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Joinville, Julho de 2010. Ano 1. n o #1 . DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Sustentabilidade nas empresas ElDER FERRARI Design de Interiores veja como a consciência ecológica tem sido incorporada pelas empresas Saiba sobre a profissão, as especialidades, o código de ética e as etapas para um bom projeto ergonomia no design de interiores. Página 2 Página 3 Página 4 Página 3 Engenharia de custos A realidade da engenharia de custos brasileira dentro das obras públicas

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Joinville, Julho de 2010. Ano 1. no #1 . DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Sustentabilidade nas empresas

ElDER FERRARI

Design de Interiores

veja como a consciência ecológica tem sido incorporada pelas empresas

Saiba sobre a prof issão, as especialidades, o código de ética e as etapas para um bom projeto

ergonomia no design de interiores.

Página 2

Página 3

Página 4

Página 3

Engenharia de custosA realidade da engenharia de custos brasileira dentro das obras públicas

2 Especial. Joinville, Julho de 2010. Ano 1. no #1 .

Infelizmente hoje no Brasil não temos o uso perfeito da engenharia de custos den-tro das obras públicas, ciência de funda-mental importância para o desenvolvimen-to social e econômico do país.

A engenharia de custos garante de for-ma técnica e estimada os custos diretos e indiretos de uma obra seja pública ou particular, dessa forma os órgãos públicos podem fazer uma estimativa de custos com um grau de risco menor e assim fazer um bom uso do dinheiro público.

Antigamente os órgãos públicos não sa-biam os custos de suas obras e o preço final era definido pelas empresas com uma mar-gem de lucro enorme e com isso o dinheiro público era mal distribuído, aumentando a desigualdade social e a conta bancária da empresa.

Hoje a situação é outra os órgãos pú-blicos já possuem tabelas de preço unitá-rio, composições, apropriações e fontes de pesquisa para fixar um preço de referência para as empresas que participam de licita-ções, mas o que acontece é que esse preço muitas vezes está fora da realidade de mer-cado e por motivos “desconhecidos” a em-presa para ganhar a licitação baixa de forma desordenada o preço de sua proposta.

Portanto é impossível uma obra já mal orçada pelo órgão público e reduzida pela a empresa ganhadora em até 50%, poder ser concluída dentro desse custo, o que acon-tece é que a empresa entra com o aditivo de até 25% e ainda corre o risco de não entre-gar a obra por falta de planejamento opera-cional e financeiro.

Um aditivo de mais de 15% é a prova real

A empresa dá um tiro no escuro, mas sempre acerta a sociedade brasileira e o re-sultado são obras inacabadas, corrupção e esquemas licitatórios. A LDO e a lei de li-citação no Brasil precisam ser atualizadas dentro de técnicas da engenharia de custos, o engenheiro de custos deve assumir um posto importante dentro desse processo li-

citatório e acima de tudo possuir autonomia na definição do preço de referência e com-posição do BDI (Lucro + Despesas indire-tas), em alguns estados brasileiros é exigido a ART desse profissional, isso garante mais segurança para a sociedade e os órgãos fis-calizadores terão mais informações e parâ-metros sobre os custos estimados para obra.

A realidade da engenharia de custos

estimativa no dimensionamento da mão-de-obra.

Antigamente os órgãos públicos não sabiam os custos de suas obras e o preço f inal era def inido pelas empresas com uma margem de lucro enorme e com isso o dinheiro público era mal distribuído

Projeto de topografia. um dos requisitos para se ter um bom projeto básico

Expediente.Diretor administrativoGeovane Stefanon [email protected]

ComercialMarcio [email protected]

Diagramação lucas Gonç[email protected]

Tiragem5000 exemplares

PeriodicidadeMensal

Contato, sujestões e anuncios(47) 9113 0470 - (47) 9986 5083(47) 9157 [email protected]

DistribuiçãoJoinville, Balneário Camboriu e Florianópolis.ImpressãoAn

do mal elaboramento do orçamento, muitas vezes os quantitativos são levantados por pessoas não qualificadas e/ou em cima de projetos básicos de má qualidade técnica sem especificações e dados regionais.

