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AGRICULTURA FAMILIAR E MEIO AMBIENTE NO VALE DO AÇU/RN: REALIDADE E
DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL
Joacir Rufino de Aquino Economista (CORECON-RN)
Mestre em Economia Rural e RegionalProfº Adjunto do Departamento de Economia (UERN/Assú)
IFRN/Ipanguaçu18/09/2013
1 - INTRODUÇÃO
• O objetivo da presente exposição é apresentarum panorama geral da situação da agriculturafamiliar no Vale do Açu/RN;
• Além disso, pretende-se discutir algunsdesafios que se destacam para a promoção dodesenvolvimento rural sustentável namicrorregião.
2 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DOVALE DO AÇU/RN
• Localização: Mesorregião Oeste Potiguar
• Área: 4.756,1 km2
• Unidades Municipais: Alto do Rodrigues,Assú, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Jucurutu,Pendências, Porto do Mangue e São Rafael.
Figura 1 – Localização geográfica do Vale do Açuno semiárido potiguar
FONTE: http//:pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Açu
POPULAÇÃO TOTAL EM 2010:
140.534 habitantes
Gráfico 1 – Distribuição espacial da população doVale do Açu/RN
Fonte: IBGE/Censo Demográfico 2010.
67%
33%
Urbana Rural
3 – ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS EAMBIENTAIS DO VALE DO AÇU/RN
• Abundância de recursos naturais (solo, águadoce, minerais e demais elementos dabiodiversidade);
• A região viveu uma “grande transformação”nos últimos 30 anos (1980...);
• Surgimento de “novas” economias eestabelecimento de um modelo baseado nogrande empreendimento exportador.
Economia diversificada ancorada emrecursos naturais não-renováveis
Petróleo e Gás
Fruticultura moderna
Ind. Ceramista
Carcinicultura Mineração
• Apesar da boa performance dos indicadoresde produção de riqueza (PIB), o modeloeconômico açuense é marcado por fortesdesigualdades e degradação ambiental;
• Em 2010, foram identificadas 20.677 pessoasextremamente pobres (miseráveis) no Valedo Açu, algo equivalente a 15% da populaçãototal da microrregião.
Gráfico 2 - Participação da pobreza extrema RURAL napobreza extrema TOTAL do Vale do Açu – 2010 (Em %)
Fonte: IBGE/MDS (2011)
43
29
6777
23
58
26
5750 50
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
De cada 100 pessoas sem renda ou com renda per capita inferior a R$ 70,00 (miseráveis), quantas
estão no rural?
Gráfico 3 – Participação da pobreza extremaRURAL na população rural TOTAL – 2010 (Em %)
19
11
26 24
15
2219
35 33
22
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Fonte: IBGE/MDS (2011).
De cada 100 habitantes rurais, quantos são
miseráveis (renda per capita inferior a R$ 70,00)?
CONTRASTES SOCIOAMBIENTAIS...
4 – AGRICULTURA FAMILIAR E MEIOAMBIENTE NO VALE DO AÇU/RN
• A formas familiares de trabalho fazem parte daconstituição do tecido social brasileiro;
• Ao longo da história do Brasil, e do Vale do Açu, agrande propriedade rural foi eleita como modeloideal de produção no campo;
• A partir dos anos 1990, a agricultura familiar vemà tona como uma categoria que busca conquistarespaço na agenda política nacional (PRONAF,PAA, LEI 11.326, PNAE).
MAS, AFINAL, O QUE É UMAGRICULTOR FAMILIAR?
• O que define a agricultura familiar não é otamanho da área utilizada;
• Conforme a Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, éfamiliar aquele produtor que pratica atividadesno meio rural, desde que atenda,simultaneamente, aos seguintes requisitos: nãodetenha área maior do que 4 módulos fiscais;utilize predominantemente mão de obra daprópria família; tenha renda originadapredominantemente do estabelecimento; e faça agestão do estabelecimento com sua família.
Gráfico 4 – Módulo fiscal dos municípios doVale do Açu (Em ha)
6555
70
55 55
35
6570
55 58
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fonte: SEARA/RN.
