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Joia Rara, o diário de uma aprendiz Nassih sari 1

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Release - O E-Book conta a história de uma mulher que descobriu na dança do ventre a cura para os males da psicologia feminina.

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Sari, Nassih, Jóia Rara, o diário de uma aprendiz – São Paulo 2010-12-22

1. Dança terapêutica Este livro é um resumo dos exercícios e textos criados por Nassih para o melhor aprofundamento da pratica oriental de dançar com o ventre. Fica extremamente proibida sua cópia sem citação da autora.

Para ler todos os seus textos entre no blog - http://ventreemebulicao.blogspot.com/

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Tradição Zen-Budista

Mestre e monge andavam pelas montanhas, quando o mestre perguntou:

- Sentes o aroma do loureiro? - Sim, eu sinto - disse o monge.

- Então, nada tenho a te ensinar.

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Sumário 1. Onde tudo começou ................. 5

2. Primeiras aulas..........................7

3. Exercícios.................................11

4. Shimmie...................................15

5. A teoria dos Shimmies..............27

6. Nem todo passo é para você....36

7. Teoria da musicalidade............44

8. Anexos....................................52

9. Perfil da autora.......................56

“Na ânsia de dizer, atropelo o escrever”. Perdoem- me aquelas que irão ler. ”Nassih Sari

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1. Onde tudo começou Eram cinco horas da tarde quando olhei no relógio, passara o dia todo assistindo a aula complexa de dança de Nadia. Levantei do chão, acenei para ela e caminhei em direção à porta, era hora de voltar para casa. Dentro do ônibus, não pensava em outra coisa senão nos movimentos extraodinários que Nadia estava aprendendo, a dança do ventre parecia ser algo que jamais faria, a vida prega peças. Segunda-feira era um dia como outro qualquer, ir para a faculdade, estudar, trabalhar e controlar a insana ansiedade. A maioria das minhas amigas não acreditava que eu estava preste a abandonar tudo para ir estudar em outro país, elas não conheciam meu sonho e minha persistência em alcançá-lo. Dublin, Irlanda este seria meu país durante o próximo ano. Finalmente o tão esperado dia chegou, de malas prontas e animada, entrei no avião sem olhar para trás. No primeiro dia de aula, descobri que o nome Irlanda significa Éire, uma deusa que de acordo com a mitologia céltica teria ajudado os gaélicos a conquistar a Irlanda, ela é uma das três rainhas dos Tuatha Dé Danann. Eu ainda não sabia, mas a Irlanda e seus mitos transformariam minha vida. No dia seguinte, quando cheguei à sala de aula, os dados do meu destino começaram a rolar.

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Durante meu intercâmbio, a Irlanda foi preenchendo um pequeno vazio, a cada dia que passava o contato com seus mitos e com a grande mãe intensificada minha busca pelo significado da vida. Quando voltei ao meu país, eu já não era mais eu, depois de um ano morando fora e vendo o mundo com outros olhos, não era de se estranhar que perdera todas as minhas amigas. Sentindo-me sozinha em na multidão, decidi fazer alguma coisa. Um belo dia, andando pelas ruas de São Paulo, me deparei com um anúncio: Entre em contato com as Deusas, Faça Dança do ventre! A mesma sensação de bem estar que senti na Irlanda tomou conta de mim, senti saudades de algo que supostamente não conhecia. No dia seguinte com a cara e a coragem, procurei a tal aula.

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2. Primeiras aulas Minhas primeiras aulas foram um desastre total, não conseguia me soltar, tinha vergonha de puxar conversa com as outras alunas, me senti ainda mais perdida. Porém um belo dia tudo mudou, depois da aula, a professora passou um exercício que nada tinha haver com a dança.

Primeiro exercício: Escreva em um papel quatro coisas que são relacionadas á você nos seguintes tópicos: uma palavra, um objeto, um animal, uma essência. Depois faça uma colagem usando as descrições. Não conseguia pensar em nada, perguntei a professora se poderia trazer o exercício na próxima aula e ela respondeu: - Sofia, só a colagem é para ser feita em casa, as relações são para escrever agora. Como poderia escrever aquilo agora? Que tipo de exercício era aquele? Na intenção de fazer o meu melhor, pensei nas relações, respirei fundo e anotei as primeiras coisas que vieram a minha mente:

Palavra=conflito, objeto=livro, animal=pinguim, essência= sândalo.

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A colagem ficou assim:

Faça o mesmo exercício e depois continue a ler! Na aula seguinte a professora olhou para as colagens e perguntou: - Meninas, o que essa colagem tem haver com o seu feminino? Pasma, eu pensei: - Tem haver com minha timidez, minha vontade de ser amada, com o meu estilo e meu hobby... TEM TUDO A VER COM MEU MOMENTO ATUAL!

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Era incrível, como um simples exercício poderia me dar uma resposta tão complexa? Naquele momento descobri que tinha reencontrado algo perdido dentro de mim. Depois de feita a análise, a professora colocou uma música oriental, que por sinal era divina, e pediu para expressarmos tudo aquilo dançando. Foi um momento especial, mas devo confessar que não foi nada fácil expressar essa colagem dançando. Na aula seguinte, eu estava inquieta e perturbada, o que tudo aquilo tinha a ver com a dança? Qual é a origem dessa dança? Por que eu estava lá? As duas primeiras perguntas, perguntei a professora e essa foi à resposta: - Sofia, a Dança do ventre revive nossas raízes, desvela nosso feminino, ressalta nossa autoestima. Ao iniciarmos o aprendizado da dança, logo nos deparamos com ele, o espelho. Algumas de nós já estamos acostumadas a usá-lo, outras nem tanto, porém na aula, ele será seu mais fiel companheiro. Através dele, começamos a nos redescobrir, ficamos de frente com o nosso corpo em movimento, observamos nossas dificuldades, admiramos nossa beleza, contemplamos o nosso feminino. Depois de um tempo, em algumas de nós surgem várias autocríticas, inseguranças, inveja e conforme o tempo vai passando e nossa dança vai se desenvolvendo, tudo começa a ficar ainda pior, o ego, o estrelismo, a falsidade, o egoísmo. Quem nunca se deparou com uma bailarina de dança do ventre “metida”? Algumas mulheres vão ao limite, passando por cima uma da outra, sem nenhum respeito pela dança, é como se elas fossem às próprias Deusas encarnadas e os humanos têm a obrigação de cultuá-

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las, o superego entra em ação. E é aí que entra o autoconhecimento, a dança abre a nossa caixinha de Pandora. (Segundo o mito, Zeus para se vingar, criou Pandora, a primeira mulher, e enviou-a a Epimeteu, que a deveria tomar como esposa. Contrariamente ao que o irmão, Prometeu, lhe tinha aconselhado, Epimeteu aceitaria este presente vindo do Olimpo. Infelizmente, Pandora viria também com um objeto, uma caixa, no qual estavam contidos todos os males, dos quais a humanidade estava ainda liberta. Vítima da sua curiosidade, esta primeira mulher abriria a caixa libertando todos os males e deixando,

curiosamente, um simples dom por libertar - a esperança.) O autoconhecimento é fundamental para desenvolver o amor por si mesma e fortalecer a autoestima. É muito difícil alguém se conhecer interiormente quando a busca está sempre no externo e sem falar que se autoconhecer sem saber quais são seus males é uma tarefa quase fantasiosa. Quando conseguimos reconhecer quais são nossos pontos negativos podemos mudá-los e com isso crescer como pessoa, só reconhecermos a luz quando sabemos o que é a sombra. A dança do ventre abre as portas para que esse processo aconteça tanto para reconhecer os pontos negativos quanto os positivos. É um aprendizado que exige perseverança, confiança e a esperança de que com o tempo, você saberá exatamente quem é o que quer, mas acima de tudo, você será realmente você! Está pronta? -Se eu estava pronta? Claro que não!

