joão cruzeiro estrutura e tendências da repartição...

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João Cruzeiro e Alexandre Borrego Estrutura e tendências da repartição funcional do rendimento português* O fulcro de uma 'política de repartição dos rendimentos reside na sua articulação com a política de desenvolvimento geral. Por outro lado, a lógica do planeamento leva a que os objectivos de produção devam surgir como instrumentos da consecução de finalidades politicamente valorizadas, entre as quais fi- gura a repartição mais equitativa do rendi- mento, como factor da melhoria do nível de vida. Neste contexto, a análise da estrutura e das tendências da repartição funcional do rendimento adquire uma relevância funda- mental. INTRODUÇÃO 1. Um dos objectivos hoje frequentemente atribuído aos pla- nos de desenvolvimento consiste na correcção dos desequilíbrios na estrutura e tendências da repartição do rendimento nacional. Tal é, por exemplo, o caso do Plano Intercalar de Fomento em que, efectivamente, um dos dois objectivos principais indicados con- siste na obtenção de «uma repartição mais equilibrada dos rendi- * 0 presente artigo assenta em estudos efectuados pelos signatários no Secretariado Técnico da Presidência do Conselho no 2.° semestre de 1964 e cuja possibilidade de utilização desde já vivamente se agradece. 0 pri- meiro dos signatários, João CRUZEIRO, teve a seu cargo a orientação do estudo e a redacção da introdução e dos dois primeiros capítulos, cabendo ao segundo, Alexandre BORREGO, a recolha e elaboração dos dados estatísticos e a redacção do capítulo respeitante à «indústria e serviços».

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JoãoCruzeiro

eAlexandre

BorregoEstrutura e tendênciasda repartição funcionaldo rendimentoportuguês*

O fulcro de uma 'política de repartição dosrendimentos reside na sua articulação com apolítica de desenvolvimento geral. Por outrolado, a lógica do planeamento leva a que osobjectivos de produção devam surgir comoinstrumentos da consecução de finalidadespoliticamente valorizadas, entre as quais fi-gura a repartição mais equitativa do rendi-mento, como factor da melhoria do nível devida. Neste contexto, a análise da estruturae das tendências da repartição funcional dorendimento adquire uma relevância funda-mental.

INTRODUÇÃO

1. Um dos objectivos hoje frequentemente atribuído aos pla-nos de desenvolvimento consiste na correcção dos desequilíbriosna estrutura e tendências da repartição do rendimento nacional.Tal é, por exemplo, o caso do Plano Intercalar de Fomento em que,efectivamente, um dos dois objectivos principais indicados con-siste na obtenção de «uma repartição mais equilibrada dos rendi-

* 0 presente artigo assenta em estudos efectuados pelos signatáriosno Secretariado Técnico da Presidência do Conselho no 2.° semestre de 1964e cuja possibilidade de utilização desde já vivamente se agradece. 0 pri-meiro dos signatários, João CRUZEIRO, teve a seu cargo a orientação do estudoe a redacção da introdução e dos dois primeiros capítulos, cabendo ao segundo,Alexandre BORREGO, a recolha e elaboração dos dados estatísticos e a redacçãodo capítulo respeitante à «indústria e serviços».

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montas formados», finalidade que empresta uma significação socialao outro objectivo básico, que é o da aceleração do ritmo de acrés-cimo do produto nacional E esses objectivos, afirma-se tambémno texto do Plano, «procuram responder à satisfação das necessi-dades mais instantes da população e traduzem uma determinadadecisão política».

Têm, pois, plena justificação as análises mediante as quais seprocura identificar a situação actual e as tendências recentes darepartição do rendimento, elementos de informação, aliás indis-pensáveis para a efectivação posterior de projecções corresponden-tes a diversas alternativas de evolução futura. S evidente que, noque toca a estas projecções, se pode pôr, no caso português, o pro-blema de saber se a qualidade dos dados retrospectivos que sepodem obter cauciona um mínimo de segurança e realidade dasmesmas. Todavia, afigura-se-nos de aceitar a opinião formuladano parecer da Câmara Corporativa sobre o Plano Intercalar, deacordo com a qual «se acredita na enorme* vantagem da apresen-tação de uma hipótese numérica sobre a evolução da repartiçãodo rendimento nacional, pois a verdade é que toda a projecção doconsumo tem, implícita, uma hipótese destas».

2. Permita-se-nos aqui, dentro do mesmo contexto metodo-lógico em que se situa aquela apreciação da Câmara, salientar que,em nosso entender, o Mero de uma política de repartição de ren-dimento reside na sua articulação com a política de desenvolvi-mento geral, harmonização de que a parte finaJl da citação feitaexprime adias um aspecto/ fundamental.

Efectivamente, o nível e a estrutura do consumo, como dasdemais utilizações do rendimento nacional, dependem não só domontante deste último como da sua repartição. Assim, em nossaopinião, para a elaboração de uma política de repartição verda-deiramente actuante, tanto globaUímente, como nos vários sectoreseconómicos, dever-se-á atender antes de mais a que a repartiçãodo rendimento consiste, no fundo, no processo de atribuição socialdos recursos em bens e serviços de uma comunidade, recursos queela obtém através da produção interna e da importação.

Nestas condições, uma política de repartição, coerente com apolítica geral de desenvolvimento económico e social, tem, necessa-riamente, segundo nos parece, de constituir o instrumento medianteo qual se processa o ajustamento constante entre a estrutura daprodução (e da oferta em geral, o que inclui as importações) euma determinada estrutura da despesa final (sobretudo em bensde consumo com um sentido «maiâ social», isto é: uma estruturada despesa em que tenham prioridade os bens directa ou indirecta-mente afectados à satisfação das necessidades básicas da popu-

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loção, tais quais dias se definem1 ou manifestam em cada períododa evolução económica e social do Pais.

3. Ao conceber deste modo a definição e o papel de uma polí-tica de repartição, está-se, na realidade, a aplicar a essa políticauma das lógicas possíveis (e utilizadas nalguns países) no pla-neamento da produção, a qual; 'em linhas gerais, consiste em deter-minar os níveis sectoriais de desenvolvimento necessários parase obter, entre outros objectivos fixados pelos órgãos políticos,uma dada expansão do produto e uma determinada «melhoria donível de vida». Isto é, a lógica do planeamento leva,, neste caso,a que os objectivos de produção devam surgir apenas como merosinstrumentos da consecução de determinados objectivos valoriza-dos politicamente, entre os quais figura frequentemente a reparti-ção «mais equitativa» do rendimento.

Afigura-se-nos, por conseguinte, que a realização deste últimoobjectivo não pode ser deixada ao simples efeito cumulativo, dedimensões e características só previsíveis em termos qualitativos,de diversas medidas que actuem isoladamente sobre alguns pontosapenas dos mecanismos da repartição dos recursos* nacionais.Deve-se, pelo contrário, procurar determinar,, em bases quantita-tivas e qualitativas tão detalhadas! e rigorosas quanto possível,quais os processos de actuação sobre os mecanismos de repartição(e utilização) do rendimento, que se revelam necessários para queos recursos disponíveis sejam canalizados para a população con-sumidora e demais agentes económicos, em ordem a atingirem-seOB niívetá e padrões de consumo e das outras componentes deprocura final, previamente fixados como objectivos básicos do sis-tema económico nacional no período do plano.

Parecem, aliás, ser estas «algumas implicações que se extraem,em termos puramente económicos, dos esquemas actualmenteadoptados no planeamento da maioria dos países de economia capi-talista, desde que se aceite a autenticidade da qualificação decertas variáveis do sistema como objectivos de política, e de outrascomo instrumentos ou condições de realização dessa política1.

Isto é, a autenticidade política da definição de certas variá-veis como objectivos, e de outras como instrumentos, implica, empura lógica, segundo julgamos, que as variáveis instrumentais

1 Na realidade, esta distinção tem vindo a ser objecto de progressivasclarificações, que aliás se reflectem na redacção do nosso Plano Intercalarquando se distingem, por um lado, os objectivos do Plano, "e, por outro, ascondições de realização do mesmo. Assim, por exemplo, o equilíbrio dos paga-mentos externos, que, anteriormente, surgia como um objectivo do planea-mento, apareceu agora qualificado mais logicamente como condição de reali-zação do Plano.

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sejam analisadas em termos meramente positivos, e que os juízosde valor e as opções políticas sejam reservadas unicamente paraos objectivos, insistindo-se em que estes devem ser pormenoriza-damente formulados, para alcançarem todo o valor político deque devem vir revestidos.

4. Como súmula do que atrás ficou dito importa pois reterque a fixação de um objectivo de «repartição mais equilibrada dorendimento nacional» constitui para já apenas um instrumentopolítico de ordem muito geral para a obtenção da «melhoria cons-tante do nível de vida da população». Por outro lado, julgamos terevidenciado também que a lógica de um planeamento assimmotivado equivale a fazer assentar a política de produção e derepartição no propósito de obtenção de um determinado nível eestrutura do consumo que corresponda por seu turno à traduçãopormenorizada do referido objectivo de «melhoria do nível devida da população».

Impõe-se, pois, em nosso entender, concluir que as projecçõesque forem feitas em relação à repartição do rendimento deverãoser suficientemente precisas e detalhadas para poderem servir defundamento a uma política de rendimentos verdadeiramente ope-rante. Isto pressupõe, porém, a existência de dados estatísticosrigorosos e pormenorizados sobre a situação actual e tendênciasrecentes da repartição, o que não é manifestamente ainda onosso caso.

E como conclusão final vem-nos que as projecções que agorase façam terão de ser consideradas como simples aproximaçõesexigindo, por conseguinte, um esforço ulterior de aprofundamento,sem o qual não será possível praticar-se uma política de repartiçãoarticulada com a política geral de desenvolvimento económicoe social.

5. Entrando propriamente no âmbito deste artigo, importaantes de mais salientar que se entendeu conveniente fraccionaro estudo em função dos sectores cuja estrutura e tendências derepartição do rendimento se tratava de analisar.

Neste aspecto importa focar que se procurou sobretudo dis-tinguir o sector primário2, porquanto se reconheceu que, tal comoo processo de formação do rendimento, e fundamentalmente porcausa deste, assim a estrutura e tendências de repartição do ren-

12 Que, em relação ao conteúdo que lhe é atribuído normalmente, nãoengloba a indústria extractiva, que aparece reunida, no presente estudo, aogrupo da indústria e construção. A Pesca foi também, aliás, objecto de indi-vidualização, em face das diferenças que a respectiva estrutura de repartiçãoapresenta em confronto com os outros sectores primários.

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dimento originado nos sectores agro-pecuários e silvícolas se su-bordinam a regimes e mecanismos diferentes dos demais sectores.

Note-se porém que, em relação aos sectores secundário e ter-ciário, houve também a preocupação de operar uma individuali-zação da análise dos grandes grupos de actividade neles englo-bados. Todavia, nessa desagregação a razão determinante foi, emregra, a diferente caracterização desses subsectores relativamenteà disponibilidade de dados estatísticos sobre as várias componen-tes do rendimento consideradas na análise.

6. Outro aspecto a referir desde já diz respeito ao períodoabrangido pela análise. Efectivamente, pretendia-se inicialmenteque este estudo da repartição do rendimento incidisse sobre operíodo 1953-1962. Todavia, as disponibilidades de certos dadosestatísticos levaram a uma ligeira redução no período analisado,devido à antecipação do ano terminal, que passou a ser 1961.E importa também desde já referir que, em relação ao sectoragrícola, dada a natureza específica dos respectivos mecanismosde formação e repartição do rendimento, se decidiu, embora uni-camente no lâmbito do respectivo capítulo sectorial, fazer incidira análise sobre os períodos 1950/52 e 1960/62.

Este propósito de integração num dado quadro temporal,comum aliás ao dos estudos básicos do Plano Intercalar, não excluia possibilidade e a conveniência em, noutro contexto, ampliar operíodo analisado. Neste aspecto importa referir que se pretendeuapresentar, ao longo dos vários capítulos sectoriais do presenteestudo, os pormenores metodológicos suficientes para alonga-mentos posteriores daquele período. Além disso, sempre quepossível, procurou-se também reunir dados com vista a esseaprofundamento da análise, cabendo aqui registar, aliás, a difi-culdade em obter elementos suficientemente completos para pe-ríodos anteriores a 1953.

7. Interessa igualmente referir que a análise feita diz res-peito ao rendimento formado na actividade económica de PortugalContinental. Houve aqui, com efeito, que considerar a subordinaçãoao quadro espacial dos dados da contabilidade económica portu-guesa, o que põe uma vez mais em relevo a necessidade da opor-tuna determinação, na mesma base anual, dos resultados da acti-vidade económica insular.

FinaJlmente, queremos deixar bem claro que, dado o contextoem que surge este estudo, ele haverá necessariamente de ser con-siderado como uma simples contribuição para o trabalho, em curso,de aperfeiçoamento dos dados e elaborações estatísticas disponíveisacerca do modo de repartição funcional do rendimento nacional.

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Ô propósito de imprimir a esta analise uma natureza de certomodo instrumental, traduziu-se, aliás, na preocupação em eviden-ciar, com o maior detalhe possível, os elementos básicos sobre osquais assentaram as estimativas daquela repartição, tanto ao nívelglobal, como nos vários sectores. O que, de resto, nos permite es-perar que fique consideravelmente facilitada a contribuição críticaque se impõe para a análise e formulação de políticas num domíniodo qual, como já se salientou, depende estreitamente a significaçãosocial do nosso desenvolvimento económico.

II

A REPARTIÇÃO DO RENDIMENTO NACIONAL:SÍNTESE DOS RESULTADOS

1. No que toca as referências prévias aos métodos adoptados,no presente capítulo, apenas há que dizer que os valores globaisadiante analisados são mera agregação dos vários apuramentossectoriais, pelo que, em última instância, a validade desses resul-tados globais fica dependente da definição dos sectores e dos mé-todos adoptados nas estimativas correspondentes. A primeiradestas questões — isto é, a respeitante aos critérios de escolha dosagregados sectoriais utilizados na análise — foi oportunamentereferida na introdução. Por seu turno, a metodologia seguida nasestimativas da repartição do rendimento dos vários sectores seráabordada nos capítulos respectivos.

2. A principal perspectiva em que interessa analisar os re-sultados globais das estimativas feitas, refere-se à estrutura etendência das massas de rendimento, cujos valores constam doQuadro n.° 1 adiante apresentado.

Assim, deve salientar-se, antes de mais, a baixa participaçãoque os rendimentos do trabalho continuam a ter no rendimentonacional total e dos grandes sectores da economia portuguesa.Efectivamente, se nos reportarmos ao mais recente dos triéniosconsiderados na análise, podemos constatar que os rendimentospagos aos trabalhadores pelo seu contributo para a produção na-cional se situavam em 44 % apenas do rendimento nacional total,e com percentagens variando sectorialmente desde os 25 % naagricultura até aos 6 1 % no sector dos serviços, com passagempelos 39 % correspondentes à indústria e construção.

