jornal abrap 13

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Ano III edição nº 13 Artigo A luta dos advogados da carreira especial do Poder Executivo Página 10 Curta a página da ABRAP no Facebook www.facebook.com/associacaoabrap II Congresso Nacional da ABRAP é realizado em Fortaleza Com o tema “A Advocacia Pública e os 25 anos da Constituição”, a 2ª edição do evento foi realizada no início de outubro, na capital cearense, reunindo a categoria dos advogados públicos e renomadas autoridades. Durante os três dias de Congresso importantes debates foram realizados e palestras ministradas por grandes nomes da área jurídica e política do Brasil. Confira uma cobertura completa sobre o II Congresso Nacional da ABRAP.

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Ano IIIedição nº 13

Artigo

A luta dos advogadosda carreira especial do

Poder ExecutivoPágina 10

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Curta a página da ABRAP no Facebook

www.facebook.com/associacaoabrap

II Congresso Nacional da ABRAPé realizado em Fortaleza

Com o tema “A Advocacia Pública e os 25 anos da Constituição”, a 2ª edição do evento foi realizada no início de outubro, na

capital cearense, reunindo a categoria dos advogados públicos e renomadas autoridades.

Durante os três dias de Congresso importantes debates foram realizados e palestras ministradas por grandes nomes da

área jurídica e política do Brasil. Confira uma cobertura completa sobre o II Congresso Nacional da ABRAP.

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ABRAP - ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE ADVOGADOSPÚBLICOSRua Inácio Lustosa, 909. SãoFrancisco. Curitiba- PR. CEP: 80.510-000.Fone/Fax: (41) 3323 6118email: [email protected]: www.abrap.org.brDIRETORIAPresidenteMarcos Vitório Stamm1º Vice-PresidenteEdmilson Moura de Oliveira2º Vice-PresidentePaulo Eduardo de Barros Fonseca1º SecretárioAthos Pedroso

EXPEDIENTE

João Climaco Penna TrindadeMarié de Miranda PereiraEdigardo Maranhão SoaresSuplentesRose Oliveira DequechNeroci da SilvaSilvio Carlos Cavagnari

JORNAL ABRAPTiragem3.300 exemplaresImpressãoEditora Central LtdaJornalista ResponsávelFernanda Cequinel (DRT/PR 8043)

* Os artigos assinados não refletemnecessariamente a opinião deste jornal.

2º SecretárioEduardo Itagyba de Araújo Padilha1º TesoureiroLuiz Alceu Pereira Jorge2º TesoureiroLivia Cipriano Dal PiazDiretor Geral : Escola Brasileira deAdvocacia Pública dos Estados –EBRAPE  - Levy Pinto de Castro FilhoDiretor Cultural e de EventosZuleik Carvalho OliveiraDiretor de Comunicaçãoe InformaçãoJoão Gualberto Pinheiro JuniorDiretores regionais:Rodrigo Rocha Rodrigues - ESRenato Sousa Faria - GOCarlos Roberto Gonçalves Melro- AL

Francisca Tânia Coutinho - CESamir Machado - SCPaulo Roberto Coelho de Figueiredo –RJJoão Climaco Penna Trindade –SPArt Tourinho –BAAntônio Eustáquio Vieira - MGFábio de Oliveira Moura - PADiretor de Relacionamento comAdvogados Públicos Federais,Estaduais e MunicipaisEpitácio Bittencourt SobrinhoDiretor de Assuntos Jurídicos,Legislativos e de Defesa dePrerrogativasRenato Eduardo Ventura FreitasMembros Titulares do ConselhoConsultivo

MENSAGEM DOPRESIDENTE

Nessa edição enfocamos, nomeadamente, o II Congresso Nacional da

ABRAP realizado de 02 a 04 de outubro de 2013 em Fortaleza/CE. O evento,

tendo por tema “A Advocacia Pública e os 25 anos da Constituição”, reuniu

expressivo número de advogados públicos, juristas, autoridades e entidades

vinculadas à Advocacia Pública de todo país.

Ao tempo em que agradecemos a todos aqueles que organizaram, apoi-

aram, colaboraram e participaram do evento, sentimo-nos gratificados em cons-

tatar a significativa evolução da discussão, das propostas e das iniciativas,

visando à efetivação de uma advocacia pública agregadora nas unidades fede-

radas, conforme preconizado no Provimento 114 do Conselho Federal da OAB.

Nestes seis anos de caminhada, avanços e conquistas foram obtidos,

mas é preciso que continuemos unidos na luta pela consolidação de prerroga-

tivas, dignidade profissional e remuneratória e independência técnica, equâni-

mes a todas as carreiras jurídicas, quer nos órgãos da administração direta,

quer nas entidades autárquicas e fundacionais públicas. Vamos em frente, com

firmeza e decisão.

Marcos Vitório Stamm

Presidente da ABRAP

“É preciso enfatizar que no âmbito de vários estados, a

advocacia pública autárquica e fundacional está devidamente

regulada. Vale dizer que há muito tempo existem procuradorias

jurídicas ou procuradores e advogados atuando, alguns mesmo antes

do advento da Constituição Federal de 1988, integrando carreiras

estabelecidas por lei, inclusive com o respaldo e preceito das

constituições estaduais respectivas.

