vestiário, re-feitório e sanitários.

A unidade trabalhará com35 turmas, formadas paracontemplar cerca de 1.200alunos de Goianira e de mu-nicípios vizinhos. Ainda esteano outras unidades educa-cionais serão inauguradasno interior do Estado.

Vistoria às obras da GO 070e do Rodovida Urbano –

Goiânia/InhumasVistoria dos serviços de im-

plantação da iluminação da GO-070, em Inhumas. A Agetop estáinstalando aproximadamentemil postes para iluminação daGO-070, no trecho que vai deGoiânia a Inhumas. Segundo ogovernador Marconi Perillo, oobjetivo é dar maior visibilidadenoturna à rodovia, reforçar e me-lhorar a segurança. “Além disso,temos uma proposta urbanísticacom a utilização de postes e lu-minárias de alto rendimento edurabilidade, o que gera econo-mia de energia”, afirmou.

Após a vistoria da rodovia, ogovernador se deslocou até Inhu-mas onde também fiscalizou asobras de reconstrução de vias ur-banas do programa Rodovida Ur-

bano no município. “Nós esta-mos recapeando 13 milhões demetros quadrados de vias urba-nas em todo o Estado”. Marconiafirmou que sua intenção é trans-formar a rodovia em uma aveni-da, bem iluminada, segura e bemarborizada. “A minha ideia é que,daqui a alguns anos, a GO-070 se-ja um espetáculo entre as rodovi-as goianas, que ela seja a melhore mais bonita rodovia de Goiás”.

O prefeito de Inhumas, Abe-lardo Vaz Filho, agradeceu aogovernador pela iniciativa. “Go-vernador Marconi Perillo, nós fi-camos muito honrados com asua presença em nossa cidadeporque o senhor é um homemque não só promete, mas cum-pre suas promessas”.

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POLÍTICA & JUSTIÇADiário da Manhã GOIÂNIA, SÁBADO, 1º DE SETEMBRO DE 2012 11

As causas da descrença do povo

ODiário da Manhã foiàs ruas de Goiânia pa-ra saber da população

por que os eleitores estãodescrentes com as eleiçõesmunicipais de 2012. É nítido,entre as respostas, que o ce-nário político e a qualificaçãodos candidatos para as elei-ções tem levado ao desinte-resse e apatia dos cidadãos.No conceito da população,por meio da desmoralizaçãoda política, escolher um can-didato para depositar a confi-ança do voto tem se transfor-mado em uma obrigação pe-sada, desagradável e irrele-vante, isso porque o eleitorestá saturado de um processosem credibilidade.

DanylaMartinsDa editoria de

POLÍTICA & JUSTIÇA

“A promessa é muita e nada está sendofeito. Na hora do voto é uma coisa,depois outra.”

Adriano Reis,comerciante 40 anos

“Acho que o julgamento do mensalãorepercutiu negativamente e a CPI doCachoeira também.”

Mário Rodrigues,servidor público 38 anos

“Por causa da picaretagem dos políticos. Édifícil ser representado pelo o que vemosna política. Irei votar, mas decepcionado”

Edmar José de Castro,comerciário 50 anos

“ Tem vários fatores, o pessoal estádesiludido e tem o fator Cachoeira.”

Jovair Nunes,candidato a vereador (PSOL) 51 anos

“Acho que em tudo na realidade, com essesproblemas de política. Não dá para confiarem ninguém, não há nenhuma novidade.”

Domingos Ribeiro de Queiroz,marceneiro 56 anos

“Porque político é tudo corrupto eninguém acredita em ninguém.”

Karen Carvalho,secretária 30 anos

“Por causa da corrupção, só a corrupçãojá é o suficiente.”

Natália Novais,vendedora 18 anos

“Acho que devido à corrupção, masmesmo desanimado acredito que aindapode melhorar.”

Cristiano Melo,representante comercial 34 anos

“Corrupção. Não tem jeito, ainda maiscom essa fase que estamos passando.”

Juliano Batista Ribeiro,moto taxista 32 anos

“Porque só promete e não faz.”

José Humberto ,piloto 28 anos

“Devido ao desrespeito com o eleitor.”

Wesley Nunes de Souza,vendedor 20 anos

“Insegurança. Em quem poderia passarconfiança, não passa o que gostaríamosde ver.”

Maria Gomes Sampaio,vendedora 29 anos

“Só tem político corrupto, a política jávive em um sistema corrupto de nãopensar na população.”

Daniele Aquino,estudante universitária 20 anos

“Porque os políticos não prestam, cadaum é mais vagabundo que o outro.”

Piedade Alves,comerciante 50 anos

“Todo mundo está cansado dessapalhaçada, ninguém acredita mais.”

Kênia Alves,comerciante 33 anos

“Acredito que o pessoal está prometendomuito e não fazendo. Tem comoamenizar os problemas e organizar.”

Luana Machado,gerente de loja 23 anos

“Porque é corrupção e depois do Demóstenesficou pior e era em quem tínhamosconfiança. Não irei votar em ninguém.”

Nina Moreira de Jesus,proprietária de loja 23 anos

“Nas últimas 2 eleições só se vê catástrofe napolítica, só se fala em roubo, mensalão enão há nenhum ponto positivo.”

Edlena Maria Silva,comerciante 49 anos

“Acredito que pelo tanto de promessa enão cumprir. Um é pior que o outro.”

Dayane Cristina Lima dos Santos,vendedora 19 anos

“Todos os políticos estão sendo iguais, nãose vê resultado.”

Márcia Luana Pereira da Silva,vendedora 16 anos

“O povo não acredita em mais ninguém,promessas falsas.”

José Pereira da Silva,aposentado 70 anos

“Simplesmente porque só tem políticocorrupto.”

Paulo José da Silva,ambulante 42 anos

“Só tem corrupto na política. Acho que sóa corrupção é o pior.”

José Maurício de Oliveira,pedreiro 38 anos

“Devido à corrupção. Nos jornais sópassam o caso Cachoeira e mensalão. Elesvêm até o eleitor apenas nesta época.”

Lorena Pereira da Silva,vendedora 26 anos

“Promessas de candidatos são canseira.Talvez até tenha candidato bom, mas agente nem sabe.”

Patrícia Moreira dos Santos,vendedora 37 anos

“Hoje a maioria dos políticos estãosempre roubando e isso desanima apopulação.”

Leandro de Morais Barbosa,operador de telemarketing 24 anos

“Corrupção. Roubalheira. Falta detransparência nas campanhas e valores.”