3. Deve, porém, notar-se que estes valores surgem numa linhade tendência para um ligeiro progresso da posição relativa da

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mão-de-obra no que toca a partilha do rendimento nacional, me-lhoria que se pode sintetizar no facto de as citadas percentagensdas respectivas remunerações em relação a este rendimento na-cional terem passado de 42 % para 44 %, no período decorrenteentre 1953 e 1961.

Em, contrapartida, é conveniente salientar que, ao contráriodo que se poderia admitir, tal melhoria da posição dos rendimentosdo trabalho se deve fundamentalmente ao modo como evoluiu arepartição funcional na actividade agrícola e nos serviços, sectoresnos quais aquelas percentagens passaram,, no mesmo período, res-pectivamente de 23,6 % para 25,1 % e de 59 % para 61 %. Porseu turno, nos sectores industriais, onde se pressuporia umamaior pressão no sentido de uma evolução da repartição funcionalmais favorável aos interesses dos trabalhadores no seu conjunto,regista-se uma diminuição, embora ligeira, da referida percenta-gem, a qual passou de 40 % para 39 %.

4. Outra perspectiva possível na análise respeita ao nívele evolução das capitações do rendimento das principais categoriassocio-profissionais daí população activa3. Deixando para os capí-tulos seguintes uma ou outra pormenorização, limitar-nos-emosaqui, porém, à simples distinção entre os «trabalhadores» — istoé, o agregado estatístico constituído pelos operários e emprega-dos — e a «restante população activa».

O quadro adiante indicado (n.° 2), mostra-nos as despropor-ções recentes (período 1959/61) entre os níveis absolutos das ca-pitações relativas aos dois agregados acima indicados (quer emrelação ao total do rendimento, quer dentro dos principais secto-res) e as diferenciações sectoriais das capitações relativas a cadaagregado considerado isoladamente. Assim, enquanto que a capi-tação média do rendimento auferido pela primeira daquelas cate-gorias socio-profissionais consideradas se situava em 11,5 contos,a dos «restantes» era-lhe quase 4 vezes superior (43 contos). Porseu turno, sectorialmente, as capitações do rendimento do traba-lho variam entre um mínimo de 4,9 contos na Agricultura e ummáximo nos Serviços (19 contos), passando por dois pontos inter-médios (Pesca, 14 contos e Indústria e Construção, 11).

Quanto às capitações do rendimento da restante populaçãoactiva, tinham, como as anteriores, o seu mínimo no sector agrí-cola (aproximadamente 21 contos), situando-se o seu máximo na

3 Cabe aqui referir que, se os dados existentes o permitissem, interessa-ria uma análise da estrutura e tendências de evolução das massas de rendi-mentos de categorias socio-profissionais relevantes. Faltam-nos, porém, dadosrelativos a grupos como os dos quadros superiores, das empresas e adminis-tração pública, quadros médios, empregados, além de outros.

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Repartição do Rendimento Nacional00

QUADRO N.° 1 Valores: em milhares de conto*

^ \ RUBRICAS

SECTORES ^ x .

Agricultura

Pesca 1

Indústria e Construção

Serviços2

TOTAL

1953/55

Rendi-mentototal

1

12 917

530

14 782

14157

42 386

Rendimentosdo

trabalho

Valor

2

3050

340

5 858

8376

17 624

Em %de 1)

3

23,6

64,2

39,6

59,2

41,6

Outros rendi-mentos

Valor

4

9 857

190

8 924

5 781

24 752

Em %de 1)

5

76,4

35,8

60,4

40,8

58,4

1959/61

Rendi-mentototal

6

14 664

746

22 749

21526

59 685

Rendimentosdo

trabalho

Valor

7

3 648

453

8 831

13190

26158

Em %de 6)

8

25,1

60,7

38,8

61,3

43,8

Outros rendi-mentos

Valor

9

10980

293

13 918

8 336

33 527

Em %de 6)

10

74,9

39,3

61,2

38,7

56,2

FONTES: Quadros relativos aos apuramentos sectoriais que figu ram nos vários capítulos.1 A discriminação deste sector resulta do facto de apresentar uma estrutura à? repartição funcional do rendimento sensivelmente dife-

rente da da agricultura, razão aliás que levou também à sua exclusão da análise feita no capítulo respeitante ao sector agrícola.2 A produção, transporte e distribuição, relativas aos sectores de «Electricidade, gás, água e saneamento» foram incluídas nos serviços-

na medida em que estes sectores comportam uma parcela importante de actividades terciárias que se julgou inconveniente analisar separada»mente da actividade produtiva propriamente dita.

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Rendimento total(milhares de contos)

Empregadose Assalariados

(milhares)

Valor(milhares

de contos)

Capitações(contos)

Restantes Activos(milhares)

Valor(milhares

de contos)

Capitações(contos)

II

Rendimento total(milhares de contos)

Empregadose Assalariados

(milhares)

Valor(milhares

de contos)

Capitações(contos)

n Bi

li

Restantes Activos(milhares)

Valor(milhares

de contos)

Capitações(contos)

£1

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Industria e Construção com um montante da ordem dos 120 contos.Os sectores intermédios são, neste caso, a Pesca com cerca de37 contos e os Serviços com 60 contos.

5. Tais valores enquadram-se, no entanto, numa linha detendência que acusa uma melhoria ligeira da posição relativa dosrendimentos dos trabalhadores em relação aos outros rendimentos.Assim, enquanto que a capitação dos primeiros cresceu, entre osperíodos médios, de 42 % o acréscimo verificado na dos segundossituou-se em cerca de 40 %. E, dado o modo de cálculo destas ca-pitações 4, importa ainda referir que tal melhoria foi concomitantecom um ligeiro aumento da importância relativa do grupo dostrabalhadores, tendo passado de cerca de 73 %, no período 1953/55,para um pouco mais de 74 %, no período 1959/61, a percentagemcorrespondente ao número de empregados e assalariados no totailda população activa.

in

ESTRUTURA E TENDÊNCIAS DA REPARTIÇÃODO RENDIMENTO AGRÍCOLA

1. A preceder a análise da repartição do rendimento agrí-cola, importa referir um certo número de conceitos básicos, nomea-damente no que respeita às categorias consideradas, quer emrelação aos rendimentos, quer no que toca os auferidores de ren-dimentos. Assim, quanto ao tipo de rendimentos, tomaram-se, naperspectiva analítica mais detalhada que foi possível, os salários,os ordenados, as contribuições patronais para a previdência, osimpostos, e, finajlmente, como diferença para o total do produtolíquido agrícola, os rendimentos da exploração, distinguindo ainda,nestes últimos, os originados nas explorações (de propriedades ouarrendadas) dos chamados «isolados agrícolas». Procurou-se igual-mente coligir dementos para uma estimativa das rendas fundiá-rias e dos juros pagos, por se entender que se trata de categoriasde rédito que importa também considerar oportunamente na aná-lise da repartição do rendimento agrícola português.

Por seu turno, em relação às categorias de auferidores de ren-dimentos, e igualmente ao nívét de detalhe adoptado nos cálculosbásicos, analisaram-se as seguintes: assalariados (distinguindo-seos sexos), empregados, isolados e patrões. Está-se aqui, como sepode verificar, dentro de um esquema simplificado, mas pareceu

4 Simples divisão do rendimento do grupo pelo total de activos nelecompreendido.

1*30

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que, atentas, por um lado, as disponibilidades de dados estatísticose de outros elementos de informação, e, por outro, as possíveisutilizações de tipo agregativo dos dados sobre a repartição, nãofazia sentido uma incursão teórica e estatística complicada nodomínio da definição de categorias de rendimento mais relevantesdo ponto de vista socio-profissionat. E, por conseguinte, deixou-sede lado todo e qualquer propósito de análise dos rendimentos fa-miliares, sem deixar, porém, de se reconhecer que é nestes quese deve, em última instância, focalizar a observação.

E deve salientar-se ainda, e finalmente, que, assentando asestimativas dos auferidores de rendimentos nos dados publicadosnos censos de população, forçoso é reverter também para os con-ceitos neles adoptados. Isto é, certas capitações e valores globaisde alguns dos tipos de rendimentos agrícolas que se consideraramna análise, constituem, fundamentalmente, uma resultante da-queles dados, e é sabido que a articulação dos dois últimos recen-seamentos envolve alguns problemas de comparabilidade das cate-gorias populacionais neles especificadas.

1. A repartição do rendimento agrícola: síntese dos resultados

2. De acordo com os apuramentos efectuados, importa come-çar por analisar os resultados globais acerca da estrutura actuale tendências recentes da repartição do rendimento agrícola.Com efeito, e embora, como atrás ficou dito, a base das estimati-vas feitas se refira a várias categorias de rendimentos, é cor-rente o recurso à dicotomia simples que distingue, por um lado,os rendimentos do trabalho, e, por outro, o conjunto dos restantesrendimentos, compreendendo este último agregado fundamental-mente os rendimentos inerentes ao direito de propriedade e àfunção empresarial. É evidente, porém, que uma agregação destetipo envolve simplificações, na medida em que pressupõe homoge-neidades onde existem, ou se pode admitir que existam, hetero-geneidades.

Além disso, mesmo que se pretenda estabelecer uma distin-ção para os rendimentos do trabalho no seu conjunto—e, paraestes, também se podem aliás admitir subdivisões correspondentesa agregados mais homogéneos —, forçoso é reconhecer que, entreos rendimentos da propriedade e da função empresarial, figuramalguns rendimentos do trabalho. Assim sucede, por exemplo, emrelação ao rendimento originado nas empresas em nome individual,o qual compreende, no que toca ao empresário, uma parcela de au-têntica remuneração de trabalho, que, todavia, só pode ser deter-minada, em regra, por mera imputação.

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3. Postas estas restrições, pasâainòfí â analisar globalmentea forma como se estrutura, na actualidade, a repartição do ren-dimento agrícola, referindo também as respectivas tendênciasrecentes de evolução (Vd. Quadro n.° 3).

Repartição do rendimento agrícola(Síntese dos Resultados)

QUADRO N.° 3

N. Categorias\ de

\ Rendi-\v mento

Período ^v

1950

1951

1952

1950/52

1960

1961

1962

1960/62

Rendimentoagrícola(Total)

1

11499

13051

11948

12166

14 753

14 874

16159

15 262

Valores: em milhares de contos

Salários e ordenados

Valores

2

2 895

2 961

3 044

2 967

3824

3 696

4435

3 985

em %de (1)

3

25,2

22,7

25,5

24,4

25,9

24,8

27,4

26,1

Outros rendimentos

Valores

4

8 604

10 090

8 904

9199

10 929

11178

11724

11277

em %de (1)

5

74,8

77,3

74,5

75,6

74,1

75,2

72,6

73,9

FONTE: Quadro n.° 2, em anexo.

Assim, o primeiro ponto que importa salientar é o de que arepartição dos rendimentos gerados na actividade agrícola apre-senta assimetrias desfavoráveis à remuneração dos trabalhadores,embora, já na corrente década, em consequência da aceleraçãodos fluxos migratórios, de natureza internacional, regionail, ousimplesmente sectorial, se observe uma tendência para uma cor-recção gradual, embora lenta, dessa assimetria na repartição dorendimento agrícola.

Em termos quantitativos, surge-nos, com efeito, que a massaglobal dos rendimentos inerentes à mão-de-obra agrária, repre*senta, no período 1950-60, uma percentagem do rendimento agrí-cola total, estabilizada num valor médio que anda pelos 23 % a24 %, acusando apenas, nesse período, uma leve tendência as-censional.

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Todavia, na presente década, a situação parece modificar-see observa-se uma tendência de aumento gradual daquela percen-tagem, linha de evolução que se prolonga até ao presente e queconstitui, aliás, um dos actuais pontos de tensão dos circuitoseconómicos da actividade agrícola. Numericamente, essa modifi-cação recente pode ser sinteticamente expressa referindo' que, nobiénio 1961/62, a parte correspondente aos rendimentos do traba-lho no rendimento agrícola total se aproxima dos 26 % (em con-traste com 24% no biénio 1951/52), tendência que a evoluçãoregistada em 1963 nos salários rurais terá certamente reforçado.

4. Por seu turno, se atendermos à evolução das capitaçõesde rendimento (Quadro n.° 4), constatamos para as remunerações

Capitações do rendimento agrícola(por grandes grupos socio-profissionais)

QUADRO N.o

>v Grupos socio-N. -profissionais

Período N^

1950

1951

1952

1950/52

1960

1961

1962

1960/62

Trabalhadores x

Rendimentototal

(em milharesde contos)

2 8952 9613 044

2 967

3 824

3 696

4 435

3 985

Capitação(em contos)

3,43,53,7

3,5

5,05,26,1

5,4

Outros activos agrícolas

Rendimentobrutototal

(em milharesde contos)

8 604

10 090

8 904

9199

10929

11178

11724

11277

Capitação(em contos)

15,3

18,0

16,0

16,4

20,8

21,4

22,1

21,5

FONTES: Quadros n.os 1 e 2, em anexo.1 Compreende os assalariados e os empregados.

do trabalho, uma melhoria mais rápida do que a indicada pelasmassas de rendimentos, consequência, aliás, da evolução da estru-tura da população activa agrícola. Assim, enquanto as capitações

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de rendimento da mão-de-obra agrária passam de 3,5 milhares deescudos no triénio 1950/52, para 5,4 milhares no período 1960/62—com um acréscimo relativo, entre os dois triénios, superior a50 % — o rendimento médio correspondente aos restantes activosagrícolas passou, no mesmo período decenal, de 16,4 para 21,5 mi-lhares de escudos, registando por conseguinte apenas um aumentoda ordem dos 30 %.

Deve contudo acentuar-se que é muito limitada a incidência,em termos absolutos, desta melhoria da situação relativa dos tra-balhadores agrícolas. Efectivamente, o rendimento médio destesúltimos, apesar da referida melhoria relativa, representa, ainda,somente uma quarta parte do rendimento médio dos outros activosagrícolas 5, isto é, 5,4 contra 21,5 milhares de escudos. Por seuturno, mesmo admitindo a possibilidade de se manterem as ten-dências de evolução anteriormente indicadas;, só dentro de duasdécadas os salários anuais do trabalho agrícola representariamum terço dos rendimentos médios da restante população activaagrícola.

A estes confrontos importa aduzir o facto fundamental deque estes rendimentos médios são eles próprios insuficientes,quando comparados com as capitações de idênticos rendimentosgerados noutros sectores de actividade, o que equivale a afirmaro papel decisivo da expansão do rendimento agrícola total, comofactor de uma possível repartição funcional mais equilibrada.

5. Outro aspecto que entendemos reter nesta análise globalé o da tributação, na medida em que constitui elemento habitual-mente focado nas análises da estrutura e evolução do< sector agrí-cola. Quanto a este aspecto, parece de concluir que a carga tribu-tária,, pelo menos no período que se prolonga até 1963, não sofreuagravamento, registando-se, ao contrário, uma pequena diminuição.Assim, enquanto a parcela dos rendimentos entregues ao Estadosob a forma de impostos representava, no período 1950/52, 1,3 %do rendimento agrícola total e 1,7 % dos rendimentos da proprie-dade e exploração agrícola» no período 1960/62, essas percentagensforam, respectivamente, de 1,2 % e 1,6 % 6.