Essas carreiras e as respectivas atribuições que lhes são

conferidas, em atenção à realidade constitucional e legal vigente nos

diversos estados, não se confundem em hipótese nenhuma, nem

usurpam atividades exercidas pelos procuradores dos estados

responsáveis pela representação judicial e consultoria jurídica do ente

federado.

Buscamos a discussão sobre uma advocacia pública inclusiva

e não excludente, sem qualquer distinção entre iguais e dentro de

padrões éticos e de dignidade”.

(Pronunciamento de abertura - Marcos Vitório Stamm)

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A Constituição Brasileira de 1988completou 25 anos de promulgaçãono dia 05 de outubro deste ano, diaseguinte ao encerramento do congres-so organizado pela Associação Brasi-leira dos Advogados Públicos -ABRAP. A abertura do evento ocorreuna noite do dia 02 de outubro, às 20horas, em solenidade realizada noSeara Park Hotel, na beira-mar fortale-zense. Até sexta-feira (04), o local reu-niu um grande número de juristas, au-toridades e entidades vinculadas àAdvocacia Pública de todo o País.

De acordo com o presidente daABRAP, Marcos Vitório Stamm, um dosprincipais objetivos desta edição docongresso foi debater uma melhorestruturação de carreira da categorianos estados, a exemplo do que ocor-re na União. “Nós promovemos aconscientização da sociedade, paraque possamos subir mais um degraunesses 25 anos de Constituição, para

que nós advogados públicos exerça-mos nosso papel com autonomia, comdignidade na defesa do cidadão. Fal-ta sim uma regulamentação maior emelhor nos estados, sem privilégio dealguns. Salariais, inclusive”, disse.

No cerimonial, foram exibidostrechos da Assembleia Constituinte,além da participação da camerata daUniversidade de Fortaleza (Unifor) edo coral da OAB-CE, que encerrarama apresentação executando o HinoNacional.  Após a declaração de aber-tura, o presidente Marcos Stamm re-cebeu, em nome da ABRAP, discur-sos de boas-vindas de dois cearen-ses que integravam a mesa de aber-tura: o presidente da OAB-CE, Valde-tário Monteiro; e uma das coordena-doras do evento, Tânia Coutinho, pre-sidente da  Associação dos Advoga-dos Públicos, Procuradores das Au-tarquias e Fundações do Estado doCeará (APAFECE).

Solenidade de abertura do Congresso érealizada com apresentações musicais

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A programação no segundo diade congresso teve início com pales-tra ministrada pelo advogado alagoa-no Cézar Britto, ex-presidente do Con-selho Federal da OAB, que discorreusobre “Honorários de sucumbência daAdvocacia Pública autárquica e funda-cional, no entendimento de que o di-reito à percepção dos honorários desucumbência pressupõe isonomiasalarial aos advogados autárquicos efundacionais.

Cézar Britto afirmou que a Ad-vocacia Pública não recebe investi-mento estadual por conta de resquíci-os de autoritarismo dos gestores. “De-pois de 1988, os governantes foramobrigados a cumprir os princípios dalegalidade, da moralidade e da im-pessoalidade, e a Constituição criouum órgão encarregado disso, que éa Advocacia Pública, o grilo falante do

A Advocacia Pública Estadual àluz da Constituição de 1988

A conferência de abertura ficoua cargo do Desembargador do Tribu-nal de Justiça de São Paulo, Luiz Ed-mundo Marrey Uint, que tratou da Ad-vocacia Pública Estadual à luz daConstituição de 1988.

Segundo ele, a baixa estrutura-ção de carreira dos advogados públi-cos na esfera estadual se deve, emparte, à pequena expressividade mi-diática da categoria, em comparaçãocom o Ministério Público, por exem-plo.

”Com o passar do tempo, pro-

motor de justiça ganhou destaque nocenário nacional, principalmente pormeio da mídia, e a razão de suas fun-ções foi assimilada pela sociedade.O mesmo não ocorreu com relaçãoaos advogados públicos, que, mes-mo possuindo relevantes funções,não receberam o mesmo tratamentomidiático.

Não obstante suas atribuiçõestendo sido alçadas dentro da mesmadignidade constitucional daquelas pre-missas para o ministério público e paraa magistratura”, frisou.

Honorários de Sucumbênciada Advocacia Pública

Autárquica e Fundacional

CONFERÊNCIA DE ABERTURA

poder público. Ele tem que ser ouvi-do antes de ser emitida qualquer nor-ma. Ora, se essa é a missão constitu-cional da Advocacia Pública, os go-vernantes autoritários não cuidam dela,têm raiva dela. Na ótica do autoritário,não se investe naquilo que pode cas-trar o seu poder de controlar a autori-dade”, disse.

O ex-presidente também co-brou autonomia e independência paraa Advocacia Pública, mas não aosmoldes do Ministério Público, que,segundo ele, trabalha com a concep-ção de que “cada membro é comose fosse um Ministério Público em simesmo”. Segundo Cézar Britto, nãose pode confundir autonomia comsoberania: “É preciso criar mecanis-mos internos de controle, que se re-portem à sociedade”, finalizou.

