jornal crmmg 37

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Jornal do CRMMG INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Nº 37 Especial Paralisações CRMMG homenageia, pela primeria vez, médicos de Belo Horizonte com comenda Honra à Ética Página 16 25 de outubro Protesto para SUS, Ipsemg e Fhemig Páginas 08 e 09 21 de setembro Médicos dão cartão vermelho aos planos de saúde Médicos lutam pela saúde: as trilhas da vitória

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Jornal CRMMG 37

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Page 1: Jornal CRMMG 37

Jornal do CRMMGINFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DEMEDICINA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Nº 37

Especial ParalisaçõesCRMMG homenageia, pela primeria

vez, médicos de Belo Horizonte com

comenda Honra à ÉticaPágina 16

25 de outubro

Protesto para SUS,

Ipsemg e Fhemig

Páginas 08 e 09

21 de setembro

Médicos dão cartão vermelho

aos planos de saúde

Médicos lutam

pela saúde:

as trilhas da vitória

Page 2: Jornal CRMMG 37

Jornal do CRMMG Setembro / Outubro de 20112

Jornal do Conselho Regional de Medicinado Estado de Minas GeraisAv. Afonso Pena, 1.500 - 8º andarCep. 30130-921 - Belo Horizonte/MG31. [email protected]

Presidente:Manuel Maurício Gonçalves

1º vice-presidente:Roberto Paolinelli de Castro

2º vice-presidente:Itagiba de Castro Filho

3º vice-presidente:Carlos Alberto Benfatti

1º Secretário:João Batista Gomes Soares

2º Secretário:José Luiz Fonseca Brandão

3º Secretário:Cícero de Lima Rena

Tesoureiro:Cibele Alves de Carvalho

1º vice-tesoureiro:Delano Carlos Carneiro

2º vice-tesoureiro:Vera Helena C. de Oliveira

Corregedor:Alexandre de Menezes Rodrigues

Vice-Corregedores:Geraldo Borges Júnior e José Afonso Soares

ConselheirosAjax Pinto Ferreira,Alberto Gigante Quadros,Alcino Lázaro da Silva,Alexandre de Menezes Rodrigues,André Lorenzon de Oliveira,Antônio Carlos Russo,Antônio Dircio Silveira,Carlos Alberto Benfatti,César Henrique Bastos Khoury,Cibele Alves de Carvalho,Cícero de Lima Rena,Claudio de Souza,Cláudia Navarro C.D. Lemos,Delano Carlos Carneiro,Eurípedes José da Silva,Fábio Augusto de Castro Guerra,Geraldo Borges Júnior,Geraldo Caldeira,Hermann Alexandre V. von Tiesenhausen,Itagiba de Castro Filho,Ivana Raimunda de Menezes Melo,Jairo Antônio Silvério,João Batista Gomes SoaresJosé Afonso Soares,José Carvalhido Gaspar,José Luiz Fonseca Brandão,José Nalon de Queiroz,José Tasca,Luiz Henrique de Souza Pinto,Manuel Maurício Gonçalves,Márcio Abreu Lima Rezende,Mário Benedito Costa Magalhães,Melicégenes Ribeiro Ambrosio,Nelson Hely Mikael Barsam,Nilson Albuquerque Júnior,Paulo Mauricio Buso Gomes,Renato Assunção Rodrigues da Silva Maciel,Ricardo Hernane Lacerda G. de Oliveira,Ricardo do Nascimento Rodrigues,Roberto Paolinelli de Castro,Vera Helena Cerávolo de Oliveira.

Departamento de ComunicaçãoCláudia Navarro C.D.Lemos Paulo Maurício B. GomesMário Benedito C.MagalhãesVera Helena C.OliveiraRicardo do Nascimento Rodrigues

Programação visualFazenda Comunicação & Marketing

Tiragem39 mil exemplares ImpressãoLastro Editora FotografiaRR Foto Jornalista ResponsávelMarina Abelha - MG09718 JP RedaçãoMarina AbelhaNívia Rodrigues - MG 07703 JPJefferson Ubiratan – estagiário de Jornalismo

Belo Horizonte,setembro/outubro de 2011

Cons. Manuel Maurício GonçalvesPresidente do CRMMG

EditorialExpediente

Jornal do CRMMG

Cartas

Envie sugestões, críticas e comentários para o Jornal do CRMMG através do e-mail: [email protected]

A Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) do CFM, com o con-curso das Codames Regionais, elaborou a Resolução l.974/11 publicada em 19 de agosto de 2011. O documento apresenta restrições éticas a médicos e instituições vinculadas a atividades médicas que devem ser observadas quando da elaboração de peças publicitárias. Segundo Emmanuel Fortes, conselheiro coordenador da Co-dame do CFM, o objetivo da nova resolução é valorizar o médico, defender o decoro da profissão e oferecer maior segurança à sociedade.

Conforme dados da Corregedoria do CFM, dos 31 profissionais que respondiam a processos recursais relacionados à publicidade no primeiro semestre deste ano, três foram apenados com cassação do exercício profissional.

A nova resolução proíbe expressamente a oferta de consultoria a pacientes pelo telefone ou internet em substituição a consulta médica presencial. Por outro lado, o médico pode orientar por telefone pacientes que já conhece, aos quais já reali-zou atendimento presencial, para esclarecer dúvidas em relação a um medicamento prescrito, por exemplo.

Para evitar processos relativos à propaganda, o médico simplesmente deve ter atenção ao modo como apresenta sua profissão e seus serviços. Uma publicidade sóbria, verdadeira, respeitosa em relação ao paciente e a dignidade da profissão ja-mais trará problemas. Algumas das principais dúvidas sobre propaganda médica:

• Anunciar especialidade apenas quando registrada no CRM local e apenas duas especialidades conforme Decreto-Lei vigente de 1942, ainda que tenha mais de duas;

• O médico está impedido de anunciar especialidade não reconhecida pelo CFM, mesmo que tenha feito pós-graduação lato sensu na área. Por terem potencial de con-fundir o paciente, esses títulos não devem ser anunciados;

• Treinamentos na especilidade que não resultaram em título acadêmico, como estágios no exterior , podem ser anunciados, desde que registrados no CRM local;

• Não é permitido usar fotos de pacientes, antes e após o tratamento, para fins pro-mocionais. É permitido usar fotos de pacientes apenas em encontros médicos quando imprescindíveis, desde que autorizado previamente pelo paciente;

• É proibido participar de anúncios que deem aval ao uso de qualquer produto ligado à Medicina. Essa proibição se estende a entidades associativas médicas;

• O médico pode dar entrevista à midia apenas para oferecer esclarecimentos à sociedade. Não pode configurar-se como autopromoção, aferição de lucro direto ou indireto ou ainda visando angariar clientela ou caracterizar-se como concorrência des-leal. É vedada a divulgação de telefone ou endereço de consultório, inclusive pelas redes sociais na internet.

O mais adequado no caso de dúvidas é consultar a Codame do CRM local.

Consulta médica, apenas presencial!

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Jornal do CRMMG 3Setembro / Outubro de 2011

O filho de Hilton Rocha, Ricardo Rocha, e o presidente do CRMMG, Manuel Mau-rício, durante a inauguração da placa do centenário

Hilton Rocha estaria completan-do 100 anos em 2011. E, para ho-menagear o centenário de um dos fundadores do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais e CRM número 1, o CRMMG inau-gurou, no dia 28 de outubro, placa comemorativa no hall de entrada de sua sede. Para o presidente do Conselho Manuel Maurício Gon-çalves, essa homenagem é mais do que merecida, “fui aluno de Hilton Rocha e realmente suas aulas eram verdadeiras lições de vida. Saíamos da sala de aula cheios de uma sen-sação de compreensão e entendi-mento”, afirma.

Durante a plenária de inaugura-ção da placa, a família do médico Hilton Rocha foi representada pelo também médico Ricardo Rocha, filho do homenageado. “Essa ho-menagem enche-me de orgulho e gratidão, uma vez que o CRM é o órgão que preza pelo exercício ético da nossa profissão. Por meio dessa placa, fica registrado para as fu-turas gerações de profissionais, o exemplo de ética, retidão e huma-nidade que foi o Dr. Hilton Rocha”, declara Ricardo Rocha.

Sua históriaHilton Rocha nasceu em 23 de

dezembro de 1911, em Cambuquira, Sul de Minas. Quase 50 anos depois, precisamente em 22 de julho de 1958, quando ajudava a fundar o CRMMG, seu nome seria gravado para sempre na memória da medicina mineira. O oftalmologista tornou-se o primeiro presidente dessa instituição.

Hilton Rocha faleceu em 21 de maio de 1993, aos 81 anos. Pelas contribuições prestadas à medicina brasileira, mesmo após o seu fale-cimento, mantém-se em relevo seu caráter de líder de classe. Hilton Rocha militou como presidente da Associação Médica de Minas Ge-rais em 1951 e 1956, foi presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmo-logia e um dos poucos brasileiros a integrar o Conselho Internacio-nal de Oftalmologia, sendo ainda, membro das Academias Mineira e Brasileira de Medicina, onde ocu-pou as cadeiras de números 31 e 79, respectivamente.

