jornal brasil atual - jundiai 10

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Jornal Regional de Jundiaí www.redebrasilatual.com.br nº 10 Julho de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA JUNDIAÍ No Sebo do Zé tem até uma biblioteca aberta aos “sem-dinheiro” Pág. 7 CULTURA A ORDEM É LER O bairro da Vila da Conquista precisa de tudo, mas ninguém vê Pág. 6 CAMPO LIMPO SÓ OLHAR DÁ DÓ A festa que é uma farra da cultura popular da região Pág. 2 VáRZEA PAULISTA FOLIA DE REIS Como a imprensa comercial se compunha com o bicheiro Carlinhos Cachoeira IMPRENSA JOGO PRA Lá DE SUJO ELEIçõES 2012 De um lado o PSDB, há 20 anos no poder; de outro, a oposição que quer conquistar a Prefeitura Pág. 3 JUNDIAí, PALCO DE UM DUELO NAS URNAS O dono da Veja, Roberto Civita, tem muito a explicar sobre as relações perigosas que mantinha com a dupla de figurões da CPI Demóstenes-Cachoeira

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cultura a ordem é ler folia de reis só olhar dá dó várzea Paulista eleições 2012 Distribuiçã o nº 10 Julho de 2012 Pág. 7 Pág. 3 Pág. 2 Pág. 6 www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Jundiaí O bairro da Vila da Conquista precisa de tudo, mas ninguém vê No Sebo do Zé tem até uma biblioteca aberta aos “sem-dinheiro” A festa que é uma farra da cultura popular da região

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Jundiai 10

Jornal Regional de Jundiaí

www.redebrasilatual.com.br

nº 10 Julho de 2012

DistribuiçãoGratuitajundiaí

No Sebo do Zé tem até uma biblioteca aberta aos “sem-dinheiro”

Pág. 7

cultura

a ordem é ler

O bairro da Vila da Conquista precisa de tudo, mas ninguém vê

Pág. 6

camPo limPo

só olhar dá dó

A festa que é uma farra da cultura popular da região

Pág. 2

várzea Paulista

folia de reis

Como a imprensa comercial se compunha com o bicheiro Carlinhos Cachoeira

imPrensa

jogo Pra lá de sujo

eleições 2012

De um lado o PSDB, há 20 anos no poder; de outro, a oposição que quer conquistar a Prefeitura

Pág. 3

jundiaí, Palco de um duelo nas urnas

o dono da Veja, roberto Civita, tem muito a explicar sobre as relações perigosas que mantinha com a dupla de figurões da CPi demóstenes-Cachoeira

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2 Jundiaí

expediente rede Brasil atual – Jundiaíeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Antonio Cortezani, Douglas Yamagata, Enio Lourenço e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro SimanTelefone (11) 3241-0008 Tiragem 15 mil exemplares distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

O bicheiro Carlinhos Cachoeira continua preso em Brasí-lia, teve um ataque de fúria na prisão, brigou com colegas de cela, xingou um agente penitenciário e até sua mulher, An-dressa Mendonça, tida como a beldade da CPI, enfrenta cons-trangimentos na hora de visitá-lo, visto que ele, Carlinhos Cachoeira, anda estressadíssimo. O senador Demóstenes Tor-res, do Democratas de Goiás, virou um arremedo de político de um lado só – da Justiça –, espécie de escorreito paladino tupiniquim, um homem de elevado estofo ético e moral que acabou cassado pelos seus pares no Senado Federal.

Mas, como perguntar não ofende, vamos lá: o que vai acon-tecer com Roberto Civita, dono da revista Veja, ou com um de seus imediatos, o jornalista Policarpo Junior, diretor da revista em Brasília, que gastam páginas e mais páginas para estampar manchetes que visam deseducar os leitores em relação às ques-tões nacionais? Cachoeira, pasmem, sugeria até a seção da re-vista em que notas de seu interesse fossem publicadas. A vergo-nha está contada nas páginas centrais desta edição. Esperamos que satisfaça a volúpia de todos. É isso. Boa leitura!

