jornal dialética 13

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Mano, você viu a situação? Num vi. Na confusão do dia-a-dia meus óculos caíram. Tô vendo tudo embaçado. Tá embaçado mesmo! arte Q U E B R A D A autoral I N D E P E N D E N T E Carolina S A R A U conto C cultura R O M A N C E declamar E N A desconforto D E S C O N F R O N T O desconfronto C O G D dialética P E R I F E R I A E dramaturgia I T N P C escrito T V O A O D L independente P O E M A L E I L A jornal A R U S A I M literatura R S T I L T A livro T J O O C A E E R marginal E O P R O S A T R periferia D R A M A T U R G I A poema C N L O C T poesia O A L A U prosa N L I V R O I R quebrada T N A romance O C U L T U R A sarau verso 13ª dição:

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Desconfronto

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– Mano, você viu a situação?– Num vi. Na confusão do dia-a-dia meus óculos caíram. Tô vendo tudo embaçado.– Tá embaçado mesmo!

arte

Q U E B R A D A autoral

I N D E P E N D E N T E Carolina

S A R A U conto

C cultura

R O M A N C E declamar

E N A desconforto

D E S C O N F R O N T O desconfronto

C O G D dialética

P E R I F E R I A E dramaturgia

I T N P C escrito

T V O A O D L independente

P O E M A L E I L A jornal

A R U S A I M literatura

R S T I L T A livro

T J O O C A E E R marginal

E O P R O S A T R periferia

D R A M A T U R G I A poema

C N L O C T poesia

O A L A U prosa

N L I V R O I R quebrada

T N A romance

O C U L T U R A sarau

verso

13ª dição:

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Uma faíscaE incendeio o mundo inteiro A gota d’água Que falta Pro copo ficar cheio E transbordarPega leve Não vai longe Não demora nem se escondeQue eu já to por aquiOnde não há mais Eu Não digo nada Pra não ter que repetir E brigar E chorar E amar O amor Pelo ódio De amar Que dor Não quero reclamar Mas quando chove O joelho sente A casa enche Ê gota que demora Ê faísca que não sai Ê choro que não chora É uma lágrima que não cai

DESCONFRONTOEditorial

RenatoQueiroz

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Dê um tempo.Não consigo pensar.Sei lá.Tá muito cheio aqui.Esse cara pisou no pé duas vezes.A gente paga caro e é tratado feito bicho.Pior que tem bicho que é tratado melhor.E essa passagem cara .3,50 e é capaz de aumentar.Ontem uma mulher desmaiou.Hoje uma criança vomitou.Que cheiro horrível!Essa porra não anda.Tudo parado pra variar.Será acidente?

– Alô, mãe, liga a tv e vê o que tá acontecendo.– Manifestação? Sei. De novo?Coisas de política. Não entendo disso, não.– Mãe, ó! Não me espera pro jantar. Acho que vou me atrasar.

Enquanto isso, se houve ao longe um brado:– PASSE LIVRE JÁ!

DE PASSAGEM

JulianoLourenço

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RomanceCapítulo 6

APARELHADONos despedimos, trocamos telefones, cada um foi para

um lado, cada um correndo atrás do seu futuro, talvez um dia nos vejamos, quem sabe como dirá a canção. Os ponteiros do relógio me enforcam ás 6:30 da manha, e já penso nas palavras do supervisor. Subo para o ônibus lo-tado (pra variar) que mais parece um carro de levar gado, exato, gado! Aquele que está caminhando para sua pró-pria morte e o pior não escuta nada porque seus ouvidos estão tapados por fones de ouvidos ou olhando a tela do celular, a vida passa diante dos seus olhos e eles estão sempre mirando o telefone, conversando com pessoas que estão longe e perto ao mesmo tempo, esquecem dos problemas cotidianos, talvez seja para isso mesmo que sirva, para esquecer a vida muito boa que temos, se não é o bar ou a igreja algo terá de nos salvar.

Cheguei atrasado novamente, dito e feito, atrasado de novo e desta vez sem o atestado do dia anterior, la vem ele.

– Boa tarde 35, dez minutos de atraso! Já foram 10 ligações que você perdeu, sabe quanto nós podemos ter perdido de dinheiro, um cliente poderia fechar um con-trato de 10 mil reais, ou 15 mil, quem sabe. Você já sabe né? Sua equipe perderá dois pontos hoje e se vocês não recuperarem até o final da semana, vão ter que se vestir de relógio para não se esquecerem do horário, sabe como é, se alguém da equipe erra, todos erram. Caramba 35! Nós somos uma família! Um depende do outro. Leva o ates-tado na minha mesa depois. Se não tiver trazido já sabe...

