jonathan edwards e a crucial importância de avivamento - d. m. lloyd-jones.doc

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JONATHAN EDWARDS E A CRUCIAL IMPORTNCIA DE AVIVAMENTOD.M. Lloyd-JonesDigitalizao: Levita Digital A cpia impressa deste livro, no contm os dados sobre edio, capa e ano de lanamento. Lanamento Digital: www.ebooksgospel.com.brJonathan Edwards e a Crucial Importncia de AvivamentoAo estudarmos Jonathan Edwards e a crucial importncia de avivamento, realmente estaremos apenas continuando e concluindo o que foi o tema geral desta Conferncia desde o princpio - a experincia puritana na Nova Inglaterra1. Por que consideramos esse tema? Ns o fizemos primariamente porque queramos homenagear os nossos amigos da Amrica que esto comemorando o bicentenrio da sua libertao do jugo da Inglaterra, e a celebrao da sua independncia. Mas tivemos uma razo ou motivo subsidirio, e foi que pudssemos saber o que aconteceu na nova terra no sculo 17. Noutras palavras, o que estivemos considerando nesta Conferncia assinalou ou sublinhou mais uma vez o que constitui a essncia do puritanismo. H muito debate atualmente sobre o que o puritanismo realmente; e eu acredito que a experincia ocorrida na Nova Inglaterra nos fez lembrar e nos mostrou claramente o que o puritanismo em sua essncia. Sua preocupao com a natureza da Igreja Crist. Alguns gostariam de fazer-nos crer que o puritanismo essencialmente um interesse pela teologia pastoral; todavia isso era incidental. A essncia do puritanismo era o desejo de levar a reforma, que j acontecera no terreno da doutrina, a penetrar a natureza, a vida e a poltica da Igreja Crist. O tema desta1 "A Experincia Puritana no Novo Mundo" foi o ttulo geral para 1976.Conferncia demonstra isso da seguinte maneira: ali estavam muitos homens que, por diversas razes - sendo a principal delas a perseguio atravessaram o Atlntico e foram viver naquele novo pas. Todos eles tinham sido anglicanos, porm no momento em que tiveram liberdade para fazer o que realmente criam, deixaram de ser anglicanos. Descartaram o episcopado e introduziram a idia congregacional da Igreja. Essa a lio que sobressai com muita clareza. O mesmo sucedeu mais tarde neste pas com a maioria dos puritanos; mas aqueles homens, com a oportunidade e a liberdade de fazerem o que queriam, e o que criam, fizeram imediatamente o que s foi feito uns 30 anos mais tarde na Inglaterra no tempo da guerra da rebelio, contra Carlos I, e depois, durante a Comunidade (Repblica), e finalmente na Grande Ejeo de 1662. Meu argumento, pois, que o que aconteceu na Nova Inglaterra uma das mais vitalmente importantes peas de evidncia quanto ao verdadeiro carter e natureza do puritanismo. Contudo, devo falar particularmente sobre Jonathan Edwards. Admito como certos os principais fatos concernentes a ele. Ele nasceu em 1703 e morreu em 1758. Curiosamente, morreu em conseqncia de ser vacinado contra a varola. Tinha ele mente muito curiosa e ativa. Interessava-se por questes cientficas, bem como por teologia, e isso foi a causa imediata da sua morte. Ele recebeu a educao ento possvel na Nova Inglaterra, e foi para a Universidade de Yale. Em 1727 foi ordenado como pastor assistente do seu av, SolomonStoddard, na cidade de Northampton, Massachusetts. Dentro de um ano, mais ou menos, o ancio morreu, e Jonathan Edwards tornou-se o nico pastor. Ali permaneceu ate 1750, quando foi literalmente despejado da sua igreja. Essa foi uma das coisas mais espantosas que j aconteceram, e deve servir como uma palavra de encorajamento para os ministros e pregadores. La estava esse altaneiro gnio, esse poderoso pregador, esse homem que estava no centro do grande avivamento -e, todavia, foi derrotado na votao da sua igreja por 230 votos a 23, em 1750. No se surpreendam, portanto, irmos, quanto ao que possa acontecer com vocs em suas igrejas! Tendo sido posto fora da sua igreja em Northampton daquela maneira, foi para um lugar que, naqueles dias, era fronteira entre os ndios -lugar chamado Stockbridge. Creio que pela providncia de Deus ele foi enviado para l, pois escreveu algumas das suas obras primas enquanto estava l. Do mesmo modo como o aprisionamento de Joo Bunyan por 12 anos, em Bedford, deu-nos os seus clssicos, assim, creio eu, esse isolamento de Jonathan Edwards foi o meio pelo qual nos deu alguns dos seus clssicos. De l foi chamado para ser o presidente do ento Colgio de Nova Jersey ("College of New Jersey"), agora conhecido como Universidade de Princeton, e depois de breve tempo ali, morreu da maneira como acima descrevi. No entanto, o que sobressai na vida desse homem o extraordinrio avivamento que eclodiu sob o seu ministrio em Northampton, iniciado no fim de 1734, e em 1735, e ento mais tarde, a suaparticipao com outros no chamado Grande Despertamento, em conexo com a visita de George Whitefield e outros, em 1740. So esses os fatos salientes da vida desse grande homem. H certos pontos de diferena entre ele e aqueles a respeito de quem ouvimos at aqui nesta Conferncia. Ele foi um homem do sculo 18, no do sculo 17. Ele nasceu na Amrica. Muitos daqueles de quem estivemos ouvindo nasceram na Inglaterra e depois foram para a Amrica. Creio tambm que estamos habilitados a dizer que com Jonathan Edwards pode-se ver um novo elemento ou um novo fator no puritanismo. Em sua maioria, os grandes puritanos tinham um estilo ou um aspecto que nos sentimos compelidos a descrever como escolasticismo neles. Isso levou ao carter complicado do estilo deles, e s divises e subdivises que caracterizam as suas obras. Edwards est relativamente livre disso, e o resultado que o seu mtodo mais direto, mais vvido. Alm disso, vou dar a minha opinio de que o elemento do Esprito Santo mais proeminente em Edwards do que em qualquer outro puritano. Todavia, ele pertence tradio que estamos examinando. Ele cria na teologia da aliana, mas rejeitava completamente a idia da aliana parcial ou equidistante ("The Halfway Covenant"). Num sentido foi, indiretamente, por essa causa que ele foi mandado embora da sua igreja em 1750. Ele no batizava os filhos de certas pessoas e insistia num certo padro de conduta e comportamento nos que deveriam ser admitidos Ceia do Senhor. Acresce que Jonathan Edwards nada tinha a vercom a doutrina do preparacionismo. Ele est ligado a John Cotton, e no a Thomas Hooker. Ele expressa o seu ponto de vista desta maneira: "Tudo no esquema cristo argumenta no sentido de que o direito ao cu e a aptido para obt-lo dependem de uma grande influncia divina que causa imediatamente uma imensa mudana, e no de uma mudana gradativa como se supe que pode ser ocasionada pelos homens no exerccio do seu prprio poder. A excessiva diversidade das condies dos homens no mundo eterno o comprova" (Obras - "Works", Vol. 2, 557). Como irei mostrar, ele acreditava numa direta e imediata influncia do Esprito, e numa converso sbita e dramtica. Entretanto, como os outros homens, ele gostava de ler as obras de William Ames, e lhes era devedor e, como outros, adotou grande parte do ensino de Ames em sua pregao. Naturalmente, semelhana dos outros, ele era calvinista e congregacionalista e, como todos eles o faziam, ele dava grande nfase aos elementos morais e ticos da f crist e da vida crist. Contudo, aventuro-me a asseverar que em Edwards chegamos ao znite ou ao pice do puritanismo, pois nele temos o que vemos em todos os outros, mas, em acrscimo, este esprito, esta vida, esta vitalidade adicional. No que nos outros houvesse completa falta disso, porm uma caracterstica to saliente que eu afirmo que o puritanismo chegou sua mais completa florescncia na vida e ministrio de Jonathan Edwards. Ele entrou em cena depois de um perodo deconsidervel falta de vida nas igrejas. muito