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  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 1

    INtERNAtIONAL PLANt NUtRItION INStItUtE - BRASILAvenida Independencia, n 350, Edifcio Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil

    website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil

    1 Professor Titular Snior, Departamento de Cincia do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: [email protected] Professor Doutor, Departamento de Cincia do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: [email protected] Acadmica de Engenharia Agronmica, Membro do GAPE, Departamento de Cincia do Solo, ESALQ, Piracicaba, SP; e-mail: [email protected]

    ManEjo Do EnxofRE na aGRiCultuRa

    Godofredo Cesar Vitti1

    Rafael Otto2 Julia Savieto3

    INFORMAESAGRONMICAS

    No 152 DEZEMBRO/2015

    ISSN 2311-5904

    Abreviaes: Ca = clcio; CS2 = bissulfeto de alila; DAP = fosfato diamnio; K2SO4 = sulfato de potssio; Mg = magnsio; N = nitrognio; MAP = fosfato monoamnio; P = fsforo; S = enxofre; SAM = sulfato de amnio; TSP = superfosfato triplo; UR = ureia.

    1. intRoDuo

    De acordo com a legislao brasileira, o enxofre (S) classifi cado como macronutriente secundrio, junta-mente com o clcio (Ca) e o magnsio (Mg), sendo expresso na forma de S elementar ou de SO3. Para transformar S em SO3 deve-se multiplic-lo por 2,5, ou seja, 1 S equivale a 2,5 SO3.

    O S denominado macronutriente secundrio no por ser menos importante do que os macronutrientes primrios (N, P2O5 e K2O), mas sim por estar contido em frmulas de baixa concentra-o, como nos fertilizantes nitrogenados (sulfato de amnio, 24% S) e fosfatados (superfosfato simples, 12% S). Entretanto, com o aumento da utilizao de frmulas mais concentradas em nitrog-nio (N) (ureia e nitrato de amnio) e em P2O5 (superfosfato triplo, MAP e DAP), o S passou a ser fator limitante da produtividade e qualidade das culturas de interesse econmico.

    2. EnxofRE na Planta

    O S desempenha funes essenciais no desenvolvimento e na qualidade das plantas, desde a participao na formao de aminocidos e protenas at controle hormonal, fotossntese e mecanismos de defesa da planta contra patgenos.

    2.1. Metabolismo do nitrognioO S e o N andam juntos no metabolismo das plantas

    (Figura 1) por meio de duas rotas principais: a) formao de prote-nas de qualidade e b) fi xao biolgica do N2 do ar e incorporao do N mineral em aminocidos.

    2.1.1. Formao de protenas de qualidade

    As protenas so formadas por 20 aminocidos, sendo que, evidentemente, todos apresentam N em sua composio. J o S participa da composio de quatro aminocidos: cistina, metionina, cistena e taurina. Esta interao tem duas implicaes fi siolgicas: (1) a relao N/S para a maior parte das plantas varia de 10/1 a 15/1 e est associada ao crescimento e produo, e (2) na ausncia

    Figura 1. Interaes de nitrognio e enxofre em plantas de arroz. SAM = sulfato de amnio; UR = ureia.

    Fonte: Lefroy et al. (1992).

    Desenvolverepromoverinformaescientficassobreo manejo responsvel dos nutrientes das plantas para o benefcio da famlia humana

    MiSSo

  • 2 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    INFORMAES AGRONMICAS

    NOTA DOS EDITORES

    Todos os artigos publicados no Informaes Agronmicas esto disponveis em formato pdf no website do IPNI Brasil:

    Opinies e concluses expressas pelos autores nos artigos no refletem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.

    N0 152 DEZEMBRO/2015

    CONTEDO

    Manejo do enxofre na agricultura

    Godofredo Cesar Vitti, Rafael Otto, Julia Savieto .....................................1

    Evoluo dos sistemas de cultivo de milho no Brasil

    Aildson Pereira Duarte; Claudinei Kappes .............................................15

    Divulgando a Pesquisa ...........................................................................19

    IPNI em Destaque ..................................................................................20

    Painel Agronmico .................................................................................23

    Cursos, Simpsios e outros Eventos .....................................................24

    Publicaes Recentes .............................................................................25

    Publicao Recente do IPNI ..................................................................26

    Ponto de Vista .........................................................................................28

    FOTO DESTAQUE

    Publicao trimestral gratuita do International Plant Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal publica artigos tcnico-cientficos elaborados pela

    comunidade cientfica nacional e internacional visando o manejo responsvel dos nutrientes das plantas.

    COMISSO EDITORIAL

    EditorValter Casarin

    Editores AssistentesLus Igncio Prochnow, Eros Francisco, Silvia Regina Stipp

    Gerente de DistribuioEvandro Luis Lavorenti

    INTERNATIONAL PLANT NuTRITION INSTITuTE (IPNI)

    Presidente do Conselho Mostafa Terrab (OCP Group)

    Vice-Presidente do ConselhoOleg Petrov (Uralkali)

    TesoureiroTony Will (CF Industries Holdings, Inc.)

    PresidenteTerry L. Roberts

    Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da sia e fricaA.M. Johnston

    Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/sia Central e Oriente Mdio

    Svetlana Ivanova

    Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa eCoordenador do Grupo das Amricas e Oceania

    Paul E. Fixen

    PROGRAMA BRASILDiretor

    Lus Igncio Prochnow

    Diretores AdjuntosValter Casarin, Eros Francisco

    PublicaesSilvia Regina Stipp

    Analista de Sistemas e Coordenador AdministrativoEvandro Luis Lavorenti

    Assistente AdministrativaElisangela Toledo Lavorenti

    SecretriaKelly Furlan

    ASSINATuRAS Assinaturas gratuitas so concedidas mediante aprovao prvia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:

    http://brasil.ipni.netMudanas de endereo podem ser solicitadas por email para:

    [email protected] ou [email protected]

    ISSN 2311-5904

    Dr. Lus Igncio Prochnow (ao centro), Dr. Aildson Pereira Duarte ( esquerda) e Dr. Claudinei Kappes ( direita) durante visita a uma propriedade produtora de milho nos Estados Unidos.

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 3

    ou deficincia de S h formao de protena de baixa qualidade, principalmente devido falta dos aminocidos essenciais cistina e metionina, ou seja, aqueles que so metabolizados somente pelas plantas superiores. O consumo de plantas deficientes em cistina e metionina resultar em doenas irreversveis no animal e no homem, como escorbuto, hemofilia, cegueira noturna, dentre outras.

    2.1.2. Fixao biolgica do N2 do ar atmosfrico e incorpo-rao do N mineral em aminocidos

    A equao geral e simplificada da fixao do N2 do ar atmosfrico do solo :

    O H2 se origina da ao da enzima ferrodoxina, contendo S na sua estrutura, sobre a molcula de gua (hidrlise), conforme equao simplificada a seguir:

    Assim, na falta de S no h gerao de H2 para a fixao biolgica de N (Figura 2).

    Figura 2. Ndulos de soja sem e com a presena de enxofre.Fonte: Malavolta (1982).

    A via de assimilao do N um processo vital que controla o crescimento e o desenvolvimento das plantas e tem efeitos mar-cantes sobre a produtividade final das culturas. O S faz parte da enzima redutase do nitrito (NO2

    -), e participa do processo, conforme equao simplificada a seguir:

    O S faz parte da composio de coenzimas, como tiamina (B1) e biotina, essenciais para a nutrio humana, bem como da coenzima A (CoA), composto essencial no estgio inicial do ciclo de Krebs uma das etapas do processo da respirao celular dos organismos aerbios.

    2.2. Qualidade do produto agrcolaEm hortalias, o S d origem ao aroma e a sabor caracte-

    rsticos devido formao de bissulfeto de alila (CS2), presente no alho, cebola e mostarda.

    O S faz parte de enzimas proteolticas que conferem sabor especfico s frutas, como a papana no mamo, a bromelina no aba-caxi e a ficinase no figo. Assim, na deficincia de S os frutos ficam com sabor aguado, reduzindo, assim, sua qualidade. Na Figura 3 nota-se o efeito do S na qualidade do abacaxi: o uso do sulfato pro-move maturao uniforme e menor acidez, seja com o uso de sulfato de potssio (K2SO4) como de cloreto de potssio (KCl) associado ao gesso. Intuitivamente, os produtores de abacaxi tm utilizado misturas de KCl com sulfato de amnio visando os efeitos positivos do S nessa cultura.

    A deficincia de S, alm de afetar a qualidade da protena, no caso do trigo, afeta tambm a qualidade da panificao, pela sua influncia na extensibilidade da massa, conforme apresentado na Figura 4. Alm de pes menores, a textura fica mais granulada, a massa mais rgida, o miolo mais firme e pesado, causando envelhe-cimento precoce. Esse processo contornado utilizando-se brometo na panificao, porm, este um composto altamente txico para o ser humano.

    Figura 3. Efeito do S na qualidade do abacaxi.Fonte: Vitti e Heirinchs (2007).

    Figura 4. Influncia do enxofre na extensibilidade da massa de po. esquerda, trigo com presena de S.

    Fonte: The Sulphur Institute (1987).

    NitrogenaseN2 + 3H2 2NH3

    Mo / Fe

    Ferrodoxina 2H2O 2H2 + O2

    S

    Redutase do nitritoNO2

    - NH2 S

  • 4 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    2.4. Qualidade da forragemNo Centro Internacional de Agricultura

    Tropical (CIATI), Colmbia, foi desenvolvida uma leguminosa forrageira, Desmodium ovalifolium, considerada adequada pela sua adaptabilidade a solos de baixa fertilidade, pisoteio e seca; entre-tanto, ela foi refugada pelo gado devido baixa palatabilidade. Acidentalmente, esses pastos foram adubados com S e o problema foi sanado.

    Fato semelhante foi observado em expe-rimento realizado no cerrado de Minas Gerais: a utilizao de S na forma de gesso agrcola aumentou a palatabilidade do capim pela ocor-rncia de leguminosas nativas, como Stylosantes, Centrosema e Desmodium, conforme pode ser observado na Tabela 1.

    2.3. Resistncia ao frio e secaO sulfato, quando absorvido pela planta,

    reduzido a radicais sulfidrilos (-SH) e dissulfeto (-S-S), os quais aumentam a resistncia das plan-tas s baixas temperaturas e ao estresse hdrico, principalmente em culturas de inverno. Na cultura da soja, a ausncia desses radicais ocasiona maior acamamento das plantas.

    2.4. Deficincias visuais na plantaA deficincia de S uma manifestao morfolgica das

    alteraes fisiolgicas ocorridas no interior da planta; assim, quando os sintomas visuais de deficincia so observados, j ocorreram perdas na produtividade e na qualidade da cultura.

    O S um elemento relativamente imvel na planta, portanto, as deficincias ocorrem inicialmente nas partes novas da planta, principalmente nas folhas novas, com clorose (amarelecimento) em toda a extenso do limbo. Em estdios mais avanados, alm da clorose, a deficincia de S ocasiona hastes e colmos mais curtos e crescimento reduzido (Figura 5), causados pela menor sntese de protenas e maior relao N solvel/N protico, ou seja, menor atividade das redutases de nitrato e de nitrito, no incorporando o N mineral (solvel) em N protico.

