jornal a voz do povo - ed 20 - 05 de abril de 2013

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A VOZ 05 Sexta-feira 05 de Abril de 2013 www.avozdopovobp.com Tiragem Sul Fluminense 5.000 exemplares R$1,00 - Edição nº 20 - Ano I - Semanal [email protected] DO POVO Este é o quinto selo para concorrer a uma câmera digital ESPECIAL PÁGINA 11 ‘Compartilhando gentura’ leva alegria e otimismo a asilos e hospitais Regulamento na página 02 Reprodução/Facebook (Juntos pra continuar crescendo) Fotos: Reprodução/Facebook As faces da Fera Infância humilde e afastamento da mãe marcam o passado de Suzana Manicure gostava de ‘parecer rica’ e sonhava em ser dona de um salão de beleza Temperamento difícil é traço da personalidade de Suzana ‘Fera’ pretendia pedir R$ 300 mil de resgate pelo menino e comprar ‘luxos’ como peruca e TV ‘Matou por ganância’, diz delegado após descobrir que manicure tentou seduzir o pai de João Felipe CASO JOÃO FELIPE PÁGINAS 05 a 09 POLÍTICA PÁGINAS 03 a 04 Justiça revoga liminar e Maércio deixa o cargo Desembargador entende que houve irregularidades durante a campanha

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20ª edição do semanário barrense A Voz do Povo, do dia 05 de Abril de 2013, que trás o perfil de Suzana, assassina do pequeno João Felipe, de 6 anos, e a nova queda do prefeito eleito de Barra do Piraí, Maércio de Almeida, que teve sua liminar revogada pela justiça.

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Page 1: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

A VOZ 05

Sexta-feira 05 de Abril de 2013

■ ■ ■ ■www.avozdopovobp.comTiragem Sul Fluminense 5.000 exemplaresR$1,00 - Edição nº 20 - Ano I - Semanal

[email protected] POVO

Este é o quinto selo para concorrer a uma câmera digital

ESPECIAL PÁGINA 11

‘Compartilhando gentura’ leva

alegria e otimismo a

asilos e hospitaisRegulamento na página 02

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As faces da Fera

■ Infância humilde e afastamento da mãe marcam o passado de Suzana

■ Manicure gostava de ‘parecer rica’ e sonhava em ser dona de um salão de beleza

■ Temperamento difícil é traço da personalidade de Suzana

■ ‘Fera’ pretendia pedir R$ 300 mil de resgate pelo menino e comprar ‘luxos’ como peruca e TV

■ ‘Matou por ganância’, diz delegado após descobrir que manicure tentou seduzir o pai de João Felipe

CASO JOÃO FELIPE PÁGINAS 05 a 09 POLÍTICA PÁGINAS 03 a 04

Justiça revoga

liminar e Maércio deixa o cargo

Desembargador entende

que houve irregularidades

durante a campanha

Page 2: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

2. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA

www.avozdopovobp.comLEITOR

As opiniões e juízos expressados nas colunas deste semanário são de inteira responsabilidade de seus autores, não representando, em hipótese alguma, a opinião do jornal quanto aos assuntos abordados.

Expediente: CML de Paula Empreendimentos CNPJ: 17.150.485/0001-00 Editor-chefe: Felippe Carotta (MTB 27698/RJ) Editor-gráfi co (paginação): Elías Moura Barbosa da Silva. Gestora Comercial: Soraia Soares. Redação: Rua Paulo de Frontin, 139, sl 702, Centro. Barra do Piraí - RJ. Impressão: Gráfi ca Correio de Notícias

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1) Para participar, basta colecionar os selos de 01 a 10, que serão publica-dos a partir desta edição. Ou seja, o leitor deverá adquirir os exemplares da VOZ durante dez semanas consecutivas para, então, participar do sorteio.

2) O décimo e último selo será publicado na edição 25 do jornal, que chegará às bancas no dia 10 de maio de 2013.

3) Conforme estabele-cido nas promoções ane-riores, o leitor que conse-guir juntar os dez selos promocionais deverá entregá-los diretamente na redação da VOZ, cito à Rua Paulo de Frontin, 139, sl 702, Centro (no prédio em frente a anti-ga delegacia) até as 13h do dia 16 de maio, quin-ta-feira. Os selos devem estar dentro de um enve-lope de carta normal, de-vidamente colados numa

folha branca com identi-ficação.

4) O sorteio será reali-zado na quinta-feira, 16 de maio, às 13h30 na redação. Já o nome do felizardo que faturar a câ-mera digital será divulga-do na edição 26 da VOZ, que chega às bancas em 17 de maio (um dia depois do sorteio).

Leia a VOZ, fique bem informado e ainda tenha a chance de ganhar um super prêmio. Participe e junte seus selos promo-cionais, uma câmera digi-tal está na parada, junte os 10 selos, e boa sorte!

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Todos os comentários publicados nesta seção são extraídos das nossas páginas na Internet. Frise-se que os comentários não representam a opinião do jornal, sendo a

responsabilidade do autor da mensagem.

Caso João Felipe (páginas 5 a 9)

Quanto mais leio reportagens sobre este assunto (Caso João Felipe), mais revoltado fi co. Que Deus dê o conforto necessário para a família do João Felipe.

Leandro Novaes Barboza, via Facebook

Essa mulher (Suzana) é uma louca, uma doente, infelizmente o mundo está cheio desse tipo de gente. Só Deus para nos livrar desse tipo de pessoas.

Dill Caetano, via Facebook

Esse monstro (Suzana) tem que apodrecer na cadeia!

Juraci Laurence, via Facebook

Page 3: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

.3Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA www.avozdopovobp.com POLÍTICA

CASSAÇÃO ■ Desembargador revoga liminar e Maércio deixa a prefeitura; presidente da Câmara assumirá interinamente o cargo

O gosto amargo da derrotaBARRA DO PIRAÍ

[email protected]

O desembargador fede-ral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Ja-neiro (TRE-RJ), Sérgio Schwaitzer, revogou, na noite de anteontem, 3, a liminar que mantinha o prefeito Maércio de Al-meida (PMDB) no cargo. Em sua decisão – ver ín-tegra nas imagens abai-xo –, o juiz relator do caso argumenta que a realização de novas elei-ções no município não geraria insegurança en-tre a população, “porque o período legislativo teve início há poucos meses, não havendo que se fa-lar, portanto, em quebra da continuidade adminis-trativa, com danos dire-tos ao cidadão”.

Segundo advogados ligados ao caso, o presi-dente da Câmara Muni-cipal, Espedito Monteiro de Jesus (PRB), seria no-tificado ainda ontem, 4, a assumir interinamente os trabalhos no Palácio 10 de Março. No entanto, até o fechamento desta edição, isso não havia ocorrido. Para maiores informações, acompa-nhe o PLANTÃO DA VOZ, através do site www.avozdopovobp.com. Ah, na página a seguir, veja o desenrolar da história que culminou na cassa-ção de Maércio e nesta segunda saída da prefei-tura.

Entenda o caso

Dois mil e treze parece não estar sendo o ano

do prefeito Maércio de Almeida. Se por um lado ele se gabava de ter ven-cido as eleições passa-das, com mais de 50% dos votos válidos, por outro está amargando as consequências das estratégias que adotou durante a campanha.

O primeiro fruto ne-gativo das peripécias aprontadas pelo então candidato e sua equipe na busca por uns voti-nhos a mais apareceu em fevereiro passado, quando o chefe do Exe-cutivo teve seu mandato cassado, por determina-ção do juiz da 93ª Zona Eleitoral de Barra do Pi-raí, Maurí lio Teixeira de Mello Júnior.