importante que nos apercebamos disso. sumamente confortador para ns, porque vivemos num perodo similar. Eis uma descrio do perodo imediatamente anterior a esse grande avivamento, descrio feita pelo Rev. W. Cooper, um dos ministros daquele tempo, em seu prefcio da obra de Edwards, Marcas Distintivas de uma Obra do Esprito de Deus ("Distinguishing Marks of a Work of the Spirit of God"): "Mas que poca morta e estril tem sido a atual, por um grande perodo, com todas as igrejas da Reforma! As chuvas de ouro foram retidas; as influncias do Esprito foram suspensas; e a conseqncia foi que o evangelho no teve nenhum sucesso eminente. As converses tm sido raras e duvidosas; poucos filhos e filhas tm nascido de Deus, e os coraes dos cristos j no so to cheios de vida, calor e vigor sob as ordenanas, como eram. Que esse tem sido o triste estado da religio entre ns nesta terra, por muitos anos (exceto um ou dois lugares notveis que por vezes tm sido visitados por chuvas de misericrdia, enquanto sobre outras cidades e igrejas no tem cado chuva alguma) ser reconhecido por todos quantos tenham os seus sentidos espirituais exercitados, como tem sido lamentado por fiis ministros e cristos srios" (Vol. 2, 257). Como diz o Sr. Cooper, houve alguns toques aqui e ali, e particularmente na igreja da qual Jonathan Edwards se tornou ministro, sob o ministrio do seu av, o velho Sr. Stoddard. Mas no se haviam espalhado, tinham sido peridicos etinham acabado mais ou menos completamente. Assim, houvera essa condio de inanio da Igreja; todavia agora aconteceu algo novo. Aps a seca, chuvas abundantes; a vida comeou a manifestar-se mais uma vez. Aconteceu algo que continuou a afetar a vida da Amrica muito profundamente durante pelo menos 100 anos, e de fato ate hoje. assombroso o novo interesse por Jonathan Edwards durante os ltimos 40 anos, pouco mais, pouco menos. Posso ilustrar isso com a minha prpria experincia. Pouco antes de entrar no ministrio em 1927, procurei ajuda, quanto leitura, de um amigo meu que, fazia pouco tempo, havia se graduado com honra em teologia na Universidade de Oxford. Ele recomendou grande numero de livros que estivera lendo com vistas sua graduao. Entre os livros havia um intitulado Pensamento Protestante Antes de Kant ("Protestant Thought before Kant"), de autoria de um homem chamado McGiffert. A nica coisa que me impressionou naquele livro foi um captulo sobre um homem chamado Jonathan Edwards, apesar de ser tratado como filsofo. Mas o meu interesse foi despertado imediatamente. Na prxima vez que me encontrei com o meu amigo, perguntei: "Voc pode, me dizer onde poderei encontrar mais alguma coisa sobre Jonathan Edwards?" "Quem ele?", disse o outro. Ele no sabia nada sobre Edwards, e apesar de eu fazer muita pesquisa, no pude achar ningum que me dissesse algo sobre Edwards ou sobre as suas obras. S uns dois anos mais tarde, casualmente,achei os dois volumes das obras completas de Jonathan Edwards, que comprei ento por cinco xelins. Foi como o homem da parbola do nosso Senhor, que achou uma prola de grande valor. Sua influncia sobre mim no posso expressar com palavras. Todavia, daquele tempo em diante, e comeando no princpio da dcada de 1930, houve um despertamento do interesse por Edwards, de maneira a mais assombrosa. O professor Perry Miller grandemente responsvel por isso, mas no o nico. Parece que todo ano surgem livros sobre Jonathan Edwards. H dois homens que passam suas frias na biblioteca da Universidade de Yale examinando cuidadosamente os sermes manuscritos de Jonathan Edwards. Noutras palavras, eles esto reeditando as obras completas de Edwards -uma edio definitiva. Tive o privilegio de encontrar-me com esses dois homens em 1967 e de manusear alguns dos manuscritos dos sermes desse grande homem. Os dois volumes recentemente reimpressos pela Banner of Truth Trust muitas vezes tm sido considerados como sendo as Obras Completas, contudo no so. Um homem publicou na dcada de 1860 um livro que consiste de numerosas outras coisas que no esto naqueles dois volumes, e existem mais sermes, cartas, anotaes ocasionais, miscelneas, e assim por diante. Tudo vai ser publicado na edio definitiva. A explicao desse fato espantoso , naturalmente, que, entre outras coisas, Jonathan Edwards o maior filsofo da Amrica. Todos parecemadmitir isso e, assim, esto interessados nele. Gostaria de dizer uma palavra de advertncia neste ponto: vocs precisam exercer discriminao quando lerem alguns desses livros mais recentes sobre Jonathan Edwards. Vrios deles so escritos por professores de literatura inglesa, outros por filsofos; e eles esto interessados nele mormente como um grande pensador, como um grande escritor, como um homem que exerceu dominadora influncia ate sobre a literatura dos Estados Unidos e que, em certo sentido, foi um precursor do movimento romntico da literatura inglesa. Mas, como muitos desses homens no so cristos, tendem, inconsciente e involuntariamente, a interpret-lo mal e a descrev-lo mal. Por isso devem ser lidos com discernimento. Entretanto estou chamando a ateno para o fato de que esse homem admirvel, que morreu h mais de 200 anos, ainda exerce esta poderosa influncia sobre o pensamento vivo da Amrica, como o fez atravs do sculo passado. Naturalmente, ele dividiu a opinio. Ele tem sido denunciado sem medida. Oliver Wendell Holmes, por exemplo, escreve sobre Jonathan Edwards assim: "Edwards tinha uma teologia cujas razes estavam nas maiores profundezas do inferno", e escrevia numa "linguagem que choca a sensibilidade de uma gerao mais recente". Ele continua dizendo: "Tivesse Edwards vivido mais tempo, no tenho dvida de que o seu credo teria abrandado, tornando-se uma crena amvel, humanizada". Noutras palavras, Edwards teria escrito o tipo de literatura que se v em O Autocrata Mesa doDesjejum ("The Autocrat at the Breakfast Table"). Graas a Deus, temos Edwards como ele , no como Oliver Wendell Holmes, o humanista, que nunca entendeu Edwards de jeito nenhum, gostaria que ele fosse. Clarence Darrow, o homem que defendeu aquele mestre-escola, Scopes, que foi perseguido por ensinar evolucionismo no incio da dcada de 1920, e que se levantou contra William Jennings Bryan no famoso "julgamento de macaco", escreveu: "No surpreendente que a principal ocupao de Edwards no mundo era assustar mulheres tolas e crianas, e blasfemar o Deus que ele professava adorar... Nada, seno uma mente perturbada ou enferma, poderia produzir o seu Pecadores nas Mos de Um Deus Irado ("Sinners in the Hands of an Angry God")". Citei isso por causa dessa aluso ao sermo pregado por Edwards, com o ttulo Pecadores nas Mos de Um Deus Irado. Vocs podem ouvir no infreqentes referencias a esse sermo na televiso e alhures. O fato que, segundo parece, tudo o que a maioria sabe sobre Edwards que uma vez ele pregou um sermo com esse ttulo. Isso tudo que as pessoas sabem a respeito dele, e provavelmente nem leram aquele sermo. Apenas vo repetindo o que os outros dizem a respeito, e ele considerado, como se conclui das palavras de Oliver Wendell Holmes, como nada mais que uma agresso, uma bombstica agresso sensibilidade, e como uma violncia razo, e tudo mais. Est claro que isso completamente ridculo. Quem quer que saiba algo sobre JonathanEdwards sabe que ele estava to longe quanto possvel um homem estar de ser um orador bombstico. Mas ele disse algumas coisas muito fortes e alarmantes, passveis de serem mal entendidas. O prprio Edwards deu resposta quela crtica. Diz ele: "Outra coisa da qual alguns ministros tm sido muito acusados, e penso que injustamente, de transmitir grande terror aos que j esto aterrorizados, em vez de anim-los. Na verdade, se em tais casos os ministros andarem aterrorizando as pessoas com algo que no verdadeiro, ou