Nós somos uma família, até parece... Família. O 38 já me olha com aquela cara de zagueiro em gol contra e

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ThiagoLoreto

sorri enquanto conversa com um cliente, mentindo que o contrato é o melhor que ele já fez e que não irá se arrepender de nada.

Trabalho o dia todo, fechando contratos, ouvin-do vozes de homens, mulheres, adolescentes e fico pensando naquelas pessoas do ônibus, será que um daqueles é como eu, trabalha só pra sobreviver, pagar as contas, aluguel... Talvez eles tenham que comprar leite para os filhos, pagar escola, não sei, será que eles têm uma Luciana, será que vão à ma-nifestação, será?

Volto no ônibus lotado (como sempre), a pas-sagem aumentou novamente. Será que era pra lá que a Luciana estava indo? Será que ia a mani-festação, reunião? Quando estou para chegar em casa, vejo um cerco de policiais, um mar de gente na rua pulando, gritando, o ônibus vai chegan-do perto, parece que a polícia vai cair pra cima, quando o ônibus chega mais perto, vejo que é só um ensaio para o carnaval.

Em casa me dou conta que não falei sobre o atestado que não tinha e aquele “já sabe” do su-pervisor martela minha cabeça. Eu não estou nem ligando, vou amanha falar com ele e dizer que não fui ao médico, talvez falar da prisão. Não me im-porto com aquele emprego de merda, quero sair de lá mesmo, só me trás frustrações. Vou me revoltar, vou me rebelar para aquele canalha e para aquela empresa, família, fica falando de família, ele fica dormindo no banheiro. Quer saber, vou ligar para ele agora! Vou ao sindicato, no partido, no raio que o parta. Se ele me demitir, vou querer meus direitos. Vou ligar agora! Agora não, agora não... O BBB vai começar quero ver quem vai sair da casa.

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1º Ato: A caminho do marCena Única

(O público se encontra sentado em meio ao deserto, de onde apenas enxer-ga-se areia, dunas, o sol no céu, a linha do horizonte e um pequeno cacto com uma única flor. Há um vento forte. To-dos estão com sede. A atriz se aproxima do público.)

Atriz (simpática) – É aqui o rio? Vi no canal 5 que era só uma poça, um lagui-nho. Na internet estavam falando que era um rio. Bom, mas pela quantidade de gente que eu estou vendo aqui, é tipo um riachinho né? São só vocês ou vem mais gente?

(A plateia permanece passiva.)

Atriz (lúdica) –

Achei que era uma lenda, um rio que deságua num mar de gente, que escorre correnteza a fora e faz das quedas faixas estendidas, reluzentes cachoeiras. Gota a gota, todas em movimento...

(entusiasmada) – Olha, quando vocês quiserem podemos começar viu?

(Plateia inerte.)

Atriz (Olhando um a um dos presen-tes e em seguida para o horizonte, num apelo retilíneo) – Encontraremos mais pessoas pelo caminho: sedentas, fa-mintas, febris, ferradas, fodidas, cor-roídas, desesperadas, horrorizadas, engasgadas, desconfortáveis, furiosas, destruídas, revoltas, injustiçadas, in-comodadas, imputecidas, arrasadas, indignadas.

(Plateia em silêncio sepulcral)

Atriz (caindo em si) – Se bem que vo-cês não parecem nem um pouco indig-nados. E pelo o que estou vendo não pretendem seguir comigo, não é?

(lamenta) – Acho que vocês nem sabem do que eu estou falando. Deve ser um engano, mencionar aos quatro ventos o que é indizível... Pergunto-me qual desalento faz com que vocês acreditem que essa areia é movediça... Entregues apenas ao que é envolvente.

(terrível) – Mas então vocês assumem que não estão sentindo nada? Que não morrem de dor? Que não se importam com a falta de amoras, de brilho, de panquecas e de piadas? Falta de piadas sim! Pois essa distorção que fazem do que gera o riso não faz sentido, não tem a menor graça. Você! (encara alguém na plateia) assuma agora, que nada disso te afeta e já é costume rir das desgraças.

Dramaturgia

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(irônica) – Provavelmente assumir também deve exigir muito de cada um aqui, não é mesmo?

(aproxima-se do cacto e passa a mão na flor que está com areia) –

Não me envolve. Isso não passa de pó. Meus ossos não aceitam ficar empoeirados. O sentimento que serve de condutor em minhas engrenagens não para de circular. E os raios deste sol forte me aquecem sim, mas ao mesmo tempo me impulsionam. E já não posso negar o que me é urgente: seguir. Nem mesmo meu coração compreende o que é estar parado. E quando isso acontecer, não serei mais nada aqui. Já passa da hora e eu estou a procura de um rio.