    2.5. Exigncias nutricionaisAs quantidades de S extradas pelos vegetais superiores so

    variveis, de 0,02% a 1,8% na matria seca. De modo geral, tem-se a seguinte ordem decrescente de extrao: hortalias > algodo > leguminosas > cereais e gramneas.

    Em culturas de interesse agronmico o S extrado em quan-tidades superiores s de fsforo (P), conforme pode ser observado na Tabela 2. Alm da maior extrao de S pelas culturas de alto

    Tabela 1. Gesso e fosfato em pastagem de Brachiaria brizanta.

    Tratamento Matria seca Protena bruta Taxa de lotao Peso vivo

    (kg ha-1) (%) (UA ha-1) (kg ha-1 ano-1)Fosfato + gesso agrcola 2.775 7,19 0,70 161,3Fosfato 2.304 6,25 0,58 110,1Controle 1.851 6,19 0,47 69,1

    Fonte: Vilela (1986).

    Figura 5. Deficincia de S em diversas culturas: 1 = arroz, 2 e 3 = algodo, 4 = cana-de- acar, 5 e 6 = caf.

    Fonte: Rosolem et al. (2007); Lott et al. (1960).

    valor econmico e pelas forrageiras, verifica-se tambm elevada extrao do elemento pelas hortalias crucferas, as quais, na dieta dos seres humanos, tm resultado na diminuio de doenas de alta periculosidade. Na Tabela 3 esto apresentadas as quantidades de S necessrias para a obteno de altas produtividades das culturas.

    2.6. Diagnose foliarAlm da tcnica de avaliao da necessidade de S por meio

    da diagnose visual, utiliza-se a diagnose foliar (anlise de tecidos vegetais) para a recomendao da adubao sulfatada. A diagnose foliar realizada em poca de maior transporte do nutriente para as flores em formao.

    Para a diagnose foliar necessrio coletar um tipo espec-fico de folha da planta e em perodo determinado (Tabela 4). Para a obteno de produtividades elevadas, os teores de S devem estar dentro de determinado intervalo, que varia de acordo com a cultura (Tabela 5).

    3. EnxofRE no soloA maior proporo do S no solo encontra-se na matria

    orgnica (cerca de 95%) e seu ciclo assemelha-se ao do N, sendo o fluxo controlado por reaes de oxidao e reduo mediadas por organismos presentes no solo (Tabela 6).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 5

    Tabela 2. Quantidade de enxofre e fsforo extrados por diversas culturas.

    Cultura S P Colheita

    - - - - (kg ha-1) - - - - (t ha-1)Algodo 33 8 1,3Cana-de-acar 58 21 100Feijo 25 9 1Batatinha 38 27 27,6Caf 27 9 2 (coco)Abacaxi 41 33 50.000 psForrageiras

    Colonio 45 44 23 Napier 75 64 25 Alfafa 24 21 5

    Hortalias Couve-flor 21 9 9,2 Repolho 64 31 84 Ervilha 19 8 100.000 plantas Espinafre 6 5 22.222 plantas Nabo 13 11 -

    Fonte: Malavolta (1976).

    Tabela 3. Quantidade de S total na produtividade de culturas de interesse econmico.

    Cultura Produo S

    (t ha-1) (kg ha-1)Arroz 8 12Trigo 5,4 22Milho 11,2 34Amendoim 4,5 24Soja 4 28Algodo 4,3 34Capim pangola 26,4 52Abacaxi 40 16Cana-de-acar 224 96

    Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983).

    Tabela 4. Cultura, poca e tipo de folha para a diagnose foliar.

    Cultura poca Tipo de folha

    Soja Incio do florescimento 3 triflio com ou sem pecoloMilho Aparecimento de inflorescncia feminina Folha abaixo e oposta espiga superiorAlgodo Incio do florescimento 5a folha a partir do pice sem pecoloFeijo No florescimento 3a folha com pecoloCana-de-acar Primavera-vero Folha +1 (3a a partir do pice com bainha visvel)Caf Incio do vero (dezembro e janeiro) 3 par de folhas a partir do piceCitros Primavera 3a folha a partir do fruto

    Fonte: Raij et al. (1997).

    Tabela 5. Nveis adequados de S foliar.

    Cultura S (g kg-1)

    Soja 2,1 - 4,0Milho 1,5 - 2,1

    Algodo 4,0 - 6,0Feijo 2,0 - 3,0

    Cana-de-acar 3,0 - 5,0Caf 1,5 - 2,0

    Citros 2,0 - 3,0

    Fonte: Raij et al. (1997).

    Em solos mal drenados, como os de vrzea, predomina a forma menos oxidada de S, o sulfeto gs altamente voltil e de odor desagradvel. A reduo do sulfato ocorre principalmente em condies de anaerobiose e na presena de substncias doadoras de eltrons como, por exemplo, a matria orgnica. O agente de tal reao a bactria anaerbia Desulfovibrio desulfuricans.

    Em solos bem drenados e oxigenados predomina a forma mais oxidada, o sulfato fonte primordial de S para as plantas. Pode ser encontrado na soluo do solo, adsorvido a partculas de argila ou em complexos organominerais. Os agentes responsveis pelas reaes de oxidao so os Thiobacillus (MALAVOLTA, 1976).

    A Figura 6 apresenta o ciclo simplificado do S no solo.

    Tabela 6. Formas de oxidao do enxofre no solo.

    Meio anaerbico (sem O2) Meio aerbico (com O2)

    Estado de oxidao S2- S0 S2+ S4+ S6+

    Composto ou on H2S Sulfetos

    SEnxofre elementar

    S2O32-

    TiossulfatoSO2

    - Dixido de enxofre

    SO42-

    SulfatoCapacidade de campo Solos de baixa drenagem (inundado) ou compactado Solo com alta drenagem e "poroso"

    Fonte: Adaptada de Horowitz (2003).

    Figura 6. Ciclo simplificado do S no solo.

  • 6 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    O processo de oxi-reduo do S apresenta duas implicaes importantes para o manejo adequado desse nutriente: (1) oxidao do sulfeto e do S elementar para a forma de sulfato, com reduo do pH do solo e (2) reduo do sulfato para a forma de sulfeto, com elevao do pH do solo.

    (1) Oxidao do S elementar

    Tabela 7. Relao entre C-orgnico, N-total, P-orgnico e S-total nos solos de diferentes regies.

    Local C : N : P : S

    EUA-Iowa 110 : 10 : 1,4 : 1,2Brasil 194 : 10 : 1,2 : 1,4Esccia

    - Calcrios 113 : 10 : 1,3 : 1,3- No calcrios 147 : 10 : 2,5 : 1,4

    Nova Zelndia 140 : 10 : 2,1 : 1,3

    Fonte: Stevenson (1982).

    Tabela 8. Quantidade de S-orgnico e S-total em solos tropicais.

    rea N locaisS-orgnico S-total

    Intervalo Mdia Intervalo Mdia

    - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - -Brasil 3 33-137 81 34-139 83

    6 33-173 154 43-398 16616 30-272 145 37-409 235

    Colmbia 2 322-352 337 394-405 400

    Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983).

    Thiobacillus thiooxidans

    H2S + 1,5 O2 + H2O H2SO4

    DrenagemSulfaquent Sulfaquept

    pH > 7 pH < 3,5

    Thiobacillus S0 + 1,5 O2 + H2O H2SO 2H

    + + SO4-

    Assim, a utilizao de adubos sulfatados em reas com alta umidade e alta quantidade de matria orgnica ocasiona perda de S por volatilizao na forma de H2S, aliada ao fato de que esse gs um dos principais inibidores da absoro inica, levando a planta morte.

    O sulfato tambm permanece imobilizado na matria org-nica das plantas e dos microrganismos, pois representa a principal forma de absoro de S pelos seres vivos. Em relao imobiliza-o do S pelos microrganismos, esta ocorre sob condies de alta relao C/S (> 200/1). Essa observao importante no caso da cana-de-acar colhida sem despalha fogo, condio na qual a relao C/S muito alta, maior que 455 (OLIVEIRA et al., 1999), ocasionando menor mineralizao da palhada.

    Em solos salinos (CE > 4 mmhos a 12,5 C) contendo H2S, denominados solos Gley Thiomrficos (Cat Clay) pelo Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos (SNLCS), ocorre diminuio brusca do pH de cerca de 7,0 para < 3,5, tornando esses solos irrecuperveis para cultivo. Por isso , o Soil Taxonomy denomina duas ordens de solo Entisols e Inceptisols antes e aps a drenagem, respectivamente, conforme equao a seguir:

    Esses solos so facilmente reconhecidos pelo odor indesej-

    vel de gs H2S, bem como pela formao de mosqueados amarelados na interface gua-atmosfera devido formao do mineral jarosita Fe2(SO4)3. Assim, no caso desses solos, fundamental jamais pro-ceder a drenagem.

    3.1. fatores associados deficincia e disponibilidade de enxofre

    As principais causas da deficincia de S nos solos tropi-cais esto associadas s quantidades frequentemente baixas de S encontradas no perfil explorado pelas razes, quando comparadas s das regies temperadas, e alta mobilidade do on sulfato no solo, conforme observado por Vitti (1989) em 8.500 amostras de solo, das quais 75% apresentaram teores baixos ou muito baixos de S. As classes de teores de S no solo, obtidas com os dois extra-tores mais utilizados no Brasil acetato neutro de amnio e fosfato monoclcico , esto apresentadas na Tabela 9.

    Devido alta mobilidade do S no solo na forma de sulfato, recomenda-se considerar tambm a camada subsuperficial (20 a 40 cm) para o diagnstico do teor de S no solo, e realizar a adubao utilizando uma fonte de S sempre que o teor no solo estiver menor que o nvel crtico indicado na Tabela 9.

    O aumento considervel no uso de adubos simples e de frmulas de adubao carentes (isentas) em S tambm contri-buem para a deficincia de S nos solos. Considerando os adubos nitrogenados, cerca de 58% do N utilizado na forma de ureia e 19% na forma de fosfato de amnio MAP e DAP. Em relao aos adubos fosfatados, cerca de 37% do P utilizado na forma de superfosfato triplo e 35% na forma de fosfato de amnio MAP e DAP. Quanto aos adubos potssicos, cerca de 97% do K usado na forma de KCl.

    Analisando os dados da Tabela 8 nota-se que os teores de S orgnico e de S total aumentam com as latitudes mais baixas. Esses teores so insuficientes para manter a nutrio adequada da planta, pois preciso um teor mnimo de 450 ppm de S orgnico considerando a taxa de mineralizao de 1% a 2%. necessrio, portanto, o fornecimento de S atravs da adubao mineral.