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Ainda na quinta-feira (03), oscongressistas acompanharam outradiscussão, dessa vez em uma mesa-redonda comandada pelo advogadoalagoano Marcelo Brabo e por Emer-

son Gabardo, advogado e professorda UFPR e da PUC-PR. Em pauta: “Asdecisões judiciais que tratam dos di-reitos e prerrogativas dos advogadospúblicos estaduais”.

As decisões judiciais que tratam dos direitos eprerrogativas dos Advogados Públicos estaduais

Segundo Marcelo Brabo, quan-do se fala de defesa da União, doestado e dos municípios, se fala emdefesa do patrimônio púbico. “O fatode eu atuar na atividade consultiva,não significa que eu não esteja de-fendendo o patrimônio público. A ad-vocacia, na atividade judicial, essa éinquestionavelmente a defesa do pa-trimônio público. E eu não tenho patri-mônio público de primeira, de segun-da, de terceira grandeza. Patrimôniopúblico é patrimônio público. Seja eleda administração direta, ou indireta”.

De acordo com Emerson Ga-bardo, apesar de recentemente os tri-bunais terem, em geral, tomado deci-sões favoráveis à garantia de direitos

e prerrogativas aos advogados públi-cos, ainda há bastante discriminaçãodo poder público em relação à cate-goria. Segundo ele, “no nível federala situação chegou a ser composta deforma interessante, mas em nível es-tadual não. Por não haver previsãotécnica da Constituição Federal e mui-tas vezes das estaduais com relaçãoa essa matéria, isso gerou algumasdúvidas que poderiam ser dissipadasfacilmente, mas que por má vontadedos governantes, desconhecimentoda norma, ou mesmo discriminaçãode outras categorias jurídicas, não sãofeitas e acabam obrigando o advoga-do público a buscar seus direitos naJustiça”.

Um dos grandes expoentes atu-ais do direito administrativo brasilei-ro, Maria Sylvia Zanella di Pietro, pro-fessora da USP e procuradora apo-sentada pelo estado de São Paulo,ministrou uma palestra sobre “As fun-ções próprias do advogado públicoestadual”, traçando um panorama bas-tante atual da categoria e defendeucondições isonômicas para os advo-gados públicos.

“Apesar das diferentes regula-mentações, as funções da advocaciapública, seja ela federal, estadual, mu-nicipal, autárquica ou fundacional, sãorigorosamente as mesmas. Não dá pradizer que o advogado público esta-dual tem competência diferente do ad-vogado da União, a diferença é ape-

As funções próprias doadvogado público estadual

nas de âmbito. Mas se não há con-curso público nas autarquias, porexemplo, fica difícil dar condições detrabalho semelhantes às dos procura-dores de Estado e advogados daUnião”, disse a professora.

Gestão e carreira doAdvogado Público

A conferên-cia inicial do tercei-ro e último dia doCongresso Nacio-nal da ABRAP teveà frente o adminis-trador e economis-ta Gilmar Silva deAndrade, que ex-pôs uma série deprincípios caros aodesenvolvimentode uma carreirasólida, sobretudonas atribuições públicas. “Os contribu-intes hoje têm outro comportamento,exigem mais do setor público em re-torno aos impostos que pagam. En-tão o servidor que está atuando em

um órgão público tem que se preocu-par em manter-se atualizado, para aten-der aos anseios da sociedade”, dis-se o palestrante ao concluir a apre-sentação.

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Proposta de Emenda Constitucionalreferente à Advocacia Pública estadual

Uma mesa redonda foi realiza-da com a participação dos deputadosfederais Mauro Benevides e FabioTrad; e o senador Sergio Souza, paradebater Proposta de Emenda Consti-tucional referente à advocacia públicaestadual.

O deputado Mauro Benevidesdeclarou-se sensibilizado com o con-vite para participar do evento, e re-lembrou a sua importante participaçãona Assembleia Nacional Constituinte,onde chegou a ser presidente interi-no. “Trabalhei dentro das minhas atri-buições regimentais, substituindo ogrande brasileiro Ulisses Guimarãese relembro a honra que tive de pro-clamar aprovada a deliberação emtorno das carreiras jurídicas”, afirmouele.

“Vinculei-me, por isso, às trêscarreiras das quais tenho recebido de-monstrações de atenções inequívocasdo plano estadual, e até do federal,defendendo-lhes as relações legíti-mas e justas, como a PEC nº. 443, daqual sou relator de parecer virtualmen-te ultimado”.