(A atriz deixa a plateia que permane-ce em silêncio, mas só até o próximo ato)

Escrito em janeiro de 2015, após leituras do livro Mulheres que correm com os lobos e participações em atos pela Tarifa Zero.

VirginiaBohemia

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O ACASOEra ela, tinha certeza, meu coração

dizia, minha pele confirmava. Era mes-mo ela, o amor que perdi na poeira do tempo, a canção que tocou no meu rá-dio durante anos, nunca esqueci aquela música, aqueles cabelos, aquele toque que embalava as notas do meu corpo!

Esse foi o pensamento que me to-mou quando subi no ônibus 274, na avenida Montes Claros...

Por que eu deveria encontrá-la de-pois de tantos desencontros, após cada um ter ido para o seu lado e seguido seu caminho sem se ver, sem se falar, sem sequer saber se o outro ainda existia?

Bobagem minha! Um amor que se arrepia não se esquece. Talvez o destino tenha resolvido nos juntar de novo para provar que não se apaga o que já foi es-crito na memória. Ainda há uma nódoa dela em mim, um pedaço dela que ficou comigo assim como um pedaço meu fi-cou com ela...

Foi o acaso. Eu ia pegar o ônibus 312, mas não percebi que havia subido a passagem do ônibus. Sem os restantes 50 centavos, não consegui embarcar. Ainda bem ou ainda mal que o motoris-ta do 274 sempre foi um amigo de lon-gas conversas, tantas vezes discutimos futebol quando eu não saía das escadas

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da porta de entrada... O ônibus sempre lotado...

Sem pensar direito, subi pela porta de trás e parei nos degraus, não dava nem pra se mexer. Esse horário sempre foi fogo...

Mas dessa vez, era ela, a própria que eu avistei no ultimo banco... Sim! Con-centrada no celular. Não pude ver seu rosto, mas os cabelos, as mãos... Eu não me enganaria... Impossível!

O trajeto seguiu, cogitei gritar seu nome, cantar uma das nossas músicas, quem sabe... Quem sabe voltássemos na-quele antigo sentimento, nem que fosse por alguns segundos... Relembrar uma daquelas tardes em que esquecíamos o universo para criar o nosso mundo...

Não! Eu não gritaria no ônibus, não sou vendedor, não... Quem sabe se ela deixasse o celular e levantasse a cabe-ça... Com certeza, ela me veria, com certeza me reconheceria...

Mas não! Manteve-se na mesma po-sição, os dedos ocupados digitando men-sagens para pessoas invisíveis. Naquele momento, eu é que era invisível! Apenas alguns metros dela sem ser notado!

De ponto em ponto, de bairro em bairro, o ônibus ia deixando as pessoas,

outras entravam. Eu me mantinha na escada e ela no celular! Mas não fazia importância! Ela teria de passar por aquela porta, ela iria me olhar como da primeira vez...

Todas as lembranças voltavam e meu coração acelerava... Eu queria cor-rer, gritar, parar tudo, mas tudo isso es-tava só dentro de mim... Por fora, eu me segurava no canto da porta...

Meus olhos fixos durante uma hora. Até que... Nem eu sabia por que ela es-taria naquele ônibus, será que ia me vi-sitar? Será que ia me dizer que não me esqueceu, que agora resolveu...

Meu Deus! Ela se levantou e mesmo assim continuou com a atenção no ce-lular... Desviou de algumas pessoas e...

Enfim... Enfim pode me olhar!

Não era ela! Aquela moça, aquela do celular e dos cabelos soltos... Era alguém que eu não conhecia nem de vista!

Alguém que agora descia pela porta de trás...

DanielNeves

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A Vida de Manuela4:00. Os olhos de Manuela se abrem. “Delgadito, mi hijo, yo ahora me voy” – diz ela para seu pequeno “niño”, que dorme ao seu lado na cama de solteiro do quartinho que a Dona Sara deixa pra ela ficar quando não estiver trabalhan-do. Ela estará de volta 23:00, se a Vida permitir.

5:30. Walysson dá o último tiro da cota da ripa. Ele faturaria bem esta noite, se não tivesse mandado sozinho 13 pinos. Pra descontar isso, um celular deve bastar.

A Vida está tensa. A Vida está áspera. A Vida tem muita energia que precisa ser liberada. A Vida está insuportável.

6:00. Flávio, chamado por seus colegas de Cabo Sousa, mija e escova os dentes ao mesmo tempo. Bebe um café com leite vestindo a farda cinza. Recorda-se de sua mãe chamando-o pelo apelido de café com leite devido a sua cor. Ele toma o ônibus lotado e caro, mas não pra quem usa farda. Manuela passa por ele, eles não trocam olhares. Ela paga e se senta, ele não paga e permanece em pé.

