jomesp - jornal de musicoterapia do estado de são paulo - 5ª edição - completo

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JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO 5°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita – 20 de maio de 2016 Afasia, disartria e amusia: uma relação possível p. 08 Em nossa primeira edição do JOMESP 2016, entrevistamos o presidente e as comissões da APEMESP para saber como foi o ano de 2015, quais desafios, conquistas e quais as perspectivas para es- te ano. Confira - p. 15 EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO-1 ANO! Conheça o trabalho de vínculo entre mãe e bebê, feito por uma equipe multisiciplinar no setor de estimulação e habilitação da APAE Central - p. 13 Atenção! O JOMESP está em reformas. E com PORTAS ABERTAS! - p. 04 Informações sobre os trabalhos, organização e conquistas da APEMESP esclarecem os benefícios de se associar, na coluna Saiba Mais - p. 24

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JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

5°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita – 20 de maio de 2016

Afasia, disartria e amusia: uma

relação possível p. 08

Em nossa primeira

edição do JOMESP

2016, entrevistamos o

presidente e as

comissões da

APEMESP para saber

como foi o ano de

2015, quais desafios,

conquistas e quais as

perspectivas para es-

te ano.

Confira - p. 15

EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO-1 ANO!

Conheça o trabalho de vínculo entre

mãe e bebê, feito por uma equipe multisiciplinar no

setor de estimulação e habilitação da APAE Central -

p. 13

Atenção! O JOMESP está em reformas.

E com PORTAS ABERTAS! - p. 04

Informações sobre os

trabalhos, organização e conquistas da APEMESP

esclarecem os benefícios de se

associar, na coluna Saiba Mais - p. 24

Quinta Edição - P. 2

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Expediente Coordenação, Revisão de

Texto e Edição: Mt. Denise

Chrysostomo Suzuki

Revisão gráfica, layout, for-

matação, design gráfico: Mt.

Daniel Conceição

Colaboradores: Mt. Gildasio

Januário; Michelle de Melo

Ferreira; Pedagoga Custódia V.

de Nóbrega; Psicóloga Regina

Maria Pereira Munhoz; Mt.

André Pereira Lindemberg;

Mt. Luisana Passarini; Mt.

Marcelo Perestrelo; Diretoria

Apemesp.

Contato: comissaopublica-

[email protected]

EDITORIAL

No dia 15 de Abril comemoramos 1 ano de JoMESP! Um ano de muito aprendi-

zado junto à todos os colaboradores e a equipe da APEMESP. E é com essa ale-

gria e publicamos a primeira edição de 2016. Em nosso canal do leitor acrescen-

tamos informações mais detalhadas sobre como participar do Jornal, conhecen-

do os propósitos de cada seção. Apresentamos uma introdução ao trabalho da

musicoterapeuta Michelle de Melo com pacientes afásicos e disártricos através

da aplicação do Music Batery Evaluation of Amusia - MBEA e do trabalho desen-

volvido por uma equipe multidisciplinar, formada por um psicólogo, um pedago-

go e um musicoterapeuta, com foco no vínculo entre mãe e bebê no setor de

estimulação e habilitação da APAE Central.

Também entrevistamos o presidente e as comissões da APEMESP e os coordena-

dores de algumas comissões que comentam um pouco sobre o panorama de

2015, os trabalhos realizados, desafios enfrentados e prospecções para o ano de

2016, e apresentamos algumas informações acerca de trabalhos e conquistas

realizadas pela APEMESP durante o ultimo ano, apresentando um novo olhar

sobre os benefícios de se associar.

É com muito carinho, atenção e um grande prazer que apresentamos a 5ª edição

do Jomesp.

Boa leitura.

Quinta Edição - P. 3

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2. Palavra do presidente/Editorial

4. JOMESP de portas abertas!

8. Seguindo os passos da musicoterapia: Afasia, disartria e amusia:

uma relação possível

13. Interdisciplinaridade: A música no fortalecimento do vínculo mãe e

filho

15. Na linha do tempo: Retrospectiva gestão 2015

24. Saiba mais: Associar-me a APEMESP... Por quê e para quê?

28. Divulgação: Espaço Essência Musical

29. Canal do Leitor e Canal da APEMESP

NESTA EDIÇÃO

Quinta Edição - P. 04

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Atenção! O JOMESP está em reformas. E com PORTAS ABERTAS!

O ano de 2015 foi intenso no sentido de estruturar nosso trabalho. O que torna o espaço,

agora, mais organizado para ser utilizado pelo nosso público: musicoterapeutas, profissionais da saú-

de, interessados, dentre outros. E é isso o que queremos agora, mais pessoas participando do nosso

jornal. Mas, para isso, é preciso entender o que é a equipe e como participar. Vamos lá!

O que é ser uma equipe do Jomesp?

A equipe trabalha em diversos setores, conheça um pouco as atividades que fazem parte do

Jomesp:

Elaboração e execução de entrevistas;

Instrução de redação para colaboradores;

Revisão de texto: leitura do material, ortografia, apresentação, tradução;

Redação com base em trabalhos acadêmicos;

Pesquisa de informações e redação;

Formatação;

Divulgação.

As vantagens de participar do Jomesp:

Publicação de trabalhos acadêmicos:

Publicar trabalhos e pesquisas acadêmicas significa tornar a linguagem da pesquisa clara no

sentido social, de sua relevância para a sociedade, além de apresentar detalhes para aqueles que se

interessam pelo tema. Muitas vezes os autores têm dificuldades de expressar sua pesquisa em lin-

Quinta Edição - P. 05

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

guagem popular ou, melhor dizendo, de compartilhar suas intenções sem entrar em detalhes dema-

siado acadêmicos. No decorrer do nosso trabalho, desenvolvemos um padrão de apresentação des-

tas pesquisas, com a intenção de contribuir com os autores.

Aprofundar em temas relativos à área:

Dentro de algumas seções, como, por exemplo, musicoterapia pelo mundo, nossas pesquisas

caminham desde as organizações de musicoterapia até contato com musicoterapeutas de diversos

países. Muitas informações são trocadas e nem tudo é publicado, visto a grande quantidade de ele-

mentos textuais. Tudo isso, para aquele que produz e investiga, permite aprofundar o olhar sobre a

musicoterapia, portanto, este é um caminho enriquecedor para quem quer estar por dentro e com-

partilhar suas pesquisas com os leitores do jornal.

Trabalhar com estrutura:

Nosso esforço é tornar nossos afazeres organizados, para que tenhamos conforto naquilo que

nos propomos a fazer. Ter um espaço organizado é o primeiro elemento para ter eficiência e nos

sentirmos felizes com os resultados. Como dissemos anteriormente, o ano de 2015 foi um processo

intenso de organização e formatação do nosso modo de trabalho. Aquele que tiver interesse em par-

ticipar do jornal, receberá orientação apropriada, tendo um suporte para esclarecimento de duvidas.

Reconhecimento:

Neste ano de 2016 a APEMESP oferecerá aos participantes um certificado de participação vo-

luntária. Além disso, o participante terá seu nome no jornal junto a equipe de colaboradores. Bem

como, terá um material de divulgação e esclarecimento do seu trabalho, o que para a APEMESP é

motivo de orgulho em relação ao seu associado.

Como participar?

Você pode participar de diversas formas:

Da equipe do jornal, em cada edição ou em todas as edições;

Nas seções: apresentando seu trabalho; recomendando trabalhos de colegas; noti-

ficando avanços recentes em projetos políticos, científicos, dentre outros, cuja par-

ticipação da musicoterapia esteja em primeiro plano ou tenha sido fundamental;

participando de entrevistas ou escrevendo sua experiência profissional como musi-

coterapeuta; escrevendo sua experiência como profissional com o uso da música

Quinta Edição - P. 06

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

(para profissionais de outras áreas); contando sua experiência em algum congres-

so/curso de musicoterapia ou não, que traga atualizações para colegas; participan-

do das redações; colaborando com contatos (musicoterapeutas no exterior e de-

mais estados do país); participando na seção escritores (para graduados e/ou espe-

cialistas). Veja as colunas e entenda melhor o tema que cada uma trabalha.

Quais são as seções do Jornal?

