jomesp - jornal de musicoterapia do estado de são paulo - 5ª edição - completo
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JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
5°Edição – São Paulo – Distribuição Gratuita – 20 de maio de 2016
Afasia, disartria e amusia: uma
relação possível p. 08
Em nossa primeira
edição do JOMESP
2016, entrevistamos o
presidente e as
comissões da
APEMESP para saber
como foi o ano de
2015, quais desafios,
conquistas e quais as
perspectivas para es-
te ano.
Confira - p. 15
EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO-1 ANO!
Conheça o trabalho de vínculo entre
mãe e bebê, feito por uma equipe multisiciplinar no
setor de estimulação e habilitação da APAE Central -
p. 13
Atenção! O JOMESP está em reformas.
E com PORTAS ABERTAS! - p. 04
Informações sobre os
trabalhos, organização e conquistas da APEMESP
esclarecem os benefícios de se
associar, na coluna Saiba Mais - p. 24
Quinta Edição - P. 2
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Expediente Coordenação, Revisão de
Texto e Edição: Mt. Denise
Chrysostomo Suzuki
Revisão gráfica, layout, for-
matação, design gráfico: Mt.
Daniel Conceição
Colaboradores: Mt. Gildasio
Januário; Michelle de Melo
Ferreira; Pedagoga Custódia V.
de Nóbrega; Psicóloga Regina
Maria Pereira Munhoz; Mt.
André Pereira Lindemberg;
Mt. Luisana Passarini; Mt.
Marcelo Perestrelo; Diretoria
Apemesp.
Contato: comissaopublica-
EDITORIAL
No dia 15 de Abril comemoramos 1 ano de JoMESP! Um ano de muito aprendi-
zado junto à todos os colaboradores e a equipe da APEMESP. E é com essa ale-
gria e publicamos a primeira edição de 2016. Em nosso canal do leitor acrescen-
tamos informações mais detalhadas sobre como participar do Jornal, conhecen-
do os propósitos de cada seção. Apresentamos uma introdução ao trabalho da
musicoterapeuta Michelle de Melo com pacientes afásicos e disártricos através
da aplicação do Music Batery Evaluation of Amusia - MBEA e do trabalho desen-
volvido por uma equipe multidisciplinar, formada por um psicólogo, um pedago-
go e um musicoterapeuta, com foco no vínculo entre mãe e bebê no setor de
estimulação e habilitação da APAE Central.
Também entrevistamos o presidente e as comissões da APEMESP e os coordena-
dores de algumas comissões que comentam um pouco sobre o panorama de
2015, os trabalhos realizados, desafios enfrentados e prospecções para o ano de
2016, e apresentamos algumas informações acerca de trabalhos e conquistas
realizadas pela APEMESP durante o ultimo ano, apresentando um novo olhar
sobre os benefícios de se associar.
É com muito carinho, atenção e um grande prazer que apresentamos a 5ª edição
do Jomesp.
Boa leitura.
Quinta Edição - P. 3
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2. Palavra do presidente/Editorial
4. JOMESP de portas abertas!
8. Seguindo os passos da musicoterapia: Afasia, disartria e amusia:
uma relação possível
13. Interdisciplinaridade: A música no fortalecimento do vínculo mãe e
filho
15. Na linha do tempo: Retrospectiva gestão 2015
24. Saiba mais: Associar-me a APEMESP... Por quê e para quê?
28. Divulgação: Espaço Essência Musical
29. Canal do Leitor e Canal da APEMESP
NESTA EDIÇÃO
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Atenção! O JOMESP está em reformas. E com PORTAS ABERTAS!
O ano de 2015 foi intenso no sentido de estruturar nosso trabalho. O que torna o espaço,
agora, mais organizado para ser utilizado pelo nosso público: musicoterapeutas, profissionais da saú-
de, interessados, dentre outros. E é isso o que queremos agora, mais pessoas participando do nosso
jornal. Mas, para isso, é preciso entender o que é a equipe e como participar. Vamos lá!
O que é ser uma equipe do Jomesp?
A equipe trabalha em diversos setores, conheça um pouco as atividades que fazem parte do
Jomesp:
Elaboração e execução de entrevistas;
Instrução de redação para colaboradores;
Revisão de texto: leitura do material, ortografia, apresentação, tradução;
Redação com base em trabalhos acadêmicos;
Pesquisa de informações e redação;
Formatação;
Divulgação.
As vantagens de participar do Jomesp:
Publicação de trabalhos acadêmicos:
Publicar trabalhos e pesquisas acadêmicas significa tornar a linguagem da pesquisa clara no
sentido social, de sua relevância para a sociedade, além de apresentar detalhes para aqueles que se
interessam pelo tema. Muitas vezes os autores têm dificuldades de expressar sua pesquisa em lin-
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guagem popular ou, melhor dizendo, de compartilhar suas intenções sem entrar em detalhes dema-
siado acadêmicos. No decorrer do nosso trabalho, desenvolvemos um padrão de apresentação des-
tas pesquisas, com a intenção de contribuir com os autores.
Aprofundar em temas relativos à área:
Dentro de algumas seções, como, por exemplo, musicoterapia pelo mundo, nossas pesquisas
caminham desde as organizações de musicoterapia até contato com musicoterapeutas de diversos
países. Muitas informações são trocadas e nem tudo é publicado, visto a grande quantidade de ele-
mentos textuais. Tudo isso, para aquele que produz e investiga, permite aprofundar o olhar sobre a
musicoterapia, portanto, este é um caminho enriquecedor para quem quer estar por dentro e com-
partilhar suas pesquisas com os leitores do jornal.
Trabalhar com estrutura:
Nosso esforço é tornar nossos afazeres organizados, para que tenhamos conforto naquilo que
nos propomos a fazer. Ter um espaço organizado é o primeiro elemento para ter eficiência e nos
sentirmos felizes com os resultados. Como dissemos anteriormente, o ano de 2015 foi um processo
intenso de organização e formatação do nosso modo de trabalho. Aquele que tiver interesse em par-
ticipar do jornal, receberá orientação apropriada, tendo um suporte para esclarecimento de duvidas.
Reconhecimento:
Neste ano de 2016 a APEMESP oferecerá aos participantes um certificado de participação vo-
luntária. Além disso, o participante terá seu nome no jornal junto a equipe de colaboradores. Bem
como, terá um material de divulgação e esclarecimento do seu trabalho, o que para a APEMESP é
motivo de orgulho em relação ao seu associado.
Como participar?
Você pode participar de diversas formas:
Da equipe do jornal, em cada edição ou em todas as edições;
Nas seções: apresentando seu trabalho; recomendando trabalhos de colegas; noti-
ficando avanços recentes em projetos políticos, científicos, dentre outros, cuja par-
ticipação da musicoterapia esteja em primeiro plano ou tenha sido fundamental;
participando de entrevistas ou escrevendo sua experiência profissional como musi-
coterapeuta; escrevendo sua experiência como profissional com o uso da música
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(para profissionais de outras áreas); contando sua experiência em algum congres-
so/curso de musicoterapia ou não, que traga atualizações para colegas; participan-
do das redações; colaborando com contatos (musicoterapeutas no exterior e de-
mais estados do país); participando na seção escritores (para graduados e/ou espe-
cialistas). Veja as colunas e entenda melhor o tema que cada uma trabalha.
Quais são as seções do Jornal?
Na linha do tempo
Tem por objetivo documentar acontecimentos políticos e históricos que tiveram um valor sig-
nificativo para o desenvolvimento da musicoterapia no Brasil.
Seguindo os passos da musicoterapia
Inclui todas as notícias de última hora que fazem parte de um histórico político, avanços cientí-
ficos na área ou, enquadramento social/científico e político que tenha sido evidenciado recentemen-
te através de telejornais, rádios, ações comunitárias e que tenham repercussões para diversos públi-
cos.
Notícias
Inclui notícias recentes sobre ações das associações e organizações de musicoterapia, bem co-
mo acontecimentos internacionais, novidades, etc.