6. Em resumo: a análise global da estrutura e tendênciasrecentes da repartição do rendimento agrícola parece conduzir à

5 E recorda-se que nestes se englobam as «pessoas de família», as quaisvão engrossar, fundamentalmente, os rendimentos totais dos agregados cor-respondentes aos isolados e patrões agrícolas, facto de especial relevo a con-siderar numa análise sob a perspectiva de formação de rendimentos familiares.

6 Os elementos relativos aos impostos constam do Quadro n.° 2 em anexo.

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conclusão de que a parte dos rendimentos do trabalho no rendi-mento agrícola total só muito recentemente acusa uma ligeiratendência de expansão, com a consequente atenuação — correlati-vamente lenta — dos desequilíbrios acentuados que ainda se obser-vam nesse aspecto da nossa agricultura. Importa, porém, nãoperder de vista que esta análise gilobal utiliza valores que assentamem apuramentos numéricos mais desagregados, e que, por conse-guinte, o significado e validade dessa análise estão necessaria-mente condicionados pelo significado e validade destes cálculos debase. Nestas condições, passar-se-á seguidamente à análise dasprincipais categorias de rendimentos de que se partiu.

2. Análise das principais categorias de rendimento

7. Nas estimativas detalhadas da repartição funcional dorendimento agrícola, regista-se também um certo número de as-pectos metodológicos de ordem geral que, por isso mesmo, importareferir desde já. Tal é o caso, nomeadamente, do período de análisee da estimativa do número dos activos agrícolas nas várias situa-ções profissionais consideradas.

Quanto ao período de análise, trata-se do clássico problemade eliminar a influência dos anos agrícolas anormais, na medidaem que estes se reflectem em alterações na repartição funcionaldestituídas de qualquer significado no que toca à respectiva estru-tura e evolução. Procurou-se, pois, escolher os períodos de moldea consegiiirem-se valores médios representativos de uma evoluçãoa longo prazo — neste caso correspondendo a um intervalo dece-nal — para o que se tomaram os triénios 1950/52 e 1960/62.

Outro aspecto metodológico de ordem geral que interessa sa-lientar respeita à utilização dos dados dos recenseamentos de po-pulação na estimativa do número dos activos nas várias categoriassocio-profissionais agrícolas. Com efeito, independentemente de umou outro ajustamento em casos concretos, pode dizer-se que aquelaestimativa se baseou nos dados facultados pelos censos, comple-tando-se os dados para os outros anos dos triénios anteriormenteindicados, mediante interpolação ou extrapolação das tendênciasintercensitárias.

2.1. Os rendimentos do trabalho

8. Um dos elementos básicos na presente estimativa da re-partição do rendimento agrícola, como aliás na generalidade dossectores económicos, consistiu, como já foi referido, na determi-

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nação da massa de rendimentos do trabalho, o que, no caso daagricultura portuguesa, equivale à estimativa dos réditos rece-bidos pelos assalariados e empregados, categorias que correspon-dem a situações na profissão identificadas nos nossos recensea-mentos de população.

2.1.1. Os rendimentos dos assalariados

9, Para estimar o rendimento dos assalariados considera-ram-se fundamentalmente dois parâmetros, ambos em estimativa:o número de pessoas naquela categoria profissional; a respectivaremuneração média anual.

Quanto ao primeiro, constitui mera adaptação metodológica,em face das limitações estatísticas existentes, do parâmetro idealrelativo ao volume de trabalho efectivado pelos assalariados, eque nos seria dadq, não só pelo respectivo número, mas tambémpelo montante médio de dias de trabalho efectuado por cada assa-lariado 7. Por seu turno, a estimativa da remuneração média anualconstitui também mera resultante das citadas insuficiências dedados, porquanto de outro modo tomar-se-iam os elementos rela-tivos ao salário diário, entrando eventualmente com diferencia-ções inerentes ao tipo de tarefa ou à época do ano, além das deíndole regional.

Na impossibilidade, porém, de introduzir este grau de pre-cisão e detalhe nas estimativas efectivadas, procurou-se tão-so-mente estimar o montante de assalariados nos referidos triéniosde 1950/52 e 1960/62, tomando-se como ponto de partida os dadosdo censo8 e distinguindo os sexos, na medida em que se admitirammais baixos níveis de emprego e de salário para o trabalho femi-nino na agricultura,, quando confrontado com o trabalho mas-culino. Quanto a este último, importa referir que, em face da ten-dência de crescimento, aparentemente inexplicável, indicada pelosrespectivos dados dos censos e que adiante se referirá, houve apreocupação de evitar, na estimativa dos anos de 1981 e 1962,

7 Deve notar-se que se poderia detalhar mais a análise descendo à esti-mativa do número de horas de trabalho, como por vezes tem sido feito nalgunspaíses estrangeiros em estudos sobre rendimento ou produtividade agrícolas.Por seu turno, essa estimativa atenderia às épocas do ano, e às várias moda-lidades do trabalho agrícola.

® Quanto aos dados dos Censos, dispunha-se, para 1950, de dados direc-tos acerca dos assalariados agrícolas distinguindo os sexos. Em relação a 1960,porém, em face da inexistência desses dados, mesmo só apurados e não publi-cados, houve que estimar esse número, tomando como base o total de assala-riados agrícolas! — conhecido directamente — e a estimativa do pessoal femi-nino assalariado, a qual envolvia menor erro em termos absolutos.

436

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uma simples extrapolação daquela tendência, o que estaria em ma-nifesta contradição, não só com a aceleração das migrações in-ternas e externas, originárias do sector agrícola, como tambémcom a mobilização militar* para o Ultramar, esta última reper-cutindo-se principalmente sobre o sector agrícola, quer directa-mente, quer indirectamente através de uma transferência ampliadade mão-de-obra rural para os outro® sectores económicos a fim decompensar as lacunas nestes criadas pela mobilização. De qual-quer modo, esta é uma das áreas em que conviria que o INE,através de inquéritos por sondagem, procurasse determinar o sen-tido e o volume das alterações de estrutura ocorridas posterior-mente a 1960.

Como se pode verificar, os movimentos indicados pelos dadosconstantes do Quadro n.° 5 são efectivamente paradoxais na medida

Assalariados agrícolas

QUADRO N.° 5

Período

195019511952

1950/2

196019611962

1960/2

Homens

629,8631,1632,3

631,1

642,4595,0608,0

615,1

Mulheres

(em milhares)

144,9136,8128,8

136,8

64,360,055,7

60,0

Total

774,7767,9761,1

767,9

706,7655,0663,7

675,1

FONTE: Quadro n.° 2, em anexo.

em que seria de esperar que, no Censo de 1960, o êxodo rural setraduzisse também, e sobretudo, numa diminuição do pessoal assa-lariado do sexo masculino, que constitui, normalmente, o principalestrato donde provêm as migrações. Do mesmo modo que se poderiaesperar uma diminuição muito menos acentuada nas mulheres,

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desde que se não verificasse o referido aumento no pessoal mas-culino 9.

10. Para a determinação da massa salarial do sector agrí-cola10, houve que proceder depois à estimativa da remuneraçãomédia anual dos assalariados, distinguindo os sexos, pela razão,oportunamente referida, da diferenciação dos respectivos níveisde emprego e de salário.

Houve, pois, que identificar valores médios de cada um dessesníveis, tendo-se recorrido, quanto aos salários, aos dados publi-cados pelo INE, e para o emprego, a informações obtidas junto deorganismos adstritos aos problemas agrícolas. Concretamente,admitiu-se, quanto ao emprego, que o número de dias de trabalhoanual não variava ao longo do decénio analisado, e que era de 200dias para os homens e de 100 para as mulheres.

Trata-se, sem dúvida, de hipóteses simplificadoras —maisadmissível seria talvez um ligeiro aumento do grau de ocupaçãomédia anual paralelo à diminuição do número de activos agrí-colas —, mas que não parecem melhores nem pio*res do que outrasnão fundamentadas em investigação estatística cuidada, e que,além do mais, devem ser vistas em para/leio com o tipo de saláriomédio utilizado. Efectivamente, no cálculo deste último não é utili-zada nenhuma ponderação relativa ao total geral de dias de tra-baiho, e menos ainda em relação aos totais parciais dos dias corres-pondentes às várias espécies de trabalho rural11. De qualquerforma, fixados para os assalariados masculinos e femininos osrespectivos níveis de emprego e de salários, as capitações foramdeterminadas multiplicando aqueles dois parâmetros. Por seu turno,a massa salarial foi calculada atribuindo ao número de assala-riados constante do quadro as capitações médias acima referidase correspondentes a cada um dos sexos (vd. Quadro n.° 6).

11. Pela análise destes valores, constata-se antes de mais, obaixo nível absoluto dos rendimentos médios anuais dos assala-

9 Importa acentuar que, em especial no que toca os assalariados, seadmitiu no sector agrícola, como nos demais ramos de actividade, que o factode o Censo de 1960 abranger na noção de activo a população com profissãode idade superior a 10 anos, não envolveria nenhum acréscimo significativonessa população activa em confronto com o Censo de 1950, que abrange nesseconceito apenas a população de idade superior a 12 anos.

10 Ê evidente que esta massa salarial não deve ser identificada rigoro-samente com o rendimento dos assalariados agrícolas, na medida em quemuitos desses assalariados exercem como função acessória outras actividades,em regime salarial ou outro.

11 Vide anexo ET, sobre o «método de cálculo dos salários médios agrí-colas publicados pelo INE».

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Rendimento cios assalariados agrícolas

QUADRO N.° 6

Período

195019511952

1950/52

196019611962

1960/62

Capitações anuais

Homens

3,823,904,02

3,91

5,105,326,26

5,56

Mulheres

0,971,081,11

1,05

1,391,471,68

1,51

Massa salarial(em milhares de contos)

Total

254626092685

2613

336632533900

3506

Homens

240624612542

2469

327631653806

3416

Mulheres

140148143

144

898894

90

riados agrícolas, e a grande disparidade entre as remuneraçõesdo trabalho masculino e feminino, embora ela resulte em parteda hipótese admitida quanto ao respectivo grau de ocupação.

Por outro lado,, pode verificar-se que a massa salarial totalaumentou de 34 %, aproximadamente, entre os dois triénios consi-derados na análise. Todavia, dada a diferente evolução registadano número de assalariados dos dois sexos, observa-se um aumentode 38 % no montante global da remuneração dos homens, e umadiminuição de 37 % em igual montante relativo aos assalariadosdo sexo feminino, decréscimo este devido fundamentalmente à que-bra oportunamente apontada do número de mulheres naquela situa-ção socio-profissional agrícola.

Finalmente, tendo em atenção que o rendimento agrícola totalaumentou de aproximadamente 25 % no mesmo período, pode con-cluir-se por uma ligeira melhoria da situação relativa dos assala-riados no conjunto dos activos agrícolas, embora tal progressoseja manifestamente insuficiente, como foi já assinalado,.não sópara vencer a grande desproporção entre as capitações de ren-dimento do trabalho e as da propriedade e empresa, mas, princi-palmente, para permitir alcançar, a médio prazo, quantitativosabsolutos satisfatórios para essas capitações.

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2.1.2. O rendimento dos empregados

12. Para estimar o rendimento dos empregados, tomaram-setambém como elementos básicos o número de pessoas nesta situa-ção profissional e uma estimativa da remuneração média anualdas mesmas, não distinguindo desta vez os sexos, dada a redu-zida significação quantitativa do sexo feminino dentro desta cate-goria da população activa agrícola. Começou-se, pois, quanto aoiflúmero de empregados, por completar os dados dos Censos comas estimativas referentes aos biénios 1951/52 e 1961/62, respec-tivamente interpolando e extrapolando a tendência da evoluçãoindicada pelos Censos12. A determinação dos rendimentos unitá-rios suscitou, porém, maiores dificuldades na medida em que, con-trariamente ao que sucede com a classe dos assalariados, não sepossui qualquer indicação sobre um valor médio da remuneraçãodos empregados, ao que acresce o saber-se que é corrente essaremuneração compreender uma parte entregue em espécie. Aten-dendo a este facto, e, repita-se, na ausência de informações ade-quadas a uma melhor formulação de hipóteses para o cálculo,admitiu-se que o rendimento pago em dinheiro aos empregadoscorrespondia ao valor da retribuição semanal média dos assa-lariados, com uma taxa de emprego anual de 100%, equivalendopraticamente a 300 dias de trabalho. Por outras palavras, admi-tiu-se que os rendimentos dos empregados excediam os dos assa-lariados apenas em função, por um lado, de uma maior regulari-dade do trabaJlho e, por outro, da existência de remunerações emespécie, sobre as quais não foi possível, aqui como na generalidadedos sectores, efectuar uma estimativa do respectivo valor mone-tário.

Conforme se verifica pelo Quadro n.° 7, no passado decénio,o número de empregados registou um decréscimo de 13'%, variaçãomais ou menos da mesma ordem da ocorrida, em igual período,com o grupo dos assalariados. Mas em face do aumento de 55 %ocorrido no rendimento médio anual desta categoria socio-pro-fissional agrícola, regista-se um aumento de cerca de 36% narespectiva massa global de rendimentos.

12 Ao extrapolar, para o biénio 1961/62, a referida tendência» conside-rou-se que a evolução desta categoria profissional agrícola não sofria um im-pacto relativo da mesma ordem que o que se estimou, nesse biénio, parao conjunto da população activa agrícola.

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Rendimento dos empregados

QUADRO

Períodos

1950

1951

1952

1950/2

1960

1961

1962

1960/2

Número deempregados(milhares de

pessoas)

69,7

69,1

68,5

69,1

63,7

59,0

60,2

60,1

Rendimentomédio anual(em contos)

5,0

5,1

5,3

5,1

7,2

7,5

8,9

7,9

Rendimentototal

(em milharesde contos)

349

352

360

354

459

443

536

479

2.2. Os rendimentos da propriedade e da empresa

13. Conforme inicialmente se referiu, os apuramentos e esti-mativas de base incidiram sobre um certo número de categoriasde auferidores de rendimentos e sobre diversos tipos de rendi-mentos, estando a maioria destes últimos estreitamente relacio-nados com aquelas categorias, dada a impossibilidade de identi-ficar estatisticamente, por forma satisfatória, as modalidades derendimentos mistos.

Neste condicionalismo, procurou-se essencialmente distinguiros rendimentos do trabalho, dos rendimentos afectados ao direitode propriedade e à empresa, surgindo estes últimos, no seu côm-puto global, como uma diferença entre o rendimento agrícola totale os rendimentos do trabalho. Importa, agora, à semelhança doque se fez para estesl últimos, analisar mais detalhadamente osapuramentos e estimativas efectuadas, a fim de desagregar os«outros rendimentos agrícolas», que fundamentalmente, como sesalientou, englobam réditos relacionados com o direito de proprie-dade e com a actividade empresarial.