Projeto de topografia; Ensaios; Projetos executivos com um bom grau de detalhamento; Compatibilização dos projetos; Especif icação técnica de serviços e materiais; Fatores regionais e climáticos; Logística local de materiais e equipa-mentos;

DEPEnDEnDO DO TIPO DE OBRA, O qUE DEvE TER nO mínImO Um BOm PROjETO BáSICO:

fonte: http://www.ecivilnet.com/ar tigos/engenharia_de_custos_brasil_2.htm

Educação. 3Joinville, Julho de 2010. Ano 1. no #1 .

A ergonomia estuda uma situação de trabalho, visando adaptá-la ao homem a partir da análise das condições técnicas, ambientais e organizacionais, buscando revelar as diferenças entre tarefa e ativida-de. As tarefas e afazeres do dia-a-dia das pessoas que vivem em um ambiente de-vem ser bem analisadas pelo designer de interiores, pois este é um item muito im-portante para que o resultado final de um projeto de design de interiores exceda as expectativas do usuário.

O designer deve entender primeira-mente que a tarefa e/ou afazeres do usuá-rio de um ambiente residencial, nada mais é do que um “trabalho” que se há-de con-cluir num certo tempo, como por exemplo: assistir TV, prepa-rar as refeições, ler o jornal, dor-mir, se banhar e outros e que nes-te contexto estão inseridos as con-dições ambien-tais de lay-out, do mobiliário, de ruído, de ilumi-nação e temperatura. Este entendimento deve-se ao fato do designer poder aplicar seus conhecimentos de metodologia ergo-nômica, suas etapas e demandas a fim de proporcionar ao usuário uma melhor con-dição de usabilidade do ambiente.

Pode-se dizer, que o designer de inte-riores planeja e executa todo tipo de criação e alteração nos espaços internos constru-ídos e de qualquer natureza, podendo ser uma área de lazer, comercial ou industrial. Para isso é preciso seguir algumas etapas, como: diagnóstico, planejamento, desen-volvimento do projeto, apresentação para o cliente e execução da obra. Em todas as etapas a ergonomia deve ser um pilar consi-derável na construção execução do projeto.

Outro fator importante para uma acer-tividade ergonômica no design de inte-riores é o uso dos materiais. O estudo dos materiais proporciona ao designer de inte-

riores o conhecimento dos diversos tipos de materiais aplicados nos ambientes e sua usabilidade nos projetos. Propicia uma relação real entre projeto e sua execução através de estudos de problemáticas dos materiais nos ambientes e projetos. Os ob-jetivos deste estudo são: proporcionar uma experiência com os diversos materiais de construção e acabamentos voltados ao design de interiores; ter conhecimento das texturas dos materiais, como: Madeiras: aglomerado, compensado, madeira maci-ça, MDF, OSB; laminados, vidro: tempera-do, curvo, comum, duplo, forros: madeira, PVC, acrílico, gesso, tintas e revestimentos de parede (papel de parede, texturas,...); Tecidos e materiais sintéticos; Pisos: cerâ-

mica, porcelanato, pe-dras, granito, mármo-re, pastilhas e o uso de materiais alternativos.

Dentro do estudo ergonômico pode-se ainda citar a necessi-dade de estar atuali-zado com os números que envolvem habi-tação, construções e

o mercado da construção civil em geral. Joinville, por exemplo, possui 129.700 do-micílios, segundo o site www.ippuj.sc.gov.br, estes domicílios, divididos por 497.331 habitantes nos dão uma média de 3,8 mo-radores por domicílio; e assim o designer de interiores, começa a estudar a utilização do ambiente pela quantidade de pessoas, pelo tipo de moradia (pois cada moradia tem uma característica de construção), pe-las condições de moradia e outros.

A ergonomia está ganhando importân-cia como ferramenta fundamental para o designer de interiores, que pode trabalhar desde a formalização das idéias prelimina-res até o produto final, ou seja, a entrega do projeto de interior. Enfim, a ergonomia é um campo de atuação em amplo cresci-mento e engloba diversos ramos de ativi-dades, com objetivo comum que é o “con-forto” dos usuários.

