jornal agrovalor - fevereiro de 2015 - n 108

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>> PORTAL AGROVALOR: www.agrovalor.com.br Água da Amazônia para o Nordeste TRANSPOSIÇÃO ECONOMIA Fortaleza é a única capital do país que está no semiárido e é a mais segura em matéria de água. Essa realidade está fortalecendo os argumentos para as obras de transposição e integração de bacias. O Ceará é o estado brasileiro mais avançado nessa técnica. Sua água vem de 25 bacias a 300 quilômetros da capital, e reforça o projeto de transposição do rio Tocantins. Pág. 3 Marcha, qualidade e bem-estar O Haras Today, de Armando Monzo e Mário Magalhães, localizado em Cesário Lange (SP), é referência nacional no Mangalarga Marchador. Pág. 10 Bloco dos emergentes desafia Brasil Para o presidente da Fiec, Beto Studart, as relações com os países do agrupamento econômico BRICS trazem benefícios para a inserção internacional da economia brasileira, mas o Brasil deve ficar atento a todas as barganhas do mercado, inclusive o “capitalismo de Estado” que alguns países praticam, alerta o empresário cearense. Páginas Verdes Veja a importância de se planejar a transição do comando de uma empresa com a ajuda de um especialista. Pág. 11 Sucessão familiar Área rural no limite de se tornar urbana é atrativa para investidores. Estudo vai mostrar os 100 municípios brasileiros mais atraentes no mercado imobiliário. Pág. 9 Êxodo urbano ANO IX Nº 108 FORTALEZA-CE FEVEREIRO DE 2015 R$ 6,30 CIRCULAÇÃO NACIONAL FOTO: DIVULGAÇÃO Além de altamente nutritivo, o ovo caipira é um produto natural proveniente de criações que visam, principalmente, o bem-estar das aves. Pág. 1 O caipira se garantiu Comemorando os resultados de 2014, a entidade que congrega os criadores de cavalo Quarto de Milha dá continuidade ao processo de fortalecimento da raça. Pág. 5 Desempenho quartista Refúgio nos Pireneus Com uma arquitetura colonial preservada, a goiana Pirenópolis esconde um universo de cultura e belezas naturais que atraem cada vez mais visitantes de todo o país. Pág. 2 Agro&cultura Agro&cultura Haras de valor Haras de valor. Expo FICCC-2015 vai reunir em março, na Argentina, os melhores cavalos Crioulo sul-americanos. Pág. 3

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Água da Amazônia para o Nordeste; Bloco dos emergentes desafia Brasil; Êxodo urbano; Sucessão familiar; O caipira se garantiu; Refúgio nos Pireneus; Desempenho quartista;

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Água da Amazônia para o NordesteTRANSPOSIÇÃO

ECONOMIA

Fortaleza é a única capital do país que está no semiárido e é a mais segura em matéria de água. Essa realidade está fortalecendo os argumentos para as obras de transposição e integração de bacias. O Ceará é o estado brasileiro mais avançado nessa técnica. Sua água vem de 25 bacias a 300 quilômetros da capital, e reforça o projeto de transposição do rio Tocantins. Pág. 3

Marcha, qualidadee bem-estarO Haras Today, de Armando Monzo e Mário Magalhães, localizado em Cesário Lange (SP), é referência nacional no Mangalarga Marchador. Pág. 10

Bloco dos emergentes desafia BrasilPara o presidente da Fiec, Beto Studart, as relações com os países do agrupamento econômico BRICS trazem benefícios para a inserção internacional da economia brasileira, mas o Brasil deve ficar atento a todas as barganhas do mercado, inclusive o “capitalismo de Estado” que alguns países praticam, alerta o empresário cearense. Páginas Verdes

Veja a importância de se planejar a transição do comando de uma empresa com a ajuda de um especialista.Pág. 11

Sucessão familiar

Área rural no limite de se tornar urbana é atrativa para investidores. Estudo vai mostrar os 100 municípios brasileiros mais atraentes no mercado imobiliário. Pág. 9

Êxodo urbano

ANO IX Nº 108 FORTALEZA-CE FEVEREIRO DE 2015 R$ 6,30 CIRCULAÇÃO NACIONAL

FOTO

: D

IVU

LgAÇ

ÃO

Além de altamente nutritivo, o ovo caipira é um produto natural proveniente de criações que visam, principalmente, o bem-estar das aves. Pág. 1

O caipira se garantiu

Comemorando os resultados de 2014, a entidade que congrega os criadores de cavalo Quarto de Milha dá continuidade ao processo de fortalecimento da raça. Pág. 5

Desempenho quartista

Refúgio nos PireneusCom uma arquitetura colonial preservada, a goiana Pirenópolis esconde um universo de cultura e belezas naturais que atraem cada vez mais visitantes de todo o país. Pág. 2

Agro&culturaAgro&cultura Haras de valor

Haras de valor. Expo FICCC-2015 vai reunir em março, na Argentina, os melhores cavalos Crioulo sul-americanos. Pág. 3

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2 AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

Energia, abastecimento de água, logís-tica, taxas de juros elevadas, secas em várias regiões, o Brasil, neste início de

2015, parece que já não tem o rumo certo da sua macro e micro economias. Não podemos, é lógico, mirar o alvo da crítica na nova equi-pe de governo neste segundo mandato de Dilma Rousseff.Ao analisar a nova composição dos gestores do primeiro escalão da República, podemos até aplaudir as escolhas da presidenta ree-leita. E não são somente as pastas mais em evidência quando se trata da política econô-mica do país e do seu planejamento e/ou me-tas traçadas e anunciadas para os próximos anos. Como Joaquim Levy (Fazenda), Arman-do Monteiro (Indústria e Comércio), Alexan-dre Tombini (BC), Nelson Barbosa (Planeja-mento), Cid Gomes (Educação), Kátia Abreu (Agricultura). Mas precisamos, primeiramente, recuperar a confiança dos brasileiros em um momen-to de extremo descrédito político. Ainda es-tamos nos recompondo do embate eleitoral acirrado que, somados os prós e os contras, deixou muita desconfiança no eleitorado. E não foram somente pelas totalizações de vo-tos que, conforme a maioria dos analistas, di-vidiram o Brasil em dois, como todos sabem.Os políticos em seus partidos parecem que

não querem compreender o tamanho do desafio e a urgência de resolução dos pro-blemas supracitados para o futuro do Brasil. Dilma tem, sim, a oportunidade de mostrar que é possível consertar os erros da sua pri-meira gestão. Questões que vão muito mais além das medidas internas e externas toma-das pelo novo titular da Fazenda para o re-torno dos investimentos e o fortalecimento da economia.Determinações diretas contra o estilo do consumo que tanto caracterizou a gestão passada. Não podemos afirmar que são cer-tas ou erradas, mas necessárias, no momen-to, diante do quadro que se abateu no país desde a virada do ano. Crescimento baixo do Produto Interno Bruto, crise energética, obras paralisadas, urgência de investimen-tos urbanos em todas as regiões metropoli-tanas, e a violência que ainda é o mais grave problema das famílias.Enfim, o Brasil está refém da imprudência da gestão anterior, em nível federal e nos esta-dos, quando governadores não realizaram obras urgentes, como a construção de reser-vatórios de abastecimento. O momento deve ser de alerta, mas também de crédito, e não devemos perder as esperanças, pois essa não será a primeira e nem a última dificuldade da nossa gente.

EDITORA SETE EDIÇÕES LTDA. Rua Pinho Pessoa, 755, Fortaleza/CE – Cep. 60.135-170 – CNPJ 05.945.337/0001-95 – [email protected] – www.agrovalor.com.br – tel: (85) 3270.7650 – Diretora Editora: Celma Prata (MTB/CE 2581 JP) – Editor: Rogério Morais (MTB/CE 00562 JP) – Editora de Mídias Digitais: Camila Bitar – Comercial: [email protected] – Assinaturas: [email protected] – Escritório no Rio de Janeiro: Av. Presidente Vargas, 583 – sala 1210 – Centro - 20.091-005 – tel: (21) 2516.2397 – Comercialização e Distribuição: nacional. As opiniões assinadas não refletem obrigatoriamente o pensamento do jornal. Sua publicação atende ao objetivo de estimular o debate e de refletir sobre a diversidade de pensamentos e ideias.

Sem perder as esperançasEditorial Curtas

COTAÇÕES* Preço médio (em Reais) de venda por quilo/arroba da carne nas cinco regiões do país.

Produto Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Bovinos (arroba) 134,00 143,00 132,00 144,00 142,00

Ovinos (quilo) 4,17 4,67 4,29 4,41 4,46

Caprinos (quilo) 3,88 3,70 4,72 4,54 4,52

Suínos (quilo) 4,87 5,80 4,60 4,80 4,24*Os valores são verificados junto às associações de criadores e Emater

Dando a largadaO dia 28 de fevereiro está agen-dado pela ABQM para dar início aos importantes eventos oficiais de 2015. O calendário traz como novidade a 1ª Convenção Anual, organizada sob os prin-cípios da American Quarter Hor-se Association (AQHA), às 8h30 no World Trade Center (WTC), em São Paulo (SP). À noite, no mesmo local, a partir das 20h, a

família quartista estará reunida para o jantar em justa home-nagem aos importantes perso-nagens e animais da raça que fizeram história no país e que passarão a compor o 5º Hall da Fama, seguido da entrega de troféus aos melhores do ano de 2014, em suas respectivas modalidades esportivas no 8º ABQM Awards.

Festa do caféEm comemoração aos vinte anos da Assocafé, de 09 a 11 de mar-ço, em Salvador (BA), será reali-zado o 16º Simpósio Nacional de Agronegócio Café – Agro-café. Durante os dias de evento serão abordados temas que con-tribuirão para o contínuo cres-cimento do consumo do grão e

o aperfeiçoamento da renda de todo o setor da cafeicultura bra-sileira. O Agrocafé é o evento que tradicionalmente abre o calendá-rio brasileiro da cafeicultura e atrai especialistas e personalida-des do setor, representantes não apenas dos produtores, mas da indústria, comércio e exportação.

“A água será o mais novo produto do agronegócio. Nossos produtores de alimentos serão também produtores de água.”(Estreante ministra da Agricultura, Kátia Abreu, levando muito a sério a determinação, segundo ela, da presidenta Dilma, “para inovar”, em quê mesmo?)

“Acredito que, com a arrumada na casa, dentro em pouco teremos a confiança do mercado.”(Outro estreante, ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em um rompante de otimismo diante das estratégias para retornar o caminho do crescimento)

Frases

“O governo está acima do peso, mas quem tem de fazer regime somos nós.”

(Economista Ricardo Amorim, do Manhattan Connection, criticando o paciente obeso que ignora a orientação de nutricionistas: tem que mudar hábitos)

Agropecuária forteUma das maiores feiras agrope-cuárias do noroeste do Paraná, a ExpoParanavaí chega à sua 44ª edição trazendo o melhor da vitrine rural, julgamento e leilões de animais de alta linhagem, pa-lestras técnicas, rodeios, shows artísticos, entre outras atrações.

O evento, que acontecerá de 13 a 22 de março, direto do Parque de Exposição Presidente Arthur da Costa e Silva, visa promover o desenvolvimento e o incentivo ao setor agropecuário da região e deve receber cerca de 200 mil pessoas.

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Águas da Amazônia para o Nordeste

por Rogério Morais

Transposição. Autoridades já falam em levar água do rio Tocantins para o Nordeste. Especialistas defendem a integração de bacias para solucionar a falta d’água no Brasil e erradicar a miséria nas regiões secas

Seca nas capitaisSão Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife enfrentam sérios problemas de falta d’água. Fortaleza é a exceção, mesmo sendo a única capital que está no clima semiárido, é a mais segura em matéria de água.