Samuel Meireles,técnico em informática 24 anos

“A falta de opção de escolha, não háescolha confiante.”

Caio César Coutinho,estudante 20 anos

Os políticos não estão correspondendo àexpectativa de ninguém.”

Danielly Domingos Marques,vendedora 18 anos

“Decepção. Tristeza e angústia. Estámuito feia a política. Vou até votar embranco.”

Eliana Santana,vendedora 30 anos

“Porque esse povo é tudo mentiroso, sópromessa.”

Gislaine de Assis Ramos,vendedora 25 anos

“Ninguém acredita em político. Nuncavotei em eleição.”

Junyo Motta,cantor 32 anos

“A promessa é muita e nada está sendofeito. Na hora do voto é uma coisa, depoisoutra.”

Maria José Moura Silva,atendente 40 anos

“Devido à tanta corrupção, esse é o maiormotivo. Há muita promessa.”

Eliene Nunes da Costa,promotora de eventos 31 anos

“A má atuação, o descaso com apopulação. Cadê os políticos?”

Arienia Araújo Nunes,psicóloga 41 anos

“Talvez a corrupção, mas tem algunseleitores que nem estão desanimados.”

Débora Cecília Bontempo,operadora de caixa 22 anos

“Por causa da cachorrada da política noPaís. Estão acabando com a minhademocracia.”

Maria Aparecida Pereira,publicitária 48 anos

“Só tem roubo, os maiores bandidos estãona política.”

Iron Oliveira,auxiliar administrativo 19 anos

“Não gosto de política. Nem sei.”

Luciene Barbosa,promotora de vendas 18 anos

“A bagunça que está na política, ninguémacredita mais, mas deve ter gente boapara trabalhar por aí.”

João Batista,vendedor 42 anos

“Com certeza por causa da falta decaráter e compromisso. O povo precisade ajuda.”

Tânia Alves,autônoma 27 anos

“Nenhum dos políticos prestam. Hoje sóprometem e fazer, na verdade, nada.”

Luana Bruna de Lima,vendedora 17 anos

“È complicado, porque promete as coisase nem faz e nessa época de eleições que hápromessas e a gente não vê o que entra.”

Sara Araújo,cantora 30 anos

“Não dá pra confiar e eles mentemdemais.”

Genocleber Santos Silva,assistente técnico 27 anos

“Acabou a confiança, isso já não existemais.”

Robéria Freitas,vendedora 30 anos

“Falta de preocupação com o povo, acorrupção. Fala-se tanto em assistência enão se vê nada disso.”

Gabriela Aguiar Costa,estudante 19 anos

FOTOS: ANSELMO JARBAS

Diário da ManhãPOLÍTICA & JUSTIÇAGOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 11 DE SETEMBRO DE 201212

Evento presta homenagem aos 78 anosda Associação Goiana de Imprensa

Instalação da Comissão Especial de Defesa do Jornalista e palestra sobre Lei de Imprensa são realizadas em solenidade no Diário da Manhã

Acontece hoje no auditóriodo Diário da Manhã, às10 horas da manhã, even-

to em homenagem aos 78 anosda Associação Goiana de Im-prensa (AGI). O evento contarácom a instalação da ComissãoEspecial de Defesa do Jornalista,com onze membros, e palestrasobre a Legislação de Imprensacom o deputado federal VilmarRocha do Partido Social Demo-crata (PSD), relator do projeto.Este será o segundo evento emhomenagem a AGI. O primeiro,ocorrido em 5 de setembro, foirealizado pela Câmara Municipalde Goiânia, com proposta do pre-sidente da Casa, Iram Saraiva.

Segundo o jornalista, empre-sário e atual presidente da AGI,Valterli Guedes, principal objeti-vo da associação é a defesa de li-berdades públicas, que surgiucom a luta pelos direitos indivi-duais. A comissão tem uma atri-buição importante nessa obten-ção. “O Brasil evoluiu, quanto àconquista da democracia, masainda existem resquícios per-ceptíveis, e o papel da AGI é de-fender a sociedade quanto a is-so”, afirma Valterli.

O presidente assegurou aindaa importância do avanço repre-sentado pela Constituição de1988 e a necessidade de lutar pa-ra que esta venha ser vivenciadano dia a dia pela sociedade.

Valterli Guedes, apontou orecente assassinato do radialistaValério Luiz ocorrido há poucomais de dois meses. O caso, atéhoje não esclarecido, foi um cri-me brutal relacionado a opiniãona área do esporte. O presidenteafirmou que esta será a primeiratarefa a ser executada pela Co-missão Especial de Defesa doJornalista. “Vamos acompanharas investigações que resultaramnesse episódio a propósito daprisão dos culpados”, afirmou.O jornalista Mané de Oliveira,pai de Valério Luiz, é um dosconvidados a participar da co-missão. Tomarão posse aindano cargo os integrantes: Arman-do Acioly, Eurico Barbosa, Jor-devá Rosa, Jorge Braga, LuciaVânia, Oloares Ferreira, RenatoDias, Rosenval Ferreira, UlissesAesse e Welington Carlos.

Além da instalação da comis-são, será realizada palestra sobreA Legislação de Imprensa com odeputado federal e secretário-chefe da Casa Civil do governo deGoiás, Vilmar Rocha (PSD). O de-

putado foi relator do projeto quetramita no Congresso Federal hámais de 10 anos, cuja propostaagrada jornalistas e empresas,mas não foi votado. Valterli Gue-des defende a aprovação do pro-jeto de Lei, para preservar a liber-dade de expressão de imprensa eque o jornalista caso se sintaofendido, tenha o direito de re-correr. Segundo ele, o Brasil é umdos poucos países que não dis-põe de tal regulamentação.

IMPRENSA EM GOIÁSO primeiro jornal de Goiás foi

editado pela primeira vez em 05de março de 1930 em Pirenópo-lis, com o nome Matutina Meia-pontense. Quem adquiriu o par-que tipográfico foi o comenda-dor Joaquim Alves de Oliveira.Depois vieram outros jornais ca-racterizados como audaciosos,que promoviam debates e ti-nham finalidade política, comoo 5 de Março.

A AGI foi fundada no dia 10 desetembro de 1934 na antiga capi-tal do estado, para reunir jornalis-tas e correspondentes de outrosEstados, com importância paratoda cultura de Goiás, além degrande influência política. Segun-do o presidente atual ValterliGuedes, as associações dos ou-tros Estados também foram cria-das nessa mesma época, uma fa-se nova e de conquistas demo-cráticas, como o voto feminino.