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3. Exercícios

Exercício número dois No final da aula, recebemos da professora esta imagem:

Exercício, escrever uma pequena história baseada na figura com começo e meio, que seria exatamente o momento em que a personagem foi “fotografada”. Faça o exercício e depois continue a ler!

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Minha pequena história: Conto: Lakira e o mago Escrito por Sofia Klen Durante aquele inverno lakira se preparou para tudo, menos para o que estava por vir. A vida em sua vila não era fácil, Gertu, o mago, estava sempre pronto para derrotar qualquer mulher que se atrevesse a dançar e lakira era uma das sacerdotisas de Zalia, sua dança era tanto sagrada e essencial como secreta. Naquela manhã Gertu iria destruir o templo sagrado, o povoado amedrontado abandonou a cidade. Lakira sabia que tinha que ficar e lutar. Gertu estava chegando cada vez mais perto de seu templo, o medo e ansiedade só acabaram quando Lakira descobriu o que teria de fazer para vencer o mago, Zalia lhe mandou uma mensagem, “Lembre-se que tudo começou com a dança da criação”. Quando Gertu chegou, Lakira estava pronta, com seu manto, suas flores e seu véu... Ao som da harpa misturado com o bendir, ela começou a dançar. O tempo parou, Gertu ficou imóvel, não conseguiu sequer levantar um dedo para usar sua magia... Tudo estava encantado. Terminada a música, Lakira foi ao grande lago agradecer a Deusa por sua conquista. Na aula seguinte, a professora pediu os contos e não comentou nada. Começou a aula ensinando o oito maia. Na aula seguinte, assim que entramos na sala, sentamos em círculo e a professora entregou os contos. No meu estava escrito: “O que você precisa mudar na sua vida? Analise seu conto e enfrente seus magos internos.”

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E lá estava eu mais uma vez chocada. A aula nesse dia, apesar do aroma de sândalo, da música árabe, do barulhinho hipnotizante das moedas dos nossos cintos, não conseguia me concentrar. Depois da aula, a turma toda foi tomar um café, ficamos conversando sobre a dança, sobre as aulas, sobre a professora, era a primeira vez em meses que conversa entre amigas, estava feliz! Na próxima aula...

Exercício número três: Dividir a folha sufite em três partes e em cada uma desenhar: 1. Como você acha que as pessoas vêem você. 2. Como você se vê. 3. Como você gostaria de se ver. Esse é complexo, meu Deus como vou desenhar isso? Pensei. Mas uma vez, respirei fundo, não dei bola para minha autocrítica e desenhei. Faça o mesmo.

Feito o desenho a professora pediu para que cada uma explicasse o seu, fui à primeira:

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- Bom no número um (como você acha que as pessoas vêem você) eu desenhei, ou melhor, tentei desenhar, uma menina alegre e tímida, pois acredito que é assim que a pessoas me vêem; No número dois (Como me vejo) desenhei uma menina pensativa, cheia de idéias e fome de conhecimento; No três (Como você gostaria me ver) desenhei uma menina alegre, cheia de idéias, com fome de conhecimento e colocando para fora seus pensamentos. Uma a uma todas nós explicamos os desenhos, no final a conclusão da professora saiu sem pestanejar: - Por que vocês não conseguem colocar em prática como gostariam que as pessoas as vissem? Essa era nossa lição de casa, pensar sobre isto.

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4. Shimmie Aula seguinte era chegada a hora de aprender sobre os shimmies (movimento de vibração pélvica), antes da didática ela nos explicou toda a parte mística desse movimento. - Como vocês sabem a dança do ventre nasceu dos cultos a Deusas na época do matriarcado, época em que as mulheres detinham todo o conhecimento sobre a natureza, sobre a terra, sobre o contato com o oculto, com os deuses, sempre que precisavam agradecer, a dança era esse instrumento. Nessa época, a concepção de um filho era obra dos Deuses, o homem ainda não sabia que para a concepção realmente acontecer precisaria do encontro físico do feminino com o masculino. A concepção com os Deuses eram feitas através de rituais de dança, onde a mulher era fertilizada no exato momento em que o corpo atingia seu ápice, no movimento do shimmie. Na parte esotérica, o Shimmie pode equilibrar o chackra básico (para quem não conhece chakras são pontos de energia no corpo segunda a medicina indiana) ele é responsável pelo nosso aterramento, é através desse chakra que criamos e estimulamos a força ativa no cotidiano, sua cor é vermelha, seu elemento é a terra. Além da dança, podemos equilibrar esse chakra através da yoga ou então através do nome de Deus na religião islâmica. Deus tem vários nomes, os que são conhecidos por nós são os 99 nomes de Deus no alcorão, podemos usar um

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de seus nomes para também trabalhar a espiritualidade e esse chakra. AlRAZZAQU: O Dispensador; Aquele que nutre (O nutridor) (Alcorão XXII,58; XXXV,3; XXXIX,17; LI58; LXII,9; LXII,11)

Já na filosofia persa segundo minha querida mestra Patrícia Bencardine, o corpo é dividido em triângulos,

sendo que cada um deles é um caminho a seguir. O que usamos no shimmie é o primeiro triângulo, este meninas, continuou minha professora, é um desenho que fiz baseado nessa filosofia. Reparem que o primeiro triângulo é na base do corpo, ele é tridimensional, é estrutural, é o nosso aterramento. Esse formato é o podemos chamar de Dragon´s eyes, Olhos de dragão, que simboliza a Deusa tríplice, ele apareceu na época medieval em livros

de magias para incorporar a proteção dos espíritos femininos. Como vocês podem ver, o shimmie é um movimento primordial que simbolicamente falando, é um exercício físico no qual podemos entrar em contato com o nosso eu interior.1

1Livro: Os 99 nomes de Deus no alcorão , Gabriele Mandel, Editora Vozes

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Nossa depois de todo esse conhecimento, aprender a fazer o shimmie parecia mais sagrado do que nunca! Seguindo as instruções da professora - tínhamos que flexionar os joelhos, encaixar a pélvis, subir o tronco, relaxar o bumbum e alternadamente movimentar os joelhos, pronto esse era o sagrado shimmie. Nesta aula não tivermos exercícios extras, também nem precisava! Na próxima aula...

Exercício número quatro Em uma folha de papel desenhe de um lado, o que representa para você o masculino e no outro o que significa o feminino. Faça o exercício e sua autoanalise.

Lado masculino

Lado Feminino

Com duas perguntas a professora abriu minha mente para o porquê minha vida estava como estava: - Sofia, Para você o lado masculino está ligado à ação/razão e o feminino a emoção? Você não acha isso muito básico? A aula para mim neste dia foi de total desconforto comigo mesma, ainda mais que trabalhamos os braços,

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que segundo a professora, estão diretamente ligados ao coração. Foi assim que ela começou a aula: Dançar com os braços não é uma tarefa assim tão fácil como parece, no passado, os braços eram moldurados, hoje em dia a criatividade e a interatividade dos braços são essenciais para que a dança seja completa. Para começar vou falar um pouco da fisiologia: Ombros - permite uma mobilização com grande amplitude de braço. Cotovelo - flexão e extensão permitiram o membro superior dobrar sobre si mesmo ou estender-ser. Mão - a mão se une ao antebraço pela região do corpo, o antebraço forma com o corpo o punho. Segundo o livro, 'Cure seu Corpo', os braços representam a capacidade e a habilidade de abraçar as experiências da vida; O padrão de pensamento deve ser: Eu abraço minhas experiências com carinho, facilidade e alegria! Na filosofia Indu, os braços fazem parte do chakra Anahata, chakra do coração e é nesse local no corpo onde reside o amor cósmico; Anahata significa “espontâneo". Tudo isso é lindo, mas para que serve? O que tem a ver com a dança? Te digo, são os braços que contam a história, que traduzem, que passam o sentimento da dança, temos que deixar a energia fluir, que adquirir leveza ( com a postura certa e com o treino certo, os braços vão ficando cada vez mais leves), que abrir nossos corações e sentir a música através dos braços. Faça o teste, dance somente com os braços e perceba a diferença!