CRMMG homenageia Hilton Rocha em seu centenário

Graduou-se pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais em 1933, com apenas 22 anos de idade. Dois anos depois, consolidando a vo-cação docente, torna-se professor assistente de Clínica Oftalmológi-ca. Em 1942, defendendo a tese “O ângulo da câmara anterior”, Hilton Rocha torna-se o mais jovem cate-drático do Brasil, na época com 32 anos incompletos. Durante sua car-reira médica, Hilton Rocha obteve centenas de títulos e condecorações. Seu filho, o também oftalmologista, Ricardo Rocha, acredita que, den-tre esses, se destaca o de Professor Emérito da UFMG “pois o restituiu o direito de transitar livremente pela Faculdade de Medicina e pelo Hospital São Geraldo, instituições estas para as quais dedicou grande parte de sua vitalidade”.

Em 1942, Hilton Rocha assume a chefia da Clínica Oftalmológica do Hospital São Geraldo. De acordo com Ricardo Rocha, “inicialmen-te, ele se esforçou em reequipar, reformar e ampliar este hospital (Hosp. São Geraldo)”. Passado o esforço administrativo empregado inicialmente, Hilton Rocha depar-tamentaliza e fragmenta o ensino de oftalmologia, impulsionando a apreensão e o desenvolvimento das disciplinas.

Em 1959, implanta o primei-ro curso de pós-graduação em Oftalmologia do País, curso que consistia no aprendizado da oftal-mologia, por dois anos em regime de dedicação exclusiva, com um terceiro ano opcional. Posterior-mente, em 1971, com o aval do Conselho Federal de Medicina, em uma medida arrojada, implantou e oficializou o doutoramento, atin-gindo assim o ponto alto de sua administração, pois transformou o Hospital São Geraldo no maior centro de oftalmologia do Brasil.

Aos setenta anos de idade, a aposentadoria compulsória o for-çou a deixar a chefia da Clínica of-talmológica do Hospital, foi então que surgiu a ideia de buscar uma solução alternativa, que pudes-se dar continuidade às atividades

desenvolvidas no Hospital São Geraldo. Nesse momento nascia o Instituto Hilton Rocha, núcleo de tratamento e apoio ao deficiente vi-sual na capital mineira.

À frente do Instituto, Hilton Rocha consolidou-se no apoio aos deficientes visuais, fundou a revis-ta “Braille”, que visava assuntos referentes aos deficientes visuais. E, buscando aperfeiçoar o apren-dizado dos deficientes visuais, im-plantou ainda o “Livro Falado”, que consistia em um estúdio que convertia livros culturais e didáti-cos em fitas cassetes.

Segundo Ricardo Rocha, o “Pro-jeto Urbi”, de todos citados acima, era o que seu pai mais estimava. Um ônibus cujo interior foi devida-mente adaptado para ser um com-pleto consultório oftalmológico. Com uma seleta equipe de oftalmo-logistas, entre eles Hilton e Ricar-do, o ônibus saía quinzenalmente pelo interior de Minas atendendo até 1.000 pessoas por empreitada, entre mulheres, homens, crianças e idosos que não tinham condições de tratar seus problemas na capital. Posteriormente, o Instituto tornou-se Fundação Filantrópica Federal e saiu do controle familiar.

“Essa homenagem enche-me de orgulho e gratidão, uma vez que o CRM é o órgão que preza pelo exercício ético da nossa profissão”

Ricardo Rochafilho do homenageado

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Setembro / Outubro de 2011Jornal do CRMMG4

A regulamentação do exercício da Medicina iniciou-se com a pu-blicação do Decreto-Lei 20.931, de 11 de janeiro de 1932. Em seu artigo 15, alínea “f”, a lei estabelece que é “dever do médico mencionar em seus anúncios, somente os títulos científicos e a especialidade”.

O Decreto-Lei 4.113, de 14 de fevereiro de 1942, em seu artigo 1º, proíbe os médicos anunciar “exer-cício de mais de duas especialida-des, especialidades ainda não ad-mitidas pelo ensino médico ou que não tenha tido a sansão das Socie-dades Médicas” (alínea V).

A Lei 3.268/57, em seu artigo 20, estabelece que “todo aquele que, mediante anúncios, placas, cartões ou outros meios quaisquer, se pro-puser ao exercício da Medicina, em qualquer de seus ramos ou especia-lidades, fica sujeito às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão, se não estiver devida-mente registrado”.

A regulação da especialidade está claramente balizada pela Resolução CFM 1.634/2002 em seu artigo 4º: “O médico pode declarar vinculação com especialidade ou área de atua-ção quando possuidor de título ou certificado a ele correspondente, de-vidamente registrado no Conselho Regional de Medicina”.

Os Conselhos Regionais de Me-dicina somente registram títulos

Atenção ao anunciar sua especialidadede Residência Médica (CNRM) e títulos emitidos pelas Sociedades de Especialidades conveniadas com a Associação Médica Brasilei-ra (AMB). Os casos especiais foram solucionados pela Resolução CFM 1.960/2011, que, em respeito ao “direito adquirido” dos médicos formados antes de abril de 1989, re-solve, em seu artigo primeiro, “per-mitir o Registro de Qualificação de Especialidade Médica em virtude de documentos e condições ante-riores a 15 de abril de 1989, desde que os médicos requerentes com-provem esse direito de acordo com os critérios vigentes à época, ou seja, quando atender, no mínimo, a um dos seguintes requisitos”:

a) possuir certificado de conclusão de curso de especialização correspon-dente à especialidade cujo reconheci-mento está sendo pleiteado, devida-mente registrado nos termos da lei;

b) possuir título de especialista con-ferido por entidade de âmbito nacional acreditada pelo CFM;

c) possuir título de docente-livre ou de doutor, na área da especialidade;

d) ocupar cargo na carreira de magistério superior, na área da es-pecialidade, com exercício por mais de dez anos;

e) ocupar cargo público de caráter profissional, na área da especialidade, por mais de dez anos;

f) possuir títulos que, embora não

se enquadrem nas alíneas anteriores, possam, quando submetidos à consi-deração do CFM em grau recursal, ser julgados suficientes para o reconheci-mento da qualificação pleiteada.

Após esses esclarecimentos, fica claro que o médico só pode divul-gar especialidade após ter o registro das mesmas no Conselho. Vale lem-brar ao médico que só é permitido o registro de títulos de especialida-des emitidos pelas Sociedades de especialidades conveniadas com a Associação Médica Brasileira e títu-los emitidos por Residência Médica credenciada pela Comissão Nacio-nal de Residência Médica (MEC).

Os certificados emitidos pelos cursos de Pós-Graduação Senso, Lato exceto Residência, são consi-derados cursos de aperfeiçoamen-to, qualificação ou atualização. Não são equivalentes aos títulos de es-pecialistas emitidos pela AMB ou Residência Médica (CNRM). Não são documentos que permitem ao médico registrar-se na qualificação de especialista no Conselho Regio-nal de Medicina.

Somente os médicos com espe-cialidades registradas no CRM po-dem fazer divulgação, por quais-quer meios, de suas especialidades conforme preceitua o artigo 115 do Código de Ética Médica.

Nova Resolução reafirma importânciado registro da especialidade no CRM

A partir de 19 de fevereiro de 2012, a publicidade mé-dica passa a ser regida por nova legislação, publicada pelo CFM, em agosto deste ano. A Resolução nº 1.974/2011 traz importantes orientações éticas para os médicos sobre a divulgação do seu trabalho na elaboração de anúncios publicitários, concessão de entrevistas à imprensa e atendi-mento médico à distância, entre outros temas relacionados.

O documento ressalta dois casos, especificamente, que devem ser observados no que diz respeito à divulgação de especialidade. Um deles veda o anúncio de pós-graduação não relacionada à especialidade e à área de atuação regis-trada no Conselho de Medicina (art. 3º - I). O outro, proíbe o anúncio de títulos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e re-gistrado no CRM.

Conheça a íntegra da Resolução, com exemplos de pu-blicidade médicas e informações de divulgação de espe-cialidade, no site do CRMMG (www.crmmg.org.br / Outros destaques / Publicidade Médica).