    (2) Reduo do SEm condies de m drenagem o sulfato (SO4

    2-) reduzido a sulfeto, de acordo com a seguinte reao simplificada:

    A oxidao do S elementar apresenta duas implicaes pr-ticas: (a) depende da ao de microrganismos (Thiobacilus), que por sua vez depende das condies de temperatura e umidade e do contato do S com o solo; e (b) a reao gera acidez. Portanto, na prtica, uma das poucas formas de reduzir o pH de solos alcalinos por meio da aplicao de S elementar. Os produtos comerciais base de S elementar que vem sendo utilizados na agricultura atualmente, nas doses de cerca de 50 kg ha-1, no promovem aci-dificao significativa.

    Conforme j comentado, a frao de S predominante no solo orgnica (95 a 98% S). A Tabela 7 apresenta a relao C:N:P:S em diferentes regies do mundo, e a Tabela 8 apresenta as quantidades de S orgnico e de sulfato em solos tropicais.

    SO4

    2- + H2O H2S Desulfovibrio desulfuricans

    e-

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 7

    Alm desses fatores, existem outros que tambm colaboram para a deficincia de S nos solos:

    Uso de variedades mais produtivas, como soja RR, milho Bt, algodo e cana-de-acar, por exemplo, as quais extraem e exportam maiores quantidades de S.

    Diminuio na utilizao de pesticidas com S. Diminuio no consumo de combustveis fsseis, os quais

    promovem a emisso de SO2, que pode ser absorvido diretamente pelas folhas ou levado pela chuva ao solo, formando on sulfato, que absorvido pelas razes.

    Utilizao de prticas culturais, como calagem e fosfatagem. A calagem aumenta a CTC efetiva do solo (carga negativa), o que tambm aumenta a lixiviao do SO4

    2- no solo. A aduba-o fosfatada, por sua vez, aumenta a desoro e a lixiviao do SO4

    -, pois o fsforo fixado nas camadas superficiais do solo promove a lixiviao do S (Tabela 10 e Tabela 11).

    Tabela 10. Quantidade de sulfato adsorvido e desorvido nos horizontes Ap e B2 de um Oxissol.

    Horizonte S-SO4adsorvidoQuantidadedesorvida

    %Desorvido

    - - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - -Ap 114 107 97B2 179 82 46

    Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983).

    Tabela 11. Efeito do fosfato na desoro do sulfato.

    Fosfato adicionado S-SO4 adsorvido

    - - - - - - - - - - - - - - - (meq 100g-1) - - - - - - - - - - - - - - -0 2,9

    0,12 1,70,24 0,60,36 0

    Fonte: Adaptada de Kamprath e Till (1983).

    Tabela 12. Fontes tradicionais para o fornecimento de enxofre.

    Material fertilizante Frmula qumica Teor de S (%)

    Sulfato de amnio (NH4)2SO4 24Superfosfato simples Ca(H2PO4)2 + 2CaSO4.2H2O 12Gesso natural ou agrcola CaSO4.2H2O 15-18Sulfato de potssio K2SO4 18Sulfato de potssio e magnsio

    K2SO4.2MgSO4 22

    Sulfato de magnsio MgSO4.7H2O 13Tiossulfato de amnio (NH4)2S2O3.5H2O 26Polissulfato K2Ca2Mg(SO4)4 19Kieserita MgSO4.H2O 20

    Fonte: Modificada de Vitti et al. (2006).

    Tabela 9. Classificao dos teores de enxofre no solo de acordo com dois extratores: acetato neutro de amnio e fosfato monoclcico.

    ClassesS (mg dm-3)

    NH4OAc.HOAc. Ca(H2PO4)2 - 500 ppm P

    Muito baixo 0,0 - 5,0 0,0 - 2,5Baixo 5,1 - 10,0 2,5 - 5,0Mdio 10,1 - 15,0* 5,1 - 10,0*Adequado > 15,0 > 10,0

    * Nvel crtico.Fonte: Vitti (1989).

    4. ManEjo Da aDubao sulfataDa

    A adubao sulfatada pode ser realizada utilizando-se tanto fontes tradicionais de S, comumente empregadas na agricultura h dcadas, como fontes mais modernas, principalmente as obtidas a partir do S elementar.

    4.1. fertilizantes tradicionaisAs fontes tradicionais para o fornecimento de S s culturas

    esto apresentadas na Tabela 12.

    Dentre as fontes tradicionais, as mais utilizadas so o sulfato de amnio, o superfosfato simples e o gesso agrcola, junto a outras fontes alternativas, citadas na Tabela 13.

    Tabela 13. Fontes alternativas para o fornecimento de enxofre.

    Fertilizante % enxofre Densidade

    Sulfonitrato de amnio1 6 -Nitrosulfato de amnio2 12 -Ureia + sulfato de amnio3 12 -Sulfuran4 4 1,26Fosfosulfato de amnio 14-20 -Resduos orgnicos

    Subproduto da produo de aminocidos

    3 1,16

    Vinhaa 0,13 1,01

    1 Mistura de 75% de nitrato de amnio + 25% de sulfato de amnio (30% de N).

    2 Mistura de 50% de nitrato de amnio + 50% de sulfato de amnio (27% de N).

    3 Mistura de 50% de ureia + 50% de sulfato de amnio (32% de N).4 Mistura de 50% uran + 50% de sulfato de amnio.Fonte: Adaptada de Vitti e Heirinchs (2007).

    Destacam-se tambm, como fontes tradicionais de S, o gesso natural (gipsita, contendo cerca de 15% de S) e o gesso agrcola, quando utilizado como condicionador de subsuperficie, bem como a vinhaa e o Ajifer na cultura da cana-de-acar. Com relao ao gesso agrcola e ao superfosfato simples, os mesmos apresentam a vantagem de ter o sulfato ligado ao clcio, o que facilita a mobili-dade no perfil do solo, como mostra a equao simplificada:

    Vitti et al. (2008) estudaram a aplicao de sulfato de am-nio, superfosfato simples e sulfato de potssio e magnsio, na dose de 20 kg ha-1 S, na cultura da soja cultivada em solo de cerrado, no municpio de Conceio das Alagoas, MG e observaram que as trs fontes utilizadas foram eficientes em suprir S para a cultura (Figura 7).

    Broch (sd) verificou que o uso de gesso agrcola como fonte de enxofre na cultura de trigo refletiu em efeito positivo no cultivo posterior de soja (Figura 8).

    H2O CaSO4.2H2O Ca

    2+ + SO42- + CaSO4

    0

    Nutriente Condicionador de subsuperfcie

  • 8 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    Figura 7. Experimento realizado em Conceio das Alagoas, MG, com diferentes fontes de enxofre.

    Fonte: Vitti et al. (2008).

    Figura 8. Aplicao de gesso agrcola em trigo e efeito na cultura da soja em sucesso. esquerda, com adio de S.

    Fonte: Broch, D. Fundao MS.

    4.2. fertilizantes com enxofre elementarA incorporao de S elementar (90% S) aos fertilizantes

    minerais uma alternativa que vem sendo adotada atualmente como forma de diminuir os custos de produo, transporte, estocagem e aplicao, alm de outras vantagens, mostradas na Figura 9. Esta estratgia est se tornando atrativa especialmente em condies de aumento do preo do gesso agrcola, assim como em regies onde o custo de transporte do gesso agrcola torna-se muito alto devido distncia do local de produo, como ocorre em boa parte da regio dos Cerrados.

    Entretanto, deve-se observar que o S na forma elementar no pode ser absorvido diretamente pelas plantas, precisando, primeiro, ser oxidado para ser convertido em sulfato, conforme a reao:

    Figura 9. Usos de enxofre elementar.

    Observa-se que a oxidao do S elemen-tar gera acidez (ons H+) no solo. Esse fato foi comprovado em experimento de Ferreira et al. (1977) em dois solos, um Latossolo Roxo (LR), com pH inicial de 6,4, e um Latossolo Vermelho- Escuro (LEa) de textura arenosa, com pH inicial de 5,7. Aos 50 dias de incubao foi observada correlao linear negativa entre pH e quantidade de S adsorvido ao solo.

    A oxidao ocorre por meio de reaes catalisadas por enzimas (arisulfatases e rodanases) produzidas por microrganismos de solos, como as bactrias do gnero Thiobacillus, consideradas de maior importncia, alm de vrios outros micror-ganismos heterotrficos (bactrias e fungos). A Tabela 14 apresenta a atividade das enzimas arilsulfatases e rodanases em diversos tipos de vegetao. Nota-se que a atividade das enzimas aumenta de acordo com o aumento dos teores de carbono orgnico, S total e S orgnico.

    Os diversos tipos de microrganismos envolvidos na oxidao do S elementar no solo podem ser observados na Tabela 15. Solos de

    pastagem, eucalipto e de florestas isolada e integrada estimulam o crescimento da populao de bactrias autotrficas oxidantes de S elementar e florestas integradas estimulam o crescimento de bactrias heterotrficas oxidantes de S2O3

    2-.Portanto, esse um processo biolgico que depende de vrias

    condies ambientais propcias para que se obtenha maior eficincia na adubao. A oxidao do S elementar em sulfato influenciada por diversos fatores, os quais esto apresentados na Figura 10.

    Alm da presena da populao microbiolgica desejvel, so importantes as condies de:

    Temperatura. Embora a temperatura tima para a oxidao ainda no esteja bem definida, estudos publicados por diversos autores demonstram que as maiores taxas ocorrem entre 30 C e 40 C. Em temperaturas inferiores a 5 C, a oxidao torna-se nula ou inexpressiva, conforme mostra a Figura 11.

    Umidade e aerao. As taxas mximas de oxidao ocor-rem ao redor da capacidade de campo. Em condies de baixa umidade no solo a oxidao limitada por insuficincia de gua para a atividade microbiana, ao passo que em solos com alto teor de umidade ela limitada pela aerao inadequada.

    Textura do solo e matria orgnica. Quanto maior o teor de argila e matria orgnica no solo, maior a tendncia de oxidao.

    ThiobacillusS0 + 1,5 O2 + H2O H2SO4 2H+ + SO4

    -

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 9

    Porm, o efeito positivo depende mais do teor de matria orgnica do que da textura, o que pode ser atribudo ao seu uso como fonte de energia para a populao de microrganismos.

    Valores de pH. Em solos tropicais, a taxa de oxidao do S elementar aumenta medida que aumenta o pH do solo, con-forme mostra a Figura 12 (HOROWITZ, 2003). Nos solos cidos, a velocidade de oxidao maior nos solos com pH prximo a 6,0, comparada aos menores valores de pH. A Tabela 16 mostra a faixa adequada de pH para a oxidao do S elementar pelos microrga-nismos. A Tabela 17 apresenta a oxidao diria de S realizada por microrganismos heterotrficos.

    Presena de outros nutrientes. A oxidao do S tende a ser mais rpida em solos mais frteis, devido maior manuteno da populao microbiana.

    Figura 10. Diagrama das relaes variveis (Xn) e dependente (Y) correlatas que afetam a oxidao do S-elementar a S-sulfato.Fonte: Horowitz (2003).

    Tabela 15. Oxidao autotrfica e heterotrfica em diferentes tipos de vegetao.