A sustentabilidade tem cada vez mais sido incorporada pelas empresas, mas, com o le-vantamento, também foi possível identificar medidas que podem e devem ser mais utiliza-das pelas empresas, de maneira a consolidar a sustentabilidade como nova cultura empresarial.

Percebeu-se que, nas relações de trabalho, a responsabilidade so-cial ainda se vincula ao cumprimento de exigências legais. Apenas 30% das empresas permitem aos seus funcio-nários o acesso a informações da administração e sua participa-ção em alguns tipos de delibe-ração da empresa – prática não exigida legalmente, mas que contribui para a responsabili-dade social na governança da companhia.

Em relação ao meio ambiente, também foi possível constatar que assuntos relativamente novos, como a realização de inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) e a exigência de práticas sustentáveis na cadeia de produção, ainda são pouco utilizados pelas empresas: 25% e 32,5% adotam essas medidas, respectivamente. O uso de importantes ferramentas de gestão da sus-tentabilidade também pode ser otimizado: so-

mente 15% das empresas possuem certificações sociais e 17,5% utilizam indicadores de susten-tabilidade.

Foi possível, portanto, identificar práticas que já se firmaram na agenda das empresas e outras que, sendo cada vez mais difundidas e

incorporadas por elas, certamente consoli-darão a sustentabilidade como nova

forma de se fazer negócios. As em-presas que antes aderirem a essa

inevitável tendência colherão, sem dúvida, os benefícios dessa decisão.

Eduardo Felipe Pérez Matias é doutor em Direito Internacio-nal pela USP, mestre pela Uni-versidade de Paris II, sócio do L.O.Baptista Advogados e autor do livro “A Humanidade e suas

Fronteiras – do Estado Sobera-no à Sociedade Global”. E-mail:

[email protected] artigo foi escrito em parceria

com Diogo de Mello Paiva Ferreira ([email protected]), especialista em Direito Ambiental pela PUC de São Paulo e advogado de L.O Baptista Advogados, e Ana Carolina Bit-tencourt Morais ([email protected]), pós-graduanda em Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor pela PUC de São Paulo e advogada de L.O. Baptista Advogados.

ElDER FERRARIProfessor e Coordenador de cursosAnhanguera educacional

DESIGn DE InTERIORES

Ergonomia: pilar essencial do design de interiores.

Sustentabilidade na agenda das empresas

nova cultura empresarialA ergonomia está ganhando importância como ferramenta fundamental para o designer de interiores.

Doações de recursos a entidades do tercei-ro setor, redução do uso de recursos naturais no processo produtivo, políticas de saúde e segurança para os funcionários e publicação de relatórios de sustentabilidade são alguns exemplos de mecanismos de sustentabilidade atualmente adotados pelas empresas, segun-do pesquisa sobre o tema realizada pelo es-critório L.O. Baptista Advogados Associados. A constatação: a sustentabilidade tem sido in-corporada pelas empresas de modo cada vez mais constante e consistente.

A pesquisa foi adaptada do “Método de Avaliação da Sustentabilidade” – desenvolvi-do pela equipe de sustentabilidade do escritó-rio – que visa a auxiliar a incorporação de prá-ticas sustentáveis pelas empresas e confirmou a tendência à adoção de medidas que valori-zam o desenvolvimento social e o respeito ao meio ambiente. No levantamento, concluído em abril, foram ouvidas 40 empresas nde di-versos portes e áreas de atuação.

No campo ambiental, a redução do uso de recursos naturais mostrou-se como a prática

mais adotada pelas empresas participantes da pesquisa: 75% delas possuem ações para di-minuir o impacto ambiental causado por suas atividades, valendo-se da economia de água, energia, matérias primas, etc. Na área social, 52,5% das empresas fazem doações a projetos desenvolvidos por entidades sem fins lucrati-vos e utilizam leis de incentivo fiscal, enquanto 37,5% atuam diretamente no terceiro setor, com institutos, associações e fundações próprios.