2.2.1. O rendimento dos isolados

14. A primeira distinção que se procurou fazer, dentro da-queles réditos, respeita aos isolados agrícolas, os quais, de acordo

w

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com o nosso recenseamento de população, compreendem os recen-seados proprietários ou rendeiros de uma exploração agrícola, que«não tinham habitualmente empregados ou assalariados por suaconta». Houve, porém, que acrescer-lhes uma parte das pessoasde família que o Censo assinala dentro da população activa agrí-cola, imputação esta feita proporcionalmente ao total de patrõese isolados13.

Assim estimados, obtiveram-se os totais de isolados e pessoasde família que constam do Quadro n.° 8 que a seguir se apresenta,em que os valores referentes a 1961/62 foram também calculadosde acordo com as tendências acusadas pelos dados dos Censos, semqualquer ajustamento.

Número de isolados e pessoas de família

QUADRO N.0 8

Períodos

1950

1951

1952

1950/52

1960

1961

1962

1960/62

Isolados

(milhares de

269,11

269,7

270,3

269,7

275,21

281,8

287,1

281,4

Pessoas defamília

pessoas)

105,1*

108,3

111,5

108,3

137,02

129,7

133,8

133,5

1 Dos quais, do sexo feminino, 29,8 milhares em 1950 e 16,8 em 1960.2 Dos quais, do sexo feminino, 21,7 milhares em 1950 e 13,9 em 1960.

18 É evidente que se poderia admitir que as pessoas de família classifi-cadas dentro dos activos agrícolas poderiam compreender também familiaresde trabalhadores e que, em qualquer caso, não se repartiam proporcionalmentepelos isolados e patrões. Todavia, para a formulação de uma hipótese commaior grau de precisão, não se dispunha dos elementos de informação sufi-cientes.

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Importa reter antes de mais o facto de, ao contrário do queparece ter ocorrido com a classe patronal e que adiante se ana-lisará, se observar um ligeiro acréscimo no número de isoladosagrícolas. Na impossibilidade de discutir a correcção das respostasaos quesitos do boletim do Censo respeitantes às condições detrabalho, afigura-se-nos que o referido aumento poderia ser expli-cado pelo facto de um certo número de patrões que, em 1950, em-pregavam pouco pessoal —por exemplo, um ou dois trabalhado-res— terem, em consequência da redução registada na mão-de--obra rural14, passado à categoria de isolados. De qualquer forma,há aqui também matéria para uma investigação específica atravésda exploração dos dados regionais do Censo e da realização deinquéritos por sondagem. Por seu turno, atenta a citada diminui-ção do número de patrões, e o modo de imputar as pessoas defamília, estas teriam de acusar necessariamente um acréscimo su-perior ao ocorrido com os iscáados.

15. Estimado o total de isolados e seus familiares, passou-seà estimativa das respectivas capitações de rendimento, para setentar chegar finalmente a valores representativos do rendimentodeste grupo socio-profissional agrícola.

Assim, no que toca à capitação de rendimento, admitiu-seque ela se situaria numa posição média em relação ao conjuntodos activos agrícolas, o que levou a tomar o rendimento médiopor activo agrícola como identificador daquela capitação. Por suavez, o rendimento total foi determinado pela simples imputaçãodessa capitação média ao citado total dos isolados e respectivaspessoas de família.

A análise dos números do Quadro n.° 9 mostra-nos que o ren-dimento global dos isolados agrícolas terá aumentado de 60%entre 1950/52 e 1960/62, com a consequente melhoria da posiçãodeste grupo socio-profissional no que toca a parcela que lhe cabeno rendimento agrícola total. Deve, porém, notar-se que esta evo-lução é mera consequência do aumento da importância numéricadaquele grupo dentro da população activa agrícola e da hipóteseadmitida quanto a evolução do respectivo rendimento médio. Efec-tivamente, os valores do rendimento total dos isolados agrícolase seus familiares acusam, antes de mais, a incidência do aumentode aproximadamente 10 % verificado no número total de activosagrícolas classificados ou imputados àquelas categorias socio-pro-fissionais. Além disso, esses mesmos valores reflectem a hipótesede que o rendimento médio daquele grupo evoluiu à mesma taxa

14 Refere-se, novamente, que esta redução diz respeito, no fundo, à mão--de-obra, feminina, se nos ativermos aos dados do Censo.

W

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que a do conjunto dos activos agrícolas, o que equivale a umaumento de 44 % no decurso do decénio analisado.

Rendimento dos isolados e respectivos familiares

QUADRO N.o 9

Períodos

1950

19511952

1950/52

19601961196.

19G0/62

Isolados e respecti-vas pessoas de fa-

mília(em milhares de

pessoas)

374,2

378,0

381,8

378,0

412,2

411,5

420,9

414,9

Rendimentomédio anual(em contos)

8,19,38,6

8,4

11,4

12,012,9

12,1

Rendimento total(milhares

de contos)

3031

3175

3322

3176

4696

4938

5430

5021

2.2.2. O rendimento bruto dos patrões

16. Tal como os rendimentos da propriedade e da empresaconstituíram, no seu conjunto, um elemento residual do ponto devista do processo de estimativas da repartição do rendimento agrí-cola, assim o rendimento bruto dos patrões representa o remanes-cente daqueles rendimentos, depois de deduzido o montante dorendimento dos i/solados e dos respectivos familiares anteriormenteanalisado. Deve notar-se* contudo, que este processo de cálculoimplica que no referido rendimento bruto se compreende a tota-lidade dos impostos, juros e rendas fundiárias pagas pelo conjuntodos empresários agrícolas, o que produz alguma sobreavaliação dosrendimento® percebidos pelos activos agrícolas classificados den-tro da categoria de patrões.

Para o cálculo das capitações, houve que estimar também onúmero de auferidores de rendimentos englobados neste gruposocio-profissional, o que envolveu a estimativa do grupo «patrõesagrícolas» para os períodos extra-censitários, e a imputação de

m

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uína parte das pessoas de família indicadas nos Censos entre oâactivos agrícolas, imputação essa feita, como oportunamente seassinalou, por mera proporcionalidade em relação ao total de pa-trões e isolados.

Rendimento bruto dos patrões

QUADRO N.° 10

Períodos

1950

1951

1952

1950/52

1960

1961

1962

1960/62

Patrões e seus familiares(em milhares de pessoas)

Patrões

136,7

130,7

124,7

130,7

76,1

75,0

74,0

75,0

Pessoas defamília

53,4

51,8

50,2

51,8

38,1

35,5

34,5

36,1

Total

190,1

182,5

174,9

182,5

114,2

110,5

108,5

111,1

Rendimento bruto

Total(em milhares

de contos)

5573

6914

5582

6023

6233

6219

6294

6245

Capitação(em contos)

29,3

37,9

31,9

33,0

54,6

56,3

58,0

56,2

FONTE: Quadros n.° 1 e 2 em anexo.

17. O primeiro ponto a salientar, relativamente aos dadosconstantes do Quadro n.° 10, respeita à grande diminuição ocorridano número de patrões agrícolas, o que, como já se afirmou, poderiaser explicado pelo facto de alguns desses patrões, recenseadoscomo tais em 1950, terem passado, dez anos decorridos, à categoriade isolados.

Este facto poderia teoricamente explicar-se, em parte, por umaredução na mão-de-obra rural, e, principalmente, por uma maiorconcentração desta última num menor número de explorações, oprimeiro factor causa, e o segundo consequência, da elevação dossalários dos trabalhadores agrícolas, o que, de par com o agrava-mento geral dos custos de produção agrícola, poderia ter levadoum certo número de pequenos proprietários e rendeiros a renunciarà possibilidade de «ter habitualmente, ao seu serviço, empregadosou assalariados», com a consequente passagem à categoria de iso-

U5

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lados. E embora se possa opor a esta interpretação a reserva deque o processo acima referido se manifestou mais acentuadamentena corrente década, afigura-se-nos admissível que, em parte, elese verificasse já no período anterior ao recenseamento de 1960.

Outro aspecto que interessa referir respeita à evolução damassa global dos rendimentos brutos dos patrões agrícolas, aqual acusa apenas ura aumento de 4 % no decénio analisado, oque naturalmente implicou uma deterioração aparentemente nítidana posição deste grupo socio-profissional no que toca à percepçãodos rendimentos gerados na actividade agrícola. Todavia, atentasas considerações anteriormente feitas quanto à provável interpene-tração dos grupos «patrões» e «isolados», interessa ter presenteque o somatório dos respectivos rendimentos15, acusou um aumentode 22 %, ligeiramente inferior portanto ao acréscimo de 25 % quese assinalou para o rendimento agrícola total.

Por outro lado, haveria ainda que apontar que, nos termosdas estimativas feitas, a capitação de rendimento do grupo patro-nal agrícola acusa um acréscimo de 70 %, o que corresponderia,na prática, a um progresso da situação individual de cada um dosseus componentes, o qual retiraria também grande parte do signi-ficado ao referido aumento de apenas 4% na massa global dosrendimentos daquele grupo16.

IV

ESTRUTURA E TENDÊNCIAS DA REPARTIÇÃODO RENDIMENTO DOS SECTORES INDUSTRIAIS

E DOS SERVIÇOS

1. Ã semelhança dos capítulos anteriores, importa começarpor fazer referência às categorias de rendimentos e de auf eridoresde rendimento consideradas e descrever e indicar, respectivamente,a metodologia geral seguida e a origem das informações estatís-ticas utilizadas.

Em relação ao primeiro ponto, a escassez de elementos de basenão nos permitiu proceder a uma análise tão pormenorizada comoa levada a efeito para o sector agrícola17. Deste modo, e no tocante

15 Que corresponde ao agregado «outros rendimentos», referido na sec-ção l.a do presente capítulo.

16 Note-se que se considerarmos o conjunto dos isolados e patrões, o res-pectivo rendimento médio regista ainda um acréscimo ligeiramente supe-rior a 30 %.

17 Deve porém notar-se que esta limitação respeita fundamentalmentea este aspecto da análise estatística efectuada, e não envolve um juízo para-

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às categorias de rendimentos, consideraram-se, na perspectivaanalítica mais detalhada, unicamente as seguintes: os rendimentosdo trabalho, os impostos, as contribuições patronais para a previ-dência, as contribuições para o Fundo de Desemprego e, por último,como resultado da diferença de todas as anteriores para o produtolíquido, os rendimentos da exploração ou da empresa. Pela mesmarazão, também não foi possível um grande detalhe em relação àscategorias de auferidores. de rendimento, considerando-se nos cál-culos básicos apenas as duas seguintes: empregados e assalariadose restantes activos (patrões, isolados e pessoas de família).

2. Pelo que toca ao primeiro tipo de rendimentos considerado— os provenientes do trabalho — a sua determinação revestiu as-pectos diferentes, consoante se tratava de empresas societárias ouae empresas em nome individual. Se para as primeiras o problemanão revestiu qualquer dificuldade, dado que se dispunha de ele-mentos a elas relativos directamente fornecidos pelo I.N.E., omesmo não sucedeu no tocante às empresas não-societárias.

Quanto a estas, houve que proceder a uma estimativa dosrendimentos auferidos pelos indivíduos nelas empregados, e o mé-todo utilizado consistiu genericamente em, por um lado, deter-minar o volume anual do emprego e, por outro, estimar um saláriomédio anual correspondente.

Para estimar o volume anual de emprego nas empresas não--societárias procedeu-se do seguinte modo: determinou-se o volumede emprego nelas verificado nos anos dos censos, subtraindo!, aosvalores dados por estes, os montantes indicados pelos volumesda Estatística das Sociedades relativos àqueles anos. Por interpo-lação e extrapolação da tendência verificada no período intercen-sitário, estimaram-se seguidamente os contingentes anualmentendlas empregados, para o período em análise. Multiplicando os va-lores assim obtidos para o volume de pessoal das empresas não--societárias pelos correspondentes salários médios estimados,obteve-se o rendimento do trabalho em cada ano nestas empresas,o qual, adicionado à parcela de rendimento auferida pelos efectivosempregados nas empresas societárias, reproduz, para cada sector,a estimativa do montante dos rendimentos auferidos por aquelefactor.

No tocante à determinação dos salários médios anualmenteauferidos pela mão-de-obra empregada nas empresas em nomeindividual, os métodos utilizados variaram consoante as disponi-bilidades em elementos de base e as características específicas de

leio sobre a qualidade dos apuramentos, qualidade essa mais precária preci-samente no que respeita ao sector agrícola.

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cada sector de actividade. Dada, pois, a diversidade dos métodosempregados na determinação deste elemento, a sua descrição seráfeita quando se proceder à análise pormenorizada de cada um dossectores considerados.

3. Quanto ao segundo tipo de rendimentos abrangido na aná-lise — os impostos —, se para alguns sectores (Indústria e Cons-trução, Bancos e Seguros,, Transportes e Comunicações, e OutrosServiços) foi possível a identificação de outros além da contri-buição industrial e adicionais,, para os restantes considerou-seunicamente este imposto. Por seu turno, na determinação dos va-lores da contribuição industrial e adicionais pagos por cada sectorsocorremo-nos dos elementos contidos no Anuário Estatístico dasContribuições e Impostos relativos à liquidação da verba principalno Continente e Ilhas por divisões da C.I.T.A., e à liquidação,cobrança e anulações da verba principaiL e adicionais para o con-junto dos sectores, no Continente.

O montante das contribuições patronais para o sistema de pre-vidência dos seus empregados foi determinado aplicando ao totaldas remunerações do trabalho em cada sector a relação percentualmédia existente entre o valor dessas contribuições patronais nassociedades18 e o montante das remunerações do trabalho por elaspago, no período considerado.

O método seguido relativamente à determinação do montantedas contribuições para o Fundo de Desemprego foi idêntico aoanterior; simplesmente, os elementos de que se partiu foram, noque toca às sociedades, não directamente fornecidos pelo InstitutoNacional de Estatística, mas retirados dos volumes da Estatísticadas Sociedade®, relativos aos anos de 1953, 1959, 1960 e 196119.

4. Finalmente, descritos os métodos gerais utilizados na de-terminação das diferentes categorias de rendimentos, e indicadaa origem dos elementos que serviram de base aos cálculos, restareferir que a última categoria de rendimentos considerada — osrendimentos da exploração ou da empresa —, resultante, como sedisse, da diferença sucessiva para o produto20 em cada sector,depoisi de deduzidas as correspondentes amortizações21, dos va-lores estimados para as restantes categorias de rendimentos, não

18 Elementos directamente fornecidos pelo Instituto Nacional de Esta-tística (I.N.E.),

19 Entre 1954 e 1959, tais valores não aparecem individualmente naEstatística das Sociedades, Nos cálculos considerou-se a percentagem médiaverificada para o quadriénio indicado no texto.