Veja como registrar a qualificação de especialista no CRMMG

Documentação necessária:• Requerimento preenchido e assinado (Disponível em www.crmmg.org.br / Serviços

/ Para médicos / Modelos de requerimento / Requerimento de Serviços Diversos)• Original e cópia, frente e verso de um dos seguintes documentos:

- Certificado de Conclusão da Residência Médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (definitivo) ou - Título de Especialista expedido pela Associação Médica Brasileira (Sociedade respectiva à especialidade requerida)

• Carteira Profissional de Médico (couro verde)

Como proceder:• Os documentos devem ser entregues no Setor de Registro de Pessoa Física na

sede do CRMMG ou nas delegacias regionais• Será emitido boleto bancário para quitação da taxa de expedição no valor de R$

48,63• O médico deverá estar em dia com o pagamento da anuidade

Cons. Cícero de Lima Rena / CRMMG 6.090

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Setembro / Outubro de 2011 Jornal do CRMMG 5

A frequência e a complexidade das intercorrências oftalmológicas no cotidiano do trabalho da Estra-tégia de Saúde da Família motiva-ram o CRMMG a discutir a temá-tica no 6º Seminário da Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade, em 12 de setembro. O evento contou com a participa-ção de 72 médicos de Belo Horizon-te e Região Metropolitana, além de ter sido transmitido, via web confe-rência, para Manaus, Florianópolis, Juiz de Fora, São José, João Monle-vade e Fortaleza.

O conselheiro do CRMMG e do CFM, Hermann Alexandre, abriu as palestras abordando as questões éticas que envolvem urgências e emergências na Atenção Básica. En-tre elas, destacou os limites da atua-ção do enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família e a dificuldade em manter o segredo profissional dos profissionais não médicos. “Os au-xiliares administrativos e os agentes comunitários de saúde não têm có-digo de ética, mas tem o estatuto do servidor. É função do médico escla-recer aos agentes que o sigilo deve ser preservado”, orientou.

NúmerosSegundo dados da Sociedade

Brasileira de Oftalmologia (SBO), atualmente o Brasil tem mais de 17 mil oftalmologistas. Esse número, para a Organização Mundial de Saúde e para a própria SBO, é su-

CRMMG discuteoftalmologia na Saúde da Família

ficiente para atender a popula-ção. O membro da Câmara Téc-nica de Medicina de Família do CRMMG, Hércules de Pinho, apresentou, em sua palestra, números que reforçam essa ava-liação, mas questionou o motivo pelo qual a saúde ocular recai sobre o PSF. O médico alertou para a necessidade de uma gra-de curricular na graduação que contemple a oftalmologia de forma mais abrangente e para a necessidade de uma capacitação em massa do médico generalis-ta, mas ponderou: “o médico de saúde da família não vem subs-tituir nenhuma especialidade e

também não é a ‘tabua de salva-ção’ para as dificuldades de ges-tão e de financiamento do SUS”.

Dentro dessa realidade vi-vida no PSF, o oftalmologis-ta Henrique Vizibelli Chaves trouxe ao seminário várias informações práticas sobre o atendimento em urgência of-talmológica, principalmente de casos frequentes como conjun-tivite, glaucoma agudo, cerati-tes, uveítes e traumas oculares. O médico, ainda, na sua apre-sentação, deu dicas sobre como fazer o curativo oclusivo e so-bre o uso de medicamentos, en-tre outros temas.

Já Maria Inêz Cardoso Cos-ta, que é referência técnica em oftalmologia da Secretaria de Saúde de BH e consultora do Ministério da Saúde para of-talmologia, abordou os flu-xos assistenciais e destacou o esforço para implantação, em Minas, da Portaria 288 do Mi-nistério da Saúde, que prevê a construção de uma rede de atendimento em oftalmologia visando a atenção em todos os níveis.

Após as palestras, foi pro-movido um bate-papo entre os palestrantes e os médicos ins-critos no seminário.

Os médicos brasileiros podem reconhecer seu diploma em Portugal com relativa facilidade. Não é necessário ter a nacionalidade portuguesa ou re-sidir no país para que o pedido seja feito, sendo ainda possível reconhecer os títulos de Mestre e de Doutor conquistados no Brasil. Visando criar um sistema europeu de ensino superior, essa unifor-mização tem como finalidade o aumento da com-petitividade e a promoção de mobilidade e em-pregabilidade dos diplomas no espaço europeu. “Espera-se que, em um futuro próximo, os Médi-cos inscritos em Portugal possam atuar no restante da Europa, desde que sejam observados os critérios de inscrições nas Ordens nacionais e superadas as

dificuldades linguísticas”, explicou o presidente do CRMMG, Manuel Maurício Gonçalves.

É importante frisar que nem todas as univer-sidades brasileiras possuem currículo acadêmico suficiente para que o pedido de equivalência seja atendido em Portugal de imediato. A UFMG é uma das faculdades cujo currículo mais se asseme-lha com o exigido, além de algumas outras públi-cas. Aos egressos de faculdades que não atendam os requisitos iniciais é exigido uma prova comple-mentar ou mesmo cursar cadeiras indispensáveis do currículo português e que não contempladas no currículo da escola brasileira. Mais informações em [email protected].

Equivalência de diploma de médico brasileiro em Portugal

O conselheiro do CRMMG e do CFM, Hermann Alexandre, abordou a ética na Atenção Básica

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No dia 15 de setembro de 2011, foi publicado o Decreto nº 7.562 da Presidência da Repú-blica, com disposições sobre a Comissão Nacional de Residên-cia Médica (CNRM), e definição de regras a respeito do exercício das funções de regulação, super-visão e avaliação de instituições que ofertam programas de Resi-dência Médica.

O citado documento altera a composição da Comissão Na-cional de Residência Médica, garantindo uma maioria de re-presentantes das instâncias go-vernamentais. O colegiado da CNRM passa de oito vagas para 12, sendo somente cinco ocupa-das por profissionais de Medici-na. Dessa maneira, quem mais conhece sobre o tema fica em posição minoritária, o que fere a democracia e prejudica a forma-ção do médico. E ainda, cria uma Câmara Recursal formada por um representante do Ministério da Educação, um do Ministério da Saúde e um da sociedade civil. Essa nova instância teria a fun-ção de julgar os recursos sobre as decisões da CNRM, tendo poder para reverter as determinações do plenário. O decreto, portanto, garante plenos poderes ao gover-no sobre as decisões e diretrizes da CNRM, desconsiderando as opiniões das entidades médicas e da sociedade civil.

No dia seguinte, 16 de setem-bro de 2011, foi aprovada a Re-solução nº 3 da CNRM, ainda na composição antiga do plenário. O referido documento discorre sobre as novas regras para ela-boração e execução das provas seletivas para os programas de

Residência Médica de todo País. A alteração mais gritante se refere ao artigo 8º, que garante bonifica-ção de 10% e 20% na nota final da Prova de Residência para aqueles que, respectivamente, participa-rem por um ou dois anos no Pro-grama de Valorização do Profis-sional da Atenção Básica.

A despeito do grande valor desse Programa, que visa ate-nuar as diferenças regionais na atenção em saúde em diversos municípios brasileiros, a referi-da bonificação ultraja os proces-sos seletivos aos programas de residência médica ao macular a seleção por mérito, acrescentan-do uma pontuação substantiva que independe das qualificações médicas e profissionais dos can-didatos, e cujo peso na nota final é maior do que o valor do currí-culo (no caso dos processos sele-tivos em Minas Gerais). Trata-se de uma verdadeira distorção do processo seletivo, uma vez que os selecionados ao referido pro-grama concorrerão em grande vantagem. Não menos importan-te é a flagrante interferência na autonomia universitária, já que impõe a inclusão de bonificação, fruto de outro processo seletivo realizado fora dos âmbitos des-sas universidades.

Sob a bandeira de interiorizar os serviços de saúde e promover a fixação dos médicos em comuni-dades onde o estado se faz pouco presente, a resolução causa uma inversão de valores explícita não sendo benéfica nem à população nem à classe médica. Não garante a fixação de médicos especializa-dos em Atenção Primária à Saúde nas regiões com maior necessida-

de, mas a presença de médicos recém-formados, com pouca ex-periência, vivenciando condições de trabalho precárias e incompa-tíveis com a prática da Medicina.

À população será oferecida assistência de baixa qualidade e realizada por médicos cujo único intuito será obter bonificação em um exame e que abandonarão a comunidade em curtíssimo tem-po. Esse cenário é impensável segundo a ótica do Programa de Saúde da Família (PSF), que pre-coniza como um de seus pilares o atendimento e acompanhamento em longo prazo do paciente, de sua família e da comunidade na qual esse se insere.

À classe médica serão ofere-cidas condições de trabalho, fi-xação e remuneração incompatí-veis com o exercício profissional digno. Utilizar-se-á, na forma de serviço civil praticamente obri-gatório, da mão de obra barata de recém-formados como solu-ção fácil e absolutamente inefi-caz para um problema cuja so-lução passa pela valorização da especialidade de Medicina de Família e Comunidade, a cria-ção de um plano de carreira para médicos do Estado e, principal-mente, investimentos significati-vos na construção e manutenção de aparelhos de saúde em todas as regiões do País.

A apreensão e desconfiança só se exacerbam quando se nota que o projeto, embora aprovado, não apresenta regulação ou estrutu-ração sólidas. Não passam de di-retrizes nebulosas e um grupo de trabalho ainda não estabelecido. O intuito de aprovação relâm-pago é influenciar os programas

de Residência Médica já em 2012 com a reserva de vagas. Tal ob-jetivo já seria por si só inviável, para não dizer irresponsável.