procurando atemoriz-las descrevendo a situao delas pior do que , ou modificando-a nalgum aspecto, devero ser condenados; no obstante, se as aterrorizam to-somente pelo fato de lanarem mais luz sobre elas, e de as fazerem entender mais da sua situao, devero ser completamente justificados. Quando as conscincias so grandemente despertadas pelo Esprito de Deus, -lhes comunicada alguma luz, capacitando os homens a enxergarem a sua situao, nalguma medida, como ela ; e, se lhes for dirigida mais luz, esta os aterrorizar ainda mais. Contudo, os ministros no devero, portanto, ser condenados por seu empenho em lanar mais luz conscincia, em vez de lhes aliviar a dor sob a qual se acham interceptando e obstruindo a luz que j brilha. Dizer qualquer coisa aos que jamais creram no Senhor Jesus Cristo, descrever a situao deles doutro modo, seno que extraordinariamente terrvel, no pregar-lhes a Palavra de Deus; pois a Palavra de Deus s revela a verdade; mas isso iludi-los" (Vol. 1,392). Noutras palavras, Edwardscria que a Bblia diz coisas terrveis sobre quem morre em seus pecados. Isso era tudo que Edwards fazia. Era puro argumento com as palavras das Escrituras. No era o que Edwards dizia; era o que as Escrituras diziam; e ele achava que era seu dever advertir as pessoas. Mas ele suavizou isso, dizendo: "Sei de um caso apenas em que a verdade deve ser sustada e no dita aos pecadores aflitos em sua conscincia, o que se deve dar em caso de melancolia; e eles devero ser poupados dela, no como se a verdade tendesse a feri-los, e sim porque, se lhes falarmos a verdade, podero as vezes ser enganados e levados ao erro pela estranha disposio que h neles de entender mal as coisas" (Vol. 1, 392). Noutras palavras, ningum estava mais longe da violncia de um bombstico evangelista itinerante, do que Jonathan Edwards. Essa a defesa que se deve fazer quando se ouvem pessoas referindo-se a ele como aquele homem terrvel que pregou um sermo sobre Pecadores nas Mos de um Deus Irado. Estudemos agora esse homem que teve to duradoura influncia e que parece estar se tornando outra vez uma influncia dominadora no pensamento religioso da Amrica. Confesso com franqueza que esta uma das tarefas mais difceis que j tentei em toda a minha vida. O tema quase impossvel, e em grande parte, pela razo que j dei, a saber, a influncia de Edwards sobre mim. Receio, e o digo com muito pesar, que devo coloc-lo adiante at de Daniel Rowland e de George Whitefield. De fato eu tentei, talveztolamente, comparar os puritanos com os Alpes, Lutero e Calvino com o Himalaia, e Jonathan Edwards com o Monte Everest! Ele sempre me pareceu ser o homem mais semelhante ao apostolo Paulo. Naturalmente, Whitefield foi um grande e poderoso pregador, como o foi Daniel Rowland, mas Edwards o foi tambm. Nenhum deles teve o intelecto, nenhum deles teve a compreenso da teologia que Edwards teve, nenhum deles foi o filsofo que ele foi. Ele sobressai, parece-me, inteiramente pelo que ele , entre os homens. Assim, a tarefa que me confronta, se posso seguir a minha analogia do Monte Everest, ser decidir se devo abord-lo pelo passo sul ou pelo passo norte. H muitos meios de abordar aquele grande pinculo; mas no s isso, a atmosfera to espiritualmente rarefeita, e h este fulgurante brancor da santidade do homem mesmo, e a sua grande nfase santidade e glria de Deus; e acima de tudo a fraqueza do pequeno alpinista quando encara este altssimo pico que aponta para o cu. Tudo que posso esperar fazer dar-lhes alguns vislumbres deste homem e da sua vida, e do que ele fez, com o fim e objetivo culminante de persuadir cada um a comprar estes dois volumes das suas obras, e a llos! Comecemos com o homem propriamente dito. A primeira coisa que se deve dizer que ele foi um fenmeno. A est esse homem criado naquele pas ainda no desenvolvido. Naturalmente havia gente capaz por l, e j havia escolas - Harvard e Yale existiam. Mas no oexplicam. Ele nasceu numa regio relativamente isolada e, todavia, ele sobressai como um consumado gnio, pondo em ridculo quaisquer noes de evoluo, ou a teoria dos caracteres adquiridos, e assim por diante. Diversamente da maioria dos outros homens sobre os quais estivemos ouvindo nesta Conferncia, ele no esteve nem em Oxford nem em Cambridge. Ele era um intelecto vigoroso, capaz de um sbito espocar de florescncia, original, acompanhado de brilhante imaginao, admirvel originalidade, porm, acima de tudo, de honestidade. Ele um dos mais honestos escritores que j li. Nunca foge de um problema; enfrenta-os todos. Nunca fica rodeando uma dificuldade; ele tinha esse curioso interesse pela verdade em todos os seus aspectos, e depois, com todos aqueles dotes cintilantes, h a sua humildade e modstia e, somada a isso, a sua excepcional espiritualidade. Ele sabia mais da religio experimental do que a maioria dos homens; e dava grande nfase ao corao. Noutras palavras, o que toca a gente, quanto a Edwards, quando se olha para o homem como um todo, a inteireza, o equilbrio. Ele era ao mesmo tempo um vigoroso telogo e um grande evangelista. Quo tolos nos tornamos ns! Este homem era ambas as coisas, como o fora o apstolo Paulo. Ele foi tambm um grande pastor; cuidava das almas e dos seus problemas. Era igualmente hbil com os adultos e com as crianas. Era um grande defensor da converso das crianas, e dava grande ateno s crianas, permitindo-lhes at que tivessem suas prpriasreunies. Ele parece que tudo e que perfeitamente equilibrado. Ele se opunha ao hipercalvinismo, e igualmente se opunha ao arminianismo. Esse elemento de equilbrio em seu ensino e em sua posio demonstrado na seguinte afirmao: "Na graa eficaz no somos meramente passivos, nem ainda Deus faz um pouco e ns fazemos o restante. Mas Deus faz tudo, e ns fazemos tudo. Deus produz tudo, e ns agimos em tudo. Pois isso que ele produz, isto , os nossos atos. Deus o nico verdadeiro autor e a nica verdadeira fonte; ns somos to-somente os verdadeiros agentes. Somos, em diferentes aspectos, totalmente passivos e totalmente ativos" (Vol. 2, 557, pargrafo 64). Pois bem, essa era a posio de Edwards, e notamos este elemento de equilbrio que estou salientando. No h contradio ali; o antinmio final apresentado perfeitamente. Ento, qual era o segredo deste homem? No hesito em dizer isto: nele, sempre o espiritual dominava o intelectual. Creio que ele deve ter tido uma grande luta com o seu elevado intelecto e com o seu pensamento original. Alm disso, era um leitor voraz e, para um homem como esse, teria sido a coisa mais simples do mundo tornar-se um puro intelectual, como Oliver Wendell Holmes, Perry Miller e muitos outros queriam que ele se tornasse. No entanto, como eles o expressavam, a teologia mantinha o comando. Ora, isso constitui a glria especial desse homem - e isso que o explica -que ele sempre mantinha a sua filosofia e as suas especulaes subservientes Bblia e asconsiderava simples servas. Fosse o que fosse que ele tentasse pensar, a Bblia era suprema: tudo estava subordinado a Palavra de Deus. Todos os seus ricos e brilhantes dons no somente eram mantidos como subservientes, e sim eram usados como servos. Noutras palavras, ele era dominado por Deus. Algum disse dele que "ele combinava uma apaixonada devoo com uma mente profundamente completa". Estudemo-lo agora, por um momento, como pregador, pois ele foi preeminentemente um pregador. isso que ele queria e isso que ele foi at aquele breve perodo em Princeton. Se dependesse dele, eu acho que ele teria continuado sempre como pregador, evangelista e mestre. Comecemos examinando o seu conceito de religio. Que a verdadeira religio? Eis aqui uma pergunta que precisamos fazer a ns mesmos; e, no caso de Edwards, a resposta perfeitamente clara. o que hoje se chama um encontro existencial