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vem aí a 7ª Folia de reis

0s reis (e rainhas) da festa

A manifestação de cultura tradicional e popular da região

várzea Paulista

O Encontro vai reunir mi-lhares de pessoas nos dois dias de festividades, 14 e 15 de ju-lho. Além de shows de grupos culturais, o evento terá barra-cas de alimentação e feira de artesanato. As atividades serão na Praça da Bíblia, em Várzea Paulista, com entrada franca. Realizado desde 2006, o En-contro valoriza uma manifes-tação importante da cultura popular e, a cada ano, mobiliza mais cidades e traz um público maior. “A festa é uma marca de Várzea Paulista e um mo-delo para outros municípios” – revela Eufraudísio Modesto, supervisor do Departamento de Cultura local. Segundo ele, “poucas cidades conseguem tanta evidência no cenário da cultura tradicional”.

Eufraudísio lembra que o apoio da Prefeitura de Várzea

Paulista com infraestrutura e divulgação é imprescindí-vel, mas ressalta que a força da festa está na comunidade, envolvida em todo o processo de organização. “O sucesso do Encontro é resultado dessa mobilização popular. O gover-no apoia, mas quem comanda o show são os mestres de cul-tura popular, donas de casa, violeiros e agentes culturais

da cidade, em parceria com o Conselho de Cultura.”

Uma novidade do Encon-tro de 2012 é o show da du-pla sertaneja Leide e Laura. Consideradas as novas Irmãs Galvão, elas fazem sucesso no Brasil e em programas como Sr. Brasil e Viola Minha Viola. Em 20 anos de carreira, as ir-mãs ganharam vários prêmios com composições próprias, vozes harmoniosas e técnica de qualidade. “Leide e Laura são as vozes femininas mais belas do Brasil porque unem talento, carisma e simpatia” – revela o ator Jackson Antunes. A dupla acaba de lançar o DVD Meu Canto Caipira e se apre-senta no Encontro no sábado, dia 14, às 21 h. A entrada é franca. Mais informações no Centro Cultural, pelo telefone 4595-4080.

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14/7 (sábado) 16 h – Apresentação de Capoeira (mestre Bola Sete) 16h30 – Quadrilhas e artistas locais 18h30 – Encontro de Violeiros 19 h – Show com duplas sertanejas 21 h – Show com a dupla Leide e Laura

15/7 (domingo) 8h30 – Missa campal com violeiros 10 h – Abertura oficial do Encontro 10h30 – Início das Apresentações das Companhias de Folia de

Reis – Violeiros, catireiros, declamadores de poesia, repentistase contadores de causos

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3Jundiaí

Bastante dividido, PsdB anuncia os seus candidatosPartido aparenta grande desgaste com a briga interna existente para disputar a Prefeitura

eleições 2012

Um grande desgaste po-lítico, fruto de um racha in-terno dentro do Partido da Social Democracia Brasilei-ra (PSDB), ficou claramente demonstrado na semana em que a legenda anunciou o de-putado federal Luiz Fernando Machado como seu candida-to à Prefeitura de Jundiaí, em 2012, tendo outro tucano, José Antônio Parimoschi, candida-to a vice-prefeito – estranha-mente o atual prefeito Miguel Haddad abriu mão de sua re-eleição, justificando ter outros planos políticos para 2014.

O anúncio de Luiz Fer-

nando acirrou os ânimos nos grupos do partido e em outras legendas, como o Partido Ver-de (PV), que almejava a vice--prefeitura, com o candidato Enivaldo Ramos de Freitas, o vereador Val. O deputado federal e ex-prefeito de Jun-diaí André Benassi, do PSDB, também acenou com a possi-bilidade de se tornar pré-can-didato. Mesma reação teve o deputado estadual tucano Ary Fossen, que colocou seu nome como opção, já que o partido não se entendia internamente.

Mesmo a distância, o de-putado estadual Pedro Bigardi

(PCdoB) afirma que o quadro parece ser de uma crise interna do partido. “Acompanhando a situação na mídia e nos basti-dores, vejo que o PSDB estava com dificuldade para definir a chapa, por causa de uma cri-se interna. Isso é uma situação inédita no PSDB em Jundiaí.” Paulo Malerba, presidente do PT local, estranha o fato de o atual prefeito retirar sua can-didatura, sem dar explicações convincentes. “Em 2008, ele impediu que o Ary disputasse a reeleição e, agora, abandona a candidatura causando a de-sunião no partido” – diz.