A sentença sobre Maércio e seu vice foi expedida com base

numa Ação de Investi-gação Judicial Eleitoral (Aije) movida contra a dupla, sobre a qual reca-em as suspeitas de que tenha cometido diver-sas infrações, durante a campanha eleitoral, como abuso do poder econômico e uso inde-vido dos meios de co-municação. Na ocasião, o magistrado entendeu, diante de uma gama ex-tensa de provas, que, de fato, tais irregularidades foram cometidas, decre-tando que tanto Maércio quanto Dr. Júnior ficas-sem inelegíveis por oito anos e tivessem seus di-plomas cassados.

Pois bem. O prefeito e Dr. Júnior chegaram a ficar dois dias afastados do Palácio 10 de Março, e o presidente da Câ-

mara, Pastor Monteiro de Jesus, os substituiu interinamente – o que acontecerá novamente –, até que o desembar-gador federal do TRE-RJ, Sérgio Schwaitzer, con-cedeu uma liminar para que ambos retornassem às suas respectivas ca-deiras.

Só que, na noite de anteontem, o mesmo magistrado, que é o juiz relator do processo, re-vogou o documento, o que significa que, no-vamente, Maércio e Dr. Júnior foram destituídos do cargo. De acordo com a análise de advoga-dos ligados ao caso, “o desembargador Sérgio Schwaitzer entendeu que o Direito não assis-te os acusados, frente às provas apresentadas

contra eles, apontan-do que a legitimidade do pleito foi ferida pelo abuso do poder econô-mico, bem como pelo uso indevido dos meios de comunicação”.

Seguindo os ritos já adotados anteriormen-te, Pastor Monteiro de Jesus interinamente os trabalhos no Palácio 10 de Março, deixando seu vice, José Luiz Brum (PR), como líder do Le-gislativo.

Segundo advogados ligados ao caso, desta vez, a situação de Maér-cio e Dr. Júnior é mais delicada, visto que eles só poderão voltar à pre-feitura caso todos os sete juízes do tribunal se reúnam e deem uma decisão que lhes seja fa-vorável. ►

Fotos: Reprodução

Page 4: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

4. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA

www.avozdopovobp.comPOLÍTICA

Segundo informações ex-traídas do site do TRE-RJ, o juiz Maurílio Teixeira de Mello Júnior cassou o prefeito e seu vice por uso indevido dos meios de comunicação e abuso do poder político, durante a campanha eleitoral de 2012.

“Com base nas altera-ções provocadas pela LC 135, a Lei do Ficha Limpa, eles fi cam inelegíveis por oito anos, juntamente com o ex-prefeito da cidade, José Luiz Anchite, também condenado por abuso do poder político”.

O texto publicado pelo Tribunal narra brevemente alguns dos motivos que resultaram na derrocada de Maércio e Dr. Júnior: “Até 2012, Maércio era o vice-prefeito de Barra do Piraí, cargo que deixou para concorrer à prefeitu-ra com o apoio do então prefeito José Luiz Anchite. A campanha de Maércio

teria sido favorecida pela cobertura jornalística ten-denciosa de dois jornais locais, ‘O Barrense’, de propriedade da família do candidato a vice, Norival Junior, e o ‘Tasquim’ – de responsabilidade do jor-nalista Jefferson Carneiro de Castro, o Jeff Castro, grifo nosso.

“A propaganda irregular em favor da chapa da si-tuação teria ocorrido de forma reiterada na emisso-ra de rádio ‘RBP’ – Rádio Barra do Piraí AM, grifo nosso –, também da famí-lia de Norival, no programa ‘Gato Preto’, de grande au-diência no município”.

O abuso de poder su-postamente cometido por Maércio e Dr. Júnior du-rante a campanha eleito-ral também foi citado em reportagem redigida pelo TRE-RJ: “Além disso, os candidatos da situação teriam ainda se benefi cia-do pelo uso da máquina

pública. Durante um comí-cio realizado em setembro de 2012, o então prefeito José Luiz Anchite promete-ra asfaltar ruas dos bairros Metalúrgica, Areal e Re-canto.

As obras foram executa-das e entregues com ampla divulgação em placas que traziam fotos de Maércio, a mensagem ‘compromisso cumprido’ e o número 15, usado pelo candidato.

Algumas das placas, in-clusive, ultrapassavam a medida máxima permitida de quatro metros quadra-dos. Nestes casos, o arte-fato é considerado um ou-tdoor, o que é vedado pela legislação eleitoral”.

O site fi nalizou o texto com uma declaração do magistrado responsável pela sentença: “Para o juiz, a fl agrante vinculação das obras aos candidatos ‘cer-tamente abalaram o equi-líbrio e a lisura do pleito eleitoral’”.

RELEMBRE: Maércio e Dr. Júnior são acusados de cometer abuso do poder político

e uso indevido dos meios de comunicação

Prefeito e vice: Pela análise de advogados, desembargador Schwaitzer entende que o Direito não assiste os acusados

Reprodução/Facebook (Juntos pra continuar crescendo)

Pastor Monteiro assume interinamente a prefeitura

Na tarde de ontem, ainda em sua sala na Câmara, o presidente da Casa, Pastor Monteiro de Je-sus, falou com a equipe de reportagem da VOZ. O republicano brasileiro dis-se que, pela manhã, ficou sabendo que assumiria novamente as rédeas do governo municipal. Por volta das 14h, ele foi até o Cartório Eleitoral, no bair-ro Matadouro, onde rece-beu a intimação oficial. A posse ocorreu na sede do Executivo, por volta das 16h30.

“A minha expectativa é a mesma da última vez em que assumi o cargo. Tomamos posse, cum-prindo uma determinação judicial, mas, com muita humildade, pois sabemos que ainda existem inúme-ros recursos à disposição do Maércio, e que ele pode retornar a qualquer momento. De qualquer maneira, independente de

ele voltar ou não, em pri-meiro lugar estarão os interesses da cidade, da população. Não agiremos com vaidades pessoais, nem disputas partidá-rias”, comentou.

Monteiro revelou que se sente incomodado em governar a cidade sem ter sido eleito para tanto. “Qualquer cidadão deseja ser o prefeito do seu muni-cípio, mas desde que seja através do voto. Assumir um cargo eletivo por de-terminação judicial, e até mesmo ocupando a fun-ção de um amigo, é uma situação desconfortável. Uma coisa é a iniciativa da população, e outra, to-talmente diferente, é ser conduzido por uma deci-são da justiça”, avaliou.

O líder do Legislativo aproveitou para destacar que não fará “deste mo-mento” uma “guerra polí-tica”. “A política não pode ser a arte de fazer inimi-

zades, mas, sim, cuidar da população. As pessoas confundem adversários com inimigos, e inimigos eu não tenho. Por isso, vou procu-rar tratar a todos com res-peito”, sentenciou.

Mesmo frisando que “não sabe se vai perma-necer” no cargo, Pastor Monteiro ressaltou que tem planos para o período em que estiver governan-do o município: “Quero administrar ouvindo a po-pulação, acima de tudo. Por mais que eu conheça a cidade, as pessoas sa-bem melhor o que precisa ser feito. Além disso, pre-cisamos valorizar a ‘prata da casa’, ou seja, os ser-vidores públicos. Quando alguém vai a um posto de saúde, por exemplo, ele se depara com um fun-cionário municipal, e não com o prefeito. Portanto, quem está na ‘ponta’ do serviço público deve ser valorizado”.