Saiba mais

Rio Tocantins. Proximidade com a Região Nordeste pode solucionar o problema da seca

FOTO: DIVULgAÇÃO

O Nordeste aprendeu muita coisa que hoje pode ensinar. E tem

agora uma lição muito boa, pois Fortaleza é a única ca-pital no semiárido do Brasil, a única capital nesse clima, e a mais segura em matéria de água; porque fez a inte-gração de bacias, ligou os seus sistemas. A água vem de 25 bacias em 300 quilô-metros de distância”.

A informação é de Hypé-rides Macedo, 71 anos, en-genheiro civil, pós-gradu-ado pela USP, especialista em Recursos Hídricos, e ex- Secretário da Infraestrutura no Ministério da Integração Nacional, no governo Lula. Para ele, o Nordeste conse-guiu realizar dois modelos básicos: a integração de bacias através de canais e a transferência de águas atra-vés das adutoras.

Neste início de ano, capi-

tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Re-cife e outras grandes cida-des do Nordeste, enfrentam sérios problemas de falta d’água, com risco de rigoro-so racionamento, caso não chova nas bacias que abas-tecem os seus sistemas de fornecimento. O governo de Minas Gerais, por exemplo, pediu à população que eco-nomize água, e admitiu que a situação dos reservatórios que abastecem a grande Belo Horizonte é crítica. O estado vive a pior seca em mais de um século.

No Rio de Janeiro, o nível de água do principal reser-vatório – Paraibuna – que abastece a cidade atingiu o volume morto (água abai-xo do nível das comportas e precisa ser puxada por bombas). Mas o governo es-tadual descartou o risco de racionamento para os con-sumidores residenciais. O estado fluminense é abas-

tecido por quatro reserva-tórios (Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil), to-dos com volume baixo. Os três primeiros estão em São Paulo.

O governo federal anun-ciou a liberação de recursos do PAC para o estado de São Paulo fazer a interligação de suas bacias, como meio de evitar, no futuro, o drama que atualmente passa a po-pulação da capital paulista. Para Macedo, todo esse pro-blema poderia ter sido evi-tado, se os governos federal e estaduais tivessem adota-do providências.

Conforme ele, a capital cearense, com cerca de 3 milhões de habitantes, não enfrenta o mesmo sufoco porque o Ceará é o primeiro estado do Nordeste a pre-parar o sistema receptor, quer dizer, a engenharia que vai receber água do rio São Francisco. “Chegando a água do São Francisco no rio Jaguaribe (Ceará), vai para o Pecém (Complexo Portuário), porque o Estado já está preparado para isso”, afirma.

Macedo vai mais além e acrescenta: “Podemos dizer que a nossa região [Nordes-

te] será a primeira do Brasil a receber água da Amazô-nia, porque estamos bem próximos do rio Tocantins”. A transposição das águas do rio Tocantins, a partir de Carolina (Maranhão), pas-sando pela região da soja, transformará aquele esta-do, “pois se aproxima da bacia do Itapecuru, que é

a única bacia semiárida do Maranhão, e que fornece água para o Complexo de São Luís”, explica o enge-nheiro. Projeto nesse senti-do já está em debate na Câ-mara dos Deputados.

Segundo o estudioso no assunto, assim como Forta-leza justificou tecnicamen-te a viabilidade da transpo-sição do São Francisco para o restante do Nordeste, São Luís justifica o começo da transposição do Tocantins e a integração com o São Francisco. “O Tocantins, que tem muito mais água do que o São Francisco, vai servir à capital maranhense, depois facilmente atraves-sará o Piauí e entrará pela região mais seca do Ceará, que é Crateús, onde o Cin-turão das Águas [sistema de canais para a condução das águas do São Francisco] vai fazer a curva”, finaliza.

“Nordeste será a primeira região do Brasil a receber água da Amazônia, porque estamos bem próximos do rio Tocantins”Hypérides MacedoEngenheiro especialista em Recursos Hídricos

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Agrodireito

João Rafael FurtadoSócio do Furtado, Pragmácio Filho & Advogados Associados. Doutorando em Direito Comercial(PUC-SP). Mestre em Direito Constitucional (UNIFOR). Conselheiro Titular do CONAT (SEFAZ-CE). Professor de Direito Empresarial.

O velho e novo direito comercialEstudar o velho e o novo direito comercial não significa analisar, neces-sariamente, passado e presente, como se aque-le sequer mais fosse rele-vante e necessário frente a este. Como velho direito comercial deve-se enten-der os estudos, teorias e costumes que moldaram e construíram as bases do direito comercial, às quais, inclusive, possibilitam a construção da atual teoria da empresa.

Vale destaque, alguns acreditam que as expres-sões ‘direito mercantil’, ‘direito comercial’ e ‘direi-to empresarial’ assumem significados diferentes, re-presentando fases distin-tas da disciplina. Para os que aceitam tal distinção, o direito mercantil estaria relacionado à sua fase ini-cial, direcionada, eminen-temente, à atividade dos mercadores medievais. Já a expressão direito comer-cial, como segundo perío-do, conectava-se aos atos do comércio, que definiam os fins da disciplina. Por último, o direito empresa-rial abrangeria o escopo da matéria, colocando a em-presa, como atividade, no centro da discussão.

Contudo, independente da nomenclatura utilizada para designar a disciplina, é notório que convergem para o mesmo caminho: esse ramo do direito dis-põe sobre a atividade dos agentes econômicos que tem como finalidade a ge-ração de riquezas, ou seja, que visam alcançar o lu-cro. Nessa perspectiva, o estudo do velho direito co-mercial relaciona-se com o novo direito comercial, na

medida que tratam e disci-plinam o mesmo objeto.

Tutelando o direito co-mercial o trânsito econô-mico, ou seja, visando pro-teger o interesse geral do comércio, foi concebido (e moldado) para proteger o funcionamento do merca-do, devendo os seus agen-tes se enquadrarem dentro da racionalidade desse sis-tema.

Portanto, estudar o ve-lho e o novo não se cons-titui atividade meramente acadêmica ou literária, mas, acima de tudo, a ne-cessidade de se entender a evolução social e econô-mica que orientou a mu-dança e adaptou o estudo da matéria, que influencia, organiza e confere eficácia às relações econômicas.

O estudo do velho direito comercial relaciona-se com o novo direito comercial, na medida que tratam e disciplinam o mesmo objeto

Esse ramo do direito dispõe sobre a atividade dos agentes econômicos que tem como finalidade a geração de riquezas

FOTO: DIVULgAÇÃO

Economia no campo. Ministra assume o desafio de dobrar a chamada classe média rural. É o desejo da presidenta Dilma. Mas governo cortou verba até da pesquisa do Censo Agropecuário, que serve para indicar políticas públicas

Missão. Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, quer aumentar a renda que mais consome

Brasil tem mais de 5 milhões de produtores• Classes A e B: 6%• Classe C: 15% (cerca de 800 mil)• Classes D e E: 70%

Classes rurais

da Redação

Desafio da renda rural

Fiel ao desafio da presi-denta Dilma Rousseff, a ministra da Agricultura

Kátia Abreu anunciou como uma das principais metas, “dobrar a classe média ru-ral” brasileira. Conforme dados contidos no discurso da ministra, sem referência de fonte, atualmente o Bra-sil tem mais de 5 milhões de produtores, sendo 70% nas classes D e E, 6% nas classes A e B, e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, na classe C.

De acordo com o último Censo Agropecuário do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2006, o país tinha 3,705 milhões de estabelecimentos agro-pecuários, todos com algum tipo de receita. Através da metodologia definida pelo Mapa, a pesquisa classificou o produtor com os seguintes critérios: Primeiro (Familiar, pronafiano, e não classifica-do como médio produtor); Segundo (Familiar, não pro-nafiano, e classificado como médio produtor); Terceiro (Não familiar, módulo fiscal, e classificado como médio produtor).

De acordo com o trabalho do IBGE, no primeiro item (Familiar/pronafiano) está o maior número de proprieda-des, ou seja, 2,844 milhões. No

segundo (Familiar/não prona-fiano) são pouco mais de 211 mil. E no terceiro item (Não familiar/médio produtor), 190,59 mil estabelecimentos. A pesquisa revela ainda outras 458,42 mil propriedades fora dessa classificação.

Para técnicos do instituto (Unidade Regional no Cea-rá) consultados pelo Agro-Valor, o IBGE “não classifica” as propriedades rurais em “A”, “B” ou “C”. “Essa classi-ficação não é nossa”, con-firma, acrescentando que o Censo Agropecuário 2006 investigou os estabeleci-mentos agropecuários e as atividades neles desenvolvi-das para obter informações detalhadas sobre as carac-terísticas do produtor e do estabelecimento, bem como sobre a economia e o empre-go no meio rural nos setores da agricultura, pecuária e agroindústria.

Disse Kátia que a presi-denta Dilma recomendou a ação. “Ela [Dilma] me pediu obstinação nessa tarefa [do-brar a classe média rural] e vamos de porteira em por-teira encontrar estas pessoas

e estabelecer metas”. O pri-meiro gargalo que a minis-tra vai encontrar é a falta de recursos. No ano passado, o Ministério do Planejamento cortou R$ 562 milhões no or-çamento do IBGE, e essa me-dida simplesmente inviabili-zou o Censo Agropecuário de 2015, que já deveria estar em execução.

“Esse processo [censo] é feito de 10 em 10 anos”, explica o funcionário. Os danos para o setor são in-calculáveis, considerando que a dinâmica rural, nos últimos anos, no Brasil, agre-gou diversas novidades tec-nológicas e até culturais na sociedade, que servirão de parâmetros nas pesquisas e na avaliação socioeconômi-ca. Mas os técnicos do IBGE fazem questão de afirmar que apenas apuram as infor-mações, ficando para outras entidades classificar econo-micamente.

O órgão precisa de R$ 3 bi-lhões para realizar as seguin-tes operações em 2015: Censo Agropecuário e contagem da população. No primeiro, sem-pre são acrescentadas práticas novas. Em 2006 foi a agricultu-ra familiar: Quantos são, onde estão e o que produzem. Para os técnicos, no próximo no-vos dados serão descobertos e que poderão ajudar o Mapa na missão de classificar e au-mentar a sua renda.

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5AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015>> www.agrovalor.com.br

Agrotecnologia

João PratagilDoutor em Agronomia, Pesquisador da EmbrapaAgroindústria Tropical

Inovação: reinventando a agriculturaCom o lema “Inovação: rein-ventando a agricultura - água doce, combustíveis fósseis e terrenos agrícolas não são mais necessários”, a empre-sa Sundrop está promoven-do, na Austrália e no Catar, a Sundrop Farm (Fazenda Sun-drop). Nela, são substituídos os componentes finitos de produção da agricultura tra-dicional – água doce, campos agrícolas e combustíveis fós-seis, por novos componen-tes infinitos de produção da nova agricultura – água salga-da, terreno não agrícola e sol –, que promovem a expansão da produção agrícola susten-tável, contribuindo para a conservação de recursos na-turais. Uma nova revolução verde!

Na reinvenção da agricul-tura, a Sundrop utiliza ino-vações tecnológicas, com-provadas e controladas, para potencializar a utilização dos insumos naturais disponibi-lizados pela natureza – ener-gia do sol, terra não agricultá-vel e água salgada (salobra). O sistema produz sua própria energia elétrica, pela trans-formação da energia solar, cultiva as plantas em estufas hidropônicas, localizadas em terras não agricultáveis, e faz a dessalinização a água do mar, ou de subsolo, para ob-ter a água doce para irrigação das plantas.