Ao final, ele declarou: “é umarevivência que faço desses aconteci-mentos neste momento, para dizeraos advogados públicos de todo opaís aqui reunidos, que nessa nossabreve intervenção, nós estamos ca-racterizando também esse debate,uma homenagem dos advogadospúblicos à Constituição, que hoje éuma peça fundamental para nos darcerteza e tranquilidade de que o Bra-sil ingressou no estado de direito, pre-

ocupado em sempre respeitar o di-reito da cidadania”

Em seguida, o senador SergioSouza afirmou que a causa da advo-cacia pública, em todos os seus ní-veis da administração, seja nos muni-cípios ou nos estados, deve ter umtratamento igualitário. Para ver conso-lidado, inclusive, aquilo que o própriotexto constitucional já diz, mas queleva por muitos, interpretações diver-sas. “O Supremo reafirma que o textoconstitucional é para todos e trata igua-litariamente os advogados, os procu-radores. No entanto, nós sabemosque há forças externas que insistemem afirmar que são diferentes, ou atémesmo superiores. E nós entende-mos que não. Nós entendemos quetodos são necessários para a publi-cação da lei”.

Segundo ele, o grande clamorda sociedade é para que faça valer oque está escrito na Constituição. Por-tanto, está sendo buscado o cumpri-mento do que está escrito na Consti-

tuição. “Como pode se entender comoum tipo aberto e que leva a dúbia in-terpretação, nós sugerimos ao Con-gresso Nacional, na forma de Propostade Emenda à Constituição, um textoclaro, que coloque os procuradorese advogados autárquicos e das fun-dações no mesmo patamar como estáescrito de fato na Constituição, paraque não leve nenhuma dubiedade”.

Assim sendo, procuradores eadvogados, tanto da administraçãodireta como indireta, usufruirão demaior independência técnica, se aCarta da República reconhecer, pormeio de seus dispositivos, a dignida-de funcional que merecem para bemexercerem suas missões. 

O deputado federal Fábio Traddeclarou que a pretensão é diminuir,com muita visibilidade, o grau de atri-to entre forças conflitantes em relaçãoà advocacia pública; e salientou quepara lograr êxito nessa empreitada, émuito importante que os advogadospúblicos se façam presentes em Bra-

sília, em todas as etapas legislativasdas PECs.

“O contato pessoal dos procu-radores autárquicos, dos procurado-res de fundações, daqueles que as-sessoram juridicamente a administra-ção indireta, na transmissão da legiti-midade de nossa causa, é fundamen-tal para a viabilidade de nossas pre-tensões. É evidente que a advocaciapública tem argumentos para conven-cer os parlamentares. Se quisermosver as nossas pretensões atendidasna Câmara dos Deputados e no Se-nado, eu os convido à luta, pois elesprecisam ter a exata percepção damagnitude da função que a categoriaexerce”.

O deputado finalizou: “precisa-mos redargüir no sentido de que o ad-vogado público, comprometendo-secom a legalidade dos atos de ges-tão, dos atos da administração públi-ca, exerce, de certa forma, uma fun-ção de proteção do próprio gestor, deproteção do próprio administrador”.

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No terceiro e último dia de Con-gresso, dia 04, o diretor jurídico daUsina Hidrelétrica de Itaipu, Cezar Zili-otto, apresentou o arcabouço legal quepermite o funcionamento da maior hi-drelétrica do mundo, comandada pelaEletrobras, empresa de economiamista, e pela estatal paraguaia ANDE.“É impossível colocar Itaipu dentro deuma janelinha, fazendo uma análisegenérica. Não dá para comparar como trabalho realizado na Caixa Econô-mica Federal ou na Petrobrás, mas lánós temos sim uma carreira de advo-cacia pública, com a diferença de quedevemos respeitar a soberania e oordenamento jurídico de dois paísesdiferentes, e esse é um grande desa-

fio”, disse. A criação e manutenção dausina foi viabilizada pela assinatura deum tratado entre Brasil e Paraguai em1973. O contrato social expira em 2023,mas já foi renegociado em 2009, aten-dendo a demanda paraguaia.

No Brasil, outro exemplo deempreendimento binacional é o Cen-tro de Lançamento de Alcântara, noMaranhão, base que hoje recebe oprojeto binacional CICLONE, parceriaBrasil-Ucrânia para o lançamento defoguetes. Outros exemplos se espa-lham mundo afora, mas cada caso éextremamente específico. O fato é queo modelo de Itaipu diversificou as te-máticas do Congresso, adentrando nodireito internacional.

O modelo jurídico daItaipu Binacional

Ainda na sexta-feira (04) pelamanhã, a palestra do advogado Ricar-do Luiz Marçal Ferreira retomou asdiscussões sobre sistematização decarreiras. O causídico foi um dos gran-des responsáveis por unificar a con-tensão salarial de procuradores doestado e advogados autárquicos, noestado de São Paulo, que interpreta-va a Emenda Constitucional 41/2003como distinção remuneratória apenaspara procuradores estaduais. Prece-dente aberto por decisão do MinistroRicardo Lewandowski em 2010 aca-bou por consolidar jurisprudência fa-vorável aos advogados autárquicos.De acordo com Ferreira, em São Pau-

lo a taxa de sucesso das ações, boaparte impetradas por ele, chegam a80%.

“Esse processo foi trabalhadoem diferentes vértices. O primeiro é ainterpretação gramatical da própriaConstituição porque ela faz alusão ex-pressa ao termo genérico “procurado-res”, portanto você não pode fazer umaleitura reducente de um texto comessa expressão. Depois há um ele-mento dinâmico porque, ao longodesta década, essas maiores coesãoe integração profissionais vêm se fa-zendo necessárias para o bem dopróprio Estado”, finalizou o advoga-do.