Cerimônia: Presidente da Câmara toma posse como prefeito interino

Janaína Mello

Page 5: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

.5Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIAwww.avozdopovobp.com CAPA

QUEM É ELA? ■ Suzana é conhecida entre ex-vizinhos e namorados como uma mulher quieta e misteriosa; unhas decoradas faziam sucesso entre a clientela

Manicure e assassina: quem é ela?FELIPPE CAROTTA

CAROLINA ARAÚ[email protected]

Joaninhas, papagaios, cari-nhas do Bob Esponja, fl or-zinhas e “mimos” diversos. Utilizando esmalte e pincel, a manicure Suzana do Car-mo de Oliveira Figueiredo, 22, era capaz de reproduzir nas unhas de suas clientes, em traços precisos, dese-nhos como esses e muitos outros. Para desempenhar perfeitamente o seu traba-lho, a jovem precisava de habilidades como concen-tração, destreza e atenção aos mínimos detalhes. As mesmas meticulosidades que ela utilizou para tirar do colégio o estudante João Felipe Eiras Santana

Bichara, 6, e, em segui-da, matá-lo asfi xiado num quarto do Hotel São Luiz, no Centro – conforme a própria confessou à polícia.

Mais de uma semana após o crime, que aconte-ceu na segunda-feira, 25, o Brasil inteiro continua vidrado em Suzana. De-pois de fi gurar, dia após dia, nas capas dos jornais mais famosos do país e em diversos noticiários televisionados, ela fi cou nacionalmente conhecida, e ainda foi batizada por alguns veículos de comu-nicação como a “Fera da Barra” – em referência à Fera da Penha, caso de assassinato semelhante ao de João Felipe, ocorri-do no início da década de

60, grifo nosso.Conclusão: cada página

do passado da manicure ganhou o valor de um best seller, de uma obra rara a qual todos querem ter acesso, na esperança de descobrirem o que levou uma jovem, aparentemen-te tranquila, a assassinar friamente uma criança de apenas seis anos. Entre terça, 2, e quinta-feira, 4, a equipe de reportagem da VOZ foi atrás de algu-mas “pegadas” que a fera deixou na vida de quem a conheceu, e o leitor acom-panha, agora, tudo que foi descoberto a respeito da mulher que, entre tintas e cores de esmaltes, acabou pintando uma verdadeira tragédia.

Reprodução/Facebook

Início precoce na profi ssão, afastamento da mãe e personalidade enigmática marcam o passado de Suzana

Foi nesta rua esburacada (foto) e de asfalto batido, no bairro Boa Sorte, onde só passa um carro por vez, que a Fera da Barra passou gran-de parte de sua infância. Lá, segundo informações da vizinhança, ela deu seus pri-meiros passos na profi ssão de manicure, quando tinha 12 anos.

“Me lembro que ela ia na casa das pessoas, oferecen-do seus serviços. Acho que, ainda criança, ela batia de porta em porta, tentando conseguir clientes”, recor-dou uma mulher que passa-va pela via, e que pediu para não ser identifi cada, pos-sivelmente temendo repre-sálias – a mesma atitude foi adotada pelos demais entrevistados e respeitada pela VOZ, grifo nosso.

Suzana é a fi lha mais velha da doméstica Simone de Oli-veira, 39, que até poucos dias atrás ainda morava na humil-de residência onde a manicu-re viveu e foi criada. Possivel-mente desejosa de esquecer o passado e com medo das ameaças de morte que vinha recebendo, conforme revelou com exclusividade ao jornal O Dia, Simone deixou o bairro e se mudou para São Paulo, se-gundo noticiado esta semana pelo Extra.

Quando a equipe da VOZ bateu à porta da antiga casa da família Oliveira, um ho-mem, que não se identifi cou, foi quem atendeu. “Estou aqui apenas tomando conta da casa, nem conheço as pessoas que moravam nela. Vocês (jornalistas) fi cam perdendo tempo ao vir aqui”, disparou ele, de maneira rís-pida. No entanto, entre os vi-zinhos de Simone, há quem diga que o homem não é ne-nhum segurança, mas, sim, o marido da doméstica, que se chama Aguinaldo.

Voltando aos relatos sobre o passado de Suzana, uma amiga da família revelou ao Extra que ela nunca conhe-ceu o pai biológico, tendo sido registrada no nome de seu padrasto, que a criou desde os cinco anos de idade. Ainda assim, a Fera da Barra jamais teria sido muito próxima de seus familiares, nem mesmo da mãe, com quem cultivava uma relação conturbada, se-gundo relatos ouvidos.

“Ela nunca teve diálogo com a mãe. Elas se falaram pela última vez há três me-ses. E apenas por telefone”, contou uma amiga da famí-lia ao Extra. Ainda de acordo com o jornal, o irmão mais novo de Suzana ganhou este ano uma bolsa do Programa

Universidade Para Todos, o Prouni, do governo federal. Mas, a relação entre os dois era superfi cial.

Distante da família, a Fera da Barra colecionava namo-rados. Segundo os registros apurados pela VOZ, ela teria se relacionado com pelo me-nos oito homens diferentes, e isso levando em conta somente os últimos anos. Com um deles, chegou a morar junto, no bairro Morro do Gama, quando tinha 19 anos.

Entre os ex-vizinhos de Su-zana e sua mãe, no Boa Sor-te, a lembrança que fi cou é a de uma família bastante re-servada. “As duas eram mui-to caladas, não costumavam dar ‘bola’ para ninguém. A Dona Simone passava quieta na rua e não tinha amizades por aqui. Já a Suzana, desde que se mudou, vinha pouco à casa da mãe. Quase nin-guém se lembra da infância dela, tamanho era o silêncio e o jeito recatado da família. Ficamos bastante surpre-sos”, relatou uma mulher, que mora no início da rua onde fi ca a casa dos Oliveira.

Outra moradora do bairro, que convivia com clientes de Suzana, falou do sucesso que as unhas decoradas da manicure faziam: “Minhas

colegas que faziam unha com ela adoravam (o servi-ço). Eu a conhecia, tinha cara de boa moça, mas, pelo vis-to, enganou todo mundo, né? Ela era muito recatada, de pouca conversa, mas sem-pre foi muito simpática. Sem dúvidas, fi camos muito sur-presos com a atitude dela”.

O último entrevistado no Boa Sorte foi um rapaz que ia em direção à ladeira existente na rua onde fi ca a casa da família Oliveira. Ao ser questionado sobre suas lembranças a respeito de Suzana, o jovem falou que a conhecia por causa de um namoro que ela teve com um de seus amigos. “Não consegui ouvir muitas pala-vras da boca dela, que era muito calada. Mas, mesmo assim, aparentava ser sim-pática e incapaz de cometer um assassinato, ainda mais de um menininho”, declarou.

Depois de todos esses re-latos, fi ca uma certeza: en-tre moradores do Boa Sorte, Suzana passou de moça re-catada à fera com a mesma rapidez com que buscou pre-cocemente sua independên-cia, saindo de casa aos 18 anos, sem olhar pra trás, e de-pois marcando para sempre a história da família Bichara, com um crime bárbaro. ►

Boa Sorte: É nesta rua do bairro que fi ca a casa onde Suzana morou e foi criada por mãe e padrasto; lembranças

são de uma família reservada e de poucos amigos

Unhas decoradas: Antes de se tornar a Fera da Barra, Suzana fazia trabalhos como esse e publicava em sua página pessoal no Facebook

Felippe Carotta

Page 6: Jornal A Voz do Povo - ed 20 - 05 de Abril de 2013

6. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA

www.avozdopovobp.comCAPA

Ao mesmo tempo em que trabalhava como manicure e “sacoleira”, vendendo calci-nhas e até bolinhos conheci-dos como “Cupcakes da Su”, a assassina confessa de João Felipe parecia cultivar um exótico hobby em suas horas vagas: colecionar re-lacionamentos amorosos, quase todos fracassados.

A VOZ localizou um jovem que teve um rápido affair com Suzana, cerca de dois anos atrás. Na noite da última terça-feira, ele con-cedeu entrevista exclusiva à repórter Carolina Araújo, sob o pedido de não ter sua identidade revelada, pois, atualmente, namora outra mulher e não gostaria que ela soubesse de seu envol-vimento com uma crimino-sa.