PcdoB e Pt de jundiaí firmam aliança em convençãoUma oposição à adminis-

tração municipal de Jundiaí, do PSDB, foi formada com a aliança do Partido Comunis-ta do Brasil (PCdoB) e o Par-tido dos Trabalhadores (PT), durante a convenção, dia 22 de junho. Os dois partidos lideram a coligação, que conta ainda com os partidos Social Liberal (PSL, de João Rocha); Social Democrático (PSD, de Osmil Crupe); e Pátria Livre (PPL, de Adil-ton Garcia). A aliança surge no momento em que o PSDB demonstra desgaste políti-co. “Há 20 anos no poder, os tucanos privilegiam um grupo em detrimento da po-pulação, não se preocupam com planejamento urbano, autorizam empreendimentos imobiliários sem dar estru-tura adequada para o cresci-

mento ordenado e promovem o caos em vários segmentos, como trânsito, transporte pú-blico, saúde, entre outros” – disse o deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB), candi-dato a prefeito da oposição. A aliança foi marcada pela emo-ção e deu início à campanha eleitoral, que promete mudar

o jeito de fazer política na ci-dade, em função da integração que os partidos têm com todos os segmentos sociais. “Vamos dialogar com a sociedade e enfrentar os problemas da ci-dade, sem os esconder com marketing” – afirmou Bigardi. “Jundiaí é uma cidade espe-cial do Brasil, mas muita coisa

precisa mudar para melhor. E a mudança é para a cidade e para quem mora nela. Vamos fazer o melhor governo da história da cidade” – afirmou.

O ex-deputado federal e atual vereador Durval Orlato também celebrava a união. “Peço a vocês que entrem de coração na campanha. Vamos aumentar ainda mais o inves-timento que o governo federal faz na infraestrutura da nossa cidade” – destacou o candida-to a vice. No final, os mais de 70 candidatos a vereador jun-taram-se à dupla em grande comunhão, prometendo muito espírito de luta na campanha.

O presidente do PT de Jun-diaí, Paulo Malerba enfatizou que a integração partidária for-talece a oposição, uma vez que a coligação tem como plata-forma o crescimento da cidade

por meio da sustentabilidade e do planejamento. “São par-tidos que têm como perfil as causas sociais. Essa união oferece as perspectivas para que a cidade se desenvolva, melhorando o que não está bom e mantendo o que tem dado certo” – frisou Maler-ba. O presidente avalia que há setores que precisam de melhorias e não receberam a atenção que merecem da atual administração. “Mo-bilidade urbana, transporte coletivo, saúde e segurança carecem de investimentos. Vamos buscar parcerias no governo federal, investindo, por exemplo, em Unida-des de Pronto Atendimento (UPAS) para desafogar o Hospital São Vicente. Jun-diaí pode avançar mais” – sintetizou Malerba.

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4 Jundiaí

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a revista veja, entre corrompidos e corruptores

imprensa comercial se diz independente. será?

As ligações íntimas da Editora Abril com o contraventor Carlinhos Cachoeira Por: Lalo Leal

dizia que “a diretoria atrapa-lhava os negócios da Delta. Foi a mesma operação do episódio dos Correios, que deu origem ao ‘mensalão’. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e de-salojava os adversários de Ca-choeira. Assim, ela cumpria o papel de vigilante de desman-dos e fustigava os governos Lula e Dilma, pelos quais nun-ca demonstrou simpatia.”

Basta lembrar a capa de maio de 2006 com Lula le-vando um pé no traseiro, jun-tando grosseria e desres peito. Para não falar de outras, do ano anterior, instigando o im-peachment do presidente da República. O sucesso dos dois governos Lula e os altos índi-ces de aprovação da presiden-ta Dilma Rousseff exacerba-ram o furor da revista.

A proximidade do diretor da sucursal de Brasília com Cachoeira, e deste com o se-nador Demóstenes Torres (ex--DEM-GO), sempre elogiado

Segundo Veja, a “liberda-de de imprensa” estaria ame-açada se o jornalista, ou seu patrão Roberto Civita, fosse depor na Comissão Parla-mentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Na-cional que investiga o caso. Mas, na mesma edição, ela clama por um controle da internet, agastada com as informações sobre seus des-caminhos na rede. A inter-net expôs a relação do trio

Cachoeira-Demóstenes-Veja e uma enxurrada de expressões nada elogiosas levaram a re-vista ao topo dos assuntos no Twitter.