Os investimentos da Sun-drop e parceiros estão base-ados no aumento da frequ-ência de eventos climáticos severos, na crescente escas-sez de água, tornando-se mais grave nas regiões áridas e semiáridas, na degradação contínua das terras aráveis, na crescente demanda do mercado consumidor por produtos hortícolas de qua-lidade e na triplicação do mercado de horticultura em

estufas nos últimos 15 anos.Como benefícios, a Sun-

drop destaca a conservação dos recursos hídricos, os cus-tos operacionais mais baixos, a utilização do controle bio-lógico de pragas, que reduz o uso de inseticidas, a redução da demanda de combustível fóssil, o uso eficiente de ter-ras marginais, a reutilização da água, a reutilização do sal e nutrientes, resultan-te da dessalinização, como fertilizantes, a produção de alimentos mais saudáveis, a criação de empregos verdes

(cada hectare emprega, di-reta e indiretamente, entre 5 e10 pessoas), a produção durante todo o ano e os be-nefícios econômicos, sociais e ambientais gerados.

A primeira Fazenda Sun-drop, foi instalado em Port Augusta, Sul da Austrália, em 2010. Com a sua expansão para 20 ha de estufas, a Sun-drop espera produzir mais de 15 mil toneladas de vegetais por ano, com faturamento anual de US$ 50 milhões.

O litoral semiárido bra-sileiro, por possuir grande oferta de luz solar, de água do mar e de água salgada no subsolo, associadas à proxi-midade dos mercados con-sumidores interno e externo, é naturalmente candidato a participar dessa nova revolu-ção verde.

FOTO: DIVULgAÇÃO

Insumos. Empresários da indústria de fertilizantes debatem em congresso problemas do setor e apontam também a logística como questão grave do momento. País perde com a falta de estrutura, apesar do crescimento do setor

Fertilizante. Brasil já tem alta experiência em adubação orgânica

Produção x Consumo

• É o 4º maior consumidor de fertilizantes do mundo;

• Produz apenas 2% do montante mundial, sendo assim um grande importador;

• Responsável por cerca de 80% da demanda por fertilizantes da América Latina, que cresce quase o dobro da demanda mundial.

Brasil

por Rogério Morais

O litoral semiárido brasileiro é naturalmente candidato a participar dessa nova revolução verde

Adubo cobra logística

As deficiências estrutu-rais do Brasil nos seto-res de energia, logísti-

ca e abastecimento de água, principalmente, áreas que neste início de 2015 apontam os maiores problemas do go-verno, no segundo mandato de Dilma Rousseff, preocupa também a indústria de adu-bos. No 4º Congresso Brasi-leiro de Fertilizantes, George Sousa, presidente do Conse-lho de Administração da Asso-ciação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), lembra que, em 2013, o Brasil produ-ziu cerca de 296 milhões de toneladas de alimentos, fibras e biomassa, considerando as principais culturas.

Ele compara que “há vinte anos, essa produção era da ordem de 129 milhões de to-neladas, o que representa um aumento de 130%”. E observa que esse crescimento ocorreu com o incremento de apenas 43% da área cultivada. “É im-portante destacar que esse aumento da produtividade em mais de 60% só foi possí-vel pelo uso de fertilizantes”, ressalta Sousa. O Brasil é o quarto maior consumidor do mundo. A demanda por fer-tilizantes da América Latina cresce quase o dobro da de-manda mundial. E o Brasil é responsável por cerca de 80% desse negócio.

Apesar desse mercado vir se destacando no Brasil, os empresários do setor enfren-tam as tradicionais dificul-dades, principalmente de logística. Estudos da FAO (Or-ganização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agri-cultura) apontam que a pro-dução e consumo agrícolas deverão ser 60% maiores em 2050, comparando com a rea-lidade atual. Para o consultor em Planejamento Estratégico e Logística, economista Luiz Antônio Fayet, “quando ava-liamos sob o ponto de vista estratégico, vemos o agrone-gócio como a maior fonte de desenvolvimento e de renda para o Brasil”.

Palestrante no evento da Anda, Fayet diz que “outros países adorariam ter este se-tor tão forte e desenvolvido como temos aqui”. Com base em estudo próprio, mostra que, por ano, a população do mundo cresce cerca de 80 mi-lhões de habitantes, enquan-to, que a melhoria do nível de renda cresce equivalente a 100 milhões de habitantes. “Então, o mercado interna-cional cresce anualmente perto do tamanho de uma população brasileira”, com-para.

Ainda na opinião do pre-sidente do Conselho de Ad-ministração da Anda, o Brasil vive um momento aparente-mente paradoxal, pois cons-

tata-se que as curvas dos pre-ços dos fertilizantes estão em alta, enquanto as curvas dos preços das commodities agrí-colas apresentam tendência de baixa, “comportamentos extremamente perversos para as atividades da agro-pecuária, do agronegócio e, portanto, dos fertilizantes”, afirma.

Souza destaca que no con-texto tecnológico ocorreram “avanços bastante significa-tivos”, como a conquista do Cerrado, o sistema de plan-tio direto, a ampliação das pesquisas e extensão rural, o melhoramento das sementes selecionadas oferecendo no-vas cultivares, os defensivos e os implementos de última geração e a difusão do uso correto de fertilizantes, entre outros, confirmando ainda a posição invejável do Brasil quanto à preservação da sua área territorial – um terço –, frente a “países em condições geográficas semelhantes, que não atingem um décimo dos seus espaços em reservas”, atesta ele.

Page 6: Jornal Agrovalor - Fevereiro de 2015 - N 108

6 AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

Entrevista Beto Studart

por Rogério MoraisPrecisamos construir e aprofundar relações com economias em desenvolvimento, como África do Sul, Índia e México

“Confiamos na indústria do Brasil”O empresário cearense Jorge Alberto Vieira Studart gomes, 67, conhecido como Beto Studart, assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), no final de 2014, com um posiciona-mento otimista diante da crise que já se apontava ao término do primeiro mandato da presidenta Dilma. “Confiamos que a economia e a indústria do Brasil nos darão provas de força para superar obstáculos”,

diz nesta entrevista ao AgroValor, após a sua posse na entidade que representa 39 sindicatos. Considera-do um empresário de sucesso desde jovem – aos 23 anos de idade assumiu a presidência de uma empre-sa de produtos agropecuários (Agripec) que ganhou destaque mundial –, Studart acredita nas ações do governo para a retomada do crescimento e prefere “focar nas possibilidades e formas de acertos”, afirma.

FOTOS: DIVULgAÇÃO

AgroValor – É possível evitar as dificuldades econômicas e financeiras previstas para o Brasil, conforme os analistas?Beto Studart – Para o ano de 2015, são esperados alguns desafios, especialmente no curto prazo, como a redu-ção do déficit, a liberação do câmbio e o controle da infla-ção. Pelo atual cenário, com alto nível de incerteza, é pou-co provável que uma reto-mada do crescimento ocorra logo no início do ano porque depende de investimentos em infraestrutura, mas con-fiamos que a economia e a indústria do Brasil nos darão provas de força para superar obstáculos.

AgroValor – Onde mais o go-verno do Brasil vem errando, em relação ao seu crescimen-to? Os investimentos deve-riam focar em quais setores ou projetos?Studart – Prefiro focar nas possibilidades e formas de acertos. Estamos convictos de que as ações devem bus-car reduzir entraves como o excesso de burocracia, a alta carga tributária e a pouca flexibilidade nas relações de trabalho e suprir lacunas na infraestrutura. Tudo isso au-menta o custo de produção, o que, obviamente, reduz a competitividade das em-presas brasileiras. O nosso capital humano precisa ser aprimorado e é necessário o estímulo à inovação. AgroValor – O que mais atra-palha a administração fede-ral? O Legislativo, as denún-cias de corrupção ou a falta de competência?Studart – A falta de compe-tência não é desejável em nenhum contexto, seja no âmbito privado ou público. O combate à corrupção faz parte da melhoria do am-

biente institucional e, por isso, não apenas deve ser estimulado por todos, como deve ser compromisso de todos. No que se refere ao Poder Legislativo, especial-mente ao elaborar leis sobre assuntos centrais para o país e ao fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, ele também é determinante para o aumento da quali-dade das instituições bra-sileiras. E é necessário que nós, enquanto instituições e sociedade organizada, pos-samos acompanhar, cobrar e contribuir para a melhor atuação dos nossos parla-mentares.

AgroValor – O Brasil tam-bém tem crise de gestores em todos os níveis administrati-vos, inclusive nos Estados?Studart – A melhoria da gestão é um dos fatores de-terminantes para o aumento de produtividade na nossa indústria, um ponto de preo-cupação constante. Otimizar

processos e inovar produtos são questões que devem estar na agenda permanente, tan-to do setor público, quanto da iniciativa privada. Natu-ralmente, nesse tema, preci-samos de seguidos avanços. Por meio de projetos e ações das nossas casas, o Sesi, Senai e IEL, em parcerias com di-versas instituições e também com os governos, estamos imbuídos do propósito de investir muito nessa área, ca-pacitando profissionais com foco na gestão de excelência que nossa indústria e nosso país demandam.

AgroValor – Nos últimos anos, o país vem enfrentando barreiras comerciais diversas. Isso se deve à falta de diplo-macia, de decisões do próprio governo ou falha na competi-tividade internacional?Studart – Não podemos esquecer que barreiras co-merciais estão fortemen-te relacionadas ao poder de barganha que os países

ou blocos comerciais pos-suem. E esse poder deriva de inúmeros fatores, inclu-sive históricos. Outras ques-tões, como o capitalismo de Estado que alguns países praticam, também afetam o comércio internacional. Mas, sobre a agenda brasi-leira para melhorar o acesso a mercados, consideramos que ela seja fundamental para termos ganhos de es-cala e nos inserirmos nas ca-deias globais de valor.

AgroValor – Como o sr. ana-lisa a nossa aproximação crescente com a China?Studart – O desempenho da economia chinesa, e de ou-tras economias asiáticas, de-terminou forte impacto nas condições de concorrência de produtos industriais em todo o mundo. Mas é impor-tante destacar que a agenda de negociações comerciais do Brasil não pode ignorar outras importantes econo-mias emergentes, como Áfri-ca do Sul, Índia e México, por exemplo. Obviamente, o risco deve ser controlado pela cor-reta seletividade na escolha dos parceiros econômicos.

AgroValor – Os outros mer-cados do bloco BRICS são realmente vantajosos para o Brasil, nesse momento? Ou o sr. identificaria blocos ou paí-ses mais atraentes?Studart – As relações com os outros países do BRICS trazem benefícios para a inserção internacional da economia brasileira, mas precisamos construir e apro-fundar relações com econo-mias em desenvolvimento, como África do Sul, Índia e México; com o Mercosul, cujos acordos devem ser re-vistos, buscando melhorar o fluxo de mercadorias, bens e serviços e oferecer seguran-ça jurídica e maior previsi-bilidade; e com a América

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O combate à corrupção faz parte da melhoria do ambiente institucional e, por isso, deve ser compromisso de todos

“Confiamos na indústria do Brasil”

QUEM ÉJorge Alberto Vieira Studart gomes – Beto Studart –, 67, cearense de Fortaleza, empresário e administrador.

O QUE FAZPreside a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e o grupo BSPAR Incorporações.

O QUE FEZCriou há 11 anos a Fundação Beto Studart de Incentivo ao Talento e investiu R$ 30 milhões no projeto do primeiro coração artificial brasileiro portátil.

Perfil

do Sul, visando a construção de um ambiente em torno de comércio e investimentos, infraestrutura e energia. Ob-viamente, a agenda comer-cial não pode prescindir de uma estratégia permanente de negociações com a União Europeia e com a maior eco-nomia do mundo, os EUA.