    Vegetao Bactria total (x 108)

    Oxidao autotrfica S0

    (x 105)

    Oxidao heterotrfica S2O3

    2- (x 105)

    Floresta isolada 5,6 b 32,3 ab 12,8 bFloresta integrada 28,7 ab 57,5 ab 68,8 aMilho 194,9 ab 5,6 b 13,4 bEucalipto 19,2 ab 59,9 a 13,8 bPastagem 77,5 ab 88,9 a 13,2 bCV (%) 6,41 5,9 5,1

    1 Em cada coluna, as mdias seguidas pela mesma letra no diferem em 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

    Fonte: Pinto e Nahas (2002).

    Tabela 14. Atividade das enzimas arilsulfatases e rodanases em diferentes tipos de vegetao.

    VegetaoArilsulfatase Rodanase

    (g p-nitrofenol g-1 solo seco h-1)

    (nmoles de SCN- g-1 solo seco h-1)

    Floresta isolada 22,93 b1 679,89 bFloresta integrada 37,02 a 1.682,98 a Milho 0,15 d 270,27 cEucalipto 15,74 c 154,24 cPastagem 13,83 c 1.747,07 aCV (%) 15,09 10,89

    1 Em cada coluna, mdias seguidas pela mesma letra no diferem entre si em 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

    Fonte: Pinto e Nahas (2002).Figura 11. Relao entre taxa de oxidao do S elementar e temperatura.Fonte: Adaptada de Janzen e Bettany (1987).

  • 10 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    Granulometria das partculas do adubo. Reduzindo-se o tamanho das partculas do S-elementar adicionado ao solo ocorre aumento acentuado na taxa de oxidao devido ao aumento da rea superficial das partculas, o que favorece o contato com os microrganismos oxidantes. De maneira geral, considera-se que, para rpida oxidao do S elementar a ser aplicado, as partculas deste fertilizante devem ser de tamanho inferior a 0,15 mm.

    4.2.1. fatores que afetam a eficincia de fontes com enxofre elementar

    rea da superfcie especfica do adubo. A oxidao do S elementar funo direta da superfcie da partcula diretamente exposta atividade microbiana, conforme apresentado por FOX et al. (1964) por meio da seguinte equao:

    S = 6 / dem que:S = superfcie especfica (cm2 g-1) d = dimetro (cm) = densidade (g cm-3)

    Assim, adubos com formas pastilhadas so mais eficien-tes do que os que apresentam formas esfricas ou em blocos por apresentarem maior superfcie especfica (WATKINSON, 1993).

    Tamanho da partcula do adubo. Quanto menor o tamanho da partcula do adubo, maior a taxa de oxidao do S (WAIN-GHRIGHT, 1984). Na Tabela 18, na Tabela 19 e na Tabela 20 so apresentadas as taxas de oxidao do S em funo do tamanho das partculas obtidas por diferentes pesquisadores.

    Tabela 16. Formas de bactrias quimioautotrficas do gnero Thiobacillus e faixa adequada de pH.

    Tipo pH

    Thiobacillus thiooxidans 2,0 a 5,0Thiobacillus ferrooxidans -Thiobacillus neapolitanus 7,0Thiobacillus denitrificans -Thiobacillus thioparus 7,0

    Fonte: Horowitz (2003).

    Trabalhos desenvolvidos em solos de Cerrado mostraram que o S elementar aplicado em solos com partculas menores que 0,50 mm apresentou eficincia agronmica similar do gesso agrcola. Entretanto, essa fonte no foi eficiente no primeiro ano de cultivo do milho (EMBRAPA, 1997).

    Dose de aplicao do adubo. A taxa de oxidao do S elementar varia de acordo com a dose de aplicao do adubo. Em pesquisa de Janzen e Bettany (1987), a maior taxa de oxidao ocorreu com a aplicao de doses entre 0 e 4.000 mg kg-1 de S para partculas de tamanho entre 0,106 e 0,150 mm, enquanto para partculas < 0,053 mm a taxa de oxidao ocorreu com doses de at 400 mg kg-1 de S.

    Horowizt e Meurer (2006), utilizando doses de S elementar de 0, 1,5, 3, 6, 9 e 12 g kg-1 em Argissolo e Latossolo (Ultissolo e Oxissolo, respectivamente), observaram oxidao mxima com at 3 g kg-1 de S0 no solo, ocorrida aos 70 dias de incubao (Figura 13 e Figura 14). Observou-se tambm que o processo de oxidao iniciou aos 20 dias e se completou aproximadamente aos 70 dias. Entretanto, o processo foi maior no Argissolo (pH 6,4) do que no Oxissolo (pH 4,2), com valores de 56 mg dm-3 de S-SO4 e 207 mg dm-3 de S-SO4, respectivamente, mostrando a ocorrncia de maior oxidao em solos com pH mais elevado.

    Tabela 17. Oxidaes dirias de S por microrganismos.

    Organismo Pas mg S0 cm-2 dia-1

    Thiobacillus Austrlia 50Heterotrficos Canad 5

    Fonte: Watkinson (1989); Janzen e Bettany (1987).

    Figura 12. Relao entre pH e taxa de oxidao de S em Latossolo Ver-mellho, aps 90 dias de incubao com S elementar.

    Fonte: Horowitz (2003).

    Tabela 18. Taxa de oxidao diria do S elementar em funo do tamanho da partcula.

    Tamanho da partcula Taxa de oxidao do S elementar

    (mm) (Mg S0 cm-2 dia-1)< 0,048 21,3< 0,125 3,7

    Fonte: Donald e Chapman (1998).

    Tabela 19. Taxa de oxidao anual do S elementar em funo do tamanho da partcula.

    Tamanho da partcula (mm) Oxidao

    < 0,15 90% (1 ano)0,25 a 0,50 3 anos1,00 a 2,00 Longo perodo

    Fonte: Boswell (1997).

    Tabela 20. Taxa de oxidao do S elementar aps 340 dias em funo do tamanho da partcula.

    Tamanho da partcula Oxidao

    (mm) (340 dias)< 0,15 90% oxidado> 0,15 24 a 55% oxidado

    Fonte: Lee et al. (1988).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 11

    Disperso do S elementar no solo. A inadequada disper-so das partculas de S reduz a taxa de oxidao do S. A disperso decresce at a dose de 1 g de S elementar para 50 g de solo em decorrncia de dois motivos: (a) acmulo excessivo de produtos de oxidao (txicos e cidos) e (b) carter hidrofbico das partculas.

    A potencializao da oxidao do S elementar pode ser obtida de vrias formas, como: aplicao de uma quantidade mnima de S elementar ao solo (1 cg em 1.000 cg de solo); incorporao do adubo ao solo; aplicao do adubo em rea total ao invs da apli-cao localizada e correo prvia do solo com calcrio, visando aumentar a taxa de oxidao do S elementar.

    Figura 13. Teor de S-sulfato no Argissolo em funo dos perodos de incubao para doses de S-elementar adicionadas ao solo.

    Fonte: Horowitz e Meurer (2006).

    Figura 14. Teor de S-sulfato no Latossolo em funo dos perodos de incubao para doses de S-elementar adicionadas ao solo.

    Fonte: Horowitz e Meurer (2006).

    4.2.2. formas de aplicao do enxofre elementar

    Uma metodologia desenvolvida no Canad, e que atualmente a forma mais comum e eficiente de aplicao dos produtos com S elementar, a utilizao da bentonita, uma argila expansiva que fundida s partculas finas do S elementar com a finalidade de obter um fertilizante granulado e facilitar a aplicao do produto (BOSWELL et al., 1988).

    O objetivo desse processo industrial que, com a umidade do solo, os grnulos de S elementar com betonita se desintegrem, expondo a grande rea superficial das partculas finas atividade microbiana, j que a betonita, sendo uma argila expansiva, em con-tato com a umidade do solo tem seu volume aumentado em torno de 20 vezes, conforme descrito por Tisdale et al. (1993).

    As alternativas para o uso de S elementar no solo so: S pastilhado; S incorporado em grnulos fosfatados e S revestindo ureia, fosfato monoamnio (MAP) e superfosfato triplo (TSP).

    4.2.2.1. Enxofre pastilhado

    Trabalhos desenvolvidos no Canad, Austrlia e Nova Zelndia demonstraram a possibilidade de utilizao segura do S elementar puro ou incorporado a fertilizantes.

    Considerando a comercializao de diferentes fontes de S elementar pastilhado no mercado brasileiro nos ltimos anos, necessrio desenvolver uma metodologia adequada para avaliar a taxa de oxidao do S dessas fontes, uma vez que isso afetar o sucesso ou no do uso do produto pelos agricultores. Tem-se obser-vado no mercado a presena de S elementar pastilhado com ou sem a adio de argilas expansivas, o que tem ocasionado preocupaes a respeito da eficincia da converso do S elementar a sulfato em condies de campo. Isso ocorre devido s vrias origens (pases) do S elementar pastilhado que est sendo comercializado no Brasil, especialmente nos ltimos anos.

    Apesar de no existir metodologia padronizada para esta finalidade, o Grupo de Apoio Pesquisa e Extenso (GAPE), na ESALQ, tem realizado testes preliminares para verificar a capaci-dade de dissoluo em gua de fontes comerciais de S elementar disponveis no Brasil. Considerando que necessrio o contato entre o S elementar e as partculas de solo para que a oxidao microbiana seja efetiva, evidente que os produtos pastilhados que apresentem maior capacidade de dissoluo tero maior taxa de oxidao em nossos solos. Testes preliminares tm demonstrado diferena expressiva da capacidade de dissoluo em gua do S elementar pastilhado, sem e com bentonita, no processo de produ-o aps permanncia em gua durante 24 h (Figura 15). Este teste simples pode ser realizado pelos agricultores antes da aquisio dos produtos base de S elementar.

    A legislao brasileira, por meio da instruo normativa n5 de 23/02/2007, regulamenta as garantias mnimas de utilizao simples com S elementar, conforme apresentado na Tabela 21. Entretanto, para cumprir essa legislao necessrio o uso de S elementar na forma de p, tornando-se grande problema na utilizao do produto por diversas razes, como: segregao do produto se o mesmo entrar em misturas com outras fontes granuladas; dificuldade de aplicao localizada, por falta de mecanismos aplicadores eficientes para adubao com fertilizantes na forma de p; e riscos para operadores nas aplicaes do produto a lano em superfcie, pois o contato do S elementar com a pele acarreta rpidas reaes de oxidao, causando irritaes e queimaduras. Por isso, at poucos anos atrs, a utilizao do S elementar nas adubaes era irrisria no Brasil.

  • 12 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    Damato et al. (2008) avaliaram a taxa de oxidao do S ele-mentar pastilhado com bentonita em comparao ao produto conven-cional na forma de p, em trs tipos de solo brasileiros, e concluram que ambas as formas fsicas do produto foram similares e de mesma eficcia no aumento do teor de sulfato nos solos (Figura 16).