Na linha do tempo

Tem por objetivo documentar acontecimentos políticos e históricos que tiveram um valor sig-

nificativo para o desenvolvimento da musicoterapia no Brasil.

Seguindo os passos da musicoterapia

Inclui todas as notícias de última hora que fazem parte de um histórico político, avanços cientí-

ficos na área ou, enquadramento social/científico e político que tenha sido evidenciado recentemen-

te através de telejornais, rádios, ações comunitárias e que tenham repercussões para diversos públi-

cos.

Notícias

Inclui notícias recentes sobre ações das associações e organizações de musicoterapia, bem co-

mo acontecimentos internacionais, novidades, etc.

Escritores

Musicoterapeutas e especialistas de musicoterapia interessados em escrever sobre algum as-

sunto relacionado à área, podendo ser resultado de pesquisas científicas, sociais, filosóficas, caso

clínico, população específica, dentre outros.

Musicoterapia pelo mundo

Apresenta o contexto da musicoterapia em diversos países, utilizando fontes como associa-

ções do país, associações mundiais, blogs e sites de musicoterapeutas do país pesquisado. Realiza, se

possível, contato com musicoterapeutas destes países, fazendo parcerias para a construção do tex-

to. Tem por objetivo compartilhar e ressaltar a Apemesp no contexto mundial, e as atividades da

musicoterapia em São Paulo e no mundo.

Correspondente Internacional

Tem por objetivo convidar estrangeiros de diversos países a contarem suas experiências na

Quinta Edição - P. 07

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

musicoterapia, processo de formação, regulamentação, base teórica, filosofia, formas de atendimen-

to e população atendida.

Correspondente Nacional

Espaço para musicoterapeutas de outros estados do Brasil, que venham apresentar como a

musicoterapia está se desenvolvendo, quais as carências e necessidades, novidades, e também sua

experiência profissional.

Saiba Mais sobre musicoterapia

Tem por objetivo apresentar a musicoterapia para o público leigo, abordando diversos temas,

nas patologias, abordagens, etc.

Eu fui

Tem como objetivo contar, através da ótica de um participante, a experiência em congressos,

simpósios, de musicoterapia ou de outras áreas, que sejam interessantes compartilhar, trazendo

uma atualização para os leitores.

Interdisciplinaridade

Tem como objetivo apresentar trabalhos de pessoas de outras áreas, que utilizam a música

como ferramenta de trabalho. Busca a inserção da musicoterapia no contexto interdisciplinar e a

participação e colaboração de pessoas de outras áreas, que possam acrescentar e contribuir com

visões específicas, podendo assim, compartilhar e favorecer pesquisas e aprofundamento.

MT in foco

Tem por objetivo apresentar a história e vivência de pessoas que se graduaram e especializa-

ram em musicoterapia. Apresentando para o público leigo ou específico, as dificuldades, gratifica-

ções e pontos de vistas pessoais sobre ser um musicoterapeuta.

Contato:

Escreva para a gente em:

[email protected]

Quinta Edição - P. 08

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Seguindo os

da musicoterapia

Afasia, disartria e amusia: Afasia, disartria e amusia: Afasia, disartria e amusia:

uma relação possível uma relação possível uma relação possível

Em 2014 a musicoterapeuta Michelle de Melo Ferreira (23 anos) apresentou seu TCC proveniente do curso de apri-moramento em musicoterapia na AACD, juntamente com a orientadora Clara Y. Ikuta, buscando investigar a relação entre amusia, afasia e disartria, a fim de contribuir com a reabilitação destes casos.

“Os resultados da nossa amostra sugerem que há alguns componentes estruturais da música que

estão diretamente associados com a comunicação, seja no processamento ou na emissão oral.”

dos déficits do processamento musi-

cal em indivíduos que sofreram lesão

encefálica por algum fator traumático

e foram constatados que apesar da

música ser predominantemente pro-

cessada no hemisfério cerebral direi-

to, há diversos elementos que tam-

bém são processados no hemisfério

esquerdo; da mesma forma que a

linguagem, por exemplo, processada

predominantemente pelo hemisfério

cerebral esquerdo também possui

elementos processados no hemisfério

direito. Portanto, conhecer os meca-

nismos do processamento musical

associados aos problemas neurológi-

blemas no processamento da fala e/

ou na emissão oral em pacientes neu-

rológicos, pois, apesar de o processa-

mento da linguagem verbal parecer

de forma independente do processa-

mento musical, existem paralelos

entre a linguagem da fala, emissão

vocal e a linguagem musical. Isso quer

dizer que pessoas que sofreram algu-

ma lesão cerebral e perderam fun-

ções responsáveis por compreender e

expressar algo verbalmente possa ou

não ter associação com a amusia.

Partindo desse pressuposto, diver-

sos estudos têm sido realizados para

estudar a associação e dissociação

A linguagem musical x linguagem

verbal

Amusia, também conhecido como

déficit das funções musicais, é um

déficit do processamento auditivo

central que consiste na incapacidade

de perceber certas estruturas da mú-

sica. Esse quadro clínico pode ser

tanto adquirido, como consequência

de doenças ou lesões cerebrais causa-

das por acidentes quanto congênito,

presente desde o nascimento e, que

pode ocorrer devido a fatores heredi-

tários.

Estudos indicam que a amusia po-

de ou não estar associada com pro-

Quinta Edição - P. 09

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

cos de diversas etiologias é indispen-

sável para o musicoterapeuta.

Atualmente a melhor ferramenta

de avaliação para avaliar os diferen-

tes déficits da percepção musical é a

Montreal Battery of Evaluation of

Amusia (MBEA), uma bateria de tes-

tes elaborada pela Dra Isabelle Peretz

e cols que avalia as habilidades do

processamento da música referentes

a seis componentes do processamen-

to musical (contorno, escala, interva-

lo, ritmo, métrica e memória musical)

e permite o diagnóstico de diferentes

déficits musicais, agrupados sob o

termo amusia. No Brasil, a MBEA foi

traduzida e validada pela Dra Marilia

Nunes e cols no ano de 2010 e em

2012 foi realizada a versão reduzida

da MBEA com o objetivo de servir

como base para a comparação em

estudos de caso simples e estudos

posteriores em populações com pro-

blemas neuropsicológicos específicos.

Objetivo

O objetivo deste estudo foi anali-

sar a aplicabilidade da versão reduzi-

da da MBEA em pacientes afásicos de

expressão e disártricos, mensurando

o grau de déficit musical dos dois gru-

pos e verificar se eles apresentam

déficits apenas na linguagem falada

ou se as suas lesões cerebrais podem

estar associadas com o processamen-

to musical, memória e reconhecimen-

to musical para obtenção de um me-

lhor planejamento terapêutico na

reabilitação neurológica.

Metodologia

O presente estudo foi observacio-

nal, de caráter transversal, com o

intuito de verificar a aplicabilidade da

bateria de testes MBEA e comparar

os resultados quanto ao número de

acertos em cada teste entre o grupo

de afásicos de expressão e o grupo de

disártricos.

Participantes

Foram recrutados 67 pacientes

que estavam da lista de espera da

clínica de LEA do setor de fonoaudio-

logia gerada a partir da avaliação glo-

bal realizada na AACD – Unidade Ibi-

rapuera, São Paulo (Brasil).

Critérios de inclusão: Os critérios

de inclusão foram: diagnóstico de

afasia de expressão e disartria com

audição normal autorreferida. Ao

todo foram 37 afásicos de expressão

e 30 disártricos.

Critérios de exclusão: Do grupo de

afásicos de expressão, foram excluí-

dos 7 pacientes com menos de 26

anos e com mais de 63 anos; 14 paci-

entes com diagnóstico de afasia mis-

ta, 7 que já fizeram terapia para voz

na fonoaudiologia e/ou na musicote-

rapia depois da lesão, 1 diagnosticado

com afasia de expressão grave, 1 que

estava na UTI devido a um novo AVE

e não tinha condições de fazer a avali-

ação, 1 com diagnóstico de afasia de

expressão associado com outra alte-

ração de linguagem e 1 que ainda

estava aguardando avaliação fonoau-

diológica para fala e linguagem.