AgroValor – Como essas no-vas relações podem alavan-car a indústria brasileira?Studart – Uma maior inser-ção internacional, apoiada por participações efetivas

em acordos comerciais com outras economias, determi-nará o surgimento de exce-lentes oportunidades para a indústria brasileira, que, com isso, terá ganhos de es-cala e vantagens reais em um ambiente de forte con-corrência e, ainda, se benefi-ciará fortemente da inserção nas cadeias globais de valor.

AgroValor – O crescimento da indústria cearense passa por quais projetos ou progra-mas que merecem prioridade do governo?

Studart – Aproveito a per-gunta para parabenizar a abertura ao diálogo que o governador eleito, Camilo Santana, demonstrou após a eleição, sinalizando um novo tempo nas relações entre o setor produtivo e o governo estadual. As contribuições do setor industrial para maior êxito de seu governo foram consolidadas na Agenda da Indústria do Ceará, entregue a Camilo no final de novem-bro último. No documento, evidenciamos a necessidade do fortalecimento de ações de

planejamento do Estado, de uma gestão com maior par-ticipação e diálogo do setor produtivo, de medidas para simplificação normativa e desoneração dos tributos es-taduais, da revitalização dos distritos industriais, melhoria do capital humano através de ações ligadas à educação e saúde, assim como o maior desenvolvimento das políti-cas de apoio à inovação tec-nológica e a setores ligados à tecnologia, com grande agre-gação de valor.

AgroValor – O sr. reconhece alguma integração entre as entidades do setor industrial, o Congresso e os governos – fe-deral e estaduais – para solu-cionar os gargalos atuais?Studart – É fundamental que os governos federal e es-taduais possam integrar suas ações com os esforços que a indústria tem realizado para inovar, ganhar eficiência e, consequentemente elevar a competitividade.

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Agrobusiness

Guillermo SanchezLeiloeiro rural

DIVULgAÇÃO

Tempos quentes

Olá, amigos!

O ano de 2015 promete ser quente, principalmen-te quando falamos em temperaturas. Em alguns estados, como no Rio de Janeiro, os termômetros ultrapassaram 40 graus nos primeiros dias do ano. O sol também castiga São Paulo – apesar das chuvas de verão que são rápidas e devastadoras –, a crise hí-drica é histórica, e se São Pedro não acertar a mira no Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na grande São Paulo, até o mês de mar-ço a água pode secar na represa, segundo a proje-ção do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres do Ministério da Tecnologia. Por esses e outros motivos estamos abrindo o ano com o preço da arroba do boi chegan-do a R$ 145,00, no estado paulista. O mercado é fir-me, as escalas curtas e as exportações ajudam muito a sustentação desses valo-res. O ano, portanto, pro-mete ser bem quente tam-bém para o boi gordo.

Por falar em exporta-ções, o criatório Guzerá GA/Reilloc, dos potiguares Geraldo Alves e Camillo Collier Neto, embarcou no início do mês de janeiro 150 animais (128 fêmeas e 12 machos) da raça, direta-mente do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) para o Senegal. Foi um grande feito para o estado do Rio Grande do Norte que há pouco tempo ficou liberado como área livre de febre aftosa com vacinação. As expectativas são ótimas, já que existe a perspectiva de exportação de mais ani-mais para o Senegal.

Mais uma vez os nú-meros do agronegócio são

robustos perto das outras atividades da nossa eco-nomia. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegó-cio deverá crescer 2,8% em 2015. A projeção foi apre-sentada pelo Centro de Es-tudos Avançados em Eco-nomia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, no início de dezembro passado. Para o fechamento de 2014, a ex-pectativa de crescimento foi revisada para baixo e os pesquisadores esperam, no máximo, incremento de 2,6%.

Enquanto isso, o Banco Mundial rebaixou a previ-são de crescimento para o Brasil e a expectativa é

de que o país deva cres-cer apenas 1% em 2015, uma das menores taxas de expansão entre as princi-pais economias globais, de acordo com o relatório “Perspectiva Econômica Global”. Uma recuperação maior da economia brasi-leira é esperada para 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 2,5%, subindo para 2,7% em 2017. A expectativa da instituição é de que a nova equipe econômica de Dilma Rousseff adote um conjunto de políticas que apoiem o crescimen-to. Não temos alternativa, a não ser esperar e ver o pacote de “maldades” que pode ser imposto pelo go-verno.

Loteamento. Investidores transformam sítios ou fazendas em lotes residenciais. Imóveis rurais são prospectados para negócios imobiliários, mas especialista alerta que é preciso ter cuidado “com o perfil da região”

da Redação

Não temos alternativa, a não ser esperar e ver o pacote de “maldades” que pode ser imposto pelo governo

Mercado imobiliário rural

Investimento. Regiões rurais atraem mercados imobiliários, sejam de luxo ou populares

• Prestações baixas;

• Proximidade a áreas urbanas;

• Regiões com maior potencial: norte de goiás e arredores de goiânia, alguns municípios de Mato grosso, Bahia e Rio grande do Sul.

Atrativos do loteamento rural

Um estudo inédito no Brasil vai divulgar, até o próximo mês

de março, os cem municí-pios brasileiros com maior atratividade imobiliária. A pesquisa se baseou em uma série de variáveis, todas elas relacionadas com o poten-cial de prospecção de produ-tos imobiliários e de outros índices que mostram que, quanto maior o indicador, mais atrativo será o municí-pio para o mercado.

A informação é do profes-sor de negócios imobiliários e da construção civil da Funda-ção Getúlio Vargas (FGV), Cris-tiano Rabelo, 42 anos. Segundo ele, que não pode anunciar dados, o trabalho, que utili-zou números matemáticos, vai também mostrar as condições de compra de setores econo-micamente estratificados da sociedade brasileira.

De acordo com ele, o mer-cado imobiliário no Brasil, no setor de parcelamento do solo (loteamento), “está mui-to aquecido”. Conforme diz, o produto lote vem agregan-do muito valor, e é o que dá mais ganhos para o compra-dor, quando comparado ao preço de um apartamento ou casa já construída, analisa.

“Prestações baixas que possibilitam ao brasileiro ad-quirir o seu bem; Construir

a sua unidade residencial”, lembra Rabelo. Ele tam-bém alerta que, como tudo que é atrativo, esse negócio também traz o viés de risco: “Porque atrai muita gente e se atrai mais consumo temos que ter o cuidado com a su-per oferta. Então tem que ter a preocupação de olhar e es-tudar o mercado”, completa.

Segundo Rabelo, hoje no Brasil temos regiões como o norte de Goiás e arredores de Goiânia, alguns municípios de Mato Grosso e interior da Bahia e do Rio Grande do Sul, onde há muito aquecimen-to imobiliário, com oportu-nidades “boas de negócios em loteamento”. Diz que, “quando se fala em parcela-mento do solo, tanto se pode fazer investimento de alto valor agregado [condomínios de luxo], como também se pode fazer para casas popu-lares e loteamento”. Para ele, o maior problema no setor de loteamento é a inexistência de financiamento para infra-estrutura. “O investidor tem que procurar fazer parcerias”.

O especialista comenta

que, geralmente, o tipo de in-vestimento está muito agre-gado à geração de riqueza da região: municípios que têm oferta não somente de rique-za, mas também de emprego. “Quando temos geração de ri-queza com emprego, normal-mente são áreas que criam um mercado. São municí-pios que apontam um viés mercadológico com grande potencial para parcelar so-los”, explica. Sobre o perfil do mercado, analisa que no Bra-sil temos hoje “investidor que compra o bem para ganhar no futuro, ter lucro, ou filho que vai casar, e também o jo-vem que já está planejando o seu futuro e ter a casa dele”.

Sobre a sua visão de em-preendimento imobiliário residencial com característi-cas rurais, ele explica: “Não é toda região que tem o perfil para absorver produtos des-sa natureza. Geralmente, em regiões onde a cultura agrícola já é natural, esses produtos são mais interes-santes”.

Outro detalhe a ser levado em consideração na hora da compra do terreno, segundo Rabelo, é a proximidade a áreas urbanas. “Compra-se barato, e depois, quando a área se tornar urbana, pode valorizar até cinco vezes mais”, acrescenta.

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Today, grife de marchadoresFOTOS: DIVULgAÇÃO

por Angelo Tomasini

Dia a Dia da Fazenda HARAS TODAY

São Paulo. Das travessuras de criança, em Minas gerais, a um grande criatório foram anos de experiência e dedicação junto ao sócio. O Haras Today, de Armando Monzo Neto e Mário Magalhães é sinônimo de qualidade no meio equestre

Qualidade. A busca por um nível apurado de genética fez com que Armando Monzo Neto investisse em animais com marcha

Bem-estar. O conforto dos animais é prioridade no TodayEvento. Proprietários Armando e Mário, com Ruth Villela, no haras

Quando criança, Ar-mando Monzo Neto ia para a fazenda dos

avós, em Perdões, no sul de Minas Gerais, e foi por lá que aprendeu a amar os ca-valos. Aos seis anos, pegava qualquer um que estivesse amarrado, passeava e depois trazia de volta.

O tempo passou e o gos-to pelos equinos o acompa-nhou. Aos 15 anos alugava cavalos para montar. Seu primeiro, um Mangalarga Paulista, veio depois. “Come-cei a namorar uma menina em Atibaia, onde comprei um cavalo na rua e deixei com ela. Acabou a história [o namoro] e eu tive que vender o animal porque a proprie-dade era dela e era um sítio, não um haras”, relembra o pecuarista.

Aos 21 anos, já com uma pequena chácara, conheceu o seu companheiro, Mário Ma-galhães e juntos optaram por investir na criação de Man-galarga Marchador, quando passaram a adquirir animais em leilões e exposições.

Apesar de terem compra-do linhagens importantes, um total de 55 éguas com potro a pé, não era o que eles queriam, pois esses não mar-chavam.

Não desistiram até encon-trar Carvão LJ e Bavária da Selva Morena. A partir daí iniciou-se uma nova fase na criação, onde o foco seria a criação de Mangalarga Mar-chador, com ênfase em ani-mais com uma boa marcha.

Estilista por profissão, aos 51 anos Armando divide o tempo entre os negócios e o haras, que fica perto de São Paulo (capital), para que pos-sa estar sempre por perto.

E já se vão mais de vinte anos desde a aquisição da propriedade, mais preci-samente em 1991. O nome “Today” é o mesmo da em-presa que mantinha na épo-ca, a Central Studio Today do Brasil.

De lá para cá, já se foram muitas reformas e melhorias no local. A última foi recente.

“Investimos R$ 750 mil nos galpões. Trocamos todos os telhados, fizemos tudo de alumínio Mitani e ficou um espetáculo”, revela Armando.

EstruturaLocalizado na rodovia Cas-telo Branco, km 143, em Cesário Lange, São Paulo, o Haras Today é dividido em duas propriedades: o haras vitrine, que é a sede, possui 5,5 alqueires e o haras de re-produção, que está a cerca de 10 quilômetros, possui 11 alqueires. Desse total, dois alqueires abrigam os seis pi-quetes. Neles são plantados os capins tyfton e cross croft, que complementam a ali-mentação dada nos cochos.

“Na sede tenho 100 baias porque crio cavalo como quem cria cachorro. Te-nho dificuldade, inclusive, na hora de vender, sempre choro, passo mal”, afirma

Armando em relação ao seu apego aos animais.

Ao todo são 200 equinos, incluindo 33 garanhões. Se-gundo ele, são todos criados no cocho. “Eu devo ser, até o momento, o único haras a tratar animais dessa manei-ra. O custo é altíssimo”, jus-tifica.