Inicialmente, X. revelou como se aproximou de Suza-na. “Foi algo rápido, apenas transamos duas vezes. Con-

vivíamos juntos num deter-minado ambiente e acabou rolando. Mas, não foi em frente porque ela era muito estranha”, pontuou.

De acordo com o jovem, Suzana chegou a persegui-lo e ligar diversas vezes, pedindo que ele levasse “comida” pra casa: “Ela de-monstrou que gostava de ser sustentada por seus namorados. Tanto que, quando me recusei a conti-nuar nossos encontros, ela começou a me ligar, perse-guindo mesmo, e dizer que eu deveria levar coisas para a casa dela”.

Mesmo tendo convivido com Suzana principalmente durante as relações sexuais que mantiveram, X. contou que ela falava de sua intimi-dade e se demonstrava uma pessoa ambiciosa: “Ela dizia que tinha o sonho de abrir um salão de beleza e viver uma vida melhor”.

Ex-affair revela: ‘Suzana tinha sonho de abrir

salão e gostava de ser bancada

por homens’

Carolina Araújo

Saindo da DP: Em seu depoimento, Ícaro revela que Suzana quebrou um espelho e ameaçou se matar com cacos de vidro quando ele terminou o relacionamento

‘Suzana era uma pobre que gostava de parecer rica’, diz ex-namorado

Quem conviveu intimamen-te com a Fera da Barra testemunhou de perto as múltiplas facetas de uma personalidade enigmática. Dissimulada e estrategista: essas duas características defi nem Suzana, na visão de um de seus ex-namorados, o vendedor ambulante Mai-con Santiago Olímpio, 25. Na segunda-feira, 1º, o jovem prestou depoimento na dele-gacia, mas, foi em entrevista exclusiva à VOZ, na noite da última terça, que ele revelou os detalhes mais sórdidos de sua relação com a assassina confessa de João Felipe.

O rapaz confi rmou os tra-ços de inteligência que fa-ziam de Suzana uma mulher extremamente manipula-dora e atenta aos mínimos detalhes para executar seu plano de subir na vida. “Mo-ramos juntos na casa da Cristiano Otoni – a mesma onde a manicure escondeu o corpo da criança, dentro de uma mala, grifo nosso. Eu ajudava a pagar o aluguel e arcava com quase todas as despesas. Mesmo assim, depois eu descobri que ela tinha amantes e vacilava muito comigo”, confessou.

Segundo Maicon, o rela-cionamento faria um ano em

agosto passado, mas aca-bou um mês antes.

“Terminamos porque fi -quei sabendo que ela estava fi cando com o ex-namorado de novo (ele se refere a Íca-ro, que prestou depoimento na última terça-feira; maio-res detalhes no tópico a se-guir). Ela dizia que gostava de nós dois, porque fi cou com ele durante cinco anos. Até chegamos a voltar, mas, ela começou a se demons-trar agressiva e muito para-noica”, disse, revelando que ela chegou a fazer ameaças de violência: “Em uma crise de cíume, a Suzava cismou que eu tinha mulheres na rua e ameaçou cortar o meu ‘bilau’. O papo fi cou sinistro e eu vi que estava na hora de cair fora”.

As declarações do ex-na-morado vão ao encontro das demais histórias que cer-cam a trajetória de Suzana, inclusive no ponto de que a manicure era uma exímia consumidora de artigos de luxo, como bolsas, roupas de marca e apliques capilares, mesmo sem ter condições fi -nanceiras de arcar com tudo isso. No fi nal, a conta geral-mente era paga por seus amantes, conforme confi r-mou Maicon.

“Sendo bem sincero, é ver-dade que ela gostava de ser sustentada por homens. O dinheiro que ela ganhava não era sufi ciente para ela se man-ter. Infelizmente, ela pisou na bola comigo, mesmo eu dan-do todos os luxos que ela al-mejava, inclusive televisão de 42 polegadas, microondas, sofá etc. Ela era uma pobre que gostava de aparecer, que-rendo ser rica. Hoje, descobri todas as ‘trairagens’ que ela aprontou comigo, mas, na-quela época, eu estava cego de amor”, admitiu.

Segundo Maicon, a mani-cure dava um jeito de escon-dê-lo dos poucos amigos, dos clientes e de sua famí-lia, supostamente para que outros homens não viessem a descobrir que ela era com-prometida. “Quase não tive a oportunidade de conhe-cer a mãe dela, porque ela dizia que a mãe era racista e não queria me ver por eu ser negro. Depois, fui des-cobrir que tudo não passava de mais um plano dela. Que mulher ardilosa”, exclamou, ressaltando: “Ela era muito silenciosa e enigmática. Não tinha quase nenhum amigo”.

O vendedor ambulante re-velou, ainda, o que Suzana dizia sobre seu relaciona-

mento com os patrões, na casa dos Bichara: “Ela di-zia que era muito amiga da mãe do João Felipe. E acho que era verdade, pois a Ali-ne sempre ligava para ela, demonstrando carinho e tal. Suzana também falava que não gostava do menino, pois, segundo ela, a criança desrespeitava a mãe, o que ela não aprovava, justamen-te por gostar da Aline”.

Encerrando a entrevista, Maicon falou sobre sua sur-presa ao descobrir que Suza-na era uma assassina e re-velou o que diria a ela, caso a encontrasse.

“Quando soube da morte do menino, fi quei arrasado, ela foi pior que um bicho. Ela se demonstrava de um jeito, mas era completa-mente diferente. Imagine só como está sofrendo a mãe dessa criança. Suzana foi um monstro. Se tivéssemos a oportunidade de conver-sar, hoje, olho no olho, fala-ria que ela deve pagar pelo crime que cometeu, por ter sido tão desumana, por ter feito tantas pessoas sofre-rem. Não sabia desse lado dela, ruim e perverso. Ela podia ter me matado, pois dormi com uma assassina”, arrematou.

Após depor, outro ex-namorado afi rma que relacionamento com Suzana era ‘complicado’

Na tarde da última terça-feira, além dos depoimen-tos do empresário Heraldo Bichara Junior, pai de João Felipe, e de uma camareira do hotel onde o menino foi morto, o delegado Omena ouviu outro ex-namorado de Suzana. Ícaro Martins dos Santos, 22, saiu da unidade policial em silêncio, esqui-vando-se da imprensa, mas, após a insistência de alguns repórteres, deu alguns deta-lhes sobre quem era a ma-nicure. Mesmo em poucas palavras, o jovem confirmou o que outros já haviam reve-lado: a personalidade instá-vel e a ambição da ex-com-panheira.

“Foi uma história com-plicada. Nós namoramos e terminamos várias vezes,

depois de termos nos co-nhecido na escola”, contou. Ao ser questionado sobre uma dívida que Suzana te-ria com ele, no valor de R$ 7,4 mil (conforme consta no ‘Plano de sequestro’ escrito por ela; maiores detalhes a seguir), Ícaro apenas con-firmou que o débito existia, no entanto, não falou sobre montantes.

Em seu depoimento, Ícaro relatou à polícia que Suzana se desesperou quando ele rompeu o namoro, há mais de dois anos. Segundo ele, a manicure quebrou um espe-lho e disse que ia cortar os pulsos com o vidro. Só não se matou porque ele con-seguiu contê-la a tempo. O ex-namorado da “fera” con-firmou, ainda, que uma de

suas grandes ambições era abrir um salão de beleza em casa (o mesmo já dito pelo ex-affair entrevistado pela VOZ), e que o dinheiro que ele emprestou a ela foi para comprar os móveis do esta-belecimento – que não che-gou a existir, grifo nosso.

No relato prestado na de-legacia, Ícaro deixou claro que a manicure era vaido-sa e costumava andar bem vestida. Além disso, vivia constantemente endivida-da, pois não pensava duas vezes antes de comprar algo que desejava. O jovem confirmou, também, que Su-zana considerava Aline uma “grande amiga”, e que ela chegava a demorar cinco horas quando ia à casa da patroa para fazer sua unha.