    4.2.2.2. Enxofre incorporado em grnulos fosfatados

    O processo de enriquecimento de fertilizantes fosfatados com S consiste na mistura de sulfato e de S elementar no processo de granulao, aumentando o contedo de S no adubo, porm sem diminuir o con tedo de P (Figura 17). Desta forma, o N e o P2O5 so liberados mais rapidamente e o S mais lentamente. O pH do solo decresce em torno do grnulo, aumentando a solubilidade do P2O5 em solos neutros e alcalinos. Pode-se encontrar produtos no mer-cado com os trs nutrientes em um nico grnulo, metade do S na forma de sulfato e outra metade na forma elementar, como a frmula 13-33-00 + 15% de S.

    A incorporao de sulfato e de S elementar ao fertilizante por meio de formas slidas fundidas pode resultar em produto com partculas com granulometria de 5 a 200 micrometros de S elemen-tar, combinadas com MAP, DAP ou TSP e misturas NPK (triturao mida contendo aditivos). No caso do TSP, o produto final apresenta 12% de S micronizado, similar ao contedo de S no superfosfato simples, porm com 2 a 2,5 vezes mais P2O5 (Figura 18).

    4.2.2.3. Enxofre revestindo ureia, MAP e TSPEsse processo envolve a asperso do S elementar em p, a

    102C, sobre os grnulos de ureia, MAP ou TSP visando a fuso do S elementar e o recobrimento dos grnulos (Figura 19). O resultado desse processo est apresentado na Tabela 22.

    Tabela 21. Legislao brasileira referente ao uso de S-elementar.

    Nutriente Garantia mnima Forma Especificao granulomtrica Origem

    Enxofre 95% S Determinado como enxofre total

    P Extrao de depsitos naturais de enxofre ou da rocha pirita, subproduto de gs natural, gs de refinaria e fundio do carvo. Podem ser obtidos tambm do sulfato de clcio ou da anidrita.

    Figura 15. Enxofre elementar pastilhado sem ( esquerda) ou com ( direita) adio de bentonita (50 g em 200 ml de gua deioni-zada) aps repouso durante 24 horas.

    Fonte: GAPE, 2015 (dados no publicados).

    Figura 16. Fontes e doses de S-elementar aplicados em solos de textura arenosa, intermediria e argilosa.Fonte: Damato et al. (2008).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 13

    Figura 17. Tecnologia de incorporao de enxofre elementar em fertili-zantes fosfatados.

    Fonte: Mosaic Fertilizantes.

    4. ConCluso

    A deficincia de S em diversas culturas agrcolas no Brasil uma realidade atualmente. A deficincia nas lavouras, alm de afetar negativamente a produtividade, diminui a qualidade do produto colhido.

    Tabela 22. Fontes de N e P2O5 recobertas com S elementar.

    Fertilizante N (%) P2O5 (%) S (%)

    Ureia 37 - 16

    MAP 9 43 16

    TSP - 37 16

    Fonte: Fertilizantes Heringer.

    Figura 18. Tecnologia de incorporao de sulfato e de S elementar em MAP granulado resultando na formulao 11-40-0 12 S (70% de S elementar e 30% de S sulfato).

    Fonte: Shell.

    A utilizao de fertilizantes simples mais concentrados, como ureia, nitrato de amnio, superfosfato triplo, MAP e DAP tem diminudo a adio de S por meio de fertilizantes simples. O gesso agrcola tem sido utilizado em larga escala na agricultura brasileira como condicionador de solo e como fonte de S. Entretanto, as questes logsticas e o aumento recente nos preos do gesso agrcola tem tornado necessrio desenvolver fontes no convencionais de S para as culturas. Nesse sentido, produtos a partir de S elementar tem sido desenvolvidos, tanto para aplicao isolada em rea total quanto para mistura em formulaes NPK, ou ainda como revesti-mento de fertilizantes fosfatados.

    Diferentemente do gesso agrcola, do sulfato de amnio e do superfosfato simples, nos quais o S encontra-se na forma de sulfato (SO4

    2-) prontamente disponvel para as plantas, fontes a partir de S elementar (S0) precisam sofrer oxidao microbiana para trans-formar o S elementar em sulfato e ser efetivamente aproveitado pelas plantas.

    Em solos tropicais, os fatores climticos no limitam a oxidao do S elementar, porm, quando no uso dessa fonte essencial observar a qualidade da mesma, principalmente quanto granulometria, grau de disperso, tamanho e forma das partculas e qualidade de aplicao. Portanto, considerando que diversas fontes de S elementar tm surgido no mercado brasileiro recentemente, os agricultores tem que estar atentos a estes fatores para que seu uso promova os efeitos desejados em sua lavoura.

    5. REfERnCias

    BOSWELL, C. C. Dryland lucerne responses to elemental sulphur of diferente particle sizes applied at diferente rates and frequencies in North Otago, New Zealand. New Zealand Journal of Agricul-tural Research, Wellington, v. 40, p. 283-295, 1997.

    Figura 19. Eletromicrografia de varredura da ureia (em cor rosa) revestida com 16% enxofre elementar (em cor verde).

    Fonte: Souza (2015).

  • 14 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    BOSWELL, C. C.; SWANNEY, B.; OWERS, W. R. Sulfur/sodium bentonite prills as sulfur fertilizers. 2. Effect of sulfur- sodium bentonite ratios on the availability of sulfur to pasture plants in the field. Fertilizer Research, Wageningen, v. 15, p. 33-46, 1988.

    DAMATO, H.; MORAES, M. F.; CABRAL, C. P.; LAVRES JUNIOR, J.; MALAVOLTA, E.; ABREU JUNIOR, C. H. Oxidao do enxofre elementar do Sulfurgran em trs solos do Estado de So Paulo. In: SIMPSIO INTERNACIONAL DE INICIAO CIENTFICA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO - AGRO-PECURIA, 16., 2008, Piracicaba, SP. Anais... Piracicaba, SP: EDUSP, 2008. v. 1. p. 1.

    DONALD, D.; CHAPMAN, S. J. Use of powdered elemental sul-phur as a sulphur source for grass and clover. Communications in Soil Science and Plant Analysis, Madison, v. 29, n. 9 -10, p. 1315-1328, 1998.

    EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuria dos Cerrados. Efeito da granulometria na eficincia agronmica de fontes de enxofre em solo de Cerrado. Planaltina, DF: EMBRAPA/CPAC; Porto Alegre: Adubos Trevo, 1997. n. p. Relatrio Final elaborado em 12/97.

    FERREIRA, M. E.; VITTI, G. C.; PERECIM, D.; CASTELLANE, P. D. Uso do enxofre elementar na acidificao de solos. Revista Cientfica, Jaboticabal, v. 5, n. 3, p. 287-295, 1977.

    FOX, R. L.; ATESALP, H. M.; KAMPBELL, D. H.; RHOADES, H. F. Factors influencing the availability of sulfur fertilizers to alfafa and corn. Soil Science Society Proceedings, Madison, v. 28, p. 406-408, 1964.

    HOROWITZ, N. Oxidao e eficincia agronmica do enxofre elementar em solos do Brasil. 2003. 109 p. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

    HOROWITZ, N.; MEURER, E. J. Oxidao do enxofre elemen-tar em solos tropicais. Cincia Rural, Santa Maria, v. 36, n. 3, p. 822-828, 2006.

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  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 15

    EVoluo Dos sistEMas DE CultiVo DE MilHo no bRasil

    Aildson Pereira Duarte1

    Claudinei Kappes2

    Abreviaes: EUA = Estados Unidos; K = potssio; N = nitrognio.

    1 Engenheiro Agrnomo, Dr., Pesquisador Cientfico, Instituto Agronmico, Campinas, SP; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrnomo, Dr., Pesquisador, Fundao MT, Rondonpolis, MT; e-mail: [email protected]

    intRoDuo

    A competitividade da agricultura brasileira no cenrio mundial depende, principalmente, da produtividade e da lucratividade das culturas em relao aos prin-cipais produtores mundiais. Embora a participao efetiva do Brasil no mercado internacional de milho seja recente as exportaes anuais atingiram pelo menos 20 milhes de toneladas a partir de 2012 , o pas poder se consolidar como importante fornecedor mundial deste cereal. Neste artigo, so abordados os principais fatores limitantes para a cultura de milho e a evoluo dos siste-mas de cultivo, os quais tm possibilitado aumentos crescentes de produtividade e assegurado renda aos agricultores.

    o bRasil no CEnRio MunDialO Brasil o terceiro maior produtor mundial de milho,

    sendo suplantado apenas pelos Estados Unidos (EUA) e pela China, que produzem 350 e 220 milhes de toneladas de gros, respectivamente. O pas diferencia-se por produzir duas safras ao ano sem o uso de irrigao, com produo total na ltima safra (2014/15) de 85 milhes de toneladas, sendo a segunda safra (54,7 milhes de toneladas) superior primeira (30,7 milhes de toneladas), como ocorre desde 2012, quando a segunda safra se tornou a mais expressiva. A rea total de milho na safra 2014/15 atingiu 15,8 milhes de hectares, sendo 6,2 e 9,6 milhes na primeira e na segunda safra, respectivamente (CONAB, 2015). No entanto, a produtividade mdia nacional ainda prxima de 5 t ha-1, muito inferior de 10 t ha-1 obtida nos EUA. Ao selecionar regies pro-dutoras especficas, verifica-se que a produtividade triplicou nos ltimos 30 anos, atingindo valores iguais ou superiores a 7,0 t ha-1 e 5,0 t ha-1 na primeira e na segunda safra, respectivamente. Ressalte-se que esses valores no refletem o excelente nvel tecnolgico alcanado por parte dos produtores, os quais tm obtido produtividades acima de 12 t ha-1 e 8 t ha-1 na primeira e na segunda safra, respectivamente, pois as mdias so atingidas em ambientes muito diversos e em diferentes pocas de semeadura e sistemas de cultivo.

    fatoREs CliMtiCos liMitantEs CultuRa

    O clima tropical e subtropical geralmente no favorece a expresso mxima do potencial gentico da cultura de milho em decorrncia, principalmente, das elevadas temperaturas noturnas e poucas horas de insolao direta. Alm disso, ocorrem veranicos,

    provocando estresses hdricos e, na safra de vero, tambm estresse trmico (elevadas temperaturas).

    Na regio sudoeste do estado de So Paulo, em baixa alti-tude, as temperaturas mnimas e mximas dirias atingem picos de 20 C a 30 C, respectivamente, nos meses de novembro a maro (Figura 1A). No norte do Mato Grosso, a temperatura mxima elevada o ano inteiro, especialmente nos meses de agosto e setembro, com valores superiores a 35 C (Figura 1B). Nas duas regies, as tempera-turas mnimas so mais amenas nos meses de maio, junho e julho, mas cerca de 5 C mais baixas em So Paulo, comparado ao Mato Grosso.

    A srie histrica do Instituto Agronmico (IAC), Campinas, SP, indica que o valor das maiores mdias dirias de luz solar de aproximadamente 7,5 horas por dia, em abril, julho e agosto, enquanto o das menores mdias de 6,0 horas por dia, em dezem-bro e janeiro (Figura 2). A menor insolao direta ocorre no vero devido elevada nebulosidade e a durao dos dias mais longos do ano ser de apenas 13,4 horas. Ao contrrio, na regio do Corn Belt americano, a mdia diria de insolao superior a 8 horas nos meses de maio a agosto, atingindo 10 horas no ms de julho, quando ocorre a durao mxima do dia, de aproximadamente 15 horas. As chuvas, por sua vez, so concentradas no perodo de vero no Mato Grosso, onde o inverno seco, e melhor distribudas ao longo do ano no sudoeste de So Paulo, regio de transio climtica para inverno mido, tpico do sul do pas.

