jornal da ufop | nº 191

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Edição 191 - setembro e outubro de 2013 PÁGINA 3 Você sabe o que fa- zer com os remédios vencidos ou que não usa mais? Projeto da Escola de Farmácia da UFOP trata dos riscos da automedicação e do descarte incorreto de medicamentos. A iniciativa recolhe me- dicamentos da popu- lação e dá a destinação adequada. Apenas no primeiro semestre des- te ano, já foram coleta- das mais de 13 mil uni- dades. DESCARTE DE MEDICAMENTOS Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto Entrevista: PÁGINA 4 PÁGINA 5 PÁGINA 8 Programa Prevenção e Tratamento de Tendinopatias Encontro de Saberes será em novembro Hércules Tolêdo Corrêa: letramento digital e educação a distância PÁGINA 6 Ciência da Cachaça: melhoramento e padronização do destilado Conquistas e desafios do Inconfidentes Rugby PÁGINA 7

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O Jornal da UFOP é uma publicação institucional bimestral que reúne as principais notícias da Universidade e novidades nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Edição de setembro / outubro de 2013.

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Page 1: Jornal da UFOP | Nº 191

Edição 191 - setembro e outubro de 2013

PÁGINA 3

Você sabe o que fa-zer com os remédios vencidos ou que não usa mais? Projeto da Escola de Farmácia da UFOP trata dos riscos da automedicação e do descarte incorreto de medicamentos. A iniciativa recolhe me-dicamentos da popu-lação e dá a destinação adequada. Apenas no primeiro semestre des-te ano, já foram coleta-das mais de 13 mil uni-dades.

DESCARTE DE MEDICAMENTOSJornal da Universidade Federal de Ouro Preto

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PÁGINA 4

PÁGINA 5

PÁGINA 8

Programa Prevenção e Tratamento de Tendinopatias

Encontro de Saberes será em novembro

Hércules Tolêdo Corrêa: letramento digital e educação a distância

PÁGINA 6

Ciência da Cachaça: melhoramento e padronização do destilado

Conquistas e desafios do Inconfidentes Rugby PÁGINA 7

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2 Edição 191 - setembro e outubro de 2013

Coluna do Museu

Reitor: Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas SouzaVice-Reitora: Prof.ª Dr.ª Célia Maria Fernandes NunesACI: Fernanda Matias, Mariana Petraglia, Rondon Marques, Verônica SoaresCoordenador de Comunicação Institucional: Chico DaherEdição: Ana Paula Martins|MTb 12533Projeto Gráfico: Mateus MarquesIlustração de Capa: Mateus MarquesDiagramação: Cris Mendes, Ralf SoaresRedação: Ana Paula Martins, Bruna Sudário, Fernanda Marques, Fernanda Mafia, Flávia Gobato, Roberta Nunes, Tamara Pinho

Colaboração: Aldo Damasceno, Bruna Fontes, Brunello Amorim, Isadora Faria, Júlia Cunha, Luiza Madeira, Nathália NunesRevisão: Magda Salmen e Rosângela ZanettiTiragem: 1.000 exemplaresImpressão: MJR Editora e Gráfica

Coordenadoria de Comunicação Institucional (CCI): Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto/MG, CEP 35400-000. Telefone: (31) 3559-1222 • Site: www.ufop.br Email: [email protected]

Viscosímetro Höppler

Por Fernanda Marques

Pertencente ao Setor de Química do Museu de Ciência e Técni-ca da Escola de Minas, o Viscosímetro Höppler é um instrumento para medir viscosidade de um líquido, por exemplo. Para isso, mede-se o tempo de que uma esfera sólida precisa para percorrer uma distância entre dois pontos de referência dentro de um tubo inclinado com a amostra do líquido que se deseja determinar a viscosidade. Os setores de Química, História Natural, Mineralogia, Mineração, Metalurgia, Física e Ciência Interativa estão abertos à visitação pública de terça a domingo, das 12h às 17h. Já o Observatório Astronômico funciona aos sábados, das 20h às 22h. O Setor de Transporte Ferrovi-ário está aberto à visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h, na Estação Ferroviária de Ouro Preto do Trem da Vale. O Setor de Siderurgia atende o público de quarta a sexta, das 13h às 17h, no Centro de Artes e Convenções da UFOP.

Escolas e grupos podem agendar visitas (31)3559-3118 ou [email protected]. www.museu.em.ufop.br

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Vinte cursos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foram classificados no último ranking da publi-cação Guia do Estudante, da editora Abril. A avaliação 2013 é feita por conceitos: excelente (5 estrelas), muito bom (4 estrelas), bom (3 estrelas), regular, ruim e prefiro não opinar. Dentre os cursos da UFOP analisados pela revista, dois (Farmácia e Engenharia Ambiental) conquis-taram a nota excelente, 15 receberam nota 4 e três cursos ficaram com o conceito 3.