Do grupo de disártricos foram ex-

cluídos 8 pacientes com idade inferior

a 26 anos e superior a 63 anos, 9 que

já haviam feito terapia para voz na

fonoaudiologia e/ou na musicotera-

pia depois da lesão, 2 diagnosticado

com disartria grave e 4 pacientes com

encaminhamento terapêutico só ape-

nas para a deglutição e não para a

fala. Ao todo, foram selecionados 5

afásicos de expressão e 6 disártricos

Será que os pacientes afásicos de expressão e

disártricos podem apresentar alguma

diferença nos déficits musicais?

Há alguma relação dos resultados obtidos

com os déficits do processamento da fala e da

emissão vocal?

Quinta Edição - P. 10

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

para participarem deste estudo.

Resultados

Diante dos resultados obtidos é

possível afirmar que a versão reduzi-

da da MBEA é aplicável tanto aos pa-

cientes com afasia de expressão

quanto aos pacientes disártricos, mas

não houve diferença significativa ao

comparar os resultados de ambos os

grupos. Devemos considerar que essa

diferenciação possa não ter ocorrido

porque o número de indivíduos em

cada grupo foi baixo (n=5 para afási-

cos de expressão e n=6 para disártri-

cos). O poder da nossa amostra foi de

49,9%.

Apesar dessa limitação do estudo,

é importante salientar que os resulta-

dos dos dois grupos não apresenta-

ram nenhum indício de que as per-

cepções melódicas e temporais estão

dissociadas. Isso deve estar relaciona-

do com a etiologia da nossa amostra,

pois há estudos publicados na Journal

of Experimental Psychology (PERETZ;

KOLINSKY, 1993), Neuropsychology

(DI PIETRO; LAGANARO; LEEMANN et

al., 2004) e Frontiers in Psychology

(HAUSEN et al., 2013) que indicam a

dissociação da organização temporal

e melódica.

Para os testes de organização me-

lódica (contorno, intervalo e escala),

ambos os grupos apresentaram uma

média de acertos similar. Nos traba-

lhos publicados por Peretz na revista

Brain (1990) e Peretz e Zatorre na

Annual Review of Psychology (2005),

revelaram que existem mecanismos

distintos para o contorno, intervalo e

escala. No entanto, os dois grupos

tiveram uma média inferior no teste

de métrica em relação ao teste de

percepção do ritmo. Sendo assim,

podemos sugerir que além dos com-

ponentes da organização melódica

ser processado por mecanismo distin-

to, o processamento do ritmo e da

métrica também podem estar dissoci-

ados – conforme aponta o estudo de

Ayotte et al em seu artigo publicado

na Brains (2000). Vale ressaltar que

tanto o ritmo quanto a métrica são

encontrados tanto na música quanto

na fala.

O ritmo na música compreende a

combinação de figuras musicais que

representam sons curtos e longos; o

ritmo na emissão vocal é utilizado

para se referir à forma de como esses

eventos são distribuídos no tempo. A

métrica na música, por sua vez, é

construída pelos padrões de sons

fortes e fracos que ficam distribuídos

dentro de um compasso; e a métrica

na fala é construída pelos padrões de

sílaba tônica (forte) e átona (fraca)

denominado acento prosódico. De

acordo com Andrade (citado no artigo

de Smith Cognição Musical x identida-

de sonoro-musical. Inédito, 2013),

tanto a emissão oral quanto a música

consistem na organização intencional

de sons com base na modulação de

suas propriedades espectrais (tons) e

temporais (ritmo) para produção de

um significado. Os pesquisadores

Quinta Edição - P. 11

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Cason e Schön completam em seu

artigo Rhythmic priming enhances the

phonological processing of speech.

Neuropsychologia, v. 50, n.11, p.

2652-2658 (2012) que os padrões

tonais e atonais constroem a métrica

da música e da fala.

Segundo Muszkat, Correia e Cam-

pos (publicado na Revista Neurociên-

cias, 2000), do ponto de vista neurofi-

siológico, o ritmo, a duração dos sons,

a métrica e a discriminação da tonali-

dade ocorrem predominantemente

no hemisfério cerebral esquerdo. São

também responsáveis pela análise

dos parâmetros de altura, identifica-

ção semântica de melodias, senso de

familiaridade e processamento tem-

poral e sequencial dos sons, intera-

gindo diretamente com as áreas da

linguagem, que identificam a sintaxe

da música.

No teste de memória incidental, é

possível observar que o grupo de afá-

sicos de expressão teve uma média

de 9,0±3,0 acertos enquanto o grupo

de disártricos teve uma média de

10,3±1,0. Para um escore máximo de

14,0 podemos afirmar que eles tive-

ram uma boa média de acertos. Estu-

dos apontam que a memória inciden-

tal é evocada pelo repertório que

contém todas as representações às

quais o indivíduo foi exposto, tais

como as representações lexicais du-

rante o processo de reconhecimento

das palavras e representações meló-

dicas durante o processo de reconhe-

cimento das frases musicais. Segundo

Ortiz (no livro Distúrbios neurológicos

adquiridos: Linguagem e Cognição.

Barueri: Manole, 2005), pacientes

afásicos podem ou não apresentar

danos na memória. Essa afirmação

corrobora com os resultados obtidos

A MBEA é composta por seis testes: a) Teste de organização melódica: consiste em três

grupos de testes de estímulos diferentes (avaliação da tonalidade – scale alternate, alteração da linha melódi-ca – contour alternate e modificação de intervalo – in-tervale alternate). Durante a escuta das melodias de cada teste, é solicitado que o avaliando discrimine se a melodia alvo e a melodia de comparação são iguais ou diferentes.

a. A avaliação da tonalidade (scale alternate), avalia a capacidade de reconhecer a modificação do pitch (propriedade do som, que pode ser classificado como agudo e grave). Nas frases melódicas diferentes alterna-se apenas uma nota, substituindo-a por outra numa outra tonalidade. Dessa forma, a nota alterada fica fora de escala, enquanto as demais mantêm a tonalidade da melodia original.

b. A avaliação de alteração da linha melódica (contour alternate) é criada pela modificação de um pitch crítico. Se a nota a ser alterada for ascendente, passa a ser descendente e vice-versa, mudando a dire-ção do pitch geral da melodia.

c. A avaliação de modificação do intervalo (intervale alternate) modifica-se a distância entre dois semitons adjacentes. A nota diferenciada altera sua altura crítica para outra extensão, mas mantém o contorno e a escala original, ou seja, se um intervalo é ascendente, a melo-

dia modificada vai continuar ascendente, mas aumen-ta-se ou diminui-se a extensão de uma nota para a outra.

b) Testes de organização temporal: são avaliados a modificação do ritmo (rhythm alternate) e de acentu-ação periódica no tempo – métrica (metric test).

a. No teste de modificação rítmica (rhythm alter-nate), as frases diferentes são alteradas entre dois semitons adjacentes, modificando-as em seus valores, mas mantendo a mesma métrica e número de notas musicais. Durante a escuta, o avaliando deve julgar se a melodia alvo e a melodia de comparação são iguais ou diferentes.

b. No teste métrico (metric test), avalia a capacida-de do reconhecimento de cada compasso e o avalian-do deve identificar se o compasso da melodia é valsa (ternária - com o primeiro tempo forte seguida de dois tempos fracos) ou marcha (binária - com o pri-meiro tempo forte seguida de um tempo fraco).

c) Testes de reconhecimento de frases musicais: entre as 15 melodias apresentadas, 7 já escutadas anteriormente e as outras 7 são novas que segue o mesmo princípio de composição, mas difere em seus padrões de tempo e altura. O avaliando deve respon-der “sim” se reconhece a melodia apresentada anteri-ormente, ou “não”, se a melodia apresentada for no-va.

Quinta Edição - P. 12

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

na nossa amostra.

De acordo com Caplan e Walters

em seu artigo publicado na revista

Behavioral and BrainSciences (1999),

pesquisadores que associam os défi-

cits de compreensão dos afásicos à

memória limitada relatam que o pro-

cessamento requer um sistema de

armazenamento no qual as informa-

ções são simultaneamente armazena-

das e computadas durante o proces-

samento sintático. Quanto ao grupo

de disártricos, talvez por ser um pro-

blema na articulação orofacial e não

do processamento, não apresentou

nenhuma associação direta com os

déficits na memória, com exceção dos

que possuem alguma comorbidade, o

que não se enquadra na amostra des-

te estudo.