Escritores
Musicoterapeutas e especialistas de musicoterapia interessados em escrever sobre algum as-
sunto relacionado à área, podendo ser resultado de pesquisas científicas, sociais, filosóficas, caso
clínico, população específica, dentre outros.
Musicoterapia pelo mundo
Apresenta o contexto da musicoterapia em diversos países, utilizando fontes como associa-
ções do país, associações mundiais, blogs e sites de musicoterapeutas do país pesquisado. Realiza, se
possível, contato com musicoterapeutas destes países, fazendo parcerias para a construção do tex-
to. Tem por objetivo compartilhar e ressaltar a Apemesp no contexto mundial, e as atividades da
musicoterapia em São Paulo e no mundo.
Correspondente Internacional
Tem por objetivo convidar estrangeiros de diversos países a contarem suas experiências na
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musicoterapia, processo de formação, regulamentação, base teórica, filosofia, formas de atendimen-
to e população atendida.
Correspondente Nacional
Espaço para musicoterapeutas de outros estados do Brasil, que venham apresentar como a
musicoterapia está se desenvolvendo, quais as carências e necessidades, novidades, e também sua
experiência profissional.
Saiba Mais sobre musicoterapia
Tem por objetivo apresentar a musicoterapia para o público leigo, abordando diversos temas,
nas patologias, abordagens, etc.
Eu fui
Tem como objetivo contar, através da ótica de um participante, a experiência em congressos,
simpósios, de musicoterapia ou de outras áreas, que sejam interessantes compartilhar, trazendo
uma atualização para os leitores.
Interdisciplinaridade
Tem como objetivo apresentar trabalhos de pessoas de outras áreas, que utilizam a música
como ferramenta de trabalho. Busca a inserção da musicoterapia no contexto interdisciplinar e a
participação e colaboração de pessoas de outras áreas, que possam acrescentar e contribuir com
visões específicas, podendo assim, compartilhar e favorecer pesquisas e aprofundamento.
MT in foco
Tem por objetivo apresentar a história e vivência de pessoas que se graduaram e especializa-
ram em musicoterapia. Apresentando para o público leigo ou específico, as dificuldades, gratifica-
ções e pontos de vistas pessoais sobre ser um musicoterapeuta.
Contato:
Escreva para a gente em:
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Seguindo os
da musicoterapia
Afasia, disartria e amusia: Afasia, disartria e amusia: Afasia, disartria e amusia:
uma relação possível uma relação possível uma relação possível
Em 2014 a musicoterapeuta Michelle de Melo Ferreira (23 anos) apresentou seu TCC proveniente do curso de apri-moramento em musicoterapia na AACD, juntamente com a orientadora Clara Y. Ikuta, buscando investigar a relação entre amusia, afasia e disartria, a fim de contribuir com a reabilitação destes casos.
“Os resultados da nossa amostra sugerem que há alguns componentes estruturais da música que
estão diretamente associados com a comunicação, seja no processamento ou na emissão oral.”
dos déficits do processamento musi-
cal em indivíduos que sofreram lesão
encefálica por algum fator traumático
e foram constatados que apesar da
música ser predominantemente pro-
cessada no hemisfério cerebral direi-
to, há diversos elementos que tam-
bém são processados no hemisfério
esquerdo; da mesma forma que a
linguagem, por exemplo, processada
predominantemente pelo hemisfério
cerebral esquerdo também possui
elementos processados no hemisfério
direito. Portanto, conhecer os meca-
nismos do processamento musical
associados aos problemas neurológi-
blemas no processamento da fala e/
ou na emissão oral em pacientes neu-
rológicos, pois, apesar de o processa-
mento da linguagem verbal parecer
de forma independente do processa-
mento musical, existem paralelos
entre a linguagem da fala, emissão
vocal e a linguagem musical. Isso quer
dizer que pessoas que sofreram algu-
ma lesão cerebral e perderam fun-
ções responsáveis por compreender e
expressar algo verbalmente possa ou
não ter associação com a amusia.
Partindo desse pressuposto, diver-
sos estudos têm sido realizados para
estudar a associação e dissociação
A linguagem musical x linguagem
verbal
Amusia, também conhecido como
déficit das funções musicais, é um
déficit do processamento auditivo
central que consiste na incapacidade
de perceber certas estruturas da mú-
sica. Esse quadro clínico pode ser
tanto adquirido, como consequência
de doenças ou lesões cerebrais causa-
das por acidentes quanto congênito,
presente desde o nascimento e, que
pode ocorrer devido a fatores heredi-
tários.
Estudos indicam que a amusia po-
de ou não estar associada com pro-
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cos de diversas etiologias é indispen-
sável para o musicoterapeuta.
Atualmente a melhor ferramenta
de avaliação para avaliar os diferen-
tes déficits da percepção musical é a
Montreal Battery of Evaluation of
Amusia (MBEA), uma bateria de tes-
tes elaborada pela Dra Isabelle Peretz
e cols que avalia as habilidades do
processamento da música referentes
a seis componentes do processamen-
to musical (contorno, escala, interva-
lo, ritmo, métrica e memória musical)
e permite o diagnóstico de diferentes
déficits musicais, agrupados sob o
termo amusia. No Brasil, a MBEA foi
traduzida e validada pela Dra Marilia
Nunes e cols no ano de 2010 e em
2012 foi realizada a versão reduzida
da MBEA com o objetivo de servir
como base para a comparação em
estudos de caso simples e estudos
posteriores em populações com pro-
blemas neuropsicológicos específicos.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi anali-
sar a aplicabilidade da versão reduzi-
da da MBEA em pacientes afásicos de
expressão e disártricos, mensurando
o grau de déficit musical dos dois gru-
pos e verificar se eles apresentam
déficits apenas na linguagem falada
ou se as suas lesões cerebrais podem
estar associadas com o processamen-
to musical, memória e reconhecimen-
to musical para obtenção de um me-
lhor planejamento terapêutico na
reabilitação neurológica.
Metodologia
O presente estudo foi observacio-
nal, de caráter transversal, com o
intuito de verificar a aplicabilidade da
bateria de testes MBEA e comparar
os resultados quanto ao número de
acertos em cada teste entre o grupo
de afásicos de expressão e o grupo de
disártricos.
Participantes
Foram recrutados 67 pacientes
que estavam da lista de espera da
clínica de LEA do setor de fonoaudio-
logia gerada a partir da avaliação glo-
bal realizada na AACD – Unidade Ibi-
rapuera, São Paulo (Brasil).
Critérios de inclusão: Os critérios
de inclusão foram: diagnóstico de
afasia de expressão e disartria com
audição normal autorreferida. Ao
todo foram 37 afásicos de expressão
e 30 disártricos.
Critérios de exclusão: Do grupo de
afásicos de expressão, foram excluí-
dos 7 pacientes com menos de 26
anos e com mais de 63 anos; 14 paci-
entes com diagnóstico de afasia mis-
ta, 7 que já fizeram terapia para voz
na fonoaudiologia e/ou na musicote-
rapia depois da lesão, 1 diagnosticado
com afasia de expressão grave, 1 que
estava na UTI devido a um novo AVE
e não tinha condições de fazer a avali-
ação, 1 com diagnóstico de afasia de
expressão associado com outra alte-
ração de linguagem e 1 que ainda
estava aguardando avaliação fonoau-
diológica para fala e linguagem.
Do grupo de disártricos foram ex-
cluídos 8 pacientes com idade inferior
a 26 anos e superior a 63 anos, 9 que
já haviam feito terapia para voz na
fonoaudiologia e/ou na musicotera-
pia depois da lesão, 2 diagnosticado
com disartria grave e 4 pacientes com
encaminhamento terapêutico só ape-
nas para a deglutição e não para a
fala. Ao todo, foram selecionados 5
afásicos de expressão e 6 disártricos
Será que os pacientes afásicos de expressão e
disártricos podem apresentar alguma
diferença nos déficits musicais?
Há alguma relação dos resultados obtidos
com os déficits do processamento da fala e da
emissão vocal?
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para participarem deste estudo.