Dentre as graduações com a avaliação “excelente”, está o curso de Farmácia da UFOP, que foi criado em 1839 e obteve cinco estrelas. A aluna Mariana Ribeiro ressalta a importância dessa classificação para a UFOP. “A atribuição dessa nota é mais uma demonstração do reconhecimento de um ensino de qualidade, buscado e aprimorado ao longo de mais de um século. Para nós, alunos, é motivo de orgulho fazer parte desse histórico, e isso nos incentiva cada dia mais a aproveitar as oportuni-dades que a Universidade oferece”.

Cinco estrelasCursos de Farmácia e Engenharia Ambiental da UFOP recebem conceito excelente do Guia do Estudante

Criado em 2000, o curso de Engenharia Ambiental, instalado na Escola de Minas, também obteve a pontua-ção máxima. O chefe de Departamento de Engenharia Ambiental da UFOP, José Francisco do Prado Filho, comemora as cinco estrelas. “Estamos esperançosos com o resultado dessa avaliação positiva tanto em evolução e investimentos internos como para os nossos egressos. Imagino que as empresas também acabam por conhecer os melhores cursos oferecidos pelas instituições de ensi-no superior’’, aponta.

DEMAIS CONCEITOS - Os cursos de Sistema de Informações, História, Letras, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Direito, Engenharia Civil, Enge-nharia de Controle e Automação, Engenharia de Minas, Engenharia Metalúrgica, Filosofia, Nutrição, Química, Artes Cênicas e Turismo conquistaram quatro estrelas. Os cursos que receberam nota 3 são Engenharia de Produção (campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto, e campus João Monlevade) e Geologia.

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Desafios das universidades públicas

Buscar e definir o papel de uma universidade dian-te de rápidas transformações sociais e tecnológicas é um desafio que se impõe não apenas a gestores, mas a todos que pertencem a esse organismo social. Por mais que tenhamos planos de desenvolvimento insti-tucionais - aliás, fundamentais para colocar o vento a nosso favor, facilitando sobremaneira os caminhos a serem trilhados -, sempre nos surpreendemos com as carências que ainda persistem em nosso País e, a todo momento, nos perguntamos: o que podemos fazer diante desses desafios?

Somos membros de uma academia, financiada por uma sociedade que, de alguma forma, também manifesta esse sentimento. Fazemos parte de um gru-po que praticamente é responsável pela totalidade das atividades de pesquisa e desenvolvimento no País: o das universidades públicas. Produzimos conhecimen-to, insumo básico para a geração de riqueza e desen-volvimento social. Formamos anualmente pedagogos, professores, engenheiros, médicos, cientistas sociais, entre outros, que devem se perceber como elementos catalisadores do desenvolvimento do Brasil e com-prometidos com a melhoria das condições de vida de nosso povo.

Longe de uma resposta aos desafios existentes - e entendendo que a sustentação dessa busca se dá por meio da diversidade, da pluralidade e da democracia -, gostaríamos, nesta mensagem, de deixar uma sim-ples provocação no sentido de que possamos refletir um pouco sobre o nosso papel nessa sociedade, como membros, por assim dizer, privilegiados de conheci-mento, de capacidade de inserção social e de grande capilaridade, quando nos colocamos para além do nosso eu.

Marcone Jamilson Freitas SouzaReitor

EDITORIAL

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3Edição 191 - setembro e outubro de 2013

O que fazer com os remédios?Projeto da Escola de Farmácia aborda proposta educacional para o descarte adequado de medicamentos

Por Flávia Gobato

O uso de medicamentos é a forma mais comum de tratamento de saúde, porém estudos alertam sobre os riscos da automedicação, como a intoxicação pelo uso de substâncias vencidas, e da poluição do meio ambiente devido ao descarte in-correto. O projeto de extensão “Educação para o descarte correto de medicamentos no município de Ouro Preto”, desenvol-vido pela Farmácia Escola da UFOP - em parceria com a prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente - surgiu a partir da preocupação com a destinação dada aos medicamentos vencidos ou aque-les que não se utilizavam mais. A iniciativa visa a proporcionar à população um meio correto para a eliminação desses remé-dios, num trabalho de conscientização e educação. A Farmácia Escola da UFOP recolhe os medicamentos descartados pela popu-lação. A farmacêutica responsável, que também coordena o projeto, Wandiclécia Ferreira, descreve que os itens recebidos são todos separados e registrados pelos alunos com informações sobre validade, quantidade, princípio ativo, dentre outras classificações. “Separamos em três cate-gorias: comprimidos, cremes e pomadas, líquidos e spray. Depois de recebidos, eles

são incinerados por uma empresa contra-tada pela Prefeitura de Ouro Preto.” A auxiliar de biblioteca Mariana Oli-veira conta que não conhecia o projeto, mas já tinha ouvido falar sobre descarte de medicamentos. “É muito importante. Não paramos para pensar no assunto e nem na consequência quando jogamos em um lixo comum”. O estudante do 7º período de Medicina da UFOP Pedro Miranda considera a iniciativa muito positiva. “Os medicamentos podem contaminar ainda mais o lixo e as pessoas que têm contato com ele. Dar o fim adequado pode evitar acidentes com crianças e adultos”. Os dados recolhidos pela Farmácia Escola são divulgados para conhecimen-to da população e também utilizados para elaboração de artigos científicos e apresentações em congressos pelos dis-centes. Foram arrecadadas 13.139 uni-dades de medicamentos de janeiro até julho de 2013, sendo que 85% estavam vencidos. Para participar, basta levar os remé-dios à Farmácia Escola, localizada no Centro de Saúde, no campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto. Mais informa-ções, ligue: (31) 3559-1298.