com Deus. um encontro vivo com Deus. Deus e eu, estas "duas nicas realidades". A religio , para Edwards, algo que pertence essencialmente ao corao. E essencialmente experimental, essencialmente prtica. Isto fica claro no famoso relato que ele faz de uma experincia que teve uma vez. No se esqueam de que estamos lidando com um dos maiores gnios que o mundo j conheceu e o maior filsofo americano de todos os tempos. Eis o que ele nos conta: "Uma vez, quando cavalgava nas matas pela minha sade, em 1737, tendo apeado do meucavalo num lugar retirado, como tem sido o meu costume comumente, para buscar contemplao divina e orao, tive uma viso, para mim extraordinria, da glria do Filho de Deus, como Mediador entre Deus e o homem, e a Sua maravilhosa, grande, plena, pura e suave graa e amor, e o Seu terno e gentil amparo. Esta graa que parecia to calma e suave, parecia tambm grande, acima dos cus. A Pessoa de Cristo parecia inefavelmente excelente, com uma excelncia bastante grande para absorver iodo o pensamento e concepo - o que continuou, quanto posso julgar, cerca de uma hora; o que me manteve a maior parte do tempo num mar de lgrimas, e chorando em voz alta. Senti uma ardncia na alma, um anseio por ser, o que no sei expressar doutro modo, esvaziado e aniquilado; jazer no p e encher-me unicamente de Cristo; am-lO com um amor santo e puro; confiar nEle; viver dEle; servilO e segui-lO; e ser perfeitamente santificado e tornado puro, com uma pureza divina e celestial. Vrias outras vezes tive vises da mesma natureza, as quais tiveram os mesmos efeitos". "Tendo tido muitas vezes uma percepo da glria da terceira Pessoa da Trindade, e do Seu ofcio como Santificador; em Suas santas operaes comunicando luz e vida divina alma. Deus, nas comunicaes do Seu Santo Esprito, tem parecido uma infinita fonte de divina glria e dulor; estando cheio e sendo suficiente para encher e satisfazer a alma; derramando-Se em secretas comunicaes; como o sol em sua glria, difundindo suave e agradvel luz e vida. E as vezes eu tenhouma comovente percepo da excelncia da palavra de Deus como palavra da vida; como a luz da vida; uma suave, excelente palavra que d vida; acompanhada de uma sede dessa palavra, para que ela habite ricamente em meu corao" (Vol. 1,47). Pois bem, isso descreve a sua idia essencial de religio. Outra citao tambm ajuda a expor a mesma nfase: "Todos admitiro que a verdadeira virtude ou santidade tem a sua sede mormente no corao, e no na cabea. Segue-se, pois, do que j foi dito, que a religio consiste principalmente de santos afetos. As coisas da religio tm lugar nos coraes dos homens, no mais do que eles so afetados por elas. A informao do entendimento totalmente v, se no afeta o corao, ou, o que vem a dar na mesma, se no influencia os afetos. Aqueles cavalheiros que desconsideram estes elevados afetos na religio, sem dvida admitiro que a religio verdadeira e santa, que tem a sua sede no corao, apta para sublimes condies e para altos exerccios da alma" (Vol. 1, 367). A temos a sua idia essencial de religio; mormente assunto do corao, e se no afetar o corao, no ter valor, faa o que fizer na cabea. Mais uma outra citao nos ajudar a acentuar esta questo. tirada de um dos mais grandiosos sermes de Edwards, que leva o ttulo, "Uma luz divina e sobrenatural, infundida imediatamente na alma pelo Esprito de Deus, o que se demonstra que uma doutrina bblica, bem como umadoutrina racional" ("A Divine and Supernatural Light, immediately imparted to the Soul by the Spirit of God, shown to be both a Scriptural and Rational Doctrine"). Inclino-me a concordar aqui com o professor Perry Miller. Diz ele que neste sermo -um sermo relativamente curto - temos uma sinopse de todo o ensino de Edwards. Ele define esta luz espiritual e divina: "Um sentido verdadeiro da glria divina e superlativa presente nestas coisas; uma excelncia que de uma espcie imensamente mais elevada, e de natureza mais sublime do que noutras coisas; uma glria que as distingue grandemente de tudo quanto terreno e temporal. Aquele que espiritualmente iluminado, verdadeiramente apreende e v isso, ou tem uma percepo disso. Ele no cr de maneira meramente racional que Deus glorioso, mas tem um sentido da natureza gloriosa de Deus em seu corao. No h somente uma percepo racional de que Deus santo, e que a santidade uma boa coisa, mas h uma percepo do carter atraente da santidade de Deus. No h apenas a concluso especulativa de que Deus gracioso, porm o senso de quo amvel Deus , por causa da beleza deste atributo divino" (Vol. 2, 14). Temos a, ento, uma idia do conceito de Edwards sobre religio. Religio isso, e esse o teste pelo qual devemos examinar-nos. Passemos agora ao mtodo de pregao de Edwards. Notamos logo que ele pregava sermes, e que no fazia prelees. Edwards no fazia preleo sobre verdades crists. Freqentemente medizem nestes dias que muitos pregadores parecem mais preletores do que pregadores. Pregar no fazer preleo. Tampouco Edwards se limitava a fazer um apressado comentrio de uma passagem. Isso tambm no pregar, embora muitos hoje paream pensar que . No era essa a idia que Edwards tinha da pregao; e essa nunca foi a idia clssica da pregao. Ele comeava com um texto. Ele sempre foi escriturstico. Ele nunca tomava meramente um tema e falava sobre ele, exceto quando estava expondo uma doutrina, mas mesmo ento escolhia um texto. Ele era sempre expositivo. Tambm era invariavelmente analtico. Sua mente era analtica. Ele fazia divises do seu texto, da sua exposio; ele quer chegar essncia da mensagem; assim, o elemento crtico, analtico da sua maravilhosa mente entra em ao. Ele faz isso para poder chegar doutrina ensinada no versculo ou na poro; e depois argumenta acerca da doutrina, mostra como esta pode ser encontrada noutras partes das Escrituras, e a sua relao com outras doutrinas, e ento estabelece a verdade doutrinria. Todavia nunca pra a. H sempre a aplicao. Ele estava pregando ao povo, e no fazendo uma dissertao, no dando expresso em pblico dos pensamentos privados que tivera no gabinete. Ele estava sempre interessado em dar a entender aos ouvintes a verdade, em mostrar-lhes a sua relevncia. Entretanto, acima de tudo, e eu o cito, ele acreditava que a pregao devia ser sempre "quente e zelosa". Lembro-lhes outra vez que estamos lidando aqui com um intelectogigantesco e com um brilhante filsofo; e, contudo, este o homem que coloca toda a sua nfase no calor e no sentimento. Eis como ele expe este princpio: "A freqente pregao usada ultimamente tem sido, de maneira particular, objetada como sendo sem proveito e prejudicial. A objeo que quando se ouvem muitos sermes seguidamente, um sermo tende a empurrar o outro para fora, de modo que os ouvintes perdem o benefcio de todos. Dois ou trs sermes por semana, dizem eles, quanto podem lembrar e assimilar. Tais objees prdica freqente, se no procedem de uma inimizade para com a religio, devem-se falta da devida considerao da maneira pela qual esses sermes geralmente do proveito a um auditrio. O principal benefcio feito pela pregao a impresso causada na mente, na hora, e no algum efeito que surja mais tarde pela lembrana do que foi transmitido. E, embora uma lembrana posterior daquilo que foi ouvido num sermo muitas vezes seja proveitosa, na maior parte, essa lembrana de uma impresso que as palavras produziram no corao naquela hora; e a memria tira proveito, na medida em que renova e intensifica aquela impresso" (Vol. 1, 394). Eu gostaria de acrescentar que muitas vezes tenho desestimulado a prtica de tomar notas enquanto estou pregando. Isso est se tornando um hbito entre muitos evanglicos; mas, ao contrrio do que muitos pensam, no a marca por excelncia da espiritualidade! O primeiro e primordial objetivo da pregaono