joão luís de almeida machado

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  • 8/18/2019 João Luís de Almeida Machado

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    A Semana - Opiniões

    João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador,pesquisador e escritor.

    O Código de Ética do EducadorOs professores e suas responsabilidades

    É inerente a todas as profissões o compromisso, o engajamento, o comprometimento. Esta não éuma regra, mas assume-se que todas as pessoas devam tentar levá-la adiante, levando-se em contaque cada um de nós atue profissionalmente de forma ética, em benefício dos empreendimentos nosquais estamos envolvidos. Isto significa respeito tanto por quem nos contrata e remunera quantopelas pessoas que atendemos e a quem direta ou indiretamente prestamos serviços.

    Tal razão, tão simples e objetiva, deve nortear nossas ações em qualquer circunstância, exceto, éóbvio, naquelas em que há coação, coerção ou violência de qualquer natureza a forçar-nos no

    trabalho, na ação profissional.

    Ao assumir compromissos profissionais e assinar contratos de trabalho, não apenas noscomprometemos com nossos chefes e patrões ou com nossos clientes, pacientes ou alunos, temos apartir de então um compromisso muito maior com cada um de nós mesmos. Nossos nomes passama ser avaliados e percebidos no âmbito profissional e também pessoal a partir das ações querealizamos, da conduta que temos, dos relacionamentos que fomentamos, dos resultados que somoscapazes de obter...

    Se não formos capazes de compreender isto, certamente muito mais do que aparentes prejuízospara empresas, hospitais, escolas ou qualquer outro tipo de empreendimento, assim como paraclientes internos ou externos, causaremos danos irreversíveis para nossas próprias imagens...

    No caso dos educadores, há certamente, como nas demais áreas de atuação profissional, direitos edeveres como parte do caminho que devemos trilhar. É justo e necessário que conheçamos epossamos utilizar de nossos direitos quando assim for necessário, nunca em demasia, jamaisultrapassando os limites éticos que sabemos presentes em nossa profissão.

    É, por exemplo, o que deve ocorrer quanto às faltas eventuais que ao longo de nossa carreira podemocorrer. Doenças, intervenções cirúrgicas, falecimentos e problemas familiares (com nossoscônjuges, filhos, pais, irmãos, avós...) ocorrem com todas as pessoas em alguns momentos de suas

  • 8/18/2019 João Luís de Almeida Machado

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    vidas e, por conta destas dificuldades, as fazem ausentes. Como compromisso ético, é defundamental importância que nos ausentemos somente quando isto realmente acontecer, o que,infelizmente, não é o que de fato ocorre...

    Utilizar-se de expedientes como atestados médicos que lhe autorizem a ficar longe do trabalho porperíodos longos, sem que realmente a pessoa esteja doente, constitui ação vil, que prejudica (emuito) os alunos (atrasando sua formação), onera ainda mais o setor público (com gastos adicionaispara eventuais substituições) ou que, ainda, coloca até mesmo em risco físico as crianças eadolescentes que dispensados mais cedo das aulas... É uma ação que tem, portanto, conseqüênciassérias (não apenas as mencionadas, mas muitas outras poderiam ser citadas), muitas vezesdesprezadas por quem a realiza...

    Como parte do Código de Ética dos educadores, num primeiro parágrafo, poderíamos inserir ocompromisso da Assiduidade e, também, da pontualidade. Ser o mais freqüente possível, faltarapenas quando realmente for muito necessário e chegar um pouco antes do início das atividadesescolares é elemento basilar da ação dos educadores. E é tão elementar que nem consta como partede qualquer contrato de trabalho que tenhamos que assinar, simplesmente se espera que aspessoas, dotadas de bom senso, assumam este compromisso.

    Um segundo parágrafo deveria ressaltar que de tudo faremos para que se EFETIVE aAPRENDIZAGEM, ou seja, que utilizaremos metodologias, recursos e, em especial, nossa inteligênciae criatividade para que a educação realmente aconteça. Este compromisso, podem pensar alguns devocês, deveria ser o primeiro, com o que posso concordar, mas a questão da presença e dademonstração física do engajamento me pareceu tão importante no atual estado da educaçãopública brasileira que acabei colocando-a no parágrafo primeiro... Talvez este seja um equívoco a ser

    repensado e reparado posteriormente...

    Indo um pouco além, e até mesmo para que os tópicos anteriores tenham sentido e validade, épreciso que os educadores se ATUALIZEM SEMPRE quanto aos seus SABERES e PRÁTICASPEDAGÓGICAS, assim como no que se refere aos seus CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS (enquantoespecialistas em história, geografia, letras, matemática, educação física, artes, inglês...), e também aATUALIDADES. Creio que este poderia ser o parágrafo terceiro de nosso Código de Ética do Educador.

    Outro ponto importantíssimo, que neste breve texto trago como essencial para a ética profissionaldos professores refere-se à ideia de que o trabalho que realizamos é de suma importância social eque, como tal, realiza-se dentro do contexto de equipes, que contam com vários trabalhadores...Nesse aspecto, compreender-se como parte de EQUIPES DE TRABALHO, colaborando para que estestimes tenham o melhor desempenho possível, sem perder de vista suas individualidades, masentendendo-as como parte que enriquece e torna ainda melhor o todo da ação empreendida naescola seria nosso parágrafo quatro.

    Fecharia este primeiro ensaio/reflexão sobre este assunto de tão grande dimensão e repercussão noquinto parágrafo deste Código pensando nossa ação profissional quanto à repercussão e relaçõeshumanas. Os educadores são os artífices de um amanhã possível, de realizações grandiosas, quepodem permitir o surgimento de um mundo mais justo. Já disse anteriormente e repito agora,professores podem salvar vidas...

    E isto não se refere apenas ao nobre ato de trazer a tona, apresentar e discutir saberes com nossosalunos - refere-se também, e principalmente - ao fomento de relações humanas em que prevaleçama solidariedade, a ética, a cidadania, a honestidade, o amor...

    Portanto, como quinto e último parágrafo a ser proposto inicialmente para um Código de Ética doEducador penso em algo como propiciar o diálogo, a compreensão e a troca no âmbito escolar efomentar entre os alunos a curiosidade, o amor pelo conhecimento e a relação cordial, porémsempre aberta ao debate e a tolerância quanto a diferentes posições e ideias. VALORIZAR O SERHUMANO, talvez pudesse este ser o mote deste parágrafo... Penso que nesta última proposiçãoesteja sendo poético e/ou filosófico demais, mas num mundo como o nosso, em que tudo éracionalidade e resultado, se não nos dermos o direito de sonhar, o que há de acontecer conosco...

    Obs.: Acredito que outros “parágrafos” poderiam ser incluídos, para que tivéssemos um Código deÉtica com 10, talvez 12 pontos de compromisso e engajamento enquanto profissionais daeducação... Fica aberto o espaço para a reflexão e novas ideias para que voltemos ao assunto emoutro texto posteriormente!