Resultados
Diante dos resultados obtidos é
possível afirmar que a versão reduzi-
da da MBEA é aplicável tanto aos pa-
cientes com afasia de expressão
quanto aos pacientes disártricos, mas
não houve diferença significativa ao
comparar os resultados de ambos os
grupos. Devemos considerar que essa
diferenciação possa não ter ocorrido
porque o número de indivíduos em
cada grupo foi baixo (n=5 para afási-
cos de expressão e n=6 para disártri-
cos). O poder da nossa amostra foi de
49,9%.
Apesar dessa limitação do estudo,
é importante salientar que os resulta-
dos dos dois grupos não apresenta-
ram nenhum indício de que as per-
cepções melódicas e temporais estão
dissociadas. Isso deve estar relaciona-
do com a etiologia da nossa amostra,
pois há estudos publicados na Journal
of Experimental Psychology (PERETZ;
KOLINSKY, 1993), Neuropsychology
(DI PIETRO; LAGANARO; LEEMANN et
al., 2004) e Frontiers in Psychology
(HAUSEN et al., 2013) que indicam a
dissociação da organização temporal
e melódica.
Para os testes de organização me-
lódica (contorno, intervalo e escala),
ambos os grupos apresentaram uma
média de acertos similar. Nos traba-
lhos publicados por Peretz na revista
Brain (1990) e Peretz e Zatorre na
Annual Review of Psychology (2005),
revelaram que existem mecanismos
distintos para o contorno, intervalo e
escala. No entanto, os dois grupos
tiveram uma média inferior no teste
de métrica em relação ao teste de
percepção do ritmo. Sendo assim,
podemos sugerir que além dos com-
ponentes da organização melódica
ser processado por mecanismo distin-
to, o processamento do ritmo e da
métrica também podem estar dissoci-
ados – conforme aponta o estudo de
Ayotte et al em seu artigo publicado
na Brains (2000). Vale ressaltar que
tanto o ritmo quanto a métrica são
encontrados tanto na música quanto
na fala.
O ritmo na música compreende a
combinação de figuras musicais que
representam sons curtos e longos; o
ritmo na emissão vocal é utilizado
para se referir à forma de como esses
eventos são distribuídos no tempo. A
métrica na música, por sua vez, é
construída pelos padrões de sons
fortes e fracos que ficam distribuídos
dentro de um compasso; e a métrica
na fala é construída pelos padrões de
sílaba tônica (forte) e átona (fraca)
denominado acento prosódico. De
acordo com Andrade (citado no artigo
de Smith Cognição Musical x identida-
de sonoro-musical. Inédito, 2013),
tanto a emissão oral quanto a música
consistem na organização intencional
de sons com base na modulação de
suas propriedades espectrais (tons) e
temporais (ritmo) para produção de
um significado. Os pesquisadores
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Cason e Schön completam em seu
artigo Rhythmic priming enhances the
phonological processing of speech.
Neuropsychologia, v. 50, n.11, p.
2652-2658 (2012) que os padrões
tonais e atonais constroem a métrica
da música e da fala.
Segundo Muszkat, Correia e Cam-
pos (publicado na Revista Neurociên-
cias, 2000), do ponto de vista neurofi-
siológico, o ritmo, a duração dos sons,
a métrica e a discriminação da tonali-
dade ocorrem predominantemente
no hemisfério cerebral esquerdo. São
também responsáveis pela análise
dos parâmetros de altura, identifica-
ção semântica de melodias, senso de
familiaridade e processamento tem-
poral e sequencial dos sons, intera-
gindo diretamente com as áreas da
linguagem, que identificam a sintaxe
da música.
No teste de memória incidental, é
possível observar que o grupo de afá-
sicos de expressão teve uma média
de 9,0±3,0 acertos enquanto o grupo
de disártricos teve uma média de
10,3±1,0. Para um escore máximo de
14,0 podemos afirmar que eles tive-
ram uma boa média de acertos. Estu-
dos apontam que a memória inciden-
tal é evocada pelo repertório que
contém todas as representações às
quais o indivíduo foi exposto, tais
como as representações lexicais du-
rante o processo de reconhecimento
das palavras e representações meló-
dicas durante o processo de reconhe-
cimento das frases musicais. Segundo
Ortiz (no livro Distúrbios neurológicos
adquiridos: Linguagem e Cognição.
Barueri: Manole, 2005), pacientes
afásicos podem ou não apresentar
danos na memória. Essa afirmação
corrobora com os resultados obtidos
A MBEA é composta por seis testes: a) Teste de organização melódica: consiste em três
grupos de testes de estímulos diferentes (avaliação da tonalidade – scale alternate, alteração da linha melódi-ca – contour alternate e modificação de intervalo – in-tervale alternate). Durante a escuta das melodias de cada teste, é solicitado que o avaliando discrimine se a melodia alvo e a melodia de comparação são iguais ou diferentes.
a. A avaliação da tonalidade (scale alternate), avalia a capacidade de reconhecer a modificação do pitch (propriedade do som, que pode ser classificado como agudo e grave). Nas frases melódicas diferentes alterna-se apenas uma nota, substituindo-a por outra numa outra tonalidade. Dessa forma, a nota alterada fica fora de escala, enquanto as demais mantêm a tonalidade da melodia original.
b. A avaliação de alteração da linha melódica (contour alternate) é criada pela modificação de um pitch crítico. Se a nota a ser alterada for ascendente, passa a ser descendente e vice-versa, mudando a dire-ção do pitch geral da melodia.
c. A avaliação de modificação do intervalo (intervale alternate) modifica-se a distância entre dois semitons adjacentes. A nota diferenciada altera sua altura crítica para outra extensão, mas mantém o contorno e a escala original, ou seja, se um intervalo é ascendente, a melo-
dia modificada vai continuar ascendente, mas aumen-ta-se ou diminui-se a extensão de uma nota para a outra.
b) Testes de organização temporal: são avaliados a modificação do ritmo (rhythm alternate) e de acentu-ação periódica no tempo – métrica (metric test).
a. No teste de modificação rítmica (rhythm alter-nate), as frases diferentes são alteradas entre dois semitons adjacentes, modificando-as em seus valores, mas mantendo a mesma métrica e número de notas musicais. Durante a escuta, o avaliando deve julgar se a melodia alvo e a melodia de comparação são iguais ou diferentes.
b. No teste métrico (metric test), avalia a capacida-de do reconhecimento de cada compasso e o avalian-do deve identificar se o compasso da melodia é valsa (ternária - com o primeiro tempo forte seguida de dois tempos fracos) ou marcha (binária - com o pri-meiro tempo forte seguida de um tempo fraco).
c) Testes de reconhecimento de frases musicais: entre as 15 melodias apresentadas, 7 já escutadas anteriormente e as outras 7 são novas que segue o mesmo princípio de composição, mas difere em seus padrões de tempo e altura. O avaliando deve respon-der “sim” se reconhece a melodia apresentada anteri-ormente, ou “não”, se a melodia apresentada for no-va.
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na nossa amostra.
De acordo com Caplan e Walters
em seu artigo publicado na revista
Behavioral and BrainSciences (1999),
pesquisadores que associam os défi-
cits de compreensão dos afásicos à
memória limitada relatam que o pro-
cessamento requer um sistema de
armazenamento no qual as informa-
ções são simultaneamente armazena-
das e computadas durante o proces-
samento sintático. Quanto ao grupo
de disártricos, talvez por ser um pro-
blema na articulação orofacial e não
do processamento, não apresentou
nenhuma associação direta com os
déficits na memória, com exceção dos
que possuem alguma comorbidade, o
que não se enquadra na amostra des-
te estudo.
Conclusão
Com o presente estudo, é
possível observar que a versão reduzi-
da da MBEA é aplicável tanto aos pa-
cientes afásicos de expressão quanto
aos disártricos. Aponta ainda que,
apesar da MBEA servir para identifi-
car pacientes com déficits nas fun-
ções musicais, os resultados da nossa
amostra sugerem que há alguns com-
ponentes estruturais da música que
estão diretamente associados com a
comunicação, seja no processamento
ou na emissão oral.