Riscos ao meio ambiente A pró-reitora adjunta de Planejamento e Desenvolvimento e professora da Escola de Farmácia, Lisiane Silveira, salienta que o descarte correto ajuda as pessoas e o meio ambiente, que se beneficiam com a iniciativa, evitando a intoxicação. A diretora do Departamento de Resíduos da Prefeitura de Ouro Preto, Mariana Andrade, explica que o descarte inadequado dos medicamentos pode tra-zer sérios danos ao meio ambiente. “Essa é uma prática perigosa, pois são produtos químicos e poluentes tóxicos e, quando descartados em locais inadequados ou lançados no esgoto sanitário, os fármacos podem atingir o solo e contaminar o len-çol freático. Essas substâncias danificam as águas de rios, lagos e os peixes, que po-dem ser consumidos posteriormente por animais e pelo homem.”

Legislação O projeto de lei constitucional n° 595/2011 determina que farmácias e postos de saúde devem receber da popu-lação os medicamentos que sobraram

dos tratamentos (vencidos ou não) para devolvê-los ao laboratório responsável pela produção. Este deverá descartá-los de maneira segura, com o objetivo de preservar a saúde e o meio am-biente. O descumprimento da legislação por parte dos laboratórios tem como consequência uma infração sanitária grave. O professor de Direito Ambiental da UFOP, Alexandre Bahia, afirma que a ini-ciativa da Farmácia Escola de recolher os medicamentos é muito importante. Trata-se de prestação de um serviço público fundamental. “Hoje, há uma lei que trata do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e disciplina sobre descarte e correto armaze-namento de diferentes tipos de lixo. Den-tro desse contexto, a destinação adequada é relevante não apenas por questões am-bientais, mas também de saúde pública, já que a manutenção de medicamentos com os cidadãos representa um perigo à saúde não apenas daquele que usou o medica-mento, mas também de crianças que po-dem vir a ter contato com esses fármacos.”

Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), de 2010, mostra que a auto-medicação é preocupante no Brasil, onde 80 milhões de pessoas têm o hábito de tomar medicamentos por conta própria. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de internações hospitalares ocasiona-das por reações ao mau uso de medicamento é superior a 10%. O clínico geral do Centro de Saúde da UFOP, Arios- valdo Figueiredo, explica que, ao fazer uso do medica-mento vencido, o princípio ativo reduz sua eficácia, não atingindo o objetivo de melhora. No caso dos antibióticos, pode até aumentar a resistência da bactéria no organismo. Se os devidos cuidados não forem tomados, os me-dicamentos, ao invés de curarem doenças ou aliviarem os sintomas, podem causar grandes problemas. Então,

fique atento às dicas e dê uma conferida nos medica-mentos de sua casa:• verifiquesempreoprazodevalidadeantesdeusá-lo;• nãousemedicamentoscomembalagensdanificadas;• nãomisturemedicamentossemadevidaorientação;• useapenasmedicamentoscomaorientaçãode seumédico, principalmente bebês, mulheres grávidas ou queestejamamamentando;• eviteconsumirbebidasalcoólicas;• guardeosmedicamentosemlocaisseguros,arejados,secos e protegidos da luz, nunca em cima da geladeira, no banheiro, embaixo de pias ou próximo de materiais de limpeza, sempre longe do alcance de crianças e de animais domésticos.

(Fonte: Ministério da Saúde)

Alerta!

Foto: Isadora Faria

3Edição 191 - setembro e outubro de 2013

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4 Edição 191

Na região de Ouro Preto, os pacien-tes que sofrem de tendinopatias crônicas podem receber atendimento especiali-zado pelo Programa Prevenção e Trata-mento de Tendinopatias (Preventt), da UFOP. Tendinite, bursite, sinoite, neu-rite e artrite ou artrose estão inseridas nas enfermidades que afetam o sistema osteomuscular, nos ossos, nos músculos ou nas articulações. As causas são atribu-ídas aos movimentos repetitivos que aco-metem profissionais de diferentes áreas, como em indústrias, mineradoras, além de artesanato.

Semanalmente, são realizados 16 atendimentos, com a projeção mensal de 64, nas duas Policlínicas de Ouro Preto e no distrito de Cachoeira de Campo. Diminuir a dor e promover a qualidade de vida, contribuindo para a melhora das atividades do dia a dia são alguns dos objetivos do programa.