As decisões do STFtratando da expressão

“procuradores” naConstituição

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O aperfeiçoamento da AdvocaciaPública estadual em face das

recentes decisões do STF

Entidades associativas se reu-niram em mesa-redonda, para discu-tir modelos de sistematização da Ad-vocacia Pública nos estados. Além daABRAP, integraram a mesa de deba-te: ANPAF (Associação Nacional dosProcuradores Federais) e a APAFE-CE (Associação dos Advogados Pú-blicos, Procuradores das Autarquiase Fundações do Estado do Ceará). Opresidente da ABRAP avaliou positi-vamente as discussões e deu um bre-

ve diagnóstico do atual panorama nosestados: “Na verdade, nesse sentidoos estados estão desenvolvidos deforma totalmente diferente. Você podecitar exemplos de melhores condi-ções em São Paulo, Paraná, Pará,Minas Gerais e alguns outros. Porém,eu sei das dificuldades que existemem todos os estados, pela movimen-tação que existe para dificultar a valo-rização da advocacia pública como umtodo. O que nós queremos são me-

MESA REDONDA - ASSOCIAÇÕESlhores condições para todos os ad-vogados públicos, e não só para umgrupo. Isso nós deixamos claro queé nos estados que está acontecen-do. A união tem seus problemas en-caminhados, os municípios natural-mente não estão nessa esfera de dis-cussão, mas nós sabemos que bus-cam os encaminhamentos. Mas nosestados a situação é realmente preo-cupante, por conta de interesses cor-porativos. A Advocacia Pública está

disciplinada primeiramente pela OAB,pelo Provimento 114. As decisões ju-diciais do próprio Supremo reconhe-cem a unidade da Advocacia Pública,como tem ficado exposto aqui no con-gresso. Os advogados públicos de-vem ser interpretados como gênero,não espécie”.

A ANAPE (Associação Nacionaldos Procuradores de Estado), foi con-vidada, porém, não se fez represen-tada.

O modelo da AdvocaciaPública, Autárquica eFundacional na AGU

Representando a ProcuradoriaRegional Federal da 5ª Região, o pro-curador Renato Vieira ministrou pales-tra, apresentando os moldes de im-plantação da Advocacia Geral daUnião: “Esse projeto começou aindaem 2000, quando todos os cargos detodas as mais de 150 autarquias e fun-dações foram unificados no cargo de

procurador federal. A partir do ano de2002, com a criação da ProcuradoriaGeral Federal, começou a se ter umaideia de carreira, e os projetos come-çaram a surgir. Hoje nós conseguimosuma atuação concentrada, todos osprocuradores federais atuando deuma só maneira, na representação das159 autarquias e fundações públicasfederais, além do trabalho de consul-toria e assessoramento juridico, e decobrança e recuperação de crédito detodas as entidades”.

Segundo Renato Vieira, o pro-cesso de estruturação da AGU deveser um caminho natural para fortaleceras demais esferas. “Na verdade o pro-jeto não seria de aplicação exclusivana esfera federal. Ele pode ser tran-quilamente transposto, lógico quecom estudos e o devido planejamen-to, para as esferas estadual e munici-pal. Assim como havia na esfera fe-deral uma dispersão de carreiras, namaioria dos estados e municípios ain-da persiste esse cenário”, disse.

O Procurador Geral de SãoPaulo, Elival da Silva Ramos, enfocouna sua palestra que a partir de 1988,com a valorização do direito público,ocorreu a chamada constitucionaliza-ção do direito, posto que, de nadaadiantaria uma constituição extensaque não fosse cumprida. “De fato, oque assegura o cumprimento da Cons-tituição é o controle de constituciona-lidade. Por isso, a importância quehoje se dá aos pronunciamentos dos

ministros do Supremo.Segundo ele, a inserção da

advocacia pública na Constituição de1988 vem na medida da valorizaçãodo direito público e de um maior con-trole da administração pública. Alémdisso, o caráter intervencionista doEstado exige políticas públicas fortese os viabilizadores destas políticas noplano jurídico são os órgãos da ad-vocacia pública, as procuradorias, aAGU, as procuradorias autárquicas, osadvogados das entidades da adminis-tração indireta. “Todos viabilizamospolíticas públicas”, afirmou ele.

Elival informou também queenviou um projeto de lei, o qual daráespaço para a extensão administrati-va das decisões do STF, que viabili-zarão um tratamento remuneratórioparitário em relação ao teto.

Após ministrar palestra, o pro-curador Elival da Silva Ramos tambémrecebeu a comenda de “Honra aomérito da Advocacia Pública”.

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Na programação também hou-ve espaço para algumas homena-gens. O presidente da ABRAP, Mar-cos Vitório Stamm, recebeu do vice-presidente da Associação, EdmilsonMoura de Oliveira, a comenda da Or-dem do Mérito da Advocacia Pública.“Não trabalho por reconhecimento,mas sim por melhores condições paranossa categoria”, disse o presidentenas palavras de agradecimento. Tam-bém receberam homenagens o sena-dor Sérgio Souza (PMDB-PR) e o de-putado federal Mauro Benevides(PMDB-CE) que fizeram parte de umamesa-redonda, discutindo propostasde emenda constitucional referentesà Advocacia Pública.