7:30. Walysson está no centro da cida-

de, sentado numa calçada em frente a uma fábrica de chinelos. Ele não dorme há dois dias. Só pensa no celular de que precisa pra quitar sua dívida.

A Vida se deita e fecha os olhos. Passa suas mãos pelo seu corpo. Toca suave-mente, com a ponta dos dedos, seu pró-prio queixo e desliza-os, arrepiando todos seus pelos, pelo pescoço, bicos dos seios, pelo ventre, a pélvis, até tocar o sexo.

7:45. Cabo Sousa e Manuela descem no mesmo ponto. Ele irá se apresentar no Departamento de Polícia, ela na fábri-ca de chinelos. Os estabelecimentos são divididos por uma padaria e um super-mercado, mas ambos estão na mesma calçada. Ele caminha a passos largos, depressa está bem à frente de Manuela, que caminha seguindo-o, mesmo sem notá-lo.

7:50. Sara Rosenberg toma o taxi que a leva todos os dias para a sua fábrica de chinelos. Quem dirige o taxi é Carlos, imigrante espanhol, vive a 45 anos no Brasil. – e “los monos” bolivianos, como “están”? pergunta o espanhol. – Ah, Seu Carlos, na mesma preguiça de sempre,

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RenatoQueiroz

viu? É duro fazer esse povo trabalhar, o senhor bem sabe. Responde Sara, que paga seu Carlos e desce às 8 horas na porta da fábrica.

A Vida faz pressão em seu clitóris, ora leve ora com força, com seus dedos, por vezes só o indicador e o médio, mas o anelar também é utilizado. Ela morde os lábios e revira os olhos de prazer, enquanto os movimentos circulares de sua mão não cessam.

8:00. Sara Rosenberg atende o celular em frente à fábrica enquanto guarda o troco do pagamento do taxi do Seu Carlos. O Cabo Sousa passa por ela, ca-minhando com pressa rumo ao DP da-quela calçada. Manuela está chegando à fábrica, ela aperta o passo quando avis-ta Dona Sara. Walysson atravessa a rua vorazmente em direção do celular e da carteira de Sara Rosenberg. Walysson ataca Sara. Sara Grita. Sousa se vira, vê a cena, saca sua arma e dispara.

A Vida goza e grita em êxtase, penetra seus dedos com força, eles entram e saem dela molhados, pingando. Seu cor-po treme. A Vida já não pensa, só sente.

8:02. Sousa tenta em vão alcançar Walysson que já se embrenhou na mul-tidão. Sara Rosenberg grita histérica sentada na calçada em frente à fábrica de chinelos. Manuela tem os olhos está-ticos de quem não mais vê. Seu corpo já não é mais animado por sua vontade. Já não há mais Manuela para a Vida, tam-pouco para “El niño Delgadito”.

A Vida respira ofegante, aliviada. Aos poucos ela retorna a si própria. A Vida se levanta da cama, olha no espelho, se penteia, passa um batom discreto e sai do quarto.

17:00. Cabo Sousa preenche documen-tos. Sara Rosenberg preenche docu-mentos. Seu Carlos dirige rumo a sua casa. O corpo de Manuela está em frente à fábrica, coberto com jornal. Delgadito chora. Walysson precisa de um celular.

A Vida está tensa. A Vida está áspera. A Vida tem muita energia que precisa ser liberada. A Vida está insuportável.

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Diálogo da capa: Juliano LourençoRedação: Daniel Neves, Juliano Lourenço, Junior Bezerra, Renato Queiroz, Thiago Loreto e Virginia BohemiaDesigner gráfico: Aline Fonseca - Colar Faz [email protected] | jornaldialetica.blogspot.comFevereiro/2015

CONTEMPLAÇÃOVejam; neste momentoSou tragicamente eu.Permanentemente, eu.

O mesmo que destes o bom diaAo cruzares comigo à esquina...A parte isso;O mundo nos vai o mesmo.

Encontro-me absolutamente parado,Estaticamente apático.E a parte feliz de mim dança;Como dançam aquelas damas E tu me dizes que assim o deve ser.

Do meu mundo-quintal Não parece a mim ter a rua...Não me incomodem!Quero ignorar a ruaE esta atmosfera.

Aos diabos o Raciocínio!Aos infernos o analisar e o concluir!

A parte fenomenal do meu corpo descansa,E lentamente absorve o noticiário da TVAvesso a mudar de canal,A parte fenomenal do meu corpo Contempla, contempla, contempla...

JuniorBezerra