Armando preza bastante pelo bem-estar dos seus ca-valos. Até música ambiente

tem nas baias. Para dar conta de tudo isso, são necessários 11 funcionários, que têm, inclusive, a missão de filmar um animal a cada dia e en-viar pelo aplicativo de celular para que os sócios possam conferir. Além disso, o haras possui um sistema de câme-ras em que os proprietários podem acompanhar tudo de onde estiverem.

Alimentação, manejo e reprodução

O pasto dos piquetes aju-da na alimentação, que é feita com ração balanceada pela manhã, complemen-tada com capineira picada, depois com feno, alfafa, sal mineral e com ração, nor-malmente às 13h. À noite, todo o processo é repetido para todos os animais, que passam o dia comendo nos cochos e durante a noite fi-cam soltos nos piquetes.

No caso da reprodução é feito um período de monta, que vai de outubro a março. Os procedimentos para obter novos animais vão desde a monta natural até a insemi-nação artificial, passando pela transferência de embriões.

Todos são pulverizados, vermifugados e vacinados. Tudo com o acompanha-mento da equipe de vete-rinários, que visita regular-mente a propriedade.

Os animais estão sendo preparados para comercia-lização no 2º Shopping de Vendas do Haras Today, em maio próximo. “Vou botar quase todos à venda, 50% ou 100% desses reprodutores, porque é preciso marcha e nós fabricamos marcha”, de-clara Armando, que se prepa-ra para mais um dia de fortes emoções, já que se apega fa-cilmente aos seus animais e fica triste ao vê-los partir.

“Crio cavalo como quem cria cachorro. Tenho dificuldade, inclusive, na hora de vender, sempre choro, passo mal”Armando Monzo NetoProprietário

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Como funciona o processo sucessório de uma empresa familiar?Cada empresa tem suas particularidades. Inicia-se com a aprovação do planejamento da empresa (reorganização societária e plano sucessório). Em seguida, vem a elaboração de instrumentos jurídicos e a formação de novas sociedades que visam garantir maior segurança e estabilidade.

É possível evitar o choque de gerações?O choque de gerações é algo normal, resultado da mudança dos tempos. Somente torna-se prejudicial quando as partes colocam o interesse individual acima dos interesses econômicos da empresa. A presença ativa do controlador [fundador] da empresa é fundamental.

O Brasil avança nessa questão?Cada vez mais os empresários são melhores informados sobre as opções que dispõem para preservar seu negócio e que esse serviço, na verdade, é um investimento que a família deve fazer para conservar a empresa e sua unidade familiar.

João Rafael FurtadoSócio do Furtado, Pragmácio Filho & Advogados AssociadosFortaleza (CE)

Agrojovem

Sucessão é a alma do negócio

por Camila Bitar

Planejamento. Conduzir a transição de comando em uma empresa familiar é algo complexo e, por vezes, traumático. Especialista no assunto orienta sobre a melhor forma de atravessar essa etapa, de forma a garantir a continuidade dos negócios

DIVULgAÇÃO

BATE-VOLTA

O fracasso ou sucesso de uma organização empresarial está relacionado a conhecidas va-

riáveis: oportunidade, mercado, quali-dade, competitividade etc. A maneira pela qual as partes se relacionam tam-bém é determinante para os resulta-dos. No caso de empresas familiares, a dinâmica se torna ainda mais comple-xa, devido aos fortes laços afetivos.

As empresas familiares têm grande relevância no cenário econômico de um país. De acordo com pesquisa di-vulgada em 2012 pela revista Fortune, das 500 maiores empresas norte-ame-ricanas listadas, 40% eram de proprie-dade de famílias ou por elas controla-das, gerando grande parte do Produto Nacional Bruto dos Estados Unidos. A despeito de sua importância, observa--se uma elevadíssima taxa de mortali-dade da sua atividade. Fatores relacio-

nados ao conflito de interesse entre família e empresa, como uso indevido de recursos, falta de planejamento financeiro, resistência à moderniza-ção, e contratação e/ou promoção de parentes por favoritismo e não por competência, conduzem à extinção da empresa familiar.

Contudo, cresce o número de empresários que buscam alterna-tivas para preservar a sua empresa familiar, como contratar profissio-nais especializados em traçar planos (societário, tributário e patrimonial) que permitam a empresa atravessar incólume o delicado momento da sucessão.

Para o advogado João Rafael Fur-

tado, doutorando em direito comer-cial pela PUC-SP, especialista que já realizou inúmeros planejamentos jurídico-sucessórios para empresas de grande e médio porte em todo o Brasil, o momento mais importante de se iniciar o projeto de sucessão na empresa familiar é com a pre-sença ainda ativa do seu fundador e controlador. “Geralmente, nas empresas familiares, essa pessoa é o pai ou a mãe dos herdeiros que já trabalham ou pretendem trabalhar na sociedade empresária. Seu papel de líder é fundamental para a apro-vação dos instrumentos e das modi-ficações necessárias à sobrevivência da atividade”.

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AGROVALOR ANO IX Nº 108 FORTALEZA-CE FEVEREIRO DE 2015

FOTOs: DIVuLgAçãO

da Redação

Técnica. Ele vem “arrasando” nos Estados unidos e países sul-americanos com o seu estilo próprio de domar cavalos. seus cursos já chegaram ao Brasil. Martín Ochoteca parece mesmo um artista de filmes do “Velho Oeste”, mas o seu negócio é real

Força e belezaA versatilidade do cavalo Percheron tem ganhado destaque no Brasil, raça ideal para o trabalho e passeio no campo. Pág. 4

Thiago Pes. Veterinário gaúcho recebendo treinamento

Paciência, respeito e sensibilidade, para obter a recompensa, ou seja, a confiança do cavaloAtualmente contratado

pela empresa de co-municação National

Geographic para uma série de vídeos sobre treinamen-to e doma de cavalo brabo com métodos sem violência, utilizando técnicas que des-pertam no animal a emoção e fazem uso da sua própria inteligência, o argentino Martín Ochoteca vem ga-nhando fama no Brasil. Na sua página oficial na Internet são milhares de acessos. E na rede social Facebook, ele já atingiu o limite de solicita-ções de amizade e conta com mais de 25 mil seguidores.

Em dezembro próximo passado, o programa “Fan-tástico”, da Rede Globo de Televisão, mostrou as suas habilidades de forma espe-tacular, como em uma ficção cinematográfica. No entanto, o talento desse argentino vai muito além da série de víde-

os denominados “Domador de Cavalos”, pelas necessida-des de criadores do mundo inteiro em amansar, domar e treinar animais para as mais diversas utilidades que eles nos oferecem, sem usar da violência.

CursosNos estados do Sul e Centro- Oeste do Brasil e em países como Argentina, Uruguai e os da América Central, a agenda do domador é inten-sa com os cursos práticos de doma e iniciação de potros. Ao custo médio de R$ 500 por aluno, em três dias ele demonstra o seu talento em rédeas e adestramento com cavalos ariscos. O seu traba-lho se baseia no respeito ao animal e na confiança entre cavaleiro e cavalo.

Ele é chamado para dar cursos em todo o mundo. E os cartazes anunciam que as vagas são limitadas. É a doma Baqueana que, segun-

do o próprio Martín, leva em conta o respeito e a confian-ça no animal. Uma técnica que reúne ferramentas de to-das as disciplinas equestres de todos os tipos de doma sem violência, e as aplica em função do ambiente e do ca-ráter do cavalo com o qual se trabalha.

A doma Baqueana é uma derivação da doma na Índia, com outros recursos que, ao longo de mais de 20 anos, foram sendo implementa-dos por Martín, em seu tra-balho como domador em vários países, em diversos continentes. Baseia-se em

princípios, como paciência, respeito, sensibilidade, para obter a recompensa, ou seja, a confiança do cavalo.

O trabalho depende prin-cipalmente do local, que é sempre feito em um rancho ou fazenda, a céu aberto e sob a assistência do público interessado. O médico ve-terinário gaúcho Thiago Si-mon Pes, em sua página na Internet, diz que voltou do curso de doma Baqueana, no Uruguai, “com uma ba-gagem muito maior do que levei. Bagagem boa, que não se paga por excesso”.

Conforme Pes, foi uma

Doma emociona o meio equestre

semana dormindo “em um rancho construído de barro, com telhado de palha, na companhia de Martín Ocho-teca e de três cavalos árabes, machos, inteiros, de cerca de 5 anos”. O veterinário gaúcho explica que treinavam à noi-te porque o calor na região entre o final da manhã e iní-cio da tarde era insuportável. “Nossas aulas corriam desde o final da tarde até o ama-nhecer”, explica. O domador argentino defende que os animais ficam mais tranqui-los à noite e que há menos distrações tanto para o do-mador como para o cavalo.

Martín Ochoteca. Domador argentino utiliza técnicas humanizadas de doma

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2 AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

Perfil Xande Ramos

por Angelo Tomasini

São Paulo. Aos 40 anos e com uma história de sucesso, Xande Ramos já ganhou vários prêmios como atleta, morou nos EuA e chegou a treinar quarenta cavalos de uma vez. Agora pretende se firmar no comércio com a recém-inaugurada XR Leilões

QUEM ÉAtleta, treinador e empresário de São Paulo, 40 anos, casado com Karen Ramos, residente em Bauru (SP).

O QUE FAZTreina cavalos em seu haras e dirige a XR Leilões, em Bauru (SP).

O QUE FEZConquistou todos os prêmios de rédeas no Brasil, participou de competições nos EuA e na Europa.

Verbete

Negócios. A experiência no treinamento e na venda de cavalos ajudou na hora de inaugurar a XR Leilões

Esporte. Xande Ramos sonha vencer o Potro do Futuro nos EuA

“Na verdade, não passava pela minha cabeça fazer outra coisa que não fosse trabalhar com cavalos. Até entrei na faculdade de Direito e Administração de Empresas, mas parei os dois na metade”

FOTOs: DIVuLgAçãO

Das pistas para os leilões

A XR Leilões foi montada em novembro do ano passado e realiza os

seus primeiros eventos neste mês. O trabalho ainda está no início, mas por trás do novo empreendimento está a expe-riência de Alexandre Lhamas Ramos, mais conhecido como Xande Ramos.

Aos 40 anos ele resolveu trabalhar oficialmente no co-mércio de cavalos. Afinal, já atuava na área, informalmen-te, há muito tempo. Agora, através da empresa vai poder fazer eventos, como leilões, e assessorar compra, venda e importação de animais, expe-riência que adquiriu quando morou nos Estados Unidos.

Aos 18 anos, em 1992, já era atleta profissional de rédeas por lá, mas o gosto pelos ani-mais vem desde mais cedo, aqui do Brasil mesmo. Aos cinco ou seis anos, já andava a cavalo na propriedade de um tio em Campos do Jordão, re-gião serrana de São Paulo.

Não demorou muito para a criança crescer e se dedicar ao esporte. Fez um pouco de tambor e baliza e laço, mas acabou se identificando mes-mo com rédeas e se envolven-do a fundo com o universo equino.

De atleta a treinador foi um processo quase simultâ-neo. “Na verdade, não passava pela minha cabeça fazer outra coisa que não fosse trabalhar com cavalos. Até entrei na faculdade de Direito e Admi-nistração de Empresas, mas parei os dois na metade”, re-vela Xande, que se orgulha de ter tido acesso a bons animais, dificuldade que muitos atletas encontram, e de ter conquis-tado muitos títulos.

