jornal abra - 15ª edição

8
15ª IMPRESSÃO Santa Maria, novembro de 2008 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA Flores ajudam a suavizar o ritual do Dia de Finados Devoção a Medianeira une 300 mil pessoas na Romaria Descanse em paz A morte é um assunto sombrio pela falta de explicações cientí- ficas, e delicado por envolver o sentimento de fragilidade. Entre- tanto, sua presença é visível de várias outras formas no cotidiano das pessoas. Foram essas relações que o Abra decidiu trazer para essa edição. Página 6 Página 7 Páginas 2 a 5 A fé na padro- eira do Estado do Rio Grande do Sul reuniu uma multi- dão, que demons- trou sua devoção ao longo do percurso entre a Catedral Diocesana, na Ave- nida Rio Branco, e a Avenida Medianeira, onde se localizam a basílica e o altar monumento. Seguindo a tradi- ção ou apenas como tentativa de ameni- zar saudade e dor deixadas pela ausên- cia de alguém que morreu, centenas de pessoas visitam os cemitérios no dia 2 de novembro. Orna- mentar os túmulos com flores está entre as homenagens mais frequentes . MAIARA BERSCH GABRIELA PERUFO JOSEANE STRINGINI

Upload: agencia-centralsul-unifra

Post on 08-Mar-2016

223 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Jornal ABRA - 15ª edição, de novembro de 2008. Jornal laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria - RS.

TRANSCRIPT

Page 1: Jornal ABRA - 15ª edição

15ªImpressão

Santa Maria, novembro de 2008 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

Flores ajudam a suavizaro ritual do Dia de Finados

Devoção a Medianeira une 300 mil pessoas na Romaria

Descanse em paz

A morte é um assunto sombrio pela falta de explicações cientí-ficas, e delicado por envolver o sentimento de fragilidade. Entre-tanto, sua presença é visível de

várias outras formas no cotidiano das pessoas. Foram essas relações que o Abra decidiu trazer para essa edição.

Página 6Página 7

Páginas 2 a 5

A fé na padro-eira do Estado do Rio Grande do Sul reuniu uma multi-dão, que demons-trou sua devoção ao longo do percurso entre a Catedral Diocesana, na Ave-nida Rio Branco, e a Avenida Medianeira, onde se localizam a basílica e o altar monumento.

Seguindo a tradi-ção ou apenas como tentativa de ameni-zar saudade e dor deixadas pela ausên-cia de alguém que morreu, centenas de pessoas visitam os cemitérios no dia 2 de novembro. Orna-mentar os túmulos com flores está entre as homenagens mais frequentes .

MAIARA bERSCh

gA

bR

IElA

pE

RU

Fo

JoS

EA

NE

StR

INg

INI

Page 2: Jornal ABRA - 15ª edição

2 abra 15ª impressão

NoVembro 2008

Expediente

EditorialEm busca da

explicação plausível

Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e

Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra)

Reitora: profª Iraní RupoloDiretora de área: profª Sibila RochaCoordenadora do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: profª Rosana Cabral Zucolo

Professores orientadores: Iuri Lammel Marques, Laura Elise Fabrício, Liliane Dutra Brignol e Sione Gomes (MTb/SC 0743)

REDAÇÃO-APRENDIZChefia de reportagem: Juliano PiresEquipe de reportagem: Joseana Stringini e Vanessa MoroDiagramação: Leandro Gonçalves

Colaboração: Jucineide Ferreira e alunos das disciplinas de Redação Jornalística 2 e Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística - 2‘ semestre, 2008/2

Fotografia: Bibiane Moreira, Bernardo Prates, Bruno Barichello, Gabriela Perufo, Joseane Stringini e Maiara Bersch

Tratamento digital de imagem: Bibiane Moreira, Gabriela Perufo e Vinicius Freitas (integrantes do Laboratório de Fotografia e Memória)

Impressão: Gráfica Gazeta do SulTiragem: 1000 exemplaresDistribuição: gratuita e dirigida

Falar em morte nem sempre é uma tarefa fácil. Na maioria das vezes, pode ser considerado um assunto delicado e constrangedor. Entre as explicações podem estar o fato de o tema envolver elementos ainda desco-nhecidos para as pessoas ou mesmo para os estudio-sos, o que acaba instigando não apenas o imaginário, mas também a busca por esclarecimentos religiosos.

Outra hipótese pode ser a de que a morte está relacionada, na maioria dos casos, a perdas pessoais e aos sentimentos de tristeza e sofrimento, o que, por sua vez, transforma o assunto em algo a ser evitado.

E na busca da tal luz do fim do túnel, o Abra caiu de cabeça (e não morreu!) na missão de trazer à tona outras faces da morte, ou, em outras palavras, mostrar que existe vida jornalística além da morte divulgada em noticiários e jornais, e de apresentá-la com novos olhares, sem almejar o sensacionalismo.

O resultado da constatação não poderia ser dife-rente. A morte está presente, direta ou indiretamente, nos mais diversos aspectos da vida cotidiana: em campanhas pela vida, no comércio, na indústria do cinema, nas políticas públicas e na própria religião. E em se tratando de um assunto intimidador e no qual poucas certezas são uma constante, algumas informa-ções e exemplos possibilitam uma convivência mais amena e tranqüila com o tema.

Como esta é a última edição do semestre, é impor-tante destacar a participação de todos os jornalistas-aprendizes que colaboraram para sua realização e torcer para que o desafio de construir um Abra mais próximo dos acadêmicos ainda gere novos frutos.

Da mesma forma, o jornal agradece a participa-ção dos acadêmicos do segundo semestre pela produ-ção textual e renova o convite para a continuidade da parceria formada.

A equipe deseja a todos Boas Festas, boas férias e, principalmente, uma boa leitura!

Tabaco: de amigo a inimigoPor Felipe da Rosa e Pedro Pavan

Não é de hoje que o ser humano faz uso do tabaco. Há séculos, ele era usado como remédio para tosse e outras patologias. Na Segunda Guerra

Mundial, alguns soldados, como os dos Estados Unidos e da Alemanha, fuma-vam para relaxar da tensão que o con-flito causava.

Hoje o tabaco é um dos componen-tes do cigarro, dentre milhares de subs-tâncias nocivas. O estudo dos males do cigarro, porém, começou a aparecer somente a partir do século passado, com o surgimento de doenças como o câncer, doenças coronárias, cerebrovasculares, pulmonares e aneuris-mas arteriais.

O fumo é responsável por 30% das mortes por câncer e 90% das mortes causadas por doenças pul-monares no mundo todo.

Yuri Teixeira, 22 anos, fuma desde os 16. Ele conta que começou vendo o pai fumar e acendeu o primeiro cigarro por curiosidade. Hoje admite ser difícil largar o vício, ainda mais quando misturado com bebidas alcoólicas. Estima-se que no Brasil, a cada ano, 80 mil

pessoas morrem precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número que não pára de aumentar. O cigarro causa muitos mais danos às mulheres do que aos homens, princi-palmente durante a gravidez, quando o feto também acaba prejudicado e adquirindo várias seqüelas, como pro-blemas respiratórios.