Não houve diferença significativa
entre os dois grupos nos testes da
MBEA. No entanto, o teste de métrica
foi o componente em que os dois os
grupos tiveram uma média inferior de
acertos se comparados com os de-
mais testes (incluindo o teste de rit-
mo). Dessa forma, é possível questio-
narmos a possibilidade da métrica e
ritmo serem processados de forma
independente bem como os demais
componentes avaliados na MBEA.
Também vale ressaltar que, apesar
da importância dos dados estatísticos
levantados neste estudo, sua popula-
ção (cinco pacientes afásicos de ex-
pressão e seis pacientes disártricos) é
pequena. Sendo assim, acredita-se
que seja de grande valia para a ciên-
cia que mais pesquisas fossem reali-
zadas nesse campo para entender
melhor a associação dos déficits das
funções musicais com o processa-
mento da linguagem e emissão oral a
fim de auxiliar melhor no planeja-
mento terapêutico para a voz bem
como mensurar melhorias do proces-
so terapêutico por meio da aplicação
e reaplicação da MBEA.
Para acessar o artigo completo e suas referências, acesse:
http://www.revistademusicoterapia.mus.br/
revista_de_musicoterapia_18_2015.php)
SOBRE O AUTOR
"Michelle de Melo Ferreira - APEMESP 1-010473
Graduada em Musicoterapia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU
com aprimoramento em Musicoterapia na Reabilitação Física na AACD – Unidade
Ibirapuera (SP) e especialista em Docência no Ensino Superior pela FMU. Foi estagi-
ária e participou do projeto de implantação da musicoterapia no Centro de Reabili-
tação Lucy Montoro coordenado pela Mt Ms Maristela Smith. Atualmente é secre-
tária da comissão científica da Associação dos Profissionais e Estudantes de Musi-
coterapia do Estado de São Paulo (APEMESP). Atende no Instituto Cultural Antonio
Vivaldi (Aclimação-SP), Espaço Essência Musical (Brooklin Novo-SP) e Cor do Som -
terapias integradas (Tatuapé-SP). Possui experiência clínica e institucional
(individual e em grupo) nas áreas de sensibilização musical, reabilitação neurológi-
ca, distúrbios da comunicação e desenvolvimento e saúde mental. Área de pesqui-
sa: cognição musical, música, neurociências e neurodesenvolvimento."
Quinta Edição - P. 13
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
No setor são atendidas crian-
ças com atraso no desenvolvimen-
to neuropsicomotor, prematurida-
de, transtorno global do desenvol-
vimento, suspeita de patologias
genéticas, que carecem de atendi-
mento terapêutico para o desen-
volvimento global. São acolhidas
as famílias com objetivo de favo-
recer os vínculos familiares e as
redes de apoio.
Aqui, a intervenção em desta-
que é a música, aplicada sob o
olhar interdisciplinar da pedago-
gia, da psicologia e da musicotera-
pia.
Semanalmente ou quinzenal-
mente os pais dirigem-se para a
sala da pedagogia com seus filhos
para cantar, criar repertório musi-
cal adequado para a faixa etária,
assim como explorar instrumentos
musicais e dançar.
No começo há pais que verbali-
zam não saberem ou não gosta-
rem de cantar, mas aos poucos os
seus filhos demonstram interesse
pela proposta, participando com
gestos e sons, e seus pais passam
a participar.
Dentre as estratégias adotadas,
iniciamos pelo cantar e gesticular
o repertório infantil: O sapo não
lava o pé, Ciranda cirandinha, A
dona aranha, dentre outras. O
participante pode trazer uma no-
va música para ser utilizada no
grupo e junto com terapeuta, in-
clui outras de acordo com os obje-
tivos, expandindo o repertório
com a participação do grupo de
pais e crianças.
As demais atividades contam
com: exploração de instrumentos
musicais, treino de ritmos, acalan-
tos, brincadeiras cantadas, vocali-
zes, dança, repertório da Música
Popular Brasileira e composição
musical.
O vínculo é fortalecido por
Interdisciplinaridade
Neste texto falaremos sobre benefícios alcançados através da música para crianças de 3 meses à 7 anos de idade atendidas
pelo Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE DE SÃO PAULO, desde 2007.
A música no fortalecimento do A música no fortalecimento do
vínculo mãe e filhovínculo mãe e filho
Quinta Edição - P. 14
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
meio do olhar, das brincadeiras e
do canto, estimulando a comuni-
cação da criança com os pais, te-
rapeutas e grupo.
As intervenções são realizadas
de acordo com cada grupo, levan-
do em consideração as necessida-
des e interesses das crianças e de
seus pais.
O Pedagogo faz a avaliação de
cada grupo, acompanha o desen-
volvimento das propostas, modifi-
cando, adaptando e inovando a
atuação. Pontua os benefícios da
prática, inter-relacionando a for-
ma como os pais poderão usar a
música na rotina da criança.
Aos poucos a percepção dos
pais amadurece em relação aos
filhos, e então, é possível ampliar
a proposta musical: utilizar voz,
movimento, sons e brincadeiras.
A musicoterapia tem como fo-
co principal ajudar no aproveita-
mento das atividades musicais,
melhorando a comunicação entre
o grupo.
Muitas vezes trabalhar com
música em um momento de es-
tresse não é confortável, assim
como conversar a respeito das
dificuldades também não ajuda no
desenvolvimento pessoal. Então a
música surge como uma alternati-
va para ampliar a percepção e a
interação com o meio. Portanto é
preciso que este meio musical seja
favorável para este desenvolvi-
mento.
A musicoterapia facilita o pro-
cesso de comunicação e expres-
são buscando harmonizar o fazer
musical entre os membros do gru-
po com intervenções didáticas,
psicoterapêuticas, recreativas e/
ou médicas a fim de que a experi-
ência musical seja efetiva no trata-
mento.
A psicologia por sua vez faz
intervenções pontuais sobre os
sentimentos aflorados nestes mo-
mentos. As mães relatam que nes-
tes encontros é possível dedicar
inteiramente sua atenção ao be-
bê, pois elas conseguem “deixar
para fora todas as preocupações e
olhar somente para eles”. Observa
-se que ao entrar em contato com
a música, transparecem sentimen-
tos que até então estavam guar-
dados. Se a mãe teve uma boa
relação com sua mãe essa lem-
brança tende a ser agradável e
prazerosa; se esta relação não foi
positiva, é neste momento que
acolhemos esta mãe e que mos-
tramos a ela que pode fazer da
relação com seu filho uma relação
positiva, pois tem condições de
dar amor e carinho ao seu bebê.
Damos a ela a possibilidade de
descobrir a importância do vínculo
mãe-bebê.
“a música surge como
uma alternativa para
ampliar a percepção e a
interação com o meio”
Escrito por: Custódia V. de Nóbrega ( Pedagoga do Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE DE PAULO)
Denise Chrysostomo Suzuki (musicoterapeuta)
Regina Maria Pereira Munhoz (Psicóloga voluntária do Serviço de Estimulação e Habilitação da APAE
DE SÃO PAULO)
Quinta Edição - P. 15
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
soas com pesquisas que se asseme-
lham, mas que nunca se encontra-
ram. Portanto, o desejo é a base para
que aja união e se consolide uma
classe. O desejo não precisa conver-
gir, mas ter o mesmo norte e, este
norte é a musicoterapia e junto, a
APEMESP, com seus atributos éticos,
por ser uma organização política, que
tem estruturas, que busca se adequar
as leis, para sermos vistos. E chegar
RETROSPECTIVA da gestão 2015 Na Linha do Tempo
mite unir a classe?
Eu acho que nós tivemos uma es-
tratégia pontual e digna, que foi cons-
truída antes da formação da chapa,
onde conversamos sobre o que cada
um esperava. E junto ao Mt. Paulo
Bittencourt, nós refletimos sobre o
conceito de atravessamento, ou seja,
algo que passa por você causando
uma transformação, não ao que passa
e se esvai ou bate e volta. Algo como
o som. Isso circundou todo o momen-
to da gestão. Nós entendemos que a
união parte dos desejos, não só pelo
compromisso ético, que é muito am-
plo em termos de discussão. Esse
lugar do partir pelo desejo é diferente
de partir pela vantagem. A musicote-
rapia, a APEMESP, tem muito espaço
para as pessoas se unirem; para
quem quer criar; encontrar pessoas a
fins, com pesquisas semelhantes. É
interessante observar como tem pes-
Entrevista com Presidente
Quais foram os principais desafios de
2015?