Vida de atletaPor falar em dificuldade, ele relembra o início da carreira: “Não tenho como citar uma dificuldade. Nada foi fácil, mas não tem um ponto que tenha sido mais difícil. Também foi meio automático. Eu morava nos EUA, estava aprendendo a treinar cavalos, ainda não era profissional, daí surgiu o

convite para apresentar uma égua no Potro do Futuro de lá. Tinha que virar profissional. Eu já ia virar de qualquer ma-neira, só antecipei um pouco”.

E aí se foram 27 anos com-petindo, acumulando expe-riências e tombos também. “Caí várias vezes em casa e em competição, mas nunca me machuquei. A única coisa que você pode fazer é se levantar, sacudir a poeira e montar de novo. Um tombinho não pode abalar ninguém”, declara.

Como atleta, no Brasil e fora, conquistou muitos títulos. Por aqui venceu simplesmente to-dos. Potro do Futuro ANCR por três vezes, ABQM Rédeas por duas vezes e o ABQM Working Cow Horse uma vez, além de ser Top 10 nos Jogos Mundiais da Espanha.

Xande também foi o pri-meiro brasileiro a competir no Potro do Futuro dos EUA, título que para ele é um sonho e até hoje persegue, mas que, por enquanto, vai “ficar na ge-ladeira”. A última temporada nos EUA, em 2013, quando o objetivo era ficar morando por lá em definitivo, foi para buscar a tão esperada vitória. A ida foi intermediada pelo amigo Franco Bertolani, que já morava por lá e resolveu le-vá-lo. “Não ia mais voltar para o Brasil, mas minha esposa tinha compromissos aqui e fi-cava indo e vindo... aí não deu para ficar lá”, explica.

Casado com Karen Ra-mos, que possui uma escola de balé, e pai de Marcus, 18 anos e Lara, 4 anos, resolveu retornar ao país e buscar uma

nova experiência por aqui. Foi assim que surgiu a ideia de fundar a XR Leilões. “Sempre vendi bastante cavalo, já era do comércio”, justifica ele, que pretende fazer 10 leilões em 2015.

TrabalhoEm paralelo à leiloeira, Xan-de toca a criação de Quarto de Milha no Rancho XR, em Bauru, São Paulo. “Nunca vou parar de treinar cavalo, só mudei um pouco o foco. Meu trabalho agora é a lei-loeira, mas vou continuar montando em um ritmo menor, com menos cavalos”, afirma ele que já chegou a treinar 40 simultaneamente.

FamíliaMesmo totalmente focado, ele encontra tempo para fi-car com a família, que não é tão do meio equestre assim.

A esposa e os filhos raramen-te o acompanham nos even-tos, mas fazem questão de estar juntos em momentos do cotidiano, como na hora do almoço, por exemplo. Com o escritório a duas qua-dras de casa, fica fácil.

Nos finais de semana, quando não está trabalhan-do, estão sempre fazendo algo juntos: cinema, clube ou rancho, onde não perde a oportunidade de fazer o que mais gosta quando está de folga: montar a cavalo.

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FOTO: ARquIVO

por Rafaele Esmeraldo

Exposição. Os países-membros da Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos participarão, de 25 a 29 de março, na capital argentina, Buenos Aires, da Expo-FICCC 2015, com os melhores da raça

Bons ares para a raça Crioulo

Enduro. Modalidade na última Expo-FICCC foi vencida pelo uruguaio Martín Mattiauda, montando “Nochero del Valdez”

Os amantes de cava-los da raça Crioulo, a cada três anos, têm a

oportunidade de participar da exposição internacional promovida pela Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos (Expo- FICCC). O evento é realizado em sistema de rodízio entre os países-membros (Argen-tina, Brasil, Paraguai e Uru-guai). A última edição foi re-alizada em 2012, no Uruguai. A próxima será sediada no parque da Sociedade Rural de Buenos Aires, Argentina, de 25 a 29 de março.

De acordo com o pre-sidente da FICCC, Henry Tronconi, “Cada país leva seus melhores cavalos, jó-queis e treinadores porque a exposição pretende ser uma concorrência internacional, com o melhor sangue da

raça Crioulo no mundo in-teiro. E isso no contexto de um espírito de camarada-gem e encontro internacio-nal entre os países e vizinhos amigáveis. Os cavalos par-ticipantes devem ser Criou-los puros e classificados no seu país de origem por meio de vários órgãos de qualifi-cação. Cada país-membro tem seus campeonatos na-cionais e os organismos de qualificação”.

Tronconi discorre ain-da ao AgroValor sobre as diversas características a serem analisadas nos com-petidores. “Se há algo que caracteriza o Crioulo é a sua versatilidade, ou seja, a sua resposta abrange exigências diferentes, com habilidades funcionais, onde a resistên-cia, mansidão e agilidade são verificadas”, destaca o presidente da entidade.

Do lado brasileiro, o pre-

sidente da Associação Brasi-leira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), José Luiz Laitano, afirma: “Um even-to como a Expo-FICCC é de grande relevância para os países participantes, devido à exposição internacional da produção, visibilidade e valorização dos animais, in-tegração e intercâmbio de conhecimento entre os se-lecionadores da raça, além do fortalecimento e difusão da criação. Será uma opor-

tunidade para os criadores brasileiros de cavalos Criou-lo mostrarem o resultado do trabalho que vem sendo de-senvolvido aqui e terem con-tato com a experiência dos criadores dos demais países”.

Sobre a delegação bra-sileira, Laitano confirma a presença de cerca de ses-senta animais. “Serão trin-ta animais participantes da Exposição Morfológica, doze no Freio de Ouro, seis no Movimiento a La Rienda

e seis duplas na Paleteada (12 animais). O evento tam-bém terá em sua programa-ção uma agenda de rema-tes e feira com diferentes atrações voltadas ao cavalo Crioulo”, afirma ele.

A ABCCC estará com um estande dentro do parque, onde disponibilizará um espaço para recepcionar os criadores brasileiros, assim como promover a integra-ção com os demais partici-pantes da feira.

GRAD. ALC. 41% Vol.700 ml

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4 AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.br

DIVuLgAçãO

por Wescley gomes

Versatilidade. utilizada por Napoleão Bonaparte, na Europa, a raça Percheron é reconhecida pela superioridade de sua força e sensatez, bem como por sua beleza e estilo. Aos poucos vem ganhando espaço no Brasil

Do campo de batalha ao esporte

Crescimento. Raça Percheron aumentou a participação na última Expointer, em Esteio (RS)

Conhecida pelo porte avantajado e força, a raça equina Percheron

é uma das mais populares do mundo. Desenvolvida na re-gião do nordeste da França, em Le Perche, esses animais fazem muito sucesso na Amé-rica do Norte. Na Espanha, é utilizado em touradas, como companheiro dos toureiros.

Donos de uma elegância incomparável, os cavalos Per-cheron apresentam caracte-rísticas dóceis, boa conforma-ção, grande atividade e vigor, andamento ao mesmo tempo ágil e leve, adequado ao trote e galope curto. Sua utilização em diferentes funções ao lon-

go dos anos, como o transpor-te de cavaleiros para batalhas ou como animais de carga, acabou por revelar sua alta versatilidade. Atualmente, segue-se utilizando o Perche-ron em algumas competições que exigem força do animal e também é aproveitado em provas de corrida.

No Brasil, o número de animais ainda é discreto. O Rio Grande do Sul é o estado com maior concentração de

cavalos dessa raça. De acordo com o presidente da Associa-ção Brasileira de Percheron, fundada em 2009 durante a Expointer, Pedro Lopes, a raça aos poucos vem con-quistando espaço no Brasil. Os criatórios, principalmente da Região Sul, têm investido massivamente no cruzamen-to da raça. “A cultura do Per-cheron tem sido aprimorada na última década e, pelo seu potencial, a tendência é que

o cavalo venha a conquistar seu espaço no mercado, prin-cipalmente, pela sua versati-lidade. E como aqui no Brasil tem crescido o número de ca-valgadas, o Percheron tem o perfil ideal para essa prática, pois é um animal dócil, dis-ciplinado, e também oferece muito conforto para a monta-ria”, destaca Lopes.

Apesar da presença ainda tímida no Brasil, a entidade de criadores tem trabalhado

para tornar a raça mais co-nhecida no país, inserindo-a em exposições agropecuá-rias reconhecidas nacional e internacionalmente, como a Expointer. O número de cava-los na última edição da expo-sição de Esteio (RS) aumen-tou significativamente em relação a 2013. “Nas edições anteriores costumava partici-par das competições apenas um cavalo, hoje tudo mudou, agora possuímos um estande da associação dentro da feira e, graças a isso, conseguimos trazer mais cavalos para par-ticipar da competição”, conta Lopes.

De acordo com o presi-dente, a associação tem de-senvolvido um trabalho reu-nindo vinte associados nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com o intuito de popularizar a raça, visando o crescimento dos criatórios em todo território nacional. “Queremos fazer uma parceria com os cria-dores enviando material de divulgação sobre o Perche-ron. Nossa estimativa é que o plantel da raça em todo o Brasil seja de 700 animais re-gistrados”, afirma Lopes.

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DJALMA BARBOSA DE LIMAODEMAR COSTANILMAR IGNACIO GOMESDANIEL BILK COSTAJOSÉ AILTON PUPIONILSON FRANCISCO GENOVESITRAJANO ANTONIO DE LIMA E SILVAANTONIO CARLOS PINHEIRO MACHADOJOÃO ANTONIO GABRIELJARBAS LUFF KNORRMARCELO INDARTE SILVALUCIANO CURYGUILLERMO GARCÊS SANCHEZ JUNIORFRANCISCO S. V. DE CARVALHO � � KIKO )LOURENÇO MIGUEL CAMPOJOSÉ LUIS LOBO NETOCLAUDIO JOSÉ PAGANO GASPERINIBRÁULIO FERREIRA NETOANDERSON MORALESMARCELO CRUZ MARTINS JUNQUEIRAANIBAL FERREIRA MARCELINO JUNIOROMAR FAYADCARLOS EDUARDO VAZ DE ALMEIDAGUILHERME MINSSENWELLERSON JOSE SILVANILMAR IGNACIO GOMESJOÃO BATISTA DE OLIIVEIRAANDRÉ MEGELLALUCIANO PIRESAGNALDO AGOSTINHOROBERTO SIQUEIRAMOACIR NAVESEDER FLAVIO BENITTCLEONIR MIGUEL DOS SANTOS SILVALUCIANO ALMEIDA VIANAADRIANO APOLINÁRIO LEÃO OLIVEIRAAUREO RODRIGUES FILHO � � TICO )ADRIANO MARCOS BARBOSA FERREIRAANTONIO PEREIRA DE LIMA � � TONHÃO )

RODRIGO GOMES COSTANIVALDO DEGANELLOLUIS CARLOS MOREIRAVITOR TRINDADE JUNIORPAULO MARCUS BRASILVILSON DE OLIVEIRA SILVAMARCELO PARDINIDEVANIR RAMOSAFRÂNIO MACHADO SOARESCAROLINE DE SOUSATATIANA PAULA ZANI DE SOUSAGILSON CARDOSOJOSIAS VITORINO DO NASCIMENTOFABIO LUIZ MARTINS CRESPOLUIZ CARLOS MACIELLEONARDO BERALDOMARIO CEZAR DE AQUINO ROLÃOJHONNI BALBINO DA SILVAALEXANDRE MOHERDAUI BARBOSAJOEL SANTA ROSA DE MEDEIROSCRISTIANE BORGUETTI MORAES LOPESMARCELO MOSCHIMRICARDO GUIMARÃES ÁVILAEDUARDO GOMESNAELSON ALVES FARIAS JUNIORROBERTO LEÃOEDIMAR RODRIGUES DE CARVALHO JRHEBER SANT'ANA

DIVuLgAçãO

por Wescley gomes

Negócio. Comprar um bom cavalo Mangalarga Marchador requer um mínimo de conhecimento para que não haja arrependimento mais tarde. É preciso observar alguns aspectos antes de fazer uma boa aquisição

Como escolher um bom Mangalarga

Características. Temperamento e porte são aspectos importantes

O mercado de equinos no Brasil vem apre-sentando um volu-

me de crescimento bastante satisfatório para criadores e donos de haras, relacionado, principalmente, à paixão pe-los cavalos e pelos esportes praticados com auxílio des-ses animais.