20 Elementos da Contabil idade Nacional .21 Dados fornecidos directamente pelo I.N.E.

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corresponde a um resultado líquido da exploração por nela esta-rem incluidos, ainda, alguns impostos e as rendas e os juros pagos.

Postas estas breves considerações preliminares, vejamos emseguida como se estrutura e reparte, a nível global e sectorial,o rendimento dos sectores que constituem o âmbito do presentecapítulo («Indústria e construção» e «Serviços»).

1. Análise global

5. Da análise dos resultados globais relativos à estrutura etendências da repartição do rendimento gerado nos sectores in-dustriais e dos serviços (Vd. Quadro n.° 11), sobressai que a melho-ria verificada, entre os períodos médios analisados, na repartiçãofuncional desse rendimento, carece de qualquer significado. Emtermos quantitativos, a parcela do rendimento destinada a remu-nerar o factor trabalho passou de 49,2% na média do primeirotriénio para 49,7 % na do segundo.

Repartição do rendimento na Indústria e Serviços

QUADRO N.° 11

Períodos

1953

1954

1955

1958/55

195919601961

1959/61

Rendimentototal

(em milharesde contos)

1

27 531

28 648

30 638

28 939

39 524

44460

48 841

44 275

Rendimentos do trabalho

Valor(em milhares

de contos)

2

13 531

14110

15 061

14 234

19 812

21695

24 556

22 021

Em percenta-gem de (1)

3

49,1

49,3

49,2

49,2

50,1

48,8

50,3

49,7

Outros rendimentos

Valor(em milhares

de contos)

4

14000

14 538

15 577

14 705

19 712

22 765

24 285

22 254

Em percenta-gem de (1)

5

50,9

50,7

50,8

50,8

49,951,249J

50,3

FONTE: Quadro n.° 3, do Anexo IV.

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Capitações do rendimento no sector da Indústria B

QUADRO N.o 12

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

Empregadose Assalariados

(milhares)

1313,1

1345,0

1370,5

1342,9

1 453,0

1490,5

1 521,9

1488,5

Rendimentos do trabalho

Total(era. milhares

de contos)

13 531

14110

15 061

14234

19 812

21695

24 556

22 021

Capitação(em con-

tos)

10,3

10,5

11,0

10,6

13.6

14,6

16,1

14,8

RestantesActivos

(milhares)

251,6

251,8

252,0

251,8

252,8

253,0

253,2

253,0

Outros rendimentos

Total(em milhares

de contos)

14 000

14 538

15 577

14 705

19 712

22 765

24 285

22 254

Capitação(em con-

tos)

55,6

57,7

61,7

58,4

78,0

90,0

95,9

88,0

FONTE: Quadros n.08 3 e 4, do Anexo IV.

Por seu turno, o quadro relativo às capitações correspondentes(Vd. Quadro n.° 13), mostra-nos que, enquanto as capitações dosempregados e assalariados cresceram, entre as médias trienaisconsideradas, de cerca de 40% (de 10,6 para 14,8 contos), asdos «restantes activos» beneficiaram de um acréscimo de 51 %(de 58,4 para 88 contos).

Esta evolução doa rendimentos médios leva, pois, a concluirque a manutenção da posição relativa da massa salarial se ficoua dever a um aumento do número de trabaJlhadores por conta deoutrem mais rápido do que o dos «restantes activos».

6. Se este é o panorama segundo o qual se apresenta a re-partição do rendimento gerado no conjunto das actividades secun-dárias e terciárias, importa, no entanto, desde já assinalar que amelhoria verificada a nível global se ficou a dever exclusivamenteàs actividades terciárias (dado que nos sectores industriais se re-gistou, no período analisado, uma perda de posição dos rendimentosdo trabalho) e, dentre estas, como veremos, só a algumas delas.

Avançando um pouco mais, importa ver, e em separado

450

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para cada um dos sectores acima indicados, como se apresenta aestrutura da repartição do rendimento gerado em cada um deles equais as tendências de evolução manifestadas recentemente, aná-lise que constitui o objecto das restantes secções do presentecapítulo.

2, Estrutura e tendências da repartição do rendimento do® secto-res da Indústria e Construção22

2.1. Síntese dos resultados.

7. A análise agregada da estrutura actual da repartição dorendimento dos sectores-da indústria e construção, e das tendên-cias recentes da sua evolução, diz-nos que a taxa de acréscimo dorendimento total entre os períodos 1953/55 e 1959/61 foi ligeira-mente superior a verificada no mesmo período para os rendimentosdo trabalho. Assim, enquanto que o rendimento total cresceu,entre as médias trienais, de 54 %, os rendimentos inerentes àmão-de-obra empregada nos referidos sectores experimentaram umacréscimo de apenas 50 %. Deste modo, a posição dos rendimentosdo trabalho relativamente ao rendimento total deteriorou-se, bai-xando a relação percentual entre eles existente de 40% em1953/55 para 39% em 1959/61 (Vd. Quadro n.° 13).

Quanto aos outros rendimentos, o acréscimo de 56 % por elesexperimentado entre os triénios em análise originou, como nãopodia deixar de ser, uma melhoria da sua posição dentro da repar-tição funcional do rendimento desses sectores, traduzida nas habi-tuais percentagens, as quais passaram de 60 % em 1953/55 a61% em 1959/61.

Pelo que toca, finalmente, aos impostos pagos pelo sector23,muito embora o seu montante tenha, em valor absoluto, quaseduplicado entre os triénios considerados, em termos relativos asua percentagem para o total do rendimento passou apenas de3,1 % a 3,2 %. Não se verificou, por conseguinte, no período emanálise, agravamento considerável da carga tributária,

2.2. Análise de algumas rubricas.

8. A determinação da massa dos rendimentos auferidos pelopessoal que trabalha neste sector consistiu em adicionar ao mon-

212 Engloba as indústrias extractivas, transformadoras e de construção.Em anexo ao presente trabalho (Anexo III, 2.a parte) apresenta-se um quadrorelativo à repartição do rendimento das indústrias extractivas.

23 Os impostos considerados foram unicamente os seguintes: contribuição

451

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tante dos rendimentos percebidos pelos efectivos empregados nasempresas societárias24, o valor estimado para os rendimentos ine-rentes ao factor trabalho nas empresas em nome individual, valoreste obtido peia multiplicação, em cada ano, do volume do em-prego e do correspondente salário médio.

Indústria e construção

QUADRO N.o 13

\ Rubricas

\

\

Anos \

\

1953

1954

1955

1953,55

1959

1960

1961

J 959/61

RendimentoTotal Rendimentos

Valores(em milhares de contos)

1

14189

14 477

15 681

14 782

20017

23 076

25154

22 749

2

5545

5 7956 233

5 858

8017

8 711

9 766

8 831

5 do trabalho

Em %de (1)

3

39,1

40,0

39,7

39,6

40,0

37,7

38,8

38.8

Outros rendimentos

Valores(em milhares)

de contos)

4

8 644

8 682

9 448

8 924

12 000

14 365

15 388

13 918

Em %de (1)

5

60,9

60,060,3

60,4

60,0

62,3

61,2

61,2

FONTE: Quadro n.° 5, do Anexo IV.

industrial e adicionais, impostos sobre minas, águas minerais e cerveja,imposto sobre fabricação de tabaco e fósforos, e impostos sobre câmaras dear e protectores.

24 A capitação do rendimento nas empresas societárias obteve-se divi-dindo o montante dos rendimentos do trabalho em cada ano, depois de have-rem sido deduzidas as respectivas contribuições patronais para a previdência(por nele estarem incluídas), pelo volume do emprego verificado nos anoscorrespondentes.

O salário médio assim obtido não corresponde à retribuição efectiva-mente paga ao factor trabalho, uma vez que o montante dos rendimentos deque se partiu inclui, além das contribuições dos próprios para o sistema daprevidência e para o Fundo de Desemprego, o valor das despesas relativasà rubrica 16 do verbete de sociedade intitulada «encargos não obrigatóriosda sociedade com o pessoal».

452

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Quanto ao emprego, o método utilizado na determinação dosefectivos totais empregados no sector, e na sua distribuição porempresas societárias e em nome individual, foi o já descrito naintrodução ao presente capítulo. Da análise da sua distribuiçãopelos dois grandes grupos de empresas consideradas, sobressai que,se as empresas em nome individual detinham em 1953/55 um poucomais de 50 % do total dos efectivos abrangidos pelo sector, em1959/61 essa percentagem havia baixado, situando-se em cerca de48 %. O ritmo de acréscimo do emprego nas sociedades foi, comefeito, muito mais rápido do que o verificado nas empresas emnome individual. Assim, enquanto o emprego nas primeirascresceu, entre os triénios considerados, de 23%, a percentagemde acréscimo experimentada pelas segundas andou por cerca de10,4 %. Como consequência de tal evolução, o emprego total cres-ceu, entre as citadas médias trienais, de 16,6%. B constata-seainda que o ritmo de acréscimo do emprego nas sociedades foiconsideravelmente mais rápido no primeiro triénio do que nosegundo.

9. Para estimar os salários médios auferidos pelos efectivosempregados nas empresas não-societárias, procedeu-se a uma aná-lise comparada da evoíhição dos rendimentos médios entre os anosde 1953 e 1961, para alguns grupos de actividade abrangidossimultaneamente pelas Estatísticas Industrial e das Sociedades. Aanálise levada a efeito permitiu reter como hipótese que os rendi-mentos médios anualmente auferidos pela mão-de-obra não abran-gida pelas empresas societárias deveriam situar-se entre 10 e15 % menos do que os pagos aos seus empregados pelas suas con-géneres revestindo a forma societária, O contacto com elementosdirectivos de alguns sindicatos levou-nos também a considerarcomo aceitável aquela primeira hipótese.

Pelo que toca aos rendimentos médios auferidos pela mão-de--obra empregada nas empresas societárias, com a ressalva contidana nota 24, constata-se que o acréscimo por eles experimentadoentre as médias trienais consideradas (28,5 %) teve origem emritmos de crescimentos diversos ao longo do período. Assim, en-quanto que de 1953 para 1955 o seu acréscimo foi de apenas 4,5 %,de 1959 para 1961 ele situou-se em cerca de 13,6 %. Por seuturno, as contribuições patronais para a previdência e os descon-tos para o Fundo de Desemprego cresceram no período em análise,ao mesmo ritmo dos rendimentos do trabalho, como não podia serde outro modo, dado o método utilizado na sua determinação,assente, aliás, no processo legal de incidência.

Por último, no tocante aos rendimentos da exploração ou daempresa, que, como se referiu, não correspondem ao rendimento

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líquido devido à propriedade e à função empresarial, por nele seencontrarem incluídos, entre outros, uma parte das contribuiçõespagas pelo sector e as rendas e os juros pagos, representam 55 %do rendimento total na média do primeiro triénio e 56 % na dosegundo. O seu acréscimo entre as duas médias trienais conside-radas foi de 56 %.

10. A análise da estrutura da repartição do rendimento nossectores industriais e das tendências recentes da sua evoluçãoparece, pois, conduzir à conclusão de que muito embora se tenhaassistido, especialmente nos últimos anos do decénio, a uma me-lhoria progressiva e sensível dos salários anualmente auferidospelos indivíduos neles empregados, tal não se traduziu num aper-feiçoamento da estrutura da repartição do rendimento. Ao contrá-rio, a sua evolução caracterizou-se por uma diminuição da posiçãorelativa dos rendimentos do trabalho em favor dos outros ren-dimentos.

A análise das capitações revda-nos igualmente a fraca po-sição relativa dos rendimentos do trabalho. Na verdade, enquantoque as capitações dos empregados e assalariados se situaram, nasmédias dos períodos analisados, em 8,6 e 11,1 contos, as relativasao grupo dos outros activos (patrões, isolados e pessoas de famíliaVforam, respectivamente, de 79 e 123 contos (Vd. Quadro n.° 14).

Capitações do rendimento nos sectores industriaisQUADRO N.° U

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1971

1959/61

Rendimentos do trabalho

Total(em milhares

de contos)

5 5455 7956 233

5 858

8 017

8 711

9 766

8 831

Capitação(em contos)

8,4

8,5

8,9

8,6

10,5

11,0

12,0

11,1

Outros rendimentos

Total(em milhares

de contos)

8 644

8 682

9 449

8 924

12 000

14 365

15 388

13 918

Capitação(em contos)

76,576,883,6

79,0

106,1

127,1

136,2

125,2

FONTE: Quadros n.os 4 e 5, do Anexo IV.

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3. Repartição do rendimento do sector dos serviços

11. Sob a designação genérica de «serviços» incluíram-se osseguintes sectores de actividade: «Electricidade, gás e água»,«Transportes e comunicações», «Comércio», «Bancos e seguros»,«Habitação», «Serviços públicos», «Serviços de saiúde e educação»,«Serviços domésticos» e «Outros serviços». O ultimo dos sectoresconsiderados constitui, digamos, um sector residual e engloba asactividades25 não compreendidas nos restantes.

Importa salientar, por outro lado, que o método geral descritona nota introdutória sofreu, nesta parte do presente capítulo, limi-tações resultantes das características próprias de alguns sectoresacima indicados e da escassez de informações estatísticas a elesrelativas. Assim, no que toca ao sector habitacional, imputou-se atotalidade do produto líquido nele originado à categoria dos «res-tantes activos». Inversamente, atribuiu-se a totalidade do produtogerado nos sectores dos Serviços públicos, Serviços de saúde eeducação e Serviços domésticos, ao factor trabalho, que, como an-teriormente, engloba apenas o pessoal por conta de outrem. Asdistorsoes26 resultantes da utilização de um tal critério simplistanão conduzirão, no entanto, dado o seu fraco significado, a umfalseamento apreciável da repartição global do rendimento destessectores.

Descrito o âmbito desta segunda parte e referidas as limi-tações de que enferma a análise levada a cabo para estes ramosde actividade, vejamos em seguida como se reparte o rendimentoa nível global e sectorial e quais as tendências de evolução mani-festadas recentemente.

3.1. Analise global.

12. A evolução da repartição do rendimento do sector dosserviços caracterizou-se, no período em análise, por uma melhoriada posição dos rendimentos do trabalho no conjunto (Vd. Qua-dro n.° 15).

25 Serviços recreat ivos , serviços pessoais (menos os serviços domésticos)e serviços diversos,

26 No sector habitacional, uma pequena parcela do rendimento é aufe-rida pelo factor trabalho; no sector da saúde e educação haveria que consi-derar a parcela do rendimento inerente à categoria dos «restantes activos»,correspondente aos estabelecimentos do sector privado.

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Estrutura e evolução da repartição do rendimentono sector dos Serviços

QUADRO N.° 15

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

RendimentoTotal

(em milharesde contos)

1

13 342

13171

14 957

14157

19 507

21384

23 687

21526

Rendimentos do trabalho

Valor(em milharesde contos)

2

7 986

8 315

8 828

8 376

11795

12 964

14 790

13190

Em percenta-gem de (1)

3

59,9

58,7

59,0

59,2

60,5

60,7

62,4

61,3

Outros rendimentos

Valor(em milharesde contos)

4

5356

5 856

6129

5 781

7 712

8400

8 897

8 336

Em percenta-gem de (1)

5

40,1

41,3

41,0

40,8

39,5

39,3

37,6

38,7

FONTE: Quadro n.° 6, do Anexo IV.