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.7Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIAwww.avozdopovobp.com CAPA

‘Plano de sequestro’ revela que Suzana pretendia comprar peruca e

pagar dívidas com o resgateNa tarde de segunda-feira, 1º, uma nova informação veio à tona na investigação do as-sassinato de João Felipe. A doméstica Simone de Olivei-ra, mãe de Suzana, apresen-tou ao delegado Omena uma carta na qual a acusada reve-la seus planos de sequestrar uma criança e pedir R$ 300 mil de resgate. “Pelo contex-to, só pode ser do João”, afi r-mou o policial, segundo re-portagem publicada pelo G1.

Simone prestou depoi-mento no mesmo dia em que apresentou o “plano de sequestro” à polícia. Segun-do o delegado, na carta feita em duas folhas de caderno (fotos), a manicure descre-veu o plano, detalhando que ligaria para a escola, pegaria a vítima e reservaria o quar-to de hotel. O manuscrito foi encontrado na casa da acu-sada, entre seus pertences

pessoais.Durante a descrição da

contabilidade, em momen-to algum, de acordo com Omena, Susana menciona pagamento a terceiros, re-forçando a tese de que ela agiu sozinha. “Se ela ia pe-dir resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela ia pedir com a crian-ça morta mesmo”, analisou o delegado. “Em momento algum ela pensou em devol-ver a criança para a família. Uma coisa que me causou estranheza foi ela escrever para si mesma”, acrescen-tou Omena.

Em uma das folhas en-tregues à polícia, Suzana descreve passo a passo o que pretendia fazer com os R$ 300 mil que pediria pelo resgate de João Felipe. Com R$ 1 mil, ela quitaria dívidas com uma famosa loja de cal-

çados de Barra do Piraí; R$ 600 seriam utilizados para pagar sua conta num banco; R$ 250 para sair do verme-lho com uma operadora de telefonia; R$ 400 para pa-gar uma loja de roupas de grife; e R$ 7,4 mil iriam para o bolso de seu ex-namora-do, Ícaro, a quem ela supos-tamente devia essa grande quantia.

Ainda entre seus planos, a manicure pretendia tirar carteira de habilitação, além de reservar uma parte do di-nheiro para alguns de seus caprichos, como comprar uma peruca de marca, uma televisão para o quarto, uma cama box e dar uma moto de presente para alguém iden-tifi cado apenas como Breno. Acompanhe, abaixo, a íntegra das anotações macabras de Suzana. ►

Fotos

: Car

olina

Ara

újo

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8. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA

www.avozdopovobp.comCAPA

Em depoimento, pai de João Felipe afi rma que Suzana tentou seduzi-lo,

mas foi rejeitadaHeraldo Bichara Jr., 38, com-pareceu terça-feira à 88ª De-legacia Legal do município, para prestar depoimento no caso do assassinato de seu fi lho. Ele permaneceu por quase duas horas dando de-clarações formais ao delega-do Omena. O pai de João Fe-lipe voltou a negar qualquer envolvimento amoroso com a Fera da Barra. Pelo contrário, o empresário revelou que ela tentou seduzi-lo, chegando a chamá-lo de “Tio Sukita”, em referência à famosa pro-paganda em que um homem mais velho investe numa jo-vem bem mais nova. No en-tanto, ele diz que a rejeitou.

O pai do menino compare-ceu à delegacia acompanha-do de sua esposa, a empresá-ria do ramo imobiliário, Aline Santana Bichara. Ao chegar à unidade, o casal despistou a imprensa, mesma tática utili-zada ao fi nal do depoimento, quando ambos deixaram o

local pela porta de trás, sem dar nenhuma declaração aos repórteres presentes. Instan-tes depois de os pais irem embora, a bordo de um car-ro preto, o delegado Omena concedeu entrevista coletiva, na qual divulgou diversos de-talhes do que foi dito por He-raldo Jr.

O chefe de polícia disse que o pai de João Felipe garantiu que nunca teve qualquer tipo de envolvimento amoroso com a manicure, contrarian-do o que ela mesma havia ventilado.

“Ele relatou que conheceu a Suzana quando ela já tra-balhava na casa, fazendo a unha de sua esposa (Aline). Por trabalhar muito, ele pou-co convivia com a Suzana. O Heraldo falou que ela deve ter inventado essa história (do caso) como mais um artifício para desagregar a família”, apontou o delegado.

Omena mencionou o tre-

cho do depoimento no qual Heraldo revela que chegou a ser assediado por Suzana, via mensagens de texto.

“Em certa ocasião, quase um ano atrás, ela chegou a lhe oferecer uma ‘saída’. Ela passou uma mensagem para o celular dele, de um número estranho, dizendo: ‘Quero sair contigo’. Quando ele retornou, era a Suzana, falando que queria sair com ele, pois gostava de homens mais velhos e tal. Daí, ele rejeitou a oferta, alegando que tinha família, e nunca passou disso. Para não criar stress por conta de uma coi-sa tão pequena, ele nunca havia revelado o episódio a sua esposa, deixou pra lá, ig-norando literalmente, já que ele nunca deu importância para a situação. Na visão do pai, foi apenas uma cantada, que só lhe veio à mente ago-ra, diante de toda essa tragé-dia”, comentou.

Unidos: Os pais de João Felipe, Heraldo Jr. e Aline, deixam a delegacia após depoimento do empresário

Caro

lina A

raújo

Para delegado, intenção de conquistar o pai de João Felipe foi

uma das motivações do crimeA partir do depoimento de He-raldo Jr., e das revelações de que Suzana tentou assediá-lo, o delegado Omena trabalha com a hipótese de que a ma-nicure não havia desistido de seduzi-lo e, até por causa dis-so, veio a cometer o crime.

“Apesar de ele (o pai) ter afastado a Suzana, isso não a faria desistir de seu objetivo (de conquistá-lo). Pelas anota-ções que fez (ver página 7), ela poderia até vir a pedir resgate efetivamente. Num primeiro momento, ela mata, e não ti-nha como não matar, porque a criança a reconheceria. Num segundo, pediria o resgate e, com certeza, insistiria, depois, na conquista”, pontuou. “Ago-ra, eu vou ter que analisar se foi o crime de extorsão me-diante sequestro que iniciou a ação. Não adianta uma visão, popular, mas, sim, técnica”, acrescentou.

“Tenho certeza que ela (a Suzana) sentia essa possibi-lidade (de conquistar Heraldo Jr.). Ela vem com a história de

que gosta de homens mais velhos justamente para criar na cabeça dele uma certa si-tuação. Se ele não tivesse um casamento estruturado, com uma família bonita, ela já teria dado o bote. A ideia de ser cor-respondida foi uma das coisas que alimentou a ideia de pra-ticar o crime. Ela acreditava, digamos assim, no seu talento para derrubar essa barreira (do casamento). Na cabeça dela, ela conseguiria”, prosse-guiu a autoridade.

Em seguida, o chefe de polícia descartou a hipótese de que a Fera tenha matado por vingança: “Houve uma ga-nância (por parte de Suzana), que era um dos motivos que nós buscávamos e só agora apareceu”. O delegado pediu à Justiça a quebra dos dados telefônicos de Suzana. Omena analisará, ainda, por quais cri-mes a manicure será indicia-da, e o provável é que seja por extorsão mediante sequestro, com evento de morte. “O que já é certo é a ocultação de ca-

dáver”, esclareceu.Ao ser questionado por um

repórter sobre o motivo que teria levado a manicure a matar João Felipe, já que ela pretendia pedir o resgate de R$ 300 mil, o delegado res-pondeu: “A Suzana é uma cri-minosa estabanada, digamos assim. Primeiro, ela mesma sequestra a vítima que seria capaz de reconhecê-la. Por-tanto, desde o momento em que deu início à ação, seja sequestro ou homicídio, ela já sabia que o destino daquela criança estava traçado. Ela ti-rou o menino da família para matá-lo, pois, se ele fosse solto, iria reconhecê-la. Ima-gino que, depois de instalado o desespero entre a família e se ela não aparecesse na cena como autora, aí, então, ela contratasse alguém para pedir o resgate. Várias coisas são possíveis. Por isso, tecni-camente falando, é que vou verifi car se já dá pra defi nir como início de execução e ex-torsão mediante sequestro”.