“O foco primário é reduzir a incidên-cia das lesões do sistema musculoesque-lético – que inclui ossos, articulações, músculos, tendões e ligamentos – ocasio-nadas pelo trabalho repetitivo associado ao esforço constante. Diminuindo essas lesões, a iniciativa pretende devolver ao mercado de trabalho as pessoas em idade economicamente ativa”, afirma o coor-denador Gustavo Benevides.

Afastamento As aposentadorias por invalidez re-lacionadas às doenças do sistema osteo-muscular representam mais de 26 mil no País, de acordo com o Ministério da Pre-vidência Social. Além disso, cerca de 380 mil auxílios-doença por essas patologias crônicas são concedidos, somando mais

de R$405 milhões, conforme dados do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2011.

Capacitação Os cursos de capacitação oferecidos aos agentes comunitários da Saúde e as in-formações compartilhadas com médicos e enfermeiros promovem formação com-plementar e habilitação para identificar e encaminhar pacientes. Outro viés são os alunos de diversos cursos que são be-neficiados ao se aproximarem da prática profissional por meio da vivência junto à população. Dentre as ações, está previsto o curso de atualização sobre equipamen-tos de laser e ultrassom aos fisioterapeutas da Prefeitura de Ouro Preto.

Prevenção Os cursos de prevenção são proporcio-nados aos trabalhadores em atividades de risco, de acordo com a demanda gerada pelo Programa Saúde Família (PSF). Têm o objetivo de alterar a relação do trabalho por meio de questões ergonômicas, como

a postura e a interação com equipamen-tos e mobiliário. Para alcançar o fortale-cimento e o alongamento muscular por meio da ginástica laboral.

Tratamento O tratamento é realizado com diferen-tes tipos de laser e ultrassom, atendendo aos pacientes encaminhados por cerca

Tendinopatias têm tratamentoPacientes com doenças causadas por movimentos repetitivos recebem tratamento no SUS de Ouro Preto pelo programa Preventt da UFOP

Preventt No levantamento realizado pelo pro-grama Preventt, na espera por tratamento no serviço de fisioterapia municipal de Ouro Preto, aproximadamente 15% dos pacientes estão com o diagnóstico de tendinopatia crônica. O Preventt é um programa de extensão da UFOP, que leva o conhecimento a serviço da comunidade. Ele é fomentado pela Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Ministério da Educação (MEC), via Programa de Extensão Univer-sitária (ProExt). Outra importante parceira é a Prefeitura de Ouro Preto.

Três formas de atuação direcionam o trabalho: a capacitação de profissionais da saúde para reconhecer os sintomas e direcionar para o tratamento. A prevenção como forma de possibilitar mudanças de hábito que evitem a doença e o tratamento com lasers e ultrassom. Assim trabalha a equipe multidisciplinar coordenada pelo professor Gustavo Pereira Benevides, e composta pelo co-orientador, Luiz Edu-ardo de Sousa, e 18 discentes dos cursos de Educação Física, Farmácia, Medicina e Serviço Social.

dos 20 PSFs de Ouro Preto. Dentre os bene-fícios, está o de acelerar a cicatrização, facili-tando a regeneração do tendão, para que a velocidade de regeneração minimize o tempo de tratamento e o uso de medicamentos. “Essas patologias são gradativas e conduzem a uma dor extrema, mesmo no repouso, impossibilitando qualquer tipo de atividade (profissional ou doméstica). Pacientes não conseguem abotoar a própria camisa ou es-covar os dentes. Para tratar esses pacientes, introduzimos uma terapia que combina al-guns tipos de laser conjugado ao ultrassom”, afirma o coordenador.

As causas das tendinopatias são atribuídas

aos movimentos repetitivos comuns em

profissionais de diferentes áreas

Por Roberta Nunes

As aposentadorias por invalidez relacionadas às doenças do sistema

osteomuscular representam mais de 26 mil casos

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5setembro e outubro de 2013

Ciência da CachaçaPesquisa desenvolvida na UFOP busca o melhoramento e a padronização da qualidade da aguardente

Por Fernanda Mafia

Cachaça, aguardente, pinga ou até caninha, para os mais íntimos, é uma bebida tipicamente brasileira, conhe-cida no mundo inteiro graças à caipi-rinha. A cachaça é o terceiro destilado mais produzido no mundo, porém, o Brasil exporta menos de 1% da bebida. O que dificulta a expansão para o mer-cado exterior é a falta de padronização. Com o objetivo de garantir a qualidade, no que diz respeito ao aroma e ao sabor da cachaça, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) desenvolve pesqui-sas nessa área. Desde o ano 2000, a UFOP mantém um sistema de isolamento e seleção de leveduras, por meio de testes de proprie-dades, como temperatura, resistência ao álcool, fermentação e outras substân-cias. A partir disso, são selecionadas as melhores leveduras para o processo fer-mentativo, o que, consequentemente, leva à produção de uma bebida de maior qualidade. O professor da UFOP Rogélio Lopes Brandão orienta pesquisas de mestrado e doutorado que estudam formas de pa-dronização do produto. Ele conta que já desenvolvia projetos relacionados à fer-mentação de substâncias e leveduras, até que um produtor de cachaça do distrito ouro-pretano de Santo Antônio do Leite o procurou para o melhoramento do processo de produção do seu alambique, o que o instigou a estudar o assunto. Po-rém a maioria dos pequenos produtores ainda tem resistência às pesquisas, pois acreditam que o modo tradicional de produção deve ser mantido. A pesquisa coordenada por Brandão já foi patenteada pela Universidade. “Metodologia para o isolamento de cepas de Saccharomyces cerevisiae mais adequadas à produção de cachaça de