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Ela colocou uma música lenta e dançamos livremente somente com os braços, foi uma experiência maravilhosa.

Na próxima aula...

Exercício número cinco Escrever em uma folha de papel o que você mais ama e o que mais odeia. Feito isso dançar com uma música suave o amor e com uma música marcante o ódio. O que mais amo – dançar, ler, dormir, vida, alegria, boa companhia, flores, tulipa, filmes, namorar, família, Deus, viajar, animais. O que mais odeio – fingimento, falsidade, perigo, medo, grosseria, comercial de televisão, acorda cedo, dormir cedo, briga familiar, ignorância. Escrever foi fácil, dançar foi outra história. Para a dança do “amo” escolhi uma música lenta árabe, para a dança do “odeio” um derback. Por incrível que pareça dançar o que amo foi extremamente difícil, o que isso significava? Na próxima aula perguntei para a professora e ela respondeu com outra pergunta: - Qual é sua rotina? Você tem feito coisas que gosta? - Não é possível que com uma simples dança eu possa analisar minha vida. Disse para professora. - Essa não é uma simples dança Sofia. Respondeu ela. Na próxima aula depois da aula no relaxamento...

Exercício número seis- Meditação ativa Feche os olhos e respire fundo. Imagine um velho baú com um tampo pesado. Veja-se levantado a tampa.

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Coloque dentro do baú todos os seus aborrecimentos, medos, irritações, frustrações, raiva, dor e timidez depois feche o baú. Depois dessa aula, fui para casa mais leve. Na próxima aula...

Exercício número sete. Desenhe um cálice e coloque dentro dele tudo o que representa você. Assim que acabei este desenho do cálice, disse para a professora que iria refazer, pois o desenho estava horrível, mas ela, como sempre, me passou mais um aprendizado: - Sofia, a perfeição não existe, ela foi inventada por aqueles que idolatram a frustração. Bom depois dessa, não fiz outra coisa senão entregar esse desenho mesmo!

Depois de todos os desenhos entregue, ela começou a contar sobre o simbolismo do cálice:

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- Meninas, o cálice representa o ventre feminino. É nele que os homens bebem seu liquido mais sagrado, a essência mais pura da alma, nosso eu. Por isso, ele deve ser sempre reverenciado e respeitado. Devemos sempre pensar de forma positiva, ir sempre à busca do autoconhecimento, da iluminação, do desapego, do amor. Dentro do nosso ventre, deve sempre estar presente à energia da Deusa, do culto ao feminino, nunca podemos deixá-lo vazio, sem conteúdo, o universo é perigoso e muito misterioso, a gente nunca sabe que tipo de energia ele vai preencher o vazio, não podemos arriscar. Tudo o que pensamos e desejamos vai direito para o ventre, a dança ajuda a liberar energias ruins ou estagnadas, desde que elevamos nosso pensamento e aprofundamos nossos estudos. Não sei quanto minhas colegas, mas eu entendi muito pouco a explicação da professora sobre o ventre, ou melhor, sobre o cálice. Ao término da aula, perguntei mais sobre a energia da Deusa. - Sofia, disse ela, Adam McLean diz que a Deusa é um arquétipo eterno da psique humana. Ela sempre está ao nosso lado, mesmo quando desprezada, reprimida ou negada exteriormente. Ela se manifesta desde os primórdios da civilização e aparece na cultura contemporânea sob muitos disfarces. - Ainda não entendi. Disse desanimada. Ela continuou, - A Deusa é a energia Geradora do Universo, é associada aos poderes noturnos, a Lua, a intuição, ao lado inconsciente, a tudo aquilo que deve ser desvendado, daí o mito da eterna Ísis com o véu que jamais deve ser desvelado. No caso da lua, ela é relacionada, pois, a lua jamais morre, mas muda de fase

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a cada sete dias, representando os mistérios da eternidade e mutação. Por isso a Deusa é chamada de a “Deusa Tríplice do Círculo do Renascimento“, pois também muda de face, assim como a Lua, se mostra aos homens de três diferentes formas como: A Virgem, A Mãe e A Anciã. Ela já foi reverenciada em todas as partes do mundo sobre diferentes nomes e aspectos. Seu nome varia, mas, sempre foi venerada como o princípio feminino eterno e estático que está presente em tudo e incluso no nada. Ela é o poder do feminino que dá vida ao mundo e fertiliza a terra. - E o que a Deusa tem a ver com a dança do ventre? Nesse dia resolvi insistir! A professora respondeu: - Nas antigas religiões o culto da deusa era praticado pela maioria dos povos. A Dança fazia parte dos cultos. Alguns movimentos eram muitos parecidos com os da dança do ventre, Segundo Lucy Penna a criação desses movimentos e dançando os seres se identificavam com a eterna roda da vida, aprendiam a compreender como foi feito o universo e podiam constatar no seu centro a chama criadora que move em cada um. A dança era um instrumento para “alcançar” os deuses, deusas, a luz, a consciência. Com o passar dos tempos e com o fim da religião antiga a dança foi adaptada para ser executada como simples forma de divertimento, todo o conceito da prática religiosa foi sendo esquecida e sofreu um enorme preconceito, um exemplo disso é o relato na bíblia de Salomé. A sua relação com a deusa e a deusa em si foi sendo substituída por conceitos impostos por aqueles que comandavam os novos tempos. Sua banalização foi

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sendo enraizada. Porém a marginalização não se teve por completa, alguns povos ou até mesmo algumas pessoas continuaram a acreditar nos ensinamentos do passado e de uns tempos para cá a relação com a deusa vem sendo revivida e através da dança do ventre ela vendo sendo explorada e divulgada, mas será que essa exploração está sendo positiva? O que diriam as sacerdotisas do templo? A dança do ventre faz com que nos tornemos deusas e com isso chegamos mais perto da matriz, da mãe, é um mergulho em nós mesmas, é um encontro com nossa feminilidade. Segundo estudo de Patrícia Bencardine, os estados de consciência que podemos atingir da deusa através da dança do ventre são: • Danço porque sou a deusa; • Danço porque represento a deusa; • Danço porque sou uma parte da deusa; • Danço porque estou mergulhada na deusa. Cada mulher, bailarina precisa saber manifestar a deusa de sua própria maneira e consciência. “A jornada do herói trata de viver o próprio destino e não aquele que a sociedade define.” Vivenciar a Deusa é o reencontrar a verdadeira essência da mulher, a serpente tem uma simbologia muito interessante, ela vive trocando de pele, quando está se movendo está continuamente mudando sua forma e a cada ondulação ela troca sua imagem; uma cobra é um animal com mil formas e ainda assim é uma cobra, isso é vivenciar a deusa. Temos que estar sempre criando, mantendo e destruindo nossos pensamentos, nossos movimentos, nossa energia feminina, a energia da grande mãe e com

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isso transformando nossa dança do ventre em dança da deusa-mulher, do amor, da terra, da vida. Na próxima aula...