Tabela 1 – Distribuição dos estabelecimentosagropecuários no Vale do Açu - 2006
Categorias Estabelecimentos Área (ha)
Familiar 3.500 70.696
Não Familiar 782 119.449
Total 4.282 190.145
Fonte: IBGE/Censo agropecuário 2006
Tabela 2 – Distribuição dos agricultoresfamiliares nos municípios do Vale do Açu - 2006
MunicípiosTotal de Agricultores
Familiares%
Açu - RN 445 13
Alto do Rodrigues - RN 295 8Carnaubais - RN 463 13Ipanguaçu - RN 584 17
Itajá - RN 110 3Jucurutu - RN 677 19
Pendências - RN 296 8
Porto do Mangue - RN 219 6
São Rafael - RN 411 12Vale do Açu - RN 3.500 100
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Gráfico 5 – Participação dos tipos de agriculturana estrutura agrária do Vale do Açu - 2006
82
37
18
63
0
20
40
60
80
100
120
% Estab. % Área
Não Familiar
Familiar
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006
Gráfico 6 – Área média dos estabelecimentosagropecuários no Vale do Açu – 2006 (Em ha)
20
153
44
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Familiar Não Familiar Vale do Açu
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006
Tabela 3 – Agricultores familiares associados acooperativas ou entidades de classe - 2006
Microrregião e Município
Variável
Número de estabelecimentos com agricultura familiar (a)
Número de estabelecimentos com agricultura familiar que
é associado (b)
%(b/a)
Açu - RN 445 193 43
Alto do Rodrigues - RN 295 48 16Carnaubais - RN 463 346 75Ipanguaçu - RN 584 303 52Itajá - RN 110 17 15Jucurutu - RN 677 399 59Pendências - RN 296 8 3Porto do Mangue 219 168 77São Rafael - RN 411 280 68Vale do Açu - RN 3.500 1762 50
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Tabela 4 – Agricultores familiares do Vale doAçu que receberam ATER - 2006
Municípios Total de Agricultores Familiares (a)
Recebeu Assistência Técnica
(b)%
(b/a)
Açu - RN 445 178 40
Alto do Rodrigues - RN 295 62 21Carnaubais - RN 463 320 69Ipanguaçu - RN 584 77 13
Itajá - RN 110 0 0Jucurutu - RN 677 148 22
Pendências - RN 296 99 33
Porto do Mangue - RN 219 153 70
São Rafael - RN 411 63 15Vale do Açu - RN 3.500 1.100 31
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Tabela 5 – Valor Total da Produção Médio dosagricultores familiares do Vale do Açu - 2006
Município VTP Anual (R$) VTP Mensal (R$)
Açu 13.251 1104
Alto do Rodrigues 11.925 994
Carnaubais 7.679 640
Ipanguaçu 13.260 1105
Itajá 4.389 366
Jucurutu 5.910 492
Pendências 15.455 1288
Porto do Mangue 2.862 238
São Rafael 4.708 392
Vale do Açu 8.902 742
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Gráfico 7 – Agricultores familiares comirrigação no Vale do Açu – 2006 (Em %)
25
34
13
28
15
8 84
10
17
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Tabela 6 – Utilização de agrotóxicos pelosestabelecimentos agropecuários do Vale do Açu - 2006
Categorias Estabelecimentos (a)
Utilizou agrotóxico (b)
% (b/a)
Familiar 3500 1124 32
Não Familiar 782 271 35
Total 4282 1395 33
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Gráfico 8 – Participação relativa dos estabelecimentosagropecuários que utilizam agrotóxicos no Vale do Açu – 2006(Em %)
81
19
Familiar
Não Familiar
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
Tabela 7 – Estabelecimentos familiares comagricultura orgânica no Vale do Açu - 2006
Microrregião Geográfica e Município
Variável
Número de estabelecimentos agropecuários com agricultura
familiar (Unidades)Uso de agricultura orgânica
Açu - RN 445 1Alto do Rodrigues - RN 295 -
Carnaubais - RN 463 3Ipanguaçu - RN 584 -
Itajá - RN 110 -Jucurutu - RN 677 -
Pendências - RN 296 -Porto do Mangue - RN 219 7
São Rafael - RN 411 1Vale do Açu - RN 3.500 12