Conclusão

Com o presente estudo, é

possível observar que a versão reduzi-

da da MBEA é aplicável tanto aos pa-

cientes afásicos de expressão quanto

aos disártricos. Aponta ainda que,

apesar da MBEA servir para identifi-

car pacientes com déficits nas fun-

ções musicais, os resultados da nossa

amostra sugerem que há alguns com-

ponentes estruturais da música que

estão diretamente associados com a

comunicação, seja no processamento

ou na emissão oral.

Não houve diferença significativa

entre os dois grupos nos testes da

MBEA. No entanto, o teste de métrica

foi o componente em que os dois os

grupos tiveram uma média inferior de

acertos se comparados com os de-

mais testes (incluindo o teste de rit-

mo). Dessa forma, é possível questio-

narmos a possibilidade da métrica e

ritmo serem processados de forma

independente bem como os demais

componentes avaliados na MBEA.

Também vale ressaltar que, apesar

da importância dos dados estatísticos

levantados neste estudo, sua popula-

ção (cinco pacientes afásicos de ex-

pressão e seis pacientes disártricos) é

pequena. Sendo assim, acredita-se

que seja de grande valia para a ciên-

cia que mais pesquisas fossem reali-

zadas nesse campo para entender

melhor a associação dos déficits das

funções musicais com o processa-

mento da linguagem e emissão oral a

fim de auxiliar melhor no planeja-

mento terapêutico para a voz bem

como mensurar melhorias do proces-

so terapêutico por meio da aplicação

e reaplicação da MBEA.

Para acessar o artigo completo e suas referências, acesse:

http://www.revistademusicoterapia.mus.br/

revista_de_musicoterapia_18_2015.php)

SOBRE O AUTOR

"Michelle de Melo Ferreira - APEMESP 1-010473

Graduada em Musicoterapia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

com aprimoramento em Musicoterapia na Reabilitação Física na AACD – Unidade

Ibirapuera (SP) e especialista em Docência no Ensino Superior pela FMU. Foi estagi-

ária e participou do projeto de implantação da musicoterapia no Centro de Reabili-

tação Lucy Montoro coordenado pela Mt Ms Maristela Smith. Atualmente é secre-

tária da comissão científica da Associação dos Profissionais e Estudantes de Musi-

coterapia do Estado de São Paulo (APEMESP). Atende no Instituto Cultural Antonio

Vivaldi (Aclimação-SP), Espaço Essência Musical (Brooklin Novo-SP) e Cor do Som -

terapias integradas (Tatuapé-SP). Possui experiência clínica e institucional

(individual e em grupo) nas áreas de sensibilização musical, reabilitação neurológi-

ca, distúrbios da comunicação e desenvolvimento e saúde mental. Área de pesqui-

sa: cognição musical, música, neurociências e neurodesenvolvimento."

Quinta Edição - P. 13

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

No setor são atendidas crian-

ças com atraso no desenvolvimen-

to neuropsicomotor, prematurida-

de, transtorno global do desenvol-

vimento, suspeita de patologias

genéticas, que carecem de atendi-

mento terapêutico para o desen-

volvimento global. São acolhidas

as famílias com objetivo de favo-

recer os vínculos familiares e as

redes de apoio.

Aqui, a intervenção em desta-

que é a música, aplicada sob o

olhar interdisciplinar da pedago-

gia, da psicologia e da musicotera-

pia.

Semanalmente ou quinzenal-

mente os pais dirigem-se para a

sala da pedagogia com seus filhos

para cantar, criar repertório musi-

cal adequado para a faixa etária,

assim como explorar instrumentos

musicais e dançar.

No começo há pais que verbali-

zam não saberem ou não gosta-

rem de cantar, mas aos poucos os

seus filhos demonstram interesse

pela proposta, participando com

gestos e sons, e seus pais passam

a participar.

Dentre as estratégias adotadas,

iniciamos pelo cantar e gesticular

o repertório infantil: O sapo não

lava o pé, Ciranda cirandinha, A

dona aranha, dentre outras. O

participante pode trazer uma no-

va música para ser utilizada no

grupo e junto com terapeuta, in-

clui outras de acordo com os obje-

tivos, expandindo o repertório

com a participação do grupo de

pais e crianças.

As demais atividades contam

com: exploração de instrumentos

musicais, treino de ritmos, acalan-

tos, brincadeiras cantadas, vocali-

zes, dança, repertório da Música

Popular Brasileira e composição

musical.

O vínculo é fortalecido por

Interdisciplinaridade

Neste texto falaremos sobre benefícios alcançados através da música para crianças de 3 meses à 7 anos de idade atendidas

pelo Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE DE SÃO PAULO, desde 2007.

A música no fortalecimento do A música no fortalecimento do

vínculo mãe e filhovínculo mãe e filho

Quinta Edição - P. 14

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meio do olhar, das brincadeiras e

do canto, estimulando a comuni-

cação da criança com os pais, te-

rapeutas e grupo.

As intervenções são realizadas

de acordo com cada grupo, levan-

do em consideração as necessida-

des e interesses das crianças e de

seus pais.

O Pedagogo faz a avaliação de

cada grupo, acompanha o desen-

volvimento das propostas, modifi-

cando, adaptando e inovando a

atuação. Pontua os benefícios da

prática, inter-relacionando a for-

ma como os pais poderão usar a

música na rotina da criança.

Aos poucos a percepção dos

pais amadurece em relação aos

filhos, e então, é possível ampliar

a proposta musical: utilizar voz,

movimento, sons e brincadeiras.

A musicoterapia tem como fo-

co principal ajudar no aproveita-

mento das atividades musicais,

melhorando a comunicação entre

o grupo.

Muitas vezes trabalhar com

música em um momento de es-

tresse não é confortável, assim

como conversar a respeito das

dificuldades também não ajuda no

desenvolvimento pessoal. Então a

música surge como uma alternati-

va para ampliar a percepção e a

interação com o meio. Portanto é

preciso que este meio musical seja

favorável para este desenvolvi-

mento.

A musicoterapia facilita o pro-

cesso de comunicação e expres-

são buscando harmonizar o fazer

musical entre os membros do gru-

po com intervenções didáticas,

psicoterapêuticas, recreativas e/

ou médicas a fim de que a experi-

ência musical seja efetiva no trata-

mento.

A psicologia por sua vez faz

intervenções pontuais sobre os

sentimentos aflorados nestes mo-

mentos. As mães relatam que nes-

tes encontros é possível dedicar

inteiramente sua atenção ao be-

bê, pois elas conseguem “deixar

para fora todas as preocupações e

olhar somente para eles”. Observa

-se que ao entrar em contato com

a música, transparecem sentimen-

tos que até então estavam guar-

dados. Se a mãe teve uma boa

relação com sua mãe essa lem-

brança tende a ser agradável e

prazerosa; se esta relação não foi

positiva, é neste momento que

acolhemos esta mãe e que mos-

tramos a ela que pode fazer da

relação com seu filho uma relação

positiva, pois tem condições de

dar amor e carinho ao seu bebê.

Damos a ela a possibilidade de

descobrir a importância do vínculo

mãe-bebê.

“a música surge como

uma alternativa para

ampliar a percepção e a

interação com o meio”

Escrito por: Custódia V. de Nóbrega ( Pedagoga do Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE DE PAULO)

Denise Chrysostomo Suzuki (musicoterapeuta)

Regina Maria Pereira Munhoz (Psicóloga voluntária do Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE

DE SÃO PAULO)

Quinta Edição - P. 15

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

soas com pesquisas que se asseme-

lham, mas que nunca se encontra-

ram. Portanto, o desejo é a base para

que aja união e se consolide uma

classe. O desejo não precisa conver-

gir, mas ter o mesmo norte e, este

norte é a musicoterapia e junto, a

APEMESP, com seus atributos éticos,

por ser uma organização política, que

tem estruturas, que busca se adequar

as leis, para sermos vistos. E chegar

RETROSPECTIVA da gestão 2015 Na Linha do Tempo

mite unir a classe?