to-somente dar informao. , como Edwards diz, causar uma impresso. a impresso na hora que importa, ate mais do que aquilo que se pode lembrar subseqentemente. Neste aspecto Edwards , num sentido, um crtico de algo que era uma proeminente prtica e costume puritano. O pai puritano costumava catequizar e interrogar os filhos quanto ao que o pregador tinha dito. Edwards, em minha opinio, tem a verdadeira noo da pregao. No primariamente transmitir informao; pois enquanto voc esta escrevendo as suas notas, pode estar perdendo algo do impacto do Esprito. Como pregadores, no devemos esquecer-nos disso. No somos apenas transmissores de informao. Devemos dizer aos nossos ouvintes que leiam certos livros e obtenham informao ali. A tarefa da pregao dar vida informao. O mesmo se aplica aos preletores nos colgios. A tragdia que muitos preletores simplesmente ditam notas e os pobres alunos as escrevem. No essa a tarefa de um preletor ou professor. Os alunos podem ter os livros, eles prprios; a tarefa do professor dar calor a isso, dar-lhe entusiasmo, estimul-lo, darlhe vida. E essa a tarefa primordial da pregao. Levemos isso a srio. Edwards dava grande nfase a isso; e o que necessitamos acima de tudo mais hoje pregao comovente, apaixonada, poderosa. Esta deve ser "quente" e deve ser "zelosa". As vezes Edwards escrevia seu sermo completamente, e depois o lia para a igreja; mas nem sempre. s vezes pregava utilizando anotaes.Agora vejamos Edwards, o telogo. S posso olh-lo de relance nisso; porm tudo pode ser visto nos dois volumes das suas Obras. Naqueles dois volumes, se vocs no tiverem mais nada, tero um compndio de teologia. Lembrem-se de que ele estava ensinando isso a pessoas como ns; na verdade, a pessoas que no tinham a instruo que a maioria tem na atualidade. Ele trata de todos os temas importantes, O Pecado Original, O Livre-Arbtrio, A Justificao pela F, A Histria da Obra de Redeno. Ele formula os princpios da evangelizao em sermes; ele tem Cinco Discursos sobre a Redeno Eterna da Alma. Ele deu muita ateno escatologia, doutrina das ltimas coisas, e glria final que nos aguarda como filhos de Deus. Ele era, como digo, um vigoroso telogo; e se vocs quiserem de fato saber algo sobre esses vrios temas, busquem Edwards. Vero a doutrina numa forma que vocs podero acompanhar facilmente, e o resultado que vocs sero grandemente beneficiados. Mas, deixemos isso e passemos ao que , afinal de contas, a coisa mais extraordinria de todas acerca de Jonathan Edwards. Ele foi, preeminentemente, o telogo do avivamento, o telogo da experincia, ou, como alguns o expressaram, "o telogo do corao". A coisa mais espantosa sobre esse fenmeno, esse intelecto poderoso, que ningum sabia mais sobre as funes do corao humano, regenerado ou no, do que Jonathan Edwards. Se vocs quiserem saber algo sobre a psicologia da religio, converso, avivamentos, leiam Jonathan Edwards.Quando o lerem, vero que a obra de William James, Variedades da Experincia Religiosa ("Varieties of Religious Experience"), como passar de um livro slido para uma brochura. O mesmo se aplica a Starbuck e, naturalmente, mais ainda s ociosas quimeras de William Sargant, que se refere ao famoso sermo sobre Pecadores nas Mos de um Deus Irado. Vero a resposta completa a isso tudo, se lerem as obras de Edwards. Esses homens so meros novatos, simplesmente patinhando na praia do mar, ao passo que Edwards os leva s profundezas, onde vocs comearo a ver o homem face a face com o seu Criador. Nesse campo Edwards sobressai supremamente e sem rival. Um americano de nome Hofstadter publicou na dcada de 1960 um livro intitulado O Anti-intelectualismo na Vida Americana ("Anti-Intellectualism in American Life"). Alguns evanglicos ingleses parecem ter descoberto isso recentemente e, invertendo a sua prtica anterior, agora nos esto incentivando a que demos grande nfase ao intelecto. A resposta a isso, mais uma vez, ler Jonathan Edwards. No h anti-intelectualismo nele. Vocs no podem empregar o termo anti-intelectual quando esto falando de Jonathan Edwards! totalmente o inverso; nele vocs tm um intelecto aquecido pelo Esprito Santo e cheio dEle. isso que se deveria poder dizer de todos ns. A minha alegao que o que Edwards escreveu nesta conexo uma literatura nica; e que no h coisa alguma emparte nenhuma que eu saiba ou de que eu tenha ouvido falar, que de algum modo seja comparvel ao que ele escreveu. Ele realizou isso de vrias maneiras. Faz narrativas pessoais de experincias das pessoas; j citei algo da prpria experincia dele. Acha-se mais disso em sua Narrativa Pessoal, em seu dirio. Ele nos faz um extenso relato de uma das admirveis experincias que sobrevieram sua esposa. A esposa de Jonathan Edwards foi pessoa to santa como o prprio Edwards, e ela teve algumas experincias quase incrveis. Ele nos d um relato delas e as examina. Um dos tratados que constam nos dois volumes chamado "Narrativa de Converses Surpreendentes" ("A Narrative of Surprising Conversions"). a mais animadora e emocionante leitura que vocs podero fazer jamais. Vocs as leram? Bem, leiamnas! No sero capazes de parar, se comearem. Outro importante grupo dos seus escritos consiste dos seus relatos de avivamentos. Foi-lhe pedido que o fizesse. Um dos seus tratados foi sobre o avivamento da religio na Nova Inglaterra. Foi enviado a amigos de Boston e depois a este pas, e foi lido com grande avidez por homens da Inglaterra e da Esccia. H referncias a avivamentos e ao que aconteceu neles em muitas das suas cartas, e tambm, freqentemente, em seus sermes. Entretanto o que nico e superlativo o modo como ele analisa as experincias - tanto as experincias individuais como os avivamentos em geral. aqui que ele preeminentemente o mestre. Se vocs quiserem saber algo sobre avivamento verdadeiro, Edwards o homem que se deve consultar. O seu conhecimento do corao humano e da psicologia da natureza humana inteiramente incomparvel. Edwards escreveu sobre essas coisas porque, num sentido, ele foi compelido a faz-lo, devido s crticas e a mal-entendidos. Ele sempre esteve lutando em duas frentes, a vida toda. Ocorreu em sua igreja um movimento do Esprito, e se espalhou a outras igrejas, numa rea muito extensa, e ento sobreveio o Grande Despertamento de 1740, associado ao seu nome e tambm a Whitefield e a outros. Tudo isso dividiu o povo das igrejas em dois grupos. Havia alguns que eram totalmente opostos ao avivamento. Eram homens ortodoxos, que defendiam a mesma teologia de Edwards. Eram calvinistas, mas no gostavam de avivamento. No gostavam do elemento emocional, no gostavam da novidade. Faziam muitas objees ao que estava acontecendo; e Edwards tinha que defender o avivamento contra esses crticos. Mas havia tambm homens no outro extremo, os homens fogosos; e com eles penetrou o fogo descontrolado, que sempre tende a entrar em cena durante um avivamento. Estes eram os entusiastas, os homens que iam a extremos, homens culpados de estultcia. Edwards tinha que lidar com eles tambm; assim, a estava ele, combatendo em duas frentes. Contudo, claro est que o seu nico interesse era a glria de Deus e o bem da Igreja. No tinha desejo de ser polemista, porm tinha que escrever em favor da verdade e para defend-la.As principais obras que contm essas anlises de experincias e essas justificaes de experincias e de avivamentos acham-se em obras como Tratado concernente aos Afetos Religiosos ("A Treatise concerning the Religious Affections"). Esse um dos seus livros mais famosos. Consistia realmente de uma srie de sermes sobre um nico versculo - 1 Pedro 1:8: "Ao qual, no o havendo visto, amais, no qual, no o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefvel e glorioso". O que ele faz nesses livros mostrar a diferena entre o verdadeiro e o falso na esfera