Questionamentos básicos como o tempo de duração da bonifica-ção, o número total de vagas, o método de seleção dos interes-sados, o critério de avaliação dos médicos participantes e a supervisão dos recém-formados ainda permanecem sem respos-ta, mesmo a poucos meses do início das atividades.

Não bastassem todas as críti-cas pertinentes à iniciativa, ainda merece destaque o escasso e su-perficial debate com a sociedade civil. Grande parte das agremia-ções estudantis, entidades médi-cas, associações de médicos resi-dentes, Escolas e Faculdades de Medicina e até mesmo Comissões Estaduais de Residência Médica foram surpreendidas com a apro-vação da Resolução estruturada às pressas sem a devida mobiliza-ção e diálogo com os grupos so-ciais diretamente envolvidos.

Quem tem compromisso com a saúde e com o atendimento eficaz para os brasileiros não pode se ca-lar diante desse ataque à Residên-cia Médica. Certamente, a Associa-ção Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos e a Asso-ciação Nacional de Médicos Resi-dentes capitanearão um forte mo-vimento para que o governo volte atrás em suas intenções de legislar sozinho sobre tema tão relevante.

É dever de todos, aliás, lu-tar por esse direito histórico. O governo deve sempre exprimir a vontade de seu povo, e não fazê-lo curvar às suas decisões.

Golpe naresidência médica

Fernando Meira de FariCRMMG 46.590 – 1º.Tesoureiro da Associação Mineirade Médicos Residentes (AMIMER)

Jornal do CRMMG Setembro / Outubro de 20116 Jornal do CRMMG6

Página dosResidentes

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Jornal do CRMMGSetembro / Outubro de 2011 7

Tendo como principal fun-ção fiscalizar o funcionamento de hospitais, clínicas, centros de saúde, pronto atendimentos e outros, observando as instala-ções, equipamentos, materiais, pessoal, aspectos éticos e traba-lhistas, o Departamento de Fis-calização do CRMMG tem como foco final a melhoria das condi-ções de trabalho dos médicos e de atendimento da população.

Para tanto, o Departamento vem buscando uma superação em seus números anteriores. Em 2011, até julho, foram 222 visto-rias/diligências feitas por médi-cos, sendo 48 em Belo Horizonte e 174 no interior do Estado; além de 245 visitas realizadas por

agentes fiscais, 86 na capital e 174 no interior. A meta programada para os médicos fiscais para o pe-ríodo foi atingida em quase 100% ( 97.4%), o que comprova o com-promisso do trabalho desempe-nhado pelo departamento.

Os médicos fiscais visitaram 71 municípios mineiros e os agentes outras 18 cidades.

As principais funções do De-partamento são:

• Realizar vistorias e diligências em entidades que se ocupam da prestação de serviços médicos;

• Fiscalizar o cumprimento das leis através de levantamentos, rastreamentos e outras ações que possam garantir a inscrição das empresas;

• Promover a divulgação das normas atuais relativas ao exercício da Medicina em seus vários aspectos;

• Orientar médicos e entidades prestadoras de serviços de saúde em suas consultas relacionadas à organização de serviços de saúde e seus aspectos éticos.

Para realizar seu trabalho, o Departamento, que tem como diretor um conselheiro designa-do pelo Presidente, conta com a seguinte equipe: sete médicos fiscais, três agentes fiscais e duas agentes administrativas.

Como solicitaruma fiscalização/diligência

A solicitação de vistoria ou diligência deve ser formulada,

por escrito, em impresso pró-prio fornecido pelo CRMMG, descrevendo a irregularidade apresentada. Solicitações feitas por telefone ou por e-mail não poderão ser aceitas.

Documentos para comple-mentar a denúncia poderão ser anexados, tais como: receitas, laudos, recibos, certidão de óbito, fotografias etc. Caso não queira ser identificado, solici-tar sigilo.

Denúncias deverão ser en-caminhada à Corregedoria do CRMMG, pelo correio, ou en-tregue na Avenida Afonso Pena, 1.500 / 8º andar - Centro - Cep: 30130-921 - Belo Horizonte, MG.

Departamento de Fiscalização atua namelhoria das condições de trabalho médico

Atuação dos Agentes Fiscais

Belo Horizonte e região Empresas visitadas: 50 Empresas que regularizaram situação: 35

Interior Empresas e profissionais visitados: 112 Empresas e profissionais que regularizaram situação: 67

Total Empresas e profissionais visitados: 162 Empresas que regularizaram situação: 102

Demandas

Total de demandas no período: 205Demandas realizadas: 131Demandas a realizar: 74, sendo 72 unitárias - 1 Projeto Cidades – 1 Projeto Universo

Gráfico Comparativoda demandaTotal Demandas no período/realizadas/a realizar

Meta no período/RealizadoGráficos 1 – 2 – Comparativo Meta anual/Meta período/Realizado

Médicos Fiscais:222 Vistorias/DiligênciasTotal em Belo Horizonte: 48 Total Interior: 174

Agentes Fiscais:Total emBelo Horizonte: 86Total Interior: 159

Page 8: Jornal CRMMG 37

Jornal do CRMMG8 Setembro / Outubro de 2011

Os dois últimos meses foram marcados por paralisações de atendimento dos médicos de todo o Brasil. A classe tem demonstra-do união, o que fortalece suas rei-vindicações.

No dia 21 de setembro, com 80% de adesão dos médicos ao movimento, a paralisação contra os Planos de Saúde foi comemo-rada pelo grande sucesso. Vários estados relataram forte adesão. Os médicos mineiros mostraram força e união suspendendo o atendimen-to aos usuários de todos os planos para cobrar reajuste dos honorários médicos. A paralisação é uma con-tinuidade ao movimento iniciado em 7 de abril. “Essa nova paralisa-ção se deu em recorrência pela pou-ca receptividade das operadoras às solicitações dos médicos, princi-palmente no reajuste das consul-tas”, explica o 1º vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Roberto Paolinelli de Castro, representante do Conselho na ocasião.

Paralisações mostramAlém da suspensão dos atendi-

mentos eletivos no último dia 21 de setembro, o protesto contra os planos de saúde em Minas Gerais contou com uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Mi-nas Gerais (ALMG). O plenário foi pequeno para acomodar médicos, parlamentares e outros profissio-nais de saúde que reivindicavam respeito e melhor remuneração no sistema de saúde suplementar.

A audiência foi marcada por críticas à ausência de representan-tes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e à desvalori-zação dos serviços de saúde com-plementar pelas seguradoras. Foi aprovado, pelas duas comissões, requerimento para que uma co-missão formada por deputados e profissionais da saúde vá a Brasília cobrar da ANS uma posição sobre os baixos valores pagos por planos de saúde. Uma das reivindicações será a garantia de revisão anual da tabela de consultas e procedimen-tos médicos adotada pelos planos.

Paralisação dosmédicos do SUS

No dia 25 de outubro, médicos de todo o País protestaram contra as más condições de assistência e a baixa remuneração dos profissio-nais oferecidas na rede pública de saúde. A mobilização quis chamar a atenção da sociedade e dos ges-tores para a crise no setor. O mo-vimento nacional foi coordenado pela Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Me-dicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

Em Minas Gerais, o protesto foi marcado pela suspensão de 24 horas dos atendimentos eletivos no Sistema Único de Saúde (SUS), Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). Os serviços de urgência e emer-gência, no entanto, funcionaram normalmente.

Médicos durante Paralisação dos Planos de Saúde em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Especial Paralisações

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Jornal do CRMMG 9Setembro / Outubro de 2011

Pela manhã, os médicos reali-zaram um ato público (foto) em frente à ALMG, em Belo Horizonte. Estiveram presentes os presidentes da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira; do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Manuel Maurício Gonçalves; do Sindicato dos Médicos do Estado (Sinmed-MG), Cristiano da Matta Machado; o conselheiro do Conselho Federal de Medicina, Hermann Tiesenhau-sen; a conselheira e coordenadora do departamento de Comunica-ção do CRMMG, Cláudia Navarro, além de outras lideranças médicas e profissionais do sistema público de saúde. À tarde, as Comissões de Saúde e Defesa do Consumidor da ALMG realizaram audiência públi-ca. Na ocasião o CRMMG foi repre-sentado pela sua tesoureira, Cibele Alves de Carvalho.

Balanço divulgado pelas enti-dades médicas revela que 70% dos médicos do SUS aderiram à parali-sação. Atualmente, em Minas Ge-rais, cerca de 27 mil médicos tra-balham na rede pública de saúde, sendo que deste número 7 mil se concentram na capital mineira.

Para o presidente do CRMMG, Manuel Maurício Gonçalves, o SUS encontra-se em uma situação limite e a paralisação é uma forma de cha-mar atenção para a situação. “O go-verno, seja ele federal, estadual ou municipal, deve assumir responsa-bilidade e de fato resolver a ques-tão. Na linha de frente do problema fica o médico, que acaba sendo res-ponsabilizado. Queremos alertar a sociedade para as péssimas condi-ções de trabalho e má remuneração do profissional de saúde, que tam-bém sofre com essa crise “.