No entanto, se esta foi a evolução registada para o conjuntodos ramos de actividade que integram o sector, convém assinalarque em três deles (Electricidade, gás e água, Transportes e comu-nicações, e Bancos e seguros) a parcela do rendimento destinadaa retribuir aquele factor produtivo, sofreu, entre as médias trie-nais, apreciável regressão. Deste modo, a melhoria registada anível global (de 59 % P a r a 61 %) ficou a dever-se exclusivamenteaos restantes ramos considerados.

Por seu turno, a análise da repartição actual27 do rendimentodos vários ramos de actividade permite constatar a existênciaentre eles de grandes disparidades — aliás naturais, dada a suadiversidade — nas percentagens do rendimento relativas ao factortrabalho. Os limites máximo e mínimo de tais variações encontra-

27 Referimo-nos ao mais recente dos triénios considerados na análise.

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hio-ios, respectivamente, nos Transportes e óomunícaçÒes (65 %)e nos Outros serviços (20 %).

13. Quanto às capitações (Vd. Quadro n.° 16)» constata-seque, enquanto as dos empregados e assalariados cresceram de51 % (<te 12,6 contos na média do primeiro período para 19 na dosegundo), as dos restantes activos acusaram um acréscimo de 43 %(passando de cerca de 42 contos, na média 1953/55, a 59,5, nade 1959/61).

Capitações do rendimento no sector dos serviços

QUADRO N.° \6

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

Rendimentos do trabalho

Total(em milharesde contos)

7 986

8 315

8 828

8 376

11795

12 984

14 790

13190

Capitação(em contos)

12,2

12,5

13,2

12,6

17,2

18,8

21,0

19?0

Outros rendimentos

Total .(em milharesde contos)

5 3565 8566129

5 781

7 71284008897

8336

Capitação(em contos)

38,6

42,2

44,1

41,6

55,2

60,0

63,5

59,5

FONTE: Quadros n.°« í e 6, do Anexo IV.

E assinale-se que, do mesmo modo que as massas globais derendimentos, também os rendimentos médios apresentam, de sectorpara sector, diferenças consideráveis.

Analisada globalmente a estrutura da repartição do rendi-mento originado no conjunto das actividades que constituem osector dos serviços e assinaladas as diferenciações existentes anível sectorial, passemos agora à análise de cada uma delas de persi e pela ordem por que foram enumeradas na nota metodológica.

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3.2. Electricidade) gás e água28

3.2.1. Síntese dos resultados

14. A evolução da repartição do rendimento neste sector,entre os triénios 1953/1955 e 1959/61, caracterizou-se essencial-mente por uma diminuição considerável da posição dos rendimen-tos do trabalho em relação ao rendimento total. Assim, como con-sequência da evolução sofrida por aquelas duas categorias derendimento (taxa de acréscimo dos rendimentos auferidos pelotrabalho: 83%; taxa de acréscimo do rendimento total: 102%),a relação percentual entre elas existente baixou considera-velmente, passando de 46;% na média do primeiro triénio a42 % na do segundo. No mesmo período, o acréscimo verificadona categoria «outros rendimentos» foi de 118 % aproximadamente(Vd. Quadro n.° 7 do Anexo IV).

Quanto à tributação, parece poder concluir-se não se ter veri-ficado no período qualquer agravamento da carga tributária29.De facto, muito embora a parcela do rendimento entregue poreste sector ao Estado tenha passado, em valores absolutos, de 15,4a 19,5 milhares de contos, deu-se, no período em analise, um de-créscimo sensível em termos relativos. Na verdade, enquanto quena média 1953/55 os impostos pagos representavam 2,3 % dorendimento total, em 1959/61 essa percentagem situava-se à rodade 1,5%.

3.2.2. Análise de algumas rubricas

15. O método utilizado na determinação da massa de rendi-mentos paga pelo sector ao factor trabalho consistiu na generali-zação, à totalidade dos efectivos nele empregados, dos rendimentosmédios anuais auferidos pelo pessoal que trabalha nas empresassocietárias.

Em relação ao emprego30, o abrandamento registado nos úl-

28 Inclui os serviços de saneamento.29 Só contribuição indus t r ia l e adicionais.30 E m v i r tude de o volume de emprego regis tado no ano de 1960 p a r a

este r a m o de actividade (14,1 mi lhares de pessoas) ser infer ior ao que vemindicado n a Estatística das Sociedades re la t iva àquele ano (15,4) (o queparece absu rdo) , al iado ao facto de no cálculo do Rendimento do sector t e rsido considerado pelo I . N . E . um volume de emprego em 1950 mui to super iorao que o censo reg is ta (vol. 34 da colecção «Estudos» do I .N.E —13,9 milha-r e s ; IX Recenseamento Geral da População, tomo I I I , vol. I , — 9,7) levou aconsiderar-se a correcção in t roduzida naquela publicação. P a r a os anos de1959,1960 e 1961 es t imaram-se os efectivos empregados no sector ex t rapolandoa tendência r eg i s t ada en t re 1950 e 1958.

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timos anos do período, no seu ritmo de acréscimo poderá, semdúvida, considerar-se devido, como o parece sugerir a baixa con-siderável verificada, entre os períodos analisados, na percentagemdo rendimento atribuída ao factor trabalho, a uma modificaçãoapreciável da combinação dos factores de produção trabalho ecapitail, com maior predomínio deste último. Na maior capitali-zação verificada ultimamente no sector deverá residir, pois, acausa da evolução registada na massa salarial e no emprego.

Pelo que respeita aos salários, a, evolução por eles sofridadeu-se, no período em análise, a ritmos bastante diferentes. Naverdade, a acréscimos pouco significativos nos dois primeiros anossucederam-se, nos últimos dois anos, acréscimos bastante eleva-dos, como mostram claramente os índices anuais a eles relativos.Assim,, enquanto que o acréscimo nos primeiros 6 anos foi de30 %, nos dois últimos situou-se em 22 % aproximadamente.

Por seu turno, no tocante aos rendimentos da exploração ouda empresa, se o acréscimo por eles experimentado foi, entre asduas médias trienais, de 126%, o seu nível mais que triplicou(224 %) entre os anos extremos do período em análise.

3.3. Transportes e comunicações

3.3.1. Síntese dos resultados

16. A evolução da repartição do rendimento do sector dostransportes e comunicações caracterizou-se, essencialmente, poruma perda de posição dos rendimentos do trabalho relativamenteaos outros rendimentos. De facto, se a parcela destinada a retri-buir aquele factor representava, na média do primeiro período,69 % do rendimento total,, na média do segundo ela não represen-tava mais do que 65 %. Quanto aos outros rendimentos, a suapercentagem para o rendimento total passou, pois, de 31 % namédia 1953/55 a 35% na de 1959/61 (Vd. Quadro n.° 8 doAnexo IV).

A evolução descrita ficou a dever-se ao facto de o acréscimosofrido pela categoria «outros rendimentos» ter sido considera-velmente mais elevado (75 %) do que o verificado nos rendimentosdo trabalho (43 %). Por sua vez, o acréscimo verificado para atotalidade do rendimento foi de 53 %.

Pelo que toca à tributação31, e muito embora o seu valor tenha

31 Inclui além da contribuição industrial e adicionais, o imposto decamionagem e a taxa de compensação.

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èoníieciáo entre òs referidos períodos médios uín acréscimo de56 %, dado o acréscimo sofrido pelo rendimento total (sensivel-mente da mesma ordem) a sua posição relativa não sofreu alte-ração digna de relevo (5,3% em 1953/55 e 5,5% em 1959/61).

3.3.2. Análise de algumas rubricas

17. A massa dos rendimentos inerentes a mão-de-obra em-pregada neste sector constitui o somatório de três parcelas dis-tintas: rendimentos auferidos pelos empregados nas empresassocietárias, nos CTT32, e nas empresas em nome individual actuan-tes no sector.

Para a determinação do montante anual dos rendimentos per-cebidos pelos empregados nas empresas em nome individual, esti-mou-se o respectivo volume do emprego em cada ano do períodoem análise, subtraindo aos efectivos totais abrangidos pelo sector,o número dos empregados nas sociedades e nos CTT, Ã populaçãoassim individualizada atribuiu-se o salário médio auferido pelosempregados nas empresas societárias que exploram o ramo dostransportes de carga e de passageiros, por ser nele que se encontrao grosso das empresas em nome individual que actuam no sector.Pelo que toca ao emprego, o seu crescimento foi mais rápidono grupo das outras empresas (CTT e empresas em nome indivi-dual) do que nas sociedades. Assim, enquanto que o volume deemprego nas sociedades cresceu, entre as médias dos períodosestudados, de 8 %, o acréscimo do emprego no grupo das outrasempresas foi de 13 %. O emprego total cresceu, em igual período,de 11%.

Os salários médios percebidos pelo pessoal empregado noconjunto das empresas societárias do sector sofreram, entre asmédias trienais analisadas, um acréscimo de 32 %. Por seu turno,os salários médios pagos pelas empresas societárias explorando oramo dos transportes de carga e de passageiros e pelos CIT,cresceram, no mesmo período, respectivamente, de 21 e 23 %. Final-mente, assinale-se que o acréscimo dos rendimentos da exploraçãoentre os referidos períodos médios foi de 94%.

3.4. Comércio par grosso e a retalho

3.4.1. Síntese dos resultados

18. O acréscimo verificado nos rendimentos do trabalho(71,5%), entre as médias trienais 1953/55 e 1959/61, excedeu, em

32 Dadas constantes de um anexo ao Orçamento Geral do Estado.

460

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bolores relativos, íargárnenie o do rendimento total (52%).consequência da evolução descrita, a posição dos rendimentos aufe-ridos pela mão-de-obra empregada no sector, em relação à totali-dade do rendimento, apresenta-se na média do segundo períodoconsideravelmente melhorada. A relação percentual entre eles exis-tente conheceu, com efeito, uma melhoria de quase 10 %, situando--se no período 1950/61 em 42 % (Vd. Quadro n.° 9 do Anexo IV).

A evolução registada no mesmo período para a categoria«outros rendimentos» foi necessariamente inversa da verificadapara os rendimentos do trabalho. Assim, muito embora ela tenhaconhecido entre os triénios um acréscimo de 13 %, a sua percen-tagem para o rendimento total passou de 68 % na média do pri-meiro período a 58% na do segundo.

Quanto à tributação33, deu-se no período analisado um ligeiroagravamento da sua carga relativamente ao rendimento total. De9 % na média 1953/55, passou a 10 % na de 1959J/61.

3.4.2. Análise de algumas rubricas

19. O método utilizado na determinação dos rendimentos au-feridos pela mão-de-obra não abrangida pelas empresas societáriasque actuam no sector, consistiu em multiplicar, em cada ano, aestimativa do volume de emprego nas empresas em nome indivi-dual pelo salário médio anual dos empregados nas empresas socie-tárias explorando o ramo do comércio a retalho34. Apesar de ossalários médios acima referidos não representarem nas médiasdos triénios senão 73 e 75 % da média dos pagos pelas empresassocietárias actuantea nos dois ramos de comércio, a massa derendimentos que resulta da imputação daqueles salários aos efec-tivos empregados nas empresas em nome individual, apareceráainda provavelmente sobre-avaliada, dado que a estrutura do em-prego por idades e sexos não é necessariamente a mesma numase noutras, com o provável predomínio do trabalho de menores nassegundas.

A evolução do emprego nas sociedades e nas empresas não--societárias deu-se,, no período em análise, em sentido inverso.Assim, enquanto o volume de emprego nas primeiras cresceuentre as médias trienais de 35 %, o das segundas sofreu um de-créscimo de 9 %.

A parcela do emprego total correspondente às empresas so-cietárias passou em consequência, em valores relativos, de 58%na média de 1953/55 a 67 % na de 1959/61.

3 3 Abrange apenas a contribuição industrial e adicionais.34 Porque é neste r a m o de comércio que aparece a maior ia (se não a to-

tal idade) das empresas em nome individual que ac tuam no sector.

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âÕ. Quanto àós salários médios, â sliâ evolução foi conside-ravelmente diferente no primeiro e no segundo triénio. De facto,enquanto de 1953 para 1955, o seu nível experimentou um de-créscimo de 1%, de 1959 para 1961 o aumento foi de cercade 16 %. Assim, a um período em que o seu nível se mantevepraticamente estacionário sucedeu um outro em que o crescimentofoi muito rápido.

Nas sociedades, em virtude do crescimento rápido dos salá-rios (sobretudo nos últimos anos do período) e do emprego (taxade acréscimo 1953/61: 58%), a massa salarial mais que duplicou(140%) entre os anos extremos do período em análise. Por seuturno, no conjunto das empresas do sector, o rendimento percebidopelo pessoal nelas empregado cresceu, entre os períodos médios,de 71,5;%,

No que toca aos rendimentos da exploração, que, em conse-quência do método utilizado para a sua determinação, devem estarsub-avaliados, o acréscimo no seu nível médio, entre os triéniosconsiderados, foi ligeiramente inferior a 4 %.

3.5. Bancos e seguros

21. Antes de entrarmos propriamente na análise global darepartição do rendimento deste sector, convém referir que os nú-meros relativos ao rendimento total do mesmo merecem reservaem função das oscilações experimentadas no período 1959/61 eainda pela percentagem aparentemente elevada dos rendimentosdo trabalho. Com efeito, quanto a este último aspecto, constata-seatravés das estimativas do produto, nomeadamente no subsectorbancário, que os rendimentos líquidos da exploração seriam infe-riores ao montante dos rendimentos do trabalho, o que pareceestar em contradição com o que se conclui da análise das contasde ganhos e perdas, publicadas anualmente.

3.5.1. Síntese dos resultados

22. Segundo os elementos utilizados, verifica-se que enquantoo rendimento total cresceu de 80!% entre os triénios considerados,o acréscimo registado nos rendimentos do trabalho não foi alémde 72 %. Em consequência, a parcela do rendimento total destinadaa remunerar o factor trabalho, que representava em 1953/55,59,5 %, em 1959/61 apenas atingia 57 % (Vd. Quadro n.° 10 doAnexo IV).

Nestas condições, e uma vez que a parcela do rendimento en-

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tregue pelo sector ao Estado35 passou, em percentagem, de 8,6 a6,4 %f a evolução da categoria «outros rendimentos» deu-se ne-cessariamente no sentido da subida. Assim, se o seu montanterepresentava, em 1953/55, 40,5 % do rendimento total, em 1959/61ele situava-se em 43%, resultantes de um acréscimo entre asreferidas médias trienais, de 90 % nessa categoria de rendimentos.