da experincia. Esse o tema de todos esses diferentes tratados, e desenvolvido nos dois lados, com o fim de lidar com os oponentes e com os entusiastas ao mesmo tempo. Eis a seguir o modo como ele divide o assunto no Tratado concernente aos Afetos Religiosos. Divide-o em trs partes. Aqui vo os seus ttulos: (1) "Acerca da natureza dos afetos e a importncia destes na religio". Ele tem que provar que eles so legtimos. Os adversrios do avivamento pregavam os seus grandes sermes doutrinrios, mas eram frios, e toda emoo e qualquer fervor eram automaticamente considerados tabus. Por isso Edwards tinha que justific-los e mostrar que h lugar para eles. Ento ele prossegue e mostra que "A religio verdadeira apia-se muito nos afetos", e depois, "Inferncias disso". A seguir vem a segunda parte, "Mostrando que no h sinais definidos de que os afetos religiosos so benignos ou no". Isso tpico de Edwards - o negativo e o positivo. Ele continua, mostrando que o fato de osafetos "se elevarem muito no sinal" de que so verdadeiros, "a fluncia e o fervor no so um sinal", "que no sejam provocados por ns no sinal", "que venham acompanhados de textos das Escrituras no prova de que so reais", "que haja uma aparncia de amor no sinal", "afetos religiosos de muitas espcies no so um sinal", "alegrias que seguem certa ordem no so um sinal", "muito tempo e zelo no dever", "muitas expresses de louvor, de grande confiana, de relaes comoventes no so um sinal". Nenhuma dessas coisas necessariamente um sinal verdadeiro de que eles so genunos ou no. Depois, a terceira parte mostra quais so os sinais distintivos dos afetos verdadeiramente benignos e santos. "Os afetos benignos provm da influncia divina." "Seu objetivo a excelncia das coisas divinas...". "A prtica crist o principal para os outros e para ns mesmos." Assim era Edwards. No crdulo, e no hipercrtico. Sempre examina os dois lados. Ele tinha que defender vrios fenmenos incomuns e notveis que ocorreram no avivamento da dcada de 1740. Ele tinha que defender, e defende, o fato de que mesmo o corpo pode ser afetado. A mulher de Edwards exibiu, certa ocasio, o fenmeno conhecido como levitao. Ela foi literalmente transportada de uma parte da sala para outra, sem fazer nenhum esforo ou empenho. s vezes pessoas desmaiavam e ficavam inconscientes nas reunies. Edwards no ensinava que tais fenmenos eram do diabo. Ele tem algumas coisas surpreendentes para dizer a respeito disso. Elesempre advertia os dois lados, advertindo da extino do Esprito, e advertindo tambm do perigo de a pessoa deixar-se levar pela carne e de ser iludida por satans por meio da carne. Ele advertia a todos. Houve uma ocasio em que ele advertiu at George Whitefield, que estava morando com ele. Whitefield tinha a tendncia de obedecer e dar ouvidos a "impulsos" e a agir baseado neles. Edwards aventurou-se a criticar Whitefield quanto a isso, e a adverti-lo dos possveis perigos. Eis algumas ilustraes da maneira pela qual Edwards fazia esse maravilhoso trabalho. Elas mostraro como ele advertia algumas pessoas do perigo de rejeitar o avivamento como um todo em termos da filosofia da histria, e do perigo de examinar apenas aspectos particulares do avivamento, em vez de observ-lo como um todo e de reparar nos seus resultados extraordinrios. Mas nada mais importante do que o modo como ele advertia as pessoas do terrvel perigo de julgar nestas questes em termos das suas experincias pessoais, ao invs de faz-lo em termos do ensino das Escrituras. Um dos nossos maiores perigos, na Igreja Crist, e particularmente nas igrejas evanglicas ou conservadoras, hoje, o hbito de reduzir algumas das grandes afirmaes das Escrituras ao nvel das nossas prprias experincias. Vejam, por exemplo, aquele versculo sobre o qual Edwards pregou em conexo com o seu Tratado sobre os Afetos Religiosos: "Ao qual, no o havendo visto, amais; no qual, no o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefvel e glorioso" (1 Pedro1:8). Hoje h muitos que interpretam isso em termos da sua experincia pessoal e que nada sabem do "gozo inefvel e glorioso". Dizem eles que isso experimentado por todos os cristos. Eis como Edwards adverte desse perigo: "Gostaria de propor que se considerasse se verdade ou no que alguns, em vez de fazerem das Escrituras a sua nica regra para julgar essa obra, fazem da sua prpria experincia a regra, e rejeitam tais e quais coisas agora professadas e experimentadas, porque eles mesmos nunca as experimentaram. Acaso no existem muitos que, principalmente sobre esta base, tm alimentado e ventilado suspeitas, se no condenaes peremptrias, daqueles terrores extremos e daqueles grandes, repentinos e extraordinrios descobrimentos das gloriosas perfeies de Deus, e da beleza e do amor de Cristo? No teriam condenado tais veementes afetos, tais elevados transportes de amor e de alegria, tal compaixo e pesar pelas almas dos outros, e exerccios da mente que tm produzido to grandes efeitos, meramente, ou principalmente, porque nada sabem dessas realidades por experincia? As pessoas esto muito prontas a suspeitar daquilo que elas mesmas no sentiram. para temer-se que muitos bons homens so culpados desse erro; o que, porm, no o torna menos insensato. E talvez haja alguns que, sobre essa base, no somente rejeitam essas coisas extraordinrias, mas tambm toda aquela convico de pecado, os descobrimentos da glria de Deus, a excelncia de Cristo e a convico interior da veracidade doevangelho, pela influncia imediata do Esprito de Deus, que agora se supem necessrios para a salvao. Essas pessoas, que desse modo fazem das suas experincias pessoais a sua regra para julgamento, em vez de inclinar-se sabedoria de Deus e de render-se Sua Palavra como uma regra infalvel, so culpadas de lanarem uma grande censura sobre o entendimento do Altssimo" (Vol. 1,371). Ou vejam a sua defesa das incomuns ou elevadas experincias com Deus e com a obra do Esprito Santo. Ele escreve: "No nenhum argumento dizer que no obra do Esprito de Deus que alguns que so os sujeitos dela estiveram numa espcie de xtase, no qual foram levados para alm de si mesmos, e tiveram as suas mentes transportadas por uma corrente de vigorosas e agradveis imaginaes e por uma espcie de vises, como se tivessem sido arrebatados para o cu e ali tivessem visto coisas maravilhosas. Conheci bem alguns desses casos, e no vejo necessidade de introduzir o auxlio do diabo no relato que fazemos dessas coisas, nem tampouco de supor que elas so da mesma natureza das vises dos profetas ou do rapto de Paulo para o paraso. A natureza humana, sob esses intensos exerccios e afetos, tudo que se necessita introduzir no relato" (Vol. 2,263). Vejamos agora o que ele diz acerca do testemunho do Esprito junto dos nossos espritos. H muita confuso sobre isso no presente. Como que vocs interpretam Romanos 8:15-16? Eis como Jonathan Edwards trata do testemunho do Esprito:"Houve casos, anteriormente, de pessoas a bradarem em transporte de jbilo divino, na Nova Inglaterra. Temos um caso, nas Memrias do Capito Clap (publicadas pelo Rev. Prince), no de uma simples mulher ou criana, porm de um homem de slido entendimento, que, num elevado transporte de gozo espiritual, ps se a bradar em seu leito. Suas palavras, p. 9, so: "O Esprito Santo de Deus (creio eu) deu testemunho junto com o meu esprito de que eu sou um filho de Deus; e encheu o meu corao e a minha alma com to completa segurana de que Cristo meu, e de tal maneira me transportou, que me fez bradar em minha cama, em alta voz, Ele veio! Ele veio!" (Vol. 1,370). Ser que todos os cristos sentem e conhecem esse testemunho do Esprito? No permita Deus que reduzamos essas gloriosas declaraes ao nvel das nossas pobres e dbeis experincias. No mesmo pargrafo ele se refere quela