União jágera resultados

Durante a audiência promovida pela Comissão de saúde, no dia 25 (Dia da Paralisação do SUS), o su-perintendente de Gestão de Pesso-as da Secretaria de Estado de Saú-de (SES), Renato Leal Paixão Raso, anunciou que o Governo do Estado vai enviar à Assembleia Legislativa

de Minas Gerais projeto de lei que cria plano de carreira para os médi-cos que atuam no Sistema Único de Saúde no âmbito estadual.

Segundo Renato Raso, o projeto prevê, entre outras questões, cinco níveis de evolução na carreira, com salário inicial de R$ 1.811 e final de R$ 4.000, para uma jornada de 20 horas semanais. Médicos com resi-dência poderão avançar diretamen-te para o nível três. A remuneração média nacional para a classe mé-dica que atende pelo SUS é de R$ 1.600 para 20 horas semanais, valor que o coordenador da Comissão Estadual de Honorários Médicos de Minas, Alcebíades Leal Filho, considera aquém da realidade de mercado. “O piso da categoria é de R$ 9 mil para a mesma jornada”, in-formou.

Planos deSaúde aceitam negociar

Após a segunda paralisação dos Planos de Saúde, aparentemente os médicos se fizeram ouvir. Alguns planos aceitaram negociar e os re-

insatisfação da classe médicasultados alcançados são positivos, como nas cidades de Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis e Passos, que conseguiram a apro-vação do valor de R$ 60 reais (ou mais), mínimo solicitado pelos médicos durante o movimento de paralisação.

“O caminho das negociações ainda é longo, mas o mais impor-tante é que os médicos se fizeram ouvir com as paralisações”, ressalta João Batista Gomes Soares, 1º secre-tario do CRMMG.

A Unimed Barbacena aprovou reajuste para os atos médicos (ta-bela de Portes), tendo como base a Tabela CBHPM. Não só as con-sultas foram reajustas para R$ 60, como vários outros procedimen-tos receberam aumento de acordo com a tabela sugerida pela AMB, CFM e Fenam.

Em Conselheiro Lafaiete, o va-lor da consulta pago pela Unimed local foi reajustado para o mínimo solicitado, mas já existem negocia-ções para subir para R$ 65 reais. Outra cidade que negociou os R$ 60 com a Unimed foi Passos.

Entidades Médicas na porta da ALMG em ato público durante Paralisação do SUS, Fhemig e Ipsemg

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Jornal do CRMMG10 Setembro / Outubro de 2011

II Fórum de Ensino Médico do CFMData: 1º e 2 de dezembro de 2011Local: Sede do CFM. Brasília - DFInformações: (61) 3445-5957 / 5900Contato: [email protected]

Congresso Internacional Prontuário Eletrônico do Paciente - SBISData: 4 à 6 de dezembro de 2011Local: Campinas -SPMais informações: www.sbis.org.br

24º Congresso Brasileiro de Ecocardiografia Data: 7 a 9 de março de 2012Local: São Paulo-SPMais informações: http://worldecho2012.com.br/

5º Encontro Mineiro de MastologiaData: 15 a 17 de março de 2012Local: Ouro Preto - MGMais informações: www.cancerdemama2012.com.br

Agenda de Eventos

Em assembleia realizada no dia 22 de setembro de 2011, os coo-perados da Unimed-Divinópolis aprovaram os novos valores dos procedimentos médicos a vigorar a partir de 1º de outubro. A con-sulta médica subiu 33,3% e passa a valer R$ 72. Nos horários espe-ciais (feriados, sábados, domingos e de 22h às 06h) a consulta valerá R$ 93. Os demais procedimentos médicos serão remunerados com base na última edição da CBHPM e, dessa forma, tiveram um rea-juste médio de 30% em enferma-ria (o valor da banda máxima) e 10% em apartamento (o valor da banda mínima). O SADT também foi reajustado, subindo em média 8%. O conselheiro Alberto Gigan-te Quadros, Delegado Regional de Divinópolis, conversou com o pre-sidente da Unimed-Divinópolis, Evangelista José Miguel. O Jornal do CRMMG publica as questões mais importantes dessa conversa:

Qual a sua avaliação sobre as reivin-dicações por melhoria da remuneração proposta pelas entidades médicas?

Entendo que elas são justas e necessá-rias. Inegavelmente o vencimento dos médi-cos decaiu nos últimos anos e as entidades médicas estão corretas em cobrar essa perda.

Alguns planos de saúde argumen-tam que não é possível pagar os valo-res estipulados pela CBHPM. Qual a sua opinião a esse respeito?

Eu penso diferente. Desde que nos com-prometemos com os cooperados a adotar a CBHPM, há cerca de 8 anos, a nossa coo-perativa não parou de crescer. Hoje temos 130 mil vidas contratadas e poderíamos ter mais, caso a nossa missão fosse vender plano barato. Porém, é preciso organizar, planejar, conter gastos sem perder qualidade e agir de forma transparente, comprometendo os mé-dicos com a busca de bons resultados.

O fato de ser um “unimediano da primeira hora” ajudou a entender todo esse processo?

Não tenha dúvida. Não é fácil conviver num mercado muito competitivo onde as regras são cada vez mais exigentes. Para enfrentar essas dificuldades, alguns opta-ram por oferecer plano a baixo custo. Nós optamos por valorizar o nosso serviço, mostrar que oferecemos atendimento de qualidade, corpo clínico motivado e de alto nível. Somos dedicados, procuramos ser criativos e não temos vergonha de copiar as ideias vitoriosas. O resto é muito trabalho.

Qual o próximo passo? Mostrando ao cooperado que o des-

perdício é o principal fator para diminuir o seu ganho. Não queremos restringir e perder na qualidade, mas dá para econo-mizar muito. Fazendo uma boa anamne-se e um exame clínico de qualidade você direciona o raciocínio para um diagnósti-co correto e gasta menos com materiais e

exames complementares. No final, sobra mais para o cooperado. Nos últimos dez anos a sobra anual repassada aos coopera-dos nunca foi menor que 1,5 rendimento médio/mês. Em alguns anos chegou a 2,5. É um bom 13º salário, conquistado com a colaboração de todos.

Infelizmente, muitos colegas inte-ragem pouco com os pacientes e pe-dem exames com exagero. Como re-solver este problema?

Na assembleia geral extraordinária do dia 22 de setembro, aprovamos também a formação de câmaras técnicas por especiali-dades que irão discutir protocolos. Muitos deles já existem, inclusive validados pelas sociedades científicas. Eles propõem uma conduta diagnóstica, propedêutica e tera-pêutica que poderá servir como ponto de partida para a nossa auditoria. Não é ca-misa de força e não pretendemos coibir nin-guém, mas cria um parâmetro que dificulta o desperdício. O nosso Comitê Técnico-ético também é um parceiro nesse trabalho e con-tamos com a ajuda do CRMMG para diri-mir as dúvidas.

Muitos dirigentes de planos de saúde se recusam a aumentar os valo-res pagos aos médicos alegando que estão no patamar da maioria das Uni-meds. O que você acha disso?

Eu tenho procurado conversar esse as-sunto nos encontros com os cooperados. Quando a cooperativa, que é dos médi-cos, sofre concorrência desleal porque esses mesmos cooperados aceitam valores meno-res em outros planos e o mercado fica muito competitivo, ela passa a remunerar menos. Eu não tenho nenhuma dúvida que a Uni-med precisa ser o balizador do mercado, jo-gando para cima o ganho do médico, com união dos cooperados em prol da coopera-tiva e de si próprios, e também pela ética, Medicina de qualidade e boas práticas.Cons. Alberto Gigante Quadros entrevista presidente da Unimed-Divinópolis

Grande avanço em Divinópolis

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Jornal do CRMMG 11Setembro / Outubro de 2011

Curtas

Aconteceu, dia 7 de novembro, às 20h, na sede do CRMMG, o 1º Encontro do grupo de discussão “A tarefa Médica”, coordenado pelos médicos, Sérgio Kehdy e João Ga-briel Marques Fonseca (professor da UFMG).

“A ideia de criar o grupo surgiu da demanda dos alunos do Curso de Ética do CRMMG após a palestra dos professores no ano passado”, ex-plica a Conselheira e coordenadora do curso, Cibele Alves de Carvalho.

Segundo João Gabriel Marques Fonseca, o objetivo dos encontros é possibilitar ao médico um espa-ço para debaterem sobre a profis-são. “Havíamos, inclusive, pen-sando em um nome ‘Revisitando o Ato Médico’”.

O tema abordado na primeira discussão foi a “Relação Médico-Médico”. Alguns outros foram sugeriros ainda no curso e outros levantados no primeiro encon-

tro. “Como acesso as informações na internet (Dr. Google) influen-ciam a relação médico-paciente; Preconceito: Como os HIVs são tradados; Há esperanças de ser feliz sendo médico?; Os limites éticos do sigilo; A sedução no con-texto da relação médico-paciente”, descreve Sérgio Kehdy.