Nas relações de trabalho e no uso de ferra-mentas de gestão de sustentabilidade, os resul-tados da pesquisa também revelam a preocupa-ção com a responsabilidade social nas práticas empresariais. Das entrevistadas, 85% promovem políticas voltadas à saúde e à segurança de seus trabalhadores e 35% publicam relatórios de sus-tentabilidade. Ainda em relação às ferramentas de gestão, 27,5% das empresas pretendem ado-tar a ISO 26000 – norma internacional de res-ponsabilidade social, com lançamento previsto para o final deste ano, que propõe diretrizes so-bre responsabilidade social para todos os tipos de organizações, com ou sem fins lucrativos.

Muitas variáveis influenciam um projeto de interiores na busca de soluções criativas e técnicas que proporcionem qualidade de vida e cultura para os seus usuários e que sejam esteticamente atraentes.

A mais importante refere-se à natureza da utilização do espaço: trabalho, lazer, tra-tamento, estudo, morar etc.

Considera-se, em especial, a atmosfera que se pretende seja a marca desse espaço: alegria, jovialidade, força, segurança, sabe-doria, divertimento, tranquilidade, sobrie-dade, harmonia etc. Existem, ainda, fatores práticos a serem observados como aces-sibilidade, iluminação, acústica, conforto térmico, armazenamento de coisas, entre outros. Fundamentais são as questões as-sociadas à saúde, conforto, segurança, du-rabilidade e certas necessidades especiais inerentes a cada Cliente.

Um projeto de interiores deve conside-rar a estrutura do edifício, sua localização, o contexto social e legal do uso e o respeito ao meio ambiente. A criação exige uma meto-dologia sistemática e coordenada que inclui pesquisa e levantamento das necessidades do Cliente e sua adequação às soluções es-truturais e de sistemas e produtos.

Para exercer a profissão, o Designer de Interiores qualifica-se em Curso Técnico ou Faculdade de Design de Interiores, minis-trados por entidades de ensino reconheci-das pelo MEC - Ministério da Educação ou formando-se em Arquitetura, tendo cursado a cadeira de Arquitetura de Interiores.

O que é design de Interiores?

especialidadesDesigners de Interiores podem ser espe-

cializados em um ou mais segmentos de atua-ção, sejam eles residencial ou comercial.

ResidencialProjetos de Interiores para casas e apar-

tamentos, novos ou reforma, localizados no campo, na cidade ou na praia, com interven-ção em cozinhas, banheiros, dormitórios, sa-las e outras áreas.

ComercialMuitos Designers de Interiores são espe-

cializados em diversos campos do Design Co-mercial:

• entretenimentoEmprego de avançadas tecnologias na

concepção de espaços tais como: salas de ci-nema, teatros, casas de espetáculo, museus, galerias de artes, clubes de música e jogos etc.

• SaúdeAmbientes desenvolvidos sob rígidas con-

dições de operação que abrigam hospitais, clínicas, ambulatórios, consultórios médicos e dentários entre outros.

• hospitalityEspaços destinados a prestar serviços ao

público como restaurantes, hotéis, auditórios, centros de convenções, night clubs etc.

• escritórios (ou espaços Corporativos)

Instalações para acomodar colaboradores, dentro de exigências de conforto e saúde, em empresas de qualquer porte ou ramos de atu-ação.

• varejoPlanificação de lojas, supermercados, sho-

ppings centers, showroons, padarias e outros espaços destinados à comercialização de pro-dutos e serviços.

A ABD congrega Designers de Interiores em todo o Brasil que para se associarem à entidade apresentam documentação de for-mação e dados pessoais. Os profissionais associados à ABD devem exercer sua ativi-dade conforme um Código de Ética que es-tabelece princípios no relacionamento com os Clientes, fornecedores e seus colegas de profissão.

A ABD está aberta para receber do pú-blico em geral notificações de conduta anti-ética de seus associados de forma a apurar responsabilidades e punir o infrator nos ter-mos do Código de Ética da entidade.