Médicos especializados no assunto dão dicas para parar de fumar. Beber bastante água, mastigar balas e gomas de mascar de nicotina, como substituição ao cigarro, e evitar bebidas alcoólicas e café são algumas das medidas que os fumantes devem tomar se quiserem largar o vício. Exercí-cios físicos também são fundamentais.

Por Jucineide Ferreira

Dia Internacional de Luta contra Aids, Dia Mun-dial de Combate Aids, Dia

Mundial de Prevenção Contra Aids. Todas essas denominações tem o mesmo significado no dia 1° de dezembro. O objetivo dessa data é informar sobre a doença, prevenir o mundo contra o seu avanço e alertar e conscientizar sobre o uso de pre-servativos.

Nesse desenvolvimento e reforço da luta mundial contra a doença, as atividades buscam promover a troca de informações e de experi-ências, além de criar um espírito de tolerância social. A formação desse espírito inclui o incentivo à soli-dariedade, à compaixão e à com-preensão entre os portadores e não portadores do HIV.

Entre as maiores barreiras no com-bate à disseminação da epidemia

estão o preconceito e a discrimina-ção, desencadeados por motivos que incluem falta de conhecimento, mitos e medos. Segundo o Ministério da Saúde, a principal finalidade da data é prevenir, reduzir e eliminar o precon-ceito e dar assistência no tratamento da Aids e em seu diagnóstico.

A data foi criada pela Assem-

bléia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), em outubro de 1987, e vigora no Brasil desde 1988.

Em Santa Maria, situado na Casa Treze de Maio, funciona o Centro de Testagem e Acon-selhamento (CTA), que atende qualquer pessoa com suspeita de portar doenças sexualmente trans-missíveis (DST) e o vírus do HIV. Além do aconselhamento, as pes-soas têm acesso a atendimento médico, distribuição de preserva-tivos e testes gratuitos e sigilosos de HIV e Sífilis.

O centro está localizado na rua Treze de Maio, 35, próximo à ATU. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, com horários alternativos nas segundas, das 17h às 20h, e nas quartas, das 14h às 20h. O telefone para contato é o (55) 3223-7038.

Juntos pela mesma causa

Por Andrez Dorneles Granez

Jovens torcedores, agregados a torcidas organiza-das, têm mudado o significado da palavra torcer, transformando ruas e estádios em ringues de vale

tudo. O resultado dessas brigas leva muitos desses tor-cedores à morte. No Rio de Janeiro, a cidade foi divi-dida pelos componentes das principais organizadas e é constante o registro de brigas em 15 pontos da cidade. Quem invade território do rival é considerado alemão (inimigo) e pode até morrer.

Em São Paulo, não é diferente e os confrontos chegam a ser marcados pelo site de relacionamentos Orkut. As tor-cidas não têm respeito uma pela outra, e o registro de mortes é constante. Algumas torcidas chegam a denominar-se hooligans, em referência aos torcedores europeus ligados a racismo e vandalismo. Muitos desses torcedores incitam verdadeiras guerras, depredam locais públicos e agregam-se a movimentos como nazismo, como ocorreu com um grupo de tor-

cedores do Grêmio que fazia parte de um movimento nazista que venera Hitler, em Porto Alegre. O grupo foi preso no dia 10 de outubro.

No Rio Grande do Sul, só nesse ano, foram regis-tradas duas mortes ligadas a guerras de torcidas. Dois jovens colorados foram assassinados por componen-tes da torcida gremista, no dia 26 de junho, em São

Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, onde são mais freqüentes estas ocor-rências. Além desse caso, foram regis-tradas mais brigas envolvendo torcidas organizadas.

Santa Maria não está livre desses incidentes. Foram registradas, nesse ano, duas brigas na cidade envolvendo torcedores do Inter e do Grêmio,

ambas na região do centro, onde ficam os bares das organizadas. “Só vai haver paz depois que alguém morrer, porque não falta respeito entre os rivais. Sempre um vai querer ser melhor que outro”, relatou o integrante de uma torcida organizada da cidade, que não quis se identificar.

Torcidas desafiam a morte

O fumo é responsável por 30% das mortes por câncer no mundo todo

Torcidas não têm respeito entre si.

Registros de mortes são constantes

Page 3: Jornal ABRA - 15ª edição

abra 15ª impressão 3

NoVembro 2008

Por Ana Barbat, Bruno Barichello e Gilkiane de Mello

A arte no cemitério tem acompanhado, no decor-rer dos anos, a evolução

dos estilos. No Cemitério Muni-cipal de Santa Maria há desde jazigos no estilo neoclássico até o pós-moderno.

O neoclássico teve início no fim do século XVIII e está identificado com a retomada da cultura clássica por parte da Europa Ocidental em reação ao estilo barroco, e mais tarde veio para o Brasil. Em Santa Maria, as obras existentes no cemitério são datadas do final do século XIX e início do século XX com algumas obras vindas da Itália. O que representa o estilo é a har-monia na composição e a busca de inspiração no passado como

as estátuas gregas e colunas.Outro estilo muito encontrado

em Santa Maria não apenas em alguns túmulos no cemitério, como também em prédios, é o art decó, um movimento popular interna-cional de design que teve início em 1925. Exemplos de construção feita nesse estilo são alguns pré-dios da avenida Rio Branco, onde

predominam os detalhes geomé-tricos e ritmo linear.

O estilo modernista data do início do século XX e é um dos de maior destaque no Cemitério Municipal. Suas características principais são a ruptura estética com o engrossamento da arte encontrado nas escolas anterio-res e a ampliação dos horizontes da arte, antes delimitada pelos padrões acadêmicos.

Outro estilo encontrado no local é pós-moderno, atual, com linhas retas e formas ousa-das que vem cada vez mais ganhando espaço.

“Uma boa maneira de saber-mos os estilos predominantes na arquitetura de Santa Maria é visitando o Cemitério Municipal da cidade”, relata o secretário de Cultura e Turismo de Silveira Martins e mestrando em Patrimô-nio Cultural, Cesar Barichello.

A arte refletida no cemitério da cidade

Por Henrison DresslerUma das situações que mais

fragiliza uma família é a morte de um parente. Além de o fune-ral custar caro, a burocracia pode dar muita dor de cabeça. A Lei nº 6.015, de 31 de dezem-bro de 1973, exige um atestado de óbito lavrado em cartório, que por sua vez, só é emitido mediante a declaração de óbito assinada pelo médico que exa-minou o corpo.

Quando uma pessoa morre em um hospital o procedimento é padrão: o médico do hospital assina a declaração de óbito. No caso de assassinato, o corpo

deve ser encaminhado ao Insti-tuto Médico Legal, onde uma necropsia determinará a causa da morte e será emitida a decla-ração de óbito.

A situação mais complicada é a morte em casa, por causas naturais, é nesse momento em que a falta de informações e vulnerabilidade dos familiares pode gerar certa dificuldade. Nesse caso a família deve pro-curar o distrito policial mais próximo e solicitar a remoção do corpo para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), que emite, depois dos exames, o atestado de óbito.

O documento tem como fina-lidade não só confirmar a morte, mas, ainda, definir a causa da morte e tratar dos interesses de ordem legal e médico-sanitária. É o mais importante dos atestados médicos, pois com ele é feito o registro de óbito, que cessa juri-dicamente a vida de uma pessoa.