Delegado Omena: ‘Não houve vingança, mas, sim, ganância’

O delegado Omena falou sobre a forte emoção que o pai de João Felipe demonstrou durante o depoimento. “Qualquer pai vive pela família, a gente tira de nós para dar a eles. Ele me mos-trou um vídeo em que o menino aparece brin-cando, mexendo na ter-ra com uma enchadinha. Então, tiraram parte da alma desse homem. Ele chorou muito, compulsi-vamente”, revelou.

O responsável pelas investigações do caso ressaltou que Heraldo Jr. não se sente culpado pelo assassinato de seu filho. “Ninguém se sente culpado numa situação dessas, até porque não existe a possibilidade do fato acontecer na ca-beça das pessoas. Da mesma forma, ninguém para de dirigir quando alguém morre. Na cabe-ça deles (familiares), foi uma coisa que ninguém esperava, uma pessoa entrar na família para provocar essa tragédia”, assinalou.

Quanto à estabilidade do casal diante da tra-gédia, Omena demons-trou-se admirado com a postura da mãe de João Felipe. “A Aline veio jun-to com o esposo, de-monstrando a força que a mulher tem. Hoje, ela acompanhou o Heraldo como esposa, dando o exemplo de que não é porque estão dizendo isso ou aquilo que ela iria abandoná-lo. As mu-lheres, em momentos extremos, não perdem o foco e a concentração, nem se desesperam”, analisou.

Heraldo Jr. chorou compulsi-vamente, revela o

delegado

Caro

lina A

raújo

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.9Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIAwww.avozdopovobp.com CAPA

Para psicoterapeuta, ‘perturbações mentais’ levaram

Suzana à ‘distorção da realidade’A pedido da VOZ, o psicólo-go Mario Sérgio Figueiredo da Rocha fez uma análise do caso da Fera da Barra. O psicoterapeuta é um dos maiores estudiosos do ramo em Barra do Piraí e região, já tendo publicado livros até no exterior, em parceria com o neurologista Francisco di Biase. Primeiramente, o es-pecialista falou sobre o fato de Suzana ter se fi rmado, ao longo de sua trajetória, como uma mulher silencio-sa e sozinha.

“Na psicologia clínica, um dos maiores indícios de que o indivíduo vai adoecer men-talmente é o isolamento e a solidão. Isso gera depreda-ções na conduta do sujeito, que poderão levar ao crime, tanto suicídio como homicí-dio. O homem é um ser so-cial, logo, quando ele se iso-la, ou passa a viver grandes momentos de solidão, está adoecendo mentalmente”, explicou.

Nessa linha de pensa-mento, a manicure pode ter sido levado a matar por fantasias criadas por sua mente, conforme analisou o estudioso.

“A psicologia dá muito valor à ideia da solidão, pois ela produz uma série de distorções mentais, que por sua vez levam a inúme-ras condutas irregulares. Nós, que estamos de fora e não sofremos com a so-lidão, achamos que ela (a Suzana) adotou estraté-gias erradas para chegar à classe média, por exemplo. Mas, quem sofre com a dis-torção mental pensa que seus planos, como o de um sequestro, são mirabolan-tes e perfeitos, conduzindo a uma perturbação emocio-nal, o que pode ter aconte-cido no caso dessa moça”, comentou.

Questionado sobre algu-mas correntes de analis-tas que classifi cam Suza-na como psicopata, Mario Sérgio não se manifestou favorável a essa hipótese: “A psicopatia deixa rastros. Se ela for mesmo uma psi-copata, esses rastros esta-rão em sua conduta como um todo”. E complementou:

“Todo psicopata vem que-brando normas e regras so-ciais durante sua trajetória. Psicopatas não cometem crimes passionais. Por se-rem incapazes de qualquer emoção, eles não sentem paixão. O crime cometido por um psicopata é frio, premeditado e racional. Ser psicopata e cometer um crime passional é um erro dentro da psicologia clíni-ca”.

Ainda no tocante à possí-vel psicopatia da manicure, o psicoterapeuta ponderou: “A questão é que o mundo moderno produz pessoas assim. A psicopatia tem duas bases: uma neuro-lógica, através da qual a pessoa já nasce incapaz de sentir afetos, de demons-trar empatia pelo outro, o que já a coloca em choque com as regras da socieda-de atual. Nesses casos, não há ligações neuroló-gicas – trajetos nervosos – entre as áreas da razão e da emoção. A segunda base é a modulação social, que se norteia através dos princípios de educação, familiares etc, que o psi-copata recebe durante sua vida”.

“Se um psicopata rece-be uma boa educação, ele não deixará de sê-lo, mas a expressão da psicopatia será diminuída. No caso da Suzana, sendo ela psicopa-ta ou não, creio que tenha faltado família, religião etc, processos que poderiam modula-la para o bem. E isso é culpa, em partes, da classe média, que não se preocupa mais com o social. A característica, hoje, da classe média é de pessoas que só se preocupam com o privado, o consumismo, em detrimento do cuidado com o próximo”, acrescentou o pesquisador, fazendo uma crítica ao modelo de socie-dade vigente no século XXI.

O psicólogo polemizou ao sugerir que crimes como o que foi cometido por Suza-na poderiam ser evitados caso as pessoas estives-sem mais atentas umas às outras.

“A instituições da socieda-

de atual estão falidas, como escolas, igrejas etc, e não cumprem o papel que cabe-ria a cada uma delas. Não se pode culpar exclusiva-mente o criminoso, em ne-nhum caso. Por exemplo, a Suzana. Ninguém interferiu nesse processo de adoeci-mento dela, nem os amigos, nem a família, nem a reli-gião, nem ninguém. Nenhu-ma instituição está fazendo nada para evitar que casos como o da Suzana se repi-tam”, assinalou.

Outro traço da personali-dade de Suzana que Mario Sérgio analisou foi a sua possível ganância, motiva-ção que, inclusive, pode tê-la levado a matar João Feli-pe. “Há uma diferença entre ambição e ganância. Dentro da psicologia clínica, a am-bição é justa e até saudável, pois representa o desejo de crescer coletivamente; já a ganância é crescer às cus-tas do outro, numa espécie de adoecimento mental”, pontuou.

O psicoterapeuta encerrou a entrevista mencionando uma característica do crime que assustou muita gente: o fato de Suzana ter ido conso-lar a família da vítima, mes-mo sabendo que ela mesmo havia matado o menino.

“É parecido com o caso da Daniela Perez, quando o assassino consolou a mãe da atriz (a novelista Glória Perez, autora de “Salve Jorge”, trama exibida atu-almente pela TV Globo). A psicopatia explica essa conduta, já que ele é frio e age totalmente de maneira racional, o que não gera di-visão de personalidade. Na hipótese de a Suzana ser uma esquizofrênica (que signifi ca mentes partidas), ela pode apresentar dois ti-pos de comportamentos, e o alternativo foi de consolar a mãe. Na terceira possibi-lidade, de ser uma pessoa isolada e solitária, entra a emoção do arrependimen-to, tentando criar um álibi. É um mundo muito comple-xo, que não representa to-das as possibilidades, mas as principais dentro da psi-cologia”, arrematou.