Código de Ética

4 Design de interiores.

Pesquisa e análise dos objetivos e desejos do Cliente materializados em documentos e estudos preliminares que fundem essas necessidades com o conhecimento técnico do profissional, garantindo ao projeto funcionali-dade, conforto, segurança e qualidade estética.

Confirmação dos estudos preliminares e ade-quação das soluções propostas ao orçamento do Cliente.

Seleção de cores, materiais, revestimentos e acabamentos coerentes com os conceitos estabelecidos na criação e que estejam em consonância com as características sócio-psico-lógicas, funcionais, de vida útil, de durabilidade e de proteção ao meio ambiente.

Especificação de mobiliário, equipamentos, sistemas, produtos e outros elementos, bem como, providenciando os respectivos orçamen-tos e instruções de instalação e planificação de cronogramas de execução.

Elaboração de plantas, elevações, deta-lhamento de elementos construtivos não estruturais - paredes, divisórias, forros, pisos (alterações na estrutura construtiva exige a contratação de um Arquiteto ou Engenheiro), layouts de distribuição, pontos de hidráulica, energia elétrica, iluminação e de comunicação e design de móveis e definição de paisagismo e outros elementos.

Adequação de toda a intervenção às leis e re-gulamentos municipais que se fizer necessária.

Coordenação de todos os profissionais que vão atuar na execução do projeto, tais como: engenheiros, eletricistas, marceneiros entre outros, harmonizando o trabalho conforme cronograma estabelecido.

Compra de todos os produtos, sistemas e equipamentos após cotação e aprovação do Cliente.

Acompanhamento de toda a obra mantendo o orçamento dentro dos valores previstos ou submetendo ao Cliente qualquer alteração para prévia aprovação.

Emissão de relatórios regulares detalhando o andamento (estágio) da obra registrando as ocorrências tais como: alterações, substituições e adequações técnicas e orçamentárias.

Elaboração de check-list final de entrega de obra com pesquisa de satisfação a ser respon-dida pelo Cliente.

AlGUmAS ETAPAS SÃO FUnDAmEnTAIS nO PROCESSO DE CRIAÇÃO E ExECUÇÃO DE Um PROjETO DE InTERIORES:

O PROjETO DE InTERIORES

Educação. 5Joinville, Julho de 2010. Ano 1. no #1 .

Estrutura ruim prejudica estudantes?“Quem faz a faculdade é o aluno”. A frase

chega a ser um clichê na boca de alguns estu-dantes. Frequentemente usada por alunos ma-triculados em instituições menos prestigiadas, a alegação é vista por muitos quase como uma justificativa para o fracasso na tentativa de in-gresso numa universidade renomada, que tenha bons professores e além disso, infraestrutura de ponta. Mas até que ponto a boa estrutura pode dar vantagem aos estudantes universitários e de que forma um bom aluno pode ficar para trás se não tiver a sua disposição boas instalações? De fato é somente o aluno quem faz a faculdade ou as instalações fazem toda a diferença no proces-so de aprendizado?

Para Laeda Machado, coordenadora do curso de pedagogia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a infraestrutura de aprendizado é um conjunto entre espaço físico e capacidade do professor com seu envolvimen-to no tripé educacional universitário de ensino, extensão e pesquisa. “O professor deve criar mecanismos que incentivem o aprendizado dos alunos”, diz ela. Segundo a coordenadora, além das atividades fora dos horários de aula, é preci-so aproveitar da melhor maneira possível a sala de aula, lugar onde alunos e professores passam boa parte de seu tempo. Por esse ponto de vista, Leda afirma que deficiências estruturais podem afetar o rendimento dos alunos e dificultar o tra-balho dos professores. “Por exemplo, passamos por uma onda de calor que atrapalha a perma-nência dentro das salas”, explica a coordenadora sobre a dificuldade de lidar com um grupo de alunos das 8h às 12h numa sala sem ar-condi-cionado.