O órgão competente para regis-trar óbito é o Cartório do Regis-tro Civil do local onde a morte ocorreu. O registro de óbito e a primeira via da certidão são gra-tuitos. Os documentos necessários para a o atestado são: Carteira de Identidade, CPF, Certidão de Nas-cimento ou de Casamento.

O documento final

A morte como negócioPor Evandro Freitas e Leandro Ineu

É natural, todos nascem, crescem e morrem. Em toda a sua história, o homem convi-veu com as dúvidas e mistérios sobre a morte. O assunto é tra-tado com sentimentos de dor e consternação. Mas algumas pessoas são encarregadas para que a angústia e a tristeza sejam amenizadas. É o caso dos pro-fissionais das funerárias, que apesar de tratar desse tema tão voraz progra-mam, dão auxí-lio e mantém um vínculo muito forte com familiares da vítima.

É sobre o assunto que fala o empresário Felipe De David, 24 anos, pro-prietário da funerária São Sepé, no município de São Sepé. Para ele, que começou a tra-balhar em uma funerária perto de sua casa antes de colocar o próprio negócio, o tema morte não é visto com temor. “Sempre gostei de trabalhar neste ramo. Já trabalhava com isso desde os 16 anos e quando surgiu a opor-tunidade consegui abrir meu próprio negócio”, relata.

Quando o tema é tratado como “negócio”, pessoas que trabalham em serviços fúne-bres muitas vezes podem ter o seu papel mal interpretado em decorrência do estado psico-lógico das pessoas perderam algum familiar. “Muitas vezes as pessoas chegam a ser agressi-

vas, mas tento não me importar muito, apesar de ter um negócio empresarial respeito o momento que a família passa logo após uma perda”, afirma De David.

Na funerária São Sepé, um velório custa, em média, 2,5 mil reais e os serviços da fune-rária ainda oferecem cuidados como a parte da documentação e até mesmo encaminhamento de pedido de pensão. Para os que desejam dar a seu familiar

um velório mais luxuoso, podem gastar até 7 mil reais na cerimô-nia. Em outros estabelecimen-tos que prestam serviços fúne-bres os preços podem chegar

até 20 mil reais. O aumento do custo está relacionado ao mate-rial do caixão, dos arranjos de flores e do cerimonial.

Há também pacotes mais baratos para as pessoas que têm menos condições. Com 1,5 mil reais já é possível ter todos os serviços que a empresa ofe-rece. Em relação a atendimento psicológico aos familiares, De David ressalta que em empresas de cidades como Porto Alegre esse serviço já foi posto em prá-tica, porém sem sucesso. Ele explica que muitas vezes isso causa constrangimento às pes-soas. “Nós procuramos então dar à família uma maior como-didade, por mais difícil que seja o momento. Capela climati-zada, e toda assistência que for viável”, conclui o empresário.

Por Alessandra Tonatto Noal, Jaqueline Barreto e Verônica Barbosa

No Brasil, o passo principal para você se tornar um doador de órgãos e tecidos é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. A doação pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica.

A doação de órgãos e tecidos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento de sua morte, uma ou mais partes do seu corpo, como córneas, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas, ossos, medula óssea, pele, e valvas cardíacas - em condições de serem aproveitadas para transplante - possam ajudar outras pessoas.

Em Santa Maria, após o primeiro exame clínico, realizado pelo médico intensivista e/ou neurologista sugerindo a morte encefá-lica, é avisada a Central de Transplantes de Porto Alegre e Comis-são Intra-Hospitalar de Captação de Órgãos e Tecidos do Hospital Universitário de Santa Maria (CIHCOT/ HUSM), para que ambas possam organizar-se de acordo com suas respectivas rotinas.

Pela lei brasileira, todos somos doadores, mas há restrições absolutas apenas para aidéticos e pessoas com doenças infecciosas ativas e fumantes, que não são utilizados como doadores de pulmão. Em casos de morte violenta ou sem diagnóstico definido, o cadáver deverá ser necropsiado pelo Departamento Médico Legal.

Nenhuma religião é contra a doação. Pelo contrário, toda religião apóia o amor aos outros, que inclui o ato de doar-se. Para um trans-plante de órgãos, só importa a compatibilidade entre você e as várias pessoas que esperam um coração, um pulmão, um rim. Uma vida.

O homem convive comas dúvidas

e os mistérios sobre a morte

A morte salvando vidas

Em alguns túmulos os estilos inovam e incluem estátuas e outros acessóriosna decoração

Foto

s B

ru

no

Ba

ric

he

llo

Estilo pós-moderno: predominância de linhas retas e formas ousadas

Page 4: Jornal ABRA - 15ª edição

4 abra 15ª impressão

NoVembro 2008

Por Sofia Viero e Juliane Furquim

Dia 2 de novembro, dia de finados, é uma data lem-brada em todo o Brasil

e leva muita gente a visitar os túmulos de seus entes queridos. Muitas dessas pessoas são movi-das até o cemitério não só pela saudade, mas também pela fé em pessoas ditas especiais, os santos populares.

O caso mais famoso na região é o de Maria Zaira Cordova Pen-na, conhecida por Mariazinha Penna, que ficou popular após sua morte em 11 de outubro de 1953, aos 20 anos de idade. Aos

16, Maria bateu a perna esquerda na quina de uma cadeira, o local ficou roxo e sensível. A moça sentia dor intensa e dificuldade para caminhar. Seu namorado fez uma promessa a Santo Antão e, por um ano, Maria parecia cura-da. Quando as dores voltaram, ela descobriu um câncer na par-te alta do fêmur, com um tumor ósseo bastante desenvolvido. As dores insuportáveis a faziam gri-tar e nem as aplicações diárias de morfina lhe aliviavam. Da ferida aberta vazava uma secreção cujo odor ficou impregnado em seu quarto. Como se já soubesse de seu destino, Maria rezava e con-fortava todos que estavam do seu

lado. Quem a viu morrer, conta que o odor do quarto se dissipou assim que Mariazinha morreu.

A devoção e os pedidos come-çaram um mês após sua morte e seu túmulo é o mais visitado no Cemitério Ecumênico Munici-pal. As pessoas se dirigem até lá para agradecer ou fazer pedidos durante todo o ano. Placas de mármore, velas e flores sempre são colocadas no local. “Faz muito tempo que venho até o ce-mitério e sou devota da Mariazi-nha Penna. Eu recém era casada e já estou com 76 anos, porém eu nunca precisei pedir nada. É devoção mesmo”, diz Cândida Silva Ávila, que visitou o túmu-lo no domingo de finados.

A ligação de Maria Helena Nunes Serafini, 79 anos, vai além de uma simples devoção: “Conheci toda a família dela. Sempre que faço alguma pro-messa e sou atendida venho agradecer. Sei que ela fazia seus pais rezarem junto com ela.” A filha de Maria Helena quase en-trou para a família de Mariazi-nha. “Fui namorada de um dos sobrinhos dela, e minha mãe era devota. Venho ao cemitério des-de pequena e fui atendida direi-tinho sempre que pedia algo”, relata Maura Cecília Serafini Canabarro, 56 anos.