O primeiro presidente e fun-dador da AGI foi o jornalista, es-critor e político Albatênio CaiadoGodoy, que exerceu o cargo até1941. Quem o sucedeu foi Joa-quim Câmara, fundador do jor-nal O Popular. Após este, váriosoutros nomes assinaram a ata,como Zoroastro Artiaga, JaimeCâmara, Batista Custódio e o pro-fessor Venerando de Freitas Bor-ges, primeiro prefeito de Goiânia.

Valterli destaca a influênciaque os jornalistas sempre tiveramem Goiás na época em que o Es-tado ainda era pequeno politica-mente. Ele menciona ainda, Leo-poldo Bulhões, político impor-tante durante muito tempo e Mi-nistro da Fazenda em dois gover-nos, e o jornalista Alfredo Nasser,nomeado Ministro da Justiça em1961. “A AGI pretende ressaltar osvalores e mostrar grandes escrito-res que temos em Goiás.”

A entidade tem como objetivoainda, de acordo com o presiden-te, realizar reuniões frequentespara combater as dificuldadesque vêm enfrentando, adquiriruma sede melhor, levar a AGI pa-ra cidades do interior e criar nú-cleos nas cidades com represen-tantes, ampliar quadros de associa-dos e reimplantar a biblioteca.

MilenaPortoDa editoria dePolítica & Justiça

Valterli Guedes, atual presidente da Associação Goiana de Imprensa (AGI), em entrevista no jornal Diário da Manhã

Editor do DM presidiu entidade na década de 1960Editor do DM presidiu enti-

dade na década de 1960. O jor-nalista Walter Menezes, ex-pre-sidente da Associação Goianade Imprensa (AGI) e hoje umdos militantes mais ativos, re-corda bons tempos nos 78 anosde existência da entidade. Con-forme o jornalista, o editor-geraldo Diário da Manhã, BatistaCustódio, foi o presidente daAGI em 1966. Um episódio emespecífico demonstrou a coe-rência da entidade. “Era plenaditadura e a Ordem dos Advoga-dos do Brasil (OAB), de Goiás,realizaria uma conferência coma participação de Dom HélderCâmara, líder da igreja católica

indicado quatro vezes ao Prê-mio Nobel da Paz.”

Menezes recorda, entretanto,que a OAB recebeu uma repenti-na ligação do governo Federal, dosistema de segurança nacional.“Avisaram: não era para fazer a talpalestra não. E a OAB amofinou,se acovardou. Dom Fernando, en-tão, ligou para a AGI e conversoucom Batista Custódio, que abriuas portas da sede para realizar arecepção ao religioso”.

Conforme Menezes, o editordo DM mostrou coragem no epi-sódio e levou a comitiva do religi-oso para a sede da AGI, localiza-da na Avenida Goiás, esquinacom a Rua 4. “Mas ele foi preso,

já conhecia todos aqueles basti-dores. Por isso costumo dizerque a AGI foi sempre uma insti-tuição altiva, que honrou a pro-fissão de jornalista.”

CURSOOutra vitória da instituição, ga-

rante Menezes, foi a criação docurso de Jornalismo na Universi-dade Federal de Goiás (UFG).“Lembro que ao lado de José Osó-rio Naves, jornalista, levamos aoreitor Colemar Natal e Silva a ideiado curso. Sugerimos e ele atendeude pronto. Ocorre que veio o golpemilitar. E mesmo assim o reitor da‘revolução’, Jerônimo Geraldo deQueiroz, abraçou a ideia.”

Para Menezes, a UFG for-mou, daí por diante, grandesjornalistas. “É um exemplo dequalidade no Brasil. Temosgrandes jornalistas nacionais einternacionais que saíram daUFG”, recorda, com orgulho.

O ex-presidente da AGI prestahomenagem também a AlbatênioCaiado de Godoi, que foi jornalistana cidade de Goiás. “Ele foi um dosauxiliares de Pedro Ludovico e semostrou contra os próprios ‘Caia-dos’. A AGI foi um sonho, uma ins-piração do Albatênio, que tornou-se realidade”. Albatênio tambémfoi um dos primeiros presidentesda OAB em Goiás, na virada dasdécadas de 1930 para 1940.

TRF rejeita denúncia a ValérioFOLHAPRESS, DE BRASÍLIA

O Tribunal Regional Fede-ral da 1ª Região (Brasília) rejei-tou por unanimidade ontemuma denúncia contra o em-presário Marcos Valério e amulher dele, a empresária Re-

nilda Santiago, pelo crime de la-vagem de dinheiro.

O Conselho de Controle deAtividades Financeiras (Coaf)detectou transferência de váriosmilhões de reais entre as contasbancárias de Renilda e de umaempresa do casal.

Ex-presidentes da AGI Fundadores da AGI

-Albatênio Caiado de Godoy (1934-1941)

-Joaquim Câmara Filho (1941-1943)

-Maximiano de Mata Teixeira(1943-1945)

-Aparício Xavier da Silva (1945-1947)

-Hélio de Araújo Lobo (1948-1951)

-Geraldo de Araújo Vale (1951-53; 55-57; 61-63)

-Oscar Sabino Júnior (1953-55; 59-61)

-Elieser José Pena (1957-58)

-Wagner Tavares de Góis (1963-1965)

-Walter Menezes (1965-1967)

-Batista Custódio dos Santos(1967-1969)

-Lourival Batista Pereira (1971-1973)

-Willian da Silva Guimarães (1973-1975)

-Henrique Ferreira Duarte (1975-1977)

-Alírio Afonso de Oliveira (1969-71;77-79; 79-81)

-Lorimá Dionísio Gualberto (1982-85)

-Jales Rodrigues Naves (1985-88; 88-90)

-Antônio Ramos Lessa (1991-1994)

-Waldemar Gomes de Melo(1994-1997)

-Walter Menezes (1998-2007)

-Valterli Leite Guedes (2010-2013)

-Albatênio Caiado de Godoy (Presidente)

-Vasco dos Reis Gonçalves (Vice-presidente)

-Venerando de Freitas Borges(Secretário)

-Agnelo Arlington Fleury(Tesoureiro)

-Alfredo Nasser (Orador)

-Zoroastro Artiaga (Corresp. de Jornais)

-Jaime Câmara (Comissão de estatuto)

-Abdala Samahaí (Comissão de

estatuto)

-Benjamin da Luz Viera (Comissão

de estatuto)

-Goiáz do Couto (Comissão de estatuto)

-Waid Mendes da Costa

(Correspondente)

-Claro Augusto de Godoy (Redator da

Voz do Povo)

-Inácio Xavier da Silva

(Correspondente de jornais)

-Octávio Artiaga

(Correspondente de jornais)

Joaquim Barbosa condenanove por lavagem de dinheiro

FOLHAPRESS, DE BRASÍLIA

O relator do julgamentodo mensalão no SupremoTribunal Federal, JoaquimBarbosa, votou hoje pelacondenação de nove réus porlavagem de dinheiro e fez amenção mais direta até agorade um ministro à atuação deJosé Dirceu (PT-SP) no caso.