Porém, o sucesso na compra de um cavalo que se ajuste ao perfil desejado nem sempre é alcançado, es-pecialmente para quem não tem muito conhecimento sobre o assunto. A primeira coisa que o comprador deve atentar é quanto à finalidade do animal. Seria para com-petições, para iniciar um criatório ou simplesmente

para o lazer: passeios e ca-valgadas?

Antes de adquirir um ca-valo Mangalarga Marchador, por exemplo, considerada uma das raças mais queri-

das e desejadas no Brasil – e também uma das mais caras –, deve-se observar questões importantes, como tempera-mento, porte, saúde clínica e reprodutiva.

Para o criador e proprie-tário do Haras Três Cora-ções, em Ponte Nova (MG), Ronaldo Tavares, a compra de um cavalo não deve ser um ato impulsivo, mas sim uma escolha racional, feita cuidadosamente. “É neces-sário muita cautela na hora de adquirir um Mangalar-ga. Não se pode considerar apenas a beleza do animal, mas o conjunto completo. Muitas pessoas compram cavalos com mais de de-zoito anos, com problemas crônicos de articulação, não podendo mais serem usa-dos sequer para passeios mais longos”, alerta Tavares.

Portanto, algumas orien-tações devem ser seguidas por parte do comprador na hora de adquirir o seu MM, além de procurar ajuda de especialistas que conheçam a fundo a raça e que inspi-rem confiança na hora de se fazer o negócio.

Segundo Tavares, para obter sucesso nesse inves-timento, o comprador deve atentar aos seguintes crité-rios: “A primeira questão é onde adquirir o cavalo. Os haras são locais seguros,

de preferência os com boa reputação. Os clubes de hi-pismo também podem ser uma boa opção. Decidido o local, é hora de avaliar a parte física do animal. Co-meçando pela cabeça, o olhar deve ser alegre, que não expresse sofrimento ou cansaço, e sim olhos vivos. Em seguida, analise os joe-lhos para saber se ele pos-sui alguma deficiência, pois às vezes joelhos pelados in-dicam que o animal trope-ça. Outro ponto importante são os cascos, verifique se são rugosos ou rachados, sinal de sofrimento de en-fermidades anteriores. É importante também a ava-liação do comportamento do animal, para saber se é dócil ou agressivo. Essas dicas com certeza ajudarão na escolha bem feita do ani-mal”, revelou Tavares.

Vale lembrar também que, antes de qualquer coi-sa, o cavalo é um ser vivo que necessitará de cuidados com a alimentação, além de espaço, carinho, exercícios frequentes etc., que deman-dam dois itens fundamen-tais: tempo e dinheiro.

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ANO V Nº 49 FORTALEZA-CE MARÇO DE 2010

Agro&culturaAGROVALOR ANO IX Nº 108 FORTALEZA-CE FEVEREIRO DE 2015

Bem-estar. A produção de ovos caipiras leva em consideração a alimentação natural e a qualidade de vida das galinhas, a fim de obter um produto mais nutritivo e mais saudável que os ovos produzidos à base de ração industrial e confinamento das aves

Caipira, pira, pora ...

Líbano revisitadoJornalista e repórter Camila Bitar, 29, revê artigo de sua autoria, escrito há 10 anos, quando visitou a terra do seu bisavô pela primeira vez. Pág. 6

FOTOs: DIVuLgAÇãO

por Rafaele Esmeraldo

“Tratamos nossas aves da forma mais natural possível, visando o seu bem-estar. Assim, temos plena certeza que elas nos darão um produto diferenciado.”

Robson LimaAdministrador da Fazenda Libanus

Natural. galinhas caipiras criadas com qualidade de vida visam a saúde humana

Saudáveis. Ovos caipiras são livres de substâncias químicas

Ovo caipira natural

Produtores brasileiros tentam assimilar os conceitos e objetivos da Agricultura Natural:

I. Produzir alimentos que incrementem cada vez mais a saúde do homem

II. ser econômica e espiritualmente vantajosa, tanto para o produtor como para o consumidor

II. Poder ser praticada por qualquer pessoa e, além disso, ter caráter permanente

IV. Respeitar a Natureza e conservá-la

V. Garantir alimentação para toda humanidade, independente de seu crescimento demográfico

Fonte: Fundação Mokiti Okada

Você saberia identificar um ovo de granja de um ovo caipira? Pela

cor da casca só dá para sa-ber a raça da galinha. Basi-camente, as de pena branca botam ovos brancos e as de pena vermelha ou marrom botam ovos nesse mesmo tom. É na cor da gema que está o principal diferencial aparente do ovo caipira. As chamadas galinhas caipiras – criadas soltas – produzem ovos com gema de coloração avermelhada, graças ao tipo de alimento natural que re-cebem, geralmente milho e outros cereais, com alto teor de ferro e vitamina A. Já as galinhas de granja – criadas confinadas – se alimentam de ração industrial.

Mas é nas características não visíveis que reside a ri-queza do ovo caipira. Espe-cialistas confirmam que uma das principais vantagens do produto é a ausência de substâncias químicas, além de ser altamente nutritivo, saboroso e saudável.

A nutricionista cearense Nicole Benevides esclarece o poder nutritivo desse ali-mento aparentemente tão simples e, especialmente, do ovo caipira. “O ovo é rico em proteínas de alta qualidade, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio, vitaminas A, D, E e K, além de substâncias bioativas, como colina, lute-ína, zeaxantina e carotenói-des. Com tantos nutrientes importantes, o ovo traz bene-fícios diversos ao organismo. Por exemplo, manutenção da saúde dos ossos e olhos, integridade do sistema de defesa do corpo, contração muscular, melhor desempe-nho cognitivo e de memória, crescimento de pelos, cabe-

los e unhas, auxilia na per-da de peso e, em geral, é um alimento antioxidante que favorece a prevenção de do-enças, como a anemia e do-enças cardiovasculares. Vale ressaltar que ovos caipiras são de galinhas criadas sem utilização de ração, aditivos químicos, corantes artificiais e com maior diversidade de alimentação.”

O administrador da Fa-zenda Libanus Agroindústria (São Gonçalo do Amarante/CE), Robson Lima, relata que a propriedade – referência em genética ovina da raça Dorper e na produção arte-sanal de cachaça de alam-bique – investe há dois anos no método natural para a produção de ovos caipiras,

incentivada pela demanda atual de hábitos de consu-mo mais saudáveis e sempre atenta às questões ambien-tais e de bem-estar animal. “Tratamos as nossas aves da forma mais natural possível, assim temos plena certeza que elas nos darão um pro-duto diferenciado. Elas são criadas em galpão cober-to, em contato direto com o solo, com acesso para gran-des áreas onde podem ciscar e tomar sol. A alimentação básica é à base de milho e soja, podendo também se alimentar de folhas verdes das pastagens. Evitamos ao máximo que nossas aves so-fram qualquer estresse”, afir-ma Lima.

O gerente da propriedade cearense aponta a diferença entre o ovo de granja e o cai-pira. “Está muito relacionado

à forma de criação. O ovo de granja é produzido em um sistema de produção indus-trial, em que as galinhas fi-cam confinadas em gaiolas apertadas e comem sem pa-rar, tendo como único obje-tivo produzir ovos. Elas são nutridas com uma alimen-

tação diferente da natural e não há preocupação com o seu bem-estar”, afirma Lima.

Os ovos caipiras da Fazen-da Libanus são certificados pelo Serviço de Inspeção Es-tadual (SIE/Adagri), poden-do ser comercializados em todo o estado do Ceará.

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Agroturismo

FOTOs: DIVuLgAÇãO

Goiás. Em meio ao cenário bucólico do centro histórico e atrativos naturais, Pirenópolis, ou Piri, como é carinhosamente chamada por seus habitantes, atrai milhares de turistas no período do Carnaval, com seus tradicionais bailes e marchinhas

Piri, Carnaval e natureza

por Wescley gomes

Tradição. Foliões no centro histórico de Pirenópolis aliam cultura e diversão

Tranquilidade. Pousada Cavaleiro dos Pireneus, estilo e bom gosto Parque das Cachoeiras. Harmonia do homem com a natureza

Cercada por uma na-tureza deslumbrante, rica em fauna e flora,

nascentes de águas cristali-nas e inúmeras cachoeiras abertas a visitações, com ótima infraestrutura, como banheiros, restaurantes, lojas de artesanato, Pirenópolis é uma cidade com arquitetu-ra colonial irretocável e viva pela história de seu povo, a apenas 130 km de Brasília.

Quem caminha pelas ruas da pequena e simpática cida-de logo se encanta com seus casarões, ruas e igrejas, que até hoje conservam suas ca-racterísticas originais. É uma viagem ao tempo contada com riquezas de detalhes e originalidade.

CarnavalQuando chega essa época do ano, em que grande parte dos brasileiros vai às ruas com suas fantasias para festejar o Carnaval, Pirenópolis vira destino de muitos turistas, desde aqueles que buscam reviver os carnavais com bai-les à moda antiga, ao som das tradicionais marchinhas carnavalescas e concurso de fantasias, até aqueles que anseiam um lugar de tran-quilidade e sossego, longe da agitação dos grandes centros urbanos.

Natureza Para quem se identifica com a segunda opção, pode apro-veitar o contato direto com a natureza.

Nos arredores da cida-de encontram-se muitas opções para o ecoturismo,

com trilhas, passeios a ca-valo embalados pelo canto dos pássaros, mergulho nas revigorantes cachoeiras, além das agradáveis hos-pedagens nas pousadas da região. Ao fim do dia, o vi-sitante ainda poderá se en-cantar com um espetáculo do pôr do sol por entre as montanhas e cerrados.

Para Silvana Guimarães, uma das proprietárias da Pousada Cavaleiro dos Pire-neus, construída no alto de um vale e cercada por belos jardins, localizada a apenas 3 km do centro histórico da cidade, aliar campo e cidade

é algo raro de se ver, princi-palmente quando se trata de cidades com potenciais turís-ticos, como é o caso de Piri.

“Nossa região é um lugar de refúgio, e aqui em nossa pou-sada buscamos manter essa harmonia do homem e do campo. Nosso intuito é aliar a tranquilidade do campo às opções de lazer que a região oferece”, afirma Silvana.

As inúmeras cachoeiras ao redor da cidade são uma grande atração turística. Al-gumas delas são enormes e espetaculares, enquanto ou-tras formam belos lagos, com faixas de areia para banhis-

tas. Entre as reservas natu-rais, as mais conhecidas são o Santuário Vagafogo, as Ca-choeiras Santa Maria e Láza-ro, do Abade, do Rosário, dos Dragões e o Parque Estadual Serra dos Pireneus.

“É impossível alguém vir a Pirenópolis e não retornar. Nosso povo é hospitaleiro, temos estruturas adequadas para acomodar os visitantes de várias partes do mundo e, o principal, temos uma nature-za que dialoga continuamen-te com o homem, proporcio-nando toda essa arquitetura natural que podemos apre-ciar”, declara Silvana.