“Pensar sobre sua própria ati-vidade, questioná-la, é algo difícil, nem todo mundo se dispõe”, res-salta João Gabriel.

O grupo irá se reunir novamen-te no dia 5 de dezembro, às 20h. A ideia é que os encontros aconteçam sempre na primeira segunda-feira de cada mês. As datas de 2012 serão definidas na próxima reunião.

Os temas de cada reunião serão divulgados no site do CRMMG e via e-mail. Para participar do grupo de discussão e receber informações, inscreva-se pelo [email protected] . Participe!

Conselho cria grupo dediscussão sobre Tarefa Médica

Conheça algumas ações de nossos conselheiros

• Ocorreu no dia 26 de julho, presidida pelo Delegado Regional em Varginha, cons. Luiz Henrique de Souza Pinto, a solenidade de entrega da documentação primária ao médico Jayme Iucif Guedes, filho do ex-conselheiro do CRMMG, Fernando Guedes Oliveira e atu-al vereador da Câmara Municipal de Varginha.

• No dia 6 de julho, o presidente do CRMMG, cons. Manuel Maurício Gonçalves e o 1º secretário, João Batista Gomes Soares, participaram da Homenagem aos Formandos realizada pela Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) em parceria com o CRMMG.

• No dia 22 de junho, o cons. Itagiba de Castro Filho, realizou reunião com o coordena-dor do SAMU em Montes Claros, Enius Freire, para debaterem assuntos relativos à regulação de urgência e emergência na cidade e região.

• No dia 21 de junho, o conselheiro Eurí-pedes José da Silva realizou reunião com a Comissão de Ética da Santa Casa de Passos. Estiveram presentes todos os membros da co-missão: José Ronaldo Alves, presidente; Julia-no Candido Batista,  secretário; André Martins Faria e Sérgio Medeiros da Silveira, para discutir como deve funcionar a Comissão, como de-

vem ser conduzidas as averiguações internas e quando enviar ao CRMMG.

• No dia 2 de setembro, o delegado regio-nal Luiz Carlos Ângelo Teixeira representou o CRMMG na cerimônia de posse da nova di-retoria da Associação Médica de São João del Rei. O delegado foi chamado para com-por a mesa de autoridades juntamente com o cons. José Luiz Fonseca Brandão, represen-tante do presidente do CRMMG.

• Os conselheiros João Batista Gomes Soares, Cícero de Lima Rena e José Nalon de Queiroz, a convite do Valter Gonçalves de Souza, se reuniram com os médicos do Cor-po Clínico da Santa Casa de Santos Dumont para discutir a grave crise financeira e falta de profissionais que atinge a Instituição.

• No dia 10 de setembro, o cons. Alberto Gigante Quadros participou representando o CRMMG do Congresso Brasileiro de Bioética em Brasília.

• No dia 26 de setembro, os conselheiros Alberto Gigante e João Batista Gomes Soares, juntamente com o conselheiro Federal Her-mann A. V.v Tiesenhausen, realizaram reunião

com os chefes das clínicas do Hospital São João de Deus, em Divinópolis, para discutir problemas nas escalas de plantão do hospital.

• A tesoureira do CRMMG, Cibele Al-ves de Carvalho, representou o presidente do Conselho na audiência pública realizada pelas Comissões de Saúde e de Direito do Consumidor na ALMG, no dia 25 de outubro, na ocasião da Paralisação Nacional do SUS.

• O presidente Manuel Maurício e a con-selheira e diretora do Departamento de Co-municação do CRMMG, Claudia Navarro, participaram nos dia 3 e 4 de novembro, do III Encontro de Comunicação das Entidades Mé-dicas, em Florianópolis. O evento é promovido pela Federação Nacional dos Médicos e pelo Conselho Federal de Medicina, com o apoio do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina.

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Jornal do CRMMG Setembro / Outubro de 201112

DelegaciasIpatinga recebe curso de Atualizaçãoem Urgência e Emergência Pediátrica

Quarenta e cinco médicos oriundos das cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Caratinga, Ferros, Inhapim, Ma-nhuaçu, Manhumirim e Ipanema, além de 19 acadêmicos de Medicina, formaram o quórum do Curso de Atualização em Ur-gências e Emergências Pediátricas. Organi-zado pela Delegacia Regional do CRMMG em Ipatinga, juntamente com Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), o Curso foi rea-lizado no auditório da Faculdade de Medi-cina do Vale do Aço, em Ipatinga, entre os dias 19 e 20 de agosto.

Os conferencistas credenciados pela SMP Leonardo Falci Mourão, Luiz Edu-ardo Parreiras Tálamo, Luciano Amedée Peret Filho e o Tiago Guimarães abor-daram temas como o “Pronto Aten-dimento Pediátrico”, “Abordagem de Choque”, “Diarreia Aguda”, “Dengue” e “Tratamento de Constipação Intestinal Crônica”. Entre os participantes, 100% classificaram como ótima a iniciativa do CRMMG em promover o curso, en-quanto 74% classificaram o curso num todo como ótimo.

Assuntos referentes ao dia a dia do médico como a “Responsabilidade éti-ca, civil e criminal do médico”, a “Pre-venção do erro médico”, o “Prontuário médico” e o “Sistema Estadual de Re-gulação” foram explanados na 3ª Jorna-da de Ética Médica. Realizada pela De-legacia Regional do CRMMG, em Patos de Minas, em conjunto com a Comissão de Ética Médica do Hospital Regional Antônio Dias (HRAD) e a Associação Médica de Patos de Minas. A iniciativa aconteceu nos dias 19 e 20 de agosto de 2011, no auditório do HRAD. Entre os 70 participantes da Jornada esta-vam médicos, advogados e estudantes.

Falaram ao público os conselheiros do CRMMG, André Lorenzon de Oliveira (foto) e Itagiba de Castro Filho, o mé-dico Nicodemus de Arimatheia e Silva Jr. e as advogadas Cíntia Nogueira de Lima Valle e Lorena Loureiro.

Na ocasião, também foi outorgada a Comenda de Honra à Ética para Francisco de Assys Bruno, médico anestesiologista formado pela Universidade Federal do Tri-ângulo Mineiro, em 1967. A comenda foi entregue pelo conselheiro Paulo Maurício Buso Gomes, delegado do CRMMG na Regional de Patos de Minas.

Patos de Minas realiza a 3ª Jornada de Ética

Ginecologistas e Obstetrasfazem curso de atualização

em Poços de CaldasMédicos Ginecologistas e Obstetras vindos de cidades minei-

ras como Cabo Verde, Muzambinho, Conceição de Aparecida, Alfenas e Andradas, juntamente com os profissionais de Poços de Caldas, participaram do Curso de Urgências e Emergências Obstétricas. Realizado pela Delegacia Regional do CRMMG em Poços de Caldas, entre os dias 2 e 3 de setembro, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. De acordo com a orga-nização, o curso foi avaliado pelos participantes com os concei-tos de bom e ótimo, sendo que todos afirmaram que fariam o curso novamente.

Projeto Trauma capacitamédicos em Ituiutaba

Com o objetivo de capacitar médicos que trabalham em serviços de urgência, exercendo atividades no atendimento às vítimas de trauma, o CRMMG reali-zou, no município de Ituiutaba, nos dias 28, 29 e 30 de julho, o Curso Projeto Trauma. A atividade, que foi organizada pela Delegacia Regional de Uberlândia, com o apoio da Associação Médica de

Ituiutaba, teve ao todo 40 médicos par-ticipantes, todos profissionais da cidade de Ituiutaba e municípios vizinhos. Para o presidente da Associação Médica de Ituiutaba, Rodrigo Otávio Braga, “a re-alização do Projeto Trauma em nossa cidade, aprimorou e engrandeceu os nossos conhecimentos”.

Durante os três dias de curso, por meio de demonstrações, aulas exposi-tivas e estações práticas, os médicos Otaviano Augusto de Paula Freitas, Hé-lio Machado Vieira Júnior e João Batista Rodrigues Júnior, credenciados pela As-sociação Mineira de Ensino e Prevenção do Trauma (Ament), ministraram aulas que abordaram os Traumas Torácicos, Abdominal, crânio-encefálico, e também o raquimedular, o músculo-esquelético e o Trauma na criança. A iniciativa traba-lhou ainda a transferência das vítimas de trauma e as bases do atendimento pré-hospitalar. Todos os participantes avaliaram o curso positivamente, afir-mando que o fariam novamente.

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Jornal do CRMMGSetembro / Outubro de 2011 13

Delegacias

Um dia dedicado ao congraçamen-to entre as delegacias e seus repre-sentantes, assim foi o 1º Encontro dos Representantes e Delegados Seccio-nais das Regionais do CRMMG em Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Var-ginha. Realizado no auditório da As-sociação Médica, em Alfenas, no dia 3 de setembro, o evento contou com 23 presentes, entre Delegados (as) Ad-juntos, Delegados (as) das Seccionais e Representantes do Conselho no in-terior do Estado.