Os principais veículos do país silenciaram ou apoia-ram a relação – exceção fei-ta à Rede Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, tomaram as dores da Editora Abril. O colunista Merval Pereira isentou a re-vista. Em editorial, o jornal

reagiu à comparação feita por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus veículos de comunica-ção no Reino Unido. A Folha de S.Paulo, também em edito-rial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman, Suzana Singer, que tem a incumbência de cri-ticar o jornal, disse não saber “se algo comprometedor en-volvendo a imprensa surgirá

desse lamaçal”. Para lembrar em seguida que ao PT inte-ressa com o caso Cachoeira empastelar o ‘mensalão’: “A imprensa não pode cair na armadilha de permitir que um escândalo anule o outro. Tem o dever de apurar tudo – mas sem se poupar. É hora de dar um exemplo de trans-parência.” Contudo, a cober-tura da Folha das relações Cachoeira-Demóstenes-Veja limita-se a notas superficiais.

por Veja, veio a calhar. Até surgirem as gravações da Po-lícia Federal levando a revista a um recolhimento político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que ela chama de “liberdade de im-prensa”. Veja diz-se “engana-da pela fonte”, argumento des-mentido pelo delegado federal Matheus Mella Rodrigues, co-ordenador da Operação Monte Carlo. O policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das relações de Demós-tenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou, protegen-do “meliantes”, como resumiu a revista CartaCapital.

De narradora dos fatos, a revista semanal Veja, da Edi-tora Abril, tornou-se perso-nagem da cena política bra-sileira. Gravações feitas pela Polícia Federal, autorizadas pela Justiça, mostram que o contraventor Carlinhos Ca-choeira era mais do que fon-te de informações. Seu rela-cionamento com o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia que sugerisse até a seção da revista em que notas de seu interesse seriam estampadas. Veja virou instrumento de Cachoeira para remover do governo obstácu-los aos seus objetivos.

Um entrave seria o Depar-tamento Nacional de Infraes-trutura de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes, que dificultava a atuação da Delta Construções, empresa ligada ao contraventor. Segun-do o jornalista Luis Nassif, a matéria da Veja sobre o DNIT, publicada em junho de 2011,

otavio Frias: numa gelada

roberto civita, dono da Veja: unha e carne com cachoeira

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5Jundiaí

mídia e “mensalão”: tudo a verA ideia de que o caso

Cachoeira desviaria as aten-ções sobre o julgamento do “mensalão” foi alardeada pela mídia. E usada pelo procura-dor-geral da República, Ro-berto Gurgel, para se livrar da acusação de negligência. Ex-plica-se: A PF enviou a Gur-gel a denúncia das relações promíscuas entre Cachoeira e Demóstenes em 2009. Se ele desse andamento à denún-cia, o processo seria público

testemunha de defesa

Em 2005, Policarpo Ju-nior foi a uma CPI testemu-nhar em favor de um bicheiro que se dizia vítima de chanta-gem de um deputado carioca que exigia propina para não colocar seu nome no relató-rio final de uma CPI na As-sembleia Legislativa do Rio. Nenhum jornal nem a ABI alegaram tratar-se de uma in-timidação à imprensa. Uma explicação para a baixa expo-sição de jornais e jornalistas a investigações está no poder

de interferência dos grupos midiáticos na política eleito-ral. Exemplo clássico vem da viúva do dono da Globo sobre o governo Collor: “O Rober-to colocou-o na Presidência e depois tirou. Durou pou-co. Ele se enganou” – disse dona Lily no lançamento do livro Roberto & Lily, em 2005. A ação não foi isola-da. Globo e Veja demoniza-vam Lula para derrotá-lo, em 1989. E exaltavam o jovem “caçador de marajás”.

congresso tem autonomia para chamar quem quiserA presidenta da Asso-

ciação Nacional de Jornais (ANJ), que representa os do-nos de veículos, Judith Bri-to, fez oposição ao governo Lula, assim como o Instituto Millenium, que reúne articu-listas, jornalistas e patrões da imprensa – o instituto faz eventos para afinar a sua co-bertura. Em um deles esta-vam Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu Marinho (Globo). Vários desses cola-boradores escrevem e falam,

por exemplo, contra as cotas raciais nas universidades, cri-ticam a política econômica dos governos Lula e Dilma, discordam da política externa brasileira e fazem campanha contra a CPMI de Cachoeira.