    EVoluo Dos sistEMas DE CultiVo E inCREMEnto DE PRoDutiViDaDE

    O advento e a tecnificao do milho safrinha foram respons-veis pela grande transformao da cultura de milho no Brasil. Houve mudana espacial, com o avano da cultura para o Centro-Oeste e recentemente para os chapades do Maranho, Piau e Tocantins, com perda de rea em regies tradicionais de cultivo de milho, especial-mente em regies de baixa altitude (Paran e So Paulo), e temporal, com a maior parte da rea de milho vero sendo substituda pela de soja, passando a ser cultivado preferencialmente na segunda safra em sucesso a esta leguminosa. Esse sistema teve grande aceitao a partir da consolidao do plantio direto (Figura 3), por proporcionar reduo do tempo entre a colheita da soja e a semeadura do milho. A rea da segunda safra poder aumentar ainda mais, por exemplo, no estado do Mato Grosso, onde apenas 3,4 milhes de hectares, dos 8,9 milhes de hectares, foram cultivados com milho em sua sucesso, ou seja, 37% da rea de soja (CONAB, 2015).

  • 16 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    Figura 1. Mdia diria da precipitao pluvial e das temperaturas mnimas e mximas em 1Assis, SP (A), no perodo de 1988 a 2014 (27 anos), e em 2Sorriso, MT (B), no perodo de 2005 a 2014 (10 anos), na sequncia de julho a junho.

    Fonte: 1Instituto Agronmico (IAC); 2Somar Meteorologia.

    A boa remunerao da cultura da soja e a oferta de milho o ano todo, reduzindo a sazonalidade dos preos durante o ano, inviabilizou a produo comercial de milho em lavouras de baixa produtividade na safra de vero, as quais ainda persistem apenas

    Figura 3. Semeadura direta de milho sobre a palha de soja.

    para consumo dos gros na propriedade. Assim, o milho vero ficou concentrado em regies de elevada altitude, onde as temperaturas noturnas so mais amenas e o estresse hdrico/trmico menos frequente, e com nfase na rotao com a soja. A semeadura foi antecipada para o ms de setembro ou incio de outubro, a partir do incio e estabilizao das chuvas, possibilitando que os estdios iniciais de desenvolvimento das plantas ocorressem sob temperatu-ras mais amenas e que o incio do enchimento dos gros ocorresse antes do perodo de grande nebulosidade. Nessas condies, tm sido obtidas as maiores mdias de produtividade brasileiras, mas ainda inferiores a 300 sc ha-1, que o padro superior americano.

    Nota-se que o aumento na produtividade de milho na pri-meira safra (Figura 4) ocorre pela concentrao da produo em regies e pocas mais favorveis e tambm pelo lanamento de cultivares de alto potencial produtivo e modernizao das prticas culturais, destacando-se o adensamento populacional (de pelo menos 65 mil plantas por hectare), o aumento das doses na aduba-o, especialmente da nitrogenada, a melhoria na uniformidade de distribuio das sementes e a proteo efetiva das plantas contra pragas e doenas, incluindo a tecnologia transgnica Bt e os fun-gicidas, respectivamente.

    Figura 2. Nmero mdio de horas de insolao direta por ms (janeiro a dezembro) em 1Moline, IL, EUA (41 30' N), no perodo de 1943 a 1987 (45 anos), e em 2Campinas, SP (22 54' S), no perodo de 1775 a 2006 (32 anos).

    Fonte: 1GCMD; 2Banco de Dados do Instituto Agronmico (IAC).

    A

    B

    Figura 4. Produtividade mdia de milho na primeira e segunda safras nas regies do cerrado (Gois e Mato Grosso) e tradicional de cultivo de milho (Paran, So Paulo e Mato Grosso do Sul) no perodo de 1984 a 2015.

    Fonte: CONAB (2015).

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 17

    J o aumento da produtividade do milho safrinha (segunda safra em sucesso soja, e sem irrigao) decorre de fatores mais complexos, pois a cultura desenvolvida em ambientes com elevada frequncia de estresse hdrico e, ao sul do paralelo 22, com estresse pelo frio, incluindo geadas (DUARTE, 2004). Acrescenta-se que h 30 anos os agricultores pioneiros utilizavam a semente como nico insumo, e mesmo assim de cultivares poucos adaptados a esta modalidade de cultivo. A partir do incio da dcada de 1990 foram desenvolvidas tecnologias apropriadas para o cultivo do milho safrinha, quando o IAC implantou a primeira rede de pesquisa dire-cionada a ele, destacando-se: lanamento e/ou posicionamento de cultivares adaptados para cultivo outono-inverno e com resistncia a doenas, antecipao da poca de semeadura, adoo do sistema plantio direto e manejo adequado da adubao.

    O aumento mais expressivo na produtividade do milho safrinha ocorreu a partir do incio deste sculo (Figura 4 e Figura 5), devido, principalmente, antecipao da colheita da soja e, conse-quentemente, da semeadura do milho safrinha. Isso ocorreu com o aparecimento da ferrugem asitica da soja no Brasil na safra 2001/02 e com a demanda urgente e imperiosa por cultivares de ciclo mais curto para semear mais cedo.

    rendimento operacional contribuiu para antecipar a semeadura do milho safrinha, principalmente neste estado.

    Custo DE PRoDuo Do MilHo safRinHa

    O custo de produo do milho safrinha geralmente menor do que o do milho vero, principalmente devido economia na adu-bao nitrogenada, que suprida parcialmente pelo nitrognio (N) dos restos culturais da soja. No entanto, a demanda de adubao tem aumentado com a melhoria da produtividade, e a referida economia dever se tornar relativamente menor, para evitar a deficincia de N no sistema de sucesso soja-milho safrinha. Para o estado de Mato Grosso, estima-se que os custos de produo, considerando apenas os custos variveis sem computar depreciao de mquinas, custo da terra, remunerao do capital e impostos , esto prximos a R$ 1.309,79 e R$ 1.451,62, com o emprego de mdia e alta tecno-logia, respectivamente, sendo que os fertilizantes representam cerca de 40% dos custos, independentemente do nvel tecnolgico (Tabe- la 1). Para o sudoeste do estado de So Paulo, os custos de produo estimados, considerando tambm apenas os custos variveis, so de R$ 1.217,00 e R$ 1.629,80, sendo que os fertilizantes correspon-dem a 32% e 38% do custo total, com a utilizao de mdia e alta tecnologia, respectivamente. Confirma-se que um dos diferenciais do milho safrinha, em relao safra de vero no Brasil e nos EUA, o baixo gasto com fertilizantes quando se utiliza mdia tecnologia, a qual ainda empregada pela maioria dos produtores. O preo do adubo nitrogenado, que era relativamente baixo nos EUA, agora est em patamar prximo ao do Brasil, ou seja, so necessrios cerca de 10 kg de gros para comprar 1 kg de N.

    fatoREs CRtiCos nos sistEMas DE CultiVo

    Diante da realidade do clima e das grandes transformaes ocorridas nos ltimos anos na agricultura brasileira, questiona-se quais seriam os fatores crticos que poderiam ser melhorados, prioritariamente, visando aumentar a produtividade da cultura de milho e a lucratividade do agricultor. A questo de logstica para o escoamento da produo no Brasil Central recorrente, pois onde se encontra o maior ponto de estrangulamento relativo exportao, bem como a maior oportunidade de insero do pas no mercado internacional de milho visando aumentar as vendas antecipadas e a pr-fixao do preo, a exemplo da soja, fatores que diminuem as incertezas sobre o valor do milho a cada safra.

    Quanto aos sistemas de cultivo, dois fatores merecem grande ateno: a uniformidade de desenvolvimento das plantas e a adubao de arranque. As lavouras norte-americanas se destacam em relao s brasileiras por apresentarem, alm da maior dispo-nibilidade diria de luz e uso de irrigao nas regies com maior

    Figura 5. Evoluo na rea e na produtividade mdia de milho segunda safra no Mato Grosso.

    Fonte: CONAB (2015).

    Figura 6. Ilustrao hipottica do deslocamento da poca de semeadura da soja e do milho safrinha no Mato Grosso. Fonte: Adaptada de Kappes (2013).

    Em Mato Grosso, tem aumentado a preferncia por cultivares de soja de hbito de crescimento tipo indeterminado para semear no final de setembro, embora a grande maioria das cultivares ofertada no mercado seja do tipo determinado. A antecipao da poca de semeadura da soja ao longo do tempo, desde novembro at setembro, ilustrada na Figura 6. Acres-centa-se que o emprego de implementos agrcolas com elevado

  • 18 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    Tabela 1. Estimativas do custo de produo do milho safrinha nos sistemas de produo com mdia e alta tecnologia no estado do Mato Grosso1 e na regio paulista do Mdio Paranapanema2 (mdia dos anos 2014 e 2015).

    EstadoInsumos

    Servios3 TotalSementes Fertilizantes Defensivos

    Mdia tecnologia (produtividade esperada: 5 t ha-1)

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (R$/ha) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Mato Grosso 289,11 518,09 365,28 137,31 1.309,79So Paulo 225,00 386,00 198,00 408,00 1.217,00

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (% do custo total) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Mato Grosso 22,1 39,6 27,7 10,5 100,0So Paulo 18,5 31,7 16,3 33,5 100,0

    Alta tecnologia (produtividade esperada: 7 t ha-1)

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (R$/ha) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Mato Grosso 374,39 614,68 321,23 141,33 1.451,62

    So Paulo 306,00 626,00 243,00 454,80 1.629,80- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (% do custo total) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    Mato Grosso 26,1 42,3 21,9 9,8 100,0So Paulo 18,8 38,4 14,9 27,9 100,0

    Fonte: 1IMEA (2015) e 2Pecchio (2015).3 Despesas com operao de mquinas e mo de obra.

    ocorrncia de seca, maior uniformidade das espigas. No Brasil, comum o arranque inicial pouco vigoroso e a presena de plantas sem espigas (dominadas) e/ou espigas pequenas ou mal formadas (gros ausentes ou leves na ponta do sabugo).