Conseguir regularizar a profissão,
não só de forma legal perante aos
ministérios do trabalho, mas regulari-
zar enquanto acessibilidade, visibili-
dade e união de musicoterapeutas. A
classe ainda não é muito engajada
politicamente, apesar de ter evoluído
bastante nisso, de acordo com a opi-
nião de gestões anteriores, tendo
hoje um trabalho mais integrado da
diretoria. Regularizar então significa
tornar regular o comprometimento
das pessoas, em diversos setores,
como por exemplo, pessoas que di-
vulguem seus trabalhos em eventos,
entrevista para televisão e assim por
diante.
Qual seria a estratégia sobre a qual
atuaram, ou seja, a filosofia que per-
As comissões da APEMESP foram criadas em 2015 de acordo com o estatuto da associação. Algumas
delas oferecem serviços para o musicoterapeuta. Acompanhe o trabalho das comissões e conheça os
serviços oferecidos.
Quinta Edição - P. 16
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
neste lugar é encontrar os desejos. Às
vezes, como seres humanos, temos a
tendência de guardarmos uma ideia
e, no meu ponto de vista enquanto
presidente de uma associação é com-
plicado. Eu acho que tem poucas coi-
sas que as pessoas conquistem sozi-
nhas.
Em relação às diversidades dos dese-
jos, como a gestão atua? Quais seri-
am esses desejos?
São diversos, como regulamentar,
consolidar um mercado de trabalho,
regulamentar a cobrança de valores
(preço de consulta), concursos públi-
cos, entrar nas políticas públicas.
Em relação às políticas publicas,
por exemplo, um problema é ter pou-
cos associados. Nós temos muitas
pessoas formadas e poucos associa-
dos. Assim, como é que você compro-
va para o ministério do trabalho que
temos um grande número de musico-
terapeutas? Então, esses são detalhes
que prejudicam nossa credibilidade e
força. Mas, acredito que nos próximo
anos a musicoterapia vai conquistar
esse espaço e, todos poderão colher
um pouco deste fruto.
Diante de objetivos que parecem
“distantes”, tal como a luta pela re-
gulamentação, como manter o dese-
jo e a motivação das pessoas?
O crescimento está disparado.
Uma das questões atuais é a regula-
mentação da UBAM. Isso esta aguar-
dando a mais de 30 anos. Existe um
crescimento constante. Um exemplo
é a CBO, para conquista-la foi preciso
um numero expressivo. Não vejo ne-
nhum salto para trás. Daqui para
frente a conquista é nessa escala.
Portanto se houver desmotivação é
falta de informação, falta de conheci-
mento sobre as conquistas recentes.
Também existe a necessidade urgen-
te de gerar recursos. Pouca coisa
avançou entre 2001 e 2005, a partir
de 2010, conquistamos deicon, cbo,
cadastro nacional de saúde, registro
sus, regulamentar técnicas dentro do
sus, no cadastro nacional, resolução
17. Essas são vitórias, que musicote-
rapeutas mais velhos, dizem ter espe-
rado anos.
Será que existe uma dificuldade, das
pessoas em geral, de compreender
onde o mt pode se encaixar no mer-
cado de trabalho?
Acredito que sim, e até para estu-
dantes. Porque a mt pode estar den-
tro de projetos culturais, de humani-
zação, dentro da área empresarial.
Isso às vezes é um problema que exis-
te dentro da grade curricular. A for-
mação dá uma noção clinica, é algo
que te soma e, vai abrindo outros
leques. A faculdade tem algo delica-
do, enquanto instituição ela tem que
Quinta Edição - P. 17
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
focar uma linha, não podendo abrir
um campo especifico, como falar que
o engenheiro pode construir moveis,
a faculdade vai focar em engenharia
civil. A mt tem uma linguagem clinica,
dentro da cidade de SP, po exemplo,
a pós é hospitalar. Mas a mt também
tem esta amplitude em se somar a
outras áreas. Por isso é importante
estar em simpósios, fóruns, cursos de
outras áreas, para entender a neces-
sidade dessas áreas. Existem outros
canais para desenvolver a musicote-
rapia como extrainstitucional. A facul-
dade não pode se comprometer, mas
nestes encontros é possível. A APE-
MESP pode desenvolver essas ques-
tões filosóficas, promover essas refle-
xões da atuação da mt.
Você acha que a pessoa deve ser
proativa na mt, em relação ao des-
bravamento político?
Não devemos generalizar. A mt é
diferente de outras profissões já con-
solidadas. Muitos médicos estão de-
sempregados. A mt não tem volume
grande de pessoas, diferente de um
engenheiro, por exemplo. Você tem
um número grande de engenheiros
disputando vagas. E musicoterapeu-
tas tem poucos, sobra espaço no
campo. Já aconteceu de ter procura e
não tivermos para quem passar o
cliente.
Diante da questão de regularizar
num sentido mais amplo, quais fo-
ram as conquistas? As comissões
foram criadas, como foi? Quais fo-
ram suas expectativas?
É engraçado como são os trabalhos
da vida, eu já tinha iniciado como
síndico de prédio e já tinha visto o
quanto ficava sobrecarregado. E num
prédio, que é uma organização comu-
nitária (não deixa de ser), já havia
trabalhado com lideranças dentro de
comunidades e percebia que você
tem que trabalhar com desejos, se o
cara gosta de pintar, vai pintar, o ou-
tro de decorar, vai decorar. E aí, uma
das coisas que não são simples de
comandar sem valor monetário, dife-
rente de uma empresa quando você
tem um valor monetário incluso, vão
receber e vão se comprometer. A
APEMESP atua de forma voluntária,
ninguém recebe para isso. E as pesso-
as envolvidas, estão totalmente liga-
das ao desejo. A forma de comissão é
setorizar os desejos. Obviamente ti-
veram comissões que não afloraram,
porque o desejo não existia mesmo, e
outras que tiveram ações surpreen-
dentes e posso afirmar que são inédi-
tas na história da associação, como a
comissão científica, de publicação
Quinta Edição - P. 18
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
com o Jornal, do SUAS, do CCM, ISS.
Nós temos outras comissões que apa-
recem e desaparecem conforme a
necessidade e projetos de curto pra-
zo. Também a comissão de indicador
profissional. A comissão de intercâm-
bio, por exemplo, já começa a nascer
dentro do CLAM. Temos esta comis-
são como troca, onde podem aconte-
cer, dentro de outras comissões, etc.
As comissões, às vezes tem projetos
abrangentes, mas se foca em deter-
minado aspecto. Tem aspectos que se
engreganaram naturalmente, as co-
missões passaram a se dialogar, con-
cretizando mudanças. A maior con-
quista foi a engrenagem das comis-
sões atuando umas com as outras,
apresentando manifestações de coi-
sas antes nem planejadas.
ENTREVISTA COM COMISSÕES
Comissão Sistema Único da Assis-
tência Social (antiga comissão de re-
gulamentação) - Coordenada pelo
Musicoterapeuta Gildásio Januário,
com os colaboradores Ricardo Augus-
to, Allana Moraes e Lilian Engelmann.
O principal desafio de 2015 foi a
participação nas Conferências de As-
sistência (Regional e Municipal) e
apresentação de moções de apoio
(documento com assinatura com no
mínimo 10% dos participantes da
conferência) para abertura de cargos
e concursos para a categoria de Musi-
coterapeuta. Na participação da Con-
ferência Regional de Assistência Soci-
al (Região da Casa Verde, Zona Norte
de São Paulo), tivemos a aprovação
da moção com mais de 10% de assi-
naturas dos presentes, num total de
28 assinaturas. Na Conferência Muni-
cipal de Assistência Social (Centro de
Convenções Anhembi, São Paulo),
tivemos aprovação da moção com
mais de 10% de assinaturas dos pre-
sentes, num total de 168 assinaturas.