Eu acho que nós tivemos uma es-

tratégia pontual e digna, que foi cons-

truída antes da formação da chapa,

onde conversamos sobre o que cada

um esperava. E junto ao Mt. Paulo

Bittencourt, nós refletimos sobre o

conceito de atravessamento, ou seja,

algo que passa por você causando

uma transformação, não ao que passa

e se esvai ou bate e volta. Algo como

o som. Isso circundou todo o momen-

to da gestão. Nós entendemos que a

união parte dos desejos, não só pelo

compromisso ético, que é muito am-

plo em termos de discussão. Esse

lugar do partir pelo desejo é diferente

de partir pela vantagem. A musicote-

rapia, a APEMESP, tem muito espaço

para as pessoas se unirem; para

quem quer criar; encontrar pessoas a

fins, com pesquisas semelhantes. É

interessante observar como tem pes-

Entrevista com Presidente

Quais foram os principais desafios de

2015?

Conseguir regularizar a profissão,

não só de forma legal perante aos

ministérios do trabalho, mas regulari-

zar enquanto acessibilidade, visibili-

dade e união de musicoterapeutas. A

classe ainda não é muito engajada

politicamente, apesar de ter evoluído

bastante nisso, de acordo com a opi-

nião de gestões anteriores, tendo

hoje um trabalho mais integrado da

diretoria. Regularizar então significa

tornar regular o comprometimento

das pessoas, em diversos setores,

como por exemplo, pessoas que di-

vulguem seus trabalhos em eventos,

entrevista para televisão e assim por

diante.

Qual seria a estratégia sobre a qual

atuaram, ou seja, a filosofia que per-

As comissões da APEMESP foram criadas em 2015 de acordo com o estatuto da associação. Algumas

delas oferecem serviços para o musicoterapeuta. Acompanhe o trabalho das comissões e conheça os

serviços oferecidos.

Quinta Edição - P. 16

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

neste lugar é encontrar os desejos. Às

vezes, como seres humanos, temos a

tendência de guardarmos uma ideia

e, no meu ponto de vista enquanto

presidente de uma associação é com-

plicado. Eu acho que tem poucas coi-

sas que as pessoas conquistem sozi-

nhas.

Em relação às diversidades dos dese-

jos, como a gestão atua? Quais seri-

am esses desejos?

São diversos, como regulamentar,

consolidar um mercado de trabalho,

regulamentar a cobrança de valores

(preço de consulta), concursos públi-

cos, entrar nas políticas públicas.

Em relação às políticas publicas,

por exemplo, um problema é ter pou-

cos associados. Nós temos muitas

pessoas formadas e poucos associa-

dos. Assim, como é que você compro-

va para o ministério do trabalho que

temos um grande número de musico-

terapeutas? Então, esses são detalhes

que prejudicam nossa credibilidade e

força. Mas, acredito que nos próximo

anos a musicoterapia vai conquistar

esse espaço e, todos poderão colher

um pouco deste fruto.

Diante de objetivos que parecem

“distantes”, tal como a luta pela re-

gulamentação, como manter o dese-

jo e a motivação das pessoas?

O crescimento está disparado.

Uma das questões atuais é a regula-

mentação da UBAM. Isso esta aguar-

dando a mais de 30 anos. Existe um

crescimento constante. Um exemplo

é a CBO, para conquista-la foi preciso

um numero expressivo. Não vejo ne-

nhum salto para trás. Daqui para

frente a conquista é nessa escala.

Portanto se houver desmotivação é

falta de informação, falta de conheci-

mento sobre as conquistas recentes.

Também existe a necessidade urgen-

te de gerar recursos. Pouca coisa

avançou entre 2001 e 2005, a partir

de 2010, conquistamos deicon, cbo,

cadastro nacional de saúde, registro

sus, regulamentar técnicas dentro do

sus, no cadastro nacional, resolução

17. Essas são vitórias, que musicote-

rapeutas mais velhos, dizem ter espe-

rado anos.

Será que existe uma dificuldade, das

pessoas em geral, de compreender

onde o mt pode se encaixar no mer-

cado de trabalho?

Acredito que sim, e até para estu-

dantes. Porque a mt pode estar den-

tro de projetos culturais, de humani-

zação, dentro da área empresarial.

Isso às vezes é um problema que exis-

te dentro da grade curricular. A for-

mação dá uma noção clinica, é algo

que te soma e, vai abrindo outros

leques. A faculdade tem algo delica-

do, enquanto instituição ela tem que

Quinta Edição - P. 17

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

focar uma linha, não podendo abrir

um campo especifico, como falar que

o engenheiro pode construir moveis,

a faculdade vai focar em engenharia

civil. A mt tem uma linguagem clinica,

dentro da cidade de SP, po exemplo,

a pós é hospitalar. Mas a mt também

tem esta amplitude em se somar a

outras áreas. Por isso é importante

estar em simpósios, fóruns, cursos de

outras áreas, para entender a neces-

sidade dessas áreas. Existem outros

canais para desenvolver a musicote-

rapia como extrainstitucional. A facul-

dade não pode se comprometer, mas

nestes encontros é possível. A APE-

MESP pode desenvolver essas ques-

tões filosóficas, promover essas refle-

xões da atuação da mt.

Você acha que a pessoa deve ser

proativa na mt, em relação ao des-

bravamento político?

Não devemos generalizar. A mt é

diferente de outras profissões já con-

solidadas. Muitos médicos estão de-

sempregados. A mt não tem volume

grande de pessoas, diferente de um

engenheiro, por exemplo. Você tem

um número grande de engenheiros

disputando vagas. E musicoterapeu-

tas tem poucos, sobra espaço no

campo. Já aconteceu de ter procura e

não tivermos para quem passar o

cliente.

Diante da questão de regularizar

num sentido mais amplo, quais fo-

ram as conquistas? As comissões

foram criadas, como foi? Quais fo-

ram suas expectativas?

É engraçado como são os trabalhos

da vida, eu já tinha iniciado como

síndico de prédio e já tinha visto o

quanto ficava sobrecarregado. E num

prédio, que é uma organização comu-

nitária (não deixa de ser), já havia

trabalhado com lideranças dentro de

comunidades e percebia que você

tem que trabalhar com desejos, se o

cara gosta de pintar, vai pintar, o ou-

tro de decorar, vai decorar. E aí, uma

das coisas que não são simples de

comandar sem valor monetário, dife-

rente de uma empresa quando você

tem um valor monetário incluso, vão

receber e vão se comprometer. A

APEMESP atua de forma voluntária,

ninguém recebe para isso. E as pesso-

as envolvidas, estão totalmente liga-

das ao desejo. A forma de comissão é

setorizar os desejos. Obviamente ti-

veram comissões que não afloraram,

porque o desejo não existia mesmo, e

outras que tiveram ações surpreen-

dentes e posso afirmar que são inédi-

tas na história da associação, como a

comissão científica, de publicação

Quinta Edição - P. 18

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

com o Jornal, do SUAS, do CCM, ISS.

Nós temos outras comissões que apa-

recem e desaparecem conforme a

necessidade e projetos de curto pra-

zo. Também a comissão de indicador

profissional. A comissão de intercâm-

bio, por exemplo, já começa a nascer

dentro do CLAM. Temos esta comis-

são como troca, onde podem aconte-

cer, dentro de outras comissões, etc.

As comissões, às vezes tem projetos

abrangentes, mas se foca em deter-

minado aspecto. Tem aspectos que se

engreganaram naturalmente, as co-

missões passaram a se dialogar, con-

cretizando mudanças. A maior con-

quista foi a engrenagem das comis-

sões atuando umas com as outras,

apresentando manifestações de coi-

sas antes nem planejadas.

ENTREVISTA COM COMISSÕES

Comissão Sistema Único da Assis-

tência Social (antiga comissão de re-

gulamentação) - Coordenada pelo

Musicoterapeuta Gildásio Januário,

com os colaboradores Ricardo Augus-

to, Allana Moraes e Lilian Engelmann.