    A desuniformidade ocorre desde a emergncia das plantas, mesmo quando so utilizadas sementes com elevado vigor e tratadas contra pragas de solo (Figura 7). Quanto mais rpida e uniforme a emergncia, menor o tempo no qual as plntulas ficam expostas s pragas e aos patgenos. Alm disso, o trnsito de colhedoras em solo muito mido compacta as faixas de solo, e a deficincia na regulagem do picador de palha causa distribuio desuniforme dos restos culturais. Esses fatores levam desuniformidade na pro-fundidade de semeadura; logo, em uma mesma rea, as sementes so depositadas tanto em sulcos rasos como em muito profundos, podendo ou no aderir ao solo. Outra possvel causa o manejo inadequado da adubao, o que dificulta o arranque vigoroso de todas as plantas, por exemplo, devido ao efeito salino da adubao com potssio (K) no sulco ou deficincia de N quando toda a adubao aplicada a lano, principalmente depois da emergncia das plantas, como ocorre no Mato Grosso.

    importante mencionar que muitas reas so cultivadas continuamente sob sistema de sucesso soja-milho safrinha h mais de dez anos, e a ausncia de rotao de culturas e o amplo escalonamento da semeadura ao longo do ano tm agravado os problemas de plantas daninhas, pragas e doenas nas lavouras. A ponte verde entre lavouras aumenta o potencial de inculo dos patgenos e possibilita inmeros ciclos de pragas, aumentando os custos com o manejo fitossanitrio, ao contrrio do que ocorre nos pases de clima temperado, nos quais a estao de cultivo definida e existe interrupo do ciclo biolgico pelo frio extremo.

    Assim, o aumento da competitividade brasileira na produo de milho depende, alm de medidas estruturais, da continuidade do aperfeioamento das prticas de manejo. Os sistemas de cultivo de milho tm evoludo muito, maximizando o aproveitamento do ambiente e aumentando a lucratividade de explorao da terra, mas ainda existem grandes diferenas na produtividade entre lavouras den-tro de uma mesma regio, tanto na primeira como na segunda safra.

    Figura 7. Emergncia desuniforme de plantas na linha de semeadura.

    REfERnCiasCONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de gros, v. 2 safra 2014/15 n.12: Dcimo segundo levantamento, set. 2015. Braslia, 2015. 134 p.

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  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 19

    DIVuLGANDO A PESQuISA

    aDubao fosfataDa PaRa alta PRoDutiViDaDE DE soja, MilHo E CEREais DE inVERno CultiVaDos EM Rotao EM

    latossolos, EM Plantio DiREto, no CEntRo-sul Do PaRan

    Renan Costa Beber Vieira1, Sandra Mara Vieira Fontoura2, Cimlio Bayer3, Renato Paulo de Moraes2, Eduardo Carniel4. Revista Brasileira de Cincia do Solo, v. 39, n. 3, p. 794-808, 2015.

    1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Solos, Programa de Ps-graduao em Cincia do Solo, Porto Alegre, RS.2 Fundao Agrria de Pesquisa Agropecuria, Guarapuava, PR.3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Solos, Porto Alegre, RS.4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Agronomia, Porto Alegre, RS.

    O Estado do Paran no dispe de um sistema de recomendao de adubao para rotao de cultu-ras em plantio direto (PD). Em razo disso, utiliza indicaes geradas para culturas individuais h mais de 30 anos e em preparo convencional. Este estudo teve como objetivo conso-lidar a calibrao de P e avaliar a resposta das culturas adubao fosfatada, visando proposio de um sistema de indicaes tc-nicas para a adubao fosfatada das culturas de soja, milho, trigo e cevada cultivadas em sistema de rotao em Latossolos com longo histrico de PD (> 30 anos) na regio centro-sul do Paran, que se caracteriza por possuir alto potencial produtivo.

    Trs experimentos de calibrao foram conduzidos de 2008 a 2013 e consistiram na criao de nveis de P pela apli-cao de doses a lano de at 640 kg ha-1 de P2O5. Quarenta e quatro experimentos de resposta a P foram conduzidos entre as safras de 2011 a 2012/13, tendo como foco avaliar a resposta das culturas a P em solos com distinta disponibilidade do nutriente. Os rendimentos relativos [RR = (rendimento sem P/rendimento mximo) 100] das culturas e os teores de P no solo (Mehlich-1) foram relacionados, obtendo-se os teores crticos e as classes de disponibilidade de P no solo. Para a estimativa das doses nas classes de disponibilidade Baixa e Mdia, foram utilizadas

    as curvas de resposta adubao de P, seguindo a filosofia de suficincia (adubao de cultura). Nas classes de disponibili-dade Alta e Muito Alta, as doses foram estimadas com base na exportao pelos gros (Tabela 1).

    Concluses: Os teores crticos de fsforo em solos sob plantio direto

    so maiores para os cereais de inverno do que para as culturas de soja e milho, bem como na camada diagnstica de 0-10 cm em relao camada de 0-20 cm.

    As doses de fsforo indicadas para soja, milho, trigo e cevada em solos sob plantio direto na regio centro-sul do Paran so superiores s atuais indicaes de adubao para as culturas individuais desse Estado, o que se justifica, ao menos em parte, pelas altas produtividades e pela alta capacidade de reteno de fsforo dos Latossolos da regio.

    Os resultados sugerem que as doses estabelecidas para as culturas elevem o teor de fsforo no solo ao teor crtico aps um ciclo da rotao de culturas (trs anos), embora seja adotada a filosofia de suficincia/adubao de cultura para a indicao de doses de adubao fosfatada em solos abaixo do teor crtico de fsforo.

    Tabela 1. Doses mdias de P2O5 indicadas para soja, milho, trigo e cevada em sistema plantio direto, em diferentes classes de disponibilidade de P, para os Latossolos da regio centro-sul do Paran.

    Classe de disponibilidade P Soja Milho Trigo Cevada

    (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -(kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Baixa1 < 4 2003 170 140 165Mdia1 4 - 8 90 155 90 100Alta2 8 - 16 65 (R + 20%) 130 (R + 20%) 45 (R + 20%) 50 (R + 20%)

    Muito alta2 > 16 55 (R) 115 (R) 35 (R) 40 (R)

    1 Doses de P2O5 para rendimento de mxima eficincia econmica.2 R: valor de reposio por tonelada de gro produzido da cultura: 10, 10, 14 e 8 kg de P2O5 por tonelada de gros produzidos de trigo, cevada, soja e

    milho, respectivamente; na classe Alta foi acrescido 20 % para suprir possveis perdas. 3 Indicaes de doses com base nas expectativas de rendimento de 4.000, 14.000, 3.500 e 4.000 kg ha-1 de soja, milho, trigo e cevada, respectivamente.

  • 20 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    EM DESTAQUE

    ipni no WorkShop DA CoMigoDr. Eros Francisco proferiu palestra no 14o Workshop CTC

    Agricultura da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), cujo tema foi Construo do Perfil do Solo, realizado no dia 28 de agosto em Rio Verde, Gois. O pblico de 700 participantes era composto por produtores, agr-nomos, tcnicos, pesquisadores e estudantes. O tema em questo de grande interesse regional em virtude dos veranicos ocorridos nas duas ltimas safras, as quais trouxeram severas perdas de produ-tividade s lavouras. Diante deste tipo de intemprie, os produtores precisam planejar atividades de manejo do solo que proporcionem maximizao do crescimento radicular, a fim de aumentar o volume de solo explorado pelas plantas e, com isso, reduzir os efeitos nega-tivos do estresse hdrico. Para o IPNI foi uma alegria poder participar do evento e contribuir com ideias e sugestes para o ajuste do sistema no que tange construo de um perfil de solo mais favorvel ao crescimento das plantas, disse Dr. Francisco. A palestra do Dr. Eros Francisco est disponvel no site do IPNI Brasil.

    SriE WEBinAr Do ipni DESTACA A ACiDEZ Do SoLoDr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, foi o palestrante do

    mais recente webinar realizado pelo IPNI aberto ao pblico. Dr. Pro-chnow apresentou a palestra Avaliao e Manejo da Acidez do Solo. A apresentao resumiu os principais tpicos de uma publicao recente do IPNI sob o mesmo ttulo (Soil Acidity Evaluation and Management). Durante o webinar, Dr. Prochnow discutiu temas que englobaram desde princpios da acidez do solo at uso correto de calcrio. Ele ilustrou sua apresentao mostrando as respostas positivas das culturas aplicao de calcrio em muitas partes do mundo. Sem dvida, a acidez do solo um dos principais fatores limitantes ao aumento da produtividade das culturas em muitos solos e deve ser gerida de forma a promover maior produo e lucro aos agricultores, disse Dr. Prochnow.

    O webinar pode ser visto no website do IPNI ou no YouTube: http://brasil.ipni.net/article/BRS-3372

    ipni no EnConTro DA MoSAiC ConECTANo perodo de 23 a 25 de Setembro, durante o Mosaic

    Conecta para Consultores, a equipe da Mosaic reuniu lderes da agricultura nacional e os principais consultores do setor para discutir as perspectivas do agronegcio brasileiro e o cenrio macroeconmico agrcola. Durante a reunio, Dr. Valter Casa-rin, Diretor Adjunto do IPNI, e Dr. Aildson Duarte, pesquisador do IAC, foram responsveis pelas atividades educativas com os consultores. O debate em grupo versou sobre o tema Desafios no Uso de Enxofre na Agricultura Brasileira. O objetivo da atividade foi envolver lderes do setor agrcola na adoo de boas prticas de manejo em relao nutrio de plantas e fertilidade do solo, com nfase no uso de enxofre. Este evento foi uma grande opor-tunidade para avaliar o manejo do enxofre em diferentes regies do Brasil, comentou Dr. Casarin.

    Dr. Casarin e Dr. Aildson discutem o manejo do enxofre.

    A acidez do solo o maior fator limitante da produtividade em todo o mundo. esquerda, parcela sem calcrio.

    FUnDAo nUTriEnTES pArA A ViDA AgorA no BrASiL

    Nos ltimos dois anos, Dr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI Programa Brasil, vem trabalhando para estabelecer a Fundao Nutrientes para a Vida (Nutrients for Life Foundation) no Brasil. Juntamente com David Roquetti, Diretor-Executivo da Associao Nacional para Difuso de Adubos (ANDA), a ideia foi introduzida e fomentada, o que resultou na aprovao, pela ANDA, de um ora-mento para iniciar as atividades no pas. Dr. Prochnow reuniu-se com Harriet Wegmeyer, Diretora-Executiva da Nutrients for Life Fundation, em Washington, DC, para finalizar os planos. A Funda-o comeou a operar no ms de Setembro. O grupo espera obter mais apoio das empresas de fertilizantes medida que a Fundao estabelea sua atuao no Brasil, o que dever traduzir-se na expan-so das atividades de educao do pblico acerca dos benefcios da adequada nutrio das plantas no aumento da produo de alimentos por meio do uso de fertilizantes.

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 21

    BoAS prTiCAS DE MAnEJo DE FErTiLiZAnTES EM pASTAgEnS

    O IPNI Brasil coordenou um painel sobre Boas Prticas para Uso Eficiente de Fertilizantes (BPUFs) em Pastagens no 3o Encontro de Adubao de Pastagens, organizado pela Scot Con-sultoria e Tec Fertil, ocorrido em Ribeiro Preto, SP, em 29 de setembro. Cerca de 500 pessoas participaram do painel, no qual foram discutidos trs temas importantes relacionados adubao de pastagens em sistemas de produo pecuria: (i) Adubao nitrogenada em pastagem, apresentado por Dr. Eros Francisco (IPNI) e Dr. Heitor Cantarella (IAC); (ii) Adubao fosfatada em pastagem, apresentado por Dr. Gelci Lupatini (Unesp/Dracena) e Dr. Eros Francisco (IPNI) e (iii) Otimizao da aplicao de fertilizantes em pastagens, apresentado por Dr. Pedro Henrique Cerqueira Luz (FZEA/USP). Aps as apresentaes, seguiu-se um debate entre participantes e palestrantes.