Sérgio Souza é autor da PEC39/2012, que visa colocar a Advoca-cia Pública dos estados e municípiosno mesmo patamar da União. “Hojenós temos no texto constitucional umaregra única pra todos, no entanto háuma interpretação de que esse textoabrange expressamente os advoga-

dos públicos, autárquicos, procurado-res da União. Não haveria distinçãoentre eles, mesmo pela interpretaçãodada pelo Supremo e pelo estatutoda OAB. No entanto, como não cons-tam expressamente os estados e mu-nicípios, é importante que o texto sejaclaro, para não haver distinções e dis-cussões sobre os direitos e garantiasdos advogados e procuradores autár-quicos dos estados e municípios”,disse o senador.

A presença do deputado fede-ral Mauro Benevides (PMDB-CE) nocongresso fortaleceu a temática cen-tral do evento, que homenageia os 25anos da Constituição Federal. Enquan-to senador, Benevides foi vice-presi-dente da Assembleia Constituinte de1987-1988, que tinha à frente UlyssesGuimarães. “Não há dúvida de que arealização do Congresso Nacional daABRAP objetiva também realçar otranscurso do primeiro quartel de sé-culo da nossa Constituição, ainda maisporque foi através dela que a carreira

ATO DE HOMENAGEM

jurídica da Advocacia Pública foi insti-tuída e sistematizada, assim como asdo Ministério Público e DefensoriaPública. E essa ocasião de 25 anossignifica um realce maior que se devedar à Carta e às inovações que elacontém, sobretudo pela AdvocaciaPública, que vem cumprindo admira-velmente seus encargos. Se há ne-cessidade de aprimoramento do tex-to, ele certamente virá, seja por meiode legislação ordinária ou norma cons-titucional”, disse o deputado.

O senador Eunício Oliveira(PMDB-CE) também foi homenagea-do, assim como o deputado estadualRicardo Pereira Melo (PTdoB-AL) e opresidente da OAB-CE, ValdetárioMonteiro.

”Receber homenagens é sem-pre muito bom, e pra quem faz vidapública, melhor ainda. Eu compreen-

do que essas homenagens não sãopara o senador Eunício Oliveira, massim para aqueles eleitores que eu re-presento, porque eu tenho procuradocumprir o papel que me foi delegadopelo povo querido do meu estado”,agradeceu Eunício, ex-presidente daComissão de Constituição e Justiça doSenado e que hoje preside a subco-missão que atualiza o Código PenalBrasileiro.

Page 10: Jornal abrap 13

Em vista da Constituição deRepública de 1988, as unidades fe-deradas viram-se na contingência dereorganizarem-se, com observânciados princípios constitucionais estabe-lecidos. Em razão disso, foram insta-ladas constituintes estaduais e promul-gadas novas Constituições estaduais.

No Paraná, no que diz respeitoaos serviços jurídicos do Estado, fi-cou mantida a Procuradoria-Geral doEstado, como órgão responsável pelaadvocacia do Estado, e estabelecidasas carreiras dos procuradores do Es-tado propriamente ditos e a carreiraespecial dos advogados do PoderExecutivo. Aqueles incumbidos darepresentação judicial do Estado e daconsultoria jurídica do Poder Executi-vo e, estes (organizados numa sócarreira), com atribuições de represen-tação judicial das autarquias e funda-ções e assessoramento jurídico noPoder Executivo, este coordenadopela Procuradoria-Geral do Estado,objetivando atuação uniforme.

Esse comando constitucionalidentifica a necessidade de integraçãoque deveria existir, desde o início,entre as carreiras no seio do Estado,já que tais carreiras desenvolvem ati-vidades jurídicas manifestamente as-semelhadas e complementares na

A LUTA DOS ADVOGADOS DA CARREIRA ESPECIAL DO PODER

EXECUTIVO DO ESTADO DO PARANÁ EM DEFESA DE SUA CARREIRA,

DA DIGNIDADE DA FUNÇÃO PÚBLICA E DO INTERESSE PÚBLICO“Não permiti que vosso direito seja pisoteado impunemente.” (Rudolf von Ihering, jurista alemão, no célebre opúsculo “A Luta pelo

Direito”)

estrutura do Estado, como carreirastípicas de Estado. A bem da verdade,os serviços jurídicos do Estado foramassim reorganizados em considera-ção aos preceitos da Constituição fe-deral e das atividades que, tradicio-nalmente, exerciam os procuradoresdo Estado e advogados do PoderExecutivo desde anteriormente àConstituição de 1988. A alteração re-levante é que os advogados da car-reira especial, antes dispersos emquadros funcionais distintos, foramorganizados numa só carreira, sob acoordenação da Procuradoria-Geraldo Estado.