O principal desafio de 2015 foi a

participação nas Conferências de As-

sistência (Regional e Municipal) e

apresentação de moções de apoio

(documento com assinatura com no

mínimo 10% dos participantes da

conferência) para abertura de cargos

e concursos para a categoria de Musi-

coterapeuta. Na participação da Con-

ferência Regional de Assistência Soci-

al (Região da Casa Verde, Zona Norte

de São Paulo), tivemos a aprovação

da moção com mais de 10% de assi-

naturas dos presentes, num total de

28 assinaturas. Na Conferência Muni-

cipal de Assistência Social (Centro de

Convenções Anhembi, São Paulo),

tivemos aprovação da moção com

mais de 10% de assinaturas dos pre-

sentes, num total de 168 assinaturas.

Não participamos da Conferência

Estadual por conta de questões políti-

cas de deliberações na Conferência

Municipal de Assistência Social, po-

rém participamos da I Conferência

Livre de Assistência Social em âmbito

Estadual/SP e bem como dos Encon-

tros Estaduais do Fórum Estadual dos

Trabalhadores do Sistema Único da

Assistência Social de São Paulo/

FETSUAS-SP estaduais realizados em

Sorocaba/SP e Santo André/SP.

Participamos da Reunião do Fórum

Nacional dos Trabalhadores do Siste-

ma Único/FNTSUAS em Brasília como

representantes do FETSUAS/SP.

Apresentamos o trabalho desen-

volvido pela comissão SUAS/

APEMESP no Fórum Paulista de Musi-

coterapia, na FMU e na Assembleia

Geral Ordinária, no espaço Colméia.

QUinta Edição - P. 19

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Participamos da Comissão Nacio-

nal do SUAS/UBAM, com membros de

outros estados que participam de

discussões relacionadas ao SUAS. É

importante a participação neste espa-

ço de discussão, pois podemos dialo-

gar em torno do SUAS em âmbito

estadual e nacional e ao mesmo tem-

po compartilhar experiências e desafi-

os comuns.

Em 2016, quais são as expectativas e

perspectivas?

Em 2016 temos como objetivo

continuar participando do FETSUAS-

SP e dos encontros Estaduais. E com o

desafio de agregar mais pessoas

(estudantes e profissionais de musi-

coterapia) nesta luta que entende-

mos ser coletiva. Em Julho a Comissão

SUAS participará do Congresso Latino

Americano de Musicoterapia/CLAM

em Florianópolis e apresentaremos

artigo enviado que contará um pouco

deste trabalho realizado na comissão.

O Cadastro de Contribuinte Muni-

cipal (CCM) para recolhimento de

Imposto sobre Serviços (ISS) é outra

bandeira de luta desta comissão, ou

seja, a inclusão da categoria profissio-

nal neste cadastro. Se faz importante

que os Musicoterapeutas de outros

municípios pleiteiem a inscrição es-

pecífica de Musicoterapeuta junto ao

órgão competente a fim de conseguir

a entrada em planos de saúde, emis-

são de nota fiscal e etc. Antes de en-

trar com este pedido é necessário

providenciar alguns materiais especí-

ficos da musicoterapia que demons-

tram reconhecimento em alguns ór-

gãos do governo (Resolução nº 17 de

20/06/2011 do CNAS, Inscrição na

CBO, Procedimentos SUS, dentre ou-

tros) e bem como verificar legislação

vigente do município.

Em relação a Regulamentação da

Profissão, embora seja importante

para visibilidade social da profissão,

talvez ainda não seja o momento de

dar entrada tendo em vista o cenário

político nacional. A participação, dis-

cussão nos espaços das políticas pú-

blicas e bem como as conquistas no

SUAS (Resolução 17) no SUS

(procedimentos específicos) e a CBO,

podem contribuir para o fortaleci-

mento das discussões em torno do

Resolução nº 17, 20/06/2011 do CNAS. O reconhecimento do profissional de Musicoterapia pelo Conselho Nacio-

nal de Assistência Social (CNAS) na resolução 17 de 20 de Junho de 2011, incluindo o musicoterapeuta no Siste-

ma Único da Assistência Social (SUAS) foi um grande avanço tanto para a categoria como para a sociedade brasi-

leira. Entretanto, a efetivação das práticas e a garantia da permanência ainda necessitam de ações de visibilidade e

luta coletiva para a criação do cargo de musicoterapeuta e de concursos públicos nas três esferas de governo.

Quinta Edição - P. 20

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

processo de regulamentação.

Contato: [email protected]

Comissão de Publicação Coordena-

da por Denise Chrysostomo Suzuki e

Daniel da Conceição Santana.

A comissão de publicação se tor-

nou responsável apenas pelo JOMESP

(Jornal da Musicoterapia do Estado

de São Paulo) publicando 4 edições

no ano de 2015. Teve diversos desafi-

os pertinentes a elaboração do jornal,

que foi criado neste mesmo ano e

passou por transformações em rela-

ção às colunas, formatação de textos,

relacionamento e colaboradores.

O maior número de colaboradores

foram pessoas externas à comissão,

que produziram textos ou foram en-

trevistadas. A equipe de coordenação

se manteve com duas pessoas. Mes-

mo tendo um número pequeno de

participantes da equipe, após um

trabalho de experiências e reflexões,

foi possível manter o jornal ativo,

contando com a colaboração de mui-

tas pessoas, incluindo a diretoria da

APEMESP, musicoterapeutas, pacien-

tes de musicoterapia, profissionais de

outras áreas, musicoterapeutas de

outros países e interessados. Obvia-

mente isso não exclui a necessidade

de uma equipe maior.

Dentre os objetivos de 2016 cons-

tam a necessidade ampliar a partici-

pação do Jomesp nas redes sociais; a

inclusão do mesmo no site da APE-

MESP; integrar um maior número de

colaboradores no âmbito nacional e

internacional e; ampliar a equipe de

edição.

Contatos: [email protected] e

[email protected]

Comissão Científica Coordenada

pelo musicoterapeuta Luiz Rogério

Jorgensen Carrer e a secretária Mi-

chelle de Melo.

Os encontros são realizados men-

salmente no Espaço Essência Musical,

geralmente no último sábado de cada

mês, das 13 às 17 hrs. A divulgação é

Quinta Edição - P. 21

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

realizada pelo site da APEMESP e pe-

las redes sociais.

Nos encontros são apresentados

seminários com conteúdos relevantes

para a formação e a atuação profissi-

onal, além da discussão de artigos

científicos sobre a relevância das pes-

quisas, das metodologias, estimulan-

do a pesquisa sempre com um olhar

crítico. Existem pessoas que procu-

ram a comissão interessadas em in-

gressar em pós-graduações nas diver-

sas áreas de atuação interdisciplinar,

além de profissionais e estudantes

pós graduados que apresentam seus

trabalhos. A comissão também orien-

ta o processo de pesquisa contribuin-

do com discussões para produção do

material científico.

Pensando em retrospectiva, quais

foram as maiores conquistas?

A maior conquista foi conseguir

reunir os musicoterapeutas e estu-

dantes para aprender, compartilhar,

discutir artigos científicos, participar

dos seminários e trocar experiências

acadêmicas e profissionais, que vão

além da importância de se realizar

estudos e pesquisas baseados em

evidências científicas da eficácia da

MT em contexto clínico e educacio-

nal. Outra grande conquista foi a

conscientização dos participantes de

que nossa profissão precisa crescer

enquanto classe acadêmica, profissio-

nal e científica.

Quais foram os desafios?

Uma das dificuldades foi a pouca

adesão dos estudantes e profissionais

associados no primeiro ano de funcio-

namento desta comissão. Esperamos

que com a continuação dos trabalhos

e mais participação crítica da classe a

adesão pode se reverter e se transfor-

mar em uma grande conquista. Nesse

sentido serão realizadas enquetes

junto aos associados para melhorar e

diversificar as temáticas abordadas. A

comissão auxiliou também na discus-

são e orientação das pesquisas dos

graduandos, mestrandos e doutoran-

dos interessados. Os que comparece-

ram às reuniões foram auxiliados em

como fazer a pesquisa, quanto ao tipo

de estudo, discutindo métodos cientí-

ficos, objetivos para as pesquisa e

questões relevantes para cada con-

texto.