Exercício número oito Dance livremente e logo depois desenhe o que vier a cabeça. Foi isto que me veio à cabeça:

Obs. Você, minha querida leitora, está fazendo os exercícios junto comigo? Espero que sim! - Alunas, ontem falamos bastante sobre as Deusas. Hoje vou complementar falando um pouco de uma das Deusas mais conhecidas e faladas do mundo, Afrodite. A sala ficou ansiosa, um completo silêncio tomou conta do ambiente, atentamente escutamos a professora. - Muito se fala dessa deusa quando o assunto é feminino e dança do ventre, mas poucas sabem que seu mito quase não é vivenciado. No livro “As faces eternas do

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feminino” tem um parágrafo sobre o mito que é a chave do feminino de Afrodite: "Afrodite nasce como resultado de um ato violento de castração do pai, em função do excesso de rejeição que ele demonstra pelos filhos, frutos da sua união com Gaia. A deusa não vai ter contato direto com Gaia (nasce adulta) e acaba desenvolvendo um modo próprio de lidar com o masculino. É uma deusa extremamente poderosa, mas cuja maneira autônoma e livre de agir perturba a dinâmica patriarcal rígida. Ela pode ser considerada uma força primordial e mais antiga que o próprio Olímpio (...). Simbolicamente poderíamos dizer que ela é a imagem diferenciada de mulher que se separa da dimensão mais oceânica da figura materna.” Quem de nós tem o feminino tão puro que não é influenciado nem pela figura materna e nem pelas críticas masculinas? Afrodite, no meu ponto de vista, só é a deusa da beleza, do amor, da sedução porque seu feminino não foi castrado, não foi moldado e muito mesmo sufocado pelas forças opressoras masculinas. Essa parte do mito mostra ainda que é na fase adulta que devemos busca nosso feminino nos "livrando" das influências maternas e paternas. Temos a tendência de vivenciar tudo na superfície do ser, quantas mulheres dizem que trabalham o feminino na dança do ventre? Milhares! Quantas realmente desenvolvem esse feminino? Muito poucas e o motivo para isso é simples: ninguém pensa no mito, ninguém estuda o mito... Queremos comprar o frasco com a poção mágica de Afrodite e não percebemos que a única que pode fabricar essa poção é você mesma... Cada

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mulher tem sua própria receita, não se iludam o frasco mágico não está à venda! Se vocês gostam de mitologia, gostam de estudar o feminino, não deixem a inércia levar, parem, pesquisem, se empenhem, transformem suas vidas. Isso depende só de vocês, sua professora de dança, suas amigas, sua mãe, suas irmãs etc. podem ajudar, mas elas não são necessárias para que Afrodite entre na sua vida. Vá à busca que a deusa te encontrará Importante - Não faça ritual da deusa sem ir a fundo à análise de seu mito, antes de qualquer coisa para conseguimos um trabalho profundo e realmente eficaz relacionado às deusas, precisamos sair do raso e mergulhar com tudo nos mitos! Eu amo a dança do ventre, pensei comigo assim que a professora acabou de falar. Inspiradas, dançamos como nunca. Quando cheguei em casa, liguei o computador e comprei todos os livros citados pela professora, estava decida a ir fundo no meu aprendizado. A dança do ventre estava abrindo uma enorme janela para meu eu interno, a sensação, a princípio era de medo, depois de grande emoção. Ansiosa para a próxima aula fui deitar e quase não dormi.

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5. A teoria do Shimmie - Boa noite meninas, tudo bem com vocês? Perguntou a professora. - Tudo bem Profe e você como está? Perguntou Giulia. - Estou ótima, graças às deusas! Bom vamos começar aula de hoje? - Vamos. Respondemos em forma de coral. - Hoje vamos treinar muito o shimmie, por isso vou começar contando minha teoria sobre a origem deles. - O movimento mais expressivo da dança do ventre em minha opinião são os shimmies, sua execução exige da bailarina soltura de quadril, força, equilíbrio, alongamento, alimentação adequada ("barriga vazia = shimmie sem força") e muito treino. Cada cultura tem seu tipo de shimmie, mas porque o shimmie hawaiavano é executado com movimento circular da pélvis e o árabe é executado alternando os joelhos? A Classe permaneceu em silêncio e a professora continuou. - Levando em conta que em tempos muito antigos a dança era a representação da natureza, as mulheres observavam e reproduziam os movimentos da natureza em forma de dança para estabelecer uma comunicação com os deuses e deusas. Analisando a paisagem, a natureza dos países árabes, podemos dizer que muito provavelmente ao observar os ventos batendo em suas tendas, em seus rios ou em suas vegetações, esse movimento de tilintar foi reproduzindo em forma de shimmies alternando os joelhos.

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Já a paisagem, a natureza do Hawaii é totalmente diferente; Na base de sua cultura, estão os poderosos vulcões que com sua forma de funil e sua força efervescente inspiraram os movimentos circulares dos shimmies havaianos. Dito isso, vamos ao shimmie. Terminou sorridente a professora. Nada contra a teoria, mas que era difícil assimilar o movimento do shimmie sendo ele árabe ou havaiano, ah isso era! A teoria me fez pensar sobre a natureza, sobre os cultos, sobre as religiões e seus deuses. Pensei em Jesus, Buda, Maomé, Moises e seu contato com a natureza, com sua paisagem, com sua rotina e me perguntei: - Será isso pode ter contribuído em seus ensinamentos? Mesmo sabendo que dificilmente responderia esta pergunta, comecei uma pesquisa sobre o local de nascimento de cada mestre. Fiz descobertas incríveis, pesquise você também e depois me conta o seu resultado, meu e-mail é: [email protected].

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Na aula seguinte, Exercício número 9. Desenhe uma árvore que represente você e depois coloque três frutos que representem seus projetos de vida.

Entreguei para a professora que me disse: - Um projeto é como uma semente pode demorar em virar uma árvore, mas depois que vira dará sempre frutos. Esta professora estava me saindo uma bela mestra zen, disse para minhas colegas que riram do comentário. Na próxima semana, teríamos um feriadão pela frente e não teríamos aula, a professora, como lição de casa, pediu para que assistíssemos ao filme Senhor dos anéis. Ela não quis dizer o porquê dessa lição, só disse para assistimos o filme com bastante atenção.

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Na aula seguinte, depois do feriado, ela começou a aula perguntando sobre o filme. - Meninas o que vocês acharam do filme? Algumas de nós responderam que gostaram, outras que acharam muito longo, outras detestaram, mas algumas surpreenderam. - Professora, esse filme tem algum ensinamento para quem pratica dança do ventre, não tem? Perguntou Laura. - Tem sim Laura, fico feliz que você tenha notado. Respondeu a professora. Dito isso, ela começou a nos contar qual era o aprendizado: "O mundo está mudado. Eu sinto na água. eu sinto na terra. Eu farejo no ar. Muitos do que já existiu se perdeu, pois não há mais ninguém vivo que se lembre." (The Lord of the Rings, J.R.R. Tolkien).

- Meninas, em 1937 quando Tolkien começou a escrever o livro Senhor dos anéis, não imaginava o sucesso que faria. Sua obra inspirou e inspira até hoje a arte, a música, os filósofos, os videogames, as companhias de danças. Eu sou fanática pela história e seus personagens, a ponto de fazer uma relação com as bailarinas de dança do ventre, loucura? Quase nada. Disse a professora rindo.

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- A relação dos personagens com a cultura pop e a filosofia é, no meu ponto de vista, o mais interessante do livro. Se compararmos os personagens com a dança, podemos concluir que o Hobbits (únicos seres capazes de carregar o anel) seriam as bailarinas iniciantes da dança do ventre, pois ainda estão puras, sem pré-conceitos, sem egos, sem muita vaidade, elas são as únicas capazes de carregar a pureza da dança. Os senhores - anões, grandes mineradores e artífices dos corredores das montanhas, podem ser comparados as bailarinas que se empenham na dança, fazendo workshops, aulas diversificadas, criando e bordando suas próprias roupas, mineradoras e artífices da dança do ventre. Já as tal mestras, campeãs disso e daquilo, bailarinas com o tal padrão de qualidade, podem ser comparadas as raça dos homens que acima de tudo, desejam o poder. Os Gollum eu comparo com aquelas bailarinas que infelizmente se deixaram levar pelo poder negativo da dança, com egos inflados, necessidades extremas de palcos e aplausos, com a preocupação exagerada com o físico, a roupa, o cabelo, com o externo. Os Elfos, seres imortais, mais sábios e belos de todos os seres, não podemos comparar a ninguém nem a nada com relação à dança, pois para alcançar a sabedoria e a beleza, é preciso mudar e muito a maneira como encaramos a dança, a maneira como ensinamos a dança, a maneira como vivenciamos e pensamos a dança do ventre! O filme teve um novo sentido para mim, vou assistir novamente e olhar atentamente essas relações. Pensei comigo. Faça o mesmo.