experincia inesquecvel que John Fivel teve certa ocasio durante uma viagem. Eis a sua defesa das assombrosas experincias que foram dadas sua esposa. Tendo feito uma extensa narrativa das suas experincias, ele as analisa e as avalia. Havia muitos naquele tempo, e ainda os h, que as poriam de lado como xtase, fantasia, imaginao exacerbada, etc. Eis como Edwards comenta isso: Ora, se essas coisas no passam de entusiasmo, ou do fruto de um crebro perturbado, oxal o meu crebro seja sempre tomado dessa feliz perturbao! Se loucura, oro a Deus paraque a humanidade toda seja presa por essa loucura benigna, dcil, benfica, beatfica e gloriosa! Que noo tm da religio verdadeira aqueles que rejeitam o que aqui foi descrito! Que acharemos de corresponder a estas expresses das Escrituras: a paz de Deus que excede todo o entendimento; alegrar-nos com gozo inefvel e glorioso; o resplendor de Deus em nossos coraes, para iluminao do conhecimento da glria de Deus, na face de Jesus Cristo; com cara descoberta, refletindo como um espelho a glria do Senhor, somos transformados de glria em glria na mesma imagem, como pelo Esprito do Senhor; chamados das trevas para a sua maravilhosa luz; e a estrela da alma aparea em nossos coraes? (Filipenses 4:7; 1 Pedro 1:8; 2 Corntios 4:6; 3:18; 1 Pedro 2:9; 2 Pedro 1:19). O que, permitam-me perguntar, se aquelas coisas mencionadas acima no correspondem a essas expresses, que outra coisa poderemos encontrar, que corresponda a elas?" (Vol. 1, 69). Dessa maneira Edwards defendia as incomuns e excepcionais experincias que estavam sendo concedidas a certas pessoas naquela poca particular. Todavia, com toda a anlise que faz, e com todo o seu exame, interrogatrio e questionamento, ele nunca nos deixa confusos e desanimados, como o faz Thomas Shepard em seu estudo da "Parbola das Dez Virgens". Edwards sempre nos eleva, sempre nos estimula e no nos leva a sentir-nos sem esperana. Ele cria dentro de ns um desejo de conhecer essas coisas.Permitam-me concluir com uma nota de aplicao. Terminar sem fazer aplicao seria ser desleal memria desse grande homem de Deus. Quais so as lies que nos vm de Jonathan Edwards para hoje? Nenhum homem mais relevante para a presente condio do cristianismo do que Jonathan Edwards. Nenhum mais necessrio. Tomem tudo o que estivemos considerando e, acima de tudo, tomem o tratado que ele escreveu em 1748, com o ttulo, Uma Humilde Tentativa de Promover Explcito Acordo e Unio visvel do Povo de Deus em Extraordinria Orao pelo Avivamento da Religio epelo Progresso do Reino de Cristo na Terra. Alguns amigos da Esccia tinham estado reunindose em orao desse modo, e escreveram a Edwards e lhe falaram sobre isso. Perguntaram-lhe se ele concordava com isso e se escreveria a respeito. Assim ele escreve esse grande tratado concitando as pessoas a se juntarem e a concordarem em faz--lo uma vez por ms e de diversas outras maneiras. Ele argumenta e pleiteia muito, especialmente em termos do que ele e eles consideravam ento como a proximidade da segunda vinda de Cristo e da glria que haveria de revelar-se. Essa uma declarao vigorosa e gloriosa. Certamente o avivamento a nica resposta para a presente necessidade e condio da Igreja. Eu gostaria de expor isto desta maneira: uma apologtica que deixe de dar a suprema nfase obra do Esprito Santo est condenada a ser um completo fracasso. Todavia o que temos estado fazendo. Temos apresentado umaapologtica altamente filosfica e argumentativa. Temos argumentado acerca da arte moderna, da literatura moderna, do teatro moderno, de conceitos polticos e sociais, como se isso fosse o necessrio. O que necessrio uma efuso, um derramamento do Esprito, e qualquer apologtica que no nos leve finalmente necessidade desse derramamento, em ltima anlise ser intil. Creio que estamos de novo quase na mesma situao que prevalecia antes de acontecerem aquelas coisas grandiosas na dcada de 30, no sculo 18. As prelees de Boyle tinham sido institudas no sculo anterior com o fim de propiciarem uma apologtica e a defesa da religio e do evangelho. E temos continuado a fazer o mesmo com muita assiduidade. No somente isso; a famosa Analogia ("Analogy") do bispo Butler tinha aparecido em defesa do evangelho de maneira diferente. Mas no foram esses os fatores que mudaram a situao toda. Foi o avivamento; e a nossa nica esperana o avivamento. Temos tentado tudo mais; Edwards lembra-nos mais uma vez a suprema necessidade de avivamento. Tratemos de ver com clareza o que ele disse a respeito disso. Precisamos saber o que significa avivamento. Precisamos saber a diferena entre uma campanha evangelstica e o avivamento. No podem ser comparados. Precisamos compreender a diferena entre experimentar o poder do Esprito no avivamento e chamar pessoas para tomarem uma deciso. H alguns anos um certo lder evanglico, muito conhecido e proeminente, estava insistindo comigo para assistir a certa campanhaevangelstica e, cheio de entusiasmo, dizia: "Voc deve ir. maravilhoso. Magnfico! As pessoas vo para a frente em grandes grupos. Nada de emoo. Nada de emoo!" Ele ficava repetindo, "Nada de emoo". Ele no tinha lido Jonathan Edwards! Deveramos ficar seriamente preocupados, se no houver emoo. Se as pessoas podem tomar alguma suposta deciso por Cristo sem emoo, que que realmente esta acontecendo? concebvel que uma alma possa aperceber-se do perigo de passar a eternidade no inferno, conhecer algo da santidade de Deus e crer que o Filho de Deus veio ao mundo e at morreu numa atrs cruz e morreu por ns e ressurgiu dos mortos para que essa alma pudesse ser salva, e todavia no sentir emoo? Leiam Edwards sobre avivamento. A expresso que ele sempre usava era "um derramamento do Esprito". Hoje ouvimos falar muito sobre o que chamam "renovao". No gostam do termo "avivamento"; preferem "renovao". O que eles querem dizer com isso que todos fomos batizados com o Esprito no momento da regenerao, e que, portanto, tudo que temos que fazer aperceber-nos do que j temos e render-nos a isso. Isso no avivamento! Vocs podero fazer tudo quanto eles ensinam e auferir muitos benefcios; mas ainda no tero tido avivamento. Avivamento um derramamento do Esprito. algo que nos sobrevm, que nos acontece. No somos os agentes; apenas estamos cientes de que nos aconteceu algo. Assim Edwards nos lembra de novo o que realmente oavivamento. Isso leva a uma advertncia aos que esto extinguindo o Esprito; e h muitos sobre os quais pesa a culpa disso no presente. Um livro escrito pelo finado Ronald Knox sobre Entusiasmo tornouse popular entre certos evanglicos. Ele foi um intelectual catlico romano, ignorante dessas coisas. Naturalmente, ele menciona Edwards e o famoso sermo. O Novo Testamento nos adverte do perigo de "extinguir o Esprito". Podemos ser culpados de fazer isso de vrias maneiras. Podemos extinguir o Esprito interessando-nos exclusivamente por teologia. Tambm podemos faz-lo interessando-nos somente pela aplicao do cristianismo industria, educao, s artes, poltica etc. Ao mesmo tempo, Edwards faz advertncias similares aos que s do nfase experincia. Nada mais notvel do que o equilbrio desse homem. Devemos ter teologia; entretanto esta deve ser teologia com fogo. preciso que haja aquecimento e calor, bem como luz. Em Edwards encontramos a combinao ideal as grandes doutrinas com o fogo do Esprito sobre elas. Encerro com duas palavras especiais de aplicao. A primeira para os pregadores. Temos urgente necessidade hoje daquilo que Edwards dizia aos pregadores em seus dias: "Acredito que estaria cumprindo o meu dever de elevar os afetos dos meus ouvintes to alto quanto me fosse possvel, posto que eles no sejam afetados por nada, seno pela verdade, e por afetos que no discordem da natureza doassunto. Sei que j velha praxe desprezar um