Cabe lembrar a observação do jornalista Mino Carta so-bre a peculiaridade brasileira de jornalista chamar patrão de colega. Com isso diluem-se in-teresses de classe e uma difusa “liberdade de imprensa” é uti-lizada para encobrir contatos suspeitos. Até entidades como

a Associação Brasileira de Imprensa, por seu presidente, Maurício Azêdo, confundem as coisas. Em depoimento ao programa Observatório da Im-prensa, da TV Brasil, Azêdo não admite a ida de jornalis-tas à CPMI para prestar de-poimentos, sob a alegação de intimidação ao trabalho jorna-lístico, mas condena a promis-cuidade de alguns profissio-nais com fontes próximas ou ligadas ao crime. No mesmo programa, o professor Venício Lima ressaltou o impacto das

escutas ilegais do jornal News of the World sobre as relações mídia-sociedade na Inglaterra. “Levou Murdoch (o dono do jornal) e seus jornalistas a de-por na Comissão de Esportes, Mídia e Cultura da Câmara dos Comuns e na Comissão Leveson, que tem caráter de inquérito policial.” Isso não ameaçou a liberdade da im-prensa britânica.

Aqui, ninguém está imune a convocações para prestar depoimento no Congresso Na-cional. À Record, o presidente

da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi di-reto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor pú-blico, privado e na imprensa. Sem paixões e sem arrou-bos. Descobriremos muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo – o fis-cal, por exemplo. Devemos apoiar a liberdade de expres-são. Mas não podemos con-fundi-la com organização criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liber-dade de expressão”.

apenas três vezes na históriaA CPMI começou em maio

e tem seis meses para concluir as apurações. Mas não mostra ânimo de convocar o jornalis-ta de Veja e seu patrão. A hipó-tese é a de que o PMDB seria sensível ao lobby da mídia por uma blindagem e não seria ar-ranhado com a exposição de seus políticos a investigações. E o PT, concorrente por espa-ço no governo, não capitaliza-ria os resultados.

A concentração em pou-

cos grupos nacionais e trans-nacionais deu poder à mídia. Governos e instituições pú-blicas viram reféns dos meios de comunicação e temem en-frentá-los. Apenas três vezes na história veículos de comuni-cação foram alvo de CPIs. Em 1953, o dono do Última Hora, Samuel Wainer, sugeriu ao pre-sidente Getúlio Vargas que seu jornal fosse investigado quanto às operações de crédito manti-das com o Banco do Brasil. Dez

anos depois, o Instituto Brasilei-ro de Ação Democrática (Ibad) foi acusado de ter ligações com a CIA – o instituto alugou, num período pré-eleitoral, o jornal A Noite do Rio, para colocá-lo a serviço da oposição ao presi-dente João Goulart. E em 1966 houve investigação sobre uma operação de US$ 6 milhões entre a Globo e o grupo Time-Life, que acabou com o império dos Diários Associados de As-sis Chateaubriand.

e comprometeria a eleição de Demóstenes ao Senado, de Mar-coni Perillo (PSDB) ao governo de Goiás e de gente suspeita de servir a Cachoeira. Gurgel não explicou por que segurou o

processo. Respondeu às acu-sações dizendo que as denún-cias partiam dos envolvidos no “mensalão”, temerosos diante da iminência do julgamento no qual ele será o acusador.

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6 Jundiaí

Bairro de vila da conquista precisa de mais benefíciosFalta de estrutura e não cumprimento de promessas feitas revolta os moradores

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A limpeza regular das fossas sépticas, o cuidado com a ma-nutenção de algumas vias e a circulação dos ônibus que serve o bairro são alguns problemas apontados pelos moradores do bairro. Segundo Jerônimo Pe-reira de Brito, que mora na ci-dade desde 1971 e na Vila da Conquista há três anos, desde que foram construídas as novas casas da vila, há cerca de três anos, a administração prometeu que os ônibus circulariam até a parte mais baixa do bairro, o que não ocorre. “Isso obriga os moradores a caminharem mais de 1 km e subir o morro, muitas vezes com crianças. Até idosos fazem esse esforço desneces-sário, já que as ruas do bairro, pelo menos na frente das casas de alvenaria, são asfaltadas e largas. Falta boa vontade da

empresa que serve o bairro e da Prefeitura, responsável pelo transporte na cidade. Enquanto isso, esperamos e sofremos as consequências” – desabafa Je-rônimo, que mora no núcleo.