“É impossível alguém vir a Pirenópolis e não retornar. Temos uma natureza que dialoga continuamente com o homem”

Silvana GuimarãesProprietária da Pousada Cavaleiro dos Pireneus

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3>> www.agrovalor.com.br AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015

DIVuLgAÇãO

Agrosabor

Um dengo só !INGREDIENTES

•12gemasdeovoscaipirasnaturais

•450gdeaçúcar

•1colherdesopademanteiga

•1cocoralado

•gotasdelimãoparaacalda

Minha receita Quindim

MODO DE PREPARO

1. Rale o coco e não retire o leite;

2. Coloque o açúcar em uma panela com um pouco de água e umas gotas de limão e leve ao fogo para obter uma calda grossa*;

3. Passe as gemas dos ovos caipiras por uma peneira para retirar a película da gema**;

4. Deixe esfriar a calda e junte as gemas caipiras peneiradas, o coco ralado e a manteiga, mexendo bastante;

5. Despeje em forminhas untadas com manteiga e leve ao forno quente, em banho-maria, para assar.

* Faça uma calda de açúcar em ponto de bala mole. Pegue um copo com água, e com uma colher deixe cair algumas gotas da calda, ela deve descer como gotas.

** Não utilize peneira de metal.

H á dúvidas sobre a origem da inspiração do nosso quindim,

aquele famoso doce bem doce e amarelo, cujo ingre-diente principal é a gema do ovo, e que faz a alegria de muitos. Alguns defendem ser de origem africana, ou-tros portuguesa.

Sabe-se que em Portugal existe um doce chamado brisa-do-lis, que é feito à

base de gema de ovo, açúcar e amêndoas, ou seja, apenas substituindo as amêndoas pelo coco da nossa receita original brasileira. De acor-do com a história, este doce foi criado em um convento. As freiras utilizavam cla-ras de ovos para engomar roupas, e por conta disso, sobravam muitas gemas. Para não haver desperdício, transformavam tudo nessa

maravilha. Todavia, o termo ‘quindim’ é de origem afri-cana, e significaria encanto, dengo.

O doce fica uma delícia tanto nas porções indivi-duais, quanto nos pratos maiores, conhecidos como quindão. E, nesta receita, especialmente, substituí-mos o ovo de granja tradi-cional pelo saudável e sabo-roso ovo caipira natural.

Sistema diferenciado decriação que valoriza a saúdee o bem estar das aves.

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4 AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015 >> www.agrovalor.com.brINFORME PUBLICITÁRIO

A Escócia fabrica

o melhor uísque,

o brasileiro bebe.

A Alemanha fabrica

a melhor cerveja,

o brasileiro bebe.

A Rússia fabrica a

melhor vodca,

o brasileiro bebe.

O Brasil fabrica a

melhor cachaça,

os gringos bebem.

Está na hora de valorizar a nossa bebida.

Cachaça Cedro do Líbano

(85) 3270 7650 - www.cachacacedrodolibano.com.br - [email protected]

BICAMPEANACIONAL

2013/2014

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5>> www.agrovalor.com.br AGROVALOR FEVEREIRO DE 2015

Arquiteta com especialização em Arquitetura de Interiorese Paisagismo pela universidade Paulista, de são Paulo.

www.marianamontenegro.com.br

Choro novo na fazenda

AgrodécorMariana Montenegro

A chegada de um novo bebê é uma alegria compartilhada pela família inteira, e a decoração do quarto é um dos momentos mais divertidos da espera. Os prepara-tivos começam após a descoberta do sexo, quando serão definidas as cores e o tema a ser trabalha-do. Nesta edição, iremos abordar o tema fazenda, com ideias para deixar o quarto funcional, acon-chegante e lúdico. Alguns itens não essenciais, como: o berço, o guarda-roupa, o trocador e a cadeira para amamentar. Quando o espaço permite, é interessante colocar uma cama e uma cômo-da. A madeira, os tecidos mais rústicos e elementos que lem-brem o tema não podem faltar. Leiteiras podem ser transforma-das em bancos ou mesas late-rais, o tapete convencional pode ser substituído por um de pelúcia que imite o couro de vaca, nas paredes quadros com desenho de animais e um belo papel de pare-de podem dar um toque especial. Veja as fotos ao lado e inspire-se!

FOTOs: DIVuLgAÇãO

1. Ideia super original para guardar fraldas; 2. Cômoda com trocador, suportes para fraldas e cesto de roupas; 3. Quadros com figuras de animais e móbile de carneirinhos; 4. Porta de celeiro em madeira de demolição e o tapete de pelúcia são os destaques deste quarto; 5.Papel de parede com tema de fazenda; 6. Painel atrás do berço de madeira de demolição e adornos de animais

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Porteira Fechada

Camila Bitar Jornalista e editora de

mídias digitais do jornal AgroValor

O batismo libanês

Cresci ouvindo a história da minha famí-lia, da trajetória do meu bisavô imigrante e da viagem dos meus pais à sua pátria no Oriente Médio.

Ao contrário da maioria das pessoas com quem convivo, sempre que o assunto é Líbano, em vez de um país de conflitos, eu me remeto ao lugar do aconchego fa-miliar, aos sabores e aromas inigualáveis, à sabedoria da convivência pacífica entre povos de diferentes religiões e filosofias.

Em 2005 fui apresentada pessoalmente à terra natal do meu bisa. Passei as férias de verão em Beirute, na casa de amigos, e visitei parentes na vizinha e adorável Beit- Chabab. Espere um pouco... Para a nossa cultura ocidental pode parecer ‘normal’ hospedar-se em casa de amigos e ‘visitar’ parentes. Devo esclarecer que Mirna e eu éramos como irmãs, havíamos dividido o mesmo quarto no colégio-internato na França no ano anterior. Com sua irmã mais nova, Mia, formávamos ‘o trio’ na bela ca-pital libanesa. Curtíamos as mesmas coisas que jovens estudantes em férias curtem, não importa a procedência. Praia e clube à tarde, balada à noite, e de manhã, claro, dormíamos!

É, gente, a vida em Beirute é semelhante à das capitais europeias, livres dos tão te-midos riscos que deixam pais brasileiros à beira de um ataque de nervos. Nada de sequestros relâmpagos, outros nem tão

flash assim, assaltos à mão armada e mais os inúmeros perigos conhecidos por aqui.

Vale um parêntese. Sabe-se que, de vez em quando, rolam pequenos furtos que brasileiros adoram contar de que foram ví-timas na Europa (“Tá vendo? Não é só no Brasil!”). Vejam que tremendo equívoco! Colocar pequenos furtos e assaltos à mão armada no mesmo balaio penal! Ambos condenáveis, claro, mas guardam uma enorme diferença tanto no ato quanto nas consequências. Os famosos “descuidistas”, como diriam meus pais, acrescentando em seguida “Bons tempos aqueles...”, é classe já extinta no Brasil há algumas décadas. Aqui eles ‘evoluíram’, se organizaram e transfor-maram a nossa rotina no terror que é hoje os grandes centros urbanos.

Conheci o Líbano em sua melhor fase pós-guerra civil, que havia durado dezes-seis longos anos (1975-1990) e mais outro tanto para a reconstrução dos estragos. Belo país de economia próspera, em gran-de parte graças à potente administração de Rafik Hariri, o ex-primeiro-ministro morto em Beirute, em 2005, alguns meses antes da minha chegada.

Durante a minha permanência, ocorreu outro atentado numa das áreas mais tu-rísticas da capital, felizmente sem vítimas fatais. Mesmo assim, as estatísticas atesta-vam que era bem mais seguro passar férias em Beirute do que no Rio ou São Paulo,

difícil mesmo era convencer meus amigos daqui sobre esses comprovados dados.

“E você ainda diz que o Brasil é que é peri-goso!?” Não tenho a pretensão aqui de traçar um paralelo sociopolítico entre os dois países, quero somente externar meus sentimentos.

Percebe-se claramente a índole pacífica do povo libanês. Preocupa-me a situação como um todo, as consequências econô-micas, mas principalmente, as graves se-quelas emocionais para nossos irmãos do Oriente Médio.

Brasileiros e libaneses guardam muitas afinidades, em particular o grande sentido de família, amizade, solidariedade e hospi-talidade. Calcula-se que um em cada trinta brasileiros tenha ascendência libanesa, afi-nal somamos aproximadamente sete mi-lhões no Brasil (ano 2010), quase o dobro da população total do Líbano (cerca de quatro milhões, em 2013).

Se antes já me sentia libanesa, por des-cendência, ao retornar ao Brasil passei a me sentir uma legítima representante desses dois povos. Mais que férias, aquela tempo-rada representou para mim a incorporação do verdadeiro significado da palavra pátria, a transformação e aperfeiçoamento de ideias a respeito da aceitação e valorização das di-ferenças, um verdadeiro batismo.

*Artigo re-editado pela autora, publicado original-

mente na Edição 06, agosto/2006.

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FOTO: AssEssORIA COuROMODA

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Negócios agropecuários

Nem bem começou o ano e a mo-vimentação no setor agropecuário brasileiro já é grande. Os primeiros dias de janeiro refletiram a força que o agronegócio reserva para este 2015. As expectativas de cresci-mento foram expressas nos eventos que deram o pontapé inicial nos negócios do país.

Em Fortaleza (CE), no dia 19/01, foi realizada a cerimônia de posse da nova diretoria e do novo conselho deliberativo do sebrae/CE para o tri-ênio 2015-2018. O evento realizado no Palácio da Microempresa, na Praia de Iracema, contou com a presença de autoridades e representantes de vários setores da economia cearense.

A Couromoda 2015, realizada em são Paulo (sP), de 11 a 14/01, dire-tamente da Expo Center Norte, mar-cou o início do calendário industrial no Brasil. Considerada a maior vitrine da indústria nacional, atraiu lojistas de todo o Brasil e de 66 países em busca da identidade, do design e da criatividade brasileira.

Confira os cliques:

Posse diretoria Sebrae/CEFortaleza (CE)01. Flávio saboya (presidente

Conselho Deliberativo sebrae/CE), Camilo santana (governador Ceará), Joaquim Cartaxo (diretor superintendente sebrae/CE) e João guimarães (vice-presidente Conselho Deliberativo sebrae/CE);

02. João guimarães, Airton gonçalves (diretor administração e finanças Sebrae/CE), Joaquim Cartaxo, Flávio saboya e Alci Porto (diretor técnico sebrae/CE);

03. Flávio saboya, Joaquim Cartaxo e Maria Luiza Rufino (superintendente estadual Mapa/CE);

04. Darlan Leite (presidente da ABIH/CE) e Beto studart (presidente Fiec)

CouromodaSão Paulo (SP)05. Jeferson santos (diretor

Couromoda), Antoniel Lordelo (presidente Ablac), Marcelo Alves (presidente da ACI) e Jonathan santos (representante Couromoda);

06. Darly Fialho (diretor superintendente sebrae/Rs), Marco Aurélio Copetti (gerente regional sebrae/Rs), gilmar Dalla Roza (coordenador Couromoda) e Danyela Pires (gerente estadual sebrae/Rs);

07. Jeferson santos, Marco Muller (representante Ramarim) e Cezar Muller (coordenador Fiergs/Ciergs);

08. José Carlos do Couto (presidente sindifranca), Mário Frassati (diretor executivo Abiacav) e Vidal Veicer (presidente Abiacav);

09. Valeska santos (vice-presidente Couromoda), Jorge Bischoff (designer de moda) e Francisco santos (presidente Couromoda)

Agrovip

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FOTO: BALADA IN

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FOTO: AssEssORIA COuROMODA

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Page 28: Jornal Agrovalor - Fevereiro de 2015 - N 108

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