modo de pregar muito caloroso e pattico; e s tem sido apreciados como pregadores aqueles que mostram a mais ampla cultura, poder de raciocnio e correo na linguagem. Mas humildemente concebo que foi por falta de entender ou de estudar devidamente a natureza humana, que j se pensou que ela tem a maior propenso para atender aos fins da pregao; e a experincia da poca passada e da atual confirma sobejamente o mesmo. Embora seja certo, como eu disse antes, que a clareza do discernimento, a ilustrao, o poder de raciocnio e um bom mtodo de manejo doutrinrio das verdades da religio, de muitas maneiras so necessrios e proveitosos, e no devem ser negligenciados, todavia, no o aumento no conhecimento especulativo de teologia que as pessoas necessitam tanto como algo mais. Os homens podem ter grande soma de luz, e no ter nenhum calor. Quanto dessa espcie de conhecimento tem havido no mundo cristo na poca atual! Porventura j houve alguma poca em que o vigor e a penetrao da razo, a extenso da cultura, a exatido do discernimento, a correo do estilo e a clareza de expresso fossem to abundantes? E, contudo, houve alguma poca em que tenha havido to pouco senso da malignidade do pecado, to pouco amor a Deus, disposio celestial e santidade no viver, entre os que professam a religio verdadeira? Nossa gente no precisa ter suas cabeas abastecidas, tanto como precisa ter os seus coraes emocionados; e a nossa gente est na maior necessidade daespcie de pregao mais propensa a fazer isso" (Vol. 1, 391). A seguir, uma palavra aos membros de igreja. Ser que tudo o que eu disse os levou a sentir-se desesperanados? Levou-os a duvidar, talvez, que so cristos? Meu conselho a vocs : leiam Jonathan Edwards. Deixem de freqentar tantas reunies; desapeguem-se das diversas formas de entretenimento que atualmente so to populares nos crculos evanglicos. Aprendam a ficar em casa. Reaprendam a ler, e no apenas as historias emocionantes de certas pessoas modernas. Retornem a algo slido, real e profundo. Vocs esto perdendo a arte de ler? Muitas vezes os avivamentos comearam como resultado da leitura de obras como estes dois volumes das obras de Edwards. Portanto, leiam este homem. Tomem a deciso de faz-lo. Leiam os seus sermes; leiam os seus tratados prticos, e depois passem aos grandes discursos sobre assuntos teolgicos. Mas, acima de tudo, tendo lido este homem, tentemos, todos ns, captar e reter a sua maior nfase - a glria de Deus. No nos detenhamos em algum benefcio que tenhamos recebido, nem mesmo com as experincias mais elevadas que tenhamos desfrutado. Procuremos conhecer mais e mais a glria de Deus. isso que sempre leva a uma experincia genuna. Precisamos conhecer a majestade de Deus, a soberania de Deus, e precisamos ter senso de temor, senso do maravilhoso. Temos conhecimento disso? H em nossas igrejas um senso do maravilhoso e do espantoso? Essa a impresso que JonathanEdwards sempre comunica e cria. Ele ensina que essas coisas so possveis ao cristo mais humilde. Ele pregava e ministrava a pessoas comuns e, todavia, dizia-lhes que essas coisas eram possveis a todas elas. Depois, alm de tudo, e numa poca de crise e incerteza como a atual, no conheo nada que seja mais maravilhoso que a sua nfase "bendita esperana". Leiam o sermo que ele pregou nos funerais de David Brainerd. uma narrativa sobre o cu e sobre a glria que nos aguarda como filhos de Deus. Num mundo em colapso, com tudo a dissolver-se diante dos nossos olhos, no seria hora de levantarmos as nossas cabeas e os nossos olhos, e olharmos para a glria que h de vir? Ainda que a situao financeira deste pas entre em colapso, que tudo entre em colapso, os propsitos de Deus so certos e seguros. Nada "poder faz-lO renunciar ao Seu propsito"; e h uma glria que nos aguarda, glria que frustra toda tentativa de descrio. Foi preparada para ns, e aguarda a todos os que verdadeiramente buscam essas coisas, "e o aparecimento da glria do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo" (Tito 2:13). Assim, despeamo-nos de Jonathan Edwards citando o que ele disse de David Brainerd: no posso pensar em algo melhor do que isso para dizer sobre o prprio Edwards: "Quanta coisa h, em particular, nas coisas que tm sido observadas sobre esse eminente ministro de Cristo, para animar-nos, a ns que fomos chamados para a mesma obra do ministrio do evangelho, a cuidado e esforos fervorosos,para que, semelhana dele, sejamos fiis em nosso trabalho; para que sejamos cheios do mesmo esprito, alentados pela mesma pura e ardente chama de amor a Deus, e pelo mesmo zeloso interesse em promover o reino e a glria do nosso Senhor, e a prosperidade de Sio! Quo amvel esses princpios tornaram esse servo de Cristo em sua vida, e quo abenoado o seu fim! Breve chegar a hora em que ns tambm teremos que deixar os nossos tabernculos terrestres, e ir ao nosso Senhor, que nos enviou para trabalhar em Sua seara, para Lhe prestar contas de ns mesmos. Ah, como isso diz respeito a ns, de modo que corramos, no incertamente; lutemos, no como quem esmurra o ar! E o que ouvimos no nos animaria a pr a nossa confiana em Deus, dEle buscando ajuda e assistncia em nossa grande obra, e a dedicar-nos muito a buscar os influxos do Seu Esprito e xito em nossos labores pelo jejum e orao - de que era to rica a referida pessoa? Essa prtica ele recomendou em seu leito de morte, partindo das suas experincias pessoais dos seus grandes benefcios, a alguns candidatos ao ministrio que se achavam ao lado da sua cama. Ele falou muitas vezes da grande necessidade que os ministros tm de muito do Esprito de Cristo para realizarem a sua obra, e de quo pouco benefcio provavelmente faro sem Ele; e de como, "quando os ministros estavam sob as influencias especiais do Esprito de Deus, isto os ajudava a chegar s conscincias dos homens, e (como ele o expressava), por assim dizer, a manuse-las com as mos; ao passo que, sem oEsprito de Deus, dizia ele, sejam quais forem os argumentos e a oratria de que faamos uso, faremos apenas uso de cotos, e no das mos". "Ah, que as coisas que foram vistas e ouvidas dessa extraordinria personalidade, a sua santidade, a excelncia do seu carter, o seu trabalho, e a abnegao da sua vida, a maneira to notvel de devotar-se, e de devotar tudo quanto lhe pertencia, no corao e na prtica, glria de Deus, e a maravilhosa estrutura mental manifesta de maneira to firme, sob a expectao da morte, e das dores e agonias que se lhe seguiram, despertem em ns, ministros e povo, um devido senso da grandeza da obra que nos cabe fazer no mundo, da excelncia e cordialidade da religio integral, na experincia e na prtica, da bno do fim de uma vida como essa e do valor infinito da sua recompensa eterna, quando estaremos ausentes do corpo e presentes com o Senhor; e efetivamente nos estimulem a esforos para que, nas pegadas dessa vida santa, cheguemos afinal a um fim to abenoado" (Vol. 2, 35-36).Jonathan Edwards e a Crucial Importncia de AvivamentoEste opsculo reproduz a palestra proferida pelo Dr. Lloyd-Jones na Conferncia Westminster em 1976. A mesma constitui o dcimo stimo captulo do livro Os Puritanos: suas origens e seus sucessores a ser publicado em breve. Nestes dias de tanta confuso teolgica o Dr. Lloyd-Jones nos lembra dos princpios que nortearam a vida e ensinos dos puritanos, os quais o influenciaram tanto. Diz ele: "Omeu real interesse (nele) surgiu em 1925... Desde aquele tempo um verdadeiro e vivo interesse pelos puritanos e suas obras me prendeu, e sou franco em confessar que todo o meu ministrio tem sido governado por isso... No h nada que tanto estimule o verdadeiro ministrio da Palavra, pois aqueles homens foram grandes modelos nesse aspecto".PUBLICAES EVANGLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 01059-970 So Paulo SP