alambique” é fruto da primeira dissertação de mestrado desenvolvida da UFOP sobre a cachaça, em 2003, pela aluna Maristela de Araújo Vicente. Para o professor, ainda existe preconceito em realizar pesquisas nessa área, porém os alunos precisam enxergá-la como uma oportunidade de trabalho, visto que a área está em expansão, e a tendência é que a bebida alcance o mercado externo.

Parceria importante Rogélio explica que a transferência de conhecimento ainda é um processo buro-craticamente complicado, o que dificulta que os pequenos produtores se beneficiem efetivamente da pesquisa. “Em qualquer área,

é um desafio fazer o co-nhecimento acadêmico chegar à ponta do mer-cado”, afirma. O aten-dimento aos pequenos produtores acontece de uma maneira amigável. O professor tem acesso à pesquisa aos alambiques da região, recolhe amos-tras e fornece leveduras para os produtores que se interessam no melho-ramento do processo, como uma forma de retribuição. “Ainda exis-tem limitações em fazer uma consultoria ágil e contínua, que atenda os produtores em todas as safras, mas essa relação ainda pode melhorar”, conta. Parceria entre a UFOP e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) já realiza a produção de cachaça com leveduras selecionadas.

De acordo com o professor do IFNMG Thiago Moreira Santos, o projeto surgiu da necessidade de fomentar pesquisas nessa área, uma vez que ainda existem poucos tra-balhos científicos sobre o assunto. O contato entre as duas instituições permitiu a criação do doutorado interinstitucional, apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “A troca de conhecimento com a UFOP foi uma óti-ma oportunidade, pois aliou uma instituição reconhecida no meio científico, a UFOP, com o IFNMG, que possui uma excelente infraestrutura na área da cachaça, com la-boratórios de microbiologia sensorial, físico-

química e de fermentação piloto e, ainda, um alambique escola em escala de produção”, explica Santos. Dessa parceria, foi possível a implantação do Polo em Excelência da Cachaça em Salinas, que tem como objetivo fortalecer o setor, já que a região é conhecida pelo potencial de fabricação de cachaça.

A trajetória da cachaça O Dia Nacional da Cachaça é celebrado em 13 de setembro. A origem do “aperitivo” é bastante controversa. Seu surgimento está diretamente relacionado ao período colonial no Brasil e ao início da atividade açucareira. Uma das versões conta que a cachaça foi in-ventada por escravos, nos engenhos de cana-de-açúcar. Durante a fermentação, a bebida evaporava, formava gotículas no teto do en-genho e pingava. Daí o nome “pinga”. Outra versão sugere que a denominação “aguarden-te” tenha surgido porque, ao pingar, a bebida atingia as feridas dos escravos e provocava dor e ardência. Por muito tempo, a cachaça foi classificada como um produto de baixa qualidade e con-sumido por marginais. Esse quadro mudou, e hoje o destilado tem alcançado espaço e destaque no mercado. Com grandes apre-ciadores, passou a ser servida como “bebida oficial brasileira” em embaixadas e encontros internacionais. Com um número cada vez maior de sabores e estilos, as garrafas chegam a custar R$350. Algumas histórias dão conta de que a ca-chaçateriasurgidonoRiodeJaneiro;outras,no estado da Bahia. Apesar de Minas Gerais carregar a fama de possuir as melhores cacha-ças do Brasil, Rogélio garante que no estado não existe nenhuma particularidade que alte-re a qualidade da cachaça. “A maior caracterís-tica da cachaça de Minas é a tradição, porém se você tiver um processo que força a predo-minância de uma determinada levedura, o resultado final é bastante satisfatório”, afirma.

Pesquisa da UFOP estuda isolamento

e seleção de leveduras no processo de fermentação

da bebida

Foto: Isadora Faria

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6 Edição 191 - setembro e outubro de 2013

SABERES EM FOCOUFOP reúne estudantes, professores e pesquisadores no Encontro de Saberes

Por Tamara Pinho

Na busca pela troca de conhecimentos, o Encontro de Saberes da UFOP chega a sua quarta edição e será realizado de 6 a 8 de novembro, em Ouro Preto. Desde 2009, o Seminário de Iniciação Científica (Seic), o Seminário de Extensão (Sext) e a Mostra Pró-Ativa, que ocorriam separa-damente, passaram a integrar um único evento: o Encontro de Saberes, com vistas a promover a interdisciplinaridade entre os seminários e a mostra. O Encontro é a reunião de conheci-mentos em ensino, pesquisa e extensão, e tem também o intuito de apresentar ações à comunidade universitária e da

região. O evento é uma ação conjunta da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) e da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). Entre apresentações de trabalhos, minicursos, mesas-redondas e palestras, o Encontro de Saberes visa a gerar conheci-mentos, fortalecer o vínculo e o compro-misso da Universidade com a população, além de ampliar e aprofundar o diálogo entre a academia e a comunidade, por meio dos projetos expostos durante a programação.