A comissão científica pode tam-

bém fornecer suporte para quem

Quinta Edição - P. 22

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

necessita de orientação e supervisão,

auxiliar o pesquisador na busca de um

programa de mestrado de acordo

com o seu interesse e perfil profissio-

nal, e também quanto a editais e pro-

cessos seletivos. Alguns programas

requerem um projeto escrito de acor-

do com o programa, a comissão estu-

da o projeto e fornece informações

úteis para o associado. Tudo isso com

o intuito de expandir a musicoterapia

nas faculdades e universidades, seja

na graduação ou pós-graduação.

Se os estudantes ou profissionais

pretendem apresentar um projeto de

mestrado, é possível entrar em conta-

to pelo e-mail da APEMESP. Todo

início de mês é divulgado o encontro

mensal e assim que a pessoa entra

em contato é realizado um pré-

agendamento para ela apresentar o

trabalho.

Com relação às perspectivas para

2016. O que está sendo preparado?

Pretendemos acompanhar os sim-

pósios e congressos de musicoterapia

e de outras áreas para o envio de

trabalhos da nossa área, mostrando

aos demais profissionais da saúde e

educação o que é musicoterapia de

modo que eles nos vejam também

como profissionais da saúde. Preten-

demos discutir os trabalhos e encami-

nhar para essa divulgação. Fornecen-

do assim o suporte para quem tenha

interesse, nas mais diversas áreas de

atuação da musicoterapia como: cog-

nitiva, neurológica, social, pedagógi-

ca, saúde mental, dentre outras.

A comissão científica é uma comis-

são que tem por objetivo principal

compartilhar e disseminar o conheci-

mento interdisciplinar em musicote-

rapia para as mais diversas áreas de

atuação clínica.

Contato: [email protected]

Comissão Mercado de Trabalho

Coordenada pela musicoterapeuta

Luisiana Passarini com o colaborador

Daniel Santana

Uma das ações em 2015 foi a pro-

posta de uma pesquisa científica ma-

peando todos os profissionais do es-

tado de São Paulo. Foi realizado um

levantamento através das listas das

faculdades de São Paulo (FMU, FPA,

Marcelo Tupinambá, UNAERP), atra-

vés de contato com graduados. A

comissão continua com o mapeamen-

to dos profissionais do estado de São

Paulo. Para 2016, as estratégias são a

abertura de grupos no facebook para

encaminhamento de questionários

envolvendo perguntas como área de

atuação, local de formação, para tra-

çar o perfil do musicoterapeuta do

Estado de São Paulo.

“Gostaria de deixar registrado

o agradecimento para as

pessoas que participaram desta

comissão, ao Roger que tem

tomado frente da comissão

para que as coisas possam

acontecer, ao Marcelo

Perestrelo por ter fornecido o

espaço e o presidente André

Lindenberg.” Michelle Melo

Quinta Edição - P. 23

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

são Científica (Coordenador pelo Mt Roger Carrer), Comis-

são SUAS/CCM (Coordenada pelo Mt Gildasio Januario).

Reunião do Núcleo de Musicoterapia Comunitário

(Coordenada pelo Mt André Pereira). No ano de 2015 fo-

ram realizados encontros destas comissões, curso de vi-

broacústica e reuniões pontuais.

Neste ano de 2016 o espaço continuará com os cursos

disponíveis e outros que serão disponibilizados no site da

APEMESP e do Espaço (a partir de Abril de 2016) e eventos

das comissões.

O espaço faz locação de salas acústicas e parceria em

atendimentos.

Havendo interesse nos serviços e em parcerias, entre

em contato:

Tel. (0xx11) 2825-9306 / 9 9868-4891 (Whatsapp) –

Facebook: Rui Marcelo Mendonça Perestrelo (Fan Page)

Espaço Essencia Musical.

Site: ww.marceloperestrelo.com.br

Endereço: Bairro: Brooklin Novo (Zona Sul), São Paulo.

Avenida Nova Independência, 651 – Tel. (0xx11) 2825-

9306 / 9 9868-4891 (Whatsapp)

O Espaço essência musical surgiu em 2010 após a for-

mação do nosso querido colega musicoterapeuta Marcelo

Perestrelo, que resolveu concretizar um sonho de abrir um

espaço onde pudesse trabalhar como músico e musicote-

rapeuta.

Localizado no Brooklin, zona Sul de São Paulo, o espaço

tem como missão Música, Cultura e Saúde, oferece aulas

de música como teoria musical, história da música e práti-

ca de instrumentos. Também oferece serviço de produção

musical como gravação de CD´s, arranjos musicais, mix,

jingles e trilhas. Além de, claro, atendimento de musicote-

rapia e também psicopedagogia e psicologia.

O espaço é administrado pelo próprio Rui Marcelo Pe-

restrelo e no local também atendem outros musicotera-

peutas, como Gildásio Januário, Michelle Melo, João Bra-

gheta, Roger Carrer, Raul Bianci e o estagiário Léo Di. To-

dos parceiros e colaboradores do espaço. A equipe tam-

bém atende Transtorno do Espectro Autista, Alzheimer,

Depressão, TDHA e Esquizofrenia.

A parceira com a APEMESP se deu por meio da Comis-

Espaço Essência Musical

Em 2015 a APEMESP estabeleceu uma parceria com o Espaço Essência Musical onde ocorre as reuniões da comissão

científica, aberta ao público. Conheça:

Quinta Edição - P. 24

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SAIBA MAIS ASSOCIAR-ME A APEMESP...

POR QUÊ E PARA QUÊ?

Muitos estudantes e profissio-

nais de musicoterapia questionam

qual a finalidade de se associarem à

APEMESP e quais são os seus ganhos.

É por esta razão que resolvi escrever

esse texto para explanar um pouco

sobre os nossos direitos e deveres

enquanto profissionais e apontar as

lutas e os ganhos que a APEMESP

já teve e ainda está realizando para o

crescimento da nossa profissão.

1 - Conselho x Associa-

ção: Tanto os Conselhos quanto as

Associações têm por objetivo fiscali-

zar o exercício de uma profissão nas

áreas de suas jurisdições, impedindo

e punindo as infrações à legislação

vigente e conquistar direitos para a

classe. Como a nossa profissão ainda

não há Conselho, são as associações

responsáveis por essa fiscalização. Eis

dois exemplos de problemas que fre-

quentemente encontramos:

a. Há muitos profissionais de

outras áreas que não possuem

qualquer formação em musi-

coterapia e se autodenomi-

nam musicoterapeutas.

b. Frequentemente também en-

contrarmos diversos cursos

livres de curta duração

(presencial ou online) que pro-

mete certificado de formação

Quinta Edição - P. 25

JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

em musicoterapia. Sabemos

que tanto o primeiro caso co-

mo no segundo é totalmente

ilegal e os órgãos que tomam

as medidas necessárias para

ambos os casos são as associa-

ções de musicoterapia (caso

de São Paulo é a APEMESP).

2 - Número da CBO: a CBO é

uma sigla que significa Cadastro Brasi-

leiro de Ocupação e serve para a con-

tratação do profissional no mercado

de trabalho. Em 2010, a nossa classe

teve essa conquista: hoje a musicote-

rapia encontra-se cadastrada na CBO

sob o número 2263-05. Isso quer di-

zer que hoje nós podemos ter vínculo

empregatício registrado como musi-

coterapeuta. Esse direito só foi con-

quistado graças às associações de

musicoterapia pertencentes a vários

estados que compõem a UBAM

(União Brasileira das Associações de

Musicoterapia). A APEMESP fez parte

dessa conquista.

3 - Número do profissional: vo-

cê pode ter reparado que quando

vamos a uma consulta médica ou com

algum terapeuta, o profissional usa

um carimbo que contém o nome, a

profissão e o seu registro. Se é médi-

co, o número que consta nesse carim-

bo provém do Conselho Regional de

Medicina (CRM), se for psicólogo pro-

vém do Conselho Regional de Psicolo-

gia (CRP) e assim por diante. Diferen-

te do número da CBO que é o mesmo

para todos os profissionais da mesma

categoria, o número profissional é

diferente para cada indivíduo e serve

para nos identificarmos enquanto

profissional, assinar recibos, etc. Na

nossa profissão, quem emite o núme-

ro profissional para cada musicotera-

peuta são as Associações de Musico-

terapia de cada estado (no caso do

estado de São Paulo – destaco nova-

mente – é a APEMESP).