Devoção à predestinadaPor Andressa Alves Oliveira, Carolina Brum Corrêa e Thassiani Guazina Porto

A morte pode ser encarada de diferentes maneiras nas mais diversas religiões, desde o modo como acolhem seus fiéis até sua forma de acreditar ou não em vida após a morte. Algumas vêem a vida como única e outras acreditam que exista uma pos-sível reencarnação e ressurreição.

Segundo a Igreja Evangélica Quadrangular, ao homem está destinado morrer apenas uma vez. “A morte será o começo de uma vida plena, onde você gozará de tudo o que Deus tem re-servado para nós”, defende Aldeci Vieira, 42 anos, adepta da re-ligião. Para os evangélicos, a morte é entendida como um acon-tecimento natural já que nossa vida pertence a Deus e somente Ele sabe a hora de requerê-la de volta.

As Testemunhas de Jeová acreditam que a morte é o fim, pois quando se morre acaba tudo. Apesar de terem essa posição, pregam que após o “Armagedon”, maneira que denominam o começo de uma nova era para a humanidade, as pessoas que morreram irão ressuscitar para uma nova vida. “As pessoas que tiveram atitudes boas e acreditaram em Jeová ressuscitarão, as outras serão julgadas por seus atos. Assim poderão habitar no novo mundo que virá a existir”, afirma Loretti Guazina, 42 anos, seguidora da religião.

A Igreja Católica vê a morte como uma passagem do presente para a nova vida, a vida eterna prometida por Cristo. A alma da pessoa morre junto com o corpo e passa pelo purgatório, onde são pagos os pecados cometidos em vida, e depois encaminha ao céu ou ao inferno. “Todos serão ressuscitados no fim dos tempos, corpo e alma”, diz Armindo Asman, padre da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Restinga Seca.

Diferentes pontos de vista

Por Ana Gabriela Vaz e Larissa SarturiÉ difícil falar de morte com as crianças. Como explicar que

o papai, a vovó ou o irmãozinho partiu e não irá voltar? Como esclarecer que ficará apenas na lembrança?

Ao morrer uma pessoa querida, é importante para a criança que a notícia seja dada por alguém bem próximo e a linguagem deve ser simples e direta. As crianças pequenas vivem no mun-do da fantasia, e explicações difíceis abrem espaço para que acreditem que a morte tem volta.

A compreensão infantil da morte está diretamente relacio-nada ao desenvolvimento cognitivo da criança, e a idade faz muita diferença. Algumas famílias preferem dizer à criança que a pessoa que morreu viajou para longe. Isso acarreta em um sentimento de ansiedade infantil. A criança imagina o retorno da pessoa e sofre ainda mais, devido a isso os psicólogos reco-mendam que a verdade seja contada.

Os especialistas costumam dividir as reações das crianças em quatro etapas: entorpecimento, protesto, desespero e aceitação. A psicóloga Daniele Pinto de Oliveira explica que a primeira fase é a mais importante, é onde a criança vive o choque da notícia, com momentos de raiva, perturbação e até dor ao ter de aceitar a realidade da perda. Na etapa de protesto, a criança vive a tristeza, a saudade e a solidão, junto com a ansiedade da separação e a procura da pessoa perdida. Já a fase do desespero é a expressão do sentimento de abandono. A psicóloga destaca que a ansiedade pelo retorno persiste, mas a criança sente raiva, tristeza e depressão, podendo tornar-se introspectiva e apática.

Ela esclarece que “o início da recuperação dá-se a partir da última etapa”, na qual a adaptação sem a pessoa amada começa a ser tolerada. A criança abre, aos poucos, espaço para novos sentimentos e cria condições para reinvestir em novos relacio-namentos afetivos, completa Daniele.

Algumas atitudes são formas de ajuda para vivenciar o luto. O professor, ao perceber o aluno, deve dizer a ele que sabe que ele perdeu uma pessoa querida e que está à disposição para conversar. Tristeza, revolta, agressividade e queda no rendi-mento escolar são normais. Em alguns casos acontecem até mesmo regressões, a criança volta a ter atitudes de bebê como chupar o dedo por exemplo. Deve-se ter cautela e paciência para cobrar uma melhora nos estudos.

A professora Norma Cardozo conta que já passou muitas vezes por essas situações. “Sempre tento mostrar a eles que a morte não é um castigo, é um acontecimento e todos passarão por ela um dia”.

O efeito do luto na infância

Por Maurício Almeida Araujoe Daniel Bueno

A crença na vida após a mor-te tem explicações diferentes para as religiões. Uma delas, o Espiritismo, que segue os ensi-namentos de Allan Kardec, crê que a vida terrena é apenas uma breve passagem, e que, quando o corpo morre, a vida espiritual continua em um plano superior.

Buscar evolução e corrigir er-ros do corpo e da alma é um dos alicerces da religião espírita, que acredita que após a morte o espí-rito busca conhecimentos, para enriquecer-se e melhorar para um novo retorno ao plano mate-rial. “Depois da morte, o espírito busca evoluir e corrigir os erros que fez em vida terrena”, explica Isabel Cristina Almeida, 40 anos, que não é da religião, porém acre-dita na teoria kardecista.

Os espíritas fazem reuniões, nas quais afirmam manterem contato com pessoas mortas para auxiliá-las na busca do plano pós-morte. O que pode ser difí-cil de ser compreendido por pes-soas de outras religiões, como o caso de Jacira Corrêa, de 92 anos. “Não acredito no Espiritis-mo, já vi pessoas fingindo estar mantendo ligações com espíri-tos”, afirma Jacira, reconhecen-

do que, apesar disso, confia que a vida continua.

Para alguns espíritas seria in-justo que a vida terminasse no momento do falecimento, por-que não seria possível resgatar os erros cometidos na vida terrena. “Como aceitar que pessoas que cometeram crimes não pagariam

por suas faltas?”, interroga-se Andréia Georgina Capeletto, 36 anos, que segue o Espiritismo. Então, depois de tudo, depen-dendo do grau de evolução de cada um, o espírito voltaria e começaria um novo ciclo, que seria finalizado quando estivesse completamente esclarecido.

Para o espiritismo não há morte

Por Claudiane Veber e Leandro PassosA morte sempre foi um tema contraditório. Um assunto que

as pessoas preferem não comentar ou nem mesmo pensar. Para esta edição do Abra, os alunos do Jornalismo foram ouvir a opi-nião dos funcionários e alunos da Unifra sobre o tema.

Enquanto alguns a temem, como Maurício Lavarda, acadêmi-co do 8º semestre de Publicidade e Propaganda, a maioria não sente medo. É o caso de Fabiano Mello da Silva, recepcionista da instituição, que diz ser algo normal.

Quando questionados sobre a primeira impressão ao ouvirem a palavra “morte”, as respostas foram as mais variadas. Escuri-dão, falta de ar, cenas do próprio enterro, tristeza, dúvida, curio-sidade e até a famosa imagem da representação da morte com a foice, foram citadas. “Eu penso no céu e no paraíso”, disse Bruno Pozzobon, acadêmico do 4º semestre de Odontologia. Já para Ogier Rosado, a lembrança que surge é a sensação de per-da. “O pior é para quem fica: a saudade”, finaliza o acadêmico do 2º semestre de Turismo.