Eis os dispositivos da Consti-tuição do Paraná que regem a maté-ria: CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DOPARANÁ - A Advocacia do Estado -Art. 123; as atribuições dos procura-dores do Estado - Art. 124, incs. I aV e Art. 125 e as atribuições dos ad-vogados do Poder Executivo (ADCT,Art. 56, §§ 1º a 3º).

Inobstante as claras disposi-ções da Constituição do Paraná, pro-mulgada em 1989, exsurgiu uma pre-disposição contrária à carreira dosadvogados do Poder Executivo porparte de escalões do próprio Estado,que, manifestada, de pronto, por umaarguição de inconstitucionalidade ao

referido art. 56, do ADCT, junto ao Su-premo Tribunal Federal, se perpetuaaté hoje por várias atitudes e máximepor violações legais, que tem acarre-tado prejuízo não só ao desenvolvi-mento regular da carreira típica deEstado e atendimento às suas atribui-ções constitucionais estabelecidascomo também aos integrantes da car-reira e suas famílias, afetadas por so-negação arbitrária de direitos incon-testes.

É sintomático dessa situaçãodiscriminatória, o amplo acervo de de-cisões judiciais já expendidas tantopelo Supremo Tribunal Federal comopelo Tribunal de Justiça do Paranádando inteiro respaldo à efetividadeda carreira e também ao resgate dedireitos que foram omitidos ou supri-midos aos advogados integrantes dacarreira por sucessivos atentados la-mentavelmente perpetrados desde1990 ano da criação da carreira pelaLei 9.422. A saber:

- IMPUGNAÇÃO DO ARTIGODA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL QUEDETERMINOU A CRIAÇÃO DA CAR-REIRA DE ADVOGADOS: JULGADOCONSTITUCIONAL PELO STF - ADI175

- IMPUGNAÇÃO DAS LEIS DECRIAÇÃO DA CARREIRA DE ADVO-

GADOS: JULGADAS CONSTITUCIO-NAIS PELO STF - ADI 484 (Obs.: adecisão ainda está sujeita a embargosdeclaratórios no tocante ao art. 5º daLei 9422/90).

- ENQUADRAMENTO DOS AD-VOGADOS FUNDACIONAIS NO QUA-DRO DE CARREIRA: PEDIDO DE EN-QUADRAMENTO JULGADO PROCE-DENTE PELO STF - RE 230486

- ENQUADRAMENTO NA CAR-REIRA DOS ADVOGADOS DAS UNI-VERSIDADES: POSSIBILIDADE DEENQUADRAMENTO RECONHECIDAPELO TJPR - AP CÍVEL 920949-6; APCÍVEL 882159-6 E AP CIVEL 655904-0

- QUEBRA DA ISONOMIA VEN-CIMENTAL DOS ADVOGADOS DACARREIRA EM RELAÇÃO AOS PRO-CURADORES DO ESTADO: RESTA-BELECIDA POR DECISÃO DO TJPR(CONFIRMADA JUNTO AO STF) - MS029011-5

- RETIRADA ARBITRÁRIA DASPROMOÇÕES DOS INTEGRANTESDA CARREIRA DOS ADVOGADOS:RESTABELECIMENTO DAS PROMO-

João Gualberto Pinheiro JuniorAdvogado autárquico aposentado

Diretor Jurídico da AAPE e Diretor deComunicação e Informação da ABRAP

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ÇÕES NÃO EFETIVADAS E INDENI-ZAÇÃO DOS ATRASADOS POR DE-CISÕES DO TJPR - AP CÍVEL 840707-2; AP CÍVEL 553106-4 E AP CÍVEL575.365-7

- INDENIZAÇÃO EM RAZÃO DEMORA NA EFETIVAÇÃO DO REA-JUSTE GERAL ANUAL: DECISÃOFINAL DEPENDENTE DE JULGA-MENTO DE REPERCUSSÃO GERALNO STF - RE 519858 (Obs.: determi-nado o sobrestamento em vista de re-percussão geral no STF)

- CÁLCULO INCORRETO DOSADICIONAIS POR TEMPO DE SER-VIÇO: RESTABELECIMENTO DOCÁLCULO SOBRE O TOTAL DOSVENCIMENTOS (VENCIMENTO BÁSI-CO MAIS VERBA DE REPRESENTA-ÇÃO) POR DECISÃO DO TJPR - APCIVEL 905.196-9 E MS 767.894-2

- PERCEPÇÃO DE HONORÁRI-OS DE SUCUMBÊNCIA CONFORMEDISPOSTO NA LEI ESTADUAL 5.743/1968: POSSIBILIDADE - DECISÃODO TRIBUNAL DE CONTAS ALTE-RANDO CONCLUSÃO ANTERIORQUE IMPOSSIBILITAVA - ACÓRDÃO869/09 - PLENO

Esse cabedal de decisões ju-diciais representa um patrimônio deluta, de mais de vinte anos, dos inte-grantes da carreira dos advogados doPoder Executivo em defesa de suasprerrogativas, dignidade profissionale remuneratória e independência téc-nica.