Cada vez mais as instituições,

hospitais, casas de repouso entre

outros exigem que o musicoterapeuta

tenha essa numeração para atuar.

Isso quer dizer que se o musicotera-

peuta for contratado para atuar regis-

trado em um hospital por exemplo,

mas não possui o número profissio-

nal, ele não poderá atuar. Com a CBO

o empregador consegue registrar o

musicoterapeuta na Carteira de Tra-

balho, mas pelo fato do musicotera-

peuta não ter se credenciado na asso-

ciação correspondente, não vai poder

iniciar o seu trabalho.

Apesar dessa demanda exigir

cada vez mais o credenciamento, a

inscrição na APEMESP ou em qual-

quer outra associação de musicotera-

pia tem que vir antes dessa demanda.

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Temos que pensar que ao ser inscrito

na associação e com a anuidade que

contribuo, fortalece ainda mais a nos-

sa classe, que, por sua vez, ainda tem

pouca visibilidade social.

4 - CCM/ISS: Muitos profissio-

nais da área da saúde têm credencia-

mento nos planos de saúde para

atender os pacientes, e apesar da

musicoterapia ser da saúde, a nossa

classe ainda não consegue se creden-

ciar nesses planos de saúde. Atual-

mente no município de São Paulo, o

musicoterapeuta pode se cadastrar

no Cadastro de Contribuintes Munici-

pal – CCM, não com um número es-

pecífico da profissão, mas sim com

um número genérico denominado

como “outras terapias”. Os poucos

musicoterapeutas que conseguiram

se credenciar em algum plano de saú-

de mesmo tendo o seu cadastro de

“outras terapias” foi resultado de

causas judiciais que foram ganhos

especificamente para aquele paciente

que abriu o processo contra o plano.

Em linhas gerais, para o profissional

da saúde se credenciar em algum

plano de saúde, precisa do número

profissional (que é o número que a

APEMESP fornece quando profissio-

nal se credencia) mais o número no

CCM. Vale ressaltar que esse tipo de

inscrição é municipal. Portanto, essa

conquista está acontecendo de região

a região pois cada município segue

uma legislação própria.

A busca por um número no CCM

que seja específico do profissional

musicoterapeuta é relevante para

facilitar a emissão das notas fiscais

por este profissional bem como o seu

credenciamento nos planos de saúde.

Até o momento, os municípios de São

Caetano do Sul e Guarulhos já possu-

em número específico da musicotera-

pia e o próximo passo é obtermos

essa conquista nos outros municípios

do estado de São Paulo,

5 - Musicoterapia no SUS e no

SUAS: Em lei, o musicoterapeuta já

está inserido no Sistema Único de

Saúde (SUS) com mais de 50 procedi-

mentos específicos da nossa classe e

também no Sistema Único de Assis-

tência Social (SUAS). Já é um direito

conquistado da nossa profissão. Ape-

sar desta conquista, é preciso conti-

nuarmos lutando ativamente neste

processo político afim de garantirmos

de fato a inclusão dos musicoterapeu-

tas no Sistema Único de Assistência

Social (SUAS) através das ações coleti-

vas organizadas em âmbito municipal,

estadual e federal, apesar de termos

conseguido aprovação de moções nas

ultimas conferencias de assistência)

para a abertura de novos cargos e

concursos para a nossa área.

6 – Regulamentação da profis-

são: A regulamentação da profissão é

um outro aspecto que as associações

pretendem conquistar futuramente.

Esta não é uma luta exclusiva da APE-

MESP, mas de todas as associações

via UBAM, temos conquistas impor-

Quinta Edição - P. 27

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tantes (no SUS, no SUAS e CBO) que

contribuem para este processo futu-

ro.

Diante do que foi apresentado

podemos concluir que os trabalhos

das associações são importantes nes-

tas conquistas, porém ainda há muito

mais para lutarmos. Sem as associa-

ções que nos representam, nada do

que a profissão já conquistou tería-

mos conseguido e o que ainda não se

conquistou jamais iremos conquistar.

Para que essa batalha tenha mais

frutos para a nossa classe, é preciso a

colaboração de todos os profissionais

e estudantes da área seja no creden-

ciamento na associação ou até mes-

mo ajudando ativamente nessa luta.

Afinal, como diz um velho ditado:

“uma andorinha não faz verão”, mas

juntos somos mais fortes e conquista-

remos tudo!

MAIS INFORMAÇÕES:

CBO www.mtecbo.gov.br – palavra-chave para pesquisa: musicoterapeuta

ISS https://apemesp.files.wordpress.com/2016/02/lei-13701-2003.pdf

Procedimentos do musicoterapeuta no DATASUS http://

www.musicoterapia.mus.br/procedimentosmusicoterapia.php

Musicoterapia no SUAS http://www.musicoterapia.mus.br/

sistemaunicodeassistenciasocial_musicoterapia.php

Michelle de Melo Ferreira

Graduada em Musicoterapia pelas Faculdades Me-

tropolitanas Unidas– FMU com aprimoramento em

Musicoterapia na Reabilitação Física na AACD –

Unidade Ibirapuera (SP) e especialista em Docência

no Ensino Superior pela FMU. Foi estagiária e partici-

pou do projeto de implantação da musicoterapia no Cen-

tro de Reabilitação Lucy Montoro coordenado pela Mt Ms Maristela

Smith, onde realizou palestras sobre “A musicoterapia no tratamento de

pacientes com AVE”. Atualmente é secretária da comissão científica da

Associação dos Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado

de São Paulo (APEMESP) e membro do grupo de estudos e pesquisa

em Memória e Neurocognição-Psicobiologia/Unifesp. Possui experiência

clínica e institucional (individual e em grupo) nas áreas de sensibilização

musical, reabilitação neurológica, distúrbios da comunicação e desenvol-

vimento e saúde mental. Área de pesquisa: cognição musical, música,

neurociências e neurodesenvolvimento.

Gildásio Januário

Graduado em Musicoterapeuta pela Faculdade

Paulista de Artes. Especialista em Psicopeda-

gogia pela UNISA. Membro da Associação Pau-

lista de Estudantes e Profissionais do Estado de

São Paulo (APEMESP) 2014/16. Membro da Coor-

denação do Fórum de Trabalhadores (as) do FETSUAS

-SP e da Frente Parlamentar Estadual em Defesa do SUAS representan-

do a APEMESP. Responsável pela Comissão SUAS/APEMESP. Possui

experiência com crianças (atraso no desenvolvimento global e distúrbio

de aprendizagem), trabalhos sociais, adultos e idosos.

Quinta Edição - P. 28

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Espaço Essência Musical

MUSICOTERAPIA Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia

e harmonia) por um Musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num

processo para facilitar, e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobi-

lização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no

sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cogniti-

vas.

Áreas de Atuação

Autoconhecimento, Diminuição de Ansiedade, Autoestima, Concentração/

Atenção, Memória, Dor, Distúrbios de Aprendizagem, Distúrbios de Comporta-

mento, Distúrbios Alimentares, Geriatria (Alzheimer, Parkinson, Depressão, Aci-

dente Vascular Cerebral - AVC e outras Patologias), Dependência Química, On-

cologia entre outras.

MUSICALIZAÇÃO INFANTIL Atividades de Musicalização para Bebês, Crianças e Inclusiva.

AULAS DE MÚSICA Aulas Práticas e Teóricas de Canto e Instrumentos (Violão, Baixo, Guitarra, Bate-

ria, Piano, Teclado, Cavaquinho, Percussão, Flauta Doce, Acordeon, Sitar, Viola

Caipira).

ESTÚDIO MUSICAL Produção Musical, Arranjos, Gravação Musical (CD), Mixagem, Masterização,

Jingle, Trilha Sonora. Utilizamos o sistema de gravação de ponta (PRO TOOLS).

Ministramos Cursos e Workshops (internos e externos).

Av. Nova Independência, 651- Brooklin/Novo

(Próximo à Av. Luis Carlos Berrini)

Fone: (11) 2825-9306 – Facebook: Espaço Essência

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