O presidente do Conselho, Manuel Maurício Gonçalves abriu o evento destacando o papel e a importância do CRMMG. Em seguida, a conselhei-ra e delegada de Alfenas, Vera Cerá-volo de Oliveira, elucidou o caminho percorrido por uma consulta ou uma denúncia, até ser arquivada ou se transformar em processo. Estiveram presentes também os conselheiros Eurípedes José da Silva, Mário Be-nedito Costa Magalhães e Luiz Hen-rique de Souza Pinto, delegados do CRMMG, respectivamente, em Pas-sos, Pouso Alegre e Varginha.

Preservar e ampliar a dignidade e o diálogo do profissional médico, pro-piciar o intercâmbio científico, fortale-cer o espírito associativo da classe, integrar os médicos através de uma convivência ética, além de promover a capacitação e o ensino continuado, com essas aspirações, no dia 3 de se-tembro de 1966, médicos da porção sudoeste de Minas Gerais, se reuni-ram e deram o primeiro passo para a formação da União das Associações Médicas Regionais da Zona da Mata (Urezoma). Em 2011, 45 anos após a primeira reunião, a entidade congre-ga hoje aproximadamente quatro mil membros.

Segundo o presidente da Ure-zoma, o conselheiro do CRMMG Delano Carlos Carneiro, a entidade era, inicialmente, composta pelas cidades de Cataguases, Leopoldi-na, Além Paraíba, Carangola, Muriaé e Ubá, “hoje 11 cidades formam a Urezoma”, completa. Além das cita-das, Juiz de Fora, Manhuaçu, Pon-te Nova, São João Nepomuceno e Viçosa também se incorporaram ao grupo. Por meio de um calendário

anual pré-elaborado, a entidade re-aliza reuniões mensais em cada um dos municípios participantes.

Com o propósito de discutir te-mas científicos, éticos e assuntos de interesse e defesa da classe médica, o município de Muriaé, que integra a Urezoma desde o inicio das ativida-des, recebeu no dia 20 de agosto, a 411ª reunião da entidade. Na ocasião, estiveram presentes representantes e profissionais da classe médica minei-ra como o conselheiro do Conselho Federal de Medicina, Hermann A. V. Von Tiesenhausen.

No dia 3 de setembro deste ano, a Urezoma celebrou seus 45 anos de atividades com a reunião 412ª, rea-lizada em Ubá. Na ocasião, esteve presente o ex-presidente da Associa-ção Médica de Minas Gerais (AMMG), José Carlos Vianna Colares Filho. O município de São João Nepomuceno, por sua vez, recebeu a 413ª reunião (foto), que foi realizada no dia 17 de setembro na sede da Associação Médica do município e contou com a presença do atual presidente da AMMG, Lincoln Lopes Ferreira.

Dia a dia dasdelegacias em debate

De acordo com a conselheira Vera Cerávolo, a ideia inicial era reunir to-das as delegacias do Sul de Minas. No entanto, ela afirma que a inclusão de Itajubá e Poços de Caldas seria inviá-vel pela distância entre os municípios. “Deixamos, por isso, que essas duas cidades façam seu encontro indepen-dentemente e optamos por reunir Al-fenas, Passos, Pouso Alegre e Vargi-nha”, completa a conselheira.

Ainda de acordo com ela, o Encon-tro dos Representantes segue a orien-tação do presidente do CRMMG de ir ao encontro dos colegas do interior. Para a conselheira, “realizar eventos como esse é uma excelente oportuni-dade de alcançar esse objetivo, sen-do esta a primeira reunião do gênero, acredito que as demais delegacias seguirão nosso exemplo”. Quanto à repercussão do evento, a conselheira afirma que, “pelo retorno que tivemos dos participantes, o encontro foi um sucesso. Sendo unânime o desejo de que outros encontros se realizem no próximo ano. E, com certeza, o fare-mos”, conclui.

Urezoma completa 45 anos

“Este é o pensamento de todo o Conselho: irmos até os colegas do interior. Acreditamos que realizar o encontro é uma excelente oportunidade de fazê-lo”

Conselheira Vera Cerávolo

Em 2011, após 413 reuniões, a entidade congrega cerca de

quatro mil membros

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João Batista Gomes Soares, 1º Secretário do CRMMG; Lincoln Lopes Ferreira, Presidente da AMMG; Carlos Alberto Santos, Presidente da AMMG em São João

Nepomuceno; Delano Carlos Carneiro, Presidente da Urezoma

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Jornal do CRMMG14 Setembro / Outubro de 2011

Parecer-consulta nº 4344/2011 Cons. Alcino Lázaro da SilvaEmenta: O cirurgião não pode deixar de resolver uma lesão (do-

ença) de via biliar se não possuir o recurso da videolaparoscopia.

I. Consulta A consulente solicita orientação com base em duas pergun-

tas:1) É ético colocar a decisão ao paciente sobre a via de abor-

dagem da colecistectomia-laparotômica ou laparoscópica?2) É ético oferecer ao paciente a colecistectomia convencio-

nal em um serviço de treinamento em cirurgia geral?

II. ParecerÀ 1ª questão, se não for somente ético é prudente, desde

o momento em que você tenha as duas opções para oferecer.Prefira usar a via laparoscópica como 1ª opção. A via conven-

cional se reserva quando não existe a possibilidade de oferecer a vídeo ou quando o paciente a escolha, por incrível que pareça, mas ocorre vez por outra. Aplica-se o princípio da Autonomia.

Colecistectomia-laparotômicaX laparoscópica

É prudente porque, instalada a vídeo, se houver acidente ou dú-vidas técnicas, ou se ocorrer dis-túrbio com o instrumental, não se pode interromper o ato operatório e há obrigatoriedade de conversão. O doente, pois, tem que estar in-formado sobre essa possibilidade. Para tal, é ético explicar-lhe e obter a anuência para não ocorrer sur-presas e incompreensíveis.

Tratando, agora, da 2ª questão, além da prudência em oferecer a via convencional, no serviço em que existe a vídeo, se não for estri-tamente ético, não é antiético por-que há que resolver o problema do paciente que precisa do cuidado e da solução da sua enfermidade.

Permanecendo na 2ª questão, se o serviço não possui a vídeo, cujas causas não compete discussão ago-ra, não se deve aceitar a ideia de que a ausência de tecnologia im-pede o cuidado com a solução do problema que incomoda, aflige ou põe em risco a saúde do paciente.

Durante mais de um século, des-de que, em 1882 Langenbuch, na Ba-viera, realizou a 1ª colecistectomia, o padrão-ouro sempre foi a realizada por via convencional. Se forçarmos um pouco a argumentação, apesar

de ser a vídeo a via preferencial ela não é absoluta porque vez ou outra ela cede espaço à necessidade da convencional que resolve todas as dificuldades e, portanto, mantém-se como padrão-ouro.

A vídeo caminha a passos largos para a solução em quase 100%, mas, provavelmente, não conseguirá fa-cilitar ou propiciar a possibilidade de atuar e dar solução segura a um pedículo bílio-hepático conflagra-do. A exposição, a boa iluminação, a experiência e o arrojo do cirurgião é o caminho para enfrentar essa situa-ção difícil em que não se identifica, a princípio, nem os elementos funda-mentais do pedículo.

Pensando no aprendizado, é bom que o Residente seja inves-tido e treinado na vídeo. Não pode, no entanto, uma vez ou outra perder a oportunidade de abordar a via biliar diretamente nos seus planos e nas suas difi-culdades que, vencidas, comple-tam a formação técnica.

III. ConclusãoÀs indagações julgamos poder

responder: 1 - Sim. 2 - Sim, com ressalvas.

Conselho Conselheiro - PareceresPara conhecer aíntegra de cadaparecer acesse:

www.crmmg.org.br/Mais acessados/

Pareceres do CRMMG

Parecer-consulta nº 4330/2011Ementa: Prazo entre consultas –

Retorno - A complexidade das reações orgânicas frente aos agravos à saúde necessita do conhecimento específico da medicina e só o médico é capaz de identificar as modificações do quadro ou nova doença instalada e, portanto, a necessidade de uma nova consulta.

Cons. Itagiba de Castro FilhoCRMMG 5.943

Parecer-consulta nº 4297/2011Ementa: Laudos de exames com-

plementares detêm “status” de pron-tuário, estando sujeitos às mesmas normas protetoras do sigilo.

Cons. Renato Assunção R.S. MacielCRMMG 9.527

Parecer-consulta nº 4306/2011Ementa: O médico devidamen-

te inscrito no Conselho Regional de

Medicina é apto ao exercício profis-sional em qualquer dos ramos da me-dicina. O anúncio de especialidade somente é lícito se houver o registro no Conselho.

Cons. Carlos Alberto Benfatti CRMMG 33.642

Parecer-consulta nº 4240/2010Ementa: Médicos, mesmo não

pediatras, que se sintam capacita-dos, podem realizar o atendimento de crianças, respeitados os limites definidos pelas rotinas da institui-ção e a livre escolha dos pacientes ou responsáveis.