Outro residente no local, Fá-bio Silva Martins, enfatiza que a administração promete muitas coisas para o bairro e não cum-pre. “A gente sofre com a falta de estrutura, principalmente no

núcleo de sub-moradias, onde residem 17 famílias, fora as que ainda não foram cadastradas, com crianças e idosos” – escla-rece Fábio, exemplificando que uma das promessas da Prefei-tura, quando as famílias foram removidas para o local, era es-vaziar as fossas sépticas perio-dicamente.” Se as fossas fossem usadas apenas para os dejetos humanos, até haveria um tem-

po maior, mas como tudo é ca-nalizado para o local, as fossas enchem muito rápido, obrigan-do os moradores a esvaziarem por conta. As consequências desse esvaziamento são preju-diciais à saúde da comunidade. O mau cheiro é insuportável. Os dejetos acabam sendo jogados a céu aberto, oferecendo riscos às crianças que brincam por aqui” – conta.

Outro problema são as am-bulâncias, que não chegam ao local devido aos buracos e à falta de manutenção da via que dá acesso ao núcleo de submoradia. “Muitas pessoas têm medo de chegar aqui” – observa o líder comunitário Diniz Ferreira, vice-presiden-te do Partido dos Trabalhado-res de Campo Limpo Paulista. Segundo ele, os moradores precisam que as benfeitorias sejam realizadas o mais rapi-damente possível, pois a falta de um transporte que circule pelas vias do bairro oferece risco aos moradores. “Sem falar nas outras necessidades vitais para a comunidade da Vila da Conquista. A Prefei-tura precisa garantir o mínimo de dignidade aos moradores” – finaliza Diniz.

ato pela melhoria da mobilidade urbana PaulistanaPrecariedade do transporte coletivo do trabalhador foi principal tema do encontro

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A preocupação com o péssimo transporte coletivo oferecido ao trabalhador foi o mote do ato público reali-zado dia 29 de junho no vão livre do Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Pau-lista, na Capital, que contou com representantes da Cen-tral Única dos Trabalhadores (CUT) de todas as cidades do Estado. “O objetivo foi chamar a atenção do governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo para o problema

que atinge trens, metrô e ôni-bus” – disse José Vitor Macha-do, coordenador da subsede da CUT em Jundiaí. Segundo ele, o caos em que se encontram os meios de transporte acarreta sé-rios problemas aos trabalhado-

em jundiaíO mesmo tema – Mobilidade Ur-

bana – foi discutido em Jundiaí com a presença de Adi dos Santos Lima, pre-sidente estadual da entidade, na sede local da CUT, no Sindicato dos Servi-dores Públicos. “O objetivo foi o mes-mo: chamar a atenção das autoridades

municipais para o trânsito e para o transporte público do município que, por não suportar a demanda, afeta o tra-balhador” – destacou o novo coordenador da CUT em Jundiaí, José Vítor Machado, o Vitão.

res, que não conseguem chegar no horário ao local de trabalho e perdem benefícios como ces-tas básicas e horas extras. Após o ato no Masp, houve uma pas-seata de 3 km até a Prefeitura de São Paulo.

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7Jundiaí

“vlt é cortina de fumaça eleitoral” – diz gérson sartoriPrefeito anuncia o Veículo Leve sobre Trilhos e repete estratégia já utilizada por ele mesmo

transPorte

sebo do zé: dez anos facilitando a leitura de todosLugar é alternativo e abriga também a Biblioteca Ler & Saber

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Segundo o dono, José Ângelo Rivelli, o objetivo é incentivar o hábito da leitu-ra para que as pessoas não percam a arte da crítica, a co-ragem de pensar e a ousadia de ser diferentes. “A leitura viabiliza conquistas indivi-duais e coletivas. Investir na leitura é investir no intelecto do cidadão. Quem lê, escreve melhor, fala melhor e pensa

melhor” – diz José Ângelo, que, graças ao incentivo de um amigo, abriu o sebo onde se encontram livros usados e novos, revistas, gibis, discos de vinil, fitas cassete, VHS, CDs e DVDs. “A gente com-pra, vende e troca esses pro-dutos.”