Não participamos da Conferência
Estadual por conta de questões políti-
cas de deliberações na Conferência
Municipal de Assistência Social, po-
rém participamos da I Conferência
Livre de Assistência Social em âmbito
Estadual/SP e bem como dos Encon-
tros Estaduais do Fórum Estadual dos
Trabalhadores do Sistema Único da
Assistência Social de São Paulo/
FETSUAS-SP estaduais realizados em
Sorocaba/SP e Santo André/SP.
Participamos da Reunião do Fórum
Nacional dos Trabalhadores do Siste-
ma Único/FNTSUAS em Brasília como
representantes do FETSUAS/SP.
Apresentamos o trabalho desen-
volvido pela comissão SUAS/
APEMESP no Fórum Paulista de Musi-
coterapia, na FMU e na Assembleia
Geral Ordinária, no espaço Colméia.
QUinta Edição - P. 19
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Participamos da Comissão Nacio-
nal do SUAS/UBAM, com membros de
outros estados que participam de
discussões relacionadas ao SUAS. É
importante a participação neste espa-
ço de discussão, pois podemos dialo-
gar em torno do SUAS em âmbito
estadual e nacional e ao mesmo tem-
po compartilhar experiências e desafi-
os comuns.
Em 2016, quais são as expectativas e
perspectivas?
Em 2016 temos como objetivo
continuar participando do FETSUAS-
SP e dos encontros Estaduais. E com o
desafio de agregar mais pessoas
(estudantes e profissionais de musi-
coterapia) nesta luta que entende-
mos ser coletiva. Em Julho a Comissão
SUAS participará do Congresso Latino
Americano de Musicoterapia/CLAM
em Florianópolis e apresentaremos
artigo enviado que contará um pouco
deste trabalho realizado na comissão.
O Cadastro de Contribuinte Muni-
cipal (CCM) para recolhimento de
Imposto sobre Serviços (ISS) é outra
bandeira de luta desta comissão, ou
seja, a inclusão da categoria profissio-
nal neste cadastro. Se faz importante
que os Musicoterapeutas de outros
municípios pleiteiem a inscrição es-
pecífica de Musicoterapeuta junto ao
órgão competente a fim de conseguir
a entrada em planos de saúde, emis-
são de nota fiscal e etc. Antes de en-
trar com este pedido é necessário
providenciar alguns materiais especí-
ficos da musicoterapia que demons-
tram reconhecimento em alguns ór-
gãos do governo (Resolução nº 17 de
20/06/2011 do CNAS, Inscrição na
CBO, Procedimentos SUS, dentre ou-
tros) e bem como verificar legislação
vigente do município.
Em relação a Regulamentação da
Profissão, embora seja importante
para visibilidade social da profissão,
talvez ainda não seja o momento de
dar entrada tendo em vista o cenário
político nacional. A participação, dis-
cussão nos espaços das políticas pú-
blicas e bem como as conquistas no
SUAS (Resolução 17) no SUS
(procedimentos específicos) e a CBO,
podem contribuir para o fortaleci-
mento das discussões em torno do
Resolução nº 17, 20/06/2011 do CNAS. O reconhecimento do profissional de Musicoterapia pelo Conselho Nacio-
nal de Assistência Social (CNAS) na resolução 17 de 20 de Junho de 2011, incluindo o musicoterapeuta no Siste-
ma Único da Assistência Social (SUAS) foi um grande avanço tanto para a categoria como para a sociedade brasi-
leira. Entretanto, a efetivação das práticas e a garantia da permanência ainda necessitam de ações de visibilidade e
luta coletiva para a criação do cargo de musicoterapeuta e de concursos públicos nas três esferas de governo.
Quinta Edição - P. 20
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
processo de regulamentação.
Contato: [email protected]
Comissão de Publicação Coordena-
da por Denise Chrysostomo Suzuki e
Daniel da Conceição Santana.
A comissão de publicação se tor-
nou responsável apenas pelo JOMESP
(Jornal da Musicoterapia do Estado
de São Paulo) publicando 4 edições
no ano de 2015. Teve diversos desafi-
os pertinentes a elaboração do jornal,
que foi criado neste mesmo ano e
passou por transformações em rela-
ção às colunas, formatação de textos,
relacionamento e colaboradores.
O maior número de colaboradores
foram pessoas externas à comissão,
que produziram textos ou foram en-
trevistadas. A equipe de coordenação
se manteve com duas pessoas. Mes-
mo tendo um número pequeno de
participantes da equipe, após um
trabalho de experiências e reflexões,
foi possível manter o jornal ativo,
contando com a colaboração de mui-
tas pessoas, incluindo a diretoria da
APEMESP, musicoterapeutas, pacien-
tes de musicoterapia, profissionais de
outras áreas, musicoterapeutas de
outros países e interessados. Obvia-
mente isso não exclui a necessidade
de uma equipe maior.
Dentre os objetivos de 2016 cons-
tam a necessidade ampliar a partici-
pação do Jomesp nas redes sociais; a
inclusão do mesmo no site da APE-
MESP; integrar um maior número de
colaboradores no âmbito nacional e
internacional e; ampliar a equipe de
edição.
Contatos: [email protected] e
Comissão Científica Coordenada
pelo musicoterapeuta Luiz Rogério
Jorgensen Carrer e a secretária Mi-
chelle de Melo.
Os encontros são realizados men-
salmente no Espaço Essência Musical,
geralmente no último sábado de cada
mês, das 13 às 17 hrs. A divulgação é
Quinta Edição - P. 21
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
realizada pelo site da APEMESP e pe-
las redes sociais.
Nos encontros são apresentados
seminários com conteúdos relevantes
para a formação e a atuação profissi-
onal, além da discussão de artigos
científicos sobre a relevância das pes-
quisas, das metodologias, estimulan-
do a pesquisa sempre com um olhar
crítico. Existem pessoas que procu-
ram a comissão interessadas em in-
gressar em pós-graduações nas diver-
sas áreas de atuação interdisciplinar,
além de profissionais e estudantes
pós graduados que apresentam seus
trabalhos. A comissão também orien-
ta o processo de pesquisa contribuin-
do com discussões para produção do
material científico.
Pensando em retrospectiva, quais
foram as maiores conquistas?
A maior conquista foi conseguir
reunir os musicoterapeutas e estu-
dantes para aprender, compartilhar,
discutir artigos científicos, participar
dos seminários e trocar experiências
acadêmicas e profissionais, que vão
além da importância de se realizar
estudos e pesquisas baseados em
evidências científicas da eficácia da
MT em contexto clínico e educacio-
nal. Outra grande conquista foi a
conscientização dos participantes de
que nossa profissão precisa crescer
enquanto classe acadêmica, profissio-
nal e científica.
Quais foram os desafios?
Uma das dificuldades foi a pouca
adesão dos estudantes e profissionais
associados no primeiro ano de funcio-
namento desta comissão. Esperamos
que com a continuação dos trabalhos
e mais participação crítica da classe a
adesão pode se reverter e se transfor-
mar em uma grande conquista. Nesse
sentido serão realizadas enquetes
junto aos associados para melhorar e
diversificar as temáticas abordadas. A
comissão auxiliou também na discus-
são e orientação das pesquisas dos
graduandos, mestrandos e doutoran-
dos interessados. Os que comparece-
ram às reuniões foram auxiliados em
como fazer a pesquisa, quanto ao tipo
de estudo, discutindo métodos cientí-
ficos, objetivos para as pesquisa e
questões relevantes para cada con-
texto.
A comissão científica pode tam-
bém fornecer suporte para quem
Quinta Edição - P. 22
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
necessita de orientação e supervisão,
auxiliar o pesquisador na busca de um
programa de mestrado de acordo
com o seu interesse e perfil profissio-
nal, e também quanto a editais e pro-
cessos seletivos. Alguns programas
requerem um projeto escrito de acor-
do com o programa, a comissão estu-
da o projeto e fornece informações
úteis para o associado. Tudo isso com
o intuito de expandir a musicoterapia
nas faculdades e universidades, seja
na graduação ou pós-graduação.