Na última terça-feira, o pro-fessor Heraldo Bichara, avô de João Felipe e que é colu-nista da VOZ, enviou um ar-tigo à redação do jornal. No texto, o “amado mestre” de Barra do Piraí agradece às manifestações de carinho que ele e sua família vêm re-cebendo, bem como repro-duz um artigo escrito pela jornalista barrense, Teresa Garcia, sobre a tragédia que culminou na morte da crian-ça. Acompanhe.

“Quero agradecer a to-dos que nos têm consolado neste momento tão difícil

por que estamos passando pela perda de nosso queri-do João Felipe. Mensagens de todo o país e do exterior manifestando dor e sofri-mento.

Na nossa cidade, sinto uma fi rmeza enorme na sin-ceridade das pessoas que nos consolam, desde os mais simples, passando pe-las diversas entidades, em especial as igrejas de todos os credos.

Externo em nome da fa-mília enlutada o agradeci-mento deste inestimável apoio, e por fazer parte de

um grupo de formadores de opinião, aos meus amigos e pensadores políticos que amam esta terra, não posso deixar de agradecer ao ex-celentíssimo prefeito a linda e comovente moção decre-tando luto por três dias no município, onde expressou a vontade da população barrense.

Permitam-me, caros lei-tores, publicar a mensagem escrita por uma ex-aluna, atualmente editora-chefe do “Jornal Hoje”, da TV Glo-bo, a jornalista Teresa Gar-cia.”

Avô de João Felipe, professor Heraldo agradece carinho e recebe

texto de jornalista da TV Globo

Aos amigos queridos de Barra do PiraíFoi um gesto tão desmedido que me pareceu uma con-tradição estúpida quando vi pela primeira vez a imagem de uma mulher frágil e inex-pressiva, despida de senti-do, seca, vazia como uma alma mal esculpida. Como tanta atrocidade poderia caber numa pessoa de apa-rência tão medíocre? – eu confesso que pensei.

Suzana de Oliveira disse que queria atingir uma fa-mília. Conseguiu muito mais que isso. Atingiu o coração de uma cidade inteira. Atin-giu todas as famílias de Bar-ra do Piraí, me atingiu, atin-giu meus pais, meu marido, minhas fi lhas. Atingiu todos os brasileiros que tomaram conhecimento da sua estupi-dez. Suzana minou a nossa compreensão sobre o sen-tido da vida porque o crime que ela cometeu simboliza a atitude mais desumana, cruel, mísera.

Quem seria capaz de as-fi xiar a inocência de uma criança? Se eu pudesse faria uma única pergunta à Suzana: como, como ela foi capaz de matar um menino que eu não conheci, mas que é feito de poesia como são feitos todos os meninos. Era doce, divertido, puro, su-ave como todas as crianças deste mundo são. Como ela foi capaz disso? Porque é essa a única pergunta que me atormenta.

Não quero saber dos seus motivos torpes, abominá-veis. Nada, absolutamente

nada do que ela disser jus-tifi cará o que fez. Que me importa se seu crime foi passional, que me importa se ela precisava de dinheiro, que me importa se ela foi rejeitada, que me importa se ela se sente desprezível e desprezada, que me im-porta... Nada do que Suza-na disser vai penitenciar a sua consciência. Nenhuma desculpa, nenhuma calúnia, nenhuma frase de efeito vai eliminar o horror dessa per-gunta: como ela foi capaz?

Suzana apunhalou o cora-ção dos pais de João Felipe. Apunhalou o coração dos tios, primos, amigos, dos avós dessa criança. Apunha-lou o coração do meu queri-do professor Heraldo Bicha-ra a quem eu sou tão grata por ter me guiado com ge-nerosidade e competência nas salas de aula da mesma escola onde ela – como uma bruxa perversa de um conto de fadas –chegou numa tar-de deserta para envenenar tantas vidas.

Suzana despedaçou o co-ração dos que acreditaram na sua mensagem mentiro-sa. Despedaçou a imagem de uma Instituição de Ensino que sempre foi séria e corre-ta, zelosa dos seus alunos.

Quem entregou a criança para a Suzana o fez porque se valeu da regra maior que nos rege: da confi ança e da boa fé. Me coloco no lugar dos que caíram na sua ar-madilha e me solidarizo com a dor deles também.

Por alguns momentos eu odiei e amaldiçoei essa mu-lher. Mas agora meu coração está tão triste e vazio que sinto apenas pena dela.

Porque a partir de agora Suzana estará eternamente sozinha. Já essa família que ela atingiu será para sempre amparada por uma rede infi -nita de afeto, de carinho, de solidariedade. Essa família será para sempre acolhida por todas as famílias de Bar-ra do Piraí. Essa família vai sentir nossa ternura, nosso zelo, nossa bondade. Será confortada pelo amor de centenas, milhares de bar-renses, pelo amor desmedi-do de todos nós. Quem se candidata a amparar Suza-na? Que sentimento irá per-segui-la na cadeia durante anos e anos de confi namen-to? O crime que esta mulher cometeu marcou para sem-pre a história de Barra do Piraí. Mas ele somente será lembrado pela saudade de João Felipe. Ele será um anjo a nos guardar. A Suzana, bem, quem é Suzana?

Teresa Garcia: Editora-chefe do ‘Jornal Hoje’ nasceu em BP e foi

aluna do professor Heraldo

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10. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIA

www.avozdopovobp.comMUNDO

■ Em pensar que num passado não tão distante...

Por JoMariano

Olá, meu povo gaiato! Clima na Terrinha ainda está tenso, o ano de fi nal treze parece re-almente estar zicado pro nos-so lado, então é melhor sair do eixo Califórnia/Vila Helena antes que a podridão e maus agouros que rondam as cir-cunvizinhanças da Ponte Me-tálica nos atinjam. Vamos lá pra capital do estado onde o bagulho também anda doido, mas longe da gente.

Papelão dos governos fede-ral e estadual esse lance dos estádios tudo capengando. Uma semana foi sufi ciente pra passar água e sabão na cara maquiada que estavam nos vendendo há anos. Co-bertura colada a cuspe no Engenhão, um campeonati-nho muito do feioso, geral na pindaíba, ninguém com uma casa apresentável e – pior – autoridade nenhuma fazendo nada pra reparar a lambança.

Não sei vocês, mas acredi-to que a boa arte da sempre jogação de sujeira pra debaixo do tapete diz explicitamen-te que essa seria a hora de ouvirmos um blá qualquer sobre “estamos fazendo”, “medidas serão tomadas”, “vamos apurar”, mas não. Ninguém diz nada, ninguém busca o pedreiro de nível su-perior completo que fi nalizou a bagaça, não vão chamar os responsáveis pela compra do material cabuloso que usaram pra dar aquele ar tosco estilo Niemeyer ao Engenhão... Eles já se preocuparam em nos en-ganar, hoje evacuam e cami-nham no style.

Não bastando essa cagada toda parece que se esquece-ram que o argumento vendi-do desde que Charles Muller chegou em solo pátrio, com um esporte novo de usar o dedão, para se ter uma Copa do Mundo é o constante cres-cimento estrutural que a mes-ma traria. Argumento esse vendido em níveis colossais para a eleição do Rio à sede das Olimpíadas. Logo, esse é o momento exato pra Dama de vermelho rodar a baiana e pelo menos fi ngir que está tentando fazer valer a máxi-ma a nós tantas vezes apre-goada. Repito: em pensar que

já se preocuparam em nos enganar.

Agora, no acender das lu-zes para a Copa das Confe-derações nem se preocupam em resolver o problema da casa pra receber quem é de fora, afi nal o torneio, de En-genho de Dentro passa longe. Não está nas redondezas do Engenhão, mas a cidade é a mesma. E ignorar só porque a peleja nada tem a ver com o Maraca é semelhante àquela dona de casa porca e desor-deira que nunca limpa o quar-to e quando tem que receber visitas prende aquelas trinta pessoas amontoadas na sala e restringe o acesso da rapei-ze ao atual cômodo e banhei-ro. Lamentável! Poderiam pelo menos passar uma falsa ideia de preocupação e com-prometimento com o que é nosso, afi nal de contas, mes-mo que mequetrefe, lixoso e sem crédito, o estadual está rolando e pelas condições atuais, em situações precá-rias. Mais uma baixa e será instaurado o Caixão 2013. Taqueoparéu. Em pensar que já tentaram enganar a gente.