De acordo com o pró-reitor de ações afir-mativas e assistência estudantil da UFBA (Uni-

em sala de aulaDentro da sala de aula aspectos que podem

parecer simples são os que fazem maior diferença na hora do aluno assistir as aulas. “A iluminação deve vir da esquerda, agir em parceria com a luz natural e a lousa possuir anti-reflexo”, diz Helena, que explica que dessa maneira, além de consu-mir menos energia, também mantém o foco do aluno que não terá dificuldade na hora de buscar os pontos apontados pelo professor no quadro. Naquelas salas de aula onde o número de alunos é muito grande, o uso de microfones é outro pon-to que facilita a comunicação entre professores e estudantes. Helena também acha importante o uso do ventilador, sejam eles de teto, ou ar-con-dicionado, além das carteiras ergonômicas. “No calor é imprescindível que haja ventilação na sala e carteiras que não prejudiquem a postura dos alunos”, continua a professora.

Nas áreas comuns da universidade a edu-cadora acredita que banheiros limpos, jardins, paisagismo e centros de coleta para resíduo reciclável também agem no lado social do in-divíduo. “Sob o ponto de vista didático existe o favorecimento da aprendizagem pelo ambiente que permeia a sala de aula”, afirma Helena. Esses aspectos, em parceria de um grupo de docentes

capazes, pode parecer o suficiente para o apro-veitamento de qualquer curso, mas a professora vai além. “Os professores devem ser capacitados para aproveitar da melhor maneira possível essa infraestrutura, mas isso não é tudo. Eles devem estar sempre centrados no lado humano da rela-ção com os alunos. Estudar seus problemas para ajudar em seu aprendizado”, declara ela.

Um exemplo que a professora usa para ilustrar como boas instalações deve ser alia-das a boas práticas são as visitas a bibliotecas. Ainda que sejam bem equipadas e de impor-tância evidente, Helena adverte. “O professor não pode apenas direcionar o aluno à biblio-teca, ele deve frequentar o ambiente com sua turma e trocar dicas de leitura para fazer parte do contexto”, sugere ela, que destaca também o papel da alimentação e como o fácil acesso a áreas para esse fim podem contribuir para a boa performance estudantil. Segundo ela, a ali-mentação saudável também deve ser encarada com atenção pelas instituições. “As refeições devem ter o acompanhamento de um nutri-cionista para que sejam balanceadas, baratas e nutritivas. É uma boa opção para aqueles que se alimentam mal entre as aulas”.

A infraestrutura de aprendizado é um con-junto entre espaço físico e capacidade do professor com seu envolvimento no tripé educacional univer-sitário de ensino, extensão e pesquisa. “O professor deve criar mecanismos que incentivem o aprendi-zado dos alunos”

laeda machado,coordenadora do curso de pedagogia da uFPe

Um dos principais desaf ios das universidades depois do ingresso dos alunos é mantê-los na instituição. E é aí que a infraestrutura tem papel importante, “A universidade deve transcender a sala de aula. É preciso organizar festivais de música, teatro e amostras de cinema, por exemplo”

álamo Pimentel, pró-reitor de ações af irmativas

e assistência estudantil da uFBA

versidade Federal da Bahia) Álamo Pimentel, um dos principais desafios das universidades depois do ingresso dos alunos é mantê-los na instituição. E é aí que a infraestrutura tem papel importante, já que Pimentel destaca a impor-tância das atividades extraclasse. “A universi-dade deve transcender a sala de aula. É preciso organizar festivais de música, teatro e amostras de cinema, por exemplo”, explica ele, que chama atenção para que haja constante comunicação entre alunos, professores e reitoria para manu-tenção do ambiente em ordem e melhora das possíveis falhas de estrutura. “Público ou priva-do, o espaço é sempre de todos, por isso é preci-so respeitar e manter a reitoria informada sobre o que se deve fazer para melhorar o ambiente”, acrescenta Pimentel.