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Na próxima aula...

Exercício número 10 Que parte do seu corpo você mais gosta? Por quê? Gosto dos meus olhos, pois eles me remetem a um lugar distante que um dia vivi. - Sofia, os olhos são as janelas para alma, seu feminino está ligado ao interno. Disse a professora com uma naturalidade ímpar. Eu, para variar, não havia entendido direito seu comentário então perguntei: - Sabe, Profe outro dia estava pensando no feminino, será que sabemos o que ele realmente é? Será que colocamos em prática? E conclui: Em um busca rápida pela Google não achei nada que explicasse ou defini-se o feminino, achei umas coisas complexas como Jung e os arquétipos, Freud e o histerismo, então afinal o que é o feminino? A professora com uma calma invejável respondeu: - Talvez o feminino seja a emoção, a sensibilidade, a beleza, a intuição, a compreensão, a delicadeza, a sensualidade, o amor materno incondicional, o entendimento e a complexidade. Todas nós temos um pouco de cada um desses adjetivos, no passado fomos obrigadas a "guardar" essa energia, a "guardar" o feminino, aí o que aconteceu? Algumas polarizaram e outras o mantiveram trancado e outras foram obrigadas por conceitos religiosos, a reprimi-los. Por isso hoje se fala muito do feminino, temos mesmo que liberar essa energia, temos que voltar a usar a intuição, a delicadeza e todo o resto que completa nossa alma e devemos fazer isso sem culpa, sem medo, sem

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preconceito. Ser mulher não se resume a tarefas, nem a trabalho, nem a maternidade, ser mulher é muito mais complexo e desafiador que isso... Não permita que ninguém, seja pai, irmão, tio, namorado, marido, chefe, amigas, família, religião tirem ou abafem você, Lute sempre, pois chegará o dia que nossas filhas serão livres. Na mesma aula...

Exercício número 11 Qual a maior qualidade e o maior defeito de sua mãe? Depois de responder, compare com as suas qualidades e defeitos. Este exercício levei para casa, era muito complexo para fazer em aula. Na aula seguinte, com o exercício feito, hesitei ao entrar na aula, no fundo tinha medo daquele exercício. - Meninas foi difícil fazer o exercício 11? Perguntou a professora. Respondemos que sim. Ela começou a aula com a resposta do meu exercício. Mãe - Maior qualidade/ facilidade em perdoar, maior defeito/ ser muito passiva. Eu - Maior qualidade/ paciência, maior defeito/ não saber se expressar. Comparação- Acredito que a facilidade em perdoar seja como a paciência, difícil de ser alcançada. Por um lado, a paciência tem limites, já o perdão não. Defeitos- ser passiva e não saber se expressar no fundo são as mesmas coisas, aquela que não sabe se expressar e é passiva, será sempre manipulada.

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- Muito bem Sofia, você está de parabéns. - Meninas, para um verdadeiro autoconhecimento precisamos nos aprofundar também na personalidade de nossos familiares. Completou a professora. Ela continuou: - Falando de aprofundar, vocês sabiam que assim como no autoconhecimento, a dança também tem suas artes complementares? Surpresas, ficamos atentas a sua explicação. - Em qualquer forma de arte existe a arte que aprimora, que completa seus conhecimentos. Por exemplo, um espadachim deve praticar a caligrafia, um arqueiro deve praticar a respiração, um lutador deve praticar a dança, uma bailarina de tribal fusion deve praticar yoga e uma bailarina de dança do ventre deve praticar o autoconhecimento. Mas no que ajuda? Quando um espachim pratica a arte da caligrafia, ele aprimora os movimentos do pulso, cotovelo e ombro. Quando um arqueiro pratica a arte da respiração, ele aprimora o controle da direção da flecha. Quando uma bailarina de tribal pratica Yoga, ela aprimora seu alongamento facilitando os cambres e ondulações. Quando uma bailarina de dança do ventre pratica o autoconhecimento, ela aprimora o entendimento corporal e emocional facilitando o aprendizado. "Tolo é aquele que coloca sua arte em uma concha." Nessa aula, além de aprender o camelo (ondulação corporal), discutimos sobre nosso autoconhecimento.

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Exercício número 12- Meditação ativa Imagine que você está mergulhando em alto mar. No fundo, você encontra vários objetos e escolhe alguns para trazer a superfície. Feito isso, desenhe em um papel ou corte e cole em uma folha os objetos que você escolheu. Faça você também.

- Sofia, o que você acha que esses objetos significam? Perguntou a professora. - Não sei bem, mas acho que a bola significa que quero fazer com que as coisas “rolem”, o vestido que preciso sair mais para me divertir, a caixa que ainda tenho muito segredos para revelar e o livro que talvez as respostas estejam no estudo, no aprofundamento do eu. - Você está cada vez mais penetrando no seu inconsciente, isso é muito bom. Disse a professora para minha alegria.

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6. Nem todo passo é para você Hoje faz um ano que estou aprendendo esta arte tão maravilhosa chamada dança do ventre. Cada mês que passou, descobri nos exercícios simples dado pela professora, mais sobre mim. Eu sabia que ainda tinha um longo percurso pela frente, mas descobrir que nem todo passo era para mim foi complicado. Na primeira aula do ano, aprendemos o tal shimmie Souhair, ou melhor, as meninas aprenderam, eu não conseguia de jeito nenhum fazer o tal passo. Com três aulas passadas sem conseguir executá-lo, eu estava a um passo de desistir quando a professora me disse: - Sofia, tirando o balé, todas as danças além de seus passos característicos, adicionam passos de outros estilos, passos pessoais, passos da moda. O shimmie Souhair é um exemplo disso, esse passo foi desenvolvido por uma bailarina, a Souhair. Aprender os passos tradicionais é essencial e obrigatório, porém todo o resto deve ser personalizado, um passo fica maravilhoso quando executado pela bailarina X, porém pode ficar ridículo quando executado pela bailarina Y. Por isso, bato tanto na tecla de que cada corpo dança de uma forma única, cada uma de nós tem uma personalidade, uma alma, tem um estilo de dançar! Aprenda tudo, dance apenas aquilo que naturalmente faz parte de você.

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Exercício número 13 Desenhe a árvore de seus ancestrais.

- Profe esse foi o melhor que consegui desenhar. - Sofia não importa o desenho, importa o exercício e seu empenho em realizá-lo.