3.5.2. Análise de algumas rubricas

23. Tal como no sector da electricidade, gás e água, esti-mou-se aqui a massa dos rendimentos auferidos pelo factor tra-balho generalizando,, à totalidade dos efectivos empregados nosector, os rendimentos médios determinados para os empregadosnas empresas societárias. A importância da população não abran-gida36 por aquelas empresas é, porém, relativamente pequena:12 % na média 1953/55 e 11 % na de 1959/61. Daqui resulta, aliás,que, quanto ao emprego, os acréscimos ao longo dos anos do pe-ríodo foram sensivelmente uniformes nos dois tipos de empresasconsiderados.

No que toca aos salários médios, o acréscimo verificado,sempre entre as citadas médias trienais, foi de 35 %. No entanto,tal acréscimo não se distribuiu de um modo regular ao longo doperíodo; o seu ritmo de crescimento foi, com efeito, considera-velmente mais rápido no segundo triénio (percentagem de cres-cimento: 19 %) do que no primeiro (percentagem de crescimento:6,4 %). Por último, os rendimentos da exploração—que se julgaestarem bastante sub-avaliados — conheceram entre as médias trie-nais o acréscimo de 109 %.

Como conclusão, e de acordo com os dados utilizados, a evo-lução da repartição do rendimento também se caracterizou nestesector por uma perda de posição dos rendimentos do trabalho rela-tivamente aos outros rendimentos.

3.6. Outros serviços

3.6.1. Síntese dos resultados

24. A repartição do rendimento gerado neste sector de acti-vidade é ainda bastante desequilibrada, observando-se no entantouma tendência para uma repartição mais equitativa. Em termos

85 Abrange, além da contribuição industrial e adicionais, o imposto sobreprémios de seguro.

36 Essencialmente constituída pelos agentes individuais de seguros.

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çtuântitativos, ós rendimentos inerentes à mão-de-obra neíe etti-pregada conheceram, entre os períodos analisados, um acréscimomais significativo (77,5 %) do que o verificado para a categoria«outros rendimentos» (42%); quanto ao rendimento total, oacréscimo verificado foi de 48 % (Vd. Quadro n.° 11 do Anexo IV).

No entanto, a alteração que resultou para a repartição do ren-dimento entre aquelas duas categorias de auferidores de rendi-mentos não atingiu significado de relevo. De facto, enquanto aparcela dos rendimentos do trabalho representava, no primeirodos triénios, 17 % do rendimento total do sector, em 1959/61 elanão ia além dos 20 %.

3.6.2. Análise de algumas rubricas

25. A massa de rendimentos percebida pelo factor trabalhofoi calculada adicionando ao montante das remunerações ineren-tes àquele factor nas sociedades a estimativa do rendimento pagoaos seus empregados pelas empresas não-societárias que actuam nosector. Tal estimativa resultou da imputação à totalidade dosefectivos abrangidos por estas empresas em cada ano do períodoanalisado, de um salário médio inferior em 10 % ao auferido pelosque trabalham nas sociedades.

Relativamente ao emprego, verificou-se no decénio consideradoum abrandamento gradual do seu ritmo de acréscimo nas socie-dades. Na verdade, enquanto o aumento registado de 1953 para1955 foi de 13%, de 1959 para 1961 ele situou-se em 6%. En-tre os triénios considerados,, o acréscimo registado foi de 28 %.No que se refere ao salário médio percebido pelos empregados nasempresas societárias, a um decréscimo de 15 % no primeiro pe-ríodo sucedeu no segundo um acréscimo de 9 %. Entre as médiastrienais tal acréscimo situou-se em 44 %.

V

CONCLUSÃO

1. Tal como inicialmente se referiu, as análises da repartiçãofuncional do rendimento encontram uma significação e um con-texto novos no quadro de uma política programada de desenvolvi-mento económico e social.

Com efeito, com a clarificação, que tem vindo a ser feita nosprocessos de planeamento adoptados nos vários países, da distin-ção entre objectivos e condições de desenvolvimento, a «melhoria

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da repartição do rendimento» situa-se hoje aparentemente numahierarquia de objectivos superior à da «aceleração da taxa decrescimento», que, no iâmbito das grandes opções dos planos, vaipassando de principal finalidade a simples instrumento dosmesmos. Simplesmente, como igualmente se salientou, na práticado planeamento verifica-se que a repartição do rendimento, e deuma forma geral todo o equilíbrio monetário dos programas dedesenvolvimento, não têm ainda, em regra, um tratamento quepermita a efectivação de uma verdadeira política de rendimentose das suas utilizações, como pareceria exigido pelas afirmaçõespolíticas relativas aos grandes objectivos dos desenvolvimentos na-cionais, e que surgem solenemente em grande destaque no ar-ticulado das leis que aprovam os planos.

2. Não surpreende pois que, entregue a uma evolução quaseespontânea ou comandada por medidas dispersas, a repartição dorendimento não denote as tendências de melhoria que politica-mente são declaradas como desejáveis. No caso português, e noque toca à última década e princípio da actual, tal parece clara-mente evidenciado pelo facto de as únicas tendências para umamelhor repartição se terem registado recentemente e apenas nossectores que, como a agricultura, mais têm sofrido o impacto daescassez relativa de mão-de-obra, gerada pelas migrações internase externas e pela mobilização militar. Isto é, são principalmentecondições excepcionalmente favoráveis aos trabalhadores dentrodo mercado de trabalho, e não uma política programada, ou sim-plesmente coordenada, de rendimentos, que estão permitindo, nonosso País, um aumento da parcela do rendimento social usufruídapelos vários grupos socio-profissionais englobados no factortrabalho.

Por seu turno, na indústria, apesar da influência de umaelevação salarial que certamente a afecta já,., não só pelas condi-cionantes gerais anteriormente apontadas, como por uma políticaestadual de salários susceptível de maior dinamismo do que nosector4 agrícola, constatasse uma quebra ou uma estagnação daparcela do rendimento industrial vaqa aos trabalhadores. Isto querdizer, pois, que 09 referidos acréscimos salariais não acompanha-ram os aumentos de produtividade, ou, o que é o mesmo, que oritmo de elevação dos rendimentos unitários dos operários e em-pregados da indústria foi alcançado à custa de menores taxas deacréscimo do emprego neste sector.

3. Parece pois legítimo concluir que existe a dificuldade deuma atenuação substancial e espontânea das desigualdades na re-partição do rendimento, o que constitui justificação de uma polí-

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tica activa em matéria de rendimentos, isto é, devidamente inte-grada no quadro da programação de um desenvolvimento que seentende cada vez mais como um processo de transformação globaldas sociedades.

Esta conclusão, porém, implica uma outra: a de que o pro-blema da repartição deixe de ser tratado exclusivamente em termosmonetários, devendo, pelo contrário, ser posto em termos reais,isto é, não deverá haver apenas preocupação quanto ao modo dedistribuição de simples rendimentos monetários, mas deverá rela-cionar-se essa actuação com uma acção sobre as estruturas daprodução — e portanto do consumo — que correspondam à distri-buição desejada dos rendimentos. Só assim também os objectivos«melhoria da repartição do rendimento», ou, o que é o mesmo, «me-lhoria do nível de vida», que encabeçam os objectivos dos planosda maioria dos países que os elaboram, perderão o seu carácterde declarações políticas vazias ou de falsas ressonâncias.

466

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ANEXO I

Possibilidades e limitações da estimativa doutras categorias de rendimentosdistribuídos pelo sector agrícola: juros e rendas fundiárias

1 — Os juros pagos pelo sector agrícola

1 — Um dos tipos de rendimento agrário que se procurou incluir na aná-lise foram os juros pagos pelos empresários agrícolas. Para o efeito dispu-nha-se, na Estatística Financeira^ dos dados anuais relativos aos empréstimoshipotecários contratados a particulares e a estabelecimentos de crédito e ga-rantidos por prédios rústicos, o que, em primeira análise, poderia permitira estimativa dos factores de expansão da dívida agrícola.

Por outro lado, conhece-se também o valor das hipotecas do mesmo tipocanceladas em cada ano, o que permitiria finalmente determinar o valorlíquido do agravamento anual de uma presumível dívida agrícola hipotecária.

2 — Importava depois obter valores acumulados relativos aos abrangidospela análise, a fim de se poder estimar o montante dos juros pagos em cadaum desses períodos, o que seria aliás feito aplicando uma taxa média anualde juro relativo aos empréstimos hipotecários, e que consta também da refe-rida Estatística Financeira.

Aceitando como bom o método anteriormente indicado da determinaçãodo valor líquido do agravamento da suposta dívida agrícola, o problema maisdelicado de estimativa punha-se, teoricamente, para 1950, que constituíao primeiro dos anos considerados na análise. Para se obter uma estimativado valor em dívida no início desse ano, decidiu-se porém calcular o valoracumulado ao longo de uma série de períodos anuais da década anteriora 1950, começando por 1941, ano em que o saldo entre as hipotecas contraídase as canceladas apresentava um valor pouco relevante.

Seguindo pois esta via, chegou-se a uma estimativa do valor da presu-mível dívida agrícola garantida por hipotecas, a qual se apresenta segui-damente.

Estimativa da dívida agrícola hipotecária

Valores: em milhares de contos

Períodos

195019511952

1950/52

1960

1931

1962

1960/62

Dívidascontraídas

170,3

112,5

197,4

160?l

510,9

590,3

733,9

611,7

Dívidascanceladas

61,4

70,6

63,1

65,0

119,9

151,2

296,7

189,3

Saldoanual

108,9

41,9

134,3

95,1

391,0

439,1

437,2

422,4

Valor da dívida

inicial

690,6

799,5841,4

2274,0

2665,0

3104,1

final

799,5

841,4

975,7

2665,0

3104,1

3541,3

467

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3 — Os valores que constam do quadro exprimem inegavelmente a varia-ção ocorrida no montante das dívidas hipotecárias garantidas por prédiosrústicos, o que todavia não se julga de assimilar a uma verdadeira dívidaagrícola do tipo hipotecário, conclusão a que se é levado pela análise darepartição regional dos citados empréstimos hipotecários.

Com efeito, a repartição regional, dada também na Estatística Finan-ceira, é definida pelos distritos de localização dos prédios rústicos. Seria poisde presumir que parte substancial da dívida hipotecária garantida por pré-dios rústicos aparecesse nos principais distritos agrários. Ora, o que na reali-dade se observa é que parcela importante do total dessa dívida se situaprecisamente nos distritos de Lisboa e Porto, o que faz suspeitar da utilizaçãonão^ agrícola dos referidos empréstimos, os quais só devem ter de índoleagrária os valores que lhe servem de garantia.

Na impossibilidade de conduzir por agora uma investigação aprofun-dada sobre este assunto, decidiu-se deixar apenas uma simples referênciaao problema, com as hipóteses que se formularam para a sua interpretação.

2 — Estimativa da renda fundiária

4 — Outro tipo de rendimento distribuído pelo sector agrícola que im-porta estimar é a renda fundiária. Com efeito, trata-se não só de uma parcelaque assume por vezes proporção de relevo nalguns países (por exemplo 15 %e 35 % do rendimento agrícola total, respectivamente, na França e na Itália,no período anterior à 2.a Guerra Mundial), mas também porque constituiuma forma de rendimento susceptível de transferência regional, vindo muitasvezes acrescer os rendimentos disponíveis nas zonas urbanas, o que, aumen-tando a dimensão dos respectivos mercados de bens de consumo—, constituielemento de atrofia económica das regiões rurais

Nestas condições, interessa efectuar uma análise do comportamento darenda fundiária na agricultura portuguesa, quer sob a forma de valoresglobais, quer localizando esses valores nas várias regiões agrícolas. Poroutro lado, interessaria também situar essa análise no tempo, porquanto osfactores da renda fundiária — isto é, a disponibilidade ou não de terras porcultivar, e a existência ou não de empregos suficientes fora das tarefas agrí-colas—•, não permanecem estáticos, facto que constitui aliás evidência no querespeita ao nosso País durante a presente década e, de certo modoí, tambémna anterior.

5 — No presente trabalho, porém, não se pôde ir além de uma simplesesquematização do problema, dada a complexidade da análise e a insuficiênciade dados para estruturar uma estimativa com um grau mínimo de rigor.

Com efeito, procurou-se em primeiro lugar determinar as áreas que, nosvários distritos do País, estavam sujeitas ao regime de arrendamento, por-quanto de posse desse dado e do valor aproximado por hectare desses arrenda-mentos, se poderia chegar à estimativa desejada.

Porém, os únicos elementos de que se dispôs foram os dados constantesdo Inquérito Agrícola relativo ao período 1952/4, o qual, além de nos darum escalonamento temporal insatisfatório, só proporciona, para o presenteefeito, dados distritais relativos ao número de explorações agrícolas, segundoa forma de exploração. Considerando pois apenas esse parâmetro, só foi pos-sível determinar as percentagens que constam do quadro adiante indicadoe que nos poderiam eventualmente facultar uma estimativa das áreas sujeitasao regime de arrendamento no período 1952/54, quer no conjunto do Paísi,quer nos vários distritos.

468

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Explorações agrícolas segundo a forma de exploração

Distritos

Aveiro

Beja

Braga

Bragança

Castelo Branco

Coimbra

Évora

Faro

Guarda

Leiria

Lisboa

Portalegre

Porto

Santarém

Setúbal

Viana do Castelo

Vila Real

Viseu

CONTINENTE

Totaldas Explorações

(milhares)

62,1

20,0

55,8

37,2

46,6

75,7

10.8

38,0

54,3

66,4

49,1

15,7

58,8

66,7

13,8

46,0

47,3

89,3

853,3

Explorações em regime de arrendamentoou sub-arrendamento

Total

13,4

4,1

16,3

5,4

8,3

17,5

2,2

2;8

14,0

12,0

17,4

5,1

23,6

9,0

4,5

4,5

5,2

23,0

182,2

Em % das explo-rações totais

21,5

20,6

29,2

14,4

17,8

23,1

21,1

7,3

25,6

18,1

35,3

32,3

40,0

13,5

32,9

9,6

10,9

25,6

22,0

ANEXO II

Método de cálculo dos salários médios agrícolas(mensais e anuais) publicados pelo I.N.E.

- Designemos

S(h) — salário médio dos assalariados-homens no ContinenteS(m) - • » » » » -mulheres no Continentes*(/i) — » » » » -homens no distrito is i ( m ) _ . » » » » -mulheres no distrito iA(h) — Número de assalariados-homens no Continente

— » » > -homens no distrito i

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A(m) — Número de assalariados-mulheres no Continenteai(m) — » » » -mulheres no distrito i

n — Número de distritos no Continente

2 — Fases de cálculos dos salários médios

1.* Fase —Cálculo dos s^h) e s*(m)

São calculados como média simples dos salários (concelhios) * correspon-dentes às diversas espécies de trabalho rural (isto é, supõe-se que estes nãoapresentam em cada distrito uma dispersão muito elevada).

2.* Fase —Cálculo dos S(h) e S(m)

Finalmente, os salários médios no Continente correspondentes aos assala-riados-homens e aos assalariados-mulheres são calculados como média dosrespectivos salários distritais, ponderada com o número de assalariados domesmo sexo, assinalados, em cada distrito, pelo censo de 1950.