Além da sala de aula Participar do Encontro de Saberes é a oportunidade que os estudantes têm de expor seus trabalhos e suas pesquisas, além de ter contato com outros estudantes e seus projetos, proporcionando uma troca de ex-periências entre os participantes. Para a estudante de Serviço Social Ariane Campos, que participou de todas as edições do Encontro apresentando seu projeto no Seic, fazer parte de eventos como este é sem-pre enriquecedor tanto para quem divulga suas pesquisas quanto para quem participa como avaliador e ouvinte. “Acredito que esses espaços são essenciais para qualificar a

SEIC - Aberto aos estudantes de qualquer instituição, pública ou privada, que tenham interesse em expor os resultados de seus trabalhos de iniciação científica. A professora Lisandra Brandino, coordenadora do XXI Seic, destaca a importância do evento para os alunos tanto da UFOP quanto de outras instituições. “O Seic almeja mostrar ao jovem pes-quisador a importância da pesquisa para o desenvolvimento da sociedade, além de permitir um maior enrique-

cimento intelectual dos discentes e possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico, sendo capaz de vislumbrar perguntas e elaborar caminhos para alcançar as respostas às questões discutidas.”SEXT - O objetivo é que alunos e professores da UFOP possam mostrar as ações extensionistas que estão sendo desenvolvidas ao longo de 2013 e que os resultados já têm reconhecimento da comunidade envolvida. É exclusivo a trabalhos

formação do aluno, pois permitem que ele tenha contato com diversas áreas, o que am-plia seus conhecimentos. Além de fornecer o acesso a pesquisas, participar do Seic pos-sibilita que sejam desenvolvidas habilidades como a oratória, importante nos debates acadêmicos.” O Encontro de Saberes será realizado no Centro de Artes e Convenções da UFOP (situado na rua Diogo de Vasconcelos, 328, Pilar, Ouro Preto). Interessados podem participar gratuitamente como ouvintes, conferindo apresentações nos seminários e exposições de trabalhos.

desenvolvidos na UFOP. Criado em 1996, o Sext passou por período de descontinuidade,mas, desde 2006, é realizado anualmente.MOSTRA PRÓ-ATIVA - A fim de estimular a capacidade pró-ativa dos discentes e docentes da UFOP, o programa Pró-Ativa, da Prograd, busca desenvolver ações que contri-buam para a melhoria da qualidade da oferta dos cursos de graduação. A Mostra Pró-Ativa é a ocasião para o compartilhamento, com a comu-

nidade acadêmica, dos resultados dos projetos desenvolvidos durante o ano. Para o coordenador da mostra, Adil-son Pereira dos Santos, a participação de estudantes e professores é neces-sária e relevante para que, com os resultados obtidos nas pesquisas, seja mais fácil implantar as melhorias ne-cessárias para aperfeiçoar a qualidade dos cursos. Na VI Mostra Pró-Ativa, serão apresentados 95 projetos que estão em execução em 2013.

Foto: Natália Viégas

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7Edição 191 - setembro e outubro de 2013

Inconfidentes Rugby se prepara para as próximas disputas

Time ouro-pretano participa de seleção brasileira nessa modalidade esportiva

Por Bruna Sudário

Um esporte que vem ganhando espaço dentro da Universidade é o Rugby. O time criado em 2010, em Ouro Preto, com o nome Inconfidentes Rugby e que tem a UFOP como apoiadora, prepara-se para o seu próximo desafio: o IV Campeonato Mineiro de Seven. A disputa começa em outubro na cidade de Varginha e vai até dezembro. É dividida em três etapas, com fases classificatórias como oitavas de final, quartas de final, semifinal e final. Segundo o atleta Cléverson Eleutério (conhecido como Sagat), 22, a equipe está se preparando bem para esses jogos. “Esta-mos investindo muito nos treinos físicos. Nossos jogadores são fortes e rápidos, es-tamos muito empenhados.” Há três anos praticando o esporte, Cléverson – que é aluno do curso de Educação Física da UFOP – afirma que essa é uma modalida-de completa e que qualquer pessoa pode praticar. “Os valores desse esporte trazem uma filosofia de não formar apenas joga-dores, mas homens de bom caráter, além disso, quando você entra para um time de rugby, entra para uma família, na qual to-dos estão dispostos a ajudar dentro e fora de campo.”