A ideia da Biblioteca Ler e Saber nasceu há dois anos. “Percebi que muitos pais

que não têm afinidade com a literatura não gastam com livros e muitos jovens não têm dinheiro nem para um lanche, imagine para livros. Por isso, montei a biblioteca, cujo acervo é permanente e não está à venda” – frisa ele. A biblioteca possui 560 só-cios e não tem vínculo com nenhuma instituição, públi-ca ou privada. “É um espaço

aberto à pesquisa e leitura grátis.” Para ser sócio, há uma contribuição mensal máxima, não obrigatória, de R$10,00. Para mais in-formações, vá ao Sebo do Zé, na Rua 23 de Maio, 205 – Vianelo. O horário de atendimento é de segunda a sexta, das 9 h às 17 h, e sá-bados, das 8 h às 13 h. O te-lefone é o (11) 4522-6657.

O prefeito Miguel Haddad anuncia a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujo modelo está ex-posto à visitação pública, na Praça da Matriz. Para quem usa diariamente o transporte coletivo da cidade, o VLT pa-rece ser a solução para os pro-blemas de mobilidade urbana de Jundiaí. Mas, na opinião do vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Jun-diaí, Gérson Sartori, o prefeito usa a boa fé das pessoas ape-nas para fazer uma jogada de marketing. “Não somos contra

a implantação de modernos meios de transporte, mas antes de prometer algo dessa enver-gadura é preciso resolver os problemas da cidade” – diz. “Até hoje a cidade não dispõe do bilhete único e a cinco me-ses das eleições aparece essa história de VLT” – estranha ele, lembrando que o prefeito já fez isso em outras eleições, com o expresso da saúde. “O ônibus ficou exposto no mes-mo lugar onde está o VLT.”

Sartori salienta a falta de diálogo da Prefeitura, que im-põe suas ideias sem consultar

a sociedade. “Um exemplo disso são os terminais de ônibus, em que foram gastos mais de R$ 50 milhões: eles estão ultrapassados e fazem as pessoas perderem mais tempo do que ganharem” – observa. Para ele, não adian-ta o prefeito anunciar o VLT se a sua implantação não de-pende apenas de Jundiaí, mas de outros municípios, como Várzea e Campo Limpo Pau-lista. “Hoje, com a estrutura que tem, Jundiaí não com-porta um veículo dessa na-tureza. As ruas são estreitas.

Além disso, é preciso termi-nar todas as obras iniciadas e não concluídas, como o túnel da Ponte de São João, a alça de acesso ao Terminal Rodoviário da Anhanguera, sem falar da Casa de Saúde, que abrigará um hospital re-gional, etc.”. Sartori finaliza com uma frase que, em sua opinião, resume o pensamen-to de muitas pessoas: “Não adianta pensar no futuro se o presente está emperrado, com obras inacabadas que, quando chegam as eleições, são tocadas às pressas”.

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Rede

uma nova comunicação Para um novo Brasil

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8 Jundiaí

Foto síntese – Praça central jundiaí

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Palavras cruzadasPalavras cruzadas

respostas

Palavras cruzadas

sudoku

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vale o que vier

Horizontal – 1. Cada uma das unidades residenciais, em prédio de habitação coletiva 2. Grande tronco de madeira 3. Sigla de Roraima; Estado brasileiro onde fica uma parte da Floresta Amazônica; Botequim 4. Causar tribulação, afligir 5. Instrumento manual, usado para cavar ou remover terra e outros materiais sólidos; Relativo a número 6. Adv. (ant.) Agora; Suave 7. Imediatamente, já; Clube do Remo 8. O ser humano, a humanidade; Designa um tempo limite em que alguma coisa, evento etc. termina ou deve terminar 9. Sílaba que não tem acento tônico; Parte do palácio de um sultão muçulmano onde ficam as mulheres 10. Sigla do estado de Rondônia; Despenca; Igreja episcopal

vertical – 1. Causar algum tipo de impedimento ou perturbação 2. Porta, de madeira ou de ferro que, a partir da rua, dá acesso a um jardim público ou a uma casa, edifício etc.; Nome de famoso treinador brasileiro de futebol, de sobrenome Glória 3. Atmosfera; Galho 4. Série ou conjunto de roubos (plural) 5. Ghraib, famosa prisão iraquiana; País situado na extremidade oriental da Península Arábica; 6. Colocar em posição reta e vertical 7. República parlamentar federal de dezesseis estados, cuja capital é Berlim 8. Sigla do estado do Espírito Santo; Medida agrária; Gemido 9. Entreter-se, distrair-se 10. Chá, em inglês; Pessoa que mostra cortesia, amabilidade, gentileza 11. Curso de água doce, Letra anterior ao ene

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Palavras cruzadas

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