Dos 16 entrevistados, apenas cinco não acreditam em reencar-nação da alma. Entre os que acreditam está Rodrigo Kaufmann, acadêmico do 6º semestre de Ciências Contábeis. Segundo ele, após a morte a pessoa evolui para um nível superior e depois de um tempo retorna à terra.

O que se pensa da morte?

Maiara Bersch

O túmulo de Mariazinha recebeu muitas homenagens e agradecimentos

Page 5: Jornal ABRA - 15ª edição

abra 15ª impressão 5

NoVembro 2008

Muro do medo

Por Bernardo Prates

O muro inacabado do Cemi-tério Ecumênico Munici-pal é um problema aos

vivos, e não para os mortos. A má conservação do muro e a falta de cuidado com a vegetação ajudam para que o local seja usado como esconderijo para os assaltantes, e a falta de policiamento torna fácil a ação dos bandidos que aprovei-tam a noite para agir.

Mais um dia de trabalho cansa-tivo para a professora municipal Sonia Flores, de 50 anos. Seria

um bom dia se não fosse a sen-sação de medo que passa sempre ao retornar a sua casa. “Quando é de noite passo correndo por aqui, perigoso alguém se esconder. E toda hora tem gente por ali (no muro)”, conta Sonia.

Como Sonia, a aposentada Te-resinha Kovalczyk, de 70 anos, também tem medo ao passar por perto do cemitério para fazer compras. “Tem que abrir o olho, pelo perigo de se esconderem no meio do matagal. Passo por aqui com medo”, relata. “Eles fazem promessa para vir fechar esse

muro, mas nunca fazem nada”, referindo-se aos políticos.

A doméstica Vera Alves, de 54 anos, já foi perseguida duas vezes no local. “Lá (apontado para o muro) é ‘bar’ para os dro-gados, teria que fechar, mas nin-guém se impõe. Passo por aqui com medo, quase fui assaltada duas vezes”, desabafa Vera.

As reclamações são muitas e os moradores não gostam de viver nessa insegurança. No ano passa-do, surgiram boatos para construir um necrotério no local, o que até agora não saiu do papel.

Por Fabiano OliveiraQuando nos deparamos com a morte de algum familiar, amigo

ou alguém muito próximo é inevitável. O choro vem, o desespero aparece e a tristeza é forte.

Nesse momento, é preciso que se faça o que não é comum, aque-la série de procedimentos que não está presente no dia-a-dia das pessoas. Contatos com funerária para os trâmites legais, conver-sas com médicos legistas para a descoberta dos motivos da morte, contato com cemitério, na tentativa de um lote para o enterro.

Pode parecer triste, e de fato é, mas existem pessoas que traba-lham justamente com a morte dos outros. São homens e mulheres que encaram aquela que é a pior das dores que uma família pode sentir: a perda de alguém querido. Profissões que não são as mais conhecidas, muito menos as mais procuradas, como a de legista, coveiro ou agente funerário.

Carlos Dorneles da Silva, 46 anos, trabalhou mais de 20 anos como taxista. Durante esse tempo, ele nunca cogitou a possibilida-de de um dia levar pessoas mortas no carro. “O mais complicado foi ter que ficar quieto. Eu sempre fui muito falante. Fazia falar até quem era mais quietinho”, conta o homem que trabalha há oito meses dirigindo o carro fúnebre de uma funerária da cidade.

Silva conta ainda que não tem como se acostumar com esta profissão, relata que cada família tem uma forma peculiar de tra-tar o assunto. Quando perguntado sobre sua vontade de voltar ao táxi, ele sorri, chega a desconversar, mas se diz feliz e grato com a oportunidade que recebeu. Silva completa dizendo que sempre fará o seu melhor, seja no táxi ou no carro fúnebre.

Uma corrida diferente

Por Ariéli Ziegler e Carla Tavares O Cemitério Ecumênico Municipal sofre com ações do tempo e

precisa de melhorias e revitalização. A manutenção é feita com re-tirada de lixo uma vez por semana, capinas regulares e a prefeitura estuda a possibilidade que coleta de resíduos passe a ser feita em mais dias. O estado de conservação de alguns túmulos que estão cobertos de mato e depredados não pode ser resolvido pela prefei-tura, pois são considerados propriedades particulares.

Idealizador de um projeto que tem por objetivo a construção de uma área anexa ao Cemitério Ecumênico, com estacionamento e capelas mortuárias que se ligariam ao seu interior por uma peque-na rua, o engenheiro civil da Secretaria de Obras da prefeitura, Elmo Bortolotto, explica que, por falta de recursos, a prefeitura teve que adiar o projeto. “As obras estavam previstas para começar em 2007, mas faltaram recursos. Com a mudança de prefeito, não é possível dizer se ele será levado adiante”, destaca Bortolotto.

O administrador do Cemitério Municipal, Álvaro Spironello, relata que em função da transição da prefeitura da cidade, trocas de cargo e balanço orçamentário, reparos e melhorias ficarão para a nova gestão, pois no momento a lei de responsabilidade fiscal da cidade fará um levantamento sobre as reais necessidades do Cemitério Municipal de Santa Maria.

Por Cesar RodriguesA indústria do cinema investe muito dinheiro em filmes violen-

tos: quanto mais sangue, melhor. Esse gênero tem clientes fiéis, formados, na sua maioria, por adolescentes.

Uma pesquisa realizada em algumas locadoras de DVD de Santa Maria revela que a principal faixa etária dos clientes que procuram este tipo de filme é dos 15 aos 25 anos. “Quando a gurizada fica sabendo do lançamento da seqüência, ou de um novo filme desse tipo, fazem fila para reservar a locação”, diz Priscila Moraes, atendente de locadora.

Mas o que leva os adolescentes a procurar filmes violentos? Dos entrevistados, 80% dizem gostar de sentir medo: a adrenalina aumenta e gostam de sentir um “friozinho na barriga”. Os outros 20% não gostam ou só olham porque estão junto com amigos. En-tre as respostas dadas, surgiram justificativas interessantes:

“Eu gosto, porque os assassinos são extremamente inteligentes” (Paulo R.Santos, 18 anos)

“Fico fascinado com o poder de persuasão dos criminosos” (Marcos Santini da Silva, 22 anos)

“Me sinto bem e mais leve após assistir filmes violentos” (Lu-cas Marafiga, 16 anos).

A legião de seguidores dos filmes de terror tem aumentado. Exis-tem até encontros internacionais, em que os fãs do gênero se reúnem para trocar idéias, experiências e assistir a lançamentos e raridades.

Ecumênico aguarda nova vida

Muita violência para locação

Por Liciane Brun e Maiara Bersch

Eles já se foram há muito tempo. Porém continuam vivos para seus fãs, que acompanham a carreira e continuam a idola-tria mesmo após a morte. Ou-tros conhecem esse sentimento apenas depois que eles parti-ram. Na memória, nos discos, nas histórias, nas letras das mú-sicas ou em um simples pôster de parede, os ídolos vivem para sempre no interior de quem foi conquistado pelo seu som.