Em seu voto que apontouum esquema de ocultaçãode saques do dinheiro usa-do no mensalão, Barbosadisse que o empresário Mar-cos Valério de Souza funcio-nou como “intermediário”de interesses da dona doBanco Rural, Kátia Rabello,junto a Dirceu, então minis-tro da Casa Civil.

A acusação contra o ex-ministro será analisada maisadiante. Segundo Barbosa,encontros entre Kátia e Dir-ceu ocorreram “no contexto”das operações de lavagem.“Embora Kátia Rabello e JoséDirceu não admitam ter tra-tado do esquema de lavagemde dinheiro, é imprescindívelatentar para o contexto emque tais reuniões se deram.Não se trata de um fato isola-do, ou seja, meras reuniõesentre dirigentes de um ban-co e o então chefe da Casa

Civil, mas num mesmo contex-to em que as operações foramlevadas a efeito.”

O relator pediu hoje a conde-nação de Valério, de seus sóciosCristiano Paz e Ramon Holler-bach, de seu advogado RogérioTolentino e de duas funcioná-rias do grupo, Simone Reis eGeiza Dias; e da sócia do BancoRural Kátia Rabello, do ex-vice-presidente José Roberto Salga-do e de Vinícius Samarane.

Ele votou pela absolvição da ex-executiva Ayanna Tenório, já queela fora absolvida por nove votos aum, na semana passada, da acusa-ção de gestão fraudulenta.

Segundo o relator, o esquemade lavagem de dinheiro passoupor três etapas. Primeiro houveuma fraude nos registros contá-beis das empresas de Valério.

Depois veio a simulação deR$ 29 milhões de empréstimosbancários das empresas de Va-lério junto ao Rural. As dívidaseram roladas indefinidamente,sem pagamento.

Por fim o dinheiro era saca-do na boca do caixa de modo aenganar o Banco Central e oCoaf, órgão de inteligência fi-nanceira do governo.

Pela legislação, os bancosdeveriam comunicar ao BC eao Coaf todos os saques iguaisou superiores a R$ 100 mil.

ANDRE SADDI

EDITOR: MARCELO TAVARES / [email protected] / (62) 3267 1179

www.dm.com.brDiário da Manhã GOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012 13

MUNDOuLaurence Pope, o novo encarregado denegócios norte-americanos na Líbia, chegouao país para assumir temporariamente ocontrole da embaixada em Trípoli, após atqueao consulado americano em Benghazi.

u A região autônoma da Catalunha pediuontem mais 410 milhões de euros em ajudado governo central da Espanha. Com isso, ototal solicitado pela administração regionalavançou para 5,433 bilhões de euros.

uA Rússia é o único país capaz de parar oprograma nuclear do Irã sem o uso da forçaou de sanções econômicas esmagadoras,disse o líder do Parlamento de Israel, ReuvenRivlin, durante visita a Moscou.

Mudanças climáticas aumentam a camada de gelo na Antártida

Área atingiu 19,45 milhões de km². Já no Polo Norte, recentemente foi registrada a maior perda da calota polar

AGÊNCIA ESTADO, DE WASHINGTON

Acamada de gelo da An-tártida está aumentandoe em setembro alcançou

o recorde de 19,45 milhões dequilômetros quadrados, afir-mam cientistas. Já o Ártico, no

Polo Norte, recentemente regis-trou a maior perda de gelo dahistória conhecida.

Os céticos do aquecimentoglobal aproveitaram o crescimen-to do gelo antártico para dizerque o clima do mundo não estámudando. Mas muitos cientistas

dizem que os críticos estão inter-pretando mal os resultados.

"Um mundo em aqueci-mento pode ter consequên-cias complexas e às vezes sur-preendentes", disse Ted Mak-sym, que nesta semana estáem uma expedição pelos ma-

res da Antártida. Ele trabalhapara o Instituto OceanográficoWoods Hole em Massachu-setts. Outros especialistas con-cordam que o panorama car-rega as marcas das mudançasclimáticas causadas pelo ho-mem. Ted Scambos, do Cen-

tro Nacional de Dados de Ne-ve e Gelo do Colorado, acres-centa: "Não é intuitivo, mas aAntártida também faz partedo aquecimento".

O degelo no Ártico podeafetar a população do hemis-fério Norte, causando proble-

mas como maiores riscos defenômenos climáticos extre-mos e mudanças nas corren-tes marítimas. Já as peculiari-dades climáticas da Antártidanão têm grande efeito na civi-lização. As informações sãoda Associated Press.

EFE

Rússia pede explicaçõesapós interceptação de voo Avião sírio foi forçado a pousar pela Força Aérea turca

AGÊNCIA ESTADO, DE ISTAMBUL

Oincidente envolvendo oavião sírio interceptadopela Força Aérea da

Turquia aumentou ainda maisa tensão diplomática na região.Ontem, o presidente VladimirPutin adiou uma visita que fariaà Turquia, mas não deixou claroqual é o motivo da postergação.

A data do encontro foi mu-dada para 3 de dezembro, re-latou uma fonte do gabinetedo primeiro-ministro turco,mas o porta-voz de Putin disseque a data "é apenas uma daspossibilidade em análise paraa visita à Turquia".

A Rússia é um dos principa-is aliados do governo do presi-dente Bashar Assad, mas essaposição até agora não haviaprovocado nenhum problemacom a Turquia.

A aeronave interceptada se-guia para a Síria, procedente deMoscou, e foi forçada a pousarna quarta-feira. A imprensa tur-ca noticiou que o avião trans-portava aparatos de comunica-ção militar, como rádios, ante-nas e "e equipamentos suspei-tos de serem partes de mísseis".

