INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA

Núcleo de Beja

GUIA PRÁTICO

Compilado por:Jorge Camarate

Janeiro 2002

INTRODUÇÃO

INTRODUZIR, CONDUZIR E EXPLORAR ACTIVIDADES DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

1. Síntese

As actividades desenvolvidas no âmbito de programas de informação e exploração vocacional, serão tanto eficazes quanto mais correctamente forem introduzidas, conduzidas e exploradas.

A exploração é especialmente importante em certas actividades, como Casos e Dramatizações.

2. Como introduzir as actividades

Apresente um objectivo ou finalidade para a actividade

Arranje a sala e reagrupe os participantes, se necessário.

Forneça definições dos termos a serem utilizados.

Explique a actividade e o que vai acontecer a seguir.

Distribua as instruções escritas e leia-as em conjunto antes de iniciar a actividade. Se fornecer apenas orientações orais procure captar a atenção dos participantes antes de começar.

Responda a questões antes de continuar.

Faça demonstrações de regras ou procedimentos.

Circule à volta da sala para se aperceber de que todos os participantes sabem o que devem fazer.

3. Como conduzir a actividade

Espere alguma confusão inicial. Pode encorajar a resolver problemas e a aprender

Disponha-se a voltar a explicar as orientações

Cumpra o seu papel de facilitador. Não tente jogar o jogo e conduzi-lo em simultâneo

Observe permanentemente os indivíduos e os grupos a trabalhar nos problemas, como cooperar e quando necessitam de estímulo ou ajuda. Recolha sinais para intervir e quando.

Recorde-lhes o passar do tempo especialmente quando houver prazo-limite para completar a actividade

Avalie quando deve parar uma actividade e passar à seguinte.

4. Explorar a actividade

Preveja tempo igual para explorar uma actividade ao da condução

Se utilizar apenas alguns participantes em dramatizações ou demonstrações, recolha feedback deles antes dos observadores

Prepare e faça perguntas que:

Revejam ou sintetizem o que aconteceu na actividade ou que os participantes apreenderam;

Identifiquem as escolhas que consideraram e como tomaram as suas decisões;

Sublinhem os diferentes papéis que os participantes desempenharam durante a experiência;

Ponham a descoberto conflitos e dificuldades.

Registe no quadro as ideias e o feedback dos participantes. Peça a um dos participantes que faça o registo para lhe permitir conduzir a discussão.

PREPARAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE SESSÕES DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

1. ASPECTOS A CONSIDERAR NA PREPARAÇÃO DE SESSÕES DE I.E.P.

Depois de ter procedido à recolha, tratamento, análise e produção de Informação, chegou a hora de planear uma sessão.

Para começar trate de responder ao seguinte quadro de questões:

O QUÊ?

Já sabe que se trata de uma sessão de informação escolar e profissional. Então, é necessário que passe à identificação do que tem para transmitir?

A QUEM?

Defina e caracterize o seu público-alvo

COMO?

Quais os meios que podem ser utilizados, o que vai fazer, que actividades vai planear e que sequências lhes vai dar em função dos seus objectivos? Defina objectivos claros, precisos e quantificáveis para a sessão, tendo em conta as necessidades dos utentes.

ONDE?

Em que lugar vai dinamizar as actividades? Dimensão da sala, luminosidade.

Que meios tem disponíveis e pode utilizar em função do lugar, dos objectivos e do público-alvo?

Quando é que a sessão vai decorrer, qual a duração, como organizar a informação no tempo – o que precede e o que segue?

2. DINAMIZAÇÃO DE SESSÕES DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

As sessões de Informação Escolar e Profissional têm como objectivo geral ajudar os participantes na preparação do seu futuro vocacional, facultando informação diversificada quanto aos sistemas formativos, o mercado de trabalho, as características das profissões e dos grupos profissionais, num espaço que privilegia o auto-conhecimento e a troca de experiências na relação interpessoal.

Metodologia

A organização das sessões deverá obedecer a critérios de flexibilidade e objectividade em função das características e necessidades dos participantes.

É aconselhável que o processo decorra em diversas sessões com actividades diversificadas. Entre as sessões respectivas os participantes deverão realizar experiências directas de exploração do meio – encontros com profissionais, actividades ocupacionais, visitas a empresas, exposições, etc.

Destinatários

Pelas características gerais apresentadas, podem participar nestas sessões jovens ou adultos, de diferentes idades, escolaridade, experiências e situação profissional.

Meios utilizados

O animador deverá dispor de informação relativa às alternativas de formação escolar e profissional, as características de diferentes profissões e grupos de profissões, assim como a dados relativos ao mercado de trabalho.