Uma grande conquista para o Incon-fidentes neste ano foi a convocação de Sagat para integrar a Seleção Brasileira de Rugby. O atleta chamou a atenção dos treinadores da seleção pelo seu vigor físi-co. Desde agosto, ele vem treinando e par-ticipando de disputas, como os Jogos Mun-diais de Rugby Seven-a-Sde, que aconteceram em Cali, na Colômbia, em que o Brasil ficou com o sexto lugar. As próximas competições de que Cléverson participa pela seleção serão o Circuito Brasi-leiro Super Sevens, no mês de novembro, e a preparação para fase classificatória dos Jogos Sul-Americanos, em dezembro. Para o professor Al-fio Conti, responsável pelo time, a convocação do jogador foi uma grata surpresa que fortalece o espíri-to da equipe. “Isso serve de exemplo para todos os atletas, demonstrando que o em-penho e o esforço são sempre premiados,

premissa fundamental do nosso esporte. As conquistas são fruto de sacrifício. Es-pero que isso sirva tanto para os novatos quanto para os mais velhos”, aponta. Sagat anseia que essas convocações ajudem o grupo a crescer, em termos de

apoio e patrocínio, além de conseguir mais praticantes da cidade e da UFOP. “Essa é uma oportuni-dade de mostrar que Ouro Preto agora é a cidade do Rugby. Vou tentar aplicar tudo o que estou aprendendo dentro do time, com isso, além da evolução tática e técnica, a equi-pe poderá ser conhe-cida nacionalmente”, acrescenta.

Mais sobre o mundo do Rugby

O esporte é praticado em mais de 120 paí-ses, sobretudo nos de colonização inglesa. Segundo a Confederação Brasileira de Rugby, é o jogo com o nível mais elevado de contato físico, no qual o jogador tem

como objetivo levar a bola para além da linha de gol dos adversários e apoiá-la con-tra o solo para marcar pontos. Sua forma mais difundida ao redor do mundo e a praticada no Brasil é a do Rugby Union, que tem duas modalidades: a tradicional com 15 jogadores de cada lado, XV ou 15-a-Side, e a reduzida do Seven-a-Side, Seven, Sevens ou 7s, dispu-tada com sete jogadores em cada time. O Inconfidentes Rugby pratica essa última modalidade, a Seven, e conta com os times masculino (adulto e juvenil) e fe-minino. As equipes treinam no campo do Centro Desportivo da UFOP (Cedufop), no campus Morro do Cruzeiro. Os grupos são abertos a todos as pessoas da comu-nidade de Ouro Preto e região. Para fazer parte, não é necessário ter conhecimento prévio do esporte, apenas ter vontade de treinar e participar da equipe. Os interes-sados podem comparecer diretamente em qualquer treino em que será apresentada a modalidade.

Mais informações sobre o Inconfidentes Rugby estão disponíveis no www.inconfi-dentesrugby.com.br.

O Inconfidentes Rugby treina no campo do Cedufop e é

aberto a todos as pessoas da comunidade de

Ouro Preto e região

7Edição 191 - setembro e outubro de 2013

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ENTREVISTA

8 Edição 191 - setembro e outubro de 2013

Doutor em Educação e mestre em Letras, ambos pela UFMG, Hércules Tolêdo Corrêa é professor adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) no Centro de Educa-ção Aberta e a Distância (Cead), com foco nas áreas de Letramento, Alfa-betização e Novas Tecnologias para a Formação do Docente. Nesta edição, comemorando o Dia das Crianças (12 de outubro) e o Dia dos Professores (15 de outu-bro), o Jornal da UFOP aborda com o professor Hércules questões como letramento digital, educação a distân-cia, uso das novas tecnologias na sala de aula e o papel dos docentes nesse processo.

Professor Hercules Tolêdo CorrêaPor Ana Paula Martins

Educação Digital

O que é o letramento digital?

Letramento digital é a capacidade de uso que as pessoas têm sobre a tecnologia. Um exemplo ótimo é a minha mãe que tem quase 70 anos e quis aprender a usar o computador. Já sabia mandar mensa-gem pelo celular, o que é uma forma de letramento digital. Hoje, ela que nem sa-bia como ligar o computador, já tem Face-book, sabe compartilhar, responder às pessoas, usa o Skype. Então, o letramento digital é a pessoa se apropriar efetivamente dessa tecnologia e utilizá-la dentro de sua necessidade.

Como as novas tecnologias influen-ciam o letramento?

Temos a impressão de que todas as crianças são “nativas digitais” como tam-bém estão envolvidas no processo de le-tramento digital adquirido, em geral, fora da escola, mas isso é verdade apenas para uma parcela da sociedade, que tem uma condição financeira mais favorável. Temos realidades muito distintas no País, onde realmente temos crianças e adolescentes que sabem utilizar as tecnologias digitais, principalmente com os chamados smart-phones, que convergem diferentes mídias, mas podemos observar que ainda temos um bom número de crianças que não têm nenhum acesso a esse tipo de tecnologia.

Para aqueles que já têm acesso, pre-cisamos pensar em práticas pedagógicas de sala de aula que incorporem essa tec-nologia;e,paraaquelesquenãotêm,éne-cessário criar maneiras de inclusão dessas pessoas. Não podemos negar o avanço e a importância desses aparatos, eles vieram para facilitar e ajudar na comunicação e no aprendizado.