A Síria acusou Ancara de"comportamento hostil e re-preensivo" e afirmou que o ca-so é "mais um sinal das políti-cas hostis do governo de Erdo-gan, que abriga rebeldes ebombardeia o território sírio",afirmou o Ministério de Rela-ções Exteriores do país, refe-rindo-se ao primeiro-ministroturco, Recep Tayyip Erdogan.

O avião da Syrian Arab Air-lines levava 37 pessoas e con-tinuou a viagem para Damas-co após algumas horas, massem a carga. O ministro de In-

formações da Síria acusoua Turquia de "pirataria aé-rea". Já o chefe da compa-nhia dona do avião afirmouque autoridades turcas"agrediram a tripulação”.

A Rússia exigiu explica-ções sobre o incidente e oporta-voz do Ministério dasRelações Exteriores, Ale-xander Lukashevich, disseque o país preocupa-se que"a vida e a segurança dospassageiros, entre eles 17cidadãos russos, tenham si-do colocadas em perigo".

A hostilidade entre Sí-r ia e Turquia vem au-mentando nos últ imosdias, com trocas de dis-paros de artilharia e mor-teiros na fronteira entreas duas. As informaçõessão da Dow Jones e daAssociated Press.

Ativista adolescente baleada noPaquistão ainda não está fora de perigoAGÊNCIA ESTADO, DE PAQUISTÃO

A ativista adolescente MalalaYousafzai, de 14 anos, baleada peloTaleban no Paquistão, não está fo-ra de perigo e será transferida paraa cidade de Rawalpindi, disseramautoridades ontem. Um dos médi-cos, Mumtaz Khan, afirmou maiscedo que a condição dela ainda épreocupante e que por enquantoestá internada em um hospital mi-litar em Peshawar.

"Seu estado de saúde não estáfora de perigo apesar de melho-ras", afirmou Masood Kausar, go-vernador da província de KhyberPakhtunkhwa. Preparações estãosendo feitas para enviá-la para oexterior, mas uma fonte entre osmilitares disse que ela ainda estámal demais para poder viajar.

O ataque a Malala foi ampla-mente condenado no exterior e no

Paquistão por círculos esclareci-dos. A ativista estava em um ôni-bus com outras alunas que volta-vam da escola quando foi atacadana cidade de Mingora, Paquistão,na terça-feira. No ano passadoMalala foi nomeada para o Prêmio

Internacional da Paz Infantil, porseu respeitado trabalho de promo-ção da escolaridade entre meninas– algo que o Taleban repudia. Ogrupo fundamentalista prometeumatá-la. As informações são daDow Jones e Associated Press.

Malala Yousafzai, 14 anos, foi baleada pelo Taleban, no Paquistão

Avião interceptado napista do aeroporto de

Ancara, Turquia. Governoda Síria acusa a Turquia

de “comportamentohostil e repreensivo”

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Pesquisa realizada pelo Pro-con Goiás aponta grandediferença de preços em um

mesmo produtoSegundo o Serviço de Pro-

teção ao Consumidor de Goi-ás (Procon), neste Dia das Cri-anças, os pais que não pesqui-saram podem pagar até 197%a mais no preço de um mes-mo produto nas lojas de Goiâ-nia. Os técnicos do órgão visi-taram, entre os dias 3 e 8 deoutubro, dez estabelecimen-tos da cidade, desde lojas es-pecializadas e alguns super-mercados, onde também hávariedade de brinquedos.

Foram pesquisados 88 tiposdiferentes, como videogames,laptops infantis, DVDs, bici-cletas, quebra-cabeças, jogosde tabuleiros, bonecas, carrosde controle remoto, e diversostipos diferentes de brinque-dos, levando em consideraçãoprodutos idênticos (mesmamarca e modelo).

A maior variação, de197,03%, foi encontrada no jo-go Cara a Cara da Estrela, cujomenor preço foi de R$ 26,90 e omaior R$ 79,90. Em seguida,veio o boneco Power RangerSamurai Bull Megazord, comvariação de 161,39%. O menorpreço encontrado para esseproduto foi de R$ 89,90 e omaior, R$ 234,99.

O Super Banco Imobiliário daEstrela oscilou entre R$ 119,99 eR$ 199,90, variação de 66,60%. Ocarro de controle remoto “Bat-man com 7 funções” da marcaCandide teve menor preço de R$119,90 e o maior de R$ 189,99, oque equivale a uma diferença depreço de 58,46%.

Foi apurada uma variaçãode 50,03% do DVD “A GalinhaPintadinha 3”, podendo ser en-contrado ao preço de R$ 19,99até R$ 29,99. Já o videogameNintendo Wii White com con-trole com Motion Plua – “Nin-tendo”, variou 22,88%, sendo omenor preço R$ 699,00 e o mai-or chegando a R$ 859,00.

VENDASO gerente da loja Ri Happy

do Flamboyant Shopping Cen-ter, Adilson Frasnelli, conta quemuitos dos consumidores queforam à loja não fizeram umapesquisa de preço antes. “Mui-tos trazem seus filhos para es-colher, então não ficam procu-rando muito entre uma loja eoutra, a barganha é feita com aspróprias crianças”.

Segundo o gerente, o maiormovimento aconteceu ontem,véspera do Dia das Crianças, masa expectativa para hoje é maiorainda. “O nosso principal concor-rente não abre no feriado, espera-mos por muito movimento.”

O gerente conta ainda que osbrinquedos que mais fizeram su-cesso na loja nesse Dia das Crian-ças foram máquinas de costura,beyblades, brinquedos temáticosda novela Carrossel, além doDVD da Galinha Pintadinha eLego Ninjago, que tiveram o esto-que esgotado.

ÚLTIMA HORADe acordo com Adilson, to-

dos os anos há uma forte inci-dência de pais que deixam paracomprar o presente no últimodia. Este é o caso de Cecília Bri-to, fotógrafa, que tem três filhos.Ela conta que ainda não com-prou os presentes de seus filhos,e que está consciente que pode-rá pagar mais caro, já que nãofez uma pesquisa de preços.

Segundo Cecília, o filho de 14anos ainda está querendo saber setem direito a um presente esteano, a filha de 10 quer uma bici-cleta e o filho mais novo, de quatroanos, quer um carrinho. “Os meusfilhos já fizeram a lista deles, masainda não tive tempo de ir até a lo-ja e não vou conseguir compararos preços, vou correr no shoppingpara comprar” afirma.

O Procon forneceu tambémorientações aos pais na hora decomprar o presente para as cri-anças. Os pais que ainda nãocompraram podem utilizar asdicas abaixo.