O animador deverá ainda dispor de exercícios, questionários e textos de ajuda na promoção do auto-conhecimento e na exploração do meio envolvente.

3. ESQUEMA GERAL DE DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

A - INTRODUÇÃO

Quem são os participantes? Que expectativas têm? Quais são os objectivos do programa?

ObjectivosRealizar a sessão de abertura do programa. Facilitar o relacionamento interpessoal no seio do grupo. Motivar para a participação no programa definindo os objectivos deste e das sessões que o constituem com o grupo, a partir das expectativas individuais e grupais.

Actividades

O animador apresenta-se ao grupo Os participantes apresentam-se através de uma técnica escolhida pelo

animador, tendo em atenção as características de grupo (idade, nível de escolaridade, etc.). Algumas das técnicas que podem ser utilizadas:

A entrevista cruzadaO “Brasão de Armas”Apresentação através de um desenho

Apresentação através de um objecto que esteja ao seu alcance naquele momento (uma caneta; uma fotografia; uma peça de vestuário; etc.).

B – CONHECIMENTO DE SI PRÓPRIO E EXPLORAÇÃO DO MEIO

“Quem sou eu, o que quero e que oportunidades existem?”

Objectivos

Sensibilizar os participantes para a importância do conhecimento de si próprio, aspirações e objectivos na pesquisa de informação relativa às oportunidades de formação escolar e profissional.Motivar os participantes para a exploração da informação.

Actividades

Negoceie os objectivos desta parte com os participantes Anúncio, Auto-retrato Identificar aspirações e objectivos a curto, médio e longo prazo. Instrumento “Actividades de Exploração de Si-Próprio e das

Profissões” ou “ Questionário de Auto-Avaliação”. Consulta de documentos e suportes de informação escolar e

profissional em função das necessidades detectadas nos utentes Organização de outras actividades de exploração da profissões e do

mundo do trabalho – Entrevistas a Profissionais; Encontros com Profissionais e Empresas.

C – TOMADA DE DECISÃO/CRISTALIZAÇÃO DA ESCOLHA

“Que decisões posso tomar e o que vou fazer a seguir”

ObjectivosClarificar/cristalizar o projecto vocacional a curto, médio e longo prazo. Preparar as acções seguintes.

Actividades

Jogo “Saltos para o Futuro” Jogo “O Mapa de Estradas da Minha Vida” Fichas de trabalho 7 e 8 (avaliação das escolhas) do “Manual de

Actividades de Exploração Pessoal e Profissional”. Guião do “Plano Individual de Carreira”

METODOS UTILIZADOS EM ACTIVIDADES DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

1. ESTUDO DE CASO

Caso é a descrição escrita (existem também Casos em Vídeo) e pormenorizada duma situação problema com o objectivo dos participantes escolherem a(s) decisão(ões) a tomar. O Caso simula a realidade, envolve os participantes mais activamente no processo de tomada de decisão e força-os a aplicar a teoria à prática.

CONDUÇÃO DE UM ESTUDO DE CASO

Escolha um caso adequado aos objectivos da sessão, tendo em conta as características dos participantes nomeadamente o nível de desenvolvimento vocacional, as habilitações literárias e a idade.

Divida os participantes em grupos de 4 a 6 elementos,

Explique a finalidade do caso e leia as instruções

Os participantes lêem o Caso e esboçam as decisões que consideram mais adequadas.

De seguida, em grupo, discutem as decisões respectivas de modo a chegarem a consenso ou simplesmente explicitarem e aprofundarem as razões das suas decisões

O Animador deverá recolher as conclusões de cada grupo, registando-as no quadro e promover um debate com todos os participantes de modo a sintetizar os objectivos da sessão, ou seja, comportamentos exploratórios adequados, comportamentos exploratórios menos adequados, comportamentos a implementar, fontes de informação a consultar, etc.

2. “BRAINSTORMING” – Tempestade de Ideias

Objectivo:

Explorar a capacidade criativa do grupo, colocando-a ao serviço dos seus objectivos e problemas, através da produção de ideias novas.

Princípios desta Técnica

Qualquer ideia deve ser aceite e nenhuma deve ser criticadaInteressa fundamentalmente a quantidade de ideias apresentadas e não a sua

qualidadeDeve dar-se livre curso à imaginaçãoPoderão servir-se das ideias dos outros, aprofundando-as ou organizando-as

Metodologia

Apresentação do problema (neste caso o problema deverá estar relacionado com a exploração pessoal e vocacional). Ex: “Como pode um indivíduo conhecer-se melhor...” “O que é importante saber sobre as profissões..,” “O que deve fazer um indivíduo adulto que está desempregado e precisa de mudar de profissão...”.