Se os estudantes ou profissionais
pretendem apresentar um projeto de
mestrado, é possível entrar em conta-
to pelo e-mail da APEMESP. Todo
início de mês é divulgado o encontro
mensal e assim que a pessoa entra
em contato é realizado um pré-
agendamento para ela apresentar o
trabalho.
Com relação às perspectivas para
2016. O que está sendo preparado?
Pretendemos acompanhar os sim-
pósios e congressos de musicoterapia
e de outras áreas para o envio de
trabalhos da nossa área, mostrando
aos demais profissionais da saúde e
educação o que é musicoterapia de
modo que eles nos vejam também
como profissionais da saúde. Preten-
demos discutir os trabalhos e encami-
nhar para essa divulgação. Fornecen-
do assim o suporte para quem tenha
interesse, nas mais diversas áreas de
atuação da musicoterapia como: cog-
nitiva, neurológica, social, pedagógi-
ca, saúde mental, dentre outras.
A comissão científica é uma comis-
são que tem por objetivo principal
compartilhar e disseminar o conheci-
mento interdisciplinar em musicote-
rapia para as mais diversas áreas de
atuação clínica.
Contato: [email protected]
Comissão Mercado de Trabalho
Coordenada pela musicoterapeuta
Luisiana Passarini com o colaborador
Daniel Santana
Uma das ações em 2015 foi a pro-
posta de uma pesquisa científica ma-
peando todos os profissionais do es-
tado de São Paulo. Foi realizado um
levantamento através das listas das
faculdades de São Paulo (FMU, FPA,
Marcelo Tupinambá, UNAERP), atra-
vés de contato com graduados. A
comissão continua com o mapeamen-
to dos profissionais do estado de São
Paulo. Para 2016, as estratégias são a
abertura de grupos no facebook para
encaminhamento de questionários
envolvendo perguntas como área de
atuação, local de formação, para tra-
çar o perfil do musicoterapeuta do
Estado de São Paulo.
“Gostaria de deixar registrado
o agradecimento para as
pessoas que participaram desta
comissão, ao Roger que tem
tomado frente da comissão
para que as coisas possam
acontecer, ao Marcelo
Perestrelo por ter fornecido o
espaço e o presidente André
Lindenberg.” Michelle Melo
Quinta Edição - P. 23
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
são Científica (Coordenador pelo Mt Roger Carrer), Comis-
são SUAS/CCM (Coordenada pelo Mt Gildasio Januario).
Reunião do Núcleo de Musicoterapia Comunitário
(Coordenada pelo Mt André Pereira). No ano de 2015 fo-
ram realizados encontros destas comissões, curso de vi-
broacústica e reuniões pontuais.
Neste ano de 2016 o espaço continuará com os cursos
disponíveis e outros que serão disponibilizados no site da
APEMESP e do Espaço (a partir de Abril de 2016) e eventos
das comissões.
O espaço faz locação de salas acústicas e parceria em
atendimentos.
Havendo interesse nos serviços e em parcerias, entre
em contato:
Tel. (0xx11) 2825-9306 / 9 9868-4891 (Whatsapp) –
Facebook: Rui Marcelo Mendonça Perestrelo (Fan Page)
Espaço Essencia Musical.
Site: ww.marceloperestrelo.com.br
Endereço: Bairro: Brooklin Novo (Zona Sul), São Paulo.
Avenida Nova Independência, 651 – Tel. (0xx11) 2825-
9306 / 9 9868-4891 (Whatsapp)
O Espaço essência musical surgiu em 2010 após a for-
mação do nosso querido colega musicoterapeuta Marcelo
Perestrelo, que resolveu concretizar um sonho de abrir um
espaço onde pudesse trabalhar como músico e musicote-
rapeuta.
Localizado no Brooklin, zona Sul de São Paulo, o espaço
tem como missão Música, Cultura e Saúde, oferece aulas
de música como teoria musical, história da música e práti-
ca de instrumentos. Também oferece serviço de produção
musical como gravação de CD´s, arranjos musicais, mix,
jingles e trilhas. Além de, claro, atendimento de musicote-
rapia e também psicopedagogia e psicologia.
O espaço é administrado pelo próprio Rui Marcelo Pe-
restrelo e no local também atendem outros musicotera-
peutas, como Gildásio Januário, Michelle Melo, João Bra-
gheta, Roger Carrer, Raul Bianci e o estagiário Léo Di. To-
dos parceiros e colaboradores do espaço. A equipe tam-
bém atende Transtorno do Espectro Autista, Alzheimer,
Depressão, TDHA e Esquizofrenia.
A parceira com a APEMESP se deu por meio da Comis-
Espaço Essência Musical
Em 2015 a APEMESP estabeleceu uma parceria com o Espaço Essência Musical onde ocorre as reuniões da comissão
científica, aberta ao público. Conheça:
Quinta Edição - P. 24
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SAIBA MAIS ASSOCIAR-ME A APEMESP...
POR QUÊ E PARA QUÊ?
Muitos estudantes e profissio-
nais de musicoterapia questionam
qual a finalidade de se associarem à
APEMESP e quais são os seus ganhos.
É por esta razão que resolvi escrever
esse texto para explanar um pouco
sobre os nossos direitos e deveres
enquanto profissionais e apontar as
lutas e os ganhos que a APEMESP
já teve e ainda está realizando para o
crescimento da nossa profissão.
1 - Conselho x Associa-
ção: Tanto os Conselhos quanto as
Associações têm por objetivo fiscali-
zar o exercício de uma profissão nas
áreas de suas jurisdições, impedindo
e punindo as infrações à legislação
vigente e conquistar direitos para a
classe. Como a nossa profissão ainda
não há Conselho, são as associações
responsáveis por essa fiscalização. Eis
dois exemplos de problemas que fre-
quentemente encontramos:
a. Há muitos profissionais de
outras áreas que não possuem
qualquer formação em musi-
coterapia e se autodenomi-
nam musicoterapeutas.
b. Frequentemente também en-
contrarmos diversos cursos
livres de curta duração
(presencial ou online) que pro-
mete certificado de formação
Quinta Edição - P. 25
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
em musicoterapia. Sabemos
que tanto o primeiro caso co-
mo no segundo é totalmente
ilegal e os órgãos que tomam
as medidas necessárias para
ambos os casos são as associa-
ções de musicoterapia (caso
de São Paulo é a APEMESP).
2 - Número da CBO: a CBO é
uma sigla que significa Cadastro Brasi-
leiro de Ocupação e serve para a con-
tratação do profissional no mercado
de trabalho. Em 2010, a nossa classe
teve essa conquista: hoje a musicote-
rapia encontra-se cadastrada na CBO
sob o número 2263-05. Isso quer di-
zer que hoje nós podemos ter vínculo
empregatício registrado como musi-
coterapeuta. Esse direito só foi con-
quistado graças às associações de
musicoterapia pertencentes a vários
estados que compõem a UBAM
(União Brasileira das Associações de
Musicoterapia). A APEMESP fez parte
dessa conquista.
3 - Número do profissional: vo-
cê pode ter reparado que quando
vamos a uma consulta médica ou com
algum terapeuta, o profissional usa
um carimbo que contém o nome, a
profissão e o seu registro. Se é médi-
co, o número que consta nesse carim-
bo provém do Conselho Regional de
Medicina (CRM), se for psicólogo pro-
vém do Conselho Regional de Psicolo-
gia (CRP) e assim por diante. Diferen-
te do número da CBO que é o mesmo
para todos os profissionais da mesma
categoria, o número profissional é
diferente para cada indivíduo e serve
para nos identificarmos enquanto
profissional, assinar recibos, etc. Na
nossa profissão, quem emite o núme-
ro profissional para cada musicotera-
peuta são as Associações de Musico-
terapia de cada estado (no caso do
estado de São Paulo – destaco nova-
mente – é a APEMESP).