Em defesa - diga-se - de umacarreira típica de Estado, que a soci-edade através de seus representan-tes eleitos no Legislativo estabeleceu,o Executivo regulou e o Judiciário temgarantido. Ao invés de cumprir a Cons-

tituição e as leis que regem a carreirao Estado, por equivocadas vontades,tem dado causa a inúmeras ações ju-diciais. Mas a Justiça tem decidido emfavor da carreira dos advogados e dosseus integrantes, em reconhecimen-to a preceitos constitucionais e legaisestabelecidos e em plena vigência.Em 2004, por meio do Decreto 3636e projeto de lei subsequente sob nº373/2004 nele baseado objetivou-seque fossem remanejados todos oscargos vagos do Quadro Especial dacarreira de advogados do Estado eautomaticamente incorporados pelacarreira de procurador do Estado emclasse e número correspondente.Medida essa que por intempestiva foirepudiada junto ao legislativo estadu-al que concedeu, por emenda substi-tutiva, aumento de vagas no quadrode procuradores do Estado e mante-ve as vagas do quadro dos advoga-dos da carreira especial.

Em 2006, foi quebrada, nova-mente, a isonomia vencimental dosadvogados da carreira aos procura-dores do Estado, que vigia desde ofinal de 1994 em razão de decisão ju-dicial, mas restabelecida em 2010, porato de justa reestruturação do vice-governador que assumira o governodo Estado. Tendo-lhes sido fixada aremuneração por subsídio (EmendaConstitucional nº 29/2010), até o mo-mento não foi concretizada.

Remanesce pendente injustifi-cada negativa de preenchimento dasvagas ociosas da carreira, por con-curso previsto em lei, cujo contingen-te, nesses 24 anos de existência dacarreira, por aposentadoria ou faleci-mento, está reduzido a menos de umterço do quadro, composto inicialmen-

te por 335 vagas (Resolução SEAP/PGE 001/2011).

De outra sorte, em detrimentoda carreira e dos seus integrantes, oexercício das atividades de represen-tação judicial e de assessoramentojurídico nas autarquias estaduais vemsendo irregularmente supridas pela uti-lização de advogados comissiona-dos. A tal ponto se estendeu essaanormalidade que o Ministério Públi-co estadual, através da 1ª Promotoriade Justiça de Proteção ao PatrimônioPúblico em Curitiba, nos Autos de In-quérito Civil nº MPPR-0046.10.000492-1, expediu, em 02 de abril de 2013,recomendação administrativa do se-guinte teor: “RECOMENDAÇÃO ADMI-NISTRATIVA - em face da Procurado-ria-Geral do Estado, das autarquias efundações públicas do Estado do Pa-raná para o fim de que seja vedado prá-tica, por Assessor Jurídico comissio-nado, de qualquer ato de representa-ção judicial ou extrajudicial do Estadodo Paraná ou de órgão da administra-ção direta ou indireta ou, ainda, práticade ato de consultoria, nos termos aci-ma expostos, alertando que o descum-primento da presente recomendaçãopoderá caracterizar desvio de função eensejar a adoção das medidas cabíveis,inclusive, de responsabilização pelaprática de ato de improbidade adminis-trativa.”

É inconcebível que o próprioEstado, nesse longo período, não te-nha pautado por conceder condiçõesde sustentabilidade à carreira, e tenhatomado, em algumas gestões gover-namentais, atitudes de desestabiliza-ção e enfraquecimento, atentandocontra elementos constitutivos da car-reira, cujo objetivo beira a odiosa dis-

criminação. Uma carreira - pasmem -que o Supremo Tribunal Federal, porseu plenário, julgou, por duas vezes(ADI 175 e ADI 484), constitucional!

Urge por cobro, de uma vez portodas, a esse quadro ignominioso emrelação a uma das carreiras da Admi-nistração Pública estadual. Urge res-tabelecer - em face da carreira espe-cial de advogados do Poder Executi-vo - o império da legalidade, do cum-primento das decisões judiciais e daobservância dos princípios que de-vem reger a Administração Pública.

Urge dar o devido apreço à dig-nidade da função pública exercidapelos advogados da carreira especi-al e sua indisputável importância parao desempenho dos serviços jurídicosdo Estado, que dão respaldo à efeti-vação das políticas públicas e à con-cretização do Estado de Direito De-mocrático. Urge sistematizar a Advo-cacia do Estado integrando, de umavez por todas, a atuação e as atribui-ções das carreiras que a compõemno âmbito do Poder Executivo, aexemplo do efetuado pela União, emobservância ao princípio da simetria,aos ditames constitucionais federal eestadual, ao Estatuto da Advocacia eao Provimento 114/2006 do ConselhoFederal da OAB que regula a Advo-cacia Pública. Urge, enfim, reconhe-cer que os integrantes da carreira es-pecial, a par de servidores públicos,são pessoas que tem dedicado partede suas vidas ao serviço público, àsvezes deixando o convívio familiarpara cumprir seu múnus público im-postergável; não devem ser tratados- ultima ratio regum - como filhos en-jeitados e espúrios a serem extermi-nados.

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Advogados públicos que marcaram presença

no II Congresso Nacional da ABRAP

Rua Inácio Lustosa, 909. São Francisco. Curitiba - PR. CEP 80510-000