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Na aula seguinte, entendemos o porquê da árvore. - Meninas, nos arquétipos2 podemos entender melhor nossos desafios, assim como na vida, a dança do ventre é recheada de arquétipos. Para citar alguns: Grande mãe - professoras que têm a tendência de tratar as alunas como filhas ou alunas que inconscientemente querem ser tratadas como filhas. Herói - bailarinas que a todo custo querem vencer. Dragão - bailarinas, professoras ou alunas que adoram "devorar" umas as outras. Mas hoje não vou comentar sobre estes arquétipos, no pequeno grande mundo da dança do ventre, as deusas e a busca do feminino são assuntos recorrentes, então vou primeiro comentar o arquétipo da Deusa - Mulher - Perséfone, Mulher - Deméter, Mulher - Ártemis, Mulher - Atena, Mulher - Afrodite, Mulher-Hera, Mulher-Héstia. A dança do ventre por si só já exalta em nós, um dos aspectos da deusa, porém esse aspecto precisa ser entendido e compreendido. Toda essa facilidade no encontro com o feminino sagrado gera muita confusão, pois muitas trabalham o feminino na dança através somente do externo, em ser bela, a dança pode e deve ir, além disso, só quando aprofundarmos o estudo, a análise, a crença e o aprendizado podemos dizer que a dança é uma das ferramentas que resgatam o feminino sagrado. Fiquem atentas, o simples fato de praticar a dança não significa

2 O arquétipo constitui um dos conceitos básicos da teoria junguiana e expressa a existência de uma energia psíquica primordial, que está presente como potencial inerente á toda raça humana. Teresa e Vitória

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trabalhar o verdadeiro aspecto da deusa, do feminino, para isso você precisa querer ir mais afundo. "Os mistérios da mulher estão no corpo e na psique." Yogini.com. Vocês devem buscar e pesquisar sobre os arquétipos familiares, o como “funciona” sua família, vai determinar como você “funciona”. No final da próxima aula...

Exercício número 14 – Meditação Ativa Imaginar-se atravessando um riacho bem límpido. Você deixa na margem uma sacola com todas suas preocupações, feito isso você entra nas águas e flutua limpando sua aura. Hoje aprendemos a dançar com as taças. - Meninas, dançar com taças é ter em mãos o poder do fogo, o poder da luz, da vida, do amor, da Deusa. Sua origem pode não ser oriental, mas tenho certeza que sua representação e todo o seu simbolismo são baseados nas filosofias orientais, por isso temos que deixar o fogo da vela entrar em sintonia com o nosso fogo interior e dançar com toda nossa alma. - Profe, qual a origem da dança das taças? Perguntou Marta. - Marta, não se sabe ao certo, mas talvez a origem das taças seja americana. Não existem relatos de bailarinas árabes dançarem com as taças, o candelabro é a única dança com velas que se tem registro no oriente. A origem mais provável seja que as americanas ao ver a dança do candelabro, tenham feito uma adaptação para a taça por ser mais “prático”.

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Exercício número 15

Qual é seu ponto fraco? Do que você tem inveja? Do que você tem medo? Escrever em um papel e desenhar. Nesse exercício eu tinha que perguntar: - Professora, mas porque temos que desenhar? - Sofia, ao desenharmos concretizamos o pensar. Na aula seguinte trouxe o desenho.

Meu ponto fraco – Expressão. Do que tenho inveja – De uma boa postura ao dançar. Do que tem medo – de não poder dançar. Poxa por que quando paramos e nos concentramos em nós, conseguimos descobrir coisas que na correria do dia a dia passam despercebidas? A partir desse dia, vou meditar sobre mim pelo menos uma vez por dia.

Atrás do desenho, a professora escreveu as seguintes dicas: - Sofia, vamos combinar que a dança do ventre não é algo simples de aprender, além de aprender a movimentar trocentas partes individuais do corpo, temos que aprender a unir esse movimento corporal, com a música e com a expressão. Como fazer isso de forma harmônica e natural? Talvez a expressão seja uma mistura de naturalidade e entrega na música parece fácil de fazer, mas infelizmente a expressão é como o shimmie quanto mais treinamos mais solto fica! A bailarina sem a percepção do corpo sua dança não

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passa de uma dança qualquer, por isso resolvi colocar aqui um aprendizado super simples dividido em três partes que irá ajudar a percebermos realmente o corpo. 1º A respiração zen: ela é muito mais lenta e os movimentos respiratórios são controlados pelos músculos do abdômen inferior e não pela musculatura do peito. 2º A Postura: a postura correta facilita a respiração correta que facilita movimentos corretos, que facilita uma dança correta! 3º A concentração: temos que aprender a concentrar só assim escutaremos a música, sentiremos os movimentos acontecendo e conseguiremos nos entregar verdadeiramente a dança sem se preocupar com a platéia, com o estrelismo, com o narcisismo e outras cositas mas. Para treinar basta você contar a respiração de um á 10 e retornar ou então usar o Koan. Um koan é uma narrativa, diálogo, questão ou afirmação no Zen-Budismo que contém aspectos que são inacessíveis à razão. O koan tem como objetivo propiciar a iluminação do aspirante zen-budista. Um koan famoso é: "Batendo duas mãos uma na outra temos um som; qual é o som de uma mão?" o ato de responder fica sendo o foco de concentração. (tradição oral, atribuída a Hakuin Ekaku, 1686-1769). Na próxima aula...

Exercício número 16 Faça uma análise de como está sua comunicação com a dança e como esta comunicação pode melhorar?

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Minha comunicação com a dança, ainda está via telefone discado, mas tenho certeza que estou caminhado para a comunicação via internet mega super-rápida! O posso fazer para melhorar? Estudar mais e ficar mais concentrada nas aulas. - Meninas, como a maioria de vocês responderam a pergunta dois com a mesma resposta, ou seja, uma melhor concentração, hoje vamos falar do melhor aproveitamento em sala de aula. - Uma atitude simples pode melhor quase em 98% seu aproveitamento em sala de aula, basta não deixar ansiedade entrar com você para a aula. Preste a atenção na explicação da profe, tente realizar o movimento com calma, assim seu corpo tem maior chance de entendê-lo. Vejo muitas alunas simplesmente copiando o movimento, querendo entende-lo com uma rapidez de papa-léguas, quem tem facilidade, realmente entende o passo super-rápido, porém cada mulher tem uma dinâmica corporal que varia dependo da idade, das vivências, e até do estilo de vida que levamos. A calma e a persistência são os melhores remédios para as aprendizes de dança do ventre, respire fundo, observe o passo, escute a explicação, depois tente executá-lo. Pode ter certeza que seu desempenho irá melhor muito. E um conselho ainda mais valioso, não deixe caí na tentação da competição: “Ah todo mundo pegou o passo eu também tenho que pegar”, pensando assim, você nunca irá se superar, será apenas o Coiote do papa-léguas sempre correndo atrás e nunca conseguindo realmente alcançar seus objetivos.

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Lembrem-se, cada uma tem se próprio tempo respeite o seu, tenha paciência! Na próxima aula...

Exercício número 17 Faça uma meditação simples e crie um ritual usando sua intuição. Não se esqueça de fazer o mesmo. Depois da meditação, esse ritual veio a minha mente: Ritual Dance Deusa – vista uma roupa toda branca e um cinto rosa. Acenda uma vela branca e uma rosa pedindo á Deusa que você tem mais intimidade, equilíbrio para o seu feminino. Acenda um incenso de rosas brancas e coloque uma música alegre, mas não muito rápida e dance pensando na Deusa até a música acabar. Nossa foi muito lindo esse ritual, minha profe é realmente uma mulher especial, sem ela não travessaria as barreiras do meu eu.

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7. Teoria musicalidade Na próxima aula falamos dos instrumentos musicais e os ritmos de cada região. - Queridas, durante uma de minhas aulas, uma aluna me perguntou: Qual a diferença do tambor africano para o árabe? Expliquei, mais decidi ir além. Pesquisando sobre a história da música e dos instrumentos, percebi que existem várias teorias e várias versões. Algumas teorias: MESOPOTÂMIA3 - Atualmente, o Tigre e o Eufrates atravessam um país seco e pedregoso, o Iraque. Mas, à seis mil anos, a Mesopotâmia era muito fértil: não era pois necessário que toda a gente cultivasse a terra e criasse gado. Alguns habitantes tornaram-se artesãos: fabricavam ferramentas, ornamentos, armas; outros se tornaram chefes ou legisladores, soldados, padres, outros ainda músicos. Nos templos das grandes cidades, os padres esforçavam-se por agradar ás terríveis divindades da fome, do fogo e das inundações. A música representava um papel importante nos ritos. Cada divindade possuía, pensava-se, o seu instrumento favorito: Um dos instrumentos de percussão era um tambor em forma de taça.