Cada vez mais as instituições,
hospitais, casas de repouso entre
outros exigem que o musicoterapeuta
tenha essa numeração para atuar.
Isso quer dizer que se o musicotera-
peuta for contratado para atuar regis-
trado em um hospital por exemplo,
mas não possui o número profissio-
nal, ele não poderá atuar. Com a CBO
o empregador consegue registrar o
musicoterapeuta na Carteira de Tra-
balho, mas pelo fato do musicotera-
peuta não ter se credenciado na asso-
ciação correspondente, não vai poder
iniciar o seu trabalho.
Apesar dessa demanda exigir
cada vez mais o credenciamento, a
inscrição na APEMESP ou em qual-
quer outra associação de musicotera-
pia tem que vir antes dessa demanda.
Quinta Edição - P. 26
JOMESP JORNAL DA MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Temos que pensar que ao ser inscrito
na associação e com a anuidade que
contribuo, fortalece ainda mais a nos-
sa classe, que, por sua vez, ainda tem
pouca visibilidade social.
4 - CCM/ISS: Muitos profissio-
nais da área da saúde têm credencia-
mento nos planos de saúde para
atender os pacientes, e apesar da
musicoterapia ser da saúde, a nossa
classe ainda não consegue se creden-
ciar nesses planos de saúde. Atual-
mente no município de São Paulo, o
musicoterapeuta pode se cadastrar
no Cadastro de Contribuintes Munici-
pal – CCM, não com um número es-
pecífico da profissão, mas sim com
um número genérico denominado
como “outras terapias”. Os poucos
musicoterapeutas que conseguiram
se credenciar em algum plano de saú-
de mesmo tendo o seu cadastro de
“outras terapias” foi resultado de
causas judiciais que foram ganhos
especificamente para aquele paciente
que abriu o processo contra o plano.
Em linhas gerais, para o profissional
da saúde se credenciar em algum
plano de saúde, precisa do número
profissional (que é o número que a
APEMESP fornece quando profissio-
nal se credencia) mais o número no
CCM. Vale ressaltar que esse tipo de
inscrição é municipal. Portanto, essa
conquista está acontecendo de região
a região pois cada município segue
uma legislação própria.
A busca por um número no CCM
que seja específico do profissional
musicoterapeuta é relevante para
facilitar a emissão das notas fiscais
por este profissional bem como o seu
credenciamento nos planos de saúde.
Até o momento, os municípios de São
Caetano do Sul e Guarulhos já possu-
em número específico da musicotera-
pia e o próximo passo é obtermos
essa conquista nos outros municípios
do estado de São Paulo,
5 - Musicoterapia no SUS e no
SUAS: Em lei, o musicoterapeuta já
está inserido no Sistema Único de
Saúde (SUS) com mais de 50 procedi-
mentos específicos da nossa classe e
também no Sistema Único de Assis-
tência Social (SUAS). Já é um direito
conquistado da nossa profissão. Ape-
sar desta conquista, é preciso conti-
nuarmos lutando ativamente neste
processo político afim de garantirmos
de fato a inclusão dos musicoterapeu-
tas no Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) através das ações coleti-
vas organizadas em âmbito municipal,
estadual e federal, apesar de termos
conseguido aprovação de moções nas
ultimas conferencias de assistência)
para a abertura de novos cargos e
concursos para a nossa área.
6 – Regulamentação da profis-
são: A regulamentação da profissão é
um outro aspecto que as associações
pretendem conquistar futuramente.
Esta não é uma luta exclusiva da APE-
MESP, mas de todas as associações
via UBAM, temos conquistas impor-
Quinta Edição - P. 27
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tantes (no SUS, no SUAS e CBO) que
contribuem para este processo futu-
ro.
Diante do que foi apresentado
podemos concluir que os trabalhos
das associações são importantes nes-
tas conquistas, porém ainda há muito
mais para lutarmos. Sem as associa-
ções que nos representam, nada do
que a profissão já conquistou tería-
mos conseguido e o que ainda não se
conquistou jamais iremos conquistar.
Para que essa batalha tenha mais
frutos para a nossa classe, é preciso a
colaboração de todos os profissionais
e estudantes da área seja no creden-
ciamento na associação ou até mes-
mo ajudando ativamente nessa luta.
Afinal, como diz um velho ditado:
“uma andorinha não faz verão”, mas
juntos somos mais fortes e conquista-
remos tudo!
MAIS INFORMAÇÕES:
CBO www.mtecbo.gov.br – palavra-chave para pesquisa: musicoterapeuta
ISS https://apemesp.files.wordpress.com/2016/02/lei-13701-2003.pdf
Procedimentos do musicoterapeuta no DATASUS http://
www.musicoterapia.mus.br/procedimentosmusicoterapia.php
Musicoterapia no SUAS http://www.musicoterapia.mus.br/
sistemaunicodeassistenciasocial_musicoterapia.php
Michelle de Melo Ferreira
Graduada em Musicoterapia pelas Faculdades Me-
tropolitanas Unidas– FMU com aprimoramento em
Musicoterapia na Reabilitação Física na AACD –
Unidade Ibirapuera (SP) e especialista em Docência
no Ensino Superior pela FMU. Foi estagiária e partici-
pou do projeto de implantação da musicoterapia no Cen-
tro de Reabilitação Lucy Montoro coordenado pela Mt Ms Maristela
Smith, onde realizou palestras sobre “A musicoterapia no tratamento de
pacientes com AVE”. Atualmente é secretária da comissão científica da
Associação dos Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado
de São Paulo (APEMESP) e membro do grupo de estudos e pesquisa
em Memória e Neurocognição-Psicobiologia/Unifesp. Possui experiência
clínica e institucional (individual e em grupo) nas áreas de sensibilização
musical, reabilitação neurológica, distúrbios da comunicação e desenvol-
vimento e saúde mental. Área de pesquisa: cognição musical, música,
neurociências e neurodesenvolvimento.
Gildásio Januário
Graduado em Musicoterapeuta pela Faculdade
Paulista de Artes. Especialista em Psicopeda-
gogia pela UNISA. Membro da Associação Pau-
lista de Estudantes e Profissionais do Estado de
São Paulo (APEMESP) 2014/16. Membro da Coor-
denação do Fórum de Trabalhadores (as) do FETSUAS
-SP e da Frente Parlamentar Estadual em Defesa do SUAS representan-
do a APEMESP. Responsável pela Comissão SUAS/APEMESP. Possui
experiência com crianças (atraso no desenvolvimento global e distúrbio
de aprendizagem), trabalhos sociais, adultos e idosos.
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Espaço Essência Musical
MUSICOTERAPIA Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia
e harmonia) por um Musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num
processo para facilitar, e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobi-
lização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no
sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cogniti-
vas.
Áreas de Atuação
Autoconhecimento, Diminuição de Ansiedade, Autoestima, Concentração/
Atenção, Memória, Dor, Distúrbios de Aprendizagem, Distúrbios de Comporta-
mento, Distúrbios Alimentares, Geriatria (Alzheimer, Parkinson, Depressão, Aci-
dente Vascular Cerebral - AVC e outras Patologias), Dependência Química, On-
cologia entre outras.
MUSICALIZAÇÃO INFANTIL Atividades de Musicalização para Bebês, Crianças e Inclusiva.
AULAS DE MÚSICA Aulas Práticas e Teóricas de Canto e Instrumentos (Violão, Baixo, Guitarra, Bate-
ria, Piano, Teclado, Cavaquinho, Percussão, Flauta Doce, Acordeon, Sitar, Viola
Caipira).
ESTÚDIO MUSICAL Produção Musical, Arranjos, Gravação Musical (CD), Mixagem, Masterização,
Jingle, Trilha Sonora. Utilizamos o sistema de gravação de ponta (PRO TOOLS).
Ministramos Cursos e Workshops (internos e externos).
Av. Nova Independência, 651- Brooklin/Novo
(Próximo à Av. Luis Carlos Berrini)
Fone: (11) 2825-9306 – Facebook: Espaço Essência
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