Busca das soluções: É a fase produtiva onde surgem todas as ideias. As ideias devem ser registadas por 2 ou 3 observadores que estão fora do grupo.

O exercício pode demorar entre 30’ a 120’

Os participantes deverão:Aumentarem a sua confiança na imaginação criativaSerem audaciosos nas ideias

Momento do exame critico das ideias. As ideias deverão ser todas analisadas pelo grupo. Os critérios para a procura das melhores ideias são: eficácia – valor da ideia na solução do problema aplicabilidade; possibilidade de serem aplicadas realismo originalidade

Posteriormente, com a ajuda do animador, as ideias podem ser hierarquizadas, sintetizadas e agrupadas, para uma melhor compreensão. Este agrupamento terá em conta as actividade posteriores que estão previstas no âmbito da exploração vocacional.

Nota: Este exercício pode ser utilizado no início de um conjunto de actividades de exploração já planeadas e estruturadas, ou pode servir para planear e estruturar as mesmas em função das necessidades detectadas. Permite ainda enriquecer a Dinâmica do Grupo, e as relações interpessoais.

3. DIDÁTICA DO VÍDEO

Os Vídeos apresentam vantagens específicas nas sessões de informação escolar e profissional, no processo de compreensão de uma profissão ou grupo de profissões, ou na análise de Casos. O conteúdo pode também fornecer ilustrações e modelos dos temas que vão ser abordados.

Embora os participantes estejam passivos ao ver o vídeo, é possível aumentar a actividade combinando o visionamento com outras actividades relacionadas: pequenos trabalhos de grupo, questionários, debates sobre um aspecto visionado, etc.

Se o Vídeo não possui um Guião é importante que o animador conceba diferentes formas de poder utilizar o Vídeo, programe as actividades, construa

os exercícios ou fichas de trabalho. A forma como se visiona um Vídeo depende também das características do público-alvo.

ETAPAS A TER EM CONTA NA UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS EM ACTIVIDADES DE INFORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL

Prepare o visionamento

Faça um ou mais visionamentos prévios e decida, em função dos participantes e objectivos da sessão, de que forma vai utilizar o Vídeo. Visioná-lo na totalidade? Intercalar o visionamento com outras actividades?

Prepare as actividades que vai desenvolver na sequência do visionamento: exercícios; fichas de trabalho; debates; trabalhos de grupo; etc.

Tenha presente o Guia de visionamento;

Experimente o equipamento e verifique a luminosidade e o volume de som.

Forneça Instruções

Diga aos participantes o que vão ver e porquê

Instrua os participantes sobre o que fazer durante o filme (tomar notas, ter atenção a certos aspectos)

Diga-lhes o que vão fazer depois do filme (exercícios, trabalhos de grupo, debate) ou durante o filme se houver actividades intercaladas com o visionamento.

Exiba o Filme

Ajuste a iluminação

Ajuste a imagem e o som

Observe as reacções dos participantes

Apresente as actividades a desenvolver

Explique aos participantes o que vão fazer

Relacione, sempre que possível, as actividades com os objectivos da sessão

Sintetize os resultados das actividades desenvolvidas registando no quadro os pontos principais e fazendo a ligação com as actividades seguintes.

ACTIVIDADE 1: ”AGRUPAR PROFISSÕES”

1. Objectivos

Familiarizar os jovens com as diferentes características que podem ser atribuídas às profissões; tarefas que o profissional desempenha, principais exigências, condições de trabalho; formação necessária, etc.

Conhecer diferentes critérios de agrupar profissões: natureza das tarefas; perfil dos profissionais; bens que produzem; vias de formação idênticas; autonomia; prestígio; etc.

Saber agrupar profissões segundo critérios que se apresentem mais adequados aos seus interesses e necessidades de informação escolar e profissional: natureza das tarefas, características dos profissionais, vias e níveis de formação.

2. Material

4 painéis de 1m x 80 cm aproximadamente

4 colecções iguais de fotografias (formato postal; 4 pelo menos para cada profissão)

4 colecções de fichas sobre cada uma das profissões apresentadas, contendo a descrição das tarefas, o nível e meios de formação e outras informações, mas tendo omisso o nome da profissão.

4 colecções de pequenos cartões em branco

material de afixação

Metodologia

O grupo divide-se em quatro equipas, pelas quais se distribui o material indicado.