EDITORA: GRACCIELLA BARROS / [email protected] / (62) 3267-1051

www.dm.com.br Diário da ManhãGOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 201214

ECONOMIA

uO ministro da Fazenda, Guido Mantega,afirmou que os países que formam o GrupoBrics (Brasil, Rússia, Índia, China e África doSul) estão sendo afetados peladesaceleração da economia mundial.

uAs ações preferenciais da Telebrasdispararam ontem, fechando com alta de28,59%, após avanço de 52% no pregão dequarta-feira (10). Na máxima do dia, ospapéis chegaram a 49,72%.

uNa comparação com agosto do anopassado, as vendas do varejo tiveram alta de10,1% em relação a este ano. As vendas dovarejo restrito acumulam altas de 9,0% noano e de 7,8% em 12 meses.

BOLSAS

p+1,21%SÃO PAULO 0,427 2,039 2,634 R$ 115,6 7,25%

BOVESPA

58.456 59.161,72

POUPANÇA DÓLAR EURO OURO SELIC INFLAÇÃO

q-0,14% q-0,08% p+0,92%

q-0,04% p+0,34% p+0,33%DOW JONES NASDAQ LONDRES TÓQUIO

Índice da Bolsa de Valores de São Paulonos últimos dias (em pontos)

Em mais um dia de fortevolatilidade no mercado, Ibovesparegistrou 2ª sessão seguida de baixa

Rendimento previstopara hoje

Cotação acompanhou piora do cenário externoem meio a temores sobre economia global

Cotação do euro comercial para compra

Negociação do ouro naBM&F, ontem

Taxa básica de jurosbrasileira

IPCA calculado pelo IBGE Principais bolsas europeias caíram em dia de poucos negócios. Alguns dados econômicos apontavam parainício difícil da temporada de resultados corporativos do terceiro trimestre nos Estados Unidos

4/10 5/10 8/10 9/10 11/10

setembro 0,57%

agosto 0,41%

julho 0,37%

junho 0,43%

maio 0,08%

abril 0,36% p+0,12%

10/outubro.............2,039

9/outubro 2,035

8/outubro 2,027

5/outubro 2,029

4/outubro 2,018

Brincar está mais caro este anoSegundo pesquisa realizada pelo Procon-GO, preço de brinquedos pode variar em até 197% em Goiânia

DICAS DO PROCON

Antes de sair de casa – é importanteque o consumidor já tenha uma no-ção de que presente pretende com-prar e quanto poderá gastar nacompra do produto. Isso ajuda aeconomizar, evitando gastos desne-cessários, fazendo, inclusive, umapesquisa de preços em pelo menostrês estabelecimentos. No entanto,o gosto, idade e limitações da crian-ça devem ser levados em considera-ção. Quanto ao gosto da criança,saiba dialogar, pois nem sempre osprodutos “da moda” é que são ospreferidos das crianças, são os maisadequados.

O que observar no brinquedo –todo brinquedo deve ter um selode segurança fornecido pelo IQB– Instituto de Qualidade do Brin-quedo, juntamente com o selo doInmetro, o que indica que o pro-duto foi fabricado e comercializa-do de acordo com as normas téc-nicas, verificando, ainda, a quefaixa etária da criança o brinque-do é destinado.

Teste do produto sempre que possí-vel – peça ao vendedor para abrir aembalagem, certificando que o pro-duto não está danificado. Solicitan-do, ainda, para fazer um teste como mesmo, diminuindo assim a possi-bilidade de frustrar a criança comum produto com vício e dor de ca-beça futura, com assistência técnica.

Evite compras em camelôs – os pre-ços de brinquedos comercializadosem mercados populares de formainformal e vendedores ambulantes,apesar de serem mais baratos, po-dem trazer problemas ao consumi-dor. Não há garantia de estarem deacordo com as normas técnicas desegurança, colocando em risco a sa-úde e a segurança da criança, além,é claro, de não fornecer a nota fis-cal, documento indispensável parainstruir uma reclamação nos órgãosde defesa do consumidor.

Possibilidade de troca – Caso oproduto não apresente nenhumvício (defeito), não há obrigaçãopor parte do lojista de efetuar a

troca. No entanto, informe-se

junto ao vendedor se a criança

que for presenteada com um brin-

quedo já possuir o mesmo, se po-

derá efetuar a troca, mesmo que

por produtos diferentes, e em que

condições. Caso seja acordada es-

sa opção, peça pra que seja feito

por escrito e o prazo preestabele-

cido para a troca.

Produtos importados – Os brin-

quedos importados seguem as

mesmas regras dos nacionais,

portanto, não estão livres da apli-

cação do Código de Defesa do

Consumidor. O manual deve tra-

zer em português e, em lingua-

gem clara e precisa, todas as in-

formações sobre o produto, tais

como as peças, regras de monta-

gem, modo de usar, etc. Identifi-

que também o nome e CNPJ do

fabricante ou importador.

Gastos com brinquedos devem superar R$ 6 bi neste ano,diz Ibope

FOLHAPRESS

O Ibope avalia, na vésperado Dia das Crianças, que o con-sumo com brinquedos em2012 deve movimentar R$ 6,02bilhões, um aumento de 14%em relação ao ano passado.

De acordo com o instituto,

o maior potencial de consu-mo é da classe B, que corres-ponde a 24,45% dos domicíli-os e deve responder por qua-se metade dos gastos combrinquedos (46,50%).

A menor parte será das clas-ses D e E, que têm quase a mes-ma quantidade de domicílios

da classe B (20,58%) e respon-derão por 5,85% do consumo.

Já a classe A, que tem o me-nor número de domicílios,correspondendo a 2,6% do to-tal, terá um consumo cincovezes superior ao de sua parti-cipação demográfica, respon-dendo por 13% dos gastos.

Mariele Aguiar, 24, e o marido Fabiano Escobar, 30, levaram apequena Manuela, 1 ano, para comprar presente nesse feriado

Nicolas , 3, Nicole, 11, e Isabella, 1, fizeram questão deacompanhar os pais Wanderson Braz eTalyta Nascimento.