Há educadores que defendem que a infra-estrutura é fundamental em determinadas áre-as. Helena Côrtes, professora da faculdade de educação e pró-reitora de ensino de graduação da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), usa como exemplo os cursos de Comunicação Social, Química e En-genharia, em que, segundo ela, o aprendizado prático é de extrema importância para os conte-údos procedimentais. “Não é possível aprender a nadar sem entrar numa piscina, por isso esse tipo de laboratório é tão necessário”, exempli-fica Helena. De acordo com ela, a necessidade de uma boa infraestrutura não termina apenas nos objetos específicos de cada área, ela cerca toda a universidade, desde a entrada até a saí-da e passa por áreas de lazer, alimentação e até sustentabilidade. É esse conjunto de fatores que Helena acredita serem capazes de potencializar o maior objetivo de uma instituição de ensino, o compartilhamento de conhecimento. Fonte: universia - Rober to Machado

6 Arquitetura.

Uma pintura de Klee chamada Angelos Novus mostra um anjo olhando como que a ponto de distanciar-se de alguma coisa que está contemplando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca, aber-ta, suas asas, despregadas. É assim que se retrata o anjo da história. Seu rosto está virado para o passado. Onde percebemos um encadeamento dos fatos, ele vê uma só catástrofe, que acumula ruínas sobre ruínas e as atira seus pés. O anjo gostaria de ficar, de despertar os mortos e restaurar o que foi destruído. Mas uma tormenta está sopran-do do Paraíso, ela fustiga suas asas com ta-manha violência que o anjo não consegue mais fechá-las. Essa tormenta impele-o para o futuro, para o qual suas costas estão voltadas, enquanto o monte de destroços diante dele cresce até o céu .Essa tormenta é o que chamamos de progresso.

Sob qual ótica devemos encarar nossas cidades hoje? E nossa produção arquitetôni-ca? As certezas em um urbanismo ortodoxo, modernista, cujo bem comum e bem estar social, seriam as metas a serem alcançadas através de um racionalismo progressista? O século XX explorou ao máximo as premissas do menos é mais, preconizadas por Mies van der Rohe, do Homem Ideal de Le Corbusier, e infelizmente foram concebidas grandes fa-

lácias em conjuntos arquitetônicos, desprovi-dos de urbanidade e de um imaginário cole-tivo capaz de suscitar encontros e surpresas. Erro dos arquitetos e urbanistas ou de quem financiou estas obras e deturpou suas idéias sociais iniciais? Ao menos os modernistas vestiram a camisa por uma arquitetura igua-litária, social, industrial.

Nesse sentido questiona-se: foi o progres-so, o grande responsável pela perda da cidade

mURAD jORGE mUSSI vAz. Professor de Arquitetura e Urbanismo,uFSC

ARqUITETURA E URBAnISmO

vivendo no “liquidif icador cultural”

Paul Klee – Angelos novus década 20Walter Benajmin – década de 40

tradicional? Da arquitetura vernacular? Do romantismo preconizado na visão bucólica de uma cidade que já não existe mais? Have-ria espaço para um flaneur em Chandigarh, em Brasília, no Pedregulho? Como cami-nharia Walter Benjamin em meio a esses be-los conjuntos de arquitetura impecável, mas desprovidos da vitalidade inerente à cidade tradicional?

Se o less is more, foi trocado por less is a bore, de Robert Venturi, percebe-se que apenas a alteração retórica não foi capaz de suprir as demandas do século em desenvol-vimento. Da racionalidade e das certezas modernistas, recaiu-se no discurso pòs-modernista, deturpado em sua interessante proposta de resgate historicista e fragmen-tos e recordações. Se o modernismo mal in-terpretado foi efetivado, o pós modernismo recaiu em um novo mecenato, sucumbindo ao mercado imobiliário e propiciando o surgimento de frontões neoclássicos nor-te americanos em balneários famosos nas praias brasileiras.

Sob a égide de um resgate histórico, muitas vezes desconexos da realidade local, foram criados condomínios que infelizmen-te surgiram como fuga para uma pretensa segurança, que em sua matriz auto-segrega-cionista, acabaram causando uma fragmen-tação maior no tecido urbano e conseqüen-temente maior separação, maior conflito, e menor interação na cena pública.

As cidades estão cada vez mais poli-fônicas, híbridas em formas e referências, conforme o antropólogo italiano Massimo Canevacci, então é hora de buscar com-preender seus signos e contra-signos nesse grande “liquidificador cultural” em que se vive.