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
MAIS DO MESMO?! O modelo de agricultura vigente noVale do Açu poderá ser ampliado com o ProjetoMendubim.• Área irrigada do projeto: 8.313 hectares entre Assú e Upanema;• Beneficiários: 637 pequenos produtores com lotes de quatro a 08
hectares, 21 técnicos agrícolas/agrônomos com lotes de 16 hectares,12 médios empresários com lotes de 30 hectares e 30 grandesempresários com lotes de 60 a 120 hectares;
• A divisão representa a seguinte ocupação da Área: 57% compequenos produtores e 43% com empresas;
• Custo: R$ 363 milhões;• Acontecimentos importantes: Audiência pública para discutir os
impactos ambientais do Projeto na Câmara de Vereadores de Assú(12/04/2011); Reunião do DNOCS na sede do INCRA para discutir adesapropriação de terras e a participação dos assentamentos do Vale(13/09/2013);
• Será um “projeto orgânico”, conforme a equipe do DNOCS, que só seviabilizará com a Transposição do Rio São Francisco. A ideia écomeçar o mais rápido possível...
“Bom seria que as lições já adquiridas ao longo dotempo, a partir de projetos análogos em tantasoutras regiões do Nordeste, alguns reduzidos aofracasso e à degradação de terras férteis eprodutivas, pelo uso de agrotóxicos, fossem levadasem conta para um firme propósito de reverter asreferências negativas em processos que sejamvistos, a partir de agora, como modelos de políticaspúblicas que elejam como prioridades não apenas ofator econômico-produtivo, mas a garantia dosdireitos das populações atingidas, a sua dignidade ebem-estar” (Dom Jaime, arcebispo de Natal,setembro/2013).
5 – ALGUNS DESAFIOS PARA O FORTALECIMENTO DAAGRICULTURA FAMILIAR E O DESENVOLVIMENTORURAL SUSTENTÁVEL NO VALE DO AÇU
Dimensão econômica
• Democratizar o acesso a terra e a água;
• Aumentar a produção de alimentos (carnes, grãos,hortaliças e frutas);
• Revitalizar o DIBA;
• Promover a disseminação de tecnologias deconvivência com o semiárido e a agroecologia;
• Estimular redes de pequenas e médias agroindústrias;
• Fortalecer os circuitos curtos de comercialização (feiraslocais/regionais, PAA e PNAE).
Dimensão ambiental
• Ampliar a fiscalização e combater os crimesambientais;
• Promover o manejo sustentável da caatinga;• Reaproveitar o lixo de forma sustentável (produção
de adubo orgânico);• Promover a disseminação da agroecologia e reduzir o
uso de produtos químicos;• Estimular a produção de hortaliças e a fruticultura
orgânica;• Promover a educação ambiental;• Incentivar o turismo rural a partir da valorização do
patrimônio ambiental da região.
Dimensão Social
• Eliminar o analfabetismo e promover a democratizaçãodo ensino público de qualidade (Educaçãocontextualizada com o semiárido);
• Garantir saúde de qualidade na área rural;• Melhorar as condições de infraestrutura e de lazer nas
comunidades rurais;• Ampliar a qualificação dos jovens rurais em atividades
agrícolas e não agrícolas;• Retomar e expandir o Programa Territórios Digitais;• Estimular a pesquisa e a extensão universitárias nas
comunidades rurais (projeto de hortas orgânicas nasescolas, entre outros).
Dimensão político-institucional
• Revitalizar as associações comunitárias;• Promover o cooperativismo e a economia solidária;• Ampliar a assistência técnica aos produtores;• Revitalizar os Conselhos gestores (FUMAC, CMDRS e
CMMA);• Fortalecer a luta política e garantir a participação
democrática da população na implementação e gestãodo Projeto Mendubim;
• Retomar o planejamento municipal do desenvolvimentorural como instrumento norteador de um novo modelode gestão por resultados.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!