Em fórmula vem-nos, pois:

! S et (h) . s*a) S(*)= —

eb) S(m) = —

A (h)

a' («) . / (m)

3 — Este método, que é utilizado, formalmente, tanto para o cálculo dossalários médios mensais como anuais, deixa sem explicação o cálculo do salá-rio concelhio2 correspondente às várias espécies de trabalho.

Não é, por conseguinte, utilizada (ou pelo menos explicitada) nenhumaponderação relativa ao total geral de dias de trabalho, e muito menos aostotais parciais de dias de trabalho relativos às várias espécies de trabalhorural, ponderações que variarão com os distritos em função da estruturacultural e da evolução da mecanização das tarefas.

ANEXO III

Notas metodológicas relativas aos sectores da Fescae Indústrias Extractivas

1. Pesca

A análise levada a cabo para o sector da pesca não diferiu substancial-mente da dos demais sectores de actividade. Apenas no que toca à determi-nação do rendimento auferido pela população não abrangida pelas empresas

1 No Boletim Mensal do I.N.E., de Maio de 1963, pág. 2, no texto sobreo método de cálculo dos salários rurais, refere-se «salários concelhios», ondese poderia supor que se trataria de salários distritais.

2 Vide chamada A

JflO

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societárias se utilizou como salário médio anual 50 % do percebido pelos em-pregados nas sociedades (14,7 e 16,9 milhares de escudos, respectivamente,nas médias 1953/55 e 1959/61).

Apesar disso, observa-se uma participação aparentemente elevada dostrabalhadores nos rendimentos totais (64 % na média 1953/55 e 61 % na de1959/61), gerados no sector. Foi esta, aliás, como oportunamente se assinalou,a razão pela qual se individualizou a actividade piscatória em relação àsactividades agro-pecuárias e silvícolas.

Repartição do rendimento do sector da Pesca

Períodos

1953

1954

1055

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

RendimentoTotal Rendimentos do trabalho

Valores(em milhares de contos)

1

462

512

617

530,3

611

841

787

746,3

2

329,7

326,4

364,9

340,3

411,6

470,3

477,5

453,1

Em %de (1)

3

71,4

63,7

59,1

64,2

67,4

55,9

60,7

60,7

Outros rendimentos

Valores(em milharesde contos)

4

132,3

185,6

252,1

190,0

199,4

370,7

309,5

293,2

Em %de (1)

5

28,6

36,3

40,9

35,8

32,6

44,1

39,3

39,3

2. Indústrias extractivas

Unicamente no que toca ao emprego se procedeu de modo diverso doanteriormente descrito para a generalidade dos sectores. E isto porque a sim-ples interpolação e extrapolação da tendência registada no período intercen-sitário, conduziria necessariamente à eliminação das grandes variações anuaisregistadas no seu nível, uma vez que os anãs dos censos parecem ser (pelonível de emprego neles registado para este sector) anos de crise manifestada actividade mineira.

Deste modo, os valores que resultariam da utilização do método generica-mente adoptado, em particular para o ano de 19533, não. representariam

3 Ano de grande expansão da actividade mineira, detendo o sub-grupo12.2 — minerais metalíferos com excepção do ferro — mais de 50 % do em-

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senão cerca de 65 % do que nos indica a Estatística Industrial daquele ano),e 70 % na média do primeiro triénio.

Por tal razão, e porque a população utilizada pelo I.N.E. para estimaro rendimento originado no sector, foi, para os anos do primeiro triénio, a quevem indicada na Estatística Industrial, utilizaram-se nos cálculos básicos osdados relativos ao emprego indicados por esta publicação estatística paratodos os anos do período analisado.

Indicadas as razões que motivaram, neste caso, o desvio da linha meto-dológica geral traçada, façamos em seguida algumas considerações a respeitodos salários.

Muito embora a determinação dos salários médios auferidos pelos efec-tivos empregados em empresas em nome individual, tenha obedecido ao métodogeral descrito para o conjunto dos sectores industriais, convém referir queno presente caso, a relação percentual existente entre os salários médios per-cebidos por aqueles e os pagos pelas empresas societárias aos seus empregadosse situa em 77 % em 1953 e 83 % em 1961. Apesar de a percentagem indicadaem segundo lugar poder traduzir mais correctamente a relação entre os doistipos de salários (por serem talvez mais rigorosos os dados básicos) optou-sepor uma percentagem intermédia das duas (80 %).

Repartição do rendimento do sector das Indústrias extractivas

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

RendimentoTotal

Rendimentos do trabalho

Valor(em milhares de contos)

1

487

400

493

460

309

321

303

311

2

288

208

284

260

248

221

245

238

Em %de (1)

3

59,1

52,0

57,6

56,5

80,3

68,8

80,9

76,5

Outros rendimentos

Valor(em milhares

de contos)

4

199

192

209

200

61

100

58

73

Em %de (1)

5

40,948,042,4

43,5

19,731,219,1

23,5

prego total do sector (22,3 milhares contra 41,1) e tanto como todo o sectorem 1961. É este sub-grupo o grande responsável pelas grandes variaçõesanuais que caracterizam o emprego nas Indústrias extractivas.

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População activa agrícola

ANEXO IV — Quadro n.°

Períodos

1950

1951

1952

1950/52

1960

1961

1962

1960/62

í

Total

Geral

1

1413,2

1401,7

1390,1

1401,7

1297,3

1235,8

1253,3

1262,1

Homens

2

1191,3

1191,5

1191,7

1191,5

1192,9

1135,8

1157,7

1162,1

Mulheres

3

221,9

210,2

198,4

210,2

104,4

100,0

95,6

100,0

Assalariados

Total

4

774,7

767,9

761,1

767,9

706,7

655,0

663,7

675,1

Homens

5

629,8

631,1

632,3

631,1

642,4

595,0

608,0

615,1

Mulheres

6

144,9

136,1

128,8

136,8

64,3

60,0

55,7

60,0

Empre-gados

7

69,7

69,1

68,5

69,1

63,7

59,0

60,2

60,1

Isolados

Total

8

269,1

269,7

270,3

269,7

275,2

281,8

287,1

281,4

Proprie-tários

9

197,1

196,9

196,7

196,9

195,2

199,8203,6

199,5

Outros

10

72,0

72,8

73,6

72,8

80,0

82,0

83,6

81,9

Pessoasde

família

11

158,5

160,1

161,7

160,1

174,5

165,0

168,3

169,4

Unid.: milhares de pessoas

Patrões

Total

12

136,7

130,7

124,7

130,7

76,1

75,0

74,0

75,0

Proprie-tários

13

106,4

102,4

98,4

102,4

66,5

65,6

64,8

65,6

Outros

14

30,3

28,3

26,3

28,3

9,6

9,4

9,2

9,4

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Ox

to

CO

to00

O) Ot Olo co to

Oi ^ ^M- CO 00Ox 00 tO

M 00 -5Cu H Wco rf*. co

co co coCO fcO CO

to toCO I-1

^ 0 0

co co cozn o\ 01to M o

toO»

tO 0 3CO tf*

to to

tooCO

•-* CO ( - *

^ Cn CO

to to toO >̂ O ^ O)00 O tf^çn co O

8 8tO CO

CO CO COCO M. OtO 3 CO

Ot CO Cnoo- M- «ato ^ co

cerca de 35 mil contos em 1964

OcO

s

fcO H *

O5 •<!00 3

>-»• M> O-<1 H * COto -Q toCO CO 00

M- O O

M- OO O

M- O O

S SS 2O H b»

CO

00CO0000

Ox

8 § S

co o ooto * t co•q w wcn to co

oo o oo

00 CO 00•si (O K^rf* CO ^M. O >^

00 CO 00

Produto brutoagrícola

Amortizações

Rendimentoagrícola

Rendimentodos

assalariados

Rendimentodos

empregados

Rendimentodos

isolados

Rendimentodos

patrões

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

Juros pagos

Impostospagos

5/amortizações

S/amortizações

S/os impostos

S/os impostose os juros

&

!

I

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Repartição do rendimento dos sectores industriais e dos serviços

ANEXO IV — Quadro n.° S Unid.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953 55

1959

1960

1961

1959/61

Produto

1

29 603

30810

32 966

31126

42 283

47 570

52197

47 350

Amortizações

2

2 072

2162

2 328

2187

2 759

3110

3 356

3 075

Rendimento

3

27 531

28 648

30 638

28 939

39 524

44460

48841

44 275

Rendimentodo

trabalho

4

13 531

14110

15061

14 234

19 812

21695

24 556

22 021

Impostos

5

1215

1258

1298

1257

1718

1815

1999

1844

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

1010

1062

1143

1071

1501

1634

1822

1652

Fundo deDesemprego

7

69

72

77

73

102

111

123

112

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

11706

12146

13059

12 304

16 391

19205

20341

18 646

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População activa na indústria e serviços

ANEXO — Quadro n.° 4 Unid.: milhares de pessoas

Períodos

195319541955

1953/55

195919601961

1959/61

Total geral

1

1564,71596,81622,5

1594,7

1705,81743,51775,1

1741,5

Empregados e assalariados

Total

2

1313,11345,0

1370,5

1342,9

1453,01490,51521,9

1488,5

Indústria

Total

3

657,6678,9702,5

679,7

766,2795,4816,4

792,7

E.S.

4

321,9337,3355,0

338,1

395,1418,1433,2

415,5

Serviços

Total

5

655,5666,1668,0

663,2

686,8695,1705,5

695,8

E.S.

6

152,1163,6167,5

161,1

191,0200,9212,0

201,3

Restantes activos

Total

7

251,6251,8252,0

251,8

252,8253,0253,2

253,0

Indústria

8

113,0113,0113,0

113,0

113,0113,0113,0

113,0

Serviços

9

138,6138,8139,0

138,8

139,8140,0140,2

140,0

E.S. — Estatística das Sociedades.

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Repartição do rendimento dos sectores industriais

ANEXO IV — Quadro n.° 5 Unicl.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

Produto

mm1

15136

15464

16 709

15 769

21298

24495

26 746

24180

Amortizações

2

947

987

1028

987

1281

1419

1592

1431

Rendimento

3

14189

14477

15 681

14 782

20017

23 076

25154

22 749

Rendimentosdo

do trabalho

4

5 545

5 795

6 233

5 858

8017

8 711

9 766

8 831

Impostos

5

441

447

467

452

651

691

835

726

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

688

718

773

726

994

1080

1211

1095

Fundo deDesemprego

7

47

49

53

50

68

74

83

75

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

7 468

7 468

8155

7 697

10 287

12 520

13 259

12 022

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Repartição do rendimento do sector dos serviços

ANEXO IV — Quadro n.° 6 Unid.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

19§5

1953/55

1959

1960

1461

1959/61

Produto

1

14 467

15 346

16 257

15357

20985

23 075

25 451

23170

Amortizações

2

1125

1175

1300

1200

1478

1691

1764

1644

Rendimento

3

13342

14171

14 957

14157

19 507

21384

23 687

21526

Rendimentosdo trabalho

4

7 986

8315

8828

8376

11795

12 984

14 790

13190

Impostos

5

774

811

831

805

1067

1124

1164

1118

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

322

344

370

345

507

554

611

557

Fundo deDesemprego

7

22

23

24

23

34

37

40

37

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

4 238

4 678

4 904

4607

6104

6 685

7 082

6 624

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Repartição do rendimento dos sectores de electricidade, gás, águae serviços de saneamento

ANEXO IV — Quadro n.« 7 Unid.: milhares de contos

Períodos

195319541955

1953/55

195919601961

1959/61

Produto

1

678867922

822

141715951823

1612

Amortizações

2

116169168

151

196281287

255

Rendimento

8

562698754

671

122113141536

1357

Rendimentosdo trabalho

4

268313345

308

483579633

565

Impostos

5

15,014,616,5

15,4

18,018,222,2

19,5

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

25,429,732,8

29,3

45,854,960,1

53,6

Fundo deDesemprego

7

2,62,83,1

2,8

4,65,25,7

5,3

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

252338357

315

670657815

714

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Repartição do rendimento dos transportes e comunicações

ANEXO IV — Quadro n.° 8 Unia.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953/54

1959

1960

1961

1959/61

Produto

l

2123

2328

2597

2349

3178

3563

3964

3568

Amortizações

2

335

335

446

372

498

562

592

550,6

Rendimento

3

1788

1993

2151

1977

2680

3001

3372

3018

Rendimentosdo trabalho

4

1284

1344

1477

1368

1812

1894

2145

1951

Impostos

5

93

107

117

106

154

168

173

165

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

128

135

148

137

181

189

214

195

Fundo deDesemprego

7

5,1

5,4

5,9

5,5

7,2

7,6

8,6

7,8

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

278

402

404

361

525

742

831

699

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Repartição do rendimento do comércio

ANEXO IV — Quadro n.° 9 Unid.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

Produto

1

3346

3615

3665

3542

4292

4558

4825

4558

Amortizações

2

290

280

273

281

262

263

260

262

Rendimento

3

3056

3335

3392

3261

4030

4295

4565

4296

Rendimentosdo trabalho

4

967

1065

1130

1054

1637

1826

1961

1808

Impostos

5

295

294

291

294

400

422

427

416

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

113

125

132

123

192

214

229

212

Fundo deDesemprego

7

8,2

8,8

9,2

8,7

13,4

14,6

15,5

14,5

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

1673

1841

1829

1781

1787

1817

1932

1846

00

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00

Repartição do rendimento dos bancos e seguros

ANEXO IV— Quadro n.° 10 Unid.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959,61

Produto

1

841

894

967

901

1387

1753

1677

1606

Amortizações

2

39

28

39

35

22

68

65

52

Rendimento

3

802

866

928

865

1365

1685

1611

1554

Rendimentosdo trabalho

4

477

515

553

515

788

862

1009

887

Impostos

5

71

76

74

74

97

98

99

98

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

26

29

31

29

44

48

56

49

Fundo deDesemprego

7

3,9

3,9

4,1

3,9

5,9

6,4

6,7

6,4

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

228

242

265

243

429

671

439

509

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Repartição do rendimento dos «outros serviços»

ANEXO IV — Quadro n.° 11 Unid.: milhares de contos

Períodos

1953

1954

1955

1953/55

1959

1960

1961

1959/61

Produto

1

1382

1412

1531

1442

1997

2102

2285

2128

Amortizações

2

26

28

27

27

30

31

36

32

Rendimento

3

1356

1384

1504

1415

1967

2071

2249

2096

Rendimentosdo trabalho

4

254

232

234

240

395

426

458

426

Impostos

5

48

50

52

50

62

61

61

61

Contribuiçõespatronais paraa Previdência

6

28

26

26

27

44

47

51

47

Fundo deDesemprego

7

2,0

2,0

2,0

2,0

3,2

3,4

3,7

3,4

Rendimentosda exploração

ou empresa

8

1024

1074

1191

1096

1464

1533

1676

1557

000