Novos materiais, novas soluções, arqui-

tetura inteligente, retorno aos materiais ver-naculares, às técnicas retrospectivas, tudo vale e é até salutar nesse processo de efer-vescência presente. Nesse sentido podem surgir pontes entre referências históricas e novos materiais, ou o tradicional - em co-lagem e patchwork com a inovação, talvez essa seja a “cara” da arquitetura e das cida-des para o século que se inicia. Uma identi-dade verdadeiramente híbrida.

Sem rótulos, diversas bandeiras podem ser levantadas, e já o foram: a sustentabili-dade, a globalização, o universal x o local, a arquitetura verde, as cidades metabolis-tas,..., enfim todos estes temas já se torna-ram personagens – reificados, e tomaram café em entrevistas com famosos apresenta-dores e teóricos.

A intenção do presente ensaio não é a de dar respostas, mas sim a de provocar, e fazer pensar, de negar um saudosismo his-toricista nocivo e a-dialético e ao mesmo tempo, refutar uma crença desmesurada na tecnologia esterilizante. Urge treinar o olhar e fazer-se olhar na cidade, urge caminhar mais entre os fragmentos urbanos, urge aproximar-se mais da realidade urbana, ao invés de planejar a partir de um gabinete ou de modelos importados de outras realida-des. Alguém gostaria de se pronunciar?

As cidades estão cada vez mais polifônicas, então é hora de buscar compreender seus signos e contra-signos nesse grande “liquidif icador cultural” em que se vive.

Sustentabilidade. 7Joinville, Julho de 2010. Ano 1. no #1 .

A questão da sustentabilidade está cada vez mais inserida no dia a dia das empresas do setor imobiliário e dos condomínios. Nem poderia ser diferente. Afinal, a preocupação com o futuro das próximas gerações impõe que sejam adotadas, no presente, ações garantidoras desse futuro.

Entidades de classe, como o Secovi-SP, es-tão cada vez mais empenhadas em discutir o tema, instituindo espaços para alinhar as ações de suas várias áreas nesse campo, com objetivo de pesquisar, sistematizar, promover, divulgar, apoiar e reconhecer ações de sustentabilidade, conscientizando e incentivando suas práticas pelas categorias econômicas representadas pela entidade.

Por essa razão, no caso do Secovi-SP, estudos estão sendo desenvolvidos de maneira integra-da com a área de Administração Imobiliária e Condomínios, no sentido de identificar formas de incrementar os trabalhos que já vêm sendo realizados, como os manuais sobre uso racional de água e energia, coleta seletiva de lixo, etc.

Aliás, há uma preocupação adicional em relação aos empreendimentos já ocupados. Até porque, segundo estimativas, mais de 80% do impacto ambiental não se dá na produção dos condomínios, mas sim na sua utilização.

É certo que o mercado incorporador e cons-trutor deve consultar as administradoras para

produzir empreendimentos que, desde o pro-jeto, contemplem aspectos relativos à questão ambiental. Prever espaços para coleta seletiva, captação e reuso da água da chuva, energia so-lar (quando e onde isso for possível), o máximo em ventilação e iluminação naturais e individu-alização do consumo de água são exemplos de providências que devem ser contempladas.

Igualmente, os condomínios já instalados e ocupados podem e devem estudar, em con-junto com as respectivas administradoras, a adoção de práticas sustentáveis. Onde for pos-sível e economicamente viável (sim, porque sustentabilidade é formada pelo tripé meio am-biente, responsabilidade social e economia), é recomendável a instalação de hidrômetros por unidade. E há uma série de outras medidas que podem ser analisadas caso a caso, consideran-do-se as características do condomínio e a ca-pacidade de pagamento de seus moradores.

Uma coisa, porém, é certa: de nada adian-ta projetar ou adaptar empreendimentos às premissas da sustentabilidade se seus usuários não tiverem consciência de seu papel. Mais que condomínios verdes, o que precisamos é de condôminos verdes, devidamente comprome-tidos com a questão da sustentabilidade. Cons-ciência e atitude. Isto é o que o planeta precisa para se manter vivo.

Condôminos verdes