“Cada vez que ouço Beatles é uma sensação diferente. É como se fosse a primeira vez”, comen-ta Saulo Silva, 56 anos. Fã dos Beatles há mais de 40 anos, tem uma admiração incomum pela banda e por cada um de seus in-tegrantes. Saulo passou 14 anos de sua vida ouvindo apenas Beatles, possui todos os álbuns oficiais, teve a oportunidade de conhecer a casa deles em Liver-pool, e possui uma banda que faz tributos ao grupo inglês.

Saulo lembra com detalhes o dia da morte de John Lennon. “Minha mulher viu o meu deses-pero, e disse que eu poderia dar o nome do nosso próximo filho de Lennon. Foi o que aconte-ceu, ele nasceu em 1982”. Após

a morte do ídolo, Saulo ainda sentia-se abalado. “O pós-morte é igual a uma separação. É o que mais dói”. Hoje, não é da morte de Lennon e George Harrison que Saulo lembra. Para ele, não interessa saber se estão vivos ou mortos. Essa é a idolatria.

Os ídolos, mesmo depois de mortos, continuam fazendo no-vos admiradores. Bruno de Oli-veira, 20 anos, começou a gos-tar de Renato Russo cinco anos após sua morte. Não chegou a conhecer o cantor, mas para ele o importante é a sensação de

bem estar causada pelas músicas de Renato. O mesmo acontece com Frank Simonian, 34 anos e que, com apenas cinco anos de idade, pediu de presente um dis-co do Elvis e, desde então, não parou de escutar as músicas do seu maior ídolo.

Para os fãs, o que importa mesmo é o que se eterniza. Não pensam nos cantores como pes-soas que já morreram. Eles são lembrados pelas suas músicas, pelo talento e pelas obras que deixaram. É isso que supera a morte e se torna eterno.

Eles não morreram, eternizaram-se

Saulo exibe com orgulho uma de suas pérolas dos Beatles

A falta do muro é um convite para criminosos e outros visitantes

Bernardo Prates

maiara Bersch

Page 6: Jornal ABRA - 15ª edição

Por Andressa Sarturi, Gabriela Fogliarini

Ruas e avenidas são tomadas por uma revoada de borboletas que pousam no asfalto. São as borboletas pela vida. A ação inte-gra as atividades do Projeto Vida Urgente, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, que tem como sede Porto Alegre e possui núcleos em outras cidades. Em Santa Maria, existe desde 1998 e é coordenado pela professora Ceres Zasso Zago, mãe de uma vítima da combinação álcool e direção.

São pinturas de borboletas que sinalizam os locais onde aci-dentes deixaram marcas e vidas se foram. O objetivo é alertar a população sobre a gravidade e a quantidade de desastres no trân-sito. É um conjunto de ações que visa, através da conscientização,

diminuir os acidentes, principal-mente os que envolvem jovens. O impacto surge junto com a curio-sidade e a informação de que naquele local uma vida se perdeu. “A iniciativa de prevenir aciden-tes é uma forma de multiplicar idéias sobre educação no trânsito. É cho-cante saber que ali estava uma vida”, diz Ele-nilson Pinheiro, 24 anos, cine-grafista, que se mostra sensibili-zado diante de uma pintura.

Refletir sobre as conseqü-ências de um dos grandes pro-blemas do nosso país é ao que o projeto se dedica. Isso incen-tiva divulgações, projetos e tra-

balhos acadêmicos, todos em prol do mesmo objetivo. Assim como está exposto no artigo “As Borboletas nasceram para o céu”, da professora Joselma Maria Noal, que mostra seu apelo por mudanças na educa-

ção do trânsito: “Não queremos mais borbole-tas no asfalto, queremos mais i n v e s t i m e n -tos em educa-ção. Não basta punir, tem que educar, fazer

com que as pessoas reflitam sobre o poder que têm dentro de um automóvel, e os que estão fora dele, nos órgãos governa-mentais, devem assumir sua parcela de responsabilidade”.

6 abra 15ª impressão

NoVembro 2008

Homenagem expressa pelas flores

País campeão de homicídios Revoadas de vidas que já se foram

Por Vanessa Barbieri Moro

Como superar a morte de algum familiar? Quem não gostaria de encon-

trar o ente querido em outra vida? Essas são questões que permanecem muitas vezes sem respostas. Quando se perde alguém, a vida é totalmente afe-tada e transformada pelo ines-perado. A angústia toma conta do ser e fica a pergunta, “porque aconteceu comigo?”. O amor e a saudade, com o passar do tempo, tor-nam-se maio-res do que a tristeza por aquela pessoa que partiu. Junto com essa mudança de sentimento vem a necessi-dade de reavivar as lembranças. Sendo assim, o Dia de Finados representa uma data especial para recordar de parentes e amigos que já se foram. Visitar os túmulos e levar flores foram tarefas que iniciaram cedo da manhã do primeiro domingo de novembro.

“Pode escolher, freguesa!”. A frase tomava conta das bancas de flores, em frente ao Cemi-tério Ecumênico Municipal de Santa Maria. A rua estava coberta pelas mais variadas espécies da planta e o colorido encantavam os olhos de quem passava. Todos procuravam o ramo mais bonito e florido para prestar as homenagens aos entes perdidos. A estudante Priscila Rodrigues, 15 anos, que desde criança ajuda sua avó a vender flores no local, revela um caso que marcou sua infância. Certa

vez a menina, que na época só acompanhava o comércio das flores, disse a uma mulher que passava em frente à banca: “Pode escolher freguesa!”. A reação da mulher foi de com-prar pelo simples ato de Priscila ter oferecido. Durante o perí-odo da manhã o movimento nas bancas era grande, mas segundo os vendedores é no início da tarde que ele se intensifica.

A dona de casa Ivani Dalla Corte Pigatto, 50 anos, ajuda

há 12 anos o cunhado a c o m e r c i a l i -zar os produ-tos. Esse ano eles trouxe-ram cerca de 600 maços de flores. Ivani comenta que

os produtores que mais vendem são os das primeiras bancas. A distribuição das mesmas ocorre por meio de sorteio. O espaço é pago durante o ano todo e permite aos comerciantes tra-balharem também no Dia das Mães e dos Pais. As flores mais procuradas pelos compradores, segundo a vendedora, são a palma vermelha e o crisântemo. Para ela, cada pessoa atribui um significado próprio às flores. A simpatia da vendedora também a ajudou construir várias ami-zades no decorrer dos anos. Por morar em Silveira Martins e se deslocar pouco as cidades vizinhas ela define o trabalho como aliar o útil ao agradável. “O movimento é intenso, can-sativo, mas é recompensador, gratificante”.

A engenheira civil Ana Lúcia Porto Alegre Steckel, 56 anos, é adepta a religião espírita. Ela foi ao

cemitério ecumênico levar flores no túmulo de seu pai e explica que o ato é mais por uma ques-tão social. “É para a sociedade não pensar que o local onde ele está enterrado está abandonado”, esclarece Ana Lúcia. Segundo a engenheira as orações e preces são feitas somente no centro espírita, onde os fiéis podem se comunicar, pois crêem na sobre-vivência da alma. “É um dia de muitas rezas, os espíritos preci-sam de orações devido ao cha-mamento”, destaca Ana Lúcia. A doutrina espírita orienta que no cemitério o corpo serve apenas de instrumento para o espírito.