    O IPNI Brasil elaborou um slido plano estratgico para desenvolver trs aes importantes no mbito da nutrio de plan-tas, dentre as quais a de desenvolver e implementar atividades relacionadas ao manejo 4C em pastagens, as quais, atualmente, so manejadas com baixo uso de nutrientes. Estamos muito felizes por estabelecer essa parceria com a Scot Consultoria e a Tec-Fertil, que nos possibilitaram promover esse painel e interagir diretamente com os pecuaristas. A produo pecuria um forte segmento da

    Dr. Francisco explica o grande aumento na produo de pastagens com o emprego da adubao adequada.

    agricultura brasileira, sendo que o pas, atualmente, lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo. Porm, toda a pro-duo provm de extensa rea de pastagem (cerca de 200 milhes de hectares) com baixa eficincia produtiva. Em mdia, a taxa de lotao de pastagem nos sistemas pecurios brasileiros de 0,5 UA ha-1 e esta pode ser facilmente aumentada para 3 a 5 UA ha-1 com o uso de tcnicas de correo/adubao das pastagens, como demonstrado por vrios estudos agronmicos e zootcnicos. Nosso objetivo divulgar informaes cientficas acerca do manejo de nutrientes 4C e orientar os agricultores sobre como aumentar sua capacidade produtiva, sua rentabilidade, ajudar as comunidades locais e verticalizar o uso de suas terras, disse Dr. Francisco. As apresentaes esto disponveis na website do IPNI Brasil: http://brasil.ipni.net/article/BRS-3365.

    ipni no 5o CongrESSo BrASiLEiro DE FErTiLiZAnTESO 5 Congresso Brasileiro de Fertilizantes ocorreu em So

    Paulo, SP, no dia 25 de agosto. O tema deste ano foi Solos e Fertili-zantes: Pilares da Segurana Alimentar Global, o qual foi sugerido pelo Dr. Luis Prochnow, Diretor do IPNI Programa Brasil. Dr. Paul Fixen, Vice-Presidente Snior e Diretor de Pesquisa do IPNI, foi o palestrante de destaque. O encontro anual ocorre todo ms de agosto e uma oportunidade importante para fortalecer a rede de indstrias de fertilizantes no Brasil.

    Dr. Paul Fixen durante o debate no Congresso Brasileiro de Fertili-zantes 2015.

    pALESTrAS SoBrE BoAS prTiCAS pArA USo EFiCiEnTE DE FErTiLiZAnTES

    Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, realizou palestras sobre o tema Boas Prticas para Uso Eficiente de Ferti-lizantes. Em novembro, a palestra foi apresentada no 1 Simpsio sobre Adubao e Nutrio de Plantas, realizado pelo Centro Uni-versitrio Octvio Bastos (UNIFEOB), em So Joo da Boa Vista, SP. No mesmo ms, Dr. Casarin esteve na Universidade Federal do Piau, em Teresina, onde a palestra foi apresentada para um pblico de aproximadamente 250 pessoas. Em seguida, a palestra foi apresentada para produtores e estudantes do curso de Meio Ambiente, na cidade de Guadalupe, PI. Esse ciclo de palestra muito importante para difundir a importncia do conceito 4C, fundamentando o conheci-mento sobre as boas prticas de uso dos nutrientes das plantas. Esse conhecimento se alicera em trs pontos fundamentais: o econmico, o social e o ambiental, comentou Dr. Casarin.

    Dr. Valter Casarin, professores Manoel e Ricardo e alunos aps a palestra em Guadalupe, PI.

  • 22 INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015

    DiSCUTinDo o FUTUro DA AgriCULTUrA no CErrADoDr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, foi

    convidado por um grupo de agricultores da regio de Rondon-polis e Itiquira, MT, conhecido como Grupo Guar, para discorrer sobre a agricultura global e seu impacto sobre a competitividade atual e futura da produo de gros no Cerrado. O grupo se rene mensalmente para compartilhar experin cias, discutir os pontos fortes e fracos da atividade e encontrar maneiras mais eficientes de produ-zir e comercializar os seus produtos. O Grupo Guar foi fundado h cerca de uma dcada com base na mesma metodologia utilizada pelo grupo CREA Consorcio Regional de Experimentacin Agr-cola , sediado na Argentina. Estes so agricultores especiais, que conduzem suas fazendas com forte mentalidade de negcios, mas tambm se importam com questes sociais e ambientais. Eles esto preocupados com a eficincia da produo e tambm em tornar suas fazendas sustentveis para as geraes vindouras, comentou Dr. Francisco. Foi um prazer contribuir e interagir com o grupo, compartilhando meu ponto de vista sobre os desafios atuais e as futuras condies da agricultura global, disse Dr. Francisco.

    Dr. Francisco e o Grupo Guar, durante a palestra e no campo.

    ipni CoM AgriCULTorES no piAUEm companhia dos professores Manoel Ribeiro Holanda Neto

    (UESPI, Campus de Corrente) e Ricardo Silva de Sousa (UFPI, Tere-sina), Dr. Valter Casarin visitou propriedades agrcolas nas cidades de Redeno e Guadalupe, no estado do Piau. Em Redeno, o grupo visitou a Fazenda Chapada Grande, e em Guadalupe, o Permetro Irrigado Plats de Guadalupe, localizado s margens do reservatrio da barragem de Boa Esperana, no Rio Parnaba. Nesta oportunidade, Dr. Casarin conheceu o sistema de irrigao empregado nas culturas de banana e goiaba.

    Dr. Casarin e os professores Manoel Holanda e Ricardo Sousa durante visita rea irrigada cultivada com banana.

    ipni no SiMpSio SoBrE o MATopiBADr. Valter Casarin participou do Simpsio sobre o MATO-

    PIBA, regio que compreende os estados do Maranho, Tocantins, Piau e Bahia. Palestras, mesas redondas e trabalhos em grupo so algumas das atividades que fizeram parte da programao do Sim-psio. O evento foi promovido pela Embrapa Meio-Norte (Teresina, PI), nos dias 24 e 25de novembro. O principal objetivo foi discutir as potencialidades e gargalos relacionados explorao agrcola sustentvel dos cerrados da regio Meio-Norte, sob a tica de dife-rentes segmentos do setor agrcola, tais como as instituies pblicas e privadas, produtores do agronegcio e da agricultura familiar e entidades representativas das mais diversas categorias com atuao na regio do Matopiba, nos Estados do Piau e Maranho.ipni no 67o SiMpAS

    Dr. Eros Francisco proferiu palestra no 67o SIMPAS (Sistemas Integrados de Manejo na Produo Agrcula Sustentvel), cujo tema foi Agricultura Sustentvel para o Amanh, promovido pelas empresas Abimaq, Andef, Anda, Abag, Abrasem e IPNI, realizado de 23 a 25 de novembro em Sinop, MS. O pblico, com 300 participantes, composto por produtores, pesquisadores e estudantes, assistiu a palestras de vrios temas ligados agricultura como fertilidade do solo, sementes, mquinas e implementos agrcolas, manejo integrado em defesa fitos-sanitria e boas prticas agrcolas. Este evento realizado h 25 anos e j foi levado a diversas regies do pas, agregando conhecimento e informao ao pblico agrcola e ajudando a solucionar os problemas cotidianos. Para o IPNI, uma honra participar desta iniciativa junto a outras organies importantes no contexto agrcola nacional e con-tribuir com ideias e sugestes para o ajuste do sistema no que tange ao uso eficiente dos nutrientes das plantas, disse Dr. Francisco. Dr. Valter Casarin e Dra. Ligia Alves dos Santos, da Embrapa Meio-Norte.

  • INFORMAES AGRONMICAS N 152 DEZEMBRO/2015 23

    PAINEL AGRONMICO

    BioDiVErSiDADE DE MiCrorgAniSMoS BEnFiCoS MAior EM SiSTEMAS inTEgrADoS DE proDUo

    Estudo realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), mostrou que a quantidade de microrganismos com potencial de atuar como inimigos naturais de fungos causadores de doenas maior em sistemas integrados de produo do que em reas exclusivas de lavoura ou pecuria. Com isso, os dados indicam que culturas em integrao podem ser menos suscetveis a doenas causadas por agentes como Sclerotium rolfsii, Rizoctonia sp. e Fusarium.

    As informaes so resultado de avaliaes feitas ao longo de dois anos em um experimento que rene diferentes configura-es de sistemas integrados lavoura-pecuria, lavoura-floresta, pecuria-floresta e lavoura-pecuria-floresta (ILPF) , sistemas exclusivos com lavoura, pecuria e silvicultura e em uma rea de referncia composta por mata nativa em rea de transio entre os biomas Cerrado e Amaznia.

    Fomos buscar na biodiversidade que est na mata e na ILPF microrganismos capazes de controlar os patgenos Fusarium, que podem afetar pastagem e milho, Rizoctonia, capazes de atacar algodo e eucalipto, e Sclerotium, que podem causar danos soja, comentou o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e coorde-nador do estudo, Anderson Ferreira.

    Com duas coletas anuais, foi possvel avaliar as populaes de microrganismos na seca e no perodo chuvoso. Os resultados mostraram que no perodo seco, a quantidade de fungos e bactrias antagnicos, ou seja, aqueles que controlam fungos fitopatognicos, maior nos sistemas integrados do que nas reas com monocultura. No caso dos fungos, as reas de sistemas integrados e de floresta tiveram maior contingente dessas populaes do que na lavoura e na pecuria. No perodo chuvoso, por sua vez, as reas de culturas exclusivas apresentam grande aumento nas populaes dos microrga-nismos antagonistas, enquanto os sistemas integrados permaneceram em equilbrio.

    Os sistemas integrados mostram uma resilincia maior na manuteno desses inimigos naturais. Na nossa viso, trata-se de um sistema produtivo que favorece esses inimigos naturais, podendo torn-lo menos suscetvel s doenas, afirmou Anderson Ferreira (Embrapa Agrossilvipastoril).

    O gel adicionado s covas de plantio de caf. Na medida certa, o polmero hidroretentor serve como uma reserva de gua em perodos de estiagem e tambm como condicionador de solo.

    UFLA DESEnVoLVE proDUTo pArA EConoMiA DE gUA

    Em busca de combater o problema da escassez de gua, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) vem desenvolvendo uma nova tecnologia denominada polmero hidroretentor. Trata-se de um gel que, adicionado s covas de plantio na medida certa, serve como retentor de gua em perodos de dficit hdrico por ocasio do pegamento das mudas no solo, melhorando a qualidade do solo e proporcionando mais produtividade s lavouras. A reteno da umidade do solo tambm evita altos ndices de replantio, o que reduz consideravelmente os custos de produo.

    Segundo o professor Rubens Jos Guimares, responsvel pela