Assim sendo, só nos resta torcer para que de fato exista alguma preocupação estadu-al e federal para com o nos-so desporto-mor aqui nesse estado fl uminense, porque do jeito que anda está fi can-do complicado. Não assisto a jogos do meu time vai fazer aniversário. Não consigo me sentir confortável indo a um lugar sem ter a certeza de que retornarei caminhando.

É preciso que nossas auto-ridades evoluam suas men-tes criativas prontas para o mal e não pensem em usar o Maracanã sugando até o osso, senão vai dar aquele efeito tênis de pobre que de tanto usar uma hora gasta e nem adianta manutenção. E acredito que ninguém aqui pensa em construir outro Maraca nem tão cedo. Tsc tsc. Em pensar que eles já se esforçaram em pelo menos parecer preocupados.

A verdade, Gaiatolândia é que nos abaixamos tanto que mostramos a bunda. E estão passando a mão.

Raulino de Oliveira: Até o maior estádio do Sul Fluminense, em VR, passou por inspeções recentes do Corpo de Bombeiros

Reprodução/Internet (Futrio.net)

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.11Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 JUNTOS, FAZEMOS HISTÓRIAwww.avozdopovobp.com ESPECIAL

DOUTORES DO AMOR ■ Grupo se reúne para visitar doentes e idosos, levando alegria a hospitais e asilos

‘Compartilhando Gentura’BARRA DO PIRAÍ

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Em geral, asilos e hospitais são ambientes tristes e “carregados”, onde a maio-ria das pessoas parece inconsolável, como se não acreditassem na esperan-ça do nascer de um novo dia. Acreditando que essa atmosfera pode ser modi-fi cada por gestos simples e de ternura, um grupo de pessoas se reuniu para criar o “Compartilhando Gentura” uma trupe que encarna personagens di-vertidos para visitar doen-tes e velhinhos, espalhan-do alegria e otimismo por onde passa.

Na tarde de terça-feira, 2, a redação da VOZ foi agraciada com a visita de dois membros do grupo, a estudante Priscilla Silva e a educadora Emiliane Oli-veira. Durante a entrevis-ta que concederam, elas falaram sobre o projeto. “Nosso objetivo é levar um pouco de alegria e conforto àquelas pessoas que estão pelos asilos e hospitais, e que por muitas vezes só re-cebem da gente um abraço e um beijo”, destacou Emi-liane.

Priscilla, que foi uma das responsáveis pela concep-ção da equipe, explicou o signifi cado da expressão “Compartilhando Gentu-ra”, que dá nome ao grupo. “Signifi ca gente que gosta

de gente, que compartilha a ternura que trazemos no nosso coração”, ponderou.

No domingo, 31, a trupe esteve na Praça Nilo Peça-nha, no Centro, onde fez o que sabe de melhor: distri-buir sorrisos e gestos afe-tuosos. Emiliane revelou que fi cou surpresa com a reação de algumas pesso-as à frase “abraço grátis”, inscrita nos cartazes carre-gados pelo grupo.

“Parece que as pesso-as estão desacostumadas a expressar o quanto se gostam, e até se assustam quando alguém lhes ofere-ce um abraço. No dia em que estivemos na praça, percebi que muita gente fi ca olhando de longe, se perguntando do que se tra-ta o nosso movimento. Nes-sa mesma ocasião, uma se-nhorinha fi cou nos olhando de longe um tempão, até que nos aproximamos e lhe demos um abraço, ao que ela reagiu: ‘Estava preci-sando tanto’. Isso é a nossa maior recompensa”, emo-cionou-se a educadora.

Agora, Priscilla e Emilia-ne esperam que o grupo consiga levar, além de ale-gria, doações aos lugares por onde passar. “Esta-mos recolhendo donati-vos, principalmente para entidades como asilos e a Casa da Juventude. Qual-quer voluntário e doações serão bem vindos”, disse-ram.

Fotos: Reprodução/Facebook

Grupo: Doutores do Amor é formado por pessoas de várias idades, juntas no objetivo de levar alegria e otimismo a quem precisa

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12. Sexta-feira - 05 de Abril de 2013 POR RENAN ANDRADE

[email protected] CLOSE■ CLOSE DA SEMANA

DIA DO AUTISMO Parabéns pra você

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Na terça-feira, 2, foi comemo-rado o Dia Mundial da Cons-cientização sobre o Autismo. Para lembrar a data, a Asso-ciação Casa de Brincar mon-tou um stand, na Praça Nilo Peçanha, no Centro de Barra do Piraí. No local, além de informar a população acerca do autismo, foi realizada uma Ofi cina de Culinária em que mães de crianças atendidas pelo projeto venderam biscoi-tos feitos por elas.

“A nossa missão é melho-

rar o convívio e a qualidade de vida não só da criança, como também de toda a fa-mília. Para tanto, proporcio-namos atividades e ofi cinas com o intuito de que os pais participem ativamente do processo terapêutico de seus fi lhos, prezando sempre o lúdico e o brincar como ferra-mentas para isso”, explicou o psicólogo da entidade, Ro-dolfo Pena. Parabéns a toda a equipe da Associação Casa de Brincar!

09/04 – Na próxima terça-feira, o comerciante Dou-glas Silva vai amanhecer de idade nova. O jovem, que completará 26 anos, é proprietário de um box no Mercado Municipal Má-rio Sérgio do Nascimento. Quem manda um super beijo para o fi lhão são os pais corujas Osmar e Diva, além da irmã Renata e da amiga Bárbara Kai-ser. Que Deus te abençoe, sempre.

03/04 – Quarta-feira foi dia de o professor Nelson Santos de Carvalho Júnior assoprar 32 velinhas de existência. Atleta nato e res-ponsável pela implementa-ção de projetos sociais em Barra do Piraí, ele é forma-do em Educação Física e já conquistou a faixa preta de Jiu Jitsu, segundo grau. Mo-rador do bairro Areal, Nelsi-nho Júnior contou à coluna que é fl amenguista roxo. Pa-rabéns, brother. Felicidades!

02/04 – Na terça-feira, quem completou 33 anos de pura simpatia foi o pro-fessor Gilson Rodrigues. Formado em Biologia, atualmente ele trabalha como coordenador geral do Centro Vocacional Tec-nológico de Barra do Piraí (CVT-Faetec), cujo polo fi ca localizado no bairro Mata-douro. Meu amigo, um beijo enorme e que Deus sempre abençoe nossa amizade e sua caminhada.

Flopando & Arrasando

ArrasouA iniciativa dos

jovens que par-t icipam do Grupo Pre -lúdio, de convocar a população de Barra do Piraí para par ticipar do “Dia do Basta” – ver maiores detalhes na página 3. “Se a juven-tude viesse a faltar, o rosto de Deus ir ia mu-dar”. Esse verso, de uma canção católica, def ine o meu sentimen-to quanto à luta dos jo -vens por um país e uma cidade melhores. Força e fé!

FlopouSegundo denún-

cias, o mau aten-dimento e a má vontade de alguns residentes que atendem no Polo de Emer-gência, que funciona ane-xo à Santa Casa de Barra do Piraí. Esta semana mesmo recebi o relato de uma leitora reclamando que sua mãe chegou com pressão alta na unidade, e o residente que a aten-deu simplesmente não administrou nenhum me-dicamento. Vai deixar para tratar depois que o pacien-te tiver morrido? Tenham santa paciência, hein!

ArrasouA iniciativa dos