Há 13 anos, a dona de casa Alzira Nascimento Barbosa, 69 anos, perdeu seu filho. Ele tinha 29 anos e três filhos. O crisân-temo, em suas mãos, representa o amor e saudade. “Não posso dizer tristeza. Ele está vivo no meu coração”, diz emocionada. Ela conta que quando ele era pequeno, sempre se aproximava com a mão escondida para trás, onde trazia um ramo de flores. “Hoje sou eu que trago flores para ele”, diz Alzira. No dia do aniversário e do falecimento do filho, a dona de casa segue o mesmo costume do dia de finados: vai ao cemitério colo-car flores em seu túmulo. Esse ano, na véspera de Finados, ela colocou dois botões de rosas na estante ao lado da foto.

A rotina de Alzira mostra que não existem conselhos ou dicas para superar a dor e a angústia por aquele que já foi. Mas às vezes se torna neces-sário expressar os sentimentos para manter viva a lembrança dos momentos em que essas pessoas estiveram juntas e que marcaram o passado.

“Os espíritos precisam

de orações devido ao

chamamento”

Borboletas brancas marcam

locais onde jovens morreram

no trânsito

“Pode escolher, freguesa!” era a

frase mais ouviida. Em várias bancas

instaladas em frente ao Cemitério

Municipal, vendedores

tentavam chamar a atenção dos visitantes, que

depositam nas flores mensagens de afeto em relação a quem

já morreu

Foto

s G

ab

rie

la P

er

uFo

Por Camilla Guterres e Gabriela Perufo

O número de homicídios no Brasil é recorde mundial: são registrados 45 mil por ano, e cerca de 10% dos municípios brasileiros concentram grandes números. Estatisticamente, a cada doze minutos, uma pessoa morre assassinada no país.

Em 1999, um estudo do sociólogo Julio Jacobo Wai-selfisz afirmou que em grandes centros urbanos houve uma estagnação dos índices de vio-lência, enquanto aumentavam nas cidades do interior. Con-trariando este estudo, Santa Maria apresenta um número considerado pequeno de assassinatos. Em 2007, foram

registradas 13 mortes por assassinato (uma morte para cada 20 mil habitantes). Até outubro de 2008, são 11 regis-tros, de acordo com o Dele-gado de Polícia Oscar Correa dos Santos Junior, da Delega-cia de Polícia Regional.

Um assassino pode ser con-denado por homicídio doloso, quando tem a intenção de matar ou homicídio culposo, em que a morte da vítima pode ser previsível, mas não é planejada. A probabilidade de um assassino ser condenado e cumprir pena no país é de 1%, embora o Brasil registre 12% dos homicídios que acon-tecem no mundo, segundo Carlos Lopes, sub-secretário da ONU no Brasil.

Page 7: Jornal ABRA - 15ª edição

NOVEMBRO 2008

aBRa 15ª iMpREssãO 7

Por Joseana Stringini da Rosa

Oração, agradecimento, devo-ção e muita fé. Essas foram as manifestações vistas por

quem participou da procissão à imagem de Nossa Senhora Media-neira realizada no domingo, dia 9 de novembro. Cerca de 300 mil pessoas compareceram à 65ª edição da Romaria Estadual da Media-neira. Entre os devotos era possí-vel encontrar as cenas de gratidão que se repetem a cada ano edição: crianças vestidas de anjo, pessoas descalças e o choro de muitos fiéis.

Enquanto alguns devotos fazem isso para pagar suas promessas por pedidos atendidos, outros buscam apenas demonstrar a fé na Media-neira. Este é o caso de Elenice Ribeiro, 28 anos, que durante a pro-cissão carregava em seu colo a filha, Eliza, de oito meses, vestida de anjo. “Não fiz promessa alguma. Deu tudo certo no nascimento e a saúde dela é perfeita. O motivo maior de estarmos aqui é para agradecer por tudo de bom que está acontecendo em nossas vidas”, conta Elenice.

No percurso, que saiu da Cate-dral, na Avenida Rio Branco, e percorreu a Rua do Acampamento em direção à Avenida Medianeira,

os fiéis carregavam velas, acena-vam com flores, batiam palmas e se emocionavam ao verem a imagem da Medianeira.

“Há dez anos que participo da Romaria, e todo ano minha fé se renova. Não consigo não chorar ao ver a imagem da nossa padro-eira. Fico muito emocionada, pois ela já atendeu vários pedidos meus e tenho muito a agradecer a ela”, explica Cláudia de Lima, 58 anos.

Mas não é só de fiéis e devotos que a Romaria é composta. Diver-sos produtos foram comercializa-dos em bancas montadas ao largo da Avenida Medianeira, além dos tradicionais ambulantes que cir-culavam durante a procissão com produtos religiosos. Paulo Ricardo Ramos Ferreira, 20 anos, veio de Porto Alegre para vender flores. “Venho desde os meus 15 anos na Romaria, meu maior motivo de estar aqui é conseguir um dinhei-rinho extra. Não venho para rezar e nem pedir nada, mas não posso negar que todo ano a Medianeira tem ajudado muito no meu bolso”, declara Ramos.

Quem conferiu o evento no domingo pôde ver pessoas de diversas idades, desde os bebês de colo até idosos. Mas o que impres-

sionou mesmo foi o grande número de jovens romeiros. Estela Naet-zold, 21 anos, percorreu todo o tra-jeto da santa com os pés descalços: “Não existe idade para acreditar-mos em algo superior a nós. A fé não tem idade. É o terceiro ano que participo e nessa Romaria estou cumprindo a promessa que fiz e agradecendo por Nossa Senhora Medianeira ter me ajudado”.

O tema da Romaria deste ano foi “Ai de mim se não evangelizar”, que remete à importância de levar a palavra de Deus a quem não a conhece. O evento retoma também a Campanha da Fraternidade de 2008 com o lema “Escolhe, pois, a vida”, promovendo uma reflexão sobre a importância da valorização do ser humano e do meio ambiente.

Durante a procissão foram distri-buídas revistas e livretos produzidos pela diocese de Santa Maria para que os romeiros pudessem acompa-nhar as orações, as leituras bíblicas e os cantos. Também foram colocadas caixas de som nos postes em todo o trajeto percorrido pela romaria.

A imagem da Medianeira foi pin-tada em maio de 1930, pela irmã Angelita Stefani. Na década de 40, a fé em Medianeira era tanta que a Mãe se tornou a padroeira do Estado.

Procissão acompanhada de muita fé e emoção

Foto

s J

os

ea

ne

str

ing

ini

A acampamento foi tomada por quase 300 mil pessoas

Pessoas de diferentes idades reuniram-se nas manifestações de devoção diante de Nossa Senhora Medianeira

Brigada auxiliou no isolamento da imagem durante a procissão

Por Marcos BorbaSanta Maria foi uma das cidades pioneiras no Rio

Grande do Sul em instituir por lei a prática de cremação, porém o processo nunca foi efetivado. Em 1988, o então vereador João Nascimento apresentou e aprovou o pro-jeto de Lei nº 3000/88, que possibilita que o município ou empresas privadas ofereçam o serviço. Na justifica-tiva do projeto o vereador constata que “a implantação de fornos crematórios é uma prática de ampla difusão nos países civilizados, em razão de sua praticidade.”