Como essas tecnologias mudaram a sala de aula?

Eu diria que as tecnologias ainda não mudaram a sala de aula, elas estão trans-formando de forma lenta e progressiva. Temos a impressão de que algumas tec-nologias, como o DVD, não foram muito bem utilizadas dentro das salas de aula. Relatos de professores da área de história demonstram que usaram determinados filmes para discutir, ilustrar e mostrar uma reconstituição de época, fazendo efetivamente um trabalho de “letramento histórico” dos alunos a partir do cinema, um letramento visual em movimento, porém, há situações em que o professor não foi dar aula e um filme qualquer foi

utilizado para passar o vídeo.

E os docentes estão preparados?

De forma alguma. Os docentes estão preocupados com isso. Nós temos o pro-fessor que se graduou há cinco anos, por exemplo, já saiu da Universidade e não teve a sua formação voltada para isso. Se ele não participar de discussões e oficinas que mostrem o que pode ser feito com as tecnologias digitais dentro da sala de aula, dificilmente conseguirá chegar a isso so- zinho. Já para o professor que ainda está se formando é um pouco diferente. Nos cursos de licenciatura, há um grande con-tingente de jovens e pessoas que fazem o uso dessas tecnologias. Talvez esses profes-sores consigam levar para as salas de aula essa maneira de ensinar, que não deve ser chamada de nova, mas sim conjugada à tradicional.

Qual importância da oportunidade

de se graduar via tecnologia, dentro dos cursos de Educação a Distância da UFOP?

Várias áreas já deram conta da questão de mediação pela tecnologia. Nesse sentido, podemos verificar que a venda de livros pela internet alcançou uma proporção tal que acabou levando muitas livrarias a fecharem as suas portas. Desde que foram criados os stands digitais, podem ser encontrados livros “preciosos” por um preço muito acessível. A venda eletrônica funciona muito bem, então como a educação pode não dar conta da questão de mediação tecnológica? Há muito a se aprender, porém as estratégias adotadas têm surtido muito efeito.

Tivemos polos de formação na Bahia e ainda temos diversos no interior de Minas Gerais, onde pessoas que não tiveram a oportunidade de migrar para cidades como Ouro Preto ou Belo Horizonte têm a chance de fazer um curso de graduação gratuito e de qualidade. Portanto, uma das maneiras de alcançar esse público é por meio dos métodos de educação a dis-tância. A partir disso, nós já conseguimos mudar a trajetória de muitas pessoas.

Poderíamos dizer que seria uma alfa-betização digital também dos professores?

É um paradoxo e um grande pro-

blema. O sujeito vai fazer o curso a dis-tânciaeaindanãotemletramentodigital;outro problema é a estrutura tecnológica nessas cidades-polos, que deve ser re-

solvida com o apoio das prefeituras que são parceiros da Universidade Aberta. Acredito que seriam necessários recursos de alfabetização e letramento digital para esses graduandos e pós-graduandos, talvez presenciais e intensivos, porque existe a disciplina de introdução às tecnologias digitais de informação e comunicação, mas se o aluno não sabe nem ao menos li-gar o computador, como ele irá aproveitar essa tecnologia? Nesse caso, a solução que eu vejo seria a aplicação de um treinamen-to básico nessas cidades. Esse trabalho deve ser constante, não somente com um treinamento de 15 ou 20 horas, porque há sempre demanda de investimento tanto tecnológico quanto de pessoal.

Uma polêmica que está havendo é a chamada de “lousa digital”, ela é uma realidade?

A lousa digital é uma ferramenta ex-celente, sem sombra de dúvidas, é como se fosse um grande computador onde o aluno pode ter acesso a uma série de in-formações, mas parece que não há uma formação do professor. Eu mesmo nunca tive a oportunidade de participar de um curso que mostrasse as vantagens de uma lousa digital.

Há pouco tempo, eu fiz um minicurso com uma professora da Unicamp que afirmou que o livro didático impresso possivelmente irá acabar nos próximos anos, porque o livro digital, no tablet, por exemplo, vai custar para o governo cerca de 10% do valor da obra impressa. Também podemos considerar que o livro didático é descartável, porque tem o uso cotidiano dele, o que faz com que ele se desgaste, e as informações devem ser atualizadas constantemente.

Quais os desafios e como evoluir na educação a distância?

Os desafios como professor na área de linguagem é que temos de criar mais a cultura de ensino a distância. Não é uma relação somente do aluno com a má-quina, é preciso haver interação entre os estudantes, eles precisam discutir os ma-teriais utilizados pelos professores da mes-ma forma que os alunos da modalidade presencial fazem. Eu acho que precisa de uma formação. O grande segredo está na palavra “formação”, porque as pessoas precisam ser formadas.

A educação a distância

pode mudar a realidade de

muitas pessoas que não teriam a oportunidade de cursar uma

graduação ou uma pós-graduação

Foto: Isadora Faria