3 Site da pesquisa

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O Egito- A primeira civilização Egípcia assemelhava-se á da Mesopotâmia. Os historiadores não sabem praticamente nada sobre o tipo de música que eles preferiam, apenas que era calma lenta e compassada. Nas pinturas morais, há dançarinos e músicos em atitudes serenas e graciosas, tocando flauta e harpa, instrumentos muitas vezes associados á paz e á meditação. Nos campos e nas vinhas, batiam-se pauzinhos para afastar as aves e outros animais nocivos. Quando imploravam aos Deuses, os Egípcios serviam-se desses pauzinhos para obter um ritmo de dança. Numa outra cerimônia, uma sacerdotisa levava um sistro (anéis metálicos fixos num quadro em forma de Y) como símbolo do poder divino. Dos instrumentos de percussão podemos salientar os seguintes: Crotalos - Primeiro feitos de madeira, marfim e mais tarde em metal; Pratos – Idênticos aos ocidentais. Sistro – É o instrumento mais característico do Egito. É constituído por uma lamina de metal e fixa a um cabo. Essa lamina tem várias argolas metálicas. Tambores – De variadas formas. A CHINA - Na China produziu-se uma tradição musical antes mesmo do Egito antigo. Segundo a lenda, um Imperador Chinês decretou cerca de 2700 anos antes de Cristo, que o som de um “sino amarelo” especial seria a base da música Chinesa. Depois, o estilo musical Chinês permaneceu praticamente imutável no decurso de milênios. A música de origem popular e rítmica foi canonizada no uso durante as cerimônias rituais, como

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forma de etiqueta religiosa ou profana. Em especial, no período da dinastia Chen, Xamãs e os guerreiros que detinham o poder sobre os outros estratos sociais, instituíram uma série de cerimônias geralmente sacrificatórias às forças da natureza, nas quais a música tinha um lugar importante para acompanhar a recitação das formulas mágicas. A música Chinesa era geralmente acompanhada por danças. Os Chineses atribuíam á musica o poder de despertar e conservar a virtude. Dos instrumentos de percussão na China podemos destacar: Campanas – Instrumentos de metal, em forma de sino (encontra-se em jogos ou isolados). Gongo – Instrumento de bronze percutido com um martelo; Pratos – Idênticos aos ocidentais; Tambores – Das mais variadas formas. Porém para alguns filósofos, a música pode ter surgido na pré-história com a necessidade do homem de se comunicar com os Deuses. Ao escutar os sons da natureza, surgia a idéia de que esses eram os sons que os deuses usavam para se comunicar com o universo e a partir daí começaram a imitar os sons dos trovões, das chuvas, dos animais. Agora volto ao começo dessa conversa, então porque as tribos africanas tocavam tambor e as tribos européias tocam instrumentos de sopro e de cordas, na sua maioria? Minha teoria é a seguinte: Na pré-história o homem africano não precisava da pele do animal para se aquecer, a pele era usada para outras coisas, mas não

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era um acessório vital, daí a possibilidade de fabricar instrumentos com as peles (tambores, batuques etc.); Já as tribos européias precisavam muito das peles para se aquecer, fazer cabanas resistentes ao frio, fazer “cobertores” , a pele era essencial para a sobrevivência, sobrando assim espaço para a criação de outros tipos de instrumentos como de corda feito de tripas e instrumentos de sopro feito de madeiras. Acredito que por esse motivo e com a evolução das espécies, cada tribo foi aperfeiçoando sua música e seus instrumentos e hoje a Europa é (pelo menos para meu namorado) o símbolo do rock e a África, o Oriente Médio e até parte da Ásia, são especialistas em sons de percussões. - Nossa profe que interessante! Disse Julia. - Agora para quem quiser saber mais, anote os livros para pesquisa: O som e o sentido - Jose Wisnik Uma Breve História da Música - Roy Benett Roland Candé - História Universal da Música A origem da tragédia no espírito da musica – Nietzsche Na próxima aula...

Exercício número 18 Responda a pergunta: o quanto você se entrega a dança? Até onde vai seu mergulho? Minha resposta foi automática: - Nossa me entrego super, meu mergulho é profundo! -Sofia vai com calma, será mesmo que sua entrega é realmente profunda? Tem um texto no Samsara, que diz: -Machik-la, qual é especificamente o significado de “demônio”? — perguntou Gangpa Muksang.

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- Filho escute. Essas são as características dos demônios. Aquilo que é chamado de “demônio” não é de fato algo grande e escuro que aterroriza e petrifica quem o vê. Um demônio é qualquer coisa que obstrua a conquista da liberdade. Então, mesmo amigos queridos e afeiçoados se tornam demônios, no que diz respeito à liberdade. Mais do que tudo, não há maior demônio que essa fixação a um ego. Porque até que essa ego-fixação seja cortada, todos os demônios aguardam com as mandíbulas abertas. Por isso, você precisa se esforçar em um meio hábil para decepar o demônio da ego-fixação. [...] Machig Labdron (Tibete, séc. XI) Nesse pequeno grande mundo da dança do ventre, o capeta sempre está presente, seja na inflação do ego, seja na postura de uma professora mau caráter, seja na pretensão de algumas a limitar a expressão artística ditando regras e conceitos que na verdade não existem, seja na competição excessiva por fama e reconhecimento, seja na busca doentia da perfeição. Tudo isso leva a um só caminho: abraçar o capeta. Preste atenção e não caia na tentação! - Eita profe achei que estava abafando, na verdade isso também é mais uma lição que estamos aprendendo não é mesmo? - È isso mesmo Sofia, não podemos bater no peito e dizer isto ou aquilo, a humildade faz o aprendizado ser contínuo e verdadeiro.

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Na próxima aula...

Exercício número 19 Cole uma figura que represente o lugar e a roupa ideal para sua apresentação de dança.

- Lindo Sofia, agora transforme isso em realidade. - Mas como? - O como depende de você. - Sempre enigmática essa minha profe viu! Disse em voz alta com um tom descontraído. Na aula seguinte, a profe nos fez uma surpresa, cada uma de nós recebeu um caderno com a seguinte mensagem dentro: Durante séculos o ventre feminino vem sendo marginalizado, ignorado, silenciado. Apesar de termos vencido várias batalhas, a luta ainda não terminou. Precisamos despertar para o casamento alquímico do ventre com o autoconhecimento e nos despreender da ditadura do corpo perfeito, só assim superaremos a nós mesmas e venceremos os séculos!

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Um dos caminhos para esse despertar, no meu ponto de vista, é a prática oriental da dança do ventre. Na mesma aula...

Exercício número 20 - Nenhum exercício é válido se você não o fizer com a alma entregue, por isso nesse último exercício vocês devem fazer uma analise de tudo que fizeram e aprenderam. - Último? Professora, você está nos dizendo adeus? Perguntou Marta. - Não Marta querida estou dizendo até logo, agora a busca é com vocês. Esse será nosso último exercício, daqui para frente só aprenderemos a dançar. - Mas não podemos ficar sem os exercícios, eles me ajudam muito. Disse desanimada e triste. - Sofia, tudo o que você precisa está dentro de você, todos esses exercícios que fizemos, são apenas muletas de acesso, vocês não precisam mais delas, podem caminhar sozinhas. - Não gostei. Respondeu Laura. - Laura, meninas, não fujam da responsabilidade de buscarem o autoconhecimento. A verdadeira bailarina da dança oriental sabe que a fama é ilusão; Que o culto ao corpo não pode nunca ultrapassar o culto á alma; Que o egoísmo, mesquinharia, fofoca e falsidade não fazem parte do seu vocabulário; Ela sabe que será sempre uma eterna aprendiz; Sabe reconhecer seus defeitos e talentos; Sabe dialogar... Ela busca a dança como forma de iluminação e contato com o divino, Ela busca o conhecimento profundo; Ela não julga o desempenho de outras bailarinas; Ela é humilde o

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bastante para reconhece seus limites e seus desafios; Ela ensina por amor e com muita dedicação... Ela não esconde conhecimento, nem julga ser melhor do que ninguém; Ela sabe que currículo não faz a dança; Que dinheiro e sucesso são conseqüências; Seu maior desafio é ensinar suas alunas a serem melhores do que ela... Ela será sempre grata a aquelas mulheres que lhe ensinaram o caminho do "ventre" e abriram - lhe as portas para o mundo misterioso do sagrado feminino. - Obrigada professora por todos os seus ensinamentos, agora essa parte é com a gente. Disse em voz alta e todas concordaram.