Cons. Itagiba de Castro Filho CRMMG 5.943

Parecer-consulta nº 4302/2011Ementa: A Medicina é uma pro-

fissão a serviço da saúde, devendo ser exercida com zelo e empenho, de

modo a possibilitar melhor adequa-ção e desempenho dos profissionais envolvidos.

Cons. Nelson Hely Mikael BarsanCRMMG 8.115

Parecer-consulta nº 4309/2011Ementa: O médico terá, para com

os colegas, respeito, consideração e solidariedade, sem se eximir de de-nunciar atos que contrariem os pos-tulados éticos.

Cons. Ajax Pinto FerreiraCRMMG 6.108

Parecer-consulta nº 4318/2011Ementa: A prescrição de medicação

deve obedecer à Legislação Sanitária.Cons. Delano Carlos CarneiroCRMMG 12.158

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O coração dos anestesistas

Jornal do CRMMG 15Setembro / Outubro de 2011

A medicina mineira e os Aneste-siologistas se orgulham dos colegas Domingos Afonso Santiago e Jose-fino Fagundes da Silva, respectiva-mente, mestre e discípulo.

Convivi com o primeiro desde 1964 e com o segundo desde 1972. A nossa relação de amizade e pro-fissional foi muito íntima porque ambos viviam no Hospital das Clí-nicas e foram anestesistas de minha clínica particular.

Foram profissionais que se iden-tificavam no compromisso do exer-cício integral e dedicação exclusiva, o que os qualificava em plenitude profissional e didática.

Durante todo o exercício profis-sional, os dois, Santiago e Josefino, incorporaram características no-tórias que passamos a analisar, de forma concisa.

Dois valores inestimáveis: o mestre e o discípulo, ambos com uma única causa, a do paciente. Não importava a sua origem – par-ticular, conveniado, SUS, indigente, colegas ou familiares, a dedicação, o respeito e a qualidade do serviço prestado eram iguais.

A anestesia que administravam era proporcional aos sentimentos que se autoimpunham no que se re-fere ao desprendimento de ambos.

O transcurso do ato operatório era sereno e dificilmente foram ne-

cessários a advertência ou o pedido de plano mais profundo, para qua-lificar o relaxamento ou oxigenar melhor o sangue que brotava no campo operatório.

O acordar era suave e sem o tu-multo de uma agitação motora, da mudança de posições incoordena-das, náusea ou vômito. Não se con-sidera, aqui, a aspiração de conteú-do gástrico refluído, acidente que jamais presenciei, com eles.

A dor pós-operatória não ocor-ria na frequência com que os auto-res relatam em suas experiências. Não eram intensas e nem exigiam analgésicos mais potentes ou em doses maiores. Havia dois motivos no privilégio que os pacientes rece-biam. O primeiro era a qualidade da inalação e o medicamento anes-tésico apropriado. Durante o ato, o nível anestésico e a droga escolhida compunham um recurso preventi-vo importante. O segundo motivo estava contido no coração, na alma e na mente de Santiago e Josefino que não demonstravam, no contato deles com o paciente, o honorário como prioridade, mas o resultado com sucesso e tranquilidade. Este segundo ponto era requintado na condução anestésica porque eles compartilhavam conosco a pre-venção do que denomino de “dor na alma”. Dor que afeta profunda-

mente o portador de qualquer lesão quando o maior objetivo terapêuti-co não é ele, a lesão ou o resultado, mas, tristemente, a prioridade pela cobrança de honorários.

Honorários: ou eram discutidos, ou aceitavam sugestões ou não re-cebiam qualquer moeda. Em nada, isso modificava o cuidado, a atitude e o trabalho qualificado.

Tanto verdade que ambos viveram honradamente e com simplicidade, mesmo tendo uma clínica numerosa, mas de rentabilidade não condizente com a intensidade do trabalho.

No plano didático foram exem-plares. Dedicação além do horário contratado no que se refere à Uni-versidade. O tempo não contava e Santiago e Josefino possuíam o mis-ter de educar jovens. O grande en-sinamento que aprendi foi o de que o tubo endotraqueal não era sim-plesmente um canal para 02 e gases, mas uma via de compromisso com a segurança e a vida. Ensinavam pelo exemplo, pela presença e pelo com-promisso de educadores. Mais ação e menos palavras. Mais segurança e menos aparatos. A simplicidade for-tificava o treinamento responsável e o estudo aplicado. Como resulta-do, jovens anestesistas se formaram cônscios de seu compromisso com o trabalho seguro e desprendido, ape-sar de bem ou mal remunerados.

No aspecto especial da educa-ção, Santiago e Josefino seguiam por caminhos paralelos. O 1º no reduto formador, a sala de operação. O 2º, na extensão, organizando o ambula-tório de combate à dor, criando a liga acadêmica e realizando cursos para o estudo do paciente portador de uma dor que o tortura ou o faz sofrer tanto física como psiquicamente.

Enfim, Santiago e Josefino re-presentam a atenção, a dedicação, o compromisso e o desprendimento, sempre em favor do paciente e do jovem que educavam com proprie-dade e acerto.

Alcino Lázaro da SilvaCRMMG 2689

Domingos Afonso Santiago

Josefino Fagundes da Silva

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Jornal do CRMMG Setembro / Outubro de 201116

Emocionante é o sentimento que melhor explica a noite do dia 29 de setembro, data em que, pela primei-ra vez, médicos de Belo Horizonte receberam a Comenda Honra à Éti-ca, entregue pelo Conselho Regio-nal de Medicina de Minas Gerais (CRMMG). “A comemoração foi para homenagear os colegas que durante a vida profissional agiram com dig-nidade e honra, sendo referência em sua área e dignificando a profissão”, relata o presidente do CRMMG, Ma-nuel Maurício Gonçalves.

Indo além de seu papel, a atual gestão do Conselho entende que o CRMMG também deve homenage-ar médicos que se destacaram em sua área e como lideranças médicas em sua cidade.

“Como a entrega nunca tinha sido feita na capital, as indicações foram muitas e com nomes de gran-de expressão para a Medicina mi-neira. Os conselheiros tiveram gran-des dificuldades para definir quem

seriam os homenageados de 2011 e nos próximos anos, os demais médi-cos receberão a merecida comenda”, conta o presidente do CRMMG.

Após a entrega da Comenda, o homenageado Roberto Junqueira de Alvarenga foi convidado para pro-ferir algumas palavras como repre-sentante de todos os médicos que receberam a Comenda. Roberto Jun-queira é o “Conselheiro” com maior tempo de atividade, pois atuou no CRMMG por 40 anos, deixando a função em 2008. “Senti-me como um decano, ao falar em nome de todos os homenageados no evento. Fico feliz pelo reconhecimento do tempo útil que dedicamos à socie-dade, ao exercer os preceitos éticos e hipocráticos da nossa função.”

O momento era de agradecer aos homenageados pela grande dedicação à profissão e, conforme relatado pelos mesmos, a comemo-ração atingiu seu objetivo:

“Sinto-me muito orgulhoso, com humildade, por ter sido distingui-

do com essa honraria pelo CRM, uma entidade que trabalha por uma medicina de bom padrão. O recebi-mento dessa comenda enche-me de gratidão frente ao Conselho, pelo reconhecimento da prática ética da medicina no dia a dia de trabalho”, Calil Fouad Nicolau Cury.

“Ser distinguido com essa co-menda é muito gratificante, pois ela atesta a preocupação ética que orientamos a prática da medicina no nosso cotidiano”. “A cerimônia mostrou um ambiente familiar e agradável. Quanto à organização só tenho a parabenizar os funcio-nários do Conselho e o Dr. Manuel Maurício”, Christiano Alvim Pena.

“O recebimento da comenda muito me felicita, pois ela representa uma vida profissional orientada aos preceitos éticos da profissão médi-ca, por esse reconhecimento ter sido reconhecida só tenho a agradecer ao Conselho”, Maria Regina Calsolari.

Comenda Honra à ÉticaUma homenagem para quem dedicou a vida à medicina

Representante deAntonio Fernando Dias da Silva

Arnaldo Antônio Elian

Calil Fouad Nicolau Cury

César AugustoArrunátegui Carvallo

Christiano Alvim Penna

Diomar Tartaglia

Ennio Leão

Guilherme Cabral Filho

João Batista Gontijo Assunção

José Carlos Campos Christo Filho

José Carlos Vianna Collares Filho

José de Araújo Barros

José de Souza Andrade Filho

José Sylvio Resende

Lucas Vianna Machado

Magnus de Oliveira Andrade

Márcio Ibrahim de Carvalho

Maria Regina CalsolariPereira de Souza

Marx Golgher

Nereu de Almeida Júnior

Raul Costa Filho

Representante deRenato Franco Ciodaro

Roberto Junqueira de Alvarenga

Representante deRoberto Porto Fonseca

Vicente de Paulo Assis

Willon Garcia de CarvalhoRepresentante de

Wilson Luiz Abrantes