Hector Daniel e Lilian Mayumi preferiram deixar que seus filhosVictor Francisco, 4, Gabriela Hirata, 5,. escolhessem o presente

Orlando Conrado Neto (dir) logo preferiu jogos de estratégia como alternativa

Tiago Gonzaga levou Erasmo Barros para ajudar o pequeno Carlos Eduardo, 11, na decisão

Mesmo no carro de bebê, Gabriel Cardoso, 10 meses, brincou comos pais Sidinei Cardoso, Sara Cristina, na loja de brinquedos

FOTOS: PATRICIA NEVES

6 TV DIÁRIO DA MANHÃ

GOIÂNIA, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012

DIÁRIO DA MANHÃ

GOIÂNIA, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 TV 11TV 11

Luana BorgesPOPTEVÊ

Levar o personagem para a cama éuma expressão que se aplica per-feitamente a Thierry Figueira.

Sempre que está interpretando algumpapel, o ator se envolve completamen-te e não consegue se desligar. Nem nahora de dormir. Quando conciliou tra-balhos na televisão e no teatro, inclusi-ve, não sabia em que personagem pen-sar. Na época de ‘Bela, A Feia’, fiz a pe-ça ‘A Marca do Zorro’ ao mesmo tempoe foi de matar do coração. Na hora dedormir, pensava: 'Amanhã vou acordare vou fazer o quê?', recorda, aos risos.Por isso que, nesse momento, toda asua energia está voltada exclusivamen-te para seu próximo personagem na te-vê, o Patrick de Balacobaco, novela deGisele Joras que substitui Máscaras apartir de outubro. "Estou abdicando daminha vida porque agora existo emfunção do Patrick. Entro de cabeça pa-ra dar vida a esse personagem, enten-der da onde veio, o que é, o que pre-tende", ressalta.

Na trama, Patrick é um aspirante aator que, enquanto sonha com a fama,

sobrevive como pode. Logo no primei-ro capítulo, se veste de frango para fa-zer propaganda da lanchonete da no-vela. Seu grande amigo é Breno, inter-pretado por Leo Rosa. Os dois são gayse moram juntos, mas a princípio a rela-ção é apenas de amizade. "Ele é minhabicha confidente, sabe assim?", entre-ga, bem-humorado. O personagem fazparte do núcleo cômico do folhetim epor isso Thierry também vai contrace-nar bastante com Bárbara Borges, An-dré Matos, Simone Spoladore e Rodri-go Phavanello, entre outros. "Fico felizde poder, depois de um trabalho pesa-do que foi o Ziba em ‘Rei Davi’, voltar afazer comédia", comemora.

Como ainda está muito no início,Thierry não sabe ao certo que perfil Pa-trick vai ter: se será um gay espalhafato-so ou mais contido, por exemplo. "É umtrabalho de composição mais delicado.Estamos vendo com a direção que ca-minho seguir", explica ele, que já fez lei-turas com os atores do núcleo do qualfaz parte. Agora está mais concentradonas leituras com Leo Rosa para encon-trar o tom da dupla em cena. Além dis-so, conta com o auxílio da preparadorade elenco Rose Gonçalves. Com ela, faz

um trabalho voltado para articulação ede como se portar em cena. "Tenhomuita energia, gesticulo muito. Tentofazer uma coisa mais contida porque, setiver de colocar algo, é mais fácil do quefazendo exagerado", conta.

O texto de Gisele Joras é outro aliadode Thierry nesse processo de composi-ção. O ator, que já integrou o elenco deoutra novela da autora – Bela, A Feia –,encontra facilidade de compreender opapel através das cenas que recebe. "Otexto leva para um caminho natural, jádiz mais ou menos a personalidade dopersonagem", garante. "Acho que vaiser um início um pouco mais devagar,mas depois vai engrenar e vamos terum Patrick bem elaborado", completaele, que teve de mudar o visual. Alémde cortar os cabelos, Thierry tirou abarba e fez a sobrancelha. "A caracteri-zação é importantíssima. Já tive opor-tunidade de fazer um gay em 'Malha-ção', mas foi uma participação. Agora, éum trabalho de um ano", diferencia.

Acostumado a fazer personagenscom perfil de galã, Thierry encontrouna Record um espaço para mostrar suaversatilidade cênica, coisa que explorabastante no teatro. Em Bela, A Feia, in-

terpretou um vilão. Em Rei Davi, setransformou fisicamente – em cena,aparecia caolho e cabeludo – para vivero traiçoeiro Ziba. E agora está prestes aentrar no ar como um gay engraçado."O Patrick não é um personagem datrama principal, mas me faz ter umacomposição mais elaborada comoator", analisa ele, que não hesita aoeleger o papel mais marcante da car-reira. "O Pedro de Cara e Coroa foi oque me abriu todas as portas", afirma.

Thierry Figueira se prepara para voltar ao arcom personagem cômico, em Balacobaco

Emanuelle Araújo fala sobre a intensapreparação para viver a Teodora da microsérie Gabriela

Luana Borges

POPTEVÊ

Um personagem pode possibilitar ao seu intérprete passarpor novas experiências. E isso é o que mais instiga Emanu-elle Araújo na profissão de atriz. Para viver a Teodora, uma

das moças do Bataclã de Gabriela, ela passou por uma intensa pre-paração. Fez aulas de danças da época, como maxixe, charleston etango. Tudo porque as prostitutas da trama são performáticas e fa-zem apresentações diárias. "Não é só o fato de elas subirem para oquarto com os clientes. Tem toda uma exposição de dança quan-do elas se apresentam. Então, para isso a gente teve essa prepara-ção corporal", justifica.

Além disso, Emanuelle contou com o preparador de elencoSérgio Penna. Por indicação dele, conheceu alguns prostíbulos.Muito mais do que observar o jeito como as garotas de programalidavam com os clientes, Emanuelle analisou os conflitos internosdelas. "Como a Teodora tem esse mundo interior muito inquietoe doído, fiquei conversando com algumas delas para entender ouniverso de cada uma. Isso foi bem especial para mim", ressalta.

Personagem da semana

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P – A Teodora não existe no livro Gabriela, Cravo e Canela, no qual ébaseada a novela. Mesmo assim, a leitura da obra de Jorge Amadoajuda de alguma forma o seu trabalho?

R – Ajuda muito. A Teodora realmente não existe no livro, éuma personagem escrita por Walcyr Carrasco. Só que, mesmoassim, ela pertence a Jorge Amado por todas as características fe-mininas dela, pela forma como se posiciona. É encantador vi-venciar esse universo amadiano que faz tão parte de mim, essacoisa da Bahia. Além disso, fazendo uma prostituta dos anos 20,que tem uma força dentro desse contexto de repressão feminina edentro do quanto era difícil para essas meninas se posicionaremde alguma forma. Isso dá uma complexidade que é sedutora pa-ra qualquer ator.