O Crematório Metropolitano São José, de Porto Alegre, também justifica que a cremação é uma prá-tica muito antiga e uma importante alternativa ao sepultamento. Outra vantagem apontada pela empresa é a higiene do processo, totalmente não poluente e em harmonia com o meio ambiente. Segundo o Metropo-litano, a procura pela cremação cresceu 60% entre os anos de 1999 e 2004.

Em Porto Alegre, o custo para cremação varia de R$ 4.100 a R$ 5.198. Nestes valores estão incluídos a ceri-mônia de despedida, uma urna padrão, o processo de cre-mação e espaço para depositá-la, por 30 dias, enquanto a família decide o que irá fazer com as cinzas. A dife-rença do sepultamento é que a família não acompanha a cremação. Após a cerimônia de despedida, os familia-res voltam 48 horas depois da incineração para buscar a urna. O custo de translado, no caso de quem está no interior, é pago na funerária que a família escolheu.

A burocracia aumenta para quem tem o desejo de ser cremado. É preciso dois responsáveis assinando a auto-rização. A certidão de óbito também é assinada por dois médicos, um a mais que o exigido, deve constar que a morte foi por causa natural e esta deve estar descrimi-nada, além de incluir a empresa que fará o processo.

Em contrapartida, o sepultamento realizado aqui em Santa Maria, pelas empresas funerárias locais, tem um custo que vai de R$ 600 até valores maio-res de cinco mil reais. Estão incluídos nestes valores, a preparação do corpo, registro em cartório, veículo para transporte e caixão. Para as famílias que não tem condições de pagar pelo serviço, as empresas, em conjunto com a prefeitura, possibilitam o funeral.

Por Lucian Roggia Ceolin e Eduardo Neves Camani

Conforme relatório recente da Organização Mun-dial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares representam 30% de mortes de todo o mundo. Destas, dois terços ocorrem em países em desenvolvimento. No Brasil, segundo dados de 2004 do DataSUS, 27,9% dos mais de um milhão de falecimentos foram por doenças cardíacas. Em Santa Maria, os números são ainda mais preocupantes. Também a partir de informa-ções do DataSUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde, a cidade apresenta de 32 a 35 % de mortes relacionadas a doenças cardiovasculares. Essas mortes estão diretamente relacionadas aos cinco principais fatores de risco, que são tabagismo, pressão alta, dia-bete, sedentarismo e o colesterol alto.

Para Marcelo Lemos Ineu, 32 anos, especialista em clínica médica e cardiologia, apesar do avanço da medicina as pessoas não estão conseguindo controlar os fatores de risco. “As pessoas não conseguem parar de fumar, não tratam bem a pressão alta, não tomam remédios como tem que ser, não se alimentam bem, além de muitos não terem condições econômicas de fazer exames regularmente”, relatou Marcelo.

Nos últimos quinze anos houve um grande avanço na prevenção de doenças cardiovasculares. Mas não basta a medicina avançar se a população não age de maneira diferente. Fazer exercícios físicos regularmente e ter uma alimentação pobre em sal são hábitos no controle dos fatores de risco que aumentam a expectativa de vida.

Crematórios distantes dos santa-marienses

As inimigas do coração

Page 8: Jornal ABRA - 15ª edição

NOVEMBRO / 2008

Jornal Experimental do Curso deComunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

15ª Impressão

Flagrantes da Feira 2008Por Juliano Pires

Falar em pesquisa, à primeira vista, parece relacionar o termo à

investigação e construção de conhecimentos complexos, característicos das ciências exatas, da saúde e de algumas áreas das humanas. Por outro lado, quem nunca chamou de pesquisa as buscas feitas em sites como o Google e a Wiki-pédia como fonte para traba-lhos escolares e acadêmicos?

A situação complica um pouco quando se tenta aplicar o termo para o mundo da comu-nicação. No entanto, a pesquisa está mais próxima dos proces-sos comunicacionais do que se pensa. Ela é a responsável pelo surgimento e desaparecimento de teorias e conceitos, assim como de tentar buscar, através da chamada metodologia cien-tífica e da discussão teórica, explicação para os novos fenô-menos e tendências que pintam no campo da comunicação.

Segundo a professora Liliane Brignol, coordenadora da pós-graduação em comunicação da Unifra, alguns passos para os acadêmicos interessados em ingressar na área são “a apro-ximação a professores ligados

Pesquisa em comunicação, a teoria da prática

O fim das lixeiras? E a coleta seletiva?

à pesquisa, dedicação às dis-ciplinas de técnicas e metodo-logias científicas e cuidado na elaboração da monografia”. A professora também esclarece que a graduação é o melhor momento para adentrar na pesquisa, e que as produções na área são importantes para o currículo de quem pretende fazer mestrado e doutorado.

O Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepe) da Unifra, realizado entre os dias 5 e 7 de novembro, foi uma dessas oportunidades de apresentação de traba-lhos científicos relacionados à comunicação. O professor Gilberto Orengo, presidente da comissão executiva, e que trabalha há 10 anos com pes-quisa, destaca que a Unifra também oferece bolsas de ini-ciação científica e de extensão para os acadêmicos dispostos a desenvolver projetos em alguma das áreas.

Outras oportunidades para apresentação de trabalhos de pesquisa são os salões de iniciação científica ofereci-dos por diversas instituições de ensino superior, como a UFSM, UFRGS e a PUCRS, além de eventos como o Inter-com e a Compós.

Ao apresentar os trabalhos desenvolvidos, alunos e ex-alunos do curso de Jornalismo eram avaliados pela banca e questionados pelos ouvintes

fotos BiBiane Moreira

Por Alice Dutra BalbéOs santa-marienses já con-

tam com um novo sistema de coleta de lixo que utiliza con-têineres para o depósito de lixo. Porém, o sistema não é seletivo e apenas substitui as lixeiras pelo processo automa-tizado. Segundo a prefeitura, a opção de não selecionar o lixo antes de depositar no contêiner é devido ao processo de edu-cação não poder ser radical.

No mês de dezembro, serão apenas 15 pontos de entrega voluntária seletiva (PEV) com contêineres diferentes. O lixo

deles será distribuído entre seis associações de catado-res da cidade. Mas os pontos ainda não foram divulgados.

A cidade tem graves pro-blemas ambientais. Em 2006 começou o processo de elabo-ração do edital. Com o lixão saturado, foi feito um contrato emergencial. Em março deste ano, foi fechado o contrato com a empresa dos contêine-res. A escolha pelo contêiner é porque mantém o lixo pro-tegido e pode ser depositado a qualquer hora.

Os resíduos têm sido colo-

cados de forma inadequada nas lixeiras, ruas e calçadas. Além da chuva, catadores e animais mexem no lixo. O que cai no chão fica, porque os lixeiros recolhem apenas o que está em sacolas. As lixei-ras serão retiradas das ruas porque não são compatíveis com o novo sistema. Para isso, é necessário que o mora-dor autorize a retirada.

A coleta deve ser diária no centro, mas depende do volume de lixo depositado. Nos locais mais afastados não deve passar de três dias.

Quer saber mais como funciona a nova coleta de lixo?

É só acessar a Agência Central Sulwww.agenciacentralsul.org