Exercício 20 – Analise: Sabe, cheguei à conclusão

que a dança do ventre é um modo de vida, uma filosofia aplicada. Pensa comigo, a dança trabalha todos os nossos conceitos internos e nosso olhar para o externo, é graças a ela que entramos em contato com o feminino e podemos curar feridas, é através dos movimentos que transformamos o eu, que renascemos. Podemos nos auto-conhecer de uma forma simples, por exemplo, quando dançamos o corpo traduz quem somos e o que sentimos, com isso, se você perceber que está com dificuldade de movimentar o tronco provavelmente o seu chakra cardíaco está desequilibrado, se ficamos extremante tímidas é sinal que nossa preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros está acima do normal e por aí vai. Poderia escrever horas sobre como a dança cura o nosso feminino e muda nossa filosofia de vida, porém prefiro deixar você descobrir tudo isso sozinha, a única dica que deixo é: só com entrega total existirá a transformação!

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Anexos: 1. Alguns Movimentos básicos

Postura - Posição básica: Em pé, pernas afastadas e semiflexionadas, quadris encaixados e abdome contraído; tronco "reto" e cabeça para frente. Passos Shimmies: pernas ligeiramente afastadas e joelhos semi-flex, fazer movimentos alternados com os joelhos; flexionando-os alternadamente. Tentar não mover a parte superior do corpo. Básico: Pé um pouco à frente, quadril sobe e bate pra baixo. Fazer os dois lados – esquerda e direita. Batida lateral: Peso do corpo numa das pernas, apoiar o pé contrário a trocar o peso do corpo de lado. Pisa e troca. Redondinho: Imaginar que você está desenhando um círculo bem pequeno com sua pélvis. Redondo: Grande círculo com o quadril. Oito egípcio: Imaginar o símbolo do infinito na frente do seu corpo e tentar desenhá-lo com o quadril Camelo: Ondulação corporal, tentar desenhar um S começando com o peito, barriga, pélvis e vice-versa. Andada 1 : Cruza perna esquerda e abre perna direita.Alterne Twister: Um pé a frente do outro, torcer o quadril e levar o peso para a perna da frente e voltar o peso pra a perna de trás. Braços: 1.Com se tivesse pintando um quadro subir e descer alternadamente. 2. Braços ao lado do corpo, subir e descer alternadamente. 3. Cruzar os braços e subi-los até a cabeça e descer com eles abertos, delicadamente. Shimie Souhair: joelhos flexionados, peso na perna esquerda, bate quadril pra o lado direito levando o peso e vira quadril esquerdo pra frente. Repete o movimento. Oito pra frente: desenhar um 8 horizontal começando pela frente. Peso perna esquerda virar quadril pra frente e transferir o peso para o lado direito e repetir.

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Oito pra trás: desenhar um 8 horizontal começando por trás. Peso perna esquerda virar quadril pra trás e transferir o peso para o lado direito e repetir. Sobe desce empurra: peso na perna esquerda, quadril direito sobe, desce e empurra o peso da perna esquerda para direita fazendo um L. Bêbada: movimentos com os pés. Marca frente pé direito, cruza perna esquerda, cruza novamente a direita e abre lateral. Repete!

2.Lista de filmes Com cada um desses filmes eu aprendi, analise, estudei, pesquisei conceitos do feminino, da psicologia, da cultura, da vida cotidiana, formei conceitos e aprofundei meu olhar! • Balão Branco • As brumas de Avalon • Ás cinco da tarde • A feira das vaidades • Sob o sol da toscana • Pão e tulipas • Tempero da vida • Tempo de espera • A caminho de Kandahar • O expresso de Marrakesh • Ágata e a tempestade • Salomão e a Rainha de sabá • O jardim de Allah • Bem me quer, mau me quer • Lawrence da Arábia • Flores de aço • O Senhor dos anéis • As crônicas de Nárnia • Sex & The City (série) • Mata Hari • Colcha de retalhos • O último samurai • Memórias de uma Gueixa • A princesinha • Adeus Lênin

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• Chocolate • Violino Vermelho • Corra Lola, corra • Lúcia e o sexo • O Fabuloso Destino de Amelie Poulain • Noites com Sol • Sem notícia de Deus • Tudo Sobre Minha Mãe • Filho da noiva • As Mil e uma Noites • Kismet • E as chuvas chegaram • Intervenção Divina • Osama • Kung fu panda • O voto é secreto • Um casamento a indiana • Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera • A Menina Afegã ( documentário) • O poder do mito ( documentário) Boa pipoca :)

3.Dicas de livros Patricia Bencardini, Dança do ventre Ciência e arte. Textonovo

Jennifer Barker Woolger, Roger J. Woolger. A Deusa interior.

Cultrik.

Claudio Crow Quintino. A religião da grande Deusa. Gaia

Bri. Maya Tiwari. O caminho da prática, a cura feminina pela

alimentação, pela respiração e pelo som. Rocco.

Catherine Clément, Julia Kristeve. O feminino e o sagrado. Rocco.

Lucy Penna. Dance e recrie o mundo, A força criativa do ventre.

Summus

André Van Lysebeth. Tantra, o culto da feminilidade. Summus.

Peter Demant. O mundo muçulmano, editora contexto

Rudolf Laban, Domínio do movimento, Summus

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Joia Rara, o diário de uma aprendiz – Nassih sari

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Dionísia Nanni, Dança educação, Sprint

Victor N.Davich, O melhor guia de meditação, pensamento

Sylvia B. Perera, Caminho para a iniciação, paulus

Stanley Keleman, Mito e corpo uma conversa com Joseph

Campbell, summus

Martha Robles, Mulheres, mitos e mistérios o feminino através

dos tempos, Aleph

Hajo Banzhaf, A tarô e a viagem do herói, pensamento

4. Sites e blogs a serem visitados http://ventreemebulicao.blogspot.com/

http://poesiapensamento.blogspot.com/

http://www.femininoplural.com.br/

http://www.radiobastet.com/

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Joia Rara, o diário de uma aprendiz – Nassih sari

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9. Perfil da autora Simone Martinelli é o pseudônimo de Nassih Sari, que nasceu

em Guarulhos, São Paulo, em 1976. Começou a escrever

ainda criança, na adolescência teve um conto publicado pelo

jornalzinho do Mackenzie, escola onde estudava. Com o

passar do tempo os questionamentos e dilemas se

acumularam, sua primeira grande busca foi por Deus. Simone

leu e pesquisou Deus em todas as religiões e seitas. Em 2005

inaugura o famoso blog Poesia Pensamento que em 2010

ficou em terceiro lugar na categoria cultura votada pelo júri

acadêmico na premiação brasileira de blogs, o TopBlog.

Também em 2010 publicou dois e-books gratuitos sobre o

tema dança oriental, sua outra paixão, que já foram baixados

e lidos por mais de mil pessoas, além de expor algumas obras

em sites como overmundo e worldartfriends.com.

Contato: [email protected] Site: http://about.me/ssmartweb