Cada equipa vai ordenar as foto segundo as profissões a que se referem e afixa-as no painel, colocando igualmente o nome da profissão (cartões em branco) e a ficha respectiva.

Posteriormente juntam-se os quatro painéis, verificam-se as prováveis diferenças e corrigem-se, em conjunto, os erros.

Seguidamente, cada equipa vai agrupar as profissões segundo critérios fornecidos pelo animador (semelhança das tarefas; níveis de formação; interesses e aptidões semelhantes; vias de formação – ex: agrupamentos do secundário)

Cada painel deverá ser organizado segundo critérios diferentes, o que implica serem trabalhados pelo menos 4 critérios.

No final cada equipa apresenta o seu painel aos outros elementos do grupo e animador sintetiza as conclusões a que chegaram e a importância de se agrupar profissões e quais os critérios que devem ter em conta na fase de desenvolvimento vocacional em que se encontram.

ACTIVIDADE 2: “O ANÚNCIO”

1. Objectivos: Explorar os conceitos de si-próprio

Reflectir acerca das suas competências mais evidentes

Explorar as suas competências

2. Destinatários:Jovens à procura de formação profissional, prosseguimento de estudos, ou adultos em processo de reconversão profissional

3. Metodologia:Cada participante vai escrever um Anúncio a auto-descrever-se e a vender-se como:Estudante que quer escolher determinado Agrupamento;

Indivíduo que quer escolher e aceder a determinado curso de qualificação profissional;

Profissional que deseja ingressar no mercado de trabalho.

(a escolha de uma das três modalidades acima descritas depende do público-alvo)

O Anúncio deverá conter um máximo de 25 palavras, e cada participante deve fixar os motivos porque alguém os compraria, imaginando que do outro lado (os outros participantes) se encontra um professor a escolher os alunos para determinado Agrupamento, um formador a escolher os formandos para determinado curso, ou um empregador para determinado emprego.

Os Anúncio deverão ser lidos em voz alta, e os restantes elementos do grupo podem classificá-los numa nota de 0 a 5.

Seguidamente, o animador deverá comentá-los, individualmente, no que respeita aos pontos fortes e fracos do produto, sensibilizado o participante para actividades e acções que deve desenvolver no sentido de melhorar o produto que anuncia e quer vender. Os Anúncios podem ser fixados na parede.

Esta actividade pode ser o início de um Programa de Exploração Vocacional mais aprofundado e explorado, ou o aprofundamento da exploração de si-próprio.

ACTIVIDADE 3: “SALTOS PARA O FUTURO”

1. Objectivos:

Desenvolver nos participantes a capacidade de planearem o futuro.

Desenvolver a capacidade de se projectarem no futuro nas várias dimensões da sua vida (profissional; familiar; cidadão; etc.).

2. Material:

Folhas de papel, lápis e canetas

Metodologia

Cada participante vai imaginar-se no futuro, num dado momento. Pensa como será a sua vida. O animador escolhe as datas de referência, por exemplo daqui a cinco anos, dez anos, etc., e refere que devem incluir diferentes dimensões da vida de um indivíduo: profissão, família, cidadão, estudante, formando, etc..

O animador deve procurar que as projecções sejam o mais positivas possível, e que se sustentem nas capacidades e pontos fortes dos participantes.

No final, cada participante poderá ler as suas projecções no futuro, devendo ser comentado pelo animador, nomeadamente no que respeita aos meios para atingir os objectivos enunciados. Pode-se ainda afixar as projecções de cada um, se tal puder ser aproveitado em actividades seguintes.

ACTIVIDADE 4: “O MAPA DE ESTRADAS DA MINHA VIDA”

1. Objectivos:

Auto-avaliação do percurso vocacional efectuado até ao momento, com identificação dos acontecimentos positivos e negativos

Utilizar e reflectir sobre a experiência passada,

Desenvolver a capacidade de se projectar no futuro

2. Material

Folhas de papel A3, canetas e lápis de cor

Metodologia

O animador pede a cada elemento do grupo que desenhe um mapa das estradas da sua vida até ao presente. Começando no nascimento e estendendo-se até ao presente. Seria bom que todos os mapas mostrassem os lugares bons (estradas panorâmicas, largas), ou os lugares maus (troços com covas, buracos, etc.). Também devem mostrar-se as barreiras e os desvios.

Compara-se o curso da vida passada com o futuro que se imagina.,

Que objectivos?

Como atingi-los?

Que caminho seguir?

Solicita-se aos participantes que projectem a sua estrada do futuro.