P – Essa não é a primeira vez que você vive uma prostituta. Em 2008,interpretou a Manu, em A Favorita. Aproveitou alguma coisa daquelaépoca para esta personagem?

R – Nada. Porque a Manu era totalmente diferente. Primeiroque a prostituição para ela era uma coisa totalmente casual, na-tural. Ela tinha um coisa muito contemporânea, de ser uma pros-tituta de luxo. Não era uma prostituta que estava confinada emum cabaré. O que acontece com essas meninas do cabaré dos anos20 é que elas, além de terem a prostituição como profissão, aindaestão absolutamente enclausuradas. Quase não saem às ruas por-que, quando saem, são vistas com maus olhos. Nesse universo nãoexiste apenas a venda do corpo. Há toda uma repressão, uma con-denação àquela profissão, àquele comportamento e àquele tipo devida. Fora isso, a Teodora não é nem um pouco leve. A Manu ti-nha uma certa leveza até no jeito de tocar a vida.

P – Como você lida com a sensualidade das cenas em Gabriela?R – Quando eu entendo que isso é da personagem, vou fun-

Mundo novoPRIMEIRA MÃOPRIMEIRA MÃO

HUMORCONTAGIANTE

do. Acho que a gente tem de investir nas intençõesda personagem. Seja tristeza, dor, sensualidade,sexualidade. Eu me entrego mesmo, gosto disso.Isso é o que mais me seduz em atuar: me entregarao que aquele papel está pedindo, descobrir coisasque nunca vivi na minha vida e de repente ter deprocurar fora porque não tenho esse repertório.Ou às vezes até tenho em mim e nunca usei. Paramim, usar a sedução é que nem usar a raiva, atristeza ou a alegria.

P – Você também é cantora e concilia bem com otrabalho de atriz. Acredita que uma carreira contri-bua para a outra?

R – Acho que ajuda sim. Eu vejo música em tudo, porexemplo. Estudo meus personagens ouvindo música. Eacho que talvez o fato de eu ter essa vivência de atriz, dopalco e do teatro ajude na minha presença cênica quan-do eu canto. Mas mesmo ajudando, eu tenho cada lugarno seu lugar. Quando estou gravando a novela, estou to-talmente. Giro um botão e concentro onde eu estou.

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JORGE RODRIGUES JORGE/CZN

8 TV DIÁRIO DA MANHÃ

GOIÂNIA, DOMINGO, 16 DE SETEMBRO DE 2012 9 TV

EM FOCOEM FOCO

Despertar da primavera

Ana Paula HinzPOPTEVÊ

Um papel dramático com cenasde nudez poderia assustar umaatriz iniciante. No caso de Gio-vanna Lancellotti, o entusiasmo

venceu o medo. Ao receber o convite do di-retor Mauro Mendonça Filho para encar-nar a sofrida Lindinalva, de Gabriela, daGlobo, ela aceitou na hora. Depois, come-çou a administrar o sentimento de insegu-rança que veio acompanhado à oportuni-dade. "É um trabalho muito intenso e eu ti-ve receio de não conseguir passar a emo-ção necessária. Só relaxei quando comeceia ver uma repercussão positiva", confessa.

Na trama, Lindinalva é uma moça in-gênua de Ilhéus, na Bahia da década de1920, que, após a morte dos pais, perde avirgindade com o noivo, o cafajeste Berto,vivido por Rodrigo Andrade. Quando o ra-paz decide abandoná-la, Lindinalva é re-jeitada pela população local e, sem ter co-mo se sustentar, acaba se tornando umadas "quengas" do cabaré Bataclã. Para pi-orar a situação, ela se apaixona pelo irmãodo ex-noivo, Juvenal, encarnado por Mar-co Pigossi. Ao descobrir que os dois pre-tendem fugir juntos, Berto arma uma em-boscada e Lindinalva é espancada atéquase a morte. Achando que Juvenal con-cordou com seu assassinato, agora ela oignora. "É um papel que tem muitas ce-nas fortes, mas a mais difícil de fazer foi ado primeiro programa dela. É uma situa-ção triste, com muita emoção", conta.

Para entender a realidade e o grau decomplexidade exigido pela personagem,Giovanna assistiu a filmes de época – co-mo L´Apollonide, de Bertrand Bonello – eteve aulas de história, expressão corporal eprosódia com o resto do elenco. Ainda ho-je, ela frequenta aulas semanais com opreparador Sérgio Penna. "O mais difícil émanter a essência da Lindinalva. Ela passapor muitas fases e fica mais forte com otempo. Mas continua sendo a mesma".

Ao contrário da maioria dos persona-gens do "remake", que são inspirados no

livro Gabriela, Cravo e Canela, de JorgeAmado, Lindinalva é originalmente deoutra obra do autor baiano, Jubiabá. Apersonagem tem uma trajetória pareci-da com a do "remake", mas engravidalogo que os pais morrem e acaba vi-rando prostituta para sustentar o fi-lho. "Li os dois livros. A história delaé uma mistura e traz também ele-mentos novos", avalia.

O papel no folhetim deWalcyr Carrasco é apenas osegundo de Giovanna na te-vê. Antes, ela interpretou adoce Cecília de InsensatoCoração, de 2011. O rápi-do crescimento da car-reira é uma surpresapara a própria atriz de19 anos, que começou aestudar interpretaçãoprofissionalmente aos 15e estreou na Globo doisanos depois. "Tudo foimuito rápido. E eu tive mui-ta sorte de fazer essas duaspersonagens. Sou apaixona-da por elas", brinca.

Assim como Lindinalva, Ce-cília também foi agredida e teveinúmeros conflitos amorosos. Porcausa do perfil romântico e sofre-dor de ambos os papéis, Giovannateve medo de que o segundo lembras-se o primeiro. "A Lindinalva foi umaprova de fogo. Foi a minha chance demostrar que eu realmente sei atuar. E quenão sou uma atriz de um personagem só",valoriza. Para seu alívio, a repercussão emGabriela seguiu um caminho totalmentediferente. Por causa das cenas de nudez esexo, a atriz começou a ouvir comentáriosmais ousados na rua e pela internet e atérecebeu alguns convites para posar parauma revista masculina – o que não preten-de fazer por enquanto. "A Cecília e a pri-meira fase da Lindinalva têm em comumum ar inocente, bem de menina. A segun-da fase em Gabriela fez o público enxergarmais o meu lado mulher", analisa.

Giovanna Lancellotti busca reconhecimento profissional

através da Lindinalva de Gabriela